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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - UFRN
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES – CCHLA.
DEPARTAMENTO DE GESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS - DPP
CURSO DE GESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS – GPP
JOÃO PAULO TEIXEIRA VIANA
NATAL, RN
2014
O GTDN, IMPRESSÕES E CONTRIBUIÇOES: “A LUZ DO
NORDESTE”. POR CELSO FURTADO
JOÃO PAULO TEIXEIRA VIANA
O GTDN, IMPRESSÕES E CONTRIBUIÇOES: “A LUZ DO NORDESTE”. POR
CELSO FURTADO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à
Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
em cumprimento às exigências legais, como
requisito parcial à obtenção do título de Bacharel
em Gestão de Políticas Públicas.
Orientador: Frederico de Oliveira Henriques.
NATAL, RN
2014
JOÃO PAULO TEIXEIRA VIANA
O GTDN, IMPRESSÕES E CONTRIBUIÇOES: “A LUZ DO NORDESTE”. POR
CELSO FURTADO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, em cumprimento às exigências legais, como requisito parcial à obtenção do título de
Bacharel em Gestão de Políticas Públicas.
APROVADA EM: ____/____/2014.
BANCA EXAMINADORA
________________________________________________________________ Profº. Mestre. Frederico de Oliveira Henriques – Orientador
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN
_________________________________________________________________ Profº. Mestre. – Anderson Cristopher dos Santos
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN
NATAL, RN
2014
Dedico este trabalho a duas grandes mulheres da minha
vida, minha avó Antônia que já se encontra ao lado do
senhor Deus e minha guerreira e grande mãe Dorinha, pois sem vocês não seria possível chegar até aqui.
AGRADECIMENTOS
Neste momento de grandeza para minha realização pessoal gostaria de agradecer a todas as
pessoas que colaboram para consecução deste Curso.
O primeiro e maior agradecimento a Deus que sendo Pai Celestial sempre esteve ao nosso
lado, guiando-nos pelos caminhos que nos levam a conquista deste objetivo.
Agradeço aos meus pais, Canindé Viana e Dorinha Viana, bem como minha irmã Ana Paula
Viana que me ajudaram a chegar até aqui.
Agradeço aos meus familiares que pacientemente souberam abrir mão de momentos ao meu
lado, para ver-me crescer pessoal e profissionalmente, conscientes de que o verdadeiro
crescimento é aquele que guardamos internamente para utilizar em todos os momentos de
nossa vida.
Meu agradecimento ao corpo docente e demais funcionários envolvidos no Curso de
Bacharelado em Gestão de Políticas Públicas, que ao longo de minha jornada acadêmica
contribuiu para meu crescimento profissional.
Agradeço ao meu orientador acadêmico Frederico, conhecido como Fred pela grande
paciência e conhecimento que me possibilitou a cada orientação o qual me fazia enxergar
além do que imaginava. Meu muito obrigado.
Agradeço aos professores Robério que me fez conhecer o grande economista Celso Furtado e
a Anderson que me possibilitou estudar várias de suas grandes obras, dentro delas o relatório
do GTDN.
Agradeço também, aos amigos que me incentivou para realização deste Curso, em especial
aos meus primos; Analice Viana e Paulo Henrique Viana. A Mônica Raquel, Iêda Pinto. E
aos meus excelentíssimos colegas Katyene Magalli, Kayck Danny, Juliete Benardino,
Itaciara e Leonardo Leite.
Agradeço aos meus dois grandes amigos que fiz no curso, Jeam Claude e Nathalia de Fátima
em que sempre esteve ao meu lado nos momentos problemáticos e gloriosos ao longo do
curso, no qual levarei para sempre suas amizades dentro do meu coração.
Enfim, meu agradecimento a todas as pessoas que de alguma forma contribuíram para essa
minha nova conquista.
“O desenvolvimento, na realidade, diz respeito às
metas da vida. Desenvolver para criar um mundo
melhor, que responda às aspirações do homem e
amplie os horizontes de expectativas. Só há
desenvolvimento quando o homem se desenvolve”.
Celso Furtado
RESUMO
O presente trabalho aborda o tema GTDN, Impressões e Contribuições: “A Luz do Nordeste”.
Por Celso Furtado. No qual analisa a problemática nordestina na década de 50 e seus
respectivos fatores que contribuíram para a criação do relatório “Uma Política para o
Desenvolvimento do Nordeste” cunhado pelo o GTDN (Grupo de Trabalho para o
Desenvolvimento do Nordeste). O objetivo deste estudo é explicar e expor como o documento
do GTDN contribuiu para da visibilidade ao Nordeste perante o governo federal. O caminho
metodológico seguiu a revisão documental em que utilizou o relatório supracitado como
principal fonte, bem como pesquisa bibliográfica de vários autores como; Furtado, Bacelar,
Bielschowsky e Cano. Para chegar aos resultados foi preciso analisar o Brasil e o Nordeste na
década de 1950, bem como as principais teorias econômicas que se desenvolviam na época o
Liberalismo e Desenvolvimentismo e aprofundar detalhadamente o documento do GTDN,
mostrando que as obras de Furtado lançadas anteriormente ao relatório serviram de grande
referencial teórico para a construção do documento e que contribuiu não só para uma maior
atenção do governo ao Nordeste, mas serviram de base para estudos, debates, políticas e
programas futuros.
Palavras-Chave: GTDN. Documento. Desenvolvimento. Nordeste.
ABSTRACT
This paper addresses the issue GTDN, Impressions and Contributions, "The Light of the
Northeast." By Celso Furtado. In which he analyzes the northeastern problematic in the 50s
and their respective factors that contributed to the creation of the report "A Policy for the
Development of the Northeast" coined by the GTDN (Working Group for the Development of
the Northeast). The aim of this study is to explain and expose how the document GTDN
contributed to the visibility of the Northeast before the federal government. The
methodological approach followed the desk review that used the above as the main source
report and literature by various authors as; Furtado, Bacelar, Bielschowsky and Cano. To
arrive at the results it was necessary to analyze the Brazil and the Northeast in the 1950s and
the main economic theories that were developed at that time Liberalism and
Developmentalism and further detail the document GTDN, showing the works of Furtado
released prior to report served as a major theoretical framework for the construction of the
document and not only contributed to greater government attention to the Northeast, but
formed the basis of studies, debates, policies and future programs.
Keywords: GTDN. Document. Development. Northeast.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
BNDE Banco Nacional para o Desenvolvimento do Nordeste
BNB Banco do Nordeste Brasileiro
CEPAL Comissão Econômica para a America Latina
CVSF Comissão do Vale São Francisco
FMI Fundo Monetário Internacional
GTDN Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento do Nordeste
SUDENE Superintendência para o Desenvolvimento do Nordeste
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...............................................................................................................................12
1 A REALIDADE BRASILEIRA E NORDESTINA NA DÉCADA DE 50 ..................................16
1.1 O Brasil na Década de 1950: Principais Acontecimentos Políticos e Econômicos ...................16
1.2 A Região Problema Brasileira: A Questão Regional Nordestina .............................................18
2 TEORIAS DE DESENVOLVIMENTO DE 30 A 64: UMA INTRODUÇÃO AS TEORIAS DE
DESENVOLVIMENTO .................................................................................................................22
2.1 Teoria do Liberalismo ...........................................................................................................22
2.2 Teóricos do Liberalismo: Eugênio Gudin ...............................................................................23
2.3 Críticas ao Liberalismo de Gudin ...........................................................................................26
2.4 A Teoria Desenvolvimentista.................................................................................................28
2.5 O Desenvolvimentista do Setor Privado: Roberto Simonsen...................................................28
2.6 Desenvolvimentistas do Setor Público: O Não Nacionalismo de Roberto Campos ..................31
2.7 Desenvolvimentistas do Setor Público: O Nacionalista Celso Furtado ....................................33
2.8 Críticas a Corrente Desenvolvimentista .................................................................................36
3 UMA INTRODUÇÃO AO RELATÓRIO DO GTDN ................................................................37
3.1 Conhecendo o Relatório “Uma Política para o Desenvolvimento do Nordeste” ......................38
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................55
REFERÊNCIAS ..............................................................................................................................59
12
INTRODUÇÃO
O presente trabalho trás o seguinte tema: O GTDN, Impressões e Contribuições: “A
Luz do Nordeste”. Por Celso Furtado. Onde teremos por intuito de explicar em uma forma
cronológica como se deu o processo de criação do relatório “Uma Política para o
Desenvolvimento do Nordeste” e como o mesmo contribuiu como a “luz” que traduzindo,
seria a esperança que o Nordeste necessitava e também a importância do Economista Celso
Furtado para este debate e sua construção teórica.
O trabalho se volta para uma analise nos anos 50 onde debate sobre o
desenvolvimentismo, igualmente como no século XIX, ganha novamente um grande destaque
no âmbito econômico e político nos países subdesenvolvidos, e neste caso o Brasil passa por
um processo de substituição de importações, advindas da adoção do sistema capitalista.
Dentro desse contexto há também um processo de transformações sociais e políticas, além do
desenvolvimento pautado na industrialização. Esse processo de transformações futuras no
Brasil não foi de forma total, no que era centrado em determinadas regiões que ocasionou
consequências e grandes disparidades regionais em que a região Nordeste foi a mais afetada
pela a desatenção do governo federal e se intensificou com clima severo em que produziu uma
de suas maiores secas na região.
Havia assim a necessidade de algo que impulsionasse o governo a dar mais atenção e
direcionamento de políticas e investimentos para o Nordeste e é nesse meio de desesperança
que surge a base inicial que possibilita não só uma nova ótica para a região supracitada, mas
uma pulsão de novos debates e possibilidades em desenvolver a região Nordeste.
A partir disto surge à problemática de como o GDTN contribuiu para tornar visível a
questão Nordestina no âmbito do governo federal, pois até então não se existia nada de
concreto do governo central sobre as problemáticas que afligiam a Região Nordeste.
A criação do relatório do GTDN surgiu por conta dos debates e divulgação das
estatísticas concernentes ao desempenho econômico das regiões no país no qual o Nordeste
apresentava índices de desigualdades relativamente altas, com isso o GTDN veio para
examinar a questão das crescentes desigualdades inter-regionais e traçar as linhas mestras de
seu equacionamento.
Desse modo tem-se como pergunta de pesquisa “Como o GTDN, pensou o
desenvolvimento do Nordeste no âmbito do governo federal?”.
As questões norteadoras, que possam responder a problema sobre a influência do
GDTN, em prover a discussões acerca da questão nordestina, tem-se sua explicação no
13
contexto da década de 50, com as transformações econômicas, da passagem do neoclássico
para uma nova corrente o desenvolvimentismo.
Os questionamentos levantados que possam responder a problemática dá-se primeiro
pelo o fato de que o Nordeste na década de 1950 passou por uma de suas maiores secas da
história e isso influenciou a população nordestina a reivindicar melhores condições e políticas
públicas econômicas e sócias para sua região, já que a seca gerava como consequência,
pobreza, fome, desemprego e migração das populações do interior para as grandes capitais,
bem como para a região sudeste que provocou outros problemas.
Em segundo, era notório o quanto o Governo Federal na década de 50 tinha por
objetivo de desenvolver o Brasil a partir da industrialização e essas ideias eram influenciadas
pelo pensamento desenvolvimentista que tinha a indústria como a melhor opção de
crescimento econômico.
A terceira hipótese é que existiam nesta década grandes debates acerca das
desigualdades sociais na América Latina e em especial no Brasil como ocorrido no século
XIX, onde começaram a questionar e buscar respostas que respondessem o atraso brasileiro,
bem como a questão nordestina, e a partir desses debates surge um diagnóstico que propõe
soluções para sair do subdesenvolvimento que se encontrava.
A última hipótese é a influência teórica da CEPAL e respectivamente de Raúl
Prebisch, em que serviu de grande base para o pensamento de Celso Furtado, no qual
participava como membro, assim como observamos anteriormente nesta década havia grandes
debates sobre essas questões sociais e dentro destas organizações de pensamentos tinha a
CEPAL o principal órgão de discussão sobre o subdesenvolvimento e desigualdade na
América Latina, sua influência foi de grande importância para quase todos os governos dos
países Latino-Americanos e o Brasil era um destes que absorvia desses pensamentos. Dentro
dessa questão o economista Celso Furtado era o principal teórico quando se fala no
subdesenvolvimento e por conta de sua importância neste tema o mesmo foi chamado para
coordenar o GTDN.
Nosso objetivo central é analisar as contribuições que o relatório do GTDN e como o
mesmo foi a “luz” que o Nordeste necessitava com relação a uma maior atenção perante o
governo federal da época, como também as ações posteriores a publicação do documento e
por fim exemplificar a grande importância que esse documento teve para os debates após sua
publicação. Para chegar a essas conclusões temos como objetivos específicos analisar a
década de 50 o Brasil e o Nordeste, estudar as principais teorias econômicas que se
14
desenvolvia na época e a partir dessa cronologia como se deu a construção do documento
supracitado e a analise deste relatório que serve como a principal base teórica desse estudo.
A justificativa por opção desta temática diz respeito principalmente as desigualdades
sociais que sempre foi um grande problema do Brasil, além do que, falar sobre desigualdade
regional é pensar na região Nordeste, no qual este problema é presente até os dias atuais,
embora que gradualmente em determinados pontos vem apresentando certas melhorias em
relação ao desemprego e a renda familiar.
No entanto para chegar à discussão acerca deste problema, foi preciso a criação de um
relatório, que serviu de base para discutir a promoção de como promover o desenvolvimento
em uma região com tantos problemas sociais. Outro fator admirável para a escolha, é que este
documento foi criado por pressão de grupos da sociedade que esperavam soluções para a
região Nordeste e participação desses atores sociais, foi de grande importância para a sua
construção.
A questão sobre desenvolvimento regional do Nordeste é um objeto bastante discutido
e comentado em trabalhos acadêmicos, estas produções normalmente não tem o enforque na
raiz teórica que promoveu essa discussão, pois falar em desenvolvimento do Nordeste é falar
na importância do grande economista Celso Furtado que coordenou a criação do relatório do
GTDN, tendo sua ascendência teórica Cepalina, com enforque na desigualdade da América
Latina e que serviu para a teorização do documento “Uma Política de Desenvolvimento
Econômico Para o Nordeste” – o GTDN.
Além disso, este estudo mostrará que falar em desenvolvimento do Nordeste, deve-se
creditar o relatório do GTDN, para o provimento dessas discussões, além disso, este estudo
terá um diferencial, uma vez que irá adentrar no relatório e não apenas irá citar a sigla
“GTDN”, como é decorrente em diversos assuntos acadêmicos sobre esta temática, dando a
devida importância a este documento para o debate sobre como promover o desenvolvimento
do Nordeste.
Em suma é mostrar o qual atual o tema sobre desenvolvimento regional do Nordeste é
presente, principalmente em anos eleitorais e ao ler este trabalho poderá constatar o quanto o
passado gerou consequências positivas e negativas e como um simples relatório serviu de base
para a promoção de políticas e programas para o Nordeste, ou seja, pensar em uma construção
de uma hidrelétrica, programas de renda em apoio a seca e a pobreza e investimentos maciços
do governo federal para os nordestinos é pensar no relatório do GTDN, pois sem dúvidas foi à
luz que o Nordeste precisava em outras palavras “a esperança” de uma região com sinônimos
de desenvolvimento futuro.
15
A presente pesquisa tem como metodologia a ser utilizada a pesquisa documental que
segundo Ludke e André (1986: 18) constitui uma técnica importante na pesquisa qualitativa,
seja complementando informações obtidas por outras técnicas, seja desvelando aspectos
novos de um tema ou problema.
Metodologia do trabalho acadêmico trata-se de um estudo sobre um tema específico
ou particular, com suficiente valor representativo e que obedece a rigorosa metodologia.
Investiga determinado assunto não só em profundidade, mas também em todos os seus
ângulos e aspectos, dependendo dos fins a que se destinam. (LAKATOS 2007:220).
