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Universidade de Brasília – UnB Centro de Estudos do Cerrado da Chapada dos Veadeiros UnB Cerrado CHAMADA MCTI/MDA-INCRA/CNPq N° 19/2014 - FORTALECIMENTO DA JUVENTUDE RURAL PROJETO Agroecologia, inovação e sustentabilidade: ressignificando a relação do jovem com o campo PROPONENTE Profa. Dra. Nina Paula Laranjeira INSTITUIÇÃO EXECUTORA Centro de Estudos do Cerrado da Chapada dos Veadeiros - UnB Cerrado/UnB 0

Projeto Chamada nº 19

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CHAMADA MCTI/MDA-INCRA/CNPq N° 19/2014 - FORTALECIMENTO DAJUVENTUDE RURAL

PROJETO

Agroecologia, inovação e sustentabilidade: ressignificando a relação do jovem com o campo

PROPONENTE

Profa. Dra. Nina Paula Laranjeira

INSTITUIÇÃO EXECUTORA

Centro de Estudos do Cerrado da Chapada dos Veadeiros - UnB Cerrado/UnB

BRASÍLIA – NOVEMBRO/2014

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RESUMO

O êxodo rural em sítios de produção da agricultura familiar e em projetos de assentamento da reforma agrária é parte importante da dinâmica fundiária e populacional rural brasileira, com reflexos nas cidades e no campo. Por um lado diminuem os produtores na agricultura familiar e por outro aumentam os consumidores nas cidades. A faixa etária mais afetada são os jovens que saem em busca de um mundo “melhor” e quem sabe pode ajudar na melhoria da condição financeira da família que deixa para trás.

Ressignificar, valorizar e revitalizar os laços afetivos dos jovens com o território em que vivem procurando dar sentido e importância a sua própria existência local é o perfil do trabalho que o Centro de Estudos do Cerrado na Chapada dos Veadeiros (Centro UnB Cerrado) vem realizando com os jovens no município de Alto Paraíso de Goiás. No Centro UnB Cerrado funciona o Núcleo de Segurança Alimentar e Nutricional, que desenvolve os trabalhos de ensino, pesquisa e extensão em Segurança Alimentar e Nutricional, com foco na produção de alimentos de base agroecológica junto aos jovens e a produtores rurais.

Diante da imensa importância da Chapada dos Veadeiros para o abastecimento dos mananciais das águas originárias no Planalto Central, pela biodiversidade e conservação, e mesmo para encontrar soluções de produção que diminuam o impacto antrópico, o Centro UnB Cerrado se propõe estender aos assentamentos rurais dos municípios de Colinas do Sul e São João D’Aliança a metodologia de trabalho que sua equipe técnica já vem realizando com tecnologias de base agroecológica com a orientação para produção de auto sustentação e de geração de renda.

A proposta se estrutura em ação integrada de ensino, pesquisa e assistência técnica e extensão rural, procurando atender as comunidades, através do envolvimento dos jovens com a realização de projetos produtivos inseridos nos sítios de produção familiares. Procura seguir uma linha pedagógica onde a autonomia gradativa, a experimentação inovadora capaz de superar dificuldades e a reconexão com a terra como meio de sobrevivência poderão despertar parte dos 50 jovens camponeses a resistirem no campo, quer pela permanência imediata viabilizando tecnologicamente e economicamente iniciativas já existentes, ou mesmo se dedicando aos estudos que possam ampliar a sustentabilidade de uma cultura agrária de base Agroecológica com o objetivo de retornar no futuro melhor preparado.

O processo formativo em Agroecologia e Sustentabilidade terá a duração de dois anos, com carga horária total de 1000 horas, com atividades presenciais - encontros regionais, oficinas, visitas de intercâmbio; e em projetos a serem desenvolvidos em cada unidade familiar de produção, procurando integrá-los ao agroecossistema existente. Como orientação pedagógica, estaremos procurando trabalhar com o aprendizado através do “aprender fazer, fazendo”, pela ação-reflexão-ação, que proporciona o diálogo entre teoria, prática e conhecimentos já existentes.

Destaque especial será dado à formação em temáticas sobre as Águas e os Ecossistemas do Cerrado. Como forma de ampliar a interatividade e o aprendizado, estamos propondo trabalhar com ferramentas de comunicação, que utilizam a linguagem atualmente acessível e atrativa aos jovens para assim potencializarem seus estudos e pesquisas com a formatação de produtos midiáticos com conteúdos apreendidos no curso de Agroecologia e Sustentabilidade. Da mesma forma, a organização e participação social e o acesso a políticas públicas, estão em pauta na proposta apresentada.

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Outra grande contribuição deste projeto será para pesquisa científica aplicada, por meio da realização de experimentos, associados à resolução de problemas específicos dos sítios familiares de produção. Estas pesquisas darão maior segurança e estabilidade à economia rural, possibilitando novos avanços socioambientais para a região, viabilizados com esta orientação para o processo de Transição Agroecológica, em respeito ao meio ambiente

Por fim, pelo respeito à importância dos títulos ambientais de Reserva da Biosfera do Cerrado, hot spot do Cerrado, da APA Pouso Alto, e igualmente pela rede formada pelas inúmeras unidades de conservação como o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, e diversas Reservas Particulares do Patrimônio Natural, o Centro UnB Cerrado se alinha com os princípios do Desenvolvimento Territorial com Base na Conservação propondo uma produção alimentar com base na Agroecologia, que gere a segurança alimentar e nutricional necessária e que seja de menor impacto social e ambiental, contribuindo diretamente com a melhoria e manutenção do qualidade de vida das populações da Chapada dos Veadeiros.

PALAVRAS-CHAVE: Juventude do Campo, Segurança Alimentar e Nutricional, Agroecologia, Sustentabilidade, Educomunicação, Organização e Participação Social.

I. APRESENTAÇÃO O projeto aqui apresentado tem como foco a Juventude Rural de comunidades de três municípios da

Chapada dos Veadeiros: Alto Paraíso de Goiás, São João D´Aliança e Colinas do Sul.

Pretende atuar relacionando três das linhas temáticas propostas neste edital, com foco central na linha “d”, tendo as linhas “e” e “f” como complementares, oferecendo suporte metodológico para a formação dos jovens, formação esta centrada em Agroecologia e Sustentabilidade.

Linhas Temáticas:

d) Agroecologia e Sustentabilidade na produção agrícola, pecuária, atividades pluriativas e manejo de recursos naturais nos assentamentos rurais, agricultura familiar e comunidades tradicionais;

e) Comunicação, Projetos Artísticos e Culturais em comunidades de assentamentos rurais, agricultura familiar e comunidades tradicionais;

f) Uso de metodologias participativas aplicadas à pesquisa, assistência técnica e extensão rural.

Trata-se de proposta integrada de pesquisa, ensino e extensão a ser executada na região de abrangência do Centro UnB Cerrado: a Chapada dos Veadeiros. Será desenvolvida pelo Núcleo de Segurança Alimentar e Nutricional (SAN), criado por meio da chamada do CNPq nº 82/ 2013, no Centro de Estudos do Cerrado da Chapada dos Veadeiros – UnB Cerrado, espaço da Universidade de Brasília sediado em Alto Paraíso de Goiás.

Objetiva-se com este projeto, dar continuidade ao trabalho realizado pelo Centro UnB Cerrado desde 2011, por meio do Programa de Bolsas de Estudo para o Ensino Básico, com jovens da cidade e do

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campo, agora fortalecido pela criação do Núcleo de SAN (fevereiro/2014) e o aporte técnico-científico para a extensão inovadora.

Da mesma forma, este projeto vem fortalecer e consolidar o referido Núcleo, ampliando suas ações com jovens para mais dois municípios da Chapada dos Veadeiros: Colinas do Sul e São João D´Aliança.

Ressalta-se a importância da formação em agroecologia e sustentabilidade para cerca de 50 jovens assentados dos dois municípios referidos, assim como a possibilidade de reuni-los, trazendo também jovens de Alto Paraíso, possibilitando intercâmbio e fortalecendo a identidade da juventude rural da Chapada dos Veadeiros.

A proposta responde aos anseios do Colegiado Territorial do Território da Cidadania da Chapada dos Veadeiros (TCCV), que é a formação para jovens da região em Agroecologia e a reconexão da juventude rural com a vida no campo. Assim, na plenária realizada pelo TCCV nos dias 06 e 07 de novembro de 2014, em São João D´Aliança, o projeto foi aprovado e será apoiado e monitorado por este coletivo.

Com este projeto, novo passo está sendo dado para a consolidação das ações de agroecologia e SAN, de fundamental importância para a sustentabilidade da região, para a conservação do Cerrado e para a qualidade de vida das populações do campo.

Além da metodologia consolidada para o trabalho com a juventude rural, oferecemos infraestrutura e equipe capacitada para ações de pesquisa e extensão com juventude, SAN, agroecologia e comunicação.

II. JUSTIFICATIVA

A Chapada dos Veadeiros está localizada no ponto culminante do Planalto Central. É uma das microrregiões de Goiás, pertencente à mesorregião Norte Goiano. Integram a Microrregião da Chapada dos Veadeiros os municípios de: Alto Paraíso de Goiás, Campos Belos, Cavalcante, Colinas do Sul, Monte Alegre de Goiás, Nova Roma, São João D’Aliança e Teresina de Goiás, totalizando uma área de 21.475,60 Km² de campos de altitude com belezas cênicas exuberantes e paisagens características, entre planaltos, vales, veredas de buritis, canyons, centenas de cachoeiras e nascentes, que valeram à Chapada dos Veadeiros o título de “Berço das águas do Brasil Central”.

Pelas limitações do próprio relevo a região permanece parcialmente intacta com pouca ação antrópica. As formações vegetais presentes são de grande importância ecológica para o Bioma Cerrado, ocorrendo grandes endemismos representados nas diversas fitofisionomias ocorrentes como: campos limpos, campos sujos, campos ruprestes, campos úmidos, cerrado “sensu stricto”, cerradão, carrascos, matas mesofíticas e matas ciliares. Esta biodiversidade vegetal propiciou uma igualmente preciosa fauna interespecífica, também endêmica, à região que tem sido objeto de diversos estudos mais aprofundados.

