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O Cristal - A Queda do Símbolo livro 1 - Uriel dos Santos Souza O CRISTAL A queda do símbolo livro 1 Uriel dos Santos Souza Capitulo I O começo da história Como o cristal foi concebido e sua história saberemos mais tarde, por enquanto podemos saber que ele não é bom, foi criado para o mal, seus poderes maléficos foram utilizados na Terceira Era em uma dimensão diferente da nossa em uma terra também diferente da nossa, denominada Terra dos Dois Sóis, nada 1

O cristal a queda do símbolo livro 1

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Livro de realismo fantástico! Simples e incompleto! Se gostarem termino de escrever

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O Cristal - A Queda do Símbolo livro 1 - Uriel dos Santos Souza

O CRISTALA queda do símbolo

livro 1

Uriel dos Santos Souza

Capitulo I

O começo da história

Como o cristal foi concebido e sua história saberemos mais tarde, por enquanto podemos saber que ele não é bom, foi criado para o mal, seus poderes maléficos foram utilizados na Terceira Era em uma dimensão diferente da nossa em uma terra também diferente da nossa, denominada Terra dos Dois Sóis, nada

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magnético ou eletrônico funciona nessa terra. Também saberemos mais dessa terra no decorrer da história, não teria graça saber de tudo agora. O Cristal Anûum é pequeno, tem formato de piramide, é do tamanho de um pequeno anel, possui cor azul escura quase negra.

Na Segunda Grande Guerra da Terceira Era este cristal foi encravado na espada de Gandor conhecido como o “Senhor do Mal”, todos sabem que não foi ele quem criou o cristal. Gandor era muito poderoso sem o cristal, mas com o cristal encravado em sua espada ficou quase invencível, quase, pois quando todos pensavam que ele tinha vencido a Segunda Grande Guerra da Terceira Era e que controlaria todas as terras deste mundo, ele perdeu, perdeu sua poderosa espada, ela quebrou-se em mil pedaços, o cristal se perdeu, sumiu no ar.

Uns dizem que o cristal também havia se quebrado, outros dizem que ele desapareceu e jamais vai retornar ou outros dizem que ele ainda vai reaparecer. Infelizmente a segunda opção é a verdadeira, ele não se perdeu, de alguma forma foi transportado para outra dimensão, à dimensão dos homens, ou seja, em nosso mundo. Esse negócio de dimensões pode ser explicado pela Teoria das Cordas, essa teoria diz que podem existir onze dimensões, uma delas é a nossa a outra pode ser a Terra dos Dois Sóis, nada ainda está provado.

Aqui o cristal não tem qualquer poder, apenas emite um brilho singular, como nenhuma outra pedra existente em nosso mundo. Segundo os Velhos Sábios, pessoas estudiosas e muito importantes

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na Terra dos Dois Sóis, que sabiam para onde o cristal tinha ido, eles dizem que o cristal foi transportado para a nossa dimensão por causa dos poderes contidos nas espadas do Senhor do Mal e do Senhor do Povos Das Montanhas. O contato da espada branca de Gandor com a espada negra de Saspiam Senhor do Povo das Montanhas. O poder destes metais especiais mais os poderes dos seus possuidores fizeram com que o cristal fosse transportado para nosso mundo.

Como não possuía qualquer poder maléfico em nosso mundo, e o Senhor do Mal tinha sido destruído. Pelo menos sua forma física, não havia necessidade de virem até aqui buscar o cristal para enfim destruí-lo. E caso o Senhor do Mal não estivesse totalmente destruído e tentasse conseguir novamente o cristal, seria melhor deixá-lo aqui, ele não conseguiria facilmente chegar sem estar totalmente recuperado e se ele se recuperasse todos saberiam, seria praticamente impossível ele se recuperar sem ninguém saber. Mesmo tentando esconder-se não conseguiria por muito tempo.

Passaram-se muitos e muitos anos após a Segunda Grande Guerra, todos os povos praticamente esqueceram do terror do Senhor do Mal e da crueldade da Segunda Grande Guerra, agora a Terra Dos Dois Sois tinha apenas pequenas guerras locais, por território ou por qualquer outro motivo, existem povos que se odeiam há muitas Eras sem saberem os motivos de tanto ódio. Houve inúmeras migrações, os povos saíram de suas terras de origem, uns porque a terra estava seca e sem vida, outros porque

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queriam mudar de ares, e ainda outros não tinham motivos conclusivos. Muitas gerações nasceram e morreram, hoje os seres mais idosos acham que essas novas terras são suas terras de origem.

O tempo no mundo dos homens passa muito mais lentamente do que o tempo na Terra Dos Dois Sóis, enquanto aqui passamos um simples ano, lá já se passaram vários anos. O cristal chegou aqui e ficou perdido por centenas de anos contados por nós até que...

Marco I era uma criança, quando achou o pequeno Cristal Anûum, num terreno remexido para se fazer uma construção, ele brincava na terra quando o viu, imediatamente o achou lindo, seus olhos brilharam, olhou para os lados verificando se tinha alguém, não enxergou nada, parecia que tudo estava deserto. Ele pegou o cristal, observou por alguns segundos.

– Que pedra linda! - pensou ele. - e ela vai ser minha! - concluiu. Quando escutou o barulho de seus amigos chegando escondeu rapidamente a pedra, deu uma desculpa qualquer, correu para casa. Lá colocou um fio em sua volta, escondeu, sempre admirava a bela pedra, nunca contou nada a ninguém, nem sua amada esposa soube dele. Marco I achava que deveria ser só dele de mais ninguém. Depois de vários anos uma única vez mostrou para alguém, quando presenteou seu único neto o amado e querido Marco II.

Marco II também era uma criança quando colocou as pequenas mãos no cristal, apenas dez anos de idade. Adorou o presente do

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querido avô, seus olhos não brilharam, ele não sentiu o que o avô sentira quando viu o cristal pela primeira vez. Marco I achou estranho, mas não disse nada. Neto e avô se adoravam, brincavam juntos, o velho lhe contava histórias, contos brasileiros, Kuka, Saci Pererê, Boitatá, Caipora, Curupira entre muitos outros, contos que achava que o mundo inteiro deveria conhecer, chegou a escrever livros sobre isso, mas nunca teve tempo para publicá-los, além disso era ótimo amigo.

– Tudo começou antes de os portugueses chegarem aqui! - disse o velho fazendo uma voz apropriada para uma história de terror - a Boitatá é uma lenda dos Índios brasileiros, e naquela época este lugar que chamamos de Brasil não tinha nome nenhum, os Índios não se sentiam donos da terra e por isso não davam nome a ela – explicou o avô. - nos primeiros anos que o homem não indígena chegou aqui, começaram a derrubar uma árvore chamada Pau Brasil, que como você sabe deu nome a nosso país. A Boitatá não gostava nada nada disso, como você já sabe meu neto, ela é uma bola de fogo! – e ele fez um barulho estranho tentando imitar o fogo. - que queima os homens, ela não queima nada além de homens, caminha pela floresta iluminando tudo, quando encontra um homem perdido ou fazendo coisas erradas com a floresta, coitado desse homem!

- Eu já conheço essa vovô! Me conte outra. - disse Marco mostrando impaciência.

- Está bem! Esta bem! - o velho deu um sorriso amável e continuou. - Vou lhe contar uma história do arteiro Saci Pererê! Ele começa a contar a bonita história, o Saci gosta mesmo é de fazer

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bagunça. O menino dorme no meio da história.

Sem qualquer explicação o velho desapareceu, numa noite estava rindo e contando histórias na outra só estavam as lembranças, não deixou rastros, e não havia motivos aparentes para desaparecer, ele era feliz, e sempre muito de bem com a vida, a família tentou de tudo, internet, rádio e TV, nunca encontraram uma só pista. Marco nunca se conformou com o sumiço do avô, não acreditava que ele tinha ido embora por livre e espontânea vontade, alguma coisa estava errada, pensava que ainda iria ver o velho e querido avô.

Seis anos depois de ganhar o cristal do avô e do mesmo desaparecer. Marco agora estava com dezesseis anos de idade, não tinha muitos amigos, vivendo bastante sozinho, todo dia pensava no avô e passava as mãos no pescoço, tinha deixado o cristal num colar. Segurava o cristal com força e lacrimejava ao lembrar do avô.

– Paraná, Brasil, Curitiba, é onde está o cristal! - disse Moch um dos discípulos e general do Senhor do Mal. Como os seguidores do Senhor do Mal descobriram onde está o cristal saberemos mais tarde. Moch é do povo Lobisomem um dos povos que seguem o Senhor do Mal. Felizmente algumas pouquíssimas aldeias do Leste deste povo não o seguem, pois nem todos possuem as mesmas ideias e crenças. São meio homem e meio lobo, cara de lobo, rápidos como lobo e inteligentes como um homem, não usam roupas muito elaboradas bastando uma tanga

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escondendo as partes íntimas e pronto, Mas nas batalhas usam armaduras que cobrem algumas partes do corpo. Mesmo no frio da Segunda Era eles pareciam não se incomodar com o frio de 30 graus abaixo de zero, grande quantidade de pelos pelo corpo os ajudavam muito. O povo de Moch não tem o poder para virem até aqui, ou para vigiar nosso mundo, eles são melhores na guerra, exímios soldados, rápidos e certeiros, então um outro ser com poder suficiente tinha informado o paradeiro do cristal.

* - As coisas estão mudando muito desde que os seguidores do Senhor do Mal descobriram onde o cristal está! – disse Haltam, um dos velhos sábios. - muitos anos se passaram depois da Grande Guerra e o Senhor do Mal não morreu, como nós sabemos, ele está se regenerando. Por enquanto é apenas uma fumaça sem forma! - Haltam abaixou a cabeça parecia mais velho e triste. - seus seguidores estão se juntando mais uma vez, desta vez com mais povos do que antes, se caso o Senhor do Mal conseguir pegar o cristal, irá vencer a Terceira Grande Guerra! - Haltam viu os outros sábios a sua volta assustarem-se e entreolharem-se. Ele continuou. - vai haver uma Grande Guerra meus velhos amigos! Caso não – ele deu uma pausa intimidadora. - seja vencida pelos povos livres a Terra dos Dois Sóis ficará feia, triste e sem vida. Os povos livres serão escravos, muitos morrerão, e não vai mais existir liberdade. Nós não podemos deixar isso acontecer! - Mas Haltam! - disse um dos sábios. – Teremos como vencer essa guerra?

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- Não sei meu amigo! Infelizmente não tenho o poder da adivinhação! Mas temos que tentar! - um brilho apareceu nos olhos de Haltam.

*

Marco não é muito bom com nada, não é bom em futebol, no país do futebol, sempre o último a ser chamado, não é bom em nenhum esporte, nem xadrez, nem bom de matemática, gosta de ver TV e só, não é muito bom com computadores, ele participa de algumas redes sociais, e faz pesquisas na Web, nada além. É uma pessoa normal sem dons segundo ele, meio magrela, nem branco nem negro, por ser filho de mãe branca e pai negro, algo normal no Brasil. Por falar em seus pais, eles não são omissos, mas também não estão muito presentes na vida de Marco, eles trabalham muito. O pai possui sua própria empresa, sempre é o primeiro a chegar e o último a sair, a mãe é executiva de uma empresa de Software Livre, os dois estão sempre sem tempo para o filho, mas o amam muito.

Marco acabava sempre ficando sozinho, olhando para a TV e sonhando, de vez em quando lembrando do avô. Marco tem esse nome por causa do avô materno, que recebeu o mesmo nome de seus pais por causa do grande “Marco Polo” grande aventureiro italiano. Mas nosso Marco é comum, não é forte e nem muito aventureiro, prefere mudar seu caminho só em caso de extrema necessidade, é um pouco mais baixo que outros com dezesseis anos. Mas ele sonhava, sonhava em ter grandes aventuras, fazer coisas diferentes, mas, nunca fez nada, nem tinha coragem de fazer nada,

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sair daquela vida simples e fácil não parecia ser uma coisa muito sensata, depois de sonhar com grandes aventuras ele reclamava que não podia fazer nada, como muita gente que conhecemos. Quem diria que esse garoto tinha uma história em outro mundo.

