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Novas oportunidades

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�Ficha técnica

TítuloIniciativa Novas Oportunidades: Resultados da Avaliação Externa (2009-2010)

EditorAgência Nacional para a Qualificação, I.P.(1.ª Edição, Novembro 2010)

CoordenaçãoRoberto Carneiro

AutoriaAna Cláudia ValenteCarlos LizHenrique LopesJorge CerolMaria Amélia Mendonça / Maria Ana CarneiroRodrigo Queiroz e Melo

Instituição responsável pela realização dos Estudos de AvaliaçãoCentro de Estudos dos Povos e Culturas de Expressão Portuguesa (CEPCEP) da Universidade Católica Portuguesa

Design Gráfico e PaginaçãoLuís Santos, ANQ, I.P.

RevisãoANQ, I.P.

ISBN978-972-8743-69-7

Agência Nacional para a Qualificação, I.P.Av. 24 de Julho, 138 1399-026 Lisboa Tel. 213 943 700 www.anq.gov.pt

Ficha técnica

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�Índice

Índice

Índice 5

Nota de apresentação 7

Sumário executivo 9

1. Nota de enquadramento 13

2. A emergência de uma marca (pública) 17 2.1. Objectivos e metodologia 17 2.2. Resultados 18

3. Comprovada qualidade de serviço e satisfação 21

3.1. Objectivos e metodologia 21 3.2. Resultados 22 3.2.1. Elevada satisfação e pontos fortes 22 3.2.2. Áreas de melhoria 28

4. A nova oferta desbloqueou a procura potencial de qualificações 39

4.1. As questões da avaliação no âmbito dos estudos de caso de Centros Novas Oportunidades 39

4.2. Resultados 41

5. Impactos da Iniciativa sobre as pessoas inscritas 47

5.1. Objectivos e metodologia 47 5.2. Resultados 48

5.2.1. Quem são as pessoas inscritas na Iniciativa? 49 5.2.2. Os impactos verificados a nível pessoal, social e profissional 51 5.2.3. Detecção de tendências 58

6. A melhoria das competências-chave e o desafio de uma maior ligação ao mundo do trabalho 61

6.1. Referências metodológicas 61 6.2. Resultados e novos desafios 62

7. Auto-avaliação dos Centros Novas Oportunidades 73

7.1. Objectivos e metodologia 73 7.2. Filosofia subjacente e resultados 74

8. Conclusões e recomendações 79

Siglas utilizadas 85 Anexos 87

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�Nota de apresentação

Nota de apresentação

O presente relatório procede à apresentação dos principais resultados, conclusões e recomendações referentes à Avaliação Externa do Eixo Adultos da Iniciativa Novas Oportunidades (INO), com base nos trabalhos de campo que tiveram lugar após a apresentação pública dos primeiros resultados, efectuada em Julho de 2009, no âmbito de um seminário realizado para o efeito.

Recorda-se que se encontram disponíveis no sítio electrónico na internet, em http://www.anq.gov.pt (Ava-liação Externa da Iniciativa Novas Oportunidades) a totalidade dos documentos produzidos no âmbito do primeiro ano da avaliação externa e o registo integral dos vídeos com as intervenções realizadas no mencio-nado seminário.

No Anexo 1 deste relatório dá-se conta dos membros da equipa de investigação da Universidade Católica Portuguesa (CEPCEP), a quem foi cometida a responsabilidade pela Avaliação Externa da Iniciativa Novas Oportunidades – Eixo Adultos e, no Anexo 2, apresenta-se a composição do painel de peritos externos, internacionais e nacionais, que acompanham, de modo independente e com reputada experiência, este exercício de avaliação.

Constituindo a Iniciativa Novas Oportunidades uma resposta ao repto de qualificação dos portugueses, a que urge responder de modo determinado e com forte mobilização social, por um lado,e sendo alocados à execução da mesma significativos recursos públicos, por outro, o exercício de avaliação externa procura simultaneamente:

expor evidências e fundamentos que permitam uma decisão política tempestiva e adequada e uma lide-rança inspirativa e galvanizadora de parceiros sociais;

produzir recomendações que proporcionem a melhoria contínua da qualidade e eficiência dos processos e a consecução de uma mudança efectiva e sustentável.

À semelhança do ano anterior, constitui desejo da equipa de avaliação que a publicação do presente relatório proporcione mais uma oportunidade útil de reflexão e debate informados, na senda da viabilização de um futuro de maior coesão e qualidade para as novas gerações de portugueses.

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�Sumário executivo

Sumário executivo

A Iniciativa Novas Oportunidades surgiu como res-posta à necessidade de Portugal vencer o ciclo longo de atraso nacional face aos outros países desenvolvidos, investindo conjugadamente na me-lhoria contínua das condições de escolarização das crianças e jovens, por um lado, e na reversão da atávica desqualificação da população adulta (que se viu privada do direito a uma adequada educação-formação inicial na idade própria).

Uma política pública da envergadura desta Iniciativa, com o alcance político que lhe foi conferido, mobili-zando avultados recursos, teria naturalmente de ser submetida ao escrutínio de uma avaliação externa e independente, de natureza marcadamente acadé-mica.

A abordagem utilizada pela Universidade Católica Portuguesa na Avaliação Externa efectuada sobre o Eixo Adultos valorizou, por um lado, a recolha de dados confiáveis sobre a qualidade e os impactos da Iniciativa Novas Oportunidades (eixo de ava-liação sistémica) e, por outro, a capacitação do sistema para a sua auto-regulação futura, através de instrumentos de monitorização permanente (eixo monitorização e auto-avaliação).

No primeiro eixo, o de avaliação sistémica, podemos distinguir várias questões relacionadas com as polí-ticas públicas concretizadas no programa, com os mecanismos de implementação e sustentabilidade (coerência, pertinência e relevância), com a análise do funcionamento do sistema de actores (organiza-ção e desempenho), com a avaliação dos resultados e impactos. No segundo eixo, foram desenvolvidas duas frentes: uma primeira de adequação do SIGO às necessidades da avaliação; e uma segunda de implantação gradual de um modelo de auto-avalia-ção que permita sustentar a melhoria sistemática dos procedimentos. No Anexo 1 dá-se conta dos membros da equipa de investigação a quem foi co-metida a responsabilidade pela Avaliação Externa da Iniciativa Novas Oportunidades – Eixo Adultos.

A circunstância de todo o trabalho de avaliação ser cientificamente acompanhado e criticado por um pai-nel de reputados peritos (Anexo 2), internacionais e nacionais, garante o rigor analítico-metodológico e a qualidade interpretativa do conjunto do exercício de investigação.

Por outro lado, a transformação do conhecimento em práticas de acção, quer na sequência de recomen-dações, quer pelo aprofundamento da análise em conferências e seminários (entre outros), traduzem uma filosofia geral de investigação-acção que pode, e tem, permitido a melhoria continuada da eficiência e eficácia desta política pública.

Recorda-se que os primeiros resultados da Avalia-ção Externa, levada a cabo em 2008-2009, foram apresentados publicamente e debatidos com espe-cialistas num seminário realizado no dia 10 de Julho de 2009. Encontra-se disponível no sítio electrónico na internet, em http://www.anq.gov.pt (Avaliação Ex-terna da Iniciativa Novas Oportunidades) a totalidade dos documentos produzidos no âmbito do primeiro ano da Avaliação Externa e o registo integral dos ví-deos do mencionado seminário.

Procede-se, agora, de acordo com os princípios da transparência e da prestação de contas, e bem as-sim no quadro das metodologias de investigação constantes do Anexo 3, à divulgação resumida dos resultados do segundo ano de Avaliação Externa (2009-2010).

1.º Percepções: A emergência de uma marca

A Iniciativa Novas Oportunidades é percebida, por públicos-alvo e seus agentes, já como uma marca pública (de serviço) com valores claros, a saber:

acessibilidade (adaptada aos tempos/ritmos próprios, aberta a flexibilidade/mobilidade);

inclusão (valorização de cada indivíduo e da sua história de vida);

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10Sumário executivo

horizontes (acesso a cenários no futuro, possi-bilidade de sonho e de mudança).

2.º Comprovada qualidade de serviço e satisfa-ção (inscritos e ex-inscritos)

A avaliação efectuada pelos adultos que estão ou já estiveram inscritos na Iniciativa é globalmente posi-tiva, registando-se:

elevada satisfação com a qualidade de serviço sobretudo das equipas, mas também das insta-lações;

aumento da procura do 12.º ano por parte dos mais recentes aderentes (com destaque para activos empregados);

avaliação muito boa do primeiro contacto com o Centro Novas Oportunidades;

a produção do portfólio é sentida como um dos pontos fortes do processo de qualificação;

é considerada pelos próprios como muito im-portante a passagem pela Iniciativa Novas Oportunidades.

3.º Para além do aumento dos níveis de educação dos adultos verifica-se uma melhoria efectiva das suas competências-chave

os maiores ganhos de competência são em li-teracia (leitura, escrita e comunicação oral) e em e.competências (uso de computador e inter-net);

há forte reforço da auto-estima e da motivação para continuar a aprender - “Aprender a apren-der”;

há melhoria generalizada das soft-skills: compe-tências pessoais e sociais, cívicas e culturais.

4.º A nova oferta desbloqueou a procura poten-cial das qualificações

há preferência pelo Sistema de Reconhecimen-to, Validação e Certificação de Competências porque tem menos custos de oportunidade para os indivíduos (menores sacrifícios porque tem maior capacidade de adaptação às condições pessoais de cada adulto);

a procura dos cursos Educação-Formação está a ser induzida pelos Centros de Emprego e regista já grande impacto junto de desempre-gados, mas também junto dos menores de 40 anos;

os cursos de dupla certificação (escolar e profis-sional) trazem ganhos mais explícitos do ponto de vista profissional, sobretudo para quem com-pletou processos de RVCC profissionais.

5.º Impactos da Iniciativa sobre os inscritos

a Iniciativa continua a captar forte adesão dos adultos mas mantém-se a dificuldade de captar alguns segmentos mais “resilientes”: jovens me-nores de 30 anos, mulheres de idade superior a 50 anos e profissionais pouco qualificados;

a família tem inegáveis impactos na procura da Iniciativa – a assimetria de qualificação entre cônjuges induz a procura por parte do menos qualificado, designadamente quando se trata do marido; por outro lado, quando um membro do casal inicia o percurso há elevada probabilidade de o outro também vir a aderir;

em relação a 2009, intensificou-se o acesso dos indivíduos certificados à sociedade de in-formação; para usos pessoais e profissionais a percentagem de utilizadores de internet ele-vou-se de 67% para 83% e os “heavy-users” passaram de 35% para 60%;

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11Sumário executivo

os “ganhos do eu” são muito expressivos: é de-clarado o aumento de cultura geral, o reforço da vontade de continuar a estudar e aumentam também quer o sentimento de segurança quer a extroversão;

as pessoas declaram ainda que a Iniciativa Novas Oportunidades permite concluir ciclos de estudo que ficaram em aberto ao longo da vida;

32% das pessoas disseram ter havido pelo me-nos um factor positivo na sua vida profissional motivada pela passagem pela Iniciativa Novas Oportunidades; a grande maioria dos que mu-daram fizeram-no para melhor:

•maior número de pessoas com responsabi-lidades sobre terceiros

•maior estabilidade de emprego

•alargamento de competências

grande parte dos que estão (ou estiveram) ins-critos na Iniciativa Novas Oportunidades (acima de 85%) diz-se disponível para recomendar a experiência a outros adultos, tornando-se em-baixador da Iniciativa.

6.º A auto-avaliação dos Centros Novas Oportu-nidades já está no terreno – 265 centros e mais de 8500 profissionais foram envolvidos

os profissionais declaram que a auto-avaliação contribui de modo relevante para a forma como trabalham e que tem impactos relevantes no funcionamento do Centro; os mesmos afirmam ainda que é útil que o modelo seja comum a todos os Centros e que deverá continuar a ser utilizado no futuro.

o processo de reflexão crítica a partir de indica-dores do SIGO permite o desenvolvimento de

planos de melhoria e acções correctivas, cen-trando as equipas nas necessidades do que referem ser os “nossos clientes”; o facto de este trabalho ser feito em equipa e de modo sistemá-tico, assente em informação objectiva, permite o progresso contínuo e aumenta a satisfação dos profissionais, segundo afirmação dos próprios.

Sumariamente, podemos concluir que:

fundada em necessidade conhecida e estuda-da, a política pública adoptada gerou adesão e tornou-se marca pública, hoje já percepcionada generalizadamente por público, profissionais e outros actores (designadamente empresas/en-tidades empregadoras);

a avaliação tem produzido informação e gerado instrumentos de suporte à reflexão continua-da e melhoria contínua de procedimentos. O conhecimento apura-se, encontra suporte na investigação, e isso constitui móbil de acção pública melhorada com base na evidência;

a procura massiva, que era necessária para fa-zer Portugal convergir em qualificações com a Europa e reforçar a competitividade nos médio-longo prazos, foi desbloqueada pela adequação da nova oferta (mais flexível nos métodos e proporcionando horários adequados). O “teste-munho” positivo dos que estão ou já passaram pela Iniciativa Novas Oportunidades continua a “contagiar” novas adesões agora já mais orien-tadas para o objectivo estratégico de elevação do patamar de qualificação generalizada dos portugueses para o nível do ensino secundário;

a Iniciativa Novas Oportunidades representa um processo inovador de organização do sector pú-blico, visando a procura de maior satisfação do cidadão/cliente e a oferta de um serviço público de proximidade;

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1�Sumário executivo

a generalidade dos certificados pela Iniciativa regista altos graus de satisfação com o processo e evidencia avanços inequívocos no plano das competências-chave detidas, destacando-se os progressos no à vontade perante os desafios da sociedade da informação; apesar da crescente adesão das empresas e de 30% dos participan-tes declararem ter já sentido efeitos positivos na carreira profissional, este é um domínio que me-rece uma atenção especial, por possuir ainda uma margem larga de progressão;

o reforço da motivação para continuar a estudar e da auto-confiança nas capacidades pessoais para chegar mais longe na conquista de qua-lificações avançadas representa um benefício muito relevante para os que logram concluir o processo de certificação da Iniciativa Novas Oportunidades;

no entanto, persistem alguns sectores da popu-lação – jovens menores de 30 anos, mulheres de idade superior a 50 anos e profissionais pouco qualificados – que se mostram mais “resilientes” a uma adesão espontânea à Iniciativa, cons-tatação que parece indiciar a necessidade de uma inteligente segmentação da comunicação e a conveniência de uma maior diferenciação dos modelos de oferta no terreno.