A pesquisa documental que terá como principal base o relatório “Uma Política Para o
Desenvolvimento do Nordeste”, mas conhecido como o relatório do GTDN. A pesquisa será
desenvolvida por meio de analise da literatura, focando nas áreas sobre o Brasil e o Nordeste
na década de 1950, as principais teorias de desenvolvimento e bem como a analise documento
do relatório do GTDN.
Por fim, o presente trabalho estar dividido em três capítulos cronológicos e que faça
compreender a problemática em questão, bem como responder as hipóteses levantadas.
No primeiro capítulo descreve a realidade brasileira na década de 1950, com visão nos
âmbitos políticos, econômicos e sociais. E respectivamente o Nordeste, onde se dá enforque
principalmente na questão socioeconômico mostrando os principais fatores que contribuíram
para a questão nordestina e que foi de grande importância para a construção do GTDN.
No segundo capítulo, apresentasse as principais teorias econômicas que se
desenvolviam entre 1930 a 1964, com foco especial nos anos 50, dentro dessas teorias
verificasse a corrente liberal e sua principal oposição e que traduz o pensamento econômico
deste trabalho a corrente nacional desenvolvimentista, bem como suas principais facções.
No terceiro capítulo aborda os fatores que contribuíram para a criação do relatório do
GTDN, desde uma breve introdução, até o documento em sua totalidade, além de evidenciar a
importância da obra de Celso Furtado e outros autores que após sua publicação iniciou novos
reflexões e construções com embasamento no documento “Uma Política para o
Desenvolvimento do Nordeste”.
16
1 A REALIDADE BRASILEIRA E NORDESTINA NA DÉCADA DE 50
1.1 O Brasil na Década de 1950: Principais Acontecimentos Políticos e Econômicos
A década de 50 para o Brasil foi marcada por várias transformações de cunho político,
econômico e social, também conhecido como anos dourados, neste período o sistema
capitalista começa a se instaurar de verdade na realidade brasileira e isso faz com que o Brasil
comece a introduzir novos rumos para sua economia e na política começa a se adequar aos
anseios daquela época e principalmente a influência do mercado exterior e seguir os moldes
internacionais.
Em 1950, os governos de Getúlio Vargas e de Juscelino Kubitschek, os quais, em linhas gerais, fomentaram o processo de industrialização nacional pela substituição
de importações iniciado por Vargas e pela abertura do capital externo por Juscelino
Kubitscheck para um planejamento estratégico em favor da construção de uma
infraestrutura como rodovias, hidroelétricas, aeroportos e pela promoção da
indústria de base e de produção de bens de capitais, fundamentais para produção
nacional. Um dos símbolos maiores deste processo de modernização foi à
construção de Brasília, nova capital do país inaugurada anos depois no início dos
anos 60. (RIBEIRO, 2010, p. 2).
Sendo assim, vemos que no âmbito político o Brasil começa a entrar em um processo
de industrialização que seria uma das formas de desenvolver o país, porém este
“desenvolvimento” não era totalizado, só era beneficiado apenas as regiões Centro-Sul,
começando assim a agravar-se os problemas regionais brasileiros.
De acordo com Cano (1998, p. 61)
Os problemas regionais brasileiros, como se sabe, só afloram com maior densidade à
discursão política no final da década de 1950, por duas razões marcantes: o flagelo
das secas nordestinas em 1958-59 e pela elevada concentração dos investimentos
produtivos industriais em São Paulo, notadamente no transcurso do período de 1956-
61 (Plano de Metas).
Na área econômica a década de 50 também passou por metamorfoses, antes se tinha
um Brasil agroexportador, onde o café era seu principal produto econômico. A base inicial
para o Brasil industrial e que levaria o país ao tão sonhado desenvolvimento, começou no
governo de Vargas com as primeiras companhias industriais no Brasil e se intensificou no
governo JK, que além de colocar em seu Plano de Metas a industrialização como forma de
desenvolvimento, também iniciava as práticas capitalistas com força no Brasil, como a
abertura econômica para o capital estrangeiro e principalmente empréstimos externos para
impulsionar a indústria no Brasil e posteriormente a construção da capital do país Brasília.
17
Outros planos econômicos na época foram o Plano Salte no governo Dutra (1946-
1951), Plano Lafer com Vargas, e como já mencionado o Plano de Metas de
Kubitscheck, todos priorizando os setores de transporte e energia (os dois últimos
planos também a indústria de base) como molas indutoras do desenvolvimento
econômico. Assim percebe-se que não faltou planejamento estatal para que os anos 50 fossem de grande progresso, como de fato foram. (BRASIL, 2005).
De acordo com artigo publicado pelo grupo de pesquisa da Câmara dos deputados
(2005, p. 1).
Igualmente empenhado na superação das deficiências de infraestrutura que
entravavam o desenvolvimento, JK põe em marcha uma quantidade de obras nunca
antes vista. São abertos 20 mil quilômetros de estradas, fundados estaleiros,
iniciadas as obras de novas usinas hidrelétricas (Furnas, Três Marias), construídos
armazéns e silos, indústrias de mecânica pesada, de cimento, etc. O crescimento das
indústrias de base, fundamentais ao processo de industrialização, é de praticamente
100% durante o seu governo. Mas ainda mais espetacular é a expansão da indústria
de bens de consumo duráveis. Abrindo a economia para o capital estrangeiro, JK
atrai o investimento de grandes empresas multinacionais. E, não sem recorrer a empréstimos externos e constantes emissões de papel-moeda, constrói Brasília, obra
que vem consolidar a integração territorial do Brasil e interiorizar o
desenvolvimento.
Conforme aponta Cano (1998, p. 68)
Como resultado da intensa industrialização, o centro de gravidade da economia se desloca do setor agrário para o setor industrial. Porém, a partir do final da década
surgem com o modelo econômico adotado por JK dois fantasmas que estorvariam a
economia brasileira por anos a fio: dívida externa e inflações altas.
Outra questão que devemos salientar é que o crescente desenvolvimento da indústria
brasileira provocou o aumento da população como em nenhuma outra década do século 20, a
população brasileira desenvolveu tanto quanto no período 1950-1960, “um crescimento em
torno de 35%, com o número de pessoas saltando de 52 para 70 milhões. Tal como na década
de 40, a população urbana cresceu bem mais que a rural (59% contra 13%), passando de 36%
para 44% do total”. (BIBLIOTECA DO IBGE, 2011, p. 34). Esse aumento é explicado em
grande parte pela atração exercida pela crescente industrialização das capitais do Sul e
Sudeste, causando um forte êxodo rural, principalmente das migrações da população do Norte
e Nordeste para o Sudeste em busca das oportunidades que surgiam e como também para a
região Central do Brasil, com a construção de Brasília que necessitava de mão-de-obra.
Em suma, em âmbito nacional o Brasil passou por grandes transformações,
principalmente de cunho político e econômico, onde não só começou seu grande processo de
desenvolvimento, mas também provocou à entrada do país no sistema capitalista, algo já
tardio em relação às demais nações do mundo e consequentemente surge um dos problemas
18
que começa a afligir o Brasil a questão regional, em particular a região Nordestina foi o
principal foco dessas conseqüências já iniciada no âmbito nacional, denominado por alguns
autores como a “Região Problema do Brasil”.
1.2 A Região Problema Brasileira: A Questão Regional Nordestina
Desde a colonização do Brasil o Nordeste era uma região de grande importância
econômica, a partir das primeiras formas de grande povoamento como as capitanias
hereditárias até o ciclo da cana de açúcar, mas conforme as décadas se passavam a região que
antes tinha grande importância econômica, passou a serem denominados pelo governo,
pesquisadores e a própria população de uma grande região de extrema desigualdade, um lugar
em que os indicadores apontavam como uma dos locais de maior pobreza no mundo,
chegando a ser chamada com frequência por diversos autores como a região problema
brasileira.
A Região Nordestina foi de grande importância para o Brasil no qual tinham
capitanias ricas e de grande importância na época, uma região que foi altamente explorada
economicamente, vemos assim que nos primórdios a região Nordeste teve sua importância
central para o Brasil, séculos depois, a região teve um grande valor para a formação
econômica do Brasil.
Gaspar (2008, p. 2)
Com a chegada dos primeiros colonizadores, o Nordeste foi à primeira região do
País a ser ocupada pelos portugueses, assim como sua costa foi também a primeira
área a ser explorada. Os interesses de Portugal, no sentido de explorar os recursos naturais brasileiros, fizeram com que o território fosse dividido, então, em capitanias
e sesmarias. O povoamento se iniciou no século XVI, com a colonização do litoral e
as "entradas" e migrações pastoris para os sertões. A riqueza e a abundância dos
recursos naturais da colônia atraíram, ainda, piratas e aventureiros de outros países
da Europa, tais como franceses, holandeses e ingleses.
Questionar um País como de grandes disparidades regionais é pensar no Brasil como
exemplo clássico de desenvolvimento desigual, assim o termo “questão regional”, diz respeito
a um crescimento de um determinado país que se desenvolve de forma concentrada em apenas
uma ou duas regiões, neste caso região Sul e Sudeste. Além disso, esse tipo de
desenvolvimento não é “totalizado” e essa palavra se intensifica, quando se analisa o Brasil
como um país continental e que essa concentração traria posteriormente consequências e
grandes disparidades entre as regiões.
De acordo com Silva (2010, p. 1) sobre a questão regional Nordestina
19
Após o declínio da cana-de-açúcar, o Nordeste acabou perdendo o posto de região
concentradora de poder e riquezas, mas os engenhos de cana acabaram deixando um
legado de práticas políticas que resistem até os dias atuais, com a imposição de
interesses de famílias tradicionais e grupos ligados ao agronegócio, envolvendo a
concentração de terras e de riquezas.
Poderíamos narrar a história da região Nordeste ao longo das décadas, porém teremos
o intuito de focar na década de 1950, em âmbito econômico, social e político.
Com relação à política Nordestina, umas das coisas que ficou marcado na região entre
décadas e décadas que passavam foram às oligarquias do Nordeste, onde não mudavam quase
nada e as práticas clientelistas se firmavam cada vez mais, e este tipo de sistema político, era
nada mais que trocas políticas, não só no âmbito do nordeste, mas era patrocinada pelo o
governo, que no lugar de investir na região, investiam nas oligarquias.
A década de 1950 pode ser considerada como uma das épocas mais difíceis para a
Região do Nordeste Brasileiro, neste local se assolava altas taxas de desigualdades sociais, a
pobreza, a fome, marcados por duas grandes secas – as de 1952 e 1958 - o descaso por parte
do poder público era evidente, mesmo que a região detinha um terço da população do país,
ainda era algo desnecessário na visão do governo federal que não destinava nenhuma política
de cunho econômico e assistencial para a região.
“A Região Nordeste vive uma crise tão profunda que sua continuidade comprometerá
a maior parte da sociedade nordestina. Mas da metade da população é miserável, faminta,
desempregada, subempregada e analfabeta”. (ROCHA, 1995, p. 54).
Um dos principais fatores que contribuiu para o agravamento da pobreza na região
Nordeste, precisamente no semiárido onde a seca ganhou proporções e passou a ser um fator
combatido pelo o setor público.
“Há muito se reconhece que as secas periódicas que castigam a zona semiárida do
Nordeste assumem dimensões de calamidade pública devido à situação de pobreza em que
vive a maior parte dos seus habitantes” (BRASIL, 1967, p. 67). Ou seja, não era acabar com a
seca, pois a mesma acontece por fatores climáticos e cíclicos, mas era saber lhe dar com essa
problemática que juntamente com o descaso do poder público afligia a população da região.
Tendo em vista os níveis alarmantes de incidência de pobreza na região Nordeste do
Brasil, é justificável que se busque a redução mais acelerada da pobreza nesta região, o que
necessariamente resultará em redução da desigualdade regional. (ROCHA, 1995, p. 33).
Contudo este descaso partiu do governo central que passou a direcionar seus
investimentos para a região Centro-Sul do Brasil, onde se tornava a região de maior
importância econômica do Brasil e o Nordeste ao contrário empobrecia a cada dia que se
20
passava. Neste tempo, nenhuma política de grande impacto positivo para esta região era
destinado, era como se fosse uma região contaminada no território brasileiro, para o governo
federal nesta época só existia uma região econômica, cultural e social o Centro-Sul.
Havia assim, uma concentração industrial, iniciada na década de 40, mas intensificada
com o plano de metas do governo de Juscelino Kubitscheck, no qual se concentrava
principalmente na região sudeste e com isso era uma das melhores formas de
desenvolvimento do país, mas que isso não era praticado na região nordeste, pois todos os
investimentos internos e externos eram direcionados para essas regiões mencionadas acima,
mas não foi só o direcionamento dos investimentos na indústria que motivaram esse descaso,
mas bem antes disso a região Centro-Sul se reestruturava em termos do agronegócio e
pecuária, onde o Nordeste tinha essa prática econômica de muito tempo e começou a perder
investimentos e atenção por parte do governo federal.
Segundo o relatório do GTDN (BRASIL, 2009, p. 157)
O Estado brasileiro vinha tendo um forte e papel dinamizador da estrutura produtiva
na região mais rica do país. Desde os anos 30, no Centro-Sul, o Estado brasileiro por
suas ações contribuía intensamente para fazer com que a indústria substituísse o
setor exportador cafeeiro como promotor principal do crescimento econômico
daquela região. No Nordeste o setor público não exercia tal função.
Até então não se tinha nada sendo feito por parte do governo federal para amenizar os
problemas que se agravavam cada vez mais na região Nordeste, não era esperado uma solução
que abolisse com a pobreza, que pelo menos pudesse propor algo que principiasse debates
sobre o que o Nordeste ocorria naquele período.
Este panorama sobre a questão nordestina passou a mudar conforme a sociedade
reivindicava soluções para este grande problema, que assolava ainda mais com a grande seca
que se ocorria no fim da década de 1950. As oligarquias que eram politicamente fortes
começaram a enfrentar o governo federal, pois os mesmo vinham perdendo poder econômico
no qual eram donos de grandes propriedades de terras e a seca que castigava a região, também
ocasionava para eles a perda de produção, vale ressaltar que participavam dessas
reivindicações os mais liberais, pois os conservadores tinham laços de trocas de favores com o
poder central.
Conforme atenta o Caderno do Nordeste (VÁRIOS, 2000, p. 1)
Em meio a um clima de desesperança, a própria sociedade nordestina, liderada por
alguns setores de participação mais ativa na vida regional, a exemplo da Igreja, dos
sindicatos e de algumas facções políticas menos conservadoras, mobilizou-se,
conquistou a opinião pública e pressionou o Governo Federal no sentido de adotar
medidas mais firmes em benefício do Nordeste. A situação era de calamidade e a
21
Região em nada refletia a política de industrialização adotada pelo Governo e que já
apresentava impactos positivos na economia do Centro-Sul do País.
A partir dos anseios da população nordestina, o presidente Juscelino Kubistchek,
manda criar em 1957 o relatório do GTDN. Com isto um grupo de pesquisadores coordenado
pelo economista Celso Furtado cunha um documento onde tinha as funções de diagnosticar e
planejar políticas de desenvolvimento da Região Nordeste, mas isso só foi possível com a
participação da sociedade nordestina, pois sem eles seria difícil, o governo federal nesta época
tinha sua atenção destinada para a região Centro-Sul do Brasil.
Segundo o Diretor de Desenvolvimento Econômico e funcionário da Sudene
(VÁRIOS, 2000, p. 2)
Desde 1968, José Antônio Gonçalves, o Governo Federal, pressionado pela
sociedade civil e consciente de que as raízes dos problemas nordestinos não residiam
apenas na questão hídrica, criou, em 1957, o Grupo de Trabalho para o
Desenvolvimento do Nordeste (GTDN), entidade ligada diretamente à Presidência
da República. Responsável pela elaboração de um plano de trabalho em favor da
Região, o GTDN realizou um minucioso levantamento das questões regionais,
estudo esse apresentado ao então presidente Juscelino Kubitschek em julho de 1959.
A criação do relatório do GTDN surgiu por conta dos debates e divulgação das
estatísticas concernentes ao desempenho econômico das regiões do país no qual o Nordeste
apresentava índices de desigualdades relativamente muito altas, com isso o GTDN veio para
examinar a questão das crescentes desigualdades inter-regionais e traçar as linhas mestras de
seu equacionamento.
Em suma, observa-se que a região problema brasileira, surgiu de uma escolha feita
pelo o governo naquela época, optaram por um desenvolvimento concentrado, sem pensar nas
consequências que gerariam dentro o país. Além disso, a opção de desenvolvimento era na
verdade uma exclusão regional nordestina que para o poder central não iria atrair
investimentos e com isso não seria possível desenvolver a indústria na região. Porém, vale
ressaltar que essa opção em desenvolver o país concentradamente não foi ao acaso, teve
outras influências no que cabe analisar e interpretá-las para entender como se deu o processo
de atenção do governo para o Nordeste.
Para isso faz necessário ater-se a questionamentos sobre as teorias de desenvolvimento
e as escolhas que foram feitas em décadas anteriores que paulatinamente mais tarde gerou
consequências regionais, para isso cabe analisá-las.
22
2 TEORIAS DE DESENVOLVIMENTO DE 30 A 64: UMA
INTRODUÇÃO AS TEORIAS DE DESENVOLVIMENTO
Entre as décadas de 1930 a 1964 foram marcados por diversos discursos entre
pesquisadores, sobre a economia política global, o qual tinha por objetivo, diferente visões
sobre de que forma desenvolver um país ou um continente. Dentre tantas teorias, duas foram
as mais usadas, criticadas e debatidas por diversos autores, sendo elas a famosa teoria do
liberalismo e a outra corrente chamada de desenvolvimentismo que surge a partir da década
de 30 e tem seu ápice nos anos 50.
Este capítulo demonstrará as principais teorias de desenvolvimento, o liberalismo e o
desenvolvimentismo, bem como, seus principais teóricos: Eugênio Gudin (liberalismo) como
também, Roberto Simonsen e Celso Furtado (Desenvolvimentistas), que se tornaram
reconhecidos por seus ideais e por defender a adoção de suas teorias como melhor opção para
desenvolver uma nação.
2.1 Teoria do Liberalismo
O Liberalismo é uma corrente filosófica e principalmente político-econômica, que tem
como preceito a liberdade econômica, a pouca intervenção do Estado e a regulação da
economia a partir do mercado. Sobre a corrente Neoliberal, “Define-se por contrastes com os
desenvolvimentistas e compreende os economistas que defendiam a prioridade da livre
movimentação das forças de mercado como meio para atingir a eficiência econômica”.
(BIELSCHOWSKY, 2004, p. 33).
Entre o século XIX até a década de 30, a principal teoria de desenvolvimento era a
corrente Liberal, entretanto os teóricos liberais brasileiros passam a obter essa titulação de
neoliberal por introduzir novos víeis em relação ao pensamento “cru” do liberalismo, surgindo
assim o Neoliberalismo. Uma das formulações principais dessa corrente foi que começou a
aceitar a intervenção do estado, mas não em relação à economia e sim em prover estruturas
necessárias como rodovias, portos e entre outros.
Como relata Bielschowsky (2004, p. 37)
Os economistas neoliberais preocupavam-se, primordialmente, em defender o
sistema de mercado, fórmula básica de eficiência econômica. Eram, portanto
primordialmente liberais. O prefixo “neo” tem um significado muito preciso:
representa o fato de que os liberais brasileiros, em sua maioria, passavam a admitir,
na nova realidade pós-1930, a necessidade de alguma intervenção estatal saneadora
23
de imperfeições de mercado, que, segundo reconheciam, afetavam econômicas
subdesenvolvidas como a brasileira.
De acordo com Bielshowsky o Neoliberalismo brasileiro apresentava algumas
características, a primeira seria a participação em partidos políticos, pois era crucial para por
em prática os preceitos neoliberais, além de afirmar a ideia de intervenção mínima do estado.
A segunda característica era que os teóricos tupiniquins eram a favor de políticas monetárias,
que para eles era a melhor forma de regulação, mas que evitavam os efeitos econômicos nos
níveis de emprego e renda. E por fim eles eram contra as medidas de industrialização, como
forma de desenvolvimento, pois para esses teóricos essa forma de progresso ficaria por conta
do mercado exterior que iriam regular e por em prática a industrialização de forma privada e
não estatal.
Outra característica que é válido ressaltar é que todos os teóricos neoliberais
brasileiros eram a favor que o estado exercesse a política exterior, como acordos entre países
e trocas comerciais e que dentro do estado intervisse o mínimo possível, pois alegavam que o
a culpa do subdesenvolvimento brasileiro era do Estado. O capítulo que se segue tratará dos
pensadores que difundiam essas ideias, e de que forma seus postulados tratavam essa corrente
neoliberal.
2.2 Teóricos do Liberalismo: Eugênio Gudin
Eugênio Gudin Filho foi um importante economista, considerado o grande pensador
teórico do neoliberalismo brasileiro, ele desenvolveu diversos postulados sobre essa corrente.
O mesmo tinha o conservadorismo do liberal como base em seus estudos, mas o que
diferenciava era a forma que ele adequava suas teorias que ao mesmo tempo era neoliberal,
mas que se enquadrava na realidade brasileira. Seus textos são considerados de fácil
entendimento o que levou ele ser sempre consultado quando o assunto era questões de
economia política brasileira. “Gudin foi um típico economista neoliberal, levado a
reinterpretar os grandes enunciados das teorias liberais à luz da problemática econômica
revelada pela depressão cíclica do período entre duas grandes guerras”. (BIELSCHOWSKY,
2004, p. 40).
“Uma de suas principais influência foi o pensamento de Viner e Haberler (...) que
tinha como pensamento a reavaliação e sustentação do principio clássico da divisão
internacional do trabalho”. (BIELSCHOWSKY, 2004, p. 41). Com essa influência foi
possível Gudin repensar a forma de livre-cambismo que é o contrário adotado pelo os
24
desenvolvimentistas com o protecionismo, além disso, o “cambismo” foi destinado para
países desenvolvidos o que acarretaria consequência em alocar essas ideias em países
subdesenvolvidos como o Brasil, mas Gudin com base nos preceitos do livre-cambismo
tentando adequar esse seguimento para a realidade brasileira.
Bielschowsky (2004, p. 41)
Dificilmente outro economista liberal de países atrasados terá feito, em plena década
de 40, um esforço tão consistente como o de Gudin para readaptar os postulados
clássicos as economias subdesenvolvidas, ou “reflexas”, se quisemos empregar o
termo cunhado pelo o próprio autor em 1940.
A certa complexidade em rotular Eugênio Gudin, por, mas que o mesmo tivesse sua
base teórica o conservadorismo liberal, ele adaptou as ideias que em primeira instância se
destinava a países desenvolvidos para a realidade econômica de países subdesenvolvidos,
surgindo assim, um neoliberalismo adaptado às características brasileiras, fazendo de Gudin
um pensador ao mesmo tempo em que era conservador, ele não se considerava um teórico,
pois sempre buscava entender os eventos que aconteciam ao seu redor e tentava
problematizar, como por exemplo, a inflação, a alta dos preços e entre outros
questionamentos. “Gudim sempre fazia seus postulados recheado de referências que
sustentassem seu pensamento”. (BIELSCHOWSKY, 2004, p. 42). Com isso era possível fazer
seus estudos de forma ampla que pudessem ao mesmo tempo ter a base liberal e contrapor os
pensamentos opostos aos seus, para condizer suas afirmações.
Afirma Bielschowsky (2004, p. 41) sobre a hipótese central de Gudin
A hipótese central de sua argumentação, como se verá, é da existência d pleno
emprego na economia brasileira. Era este um ponto indispensável à consistência de
suas formulações. Tinha Gudin plena consciência disto – e total convicção da
existência do pleno emprego.
Como pode ser visto na citação acima, Gudim afirmava que no Brasil existia nesta
época o pleno emprego, algo bastante controverso, pois estamos tratando de um país
subdesenvolvido, além disso, “quando essa afirmação de “pleno emprego” fosse negativa era
chamada de “hiperemprego” e com relação ao termo desemprego este era frequentemente
usado pela corrente desenvolvimentista”. (BIELSCHOWSKY, 2004).
Conforme já citado nesse estudo, Gudin embora um liberal convicto, e era atento aos
seus princípios. “Preocupavam-no as deficiências de seus princípios, que ele procurava
relativizar visando a sua preservação”. (BIELSCHOWSKY, 2004, p. 43).
Bielschowsky (2004, p. 43), com relação às deficiências de seus princípios
25
Ou seja, seu raciocínio econômico, por um lado, assentava-se sobre o principio
clássico de que a economia capitalista tende a um equilíbrio de máxima eficiência
sempre eu os mecanismos de mercado podem funcionar livremente; por outro,
qualificava extensamente esse postulado central da visão liberal à luz das evidencias
históricas e dos avanços da teoria econômica.
Com relação à intervenção do estado, Gudin era enfático em declarar que o mesmo
intervisse na econômica o mínimo possível, pois para ele era o estado culpado de toda a
deficiência do país, ainda afirmava que em questões de estruturas, como estradas, rodovias,
portos, e empresas públicas o estado deveria prover, mas o setor privado que iria regular e
comandar.
Para Bielschowsky (2004, p. 43)
Não só aceitava alguma intervenção do Estado para corrigir as deficiências de
funcionamento do sistema econômicas em períodos de depressão (...) defendia,
porém o principio da mínima intervenção estatal e a ideia de que, nas épocas de
prosperidade, a presença do Estado na economia deve ser evitada ao máximo,
porque contrabalança a tendência à eficiência alocativa dos mecanismos do
mercado.
Eugênio Gudin, também era a favor do FMI (Fundo Monetário Internacional), no qual
esse órgão emprestava dinheiro e consultoria em troca do país adotar as medidas que o FMI
impusesse essas medidas era com embasamento na corrente utilitária, fator esse que Gudim
era de acordo com seus ideais, mas Gudin não concordava com o órgão num ponto básico de
seu receituário de políticas monetárias, ou seja, na proposição de que se deve buscar
equilíbrio simultâneo no balanço de pagamentos e no sistema de preços interno.
(BIELSCHOWSKY, 2004).
Voltado para o fator econômico, Gudim, tinha uma visão de que a eliminação da
inflação conduz ao equilíbrio externo (...) ele também argumentava haver uma tendência
inexorável ao equilíbrio externo, por serem interdependentes os valores de exportações e
importações. (BIELSCHOWSKY, 2004).
Segundo o autor, o mecanismo equilibrador ideal seria a política de câmbio
administrado, porque o sistema de câmbio flutuante atrai especulações, gerando instabilidade. Considerava também que, salvo em situações de inflação permanente
e em casos especiais como guerra e depressões, existe uma taxa cambial adequada,
em que as autoridades monetárias fazem simplesmente o papel que teoricamente,
coubera ao mecanismo espontâneo acionado pelo mercado monetário no tempo do
padrão-ouro. (BIELSCHOWSKY, 2004, p. 45).
Por fim, o estudo sobre o pensador neoliberal brasileiro Eugênio Gudin, analisa seu
pensamento econômico enquanto um país subdesenvolvido como já exposto, o mesmo sempre
tentou unir os princípios liberais com a realidade de um país emergente, surgindo assim o
neoliberalismo. Ele sempre salientava essas questões desde em seus postulados, como em
26
conferencias e fóruns nacionais e internacionais. Seus estudos tinham o enforque em buscar
novos parâmetros, trazendo exemplos dos países desenvolvidos e adaptando a realidade
brasileira. (BIELSCHOWSKY, 2004).
Segundo Gudin (1952: 53, apud BIELSCHOWSKY, 2004, p. 54)
O que há a estudar são as características da economia dos países subdesenvolvidos,
não só em conjunto, como cada um separadamente, especialmente em relação à
natureza da procura e da oferta de seus produtos de comércio internacional e
respectivas elasticidades – preço e renda, aos efeitos reflexos vindo do exterior, a
seu comportamento cíclico etc. e – mais do que tudo – aos meios de promover a
formação de capital e a melhoria de sua produtividade – de agrícola e industrial.
Em suma, observa-se que na área do subdesenvolvimento, Gudin sempre foi um
buscador de parâmetros para poder aplicar suas teorias, de forma adaptada, colocando os
princípios neoliberais com certas transformações para se adequar a realidade do
subdesenvolvimento brasileiro.
2.3 Críticas ao Liberalismo de Gudin
Para toda teoria há suas críticas e o neoliberalismo não passa desse contexto, essa
corrente mesmo que apresentasse uma boa filosofia escrita e tentasse afirmar que seus
pensamentos fossem a melhor opção, também passa por esses julgamentos. Seus principais
opositores são os pertencentes à corrente desenvolvimentista e boa parte das criticas vem
quase sempre de comparações entre essas duas vertentes.
A partir de um questionamento básico dos neoliberais, que é a mínima intervenção
estatal na economia, como já apontado anteriormente, para eles o Estado era o mal da nação,
porém se levar em conta que deixando o mercado regular à econômica de uma nação, cujo
principio é da universalidade, onde todos têm direitos e deveres, esse pensamento de
regulação neoliberal, seriam apenas para uma pequena parcela da população, onde detém a
maior parte das riquezas nacionais e estaria infligindo assim, os princípios de um Estado
“igualitário”, gerando posteriormente graves desigualdades sociais. Porém, nesta parte, não
cabe criticar somente a corrente neoliberal, mas o pensador conservador do neoliberalismo
brasileiro Eugênio Gudin, que embora apresentasse uma clareza em seus postulados, algumas
de suas objeções vão contra a realidade que ele tentava traduzir.
De acordo com Borges (2000, p. 104)
Gudin forjou sua concepção de capitalismo temperada em várias atividades. Foi
professor de economia, engenheiro, homem de empresa e ocupou vários cargos
27
públicos. Todas essas etapas, é claro, influíram na sua visão de mundo, deixada por
todos os lugares pelos os quais passou.
Gudin é de origem de negociantes franceses, além de sua formação a principio como
engenheiro, ele foi empresário, chegando posteriormente ao estudo sistemático da ciência
econômica. E em seguida destinou seus estudos para as praticas voltada à econômica. O
principal diferencial deste autor, era adaptação que fazia das teorias de países desenvolvidos
para a realidade dos subdesenvolvidos. Gudin tinha em mente fazer do Brasil uma nova
Inglaterra, com relação ao capitalismo que ele intitulava naturalista. Borges (2000).
Borges (2000, p. 106)
Em todos os debates travados por Gudin, a Inglaterra fazia-se presente como o
baluarte e glorificação do capitalismo naturalista; e o Brasil tinha assegurado seu
lugar junto a ela como exportador. É a eternização desse quadro que inspira Gudin e
o que foge a esse modelo merece a sua reprovação.
Com relação as suas teorias, Borges (2000), afirmar que embora ele expressasse sua
postura ideológica neoliberal, Gudin apresenta certas desconexões em seus postulados como a
existência do pleno emprego e isso era totalmente errado, pois o Brasil já apresentava nesta
época, altas taxas de desigualdades sociais e o que havia era o “hiperemprego” denominado
por Gudin, como baixa produtividade e era isso que os desenvolvimentistas criticava,
enquanto o autor afirmava a existência do pleno emprego, a outra corrente surgia com um
novo termo o “desemprego” que era consequência dessas praticas neoliberais.
Borges (2000, p. 110).
Por seus adversários, foi visto como retrógado ligado a uma postura conservadora, defensor dos interesses alienígenas. Tal oposição se deu com
Roberto Simonsen, com Celso Furtado e com os desenvolvimentistas em
geral, unindo, do centro à esquerda, críticos a sua postura neoliberal. Com a mesma veemência com que lutou contra as ideias de Roberto Simonsen,
esgrimiu com Celso Furtado, protestando contra o discurso econômico que
procurava uma explicação própria para o nosso atraso em relação aos polos hegemônicos do capitalismo mundial.
Continua Borges (2000, p. 111)
Por outro lado, ganhou fervorosos adeptos que, mesmo nos dias de hoje, lembram a
sua figura como um farol que orienta a defesa do capitalismo; esses adeptos tanto
podem ser os seus contemporâneos e seguidores da Fundação Getúlio Vargas, como
representantes do neoliberalismo de uma maneira geral. Roberto Campos cita-o
como o exemplo maior da coerência da defesa do sistema. E mais, considera-o o grande vencedor, em longo prazo, na disputa economia de mercado x planejamento.
Contudo, uma das observações que devem ser feitas a Eugênio Gudin, era que ele não
amolecia perante as dificuldades que seus pensamentos encontravam-se, ao contrário, o autor
28
usava embasava-se de referenciais como o marxismo, a CEPAL e principalmente seus
opositores centrais, os desenvolvimentistas, colocando assim, seus postulados neoliberais e
arremeter contra os discursos econômicos contrários, como o capitalismo natural que seria a
econômica naturalista de mercado.
2.4 A Teoria Desenvolvimentista
O desenvolvimentismo foi à ideologia econômica de sustentação do projeto de
industrialização integral, considerada como forma de superar o atraso e a pobreza brasileira.
(BIELSCHOWSKY, 2004). A corrente data no inicio da década de 40 e surgiu por conta da
crise e da revolução de 1930, sendo impulso para a criação desta, onde se tinha um
liberalismo cada vez mais complexo. A corrente almejava produzir o keynesianismo nos
países subdesenvolvidos da América Latina e Brasil.
A teoria desenvolvimentista é o oposto dos neoliberais, nesta corrente a participação
do Estado na econômica é valida, mas não para todos os adeptos, onde diferentemente dos
neoliberais em que se tinha apenas uma ideologia base, existia dentro destas, outras vertentes
de pensamentos.
A corrente desenvolvimentista apresenta dois aspectos enquanto sua divisão de
interesses e teorias; o primeiro diz respeito àqueles que cunharam essa corrente, referente aos
economistas do setor privado, no qual privilegiavam a defesa dos interesses empresariais.
(BIELSCHOWSKY, 2004). Os pensadores desse grupo compartilhavam de ambos os
pensamentos da facção “não nacionalista” e respectivamente os “nacionalistas”.
O segundo aspecto é dividido em duas facções, os “não nacionalistas” que era a favor
das soluções vindas do setor privado, sejam eles internos e externos para projetos estruturais,
como infraestrutura e indústria. E o outro é referente aos nacionalistas, que se caracterizava
pela a forma completa do pensamento desenvolvimentista, no qual era a favor da regulação do
Estado na economia e como o mesmo deveria estatizar as indústrias e investir em setores
estratégicos como o provimento a infraestrutura.
2.5 O Desenvolvimentista do Setor Privado: Roberto Simonsen
A corrente desenvolvimentista do setor privado data do inicio dos anos 30, onde as ideias
principais surgiram para defender um projeto de industrialização planejada e resguardar-se ao
29
mesmo tempo, os interesses do capital industrial privado nacional. (BIELSCHOWSKY,
2004).
Dentro desse contexto, vários empresários e economistas amadureceram uma nova
forma de desenvolvimento brasileiro, pautado no avanço da nação, ao tempo que
privilegiavam os interesses do setor privado. Um dos principais pensadores desta corrente e
que surge nesta época foi o economista Roberto Simonsen, considerado o maior líder
industrial brasileiro, sendo responsável por instituir dois núcleos de reflexão
desenvolvimentista. Simonsen participou de diversos órgãos federais e o mesmo tinha uma
visão ampla do mundo, fez com que criasse espaços importantes dentro do setor público.
Conforme afirma Bielschowsky (2004, p. 79)
O ponto culminante desse momento pioneiro de concepção desenvolvimentista foi à apresentação, por Roberto Simonsen, em 1944, do projeto de criação de uma Junta
Nacional de Planificação no Conselho Nacional de Política Industrial e Comércio,
em conjunto com o ministro Marcondes Ferraz e com o advogado San Thiago
Dantas.
O autor foi pioneiro nessa questão, o mesmo buscou mostrar a necessidade de
industrialização como superação do atraso brasileiro, não só isso, ele participou de diversos
debates, conferencias além de publicações de diversos artigos que tinha como o
desenvolvimento industrial a chave para os problemas encontrados no Brasil. Cabe ressaltar, a
importância de Simonsen como um grande líder empresarial, no qual participou de diversos
conselhos onde a temática industrialização era destaque.
Simonsen não apresenta uma vasta obra sobre o pensamento desenvolvimentista,
mesmo assim, foi de grande importância posteriormente, pois seu pensamento ainda se
situava num vazio teórico para países subdesenvolvidos. (BIELSCHOWSKY, 2004).
“No nível de ideologia econômica, porém, a obra de Simonsen contém os elementos
básicos do ideário desenvolvimentista, presentes no pensamento de todas as
correntes favoráveis, nos anos 50, à implantação de um capitalismo industrial moderno no país”. (BIELSCHOWSKY, 2004, p. 82).
No campo da industrialização que era o principal meio de avanço para o Brasil, ele
afirmava que a “industrialização de um país como Brasil é indispensável para que ele possa
atingir um estágio de alta civilização”. (SIMONSEN, 1973, p. 288, apud BIELSCHOWSKY,
2004, p. 83).
O índice de progresso da civilização é o constante aumento de toda sorte de produtos
e serviços. Essa multiplicidade de produtos tem que ser criada pela indústria (...), o
desenvolvimento industrial de um país depende, sobretudo, da instalação de indústrias de base, constituídas, principalmente, pela metalurgia de primeira fusão e
30
pela grande indústria química. (SIMONSEN, 1973, p. 107, apud
BIELSCHOWSKY, 2004, p. 83)
Simonsen pode ser considerado um teórico pertencente a correte nacionalista, o
mesmo alegava que o “projeto de industrialização brasileira, só iria obter sucesso se houvesse
o apoio governamental, pois os mecanismos do mercado não seriam suficientes para chegar
aos objetivos pretendidos” (BIELSCHOWSKY, 2004). Como um bom pensador, além do
planejamento, que seria a forma mais organizada para se obter o sucesso no processo de
industrialização. Outro instrumento de intervenção estatal seria o protecionismo, ao contrario
do pensamento neoliberal com o livre cambismo.
Conforme afirma Simonsen (1975, p. 161, apud BIELSCHOWSKY, 2004, p. 84)
Quanto à estafada discussão entre protecionismo e livre-cambismo, que se quer
transplantar para o nosso país, não encontro expressões suficientemente fortes para
lamentá-la a adoção de doutrinas copiadas ou importantes de terras estranhas e não
aplicáveis às condições do Brasil só podem concorrer para o acentualmente da nossa depressão econômica (...). O livre-câmbio reduz a liberdade de escambo entre as
nações, com o consequente predomínio das mais fortes, muitas vezes, em detrimento
dos interesses e do padrão de vida das menos aparelhadas. O protecionismo cerceia
de alguma forma por algum tempo a permuta entre as nações, mas traduz uma
grande liberdade de produção dentro das fronteiras do país que adota. De fato, nos
países que abraçam o protecionismo, qualquer cidadão pode montar a indústria que
entender desde que repouse em sadio fundamento, certo de que está livre do
esmagamento proveniente dos dumpings ou manobras de poderosos concorrentes
estrangeiros.
Bielschowsky (2004, p. 84)
Simonsen alegava que, à exceção da Inglaterra, todos os demais países industriais haviam realizado sua industrialização com base em forte protecionismo. Em sua
famosa polêmica com Gudin, em 1944, o autor argumentava que, “ao condenar o
protecionismo, Gudin esquecia-se de que o livre-cambismo só existia, até hoje, para
os povos de riqueza já consolidada”.
O protecionismo para Simonsen, como observado é seu principal pensamento, onde
ele ressalta que a indústria iria se desenvolver de uma forma mais planejada, além, da nação
em geral, diferente do que para ele provocava “desigualdades” no livre-cambismo de Gudin.
“Mas essa não foi seu fator ideológico deixado para os pensadores futuros, mas a sua defesa
do planejamento econômico” (BIELSCHOWSKY, 2004). Simonsen também era a favor que
o investimento estatal em determinados segmentos, como o econômico, a indústria e a
infraestrutura para escoar a produção.
Assim afirma Simonsen (1977, p. 36, apud BIELSCHOWSKY, 2004, p. 92)
O grau de intervencionismo no Estado deveria ser estudado com várias entidades de
classe, para que, dentro do preceito constitucional, fosse utilizada ao máximo a
iniciativa privada, e não se prejudicassem as atividades já em funcionamento no país, com a instalação de novas iniciativas concorrentes.
31
Em suma, Roberto Simonsen, foi um teórico desenvolvimentista pertencente à classe
do setor privado que embora sua produção não seja tão vasta, deixou aspectos importantes
para outros adeptos a essa corrente, além disso, o autor mostrou que o planejamento seria a
melhor forma conjunta de desenvolvimento industrial e que mesmo pertencendo ao privado,
ele tinha um ideal nacionalista que possibilitava a ele um olhar mais amplo com relação a
economia e a intervenção estatal, bem como na sociedade, como ele mesmo debatia a
introdução do protecionismo em vez do livre-cambismo.
2.6 Desenvolvimentistas do Setor Público: O Não Nacionalismo de Roberto Campos
O desenvolvimentismo como observado apresenta duas divisões no qual em uma delas
a outra subdivisão sobre o pensamento industrial econômico, nesta será estudada a divisão
pertencente aos nacionais e não nacionais desenvolvimentistas.
Os teóricos pertencentes ao denominado “não nacionalistas” são pensadores a favor do
Estado e sua intervenção perante a economia, mas apresentam certa aproximação com o
pensamento neoliberal. Os nãos nacionalistas sustentavam como as demais vertentes do
desenvolvimentismo, a industrialização como forma de recuperação do atraso brasileiro,
entretanto “os pensadores desse grupo acreditavam que o capital estrangeiro teria uma ampla
contribuição no desenvolvimento da indústria brasileira”. (BIELSCHOWSKY, 2004).
Bielschowsky (2004, p. 103) sobre a corrente não nacionalista
Diferentemente das duas outras correntes desenvolvimentistas que, desde os anos 30
e 40, já se encontravam aglutinadas em algumas instituições, ponto de encontro
básico dos desenvolvimentistas não nacionalistas dar-se-ia no inicio dos anos 50.
Com efeito, embora já tivessem militância intelectual (e político-ideológica)
anterior, somente em 1951 é que esses economistas se reuniriam em torno do projeto
que instituiu durante o segundo governo Vargas, a Comissão Mista Brasil-Estados
Unidos e o BNDE.
Outra característica desta corrente era a afirmação sobre o controle da inflação, porém
se aproximavam dos neoliberais, uma vez que apoiava as medidas de estabilização monetária.
Bielschowsky (2004, p. 104) quando relata a divulgação dos trabalhos dessa corrente.
Os desenvolvimentistas “não nacionalistas” não chegaram a constituir instituições
nucleares de pensamento econômico, como foi o caso dos neoliberais com a FGV o
dos desenvolvimentistas nacionalistas com o Clube dos Economistas. (...) A única
publicação com tendência doutrinaria algo mais definida na linha de suas ideias.
32
Dentre tantos economistas desta corrente, o de maior destaque foi Roberto Campos,
que desenvolveu uma vastar obra e serviu de referência para os pensadores posteriores, dando
a atenção especial aos seus postulados.
Roberto Campos foi um economista considerado como grande pensador desta área,
por apresentar um espirito de pluralidade e bastante elogiado, por seus opositores como outros
economistas. Campos destaca-se como um pensador certeiro, o qual apostou na
industrialização pela via da internacionalização de capitais e do apoio do Estado – e ganhou.
(BIELSCHOWSKY, 2004). Campos quase tornou sua política econômica mais próxima de
ser realizada. Campos representa, no panorama político brasileiro do nosso período, a “ala
direita” da posição desenvolvimentista. (BIELSCHOWSKY, 2004, p. 105).
Campos participou do BNDE, considerado na época um nacionalista, por se preocupar
com os problemas que assolavam o desenvolvimento brasileiro. Anos mais tarde afasta-se do
BNDE por problemas pessoais, acarretando uma mudança de pensamento, principalmente nos
seus postulados publicados posterior, passando a defender o capital estrangeiro com via do
desenvolvimento brasileiro. Entretanto o autor volta a diretoria do BNDE, onde “Campos já
passaria a privilegiar a critica a politica monetária e cambial brasileira, o ataque á estatização,
que dizia exagerada, e a defesa da atração do capital estrangeiro”. (BIELSCHOWSKY, 2004,
p. 106). Logo depois de sua saída Roberto Campos, passa por outra mudança de pensamento,
tornando-o mais radical e questionando a forma econômica que se apresentava na época,
observa-se que após sua saída do banco, Campos foi nomeado embaixador, passando a
desenvolver outras habilidades uma delas a de fazer a ponte entre países subdesenvolvidos e
desenvolvidos a fim de obter empréstimos aos bancos internacionais.
“É conveniente uma introdução ao pensamento desenvolvimentista de Campos pela
via fácil da comparação com o principal economista conservador brasileiro, Eugênio Gudin”.
(BIELSCHOWSKY, 2004, p. 107). No inicio dos anos 50, Campos passa a ter uma mente
mais aberta, onde era a favor da industrialização pesada, bem como, a intervenção total
Estado com relação à infraestrutura, distanciando assim das comparações com os neoliberais,
um dos motivos para a mudança foi os fortes questionamentos de Gudin ao planejamento dos
desenvolvimentistas, começando aparecer certas divergências entre ambos os pensamentos.
Bielschowsky (2004, p. 107)
As divergências não eram, porém, desprezíveis, e abrangiam dois grupos básicos de
ideias. Em primeiro lugar, há clara discrepância no que diz respeito à interpretação
do subdesenvolvimento brasileiro e à forma de superá-lo. Como vimos, Gudin
prendeu-se ao conceito de pleno emprego para sustentar a aplicação da teoria
econômica convencional ao caso brasileiro, atacou insistentemente a ideia de
33
planejamento e considerava que uma estratégia de industrialização violentaria a
eficiência alocativa da economia de mercado do país.
”Campos, diferentemente, viu no processo de industrialização a forma de superar o
subdesenvolvimento, utilizando inclusive o argumento do desemprego como justificativa para
o esforço de industrialização”. (CAMPOS, 1953, p. 63, apud BIELSCHOWSKY, 2004, p.
108).
Por fim, a questão central de Campos era em defender a industrialização e o
planejamento como forma de desenvolvimento o qual caracterizava um desenvolvimentista,
mas afirmava que era necessário o investimento estrangeiro, o levava o aproximar da corrente
neoliberal, por isso, que Campos é alocado a essa divisão de desenvolvimentistas do setor
privado, além disso, foi possível ter uma visão ampla sobre todos esses questionamentos, uma
vez que o autor passa por um processo de metamorfose em seu pensamento, fazendo com que
ele tivesse questionamentos detalhados, tornando-o assim o autor de grande importância para
a corrente “não nacionalista”.
2.7 Desenvolvimentistas do Setor Público: O Nacionalista Celso Furtado
O nacionalismo é a divisão que define o principio básico do desenvolvimentismo que
é a total intervenção estatal na econômica e a industrialização como forma de progresso e a
solução para o atraso brasileiro, mas para isso havia a necessidade de um planejamento
econômico para chegar ao objetivo proposto.