Em alguns meses Marco percebeu que o cristal começou a brilhar mais. - Uma pedra não podia brilhar assim - pensava ele observando a pequena pedra de cor extremamente azul. mas não ligava muito, apenas lembrava do velho avô, e se sentia triste. O cristal estava sentindo a presença do seu dono, que a cada dia adquiria mais poder, ele queria de alguma forma voltar para a Terra Dos Sóis, mas no mundo dos homens ele não tinha poder e não podia voltar para seu verdadeiro dono, não podia fazer nada além de brilhar de forma estranha.

*

No mundo dos Dois Sóis os povos livres estavam começando a se preparar para a guerra, só não sabiam quando ela começaria, só sabiam que aconteceria e desta vez seria pior que a última grande guerra. Vários mensageiros foram mandados pelo mundo para tentar conseguir novos aliados. A maioria dos lugares por onde passaram os Reis e Senhores já tinham se aliado ao Senhor do Mal. Outros não queriam se envolver por medo. Se Gandor vencer o que faria com aqueles que lutaram contra ele? - Vociferam nos ouvidos dos mensageiros. Temiam por seus povos e por eles mesmos. Os que desejavam lutar tinham poucos soldados para oferecer mas, por

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menos que fossem, eram de grande ajuda.

Os Velhos Sábios sabiam que o Senhor do Mal tentaria de qualquer forma ir para o mundo do homens pegar o seu cristal. Enquanto não tiver poder ou aliados que podem ir para o mundo dos homens, caso alguém passe para nosso mundo e entregue o cristal para o Senhor do Mal estaremos perdidos, não teremos qualquer chance. Com o cristal o Gandor e seus aliados ficarão desta vez, invencíveis.

Depois de muitas reuniões e estudos os Sábios resolveram mandar alguém para o mundo dos homens, antes que o Senhor do Mal o fizesse pela segunda vez. Queriam mandar um homem de nome Valquir, ele seria o único capaz de aguentar a viagem entre as dimensões, o povo de Valquir não tem poderes e vivem menos que outros povos, mas são fortes, rápidos, inteligentes e muito mais coisas. Valquir foi convidado a participar do conselho dos Sábios, ele foi o único não Sábio a ser convidado desde a Segunda Grande Guerra, muitas gerações do povo de Valquir tinha nascido e morrido em todo esse tempo.

- Temos que mandá-lo para o mundo dos homens, meu amigo! – disse Haltam para Valquir com um pequeno sorriso - temo que já estejamos atrasados, já deveríamos ter mandado alguém lá há algum tempo!

- Haltam nós sabemos que você é muito conhecedor dos poderes do cristal e do Senhor do Mal, mas o Conselho decidiu não mandar

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ninguém até que fosse provado que o Senhor do Mal estava vivo! - exclamou Fendef, parecendo indguinado.

- Ah! meu velho e barbudo Fendef, do bom povo do Leste. Esse foi nosso erro, pois também não mandamos ninguém verificar os rumores de que o Senhor do Mal estava vivo! Nossa velhice nos atrapalhou, fomos muito lentos para tomar nossa decisão! - Haltam ficou mais triste parecendo extremamente velho e cansado. - Agora ele já está juntando seus aliados e aumentando o seu poder a cada dia, e também já sabe onde e com quem está o cristal, apenas não tem como chegar até ele, por enquanto!

- Segundo minhas fontes ele já tem mais aliados que na Segunda Grande Guerra! - Haltam escutou Fauke dizer tristemente. Fauke é Sábio do Povo das Montanhas.

- Então mandaremos Valquir o mais rápido possível! Respondeu Haltam em voz alta para todos o ouvirem.

- Estou pronto para ir agora mesmo! - disse Valquir enristando o corpo e olhando o semi circulo cheio de velhos e seres esquisitos.

- Teremos que reunir todos os poderes da maioria dos Sábios dos povos amigos, como vejo, não estão todos aqui! Você irá em breve, Valquir!

- Quando os senhores desejarem!- respondeu prontamente.- Antes de mandá-lo para lá, nós vamos lhe mostrar onde o

cristal está e com quem! - Haltam apontou em direção a porta. Valquir percebeu que ele estava mais alegre, não parecia tão velho e nem cansado.

Foram todos para uma outra sala, escura, fria, com uma bola enorme no meio, transparente, brilhava com uma luz estranha e

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assustadora.-Valquir, aqui você verá aquele que carrega o cristal, observe

bem! - Haltam ergueu a vós. - quando for até lá você terá que convencê-lo a vir para nosso mundo! Não vai ser fácil, os homens daquela terra não sabem da existência do nosso mundo e também não acreditam em qualquer coisa!

- Observe que eles possuem casas uma em cima da outra, chamam isso de prédios ou edifícios, e também possuem apenas um sol! - explicou Haltam parecendo um professor que adora a matéria que leciona.

*Um mês se passou no mundo dos homens, na Terra Dos Dois

Sóis passaram-se muito mais que um mês, Valquir observou tudo que pôde.

- Pronto Valquir? Perguntou Haltam. - Você irá hoje, espero que já saiba como trará o cristal e seu possuidor! Não vou lhe dar conselhos, acredito que conseguira! - disse o velho batendo a mão nas costas de Valquir. - lembre-se não encoste no cristal, ele irá corromper seu coração e seu espirito, qualquer um de nosso mundo que encostar no cristal será corrompido por ele, o cristal fará você fazer coisas que jamais faria, e ainda vai fazê-lo ir ao encontro do Senhor do Mal. Entendeu? - Perguntou Haltam em tom imperativo.

- Sim Haltam! Todos do nosso mundo que tocarem o cristal serão corrompidos! - Respondeu Valquir rapidamente. - Valquir quero que deixe sua espada aqui! - pediu Haltam.- naquele mundo eles não entenderão um homem com uma espada, o tempo das espadas no mundo dos homens foi há muito tempo.-

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explicou vendo que Valquir não tinha gostado da ideia.Valquir entregou sua linda espada negra de brilho lindamente

estranho, sentiu tristeza, eles viveram grandes aventuras juntos.Então Haltam falou. - Senhores Sábios, de quase todos os povos amigos!

Infelizmente alguns Sábios não puderam chegar até aqui, problemas em relação a nossos inimigos! Vamos usar nosso poder juntos para mandar Valquir para o mundo dos homens, vai doer muito a viagem! - Haltam olhou para Valquir com olhar de pena. - pois nosso poder não é suficiente para mandá-lo numa viagem sem problemas.

- Espero que o possuidor do cristal entenda nosso problema e que venha nos ajudar! Pegue essa pequena pedra!

Haltam entrega uma pedra pequena negra reluzente para Valquir. – Essa pedra precisa ser quebrada, jogue-a no chão quando

desejar voltar para nosso mundo – explicou Haltam - volte com o possuidor do cristal. Você tem dois dias do mundo deles para isso, senão a pedra vai perder seu poder. Caso não consiga, você não voltará. - Valquir viu a tristeza voltar nos olhos do sábio. - e não sei o que acontecerá em nossa terra.

*

No meio de um círculo feito por todos os Sábios, Valquir esperava para partir. Do nada uma luz azulada começou a emanar das mãos de todos os sábios. Os olhos deles ficaram vermelhos, um vento forte passa por todos, raios e trovões são ouvidos e vistos por Valquir, a claridade da luz azulada aumentava muito.

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Valquir não enxergou mais nada. Uma dor enorme fez tremer seu corpo, já muito castigado. Ele gritou, era como se estivesse sendo rasgado em pequenos pedaços. A dor estava realmente muito grande, ele chegou a pensar em desistir da viagem por causa da enorme dor, depois não viu mais nada, desmaiou.

Quando finalmente voltou a si, já estava no mundo dos homens, acordou pregado no chão, sentiu nas mãos e no rosto grãos de areia molhada e áspera. Valquir olhou para os lados, estava num pequeno parque para crianças. Levantou-se, olhou suas roupas elas pareciam a de um mendigo, muito batidas e um pouco sujas. Olhando para cima espantou-se com apenas um sol e percebeu que era a primeira hora da manhã. Valquir olhou para os lados para saber onde estava, viu os prédios e achou aquilo muito estranho, seres malucos, chegou a pensar. Sabendo exatamente onde se encontrava tomou o rumo da casa de Marco em algumas horas, o menino iria para a escola. Como sabia o trajeto que o garoto percorria, foi até ele. Enquanto andava rapidamente, engoliu umas sementes de cor estranha e gosto horrível para poder falar e entender as palavras do Português, língua falada no Brasil, fez caretas estranhas. Quase foi atropelado por um carro quando tentou atravessar uma avenida. Ele viu o carro admirou-se por ele não ter cavalos e fazer um barulho muito estranho e andar muito, muito rápido.

Foi observado por todos por onde passava, não se incomodou com isso, ele também achou estranhas as roupas dessas pessoas.

No caminho pensou se conseguiria convencer aquele que carrega o cristal a sair da sua terra. Tentaria de todas as formas. E caso não desse certo Valquir não voltaria, ficaria ali observando até

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o Senhor do Mal tentar alguma coisa, protegeria o possuidor do cristal com a sua vida, se preciso fosse.

Valquir finalmente chegou na rua que Marco utilizava para ir para escola, e esperou.

*

- Ei você, Marco! - chamou Valquir. Voltando os olhos para trás, um homem alto, cabelos pretos

ondulados compridos pelo ombro, rosto com a barba por fazer, algumas cicatrizes rasgavam seu pescoço e queixo e um enorme corte perto do olho esquerdo, uma velha capa surrada e meio suja, seus olhos penetrantes o atingiram como uma faca. As pernas de Marco ficaram moles.

- O quê? Você me chamou? - perguntou Marco assustado - Sim, eu o chamei, meu nome é Valquir! E venho por causa do

cristal no seu colar! - Valquir sentiu que foi imprudente, disse tudo muito rápido.

- O quê?! Como você sabe dele? - o medo tomou conta do corpo de Marco, suas pernas ficaram mais moles ainda. Pensou que seria assaltado.

- Ele veio do meu mundo! Precisa ser destruído lá! - Tentou explicar Valquir, ansiosamente.

- Q... que história é essa? Seu mundo? Vo... você está louco? - disse Marco pensando que tinha encontrado um mendigo maluco.

- Eu venho de outro mundo, e preciso que você volte comigo para lá, só você pode destruir o cristal! - tentou explicar mais uma

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vez.- Eu destruir?! Não, não vou destruir a única lembrança de meu

avô! - vociferou o menino.- Ele emite um brilho estranho, não emite? Perguntou Valquir. -

nenhuma outra pedra no seu mundo faz isso não é? Por favor, preciso que nos ajude, você é nossa última esperança! Sem destruir o cristal as coisas podem ficar muito ruins na minha terra. - Marco viu o homem abaixar a cabeça, parecendo imensamente triste e sentiu pena.

– Vamos comigo! - insistiu Valquir, pegando num dos braços de Marco com força.

– Não! Não vou! - Marco largou-se saiu correndo de medo, desaparecendo entre as ruas.

-É! Vai ser mais difícil do que eu pensava, deveria ter usado uma estratégia diferente - Pensou Valquir lamentando-se.

*

O primeiro dia passou, Valquir só tinha mais um dia. Ainda não sabia como convencer Marco a ir para seu mundo e destruir o cristal.

Marco voltou para casa, e dormiu pensando naquele homem. Quando acordou de manhã, antes de se arrumar para ir a escola.