A Iniciativa Novas Oportunidades nasceu para res-ponder a um imperativo de justiça e de necessidade: o de mobilizar o elevado número de adultos por-tugueses detentores de baixas qualificações – em percentagem clara e preocupantemente superior ao dos nossos pares europeus – para um novo mode-lo de oferta educativa, inovadoramente desenhado para reconhecer as competências adquiridas por via não formal e informal e para oferecer os com-plementos de formação indispensáveis para uma certificação formal de qualificações básicas ou se-cundárias e profissionais.

A adesão das populações visadas pela Iniciativa é, pela sua expressão quantitativa e temporal, um caso único e destacado no panorama das políticas públicas de educação-formação de adultos, seja em Portugal, seja mesmo no contexto europeu.

A Avaliação Externa levada a cabo tem vindo a for-necer informação e dados preciosos para a melhoria continuada da Iniciativa bem como métricas de aferi-ção da sua qualidade e dos seus impactos.

No plano estratégico, e num horizonte de médio prazo, a Iniciativa Novas Oportunidades encerra um potencial precioso e de inigualável riqueza con-ceptual para inspirar a estruturação de um sistema de aprendizagem ao longo da vida susceptível de colocar Portugal na dianteira dos demais países Eu-ropeus e da OCDE, que normalmente lhe servem de benchmark.

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“Numa altura em que as sociedades são pressionadas a adaptarem-se aos imperativos da generaliza-ção dos meios de acesso ao conhecimento e à informação tem-se por adquirido que o final de estudos secundários é o novo limiar crítico para que as pessoas ou nações possam triunfar. O grosso do pelotão da nossa população activa situa-se muito abaixo. Ainda que o país tenha conseguido regularizar o fluxo de educação, o problema da composição educacional do stock é deveras preocupante. Acresce a esta exigência-padrão de nível secundário completo a necessidade de desenvolver novas competências (...) estamos em face de uma opção estratégica de geração.”(1)

Carneiro, R. (2000)

A Iniciativa Novas Oportunidades, lançada em Dezembro de 2005, surgiu como resposta à neces-sidade de Portugal vencer este ciclo longo de atraso nacional face aos outros países desenvolvidos, in-vestindo conjugadamente na melhoria contínua das condições de escolarização das crianças e jovens, por um lado, e na reversão da atávica desqualifi-cação da população adulta (que se viu privada do direito a uma adequada educação-formação inicial na idade própria), por outro, a Iniciativa Novas Opor-tunidades representa, a um tempo, uma herança histórica do já tentado e uma ruptura inovadora face aos programas anteriores de educação de adultos em Portugal.

Do quadro das políticas públicas de educação de adultos – património e herança histórica – reco-nhecemos, na Iniciativa Novas Oportunidades, os seguintes traços:

o acervo das experiências e boas práticas de educação extra-escolar de décadas;

os esboços prévios de articulação entre os sis-temas educativo e formativo, com expressão institucional na primeira agência com dupla tutela dos dois sectores (ANEFA, 2000), bem como em ofertas de dupla certificação (ensino profissional, desde 1989; cursos EFA, desde 2000);

a avaliação das experiências de reconhecimen-to e certificação de competências de adquiridos ao longo da vida (Centros RVCC, desde 2000), bem como de ofertas de formação modular (por

exemplo as acções “S@ber+” também desde 2000).(2)

Nas dimensões acentuadamente inovadoras, por seu turno, destacam-se:

o forte endosso político e mediático ao mais alto nível;

a eleição do nível secundário de estudos como desiderato estratégico;

a dupla certificação, educacional e profissional, como via preferencial;

meios institucionais que articulam superiormen-te os sistemas tradicionais de educação e de formação (a Agência Nacional para a Qualifica-ção, agência central com mandato específico, os cerca de 500 Centros Novas Oportunidades e os mais de 9000 profissionais dedicados);

uma grande ambição que, traduzindo o senti-do de urgência (emergência nacional), teve expressão na formulação de metas “pressio-nantes” e na alocação de recursos financeiros com significado (referimo-nos designadamente a 70% do Programa Operacional Potencial Hu-mano - POPH).

Em todos os países da OCDE(3) as taxas internas de rentabilidade privada de um investimento no en-sino secundário (concluído imediatamente após o ensino obrigatório) são sensivelmente superiores a 4,5%. Tomando por orientação os resultados de diversas investigações(4), e admitindo que Portugal

1. Nota de enquadramento

Nota de enquadramento

(1) Carneiro, R. (2000). 20 anos para vencer 20 décadas de atraso educativo. Lisboa: DAPP/ME, p. 12.(2) Este quadro revela o facto deste conjunto diversificado de experiências e estruturas ter sido resultado de, no período 1989-2005, Portugal ter beneficiado da alocação de fundos estruturais, por parte da União Europeia, para o desenvolvimento do sistema educativo português.(3) OECD (2009). Education at a glance. Paris: OECD.(4) Vide Claudia Goldin & Laurence F. Katz (2003). Mass secondary schooling and the state: The Role of state compulsing in the high school movement. NBER Working paper n.º 10075, Nov.; Byron G. Auguste, Byron Hancock & Martha Laboissiére (2009). The economic cost of the US education gap. The Mckinsey Quartely, June (www.mckinseyquartely.com, acedido em 07/07/2010); Philippe Aghion & Peter W. Howitt (2009). The economics of growth. Cambridge: The MIT Press.

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1�Nota de enquadramento

é uma economia ainda distante da fronteira tecnoló-gica, num cálculo muito aproximativo estima-se em cerca de 13.750 milhões de euros a perda líquida de PIB nos 20 anos que medeiam entre 2000 e 2020.

Este seria o resultado da desqualificação de cerca de 2/3 da população portuguesa situada abaixo do limiar do secundário.

O POPH, para o período 2007-2013, e a Iniciativa Novas Oportunidades podem ser uma alavanca inestimável de mudança, sabendo aliar a quantidade à qualidade, a massificação à busca de excelência, a certificação a oportunidades acrescidas de mo-bilidade social e económica. O ideal de sociedade educativa só se poderá, no entanto, materializar num programa mobilizador da nação que, contando com os parceiros sociais e assente em comunida-des e necessidades reais, rompa progressivamente todos os “círculos viciosos” da pobreza e exclusão social, gerando, a par do crescimento económico, coesão social.

Uma política pública desta envergadura teria na-turalmente de ser submetida ao escrutínio de uma avaliação externa e independente, de natureza mar-cadamente académica.

A abordagem utilizada pela Universidade Católica Portuguesa na Avaliação Externa efectuada sobre o Eixo Adultos valorizou, por um lado, a recolha de dados confiáveis sobre a qualidade e os impactos da Iniciativa Novas Oportunidades (eixo de ava-liação sistémica) e, por outro, a capacitação do sistema para a sua auto-regulação futura, através de instrumentos de monitorização permanente (eixo monitorização e auto-avaliação).

No primeiro eixo, o de avaliação sistémica, podemos distinguir várias questões relacionadas com as polí-ticas públicas concretizadas no programa, com os mecanismos de implementação e sustentabilidade (coerência, pertinência e relevância), com a análise do funcionamento do sistema de actores (organiza-

ção e desempenho), com a avaliação dos resultados e impactos. Neste eixo importa afirmar que o mo-delo de avaliação seguiu critérios essencialmentesecundários, de natureza predominantemente qualitativa e inferencial, e centrou-se nas fases usu-almente designadas (Dror, 1989) por:

“post-policy making stage” - motivação de acto-res e executores da política, implementação da política e respectiva avaliação dos impactos;

“feedback stage” - canais de comunicação e de retroinformação aos centros decisores.

Ao nível da política pública, o enfoque da avaliação externa centra-se na meso-análise (impactos sociais, opinião pública qualificada, formação e sustentação da agenda pública, representações simbólicas e questões de fronteira, entre outras) e na análise de estratégia de distribuição (parâmetros de navegação institucional, tipologias organizacionais, sistemas de implantação no terreno, produção de mudanças, im-pactos e patamares de desempenho).

No segundo eixo, foram desenvolvidas duas fren-tes: uma primeira de adequação do Sistema de Informação e Gestão da Oferta Educativa e Forma-tiva (SIGO) às necessidades da avaliação, e uma segunda de implantação gradual de um modelo de auto-avaliação que permita sustentar a melhoria sis-temática dos procedimentos.

A circunstância de todo o trabalho de avaliação ser cientificamente acompanhado e criticado por um pai-nel de reputados peritos, internacionais e nacionais, garante o rigor analítico-metodológico e a qualidade interpretativa do conjunto do exercício de investiga-ção.

Por outro lado, a transformação do conhecimento em práticas de acção, quer na sequência de recomen-dações, quer pelo aprofundamento da análise em conferências e seminários (entre outros), traduzem uma filosofia geral de investigação-acção que pode

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1�Nota de enquadramento

e tem permitido a melhoria continuada da eficiência e eficácia desta política pública.

Recorda-se que os primeiros resultados daAvaliação Externa levada a cabo em 2008-2009 foram apresentados publicamente e debatidos com especialistas num seminário realizado no dia 10 de Julho de 2009. Procede-se agora, de acordo com os princípios da transparência e da prestação de contas, e bem as-sim no quadro das metodologias de investigação constantes do Anexo 3, à divulgação resumida dos resultados e recomendações apurados no segundo ano de Avaliação Externa (2009-2010), os quais fo-ram objecto também de apresentação e comentário especializado, publicamente, no âmbito do 4.º En-contro Nacional de Centros Novas Oportunidades, que teve lugar a 30 de Novembro de 2010, em Gui-marães.

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1�

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1�A emergência de uma marca (pública)

2.1. Objectivos e metodologia

A realização de seis focus-groups e treze entrevis-tas em profundidade (num total de 50 entrevistados), realizados durante o último quadrimestre do ano de 2009, visou apurar um conjunto de percepções so-bre a Iniciativa Novas Oportunidades, por parte dos seguintes segmentos de opinião:

adultos integrados na Iniciativa em diferentes fases do processo de qualificação com ensino secundário;

adultos jovens (20-30 anos) potencialmente aderentes mas não inscritos;

directores e coordenadores de Centros Novas Oportunidades, entre outros agentes de educa-ção/formação;

empregadores (sócios gerentes, directores e responsáveis de recursos humanos de Peque-nas e Médias Empresas - PME).

Os objectivos prosseguidos foram no essencial:

aprofundar o conhecimento sobre as atitudes e representações dos envolvidos na Iniciativa, identificando as principais motivações, inibições e dinâmicas entre actores;

identificar variáveis de avaliação da Iniciativa Novas Oportunidades por parte de PME, regis-tando ideias e sentimentos sobre a mesma.

2. A emergência de uma marca (pública)

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1�A emergência de uma marca

(pública)

2.2. Resultados

A conclusão central consubstancia-se no facto de as percepções analisadas evidenciarem que a Iniciati-va Novas Oportunidades era já, à data, uma marca pública (de serviço) com valores claros.

Os principais valores percepcionados são:

acessibilidade – iniciativa e ofertas flexíveis e adaptadas aos tempos e ritmos próprios do(s) público(s)-alvo que visam servir;

inclusão – porque valoriza cada indivíduo e a sua história de vida;

horizontes – viabiliza cenários de futuro, abrin-do possibilidades de sonho e de mudança.

Nos fundamentos invocados para justificar a Ini-ciativa, generalizadamente reconhece-se o atraso estrutural português face à União Europeia.

Nas frases utilizadas a expressão Novas Oportuni-dades ganhou tangibilidade.

Os conceitos qualificações e competências come-çam a ser reconhecidos e distinguidos já por parte de alguns dos públicos.

Numa análise detalhada por segmento constatam-se, em síntese, que:

os adultos procuram as Novas Oportunidades essencialmente porque reconhecem o 12.º ano como o novo “mínimo social” – “nós é que vamos ser os próximos analfabetos, se não fi-zermos nada por nós próprios” – e a condição necessária para ter uma carreira ou progredir na mesma;

uma vez iniciado o processo (por exemplo, adquirido o 9.º ano) prosseguem para o nível seguinte (12.º ano);

1.

2.

Ideia de continuidade linear

Experiência de progressão complexa

FASE 1 FASE 2

Sucesso dependente da predisposiçãopara mudança pessoal

Sucesso dependente da consistência de horizontes, envolvendo o

profissional

9.º AnoNormalização

de estatuto

12.º AnoLógica deambição

9.º AnoEstatuto

normalizado

12.º AnoLógica deaspiração

Figura 1A mudança de perspectiva (horizonte)

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1�A emergência de uma marca (pública)

se regista alguma inibição por parte dos jovens adultos que associam as Novas Oportunidades a outra idade, a uma imagem à qual não se querem “colar” ou a uma prioridade para a qual ainda não estão disponíveis.

Entre os agentes de educação/formação destaca-se:

o reconhecimento (e regozijo) face aos indica-dores de sucesso da Iniciativa;

a presença de alguma tensão com as estruturas tradicionais dos sistemas educativo/formativo (escolas e centros de formação) e, nomeada-mente, um sentimento de “insegurança” face à figura/papel do professor;

a discussão/reflexão/preocupação sobre o mo-delo de evolução de rede de Centros Novas Oportunidades e a sua sustentabilidade.

Percepcionada a marca Novas Oportunidades pelas grandes empresas, ao nível das PME, constatou-se, no entanto:

o desconforto de alguns empresários face às suas próprias qualificações;

o receio de incorrerem em custos de formação com os empregados sem resultados de negócio a curto prazo;

algum alheamento/desinteresse, considerando que a aquisição de escolaridade é do foro da vida privada dos empregados, por um lado, e o receio de assistirem a um “ganho” de poder reivindicativo por parte dos mesmos, por outro.

Por fim, importa ainda reconhecer que também se destacou no estudo um elevado nível de qualidade da relação entre actores-formadores e formandos – bem como uma forte orientação por objectivos, e para resultados, sendo ambos os traços sinais próprios das marcas de serviços. O compromisso do seu público com uma atitude de aprendizagem posterior à certificação (evidência de lealdade a esta marca e aos seus valores), bem como a leitura social apurada complementarmente no âmbito desta ava-

3.

liação no estudo de impactos, constituem, por seu turno, outras evidências de que esta política pública se converteu já em marca pública.

