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Filiada a FOJEBRA Federação das Entidades Representativas dos Oficiais de Justiça Estaduais do Brasil Rua Coronel André Belo, 603 Bairro Menino Deus Porto Alegre/RS - CEP 90.110-020 Fone/Fax: (051) 3224-1997 www.abojeris.com.br - [email protected] Excelentíssimo Desembargador Armínio José Abreu Lima da Rosa Ref.: Processo 2607-10/000021-1 Plano de Carreira dos Servidores do TJRS A ABOJERIS Associação dos Oficiais de Justiça do Rio Grande do Sul, atendendo a oportunidade concedida, tem a honra de encaminhar à apreciação de Vossa Excelência o anexo documento de críticas e propostas pertinentes ao Plano de Carreira dos Servidores do Tribunal de Justiça do RS, voltadas para construção e modernização do Poder Judiciário gaúcho. As críticas e propostas ora apresentadas são fruto de ampla consulta a base da classe e representam o condensado das idéias encaminhadas a esta entidade, além do que, este trabalho não tem a pretensão de encerrar a discussão dos temas propostos, mas de enriquecer o debate, esclarecendo que a valorização do Oficial de Justiça é medida que se impõe para reduzir a possibilidade de evasão e garantir a decantada profissionalização do servidor, promovendo, sobretudo, a melhoria da qualidade dos serviços prestados pelo Poder Judiciário à sociedade gaúcha. Com a devida vênia, o anteprojeto até então construído não atende as expectativas dessa importante parcela de servidores, mormente em razão de política que extingue vários cargos, dentre os quais o nosso, e acaba criando atividade idêntica com desigualdade remuneratória. Destaca-se que, no âmbito do TJRS, o concurso público para Oficial de Justiça tem elevado grau de exigência, tanto em termos de conhecimentos jurídicos como específicos, possuindo conteúdo programático dos mais extensos, certamente pela relevância de suas atribuições no conjunto de ações do Poder Judiciário, e resta demonstrado que, dentre os aprovados, a maioria são bacharéis em Direito. Tais argumentos, até agora, não foram suficientes para garantir tratamento adequado a esta parcela da categoria, que tem experimentado ao longo dos anos, significativa desvalorização, seja pelo reduzido nível de reposição salarial, seja pela usurpação de suas atribuições pelos “ad-hocs” que atuam nos feitos das Fazendas Públicas Municipais, via convênios firmados pela Administração com as Prefeituras, situação que desmotiva e provoca crescente evasão de servidores para outros poderes ou mesmo outra esfera do Judiciário, atraídos por salários e políticas de valorização profissional mais condizente. Como conceitualmente, um plano de carreira tem por fundamento primeiro a valorização do servidor através do estímulo e da progressão funcional, correlacionando as classes de cargos, é que submetemos à Vossa apreciação o presente documento.

Plano de carreira fase tribunal pleno-manifestação abojeris (1)

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Rua Coronel André Belo, 603 – Bairro Menino Deus – Porto Alegre/RS - CEP 90.110-020 – Fone/Fax: (051) 3224-1997 www.abojeris.com.br - [email protected]

Excelentíssimo Desembargador Armínio José Abreu Lima da Rosa

Ref.: Processo 2607-10/000021-1 – Plano de Carreira dos Servidores do TJRS

A ABOJERIS – Associação dos Oficiais de Justiça do Rio Grande do

Sul, atendendo a oportunidade concedida, tem a honra de encaminhar à apreciação

de Vossa Excelência o anexo documento de críticas e propostas pertinentes ao Plano

de Carreira dos Servidores do Tribunal de Justiça do RS, voltadas para construção e

modernização do Poder Judiciário gaúcho.

As críticas e propostas ora apresentadas são fruto de ampla consulta a

base da classe e representam o condensado das idéias encaminhadas a esta entidade,

além do que, este trabalho não tem a pretensão de encerrar a discussão dos temas

propostos, mas de enriquecer o debate, esclarecendo que a valorização do Oficial de

Justiça é medida que se impõe para reduzir a possibilidade de evasão e garantir a

decantada profissionalização do servidor, promovendo, sobretudo, a melhoria da

qualidade dos serviços prestados pelo Poder Judiciário à sociedade gaúcha.

