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MODERNISMO EM PORTUGAL (1910 – 1940)

Modernismo em Portugal - Fernando Pessoa

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Page 1: Modernismo em Portugal -  Fernando Pessoa

MODERNISMO EM PORTUGAL

(1910 – 1940)

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Portugal no início do século XX:

• Tensão política, insatisfação social;• Perda da autonomia ultramarina frente à

Inglaterra;• Busca de arte autêntica lusitana;• Desejo nacionalista de recuperação do

prestígio português.

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Arte = Literatura

• Ruptura com o passado.• Molda-se às transformações históricas

=> tendências que adotam a ingenuidade ingenuidade e o sentimento dos povos primitivos = volta a sua origem.

• Anseio de independência e renovação profunda, marcando o desgosto e a decepção do homem com o passado.

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Características Ruptura convencional

Ruptura com o ideal romântico

Ausência da metrificação

Valorização do subconsciente

Linguagem ousada

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Orfeu - Revista considerada o marco inicial do Modernismo em Portugal

Foi idealizada por Fernando Pessoa e RonaldCarvalho (brasileiro)

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Três fases:

Primeira geração: Orfismo Segunda geração: Presencismo Terceira geração: Neorrealismo

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Primeira geração: ousadia e Primeira geração: ousadia e irreverênciairreverênciaTemos como ponto de partida a Revista Orpheu

Considerada o marco inicial do Modernismo, idealizada por Fernando Pessoa, Mario de Sá- Carneiro e Almada Negreiros;

Publicada em 1915, com duas edições, manteve os princípios do Futurismo de Marinetti;

Surgiu para derrubar a Literatura convencional, introduzindo um novo estilo que viria escandalizar os conservadores;

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Fernando Pessoa: o poeta de múltiplas faces

Utiliza um recurso inovador: a heteronímia(Nome falso, outro nome, que representa outrapessoa criada pelo artista)

Ele escreve como: Ele mesmo Alberto Caeiro Álvaro de Campos Ricardo Reis

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Ortônimo 

Épico Mensagem

Fernando Pessoa – LiteratoLírico

CancioneiroPoemas FrancesesPoemas InglesesTraduçõesTextos em Prosa

HeterônimosFicções deInterlúdioInter-ludus

Odes Ricardo Reis – o médico -Clássico

PoesiasÁlvaro de Campos - o engenheiro – Moderno/Revolucionário

O Guardador de RebanhosO Pastor AmorosoPoemas Inconjuntos

Alberto Caeiro – o homem do campo

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Fernando Pessoa Sua produções apresentam características diferentes das de

seus heterônimos. Expressa um profundo sentimento nacionalista e um apego a tradição portuguesa. Sua

produção é dividida em Lírica e Épica.Fernando Pessoa - MAR PORTUGUÊS

Ó mar salgado, quanto do teu salSão lágrimas de Portugal!Por te cruzarmos, quantas mães choraram,Quantos filhos em vão rezaram!

Quantas noivas ficaram por casarPara que fosses nosso, ó mar!Valeu a pena? Tudo vale a penaSe a alma não é pequena.

Quem quere passar além do BojadorTem que passar além da dor.Deus ao mar o perigo e o abismo deu,Mas nele é que espelhou o céu.

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Mensagem

Poesia épica, na qual fala dos grandes feitos de Portugal, dos reis e da época das grandes

navegações.

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Sistema heteronímico/ abarcar o mundo

pólo da + objetividade - sensação

ALBERTO CAEIRO

presente/simplicidade/cultura elementar/campo.

RICARDO REIS

passado/classicizante/cultura humanística/formal

ÁLVARO DE CAMPOS

presente/cidade//conflitos modernos, crises

pólo da + subjetividade - pensar

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O próprio Fernando Pessoa escreveu:

Criei em mim várias personalidades. Crio personalidades constantemente. Cada sonho meu é imediatamente, logo ao aparecer sonhado, encarnado numa outra pessoa, que passa a sonhá-lo, e eu não. [...] Sou a cena viva onde passam vários atores representando várias peças. (Desassossego)

“Multipliquei-me para me sentir,Para me sentir precisei sentir tudo,Transbordei-me, não fiz senão, extravasar-me”

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Ricardo Reis

Alberto Caeiro

Álvaro de Campos

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Alberto Caeiro

Pretenso mestre dos outros heterônimos. Caeiro

pretende surgir-nos como um homem de visão

ingênua, instintiva, gostosamente entregue à

infinita variedade do espetáculo das sensações,

principalmente visuais, por hipótese desfrutáveis

por um rural clássico reinventado.

Textos marcados pela ingenuidade e pela linguagem simples do campo. Seus versos são livres e falam do amor à natureza e da simplicidade da vida camponesa.

Textos marcados pela ingenuidade e pela linguagem simples do campo. Seus versos são livres e falam do amor à natureza e da simplicidade da vida camponesa.