– Ele deve ser maluco, mendigo doido, só pode! Pensou ele. - um outro mundo! Isso não existe. E ainda queria que eu destruísse o presente do meu avô, homem doido! - disse para si mesmo. - Ele queria me roubar, só pode, mas como sabia da existência do

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meu cristal. Meu avô nunca contou para ninguém, e eu também nunca falei nada! Ver ele não viu tenho certeza. Estou com medo, espero não vê-lo novamente. - Hoje vou tomar um caminho diferente. Aquele mendigo deveria estar dormindo naquela rua, assim ele não vai me encher mais! - concluiu orgulhoso de si. Valquir esperou no mesmo lugar e nada, Marco não apareceu. A preocupação tomou conta. O que faria? Teria mesmo que ficar ali? Será que não conseguiria realizar mais essa missão?

- Falta pouquíssimo tempo para a pedra negra perder seu poder. E se algum aliado do Senhor do Mal já estivesse chegado? - pensou.

Marco voltou para casa satisfeito por não encontrar nenhum mendigo. Entrou pelo portão da bela casa de seus pais, foi para a sala, jogou a mochila num canto qualquer, ligou a TV, deixou num canal de series, se desmontou no sofá.

Ficou lá até sentir vontade de tomar banho, era noite, correu até seu quarto. De súbito antes de conseguir acender a lampada alguém o pegou por trás, ele não conseguiu ver quem era, esforçou-se para gritar, não conseguiu, a criatura tampou sua boca, tentou se desvincilhar, não conseguiu, a criatura era muito mais forte que ele. Marco pensou que estava sendo sequestrado. Escutou um estalo no chão, tudo ficou claro e azulado, depois não sentiu e nem viu mais nada.

Marco acordou num lugar estranho, sentindo em suas costas uma cama dura e desconfortável, um pano branco e muito macio

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cobria seu corpo, correu um gelo em sua espinha por não estar em seu quarto e seu coração disparou. Olhou em volta assustado, viu pedras entrepostas uma em cima da outra, sem qualquer massa ou coisa no meio para fixá-las, paredes escuras, o quarto era frio, tendo um ar de ser muito, muito antigo. O medo estremeceu seu corpo, passou as mãos por seu rosto sem barba. Marco tentou levantar, foi impedido pelas dores no corpo, sentia como se tivesse sido atropelado por um trem.

- Onde será que estou? - pensou. - que lugar estranho! Fui sequestrado? - se indagou, sentindo medo da resposta, o coração queria sai pela boca. Ele escutou passos, ao longe, tremeu. Os passos ficaram cada vez mais alto. Depois param, porta se abriu. Um homem, alto, velho, cabeludo e barbudo, com chapéu de ponta e roupas estranhas, largas, volumosas e extremamente verdes.

- Olá, Marco! - uma voz forte, grossa e calma saiu da boca do velho invadindo os ouvidos do garoto.

- Quem é você? - perguntou Marco com medo e curiosidade.- Sou apenas o velho! - disse amavelmente – fui eu quem pediu

para Valquir lhe trazer para nosso mundo, me chamam de Haltam! - O quê?! Aquele mendigo? Ele queria me roubar! - indignou-se.- Não ele não queria te roubar! Olhe – o velho apontou uma de

suas longas mãos em direção ao peito do menino. Marco viu dedos velhos e gastos apareceram. - o cristal ainda está em seu pescoço não está?

Marco rapidamente voltou-se para olhar o cristal, ainda estava lá! Intacto só que brilhando muito mais que antes.

- Viu! ele está aí, com você! - falou calmamente o velho olhando

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para cima. Depois de uma inspirada e expirada forte, Marco falou.– Hum? Então ele falava a verdade? - indagou. - Onde estou?– Sim ele falava a verdade! - Marco viu o velho parar por um

segundo e continuar. - você está na Terra do Dois Sóis! E no Castelo dos conselheiros ou o Castelo dos Sábios, como dizem muitos seres.

- Dois Sóis? Castelo dos Sábio? Como assim? Você também é louco?

- Na sua terra existe uma estrela que brilha e faz o dia, não tem? - perguntou o velho.

- Sim, o nosso Sol! - respondeu prontamente.- Aqui existem duas estrelas que fazem o dia! E não, eu não

estou louco! Olhe as minhas roupas – Haltam fez um gesto bonito mostrando as vestes. - parece alguma coisa que vestem em seu mundo? Olhe em volta, você enxerga algo parecido em seu mundo?

Marco olhou calmamente para as roupas de Haltam em sua frente, e olhou mais uma vez por todos os lados.

- Faz sentido! É estranho mesmo, nunca vi ninguém usar essas roupas ou um lugar assim com essas paredes... -Castelo dos conselheiros? O senhor disse não disse? Que conselheiros? - perguntou Marco.

- Seu primeiro nome foi Castelo dos Conselheiros, mas todo nosso mundo o conhece pelo nome de Castelo dos Sábios.

– Cada povo livre tem seu conselheiro, um velho assim como eu! Nós temos alguns poderes, e podemos ajudar onde estamos, somos as vezes a última esperança desses povos, nós existimos e fomos criados para ajudar aqueles precisam. E onde você está é o local em que fazemos nossas reuniões. Decidimos muitas coisas, e

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seres de todo o mundo chegam aqui em nossas portas pedindo ajuda, este castelo é muito, muito antigo! Mas – Haltam fez uma pausa. - vou mudar de assunto, temos outros assuntos mais importantes a tratar agora!

Haltam deu uma lenta inspirada, recomeçou a falar.- Infelizmente Valquir não conseguiu convencê-lo a vir para cá,

por sua livre e espontânea vontade, ele teve que lhe trazer a força! - Eu percebi! E quero voltar para minha casa! - disse

impacientemente.- Valquir o trouxe sem o seu consentimento, mas, não podemos

prendê-lo aqui! Você decidirá se quer ficar ou não, se deseja ou não nos ajudar! Não podemos forçá-lo a nada! - Haltam se calou por um segundo. - antes de você decidir quero que saiba nossa história, saiba o que o cristal significa em nossa terra. Depois você decidirá se vão esquecer de você no seu mundo ou não!

- Hum? Como assim? Acho que não entendi bem o que o senhor disse!

- Calma! - disse o velho em tom imperativo. - Na hora certa você saberá de tudo e com muitos detalhes! Tudo tem sua hora menino!

- Antes, quero que você coma estas sementes, elas têm um gosto horrível! - Haltam sorriu e entregou umas sementes nas mãos de Marco.

– O que essas sementes fazem? - perguntou Marco curioso olhando para as sementes em suas mãos.

– Elas vão fazê-lo entender o idioma de nosso mundo, o

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Idioma Geral. Sem elas você nunca entenderia uma só sílaba do Idioma Geral! Coma! Você não vai gostar delas! - mais um sorriso apareceu no rosto de Haltam, o velho parecia divertir-se.

Marco gostou daquele senhor, parecia sincero, amável, até certo ponto lembrava seu querido avô, embora tudo aquilo que ele dizia parecia uma loucura. Depois de alguns segundos pensando resolveu comer as sementes. Um gosto horrível encheu sua boca, sentiu vontade de vomitar.

- Não jogue fora menino, engula tudo! - disse o velho sorrindo com o canto da boca.

- Que gosto horrível tem isso! - gritou o garoto.Quando tentou falar mais uma vez, percebeu que não dizia

palavras do português. Falava com sons esquisitos, mas que faziam todo o sentido. Estava falando o Idioma Geral.

– Saiba Marco! Algumas palavras você pode não entender, vai demorar alguns minutos para as sementes fazerem o efeito total.

– Agora fique aí! Troque a sua roupa, pegue esta aí no canto, é uma roupa desta terra, ela é quente no frio e fresca no calor, não é bonita como as de seu povo, mas lhe servirá bem! Você será chamado em breve.

Marco olhou para o canto para qual Haltam apontava e viu uma bota de couro esverdeado, parecendo ser coturno mas, sem fios para amarrá-los, não tinha sola, parecia feita de uma só peça, não muito bonita, uma calça de pano esquisito, muito sedoso, e bom de vestir, uma camisa que parecia de seda, só que melhor, mais um sobretudo com capuz, tudo de tom esverdeado meio escuro. Eram essas as roupas.

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O velho saiu com seu andar lento e ponderado, encontrou na porta Valquir, ambos se cumprimentaram. Haltam desapareceu pelo corredor, enquanto Valquir se dirigia na direção de Marco.

- Peço desculpas por ter lhe trazido a força para nosso mundo! Não tive outra escolha, você não acreditaria em mim!

- Eu nunca acreditaria! Uma história dessas! Ainda acho que estou sonhando!

- Não, você não está sonhando. Infelizmente não, tudo isso é verdade!- Marco viu um suspiro de Valquir. - Fiz aquilo por dois motivos: um você já sabe, o segundo vou lhe dizer agora. Eu vi em sua terra alguns aliados do Senhor do Mal, não sei como eles chegaram até você, alguém com poderes suficientes uniu-se a ele.

- Senhor do Mal? Do que está falando? - Inqueriu Marco.- O Senhor do Mal é o verdadeiro dono deste cristal! Ou pelo

menos se declara seu verdadeiro dono! Logo você saberá mais sobre ele e também sobre o cristal. - Valquir baixou a cabeça e disse em voz baixa, quase chorosa. - Peço-lhe desculpas mais uma vez pelo que fiz!

- Pelo que você me disse, e se isso não for um sonho, eu não o culpo, eu não acreditaria mesmo em nenhuma de suas palavras! Está desculpado!

Marco viu um sorriso sorriso amarelo sai da boca de Valquir. - Muito obrigado! E vou lhe oferecer algo, enquanto estiver neste mundo tem a minha proteção! Caso a aceite é claro!- Marco sorriu, Valquir estufou o peito. - Eu sou Valquir, do povo Nitraduim Nômades, e digo que serei seu protetor enquanto for preciso, e o guiarei em todos os lugares, darei minha vida para salvar a sua.

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Marco assustou-se com as palavras de Valquir. Nunca ninguém lhe tinha dado algo tão valioso como a própria vida. ele quis mudar de assunto.

- Nômade você disse? Como assim? - Meu jovem, meu povo é nômade, nós somos andarilhos,

paramos apenas por pouco tempo em cada lugar, andamos em grandes caravanas, meu povo não tem casas, nunca ficamos mais de um ano no mesmo lugar, isso explica por que somos nômades! Por falar nisso já não vejo meu povo ha muito tempo!

- Você não vê seu povo por quê? -Valquir fechou a cara e visivelmente uma tristeza tomou conta do rosto dele..

- Agora não é a hora de falarmos disso! Em um outro momento eu lhe contarei.

Valquir mudou de assunto rapidamente, ficaram conversando por muitas horas, até Marco acreditar em tudo que estava ouvindo.

- Agora tenho que ir! Fique aí, você será chamado em breve. Muito rápido Valquir desapareceu pela porta e corredor.

O Conselho dos Sábios finalmente estava completo, com um representante de cada um dos Povos Livres. Eles conversavam sobre Marco e sua jornada caso ele a aceitasse, e o que tentarão fazer caso ele não aceite.

- Haltam ele é apenas um homem, não tem qualquer poder! - exclamou um dos sábios parecendo muito cetico.

- É verdade ele não tem poderes! Mas é o único que o cristal não corrompe, o cristal não tem qualquer poder sobre o menino! Ele é o único que pode levá-lo e destruí-lo, meu amigo Fendef. Mesmo assim ele não pode fazer todo o caminho sozinho, ele vai precisar de

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ajuda, Valquir já se ofereceu para ajudar! - Marco não é desta terra, não conhece nada daqui, e não tem o

corpo feito para suportar o clima de onde ele irá, os lugares por onde ele precisará passar são perigosos e hostis, temo pela vida dele Haltam! - exclamou Fendef, mais uma vez.

- Eu também sinto medo por ele Fendef! Mas não temos outra escolha! Temos?

-Por que nós não pegamos o cristal e o destruímos nós mesmos? - gritou alguém que Haltam não conseguiu ver quem era.

