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O que é cultura? Antropologia cultural.

O que é cultura

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Slide sobre a terceira apostila - 2ª ano.

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O que é cultura?

Antropologia cultural.

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ANTROPOLOGIA:a ciência da alteridade.

A Antropologia é o estudo do homem como ser biológico, social e cultural. Sendo cada uma destas dimensões por si só muito ampla, o conhecimento antropológico geralmente é organizado em áreas que indicam uma escolha prévia de certos aspectos a serem privilegiados como a “Antropologia Física ou Biológica” (aspectos genéticos e biológicos do homem), “Antropologia Social” (organização social e política, parentesco, instituições sociais), “Antropologia Cultural” (sistemas simbólicos, religião, comportamento) e “Arqueologia” (condições de existência dos grupos humanos desaparecidos). Além disso podemos utilizar termos como Antropologia, Etnologia e Etnografia para distinguir diferentes níveis de análise ou tradições acadêmicas.

Qualquer que seja a definição adotada é possível entender a antropologia como uma forma de conhecimento sobre a diversidade cultural, isto é, a busca de respostas para entendermos o que somos a partir do espelho fornecido pelo “Outro”; uma maneira de se situar na fronteira de vários mundos sociais e culturais, abrindo janelas entre eles, através das quais podemos alargar nossas possibilidades de sentir, agir e refletir sobre o que, afinal de contas, nos torna seres singulares, humanos.

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Cultura

Antropologia é portanto a área da sociologia responsável por estudar as diferentes culturas do mundo. Mas o que é cultura?

O conceito de cultura que conhecemos hoje, foi elaborado pelo antropólogo inglês Edward Burnett Tylor (1832 – 1917) juntando dois conceitos diferentes: KULTUR e CIVILIZATION;

Kultur, palavra de origem alemã que designa os aspectos espirituais de uma comunidade.Civilization, palavra de origem francesa que designa os feitos materiais (tecnologia) de um povo.

Assim sendo, podemos dizer que, a cultura corresponde ao conjunto de crenças, visões de mundo, modos de fazer e bens materiais de um povo durante um determinado período histórico.Exemplos:

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Cultura Valor: Corresponde a ideia de que um indivíduo possa ter mais cultura do que outro. Exemplo:

Cultura Alma-coletiva: Corresponde a ideia de grupo, de pertencer a algo “maior” que a soma dos indivíduos, indica a existência de uma identidade coletiva. Exemplo:

Cultura Mercadoria: Corresponde ao ato de transformar a alma de um povo em um objeto de consumo. Exemplo:Félix Guattari, antropólogo Francês

que divide a cultura de três formas distintas.

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Pero Vaz de CaminhaAntropologia desenvolve-se por volta dos séculos XVI-XIX , através da analise de cartas e questionários respondidos os viajantes e analisadas por especialistas europeus.

Nesse sentido destaca-se a carta escrita por Pero Vaz de Caminha sobre a descoberta do Brasil;

