Orientacoes Curriculares

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  • 1. EDUCAOPR-ESCOLARO r i e n t a e sC u r r i c u l a r e sparaa EducaoPr-EscolarM I N I S T R I O D A E D U C A ODepartamento da Educao Bsica Ncleo de Educao Pr-Escolar

2. EDUCAOPR-ESCOLARO r i e n t a e sC u r r i c u l a r e sparaa EducaoPr-EscolarM I N I S T R I O D A E D U C A ODepartamento da Educao Bsica Ncleo de Educao Pr-Escolar 3. Ficha Tcnica TtuloOrientaes Curriculares para a Educao Pr-Escolar EditorMinistrio da EducaoDepartamento da Educao BsicaGabinete para a Expansoe Desenvolvimento da Educao Pr-Escolar Av. 24 de Julho, 140 1300 Lisboa Directora do Departamento da Educao Bsica Teresa Vasconcelos Texto M. Isabel Ramos Lopes da Silva(Instituto de Inovao Educacional)e Ncleo de Educao Pr-Escolar IlustraoManuela Bacelar Capa e Concepo Grfica Ceclia GuimaresTiragem25 000 Impresso Editorial do Ministrio da Educao DataSetembro 1997 N.o Depsito Legal114 801/97 ISBN972-742-087-7 4. Coleco EDUCAO PR-ESCOLAR 1 Orientaes Curricularespara a Educao Pr-Escolar 5. com maior gosto que levamos a todos os jardins de infncia as Orientaes Curriculares para a Educao Pr-Escolar. Trata-se do culminar de um processo que envolveu profissio- nais, formadores, investigadores e tcnicos da administrao central e local, associaes profissionais e sindicais, representantes dos pais, etc., na construo de um documento que fosse espelho daquilo que hoje sabemos que a educao pr-escolar deve proporcionar s cri- anas, isto , reflexo daquilo que a sociedade, no seu todo, pede educao pr-escolar.Estas Orientaes Curriculares sero pontos de apoio para a prtica pedaggica dos edu- cadores, so espelho da sua coerncia profissional, permitindo uma maior afirmao soci- al da educao pr-escolar, como afirmavam, h j largos anos, alguns educadores de infn- cia, sondados sobre esta matria*. Doutora Isabel Lopes da Silva (Instituto de Inovao Educacional) e ao Ncleo de Educao Pr-Escolar do Departamento da Educao Bsica, o reconhecimento pelo trabalho de rigor e qualidade desenvolvido na preparao deste docu- mento.No esqueamos: o educador o construtor, o gestor do currculo, no mbito do projecto educativo do estabelecimento ou do conjunto de estabelecimentos. O educador deve cons- truir esse currculo com a equipa pedaggica, escutando os saberes das crianas e suas fam- lias, os desejos da comunidade e, tambm, as solicitaes dos outros nveis educativos.Pretende-se que estas Orientaes sejam um ponto de apoio para uma educao pr-esco- lar enquanto primeira etapa da educao bsica, estrutura de suporte de uma educao que se desenvolve ao longo da vida. Podero contribuir para que a educao pr-escolar de qua- lidade se torne motor de cidadania, alicerce de uma vida social, emocional e intelectual, que seja um todo integrado e dinmico para todas as crianas portuguesas e no apenas para algumas. Teresa VasconcelosDirectora do Departamento da Educao BsicaeCoordenadora do Gabinete para a Expanso e Desenvolvimento da Educao Pr-Escolar (GEDEPE) * Vasconcelos, (1990) Modelos Pedaggicos na educao pr-escolar: Que pensam os educadores? Aprender, 11, 38-44. 6. NDICE II Princpios GeraisIntroduo __________________________________________________________________________________________ 13 Princpio geral e objectivos pedaggicos enunciadosna Lei-Quadro da Educao Pr-Escolar _________________________________________ 15Fundamentos e organizao das OrientaesCurriculares _________________________________________________________________________________________17Orientaes globais para o educador ________________________________________________25 II Interveno EducativaOrganizao do ambiente educativo_________________________________________________31Abordagem sistmica e ecolgica do ambiente educativo ______________ 31 Organizao do grupo, do espao e do tempo ________________________________34 Organizao do meio institucional __________________________________________________ 41 Relao com os pais e outros parceiros educativos _________________________42 reas de contedo ______________________________________________________________________________47Articulao de contedos ________________________________________________________________48 rea de formao pessoal e social __________________________________________________ 51 rea de expresso e comunicao ___________________________________________________56 Domnio das expresses motora, dramtica, plstica e musical ________ 57Domnio da linguagem oral e abordagem escrita _________________________ 65Domnio da matemtica _______________________________________________________________ 73rea de conhecimento do mundo____________________________________________________79 Continuidade educativa______________________________________________________________________87 Intencionalidade Educativa________________________________________________________________93 7. I . P r i n c p i o s G e r a i s 8. P r i n c p i o s G e r a i s INTRODUO As Orientaes Curriculares para a Educao Pr-Escolar aprovadas pelo presente despacho* decorrem de um debate amplamente participado que permitiu a sua pro- gressiva reformulao.A diversidade e riqueza das contribuies de servios e instituies que desempenham um papel relevante na educao pr-escolar, bem como de numerosos grupos de edu- cadores que se disponibilizaram para analisar o documento base e apresentar as suas crticas e sugestes, possibilitaram a progressiva melhoria do documento final. Este processo permitiu, ainda, distinguir os princpios gerais das Orientaes Curriculares, a que se refere este despacho, do seu desenvolvimento pedaggico, a publicar pelo Departamento da Educao Bsica. A complementaridade destes dois textos visa torn-los um instrumento til para os educadores reflectirem sobre a prtica e encon- trarem as respostas educativas mais adequadas para as crianas com quem trabalham.As Orientaes Curriculares constituem um conjunto de princpios para apoiar o educador nas decises sobre a sua prtica, ou seja, para conduzir o processo educa- tivo a desenvolver com as crianas.As Orientaes Curriculares constituem uma referncia comum para todos os edu- cadores da Rede Nacional de Educao Pr-Escolar e destinam-se organizao da componente educativa. No so um programa, pois adoptam uma perspectiva mais centrada em indicaes para o educador do que na previso de aprendizagens a rea- lizar pelas crianas. Diferenciam-se tambm de algumas concepes de currculo, por serem mais gerais e abrangentes, isto , por inclurem a possibilidade de funda- mentar diversas opes educativas e, portanto, vrios currculos.Ao constituirem um quadro de referncia para todos os educadores, as Orientaes 13 Curriculares pretendem contribuir para promover uma melhoria da qualidade da educao pr-escolar.O presente documento organiza-se do seguinte modo: 1 Princpio geral e objectivos pedaggicos enunciados na Lei Quadro da Educa- o Pr-Escolar* Despacho n.o 5220/97 (2.a srie), de 10 de Julho, publicado no D. R. n.o 178, II srie, de 4 de Agosto. 9. 2 Fundamentos e organizao das Orientaes Curriculares3 Orientaes gerais para o educador As Orientaes Curriculares assentam nos seguintes fundamentos articulados: o desenvolvimento e aprendizagem como vertentes indissociveis; o reconhecimento da criana como sujeito do processo educativo o quesignifica partir do que a criana j sabe e valorizar os seus saberes como funda-mento de novas aprendizagens; a construo articulada do saber o que implica que as diferentes reas a con-templar no devero ser vistas como compartimentos estanques, mas abordadasde uma forma globalizante e integrada; a exigncia de resposta a todas as crianas o que pressupe uma pedagogiadiferenciada, centrada na cooperao, em que cada criana beneficia do processoeducativo desenvolvido com o grupo. Com suporte nestes fundamentos, o desenvolvimento curricular, da responsabili-dade do educador, ter em conta: os objectivos gerais enunciados na Lei Quadro da Educao Pr-Escolarcomo intenes que devem orientar a prtica profissional dos educadores; a organizao do ambiente educativo como suporte do trabalho curricular eda sua intencionalidade. O ambiente educativo comporta diferentes nveis eminteraco: a organizao do grupo, do espao e do tempo; a organizao do esta-belecimento educativo; a relao com os pais e com outros parceiros educativos; as reas de contedo que constituem as referncias gerais a considerar noplaneamento e avaliao das situaes e oportunidades de aprendizagem. Distin-guem-se trs reas de contedo: rea de Formao Pessoal e Social; rea de Expresso/Comunicao que compreende trs domnios:a) domnio das expresses com diferentes vertentes expresso motora, expresso dramtica, expresso plstica e expresso musical; 14 b) domnio da linguagem e abordagem escrita;c) domnio da matemtica; rea de Conhecimento do Mundo; a continuidade educativa como processo que parte do que as crianas j sabeme aprenderam, criando condies para o sucesso nas aprendizagens seguintes; a intencionalidade educativa que decorre do processo reflexivo de observa-o, planeamento, aco e avaliao desenvolvido pelo educador, de forma aadequar a sua prtica s necessidades das crianas. 10. P r i n c p i o sG e r a i sPRINCPIO GERAL E OBJECTIVOS PEDAGGICOS ENUNCIADOS NA LEI-QUADRO DA EDUCAO PR-ESCOLAR A Lei-Quadro da Educao Pr-Escolar estabelece como Princpio Geral princpio geral que a educao pr-escolar a primeira etapa da educao bsica no processo de educao ao longo da vida, sendo complementar da aco educativa da fam- lia, com a qual deve estabelecer estreita relao, favore- cendo a formao e o desenvolvimento equilibrado da cri- ana, tendo em vista a sua plena insero na sociedade como ser autnomo, livre e solidrio.Este princpio fundamenta todo o articulado da lei e deleObjectivos decorrem os objectivos gerais pedaggicos definidos para a Pedaggicos educao pr-escolar: a) Promover o desenvolvimento pessoal e social da crianacom base em experincias de vida democrtica numaperspectiva de educao para a cidadania; b) Fomentar a insero da criana em grupos sociaisdiversos, no respeito pela pluralidade das culturas,favorecendo uma progressiva conscincia como membroda sociedade; c) Contribuir para a igualdade de oportunidades no acesso escola e para o sucesso da aprendizagem; d) Estimular o desenvolvimento global da criana no res-15peito pelas suas caractersticas individuais, incutindocomportamentos que favoream aprendizagens signifi-cativas e diferenciadas; e) Desenvolver a expresso e a comunicao atravs delinguagens mltiplas como meios de relao, de infor-mao, de sensibilizao esttica e de compreenso domundo; 11. f) Despertar a curiosidade e o pensamento crtico;g) Proporcionar criana ocasies de bem estar e de segu- rana, nomeadamente no mbito da sade individual e colectiva;h) Proceder despistagem de inadaptaes, deficincias ou precocidades e promover a melhor orientao e encaminhamento da criana;i) Incentivar a participao das famlias no processo edu- cativo e estabelecer relaes de efectiva colaborao com a comunidade. 