- Nenhum ser vivo desta terra pode tocá-lo sem ser corrompido por ele. Estamos em má situação, só Marco pode fazer isso. Já reuni os voluntários para acompanhá-lo, caso ele queira fazer a jornada, eles vão chegar em breve, são de vários povos e podem demorar para chegar.

- Eles já deveriam estar aqui não deveriam? - perguntou Fauke secamente.

- Sim e não! - respondeu Haltam calmamente. - Vai depender de quando chegaram as mensagens. E da distância que cada um precisa percorrer, mais os perigos que cada um enfrentará!

- Está bem Haltam! - sibilou Fauke baixinho. - acho que fui infeliz em minha pergunta!

- Não meu amigo, nosso tempo não é muito longo, e o medo toma conta de nossas mentes, isso faz com que ajamos de forma impensada e até temerosa, por isso peço que tomem cuidado com seus pensamentos, pensem bem antes de tomarem qualquer decisão! - Haltam para, depois dá um grande suspiro. - Vamos chamar o menino! - o velho olhou para a porta, onde já alguns minutos

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Valquir estava parado, observando a reunião. - Por favor Valquir vá chamá-lo, temos que falar tudo que pudermos para ele. Se mesmo assim ele não quiser ficar, teremos que resolver de outra forma.!

– Estou indo Haltam! - do corredor Haltam ouviu as palavras. - Creio que ele irá ficar!

*

Marco chegou até o conselho um cheiro que coisa velha invadiu seu nariz, olhou em volta, uma enorme quantidade de velhos barbudos, com roupas e chapéus estranhos. Todos pareciam não confiar nele, olhavam-no estranhamente, desconfiados, menos Haltam, que tinha o olhar mais amável e sincero do mundo. Uns pareciam simples humanos, outros nem tanto assim, pessoas de vários tamanhos e formas, inclusive um gigante que fez o coração de Marco disparar. Uma sala um pouco escura, com os Sábios de um lado em filas semicirculares uma em cima da outra parecendo as arquibancadas do coliseu romano. Dava medo.

- Calma Marco, todos que estão aqui são pessoas boas! - disse Valquir com um sorriso acalentador.

- Marco! - sibilou Haltam com sua voz alta e grave do lado oposto a todos os Sábios e em pé. - Você saberá agora a história por trás do cristal, até quando seu avô o encontrou, também sabemos alguma coisa sobre e o que houve com ele.

- Meu avô?- interrompeu Marco. - o que houve com ele? - Quieto menino! - uma voz alta e pouco suave entrou nos

ouvidos de Marco. - só fale quando lhe dirigirem a palavra! -

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exclamou do lado de Haltam, kalteim o sábio do povo do Oeste e segundo no comando do conselho dos Sábios, este parecia estar sempre irritado. Marco não gostou dele.

- Calma velho amigo, ele não conhece nossos costumes, como você sabe o garoto vem de outra dimensão! - Haltam deu um sorriso para Marco. - fique do meu lado Marco, assim todos saberão que você é meu companheiro neste conselho! E você também Valquir.

- Por favor Fendef diga o que sabe. - pediu Haltam calmamente. Uma voz bonita e baixa ecoou pelo lugar.

- Tudo começou, segundo meus estudos, na Primeira Era. Existia uma sociedade, um povo muito rico e inteligente, os Vendags, viviam no pé das Montanhas Claras, onde existia e ainda existe o Lago de Fogo. Seu último rei foi bom e honesto, amava muito seu povo, ele tinha como conselheiro um Druida. - Valquir, contou para Marco o que era e como era um Druida, eles eram parecidos com homens, seus poderes controlavam o fogo, metal, a água e a terra.

- Não foram uma sociedade ruim, sempre dispostos a ajudar no que fosse preciso. Eles parecem com os sábios de hoje nas vestimentas e aparência de velhos, mas os sábios possuem bem menos poderes que os antigos Druidas.

- O rei dos Vendags! - interrompeu Fendef. - achava que seu povo estaria bem protegido com um Druida, cheio de poderes em seu reino. Como todos sabem, a sociedade dos Druidas desapareceu antes da Segunda Era por motivos ainda desconhecidos.

- Esse Druida era muito, muito poderoso, os Druidas sempre

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ajudavam o bem, mas como em toda a sociedade livre existiam aqueles que traíam o bem e passavam para o lado do Mal. Esse foi o caso, não sendo nada confiável, ruim por dentro, se tornara conselheiro do rei para poder chegar às bibliotecas reais, para aprender mais e mais coisas dos livros antigos. Ele deveria ser o único a entender perfeitamente as línguas mortas dos livros antigos, aprendeu muitos e muitos poderes. - Fendef parou, respirou e recomeçou. - com seu aprendizado da magia antiga ele resolveu criar uma pedra, que poderia canalizar todo seu poder, e canalizar a força dos males do mundo. Com isso ele seria o Druida mais poderoso de todo o universo.

- Como exatamente criou o cristal ninguém sabe, mas o que descobri é que no Lago de Fogo, com um poder desconhecido ele criou o cristal, dando-lhe o nome de Anûum que significa na língua Druida antiga “Azul” que é a cor do cristal.

- Apenas no Lago de Fogo o cristal pode ser destruído. Assim que o Druida pegou o cristal nas mãos, este o corrompeu, ele queria apenas mais poder, mas o cristal tomou conta de seu espírito e coração. Com o cristal no comandando, ele se tornou pior do que era, passou a ser cruel, o Druida destruiu o reino onde morava, destruiu tudo, todos os livros da magia antiga, matou quase todos os habitantes do reino Vendag. Os poucos habitantes que sobreviveram deixaram essa história escrita, na língua deles, muito antiga, demorei anos para achar os escritos e mais alguns anos para decifrar o idioma.

Ele ainda destruiu metade da sociedade Druida. Como sabemos aquele Druida não é o Senhor do Mal. O Druida acabou sendo

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morto porque o cristal o traiu, em uma batalha simples, contra um exercito pequeno e fraco, alguém conseguiu atingi-lo no coração, pensando que viveria, o Druida riu, aí percebeu que fora traído pelo cristal, morreu ali mesmo. Ele não tinha poderes suficientes para governar o cristal, assim que morreu, o cristal se perdeu ou se escondeu, eu conclui que ninguém naquela Era tinha poder para suportá-lo.

– Como todos nós sabemos ninguém vai até as Montanhas Claras. É um lugar ruim, agourento, existem seres que nunca vimos cheios de maldade.

– Não existem vestígios da sociedade Vendag, apenas há uma única construção o grande portão do Lago de Fogo, nada mais.

– Hoje não existe mais a magia para criar outro cristal. É por isso que o Senhor do Mal quer tanto este que Marco carrega, ele não tem como fazer outro, já que os livros antigos desapareceram. Foi isso que encontrei sobre a primeira parte da história do cristal.

– A segunda parte quem vai contar sou eu! - intrometeu-se kalteim em voz alta e grave. - o cristal ficou perdido! - começou. - e com o tempo foi esquecido. Ninguém mais sabia da existência dele. Todos os que ouviram falar “deste tal cristal” já estavam mortos, os que ainda estavam vivos acreditavam que seus avós contavam lendas, histórias para assustar crianças. Mas. - Kalteim parou por dois segundos que pareciam uma eternidade.

– no meio da Terceira Era um grande estudioso da história da Primeira Era descobriu em alguns escritos sobre a existência de uma pedra muito poderosa, então esqueceu do resto da história da

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Primeira Era, focou na pedra, descobriu o cristal, soube de quase todo seu poder, sabendo isso, imediatamente informou seu rei, o senhor de Rundor. - o sábio parou por mais dois segundos eternos. Marco não gostava quando ele fazia isso. - este soberano tinha todo o mal no coração, só chegou a ser rei por que matou o pai e o irmão mais velho. Chamavam-no na época de “Gandor, o Terrível”, senhor de Rundor.

– Quando decidia invadir um outro reino ou terra, os que não conseguissem fugir certamente morreriam, com ele não existiam escravos ou presos os vencidos simplesmente eram exterminados, Gandor tinha certeza que seus súditos saberiam cuidar das novas terras. Não tinha qualquer sentimento e o pior! - Kalteim pareceu ficar mais triste e ainda mais velho. - estudava os segredos de magias antigas que deveriam ser esquecidas pelo tempo. Tinha professores: Magos, Bruxos, Alquimistas e outros, aprendeu tudo que pôde e sempre utilizava seus poderes e conhecimentos contra seus inimigos, só para ver como eles se feriam.

Kalteim deu uma longa respirada, e voltou a falar.– Foi ele quem começou a Primeira Grande Guerra, quis

enfrentar todos os povos livres, dizia que seu povo era superior e por isso deveriam comandar todo o mundo. Felizmente! - Marco enxergou pela primeira vez um sorriso nos lábios do sábio irritado. - ele e seus aliados perderam. Gandor ainda não possuía o poder do cristal nesta época, a guerra durou vários e vários anos, matando muitos e muitos soldados dos dois lados, fazendo seres inocentes sofrerem como toda guerra faz. Quando finalmente percebeu que não venceria, por que nós estávamos ganhando todas as batalhas,

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Gandor fugiu se resguardou em seu reino, deixou seus aliados sozinhos, lutando contra nós, vencemos facilmente. Depois os povos livres tentaram, tornaram a tentar atravessar os imponentes muros de Rundor, não conseguiram. Os soldados estavam cansados e tristes, não aguentavam mais lutar, queriam e precisavam descansar, rever seus entes queridos, alguns nem chegaram a conhecer seus filhos.

– Depois de muitas tentativas de invasão a Rundor, os soldados desistiram. Imaginaram que Gandor jamais tentaria novamente comandar todas as Terras dos Dois Sóis, ele não tinha mais aliados, nem seu reino tinha mais riquezas para financiar uma nova guerra, deixaram-no exilado em seu próprio reino.

- Os anos passaram, Gandor não tentou nada, apenas continuava a aprender mais e mais magias. - o sábio voltou a ficar triste. - ele queria poder, queria ser o mais poderoso de todo o mundo, mas sabia, que nunca venceria todos os povos livres, mesmo que voltasse a ter todos os seus aliados e a riqueza de seu reino.

- Quando um de seus estudiosos descobriu que existia um cristal que poderia dar o poder que faltava para finalmente vencer. Imediatamente foi atrás dele, pessoalmente. A procura foi incansável, durou muitos e muitos anos. Quando ele e os soldados já estavam desistindo da longa busca! - o sábio ficou ainda mais velho, seus cabelos mais brancos e secos. - infelizmente, Gandor o encontrou, exatamente nas Montanhas Claras. Só o encontrou por que o cristal desejava ser encontrado, apareceu em um local onde qualquer um poderia enxergá-lo, o cristal sabia, tinha encontrado alguém que podia compartilhar seu imenso poder. Ele foi encrustado

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em uma espada, feita de metal branco, um dos mais duros e poderosos de todos, Gandor obteve finalmente o poder tão desejado. - Kalteim parou por três segundos, intermináveis. - imediatamente recomeçou a juntar seus aliados, desta vez com mais povos que antes, e a Segunda Grande Guerra da Terceira Era começou. Gandor, o Terrível, passou a ser conhecido como o “Senhor Do Mal”. Por onde seus exércitos passavam, tudo mudava, os povos morriam, as árvores murchavam, os animais fugiam, os que não morriam se tornavam escravos, que trabalhavam sem descanso até o último suspiro de vida.

- Desta vez todos achávamos que ele venceria a guerra contra os povos livres, tivemos que pedir ajuda aos residentes de além do Oceano Verde. Mesmo com a ajuda deles, estávamos perdendo, quase não tínhamos esperanças, ela estava pequena e frágil, o moral das tropas não estava alto. Muitos feridos, amigos, filhos, pais, mortos pelo horror da Grande Guerra.