Podendo este facto vir a associar-se à afirmação de um movimento social em torno da mesma (fenó-meno típico) registam-se como potenciais sintomas dessa ocorrência alguns dos elementos apurados no citado estudo de impactos, a saber:

uma avaliação muito positiva quer de quem se inscreveu quer de quem ouviu falar na Iniciativa Novas Oportunidades;

Gráfico 1Inscrever-me nas Novas Oportunidades

foi uma boa solução para mim

2008-20092009-2010

Gráfico 2Tenho ouvido dizer bem das Novas Oportunidades

Page 20: Novas oportunidades

�0A emergência de uma marca

(pública)

uma presença, com valorização positiva, de dimensões associadas aos valores da marca nos conteúdos dessa avaliação;

uma disponibilidade declarada para dar continuidade à Iniciativa Novas Oportunidades, nomeadamente como embaixador da mesma.

Gráfico 3Principais virtudes da Iniciativa Novas Oportunidades

Gráfico 4Principais defeitos da Iniciativa Novas Oportunidades

Gráfico 5Ser um divulgador das Novas Oportunidades

Gráfico 6Criar uma associação Novas Oportunidades

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�1Comprovada qualidade deserviço e satisfação

3.1. Objectivos e metodologia

Foram objectivos do presente estudo:

analisar as evoluções nos resultados ocorridos entre a elaboração do último relatório – 2009 – e o presente momento da recolha de dados;

identificar o nível de satisfação actual reco-nhecido pelos beneficiários da Iniciativa Novas Oportunidades no todo e em cada fase do pro-grama, numa óptica de cliente;

avaliar a actual qualidade de serviço percebida pelos sujeitos envolvidos, numa óptica de pro-cesso.

O sistema de recolha de dados utilizado foi o telefó-nico – CATI – com cobertura territorial de Portugal Continental. Foram realizadas 1509 entrevistas vá-lidas. No ano anterior, através do mesmo sistema e com comparabilidade, haviam sido realizadas 1603 entrevistas.

A amostra foi extraída aleatoriamente de entre inscritos e ex-inscritos na Iniciativa Novas Oportuni-dades registados no SIGO, tendo em consideração a localização geográfica, bem como os grandes caracterizadores de estado. Estes, respeitando às situações/fases do ciclo de formação, são cinco: processo concluído, processo a decorrer, aguarda início de processo, suspendeu o processo e aban-donou o processo.

1.

2.

3.

3. Comprovada qualidade de serviço e satisfação

Page 22: Novas oportunidades

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Dispon

ibilid

ade p

ara es

clarec

er dú

vidas

Comprovada qualidade deserviço e satisfação

3.2. Resultados 3.2.1. Elevada satisfação e pontos fortes

A satisfação das pessoas que fizeram todo o percurso das Novas Oportunidades é extremamente elevada tanto em valores absolutos como por comparação a índices sectoriais de satisfação em Portugal e na União Europeia.

Os dados evidenciam uma imagem de desempenho muito elevado por parte dos adultos que estão ou já es-tiveram inscritos na Iniciativa. Destacam-se pelas elevadas cotações de apreciação do serviço (superior a 7 pontos numa escala de 10) os seguintes aspectos:

o primeiro contacto (com aproximações médias à nota de 9, regista como ponto mínimo de cotação 7,5);

Gráfico 7Flutuação da satisfação ao longo do processo

Gráfico 8Avaliação global de satisfação

2009

2010

2009

2010

Gráfico 9Avaliação do contacto com os Centros Novas Oportunidades 2010

Page 23: Novas oportunidades

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vidas

Comprovada qualidade deserviço e satisfação

a produção do portfólio (que regista um ligeiro aumento face aos valores de 2009), o que é muito signifi-cativo dado que aqueles valores já eram muito elevados;

Gráfico 10Avaliação do apoio para a produção do portfólio

Page 24: Novas oportunidades

��Comprovada qualidade de

serviço e satisfação

é leitura da larga maioria das pessoas que passaram pelo processo de produção do portfólio que o mes-mo lhes permitiu evidenciar as suas competências;

Gráfico 11O portfólio conseguiu evidenciar todos os seus conhecimentos?

Page 25: Novas oportunidades

��Comprovada qualidade deserviço e satisfação

a existência de um júri externo suscita forte concordância, evidenciando-se um reforço dos valores cap-tados no ano de 2009. A causa principal afirmada é a de que o recurso a pessoas que não estando envolvidas nos processos RVCC nem conhecendo os candidatos permite evidenciar à sociedade, de modo independente, a mais-valia de um processo que se afasta da norma do ensino clássico;

Gráfico 12Concordância com a existência de júri externo

Page 26: Novas oportunidades

��Comprovada qualidade de

serviço e satisfação

o esclarecimento sobre as ofertas disponíveis na zona, que foi mais positivo este ano do que em 2009 (registando uma grande subida dos valores médios por parte dos que desistiram ou suspenderam o seu processo de RVCC, passando também estes a dar valores de avaliação de excelência).

Gráfico 13Esclarecimento sobre a oferta da zona

Page 27: Novas oportunidades

��Comprovada qualidade deserviço e satisfação

A relação pessoal existente entre a equipa técnico-pedagógica dos Centros Novas Oportunidades e os su-jeitos inscritos parece ser a base desta leitura tão positiva. As avaliações sobre as equipas profissionais continuam a ser óptimas, generalizadamente acima dos 9 pontos, com excepção apenas registada para o reconhecimento das expectativas do candidato, aspecto que regista o valor mínimo de 8,91.

Gráfico 14Avaliação da equipa de RVCC

Page 28: Novas oportunidades

��Comprovada qualidade de

serviço e satisfação

3.2.2. Áreas de melhoria

Não obstante a elevada satisfação e os pontos fortes supra referidos, a presente avaliação constata a persis-tência de indicadores menos positivos já identificados no ano anterior e que sinalizam áreas de melhoria. Entre estas destacam-se (admitindo-se uma margem de progressão provável até aos 95%), designadamente:

a execução dos protocolos definidos para a etapa de acolhimento: no primeiro contacto, é essencial que o responsável pelo acolhimento do candidato seja capaz de prestar todo um conjunto de informações e recolher, também ele, o máximo de elementos que permitam um encaminhamento adequado. Não há possibilidade de ter uma segunda vez o primeiro contacto, por isso o que for feito deve sê-lo bem feito à primeira;

Gráfico 15Avaliação global da qualidade de informação prestada na inscrição

Page 29: Novas oportunidades

��Comprovada qualidade deserviço e satisfação

a calendarização das diferentes fases do percurso de RVCC: a possibilidade de calendarização da pres-tação de um serviço é essencial para a adesão e facilidade de organização, por parte do candidato, visando a recepção desse serviço. (Ao contrário do observado na execução dos protocolos de acolhi-mento, neste item, registaram-se retrocessos em relação ao ano anterior, facto que importa corrigir).

Gráfico 16Calendarização das fases de percurso

Page 30: Novas oportunidades

�0Comptrovada qualidade de

serviço e satisfação

as reuniões de encaminhamento: destaca-se que os resultados de 2010 foram piores do que os alcançados em 2009, ano em que já não eram brilhantes. As reuniões dedicadas ao diagnóstico e encaminhamento são uma zona de potenciais melhorias de processo, neste caso, com urgência. Destaca-se, à semelhan-ça do recomendado no relatório de 2009, a necessidade de:

redução dos tempos de espera;

maior eficiência e eficácia na marcação de reuniões;

maior envolvimento dos candidatos nos processos de decisão sobre o seu futuro escolar.

Mau grado o abaixamento de desempenho na marcação das reuniões de encaminhamento houve, em con-trapartida, uma enorme recuperação nos casos em que, não tendo havido marcação de reunião, esta acabou por se realizar. Conjugando ambos os resultados, admite-se um resultado globalmente similar ao do ano anterior, mas qualitativamente pior porque obtido à custa de processos recuperativos.

os tempos de espera que, tendo revelado progressos de 2009 para 2010, continuam ainda a registar demasiados casos (mais de um terço do total) em que as pessoas acabam por ter reuniões mais de um mês após a inscrição. Considera-se que seria um valor óptimo um máximo de 8 dias e o desejável, neste momento, um valor situado entre os 8 e os 15 dias.

Gráfico 17Espera média em dias, entre a inscrição e a primeira acção de diagnóstico

Page 31: Novas oportunidades

�1Comprovada qualidade deserviço e satisfação

Outra constatação da presente avaliação é a de que, pela primeira vez, se registaram valores elevados (por comparação ao ano anterior) de pessoas com declaração de desistência ou de suspensão de processo.

As desistências, que no ano anterior eram um elemento de baixa expressão grupal com excepção registada apenas para os reformados, neste ano, alargaram-se a todos os grupos com valores médios de cerca de 10%.

Gráfico 18Ocupação 2010

Page 32: Novas oportunidades

��Comprovada qualidade de

serviço e satisfação

As principais razões apuradas como motivos de desistência foram, entre outras, nomeadamente:

de ordem profissional: arranjar novo emprego, passar a ter emprego, horários incompatíveis com a cer-tificação, emigração temporária, mudança para outra localidade, associada a novo emprego ou ao facto de a frequência de o processo RVCC ter sido enquadrada numa empresa que desapareceu, entre outras causas menos frequentes;

com causa no Centro Novas Oportunidades (muitos disseram que o arrastar da situação mata o entu-siasmo inicial): meses de espera (numa situação o inquirido afirmou ter passado mais de dois anos à espera);

de saúde: do próprio e de familiares, com destaque para os filhos;

não reconhecimento de qualidade nas propostas que lhe foram apresentadas pelo Centro Novas Opor-tunidades;

assuntos pessoais que entenderam não querer discriminar;

obtenção de certificação escolar por outras vias;

mudança de formação para o ensino regular ou profissional.

Desde os trabalhos de Dabholkar (1999), considera-se que o comprometimento do cliente no processo de tomada de decisão em serviços é de alta relevância para a sua vida (como é o caso da Iniciativa Novas Opor-tunidades). Portanto, é uma ferramenta crítica para o envolvimento futuro do sujeito no processo e sucesso, aquando da sua avaliação.

a)

b)

c)

d)

e)

f)

g)

Gráfico 19Envolvimento do candidato no processo de decisão

Page 33: Novas oportunidades

��Comprovada qualidade deserviço e satisfação

No caso, tendo como referência um progresso possível até aos 100% de envolvimento do candidato, cons-tata-se ainda que os desistentes foram quem menos viu reflectidas as suas expectativas na realidade observada.

Gráfico 20O encaminhamento correspondeu às suas motivações?

Page 34: Novas oportunidades

��Comprovada qualidade de

serviço e satisfação

A percepção global dos inscritos é a de que as Novas Oportunidades são um sistema válido de reconhecimen-to de competências, adaptado às necessidades concretas de pessoas que se encontram numa dada fase da sua vida, bem diferente do que se verifica no sistema de ensino regular.

Gráfico 21O Centro Novas Oportunidades como solução adaptada ao caso do(a) respondente

Page 35: Novas oportunidades

��Comprovada qualidade deserviço e satisfação

Os dados repetem-se, nos dois anos, em termos de distribuição e de intensidades. Fica, uma vez mais, evi-denciado que as pessoas que desistiram ou suspenderam a sua frequência do processo de RVCC têm maior dificuldade de adaptação ao Centro Novas Oportunidades do que as dos restantes grupos, contribuindo esse facto, seguramente, para a tomada de decisão.

Gráfico 22Há diferenças do ensino nas Novas Oportunidades relativamente ao ensino regular?

Gráfico 23Qual o sentido das diferenças?

Page 36: Novas oportunidades

��Comprovada qualidade de

serviço e satisfação

Para as pessoas que estão em processo ou o concluíram, este é um percurso melhor do que o do ensino regular. Entre estes, mais de 80% disseram que, não sendo tão exigente quanto o ensino regular, o proces-so de RVCC está mais adaptado nos horários e necessidades actuais inerentes à fase de vida em que se encontram. Para um grupo de cerca de 10% o formato das Novas Oportunidades é melhor porque é mais exigente do que o ensino regular. Por último, cerca de 6% das pessoas identificam outras razões de natureza diversa.

Gráfico 24Razões porque a Iniciativa Novas Oportunidades é melhor do que o ensino regular

Gráfico 25Razões porque a Iniciativa Novas Oportunidades é pior que o ensino regular

Page 37: Novas oportunidades

��Comprovada qualidade deserviço e satisfação

No grupo dos que referiram ser pior do que o ensino regular, cerca de 6% dos respondentes queixa-se dos horários perante a sua fase de vida. Razões diversas acomodam um pouco mais de 10% das pessoas. A grande maioria deste grupo considera, no entanto, que a principal razão reside na qualidade das aprendiza-gens/ensino (75% entre os que já concluíram o processo e 91% de entre os que desistiram).

Uma outra forma de verificar se as Novas Oportunidades representaram algo de importante na vida das pessoas que formalizaram o percurso foi solicitar-lhes uma avaliação sobre o grau de importância dessa experiência. O resultado obtido é o de que a larga maioria das pessoas (quase três quartos) lhe atribuiu nota máxima.

Um segundo elemento digno de destaque na análise é o de que não há registos nos mínimos da escala.

80%

70%

60%

50%

40%

30%

20%

10%

0%Nada importante 2 3 4 Muito importante

Gráfico 26Importância atribuída ao ingresso na Iniciativa Novas Oportunidades

Page 38: Novas oportunidades

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Page 39: Novas oportunidades

��A nova oferta desbloqueoua procura potencial dequalificações

4.1. As questões da avaliação no âmbito dos estudos de caso de Centros Novas Oportunidades

4. A nova oferta desbloqueou a procura potencial de qualificações

No âmbito do subprojecto “Estudos de Caso de Centros Novas Oportunidades”, o objectivo da ava-liação para este ano deu continuidade, no essencial, à questão de partida presente desde o início nesta dimensão de avaliação:

Para além do aumento dos níveis de educação dos adultos (nomeadamente do ensino básico e do en-sino secundário), existe, de facto, uma melhoria das suas competências? Ou seja, ficarão estes adultos na posse de mais e novas competências que lhes serão úteis para a vida e para o trabalho?

Mantêm-se também as duas questões, mais especí-ficas, às quais procuraremos responder:

Estarão as competências-chave pré-definidas re-almente adquiridas pelo adulto que obtém com sucesso uma qualificação escolar no âmbito das Novas Oportunidades? Que relevância têm estas competências-chave para a vida e para o emprego?

A primeira questão conduz-nos à avaliação da qua-lidade destes processos de qualificação, enquanto a segunda procura perceber se essas competên-cias são realmente visíveis e valiosas, quer para o desenvolvimento pessoal, quer para reforçar a empregabilidade do indivíduo, bem como a sua par-ticipação na sociedade.