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Trecho da Carta"Ali veríeis galantes, pintados de preto e vermelho, e quartejados, assim pelos corpos como pelas pernas, que, certo, assim pareciam bem. Também andavam entre eles quatro ou cinco mulheres, novas, que assim nuas, não pareciam mal. Entre elas andava uma, com uma coxa, do joelho até o quadril e a nádega, toda tingida daquela tintura preta; e todo o resto da sua cor natural. Outra trazia ambos os joelhos com as curvas assim tintas, e também os colos dos pés; e suas vergonhas tão nuas, e com tanta inocência assim descobertas, que não havia nisso desvergonha nenhuma. Todos andam rapados até por cima das orelhas; assim mesmo de sobrancelhas e pestanas. Trazem todos as testas, de fonte a fonte, tintas de tintura preta, que parece uma fita preta da largura de dois dedos. Mostraram-lhes um papagaio pardo que o Capitão traz consigo; tomaram-no logo na mão e acenaram para a terra, como se os houvesse ali. Mostraram-lhes um carneiro; não fizeram caso dele. Mostraram-lhes uma galinha; quase tiveram medo dela, e não lhe queriam pôr a mão. Depois lhe pegaram, mas como espantados. Deram-lhes ali de comer: pão e peixe cozido, confeitos, fartéis, mel, figos passados. Não quiseram comer daquilo quase nada; e se provavam alguma coisa, logo a lançavam fora. Trouxeram-lhes vinho em uma taça; mal lhe puseram a boca; não gostaram dele nada, nem quiseram mais. Trouxeram-lhes água em uma albarrada, provaram cada um o seu bochecho, mas não beberam; apenas lavaram as bocas e lançaram-na fora. Viu um deles umas contas de rosário, brancas; fez sinal que lhas dessem, e folgou muito com elas, e lançou-as ao pescoço; e depois tirou-as e meteu-as em volta do braço, e acenava para a terra e novamente para as contas e para o colar do Capitão, como se dariam ouro por aquilo."

1ª Descrição da Cultura “Brasileira”.

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Questão Importante: Podemos escolher a cultura a qual vamos pertencer?

Atualmente, sabe-se que a incorporação de uma cultura se faz por meio da convivência com outros membros de uma comunidade, do aprendizado de sua língua, da participação em seus ritos, suas festas etc...

NINGUÉM NASCE SABENDO.

As pessoas fazem parte desta ou daquela cultura graças ao processo de aprendizado. É o que chamamos de socialização. Não há programação genética nem capacidades biológicas geneticamente estabelecidas.EX: UM CHINÊS DE OLHOS AZUIS.

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Um Chinês de olhos azuisHá alguns anos, conheci em Nova York um jovem que não falava uma palavra em inglês e estava evidentemente perplexo com os costumes americanos. Pelo “sangue”, era tão americano como qualquer outro, pois seus pais haviam nascido em Indiana e tinham ido para a China como missionários.

Órfão desde a infância, o rapaz fora criado por uma família chinesa, numa aldeia distante. Todos os que o conheceram o acharam mais chinês do que americano. O fato de ter olhos azuis e cabelos claros impressionava menos que o andar, os movimentos dos braços e das mãos, a expressão facial e os modos de pensar que caracterizavam os chineses.

A herança biológica era americana, mas a formação cultural fora chinesa. Ele voltou para a China.

KLUCKHOHN, Clyde. Antropologia: um espelho para o homem. Belo Horizonte: Itatiaia, 1963.p. 30.

A que conclusão se pode chegar sobre os padrões culturais demonstrados pelo jovem americano?

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Socio-biologia.

Vamos pensar:“O que determina o comportamento de uma pessoa”? “De onde vem as mais diferentes personalidades”?“O que justifica a existência de tantos gostos diferentes”?“As pessoas nascem com talento pra determinadas atividades, ou aprendem isso”?“ Por que algumas pessoas são carinhosas e atenciosas enquanto outros explodem em violência por qualquer coisa”?“A sexualidade de um individuo, é questão de escolha ou é natural”? Muitas pessoas acreditam em equívocos

velhos e persistentes a respeito das origens do comportamento humano:

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Determinismos

Determinismo Geográfico:A diversidade cultura é resultado das variações do meio ambiente, do clima, da vegetação (...)

Os povos latinos são mais sensuais que os outros porque vivem nos trópicos;

Povos de regiões frias são mais trabalhadores;

Os nordestinos são preguiçosos devido ao calor;

Determinismo Biológico:A diversidade cultural é resultado da biológica, está no DNA é inato aos seres humanos (...)

Todos os índios não gostam de trabalhar, são nômades e polígamos por natureza;

As mulheres são dóceis e delicadas por natureza enquanto os homens são fortes e agressivos;

Os diversos tipos de determinismos foram combatidos por inúmeros antropólogos ao longo da história, em especial destacamos o trabalho de Franz Boas (1858 – 1942) e Margareth Mead (1901 – 1978).Boas demonstrou por meio de diversas pesquisas de campo, que existe uma grande diversidade cultural em ambientes semelhantes.