Quando finalmente chegou a última batalha estávamos com poucos soldados, só um milhão contra dez milhões do inimigo. Decidimos lutar, nunca nos entregaríamos sem luta. Conseguimos arrumar forças que não sei de onde vieram. Atacamos com toda nossa força e inspiração. Conseguimos derrubar dois milhões e meio de inimigos, mas tínhamos perdido metade do nosso exército. O Saspiam o Senhor do Povo das Montanhas lutou mais bravamente que todos, era o mais obstinado a vencer, só ele deve ter derrubado mais de cinquenta soldados inimigos. De alguma forma e com muita perseverança ele conseguiu chegar perto de Gandor. O Senhor do Mal estava furioso, queria vencer logo, como todos os geniosos,

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sempre desejam coisas imediatamente. - Gandor usava uma bela armadura que podia ser vista ao longe

de brilho cinzento, bonita e horripilante ao mesmo tempo. Quando se encontraram nenhuma palavra foi dita por nenhum dos dois, palavras não precisam ser ditas em algumas situações.

– Os dois lutaram, Gandor era gigante perto do Senhor do Povo das Montanhas, mas mesmo assim, este lutou bravamente. A luta foi dura, faíscas saíam das espadas quando uma lâmina batia na outra, ás vezes, luzes de cor azul claro também. Saspiam quase foi abatido algumas vezes, mas sempre conseguia levantar, o Senhor do Mal permitia. Os dois lutaram, lutaram, e nós ao longe observávamos quando podíamos, pois tínhamos que lutar também. Os raios só aumentavam, o brilho emitido pelas espadas quase cegava. O Senhor do Povo das Montanhas estava visivelmente cansado, seus golpes estavam obviamente ficando lentos, e gemia alto a cada esforço, mas não parava de lutar, algo dentro dele não permitia. Gandor não quis usar nenhum de seus poderes, seu orgulho fazia com que tivesse certeza da vitória sem uso de magia, lutava com desdém. - mais uma pausa chata feita por Kalteim. - Saspiam tentava, tentava, e não conseguia acertar um único golpe na armadura de Gandor. Os raios brilhavam ofuscando o dia, que foi ficando mais e mais escuro. Pela enésima vez o Senhor do Povo das Montanhas caiu, seu elmo voou para longe, mostrando um rosto cansado, barbudo e cabeludo. Mas desta vez parecia que não levantaria, estirado no chão tentou uma, duas, três, mas não conseguiu levantar, estava extremamente cansado. Gandor estava prestes a finalizar a batalha, um brilho apareceu em seu elmo

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exatamente onde ficavam os olhos do Senhor do Mal, ele ergueu a enorme espada para o céu, olhou em seu alvo, imprimiu toda sua força. O Saspiam com muito esforço segurou o golpe vindo para sua cabeça. Quando as espadas se tocaram, a luz emitida por elas nos cegou. Quando finalmente voltamos a enxerga Gandor tinha diminuído de tamanho, seu exército diminuiu em número, o poder do cristal fazia seus aliados terem mais soldados que a realidade. De alguma forma a espada construída do metal negro da região das montanhas e a espada de metal branco do Senhor do Mal fizeram com que o cristal fosse transportado para o mundo de Marco. A espada do Senhor do Mal se quebrou em mil pedaços. Segundo os estudiosos dos metais da Terra dos Dois Sóis, ainda não sabemos todos os poderes contidos nos metais que utilizamos.

– O senhor do Povo das Montanhas percebeu que seu oponente estava paralisado e confuso com a destruição da sua espada e com a perda do seu cristal. “Gandor não esperava por isso”. Ainda caído desferiu um golpe certeiro, enfiou a espada com o resto de suas forças exatamente no coração do Senhor do Mal. A espada estava incandescente, vermelha de tão quente. Entrou pela armadura como se o Senhor do Mal estivesse sem ela. Gandor morreu, seu corpo caiu. Trovões, raios, e ventos fortes começaram assustadores. Depois tudo ficou calmo, seus aliados também mortos com pouca dificuldade. - Marco percebeu que Kalteim não estava mais tão velho, e mais uma vez um sorriso apareceu nos lábios dele. - a guerra foi vencida mais uma vez pelos povos livres. - o sábio suspirou. - como Gandor estava morto, e o cristal tinha desaparecido, não existiria mais grandes guerras e tudo estava bem

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de novo. Só que o Senhor do Mal não havia morrido, ele usou seus conhecimentos para esfumaçar seu espirito. O corpo morreu, o espirito não, sem seu corpo perdeu praticamente toda a sua força e poder, os anos passaram, todos acharam que ele estava morto, esqueceram dele, também esqueceram do cristal. Explica Kalteim. Haltam o interrompe. - Kalteim deixe que eu termino! - Tudo bem senhor! - respondeu prontamente.

– Como o espirito do Senhor do Mal não tinha sido destruído! - iniciou Haltam calmamente. - ele voltou a seu reino e se comunicou com seus servos. Nós nunca invadimos o reino do Senhor do Mal, como todos sabem. Seus servos eram fortes e nossos soldados estavam cansados. Com o tempo fomos esquecendo dele, mas ele foi recuperando seu poder, vários e vários anos se passaram. Para você ter uma ideia Marco, o cristal chegou em seu mundo quando todo o seu país ainda tinha só florestas. - Gandor ainda não tem todo o seu poder, é apenas um espirito esfumaçado, mas tem muito poder e já reorganiza seus aliados pela terceira vez, teremos uma Terceira Grande Guerra. Ele já tem mais aliados que na Segunda Grande Guerra, e pior nem todos os povos livres desejam lutar desta vez. Estão com medo, os inimigos agora são mais fortes que na Segunda Guerra, os reis temem pelo povo e por si próprios. - Haltam para por um segundo. - de qualquer forma, temos que destruir o cristal! E mais uma vez lutar na guerra. Caso o Senhor do Mal coloque as mãos no cristal não venceremos desta vez, e será pior que antes, ele vai se vingar dos povos que o venceram na Segunda Guerra, não sobrará um só ser livre em nossa

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terra. - Caso o cristal seja destruído o que vai acontecer? - interrompeu

Marco preocupado.– Lutaremos da mesma forma. - respondeu Kalteim secamente.– Mas não sei se venceremos! - continuou Haltam

pesadamente. - desta vez está mais difícil que antes, mas com o cristal ele vencerá facilmente, sem o cristal infelizmente ele também pode vencer, tentaremos de qualquer forma vencer, mas não temos certeza da vitória.

- Então mesmo se o cristal for destruído vocês podem perder a guerra? - indagou Marco, pensando que aquilo era muito estranho.

- Sim! Sem o cristal ele já tem aliados o suficiente para vencer a guerra. - respondeu Haltam.

- Por que não usamos o cristal contra ele? - indagou Marco, pensando que tinha tido a melhor ideia do mundo.

- O cristal é ruim! - disse Kalteim friamente. - o poder dele é maléfico, nenhum ser de nosso mundo suporta esse tipo de poder, a não ser o Senhor do Mal. - Marco baixou a cabeça, sua ideia pareceu extremamente estupida. - você é o único que pode carregá-lo sem sentir os efeitos maléficos. - concluiu Kalteim secamente.

- Então eu lutarei usando ele! - gritou Marco, pensando que teve uma ideia realmente genial.

– Não dá! - respondeu Haltam. - pois com você ele não tem nenhum poder, um é neutro para o outro. Não mudaria nada você estar com ele ou sem ele no meio de uma batalha. Mas... se o Senhor do Mal o pegar, não quero imaginar o que poderia acontecer. Ele é o único que controla o cristal pode utilizar seus poderes. Você

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não poderia aparecer em uma batalha com ele no pescoço, em minutos estaria morto e o cristal chegaria a Gandor.

Haltam olhou bondosamente para Marco e disse: – Mas não podemos obrigá-lo a destruir o cristal, sem que você

queira isso. Não o obrigaremos a nada, só uma pessoa pode decidir se vai ou não iniciar a jornada e ela é você.

– Já aviso, a jornada não será nem um pouco fácil, você poderá não conseguir. Não podemos mentir, o caminho é muito longo até as Montanhas Claras, e há perigos que você nunca imaginou. Além do mais, seu corpo não foi feito para aguentar nosso clima, será mais um problema que irá enfrentar, você também não conhece nossa terra, e nossos inimigos... Valquir irá com você, se decidir fazer o caminho... - Sua escolha terá consequências em nosso mundo e no seu.

– Você pode ir para seu quarto... Valquir o acompanhará e falará sobre seu avô, continuaremos a nossa reunião. - pediu Haltam calmamente. Os dois sairão a reunião continuou...

- Você poderia ter amenizado os problemas para o menino Haltam! - disse com pena Kalteim.

– Você passou a gostar deste menino Kalteim? - Kalteim fingiu não escutar, Haltam continuou. - quero que ele saiba exatamente o que vai enfrentar, o garoto pode não voltar para seu mundo, se decidir destruir o cristal. Mesmo assim não sei se ele vai aguentar as dificuldades do caminho... Agora com nossos inimigos se juntando e rondando por aí. Você sabe que nossos inimigos são poderosos e

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podem... matar o menino, mas não temos outra alternativa. E eu confio nele. - Haltam sorriu. - acho que os seres humanos são mais fortes do que parecem!

*

- Como disse Haltam, só você pode decidir o que fará, lembre-se tudo tem uma consequência. - ponderou Valquir.

- Como assim? - perguntou o menino sentado em sua nova e desconfortável cama no castelo dos sábios.

- Se você decidir não ir acontecerá muitas coisas, se você for também acontecerão muitas coisas, boas ou ruins. Bem...Vou sair e deixá-lo pensar, qualquer decisão tomada por você será aceita sem questionamentos.

- Antes de você sair me explique melhor essas consequências? – Tudo bem. Se você ficar e decidir destruir o cristal, além do

nosso clima, e da grande distância, você terá que enfrentar os aliados do Senhor do Mal, eles são muitos. Alguns estão em nosso meio, são os traidores, além dos seres que não são aliados de ninguém, você pode “não conseguir”. Mas, se você resolver não ficar e voltar para a sua terra, em pouco tempo Gandor irá ou mandará alguém buscar o cristal no seu mundo. Eu só o trouxe para cá a força por causa do inimigo, ele já havia mandado um lacaio pegar o cristal. E depois que o Senhor do Mal vencer aqui em nosso mundo, ele irá para o seu mundo, ele é ganancioso, e sabe que seu mundo existe, vai tentar conquistar de qualquer forma, arrumará uma maneira de seus poderes funcionarem lá e destruirá a todos.

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– Claro, isso pode demorar muito tempo, quem sabe você nem esteja mais vivo, mas ele vai fazer de qualquer jeito, mais cedo ou mais tarde.

– Já decidi. - disse Marco seriamente. - vou ficar e tentar destruir o cristal, de qualquer modo, as coisas não são boas, mas tenho que pelo menos tentar, embora eu tenha medo do que vou encontrar.

– Que ótimo! Estarei a seu lado, no que for preciso. - falou Valquir com um sorriso discreto.

– Vamos ver o que vai acontecer!- Mais uma coisa. Vou lhe contar sobre o que houve com seu

avô.- Nossa! - espantou-se o menino. - estou tão preocupado com o

cristal e comigo que esqueci de meu avô. O que você sabe sobre ele? Você o conheceu?

- Não. Não o conheci! Mas tenho um amigo que conheceu.- Diga logo! - falou desesperadamente. O coração disparando. -

o que houve com meu avô?– Calma, vou dizer. Segundo Vaduim meu amigo, ele foi

transportado à força para nosso mundo. Um traidor dos povos livres que tinha o poder necessário o trouxe. Mas logo o traidor foi morto! - disse com orgulho. - e não pôde voltar atrás de você.

– Seu avô foi preso nas masmorras dos Norchs, povo que sempre foi aliado de Gandor, eles vivem nas Montanhas, são inimigos mortais do Povo das Montanhas, suas masmorras são construídas nas montanhas. São horríveis, as piores cadeias que existem, os presos são torturados, passam pelos piores castigos,

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sofrem muito. Até hoje só um preso saiu dela, foi Vaduim, mas voltou sem um dos braços e com um olho cego. Ele e seu avô ficaram presos por um tempo juntos.