Neste ponto do relatório é sobre a dimensão de ava-liação da qualidade dos processos de qualificação em presença na Iniciativa Novas Oportunidades que nos deteremos. A segunda questão será abordada em detalhe no ponto 6.

No modelo de análise utilizado (ver figura 2) foram considerados os três actores e os contextos prin-cipais de produção e valorização da qualificação escolar: o indivíduo e sua família, o Centro Novas Oportunidades e o empregador.

Foram ainda identificadas variáveis dependentes e independentes, visando a identificação de relações significantes e a detecção de novos desafios.

Page 40: Novas oportunidades

�0A nova oferta desbloqueou

a procura potencial dequalificações

Avaliação:ProcessosResultados

Competências-chave

Motivação

Avaliação:Competências-

chaveAvaliação:ProcessosResultados

Competências-chave

Qualidade Relevância

Situação face ao empregoProfissão

Conteúdo de trabalhoConhecimento requerido

Participação na educação formal,

não-formal e informal

Indivíduo (e família)

Género Idade

Participação na INO(nível e percurso de certificação)

Interacção com oferta

da EF

Protocolosno âmbito

da INO Organização do trabalho

DimensãoEstrutura

Qualificações

Sector económico

Empregador

Interacção com

empregadores Capacidade

Qualidade

Experiência em EFA e RVCC

Região(NUT II)

Inovação

Protocolos no âmbito

da INO

Centro Novas Oportunidades

Tipologia

Figura 2Modelo de análise

Page 41: Novas oportunidades

�1A nova oferta desbloqueoua procura potencial dequalificações

4.2. Resultados

A escala adquirida pela Iniciativa Novas Oportunida-des, envolvendo mais de um milhão de adultos num período de cerca de quatro anos, é um fenómeno que importa escrutinar por vários motivos, entre os quais:

pelo inédito na história portuguesa;

para perceber como (e se foram) estas ofertas que permitiram/facilitaram essa atracção e en-volvimento;

para avaliar da sua adequação e da capacida-de de qualificar com qualidade uma população adulta de baixas qualificações.

Quanto à motivação principal e comum dos aderen-tes à Iniciativa Novas Oportunidades destaca-se a “progressão na escolaridade”. Independentemente

do nível de qualificação a que se candidatam ou até da procura de dupla certificação – profissional e es-colar – é o “diploma” escolar adicional que almejam.

Uma segunda conclusão prende-se com o ganho motivacional obtido na participação/envolvimento na Iniciativa. A própria experiência de educação, profundamente enriquecedora de que estes adultos usufruem neste processo e que muito valorizam, constitui um inequívoco ganho motivacional para a aprendizagem ao longo da vida.

Não apenas o que se aprende (que analisaremos no ponto 6.2 deste relatório) mas a forma como se aprende e o carácter distintivo dos processos de educação e formação em que consubstanciam as Novas Oportunidades, na vertente qualificação de adultos, tornaram-se factores relevantes para com-preender e explicar quer o fenómeno de adesão à Iniciativa quer o consequente ganho motivacional.

Gráfico 27Relevância/Utilidade - Básico

Page 42: Novas oportunidades

��A nova oferta desbloqueou

a procura potencial dequalificações

“Porquê agora e não antes?” “O que mudou para que cerca de um milhão de adultos de baixa escolaridade tenha agora aderido à educação formal quando, até agora, apenas alguns decidiram "voltar à escola"?”

A primeira resposta a estas questões é a de que esta não é, de facto, a escola que grande parte destes adultos conheceu e da qual se afastou, por várias razões. A imagem da escola que dá atenção, que acompanha, que orienta e que confere oportunidade é inédita e, de certa forma, antecipada e confirmada ao longo desta nova experiência por adultos e pro-fissionais:

“Aprendi e muito, embora de uma forma dife-rente e coisas que eu não estava à espera!”. “Os adultos fazem as pazes com a escolarida-de e com a formação”.

É, sobretudo, a novidade e a diferença do que é um Centro Novas Oportunidades, um processo de RVCC ou o papel de técnicos, formadores e profes-sores na sua relação com o indivíduo, que tem vindo a moldar, no terreno, esta nova imagem do “mundo da escola.”

A segunda resposta tem a ver com a expressão “agora a sua experiência conta”. Trata-se de uma

Gráfico 28Relevância/Utilidade - Secundário

Page 43: Novas oportunidades

��A nova oferta desbloqueoua procura potencial dequalificações

ruptura com a ideia de que “as pessoas só aprendem na escola” ou “de que só é válido o que se aprende na escola”.

“Foi um sonho realizado ver que tudo o que aprendi na vida valeu de alguma coisa, agora posso dizer que tenho o 9.º ano!”;

“Aqui consegui perceber o que fiz e aprendi na vida”;

“Agora que tenho o 9.º ano, posso tirar o curso de energias renováveis!”;

“Percebi que tudo o que aprendi na vida tem muito valor!”

A acessibilidade e a atractividade das ofertas são também elementos decisivos na concretização da aprendizagem ao longo da vida.

Ao processo de RVCC associam-se características de “preferência” e “conveniência” dos processos.

À semelhança das conclusões da avaliação do ano anterior, estes processos, embora baseados fortemente no reconhecimento e na validação de competências pré-adquiridas, geram um nível de consciencialização “do que se sabe” e “do que não se sabe” (“o processo permitiu-me perceber não só o que já sabia, mas também perceber o que não sei e o que quero e preciso de aprender!”) que permi-te e estimula, na grande maioria dos casos, uma progressão significativa nas competências-chave definidas. A metodologia particular dos processos de RVCC, com um forte pendor de auto-reconhecimen-to e de valorização do que se aprendeu ao longo da vida, feita pelo próprio indivíduo, em estreita ligação com o profissional de Reconhecimento e Validação de Competências (RVC) e validada posteriormente pelo avaliador externo, em júri de certificação, as-senta sobretudo na autonomia do indivíduo, o que contribui, em muito, para este “ganho” pessoal.

Quer nos processos de RVCC, com ou sem forma-ção complementar, quer nos cursos EFA, é também consensual que os “ganhos” de aprendizagem ad-vindos da participação são bastante significativos a todos os níveis, apesar de se tratar de modalidades de educação e formação diferentes. A vontade de aprender e de adquirir mais e novas competências parece ser comum à grande maioria dos adultos que se inscreve nas Novas Oportunidades.

Por outro lado, a experiência de frequentar um cur-so EFA (experiência essa que é normalmente mais longa e mais exigente em aprendizagens estrutura-das do que um processo de RVCC e, na maioria dos casos, menos atractiva para o indivíduo ou determi-nada pela situação de desemprego e pelo acesso a um incentivo financeiro) gera igualmente ganhos do ponto de vista das aprendizagens realizadas, porventura ganhos ainda mais significativos, tendo em conta a fragilidade e a diversidade dos níveis de partida.

Mesmo nos cursos EFA – com mais jovens e mais desempregados, como veremos no ponto 5 deste relatório – a novidade dos métodos de trabalho e do papel dos formadores e professores parece gerar uma mudança significativa na imagem que muitos destes adultos têm (ou tinham) da escola, passan-do de uma “escola que castiga e impõe” para uma outra que “colabora e mostra abertura”. Importa, no entanto, registar que, como a grande maioria dos técnicos referiu, os jovens adultos parecem ter um (des)empenho inferior ao dos adultos com mais maturidade. Os adultos, mais conscientes das suas necessidades e da oportunidade que agora têm, conseguem desempenhos superiores, apesar dos maiores sacrifícios.

Por outro lado, o balanço feito por aqueles que terminam com sucesso um curso EFA de dupla cer-tificação é, no entanto, muito positivo: reconhecem o seu valor e partilham da noção da mais-valia que esses cursos poderão ter nas suas vidas. São vários

Page 44: Novas oportunidades

��A nova oferta desbloqueou

a procura potencial dequalificações

os ganhos apontados pelos intervenientes entrevis-tados:

“visão mais alargada”, “mais cultura geral”, “criatividade, desenvolvimento do raciocínio e pensamento critico”, “maior auto-estima e realização pessoal”, “maior segurança”, “maior capacidade e gosto para aprender”, “postura e comportamentos mais adequa-dos”, “sentimento de maior capacidade para en-frentar desafios e com mais possibilidades de sucesso”, “mais competências e conhecimentos”, “maior motivação para continuar a aprender”, “mais autonomia”, “aproximação aos filhos”,(…)

Os cursos EFA de dupla certificação mostram tam-bém um mais explícito ganho do ponto de vista profissional. São vários os casos em que desempre-gados conseguiram voltar a inserir-se no mercado de trabalho, após a conclusão de um destes cursos.

No que respeita aos processos de RVCC profissio-nais a expectativa “na abertura de novas portas” no mundo do trabalho verificou-se constituir uma razão mobilizadora para a maioria dos indivíduos entre-vistados. A participação num processo de RVCC profissional serve também para confrontar a prática com a teoria. Estes indivíduos acedem, de uma forma estruturada, apoiada e actualizada, ao conhecimen-to técnico e científico que alicerça as competências funcionais. Isto traduz-se numa significativa consoli-dação do que se sabe fazer, e sobretudo do “porque é que se faz assim e não de outra forma”, com um claro reforço do sentido reflexivo e sistémico sobre o trabalho.

As exigências dos empregadores, a regulamentação de profissões que têm como requisito de acesso a

prévia certificação profissional, as crescentes exi-gências dos clientes (também neste sentido) são factores que reforçam a necessidade deste tipo de oferta, motivando uma maior adesão e interesse por parte das empresas à Iniciativa. Ter empregados com um nível de escolaridade mais elevado é sinó-nimo de mais qualidade e flexibilidade da força de trabalho: a melhoria dos níveis de desempenho e de produtividade, a maior mobilidade interna, a entrada em determinados nichos de negócio e a elevação dos patamares de qualidade ou mesmo o benefício da imagem da empresa são claramente objectivos de alguns dos empregadores entrevistados.

Será, pois, necessário no futuro próximo:

explorar mais o potencial das certificações par-ciais e das formações modulares certificadas presentes no Quadro Nacional de Qualificações (QNQ);

reequacionar a real atractividade e acessibilida-de dos cursos EFA, também e sobretudo para a população activa empregada;

ter presente que o processo de RVCC é apenas uma resposta adequada àqueles que, à partida, têm condições para o fazer.

As crescentes necessidades de formação, reportadas no âmbito das entrevistas realizadas, por parte dos mais recentes inscritos nos Centros Novas Oportu-nidades, tornam expectável que o recurso exclusivo ao processo de RVCC venha a decrescer e que a necessidade de recorrer a certificações parciais, a unidades de formação de curta duração (UFCD) e a cursos de Educação e Formação de Adultos (cursos EFA) venha a aumentar. A confirmarem-se estas tendências de crescentes necessidades de formação dos futuros públicos da Iniciativa (com muito baixas qualificações), bem como de maiores níveis de resistência à adesão, im-porta evidenciar os novos desafios que se colocam na dimensão institucional.

Page 45: Novas oportunidades

��A nova oferta desbloqueoua procura potencial dequalificações

O papel reservado aos Centros Novas Oportunida-des, na concretização dos objectivos da educação e formação de adultos em Portugal, pode ser bem mais exigente do que tem sido até aqui, em especial no que toca:

à capacidade proactiva exigida no estímulo à procura;

à necessidade de dirigir a sua actividade, menos para processos integrais de RVCC escolares e mais para encaminhamentos, certificações parciais, elaboração de planos pessoais de qualificação, informação e aconselhamento para respostas formativas alternativas ou acom-panhamento dos indivíduos no seu percurso contínuo de formação;

à maior articulação e complementaridade nas respostas formativas entre Centros Novas Oportunidades e entidades formadoras;

e, finalmente, à necessidade de trabalhar mais de perto e em parceria com empregadores.

Por seu turno, importa ter em consideração as grandes escala e diversidade atingidas no actual momento de adesão (superior a 1,2 milhões de adul-tos) e a consciência de que apenas:

34% destes se encontram na presente data cer-tificados;

os aderentes representam ainda um terço dos activos que importa atrair para que Portugal seja bem sucedido na sua estratégia de afirma-ção competitiva.

Tudo isto coloca forte pressão sobre as necessidades de uniformização e manutenção, em nível elevado, dos padrões de qualidade de todo o sistema.

Na verdade, a incorporação dos valores e princípios subjacentes à Iniciativa, a observação das directrizes

da entidade reguladora, o uso da Carta de Qualida-de e o controlo da actividade e dos indicadores de qualidade são elementos que garantem um padrão de intervenção no seio da diversidade.

Apesar da capacidade de auto-regulação dos Cen-tros Novas Oportunidades ser aparentemente muito significativa, foram muitos os Centros contactados que referem a necessidade de maior acompanha-mento e controlo in loco e a necessidade de reforçar o número e a qualidade dos avaliadores externos, cujo papel é fundamental para a credibilidade do acto de certificação. Sugerem igualmente a implementa-ção de medidas simples de controlo do sistema e destacam a necessidade de dar mais estabilidade a tudo o que envolve a actividade dos Centros Novas Oportunidades, aspecto este que retomaremos no ponto 7 do presente relatório.

Page 46: Novas oportunidades

��

Page 47: Novas oportunidades

��Impactos da Iniciativa sobreas pessoas inscritas

5.1. Objectivos e metodologia

5. Impactos da Iniciativa sobre as pessoas inscritas

Os objectivos prosseguidos com o estudo de impac-tos são, no essencial:

pesquisar possíveis impactes entre os inscritos na Iniciativa Novas Oportunidades em diversas vertentes da sua vida.

procurar diferenças entre os vários percursos da Iniciativa Novas Oportunidades;

procurar características próprias do ciclo secun-dário;

verificar se há modificações face aos padrões identificados no estudo anterior.

O sistema de recolha de dados utilizado foi o telefó-nico – CATI – com cobertura territorial de Portugal Continental. Foram realizadas 1359 entrevistas vá-lidas. A amostra foi extraída aleatoriamente da base de dados SIGO, tendo um grau de fidedignidade cujo intervalo de confiança é de 2,71% a 95%. No ano anterior, através do mesmo sistema e com compara-bilidade, haviam sido realizadas 1500 entrevistas.