No coração da Chapada se localiza o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. Criado em 1961, é ladeado por imensas áreas de Cerrado intactas, representando o maior bloco de Cerrado contínuo do Estado de Goiás. Reconhecida a importância ambiental da região, foram criadas várias categorias de unidades de conservação. Além do Parque Nacional, estas unidades foram reconhecidas como Patrimônio Natural da Humanidade e conferido à região o título de Reserva da Biosfera do Cerrado, reconhecida e apoiada pela UNESCO, no ano 2000.

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Todas estas Unidades de Conservação têm como objetivo a preservação e o estudo científico do imenso e pouco conhecido patrimônio genético do Cerrado. Por outro lado, os municípios da região apresentam dificuldades para lidar com este potencial para gerar riqueza e qualidade de vida para a população. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) médio dos municípios da Chapada dos Veadeiros é 0,68. Alguns dos problemas na região justificam esse índice, a saber: baixo nível de escolaridade, educação de baixa qualidade, alto desemprego, pouca oportunidade para jovens, flutuações sazonais de postos de trabalho em função do turismo (em alguns municípios).

A população total da Chapada dos Veadeiros é de 60.267 habitantes, dos quais 21.398 vivem na área rural, o que corresponde a 35,51% do total1. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), a Chapada dos Veadeiros possui 3.347 agricultores familiares, 1.412 famílias assentadas, 06 comunidades quilombolas e 01 terra indígena. Assim, não obstante os baixos índices socioeconômicos, a Chapada dos Veadeiros guarda, além de patrimônio natural, significativa diversidade cultural, decorrente de diferentes ondas históricas de ocupação da região.

No entanto, grande parte da população local não tem oportunidades de formação adequada para associar aos seus saberes e fazeres tradicionais, os conhecimentos técnico-científicos necessários para a melhoria de suas iniciativas de trabalho, geração de renda e alimentação saudável, com base no aproveitamento sustentável das riquezas naturais da Chapada dos Veadeiros.

Considerando a necessidade de conservação da região, é evidente então o papel da agricultura familiar, sobretudo com ênfase na produção agropecuária de base agroecológica, o que irá contribuir diretamente com a melhoria da qualidade de vida de sua população, ainda mantenedora de uma cultura rural fortemente adaptada às condições produtivas locais.

A conservação desta sociodiversidade associada às riquezas naturais, em uma das últimas áreas remanescentes do Bioma Cerrado no Estado de Goiás, com foco no bem estar social, geração de renda, segurança alimentar e qualidade de vida é o objetivo maior do Centro UnB Cerrado, criado e instalado na cidade de Alto Paraíso de Goiás no início de 2011.

Em 2011, o Centro UnB Cerrado passou a fazer parte do colegiado territorial do Território da Cidadania Chapada dos Veadeiros, e em 2013 passou a fazer parte do Núcleo Diretivo, ocupando a secretaria geral. Esta participação nos permitiu conhecer as questões regionais e entrar em contato com lideranças dos assentamentos beneficiados nesta proposta.

A experiência desses quase quatro anos de atuação formal do Centro UnB Cerrado mostra que a vocação da região é ainda rural e que há real potencial para que sua população diminua a condição de pobreza em que se encontra, sobretudo pela possibilidade de ampliação da produção com base agroecológica e melhoria da alimentação.

As carências observadas em assentamentos da reforma agrária, sobretudo aquelas relacionadas à permanência do jovem, sua profissionalização e a infraestrutura necessária para isso, motivam e orientam pragmaticamente esta proposta.

Em Colinas do Sul vamos trabalhar com 04 assentamentos da Reforma Agrária. Dentre esses, 03 são mais recentes (cerca de 05 anos) – PA Boa Esperança (32 famílias), PA Córrego do Bonito (69 famílias), PA Terra Mãe (99 famílias). Para estes só agora os lotes estão sendo oficialmente demarcados e a previsão é de

1( Fonte: http://www.territoriosdacidadania.gov.br/)

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receberem o material para a construção das casas em 2015. O número de famílias está sendo revisto neste processo de demarcação de lotes e aprovação do PDA. Há poços furados nas áreas coletivas, mas tem funcionamento precário. As famílias criam as mais diversas soluções, alternativas, para obter água. Poucos produzem, mas não há números seguros. Para o PA Terra Mãe, o presidente da associação relata haver 18 agricultores com DAP provisória, mas poucos chegam a comercializar de forma substancial, dominando o plantio de subsistência. Não há luz, e o Programa Luz para Todos deve também contemplá-los no próximo ano. O quarto assentamento, Angico, já tem cerca de 15 anos de existência, com 20 famílias assentadas e por isso contam com casa, luz e água. Segundo o presidente da associação deste assentamento, cerca de 80% dos agricultores conta com DAP definitiva, trabalha e vive da terra. Entre esses, 08 comercializam para o PAA.

Em São João D´Aliança o assentamento focal é o Mingau, o qual conta com 79 famílias, assentadas há 17 anos. Possuem água e luz. De acordo com o presidente da associação, cerca de 40% das casas se utiliza de cisternas. Há alguns poços coletivos e individuais, mas dois deles, construídos pelo INCRA, estão fora de uso por problemas diversos. Cerca de 30 famílias se beneficiam do Rio das Brancas, mas para as demais o acesso à água é mais difícil, havendo ainda famílias com dificuldade de acesso à água para plantio. A maioria planta e vive da terra, entretanto encontram dificuldade de comercializar pela falta de transporte para levar para a Feira, que acontece aos domingos e quarta feiras, na cidade. Neste assentamento, o desafio é a transição agroecológica, pois de acordo com o presidente da associação, os que plantam sem o uso de agrotóxicos são em menor número. Entretanto, ele informa que a comunidade tem grande interesse na transição agroecológica e na conservação e reflorestamentos das áreas de proteção permanente, sobretudo as nascentes.

A permanência do jovem no campo é uma preocupação constante em todas as comunidades citadas, que vêem seus filhos evadindo em busca de uma vida melhor do que a que é atualmente oferecida a estes, na atual conjuntura. Após a conclusão do ensino médio a maioria migra para as cidades maiores, ou ainda durante o tempo de escola, vão para a cidade próxima.

Não há dados sobre a real situação socioeconômica desses assentamentos e tampouco sobre a situação dos jovens e os números da evasão. Assim, o levantamento desses dados é objetivo desta pesquisa, de forma a guiar a execução das ações de extensão.

Observa-se, atualmente ampliação na oferta de políticas públicas para a agricultura familiar e para a juventude, porém, mesmo com a criação de estruturas administrativas, políticas e programas voltados especificamente à juventude rural ser um marco institucional de disputa política no Estado e ainda, com políticas desenvolvidas para a agricultura familiar que aumentam a possibilidade de permanência do jovem no campo, estudos mostram que os atuais programas federais são considerados insuficientes para uma transformação social significativa para atual situação da juventude rural (Barcelos, 2012)2.

O acesso a essas políticas não é direto e depende da organização desses jovens e fortalecimento da identidade de agricultor, e da cultura do campo. A partir desse trabalho de fortalecimento da identidade e organização, deve surgir a motivação necessária à profissionalização, produção e desenvolvimento de suas comunidades. Paralelamente, a descoberta da agroecologia como a ciência do sujeito do campo, com suas

2BARCELLOS, Sérgio Botton. As políticas públicas para a juventude rural: balanço, perspectivas e questões para o debate . 2012; Disponível em: <http://www.slideshare.net/sergiobbarcellos/as-politicas-publicas-para-a-juventude-rural-balanco-perspectivas-e-questoes-para-o-debate > Acesso: nov. 2013.

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tecnologias sociais voltadas para a saúde do solo e equilíbrio com a natureza, tem se mostrado capaz de reconstruir os vínculos com a terra e com a cultura do campo.

A falta de acesso a tecnologias no campo é entendida por esta equipe como forte agravante para a evasão do jovem. Assim sendo, a proposta de trabalhar com comunicação e inclusão digital é vista neste projeto como fator importante para trazer a motivação almejada. Dar visibilidade às virtudes e às conquistas individuais e comunitárias, assim como a importância da agricultura familiar para nossa sociedade, tem se mostrado como instrumento importante, não só para motivar os jovens e os agricultores adultos, com também para melhorar gradativamente a segurança alimentar e nutricional nas cidades.

Assim, a proposta é transversalizar o uso de formatos de mídia, procurando sempre que possível conjugar e articular diferentes modos de canalizar informação. Por exemplo, criação de conteúdos que poderão ser distribuídos não apenas de forma impressa, mas por meio de filmes, programas de web rádio, podcast veiculadas na internet de forma gratuita permitindo oferta contínua de conteúdos e a promoção de pesquisas para a produção de novos conteúdos.

A comunicação baseada nos princípios da democratização, promoção da autonomia e emancipação, se materializa quando há condições de acesso à comunicação, direito de todos. Isso significa não só acessar a informação e os bens culturais (midiatizados ou não), mas também o acesso à participação na criação e na gestão de conteúdos variados.

É preciso promover a popularização do uso dos meios a partir da experiência aprendiz e diálogo interativo constante entre estudantes, educadores, pesquisadores e comunicólogos, entre outros profissionais.

Segundo Caporal e Costabeber (2007)3 a Agroecologia pode ser a base para a mudança socioambiental gradativa. Deve ser compreendida como uma ciência que estabelece as bases para a construção de estilos de agriculturas sustentáveis e de estratégias de desenvolvimento rural sustentável. Pode ser entendida como um enfoque científico destinado a apoiar a transição dos atuais modelos de desenvolvimento rural e de agricultura convencionais para estilos de desenvolvimento rural e agriculturas sustentáveis. A partir de um enfoque sistêmico, adota o agroecossistema como unidade de análise, proporcionando as bases científicas para a transição das agriculturas.

