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Natalia Correia

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  • Filipe Lopes n07Filipe Lopes n07

  • Nasceu nos Aores em 1923 e faleceu em Lisboa em 1993. Fez osestudos secundrios j em Lisboa. Sem estudos universitrios foi, em1979, deputada Assembleia da Repblica. Colaborou em diversosjornais e revistas. No se prendendo fortemente a nenhuma correnteliterria, esteve inicialmente ligada ao surrealismo e, segundo aprpria, a sua mais importante filiao estabeleceu-se em relao aoromantismo. A obra de Natlia Correia estende-se por gnerosromantismo. A obra de Natlia Correia estende-se por gnerosvariados, desde a poesia ao romance, teatro e ensaio.Foi fundadora da Frente Nacional para a Defesa da Cultura, interveiopoliticamente ao nvel da cultura e do patrimnio, na defesa dosdireitos humanos e dos direitos da mulher. Apelou sempre literaturacomo forma de interveno na sociedade, tendo tido um papel activona oposio ao Estado Novo.Ficou conhecida pela sua personalidade vigorosa e polmica, que sereflecte na sua escrita.

  • Rio de Nuvens (1947) Poemas (1955) Dimenso Encontrada (1957) Passaporte (1958) Comunicao (1958) Cntico do Pas Emerso (1961) O Vinho e a Lira (1966) O Vinho e a Lira (1966) Mtria (1968) As Mas de Orestes (1970) A Mosca Iluminada (1972) O Anjo do Ocidente Entrada de Ferro (1973) Poemas a Rebate (1975) Epstola aos Iamitas (1978) O Dilvio e a Pomba (1979)

  • O Armistcio (1985) Os Sonetos Romnticos (1990) O Sol nas Noites e o Luar nos Dias I e II (1993) Aventuras de Um Pequeno Heri (1945) Anoiteceu no Bairro (1946), A Madona (1968) A Ilha de Circe (1983) Onde Est o Menino Jesus (1987) Onde Est o Menino Jesus (1987) As Npcias (1990) Como dramaturga escreveu O Progresso de dipo (1957) O Homnculo (1965) O Encoberto (1969) Erros Meus, M Fortuna, Amor Ardente (1981) A Pcora (1983)

  • Descobri que Era Europeia Impresses de Uma Viagem Amrica (1951) Poesia de Arte e Realismo Potico (1958) A Questo Acadmica de 1907 (1962) Uma Esttua para Herodes (1974) No Percas a Rosa Dirio e algo mais: 25 de Abril de 1974 20 de Dezembro de 1975 (1978)20 de Dezembro de 1975 (1978) Somos Todos Hispanos (1988) Antologia da Poesia Ertica e Satrica (1966) Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses (1970) Trovas de D. Dinis (1970) O Surrealismo na Poesia Portuguesa (1973) A Mulher (1973) A Ilha de So Nunca (1982) Antologia da Poesia do Perodo Barroco (1982)

  • Quanto Mais Amada Mais DesistoDe amor nada mais resta que um Outubro De amor nada mais resta que um Outubro e quanto mais amada mais desisto: e quanto mais amada mais desisto: quanto mais tu me despes mais me cubro quanto mais tu me despes mais me cubro e quanto mais me escondo mais me avisto. e quanto mais me escondo mais me avisto.

    E sei que mais te enleio e te deslumbro E sei que mais te enleio e te deslumbro porque se mais me ofusco mais existo. porque se mais me ofusco mais existo. Por dentro me ilumino, sol oculto, Por dentro me ilumino, sol oculto, por fora te ajoelho, corpo mstico. por fora te ajoelho, corpo mstico.

    No me acordes. Estou morta na quermesse No me acordes. Estou morta na quermesse dos teus beijos. Etrea, a minha espcie dos teus beijos. Etrea, a minha espcie nem teus zelos amantes a demovem. nem teus zelos amantes a demovem.

    Mas quanto mais em nuvem me desfao Mas quanto mais em nuvem me desfao mais de terra e de fogo o abrao mais de terra e de fogo o abrao com que na carne queres retercom que na carne queres reter--me jovem. me jovem.

    Natlia Correia, Natlia Correia, inin "O Dilvio e a Pomba""O Dilvio e a Pomba"

  • Poema Involuntrio

    Decididamente a palavra Decididamente a palavra quer entrar no poema e dispe quer entrar no poema e dispe com caligrfica raiva com caligrfica raiva do que o poeta no poema pe. do que o poeta no poema pe.

    Entretanto o poema subsiste Entretanto o poema subsiste informal em teus olhos talvez informal em teus olhos talvez mas perdido se em precisa palavra mas perdido se em precisa palavra significas o que vs. significas o que vs.