Page 48: Novas oportunidades

��Impactos da Iniciativa sobre

as pessoas inscritas

5.2. Resultados

Uma vez constatada a atribuição, por parte das pes-soas inscritas, da máxima relevância à passagem pela Iniciativa Novas Oportunidades na sua vida, importava conhecer, com maior detalhe, quem são estas pessoas e que impactos efectivos teve esta frequência e/ou certificação. Por fim, importa ainda proceder à identificação de tendências de evolução: da procura e da adesão.

Page 49: Novas oportunidades

��Impactos da Iniciativa sobreas pessoas inscritas

5.2.1. Quem são as pessoas inscritas na Iniciativa?

A idade

No que respeita à caracterização etária constata-se como grupo preponderante o das pessoas com ida-des situadas entre os 31 e os 50 anos.

Esta constatação evidencia que a Iniciativa está a “tocar” sobretudo a população activa adulta, contu-do com fraca capacidade de captação dos maiores de 50 anos, estratos nos quais preponderam baixas qualificações. Face à dinâmica de envelhecimento da pirâmide etária portuguesa e à necessidade de promover políticas de envelhecimento activo, asso-ciadas ao retardar da idade de reforma, este aspecto apresenta alguma criticidade.

O género

A dificuldade de captar maiores de 50 anos é parti-cularmente acentuada no género feminino.

Apesar de a maioria dos inscritos na Iniciativa se-rem mulheres (55% de valor verificado nos dois anos), para que o contributo positivo possa colmatar a desvantagem da situação de partida e garanta a equiparação de qualificações entre géneros terá de ser reforçado o ritmo de captação daquelas. A situação perante o trabalho

Os inscritos na Iniciativa considerados na amostra são predominantemente empregados (70%), sendo que há dois grupos profissionais com pesos relativos superiores a 25%:

o do pessoal dos serviços e vendedores;

os dos operários, artífices e trabalhadores simi-lares.

70%

Empregado (a)

Desempregado (a)

Estudante

Doméstico (a)

Reformado (a)

Outra

2%2%3%

1%

22%

Gráfico 29Ocupação

Page 50: Novas oportunidades

�0Impactos da Iniciativa sobre

as pessoas inscritas

As pessoas do sector primário e os trabalhadores não qualificados, por um lado, e os quadros superiores e dirigentes, por outro, registam muito baixa representatividade nas inscrições da Iniciativa. Situação idêntica, se considerado o respectivo peso relativo na economia, se verifica nos trabalhadores quer da administração pública quer da economia social.

O estado civil

Constata-se a predominância do estado civil casado entre os inscritos na Iniciativa (71,3%).

Gráfico 30Profissão actual

Gráfico 31Estado civil

Page 51: Novas oportunidades

�1Impactos da Iniciativa sobreas pessoas inscritas

5.2.2. Os impactos verificados a nível pessoal, social e profissional

Entre os principais ganhos detectados encontram-se:

para 55,5% dos respondentes, os ganhos de cultura geral;

nos demais “ganhos do eu” merecem ainda particular destaque a vontade de continuar a estudar, o sen-timento de segurança perante a vida e as competências sociais; maior vontade própria e melhoria das capacidades de relação conjugal, parentalidade, acompanhamento escolar dos filhos e cidadania.

Gráfico 32Ganhos do Eu I

10%

9%

8%

7%

6%

5%

4%

3%

2%

1%

0%

2008-2009

2009-2010

Mais fe

liz

Mais re

aliza

do(a)

Com m

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idade

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Com m

aior o

rgulho

de si

Page 52: Novas oportunidades

��Impactos da Iniciativa sobre

as pessoas inscritas

Ao nível dos impactos dos saberes profissionais, destaca-se como ganho generalizado uma meta-competên-cia: 56% dos respondentes manifesta vontade de continuar a aprender profissionalmente.

Gráfico 33Ganhos do Eu II

Gráfico 34Sentimento ao nível da formação profissional

7,80

7,70

7,60

7,50

7,40

7,30

7,20

7,10

7,00

6,90

6,80

Com maior capacidade para ser encarregado de

educação

Com maior capacidade para ser um/uma bom/boa

marido/mulher

Com maior capacidade para ser um/uma bom/boa

pai/mãe

Com maior capacidade para ser um bom cidadão

Page 53: Novas oportunidades

��Impactos da Iniciativa sobreas pessoas inscritas

Por seu turno, a Iniciativa Novas Oportunidades parece contribuir, com efeito, para o desenvolvimento de competências críticas na era da sociedade de informação e da economia do conhecimento. A maioria das pessoas envolvidas continua a atribuir à sua passagem pela Iniciativa o incremento da utilização da internet, para fins profissionais e pessoais.

Gráfico 35Procura de aprendizagem pós Iniciativa Novas Oportunidades

Page 54: Novas oportunidades

��Impactos da Iniciativa sobre

as pessoas inscritas

A taxa de intensidade (uso diário, por exemplo) sofreu incrementos em relação ao ano anterior: de 67% para 83%, elevando-se os “heavy-users” de 35% para 60%.

Não17%

Sim83%

Não39%

Sim61%

Gráfico 36Utilizador de internet

Gráfico 37Evolução de uso de internet

Page 55: Novas oportunidades

��Impactos da Iniciativa sobreas pessoas inscritas

Constata-se, no entanto, uma utilização mais intensiva em função do grau de qualificação obtido.

100%

90%

80%

70%

60%

50%

40%

30%

20%

10%

0%

6.º ano 12.º ano9.º ano

Gráfico 38Taxa de utilização de internet

Page 56: Novas oportunidades

��Impactos da Iniciativa sobre

as pessoas inscritas

Quanto à existência de outros impactos na vida profissional:

cerca de um quinto das pessoas mudou a situação laboral (não se devendo exclusivamente essa mudan-ça, no entanto, à passagem pela Iniciativa);

73% declararam manter-se em situação idêntica à anterior;

aumentou o número dos inscritos em situação de desemprego e sem subsídio de desemprego (para um terço daqueles esta mudança verificou-se quando já estavam envolvidos no processo de reconhecimen-to/formação);

32% das pessoas declararam “ganhos” (de competências, de relação com pares e chefias, de estabilida-de no emprego e de aumento de responsabilidades sobre terceiros);

ninguém referiu perdas profissionais decorrentes do seu envolvimento na Iniciativa.

Gráfico 39Progressão na carreira devido à Iniciativa Novas Oportunidades

Não81%

Sim19%

Page 57: Novas oportunidades

��Impactos da Iniciativa sobreas pessoas inscritas

Por fim, importa repetir que as pessoas declaram ainda generalizadamente uma aquisição (se bem que mo-derada) de aprendizagens hard-skills, com excepção apenas para as línguas estrangeiras.

Gráfico 40Tipificação dos impactos positivos

Figura 3Ganhos em hard-skills

Page 58: Novas oportunidades

��Impactos da Iniciativa sobre

as pessoas inscritas

É possível constatar algumas evoluções tendenciais tendo presentes os resultados desta avaliação face aos obtidos em anos anteriores. Entre as mesmas destacam-se:

os ingressos dos anos mais recentes registam um aumento da procura do 12.º ano;

são sobretudo os “empregados” – critério face à situação de emprego – que procuram o 12.º ano e em profissões mais exigentes ao nível da qualificação.

ao nível da procura das diferentes respostas constata-se alguma tendência de diferenciação dos perfis:

os cursos EFA têm maior procura pelos estratos etários menores de 40 anos e por desempregados (há muita orientação para esta oferta por parte dos Centros de Emprego);

o percurso de RVCC é a resposta dominante entre os empregados.

Encontram-se ainda sob análise mais detalhada os motores motivacionais subjacentes à adesão à Iniciativa e à procura de determinados percursos ou formação. Contudo, os dados revelam que a procura de estabilidade e de melhoria da situação pessoal, pressuposta na base da motivação, não se confunde com o desejo de mudar de empresa empregadora.

5.2.3. Detecção de tendências

Igual53%

Menor20%Maior

27%

Igual47%

Menor15%

Maior38%

Gráfico 41Ficou com vontade de mudar de empresa

Gráfico 42Ficou com vontade de mudar de área

Page 59: Novas oportunidades

��Impactos da Iniciativa sobreas pessoas inscritas

Por fim, importa reter também que está detectado, como factor relevante, a influência da família na decisão de adesão. Verifica-se potencialmente a existência de um “círculo virtuoso” no qual o cônjuge menos qualificado procura a Iniciativa, visando eventualmente a equiparação a esse nível mas, uma vez em processo, há uma probabilidade superior a 12% de que o outro membro do casal se inscreva também nas Novas Oportunida-des.

Está mais interessado(a) em assuntos

Passou a ir mais a formação profissional

Quer inscrever-se nas Novas Oportunidades

Foi inscrever-se nas Novas Oportunidades

Aumentou a escolaridade

Manteve a escolaridade que tinha

0 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80%

Gráfico 43Flutuação da escolaridade do cônjuge

Page 60: Novas oportunidades

�0

Page 61: Novas oportunidades

�1A melhoria das competências-chavee o desafio de uma maior ligaçãoao mundo do trabalho

6.1. Referências metodológicas

6. A melhoria das competências-chave e o desafio de uma maior ligação ao mundo do trabalho

A metodologia utilizada na abordagem do eixo da avaliação que procura responder às questões enun-ciadas em 4.1 deste relatório e cujos resultados referentes ao último ano se apresentam nos pontos 4.2 e 6.2 deste relatório centra-se:

na realização de estudos de caso (60 no total do período 2008-2011), visando identificar os pro-cessos e resultados de aprendizagem;

na aplicação de um inquérito online, a indivíduos certificados (450 no total para o período 2008-2011), tendo em vista identificar o progresso realizado ao nível das competências-chave.

Os resultados apresentados reflectem o resultado apurado num total de 40 estudos de caso e 150 entrevistas (abrangendo indivíduos certificados, fa-mílias, técnicos e empregadores, de acordo com o modelo de análise já apresentado no ponto 4.1) e cerca de 300 adultos já inquiridos no período 2008-2010).

Constituem referentes importantes da metodolo-gia utilizada a tipologia de competências-chave em avaliação dos dois níveis de ensino (anexo 4) e as metodologias de avaliação de competências aplica-das (vide anexos 5 e 6).

Foram ainda introduzidas melhorias associadas ao processo de inquérito, visando permitir uma análise de maior rigor através da definição (e harmoniza-ção) de escalas, nomeadamente de complexidade na análise das hard-skills e da introdução de indica-dores de usos da competência.

Page 62: Novas oportunidades

��

6.2. Resultados e novos desafios

A melhoria das competências-chavee o desafio de uma maior ligação

ao mundo do trabalho

Estudos de caso e inquéritos confirmam resul-tados

Como principal resultado destaca-se o facto de os adultos que participam nas Novas Oportunidades sairem mais competentes, face às competências-chave predefinidas nos referenciais em vigor, quer para o ensino básico quer para o ensino secundá-rio.

Os testemunhos dos adultos entrevistados reflectem, mais uma vez e de forma única, a importância que o envolvimento na Iniciativa Novas Oportunidades teve nas suas vidas e a mudança, sobretudo a nível pessoal, que essa participação gerou. Este balanço foi unanimemente corroborado nas entrevistas feitas à coordenação e às equipas técnico-pedagógicas em todos os Centros Novas Oportunidades selec-cionados. Os ganhos referidos são muito próximos em todos os centros, independentemente da sua ti-pologia ou localização.

Pessoas “mais conscientes”, “mais despertas”, “atentas”, “reflexivas”, “críticas”, “motivadas”, “mais realizadas”, “curiosas”, “interventivas”, “compre-ensivas”, “respeitadoras”, “comunicativas”, “mais cooperativas” e “com uma enorme vontade de pros-seguir em termos de aprendizagem” são adjectivos comuns e recorrentes que caracterizam o resulta-do final da participação destes adultos na Iniciativa Novas Oportunidades. Estes ganhos têm implícitas competências pessoais, interpessoais e sociais, bem como cívicas de grande importância.

Apesar de cada pessoa ser um “caso”, constata-se o consenso entre os adultos envolvidos no processo, inscritos e profissionais de que o “salto” é visível e transversal a todas as áreas, resultando numa pos-tura comum: “agora eu sou capaz e vou continuar”.

Existem pelo menos três das competências-chave definidas em ambos os referenciais que parecem congregar os maiores ganhos, ou pelo menos os mais valorizados pelos indivíduos, em especial por

aqueles que fizeram o ensino básico através da Iniciativa Novas Oportunidades. Referimo-nos às chamadas “e.competências” – uso do computador e uso da internet –, à capacidade para “aprender a aprender” e à literacia, isto é, leitura, escrita e ora-lidade.

Ao nível das Tecnologias de Informação e Comunica-ção (TIC) foi descoberto por estes adultos um “novo mundo”. Exemplos como, “antigamente só tocava no computador para lhe limpar o pó e mesmo assim com muito cuidado e com receio de o estragar, agora não há dia que não vá à internet!” ou então “adoro ir ao Google, basta colocar uma ou duas palavras de um tema do meu interesse, e pronto, fico ali horas a ler e a aprender”, “leio o jornal, “vou” ao banco, envio e-mails, falo com amigos, enfim, aquela máquina é um mundo!”, entre outros, definem bem a importância que tem a literacia tecnológica no uso das TIC, hoje em dia, e a sua estreita relação com o uso de outras competências, como a escrita, a leitura, a pesquisa de informação ou a capacidade de comunicar.

Por outro lado, na base de outra das competência-chave que faz parte desta trilogia “ganhadora”, a literacia – leitura, escrita e oralidade – parece encon-trar-se o fomento, durante o processo, de práticas que “obrigaram” à sua utilização, como a leitura de uma obra, a redacção do Portfólio Reflexivo de Aprendizagens (PRA), ou a apresentação oral de uma actividade desenvolvida.

Quanto à capacidade para “aprender a aprender” – outra competência muito referida por todos os intervenientes – evidencia-se a tomada de consci-ência da importância que tem a aprendizagem ao longo da vida e que faz os adultos querer “não parar por aqui”.

Os testemunhos dos profissionais são elucidativos: “A questão da valorização das suas competências e conhecimentos desencadeia tudo o que vem a se-guir.” “O Centro à noite enche, não há uma única sala vazia ou um lugar vago, só em termos de Uni-

Page 63: Novas oportunidades

��A melhoria das competências-chavee o desafio de uma maior ligaçãoao mundo do trabalho

dades de Formação de Curta Duração (UFCD), no último trimestre foram mais de 40!”.