- Então meu avô está vivo? - interrompeu Marco ofegando.- Quando Vaduim conseguiu fugir, ele ainda estava vivo, mas

muito debilitado e fraco. Estava completo não lhe faltava um membro sequer, não acredito que ele ainda esteja vivo! Mas não há qualquer certeza disto. Eu acho que ele não aguentou as masmorras dos Norchs. Lá é terrível até para os seres mais fortes de nosso mundo!

- O quê? Morto! - disse tristemente Marco.- Olha, o corpo dele assim como o seu não foram feitos para

aguentar as agruras deste lugar. Mas ele pode sim estar vivo, isso é bem possível, Valduim disse que ele era uma pessoa especial e possuía um espírito muito forte. Mas saiba, não alimente grandes esperanças, seu avô pode estar morto. - concluiu Valquir simplesmente.

– Agora tenho que ir, já lhe falei tudo que sabia sobre seu avô! - Valquir sumiu pelo corredor.

Na reunião do conselho dos sábios, os mais céticos não acreditavam que Marco conseguiria destruir o cristal.

- É apenas um menino, e pior, não é deste mundo, não vai durar dois dias em nossas duras terras! - disse um sábio no ponto mais alto dos semicírculos.

– Creio que não saibamos ainda o quão pode ser forte esse

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menino. - falou Haltam com calma. - ou quanto seu corpo poderá aguentar nosso pesado clima. Ele não tem qualquer poder ou conhecimento da nossa terra. Acho que isso poderá ajudar mais do que atrapalhar. Kalteim fala enquanto Valquir chega pela grande porta.

- Marco pode não realizar essa grande tarefa, ou pior pode desistir da jornada! Temos que ficar preparados para qualquer situação!

- Não! - interrompeu Valquir- ele irá, decidiu isso ainda há pouco em minha presença, a não ser que ele tenha mudado de ideia, ele disse que fará a jornada!

- Será mesmo? Valquir? - perguntou Kalteim com ar duvidoso. - Teremos que deixá-lo pensar por mais tempo! - disse Fauke. -

essa resposta veio muito rápido, tudo será mais difícil pra ele do que para qualquer um de nós aqui presente!

– Por hoje a reunião acabou! - falou Haltam. - preciso que cada um de vocês volte para seus povos, e esperem por notícias minhas, mas antes de qualquer notícia, quero que vocês tentem arranjar soldados para a batalha, não escondam nada do que poderá acontecer a quem aceitar lutar. Tentem ir também a povos que não são nossos amigos e nem nossos inimigos, quem sabe eles queiram lutar conosco. Mandarei aves mensageiras com mais notícias.

Devagar todos foram saindo, alguns de cabeça baixa, outros com um olhar triste, eles tinham conversado muito, e chegaram à conclusão de que as chances de vencer a guerra eram menores do que imaginavam.

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Haltam e Valquir ficaram sozinhos.- Temo pelo pior Valquir, estão chegando notícias ruins de todos

os cantos, e sempre mais um povo está se aliando a Gandor, creio que mesmo com o cristal destruído, não venceremos!

- Calma amigo. Nem parece o Haltam que conheci, ou o mesmo Haltam que comandava esta reunião! Bem eu acredito que venceremos mesmo com o cristal nas mãos do Senhor do Mal, ele já foi derrotado antes, por que não agora? só porque ele tem mais seres seguindo-o?

- Eu queria ter essa grande esperança, Valquir, mas não vislumbro nada de bom para o futuro! De qualquer forma temos que tentar, não temos? Mesmo que ele esteja muito mais forte que antes! - ponderou o velho tristemente.

- É assim que se fala, velho amigo! - algo de estranho estava acontecendo com Haltam, pensou Valquir, ele nunca foi de ter poucas esperanças.

– Vou dormir, tenho que descansar, estou velho e preciso dormir, fiz muita coisa. - disse Haltam com a voz cansada e triste. Ambos se despediram e cada um foi para seu aposento.

Minutos depois Valquir deitou na cama e dormiu. Já Haltam, não dormiu tão rápido, a preocupação tomou conta de seu velho coração, não sabe como tudo poderá terminar, mesmo com toda a experiência de sua vida, ele não sabe se vencerão a guerra, se terão soldados suficientes. Ele pensou o pior, e imaginou como seria o mundo se Gandor vencesse: O mundo parecia muito ruim, sem as grandes matas, com povos escravizados, sentindo as agruras que só os escravos sentem, que mundo feio. Haltam sentiu pavor desse

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mundo horrível, cheio de dor. Virou para o lado e tentou dormir, não conseguiu. Dormiu horas mais tarde, depois de virar e rolar muito pela cama.

Marco ainda não viu um só palmo da Terra dos Dois Sóis,

quando acordara da primeira vez já estava escuro, não pôde ver nada pelas janelas redondas do seu quarto, deseja ver os lugares bonitos que Valquir falara. Ele não conseguia dormir, ficou praticamente a noite toda pensando no que vai fazer, se ia conseguir, e se seu avô estaria vivo. O sono não o pegou até quase amanhecer, assim que caiu no sono. Um sonho esquisito chegou. Marco estava numa floresta com árvores gigantescas, o chão cheio de folhas, novas e velhas. Marco estava sozinho, olhou para todos os lados e não enxergou nada além de grandes troncos enormes e ásperos. Repentinamente sentiu um frio na espinha, os cabelos da nuca levantaram. Os Dois Sóis deviam estar brilhando, Marco olhou mais uma vez para todos os lados, não viu ninguém, sentiu mais uma vez o frio na espinha, o coração disparou. Assim que anda um pouco para frente bate sua bota em uma pedra, quase caiu. Assim que voltou seu olhar para o horizonte viu varias fumaças com formas semi humanas, ele estremeceu. Elas possiam braços e mãos finas, pareciam feitas de ossos sem carne, uma cabeça, mas não possuíam pernas, o rosto não tem forma fixa, mudando de lugar os olhos a boca e o nariz como uma fumaça que não para quieta num mesmo lugar. O medo tomou conta de Marco, o menino correu, as fumaças voaram atrás dele, Marco gritou, não ouve qualquer som. Quando enfim uma das fumaças chegou perto, sua força vital diminui, ele

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caiu de frente para o monstro construído de fumaça cinza, a forma chegou mais perto, ficaram cara a cara, o monstro soltou um silvo horrível, que doeu no coração de Marco, o silvo e fez ficar mais fraco. Quanto mais tempo ficava de frente para o rosto do homem de fumaça, mais a felicidade do mundo parecia acabar e sua força diminuía. De repente Marco sentiu seu coração ficar duro, percebeu que estava sendo prensado, o frio aumentou. Marco colocou a mão no coração, não conseguia mais respirar, o coração tentava bater, não conseguia, algo estava o esmagando, ele sentiu que daquela hora não passaria, morreria. Tentou com muito esforço dar um último grito, não se ouviu qualquer som.

- Acorde! Acorde! - Gritou Valquir do lado da cama de Marco. De súbito Marco abriu os olhos, e soltou um grito de medo.- O que foi? - perguntou Valquir assustado. - você estava

sonhando com o quê?- Não sei! - respondeu ainda ofegante. O rosto mostrando horror.

- era estranho, em um lugar totalmente estranho, nunca vi um lugar como aquele antes. Era cheio de árvores gigantes, mas o pior foram as fumaças com forma quase humana.

- O que!? Fumaça com forma de homens? Tem certeza? - Sim tenho, eram várias, eu senti muito frio antes de elas

aparecerem, quando eu vi, senti medo, corri, elas voaram atrás de mim, eu caí quando uma delas chegou perto de mim!

-Você perdeu sua força, e seu coração parecia que estava sendo prensado?

- Isso mesmo! - E também parecia que a felicidade do mundo estava acabando?

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- Sim, isso mesmo, meu coração começou a parar e... - Já sei quem são, infelizmente sei. - Quem são ou o que são? – São “Rastreadores”.– Rastreadores!? – Sim! Eles são os reis inimigos de Gandor, quando foram

mortos na Segunda Grande Guerra, foram transformados em Rastreadores, feitos de fumaça cinza, como vingança por terem enfrentado o Senhor do Mal, seus espíritos foram presos e escravizados por Gandor, assim ficaram ligados a ele. São obrigados a caçar quem o Senhor do Mal desejar. Infelizmente eles não possuem outra escolha, são escravos e não podem fazer nada. São pobres escravos que odeia o que fazem. Eu temia por isso!

- Temia?- Se eles estavam em seu sonho, Gandor já sabe que está aqui. E

também os Rastreadores reapareceram, eles tinham desaparecido no dia que o Senhor do Povo das Montanhas tinha matado Gandor. Por isso achamos que ele tinha realmente morrido, se eles estão por aí, quer dizer que ele já recuperou bastante poder, ainda não pode ele mesmo sair do seu castelo, mas já pode controlar seus escravos! Isso quer dizer que estamos pior do que pensávamos.

- Como assim? - Achávamos que ele ainda não tinha tanto poder, isso explica o

número de novos povos o seguindo. São os Rastreadores que também deixam os reis com medo de aliarem-se a nós. Ninguém quer se tornar um Rastreador caso o Gandor vença a guerra. - Então temos que ir o mais rápido possível? - perguntou Marco

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apreensivo.- Infelizmente sim! Teremos que sair somente nós dois, não vai

dar tempo de reunir os outros que se dispuseram a ir junto conosco! - Valquir pareceu muito preocupado - Já é dia, vamos falar com Haltam, ele vai nos ajudar.

Marco viu Haltam sentado numa mesa muito comprida, no lugar dedicado ao comandante do Conselho, no canto ao fundo. A sala era mais clara que os outros cômodos e mais bonita também e cheirava a flores. Haltam estava de cabeça baixa, pensando.

- Marco sonhou com os Rastreadores Haltam! - gritou Valquir caminhando em direção a Haltam. Ele levantou lentamente a cabeça, ela parecia muito pesada.

- O quê? Rastreadores... Tão cedo? - disse calmamente o velho. Ele não pareceu muito preocupado com a novidade.

– Fale Marco do seu sonho! - pediu Valquir – diga todos os detalhes. Marco contou todo seu sonho, sem deixar de contar um só detalhe.

– Se os Rastreadores estavam no seu sonho, Gandor já sabe que o cristal está aqui. E logo virão atrás de você Marco. - disse Haltam com calma. - você já sabe o que irá fazer? Vai ficar e tentar destruir o cristal ou voltará para sua casa?

- Ontem mesmo decidi ficar! - respondeu decidido. - mesmo que este cristal seja a única lembrança de meu avô.

- Está bem Marco, temos que nos preparar, vou mandar hoje mesmo aves mensageiras para todos os Sábios. - disse Haltam se levantando.

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- Temos que sair hoje mesmo, Haltam! - exclamou Valquir. – Como eu temia, não vai dar tempo de reunir os outros, vocês

partirão hoje mesmo, à noite, pois na escuridão, os inimigos tem pior visão.

– E nós também temos pior visão!- ponderou Valquir.- Valquir, você conhece quase toda nossa terra, sabe todos os

caminhos, os mais utilizados e os menos, também está acostumado à andar a noite, afinal você é ou não é do povo Nômade?

- Sim, sou. - Valquir olhou para Marco - tomaremos os piores caminhos, os melhores com certeza estão sendo vigiados. Vai ser muito difícil para você Marco!

- Eu aceitei, não aceitei, terei que aguentar! - Sim. - disse Haltam. - mas antes de você partir tenho que lhe

dizer uma última coisa, Valquir já sabe o que é, e isso pode fazer você desistir da jornada.