    Virtualmente teus cabelos sabem Virtualmente teus cabelos sabem Virtualmente teus cabelos sabem Virtualmente teus cabelos sabem se espalhando avencas no travesseiro se espalhando avencas no travesseiro que se eu digo prodigiosos cabelos que se eu digo prodigiosos cabelos as inslitas flores que se abrem as inslitas flores que se abrem no tm sua cor nem seu cheiro. no tm sua cor nem seu cheiro.

    Finalmente vejoFinalmente vejo--te e sei que o mar te e sei que o mar o pinheiro a nuvem valem a pena o pinheiro a nuvem valem a pena e assim que sem poetizar e assim que sem poetizar se faz a si mesmo o poema. se faz a si mesmo o poema.

    Natlia Correia, Natlia Correia, inin "O Vinho e a Lira""O Vinho e a Lira"

  • Cidadania

    BuquBuqu de rudos teis de rudos teis o dia. O tom mais prpura o dia. O tom mais prpura do avio sobressai do avio sobressai locomovida rosa pblica. locomovida rosa pblica.

    Entre os edifcios a accia Entre os edifcios a accia de antigamente ainda ousa de antigamente ainda ousa trazer ao cimo a folhagem trazer ao cimo a folhagem sua dor de apertada coisa. sua dor de apertada coisa.

    Um solo de saxofone excresce Um solo de saxofone excresce mensagem que a morte adia mensagem que a morte adia aflito pssaro que enrouquece aflito pssaro que enrouquece a garganta da telefonia. a garganta da telefonia.

    Em cada bolso do cimento Em cada bolso do cimento uma lenta aranha de gs uma lenta aranha de gs manipula o dividendo manipula o dividendo de um suicdio lils. de um suicdio lils.

    Natlia Correia, Natlia Correia, inin "O Vinho e a Lira" "O Vinho e a Lira"

  • Paz

    Irreprimvel natureza Irreprimvel natureza exacta medida do semexacta medida do sem--fim fim no atinjas outras distncias no atinjas outras distncias que existem dentro de mim. que existem dentro de mim.

    Que os meus outros rostos no sejam Que os meus outros rostos no sejam o instvel pretexto da minha essncia. o instvel pretexto da minha essncia. Possam meus rios confluir Possam meus rios confluir Possam meus rios confluir Possam meus rios confluir para o mar duma s conscincia. para o mar duma s conscincia.

    Quero que suba minha fronte Quero que suba minha fronte a serenidade desta condio: a serenidade desta condio: harmonia exterior esttua harmonia exterior esttua que sabe que no tem corao. que sabe que no tem corao.

    Natlia Correia, Natlia Correia, inin "Poemas (1955)" "Poemas (1955)"

  • Os Namorados Lisboetas

    Entre o olival e a vinha Entre o olival e a vinha o Tejo lquido jumento o Tejo lquido jumento sua solar viola afina sua solar viola afina a todo o azul do seu comprimento a todo o azul do seu comprimento

    tendo por lnguida bainha tendo por lnguida bainha barcaas de bacia larga barcaas de bacia larga que possessas de cio animam que possessas de cio animam o sol a possuo sol a possu--las de ilharga. las de ilharga.

    Sua lata de branca tinta Sua lata de branca tinta vai derramando um vapor vai derramando um vapor precisando a tela marinha precisando a tela marinha debuxada com os lpis de cor debuxada com os lpis de cor

    da liberdade de sermos dois da liberdade de sermos dois a mquina de fazer prpura a mquina de fazer prpura que em todas as coisas fermenta que em todas as coisas fermenta seu tcito sumo de uva. seu tcito sumo de uva.

    Natlia Correia, Natlia Correia, inin "O Vinho e a Lira" "O Vinho e a Lira"

  • O Testamento dos Namorados

    Escolhamos as coisas mais inteis Escolhamos as coisas mais inteis o verde gua o rumor das frutas o verde gua o rumor das frutas e partamos como quem sai e partamos como quem sai ao domingo naturalmente. ao domingo naturalmente.

    Deixemos entretanto o sinal Deixemos entretanto o sinal de ter existido carnalmente: de ter existido carnalmente: de ter existido carnalmente: de ter existido carnalmente: da tua fora um castial da tua fora um castial da minha fragilidade um pente. da minha fragilidade um pente.

    Esse hierglifo essa lousa Esse hierglifo essa lousa deixemos para que uma criana deixemos para que uma criana a encontre como quem ousa a encontre como quem ousa um novo passo de dana. um novo passo de dana.

    Natlia Correia, Natlia Correia, inin "O Vinho e a Lira" "O Vinho e a Lira"

  • http://canais.sapo.pt/lazer/k4/113821.html

    http://www.laurapoesias.com/poetas/natalia_correia_biog.htm

    http://www.citador.pt/poemas.php?poemas=Natalia_Correia&op=7&author=20254