Torna-se muito comum que os adultos que fizeram o ensino básico prossigam para o secundário. Ob-tivemos ainda relatos de adultos que prosseguiram os seus estudos para o ensino superior. Com mais representatividade estão, no entanto, os casos de adultos que prosseguem para “formações específi-cas”, quer em áreas disciplinares (língua estrangeira,

TIC,...), quer em áreas técnicas específicas relacio-nadas com a sua actividade profissional.

O gráfico seguinte sintetiza com clareza os ganhos de competência dos adultos após a certificação pela Iniciativa Novas Oportunidades, por nível de ensino – básico e secundário – face aos respectivos refe-renciais de competências-chave e à sua situação de partida.

Figura 4Síntese competências - Avaliação versus Uso

Page 64: Novas oportunidades

��A melhoria das competências-chave

e o desafio de uma maior ligaçãoao mundo do trabalho

Ao nível do ensino básico constatam-se progressos significativos nos três domínios já destacados: “e.competências”, “aprender a aprender” e literacia. Em qualquer um destes domínios as competências de-senvolvidas parecem ser responsáveis por alterações com muito significado no dia-a-dia destes adultos, perdurando para além da certificação, muito em particular no caso das “e.competências”.

Gráfico 44e.competências

Page 65: Novas oportunidades

��A melhoria das competências-chavee o desafio de uma maior ligaçãoao mundo do trabalho

O desempenho referente ao ensino secundário distingue-se por superiores níveis de literacia científica,tecnológica e informacional.

Gráfico 45Literacia

Page 66: Novas oportunidades

��A melhoria das competências-chave

e o desafio de uma maior ligaçãoao mundo do trabalho

Mas também pela percentagem superior de indivíduos que se considera ser capaz de realizar tarefas de mé-dia e elevada complexidade com desempenho acima da média.

Os progressos nas competências de auto-regulação da aprendizagem são, no entanto, muito evidentes nos dois níveis de ensino.

Gráfico 46Ciências e tecnologia

Gráfico 47Aprender a aprender

Page 67: Novas oportunidades

��A melhoria das competências-chavee o desafio de uma maior ligaçãoao mundo do trabalho

Tomando como termo de comparação os momentos anterior e posterior à certificação, a percentagem de indivíduos do ensino básico (mais de 40 - 50%) que se consideram agora capazes de realizar, de um modo proficiente, as tarefas propostas (particularmente as de média e baixa complexidade) é, no âmbito das hard- skills de literacia e comunicação, claramente superior à verificada no secundário (20 - 40%).

Para os desempenhos em Matemática, Ciência e Tecnologia, este padrão básico-secundário regista, no en-tanto, alteração.

50%45%40%35%30%25%20%15%

Simples ComplexoMédio

Básico Secundário

22%

47%46%

41%29% 29%

Gráfico 48Desempenho - leitura antes/depois

Gráfico 49Desempenho - escrita antes/depois

60%55%50%45%40%35%30%25%20%15%

Simples ComplexoMédio

Básico Secundário

39%

49% 51%54%

29%35%

Gráfico 50Desempenho - matemática antes/depois

50%45%40%35%30%25%20%15%

Simples ComplexoMédio

Básico Secundário

22%

41%45%

15%18% 20%

Gráfico 51Desempenho - internet antes/depois

50%45%40%35%30%25%20%15%

Simples ComplexoMédio

Básico Secundário

19%

46%41%

17%

24%18%

Page 68: Novas oportunidades

��A melhoria das competências-chave

e o desafio de uma maior ligaçãoao mundo do trabalho

Em síntese, podemos ainda concluir que:

entre os indivíduos que alcançam o nível básico de educação na Iniciativa Novas Oportunidades, apesar de os ganhos de competências-chave (neste caso, hard-skills) serem muito significativos, estes redu-zem-se à medida que o nível de complexidade destas competências aumenta;

os ganhos que os indivíduos do secundário obtêm, embora mais modestos, são igualmente significativos à medida que o nível de complexidade das competências aumenta e parecem mesmo ser superiores nas seguintes hard-skills: matemática, internet, informação, ciência e tecnologia e língua estrangeira (apenas com excepção para o uso do computador).

45%40%35%30%25%20%15%

Simples ComplexoMédio

Básico Secundário

25%

39%

24% 24%

31% 30%

60%50%40%30%20%10%

0%Simples ComplexoMédio

Básico Secundário

9%

49% 49%

20%22%31%

Gráfico 52Desempenho - ciência e tecnologia antes/depois

Gráfico 53Desempenho - computador antes/depois

Page 69: Novas oportunidades

��A melhoria das competências-chavee o desafio de uma maior ligaçãoao mundo do trabalho

Tendo em conta o uso das competências-chave em contexto de trabalho, o levantamento de dados efectuado e a respectiva análise levam-nos designadamente a concluir que:

as hard-skills são muito menos exigidas nos contextos de trabalho destes indivíduos (básico e secundá-rio) do que as soft e meta-skills consideradas. As competências usadas menos frequentemente são as competências básicas em ciência e tecnologia e a língua estrangeira, independentemente do nível de qualificação dos indivíduos (todos os valores se situam abaixo do 5 na escala de 1 a 10). Segue-se-lhes a matemática, o uso das TIC e a escrita, embora com variações maiores na escala;

os contextos de trabalho dos indivíduos com ensino secundário são mais exigentes.

Gráfico 54Ciência e tecnologia

Page 70: Novas oportunidades

�0A melhoria das competências-chave

e o desafio de uma maior ligaçãoao mundo do trabalho

Gráfico 55Língua estrangeira

Page 71: Novas oportunidades

�1A melhoria das competências-chavee o desafio de uma maior ligaçãoao mundo do trabalho

Com efeito constata-se que ao nível do ensino secundário em contexto de trabalho:

são mobilizadas mais hard-skills - lêem mais, têm de recorrer a competências de leitura de complexidade média e elevada, utilizam mais o computador mesmo para tarefas simples;

usam mais competências de regulação da aprendizagem, nomeadamente as que envolvem raciocínio e pensamento crítico.

Gráfico 56Frequência de uso de competências no trabalho

Page 72: Novas oportunidades

��A melhoria das competências-chave

e o desafio de uma maior ligaçãoao mundo do trabalho

No que respeita às soft-skills – competências pes-soais e sociais, cívicas e de expressão cultural (vale a pena destacar os progressos assinalados pelos indivíduos entre os momentos antes e depois da cer-tificação, bem como a importância também marcante dos níveis de qualificação) – o secundário continua a evidenciar níveis de partida e de progresso médios sempre superiores aos do básico. Ao nível do ensino secundário a diferenciação face ao ensino básico reside neste caso e em particular:

na auto-gestão e iniciativa;

na necessidade de trabalhar em ambientes de mudança e incerteza;

no maior uso da comunicação e do poder de influenciar.

É nas competências básicas em ciência e tecnolo-gia e no domínio de uma língua estrangeira que os progressos, apesar de existirem, são em ambos os casos (básico e secundário) de menor expressão.

A necessidade de dupla certificação numa maior ligação ao “mundo do trabalho”

Por fim, importa referir que, apesar de o principal “motor” para a adesão pela população adulta de bai-xas qualificações ser, como já vimos, a procura de “mais escolaridade”, o facto de as Novas Oportunida-des permitirem também o acesso a uma qualificação profissional, tem vindo a mobilizar alguns destes adultos. Trata-se de um fenómeno que se constata ainda pouco expressivo mas com tendência de cres-cimento.

Para quem efectivamente obtém uma qualificação profissional, conjugada ou não com a qualificação escolar correspondente, os ganhos do ponto de vista profissional são, pelo menos, mais explícitos, embora nem sempre conseguidos.

A necessidade de fazer evoluir a procura e a oferta, em escala, para a dupla certificação poderá mes-mo vir a configurar aquilo a que podemos chamar o grande desafio que se coloca à “segunda gera-ção da Iniciativa Novas Oportunidades” que terá de contar com o empenho e parceria activa dos empre-gadores.

Page 73: Novas oportunidades

��Auto-avaliação dosCentros Novas Oportunidades

7.1. Objectivos e metodologia

7. Auto-avaliação dos Centros Novas Oportunidades

O modelo de auto-avaliação dos Centros Novas Oportunidades resultou da adaptação do Common Assessment Framework (CAf) às especificidades destes Centros, à Carta de Qualidade, que orienta a respectiva actividade, e implicou o desenvolvimento do SIGO como ferramenta de monitorização.

Uma vez lançada em 2009, a auto-avaliação em 266 Centros que já registavam mais de um ano de actividade foi objecto central da avaliação externa realizada em 2010 o processo de auto-avaliação em si, ou seja verificar da sua adequação e da robustez dos respectivos resultados.

Neste âmbito, foi assegurada uma abordagem que analisou a pontuação que cada Centro Novas Opor-tunidades se auto atribui por critério (de processo e resultado) e os pontos fortes e as áreas de melhoria que a respectiva equipa identifica. Esta abordagem permitiu ainda apurar a visão dos profissionais sobre este processo.

A dimensão colaborativa (constituição de “clusters” de Centros, gerando comunidades de reflexão) foi também valorizada, a par da consultoria exter-na. A medição do desempenho global do sistema que permita avaliar, de dois em dois anos, o está-dio de maturidade da rede, produzindo informação pertinente para a sua sustentabilidade, é outro dos propósitos da avaliação, facilitando a tomada de de-cisão pelo regulador.

Page 74: Novas oportunidades

��Auto-avaliação dos

Centros Novas Oportunidades

À adopção do modelo de auto-avaliação subjaz uma filosofia de desenvolvimento organizacional contí-nuo assente na reflexividade dos seus profissionais. A auto-avaliação constitui-se como um instrumento central no processo de auto-regulação da organiza-ção. A existência de nove critérios (de processos e resultados) e os indicadores de desempenho per-manentemente monitorizados permitem, a todo o tempo, a identificação de fraquezas, a mobilização de estratégias de superação, o reconhecimento dos

7.2. Filosofia subjacente e resultados

progressos, induzindo uma cultura de orientação para os resultados.

Liderança (1), Planeamento e Estratégia (2), Pes-soas (3), Parcerias e Recursos (4), Processos (5), Resultados para o Cidadão/Cliente (6), Parcerias e Recursos (7), Impacto na sociedade (8) e Re-sultados de Desempenho-Chave (9) são os nove critérios, tendo merecido particular adaptação face a esta realidade o quinto e o nono.

Figura 5Modelo CAf - Centros Novas Oportunidades

Desenho dos processos

Reflexãointerna +Recolha

elementospara avaliação

da INO

Sistemade Indicadorese Referência para a Qualidadedos CentrosNovas Oportunidades

Aprendizagem e Inovação

Critério 1Liderança

Critério 3Pessoas

Critério 5Procesochave

Critério 9Resultados

chave

Critério(...)

Critério 2Planeamento

Estratégia

Critério 4Parcerias

e Recursos

Critério(...)

Critério(...)

Predominantementequalitativo

Predominantementequantitativo

Meios Resultados

Page 75: Novas oportunidades

��Auto-avaliação dosCentros Novas Oportunidades

Os principais resultados apurados no exercício de avaliação externa nesta dimensão são, em síntese, os seguintes:

o modelo de auto-avaliação resultante do CAf adaptado à Carta de Qualidade permitiu a incorporação da mesma nas operações executadas quotidianamente pelos Centros;

constata-se um foco especial das equipas (perante as comparações médias de pontuação atribuídas pelos Centros com as atribuídas por outras entidades que aplicam modelos de auto-avaliação similares) no cliente/adulto envolvido na Iniciativa Novas Oportunidades (critério 6);

3,50

3,00

1,00

1,50

2,00

2,50

0,50

0,00

4,00

1 8765432 9

CAf CNO

CAf 2000

EFQM

QUALIS 2007

QUALIS 2006

CAf 2002

Gráfico 57Médias pontuação por critério

Page 76: Novas oportunidades

��Auto-avaliação dos

Centros Novas Oportunidades

a “clusterização” e reflexão / “benchmark” permitiu a interiorização do conceito de rede.

A visão que os Centros têm do processo (captada quer na análise crítica efectuada no final dos relatórios de avaliação quer através de questionário propositadamente elaborado para o efeito) é a de que:

o modelo constitui um instrumento de reflexão em grupo sobre a actividade do Centro, permitindo a me-lhoria contínua das práticas;

se verifica um índice de satisfação superior a 5 em todos os parâmetros, numa escala de 1 a 7, represen-tando as avaliações com 6 e 7 a percentagem de 38%.

O Centro está satisfeito com o modelo de auto-avaliação que utilizou/utiliza

2009

2010

Expectativas

Final 1.º ano

0% 10% 90%80%70%60%50%40%30%20% 100%

6+7=24%

0% 10% 90%80%70%60%50%40%30%20% 100%

6+7=38%

O Centro está satisfeito com o modelo de auto-avaliação que agora utiliza

1 5432 6 7

1 5432 6 7

Figura 6

Page 77: Novas oportunidades

��Auto-avaliação dosCentros Novas Oportunidades

Constatou-se, por fim, com alguma frequência a existência de referências/preocupações de articula-ção do modelo com os processos de certificação de qualidade.

“O processo de auto-avaliação configura-se como um projecto de qualidade e de apren-dizagem para os actores envolvidos, tendo em vista a melhoria dos resultados e da qua-lidade organizacional. Concluindo, partindo desta ferramenta de auto-avaliação, faremos o respectivo plano de melhoria, construindo e reconstruindo de acordo com as necessi-dades, tendo em vista o estabelecimento de práticas de qualidade.”

“Apesar de o Centro Novas Oportunidades (…) ter implementado a Certificação da Qua-lidade (ISO 9001:2008) pela APCER, este processo permitiu reflectir sobre todos os nossos procedimentos e metodologias adop-tados. Sendo uma entidade com um sistema de Certificação de Qualidade, a nossa preo-cupação incidia sobretudo na qualidade dos processos, daí não termos sentido dificuldade no que concerne aos critérios de meios. De todos os critérios trabalhados o que suscitou maior dificuldade foi o critério 9 (Resultados-chave de desempenho).”

“A maior decisão que tomámos foi a de en-trarmos em processo de certificação da qualidade, algo que nos obrigará a pensar e repensar os procedimentos internos e os pro-cessos na íntegra”.

O enfoque nos oito princípios da gestão pela qualida-de total – i) Orientação para os resultados, ii) Foco no cliente, iii) Liderança e constância de propósitos, iv) Gestão por processos e factos, v) Desenvolvimento e envolvimento das pessoas, vi) Apredizagem, ino-vação e melhoria contínuas, vii) Desenvolvimento de parcerias e viii) Responsabilidade corporativa e social –, a par da estabilidade/paridade dos centros na aplicação generalizada do modelo, constituem os próximos desafios de desenvolvimento/maturidade organizacional.