Com a devida vênia, o anteprojeto até então construído não atende as

expectativas dessa importante parcela de servidores, mormente em razão de política

que extingue vários cargos, dentre os quais o nosso, e acaba criando atividade

idêntica com desigualdade remuneratória.

Destaca-se que, no âmbito do TJRS, o concurso público para Oficial de

Justiça tem elevado grau de exigência, tanto em termos de conhecimentos jurídicos

como específicos, possuindo conteúdo programático dos mais extensos, certamente

pela relevância de suas atribuições no conjunto de ações do Poder Judiciário, e resta

demonstrado que, dentre os aprovados, a maioria são bacharéis em Direito.

Tais argumentos, até agora, não foram suficientes para garantir

tratamento adequado a esta parcela da categoria, que tem experimentado ao longo

dos anos, significativa desvalorização, seja pelo reduzido nível de reposição salarial,

seja pela usurpação de suas atribuições pelos “ad-hocs” que atuam nos feitos das

Fazendas Públicas Municipais, via convênios firmados pela Administração com as

Prefeituras, situação que desmotiva e provoca crescente evasão de servidores para

outros poderes ou mesmo outra esfera do Judiciário, atraídos por salários e políticas

de valorização profissional mais condizente.

Como conceitualmente, um plano de carreira tem por fundamento

primeiro a valorização do servidor através do estímulo e da progressão funcional,

correlacionando as classes de cargos, é que submetemos à Vossa apreciação o

presente documento.

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Porto Alegre, 30 de janeiro de 2012.

Paulo Sérgio Costa da Costa

Presidente

Ada Muller Rufino

Primeira Vice-Presidente

- - - - - - - - - - - - - - - - - - -

CRÍTICAS

1) O anteprojeto foi construído sem uma efetiva participação dos servidores

pois, em que pese as entidades representativas reivindicaram participação

efetiva na comissão, a postulação foi indeferida;

.

2) Mesmo com o chamamento dos servidores para apresentação de sugestões,

foi concedido um exíguo prazo de quinze (15) dias, e posteriormente não foi

oportunizado um amplo debate para a defesa das propostas. A aceitação ou

rejeição das mesmas ficaram ao critério exclusivo da respeitável comissão;

3) Nesse sentido o anteprojeto foi estruturado sobre três eixos que, na visão dos

servidores estão voltadas exclusivamente aos interesses da Administração,

quais sejam: REMOÇÃO DE OFÍCIO, EXTINÇÃO DE CARGOS e

DESVINCULAÇÃO DE COMARCAS;

4) Na visão desta entidade, o inicio dos trabalhos deveria estar respaldado na

intenção real de investimento financeiro, ou seja: Quanto a Administração

pretende investir? Quanto pode gastar?

5) No tocante a remoção de ofício, mesmo que servidores públicos não gozem

expressamente a garantia da inamovibilidade, esta, salvo melhor juízo, está

subjetivamente incrustada no âmago do serviço público, de modo a permitir

aos agentes o livre exercício de suas atividades, sem receio de serem punidos

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com remoções ou transferências involuntárias. Sem receio de sofrerem

perseguições, ostensivas ou veladas ou punições mascaradas sob a forma de

remoção, transferência ou promoção para local distante ou que, por qualquer

outra razão, não seja de seu interesse;

6) Para que se atinja um serviço mais qualificado, imperioso instituir-se um

plano de carreira bem construído, que não só discipline o ingresso e atenda

aos interesses da Administração, mas que, principalmente, institua

oportunidades e estímulos ao desenvolvimento pessoal e profissional dos

trabalhadores, de forma a contribuir com a qualificação dos serviços

prestados pela Instituição, elevando a qualidade do capital intelectual,

constituindo-se assim num verdadeiro instrumento de política pessoal;

7) Outro ponto crítico a ser destacado está relacionado ao fato do trabalho ter

iniciado a partir de um texto pré-existente, elaborado na época da

Administração do Desembargador Oswaldo Stefanello. Poderia ter evoluído

no sentido de conhecimento mais detalhado de outros planos de carreira, mais

atuais, a exemplo do adotado no Estado do Tocantins;

8) O anteprojeto peca em não instituir adicionais de qualificação;

9) A ABOJERIS encaminhou à comissão nota técnica demonstrando como

inadequada a medida de absorção do cargo de Oficial de Justiça pelo de

Analista Judiciário, de modo a evitar-se extinção, conforme proposta do

anteprojeto, bem como, possível desvio de função, opinando pela

criação/manutenção de cargo autônomo, medida analisada de forma supérflua

pela respeitável comissão;

10) Da mesma forma, encaminhou-se à comissão, substitutivo de projeto, mais

moderno, atualizado e estimulante para os interesses, tanto da Administração

como dos servidores do Judiciário e que também foi desprezado. Nesse

sentido, importa ressaltar que tal substitutivo não foi ou é uma mera carta de

intenções, mas que o mesmo retrata, essencialmente, de forma simples, séria

e responsável, colocando na categoria judiciária, de forma distinta, Analistas

e Oficiais de Justiça.

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JUSTIFICATIVAS e SUGESTÕES

Acolhemos o conceito constitucional que identifica a Carreira como o conjunto de

cargos componentes do mesmo grau de responsabilidade e do nível de complexidade

das atribuições, requisitos para investidura e, principalmente, o sistema

remuneratório (art. 39, parágrafo 1º, incisos I, II e III) pois somente desta forma será

atingido o escopo das Emendas Constitucionais Nº 41/2003 e Nº 47/2005.

Com efeito, as aludidas Emendas Constitucionais nos levam a demonstração de que,

ao contrário do quanto tem sido forçosamente propalado por muitos interessados

(único cargo para uma única carreira), resta claro que todos os cargos componentes

do quadro das carreiras do Poder Judiciário possuem atividades distintas, cada qual

com atribuições e responsabilidades específicas e inconfundíveis.

A unidade da denominação dos vários cargos da carreira de Analista, com

atribuições e responsabilidades específicas e inconfundíveis propicia confusão que

enseja na equivocada defesa de que a carreira deve possuir cargo único. Destarte,

para dissipar essa infeliz conclusão, outra solução não há senão declarar a

denominação especifica de cada cargo, motivo pelo qual sugerimos seja acolhida a

Nota Técnica que opina pela criação/manutenção do cargo autônomo de Oficial

de Justiça, tendo em vista as peculiaridades do cargo.

A inobservância desta sugestão acarreta as seguintes conseqüências:

(i) Invade a competência legislativa exclusiva da União para regras de

processo civil e direito do trabalho;

(ii) Contraria regras específicas do Código de Processo Civil e da

Consolidação das Leis Trabalhistas;

(iii) Abre caminho ao desvio de função e ao Oficial de Justiça “ad-hoc”,

situação rejeitada reiteradamente pelo Conselho Nacional de Justiça.

Diante dessas conseqüências, é essencial que o novo plano de carreira opte pela

constitucionalidade do projeto legislativo, evitando os danos abstratos e concretos

antecipadamente, a partir dos servidores do Poder Judiciário do Estado do Rio

Grande do Sul contemple o Oficial de Justiça como cargo autônomo.

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ISONOMIA VENCIMENTAL

A isonomia vencimental entre cargos com as mesmas atribuições e exigência de

escolaridade diversa encontra guarida na jurisprudência do STF, conforme julgado

na ADI nº 1561 (SC).

1. A um primeiro exame, as normas impugnadas, das Leis n.s 8.246

e 8.248, de 18.04.1991, do Estado de Santa Catarina, não parecem

incidir no mesmo vicio de inconstitucionalidade que justificou a

procedência da Ação Direta de Inconstitucionalidade da Lei

Complementar n. 81, de 10.03.93, daquele Estado, declarada na

ADI n. 1.030. E que a LC n. 81/93 procedeu a transformação, com

seus ocupantes, de cargos de nível médio em cargos de nível

superior, incidindo numa espécie de aproveitamento, ofensivo ao

disposto no art. 37 da Constituição Federal, conforme ficou

ressaltado no acórdão daquele precedente.

2. Já nas normas, aqui impugnadas, das Leis n.s 8.246 e 8.248, de

18.04.1991, não se aludiu a transformação de cargos, nem se

cogitou expressamente de aproveitamento em cargos mais

elevados, de níveis diferentes.

O que se fez foi estabelecer exigência nova de escolaridade, para

o exercício das mesmas funções, e se permitiu que os Fiscais de

Mercadorias em Trânsito e os Escrivães de Exatoria também as

exercessem, naturalmente com a nova remuneração, justificada em

face do acréscimo de responsabilidades e do interesse da

Administração Publica na melhoria da arrecadação. E também

para se estabelecer paridade de tratamento para os exercentes de

funções idênticas. Mas não se chegou a enquadrá-los em cargos

novos, de uma carreira diversa. Se isso pode, ou não, ser

interpretado como burla a norma constitucional do concurso

publico, e questão que não se mostra suficientemente clara, a esta

altura, de um exame sumario e superficial.

5. Medida cautelar indeferida. Decisão unânime.

Essa decisão foi publicada no DJ nº 214, de 05.11.97.

Em artigo publicado na Revista de Informação Legislativa, nº 133, p. 33 a 38,

Senado Federal, sob o título “Reflexões sobre os Institutos da Transposição e

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Transformação de Cargos Públicos”, OSVALDO RODRIGUES DE SOUZA elucida

os conceitos dos institutos mencionados e estabelece os critérios para sua admissão.

“As transposições e transformações de cargos ou empregos

são, desse modo, procedimentos administrativos, autorizados

em lei, decorrentes de política pessoal, com o propósito de

aprimorar e compatibilizar planos de retribuição de cargos

no serviço público, voltada essa política para a valorização

dos servidores.”

(...)

“A transposição consiste no deslocamento do cargo do

sistema antigo para o novo, sem mudança das atribuições. A

transformação implica alteração das atribuições. Nisso está a

distinção entre um e outro instituto.”

No caso concreto, que trata da reestruturação de carreiras, certo que não há mudança

nas atribuições dos Oficiais de Justiça. Por outro lado destaca-se que, no âmbito do

TJRS, o concurso público para Oficial de Justiça tem elevado grau de exigência,

tanto em termos de conhecimentos jurídicos como específicos, possuindo conteúdo

programático dos mais extensos, certamente pela relevância de suas atribuições no

conjunto de ações do Poder Judiciário, e resta demonstrado que, dentre os

aprovados, a maioria são bacharéis em Direito.

O princípio da igualdade, cujo conteúdo político-ideológico é absorvido pelo

princípio da isonomia, e este está consagrado no art. 5º, caput, da CF “todos são

iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”. Também está disperso

por vários outros dispositivos constitucionais, tendo em vista a preocupação da Carta

Magna em concretizar o direito a igualdade. Cabe citar os mais importantes: a)

igualdade racial (art. 4º, VIII); b) igualdade entre os sexos (art. 5º, I); c) igualdade de

credo religioso (art. 5º, VIII); d) igualdade jurisdicional (art. 5º, XXXVII); e)

igualdade de credo religioso (art. 5º, VIII); f) igualdade trabalhista (art. 7º, XXXII);

h) igualdade tributária (art. 150, II); h) nas relação internacionais (art. 4º, V); i) nas

relações de trabalho (art. 7º, XXX, XXXI, XXXII e XXXIV); j) na organização

política (art. 19, III); l) na administração pública (art. 37, I). A isonomia deve ser

efetiva com a igualdade da lei (a lei não poderá fazer nenhuma discriminação) e o

da igualdade perante a lei (não deve haver discriminação na aplicação da lei). Fundamento: todos nascem e vivem com os mesmos direitos e obrigações perante o

Estado. Conceito: consiste em tratar igualmente os iguais e desigualmente os

desiguais.

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O art. 461 da CLT, que trata da isonomia salarial, dispõe que sendo idêntica a

função, a todo trabalho de igual valor, prestado ao mesmo empregador, na mesma

localidade, corresponderá igual salário, sem distinção de sexo, nacionalidade ou

idade. (Redação dada pela Lei nº 1.723, de 8.11.1952).

§ 1º – Trabalho de igual valor, para os fins deste Capítulo, será o que for feito com

igual produtividade e com a mesma perfeição técnica, entre pessoas cuja diferença

de tempo de serviço não for superior a 2 (dois) anos. (Redação dada pela Lei nº

1.723, de 8.11.1952).

O acima exposto nos remete à Declaração Universal dos Direitos Humanos onde, no

artigo XXIII, 3 e 4, dispõe que toda pessoa, sem qualquer distinção, tem direito a

igual remuneração por igual trabalho, e que é livre o exercício de qualquer

trabalho, oficio ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei

estabelecer.

Segundo Celso Antônio Bandeira de Mello, o princípio da igualdade está destinado a

nivelar os cidadãos perante a norma e, ao mesmo tempo vedar, peremptoriamente, ao

legislador, a edição de leis em desconformidade com a isonomia, devendo dispensar

tratamento equânime as pessoas.

O anteprojeto de Plano de Carreira fere de morte o princípio da igualdade,

fracionando indevidamente o cargo de Oficial de Justiça uma vez que encaminha o

quadro atual para a extinção enquanto cria novo cargo, com idênticas atribuições.

Relembramos que os integrantes investidos no quadro ora posto em extinção foram

aprovados em concurso, de elevado grau de exigência, com extenso conteúdo

programático, tanto em termos de conhecimentos jurídicos como de específicos, de

acordo com a natureza e a complexidade do cargo.

DA ASCENÇÃO E DA PROMOÇÃO

Pode-se observar a ASCENSÃO e a PROMOÇÃO no Desenvolvimento Funcional

na Administração Pública. A literatura não delimita adequadamente o conceito de

ascensão e promoção; mas para dirimir essa confusão, deve-se recorrer aos conceitos

utilizados pelo Supremo Tribunal Federal, responsável pela resposta final.

Primeiramente, é mister compreender “carreira”. A diferença básica entre ascensão e

promoção está relacionada ao fato dos cargos pertencerem, ou não, à mesma carreira.

A Carreira, verdadeira, possui todos os requisitos formais e materiais próprios de sua

natureza, tal como entendido na jurisprudência do STF. Ressalta-se, a partir do

entendimento da ementa da ADIn 231 do STF: em uma carreira verdadeira, o

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ingresso por concurso público só se faz na classe inicial. Em outras palavras, não há

possibilidades de concursos públicos para cargos intermediários de carreira.

As carreiras verdadeiras são aquelas cujos integrantes ingressam na classe inicial,

através de um único concurso público, e têm a perspectiva de alcançar o topo da

estrutura.

Assim, a ascensão funcional (ou acesso) é a progressão funcional entre cargos de

carreiras distintas. É atualmente considerada inconstitucional. Já a promoção é a

passagem (desenvolvimento funcional) entre cargos da mesma carreira. É requisito

essencial de uma carreira verdadeira.

Veja a ementa do acórdão da ADIn nº 231, de 5 de agosto de 1992, e de outros

julgados de mesma orientação, no Supremo Tribunal Federal (STF):

“ ADIn 231 - EMENTA: – .. Ascensão ou acesso, transferência e

aproveitamento no tocante a cargos ou empregos públicos. – O

critério do mérito aferível por concurso público .. é, .., indispensável

para cargo ou emprego público isolado ou em carreira. Para o

isolado, em qualquer hipótese para o em carreira, para o ingresso

nela, que só se fará na classe inicial e pelo concurso público de

provas ou de provas títulos, não o sendo, porém, para os cargos

subseqüentes que nela se escalonam até o final dela, pois, para estes,

a investidura se fará pela forma de provimento que é a "promoção".

É o que diz expressamente, em termos muito claros, o eminente Ministro Octávio

Gallotti, em seu voto nesse mesmo julgado (ADIn 231):

“Ora, o que temos agora em vista é a chamada ascensão funcional,

que pressupõe, necessariamente, a existência de duas carreiras: a

carreira de origem e aquela outra para a qual ascende o funcionário.

Uma carreira, no serviço público, pode ter cargos de atribuições

diferentes, geralmente mais complexas, à medida que se aproximam

as classes finais.

Nada impede, também, que a partir de certa classe da carreira, seja

exigido, do candidato à promoção, um nível mais alto de

escolaridade, um concurso interno, um novo título profissional, um

treinamento especial ou o aproveitamento em algum curso, como

acontece, por exemplo, com a carreira de diplomata.

O que não se compadece com a noção de carreira - bem o esclareceu

o eminente Relator, – é a possibilidade de ingresso direto num cargo

intermediário.

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Se há uma série auxiliar de classes e outra principal, sempre que

exista a possibilidade do ingresso direto na principal não se pode

considerar que se configure uma só carreira.”

DO PEDIDO

Em razão do acima exposto, como medida de Justiça, requer-se a Vossa Excelência

voto no sentido de rejeitar ao anteprojeto elaborado pela comissão do Plano de

Carreira, adotando-se como parâmetro o substitutivo em anexo.

Termos em que,

P.E. Deferimento.

Porto Alegre, 30 de janeiro de 2012.