Uma sombra de medo tomou conta de Marco. - O que é Haltam? - perguntou o menino apreensivo.- Você vai ter que tomar uma poção, e essa poção vai fazer todos

que te conheceram, ou te amam. - Haltam parou por dois segundos. - Vai fazer com que eles esqueçam de sua existência!

- Como assim, eles vão esquecer de mim? - perguntou com medo o menino.

- Sim! Assim que você tomar a poção, você e tudo que lembre você diretamente será apagado da mente daqueles que te conheceram. Se você quiser realmente fazer a jornada vai ter que tomar essa poção!

– Por quê? - perguntou Marco. Temendo que seus pais não

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saibam mais que tiveram um filho.- É simples a resposta. - disse Haltam com calmamente. - caso

você não sobreviva, ou sua jornada demore mais que o previsto, é melhor que seus pais não se preocupem com você, pois você está desaparecido no seu mundo. Se você morrer aqui, eles irão te procurar no seu mundo, mas será uma busca vã. Ficarão preocupados e sofrerão muito, sem qualquer notícia do seu paradeiro, seus amigos também sentirão sua falta. Isso não é bom para eles e nem para você. Caso você consiga destruir o cristal e voltar, nós lhe daremos outra poção, eles voltarão a lembrar de você como se nada tivesse acontecido.

- Minha família e meus amigos vão esquecer de mim - disse pesadamente com medo do que poderia acontecer.

- Isso mesmo Marco, menos seu avô ele foi transportado para cá, acho que assim é melhor.

– Haltam está certo, pois não é bom que eles sofram por sua falta não é? - concluiu Valquir. Marco pensou por alguns minutos, depois disse.

- Acho que vocês estão certos, mas mesmo assim, eu não me sinto bem com isso, estou apagando a minha existência da mente das pessoas que amo.

– Você ainda pode desistir! - ponderou Haltam com um sorriso - pode voltar para a sua casa e amigos, como se nada tivesse acontecido. Lembre-se de que a escolha é só sua. E as suas lembranças continuarão intactas.

– Eu fico! - disse Marco decidido.- Está bem! - Haltam sorriu satisfeito. - vou preparar a poção.

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Valquir leve-o para aquela sala especial, quero que ele veja sua família mais uma vez.

- Que sala é esta? - Aqui é a Sala das Visões! - respondeu Valquir olhando por toda

a sala.- Como assim? Visões! - Você está vendo aquela bola enorme ali no meio, não está?- Sim estou, ela emite um brilho estranho, quase ilumina a sala

toda, mas aqui é meio sombrio.- Por essa grande esfera você pode ver muitas coisas, eu lhe

trouxe aqui para você ver mais uma vez a sua família, chegue perto dela e olhe. Lembre-se pense em sua família.

Demorou um pouco para ele enxergar sua família, a bola ficou escura, depois branca e por último transparente, primeiro viu sua mãe, linda como sempre, cabelos negros lisos e pele branca, estava em casa. No sofá, preocupada, parecia querer chorar, visivelmente triste, depois seu pai chegou, forte, alto como um deus de ébano, vindo da cozinha, trouxe um copo de água para a esposa, abraçou a mulher e também visivelmente triste, pegou uma mochila com muita força, então Marco percebeu que aquela mochila era dele, e entendeu que estavam preocupados com ele, sofriam porque ele tinha desaparecido.

– Onde pode estar nosso filho? - perguntou a mãe, com a voz empastada. Uma gota de lágrima cai por seu lindo rosto - primeiro meu pai e agora nosso filho! O que pode ter acontecido com ele?

- Não sei minha querida! - disse o pai tristemente. - não posso

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imaginar. - Espero que não seja o pior! - agora foi dos olhos do pai que a

lágrima caiu.- Por que eles estão preocupados comigo? - perguntou Marco.- Lembre-se de que eu o trouxe à força, e você desmaiou,

dormiu por quatro dias no nosso mundo. No seu mundo ficou um dia sumido.

- Então eles já estão preocupados comigo? - Sim, eles te amam. - É melhor eles me esquecerem, pelo menos por enquanto não é? - Eu creio que sim. Dessa forma eles não irão sofrer! Mas você

precisa ter certeza do que quer!– Quando a tal poção fica pronta? - Haltam é muito bom com isso, logo ele chegara e vai lhe dar a

poção. - Espero que seja logo, não estou aguentando vê-los desse jeito,

sinto vontade de chorar junto deles. - Chorar é bom, já chorei muito em minha vida. disse Valquir,

dando um pequeno sorriso.Haltam chegou. - Está aqui a poção. - disse ele. - tem certeza que vai fazer a

viagem? Você precisa saber exatamente o que quer! - Sim! Eu sei o que quero, e desejo ajudá-los.Haltam entrega o frasco de formato semi triangular, com um

líquido verde esfumaçante, não estava quente e sim gelado. Antes de beber o conteúdo do frasco Marco deu mais uma olhada para seus pais, e bebeu tudo de uma única vez. Doeu nos dentes o líquido

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extremamente gelado. Em nosso mundo, devagar, fotos onde Marco aparecia, a sua

imagem foi desaparecendo como se ele nunca estivesse lá, sua mochila desapareceu das mãos do seu pai, todas as suas lembranças foram sumindo, como se ele nunca tivesse nascido. Tudo que mencionava ou mostrava Marco desapareceu, pessoas que lembravam ou o conheciam não sabem que um dia ele existiu.

Em alguns segundos os pais dele levantaram assustados, não sabiam por que seus olhos estava cheios de lágrimas, ou porque não estavam no trabalho naquela hora do dia. Cada um foi para um lado, desapareceram.

Marco sentiu dores, o corpo todo doía. Uma lagrima saiu dos olhos dele.

- Você está bem? - perguntou Haltam.- Sim estou! - mentiu Marco. - como essa poção funciona em

meu mundo? - desconversou.- Nós temos algum poder em seu mundo. - disse Haltam - não é

muito, mas da pra fazer algumas coisas, já Gandor ainda não sabe como usar seus poderes em seu mundo, se ele pegar o cristal, vai acabar descobrindo uma forma de usar os seus poderes maléficos. Dê mais uma olhada em sua família, logo você terá que ir.

Marco olhou mais uma vez pela enorme bola transparente, muitas lágrimas saíram de seus olhos. Virou as costas e saiu da sala a passos duros.

Haltam ficou na sala, com o olhar pesado e triste, ele sabia que o menino teve que fazer algo difícil, não é fácil fazer sua própria família esquecer de você.

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- Espero ter feito a coisa certa! - pensou ele – mas eu não enxergo outra solução, os pais deles sofreriam muito e ele também. Se Marco não voltar pelo menos eles não sofrerão com isso.

- As coisas foram rápidas demais, o menino veio, não sabe quase nada sobre esta terra e já teve que sair para um destino que pode ser o pior para ele. Não deveríamos ter esperado tanto – pensou o sábio alisando sua grande barba. - O erro foi meu, porque esperei tanto! Gostaria que tudo desse certo para esse menino.

- Temos que nos preparar! - informou Valquir. - vou arrumar nossa bagagem, não vai ser muita coisa, mas vai ser o suficiente para chegarmos até nosso aliado mais próximo, eles vão nos ajudar.

- Quanto tempo levaremos para chegar nesse lugar? – Serão muitos dias de viagem, vários quilômetros de

distância. Acho que não teremos problemas. Seguiremos o mais rápido que pudermos. Bem vou arrumar tudo, terei que fazer uma mochila para você. Deixe tudo comigo, vá para seu quarto. Haltam irá conversar com você mais um pouco.

*

Haltam contou muito mais sobre Gandor e seu mundo. O sábio pediu para Marco dizer que era da terra de além do

Oceano Verde, seu nome é estranho por essas bandas e ninguém sabe quase nada sobre os povos do outro lado do oceano, será melhor assim, já que Marco não sabe nada sobre a Terra dos Dois

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Sóis. Se caso fizesse algo errado seria perdoado por não conhecer todos os costumes deste lado terra, ele poderia usar seu próprio nome, e que ele só revelasse seu verdadeiro lugar para aliados, mas nem todos eles. E também lhe deu uma espada, de cor prata, de brilho opaco, ela seria útil caso fossem atacados, essa pequena espada foi muito utilizada por Haltam em suas viagens, e agora estará em boas mãos. Embora essas mãos não saibam manejar direito uma espada e nem tenham entrado em qualquer batalha antes.

Capitulo II

Começando a jornada

Já estava noite, os dois estavam enfim preparados. Marco estava excitado, como seria este mundo, tinha que ser legal, como nos filmes e series que tanto assistia. Haltam se despediu, ambos colocaram seus capuzes e saíram pela grande porta da frente, depois de alguns passos deram uma última olhada para traz. Marco viu uma

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imensa construção na escuridão, enorme, imponente, mas ela era fria a até certo ponto triste, ele ficou hipnotizado pelo castelo, jamais virá um lugar assim, a não ser em filmes e fotos. Ele olhou para o céu e não enxergou qualquer lua, mas estava claro como se fosse lua cheia.

Vamos Marco! - Valquir chamou.Ele se virou, em minutos passaram pelo grande campo de grama

rasteira e entraram na Floresta Parda que ficava em frente ao castelo.

- Marco, aqui é a Floresta Parda. - informou Valquir. - ela recebe esse nome porque os troncos de muitas árvores possuem essa cor, infelizmente agora só enxergamos troncos negros por causa da noite.

- Que enormes troncos, não são arvores, são muito maiores que as árvores que eu já vi! - Marco estava pasmo olhando os enormes troncos e para cima. Ao mesmo tempo curioso e com medo.

– Sim, essas árvores são realmente grandes, as maiores que conheço e muito antigas, datam da Primeira Era. Segundo estudos dos sábios, elas já viram e ouviram muitas coisas boas e ruins em suas longas vidas. Temos que ir, não é bom ficarmos parados aqui, os seres que residem na floresta podem querer nos conhecer, e isso pode ser muito ruim! A floresta era quieta, com cheiro de folhas mortas, não havia vegetação rasteira, um lugar agradável, não era quente nem frio. - um ótimo lugar para se fazer um acampamento. - pensou Marco. Embora ele nunca tenha feito um acampamento na vida.

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Os dois andaram por várias horas sem parar ou beber água, sempre pelos lugares mais difíceis, por onde tinham mais pedras e pelas encostas mais íngremes, desviando de grandes raízes. Não escutaram qualquer ruido ou sussurro. Andavam com muito cuidado e com medo, eles poderiam ser capturados pelo inimigo e tudo estaria perdido. Marco não reclamava de nada, embora estivesse sofrendo dores nos pés de tanto caminhar, não estava acostumado a andar grandes distâncias. Curitiba é cheia de bons ônibus, que vão para toda a cidade, ele não precisava andar muito para chegar aonde desejava. Marco sentia medo do novo lugar, da nova situação, achou em alguns momentos que tinha sido precipitado em sua escolha, pensou em desistir, mas não desistiu, a curiosidade e a vontade de ter uma aventura eram maiores que seu medo, pelo menos por enquanto. Valquir parecia não perceber que Marco não estava bem, o medo do inimigo o fazia olhar tudo, menos seu jovem companheiro de outro mundo, estava tão preocupado em não ser visto que não via Marco sofrer ao lado dele. Até que Marco parou, Valquir olhou para trás e perguntou. - Parou por quê?

- Nada não! - mentiu. Na verdade os pés dele estavam doendo tanto que ele teve que parar. - vamos voltar a caminhar!

Valquir sentiu a voz do menino cansada, resolveu parar por ali mesmo, saíram do lugar onde estavam, andaram uns duzentos metros ao longe, e sentaram, comeram um pouco, mas não trocaram uma só palavra. Valquir colocou dois pedaços de couro amarronzados no chão, era um tipo de saco de dormir, entraram

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neles. Em seguida Marco dormiu rapidamente por causa do cansaço.Valquir não dormiu tão rápido, ficara acordado pensando nos

possíveis inimigos no caminho. Teria que salvar a si mesmo e ao menino, seu companheiro. Pensava se conseguiria acompanhá-lo, ou se teria que mudar seu caminho pela necessidade e deixá-lo com outro aliado. Pensou por muito tempo e depois dormiu um sono atribulado.