16 12. P r i n c p i o sG e r a i s FUNDAMENTOSE ORGANIZAODAS ORIENTAES CURRICULARES O princpio geral e os objectivos pedaggicos enunciados na Lei-Quadro enquadram os fundamentos e a organizao das Orientaes Curriculares para a Educao Pr-Escolar.Assim, as diferentes afirmaes contidas no princpio geral da Lei-Quadro, destacadas no texto, relacionam-se com os objectivos gerais, para explicitar como se traduzem nas Orientaes Curriculares.A educao pr-escolar a primeira etapa da educa-educao ao o bsica no processo de educao ao longo dalongo da vida vida.Esta afirmao implica que durante esta etapa se criem as condies necessrias para as crianas continuarem aaprender a aprender, ou seja, importa que na educao pr-escolar as aprender crianas aprendam a aprender. Desta afirmao decorre tambm o objectivo geral:Contribuir para a igualdade de oportunidades no igualdade deacesso escola e para o sucesso das aprendiza-oportunidadesgens.No se pretende que a educao pr-escolar se organize em sucesso escolar funo de uma preparao para a escolaridade obrigatria,17 mas que se perspective no sentido da educao ao longo da vida, devendo, contudo, a criana ter condies para abor- dar com sucesso a etapa seguinte.A educao pr-escolar foi apontada como um possvel local de insucesso escolar precoce em que algumas crian- as aprendem que no so to capazes como as outras. Concluses da investigao sociolgica demonstraram, 13. tambm, que o insucesso escolar recai maioritariamente emcrianas de meios populares, cuja cultura familiar est maisdistante da cultura escolar.pedagogiaPara que a educao pr-escolar possa contribuir para umaestruturada maior igualdade de oportunidades, as Orientaes Curri-culares acentuam a importncia de uma pedagogia estrutu-rada, o que implica uma organizao intencional e sistem-tica do processo pedaggico, exigindo que o educador pla-neie o seu trabalho e avalie o processo e os seus efeitos nodesenvolvimento e na aprendizagem das crianas. carcter ldico Adoptar uma pedagogia organizada e estruturada no sig-nifica introduzir na educao pr-escolar certas prticas"tradicionais" sem sentido para as crianas, nem menospre-zar o carcter ldico de que se revestem muitas aprendiza-gens, pois o prazer de aprender e de dominar determinadascompetncias exige tambm esforo, concentrao e inves-timento pessoal.sucesso da A educao pr-escolar cria condies para o sucesso daaprendizagemaprendizagem de todas as crianas, na medida em que pro-move a sua auto-estima e auto-confiana e desenvolvecompetncias que permitem que cada criana reconhea assuas possiblidades e progressos. Os diversos contextos de educao pr-escolar so, assim,espaos onde as crianas constroem a sua aprendizagem, deforma a:formao e Favorecer a formao e o desenvolvimento equili-desenvolvimentobrado da criana. Esta afirmao do princpio geral fundamenta o objectivo: 18 Estimular o desenvolvimento global da criana, no respeito pelas suas caractersticas individuais, desenvolvimento que implica favorecer aprendiza- gens significativas e diferenciadas. interligaoEste objectivo aponta, assim, para a interligao entre desen-desenvolvimento / volvimento e aprendizagem defendida por diferentes cor-aprendizagemrentes actuais da psicologia e da sociologia, que conside- 14. P r i n c p i o sG e r a i sram que o ser humano se desenvolve num processo de inter- aco social. Nesta perspectiva a criana desempenha um papel activo na sua interaco com o meio que, por seu turno, lhe dever fornecer condies favorveis para que se desenvolva e aprenda.Admitir que a criana desempenha um papel activo nacriana como construo do seu desenvolvimento e aprendizagem, supesujeito encar-la como sujeito e no como objecto do processodo processo educativo. educativoNeste sentido, acentua-se a importncia da educao pr- partir do que a -escolar partir do que as crianas sabem, da sua cultura e criana sabe saberes prprios. Respeitar e valorizar as caractersticas individuais da criana, a sua diferena, constitui a base de novas aprendizagens. A oportunidade de usufruir de expe- rincias educativas diversificadas, num contexto facilitador de interaces sociais alargadas com outras crianas e adul- tos, permite que cada criana, ao construir o seu desenvol- vimento e aprendizagem, v contribuindo para o desenvol- vimento e aprendizagem dos outros.O respeito pela diferena inclui as crianas que se afastameducao para dos padres "normais", devendo a educao pr-escolar dartodos resposta a todas e a cada uma das crianas. Nesta perspectiva de "escola inclusiva", a educao pr-escolar dever adoptar a prtica de uma pedagogia diferenciada, centrada na coope- rao, que inclua todas as crianas, aceite as diferenas, apoie a aprendizagem, responda s necessidades individuais.O conceito de "escola inclusiva" supe que o planeamento escola seja realizado tendo em conta o grupo. Este plano adap-inclusiva tado e diferenciado de acordo com as cractersticas indivi- duais, de modo a oferecer a cada criana condies estimu-19 lantes para o seu desenvolvimento e aprendizagem. Pela sua referncia ao grupo, vai mais longe que a perspectiva de integrao que admitia a necessidade de planos indivi- duais e especficos para as crianas "diferentes". Assim,planeamento mesmo as crianas diagnosticadas como tendo "necessida-para o grupo des educativas especiais" so includas no grupo e benefi- ciam das oportunidades educativas que so proporcionadas a todos. 15. funcionamento As condies que se consideram necessrias para a existnciado estabeleci- de uma "escola inclusiva" tais como, o bom funcionamentomento educativodo estabelecimento educativo, o envolvimento de todos inter- venientes profissionais, crianas, pais e comunidade a planificao em equipa, so aspectos a ter em conta no pro- cesso educativo a desenvolver na educao pr-escolar.A resposta que a educao pr-escolar deve dar a todas as crianas organiza-se: Tendo em vista a sua plena insero na sociedade como ser autnomo, livre e solidrio.Esta ltima afirmao do princpio geral que orienta a edu- cao pr-escolar concretiza-se em diferentes objectivos, relacionando-se directamente com os seguintes:desenvolvi-Promover o desenvolvimento pessoal e social da cri-mento pessoal eana com base em experincias de vida democrtica socialnuma perspectiva de educao para a cidadania;educao para Fomentar a insero da criana em grupos sociaisa cidadania diversos, no respeito pela pluralidade das culturas, favorecendo uma progressiva conscincia como membro da sociedade. Organizao do No sentido da educao para a cidadania, as Orientaes AmbienteCurriculares do particular importncia Organizao do Educativo Ambiente Educativo como um contexto de vida democr- tica em que as crianas participam, onde contactam e aprendem a respeitar diferentes culturas. nesta vivnciaFormao que se inscreve a rea de Formao Pessoal e Social consi-Pessoal e Social derada como rea integradora de todo o processo de educa- o pr-escolar. 20 tambm objectivo da educao pr-escolar:bem-estarProporcionar ocasies de bem-estar e de segu-e seguranarana, nomeadamente no mbito da sade individual e colectiva.O bem estar e segurana dependem tambm do ambiente educativo, em que a criana se sente acolhida, escutada e valorizada, o que contribui para a sua auto-estima e desejo 16. P r i n c p i o sG e r a i sde aprender. Um ambiente em que se sente bem porque so atendidas as suas necessidades psicolgicas e fsicas. O bem estar relacionado com a sade individual e colectiva tambm ocasio de uma educao para a sade que faz parte da formao do cidado.Mas, a educao da criana, tendo em vista a plena inser- o na sociedade como ser autnomo, livre e solidrio, implica tambm outras formas de desenvolvimento e aprendizagem, a que se refere o objectivo: Desenvolver a expresso e a comunicao atravsExpresso de linguagens mltiplas como meios de relao, de e Comunicao informao, de sensibilizao esttica e de compre- enso do mundo.Este objectivo contemplado nas reas Expresso e Comunicao e Conhecimento do Mundo. Existindo umaConhecimento ligao entre as duas, a primeira engloba diferentes formas do Mundo de linguagem distribudas por trs domnios: domnio das expresses, com diferentes vertentes expresso motora, expresso dramtica, expresso plstica e expresso musi- cal ; domnio da linguagem e abordagem escrita, que inclui outras linguagens como a informtica e a audiovisual e ainda, a possiblidade de sensibilizao a uma lngua estrangeira; o domnio da matemtica, considerado como uma outra forma de linguagem, faz tambm parte da rea de Expresso e Comunicao.Sendo o domnio destas linguagens importante em siarticulao de mesmo, elas tambm so meios de relao, de sensibiliza-contedos o esttica e de obteno de informao. Deste modo, a rea de Expresso e Comunicao constitui uma rea bsica que contribui simultaneamente para a Formao21 Pessoal e Social e para o Conhecimento do Mundo. Por seu turno, a rea do Conhecimento do Mundo permite articular as outras duas, pois atravs das relaes com os outros que se vai construindo a identidade pessoal e se vai tomando posio perante o "mundo" social e fsico. Dar sentido a esse "mundo" passa pela utilizao de sistemas simblico-culturais. 17. No se considerando estas diferentes reas como comparti-mentos estanques, acentua-se a importncia de interligar asdiferentes reas de contedo e de as contextualizar numdeterminado ambiente educativo. Assim, a organizao doambiente educativo na relao com o meio envolventeconstitui o suporte do desenvolvimento curricular. S esteprocesso articulado permite atingir um outro objectivo quedever atravessar toda a educao pr-escolar:curiosidade edespertar a curiosidade e o esprito crtico. esprito crticoEste objectivo concretiza-se nas diferentes reas de con-tedo que se articulam numa formao global, que ser ofundamento do processo de educao ao longo da vida. Uma outra afirmao do princpio geral da Lei-Quadroconsidera a educao pr-escolar como:complementar da aco educativa da famlia, com aqual deve estabelecer estreita relao. Esta afirmao que acentua a importncia da relao com afamlia, traduz-se no objectivo:participao daIncentivar a participao das famlias no processo famlia educativo e estabelecer relaes de efectiva colabo- rao com a comunidade. Os pais ou encarregados de educao so os responsveispela criana e tambm os seus primeiros e principais edu-cadores. Estando hoje, de certo modo ultrapassada a tnicacolocada numa funo compensatria, pensa-se que osefeitos da educao pr-escolar esto intimamente relacio-nados com a articulao com as famlias. J no se procuracompensar o meio familiar, mas partir dele e ter em conta 22 a(s) cultura(s) de que as crianas so oriundas, para que aeducao pr-escolar se possa tornar mediadora entre asculturas de origem das crianas e a cultura de que tero dese apropriar para terem uma aprendizagem com sucesso. Sendo a educao pr-escolar complementar da aco edu-cativa da famlia, haver que assegurar a articulao entre oestabelecimento educativo e as famlias, no sentido deencontrar, num determinado contexto social, as respostas 18. P r i n c p i o sG e r a i smais adequadas para as crianas e famlias, cabendo aos pais participar na elaborao do projecto educativo do esta- belecimento.Mas, no s a famlia, como tambm o meio social em que projecto a criana vive influencia a sua educao, beneficiando aeducativo do escola da conjugao de esforos e da potencializao deestabelecimento recursos da comunidade para a educao das crianas e dos jovens. Assim, tanto os pais, como outros membros da comunidade