Page 78: Novas oportunidades

��

Page 79: Novas oportunidades

��Conclusões e recomendações

8. Conclusões e recomendações

Conhecimento, política pública e marca pública

A Iniciativa Novas Oportunidades nasceu para res-ponder a um imperativo de justiça e de necessidade: o de mobilizar o elevado número de adultos portu-gueses, detentores de baixas qualificações – em percentagem clara e preocupantemente superior ao dos nossos pares europeus –, para um novo mode-lo de oferta educativa, inovadoramente desenhado para reconhecer as competências adquiridas por via não formal e informal e para oferecer os com-plementos de formação indispensáveis para uma certificação formal de qualificações básicas ou se-cundárias e profissionais.

A necessidade em que se fundou era conhecida e documentada, académica, política e socialmente.

O esforço de mobilização – pela dimensão ímpar da procura que era necessário estimular – foi reconhe-cido como factor crítico, a par do novo modelo de oferta educativa, e, nas acções empreendidas pela Agência Nacional para a Qualificação e por outras entidades, nomeadamente o Instituto do Emprego e Formação Profissional e o Gabinete de Estatística e Planeamento do Ministério da Educação, foi cuidada a promoção e realização de oito campanhas mediá-ticas com esse propósito.

Fundada em necessidade conhecida e estudada, a política pública adoptada gerou, assim, adesão e tornou-se marca pública, hoje já percepcionada ge-neralizadamente por público, profissionais e outros actores (designadamente grandes empresas/entida-des empregadoras).

Com efeito, a adesão das populações visadas pela Iniciativa é, pela sua expressão quantitativa e tem-poral, um caso único e destacado no panorama das políticas públicas de educação-formação de adultos, seja em Portugal, seja mesmo no contexto europeu.

Na percepção da marca pública estão apreendidos os valores da política pública e percebidos os benefí-

cios que a mesma gera, bem como reconhecida uma elevada qualidade de relação entre os profissionais e o público-alvo da Iniciativa Novas Oportunidades (cidadãos portugueses com baixas qualificações).

Os citados valores são acessibilidade, inclusão social e horizontes, ou seja, ter uma Nova Oportunidade de acesso a educação/formação, obter qualificações reconhecidas socialmente e ser capaz de mobilizar novas competências. E, nesse processo, adquirir novos estatutos, ser capaz de melhor desempenhar os seus papéis sociais e “rasgar” diferentes cenários de futuro: novos sonhos, crendo na sua possibili-dade de ocorrência e na própria capacidade de os concretizar.

Os resultados expressos evidenciam que este pro-cesso teve êxito. Na sua condução foram verificados os oito passos que Kotter(5) identifica como neces-sários para assegurar uma mudança bem sucedida: Sentido de Urgência, Orientação, Visão e Estraté-gia, Comunicação, “Empowerment” dos Agentes da Mudança, Política de Ganhos Rápidos, Consolida-ção dos Ganhos e Mudança Contínua, Marcação da Nova Cultura com a Nova Abordagem. Fundada em Conhecimento, uma Liderança Inspirativa gerou Ac-ção e Adesão – um milhão e trezentos mil adultos envolvidos em educação/formação, dos quais 34% certificados até Setembro de 2010, mantendo-se agora em processo largas centenas de milhar de portugueses.

Atrair os 2,2 milhões de activos de baixas qualifi-cações que falta ainda envolver (e em contexto de crise económica) e assegurar a qualificação dos que estão ainda em processo é o maior desafio que se colocará no ciclo seguinte da Iniciativa Novas Oportunidades. Para responder eficazmente a este desafio não se poderá ignorar a relativa escassez de captação até agora verificada nos jovens-adultos (menores de 30 anos) e nas Mulheres maiores de 50, nem tão pouco alhearmo-nos do facto de que foram atraídos na primeira fase da Iniciativa os pú-blicos mais fáceis de qualificar.

(5) Kotter, J. (1996). Leading change. Boston: Harvard Business School Press.

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�0Conclusões e recomendações

É também incontornável que mais de 400.000adultos já certificados pela Iniciativa Novas Opor-tunidades evidenciam, entre outros, ganhos de motivação capazes de se traduzir numa atitude po-sitiva como pessoas e profissionais, se extrapolados para o universo total os resultados da avaliação ob-tidos na amostra. E, manifestando-se os mesmos disponíveis para ser embaixadores das Novas Opor-tunidades e constituir associações de ex-alunos (entre outras iniciativas), parece desenhar-se um movimento social que afirma lealdade e protege a marca pública.

Utilizar este veículo – o “testemunho” positivo dos que estão ou já passaram pela Iniciativa Novas Oportunidades para “contagiar” novas adesões, ago-ra já mais orientadas para o objectivo estratégico de elevação do patamar de qualificação generalizada dos portugueses para o nível do ensino secundário – como um dos meios para conferir eficácia àquele desafio constitui a primeira recomendação.

A importância da flexibilidade da oferta e a personalização do serviço

Importa também não ignorar que a procura massiva, que era necessária para fazer Portugal convergir em qualificações com a Europa e reforçar a respectiva competitividade nos médio-longo prazos, foi des-bloqueada pela adequação da nova oferta (mais flexível nos métodos e proporcionando horários ade-quados).

A “conveniência” (distinta de “facilitismo”) do proces-so de RVCC – associando ao reconhecimento de saberes e competências adquiridos ao longo da vida, horários e modalidades formativas complementares “amigáveis”, porque conciliadoras, com as respon-sabilidades do adulto e activo – deve centrar-se no público adequado. A par, deverão aumentar – em esforço de adequação a novos públicos menos qua-lificados – as formações modulares certificadas, as certificações parciais, as unidades de formação de curta duração, os cursos EFA de dupla certificação e

os cursos EFA escolares, devendo ter estes últimos também como alvo a população adulta emprega-da. Ou seja, colocando-se como desafio manter em nível elevado a adaptabilidade/flexibilidade da oferta às necessidades da população adulta activa (empregada e não empregada) de baixas qualifica-ções, recomenda-se, com prioridade, a exploração de todo o potencial de complementaridade das ofer-tas disponíveis (e o seu alargamento), no âmbito do Quadro Nacional de Qualificações, ajustando o per-curso da oferta a cada caso – personalizando ainda mais o serviço.

Ler motivações e ganhos de competências no contexto actual da sociedade e economia por-tuguesas e melhorar continuamente a relação custo-benefício

A avaliação externa levada a cabo tem vindo a for-necer informação e dados preciosos para a melhoria continuada da Iniciativa, bem como métricas de afe-rição da sua qualidade e dos seus impactos.

Aos ganhos de motivação/satisfação dos adultos envolvidos associam-se também outros ganhos em competências-chave. O reforço da motivação para “continuar a estudar” e da auto-confiança nas capacidades pessoais para chegar mais longe na conquista de qualificações avançadas representam um benefício muito relevante para os que logram concluir o processo de certificação na Iniciativa No-vas Oportunidades.

Ao nível dos países da OCDE, na última década(6), o peso relativo da população habilitada com o ensino secundário tornou-se relevante (centrando-se numa média de 44% e contrapondo-se a pesos relativos de 28-29% para os qualificados abaixo e acima des-se nível de ensino). Verifica-se ainda um aumento de proporção (nos qualificados com ensino secun-dário), na população do grupo etário 25-34 face ao grupo 55-64 anos, de cerca de 22%, o que evidencia os ganhos de qualificação nas novas gerações. A União Europeia apresenta valores médios muito pró-

(6) OECD (2010). Education at a glance. Paris: OECD.

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�1Conclusões e recomendações

ximos dos da OCDE, registando uma percentagem de 45% dos qualificados com ensino secundário e uma vantagem de proporção de 23%, entre estes, para o grupo etário 25-34, comparativamente com o de 55-64 anos.

Portugal, segundo os dados mais recentes(7), apresenta ainda um padrão de apenas 14% de qua-lificados com o ensino secundário, que justapõem a 72% de qualificados abaixo desse limiar e a 14% com ensino superior. Contudo, evidencia uma maior diferença de proporção relativa no outro indicador citado, na ordem dos 34%, expressando efeitos vi-síveis do investimento que tem sido realizado em educação nas últimas duas décadas.

Na informação sistematizada e disponível ao nível dos países da OCDE há evidências de que:

os adultos mais qualificados participam mais em formação do que os menos qualificados;

a baixas taxas de participação em formação se associam maiores níveis de desemprego ou baixas taxas de emprego;

a maiores níveis de qualificação se associam, em regra, padrões mais elevados de bem-estar (por exemplo ao nível dos indicadores de saú-de) e de interesse e participação política, ambos com correlação ao nível do factor rendimento;

o rendimento sobe, em geral, com o nível de qualificação.

O caso de Portugal é apresentado como ilustração significante (OCDE, 2010) para algumas destas con-clusões, nomeadamente:

para as baixas taxas de participação em acti-vidades de aprendizagem ao longo da vida – 67% da população 25-64 anos sem qualquer participação durante anos compara com níveis médios de 52% de não participação, no âmbito

dos países da OCDE, e de 47% de média nos países da União Europeia;

no retorno em rendimento individual/fami-liar do investimento efectuado em educação – por exemplo enquanto na média dos países da OCDE um diplomado com ensino superior, no grupo etário dos 45-54 anos, tem uma re-muneração equivalente ao dobro de um não diplomado com ensino secundário do mesmo estrato etário, a relação em Portugal é de 2,6 vezes.

Neste contexto, compreende-se bem a centralida-de da motivação de partida para aderir à Iniciativa Novas Oportunidades observada nos estudos de avaliação – o “aumento de escolaridade”. O reforço da auto-confiança, conjugada com a determinação de “continuar a aprender”, detectadas nos ganhos de competências dos certificados pela Iniciativa Novas Oportunidades, ganham, assim, acrescida relevância no quadro nacional, quer no plano de desenvolvimento pessoal e familiar dos indivíduos expostos ao processo, quer nos potenciais efeitos que essa mudança de atitude possa ter no seu con-texto profissional, bem como na sua produtividade e no seu rendimento. Para além dos objectivos ganhos de competência verificados nos outros do-mínios dos saberes, em particular de literacia, há ainda a destacar o generalizado e efectivo ganho em “e.competências” e traduzido no uso de compu-tador e internet”, verificado quer a nível pessoal quer laboral.

Explorar o potencial dos ganhos de literacia tec-nológica na velocidade de aprendizagem noutros domínios, aprofundar o conhecimento sobre a dis-tinção dos ganhos de competência por perfil final dos níveis básico e secundário, compreender as reais razões das desistências verificadas durante o processo de qualificação pela Iniciativa Novas Opor-tunidades e seguir os activos certificados, visando:

(7) OECD (2010). Education at a glance. Paris: OECD.

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��Conclusões e recomendações

detectar dinâmicas de empreendedorismo em consequência do reforço da auto-estima e dos saberes;

identificar os impactos directos dos referidos ganhos de competência na vida das empresas e nos sectores em que se enquadram estes ac-tivos.

São quatro dos desafios centrais que se colocam à avaliação agora.

É que o facto de a Iniciativa Novas Oportunidades significar um investimento directo sobre os activos pode estar a representar uma absorção directa de conhecimento na economia portuguesa, dinâmica que importa conhecer para melhor potenciar e orien-tar a decisão futura, ao nível da definição da política e da acção pública, nomeadamente na consecução da estratégia de parceria com as empresas/entida-des empregadoras.

A par de um planeamento mais eficaz da oferta de dupla certificação, resultante desta interacção a fortalecer, surge como recomendação a aposta no desenvolvimento de competências básicas em ciên-cia e tecnologia e no uso de uma língua estrangeira em estreita ligação com o mundo do trabalho, dado tratarem-se de áreas de melhoria já identificadas.

Por fim, surge ainda neste ponto como incontornável a necessidade de recomendação de segmentação dos públicos: quem está em processo sem concluír, quem se encontra ainda por captar/atrair, e, dentro de cada um destes segmentos, os respectivos sub-seg-mentos. Conhecer em detalhe os diferentes perfis e dificuldades em presença permitirá o desenho eficaz das estratégias de abordagem e a orientação dos investimentos, nomeadamente ao nível:

da adequação/complementaridade das ofertas;

do estabelecimento de redes e parcerias;

de uma política de controlo de qualidade que, evitando desistências ou a eternização do pro-cesso, maximize o efeito dos investimentos.

Complementarmente desenvolver programas es-pecíficos para sectores/perfis menos tocados pela Iniciativa Novas Oportunidades é também estratégia recomendada, visando acelerar efeitos de eficácia desejados. Um programa para empresários e ges-tores de PME e um programa para administrativos e técnicos da administração pública, central e local, são dois exemplos a destacar.

Proceder a uma análise custo-benefício da Iniciativa Novas Oportunidaes e monitorá-la durante o período 2011-2015 é outra das recomendações centrais, no intuito de aumentar a inteligibilidade dos efeitos des-te investimento público realizado no contexto actual da economia e sociedade portuguesas.

A Iniciativa Novas Oportunidades – velhos e no-vos actores – rumo à aprendizagem ao longo da vida

No plano estratégico, e num horizonte de médio prazo, a Iniciativa Novas Oportunidades encerra um potencial precioso e de inigualável riqueza con-ceptual para inspirar a estruturação de um Sistema de Aprendizagem ao Longo da Vida susceptível de colocar Portugal na dianteira dos demais países Eu-ropeus e da OCDE, que normalmente lhe servem de benchmark.

Ajudar a construir uma visão de sociedade na qual as pessoas e as empresas/entidades empregadoras vêem o “diploma” como o “ponto de partida” (e não o de chegada), em que os Centros Novas Oportunida-des e os seus agentes – ambos “sementes” da nova cultura de “ensino-aprendizagem” – são assimilados e orientadores nos sistemas tutelares (educativo e formativo), gerando continuamente inovação educa-tiva, são dois dos desafios centrais que se colocam no novo ciclo da Iniciativa Novas Oportunidades, no

Page 83: Novas oportunidades

��Conclusões e recomendações

qual a sustentabilidade do sistema é questão críti-ca/essencial.