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O Guardador de RebanhosSou um guardador de rebanhos.O rebanho é os meus pensamentosE os meus pensamentos são todos sensações.Penso com os olhos e com os ouvidosE com as mãos e os pésE com o nariz e a boca.Pensar uma flor é vê-la e cheirá-laE comer um fruto é saber-lhe o sentido.Por isso quando num dia de calorMe sinto triste de gozá-lo tanto,E me deito ao comprido na erva,E fecho os olhos quentes,Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,Sei a verdade e sou feliz.

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Não me Importo com as Rimas. Raras vezes Há duas árvores iguais, uma ao lado da outra. Penso e escrevo como as flores têm cor Mas com menos perfeição no meu modo de exprimir-me Porque me falta a simplicidade divina De ser todo só o meu exterior Olho e comovo-me, Comovo-me como a água corre quando o chão é inclinado, E a minha poesia é natural como o levantar-se vento...

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Álvaro dos Campos

Engenheiro naval "franzino e civilizado", o mais fecundo e versátil heterônimo de Fernando Pessoa, é também o mais nervoso e emotivo, que por vezes vai até à histeria.

Álvaro de Campos é o futurista da exaltação da energia , da velocidade e da força da civilização mecânica do futuro, patentes na "Ode Triunfal".

É o sensacionalista que pretende "sentir tudo de todas as maneiras", ultrapassar a fragmento da vida numa "histeria de sensações".

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Álvaro de Campos

Era o poeta do futuro, da velocidade das máquinas, do tempo presente.

Textos são contraditórios, ora marcados por uma grande energia, ora revelando a crise dos valores espirituais e a angústia do homem de seu tempo.

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Poema em Linha Reta .....Toda a gente que eu conheço e que fala comigoNunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humanaQue confessasse não um pecado, mas uma infâmia;Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

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Álvaro de CamposNão: não quero nada.Já disse que não quero nada.

Não me venham com conclusões!A única conclusão é morrer.

Não me tragam estéticas!Não me falem em moral!Tirem-me daqui a metafísica!Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistasDas ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) Das ciências, das artes, da civilização moderna!

Que mal fiz eu aos deuses todos?Se têm a verdade, guardem-na!Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica.Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo.Com todo o direito a sê-lo, ouviram?Não me macem, por amor de Deus!

Page 22: Modernismo em Portugal -  Fernando Pessoa

Ricardo Reis

De formação clássica, "pagão por caráter", segue

Caeiro no amor da vida rústica, junto da natureza.

Mas, enquanto o Mestre, menos culto e complicado é (ou pretende ser) um homem franco, alegre.

Reis é um ressentido que sofre e vive o drama da transitoriedade doendo-lhe o desprezo dos deuses. Afligem-no a imagem antecipada da Morte e a dureza do Fado.

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Ricardo Reis

Estilo clássico e erudito. Ricardo Reis é extremamente racional. Sua linguagem é rebuscada e complexa. Usa com muita freqüência a mitologia

clássica, carpe diem. Tinha plena consciência da brevidade da vida

e, o que lhe causava sofrimento.

Estilo clássico e erudito. Ricardo Reis é extremamente racional. Sua linguagem é rebuscada e complexa. Usa com muita freqüência a mitologia

clássica, carpe diem. Tinha plena consciência da brevidade da vida

e, o que lhe causava sofrimento.

Page 24: Modernismo em Portugal -  Fernando Pessoa

Ricardo Reis

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Outros autores

Almada Negreiros – artista eclético

Mário de Sá-Carneiro – conflito interior

Buscou compreender o sentido de sua existência, mas não

encontro acabando se perdendo nele mesmo.

Eu sou o resultado consciente de minha própria experiência.

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Segunda geração: presencismo

Revista Presença: apregoava a libertação do academicismo e a prática de uma arte mais original.

Introspecção A arte deveria expressar o individual em lugar

do coletivo e o psicológico e o intuitivo deveria estar acima do racional.

Page 27: Modernismo em Portugal -  Fernando Pessoa

Representantes José Régio Tema recorrente em suas obras: o conflito

entre Deus e o homem.

João Gaspar Simões Divulgou os autores da primeira geração,

levando o público a uma maior compreensão deles.

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Terceira geração: Neorrealismo Características: expor questões sociais preocupantes, como a

injustiça, a luta de classes e os conflitos gerados pelos sistemas de governo vigentes.

O texto neorrealista português apresenta alguma semelhança com a literatura brasileira no que diz respeito à denúncia das injustiças sociais.

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Autores Alves RedolObra: Gaibéus: retrata a situação dos

camponesesnos arrozais.

Ferreira de CastroViveu no Brasil. Trabalhou nos seringais na

Amazônia,em condições de semiescravidão.

Obra mais importante: A selva

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Jorge de Sena Viveu situações de conflito geradas pela

Guerra Civil Espanhola. Ele refletiu em seus poemas o trauma eu marcou a sua infância.

Morou no Brasil e depois nos EUA. Seus escritos são marcados pelo desassossego de um mundo em constante turbulência.

Obras mais importantes: O indesejado (1945) e As evidências (poema, 1955)