Antes do dia quente da Terra dos Dois Sóis nascer, Valquir acordou Marco, com um sinal, pediu para ele ficar quieto.

- Tem alguma coisa na floresta! - disse ele. A coisa fazia muito barulho, parecia ser bem grande, escutou-se galhos sendo quebrados. Valquir tirou sua linda espada negra da cintura, e saiu lentamente e em silêncio.

Marco ficou sozinho, com medo, o ser fazia um barulho forte e também rugia, e tudo isso dava mais medo, seu coração disparou, e ele começou a tremer. A criatura não parecia ser boa, rugindo e quebrando coisas. Pelo barulho parecia ser enorme, um gigante no meio da floresta. Marco pegou sua pequena espada tremendo e olhando para todo os lados apreensivo. “Ele não sabia manuseá- la, imagine eu ou você leitor com uma espada, nós até saberíamos segurá-la mas utilizá-la em batalha não claro. A não ser que o leitor pratique esgrima ou qualquer coisa com espadas”.

O rugido se tornou mais alto e pareceu ir em direção de Marco, - A coisa está vindo em minha direção - pensou. Marco respirou mais rápido, o coração quase saindo do peito, suas pernas amoleceram. Ele olhou para todos os lados, não viu nada, apenas escutou mais altos os rugidos, galhos sendo quebrados e o chão tremendo com os

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passos, o ser estava mais perto. - e se o monstro chegar aqui? O que farei? - pensou.

O barulho aumentou, chegou mais perto, os batimentos do coração de marco também aumentaram, parecia que seu coração iria sair pulando por seu peito frágil. Um cheiro de podre invadiu o nariz dele, Marco quase vomitou. As árvores de perto começaram a se mexer e o barulho de galhos quebrando aumentaram. Marco começou a tremer como vara verde, olhou para os lados, procurou em todos os cantos desesperadamente, depois de alguns segundos que pareceram anos viu um pouco ao longe uma raiz enorme que saia do chão fazendo uma pequena toca. Marco não sabia se caberia no buraco, mesmo assim foi até ele. No mesmo momento que quase estava dentro do buraco, entrando de cabeça para frente para ver de quem era o barulho e o cheiro. Um monstro apareceu, meio desengonçado e enorme, fedia a podre, parecia ter uma casca verde apodrecida por todo o corpo gordo e barrigudo, sua cabeça era muito pequena e tinha dois chifres enormes e nas mãos um tipo de porrete gigante. Marco travou, não conseguia respirar de tanto medo, o coração batia tão rápido que ele não sabia se morreria por isso. Pensou se seria pego. A criatura tentava cheirar pelo lugar, foi até muito perto da raiz onde Marco estava. Marco travou mais ainda, as mãos dele tremiam, seus olhos arderam por causa do mal cheiro, sentiu ânsia. O imenso porrete foi abaixado na frente dele, caiu como uma pedra furando o chão jogando terra na cara de Marco, e o cegando por alguns segundos que pareceram horas intermináveis. Depois de finalmente conseguir abrir os olhos ardendo os fechou por conta própria e pensou que sua hora tinha chegado, e que fora uma

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péssima decisão ter aceitado destruir o cristal.- Onde fui me meter! – disse para si mesmo tremendo e olhando

os pés feios com unhas horríveis do monstro . Passado algum tempo o monstro não saia, e ainda tentava cheirar

por todo os lados, Marco podia ouvir as fungadas do ser. De repente o porrete saiu do chão, o monstro se virou e sentou na enorme raiz, ela envergou um pouco esmagando Marco, que não pode respirar direito e nem se mexer. Enquanto estava sendo esmagado pensou que não tinha sido uma boa ideia ter se enfiado ali.

Ele estava bem no meio da pernas fedidas do monstro, esmagado, nem gritar podia, não respirava o bastante para isso, nem tinha coragem para tal. Podia ver a frente por entre as horríveis pernas. O porrete caiu no chão, fazendo mais uma vez um buraco. Marco viu sua vida passar como um filme por seus olhos, e viu que não tinha feito nada memorável, viu sua mãe e seu pai, se sentiu muito triste, sabia que eles não sabiam quem mais ele era. Viu naquele filme o velho avô, sentiu mais tristeza ainda.

De repente o porrete caiu inteiro no chão a criatura o deixou cair, isso o fez sair do filme de sua vida, e ele viu onde o porrete era pego, estava amassado pelas mãos enormes. O monstro pareceu ficar furioso, deu um urro forte, tentou pegar o porrete ainda sentado. Suas mãos gigantes não o alcançaram, ele pareceu ficar mais furioso ainda, deu mais um urro ensurdecedor, e esmagou mais um pouco Marco, o menino não conseguia mais respirar, estava muito apertado. De repente o monstro levantou-se, Marco pode respirar, puxou o ar tão depressa que chegou a pensar que tinha feito barulho. O bicho abaixou-se, Marco viu os seus grandes chifres, e rezou para

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que ele não se abaixa-se mais nem um milimetro pois o veria. Nisso ele ouviu uns gritos ao longe, o monstro imediatamente pegou o porrete e saiu de perto foi em direção aos gritos, quebrando galhos enormes das árvores. Então Valquir reapareceu correndo por entre as árvores. Marco não lembrava um outro momento que sentiu tanta felicidade na vida.

– Vamos logo! - gritou Valquir sem folego. - pegue tudo o que puder e corra atrás de mim, não somos páreo para esse ser. - Marco voltou a si rapidamente. Saiu do buraco o mais rápido que o medo faz uma pessoa correr. Pegou o que pode e saiu correndo.

Algumas coisas ficaram lá mesmo, outras eles conseguiram levar, por sorte o que ficou não tinha muita utilidade. Marco tentou fazer perguntas enquanto corriam.

- O que foi aquilo, Valquir? Era muito grande.- Era enorme com certeza! - respondeu ofegante.- O que era? - Vamos continuar correndo, depois eu falo que ser era, quando

já estivermos longe dele! Continuaram a correr, os Sóis nasceram, eles correram sem

parar até Valquir sentir que o perigo estava a uma certa distância.Ainda ofegantes pelo cansaço da corrida por meio das árvores e

pedras espalhadas pelo chão da floresta, eles pararam. Valquir olhou com preocupação para todos os lados, tentou escutar alguma coisa, deu uma última respirada forte, voltou a respirar normalmente. Marco estava muito cansado, sua traqueia ardia, não estava acostumado a correr, e aquilo foi muito pra ele. Marco sentou numa pedra qualquer, respirou rapidamente por alguns minutos, engolia o

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ar como se ele não quisesse entrar, tentou respirar mais devagar, não conseguiu, sentiu uma pequena tontura, mas não caiu. Marco pensou que morreria.

Depois de alguns minutos sua respiração ficou normal.- O que era aquilo? - perguntou.- Era um Troll de Chifre. - Um Troll? - perguntou boquiaberto.- Sim, mas não sei o que ele estava fazendo aqui, isso não é

bom! - Como assim? - Trolls não são desta região do mundo, ainda mais um Troll de

Chifre. Como ele veio parar aqui eu não sei, mas isso não é nada bom.

- Então estamos correndo muito perigo? - Na verdade não!- Então por que corremos tanto? - indignou-se.- Trolls são criaturas más por natureza, matam e comem homens

e outros seres sem piedade. Se ele nos visse, estaríamos mortos, não são inteligentes, mas são fortes. Eles também não servem ao Senhor do Mal, não servem a ninguém a não ser a si mesmos.

– Ele não segue a Gandor, e isso já é ótimo, por esse perigo nós não passamos. Mas se ele nos visse, estaríamos em uma panela neste momento. Trolls são de muito longe daqui, ficam nas Florestas do Fim. Trolls de Chifre não saem de seu lugar por motivo nenhum. Alguma coisa está errada, o que pode ter acontecido onde este Troll vivia, para ele sair e vir para tão longe? - perguntou Valquir para si mesmo.

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- Isso não é nada bom! - continuou. - vamos deixar de conversa, temos que continuar nossa viagem. Devagar os dois voltaram a caminhar. Depois de alguns minutos Marco sentiu o ar pesado, quente e abafado, e o cheiro de folhas mortas tinha ficado pior. Parecia que a floresta não queria eles ali.

- Nossa que calor! - exclamou Marco passando a mão no rosto para retirar um pouco de suor.

- É a floresta, ela não está gostando de nossa presença, as árvores sabem que você carrega algo muito poderoso e mau. A floresta é muito sabia. E tem o nosso clima Marco, os nossos Sóis são bem quentes nessa época também. - concluiu.

Agora Marco viu que a maioria das árvores existentes tinham casca de cor cinza, elas tinham folhas bonitas, não muito verdes com um tom amarelado de formatos comuns. Os dois andaram por horas, Marco a essa altura já sentia fome, afinal não fez um desjejum, sua barriga roncava de fome.

-Valquir, eu estou com fome! - disse Marco.-Nossa, estou tão preocupado com problemas que esqueci disso,

vamos parar ali e comer um pouco. Sentaram em algumas pedras.Marco percebeu que os pães eram diferentes, tinham o formato

chato para caber mais unidades dentro das mochilas, muito gostosos, davam gosto de força, aqueles pães possuiam sabor doce, mas não era de açúcar, algo muito melhor, melhor que mel inclusive. Com apenas uma unidade, ele ficou satisfeito.

Então voltaram a caminhar, caminharam por muitos quilômetros, dormiram, acordaram, comeram,voltaram a caminham,

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O Cristal - A Queda do Símbolo livro 1 - Uriel dos Santos Souza

comeram mais uma vez, andaram, comeram, e dormiram. Quilômetros e quilômetros dessa forma, estavam com sorte, não encontraram nenhum inimigo, apenas alguns animais pequenos e estranhos para Marco. Valquir falou sobre cada um deles, todos eram amigos, embora nem todos fossem bonitos. Viajaram por vários dias, a Floresta Parda nunca acabava, mais e mais árvores todos os dias. E claro Marco não gostava nada, nada disso.

-Valquir! Quando essa floresta vai acabar? - Calma, menino, logo, logo, tivemos que pegar o caminho mais

complicado e longo, por isso a demora para sairmos daqui, se tivéssemos ido pelo caminho normal, em um dia e uma noite não veríamos mais a Floresta. Mas estaríamos nas mãos dos inimigos. Estaremos fora da floresta em um dia e uma noite. Espero não termos nenhum problema, eu não gostaria de encontrar nenhum inimigo.- concluiu.

– Nem eu, nem eu. - complementou Marco.

Depois de dormirem, e voltarem a caminhar por mais algumas horas, finalmente saíram da Floresta Parda. Marco viu o mundo em sua frente, esfregou os olhos, tudo estava muito claro, enxergou uma enorme quantidade de terra, montanhas ao longe, serras, algumas com pequenas florestas, outras apenas com vegetação rasteira, tudo era muito grande e lindo.

Marco se assustou ao ver tudo aquilo, nunca na vida dele tinha visto um lugar tão vasto. Quando olhou para cima, finalmente viu os Sóis, os dois eram maiores que o nosso sol, os dois brilhavam um ao lado do outro, grandes estrelas bonitas.

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- Não olhe muito para os Sóis Marco, eles podem cegá-lo. - informou Valquir sorrindo. - eu também me assusto ao ver tudo isso. - complementou. - realmente toda essa terra é muito grande e vasta. Você está vendo aquelas montanhas lá ao longe?

- Sim estou! – Teremos que passar por elas, onde temos que ir é muito mais

longe. - Marco engoliu em seco. - Não sei se vou aguentar andar tanto! - disse tristemente.

- Você não vai precisar andar por todo o caminho, uma parte faremos com barcos ou balsas, pelo rio. Mas todo o caminho vai ser muito longo.

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