A reflexividade presente no modelo de auto-avalia-ção utilizado pelos Centros Novas Oportunidades é sentida e assumida pelos profissionais como um método activo que, em ambiente colaborativo (equi-pa e rede), gera continuamente melhoria focada no serviço/satisfação do cidadão/cliente. Trata-se de um modelo de auto-regulação a atingir a fase de ma-turidade que, centrado em quem a política pública serve, permite simultaneamente:

fortalecer e facilitar o processo de regulação – à Agência Nacional para a Qualificação – pela informação agregada e permanente que dispo-nibiliza, permitindo o “feedback” de sistema a quem definiu objectivos, prioridades, princípios de qualidade e níveis de serviço;

reinventar o quotidiano, superando dificuldades, corrigindo desvios e dando transparência a todo o processo, num serviço de proximidade.

Os mais de 9000 profissionais envolvidos hoje nos 453 Centros são, o “ponto” de contacto e de “acesso” do cidadão à marca pública (de serviço). Segundo Guiddens(8) “as atitudes de confiança ou de falta de confiança para com os sistemas abstrac-tos específicos podem ser fortemente influenciadas pelas experiências em pontos de acesso”, conside-rando-os por isso, este autor, “fontes de reconhecida vulnerabilidade” nas instituições pós-modernas.

Marcar os planos de desenvolvimento dos Centros Novas Oportunidades e dos profissionais com ac-ções que permitam actuar decisivamente sobre as áreas de melhoria identificadas (especialmente ao nível do tempo de espera no início do processo) é uma prioridade.

Tendo ainda presente que são estes profissio-nais que também asseguram o interface com as estruturas e perfis profissionais tradicionais dos

sistemas educativo e formativo, importa que dessa interacção resulte o “contágio” próprio do clima das “organizações aprendentes” e, como “serviço de proximidade”, as instituições – escola e centro de formação – se reinventem na capacidade de responder em grandes escala, diversidade e com-plexidade, inerentes aos novos desafios.

Questiona-se se, deste exemplo de auto-regulação em presença nos Centros Novas Oportunidades (re-sultante das soluções que a interacção e sucessivas iterações entre a Agência Nacional para a Qualifica-ção e a equipa de avaliação externa da Universidade Católica Portuguesa produziram desde 2008) não poderão mesmo ser extraídas lições/aprendizagens para reinvenção/recriação da missão de serviço noutros organismos públicos.

Esta também é uma dimensão que, reconhece-se, contém promessas de futuro rumo a uma socieda-de de aprendizagem. Nesta “viagem”, o percurso efectuado por alguns Centros Novas Oportunidades criou já zonas de intercepção relevantes com a cer-tificação de qualidade que importa também estudar, visando eventualmente a identificação de boas prá-ticas passíveis de generalização em todo o sistema. Estes domínios – da auto-avaliação e da qualidade total, que alicerçam o aperfeiçoamento contínuo em reflexão de equipa e conhecimento, bem como re-desenham processos e medem resultados, tornando conscientes todos os agentes como elos de uma cadeia que acrescenta valor – podem revelar-se também um meio de guiar, com maior velocidade, o país a uma economia de conhecimento.

A Iniciativa Novas Oportunidades suscita, desde já, o interesse internacional podendo constituir-se benchmark relevante. A expressão quantitativa do fenómeno de adesão, os primeiros resultados alcan-çados, mas também a inovação dos métodos e a sua articulação flexível no Quadro Nacional de Qua-lificações polarizam esse interesse.

(8) Guiddens, Anthony. (1998). As consequências da modernidade. Oeiras: Celta Editora, p. 63.

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Outras dinâmicas, no entanto, não estão a ser igno-radas e merecem aprofundamento em observação e em estudo, podendo mais tarde tornar-se variá-veis independentes da política e, nessa condição, estímulos do seu sucesso. Entre estas dinâmicas destacamos duas:

Está a Iniciativa Novas Oportunidades a ser veí-culo de igualdade de oportunidades? A questão é tão mais importante quanto bem se conhece, a nível internacional, que aos menores níveis educativos se associam maiores desigualdades entre sexos, nomeadamente face à situação pe-rante o mercado de trabalho (constatáveis, por exemplo, em mais altas taxas de desemprego e menores taxas de emprego, por parte das mu-lheres).

Há um círculo virtuoso traduzido em atracção crescente de membros da mesma família na Iniciativa Novas Oportunidades? Está já identi-ficado o factor conjugalidade (há procura inicial da Iniciativa Novas Oportunidades por parte do cônjuge menos qualificado mas uma vez este em processo há probabilidade razoável de o ou-tro vir também a aderir) e pode haver indícios de efeitos similares nas relações pais-filhos-pais.

Estas duas questões (que podem até ter relação entre si) podem revelar que a tal “ideia de futuro”, expressa em desenvolvimento (crescimento e inclu-são social) na economia e sociedade portuguesas, comece agora a contar com um novo protagonista no jogo de actores – a família – e que o mesmo, ga-nhando centralidade, esteja já a ter um papel activo também na construção do sistema de aprendizagem ao longo da vida, que tem necessariamente de ter no seu centro a pessoa.

“A revolução de hoje é para levar a todos os homens direitos que eles não tiveram nunca dentro da nossa cultura: o direito à poesia para todos.” (…) “O tal direito de ser poeta in-teiramente à solta”(9).

Conclusões e recomendações

(9) Silva, Agostinho. (1999). Vida conversável. Lisboa: Assírio & Alvim, p. 181 e 182.

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Siglas utilizadas

ANEFA - Agência Nacional de Educação e Formação de Adultos(criada pelo Decreto-Lei n.º 387/1999, de 18 de Setembro)

ANQ - Agência Nacional para a Qualificação, I. P. (criada pelo Decreto-Lei n.º 276-C/2007, de 31 de Julho)

CAf - Modelo de Auto-avaliação internacionalmente denominado de Common Assessment Framework

CEPCEP - Centro de Estudos dos Povos e Culturas de Expressão Portuguesa

CNO - Centro Novas Oportunidades

Cursos EFA - Cursos de Educação e Formação de Adultos

EF - Educação e Formação

INO - Iniciativa Novas Oportunidades

PME - Pequenas e Médias Empresas

POPH - Programa Operacional Potencial Humano

PRODEP - Programa Operacional para o Desenvolvimento Educativo de Portugal;I (1989-1993); II (1994-1999); III (2000-2006)

QNQ - Quadro Nacional de Qualificações

QREN - Quadro de Referência Estratégico Nacional (2007-2013)

RVCC - Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências

SIGO - Sistema de Informação e Gestão da Oferta Educativa e Formativa

TIC - Tecnologias de Informação e Comunicação

UFCD - Unidade de Formação de Curta Duração

Siglas utilizadas

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Anexos

Coordenador: Roberto Carneiro

Equipa de estudos de Política Pública:Maria Amélia MendonçaMaria Ana Carneiro

Equipa de focus-group e entrevistas em profundidade:Carlos LizMariana MachadoErcília BurnayJorge Portugal

Equipa de estudos quantitativos:Pedro Magalhães (durante o 1.º ano de avaliação)Henrique LopesJorge Cerol

Equipa de estudos de caso e de inquérito online de avaliação de competências:Ana Cláudia ValenteLourenço Xavier de CarvalhoAndré Xavier de Carvalho

Equipa de estudos de media (durante o 1.º ano de avaliação):Rita FigueirasCarla GanitoLuís NevesFernanda Castilho

Equipa de adaptação do SIGO:Jorge CerolCarlos Rondão

Equipa de auto-avaliação:Rodrigo Queiroz e MeloHugo CaldeiraSofia ReisIsabel SalvadoFrancisco JacintoMelissa Marmelo

ANEXO 1

Composição da equipa de investigação responsável pela avaliação externa da Iniciativa Novas Oportunidades - eixo adultos

Anexos

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��Anexos

NOME PAÍS INSTITUIÇÃO POSIÇÃO

Walter F. Kugemann Alemanha Institute for Innovation in Learning (FIM NewLearning)

Director

Marja van den Dungen HolandaNational Centre for Innovation of Education (CINOP) and University of Groningen

Senior ManagerProfessor

Joseph CullenReino Unido

The Tavistock Institute of Human Relations Principal Associate

Claudio Dondi Itália Scienter Presidente

Alejandro Tiana Espanha

Universidad Nacional de Educación a Distancia (UNED) e Organización de Estados Iberoamericanos para la Educación, la Ciencia y la Cultura (OEI)

Investigador e Professor

Nuno Vitorino Portugal Ilha Perito e Consultor

Joaquim Azevedo Portugal Universidade Católica PortuguesaPresidente-Centro Regional do Porto

ANEXO 2Composição do painel de peritos externos

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��Anexos

NOME PAÍS INSTITUIÇÃO POSIÇÃO

Walter F. Kugemann Alemanha Institute for Innovation in Learning (FIM NewLearning)

Director

Marja van den Dungen HolandaNational Centre for Innovation of Education (CINOP) and University of Groningen

Senior ManagerProfessor

Joseph CullenReino Unido

The Tavistock Institute of Human Relations Principal Associate

Claudio Dondi Itália Scienter Presidente

Alejandro Tiana Espanha

Universidad Nacional de Educación a Distancia (UNED) e Organización de Estados Iberoamericanos para la Educación, la Ciencia y la Cultura (OEI)

Investigador e Professor

Nuno Vitorino Portugal Ilha Perito e Consultor

Joaquim Azevedo Portugal Universidade Católica PortuguesaPresidente-Centro Regional do Porto

Metodologia quantitativaMetodologia qualitativa

Focus-groups e entrevistas em profundidade Entrevistas e estudos de caso

1) Estudo de painel divide-se em estudo de motivações e estudo de impactos:

Motivações: passam a ser observados directa-mente em cada ano 1500 indivíduos (750 inscritos e 750 não inscritos), com a estrutura de amostragem que a base SIGO tiver à data da colheita, na medida em que será feita por amostragem aleatória.

Impactos: foram en-trevistados 1309 sujeitos extraídos aleatoriamente sobre a base de dados SIGO.

2) Estudo de qualidade de serviço e satisfação (1519 entrevistas válidas) constituído por inscritos e ex-inscritos da Iniciativa Novas Oportunidades que estejam reportados no SIGO.

a)

b)

Foram realizados 6 focus-groups e 13 entrevistas aprofundadas (num total de 50 entrevistados), durante os meses de Setembro e Outubro. Foram alvo de estudo os seguintes segmentos:

• Adultos, integrados na Iniciativa Novas Oportunidades com o objectivo de obterem a sua certificação secundária e considerando diferentes níveis de relação com a Iniciativa: em lista de espera, em processo de certificação (RVCC e cursos EFA), já certificados.

• Jovens adultos (20-30 anos) que, reunindo condições de acesso à Iniciativa para obterem a sua certificação secundária, não o fizeram (potenciais aderentes).

• Agentes de Educação e Formação no âmbito da Iniciativa Novas Oportunidades, nomeadamente directores e coordenadores de Centros Novas Oportunidades.

• Empregadores, no segmento PME (sócios gerentes, directores e responsáveis de RH).

i) Alargamento e diversidade dos estudos de caso: 25 em 2009 (total 2008/09: 40 estudos de caso).

• Cerca de 100 entrevistas a adultos certificados, suas famílias e empregadores, coordenação e equipas técnico-pedagógicas de Centros Novas Oportunidades e entidades promotoras de formação.

• Cobertura das regiões, tipologia de centro, níveis e vias de qualificação.

ii) Inquérito à avaliação de competências (auto-avaliação e indicadores de uso).

Revisão dos guiões de inquérito e continuidade da sua aplicação via online: 119 inquiridos em 2009 (total 2008/09: 150 inquéritos respondidos).

ANEXO 3Metodologias de Investigação 2009-2010

Page 90: Novas oportunidades

�0Anexos

Auto-imagem e auto-estima

Raciocínio epensamento

crítico

Motivação para a

aprendizagem

Estratégias de aprendizagem

Competências de “Aprender a Aprender”

Auto-gestão e iniciativa

Mudanças e adaptabilidade

Competências pessoais,interpessoais e sociais

Interacção e colaboração

Comunicação e influência

Comunicação, Expressão e Sensibilidade Culturais

Literacias

Referenciais de Competências-

chave

Competências em Ciência e Tecnologia

e.competências

Competências emLínguas (Língua

materna elíngua estrangeira)

Competências Cívicas e

Éticas

SecundárioSociedade,

Tecnologia e Ciência (STC)

InformaçãoMedia

Cultura, Línguae Comunicação

(CLC)

Cidadania eProfissio-nalidade

(CP)

TIC Línguas e Comunicação

Cidadania e Emprega-bilidade

Matemática para a VidaBásico

Aritmética eMatemática

Ler e escrever

Ouvir e falar

Uso de computador e internet

ANEXO 4Tipologia de Competências-Chave avaliadas (a partir dos referenciais nacionais)

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�1Anexos

INDIVÍDUO E FAMÍLIA

CENTRO NOVAS OPORTUNIDADES EMPREGADOR

ContextosIndividual, familiar, profissional e social

Certificação Trabalho

Instrumentos de avaliação

Entrevista ao adulto certificado e à sua família.Análise dos Portfólios Reflexivos de Aprendizagem (PRA) e dos Dossiers de Aprendizagem.Inquérito por questionário aos adultos certificados.

Entrevista à direcção e equipa técnico-pedagógica.

Entrevista aos empregadores.

Metodologia de avaliação

Auto-avaliação (nível de proficiência).Uso da competência (sim/não; frequência; tipo de uso/propósito do uso).

Avaliação do tipo de competências-chave mais/menos frequentes antes, durante e após a qualificação/ certificação, em média e para o/os indivíduo(s) seleccionado(s).

Uso da competência (sim/ não; frequência; tipo de uso/propósito do uso) para o indivíduo seleccionado.

ANEXO 5Metodologia de Avaliação: Indivíduo, Centros Novas Oportunidades

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��Anexos

ANTES DURANTE APÓS

Competências-chave

Pré-adquiridas versus demonstradas/evidenciadas.

Pré-adquiridas e adquiridas versus reconhecidas, validadas e certificadas.

Certificadas versus úteis e valorizadas.

Instrumentos de avaliação

Análise dos Portfólios Reflexivos de Aprendizagem (PRA).Entrevista à direcção e à equipa técnico-pedagógica do Centro Novas Oportunidades.

Análise dos Portfólios Reflexivos de Aprendizagem (PRA).Entrevista à direcção e à equipa técnico-pedagógica do Centro Novas Oportunidades.

Entrevista ao adulto certificado e à sua família.Inquérito por questionário aos adultos certificados.Entrevista aos empregadores.

Dimensões da avaliação

Qualidade Qualidade Qualidade e Relevância

ANEXO 6Metodologia da Avaliação: antes, durante e após a qualificação escolar

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