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Sexo e temperamento

Mead investigou o modo como os indivíduos recebiam os elementos de sua cultura e a maneira como isso formulava sua personalidade. Sua pesquisa tinha como objetivo as condições de socialização da personalidade feminina e masculina. Ao analisar os Arapesh, os Mundugomor e os Chambuli, três povos da Nova Guiné, na Oceania, Mead percebeu diferenças significativas:

Entre os Arapesh não existe diferença entre homens e

mulheres, ambos são educados para serem dóceis

e sensíveis, servir uns aos outros.

Entre os Mundugumor não existe diferença,

homens e mulheres são educados para a

agressividade e para rivalidade.

Entre os Chambuli, finalmente encontrei diferença. As mulheres

são educadas para serem extrovertidas, empreendedoras, dinâmicas, enquanto os homens

são sensíveis, preocupados com a aparência e muitas vezes

invejosos.

E na nossa sociedade, branca, capitalista, cristã e monogâmica

homens e mulheres são educados da mesma forma, ou

de maneira diferente?

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Atividades

• Ler os textos “Compreensão sociológica” das páginas 7 e 8 e responder as atividades.

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Cultura Vs Natureza

Pensem comigo: Qual a origem da cultura?

A teoria mais aceita até pouco tempo atrás dizia que, ao longo da evolução da espécie, de um momento para o outro, o ser humano desenvolveu a capacidade biológica de desenvolver cultura.

O cérebro precisou evoluir, para produzirmos e utilizarmos a cultura.

Recentemente, a antropologia tem mudado de ideia. Hoje

acreditasse que o processo de formação da cultura acontece

simultaneamente ao desenvolvimento orgânico do

cérebro humano.

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Etnocentrismo Vs Relativismo Cultural

O que é etnocentrismo?Existe em nós seres humanos uma tendência (natural ou cultural) de avaliar nossas características pessoais (coisas) como sendo melhor do que a dos outros.

Quando o assunto é cultura, essa tendência é ainda maior.

Colocamos a nossa cultura como sendo superior a outras culturas,.Exemplos: Religião, Moda, Política.

O que é relativismo cultural?Etnocentrismo é uma forma de preconceito cultural. Quando julgamos uma cultura diferente da nossa de acordo com nossos padrões estamos sendo etnocêntricos.

O relativismo consiste em analisar uma cultura de acordo com os padrões da própria cultura, ou seja, evitando comparações.

Relativizar é, compreender uma cultura diferente de acordo com a própria cultura.

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Cultura brasileira: diversidade e conflitos.

Todas as sociedades possuem culturas, seja sociedades consideradas simples ou as sociedades consideradas complexas:

Sociedade simples: Refere-se as sociedades onde não existe divisão social do trabalho;

Sociedades complexas: Refere-se as sociedades onde existe uma forte divisão social do trabalaho. Essa divisão gera consequentemente uma divisão de classes;

A sociedade brasileira é considerada simplex ou complexa?

A produção cultural em uma sociedade dividida em classes (complexa) é neutra ou também é uma produção de classes?

Para muitos antropólogos ( Marshall Sahlins) a produção cultural e simbólica de uma sociedade capitalista está relacionada as próprias relações capitalistas de produção.

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A sociedade brasileira é multifacetada, ou seja, composta por diferentes classes sociais, habito mais urbanos ou mais rurais, diferenças culturais regionais, diversas religiões, crenças, etnias.

Seria então, possível dizer que existe uma cultura DOMINANTE no Brasil?

Eduardo Viveiro de Castro e Gilberto velho afirmam que a cultura é a produção simbólica de uma sociedade e traz em sí todas as suas contradições.

Ou seja, a cultura é contraditória como a sociedade é exemplo:

Candomblé e Umbanda, qual é a diferença?