podero colaborar no desenvolvimento do projecto educativo do estabelecimento.O processo de colaborao com os pais e com a comuni- participao da dade tem efeitos na educao das crianas e, ainda, conse-comunidade quncias no desenvolvimento e na aprendizagem dos adul- tos que desempenham funes na sua educao.23 19. P r i n c p i o sG e r a i s ORIENTAES GLOBAISPARA O EDUCADOR A intencionalidade do processo educativo que caracteriza a interveno profissional do educador passa por diferentes etapas interligadas que se vo sucedendo e aprofundando, o que pressupe:Observar Observar cada criana e o grupo para conhecer as suas conhecimento capacidades, interesses e dificuldades, recolher as informa-da criana es sobre o contexto familiar e o meio em que as crianas vivem, so prticas necessrias para compreender melhor as caractersticas das crianas e adequar o processo educa- tivo s suas necessidades.O conhecimento da criana e da sua evoluo constitui o diferenciao fundamento da diferenciao pedaggica que parte do que pedaggica esta sabe e capaz de fazer para alargar os seus interesses e desenvolver as suas potencialidades. Este conhecimento resulta de uma observao contnua e supe a necessidade de referncias tais como, produtos das crianas e diferentes formas de registo.25 Trata-se fundamentalmente de dispr de elementos que possam ser periodicamente analisados, de modo a compre- ender o processo desenvolvido e os seus efeitos na apren- dizagem de cada criana. A observao constitui, destebase do planea- modo, a base do planeamento e da avaliao, servindo de mento e da ava- suporte intencionalidade do processo educativo. liao 20. Planearaprendizagens Planear o processo educativo de acordo com o que o edu-significativas e cador sabe do grupo e de cada criana, do seu contexto diversificadasfamiliar e social condio para que a educao pr-esco- lar proporcione um ambiente estimulante de desenvolvi- mento e promova aprendizagens significativas e diversifi- cadas que contribuam para uma maior igualdade de opor- tunidades.reflexo sobrePlanear implica que o educador reflicta sobre as suas inten- as inteneses educativas e as formas de as adequar ao grupo, pre- educativasvendo situaes e experincias de aprendizagem e organi- zando os recursos humanos e materiais necessrios sua realizao. O planeamento do ambiente educativo permite s crianas explorar e utilizar espaos, materiais e instru- mentos colocados sua disposio, proporcionando-lhes interaces diversificadas com todo o grupo, em pequenos grupos e entre pares, e tambm a possibilidade de interagir com outros adultos. Este planeamento ter em conta asarticulao dasdiferentes reas de contedo e a sua articulao, bem comoreas de con-a previso de vrias possibilidades que se concretizam outedomodificam, de acordo com as situaes e as propostas das crianas.Cabe, assim, ao educador planear situaes de aprendiza- gem que sejam suficientemente desafiadoras, de modo a interessar e a estimular cada criana, apoiando-a para que chegue a nveis de realizao a que no chegaria por si s, mas acautelando situaes de excessiva exigncia de que possa resultar desencorajamento e diminuio de auto- estima. 26 participaoO planeamento realizado com a participao das crianas,das crianas nopermite ao grupo beneficiar da sua diversidade, das capaci- planeamento dades e competncias de cada criana, num processo de partilha facilitador da aprendizagem e do desenvolvimento de todas e de cada uma. 21. P r i n c p i o sG e r a i sAgirConcretizar na aco as suas intenes educativas, adap-concretizao tando-as s propostas das crianas e tirando partido dasda aco situaes e oportunidades imprevistas. A participao de outros adultos auxiliar de aco educativa, pais, outros membros da comunidade na realizao de oportunidades educativas planeadas pelo educador uma forma de alargar as interaces das crianas e de enriquecer o processo edu- cativo. AvaliarAvaliar o processo e os efeitos, implica tomar conscinciatomar da aco para adequar o processo educativo s necessida-conscincia des das crianas e do grupo e sua evoluo. da acoA avaliao realizada com as crianas uma actividadeavaliao com educativa, constituindo tambm uma base de avaliao para as crianas o educador. A sua reflexo, a partir dos efeitos que vai observando, possibilita-lhe estabelecer a progresso das aprendizagens a desenvolver com cada criana. Neste sen- tido, a avaliao suporte do planeamento. ComunicarO conhecimento que o educador adquire da criana e do modo como esta evolui enriquecido pela partilha com partilha com outros adultos que tambm tm responsabilidades na suaa equipa27 educao, nomeadamente, colegas, auxiliares de acoe com os pais educativa e, tambm, os pais. Se o trabalho de profissionais em equipa constitui um meio de auto-formao com bene- fcios para a educao da criana, a troca de opinies com os pais permite um melhor conhecimento da criana e de outros contextos que influenciam a sua educao: famlia e comunidade. 22. Articular continuidadeCabe ao educador promover a continuidade educativa num educativaprocesso marcado pela entrada para a educao pr-escolare a transio para a escolaridade obrigatria. A relao esta-belecida com os pais antes da criana frequentar a educa-o pr-escolar facilita a comunicao entre o educador eos pais, favorecendo a prpria adaptao da criana. tam-bm funo do educador proporcionar as condies para articulaoque cada criana tenha uma aprendizagem com sucesso nacom o 1.o ciclo fase seguinte competindo-lhe, em colaborao com os paise em articulao com os colegas do 1.o ciclo, facilitar atransio da criana para a escolaridade obrigatria. 28 23. I I . I n t e r v e n o E d u c a t i v a 24. A segunda parte das Orientaes Curriculares para a Educao Pr-Escolar Interveno Educativa desenvolve e concretiza os Princpios Gerais aprova- dos pelo Despacho n.o 5220/97 (2.a srie), de 4 de Agosto. Este texto constitui uma base de reflexo individual e colectiva, com o objectivo de permitir aos educadores situar as suas opes educativas e encontrar as prticas mais adequadas ao contexto e ao grupo de crianas. 25. I n t e r v e n o E d u c a t i v a ORGANIZAODO AMBIENTE EDUCATIVO O contexto institucional de educao pr-escolar deve organizar-se como um ambiente facilitador do desenvolvi-suporte mento e da aprendizagem das crianas. Este ambiente do trabalho dever ainda proporcionar ocasies de formao dos adul-curricular tos que trabalham nesse contexto.Esta organizao diz respeito s condies de interaco entre os diferentes intervenientes - entre crianas, entre cri- anas e adultos e entre adultos - e gesto de recursos humanos e materiais que implica a prospeco de meios para melhorar as funes educativas da instituio.Por todas estas razes se considera que a organizao do ambiente educativo constitui o suporte do trabalho curricu- lar do educador. A BORDAGEM SISTMICA E ECOLGICA DO AMBIENTE EDUCATIVO 31 Para que a educao pr-escolar encontre as respostas maisdiferentes adequadas populao que a frequenta, a organizao do nveis em ambiente educativo ter em conta diferentes nveis em inter-interaco aco, o que aponta para uma abordagem sistmica e ecol- gica da educao pr-escolar. Esta perspectiva assenta no pressuposto que o desenvolvimento humano constitui um pro- cesso dinmico de relao com o meio, em que o indivduo influenciado, mas tambm influencia o meio em que vive. 26. Para compreender a complexidade do meio importa consi- der-lo como constitudo por diferentes sistemas que desempenham funes especficas e que, estando em inter- conexo, se apresentam como dinmicos e em evoluo.interacoDeste modo, a perspectiva sistmica e ecolgica consideraindivduo/ que o indivduo em desenvolvimento interage com diferen-sistemas tes sistemas que esto eles prprios em evoluo.sistemasNesta abordagem importa distinguir os sistemas restritos e restritos imediatos, com caractersticas fsicas e materiais particula- res a casa, a sala de aula, a rua, etc. em que h uma interaco directa entre actores que desempenham papis docente, pai ou me, aluno, filho, etc. e desenvolvem formas de relao interpessoal, implicando-se em activida- des especficas que se realizam em espaos e tempos pr- prios. So exemplos destes sistemas restritos, com particu- lar importncia para a educao da criana, a famlia e o contexto de educao pr-escolar.relaes entreAs relaes que se estabelecem entre estes e outros siste-sistemas mas restritos formam um outro tipo de sistema com carac- restritos tersticas e finalidades prprias.sistemasPor seu turno, estes sistemas restritos e os sistemas de rela-alargadoso so englobados por sistemas sociais mais vastos contextos sociais mais alargados.As caractersticas destes diferentes sistemas e a sua inter- aco configuram-se de modo particular para cada indiv- duo, que se situa tambm de forma prpria na sua interac- o com o meio e os diferentes sistemas em relao.32 famliaAssim, cada criana tem uma famlia pais ou seus subs- titutos que diferente composio, caractersticas scio-econmicas e culturais; frequenta um determinadoestabelecimentoestabelecimento de educao pr-escolar que tem tambmde educaoa sua especificidade edifcio, dimenso, equipamentos pr-escolar e corresponde a uma determinada modalidade de educa- o pr-escolar. Na instituio, a criana est habitual- mente inserida num grupo que tem caractersticas prprias, partilhando um espao e um tempo comuns. 27. I n t e r v e n o E d u c a t i v aEstes so alguns dos contextos imediatos da educao das crianas que frequentam a educao pr-escolar. Estas cri- anas tambm se relacionam e interagem directamente com outras famlias e com outros servios e instituies da comunidade servios sociais, de sade, etc.Tanto estes contextos de vida da criana como as relaes relaes entre que estabelecem entre eles tm uma influncia na educao famlias e da criana, nomeadamente as relaes entre a famlia e oestabelecimento estabelecimento de educao pr-escolar.Por sua vez, o meio social envolvente localidade ou meio social localidades de onde provm as crianas que frequentam umenvolvente determinado estabelecimento de educao pr-escolar, a prpria insero geogrfica deste estabelecimento tem tambm influncia, embora indirecta, na educao das cri- anas. As caractersticas desta(s) localidade(s) tipo de populao, possibilidades de emprego, rede de transportes, servios e instituies existentes, meios de comunicao social, etc. no so tambm independentes de sistemas mais vastos e englobantes, sistemas polticos, jurdicos, sociedade educativos ainda mais alargados.A abordagem sistmica e ecolgica constitui, assim, uma perspectiva de compreenso da realidade que permite ade- quar, de forma dinmica, o contexto educativo institucional s caractersticas e necessidades das crianas e adultos. Constitui ainda um instrumento de anlise para que o edu- cador possa adaptar a sua interveno s crianas e ao meio social em que trabalha.De uma forma esquemtica, poder-se- dizer que a pers- pectiva sistmica e ecolgica oferece elementos para: 33 compreender melhor cada criana, ao conhecer os sis-contributos da temas em que esta cresce e se desenvolve, de forma aabordagem respeitar as suas caractersticas pessoais e saberes j sistmica adquiridos, apoiando a sua maneira de se relacionar com os outros e com o meio social e fsico; contribuir para a dinmica do contexto de educao pr- -escolar na sua interaco com outros sistemas que tam- bm infuenciam a educao das crianas e a formao 28. dos adultos, de forma a que esse contexto se organize pararesponder melhor s suas caractersticas e necessidades; perspectivar o processo educativo de forma integrada,tendo em conta que a criana constri o seu desenvol-vimento e aprendizagem, de forma articulada, em inter-aco com os outros e com o meio; permitir a utilizao e gesto integrada dos recursos doestabelecimento educativo e de recursos que, existindono meio social envolvente, podem ser dinamizados; acentuar a importncia das interaces e relaes entreos sistemas que tm uma influncia directa ou indirectana educao das crianas, de modo a tirar proveito dassuas potencialidades e ultrapassar as suas limitaes,para alargar e diversificar oportunidades educativas dascrianas e apoiar o trabalho dos adultos. Para facilitar a concretizao desta perspectiva, analisam--se seguidamente algumas caractersticas relevantes para aorganizao do ambiente educativo em contexto de educa-o pr-escolar.ORGANIZAO DOGRUPO,DO ESPAOE DO TEMPO A educao pr-escolar um contexto de socializao em contexto que muitas aprendizagens decorrem de vivncias relacio- 34 de socializao nadas com o alargamento do meio familiar de cada criana,de experincias relacionais e de ocasies de aprendizagemque implicam recursos humanos e materiais diversos. Esteprocesso educativo desenvolve-se em tempos que lhe sodestinados e, em geral, em espaos prprios.ORGANIZAO DO GRUPONa educao pr-escolar o grupo proporciona o contextoimediato de interaco social e de relao entre adultos e 29. I n t e r v e n oE d u c a t i v acrianas e entre crianas que constitui a base do processo educativo. A relao individualizada que o educador estabelece com cada criana facilitadora da sua insero no grupo e das relaes com as outras crianas. Esta rela- o implica a criao de um ambiente securizante que cada criana conhece e onde se sente valorizada. H diferentes factores que influenciam o modo prprio de funcionamento de um grupo, tais como, as caractersticas individuais das crianas que o compem, o maior ou menor nmero de crianas de cada sexo, a diversidade de idades das crianas, a dimenso do grupo.A composio etria do grupo pode depender de uma opocomposio pedaggica, benefcios de um grupo com idades prximas etria ou diversas; das condies do jardim de infncia, existn- cia de uma ou vrias salas; dos critrios de prioridade de admisso utilizados por cada instituio ou, ainda, das caractersticas demogrficas, pequenas povoaes ou populao dispersa.Sabe-se, no entanto, que a interaco entre crianas emcrianas momentos diferentes de desenvolvimento e com saberes em diferentes diversos, facilitadora do desenvolvimento e da aprendiza-momentos de gem. Para isso, torna-se importante o trabalho entre pares e desenvolvimento em pequenos grupos, em que as crianas tm oportunidade de confrontar os seus pontos de vista e de colaborar na resoluo de problemas ou dificuldades colocadas por uma tarefa comum.35 Se a existncia no grupo de crianas de diferentes idadestrabalho pode favorecer este processo, torna-se contudo importante, entre pares e qualquer que seja a composio do grupo, que o educadorpequenos grupos apoie o trabalho entre pares e em pequenos grupos que per- mita esse confronto.O educador alarga as oportunidades educativas, ao favore-aprendizagem cer uma aprendizagem cooperada em que a criana se cooperada 30. desenvolve e aprende, contribuindo para o desenvolvi- mento e aprendizagem das outras. aprendizagem Enquanto vivncia num grupo social alargado, a educaoda vidapr-escolar dever promover a aprendizagem da vida democrtica democrtica. A aprendizagem da vida democrtica implica que o educador proporcione condies para a formao do grupo, criando situaes diversificadas de conheci- mento, ateno e respeito pelo outro.atitudeA atitude do educador, a forma como se relaciona com as do educador crianas, desempenha um papel fundamental neste pro- cesso. Alguns instrumentos frequentes em jardins de infn- cia quadro de presenas, quadro de tarefas e outros podem facilitar a organizao e a tomada de conscincia de pertena a um grupo e, ainda, a ateno e o respeito pelo outro. A participao de cada criana e do grupo no pro- cesso educativo atravs de oportunidades de coope- rao, deciso em comum de regras colectivas indis- pensveis vida social e distribuio de tarefas necessrias vida colectiva constituem outras expe- rincias de vida democrtica proporcionadas pelo grupo. participaoAs razes das normas que decorrem da vida em grupo 36das crianaspor exemplo, esperar pela sua vez, arrumar o que desarru-na elaboraomou, etc. tero de ser explicitadas e compreendidasde normaspelas crianas. Estas normas e outras regras indispensveise regras vida em comum adquirem maior fora e sentido se todo o grupo participar na sua elaborao, bem como na distribui- o de tarefas necessrias vida colectiva por exemplo, regar as plantas, tratar de animais, encarregar-se de pr a mesa, distribuir refeies, etc. 31. I n t e r v e n o E d u c a t i v aA participao no grupo permite tambm criana con- resoluo frontar-se com opinies e posies diferentes das suas, de conflitos experimentar situaes de conflito. O educador apoiar as tentativas de negociao e resoluo de conflitos, favore- cendo ainda oportunidades de colaborao.A organizao democrtica do grupo constitui a base da rea de Formao Pessoal e Social, sendo ainda fonte de outras aprendizagens. Por exemplo, verificar quem est e quem falta, bem como a marcao de presenas, pode con- tribuir para aprendizagens matemticas, para a construo da noo do tempo e facilitar a identificao de palavras, ligando-se tambm ao reconhecimento da escrita. Planear e avaliar com as crianas, individualmente, em pequenos grupos ou no grande grupo so oportu- nidades de participao das crianas e meios de desenvolvimento cognitivo e da linguagem. A participao das crianas no planeamento e avaliao da partticipao organizao do grupo relaciona-se com a contribuio do das crianas grupo e de cada criana para a construo do processo edu-no planeamento cativo. Prever o que se vai fazer, tomar conscincia do que e avaliao foi realizado so condies da organizao democrtica do grupo, como tambm o suporte da aprendizagem nas dife- rentes reas de contedo. ORGANIZAO DO ESPAO Os espaos de educao pr-escolar podem ser diversos, mas o tipo de equipamento, os materiais existentes e a forma com esto dispostos condicionam, em grande medida, o que as crianas podem fazer e aprender. 37A organizao e a utilizao do espao so expresso das intenes educativas e da dinmica do grupo, sendo indis- pensvel que o educador se interrogue sobre a funo e finalidades educativas dos materiais de modo a planear e fundamentar as razes dessa organizao. 32. A reflexo permanente sobre a funcionalidade e ade-quao do espao e as potencialidades educativas dosmateriais permite que a sua organizao v sendomodificada de acordo com as necessidades e evolu-o do grupo.Esta reflexo sobre o espao, materiais e sua organizao condio indispensvel para evitar espaos estereotipados epadronizados que no so desafiadores para as crianas. autonomia O processo de aprendizagem implica tambm que as crian-as compreendam como o espao est organizado e comopode ser utilizado e que participem nessa organizao e nasdecises sobre as mudanas a realizar. O conhecimento doespao, dos materiais e das actividades possveis tambmcondio de autonomia da criana e do grupo. responsabiliza A possibilidade de fazer escolhas e de utilizar o material de o diferentes maneiras, que incluem formas imprevistas ecriativas, supe uma responsabilizao pelo que parti-lhado por todos. equipamento A importncia de que se reveste o equipamento e o mate-e materialrial na aprendizagem das crianas implica que:O educador defina prioridades na aquisio do equi-pamento e do material, de acordo com as necessida-des das crianas e o seu projecto pedaggico, tendoem conta critrios de qualidade.38critrios Assim, na escolha dos materiais o educador atender a cri-de qualidadetrios tais como variedade, funcionalidade, durabilidade,segurana e valor esttico. O aproveitamento de material dedesperdcio tambm uma possiblilidade a prever e orga-nizar, com a colaborao dos pais e da comunidade. espaoO espao exterior do estabelecimento de educao pr- exterior -escolar igualmente um espao educativo. Pelas suas 33. I n t e r v e n o E d u c a t i v apotencialidades e pelas oportunidades educativas que pode oferecer, merece a mesma ateno do educador que o espao interior. O espao exterior um local que pode proporcionar momentos educativos intencionais, planeados pelo educador e pelas crianas. Sendo um prolongamento do espao interior, onde as mes- mas situaes de aprendizagem tm lugar ao "ar livre", per- mite uma diversficao de oportunidades educativas, pela utilizao de um espao com outras caractersticas e poten- cialidades.Embora as actividades informais no se realizem s no espao exterior, este tambm um local privilegiado de recreio onde as crianas tm possibilidade de explorar e recriar o espao e os materiais disponveis. Nesta situa- o, o educador pode manter-se como observador ou inter- agir com as crianas, apoiando e enriquecendo as suas iniciativas.O espao exterior possibilita a vivncia de situaes edu- cativas intencionalmente planeadas e a realizao de acti- vidades informais. Esta dupla funo exige que a sua organizao seja cuidadosamente pensada, devendo os equipamentos e materiais corresponder a critrios de qualidade, com particular ateno s condies de segu- rana.Mas o espao educativo no se limita ao espao imediato partilhado pelo grupo; situa-se num espao mais alargado39 o estabelecimento educativo em que a criana se rela- ciona com outras crianas e adultos, que, por sua vez, englobado pelo meio social, um meio social mais vasto.O conhecimento do meio prximo e de outros meios mais distantes, constitui oportunidade de aprendizagens rela- cionadas com a rea de Conhecimento do Mundo. 34. ORGANIZAO DO TEMPO O tempo educativo tem, em geral, uma distribuio flex- vel, embora corresponda a momentos que se repetem com uma certa periodicidade.rotinaA sucesso de cada dia ou sesso tem um determinadoeducativaritmo existindo, deste modo, uma rotina que educativa porque intencionalmente planeada pelo educador e por- que conhecida pelas crianas que sabem o que podem fazer nos vrios momentos e prever a sua sucesso, tendo a liberdade de propr modificaes. Nem todos os dias so iguais, as propostas do educador ou das crianas podem modificar o quotidiano habitual.referncias As referncias temporais so securizantes para a criana etemporaisservem como fundamento para a compreenso do tempo: passado, presente, futuro; contexto dirio, semanal, men- sal, anual.Porque o tempo de cada criana, do grupo de crianas e do educador, importa que haja uma organizao do tempo decidida pelo educador e pelas crianas. O tempo educativo contempla de forma equilibrada diversos ritmos e tipos de actividade, em diferentes situaes individual, com outra criana, com um pequeno grupo, com todo o grupo e permite opor- tunidades de aprendizagem diversificadas, tendo em conta as diferentes reas de contedo. 40Trata-se de prever e organizar um tempo simultaneamente estruturado e flexvel em que os diferentes momentos tenham sentido para as crianas. adequaoA distribuio do tempo relaciona-se com a organizao do espao/tempoespao pois a utilizao do tempo depende das experincias e oportunidades educativas proporcionadas pelos espaos. O tempo, o espao e a sua articulao devero adequar-se s caractersticas do grupo e necessidades de cada criana. 35. I n t e r v e n oE d u c a t i v aPorque a organizao do grupo, do espao e do tempo cons- tituem o suporte do desenvolvimento curricular, importa que o educador reflicta sobre as potencialidades educativas que oferece, ou seja, que planeie esta organizao e avalie o modo como contribui para a educao das crianas, intro- duzindo os ajustamentos e correces necessrios. ORGANIZAO DO MEIO INSTITUCIONALCada modalidade de educao pr-escolar tem caractersti- cas organizacionais prprias e uma especificidade que decorre da sua dimenso e dos recursos materiais e huma- nos de que dispe.As diferentes modalidades de educao pr-escolar podem agrupar-se entre si ou integrar-se em estabelecimentos prxi- mos de outros nveis de ensino. Esta insero num estabeleci- mento ou num territrio educativo constitui uma modalidade organizacional que permite tirar proveito de recursos humanos e materiais, facilitando ainda a continuidade educativa.Qualquer que seja a modalidade organizacional, trata-se de um contexto que permite o trabalho em equipa dos adultos que, na instituio ou instituies, tm um papel na educa- o das crianas. As reunies regulares, entre educadores,trabalho entre educadores e auxiliares de aco educativa, entre edu-em equipa cadores e professores, so um meio importante de forma- o profissional com efeitos na educao das crianas. Cabe ao director pedaggico de cada estabelecimento ou41 estabelecimentos, em colaborao com os educadores, encontrar as formas e os momentos de trabalho em equipa.Estas equipas podem ainda beneficiar do apoio de diferen- apoio tes profissionais, tais como professores de educao espe-de diferentes cial, psiclogos, trabalhadores sociais e outros que, enri- profissionais quecendo o trabalho da equipa, facilitam a procura de res- postas mais adequadas s crianas e s famlias. 36. espaoCada modalidade organizacional de educao pr-escolar educativoconstitui um espao educativo alargado que oferece mlti-alargadoplas possibilidades de interaco entre crianas, entre gru-pos de crianas, entre crianas e adultos do estabelecimentoeducativo e, ainda, adultos de outras instituies e/ounveis de ensino. participaoCada estabelecimento tem formas de funcionamento e normasdas crianasque as crianas devero conhecer. A participao das crianasna dinmica na dinmica institucional, em que a organizao democrticainstitucional do grupo se amplia num contexto social mais alargado, tam-bm uma forma de desenvolvimento pessoal e social. articulao No caso do estabelecimento de educao pr-escolar ofere-componentecer para alm da componente educativa, a componente de educativa eapoio famlia, estas duas componentes devero ser pensa-componentedas de forma articulada e complementar, de modo a que de apoio no haja repeties e sobreposies cansativas; so sobre- familiatudo de evitar os tempos de espera inteis que provocammal estar e cansao nas crianas. O trabalho em equipa torna-se fundamental para reflectirsobre a melhor forma de organizar o tempo e os recursoshumanos, no sentido de uma aco articulada e concertadaque responda s necessidades das crianas e dos pais. A organizao da componente de apoio famlia pode tam-bm beneficiar com o agrupamento de estabelecimentos deeducao pr-escolar ou destes com estabelecimentos deoutros nveis de ensino.42 R ELAO COM OS PAISE OUTROS PARCEIROS EDUCATIVOS A necessidade de comunicao com os pais ou encarregadosde educao tem caractersticas muito prprias na educaopr-escolar, dada a idade das crianas e alguma dificuldade 37. I n t e r v e n oE d u c a t i v apor parte da sociedade em compreender as finalidades, fun- es e benefcios educativos da educao pr-escolar. A famlia e a instituio de educao pr-escolar so dois contextos sociais que contribuem para a educa- o da mesma criana; importa por isso, que haja uma relao entre estes dois sistemas. As relaes com os pais podem revestir vrias formas enveis nveis. Importa distinguir a relao que se estabelece comde relao cada famlia que decorre do facto da educao pr-esco- famlia/ lar e a famlia serem dois contextos que contribuem para aestabelecimento educao da mesma criana da relao organizacional que implica colectivamente os pais.A relao com cada famlia, resultante de pais e adultos da instituio serem co-educadores da mesma criana, centra- -se em cada criana, passando pela troca de informaes sobre o que lhe diz respeito, como est na instituio, qual o seu progresso, os trabalhos que realiza...Porque os pais so os principais responsveis pela educa- projecto o das crianas tm tambm o direito de conhecer, esco-educativo do lher e contribuir para a resposta educativa que desejam paraestabelecimento os seus filhos. Este o sentido da participao dos pais no projecto educativo do estabelecimento que constitui a pro- posta educativa prpria desse estabelecimento e a forma global como se organiza para dar resposta educao das crianas, s necessidades dos pais e caractersticas da comunidade. Assim, o projecto educativo do estabeleci- mento dever explicitar, de forma coerente, valores e inten- es educativas, formas previstas para concretizar esses43 valores e intenes (estratgias globais, horrios, activida- des colectivas, etc.) e os meios da sua realizao.O agrupamento de vrios estabelecimentos de educao pr-escolar e /ou de outros nveis educativos implica a ela- borao de um projecto comum em que o projecto de cada estabelecimento se enquadra num projecto de territrio ou projecto local. 38. A elaborao do projecto educativo do estabelecimento ou do territrio dever envolver todos os adultos que exercem um papel na educao das crianas: a direco e/ou o direc- tor pedaggico, o educador, o pessoal auxiliar e os pais. Este projecto constroi-se, assim, atravs de um processo de negociao em que se articulam diferentes perspectivas e interesses, de forma a chegar a um compromisso aceite por todos.participaoPorque o projecto educativo do estabelecimento ou territ-de outrosrio deve ter em conta o meio social em que vivem as crian-parceirosas e famlias, h vantagens em que inclua a participao de outros parceiros da comunidade, como autarcas e outros servios e instituies locais que podem contribuir para melhorar a resposta educativa proporcionada s crianas. orientao daO projecto educativo do estabelecimento ou territrio,estratgia como base de orientao da sua estratgia educativa, umeducativainstrumento dinmico que evolui e se adapta s mudanas da comunidade, por isso este projecto dever ir sendo repensado e reformulado, num processo que implica uma avaliao e reflexo realizada por todos os intervenientes.A participao dos diferentes intervenientes nem sempre directa, podendo realizar-se atravs dos seus representan- tes. A existncia de uma associao de pais, formalmente constituda, poder facilitar a escolha de representantes e favorecer uma maior ligao com o conjunto dos pais. Estas associaes podem desenvolver diversas iniciativas que beneficiam as funes educativas e os cuidados presta- dos pelo jardim de infncia s crianas.projectoA necessidade de articular o projecto educativo do estabele- 44 eductivo/cimento com o projecto educativo do educador no podepedaggico levar a confundi-los. Trata-se de projectos de nveis e mbi- do educador tos diferentes. O projecto do educador um projecto educa- tivo/pedaggico que diz respeito ao grupo e contempla as opes e intenes educativas do educador e as formas como prev orientar as oportunidades de desenvolvimento e apren- dizagem de um grupo. Este projecto adapta-se s caracters- ticas de cada grupo, enquadra as iniciativas das crianas, os seus projectos individuais, de pequeno grupo ou de todo o 39. I n t e r v e n o E d u c a t i v agrupo. Estes projectos, com durao e complexidade vari- veis, vo-se entrosando no projecto do educador que se con- cretiza e modifica com a participao das crianas.Mesmo que os educadores de um ou de vrios estabeleci- mentos de educao pr-escolar desenvolvam um projecto pedaggico colectivo, este no se identifica com o projecto do estabelecimento ou territrio que se refere ao desenvol- vimento organizacional.Os pais e outros membros da comunidade podem tambm comunicao participar no projecto educativo do educador. A comunica- com os pais o com os pais atravs de trocas informais e de reunies so ocasies de conhecer as suas expectativas educativas, de os esclarecer sobre o processo educativo a desenvolver com o grupo e de ouvir as suas sugestes. Os pais podero, eventualmente, participar em situaes educativas planea- das pelo educador para o grupo, vindo contar uma histria, falar da sua profisso, colaborar em visitas e passeios, etc.Assim, a colaborao dos pais, e tambm de outros mem-contributo bros da comunidade, o contributo dos seus saberes e com-dos pais para petncias para o trabalho educativo a desenvolver com aso trabalho crianas, um meio de alargar e enriquecer as situaes de educativo aprendizagem.O educador, ao dar conhecimento aos pais e a outros mem- bros da comunidade do processo e produtos realizados pelas crianas a partir das suas contribuies, favorece um clima de comunicao, de troca e procura de saberes entre crianas e adultos.A colaborao com cada famlia na educao da criana e a participao dos pais no projecto educativo do estabele-45 cimento e no projecto educativo do educador so meios de esclarecimento e de compreenso do trabalho educativo que se realiza na educao pr-escolar.A participao dos representantes dos pais e dos representantes gesto de outros parceiros em rgos de direco do estabelecimentodemocrtica do facilita esta interaco, correspondendo ao exerccio da gesto estabelecimento democrtica que se pretende para todo o sistema educativo. 40. desenvolvimento Todas estas formas de comunicao e de participaoe educaopodem desempenhar um papel positivo no desenvolvi- de adultos mento e educao dos adultos, com efeitos na educao dascrianas. Efeitos que se manifestam a curto prazo, mas queso particularmente importantes a mdio e a longo prazo. A importncia da participao dos pais e suas potencialida-des para a educao das crianas e para a formao dosadultos pressupe que o educador, em colaborao com adireco e/ou director pedaggico do estabelecimento deeducao pr-escolar, encontre as melhores formas demotivar a participao dos pais, tendo em conta que as cri-anas so as mediadoras dessa relao. por causa delas, etendo em vista a sua educao, que estas relaes tm sen-tido, embora contribuam tambm para o desenvolvimentodos adultos.participao O envolvimento dos pais e de outros parceiros educativosa construir constitui um processo que se vai construindo. Encontrar osmeios mais adequados de promover a sua participaoimplica uma reflexo por parte do educador e da equipasobre o nvel e formas de participao desejveis e as ini-ciativas a desenvolver, num processo que vai sendo corri-gido e ajustado de acordo com a avaliao realizada. 46 41. I n t e r v e n o E d u c a t i v aREAS DE CONTEDO "rea" um termo habitual na educao pr-escolar para designar formas de pensar e organizar a interveno do educador e as experincias proporcionadas s crianas.Esta organizao toma por vezes como referncia as gran- des reas do desenvolvimento enunciadas pela psicologia scio-afectiva, motora, cognitiva que devero contri- buir para o desenvolvimento global da criana; outras vezes prefere-se pensar em termos de reas de actividades, que se baseiam nas possiblidades oferecidas pelo espao educativo, remetendo para diferentes formas de articula- o.A expresso "reas de Contedo" utilizada neste docu- interligao mento fundamenta-se na perspectiva de que o desenvolvi- desenvolvimento mento e a aprendizagem so vertentes indissociveis doaprendizagem processo educativo. Pressupondo a interligao entre desenvolvimento e aprendizagem, os contedos, ou seja, o que contido nas diferentes reas, so designados, neste documento, em termos de aprendizagem. Esta opo visa favorecer a articulao da educao pr-escolar com outros nveis do sistema educativo e facilitar a comunicao entre educadores e professores. 47 Consideram-se "reas de contedo" como mbitos de saber, com uma estrutura prpria e com pertinncia scio-cultural, que incluem diferentes tipos de aprendizagem, no apenas conhecimentos, mas tambm atitudes e saber-fazer.As reas de contedo supem a realizao de actividades,agir dado que a criana aprende a partir da explorao dopara pensar mundo que a rodeia. Se a criana aprende a partir de aco, e compreender 42. as reas de contedo so mais do que reas de actividades pois implicam que a aco seja ocasio de descobrir rela- es consigo prpria, com os outros e com os objectos, o que significa pensar e compreender.As diferentes reas de contedo partem do nvel de desen- volvimento da criana, da sua actividade espontnea e ldica, estimulando o seu desejo de criar, explorar e trans- formar, para incentivar formas de aco reflectida e pro- gressivamente mais complexa.acessoEste processo educativo encara a criana como sujeito da a sistemasaprendizagem, tendo em conta o que cada uma j sabe e a simblico-sua cultura, para lhe permitir aceder a uma cultura que se-culturais pode designar por "escolar", pois corresponde a sistemascodificadossimblico-culturais codificados.Esta cultura, ao adquirir sentido para a criana, constituir o incio da aprendizagem ao longo da vida, favorecendo simultaneamente a sua formao com vista a uma plena insero na sociedade como ser autnomo, livre e solidrio. ARTICULAO DE CONTEDOSTal como habitual quando se utiliza o termo "rea", a dis- tino entre diferentes reas de contedo corresponde a uma chamada de ateno para aspectos a contemplar, que devem ser vistos de forma articulada, visto que a constru- 48o do saber se processa de forma integrada, e que h inte- relaes entre os diferentes contedos e aspectos formati- vos que lhes so comuns.Deste modo, as diferentes reas de contedo devero ser consideradas como referncias a ter em conta no planea- mento e avaliao de experincias e oportunidades educa- tivas e no como compartimentos estanques a serem abor- dados separadamente. 43. I n t e r v e n oE d u c a t i v aEsta perspectiva, que na educao pr-escolar se costuma perspectiva designar como globalizante, tambm se pretende atingir globalizante noutros nveis de ensino atravs da importncia dada a con- tedos transversais e abordagem transdisciplinar do ensino e da aprendizagem.No sentido de favorecer a articulao de contedos, as Organizao Orientaes Curriculares assentam na Organizao dodo Ambiente Ambiente Educativo, enquanto contexto que dever pro-Educativo mover vivncias e experincias educativas que dem sen- tido aos diferentes contedos, propondo a rea de Formao Pessoal e Social como rea integradora do pro-Formao cesso educativo. Alis, a Organizao do Ambiente Edu- Pessoal cativo e a rea de Formao Pessoal e Social tm uma e Social ntima relao pois atravs das interaces sociais com adultos significativos, com os seus pares e em grupo que a criana vai construindo o seu prprio desenvolvimento e aprendizagem.A Formao Pessoal e Social integra todas as outras reasExpresso pois tem a ver com a forma como a criana se relaciona e Comunicao consigo prpria, com os outros e com o mundo, num pro- cesso que implica o desenvolvimento de atitudes e valores, atravessando a rea de Expresso e Comunicao com os seus diferentes domnios e a rea de Conhecimento do Conhecimento Mundo que, tambm se articulam entre si. do MundoO conhecimento e a relao com o mundo social e fsico supe formas de expresso e de comunicao que apelam para diferentes sistemas de representao simblica que se integram na rea de Expresso e Comunicao.Tendo conscincia de que qualquer proposta de diferencia- o de contedos se baseia numa anlise sempre redutora, 49 procura-se apresentar, em cada um dos aspectos, possveis ligaes com outros. A referncia a relaes mais evidentes entre as vrias reas e domnios surge apenas a ttulo indi- cativo, cabendo a cada educador encontrar outras possibili- dades.No processo de desenvolvimento e aprendizagem nas dife-interveno rentes reas de contedo privilegia-se a interveno dodo educador 44. educador que, partindo do que a criana sabe e da sua acti-vidade espontnea:Articula a abordagem das diferentes reas de contedoe domnios inscritos em cada uma, de modo a que seintegrem num processo flexvel de aprendizagem quecorresponda s suas intenes e objectivos educativose que tenha sentido para a criana. Esta articulaopoder partir da escolha de uma "entrada" por umarea ou domnio para chegar a todos os outros.Estabelece uma progresso de experincias e oportu-nidades de aprendizagem nas diferentes reas de con-tedos, tendo em conta o que observa da evoluo dogrupo e do desenvolvimento de cada criana.Apoia cada criana para que atinja nveis a que nochegaria por si s, facilitando uma aprendizagem coo-perada, que d oportunidade s crianas de colabora-rem no processo de aprendizagem umas das outras.Diferencia o processo de aprendizagem, propondosituaes que sejam suficientemente interessantes edesafiadoras de modo a estimular a criana, mas de 50 cuja exigncia no resulte desencorajamento e dimi-nuio da auto-estima.Para esclarecer melhor o que se entende por cada rea oudomnio, apresentam-se, ao longo do texto, alguns exem-plos que no esgotam as possibilidades de cada rea, nemtm como inteno diferenciar nveis de desenvolvimento e 45. I n t e r v e n o E d u c a t i v aaprendizagem. Os exemplos apresentados no pretendem, pois, ser limitativos das opes, das prticas e da criativi- dade do educador. REA DE FORMAO PESSOAL E SOCIALA criao de uma rea de Formao Pessoal e Social para a qual devero contribuir todas as componentes curriculares dos ensinos bsico e secundrio um dos princpios em que se fundamenta a organizao curricular do sistema educa- tivo. Esta rea corresponde a um processo que dever favo- recer, de acordo com as fases do desenvolvimento, a aqui- sio de esprito crtico e a interiorizao de valores espiri- tuais, estticos, morais e cvicos.A Formao Pessoal e Social considerada uma rea trans- rea versal, dado que todas as componentes curriculares deverotransversal contribuir para promover nos alunos atitudes e valores que lhes permitam tornarem-se cidados conscientes e solid- rios, capacitando-os para a resoluo dos problemas da vida. Tambm a educao pr-escolar deve favorecer a for- mao da criana, tendo em vista a sua plena insero na sociedade como ser autnomo livre e solidrio.Ao diferenciar esta rea, as Orientaes Curriculares pre-rea tendem acentuar a sua importncia e sublinhar as finali-integradora dades formativas de socializao que marcam a tradio da educao pr-escolar em Portugal, perspectivando-a como rea integradora que enquadra e d suporte a todas as outras. 51A importncia dada rea de Formao Pessoal e Social decorre ainda da perspectiva que o ser humano se constri em interaco social, sendo influenciado e influenciando o meio que o rodeia. nos contextos sociais em que vive, nas relaes e interaces com outros, que a criana vai inte- riormente construindo referncias que lhe permitem com- preender o que est certo e errado, o que pode e no pode 46. fazer, os direitos e deveres para consigo e para com osoutros. na famlia e no meio scio-cultural em que vive os pri-meiros anos que a criana inicia o seu desenvolvimento pes-soal e social, constituindo a educao pr-escolar um con-texto educativo mais alargado que vai permitir criana inter-agir com outros adultos e crianas que tm, possivelmente,valores diferentes dos que interiorizou no seu meio de ori-gem. Ao possibilitar a interaco com diferentes valores eperspectivas, a educao pr-escolar constitui um contexto educao favorvel para que a criana v aprendendo a tomar consci-parancia e si e do outro. Desta forma a educao pr-escolar tem os valores um papel importante na educao para os valores. Valores que no se ensinam, mas que se vivem na acoconjunta e nas relaes com os outros. na inter-relaoque a criana vai aprendendo a atribuir valor a comporta-mentos e atitudes seus e dos outros, conhecendo, reconhe-cendo e diferenciando modos de interagir. A educao paraos valores acontece, assim, em situao, num processo pes-soal e social de procura do bem prprio e bem colectivo. valores So os valores subjacentes prtica do educador e o modosubjacentes como este os concretiza no quotidiano do jardim de infn-ao contexto cia, que permitem que a educao pr-escolar seja um con- relacional texto social e relacional facilitador da educao para osvalores. As relaes e interaces que o educador estabe-lece com cada criana e com o grupo, a forma como apoiaas relaes e interaces entre crianas no grupo, so osuporte dessa educao. Assim: 52 O desenvolvimento pessoal e social assenta na cons-tituio de um ambiente relacional securizante, emque a criana valorizada e escutada, o que contribuipara o seu bem-estar e auto-estima.A relao que o educador estabelece com cada criana, aforma como a valoriza e respeita, estimula e encoraja osseus progressos, contribuem para a auto-estima da criana 47. I n t e r v e n oE d u c a t i v ae constituem um exemplo para as relaes que as crianas estabelecero entre si. Este processo de construo de um auto-conceito positivo supe um apoio ao processo de cres- cimento em que cada criana e o grupo se vo tornando progressivamente mais independentes e autnomos. Favorecer a autonomia da criana e do grupo assenta na aquisio do saber-fazer indispensvel sua inde- pendncia e necessrio a uma maior autonomia, enquanto oportunidade de escolha e responsabilizao. Adquirir maior independncia significa, na educao pr- independncia -escolar, ir dominando determinados saber-fazer vestir- -se, despir-se, lavar-se, comer utilizando adequadamente os talheres, etc. e tambm ser capaz de utilizar melhor os materiais e instrumentos sua disposio jogos, tintas, pincis, lpis...A independncia das crianas e do grupo passa tambm por autonomia uma apropriao do espao e do tempo que constitui a base de uma progressiva autonomia, em que vai aprendendo a escolher, a preferir, a tomar decises e a encontrar critrios e razes para as suas escolhas e decises.A construo de autonomia supe a capacidade individualpartilha e colectiva de ir, progressivamente, assumindo responsabi- do poder lidades. Este processo de desenvolvimento pessoal e social decorre de uma partilha do poder entre o educador, as cri- anas e o grupo. A participao democrtica na vida do grupo um 53 meio fundamental de formao pessoal e social. Esta participao permite construir uma autonomia colectiva que passa por uma organizao social participada em que as regras, elaboradas e negociadas entre todos, so com- preendidas pelo grupo, que se compromete a aceit-las; tambm a deciso colectiva sobre as tarefas necessrias ao 48. vivncia bom funcionamento do grupo so equitativamente distribu-de valores das, colaborando cada um para o bem estar colectivo. Estasdemocrticos so vivncias de valores democrticos, tais como a partici- pao, a justia, a responsabilizao, a cooperao. ...Esta participao no passa apenas pela organizao social do grupo, mas est presente no processo de aprendizagem, em que as crianas so consultadas sobre a organizao do espao e do tempo, tomam a iniciativa de actividades, cola- boram nas propostas do educador e das outras crianas, cooperando em projectos comuns. conscinciaA vida em grupo implica o confronto de opinies e a soluo de diferentes de conflitos que permite uma primeira tomada de conscincia valores de perspectivas e valores diferentes, que suscitaro a necessi- dade de debate e negociao, de modo a fomentar atitudes de tolerncia, compreenso do outro, respeito pela diferena.A aprendizagem destes valores decorre do respeito que o educador manifesta por cada criana e pela sua cultura. Interagir com o outro, que diferente, permite tomar cons- cincia de si prprio em relao ao outro. desenvolvimentoO desenvolvimento da identidade passa pelo reconheci-da identidademento das caractersticas individuais e pela compreenso das capacidades e limitaes prprias de cada um, quaisquer que estas sejam. O respeito pela diferena, que valoriza a diversidade de contributos individuais para o enriqueci- mento do grupo, favorece a construo da identidade, a auto-estima e o sentimento de pertencer a um grupo, facili- tando tambm o desenvolvimento colectivo.Reconhecer laos de pertena social e cultural, respeitando 54outras culturas faz tambm parte do desenvolvimento da identidade.educaoA aceitao da diferena sexual, social e tnica facilita-multiculturaldora da igualdade de oportunidades num processo educa- tivo que respeita diferentes maneiras de ser e de saber, para dar sentido aquisio de novos saberes e culturas. numa perspectiva de educao multicultural que se constri uma maior igualdade de oportunidades entre mulheres e 49. I n t e r v e n oE d u c a t i v ahomens, entre indivduos de diferentes classes sociais e de diferentes etnias.Mas, se as vivncias proporcionadas pela participao na organizao do ambiente educativo e pela participao na aprendizagem em grupo contribuem para a tomada de conscincia de valores espirituais e ticos, a organizao material deste ambiente dever favorecer os valores estti- cos. Por isso, se acentua a importncia de que o ambiente educativo da sala e da instituio equipamento, materi- ais, decorao corresponda a critrios estticos que favoream a educao do gosto.A educao esttica, partindo do contexto educativo da educao educao pr-escolar, estar presente no contacto com dife-esttica rentes formas de expresso artstica que sero meios de educao da sensibilidade. O contacto com o meio envol- vente, com a natureza e com a cultura, permitiro s crian- as apreciar a beleza em diferentes contextos e situaes. A educao esttica enquanto fruio da natureza e da cultura relaciona-se com a rea de Expresso e Comunicao e tambm com o Conhecimento do Mundo.A educao para a cidadania, baseada na aquisio de umeducao para esprito crtico e da interiorizao de valores, pressupe a cidadania conhecimentos e atitudes que podero iniciar-se na educa- o pr-escolar atravs da abordagem de temas transver- sais, tais como: educao multicultural, educao sexual, educao para a sade, educao para a preveno de aci- dentes, educao do consumidor. Estes so aspectos da Formao Pessoal e Social que se relacionam com o Conhecimento do Mundo.Deste modo, precisa-se o sentido da Formao Pessoal e 55 Social como rea de contedo integradora pois, correspon- dendo a uma intencionalidade prpria, inscreve-se em todas as outras. 50. REA DE EXPRESSO E COMUNICAOA rea de expresso e comunicao engloba as aprendiza- gens relacionadas com o desenvolvimento psicomotor e simblico que determinam a compreenso e o progressivo domnio de diferentes formas de linguagem.Esta a nica rea em que se distinguiram vrios domnios. Domnios que se consideraram dever estar intimamente relacionados, porque todos eles se referem aquisio e aprendizagem de cdigos que so meios de relao com os outros, de recolha de informao e de sensibilizao est- tica, indispensveis para a criana representar o seu mundo interior e o mundo que a rodeia.Numa idade em que as crianas ainda se servem muitas vezes do imaginrio para superar lacunas de compreenso do real, importa que a educao pr-escolar proporcione situaes de distino entre o real e o imaginrio e fornea suportes que permitam desenvolver a imaginao criadora como procura e descoberta de solues e explorao de diferentes mundos.rea bsica Estas caractersticas levam a consider-la uma rea bsica de contedos porque incide sobre aspectos essenciais do desenvolvimento e da aprendizagem e engloba instrumen- tos fundamentais para a criana continuar a aprender ao longo da vida.Ao iniciar a educao pr-escolar, a criana j realizou algumas aquisies bsicas nos diferentes domnios da rea 56de expresso e comunicao. Estas so o ponto de partida para o educador favorecer o contacto com as vrias formas de expresso e comunicao, proporcionando o prazer de apropriao realizar novas experincias, valorizando as descobertas dade meios criana, apoiando a reflexo sobre estas experincias e des-de expresso cobertas, de modo a permitir uma apropriao dos diferen-e comunicaotes meios de expresso e comunicao. Este processo implica planear e proporcionar situaes de aprendizagem diversificadas e progressivamente mais complexas. 51. I n t e r v e n oE d u c a t i v aAo incluir vrios domnios numa mesma rea no se pro- cura minimizar a importncia fundamental de cada um, nem to pouco das vertentes mencionadas em relao a alguns deles, mas apenas acentuar a sua inter-relao. A juno numa mesma rea, embora com designaes um pouco diferentes, de contedos que so referidos nos pro- gramas do 1.o ciclo, como: expresso e educao fsico- motora, expresso musical, expresso dramtica, expresso plstica, lngua portuguesa e matemtica, decorre de uma perspectiva mais globalizante que acentua a articulao entre eles. Domnio das expresses motora, dramtica, plstica e musical Podem diferenciar-se neste domnio quatro vertentes expres- so motora, expresso dramtica, expresso plstica e expresso musical que tm a sua especificidade prpria, mas que no podem ser vistas de forma totalmente independente, por se complementarem mutuamente. O domnio das diferentes formas de expresso implica diversificar as situaes e experincias de aprendizagem, de modo a que a criana v domi- nando e utilizando o seu corpo e contactando com diferentes materiais que poder explorar, manipular e transformar de forma a tomar conscincia de si pr- prio na relao com os objectos.57 As formas de expresso que de seguida se abordam, indi- cando algumas das suas relaes, so tambm meios de comunicao que apelam para uma sensiblizao esttica e exigem o progressivo domnio de instrumentos e tcnicas. Esse domnio pressupe a interveno do educador e, por isso, as diferentes formas de expresso comportam uma 52. dimenso educativa. Assim, nalguns casos, o termo expres-so substitudo por educao. Utiliza-se, ainda, o termoactividade para designar oportunidades educativas que cor-respondem a propostas que exigem uma orientao do edu-cador, e no so portanto, da iniciativa da criana .EXPRESSOMOTORAO corpo que a criana vai progressivamente dominandodesde o nascimento e de cujas potencialidades vai tomandoconscincia, constitui o instrumento de relao com omundo e o fundamento de todo o processo de desenvolvi-mento e aprendizagem. Ao entrar para a educao pr-escolar a criana j possuialgumas aquisies motoras bsicas, tais como andar,transpor obstculos, manipular objectos de forma mais oumenos precisa. Tendo em conta o desenvolvimento motor de cada criana,a educao pr-escolar deve proporcionar ocasies de exer-ccio da motricidade global e tambm da motricidade fina,de modo a permitir que todas e cada uma aprendam a utili-zar e a dominar melhor o seu prprio corpo. motricidade A diversificao de formas de utilizar e de sentir o corpo global trepar, correr e outras formas de locomoo, bem comodeslizar, baloiar, rodopiar, saltar a p juntos ou num s p,etc. podem dar lugar a situaes de aprendizagem emque h um controlo voluntrio desse movimento iniciar,parar, seguir vrios ritmos e vrias direces. A inibio domovimento, ou seja, a capacidade de estar quieto e de serelaxar faz tambm parte do trabalho a nvel da motricidadeglobal. 58A explorao de diferentes formas de movimento permiteainda tomar conscincia dos diferentes segmentos docorpo, das suas possibilidades e limitaes, facilitando aprogressiva interiorizao do esquema corporal e tambm atomada de conscincia do corpo em relao ao exterior esquerda, direita, em cima, em baixo, etc. situando o seuprprio corpo que a criana apreende as relaes no espaorelacionadas com a matemtica. 53. I n t e r v e n oE d u c a t i v aO desenvolvimento da motricidade fina insere-se no quoti-motricidade diano do jardim de infncia, onde as crianas aprendem a fina manipular diversos objectos. Exige tambm ocasies em que as crianas possam receber e projectar objectos ati- rar e apanhar bolas ou outros materiais de arremesso, utili- zando as mos ou os ps.A expresso motora pode apoiar-se em materiais existentes na sala e no espao exterior ou, ainda, ter lugar em espaos prprios apetrechados para o efeito. Os diferentes espaos tm potencialidades prprias, cabendo ao educador tirar partido das situaes, espaos e materiais que permitam diversificar e enriquecer as oportunidades de expresso motora.O ritmo, os sons produzidos atravs do corpo e o acompa- nhamento da msica ligam a expresso motora dana e tambm expresso musical. Identificar e designar as dife- rentes partes do corpo, bem como a sua nomeao, ligam a expresso motora linguagem.Por seu turno, os jogos de movimento com regras progres- jogos sivamente mais complexas so ocasies de controlo motorde movimento e de socializao, de compreenso e aceitao das regras e de alargamento da linguagem.Todas estas situaes permitem que a criana aprenda a uti- lizar melhor o seu corpo e v progressivamente interiori- zando a sua imagem. Permitem igualmente que v tomando conscincia de condies essenciais para uma vida saud- vel, o que se relaciona com a educao para a sade.EXPRESSODRAMTICA A expresso dramtica um meio de descoberta de si e do 59 outro, de afirmao de si prprio na relao com o(s) outro(s) que corresponde a uma forma de se apropriar de situaes sociais. Na interaco com outra ou outras crian- as, em actividades de jogo simblico, os diferentes par- ceiros tomam conscincia das suas reaces, do seu poder sobre a realidade, criando situaes de comunicao verbal e no verbal. 54. jogoA expresso e comunicao atravs do prprio corpo a quesimblico chamamos jogo simblico uma actividade espontnea queter lugar no jardim de infncia, em interaco com osoutros e apoiada pelos recursos existentes. Materiais queoferecem diferentes possibilidades de fazer de conta,permitindo criana recrear experincias da vida quotidi-ana, situaes imaginrias e utilizar os objectos livremente,atribuindo-lhes significados mltiplos.evoluo A aco do educador facilita a emergncia de outras situa-do jogo es de expresso e comunicao que incluem diferentessimblico formas de mimar e dramatizar vivncias e experincias dascrianas. Atravs do corpo/voz podem exprimir-se situaesda vida quotidiana levantar-se, vestir-se, viajar; movi-mentos vento, crescer; sentimentos ou atitudes estartriste, alegre, cansado.... A interveno do educador permite um alargamento dojogo simblico atravs de sugestes que ampliam as pro-postas das crianas, criam novas situaes de comunicao,novos "papis" e sua caracterizao. Dialogar com as crianas sobre qual o material necessrio,como o adaptar e transformar e o que acrescentar para cor-responder aos interesses e necessidades do grupo, someios de enriquecer os materiais e situaes de jogo sim-blico. jogoTambm decorre da interveno do educador a possibili-dramtico dade de chegar a dramatizaes mais complexas que impli-cam um encadeamento de aces, em que as crianasdesempenham diferentes papis, como por exemplo, a dra-matizao de histrias conhecidas ou inventadas que cons- 60 tituem ocasies de desenvolvimento da imaginao e dalinguagem verbal e no verbal. fantoches O domnio da expresso dramtica ser ainda trabalhadoatravs da utilizao de fantoches, de vrios tipos e formas,que facilitam a expresso e a comunicao atravs de "umoutro", servindo tambm de suporte para a criao depequenos dilogos, histrias, etc. 55. I n t e r v e n oE d u c a t i v aAs "sombras chinesas" constituem outro suporte para acti- sombras vidades de dramatizao. Se as formas mais simples chinesas projectar o corpo ou as mos, por exemplo podem ser realizadas pelas crianas, as formas mais elaboradas exi- gem o apoio do educador para construir silhuetas que as crianas podero utilizar. EXPRESSO PLSTICA As crianas exploram espontanemente diversos materiais e instrumentos de expresso plstica, mas h que ter em conta que, se algumas crianas chegam educao pr- -escolar com uma grande experincia na sua utilizao, outras no tiveram essa oportunidade. Todas tero de pro- gredir a partir da situao em que se encontram.A expresso plstica implica um controlo da motricidade fina que a relaciona com a expresso motora, mas recorre a materiais e instrumentos especficos e a cdigos prprios que so mediadores desta forma de expresso.As actividades de expresso plstica so de iniciativa da criana que exterioriza espontaneamente imagens que inte- riormente construiu. Tornam-se situaes educativas quando implicam um forte envolvimento da criana que se traduz pelo prazer e desejo de explorar e de realizar um tra- balho que considera acabado.Valorizar o processo de explorao e descoberta de dife- rentes possibilidades e materiais supe que o educador esti- mule construtivamente o desejo de aperfeioar e fazer melhor. Apoiar o processo inclui tambm uma exigncia em termos de produto que dever corresponder s capaci- dades e possiblidades da criana e sua evoluo. 61 O desenho, pintura, digitinta bem como a rasgagem, recorte e colagem so tcnicas de expresso plstica comuns na educao pr-escolar. Porque de acesso mais fcil, o dese- nho por vezes a mais frequente. No se pode, porm, esquecer que o desenho uma forma de expresso plstica que no pode ser banalizada, servindo apenas para ocupar o tempo. Depende do educador torn-la uma actividade educativa. 56. meio A expresso plstica enquanto meio de representao ede representao comunicao pode ser da iniciativa da criana ou proposta e comunicao pelo educador, partindo das vivncias individuais ou de grupo. Recriar momentos de uma actividade, aspectos de um passeio ou de uma histria, so meios de documentar projectos que podem ser depois analisados, permitindo uma retrospectiva do processo desenvolvido e da evoluo das crianas e do grupo, servindo tambm para transmitir aos pais e comunidade o trabalho desenvolvido.A interaco das crianas durante as actividades de expres- so plstica e a realizao de trabalhos por duas ou mais crianas so ainda meios de diversificar as situaes, pois implicam uma resoluo conjunta de problemas ou um pla- neamento feito em comum em que se acordam formas de colaborao.Estas diferentes situaes requerem uma organizao ade- quada do espao, um ambiente cuidado e so enriquecidas pela diversidade e qualidade dos materiais disponibilizados.qualidade Se todo o material existente num contexto de educaodos materiaispr-escolar deve obedecer a critrios de qualidade, essa qualidade torna-se essencial no que diz respeito aos mate- riais e instrumentos de expresso plstica. A disposio ordenada desses materiais, a sua diversidade e acessibili- dade so condies para que a criana possa realizar o que deseja. Essa realizao implica tambm o conhecimento de regras no molhar o mesmo pincel em diferentes frascos de tinta, limp-los depois de os utilizar, cuidar dos lpis, servir-se de cola e de tesouras, etc. o cuidado com os materiais e a responsabilizao pelo material colectivo, bem como o respeito pelo trabalho dos outros, relaciona-se 62com o desenvolvimento pessoal e social.diversidade A diversidade e acessibilidade dos materiais utilizados per-e acessibilidade mite ainda outras formas de explorao. Importa, por exem- dos materiais plo, que as crianas tenham sempre sua disposio vrias cores que lhes possibilitem escolher e utilizar diferentes for- mas de combinao. A identificao e nomeao de cores, a mistura de cores bsicas para formar outras, so aspectos da expresso plstica que se ligam com a Linguagem e o 57. I n t e r v e n oE d u c a t i v aConhecimento do Mundo. Tambm a utilizao de materi- ais de diferentes texturas, vrios tipos de papel e pano, ls, linhas, cordel, aparas de madeira, algodo, elementos da natureza, etc. so meios de alargar as experincias, desen- volver a imaginao e as possibilidades de expresso. expresso plstica a duas dimenses acrescentam-se asexpresso possibilidades tridimensionais, como a modelagem. A mode-tridimensional lagem pode utilizar materiais diversos desde os mais dcteis, como a areia molhada at aos mais consistentes como o barro, de preferncia, mas tambm a plasticina e a pasta de papel, passando eventualmente pela massa de cores.No domnio do trabalho a trs dimenses h outro tipo de materiais pouco dispendiosos com grandes potencialida- des, como a rede de capoeira, os canos de plstico de dife- rentes dimetros que se podem encaixar e torcer. O recurso, ainda menos oneroso, a materiais de desperdcio, tais como caixas, frascos, tampas e mesmo tacos de madeira oferece tambm inmeras possibilidades, nomeadamente, porque pode atingir dimenses que permitem construes de grande volume. Se a expresso plstica a duas e trs dimen- ses estar presente durante toda a educao pr-escolar, a expresso tridimensional tem uma importncia fundamen- tal para as crianas mais pequenas.A explorao de materiais que ocupam um espao bi- ou tridimensional, com texturas, dimenses, volumes e formas diferentes, remete para o domnio da Matemtica. Por seu turno, a diversidade de situaes que enriquecem a expres- so plstica proporciona o contacto com diferentes formas de manifestao artstica.Os contactos com a pintura, a escultura, etc. constituem acesso arte 63 momentos privilegidados de acesso arte e cultura que see cultura traduzem por um enriquecimento da criana, ampliando o seu conhecimento do mundo e desenvolvendo o sentido esttico.EXPRESSOMUSICAL A expresso musical assenta num trabalho de explorao de sons e ritmos, que a criana produz e explora espontanea- mente e que vai aprendendo a identificar e a produzir, com 58. base num trabalho sobre os diversos aspectos que caracteri-zam os sons: intensidade (fortes e fracos), altura (graves eagudos), timbre (modo de produo), durao (sons longose curtos), chegando depois audio interior, ou seja, acapacidade de reproduzir mentalmente fragmentos sonoros. A expresso musical est intimamente relacionada com aeducao musical que se desenvolve, na educao pr--escolar, em torno de cinco eixos fundamentais: escutar,cantar, danar, tocar e criar. O trabalho com o som tem como referncia o silncio, quenunca absoluto, mas que permite ouvir e identificar ofundo sonoro que nos rodeia. Saber fazer silncio parapoder escutar e identificar esses sons faz parte da educaomusical. escutar A explorao das caractersticas dos sons pode passar, tam-bm, por escutar, identificar e reproduzir sons e rudos danatureza gua a correr, vento, "vozes" dos animais, etc. e da vida corrente como o tic-tac do relgio, a campainhado telefone ou motor do automvel, etc. cantarA relao entre a msica e a palavra uma outra forma deexpresso musical. Cantar uma actividade habitual naeducao pr-escolar que pode ser enriquecida pela produ-o de diferentes formas de ritmo. Trabalhar as letras das canes relaciona o domnio daexpresso musical com o da linguagem, que passa por com-preender o sentido do que se diz, por tirar partido das rimaspara discriminar os sons, por explorar o carcter ldico daspalavras e criar variaes da letra original. 64danarA msica pode constituir uma oportunidade para as crian-as danarem. A dana como forma de ritmo produzidopelo corpo liga-se expresso motora e permite que as cri-anas exprimam a forma como sentem a msica, criem for-mas de movimento ou aprendam a movimentar-se,seguindo a msica. A dana pode tambm apelar para o tra-balho de grupo que se organiza com uma finalidadecomum. 59. I n t e r v e n o E d u c a t i v aO acompanhamento musical do canto e da dana permitetocar enriquecer e diversificar a expresso musical. Este acom- panhamento pode ser realizado pelas crianas, pelo educa- dor ou recorrer a msica gravada .Se instrumentos de percusso simples podem ser constru- dos pelas crianas relacionando-se com o domnio da acti- vidade plstica, estas podero tambm utlizar instrumentos musicais mais complexos e com outras possibilidades jogos de sinos, tringulos, pandeiretas, xilofones, etc. que devero ter grande qualidade. Outros instrumentos podero ser usados pelo educador como a flauta, a guitarra...A utilizao de um gravador permite registar e reproduzir vrios tipos de sons e msicas que, podendo ser um suporte para o trabalho de expresso, possibilita ainda que as cri- anas alarguem a sua cultura musical, desenvolvendo a sensibilidade esttica neste domnio. Domnio da linguagem oral e abordagem escrita A aquisio e a aprendizagem da linguagem oral tem tido at agora uma importncia fundamental na educao pr-escolar, pensando-se que a leitura e a escrita s deveriam ter lugar no 1.o ciclo do ensino bsico. actualmente indiscutvel que tam- bm a abordagem escrita faz parte da educao pr-escolar.No h hoje em dia crianas que no contactem com o emergncia65 cdigo escrito e que, por isso, ao entrar para a educao da escrita pr-escolar no tenham j algumas ideias sobre a escrita. Ao fazer, neste domnio, refe