Na Agroecologia é central o conceito de transição agroecológica que ocorre através do tempo nas formas de manejo dos agroecossistemas. O enfoque da transição agroecológica é complexo, tanto sob o ponto de vista tecnológico, como metodológico e organizacional. Segundo Gliessman (2000), apud Caporal e Costabeber (2007)4, podemos distinguir três níveis fundamentais no processo de transição ou conversão para agroecossistemas sustentáveis. O primeiro diz respeito ao incremento das práticas convencionais para reduzir o uso e consumo de insumos externos caros, escassos e daninhos ao meio ambiente. O segundo nível de transição se refere à substituição de insumos e práticas convencionais por práticas e insumos alternativos. O terceiro e mais complexo nível da transição é representado pelo redesenho dos agroecossistemas, para que estes funcionem com base em novos conjuntos de processos ecológicos.

3 CAPORAL, F. R. Agroecologia: alguns conceitos e princípios / por Francisco Roberto Caporal e José Antônio Costabeber; 24p. Brasília:MDA/SAF/DATER-IICA, 2007. 4 Conforme ainda Caporal e Costabeber, 2007, agroecossistema é a unidade fundamental de estudo, nos qual os ciclos minerais, as transformações energéticas, os processos biológicos e as relações sócio-econômicas são vistas e analisadas em seu conjunto. Nesta perspectiva, parece evidente a necessidade de adotar-se um enfoque holístico e sistêmico em todas as intervenções que visem transformar ecossistemas em agroecossistemas.

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Juntamente com a mudança do paradigma tecnológico relativo à melhoria e manutenção permanente dos sítios de produção de alimentos, com sua conversão para agroecossistemas de base agroecológica é preciso ampliar a capacidade de suporte ambiental.

Esse direcionamento se faz necessário pelo constante crescimento da população e mesmo pelo enfrentamento das questões ambientais mais sérias: em uma dimensão externa a chegada da fronteira agrícola da soja e das estradas com seus impactos e riscos ambientais; e em uma dimensão interna tanto a prática descontrolada de se colocar fogo todos os anos sem o uso dos conhecimentos tradicionais de seu manejo, quanto a perda da fertilidade dos sítios de produção de alimentos cultivados e mesmo a criação extensiva de gado sem critérios técnicos de sustentabilidade. Principalmente as últimas têm contribuído fortemente com a exaustão dos recursos ambientais disponíveis e perda da segurança alimentar tradicional.

A necessidade de refertilização dos locais de plantio com metodologias e princípios agroecológicos de recuperação de solos degradados se faz necessária e urgente para que possamos conduzir a agricultura para patamares mais sustentáveis com a manutenção da agrobiodiversidade dos sítios de produção por mais tempo. No meio rural, a mudança parcial do sistema de produção tradicional familiar solidária, espontânea, para uma forma induzida pela agricultura convencional, vem ampliando a erosão genética das plantas cultivadas, com o abandono de sementes e técnicas ancestrais de manejo agrícola. Alguns anciãos sábios possuem ainda conhecimentos sobre as particularidades dos ecossistemas presentes no Cerrado, o que os levou a criarem um forte movimento de resistência pela manutenção de sua cultura. Algumas práticas culturais são mais fortes e constantes em uma parcela pequena de famílias e comunidades que ainda mantêm suas raízes vigorosas sustentando a cultura rural.

Realizar a presente proposta significa contribuir com a formação de consciência crítica entre os jovens sobre procedimentos de base agroecológica de produção de alimentos, demonstrando a viabilidade prática de se permanecer em um mesmo sítio de produção com sustentabilidade tecnológica, ambiental e econômica.

Transição Agroecológica é o caminho para a sustentabilidade no campo, onde natureza e a cultura necessariamente necessitam de preservação, cuidados e ressignificação, processo que se dá com intensa participação social e parcerias com entidades e instituições.

As atividades de pesquisa e extensão aqui propostas incluem a área de planejamento, execução e monitoramento de projetos direcionados à agroecologia, segurança alimentar e nutricional e à geração de renda. Estaremos iniciando a construção de metodologias e geração de conhecimentos que com o tempo se transformam em tecnologias sociais de largo uso com autonomia e sustentabilidade.

Por último, é importante tratarmos da escolha do formato do curso proposto. A experiência desta equipe, que tem convivido com as comunidades da Chapada dos Veadeiros de forma intensa, especialmente com os jovens, mostra que o formato de curso técnico para esta faixa etária é inadequado, pois estão cursando o ensino básico, o que não permite que se utilize a pedagogia da alternância. A vantagem apresentada pela ação proposta é a possibilidade do intenso convívio da equipe com as comunidades, considerando que a maior parte da equipe vive na região, o que possibilita ação intensiva junto ao jovem e à comunidade. O perfil do curso oferecido tem como foco a Agroecologia, e amplia seus conteúdos para levar o jovem a analisar sua realidade e buscar alternativas para transformá-la, usando ferramentas como a comunicação, organização, participação e controle social. Desta forma, encontramos dificuldades em realizar parcerias com o ensino formal, para certificação como curso técnico. As instituições que oferecem curso

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técnico têm seus cursos já definidos, cujo formato difere da proposta aqui apresentada. Neste caso, a certificação implicaria em criação de novo curso por estas instituições, o que demanda tempo, o que não se justifica já que esta é uma demanda pontual.

III. CONTEXTO E HISTÓRICO DA PESQUISA E EXTENSÃO

A ação formativa voltada aos jovens começou em 2011, com a execução do PROJETO “Estruturação e Implantação de Centros de Pesquisa e Extensão na Universidade de Brasília e no Distrito Federal”, cuja Meta 4, intitulada “Estruturação e Implantação do Centro de Estudos Avançados do Cerrado da UnB, na Chapada dos Veadeiros”, contempla este Centro de Estudos. Tal projeto disponibilizou 80 bolsas de iniciação científica e extensão júnior, pelo período de dois anos. Em 2013, executadas essas metas, a Meta 3 do mesmo Projeto, cedeu novas bolsas, que ainda estão em fase de execução e são ofertadas como contrapartida neste projeto.

Em 2011 foi criado o Programa de Bolsas de Estudo para o Ensino Básico, a fim de oferecer atividades de pesquisa e extensão para bolsistas juniores e ainda formação complementar, sob a forma de cursos de extensão. Observou-se a baixa qualidade do ensino local e a falta de preparo dos bolsistas para realizar as atividades propostas pelos projetos dos professores, e por isso necessitavam de contato mais prolongado e complementação de estudos, a fim de poderem participar dos projetos.

Naquele ano de 2011, foram então ofertados os Cursos de Extensão para capacitar de forma técnica e profissional os jovens, na cidade e em áreas rurais, além da participação dos bolsistas nos projetos de pesquisa e extensão coordenados pelos professores da UnB. Nas áreas rurais os cursos foram de Agroecologia, com carga horária de 200 horas.

A experiência de 2011 nas áreas rurais, apesar de algumas resistências iniciais dos jovens, obteve grande sucesso, sobretudo pela investigação realizada por estes sobre suas comunidades, que resultou na publicação de cartilhas em 2012. Cada cartilha serviu para produzir conhecimentos e disseminá-lo para a comunidade de forma a resgatar parte da sua cultura. A atividade dos jovens consistiu no levantamento, pelos próprios bolsistas, de diversos aspectos das comunidades envolvidas, como forma de valorização e consolidação da identidade de cada uma. (Cartilhas - Laranjeira et al (org.), 2012 a, b e c)5.

Em 2013, nas áreas rurais, passamos a trabalhar com projetos individuais participando de forma mais direta na formação dos jovens. Cada um deles começou uma atividade produtiva de base agroecológica na propriedade de sua família, com a participação dos familiares nos projetos, recebendo orientações sobre segurança alimentar e diversificação da produção. Além disso, houve grande troca de experiências entre membros da equipe e agricultores, sobre questões práticas do uso de bases agroecológicas na agropecuária desenvolvida nas unidades de produção familiar.

Outro enfoque foi dado na cidade, onde um grupo de bolsistas realizou pesquisa em quintais dos principais bairros, concluindo que o cultivo de frutas, hortaliças e outros alimentos ainda é uma realidade comum na cidade, mas que poderia ser incrementada.

5 LARANJEIRA, N.P.; GASPARINI, C.B.; Câmara, C.B. (org.). Assentamento Sílvio Rodrigues & Cidade da Fraternidade, Alto Paraíso de Goiás. Brasília:UnB, 2012. Coleção Riquezas da Chapada dos Veadeiros. V. 1. 31 p. (Cartilha)LARANJEIRA, N.P.; GASPARINI, C.B.;BERNARDES, S.; (org.). Comunidade do Sertão, Alto Paraíso de Goiás. Brasília:UnB, 2012. Coleção Riquezas da Chapada dos Veadeiros. V. 2. 36 p. (Cartilha)LARANJEIRA, N.P.; MEIRELES, C. da C.; GASPARINI, C.B. (org.). Povoado do Moinho, Alto Paraíso de Goiás. Brasília:UnB, 2012. Coleção Riquezas da Chapada dos Veadeiros. V.3. 23 p. (Cartilha)

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O Programa de Bolsas para o Ensino Básico do Centro UnB Cerrado em 2014 foi incorporado ao Núcleo de SAN (Chamada CNPq nº 82/2103) e pretende-se dar continuidade a este, agora por meio desta proposta, estendendo para outros municípios.

Neste Núcleo, priorizamos a segurança alimentar e a valorização do agricultor como um dos protagonistas da saúde da população e do serviço prestado na conservação do cerrado e das águas, contribuindo com a sustentabilidade ambiental regional. Apoiamos o planejamento para transição agroecológica e sustentabilidade dos sítios de produção de base agroecológica, com a ampliação da biodiversidade agroalimentar e a produção orgânica de base agroecológica, envolvendo os jovens e suas famílias. Assim, a valorização do campo como base para a qualidade de vida e saúde e a harmonização da relação campo-cidade são afirmados como eixos de nossa proposta requerendo um trabalho educativo contínuo, em diversos níveis da sociedade.

A valorização e ampliação da produção agrícola de base agroecológica de alimentos, requer várias vertentes de atuação, desde a formação de jovens e agricultores para produção e venda desses produtos, nos mercados locais e institucionais; como a sensibilização e informação da população sobre a importância do fortalecimento da agricultura familiar de base agroecológica, disseminando informações sobre o valor nutricional e preparação desses alimentos.

O Projeto Cozinha Escola de Alto Paraíso, desenvolvido no Núcleo, contribui na realização de oficinas de educação alimentar e ambiental e visam preparar a população para a valorização e consumo dos alimentos de origem agroecológica, cuja experiência realizada será multiplicada nos assentamentos de Colinas do Sul e São João D´Aliança.

Está também em execução o Projeto de Extensão e Ação Continuada (PEAC) intitulado Alimentação Sustentável: Nutrição e Educação, que desde 2011 tem atuado com atividades integradas de Educação Ambiental e Nutricional, e que realizou inúmeras oficinas, com a comunidade e com os jovens bolsistas, nas áreas urbanas e rurais. Este projeto produziu um Guia de Alimentação Saudável e Sustentável para Escolas (RODRIGUES, 2011)6, que foi distribuído no Encontro de Merendeiras (coorganizado pelo Centro UnB Cerrado, em 2012) e também nas escolas locais, com o objetivo de difundir técnicas pedagógicas para a prática da educação alimentar e propor a utilização de receitas de fácil execução e de boa aceitação.

Foi realizada pesquisa sobre SAN com pessoas da cidade e das áreas rurais do município de Alto Paraíso de Goiás. Verificou-se que em 44% dos domicílios houve garantia de acesso aos alimentos em quantidade e qualidade adequados, estando tais famílias em Segurança Alimentar, mas em 32% das residências, detectou-se Insegurança Alimentar Leve e em 24% dos domicílios, insegurança alimentar de moderada a grave. Os resultados encontrados mostram que os graus de Segurança e Insegurança Alimentar estão abaixo da média estadual (Goiás) e da nacional, o que pode estar relacionado às condições sócio econômicas do município. Outro aspecto relevante encontrado foi que, embora grande parte das famílias possua horta (em quintais ou no campo), os moradores não consomem regularmente o que é produzido, o que reforça o padrão de consumo do tipo urbano (CARVALHO et al, 2012)7.

6 RODRIGUES, L.P.F. Guia de Promoção da Alimentação Saudável e Sustentável para Escolas. Brasília: Universidade de Brasília, Decanato de Extensão, 2011. 44p.7 CARVALHO, R.C.; OTANÁSIO, P. N.; MACIEL,  A.N.; ROQUE-SPECHT, V.F.; NARDOTO, G.B.; RODRIGUES, L.P.F. Levantamento do grau de insegurança alimentar e dos recursos alimentares disponíveis no município de Alto Paraíso de Goiás.  In: 18o Congresso de Iniciação Científica da UnB - UnB 50 anos: Pesquisa e Inovação, 2012, Brasília. Programação de 18o Congresso de Iniciação Científica da UnB - UnB 50 anos: Pesquisa e Inovação. Brasília: UnB, 2012. v. 1. p. 92-92.

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Estes resultados motivaram estender a pesquisa de SAN com a população urbana e rural do município de Colinas do Sul, que será realizada no ano de 2015, como meta do Núcleo de SAN.

A parceria entre UnB Cerrado e a Cooper Frutos do Paraíso vem se estreitando, sobretudo a partir de 2012, com o objetivo de valorizar a agricultura familiar de base agroecológica e incentivar a reprodução de sementes de variedades crioulas da região. Por meio dessa parceria, tem sido realizada anualmente, desde 2011, a Feira de Sementes e Mudas da Chapada dos Veadeiros, onde são mostradas, comercializadas, doadas e/ou trocadas sementes e mudas do cerrado e agroecológicas, abrindo o diálogo sobre os métodos e a necessidade de conservação das mesmas para as práticas de uma agropecuária de base agroecológica na região.

A Cooper Frutos do Paraíso atua em cinco dos oito municípios da região, entre eles os três municípios focais deste trabalho, orientando e intermediando a comercialização da produção dos agricultores junto aos programas de compras governamentais, PAA e PNAE.

Desta forma, o Núcleo de SAN sente-se preparado para ampliar suas ações para o contexto de Assentamentos da Reforma Agrária de outros municípios da Chapada dos Veadeiros.

IV. PROBLEMA A SER ABORDADO

A manutenção da população jovem no campo tem sido o foco das atenções deste Centro nas áreas rurais em várias de suas ações. Essa permanência passa pelo protagonismo dos produtores jovens, pela valorização e ressignificação da cultura rural e pela geração de renda suficiente para mudar a realidade de vida, com base na geração e adoção de tecnologias sociais apropriadas, que é parte do universo do jovem camponês.

A busca constante pela autonomia da propriedade rural é o grande desafio a ser enfrentado pelas famílias, que se ressentem da falta de assistência técnica e de orientação para acesso às políticas públicas. Neste contexto, o jovem tem dificuldade de se posicionar, de encontrar seu espaço como agricultor. A adolescência representa momento de dúvida, e a orientação vinda de fora, por meio de formação técnica, pode despertar no jovem a motivação para a profissionalização em áreas de conhecimento agroecológico.

Isso tem nos levado a orientar a inserção dos projetos dos jovens no sítio de produção como um todo, procurando estabelecer sinergia entre os processos agroecológicos preexistentes e desses com os novos processos preconizados pelos produtores jovens do Programa de Bolsas.

Dessa forma estabelece-se também maior interatividade entre os familiares, que se descobrem como parte de uma atividade única, o “sitio de produção”, onde o projeto proposto pelo jovem é apenas o foco inicial da prática extensionista. Daí por diante o espaço doméstico e peridoméstico se confundem e se integram com o restante do sítio de produção, ampliando as possibilidades de relacionamento dos universos de vida feminino e masculino em um processo de ajustamento, resultando relações de gênero mais equânimes. Quando essa dinâmica se instaura, a verdadeira identidade da agricultura em família pode ser reestabelecida e isto é ponto relevante desta pesquisa: a perda, de forma acelerada, da identidade cultural das populações do campo e do sentido da agricultura familiar.

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Acreditamos, e isso será testado nesta pesquisa, que o trabalho integrado comunidade-família-jovem é capaz de tornar mais ágil e eficiente o processo de despertar e fortalecer a identidade dos sujeitos do campo, e a relação de pertencimento ao ambiente e à cultura do campo.

A revitalização e a ressignificação da cultura do campo fazem parte dos objetivos desta proposta. A valorização do campo como base para a qualidade de vida e saúde, e a harmonização da relação campo-cidade são eixos importantes. Por isso, requerem trabalho educativo contínuo, em diversos níveis da sociedade.

Outra questão importante a ser enfrentada neste contexto, e que afasta o jovem do ambiente rural, é a falta d´água, enfrentada por muitas famílias nos assentamentos estudados. O direito à água potável é básico para a sobrevivência humana e para o desenvolvimento dos agroecossistemas de produção de alimentos. Em maior ou menos grau, todos os assentamentos tem dificuldade de acesso a água suficiente para produção.

Em três dos assentamentos de Colinas do Sul – PA´s Boa Esperança, Córrego do Bonito e Terra Mãe - a questão é mais complexa, pois a maioria dos assentados não recebeu ainda material para construção das casas definitivas e encontra-se em habitações improvisadas, como acampamentos. Também não há luz nas unidades familiares e somente alguns conseguem obter água de nascentes ou córregos vizinhos. Esses assentamento possuem, em suas áreas coletivas, poços furados pela FUNASA, entretanto o INCRA não criou a estrutura para a distribuição de água e os poços não estão sendo usados.

Os PA´s Angico em Colinas do Sul e Mingau em São João D´Aliança já são regularizados, contando com luz e água encanada. Nestes, a maior parte dos agricultores tem DAP definitiva. Entretanto, há famílias que têm dificuldade com a água para plantio.

Desta forma, a precariedade em que vivem muitas famílias nos impõe ser parceiros no enfrentamento dessas questões de forma clara, lúcida. O jovem deve conhecer os mecanismos de acesso a seus direitos e aprender a buscar alternativas dentro deste contexto, não só por meio de políticas públicas, como também pelo desenvolvimento de tecnologias sociais inovadoras. Para tanto, devem pesquisar alternativas agroecológicas para a produção, e trocar experiências com demais agricultores.

Resumidamente, o problema a ser enfrentado é de como acender entre os jovens o desejo e a firmeza de permanecer no campo, como profissionais da agricultura, mas também como agentes de transformação das condições em que vivem hoje. Acreditamos que isso possa se dar por meio da tomada de consciência do potencial de sua identidade de sujeito do campo, da possibilidade de acesso à políticas públicas e do desenvolvimento de tecnologias sociais de base agroecológica, abrindo novos horizontes profissionais, que sejam motivo de orgulho para a juventude rural.

V. OBJETIVOS

IV.1. Objetivo Geral

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Estimular a permanência do jovem no campo a partir de processo formativo em Agroecologia e Sustentabilidade envolvendo as respectivas comunidades.

IV.2. Objetivos Específicos

1. Formar 50 jovens, em Agroecologia e Sustentabilidade, por meio de curso profissionalizante; 2. Realizar pesquisas socioambientais e socioeconômicas nos assentamentos atendidos;3. Identificar, gerar e difundir práticas inovadoras e tecnologias sociais de base agroecológica,

viabilizando a estabilidade de agroecossistemas;4. Promover, de forma integrada, o resgate cultural, a segurança alimentar e nutricional, o acesso a

políticas públicas e o manejo para a conservação ambiental;5. Correlacionar conhecimentos sobre água e cerrado de forma a promover a conservação do

patrimônio ambiental;6. Fortalecer a identidade e autonomia do jovem, enquanto sujeito do campo, e sua capacidade de

organização e participação social, despertando o sentimento de pertencimento ao lugar e à região da Chapada dos Veadeiros;

7. Contribuir para a inclusão digital por meio da ampliação do acesso a computadores e dispositivos móveis, introduzindo os jovens no uso dos recursos tecnológicos básicos e na geração de produtos diversos da comunicação.

V. METAS: Trabalhar com 50 jovens do campo, durante dois anos, em processo formativo com base em

Agroecologia, SAN, conservação do ambiente (cerrado e água), sustentabilidade, comunicação, ética e cidadania;

Realizar 20 oficinas de Educação Alimentar e Nutricional com as comunidades envolvidas, de forma a melhorar a segurança alimentar e nutricional das comunidades;

Produzir 15 diferentes produtos de educomunicação (chamadas de rádio, cartilha, folders, blog, etc.) junto com esses jovens, sobre as temáticas do projeto;

Desenvolver e difundir 10 experimentos inovadores de agroecologia junto com os jovens; Divulgar os diversos usos dos frutos do cerrado de forma a melhorar a alimentação, tendo como

base a coleta sustentável e o respeito pela biodiversidade do cerrado; Realizar 02 encontros de jovens do Núcleo de SAN do Centro UnB Cerrado.

VI. INDICADORES DE ACOMPANHAMENTO

Nº de famílias envolvidas nas diversas ações; Projetos agroecológicos e experimentos desenvolvidos pelos jovens; Produção dos jovens para a divulgação da agricultura familiar, da produção agroecológica e da

alimentação sustentável; Melhoria na alimentação das famílias envolvidas, a partir do aumento do consumo de alimentos

regionais e menos industrializados; Outros indicadores a serem construídos junto com os diversos grupos envolvidos e também pela

equipe de pesquisadores.

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VII. METODOLOGIA

VII.1. Aspectos Gerais da Pesquisa e do Curso

A abordagem do projeto é transdisciplinar e utiliza-se de metodologias amparadas nos seguintes pilares:

Promoção da melhoria da vida no meio rural de forma participativa, multidisciplinar e interdisciplinar;

Respeito às especificidades e particularidades culturais, promovendo a equidade de gênero, geracional, racial, étnica e religiosa;

Princípios e fundamentos da agroecologia com foco na segurança alimentar e nutricional, e na geração de renda, com garantia da qualidade de vida;

Apoio no acesso ás políticas públicas, com acompanhamento continuado e individualizado, para a introdução e/ou resgate de tecnologias apropriadas para cada família;

Respeito ao meio ambiente e seus recursos com foco no uso consciente e sustentável e na conservação.

O Centro UnB Cerrado considera e valoriza a perspectiva de gênero, em todas suas instâncias técnicas e administrativas, circunscrevendo as atividades das mulheres, em que são reveladas as formas ancestrais de colheita e beneficiamento tradicional dos produtos oriundos da flora, com o estudo da relação trabalho/produto/matéria-prima juntamente com a produção do conhecimento etnobotânico e a circulação dos recursos genéticos.

A metodologia participativa na abordagem interdisciplinar não abre espaço para verdades absolutas, únicas e singulares. Possibilita ver a pluralidade, as diferenças e particularidades de cada realidade, dos diferentes olhares, por meio dos quais o debate é possível. O processo de trocas é certo, e a busca do consenso, o motivo do diálogo na construção coletiva – participativa.

Desta forma, empreender projetos socioambientais com intencionalidades que partem de uma perspectiva coletiva/participativa possibilita o exercício da autonomia e o reconhecimento da alteridade, premissas que conduzem a uma responsabilidade, a um compromisso ético e de governança entre todos os envolvidos em alcançar determinados objetivos.

Além disso, nas aulas, sempre que possível, será privilegiado o formato de oficinas, pois entendemos que a prática é a melhor forma de transformar hábitos e realidades, internalizando novos saberes e fazeres. A prática traz em si a possibilidade da reflexão que dialoga com a teoria e com os saberes disponíveis entre os educandos. A partir daí, abre-se a possibilidade da construção de novos conhecimentos, adequados às transformações necessárias identificadas no processo prático de aprendizagem.

As horas indiretas serão executadas pelos jovens individualmente ou em grupo. As atividades de agroecologia serão acompanhadas pelo professor, que visitará regularmente as unidades familiares e poderá propor práticas em pequenos grupos, reunindo jovens vizinhos e seus familiares. Estas visitas são de suma importância para o envolvimento da família e a integração da ação do jovem com o projeto de produção familiar. Como o foco do curso é a agroecologia, os projetos relacionados à produção familiar de base agroecológica são obrigatórios. Os jovens serão encorajados e apoiados para realizar experimentos

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agroecológicos. A resolução de problemas com base em metodologias e experimentos científicos será adotada como método para resgatar a dimensão “agricultor-pesquisador”.

Uma vez que, estas comunidades constroem seu “modo de vida” com base numa relação íntima, de dependência da natureza e conhecimento profundo sobre os seus ciclos naturais, elas desenvolvem estratégias de manejo dos recursos naturais, sendo todo esse conhecimento transferido de geração em geração, com as pessoas mais velhas exercendo papel central na transmissão de valores e práticas.

Diante disso, propõe-se, em consonância com os princípios político-pedagógicos do PRONERA (pág. 18)8, uma abordagem para a realização de formação e extensão que possibilite: conhecer o contexto local; construir e manter espaços de diálogos entre os produtores e jovens e destes com a equipe de extensão; compreender a linguagem/visão sobre a própria realidade; realizar o exercício da escuta sensível a cerca das mais diversas questões ligadas a tal realidade; estimular reflexões destes sobre seus modos de vida no contexto produtivo e, sobretudo, trabalhar no fortalecimento dos grupos, por meio do aporte de informações sobre os objetivos que se pretende alcançar, motivando-os para o desenvolvimento de suas potencialidades.

A pesquisa desenvolvida paralelamente ao processo formativo dos jovens tem como base a pesquisa-ação e como princípio epistemológico a transdisciplinaridade, pois lida diretamente com a realidade, para buscar nesta os elementos que propiciem as transformações necessárias, identificadas pelos próprios atores locais.

A pesquisa-ação, que faz parte da metodologia do projeto, foi desenvolvida por Michel Thiollent (2002)9, e supõe uma forma de ação planejada de caráter social, educacional, dentre outros, podendo o pesquisador responder com maior eficiência aos problemas e situações abordadas. Confere um caráter transformador às situações, facilita a busca de soluções, pois permite ao pesquisador ficar atento às exigências teóricas e práticas para equacionar os problemas relevantes, dentro de uma situação social.

Entre as diversas definições possíveis, daremos a seguinte: a pesquisa-ação é um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual, os pesquisadores e os participantes representativos, da situação ou do problema, estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo (THIOLLENT, 2002, p.14).

A pesquisa-ação permite o acompanhamento e avaliação dos problemas encontrados investigando uma iniciativa coletiva de forma participativa.

VII.2. Processo Formativo

8 THIOLLENT, Michel. Metodologia da pesquisa-ação. São Paulo: Cortez, 2002, 107p.

9 BRASIL, PRONERA: Manual de Operações. Brasília: MDA/INCRA. Portaria INCRA nº 282, 26 de abril de 2004.

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O Curso será destinado a jovens de assentamentos rurais dos municípios de Colinas do Sul e São João D´Aliança. O curso oferecerá aulas e oficinas presencias e paralelamente atividades individuais ou em grupo em suas comunidades, cumprindo horas indiretas.

Esta organização está dentro do espírito proposto pelo PRONERA e denominado de “tempo escola” e “tempo comunidade”. Neste caso específico, em que os participantes estão cursando o ensino básico, estes dois momentos intercalam-se no cotidiano dos educandos, que não podem se afastar por períodos longos, pois tem que comparecer à escola durante quase todo o ano.

Pretende-se trabalhar com cerca de 25 jovens de cada um dos municípios.

A experiência desta equipe tem mostrado que trabalhar somente com o jovem, sem envolver o restante da comunidade, não traz o comprometimento necessário da família no apoio às ações que o jovem precisa desenvolver. Isso fragiliza o vínculo da iniciativa do jovem com as atividades da unidade familiar, dificultando sua integração no contexto produtivo familiar. Na verdade, nestes assentamentos, a situação da família é na maioria das vezes muito frágil, por uma série de problemas colocados anteriormente. A própria família necessita de apoio e orientação, quer seja sobre agroecologia ou sobre acesso a mercados ou melhoria da segurança alimentar.

Por isso, o curso está planejado para oferecer parte das aulas dentro da própria comunidade (além de outros espaços), incluindo reuniões com a comunidade e promovendo seu envolvimento no processo. Desta forma, o processo formativo estende-se também às famílias. O acompanhamento dos projetos pelos professores vai procurar reunir pessoas da comunidade, que devem acompanhar experimentos agroecológicos e a implantação de outras tecnologias.

O processo formativo oferecido aos jovens é composto de horas presenciais e horas indiretas, nas quais eles devem desenvolver pesquisas agroecológicas em suas unidades familiares, com suas respectivas famílias, e realizar eventos e encontros para discussão de temas de seu interesse.

No trabalho com jovens desenvolvido pelo Núcleo de SAN a comunicação tem sido importante instrumento para o envolvimento e motivação, além de proporcionar a inclusão digital. A Educomunicação é definida como “um conjunto de ações destinadas a integrar as práticas educativas ao estudo sistemático dos sistemas de comunicação,[...] criar e fortalecer ecossistemas comunicativos abertos, dialógicos e criativos em espaços educativos quebrando a hierarquia na distribuição do saber, justamente pelo reconhecimento de que todas as pessoas envolvidas no fluxo de informação são produtoras de cultura e melhorar o coeficiente expressivo e comunicativo das ações educativas." 10

Neste contexto, as possibilidades de uso das mídias como forma de afirmar a identidade do jovem do campo são muitas: o uso da fotografia para retratar a realidade, trazendo olhar mais crítico e inovador para as questões cotidianas; a criação de web rádio que permite dar voz ao jovem permitindo que este exerça sua cidadania; a difusão do conhecimento construído pelos jovens em formatos variados (blogs, cartilhas, textos, vídeos, áudios). Essas ferramentas possibilitam ressignificar os movimentos comunicativos inspirados na linguagem do mercado da produção de bens culturais, mas que vão se resolver no âmbito da educação como

10 SOARES, I. O.. Mas, afinal, o que é Educomunicação? Universidade de São Paulo Núcleo de Comunicação e Educação da Universidade de São Paulo. 1996. Disponível em:http://www.usp.br/nce/wcp/arq/textos/27.pdf. Acesso em 5/11/2014.

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uma das formas de reprodução de organização de poder da comunidade, como um lugar de cidadania, aquele índice do qual emergem nas esteticidades e eticidades (modos de perceber e estar no mundo).11

Buscamos dessa maneira, promover a expressão comunicativa dos jovens permitindo o acesso democrático à produção e difusão de informações e facilitar o processo ensino-aprendizagem através do uso das mídias, partindo do pressuposto de que se aprende não só nas instituições por meio de uma educação formal. Observa-se que a linguagem das tecnologias de comunicação está presente no cotidiano dos jovens, nos relacionamentos sociais e nas práticas comunicativas comunitárias.

Algumas ferramentas de pesquisa serão utilizadas, trazendo subsídios ao processo formativo, e buscando elementos para que as ações de extensão tenham maior efetividade.

1. Diagnóstico socioeconômico e socioambiental das famílias incluindo produção e sistemas produtivos, saúde, alimentação (SAN), saneamento básico, esgotamento sanitário, preservação ambiental, educação, consumo, entre outras. Realizado por meio de questionários com as famílias envolvidas, caracterizando sua situação inicial e gerando indicadores de monitoramento e avaliação.

2. Caracterização das Unidades de Produção Familiar de base agroecológica, por meio de registros fotográficos, construção de croquis, relatórios de campo e registro das coordenadas com uso de GPS.Levantamento feito pelos estudantes, como parte do processo formativo, orientado pelos professores.

3. Interação com os moradores em circunstâncias especiais e eventos organizados pelas comunidades.4. Mobilização e organização social e comunitária, fortalecendo as redes sociais existentes, propiciando

equilíbrio, desenvolvimento, confiança social, tendo como ponto de partida a realização de oficinas educativas, onde o “aprender fazendo” seja um elemento facilitador para desenvolver potencialidades, atitudes cooperativas e fortalecimento do capital social;

5. Mapeamento agroambiental participativo, por intermédio de mapa falado, visando a investigação, monitoramento, avaliação e planejamento de ações, em processo de construção participativa onde um mapa temático e as discussões agregadas a ele fornecerão dados sobre a qualidade ambiental da área, auxiliando na identificação e localização de elementos naturais e/ou antrópicos.Os itens 3, 4 e 5 são efetivados junto às comunidades em reuniões periódicas, como parte da formação dos estudantes.

O curso será baseado em vivências, oficinas e debates. Estão em pauta, as formas de se relacionar com o meio onde vivem e os problemas enfrentados no cotidiano, favorecendo a busca de alternativas construídas coletivamente. Atua-se desta forma, no sentido de transformação de um ser humano sujeitado, alienado, em um ser humano ativo, sujeito de sua história e de seu processo, para o embasamento de uma geração de jovens autônomos e críticos, com capacidade de intervir na vida cotidiana em todos os seus âmbitos.

A relação do Curso com a comunidade e o Processo Seletivo:

A relação com as lideranças das associações dos assentamentos foi iniciada na elaboração deste projeto, quando se dispuseram a mobilizar seus associados no momento da execução. Foi com eles pactuada a construção coletiva da dinâmica do curso e o desenvolvimento de tecnologias apropriadas.

11SCHAUN, Angela. Educomunicação: reflexões e princípios, RJ:Mauad, 2002, 128p.

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Uma vez aprovada esta proposta, durante o mês de fevereiro, em etapa preparatória para o curso, serão realizadas reuniões com as comunidades, no formato de oficina, com o objetivo de ouvir as famílias cujos jovens têm interesse em participar do curso e demais interessados. Nessas oficinas são colhidos subsídios para a montagem do cronograma de aulas e suas temáticas. O olhar da comunidade sobre seu ambiente, seus sonhos e desafios a serem enfrentados trarão elementos para o trabalho com os jovens. Desta forma fica estabelecido o diálogo com as famílias, elemento importante no processo formativo. Espera-se também construir critérios de seleção e avaliação junto com a comunidade. Condição para a participação do jovem é a participação da família em encontros periódicos de avaliação, assim como o apoio à ação do jovem na comunidade.

O CURSO:

Agroecologia e Sustentabilidade no Cerrado

Carga horária: 1000 horas – 700 horas presenciais e 300 horas indiretas, divididos em 5 Módulos, durante 2 anos, em 30 semanas por semestre.

As horas presenciais acontecem nas comunidades durante a semana, em horário contrário às aulas da educação formal. Mensalmente os dois grupos serão reunidos na Fazenda Escola Bona Espero, sábado e domingo, onde podem pernoitar. Neste espaço, há acesso à internet e possibilidade de grande diversidade de oficinas, por tratar-se de espaço que possibilita vivência com o cerrado, viveiro, construção de hortas e também a culinária.

Módulos: (horas totais para cada módulo, sempre 30% são indiretas)

Agroecologia – 550 horas: Primeiro ano – Formação Básica - O Ser Humano; Ecologia e Geografia; Agroecologia; água na agropecuária; estudo do solo; nutrição vegetal e animal, agriculturas de base agroecológica; manejo de pragas e doenças; sementes. Segundo ano – Formação Avançada – Experimentação Científica; Clima; Sistemas integrados de produção de alimentos; manejo de remanescentes de cerrado; bioindicadores; melhoramento participativo; energia rural; contabilidade agrária; planejamento da produção; processamento de alimentos; certificação solidária e comercialização.

As práticas - sempre privilegiadas neste curso - envolvem: desenvolvimento de plantios (SAF’s, hortas e pomares agroecológicos, comunitários ou individuais); coletas de sementes (criação de Bancos de Sementes); produção e trocas de sementes de hortaliças, cereais e leguminosas; produção de biofertilizantes, bokashi; alternativas ecológicas para prevenção e controle de pragas, análise de solos por meio de kit de análise, para avaliação de parâmetros físico-químicos ligados à fertilidade e necessários ao equilíbrio da zoo e meso fauna no solo.

Segurança Alimentar e Nutricional - 80 horas: conceitos importantes, o papel da agricultura familiar, educação nutricional, alimentação sustentável, oficina de preparação de alimentos. PANC - Plantas Alimentícias Não Convencionais (Hortaliças Tradicionais), males dos alimentos industrializados (aditivos e conservantes), vegetarianismo, informações nos rótulos dos alimentos.

Água e Cerrado - 150 horas: O Bioma Cerrado e suas fitofisionomias, principais ameaças, fragilidades, usos e conservação. Identificação de plantas e animais do Cerrado. Ecologia. Ciclos de energia nos ecossistemas.

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Oficinas de Exsicatas associadas à identificação das espécies de plantas importantes e "úteis" do Cerrado. Recursos hídricos superficiais e subterrâneos: conceitos de bacia hidrográfica e aquíferos, dinâmica, ciclo da água, usos múltiplos e impactos antrópicos sobre a disponibilidade hídrica e a qualidade das águas para diferentes usos, contaminação. Tecnologias para conservação, reuso e recuperação de recursos hídricos. O curso terá enfoque especial para as bacias hidrográficas da Chapada dos Veadeiros, consideradas para os estudos de casos. O curso envolverá oficinas, treinamento técnico para uso de kits de análise para monitoramento, controle da qualidade da água das cisternas, caixas d´água, poços construídos nos assentamentos.

Organização e Participação Social - 80 horas: Observação e pesquisas sobre a comunidade e cultura local e regional, identidade, o sujeito do campo. Acesso a políticas públicas para a juventude. Metodologias de facilitação de reuniões, estratégias de mobilização, organização de redes e de eventos. Organização e controle social. Os coletivos da Chapada dos Veadeiros: a Rede Pouso Alto Agroecologia, Território da Cidadania, grupos de jovens, entre outros. As práticas deste módulo são desenvolvidas durante o planejamento e a realização de reuniões com a comunidade e nos encontros de jovens.

Comunicação - 140 horas: Fotografia, produção de vídeos, construção de blogs, web radio, elaboração de textos e notícias, produção de folders e banners. Pesquisa na Internet. Elaboração de planos de trabalho e relatórios. Registro fotográfico das atividades e formação de um banco de imagens para divulgação dos resultados dos trabalhos e produção de material didático. Oficinas de Fotografia, capacitando os envolvidos na produção de imagens (fixa - "still" e vídeo -"movie") a partir de dispositivos eletrônicos e digitais (celulares e câmeras compactas super-zoom - as "bridges"), identificada com o movimento de Inclusão Visual que está em sintonia com o movimento de Inclusão Digital.

Outras atividades presenciais:

Serão realizados dois encontros durante o projeto, com todos os jovens, incluindo os jovens de Alto Paraíso, na Fazenda Escola Bona Espero, onde estes terão oportunidade de trocar experiências e planejar a criação de rede ou grupo de jovens da Chapada dos Veadeiros.

Serão também realizadas 08 visitas - 04 com jovens de cada município – ao DF e Entorno, mas principalmente e em outras áreas da Chapada dos Veadeiros, incluindo comunidades tradicionais – para trocas de experiências, valorização das experiências regionais e fomento da Rede Pouso Alto Agroecologia.

As Horas Indiretas

Dentro do conceito da agroecologia, os conhecimentos das demais disciplinas darão base para a realização de atividades como: diagnóstico de sua propriedade; pesquisas sobre a comunidade e a região; elaboração e execução de projeto agroecológico junto com a família ou comunitário; elaboração de produtos de comunicação, entre outros que vão sendo propostas no decorrer do curso, de acordo com as decisões tomadas pelos jovens.

A organização de eventos e pequenas atividades na comunidade são também projetos possíveis e apoiados, e espera-se que surjam espontaneamente. Os encontros de jovens previstos neste processo formativo devem ser planejados e elaborados por eles.

A questão da Água

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Por tratar-se de questão grave e previamente conhecida, estamos propondo experimento já definido. A Estação Experimental de Tecnologias Sociais – EstaçãoLuz, é um grupo que atua na região com o Projeto Caravana da Luz. Este grupo se propôs a inserir jovens deste projeto no processo formativo para construção de cisternas. Assim, estamos solicitando recursos para a compra de material para construção de 08 cisternas, por meio de parceria com o EstaçãoLuz. As cisternas seriam construídas por meio de mutirões nos assentamentos. Estas cisternas coletam água da chuva e poderão ser implantadas somente em assentamentos que já possuem casas construídas. Os assentamentos de Colinas de Sul devem iniciar a construção das casas em 2015.

O resultado da instalação dessas cisternas será monitorado pela equipe deste projeto, a fim de avaliar sua eficiência e ajustes à cada situação. Em que medida elas ajudam a resolver a situação da água das famílias beneficiárias? Por que? Como? Serão questões algumas das questões a serem respondidas a fim de replicar posteriormente em outras unidades familiares.

VII.3. A contribuição dos Jovens de Alto Paraíso de Goiás

Estes jovens já vêm trabalhando com o Centro UnB Cerrado há mais tempo e já têm seus projetos agroecológicos em andamento. São oriundos de três comunidades rurais: Assentamento Sílvio Rodrigues, Povoado do Moinho e Comunidade do Sertão. O intercâmbio de experiências entre esses jovens já é uma realidade e deve ser multiplicado.

Propõe-se que este grupo – cerca de 15 jovens, que mantém seus projetos e encontros com a equipe do Núcleo de SAN, mantenha contato regular com os jovens cursistas. Esse contato pode ser sob a forma de visitas técnicas, encontros na Fazenda Bona Espero, ou outras formas propostas pelos próprios jovens.

VIII. PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES CIENTÍFICAS E TECNOLÓGICAS

O Centro UnB Cerrado, agora por meio do Núcleo de Segurança Alimentar e Nutricional, tem dedicado esforços à criação de metodologias e técnicas educativas e agroecológicas, capazes de formar pessoas para uma vida sustentável, com qualidade e harmonia com o ambiente. Desta forma, este projeto continuará trabalhando nesta direção e objetiva, como inovação e contribuições científicas e tecnológicas:

desenvolvimento, aprimoramento, inovação e disseminação de tecnologias sociais aplicadas à agroecologia e difusão destas e daquelas já disponíveis na Chapada dos Veadeiros;

produção de material educativo e estratégias de comunicação para a realidade da região, a fim de dar visibilidade à agroecologia, à agricultura familiar e à SAN;

desenvolvimento e implantação de tecnologias sociais que auxiliem a mobilização e organização de jovens do campo, conectando-os a outros grupos jovens e à Rede Pouso Alto Agroecologia, de forma de fortalecê-la;

divulgação dos conhecimentos produzidos por meio de cartilhas e através da participação de bolsistas em simpósios com enfoque na agroecologia, entre outros.

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IX. PARCEIRAS

Fazenda Escola Bona Espero – Localizada a 12 Km de Alto Paraíso em direção à Colinas do Sul, este espaço conta com internet, vastas áreas de cerrado conservado, áreas de hortas, pomar e viveiros, alojamento para 60 pessoas e área de camping. Além disso, a gestão do espaço é feita pela União Planetária, que tem expertise na área de educomunicação e apoiará o módulo de Comunicação oferecido no curso.

Cooper Frutos do Paraíso - Orientar e viabilizar a interrelação de produtores com os programas governamentais de compras institucionais (PAA e PNAE) e com os mercados locais. Inserir este projeto como beneficiário do PAA de cada município envolvido.

Território da Cidadania Chapada dos Veadeiros – Visibilidade às ações do Projeto, mobilização e articulação dos atores.

Secretaria Municipal de Educação de Colinas do Sul – suporte para o transporte para as aulas, apesar de não terem condições de financiar o combustível.

Associações dos Projetos de Assentamento Boa Esperança, Córrego do Bonito, Terra Mãe e Angico (Colinas do Sul) e do PA Mingau (São João D´Aliança) - mobilização da comunidade e apoio na busca de condições necessárias à realização das aulas e oficinas.

NEPEAS/FUP – apoio técnico nas atividades de ensino, pesquisa e extensão, especificamente colaborando com a gestão participativa de propriedades da agricultura familiar da Chapada dos Veadeiros e planejamento e gestão de agroecossistemas sustentáveis e palestras sobre temas específicos.

NEPEAS/FUP/UnB – Núcleo de Estudo, Pesquisa e Extensão em Agroecologia e Sustentabilidade – coordenador Flávio Costa.

Objetivos do NEPEAS:

Desenvolver ações educativas, de pesquisa e extensão voltadas para o fortalecimento da transição agroecológica nas comunidades do Entorno do DF e Nordeste Goiano.

Construir estratégias que possibilitem a consolidação institucional do NEPEAS/FUP enquanto espaço acadêmico estratégico no desenvolvimento de pesquisas e atividades de ensino e extensão especialmente para capacitação de assentados e agricultores familiares.

Articular sinergias entre os trabalhos de pesquisa, ensino extensão agroecológica e desenvolvimento sustentável em andamento na FUP.

X. MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO

Por meio de reuniões e oficinas da equipe e desta com a comunidade. Desta forma, a avaliação vai acontecendo de forma processual e os indicadores vão sendo produzidos a partir dessas discussões e dos dados levantados nas pesquisas.

Visitas monitoradas aos experimentos propostos e desenvolvidos pelos jovens em suas unidades familiares irão gerar dados para uma avaliação continuada do processo de assimilação de conteúdos e aprendizagem das tecnologias. A qualidade das atividades e ações propostas pelos jovens e de seus resultados são importantes indicadores.

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Será dado retorno periódico ao colegiado do Território da Cidadania Chapada dos Veadeiros, como forma de colher sugestões e críticas.

XI. RESULTADOS ESPERADOS

Espera-se que, ao final do curso, boa parte dos estudantes se identifique com a agroecologia, e queira continuar seu trabalho na comunidade, ou dar continuidade aos estudos nesta área ou em outras temáticas relacionadas à agricultura familiar. Devem também ter desenvolvido a capacidade de atuar na implantação e monitoramento de sistemas de produção agroecológicos em propriedades particulares ou instituições afins.

Espera-se melhorar a produção de alimentos e a qualidade de vida dos beneficiários, por meio do acesso a políticas públicas, pela inclusão digital o pelo domínio de novas tecnologias sociais.

Os bolsistas terão ampliado os conhecimentos sobre a água, o Bioma Cerrado e seus recursos e principais fragilidades assim como as possibilidades de uso mais consciente e sustentável.

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XII. ORÇAMENTO DETALHADO

XII.1. Orçamento Geral:

Item Quantidade de meses/valor mensal total Valor (R$) Valor total (R$)05 Bolsas EXP B 24 meses – 15.000,00 3.000,00/mês 360.000,0020 Bolsas ITI B 24 meses – 3.220,00 161,00/mês 77.280,002 Bolsas ITI A 24 meses – 800,00 400,00/mês 19.200,0014 Bolsas ATP B 24 meses - 5.600,00 400,00/mês 134.400,00Total em Bolsas: 590.880,00Combustível – abastecimento de veículos para equipe de campo, ônibus e vans para deslocamento de bolsistas

Ver detalhamento Diversos 26.598,00

Materiais de consumo tinta para impressoras, toner, flips chats (2) e respectivo papel, pen drives, HD externo, materiais de expediente, papel fotográfico,

Diversos 15.000,00

Materiais para apoio aos projetos agroecológicos de cursistas e experimentos (consumo)

Arames e telas para cercas, sementes e mudas, plástico para estufas, saquinhos para mudas,

Diversos 25.000,00

Materiais para o módulo “água e cerrado” (consumo)

10 Kits de análise de água 680,00 6.800,00

Materiais para o módulo “água e cerrado” (consumo)

10 Kits de análise de solo 800,00 8.000,00

Materiais para o módulo “água e cerrado” (consumo)

materiais para as oficinas (experimentos) - tarugos de nylon ou teflon, chapas de acrílico, massa plástica, tintas, placas de madeira, caixas de isopor.

Diversos 5.000,00

Material construção de 10 cisternas (consumo)

Ver orçamento detalhado abaixo 2.100,00 16.800,00

Total Consumo 103.198,00Diárias para deslocamento da equipe, de parceiros, de palestrantes e motoristas

150 diárias – trabalhos de campo, motorista para as visitas técnicas, participação em eventos científicos. Parte da equipe não reside na região.

187,83 28.174,50

Pessoa Jurídica – serviços de gráficas

Folders, banners, impressões de mapas, cartilhas, outros

Diversos 30.000,00

Pessoa Jurídica – serviços especializados de informática

manutenção de equipamentos, assistência técnica para sites.

Diversos 6.000,00

Pessoa Jurídica – serviço de alimentação dos encontros de final de semana

16 encontros do curso – alimentação para 50 jovens e equipe.02 encontros com jovens dos 03 municípios – 80 jovens

38.000,00

Total Pessoa Jurídica 74.000,00Passagens aéreas Participação em congressos e seminários dos

membros da equipe6.000,00

Total de Custeio 211.372,50Total Geral 802.252,50

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XXII.1.1. Detalhamento de uso de combustível:

Origem Destino Finalidade Quantidade de viagens

Km média (ida e volta)

Km total

Litros de combustível

quantos e quem são os participantes

Viagens realizadas com carros pequenos – predomina combustível gasolina, rendimento médiode 10Km/litroAlto Paraíso

Visitas preparatórias, de pesquisa e em tempo de férias

12 150 km 1.800 180 Equipe -1 a 4 pessoas

Alto Paraíso

São João Visitas preparatórias, de pesquisa e em tempo de férias

12 150 km 1.800 180 Equipe -1 a 4 pessoas

Alto Paraíso

Colinas do Sul

Aulas do curso na comunidade e visitas de supervisão de projetos.

03 viagens semanais – 60 semanas

150 km 27.000 2.700 Equipe -1 a 4 pessoas

Alto Paraíso

São João Aulas do curso na comunidade e visitas de supervisão de projetos.

03 viagens semanais – 60 semanas

150 km 27.000 2.700 Equipe -1 a 4 pessoas

5.760 lPreço Médio do combustível R$ 3,50 (predomina gasolina)

Total R$ 20.160,00

Viagens realizadas com microônibus – predomínio do combustível diesel, rendimento médiode 05Km/litroComunidades A definir

Visitas de troca de experiências

08 viagens

500 km 4.000 800 Jovens cursistas - 15 a 25

Comunidades

Bona Espero

02 Encontros dos jovens 6 viagens 150 km 900 450 Jovens de 3 municípios

Colinas do Sul

Bona Espero

Encontros mensais – 4 por semestre – 16 encontros em dois anos

16 viagens

120 km 1.920 384 Jovens de Colinas do Sul – 25

São João

Bona Espero

Encontros mensais – 4 por semestre – 16 em dois anos

16 viagens

160 km 2.560 512 Jovens de São João – 25

2.146Preço do combustível – diesel S10– R$ 3,00

3,00 x 2.146 Total R$ 6.438,00

CÁLCULO FINAL TOTAL COMBUSTÍ-VEL R$

26.598,00

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XII.1.2. Detalhamento da construção de Cisternas (fornecido pelo EstaçãoLuz):

N° Nome Quantidade01 Malha pop 14x14x4,2mm – 3X2M 11 unidades02 Tela de viveiro 01 rolo03 Arame recozido 03 rolos04 Areia média lavada peneirada 4m³05 Brita media N1 01m³06 Cimento 22 sacos06 Vedacit 18 litros 01 balde07 Cano 50mm marrom SOLDAVEL 1 barra 6m09 Joelho 90° 40mm branco 0410 Registro de esfera de PVC 50mm plástico marron 0211 Tê 50mm marrom 0112 Flanger 50mm marrom 0113 Cano PVC 100mm 8 BARRAS14 Cap 100mm 0615 Joelho 90° 100mm 0716 Joelho 45° 100mm 0417 Torneira ¾ jardim PLASTICO 0218 Luva 100mm 0619 Adaptador 75 x 100mm esgoto branco 0420 Cap 50mm marrom 0121 Tê 100 x 100 x 100 mm 0422 Sombrite 30% 15 m23 Cano PVC 75 mm branco 01 metro24 Vergalhão 5/16 02 BarrasValor aproximado: R$2.100,00

XII.2. Contrapartida do Centro UnB Cerrado:

Bolsa de Extensão e Iniciação Científica Jr.

Valor Período Valor total Beneficiários

18 bolsas R$ 250,00 24 meses R$ 108.000,00 Estudantes do Ensino Básico – cursistas

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XII.3. Distribuição de bolsas:EXP B Coordenador Geral Organização Geral de atividades e

cronogramas.EXP B Coordenador Pedagógico Responsável pela elaboração de Planos de

Trabalhos dos bolsistas cursistas e organização pedagógica das atividades.

EXP B Coordenador de Agroecologia Responsável pela orientação e monitoramento de projetos e experimentos de base agroecológica.

EXP B Coordenador de Educomunicação e Cidadania Responsável pelas atividades de sua área e pela formalização dos projetos e certificações dos cursos junto à UnB.

EXP B Coordenador de SAN Responsável pelas atividades de sua área e acompanhamento de famílias em situação de insegurança alimentar.

ITI A Estudantes de Graduação Acompanhamento dos projetos de comunicação e agroecologia

ITI B Jovens cursando o ensino médio que participam do curso

Cursistas

ATP B Jovens ou agricultores com experiência exemplar em agroecologia ou liderança comunitária que participam do curso

Cursistas e Monitores dos Projetos

XIII. CRONOGRAMA FÍSICO-FINANCEIROBolsas – valor mensal de R$ 24.620,00

Ano 2015 2016Trimestres Jan-mar. Abril-jun. Jul-set. Out.- dez. Jan-mar. Abril-jun. Jul-set. Out.- dez. Totais

Material Consumo 5.000,00 5.000,00 5.000,00 15.000,00Combustível 3.000,00 4.000,00 3.000,00 4.000,00 3.000,00 4.000,00 3.000,00 2.598,00 26.598,00

Custeio – apoio a projetos

5.000,00 5.000,00 5.000,00 5.000,00 5.000,00 25.000,00

Kits de análise de água

6.800,00 6.800,00

Kits de análise de solo

8.000,00 8.000,00

materiais para as experimentos

2.000,00 2.000,00 2.000,00 6.000,00

Cisternas 8.400,00 8.400,00 16.800,00Diárias 2.000,00 5.000,00 5.000,00 2.000,00 5.000,00 5.000,00 4.174,50 28.174,50

PJ - gráfica 3.000,00 3.000,00 10.000,00 3.000,00 11.000,00 30.000,00PJ - manutenção 2.000,00 1.000,00 1.000,00 1.000,00 5.000,00PJ –alimentação 3.000,00 8.000,00 4.000,00 4.000,00 3.000,00 8.000,00 4.000,00 4.000,00 38.000,00

Passagens aéreas 2.000,00 2.000,00 2.000,00 6.000,0021.400,00 43.800,00 12.000,00 34.000,00 25.400,00 31.000,00 21.000,00 22.772,50 211.372,50

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XIV. IDENTIFICAÇÃO DE TODOS OS PARTICIPANTES DO PROJETO

Nome Relação Institucional Função no Projeto/ área de atuação

Currículo Lattes

CPF

Nina Paula Laranjeira

Professora Adjunta da UnB - Centro UnB Cerrado

Coordenadora, extensionista, pesquisadora/ educação ambiental aplicada à cultura da sustentabilidade

SIM 732.800.467-34

Lívia Penna Firme Rodrigues

Professora Adjunta da UnB - Centro UnB Cerrado e Faculdade de Planaltina

Extensionista, pesquisadora/ educação nutricional, SAN.

SIM 23097078487

Carlos Salgado Membro Colaborador – Centro UnB Cerrado

Extensionista, pesquisador/ agroecologia e SAN

SIM 11321059434

César Adriano de Souza Barbosa

Membro Colaborador – Centro UnB Cerrado

Extensionista, pesquisador/ agroecologia

SIM 26119503854

Eduardo Monteiro Bentes

Professor Assistente da UnB – Faculdade de Comunicação

Extensionista, pesquisador/ comunicação

SIM 11253355134

Sandra de Fátima Oliveira

Professora Adjunta IV da Universidade Federal de Goiás

Pesquisadora/Educação ambiental aplicada à cultura da sustentabilidade

SIM 33679096100

Mariana Crepaldi Colaboradora - Núcleo de Estudos em Agricultura Familiar - UFG

Extensionista, pesquisador/ Educação Ambiental/ agroecologia e SAN

SIM 19207455803

Cristiana Chamberlain Franco

Membro Colaborador –Centro UnB Cerrado

Extensionista/comunicação SIM 58997962191

Amanda Ferreira de Torres

Membro Colaborador –Centro UnB Cerrado

Extensionista/ Educação Ambiental aplicada à cultura da sustentabilidade

SIM 90154924172

Nilcionir Costa Ferreira Garcez

Membro Colaborador –Centro UnB Cerrado

Extensionista/ Educação Ambiental aplicada à cultura da sustentabilidade

SIM 52467309134

Mieko Ferreira Kanegae

Professora visitante - Centro UnB Cerrado

Extensionista/ Cerrado uso e conservação

SIM 84433922153

Valéria Regina Bellotto

Professora Adjunta da UnB - Centro UnB Cerrado e Instituto de Química

Pesquisadora, extensionista/ Recursos hídricos: usos, conservação e qualidade de água.

SIM 12270546881

Maria Neuza da Silva Oliveira

Pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural (MADER) – UnB Planaltina

Pesquisadora, extensionista / educação, extensão rural.

SIM 77006550149

Bruno Gonzaga Agapito da Veiga

Professor IF Goiano Pesquisador, extensionista/ gestão de recursos hídricos, educação ambiental

SIM 02221911717

XV. INFRA-ESTRUTURA DO CENTRO UNB CERRADO

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O Centro UnB Cerrado conta hoje com pequena sede provisória, alugada na cidade de Alto Paraíso, entretanto as obras da sede definitiva estão em fase de conclusão e dentro de 6 meses estaremos instalados no novo espaço.

Este espaço é constituído por cerca de 1200 m2 de área construída e 47.000 m2 de área total, onde poderão ser implantadas atividades de base agroecológicas correlacionadas às atividades da cozinha escola, montada em espaço do Centro UnB Cerrado especialmente planejado para esta função. O espaço conta ainda com laboratório de informática, salas de aula, auditório e biblioteca. Também um laboratório de biologia onde ocorrerão as aulas do curso de licenciatura a distância em ciências biológicas da UAB.

Contamos com uma caminhonete e um motorista para realização de atividades de campo.

O Centro UnB Cerrado admite membros colaboradores: pesquisadores e extensionistas de outras instituições ou autônomos que queiram desenvolver seus trabalhos junto ao Centro. Assim, todos os participantes que não sejam servidores da UnB poderão fazer parte formalmente deste projeto, de forma a facilitar o acesso a esta estrutura.

Além disso, oferecemos:

Experiência com jovens desde 2011, desenvolvendo metodologia de trabalho para formação em agroecologia, SAN e educomunicação;

Professores doutores com expertise em: cerrado, agroecologia, água, SAN, educação para sustentabilidade.

Equipe com formação pedagógica com juventude, trabalhando junta desde 2011; Núcleo de SAN – metodologia e expertise em SAN, relacionando produção agroecológica de

alimentos, sustentabilidade e SAN. Possibilidade de parceria com jovens de Alto Paraíso, criando rede.

Certificado de cursos de extensão para os participantes, pela UnB; Equipamentos – notebooks, data show, carro (uma caminhonete), equipamento para edição de

vídeos, impressora a laser colorida, câmaras fotográficas. 20 bolsas por 20 meses para estudantes do ensino médio, no valor de R$ 250,00.

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