A corrente é considerada a que mais apresenta intelectuais que estudam o
desenvolvimentismo e com a crise no neoliberalismo, as ideias “nacionais
desenvolvimentistas” ganham destaque, ressaltando que os nacionalistas eram contra ao
capital externo, pois “consideravam que a acumulação de capital nos setores estratégicos não
podia aguardar a iniciativa e o arbítrio do capital estrangeiro, necessitando de controle e
comando interno de agentes capitalistas nacionais”. (BIELSCHOWSKY, 2004, p. 128).
Os nacionalistas aceitavam apenas a instalação ou o investimento do capital
estrangeiro, ainda assim, “pensavam, mesmo os investimentos privados deveriam obedecer à
ordenação de um planejamento econômico”. (BIELSCHOWSKY, 2004).
Um dos fatores para o sucesso da corrente era que além de publicações acerca da
temática, grande parte dos pensadores participava ativamente na vida pública, colocando
assim, a teoria na pratica. Outra característica que o diferenciava da corrente utilitária era as
políticas de cunho social.
34
A corrente nacionalista, apresentava diversos intelectuais, do quais o de grande
destaque foi o economista Celso Furtado, onde sua importância “extrapolou” o meio teórico
onde o autor conseguiu aplicar suas ideias, participando assim, na discursão e implementação
de politicas e debates.
Afirma Bielschowsky (2004, p. 132) sobre Celso Furtado
Seu fôlego inesgotável e sua admirável capacidade de combinar criação intelectual e
esforço executivo, assim como sua habilidade e senso de oportunidade para abrir
espaço às tarefas desenvolvimentistas que propagava, explicam a enorme liderança
que exerceu entre os economistas da época.
Celso Furtado era denominado um Cepalino, ou seja, fazia parte da CEPAL (Comissão
Econômica para América Latina e Caribe), onde estudou e conheceu diversos autores
importantes, servido de referencial para seus postulados, dentre esses autores, destaca-se Raúl
Prebisch, um dos fundadores da CEPAL e importante teórico econômico. Furtado, foi um
membro importante, apensar de pertencer ao segundo escalão da comissão supracitada,
entretanto, estudou profundamente e teorizou a partir dos aspectos do estruturalismo para
explicar o subdesenvolvimento, fazendo de Furtado um autor importante para a história
econômica brasileira, tornando Furtado o economista mais representativo da CEPAL.
Bielschowsky (2004, p. 134) quando fala sobe a visão de Furtado em relação ao
desenvolvimento e o capital estrangeiro.
Uma defesa da liderança do Estado na promoção do desenvolvimento, através de
investimentos em setores estratégicos e, sobretudo, do planejamento econômico.
Furtado, assim como os demais economistas de sua linha de pensamento, não
dispensava a contribuição do capital estrangeiro, desde que limitada a setores não estratégicos e submetida a controles.
Ao tentar explicar o subdesenvolvimento a partir do estruturalismo, Furtado fez um
estudo minucioso e bastante referencial que tenta problematizar os aspectos que compõe o
subdesenvolvimento, que era aplicar um novo modelo keynesianismo no Brasil, e não muito
diferente Furtado solvia dessas ideias. “Um keynesiano atípico, pode-se dizer”.
(BIELSCHOWSKY, 2004).
Bielschowsky (2004, p. 135)
O keynesianismo nas obras de Furtado foi, quase sempre, de natureza distinta,
correspondendo mais propriamente a uma derivação de análise macroeconômica de
inspiração keynesiana (...) encontrava-se, ademais, perfeitamente integrado com o
restante da analise estruturalista. Consistia essencialmente no fato de que seus
estudos estruturalistas sobre história econômica brasileira e sobre mercado interno
constitui um elemento essencial de dinamização da produção e da renda.
35
Como observado, Furtado explicava o subdesenvolvimento a partir do estruturalismo,
e isso queria dizer, que o autor, narrava os acontecimentos ocorridos no passado no que as
consequências geradas desses adventos, havia problemas cronológicos que levavam o Brasil a
ser um país subdesenvolvido e que a partir desse conhecimento era possível identificar os
erros e como também os meios que poderiam ter sido soluções. Para Furtado “o
subdesenvolvimento brasileiro era um subproduto do desenvolvimento Europeu com suas
consequências que este último trouxe ao colonizar o país”. (BIELSCHOWSKY, 2004).
Furtado como um bom teórico Cepalino nacionalista, era a favor da indústria como
fomento para o desenvolvimento, entretanto não era simplesmente a alocação desses
investimentos em locais estratégicos, mas dentro das grandes periferias, que para o autor a
indústria levaria o progresso para essas localidades, além disso, Furtado sempre teve o fator
social em seus postulados no que foi se aflorando a cada olhar sob as consequências trazidas
pelo o subdesenvolvimento.
Assim afirma Furtado (1961, p. 185)
Onde a produção industrial já alcançou elevado grau de diversificação e tem uma participação no produto que pouco se distingue da observada em países
desenvolvidos, apresente uma estrutura ocupacional tipicamente pré-capitalista, e
que grande parte de sua população esteja alheia aos benefícios do desenvolvimento.
Furtado foi responsável por distinguir o nacionalismo perante as demais correntes
desenvolvimentistas do período. “Seu estruturalismo orientou na proposta de subordinação da
política monetária à política de desenvolvimento e na proposta de planejamento e de
intervenção do Estado em suporte à industrialização”. (BIELSCHOWSKY, 2004, p. 155).
Entre 1957-58, Furtado lançou propostas que possibilitará mais tarde a criação da
SUDENE, mas isso só foi possível diante o apoio de Juscelino Kubitschek para suas ideias.
Posteriormente o então presidente, chama Celso Furtado, para presidir e coordenar um grupo
com intuito de elaborar um projeto que tinha por objetivo diagnosticar a região Nordeste, o
trabalho ficou denominado como “Uma Política para o Desenvolvimento do Nordeste”
cunhado pelo GTDN (Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento do Nordeste).
Contudo, observa-se o quanto Celso Furtado acrescentou para o debate sobre o
subdesenvolvimento brasileiro, bem como, conseguiu ser pioneiro quando tenta explicar que a
realidade daquela década era em consequência de práticas do passado, em que o país via-se
perante a exploração por estrangeiros, como é notório em sua importante obra “Formação
Econômica do Brasil”.
36
2.8 Críticas a Corrente Desenvolvimentista
Como observado à década de 30 até 64, a duas principais correntes politicas e
econômicas que se proliferavam no debate teórico era o liberalismo e o desenvolvimentismos,
o qual eram opositores ao outro, as principais críticas eram advindas pelos neoliberais,
embora que apresentasse subdivisões com pensamentos distintos.
As principais contradições eram em relação ao principio básico da intervenção estatal
na economia, no qual determinado divisão era a favor da total regulação do Estado na
economia e outra contra e com certas restrições sobre o Estado e sua influencia na economia,
a também outra classe que era a favor ao capital estrangeiro como provimento para a
infraestrutura nacional que ajudaria no escoamento da produção industrial.
Uma das principais críticas que os neoliberais brasileiros faziam aos pensadores dessa
corrente era a afirmação de que não teria como desenvolver um país sem ajuda do capital
privado, uma vez que alegavam a ineficiência do Estado, perante o provimento de recursos
para essa política de desenvolvimento.
Em suma, críticas a corrente desenvolvimentista era em decorrência pelos neoliberais,
além da falta de outras correntes como geradoras de críticas neste período, observa-se ainda
que existia críticas entre os próprios dessa corrente, por ser considerada a maior corrente da
época que a apresentava grande número de adeptos, proliferando assim a o pensamento
desenvolvimentista.
37
3 UMA INTRODUÇÃO AO RELATÓRIO DO GTDN
“A década de 50 foi um dos momentos mais férteis da historia brasileira não apenas
em termos de transformação socioeconômicas e dos movimentos sociais e políticos como
também a grande discursão teórico-ideológico” (MANTEGA, 1989, p. 32) e é dentro desse
contexto de grandes discussões ao longo desta década que surge o GTDN (Grupo de Trabalho
para o Desenvolvimento do Nordeste) um conjunto de pesquisadores que no fim da década de
1950 são chamados para realizar um diagnóstico com o objetivo de encontrar soluções que
permitissem a progressiva diminuição das desigualdades na região Nordeste.
O GTDN foi encomendado pelo presidente do Brasil entre 1956-61 Juscelino
Kubitschek que em meio a vários fatores que ocorriam no Nordeste como fraudes em folhas
de pagamento, desvio de recursos, a seca que castigava a região entre 1957-58, as
manifestações por meio da sociedade como sindicatos, ligas de camponeses, a intervenção da
igreja católica e como também os oligárquicos mais liberais nordestinos.
Cohn (1976, p. 69) sobre os fatores que contribuíram para criação do GTDN:
Neste mesmo ano, Juscelino Kubitschek viu-se às voltas com a grande seca de 1958,
que agravou a crise econômica nordestina e a tensão social, além de colocar em
xeque a política federal para a região. Apesar de o Nordeste dispor de razoável
infraestrutura (estradas, suprimento de energia elétrica), açudes, barragens, e contar
com apoio do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), da
Comissão do Vale do São Francisco (CVSF) e do Banco do Nordeste do Brasil
(BNB), o Governo Federal teve que lançar mão de uma política de obras públicas de emergência para criar mais de 500 mil empregos (duas vezes mais do que na seca de
1932), além de enviar verbas de socorro, alimentos, remédios e instrumentos de
trabalho.
Outro aspecto de pressão que o governo sofria advindo do Nordeste era de cunho
político no qual o presidente em questão estava perdendo apoio em dois dos maiores redutos
eleitorais e econômicos da região, Bahia e Pernambuco.
O pesquisador escolhido para coordenado do grupo foi o economista Celso Furtado
que como já observado, desenvolvia e estudava profundamente as questões da desigualdade
social na América Latina e Brasil, bem como o efeito gerado pelo o subdesenvolvimento,
além de entender como sair dessa letargia que os países do hemisfério ocidental sul passavam
em relação a sua economia.
“Em 1958, depois de renunciar ao seu cargo na CEPAL, Celso Furtado assumiu uma das diretorias do BNDE (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico),
dedicada ao Nordeste, passando a intervir no Grupo de Trabalho para o
Desenvolvimento do Nordeste (GTDN)”. (FURTADO, 1989, p. 37).
38
Com o grupo já formado, Celso Furtado começa a desenvolver o diagnostico na região
Nordeste, identificando suas principais problemáticas e a realidade que ocorria localmente e
como a influência de certas práticas econômicas em âmbito federal tinha consequências no
Nordeste. O GTDN denominou relatório de “Uma Política para o Desenvolvimento do
Nordeste”.
O GTDN (Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento do Nordeste) foi apresentado
em março de 1959, onde o documento contém um total de 94 páginas, apresentando diversos
quadros estatísticos, estava dividido em quatro partes, além de uma Introdução Geral: I – O
Nordeste na Economia Brasileira; II – Elementos Dinâmicos da Economia do Nordeste; III –
Aspectos Econômicos do Problema das Secas; IV – Plano de Ação.
O objetivo central é mostrar como a construção teórica do GTDN contribuiu para da
visibilidade ao Nordeste com relação ao governo federal, bem como expor o economista
Celso Furtado e sua importância para o documento, pois como já observado, à escolha de
Furtado para coordenar o grupo não foi por acaso, o mesmo já teorizava e tentava entender as
formas do subdesenvolvimento brasileiro, além disso, poderá ser visto que seus postulados
lançados há anos posteriores da criação do GTDN em que foram vitais para a teorização do
relatório e que está presente em cada frase e paragrafo do documento.
Afirma assim Araújo (2000, p. 143)
No Nordeste, as tensões sociais aumentavam no campo e nas cidades, e o então
presidente Juscelino Kubitscheck criou o Grupo de Trabalho para o
Desenvolvimento do Nordeste (GTDN), que apresenta uma proposta de política para
promover o desenvolvimento regional. Tratava0se, antes de tudo, de tirar a
economia nordestina do Estado de letargia em que mergulhara a partir da crise do
seu complexo agroexportador, baseado na produção açucareira.
A analise a seguir objetiva, conhecer o relatório desde sua estrutura, elencar suas
principais questões e problematiza-las a partir do conteúdo já estudo, de forma que possa
mostrar o qual importante foi o grupo e o seu relatório para pensar o desenvolvimento do
Nordeste no âmbito do governo federal.
3.1 Conhecendo o Relatório “Uma Política para o Desenvolvimento do Nordeste”
O relatório inicia-se com uma parte introdutória, onde elenca os principais
questionamentos a respeito do Nordeste em que serão analisados posteriormente, seja sobre as
disparidades de renda entre a região Nordeste e o Centro-Sul onde “a renda média do
nordestino é menos de uma terça parte da do habitante do Centro-Sul. Sendo a renda muito
39
mais concentrada no Nordeste, a disparidade de níveis de vida da massa populacional ainda é
bem maior” (GTDN, 1959), é notório que o principal grave problema a ser enfrentado em
pleno novo modelo econômico, adotado pelo o Brasil, pois na teoria nacional
desenvolvimentista, não deveria apresentar problemáticas de cunho socioeconômico, pois o
modelo era espelhado em países da Europa onde essa temática pouca foi ocorrido no qual já
havia práticas reduziram esse quadro social.
“Nos fins da década de 1950, a questão regional ganha destaque no Brasil. O
desigual desenvolvimento do capitalismo aprofundara as distâncias econômicas e
sociais entre o Sudeste, em rápido processo de expansão com base na indústria, e o
Nordeste, com sua economia estagnada, figurando entre as áreas de maiores índices
de pobreza do mundo”. (ARAÚJO, 2000, p. 143).
Complementa o Relatório do GTDN.
“Essa disparidade é maior que a observada entre as economias do Centro-Sul e a dos
países industrializados da Europa ocidental. O Nordeste brasileiro se singulariza no
Hemisfério ocidental como a mais extensão e populosa zona de nível de renda
inferior a cem dólares por habitante”. (GTDN, 1959, p. 09).
Sendo assim, o documento continua a comparar o ritmo de crescimento entre as
regiões distintas aqui mencionadas (Nordeste x Sul-Sudeste), como também projeções futuras
se o quadro persistisse no que levaria o problema para um maior patamar.
Nesta parte inicial, o grupo e em especial Furtado, expõem que os problemas eram
seculares, ou seja, foi ocasionado pelas praticas passadas que gerou consequências futuras,
isso era bem característico do pensamento Cepalino de Celso Furtado em suas obras quando
se fala do atraso brasileiro e nordestino.
Observa-se em vários capítulos do documento, o livro “Formação Econômica do
Brasil” de Furtado serve de grande base teórica para o GTDN, quando faz a necessidade de
mostrar que os problemas atuais do Nordeste, vem de práticas seculares e que refletem em
consequências futuras.
“A economia brasileira está marcada pelo baixíssimo grau de desenvolvimento da
economia colonial, pelo atraso na formação do mercado interno, pela eclosão tardia
da industrialização, pela subordinação da substituição de importações à lógica da
modernização dos padrões de consumo, pela presença de fortes heterogeneidades
produtivas, sociais e regionais, bem como pela cristalização de uma estrutura centro-periferia dentro do próprio país que tendia a agravar as desigualdades regionais, pela
tendência ao desequilíbrio externo e à inflação estrutural, pelas dificuldades para a
consolidação de centros internos de decisão autônomos e pelo retardo na definição
de uma política econômica genuinamente nacional”. (FURTADO, 2005, p. 8).
Outro ponto importante é sobre as transferências ou repasses do governo federal para a
região Nordeste que era infinitamente menor do que aplicado nas regiões Sul e Sudeste, Além
40
disso, o que segurava a situação econômica da região era o setor agroexportador, que embora
sua participação no total de econômica gerada fosse pequena, mas, juntamente com os
repasses governamentais era o que ajudava financeiramente os estados pertencentes à região
Nordeste.
Ressalta-se que o setor agroexportador, estava sendo prejudicado ao longo das
décadas, desde a mudança de investimentos do setor açucareiro para os cafezais do sudeste,
como também a aquisição de novas técnicas para o setor no Sul-Sudeste, acarretando assim
um desvio de incentivos e investimentos, gerando assim, desemprego e altas taxas de
desigualdades sociais.
Interessante notar que o relatório observa uma parte importante com relação a
dependência do governo sob alguns produtos produzidos na região, como; couro, fumo, peles
(...) que a região produzia e mantinha boa parte da econômica nordestina.
Contudo na introdução do relatório o grupo coloca certas soluções de imediato em que
poderia ajudar a econômica nordestina como “aumentar as exportações de produtos primários
que seria a forma, mas “barata de crescer” uma economia” (GTDN, 1959).
Outro ponto importante de solução seria a partir do contexto territorial, ou seja,
programar determinadas formas de produção levando em consideração o seu solo e o clima,
entretanto, para essas terras produzir seria necessário “chuva” e como notado, ocorria uma
grande seca na região e o documento apresenta outra solução, no que seria a construção de
redes de açudes, mas, pela resposta óbvia, o relatório, coerentemente diz que “combater a seca
conforme suas épocas de estiagem”, por exemplo, em determinados meses iriam aproveitar o
solo e a agua disponível o máximo possível e ao chegar às épocas de estiagem, já existia uma
boa armazenagem para cultivar os produtos e sua respectiva exportação, o qual iria se adequar
ao meio que vive, pois a “seca era uma crise de produção determinada por fatores físicos, pois
as medidas em curto prazo não podem, evidentemente, atacar a raiz dos problemas” (GTDN,
1959, p. 13).
A primeira parte do relatório é denominada “O Nordeste na Economia Brasileira” no
qual é observado que o grupo iniciou a principio uma analise bem costurada por fatores
econômicos e sociais, diagnosticando os níveis de disparidades de desenvolvimento que
ocorria naquela época no Brasil e que era o principal problema a ser enfrentado pelo o
governo brasileiro.
O grupo relata sobre os fatores geográficos e estatísticos macroeconômicas da região
Nordeste, no qual se estende da Bahia ao Piauí e tinha na época um total de 18,7 milhões de
habitantes, produziu no ano de 1956 um total de 102 bilhões de cruzeiros, tendo renda per
41
capita de 5,5 mil cruzeiros que hoje na moeda real valeria em torno de R$ 2,50. Entretanto
esse quadro era o contrario ocorrido nesta mesma realidade nas regiões Centro-Sul do Brasil
com o dobro do PIB total e per capita da região.
As regiões Norte e Nordeste encontravam-se deflagrada estatisticamente em sua
economia, é observado sobre a ótica dos investimentos que o governo destinava apenas para a
região Centro-Sul no qual era responsável por mais da metade do PIB brasileiro, pode-se
analisar quando pensa na existência de dois “Brasis” um com o modelo econômico baseado
do investimento na indústria, em infraestrutura (Desenvolvimento Nacionalista) e outro
modelo que ainda seguia os atrasos de décadas passadas, baseado na agricultura, onde os
grandes fazendeiros denominados agora de oligarquias, comandavam a região e eram os
responsáveis por captar os recursos advindos da união destinados para o Nordeste.
Cano (1998, p. 72), quando analisa a concentração de investimentos nos anos 50, na
região sudeste, em especial o Estado de São Paulo.
Dado que fora em São Paulo que se haviam desenvolvido os dois maiores e mais
modernos segmentos produtivos do país – agricultura e a indústria -, era natural que
tantos os efeitos da crise poderiam ser mais devastadores do que no resto do país,
quanto pela decisiva ação do Estado, a recuperação iria concentrar, maiormente ai,
seus principais frutos.
Na visão de Bielschowsky, (2004, p. 72) sobre a distribuição de renda nos anos 50,
com base nos postulados de Eugenio Gudin.
A explicação para a reduzida atenção sobre essa questão em quase todo o período é,
talvez, a de que havia nesse assunto uma espécie de consenso mínimo entre todas as
correntes de economistas que se confrontavam sobre a problemática do
desenvolvimento nacional. Teoricamente, pelo menos, concordava-se, por um lado, em que o desenvolvimento não deveria ser financiado à custa de uma compressão do
consumo básico ou de uma redução do salario real do trabalhador.
Observa-se que era consenso geral, quando se falava sobre as questões distributivas
nos anos 50, como é bem elencado no GTDN que as grandes disparidades de renda, seriam o
principal aspecto a ser combatido. Independente da corrente que implementasse no Brasil, a
questão sobre distribuição de renda e suas disparidades no Brasil, continuaria, até que
ocorresse algo que pudesse mudar esses mecanismos.
“Na verdade, o Nordeste brasileiro constitui a mais extensa área de baixo nível de
desenvolvimento do continente americano. Com renda per capita similar encontra-
se, na América do Sul, a Bolívia e o Paraguai (...). Entretanto, a significação do
Nordeste, no quadro do subdesenvolvimento latino-americano, salta á vista se tem
em conta que a população de todos esses países, considerada em conjunto, não alcança metade da nordestina”. (GTDN, 1959, p. 16).
42
Voltando para os contrastes entre o Nordeste e o Centro-Sul, o GTDN elencar que a
realidade nordestina é ainda pior do que entre as regiões mencionadas, como também em
comparação a outros países que apresentam mesmo aspecto territorial, ou seja, pertencente ao
lado ocidental menos desenvolvido, que ao colocar em ação o plano do desenvolvimentismo
nestas localidades não houve uma inversão tão imensa quando vista no Brasil.
Com a implantação do desenvolvimentismo no Brasil, o novo modelo econômico em
tese, geraria avanços em várias áreas, como, por exemplo, empregos e o aumento da renda,
isso na prática aconteceu no Centro-Sul no que houve um “bum” em geração de empregos
diretos, visto que as oportunidades eram destinadas a indústria e a construção civil, ou melhor,
trabalhavam no meio urbano das grandes capitais, mas, também havia grandes ocupações na
agricultura, onde se tinha uma tecnologia avançada e o valor salarial eram bem melhor.
Bresser-Pereira (2013, p. 1), para a revista econômica da USP, sobre adoção e os
avanços desenvolvimentismo.
Os países em desenvolvimento têm duas estratégias possíveis: a desenvolvimentista
ou a liberal-dependente. A única que é compatível com o catchingup ou
alcançamento é a desenvolvimentista. Seu nacionalismo é exclusivamente
econômico: em síntese, o desenvolvimentismo é o nacionalismo econômico bem
pensado. Ao atribuir um papel estratégico ao Estado, entende que ele deve realizar
uma política macroeconômica e uma política industrial que estimule os empresários
a investir, ao mesmo tempo em que se responsabiliza por cerca de 20% dos investimentos totais; e também que o Estado deve ter um papel central no
oferecimento dos grandes serviços sociais e científicos que constituem um Estado
democrático social.
Respectivamente no Nordeste a realidade era bem diferente, a maior parte dos
empregos gerados eram na agricultura, como já mencionado, essas práticas eram seculares e
não existia diversidade tecnológica na região, entretanto, empregava grande parte da
população rural, outra diferença entre a agricultura nordestina e a o Centro-Sul, era a
quantidade de terra disponível para plantações, onde tinha no segundo, uma maior quantidade
de hectares de terras do que os nordestinos, “observadas na sua totalidade, essa diferenças
estruturais levam a concluir que suas causas básicas respondem pelo, mas baixo nível da
renda do Nordeste: escassez relativa do fator terra e menor acumulação de capital” (GTDN,
1959, p. 17), havia também pequenas indústrias têxteis que detinham certa quantidade de
empregos na região.
MELO (1984, p. 113), quando fala sobre a escassez de terras no Nordeste.
A conjunção dos quatro aspectos anteriormente mencionados, quais sejam, a
concentração de 60% da força de trabalho rural no interior dos pequenos
estabelecimentos com menos de 10 hectares (menos de 6% do total da área da
agropecuária nordestina); a redução do tamanho médio desses estabelecimentos; a
43
incorporação das terras restantes de forma concentrada e a introdução do trabalho
assalariado pelos médios e grandes proprietários permitem-nos concluir que o
processo extensivo de crescimento da agricultura nordestina, historicamente baseado
na incorporação de mais terras e mão-de-obra, dá sinais de nítido esgotamento. Esta
queda na expansão do produto agrícola em anos recentes reflete, sem dúvida
nenhuma, a reduzida ampliação da área destinada à prática da agricultura de
subsistência através da mão-de-obra familiar.
O relatório ressalta outro ponto importante que resume a primeira parte do documento,
no qual mostra que o principal problema econômico do Brasil, na atual etapa de seu
desenvolvimento era a disparidade regional de ritmos de crescimento, “constitui equivoco
apresentar a econômica brasileira como um só sistema, comparável a outras econômicas
subdesenvolvidas de nível de renda per capital similar” (GTDN, 1959, p. 21).
De acordo com essa perspectiva, no seu livro “Formação Econômica”, o autor elencar
que “o subdesenvolvimento é o produto de uma situação histórica, que divide o mundo em
uma estrutura "centro-periferia", e de uma opção política, que subordina o processo de
incorporação do progresso técnico ao objetivo de copiar os estilos de vida das economias
centrais”. (FURTADO, 2005, p. 7).
Complementa assim, o GTDN (1959, p. 17)
Sem embargo como acumulação de capital é, por si mesma, sintoma do estádio de
desenvolvimento, infere-se que a verdadeira causa do atraso da economia nordestina
era face da do Centro-Sul do Brasil, está na pobreza relativa do seu suporte físico. É
este um dado fundamental do problema.
Outro ponto a ser levantado diz respeito à comparação entre as duas regiões, pois o
GTDN elenca que não é aceitável comparar um país que apresenta duas formas de economia,
como mencionado, uma parte brasileira com o “Nacional Desenvolvimentista” e outro com
características ultrapassadas de consequências seculares, além disso, no “Centro-Sul já existia
uma econômica diversificada e que com o incentivo do modelo adotado com base na
industrialização conseguia apoia-se em si mesma para crescer” (GTDN, 1959).
Observa-se que no documento, embora que houvesse grandes disparidades entre as
regiões, o Nordeste servia como exportado de matérias primas para a região Centro-Sul,
porém, havia um mercado bem melhor para este último, pois conseguia vender uma maior
quantidade de mercadorias aos nordestinos em comparação a aquisição dos produtos
primários para manufatura. “A nova indústria implantada, o Nordeste desempenhava papel de
fornecedora de insumos industriais a serem transformados em outras regiões, especialmente
no Sudeste”. (ARAÚJO, 2005, p. 148).
Complementa MELO (1984, p. 116), quando coloca o Nordeste como historicamente
“transferidor” de recursos financeiros e insumos para o Sul/Sudeste.
44
A região nordestina caracteriza-se, historicamente, como transferidora de recursos
para as outras regiões do país, notadamente para o Sul/Sudeste. Dessas
transferências, a mais significativa é, sem dúvida alguma, o superávit da balança
comercial obtido através das exportações do Nordeste, que a cada ano vem
conseguindo incrementos substanciais.
Analisando o texto do relatório nos primeiros parágrafos, é claro a grande disparidade
de renda entre o Nordeste e o Centro-Sul, no que mostra indicadores macroeconômicos de
renda e produção, como também é nítido quanto o governo federal tinha a plena consciência
dessas disparidades, no que foram os próprios que praticavam tal ato de enviar recursos e
incentivos maiores para uma determinada região e a mesma crescer comumente, enquanto a
outra sem grandes recursos tinha que mistificar a economia ao máximo para manter a região,
mas na verdade eram dois países distintos vizinhos dentro de um mesmo território, enquanto o
Centro-Sul estava ganhando autonomia de se autodesenvolver tendo o governo como fomento
e os grandes empresários industriários no que tinha em mãos o planejamento e os recursos
como uma “privatização”, mas ao mesmo tempo público, não era em si um retrocesso ao
liberalismo, porém era o que aparentava na realidade em questão.
Já no Nordeste, era um país governado por um sistema antigo e complexo que tentava
de alguma forma se adequar ao longo do tempo, além que, esse processo de partilha entre as
duas regiões eram provocadas por parte da “União” que praticava o incentivo, o
desenvolvimento concentrado e com isso gerava uma barreira econômica “imaginaria” onde
poucos recursos e investimentos conseguiam adentra na camuflagem invisível que se
encontrava a região Nordeste.
Afirma assim, o GTDN (1959, p. 32)
Em síntese: na forma como foram conduzidas, no último decênio, as relações
econômicas do Nordeste com o Centro-Sul têm sido prejudiciais à região mais pobre
de recursos e de menor grau de desenvolvimento. No que respeita à transferência de
renda a ação do governo federal tem-se limitado a compensar a tendência
imigratória dos capitais privados nordestinos para a região que oferece melhores
oportunidades.
Nesta primeira analise, responde a umas das hipóteses levantadas sobre a falta de
atenção do governo federal com relação à região Nordeste, onde foi um dos responsáveis pelo
o atraso e a falta de atração de investimentos para a região e o GTDN mostra como um dos
graves problemas a serem enfrentadas, entretanto, com uma maior participação do governo
com relação a recursos, políticas públicas e posteriormente dinamizar a economia nordestina.
Outro fator a desatenção do governo foi à opção pelo o sistema desenvolvimentista que
concentrou como seus recursos e investimentos para os centros dinâmicos.
45
No capitulo seguinte do documento, denominado de “Elementos Dinâmicos da
Economia do Nordeste” busca entender os fatores determinantes da economia nordestina em
que na época, conseguia “sustentar” a região financeiramente, além disso, embora houvesse
fatores negativos regionais, mesmo assim, a região apresentava ritmos de crescimento
substancial.
“Da análise apresentada na primeira parte deste trabalho depreende-se que, não
obstante a ação de fatores negativos, ligados à irregularidade do clima, à constelação
menos favorável de recursos naturais e à transferência oculta ou aberta de recursos
para fora da região, à economia nordestina alcançou, no período em estudo, uma
taxa de crescimento algo superior à da população. É justo inferir dessa observação
que, anulados certos efeitos negativos da política nacional de desenvolvimento para
a região e proporcionada um ajuda razoável na etapa inicial, pode-se contar com uma melhora substancial do ritmo de crescimento na economia nordestina”. (GTDN,
1959, p. 33).
O grupo analisa que um dos fatores determinantes a principio são as transferências de
renda que são ocasionadas pelo o setor privado, principalmente advindo de capitais do
Centro-Sul, destinado à fabricação de matérias primas; a também as transferências do setor
público, sendo as principais, mas, com um diferencial, no que nem sempre o Nordeste recebia
um valor mensal igual, pois era de acordo com a realidade das estações que levava em dois
aspectos; o primeiro seria em períodos de chuvas, por exemplo, os valores financeiros das
transferências reduziam, visto que o principal problema a principio que o governo levava em
conta era a estiagem.
O segundo aspecto era em anos secos, períodos que a seca se tornava o pior problema
para os nordestinos e também era o principal gargalo que o governo tinha para combater, no
que era necessário um maior volume de gastos, além de a região apresentar grande
contingente de indivíduos afetados, mas “devido ao seu caráter assistencial, são gasto que
quase nenhum efeito tem na estrutura econômica e na capacidade de produção do sistema”
(GTDN, 1959, p. 33), para o Estado se tornava um problema econômico, como já observado,
estavam em plena implantação das indústrias no Centro-Sul e isso demandavam grandes
custeios. “A analise do dispêndio público revelava que o governo federal gastava mais no
Nordeste do que arrecadava na região. Quantitativamente, o gasto tinha papel positivo na
região com menor ritmo de crescimento econômico”. (ARAÚJO, 2005, p. 155).
Outro ponto de grande importância que o GTDN identifica, é com relação às
transferências em que nos anos secos os investimentos no Nordeste tendiam a aumentar, pois
demandava um maior incentivo financeiro. Já no Centro-Sul, havia uma redução de recursos,
46
entretanto, para não ocorrer um retrocesso dentro do modelo implantado, o setor privado era
destinado a “segurar” financeiramente esses setores.
O documento sugere uma solução adotada no Centro-Sul que era uma poupança
interna, mas “poupar” em uma realidade, aonde todos os recursos que chegavam tinha um
destino, ora para combater a seca, outro a pobreza e outros dividas públicas e “minimante”
desviadas em prol de outros interesses. “Caso se criem condições favoráveis à absorção de
capitais privados, o Nordeste poderá firma-se em sua própria poupança para alcançar um
ritmo de crescimento similar ao do Centro-Sul”. (GTDN, 1959, p. 35).
“No Nordeste, como em toda economia de baixo nível de desenvolvimento, o setor
externo – isto é, as exportações e as importações – ocupa posição fundamental”. (GTDN,
1959, p. 35). E é isso que o GTDN identifica na região supracitada, por ser um local de uma
economia quebrada e de baixo índice de produção, se torna uma economia de dependência,
desde os repasses do governo federal, até as importações de produtos para abastecer a região.
Entretanto “quanto aos principais recursos destinados ao Nordeste, através do governo e da
União, consubstanciados nos incentivos fiscais e nos programas especiais, vêm os mesmos
decrescendo o seu valor real anualmente”. (MELO, 1984, p. 117).
“A vantagem que apresentam as exportações, nas primeiras etapas do
desenvolvimento, como meio de diversificação da oferta, deriva de que, via de regra,
exigem menor esforços de capitalizações por unidade de produto, permitindo usar mais amplamente recursos e fatores, tais como mão-de-obra e terra, geralmente
abundantes nos países subdesenvolvidos”. (GTDN, 1959, p. 35).
Nas partes seguintes do capítulo, o GTDN, objetiva destacar os principais produtos
que o Nordeste produzia e exportava, o grupo demonstra por meio de tabelas e estatísticas, os
períodos distintos de exportação, entre eles estão o açúcar, algodão e cacau. Também fazem
comparações entre o arrecadado com esses produtos e a população, bem como, vários quadros
comparativos entre o Nordeste e o Centro-Sul, no qual “conclui que nas condições em que se
vem processando o desenvolvimento da economia nacional, a tendência natural é para a
agravação das disparidades de níveis de desenvolvimentos entra as duas regiões”. (GTDN,
1959).
“Um balanço realista entre a entrada e a saída de recursos do Nordeste mostra, de
fato, que o saldo tem sido extremamente negativo para a região e, por consequência, o fosso que separa o Nordeste pobre e subdesenvolvido das regiões mais prosperas
vem-se aprofundando perigosamente. Necessário, pois, uma intervenção mais
consistente do governo federal na região, alicerçada não apenas numa maior e
substancial transferência de recursos e medidas protecionistas, mas também
promovendo modificações estruturais capazes de acelerar o desenvolvimento
regional”. (MELO, 1984, p. 117).
47
É levantada pelo o grupo a importância das exportações para a economia nordestina,
mas para isso acontecer, dependia do comportamento do setor externo, pois não adiantaria a
exportação ser menor e a importação de bens de consumo ser maiores, causando assim uma
balança desfavorável, “a quase estagnação das exportações (em particular das exportações
para o exterior), numa etapa de aceleração do crescimento demográfico, é responsável pelo
atraso relativo à economia do Nordeste”. (GTDN, 1959, p. 44).
As exportações que vinha fazendo a diferença na economia nordestina era regulagem
principal, em comparação com as discrepâncias das transferências de renda por parte do
governo federal, mas mesmo assim, o governo tentava reduzir a problemática através do
incentivo ao setor privado. “Mas também vimos que a ação conjugada desses dois fatores –
exportações e setor governamental – tem sido insuficiente para que o Nordeste mantenha um
ritmo de crescimento adequado”. (GTDN, 1959, p. 48).
“A partir do dinamismo verificado na base econômica do Nordeste, mesmo
considerando a desaceleração resultante dos impactos da crise nacional, a economia
da região promoveu mudança importante na composição de sua produção. Ela
acompanha, também nesse ponto, as tendências gerais da economia brasileira, apensar das particularidades locais”. (ARAÚJO, 2005, p. 169).
Outro aspecto claro da teorização de Furtado como já mencionado, é sobre uma
economia de acordo com seu território, no que o grupo identifica dois sistemas econômicos
dentro da região, assim afirma o relatório supracitado.
“O complexo econômico nordestino pode ser dividido para fins de analise
econômicos, em duas grandes sub-regiões: a faixa úmida do litoral oriental e o
interior semiárido. Essa divisão corresponde, grosso modo, aos dois sistemas
econômicos que ai se constituiu desde os primórdios da colonização: um com base
na produção do açúcar; o outro, apoiado na pecuária”. (GTDN, 1959, p. 49).
É dentro desse contexto, que à perda da produtividade por conta da seca, onde nas
regiões litorâneas, são propicias por terém terras férteis e produtoras da cana de açúcar, e ter
uma grande formação demográfica, enquanto no interior da região se tem a pecuária que sofre
com uma seca severa, pois suas localidades estão no semiárido, além disso, é possível
identificar a crítica que o grupo direciona para as práticas do passado, em que não foi possível
a diversificação da produção, continuou uma “monocultura extensiva” de menor grau. É
identificado em seu livro “Formação Econômica do Brasil”, quando fala sobre as duas
principais práticas econômicas que persistiram ao logo dos séculos no Nordeste.
“Formas que assumem os dois sistemas da economia nordestina - o açucareiro e o
criatório - no lento processo de decadência que se inicia na segunda metade do
século xvn constituem elementos fundamentais na formação do que no século xx
48
viria a ser a economia brasileira. Vimos já que as unidades produtivas, tanto na
economia açucareira como na criatória, tendiam a preservar a sua forma original,
seja nas etapas de expansão, seja nas de contração”. (FURTADO, 2005, p. 68).
Como último ponto a destacar na segunda parte do documento é sobre os aspectos
econômicos nordestinos com relação às indústrias presentes na região, algo bastante
interessante de ser notado, pois à frente, poderá ser visto um plano de ação que fala sobre as
indústrias da época era de grande utilidade, pois seria necessário conhece-las, identifica-las e
principalmente ver o índice que a mesma produzia.
As indústrias identificadas foram as de transformação, construção civil, e de energia
elétrica, no que o grupo compara a quantidade de empregos formais nas indústrias
supracitadas com as do Centro-Sul, onde é possível observar, algo já notado, que o déficit é
apontado para a região Nordeste, mas mostrando um possível cenário em que se seguissem os
padrões empregados no Centro-Sul, boa parte dos empregos formais no Nordeste, seria
absorvida pela a indústria, pois o que se encontrava, era uma conjuntura de subemprego.
Cabendo ainda ressaltar, que essas terminologias de emprego e desemprego só começarão a
ser utilizado com adoção ao modelo desenvolvimentistas, advindos das ideias cepalinas, no
que o sistema anterior, considerava a existência do pleno emprego.
“Para cada emprego industrial, no Centro-Sul, existem 1,5 empregos em serviços de
vários tipos. Admitindo relação idêntica para o Nordeste e que um terço da
população urbana está em idade de trabalhar, o desemprego disfarçado alcançaria,
nessa população, 460 mil pessoas, ou seja, dez por cento da população urbana total,
ou 31 por cento da população urbana em idade de trabalhar. Estas cifras refletem melhor quaisquer outras, a gravidade do problema que apresenta o
subdesenvolvimento nordestino”. (GTDN, 1959, p. 53).
Com relação aos subempregados, o grupo afirma que “é um enorme obstáculo a
vencer em qualquer política de desenvolvimento da região” (GTDN, 1959). Como é
observado, o relatório destacar essa problemática a ser combatida no novo sistema econômico
adotado.
“Durante muitos anos o esforço de industrialização terá como objetivo reduzir o
desemprego disfarçado nas zonas urbanas, além de intensificar o processo de
formação de nova classe dirigentes, na região, até o presente orientado quase exclusivamente por homens ligados a uma agricultura tradicionalista e alheios a
ideologia do desenvolvimento”. (GTDN, 1959, p. 54).
Para a indústria ser o motivo de geração de emprego será complexo, pois não terá
como abocanhar todo o excedente de trabalhadores, entretanto o GTDN apresenta outra
solução em que houvesse a industrialização nas áreas urbanas e que seria responsável por
empregar a mão-de-obra urbana, além de serem grandes capitais e regiões metropolitanas,
49
eram localizados em locais litorâneos, no que continham portos e que ajudaria no escoamento
da produção. Já para a população do semiárido a solução, traria algo “imaginário”, pois
propõem o descolamento da massa populacional onde à seca era “cruel” em direção a locais
de terras férteis, sendo esse ponto, geradores de grandes críticas enquanto solução. Sendo
assim, esses dinamizadores da economia nordestina eram possíveis, ter uma pequena projeção
de redução de perdas, pois o nordeste via-se em contrastes econômicos e não animadores,
embora que o setor público fosse o vilão, entretanto se colocava como solução,
principalmente em momentos difíceis, assim como períodos de seca em que mesmo tentava
ajudar, dando incentivo ao setor privado para manter com os investimentos no Centro-Sul, e
como observados, havia desvio de recursos do eixo “Sul” para o eixo “Norte”, pois havia a
parte a necessidade de maiores investimentos.
O GTDN descreve outros fatores sobre as duas principais econômicas nordestinas e
seus principais meios de produção econômica, também à grande importância das exportações
que ajudava na balança comercial da região, além de começar a mostrar indícios do que será
revisto a frente, sobre a implantação da indústria com solução parcial dos problemas
nordestinos.
O terceiro capítulo do GTDN é denominado de “Aspectos Econômicos do Problema
das Secas” em que discute um dos focos principais das problemáticas nordestina: a seca, além
de discutir as composições econômicas desenvolvidas nas regiões semiáridas, onde a seca é
mais severa, sendo a agricultura e a pecuária. Como também mostrar as formas do governo
combater a problemática climática e social.
São identificadas no GTDN as duas formas econômicas nordestinas que eram
localizadas de acordo com seu território, a primeira era aqueles locais mais interioranos, onde
a seca prevalecia como maior mazela para a população e que gerava consequentemente a
pobreza, nesta desenvolvia-se a agricultura de subsistência. Já do lado oposto, ocorria uma
agricultura e pecuária de modo “plantation” para o mercado interno e externo e é claro, a
influência do clima ameno, no que estava em uma área litorânea.
Observada em suas linhas mais gerais, a economia das zonas semiáridas apresenta-
se como um complexo de pecuária extensiva e agricultura de baixo rendimento. Do
pronto de vista do trabalhador rural a atividade mais importante é a agrícola; do
ponto de vista do proprietário das terras, a pecuária. (GTDN, 1959:62).
A economia da região Nordeste é definida por Furtado, como um complexo de
pecuária bovina extensiva e agricultura, ambas de baixo rendimento, combinando elementos
monetários (representados, basicamente, pela pecuária e pela cultura de xerófilas, como por
50
exemplo, o algodão, voltadas para o mercado) com outros não monetários (as tradicionais
lavouras de subsistência). (FURTADO, 2005).
A capacidade de produção da fazenda depende, essencialmente, do número de
moradores e metade ao fazendeiro; que, repetimos a atividade mais importante, do
ponto de vista dos moradores, é a agricultura de subsistência e, do ponto de vista do
fazendeiro, a pecuária. (GTDN, 1959, p. 63)
Esses dois fatores econômicos é recorrente nas obras anteriores ao relatório de
Furtado, no qual é nítido quando se discute o quanto as práticas eram recorrentes a cada
década, e a inexistência de uma mudança, pois o pensamento de um agricultor era apenas
plantar para sobreviver, “Pois o homem do campo trabalha primeiramente para se alimentar”
(GTDN, 1959, p. 63) e na visão do fazendeiro é o “criadouro”, pois o mesmo tinha o
sinônimo financeiro.
Havia assim, uma crise na região semiárida, uma área econômica debilitada
constantemente, tanto de subsistência como a criatória no que ambas era assobrada pela a
seca, além da região apresentar um clima com mais dias de sol e baixo índice pluviométrico.
É constatada por Furtado em suas obras, que a seca gerava duas consequências para a
sociedade nordestina, a primeira de cunho econômico; que agravava a baixa produção de
alimentos; e a segunda em decorrência da primeira, pois com a baixa produção de alimentos,
havia o agravamento da pobreza, além disso, não acontecia constantemente com a pecuária,
uma vez que os fazendeiros dependiam não só para o consumo, como também a venda dos
produtos.
Dentre as três formas econômicas da zona semiárida, sendo elas a agricultura de
subsistência, o algodão e a pecuária, a que possibilitava o agravamento da pobreza e das
desigualdades sociais eram a primeira, pois antes de tudo gerava a fome, além disso, o GTDN
mostra que nas demais composições havia perdas, uns reféns do outro, pois na maioria das
vezes o gado se alimentava das plantações de algodão e ao mesmo tempo os criadouros não
podiam se alimentar deste, pois era um produto importante para exportações nacionais.
FURTADO (1959 p. 66)
Do ponto de vista da unidade produtiva típica das zonas semiáridas, a seca se traduz
numa contração da produção que, geralmente, alcança grandes proporções. Demais,
os prejuízos são relativamente maiores para quem tem menos resistência econômica,
isto é, a classe trabalhadora. Por outro lado, conforme indicamos, a seca provoca
importantes transferências de renda entre fazendeiros, reduzindo o preço do gado e
aumentando o dos pastos.
O documento analisa que a seca apresentava índices de maiores e menores focos na
região, porém de alguma forma apresentava implicações, sejam elas, a fome, a pobreza ou o
51
desemprego. Com relação a este último, o GTDN identifica que quase 1,5 milhões de pessoas
foram demitidas e que a maior parte deste contingente pertencente ao setor da agricultura,
ressaltando que o governo na época teve que empregar boa parte desse eventual, ocasionada
pela a seca.
“A ação governamental, dirigida no sentido de combater os efeitos das secas, vem
sendo caracterizada por medidas de curtos e longos prazos. A primeira era as medidas de
curto prazo que resultaram na criação de fontes de ocupação que permitam à população mais
afetada manter um nível mínimo de renda. E as de longo prazo era a construção de açudes de
pequeno ou grande porte, além de haver parceria entre o governo e os fazendeiros para a
construção de açudes”. (GTDN, 1959).
As ações com o intuito de conter as consequências da seca não foram tão eficaz e nem
tão pouco implementadas da forma correta. O GTDN mostra que uma das soluções que o
governo deveria seguir era a mudança do tipo de plantação, no que havia uma crise na
agricultura, então bastaria apenas adequa-se aos períodos e diversificar a produção, pois não
adiantaria empregar boa parte dessa população e após passar o período de estiagem à seca
retornar novamente, estando assim dentro de um circulo vicioso e que demandava políticas
governamentais de cunho financeiro.
“A formulação de uma política de conjunto contra os efeitos das secas requer clara
compreensão dos aspectos econômicos fundamentais desse problema. É necessário
ter em conta, inicialmente, as características da unidade econômica típica da região,
isto é, a forma como está organizada a produção. Em segundo lugar, cumpre
considerar por que razões uma crise de produção, que para o conjunto da região não
chega a ser de grande magnitude, assume aspectos sociais tão graves”. (GTDN, 1959, p. 70).
Após vários embates, o documento chegar a conclusão que a solução principal é dar
maior estabilidade a renda do trabalhador, de forma que possa ter o poder de compra em
períodos de secas, sanando assim algumas das consequências geradas por essa problemática.
O GTDN colocar a possível raiz do problema e tende a encontrar uma solução, seja
diversificar os alimentos para a agricultura de subsistência; a empregar o excedente de mão-
de-obra, gerada em detrimento da seca, entretanto, é notório as essas perspectivas só seriam
possíveis a partir de uma intervenção, embora houvessem soluções implementadas de curto e
longo prazo, bem como soluções a outras soluções a serem utilizada. O papel do governo
federal era a principal saída, no que não era persistir no erro, em todas as épocas de seca, mas
transformar em algo contínuo que tentasse ao menos sanar as consequências da seca e seus
vitimados.
52
No fim do terceiro capítulo, são observados indícios que tem como solução para o
Nordeste e suas problemáticas a instalação da indústria, mas o documento coloca algo
bastante criticado, no que diz respeito a colonização das terras férteis do Maranhão, o qual
fala que “a abertura de uma frente agrícola em direção ao Maranhão nas linhas das migrações
espontâneas que se vêm realizando há algum tempo, constitui problema complexo que requer
cuidadosa preparação”. (GTDN, 1959, p. 76).
Complementa assim o GTDN (1959, p. 77)
Para que as terras do interior maranhense possam ser efetivamente incorporadas à economia nordestina torna-se indispensável vincular a sua produção a mercados
acessíveis. A etapa de comercialização assume importância básica para qualquer
plano de colonização desse tipo.
Para Cavalcante (1999, p. 12), sobre o relatório do GTDN.
Historicamente foi o GTDN (Grupo de Trabalho Para o Desenvolvimento do
Nordeste) que enfocou de maneira mais concreta, a situação do Nordeste em relação
ao sudeste. Segundo o grupo, o crescimento mais acelerado da região Centro-Sul no
inicio do século XX leva ao surgimento de uma grande disparidade. Esta diferença
de crescimento da renda tem origens em questões econômicas, visto que a política econômica de defesa do café foi responsável para que aquela região tivesse uma
industrialização mais rápida.
Em suma, é observado à estrutura econômica do Nordeste em períodos de secas; como
o GTDN identificou suas problemáticas e de que forma poderiam seguir como também, quais
práticas deviam ser repensadas. É notório o quanto o pensamento de Furtado contribui para
esse emaranhando de aspectos que o documento analisa, além disso, é observada que a ideia
de movimentar uma pequena população para as terras do Maranhão, tem este aspecto a
presença criticas, entretanto, o documento não perde sua importância para o Nordeste.
No último capítulo, denominado de “Plano de Ação” que visa mostrar, soluções para
várias problemáticas analisadas, feitas através do diagnóstico, no que identificou aspectos de
múltiplos níveis que fazem do Nordeste uma região de altas desigualdades sociais. Cabe
ressaltar, que este capítulo foi feito as pressas, no que faria parte do plano econômico do
governo da época.
O documento começa uma sequência de pontuações para cada problema, a fim de ser
sanado, como pode ser observado a seguir;
A primeira solução diz respeito à reformulação de aproveitamento na região semiárida
(águas e solo). O documento recomenda a constituição de um grupo de alto nível que ficaria
responsável por implementar e criar os planos, programas e projetos para os locais
estratégicos, além de reaproveitar os já existentes com relação a construção de açudes e
53
irrigações para o reaproveitamento do solo, tendo um prazo máximo de três meses para esta
programação, além de apresentar uma recomendação para que esse trabalho sejam aplicado de
forma conjunta, com a participação de diversos órgãos governamentais e estaduais para que
juntos, possam combater as consequências da seca.
A segunda mostra a forma de sanar a problemática da agricultura de subsistência, que
seria a partir da construção de um grande grupo, sendo representantes de várias instâncias do
governo, desde o GTDN até o Ministério da Agricultura, com o objetivo de escolher uma
região típica da zona semiárida e fazer um levantamento com o objetivo de reorganizar e
identificar, quais os locais de zoneamento necessitaria de investimentos e encontrar novas
áreas que permitissem a produção da agricultura sem ter atrito com o período de estiagem,
além de mostrar, a abertura de frentes de colonização em regiões férteis próximas ao polígono
das secas e para isso acontecer, haveria também a instituição de um grupo de técnicos a fim
de dar o processo imigratório para outra localidade.
A terceira é sobre o processo de implementação da indústria, que no relatório é
apontado como a principal solução para a saída da letargia que o Nordeste se encontrava. A
alocação da indústria, segundo o grupo se daria nas grandes capitais, onde havia as maiores
concentrações populacionais, bem como a grande disponibilidade de mão-de-obra, também a
aplicação da indústria em locais onde o fator terra é escasso, ou seja, levar os industriários
para locais com impossibilidade de produzir à agropecuária, mas para industrializar seria
necessário saber as especificidades desse setor e que tipo colocar no Nordeste e como
analisado, o grupo identificou setores pungentes, dentre eles seria a implantação de uma base
siderúrgica para que pudesse aos poucos desenvolver a região, aproveitando assim, as
matérias-primas presentes no que antes era destinado apenas para a exportação de insumos,
agora já seria manufaturado na própria região nordestina.
A quarta solução seria uma maior oferta de energia elétrica no Nordeste, embora que
apresentasse uma abundância desta existia locais interioranos em que não chegava e em
alguns locais não havia a presença de luz, além de o preço ser alto para uma população onde
existiam altas disparidades de renda.
A quinta solução constituiria no aproveitamento das tecnologias existentes na época,
como a energia eólica e solar que aliada ao clima do Nordeste iria produzir grandes
quantidades de energia e que barateariam o preço e apresenta-se como uma segunda fonte
recursos, como também o uso dessas tecnologias para os solos e bem como chuvas artificiais.
A sexta solução consistir no abastecimento dos centros industriais, que no relatório
constitui como um pré-requisito para o êxito de qualquer política de industrialização onde
54
haveria o fornecimento nos grandes locais, onde a apresentasse a indústria, pois constitui um
grande obstáculo a expansão industrial.
A sétima solução é sobre a assistência técnica aos governos estaduais, o qual é
identificado à falta de habilidades em promover soluções e ficando presos nas
implementações do governo federal, assim seria possível desenvolver o próprio plano
econômico.
E por fim a ultima solução e umas dos destaques que seria a articulação geral da
execução do plano, que seria a partir do diagnóstico dos problemas tentarem modificar o
curso dos acontecimentos, pelo ataque simultâneo em um conjunto de frentes consideradas
vitais.
Em suma, é observado o quanto o relatório conseguiu visualizar de forma clara e
precisa a região Nordeste, de forma que mostrasse, não só as problemáticas econômicas
existentes, mas direcionar a mazela que corrompia a raiz, além de possibilitar para a região,
um novo olhar, diferentemente das perspectivas anteriores, que era de uma “região problema”,
em que ficaria difícil acontecer soluções, porém, a partir do empenho do GTDN, mostra que
tudo e todos estão sujeitos a mudança, sejam elas de formas positivas ou negativas, mas, que
depende apenas de conhecimento e visão total, noutras palavras, visualizar o Brasil com todas
as suas cincos regiões geográficas, em que cada uma apresenta suas especificidades,
problemas e antes de tudo indivíduos e aquela que “difere das demais”, o relatório faz mostra,
que antes de denominar e adjetivar um lugar estude e acompanhe a realidade e veja seus
próprios erros e que é possível sim, apresentar uma “luz” para o Nordeste.
55
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Analisar o desenvolvimento do Nordeste na década de 1950, sob a visão do grande
economista Celso Furtado e sua coordenação no Grupo de Trabalhado para o
Desenvolvimento do Nordeste (GTDN), com o objetivo de mostrar a grande contribuição que
este documento trouxe para dá visibilidade do Nordeste perante o governo federal, bem como
influenciou para as políticas de desenvolvimento nascidas posterior a publicação do relatório
“Uma Política para o Desenvolvimento do Nordeste” produzido pelo grupo supracitado.
Após todo esse aparato referencial, cabe aqui fechar esta discussão elencadas e analisadas de
forma que mostrasse não só a importância do GTDN na visão do governo, mas a base teórica
que foi iniciada neste período e que serviu de grandes debates sobre as políticas públicas de
desenvolvimento regional.
Em primeira instância, o Nordeste passou por grandes dificuldades de caráter político,
social e econômico, fazendo dessa região umas das mais desiguais do mundo,
consequentemente neste período há uma de suas maiores secas que agravou ainda mais a
pobreza e a fome nesta região. É observado no Brasil que nesta década estava em plena
implantação do capitalismo, mas sob um novo sistema econômico, o desenvolvimentismo
pautado na industrialização de forma concentrada nas regiões Centro-Sul do Brasil, deixando
assim o Nordeste desassistido de políticas e investimentos socioeconômicos. Além disso,
havia um contexto que propiciou o agravamento da “questão nordestina” que se traduziu em
problemáticas graves, mas foi a partir deste cenário que foi possível surgir soluções e
fomentos teóricos para esses problemas.
Em segundo, o cenário que o Brasil apresentava na década de 1950 foi pautado por
grandes avanços e transformações, como também “opções”, a também a mudança do sistema
liberal para um sistema que traria o desenvolvimento na teoria para várias esferas do país, que
poderiam conciliar os anseios dos grandes industriários como da população e isso
parcialmente foi implementado, mas não em todo o Brasil, mas sim nos centro dinâmicos
econômicos pulsantes da época, fazendo disto uma comparação histórica com outro período,
em que houve a direção econômica açucareira do Nordeste, para os polos cafeicultores do
sudeste e foi exatamente, a partir dessas opções de investimentos que produziu algumas das
problemáticas do Nordeste nesta década.
É notório que o fator histórico continuou a prevalecer, bem como as ideias liberais, em
intervir onde dará rentabilidade, mas vale lembrar, que mesmo com a troca de sistema
56
econômico, ainda o liberalismo, permaneceu aliado aos grandes empresários e para introduzir
uma industrialização seriam também indispensáveis, outras formas de investimentos, sendo
assim, o setor privado como um grande fomento para o processo da industrialização brasileira
estando assim preza as práticas liberais.
Já na terceira instância, o sistema econômico da época o “desenvolvimentismo”
existiam algumas distinções dentro desta corrente e umas delas era o alinhamento que se tinha
com o pensamento liberal e ao mesmo tempo havia outra facção denominada “nacionalista”
que empregava a intervenção total do estado e o desenvolvimento a partir da indústria, e eram
de acordo com o direcionamento de investimentos para este setor, e como mencionado não foi
por acaso o direcionamento desse sistema para o Centro-Sul, onde se encontrava o reduto dos
grandes empresários. Cabe ressaltar, que esse sistema vem de referências da CEPAL
(Comissão Econômica para a América Latina) que exercia grande influência nós esquemas
econômicos dos países latino-americanos dentre eles Brasil, além de ser um reduto de grandes
pensadores que foi de grande importância como notamos neste estudo, para o Nordeste.
Em quarto, observa-se que nesta época nunca houve tanto estudos e debates sobre
desenvolvimento e sua forma posterior o subdesenvolvimento, este último denominado assim
por acarretar fatores como: atraso, desigualdade socais, economias estagnadas ou emergentes
e dentre outras fragilidades. Porém dentre esses assuntos, um dos teóricos que cabe destaque
não só aqui neste estudo e como também na década 50 é Celso Furtado, um grande pensador
que estudava profundamente esses aspectos gerados nos países subdesenvolvidos, além de
pertencer ao segundo escalão da CEPAL o que contribui para o referencial teórico de Furtado.
No quinto ponto é referente ao Nordeste, onde passou por séries de problemas
socioeconômicos, mas seu principal agravante foi um de cunho natural e reconte na região a
“seca” que unido de outros agravantes produziu a realidade de uma região de extrema
pobreza. Ao longo da história é nítido o quando o Nordeste passou nas mãos das oligarquias,
do clima severo do polígono das secas e as regiões semiáridas e das intervenções poucas
eficientes dos governos em “tentar” acabar com esse mal climático. E é dentro deste contexto
que o Nordeste no fim da década de 1950, passa por uma de suas maiores secas da história e
novamente a fábula se repetiu, mas até certo ponto, quando a sociedade, cansada dessas
tentativas frustradas, aliadas aos liberais conservadores começar a manifestar, mais atenção e
intervenção para o Nordeste e conseguiram, mas não da forma rápida, pois ainda sim,
continuou os investimentos em curto prazo, onde tinha por objetivo as pessoas que sofriam
em consequência da seca, entretanto só era em uma determinadaestação, pois quando a
estiagem acabasse esses investimentos “emergências” findavam.
57
Em continuação ao observado anteriormente, a “história” foi outra, o governo federal
com medo de perder poder político em regiões central nordestinas, busca uma solução, onde
não eram as velhas e históricas intervenções falhas, e sim um estudo em que antes de tudo um
diagnóstico da realidade Nordestina. E para ser realizado essa pesquisa havia a necessidade de
um coordenador que na época estava apto a exercer tal função que era Celso Furtado um dos
únicos que desenvolvia seus estudos neste enforque, ou seja, não foi por acaso, mas sim
teoricamente necessário.
A partir destas pontuações que comprovam as hipóteses levantadas, faz necessário
observar os efeitos produzidos pelo o documento supracitado. Com a escolha do coordenador,
Furtado forma um grupo denominado “Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento do
Nordeste – GTDN” e após meses de analises e estudos é publicado o relatório “Uma Política
para o Desenvolvimento do Nordeste” que foi responsável de mostrar a realidade nordestina e
que com esse documento poderia nortear os investimentos do governo.
Entretanto, não foi só essa a contribuição deste famoso e importante documento, ele
conseguiu o que nem outro estudo fez que foi explicar a realidade nordestina de forma
simples e direta, pois foram mostrados aspectos que o governo já sabia e enfrentava a cada
época de seca, mas a forma que foi costurada cada frase em que ao mesmo tempo mostrava a
realidade, identificava os responsáveis em que um deles era o próprio governo federal e isto
que é uma das coisas que devem ser creditado a esse documento, pois ele joga na mesa os
fatos e as consequências das opções escolhidas, desde ao optar pelo um sistema econômico, a
direção dos investimentos e as disparidades de renda que é um dos principais problemas
identificados. Além disso, mostra um diagnóstico que soluciona cada problemática levantada
identificadas, nesta analise isso se deve ao fato do grande pensador Furtado, pois suas obras
anteriores já indicavam isso e seus respectivos problemas e que a solução central já era de
conhecimento,“desenvolver o Nordeste a partir da indústria”, mas ele foi além, deu soluções
para cada problema, por, mais que alguns destes pontos fossem complexo de acontecer, enfim
não eram as soluções em torna-se realidade, mas o conhecimento que uniu a teoria a realidade
nordestina.
As contribuições geradas pelo o relatório do GTDN foram grandes, após sua
publicação foi possível o governo ter um novo olhar para a região Nordeste, agora poderiam
alocar investimentos e direcionar recursos, pois sabiam onde apresentavam os principais
problemas. Foi a partir desse conhecimento que o Nordeste começou aparecer nos plano,
programa e projetos para o Brasil, o governo passa a ter um novo olhar e principalmente uma
perspectiva futura para a região é criado várias intervenções por meio de superintendências,
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bancos, comissões e um empenho dos ministérios, dentre estes citados foi de grande
contribuição para a SUDENE (Superintendência para o Desenvolvimento do Nordeste).
O GTDN em si, não foi aplicado na prática, mas possibilitou as intervenções a
posteriores, os estudos, os debates, novos postulados e novos pensamentos, não só pensa no
Nordeste brasileiro, mas o relatório contribui para pensar várias realidades presentes nos
países em subdesenvolvimento, foi um estudo pioneiro em mexer em meios, por exemplo, em
falar de desigualdade social na América Latina.
Enfim, após toda essa discursão foi possível mostrar o qual importante esse relatório
teve para dar visibilidade ao Nordeste, mostrar que aquela região não nasceu como um local
onde a pobreza é o nome, e a desigualdade é o sobrenome, mas sim, ter uma visão futura que
bastava apenas atenção e conhecimento a essa parte tão importante do Brasil e foi assim, que
o relatório do GTDN conseguiu ser a luz do Nordeste e a esperança que faltava.
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