Da mesma forma que nossa sociedade é dividida em classes e relativamente racista essas contradições aparecem na religião:

Candomblé é um religião negra e pobre, enquanto a Umbanda é uma religião branca e rica.

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Vamos fazer?1 – O que significa dizer que a cultura é uma produção simbólica que traz em si todas as contradições da sociedade?

2 - Segundo os antropólogos Gilberto Velho e Eduardo Viveiro de Castro, podemos afirmar que existe uma cultura nacional ou cultura brasileira?

3 – O que foi o processo de branqueamento? Qual era seu objetivo e o contexto social em que esse projeto foi pensado?

4 – Quem foram os principais imigrantes a virem para o Brasil? Por que vieram?

5 – Descreva as característica do projeto nacionalista de Getúlio Vargas?

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Diversidade e questão afro-brasileira

Quebrando o tabu:

Vivemos mesmo uma democracia racial?Existe racismo no Brasil?

Os brasileiros são racistas?Existe um racismo à brasileira?

Enquanto países como a África do Sul, e mesmo regiões dos Estados Unidos apresentavam uma política de segregação racial explicita, no Brasil isso nunca ocorreu (exceto escravidão). Mesmo assim, o racismo sempre esteve presente em nossa história de maneira enrustida, disfarçada.

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Racismo a Brasileira

Ler o texto página 19.Ver os vídeos:

O que podemos concluir com a leitura do texto?

Onde se manifesta nossa racismo?

Que fatores sociais justificam nosso racismo?

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O Racismo na História“O racismo é tão antigo quanto a própria humanidade”;

Não existe sociedade ou agrupamento humano que não reflita ou emita juízos de valor sobre as diferenças humanas;

No século XIX nasce a ideia de raças, e, a crença de que um é superior a outra;

Essa crença (infundada) justificou, durante muito tempo, a escravidão, o domínio de determinados povos sobre outros, todo tipo de preconceito e genocídios;

Essas ideias eram elaboradas por intelectuais e cientistas do século XIX como o Conde de Gobineau (1816-1882) na obra, Ensaio sobre a desigualdade das raças humanas, de 1855.

Essas ideias estão justificando a violência e a exploração dos europeus em suas colônias, a confinação dos índios em reservas, as leis da segregação racial na África e nos EUA, o Nazismo na Alemanha, e mais recente o genocídio em Ruanda.

Só depois da 2º guerra mundial é que as nações do mundo ocidental se

manifestaram de forma “direta” contra o racismo quando a UNESCO – órgão ligado à

ONU redigiu o documento chamado: Declaração das raças da UNESCO (1955).

Nesse documento cientistas argumentavam que, não existia dados concretos que

comprovassem a superioridade da raça Branca sobre as demais.

Atividade: ler o texto Raça e a Declaração das raças da UNESCO página 20

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Enquanto isso no Brasil...

O racismo adota roupagens diferentes, muda ao longo da história e, muda de acordo com os lugares. Por isso o racismo no Brasil sempre foi dissimulado, nunca oficial.

No século XIX, o brasil era descrito como um país mestiço por viajantes, onde as raças se misturavam de forma perigosa;

Dessa forma, o projeto de construção de uma nação brasileira estaria fadado ao fracasso, ou seja, o país não teria futuro.

Conde Arthur de Gobineau esteve no Brasil em 1869 analisando a questão das raças e concluiu que a única solução para o país era incorporar pessoas de raça superior (Brancos europeus) como forma de evitar os prejuízos provocados pela mistura das raças. (o que ele chamou de degeneração).

A solução proposta por Gobineau, de

certa forma foi aceita:

Política de Branqueamento

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Culturalismo brasileiro:

A partir da década de 30 do século passado, a mistura de raças passou a ser visto como algo positivo, influenciando uma rica produção cultural em diversas áreas como a música e a literatura.

• Complete a coluna apontando as principais produções culturais baseadas na temática da miscigenação de raças: