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Isadora dos Santos Garrido ORGANIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO: Abordagens nas Teses e Dissertações em Ciência da Informação no Brasil Florianópolis 2011 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CURSO DE GRADUAÇÃO EM BIBLIOTECONOMIA

Projeto de TCC - Biblioteconomia

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UFSC - 2011-1

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Page 1: Projeto de TCC - Biblioteconomia

Isadora dos Santos Garrido

ORGANIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO: Abordagens nas Teses e Dissertações em

Ciência da Informação no Brasil

Florianópolis 2011

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM BIBLIOTECONOMIA

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ISADORA DOS SANTOS GARRIDO

ORGANIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO: Abordagens nas Teses e Dissertações em

Ciência da Informação no Brasil

Projeto de Trabalho de Conclusão de Curso elaborado para aprovação parcial na disciplina CIN 5051 – TCC1, ministrada pela professora Dra. Rosangela Schwarz Rodrigues no curso de Graduação em Biblioteconomia, do Centro de Ciências da Educação da Universidade Federal de Santa Catarina. Orientação: prof. Dra. Lígia Maria Arruda Café

Florianópolis 2011

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................ 4

2 OBJETIVOS ..................................................................................................................................... 5

2.1 Objetivo Geral ....................................................................................................................... 5

2.2 Objetivos Específicos........................................................................................................... 5

3 REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................................................... 6

3.1 Pós-Graduações em Ciência da Informação no Brasil................................................. 6

3.1.1 Produção de Teses e Dissertações............................................................................ 7

3.2 Organização da Informação.............................................................................................10

4 METODOLOGIA...........................................................................................................................15

5 CRONOGRAMA ...........................................................................................................................17

6 ORÇAMENTO...............................................................................................................................18

REFERÊNCIAS..................................................................................................................................19

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1 INTRODUÇÃO

O estudo da Organização da Informação, no contexto da Biblioteconomia

e Ciência da Informação, é bastante abrangente, compreendendo não apenas

bibliotecas, mas também arquivos, museus, arquivos e bibliotecas digitais e a

Internet. Os temas de pesquisa podem variar, mas todos têm como objetivo analisar

os importantes processos de tratamento da informação: catalogação, classificação,

indexação e criação de resumos, entre outros. Tais processos são analisados sob

focos diferenciados abrangendo por vezes abordagens teóricas ou práticas

relacionadas à recuperação da informação e geração de produtos e serviços. Uma

análise sistematizada da literatura que vem sendo produzida nesta área pode trazer a

luz tendências orientadoras para estudos futuros.

Com o intuito de oferecer um panorama dos estudos em Organização da

Informação, o presente trabalho de conclusão de curso pretende fazer uma análise

da produção sobre o tema de Organização da Informação no contexto brasileiro da

Ciência da Informação, especificamente no que tange à produção científica em teses

e dissertações dos cursos de pós-graduação no país. O corpus da pesquisa será

composto das teses e dissertações coletadas nas Bibliotecas Digitais de Teses e

Dissertações (BDTD) de todas as instituições com cursos de pós-graduação em

Ciência da Informação no Brasil reconhecidos pela Coordenação e Aperfeiçoamento

de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

Como metodologia, será utilizada a Análise de Conteúdo de Bardin

(2010), que estuda a ocorrência e a freqüência de determinados termos e palavras,

construções e referências em um conteúdo textual, dentro de determinado domínio

do conhecimento, de acordo com o seu contexto. Espera-se que a análise dos

resultados contribua para uma maior compreensão do que foi produzido e tem sido

desenvolvido em Organização da Informação na Ciência da Informação, fazendo

assim um breve mapeamento do que é estudado até então, auxiliando então futuros

pesquisadores desta área em específico.

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral Investigar o tema de Organização da Informação, nas teses e dissertações

produzidas pelos cursos de pós-graduação em Ciência da Informação no Brasil.

2.2 Objetivos Específicos Identificar a produção de teses e dissertações que abordam o tema de

Organização da Informação. Caracterizar e descrever as abordagens sobre o tema. Sintetizar a análise, mapeando o conteúdo.

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3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 Pós-Graduações em Ciência da Informação no Brasil

O contexto em que se insere o assunto desta pesquisa encontra-se no

âmbito dos cursos de pós-graduação em Ciência da Informação que existem no

Brasil. A criação da primeira pós-graduação da área aconteceu em 1970, pelo

Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação, antigo IBBD, atual Instituto

Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT). De acordo com Souza e

Stumpf (2009), segundo a Tabela de Áreas do Conhecimento pelo Conselho Nacional

de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pela Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), a Ciência da Informação,

antes de se tornar uma área específica da Grande Área das Ciências Sociais Aplicadas

I, era subordinada a área de Comunicação.

Atualmente, em todo o Brasil existem 11 programas de pós-graduação

em Ciência da Informação recomendados e reconhecidos pela CAPES que oferecem

cursos em nível de mestrado e doutorado. Lara e Smit (2010) especificam indicadores

da institucionalização e desenvolvimento da Ciência da Informação no Brasil tais

como: a) o reconhecimento dos cursos junto a CAPES, como sub-área da grande área

das Ciências Sociais Aplicadas I; b) os índices de financiamento da pesquisa (bolsas e

fomento) do CNPq e c) o aumento do número de periódicos especializados e

avaliados pelo WebQUALIS1 da CAPES.

De acordo com Saracevic (1995), definições não criam uma área, no

entanto é importante prover sempre uma ideia do escopo dos problemas que

possam ser endereçados. Caracterizada como área de natureza interdisciplinar, a

Ciência da Informação se relaciona com discussões que envolvem os campos da

Biblioteconomia, Ciência da Computação, Ciência Cognitiva e Comunicação, sendo

que a maioria dos problemas relaciona-se com as questões de Acesso e Recuperação

da Informação, considerada por Saracevic uma das principais fontes das relações

interdisciplinares.

Ao fazer o mapeamento a partir de classificações da representação da CI,

Souza e Stumpf (2009) decidiram analisar os programas de pós-graduação vigentes

(até a data de publicação do artigo) e suas respectivas Áreas de Concentração e

1 <http://qualis.capes.gov.br/webqualis/>

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Linhas de Pesquisa uma vez que entendem que “é através das linhas de pesquisa que

os programas indicam sua vocação” (SOUZA, STUMPF, 2009, p. 52). Ao final da

pesquisa, as autoras puderam concluir que

em relação à pesquisas nos PPGCI no país, a análise mostrou que as linhas de pesquisa e, consequentemente, os projetos de pesquisa dos docentes e as teses e dissertações deles recorrentes, têm sido organizadas em torno da Organização, Gestão e Transferência da Informação. (SOUZA, STUMPF, 2009, p. 56, Grifo Nosso)

Bräscher e Café (2010) levantaram os contextos de uso dos termos de

Organização e Representação da Informação e do Conhecimento nas denominações

e ementas das Linhas de Pesquisa que contemplam esses termos. Referente ao

contexto de OI, cinco (USP, UEL, UNESP, UFPB e UFMG) dos onze programas incluem

o termo na denominação ou descrição de suas Linhas de Pesquisa. Se levarmos em

consideração as diferentes Áreas de Concentração e a diversidade das Linhas de

Pesquisa, podemos compreender que há a possibilidade de existir uma grande

pluralidade tanto em relação ao que é debatido quanto ao que vem sido produzido,

especificamente em OI, ao longo dos últimos anos.

3.1.1 Produção de Teses e Dissertações

Entre as produções científicas criadas por programas de pós-graduação, a

exemplo de artigos científicos e trabalhos apresentados em eventos, as teses e

dissertações se destacam por serem consideradas fontes primárias, uma vez que se

dão “em contextos altamente institucionalizados e controlados, contando

atualmente com massa significativa de dados que não foram, ainda, analisados

sistematicamente” (KOBASHI et al, 2006, p. 2). De acordo com Pacheco e Kern (2001),

os programas de pós-graduação são responsáveis por grande parte da produção

científica brasileira e “as teses e dissertações geradas nestes programas estão

contribuindo, cada vez mais, para a evolução do conhecimento científico”

(PACHECO; KERN, 2001, p. 35-36).

De acordo com Eliel (2008) e Moraes e Oliveira (2010), as teses e

dissertações podem ser indicadores de avaliação da produção científica, uma vez que

seguem padrões científicos mais rigorosos, são elaboradas com base em orientação e

avaliadas por autoridades legítimas. Além de servir como subsídio para a política de

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ensino e pesquisa, ao observá-las “é possível localizar as áreas do conhecimento em

expansão e as lacunas de pesquisa tanto institucional como nacional” (MORAES,

OLIVEIRA, 2010, p. 79). Kobashi e Santos (2008) em seus estudos sobre bibliometria,

compreendem que “explorar as bases de dados de dissertações e teses produzidas

no país, descrevê-las e produzir indicadores tem o sentido, portanto, de rememorar e

reavaliar a atividade científica desenvolvida na universidade” (KOBASHI, SANTOS,

2008, p. 107).

Em 15 de fevereiro de 2006, a CAPES criou uma portaria que instituiu a

divulgação compulsória das teses e dissertações produzidas pelos programas de pós-

graduação nível mestrado e doutorado. Esta portaria obriga os pós-graduandos, a

partir de março de 2006, a entregarem sua produção às respectivas coordenações de

seus cursos em formato digital, para torná-la acessível por download. No entanto, a

divulgação e organização desta produção devem ser promovidas pela instituição de

origem, sendo de responsabilidade dos respectivos programas de pós-graduação a

criação, organização e curadoria de suas respectivas Bibliotecas Digitais de Teses e

Dissertações (BDTDs).

Moraes e Oliveira (2010) relatam a dificuldade em realizar pesquisas em

BDTDs, seja na Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações do IBICT ou no

Banco de Teses da CAPES, sendo que este último disponibiliza apenas os resumos, ao

invés de documentos com texto completo. As autoras acreditam que a dificuldade

no processo de busca por bibliografia, apesar da já existente política de Acesso Livre,

advém da ausência de uma legislação mais enérgica sobre a obrigatoriedade do

registro público de teses e dissertações, de maneira padronizada, em texto completo

e de modo centralizado, em um único repositório. Cunha ainda nos revela que

o armazenamento digital amplia as possibilidades de pontos de acesso a um determinado documento. (...) Atualmente dezenas de termos de indexação podem ser incluídos e, também, diversos níveis de representação do documento. Tais características agregam, sobremaneira, um alto grau de flexibilidade e qualidade na busca e recuperação da informação. (CUNHA, 2008, p. 7)

Em relação à política de Acesso Livre e Arquivos Abertos, Rodrigues e

Fachin (2008) acreditam que a viabilização no caso de periódicos – que poderia

igualmente se aplicar a outras plataformas digitais, tais como portais, repositórios e

bibliotecas digitais – requerem a criação de um novo setor no organograma

institucional, uma vez que esta é uma organização que deve ser promovida pelos

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programas de pós-graduação. Estes esforços poderiam também ser concentrados e

desenvolvidos a partir de projetos de extensão em conjunto com as bibliotecas

universitárias, uma vez que

a biblioteca assume a importante responsabilidade de satisfazer a necessidade informacional dos acadêmicos, assim como, de gerir a produção intelectual da instituição. Os serviços oferecidos pela biblioteca (...) viabilizam a criação de uma rede dinâmica para a informação trafegar e, desta forma, contribuem para a expansão do fluxo da comunicação científica. (ALVES, 2009, p. 31-32)

Pacheco e Kern (2001) em seu artigo tratam da concepção, construção e

operacionalização da Biblioteca de Teses e Dissertações (BTD) do Programa de Pós-

Graduação em Engenharia de Produção (PPGEP) da UFSC. Inicialmente os autores

discutem a importância do que chamam de “bancos digitais” para o processo público

de construção de conhecimento e transparência de informações. Corroborando com

o pensamento dos autores, compreendemos que as Bibliotecas Digitais só atingirão

seu pleno potencial se forem bem aparelhadas e ricas em conteúdo organizado e

disponível para toda a comunidade. Nesse sentido, os autores comentam que

Especificamente no cenário de produção de teses e dissertações, além de pós-graduandos, professores e pesquisadores, a biblioteca digital deve atender aos gestores do processo de construção do conhecimento. São os coordenadores de área, gestores de turmas, líderes de grupos de pesquisa e a coordenação do programa de pós-graduação. Além do conteúdo das teses e dissertações, informações sobre freqüência de acessos por tema, palavra-chave, orientador, teses, dissertações, área de concentração e ano de publicação podem ser subsídios valiosos aos seus respectivos processos de tomada de decisão. (PACHECO; KERN, 2001, p. 64)

Cunha (2008) em seu artigo sobre divergências e convergências entre

bibliotecas convencionais e digitais, compreende que o conceito de biblioteca digital

ainda é emergente e enfatiza o papel do profissional bibliotecário, acreditando que

as habilidades deste profissional em interpretar a tecnologia precisam ser

reconhecidas. O autor faz uma crítica, com a qual corroboramos, de que a imagem

das bibliotecas, bem como da biblioteconomia em si, ainda é muito vinculada o livro

e o papel do bibliotecário fosse restrito apenas às informações contidas no mundo

físico. Em se tratando de novas tecnologias e do mundo digital, o autor afirma que

“imaginam que o livro impresso vai desaparecer e, por conseqüência, a biblioteca

também” (CUNHA, 2008, p. 9). Eirão (2009) compreende também que a viabilização

das bibliotecas digitais e outros repositórios geraram uma falsa impressão de que o

serviço e o papel do bibliotecário tornar-se-iam obsoletos, quando o que ocorreu foi

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o contrário: a biblioteca digital não substitui a física, mas sim incorpora vários dos

seus aspectos. O autor ainda defende que

A criação de bibliotecas digitais, criação de taxonomias, ontologias, folksonomias, ideias ligadas à arquitetura da informação e mais recentemente a questão dos repositórios institucionais têm consumido, quase que exclusivamente, a energia e direção dos pesquisadores da área. (EIRÃO, 2009, p. 24)

Atualmente vivemos um período de transição, em que são utilizados

documentos físicos e digitais, em que a biblioteca tradicional e física ainda tem sua

importância reconhecida, mas as bibliotecas digitais especializadas, apesar de

emergentes, já são consideradas fundamentais na busca por informação e

documentação em rede. Hoje as pessoas utilizam diferentes meios e a biblioteca –

assim como editoras de periódicos – podem trabalhar a partir de modelos híbridos,

conciliando o físico com o digital, de modo que seja sustentável.

Uma vez que as bibliotecas digitais compreendem cada vez mais

conceitos como preservação, conservação e principalmente acesso à informação,

entendemos que a biblioteca universitária e seus profissionais deveriam

movimentar-se no sentido de promover projetos integrados de BDTDs, através de

parcerias com os programas de pós-graduação.

3.2 Organização da Informação

A organização e a necessidade de categorizar e reconhecer padrões faz

parte do desenvolvimento de habilidade cognitiva humana e também do processo

de aprendizagem. No nosso dia a dia, somos capazes de reconhecer rapidamente

ferramentas que nos ajudam no processo de encontrar a informação que utilizamos:

agendas de compromisso, listas telefônicas, dicionários, catálogos, para citar os mais

conhecidos. A organização de itens serve basicamente para a recuperação da

informação efetiva, ou seja, com menos custo e em um período mais curto de tempo.

Tradicionalmente, o conhecimento e a informação têm sido organizados por

instituições culturais como arquivos, museus e bibliotecas.

Uma vez que a cadeia da informação (ou ciclo de vida da informação) é

descrita como tendo componentes tais como criação, disseminação, organização,

armazenamento e uso, entendemos como processos específicos de Organização da

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Informação a catalogação, a indexação e a classificação, que se configuram, até

então, como disciplinas fundamentais da área de Biblioteconomia (JOUDREY, 2002,

p. 93). Especificamente no contexto de bibliotecas, estes processos respectivamente

descrevem, representam e localizam no espaço físico em que se encontra a

biblioteca, todos os registros de informação que pertencem à coleção de seu acervo.

Ao tratar do conceito de registros de informação, Ortega (2008) defende

que o termo documento ainda é muito utilizado por representar tanto o registro

físico como a informação simbólica, caracterizando melhor os diversos tipos de

informações, independente do suporte a ser utilizado ou descrito. Taylor e Joudrey

(2009) também compreendem que os registros de informação vão além de textos e

objetos, no entanto os denominam como “fontes de informação”. Segundo

Chowdhury e Chowdhury (2007) “as bibliotecas por muito tempo tem criado

sumários de fontes de informação bibliográfica que são utilizados para descoberta

de fontes e gestão da informação; hoje em dia são chamados de metadados” (p. 23),

que podem ser considerados o produto da Representação da Informação.

Para Café e Sales (2010) a OI “é um processo de arranjo de acervos

tradicionais ou eletrônicos realizado por meio da descrição física e de conteúdo

(assunto) de seus objetos informacionais” (p. 118). Taylor e Joudray (2009) utilizam o

termo “Controle Bibliográfico” para designar OI, compreendendo que

Controle Bibliográfico (que cada vez mais referido como Organização da Informação) é o processo de descrever fontes de informação provendo nome, título e assunto principal às descrições, resultando em registros que servem como substitutos para os itens da informação registrada. (TAYLOR, JOUDRAY, 2009, p. 4, tradução nossa)2

Os autores também atentam para o fato de que estes registros

substitutos podem ser armazenados em uma variedade de ferramentas de

recuperação, desde fichas catalográficas até base de dados e máquinas de busca

avançadas. Para Chowdhury e Chowdhury (2007) um dos maiores desafios que os

profissionais de biblioteca e informação e provedores de serviços encontram hoje é

como melhor organizar as fontes de informação disponíveis em suas várias

plataformas e mídias amplamente divergentes. O discurso dos autores vai ao

encontro do discurso de Weinberger (2007) quando tratam da questão da

informação intangível, uma vez que com a informação digital a restrição física deixa 2 Bibliographic control (increasingly referred to as information organization) is the process of describing information resources and providing name, title, and subject access to the descriptions, resulting in records that serve as surrogates for the actual items of recorded information.

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de ser uma questão. Compreendemos a diferenciação entre os documentos e seus

suportes uma vez que “a diferença fundamental entre a biblioteca e a abordagem de

base de dados online é que no último caso não existem itens físicos e não somos

restritos por requisitos de localização física” (CHOWDHURY e CHOWDHURY, 2007, p.

18).

Svenonius (2000) em seu livro Intellectual Foundations of Information

Organization trabalha a partir de uma perspectiva filosófica, adotando assim um

quadro de trabalho conceitual, questionando cada uma das partes a serem tratadas

em OI: filosofia de sistemas, da ciência e da linguagem. O processo de OI é

compreendido como o uso de uma linguagem especial de descrição, chamada

linguagem bibliográfica e para ser efetivo deve basear-se em seus fundamentos

intelectuais, que consistem de partes como: ideologia formulada a partir de

propósitos, formalização dos processos, conhecimento adquirido através de

pesquisa e problemas chave que precisam ser resolvidos. Para Svenonius

O objetivo essencial e definitivo de um sistema para organização da informação, então, é trazer essencialmente informações similares juntas e diferenciar o que não é exatamente semelhante. Designar um sistema para atingir esse propósito é sujeito a várias restrições: deve ser econômico, deve manter continuidade com o passado (...) e deveria e tirar pleno proveito das tecnologias atuais. (SVENONIUS, 2000, p. 11-12, tradução nossa)3

Para a autora, o que dificulta a construção de um sistema bibliográfico, ou

seja, um sistema de organização da informação é seu façon de faire, o processo de

sua construção. Entre seus questionamentos, podemos identificar que a maior parte

dos problemas é a variedade – e a variação – infinita do universo intrigante da

informação. Entre alguns deles podemos citar:

Sugere que há valor agregado (ou subtraído) quando é feita uma

adaptação de obra original, ou re-organizada em outro meio;

Compreende que o progresso tecnológico nos coloca problemas

tais como a invenção e proliferação de novas mídias, que obrigou

os sistemas bibliográficos a ampliar seu escopo de livros para

qualquer tipo de mídia que contenha informação;

3 The essential and defining objective of a system for organizing information, then, is to bring essentially like information together and to differentiate what is not exactly alike. Designing a system to achieve this purpose is subject to various constraints: it should be economical, it should maintain continuity with the past (…) and it should take full advantage of current technologies.

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Indica problemas da indeterminação em documentos fluídos,

inconstantes, como por exemplo, um único frame não é

representativo de um filme, uma imagem única não pode

descrever com precisão uma informação que é dinâmica;

Acentua que culturas e subculturas classificam de modo diferente,

usam diferentes linguagens, buscam e assinalam diferentes

convenções de nomeação.

Desde a época de Paul Otlet, o Controle Bibliográfico Universal tem sido

uma preocupação de muitos estudiosos da área, incluindo filósofos, lingüistas e

pesquisadores da informação. Para Svenonius a preocupação com as obras e seu

formato “não é simplesmente uma questão filosófica, uma vez que o que é difícil de

identificar é difícil descrever e no entanto, difícil organizar” (SVENONIUS, 2000, p. 13).

Bräscher e Café (2010) quando realizaram o levantamento dos contextos

de uso dos termos de Organização e Representação da Informação e do

Conhecimento nas linhas de pesquisas dos programas de pós-graduação,

descobriram que no programa da UFMG existem outros temas de pesquisa mais

específicos como análise de assunto, indexação na Internet e metadados. Alguns

programas ainda abordam estudos como Arquitetura da Informação, Web Semântica

e também Ontologias. Na Ciência da Informação, a OI se preocupa não apenas com

os registros humanos, mas com um foco mais amplo voltado para a cadeia de

informação, com perspectivas em análises de domínios, seja em contextos

específicos ou gerais.

De acordo com a definição de Bräscher e Café (2010), o principal objetivo

do processo de OI é possibilitar o acesso, e o produto de seu processo descritivo é a

Representação da Informação (RI) feita por linguagens documentárias, tesauros e

taxonomias. O quadro a seguir sintetiza o pensamento das autoras para quem a OI

envolve a descrição de objetos (que podem ser físicos ou digitais) e seus conteúdos

informacionais, diferentemente da OC (Organização do Conhecimento) que envolve

“o mundo da cognição, ou das idéias, cuja unidade elementar é o conceito”.

(BRÄSCHER, CAFÉ, p. 92, 2010).

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Figura 1: OC/RC, OI/RI (Bräscher e Café, 2010, p. 94)

De acordo com Robinson e Karamuftuoglu (p. 4, 2010), é assunto da

Ciência da Informação (CI) investigar questões de organização da informação e

aplicar suas conclusões no design de sistemas e serviços. E é essencialmente no

design de sistemas e serviços que se encontra a Representação da Informação (RI)

descrita por Bräscher e Café. Ao questionarmos os porquês da necessidade de

Organização da Informação, percebemos que a informação precisa ser organizada

para ir ao encontro de vários objetivos tais como possibilitar facilidade no acesso,

otimização da recuperação, visualização e localização dos documentos. Segundo

Lara (2007, p. 148) “as formas de organização da informação variaram no tempo,

dependendo dos valores e objetivos tomados como referência corroborando à maior

ou mais restrita distribuição da informação”.

Podemos perceber, pela literatura internacional, que o tema de

“Organização da Informação” já está consolidado configurando-se como parte dos

estudos da Biblioteconomia e da CI (OLSON, 2006; JOUDREY, 2002), uma vez que já

existe uma produção de livros que podemos considerar como didáticos sobre o

tema, a saber: Svenonius, 2000; Chowdhury e Chowdhury, 2007 e Taylor e Joudrey,

2009. Existe também uma movimentação em determinados programas de pós-

graduação internacionais (a Biblioteconomia é oferecida apenas enquanto pós-

graduação no exterior) no sentido de expandir o conceito de ‘Organização da

Informação’ para além das disciplinas tradicionais de catalogação, classificação e

indexação, preparando a aprendizagem também para a criação de outros produtos e

serviços derivados da OI (VELLUCCI, 1996; BRUCE, MIDDLETON, 1996).

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4 METODOLOGIA

Este trabalho identificará as teses e dissertações produzidas em

universidades brasileiras que estudam o tema de Organização da Informação. Para

isso, a pesquisa será desenvolvida em caráter exploratório e descritivo, sob

abordagem quali-quantitativa, utilizando procedimentos técnicos de pesquisa

documental e análise de conteúdo, tomando como base a metodologia proposta por

Bardin (2010). A autora faz uma distinção das técnicas de Análise Documental e

Análise de Conteúdo, distinguindo a representação da forma e do conteúdo

propriamente dito:

O objetivo da análise documental é a representação condensada da informação, para consulta e armazenamento; o da análise de conteúdo é a manipulação de mensagens (conteúdo e expressão deste conteúdo) para evidenciar os indicadores que permitam inferir sobre uma outra realidade que não a da mensagem. (BARDIN, 2010, p. 48).

Serão utilizadas técnicas de pesquisa documental, visto que pesquisas

documentais para Gil (2002, p. 51) valem-se de “materiais que não receberam ainda

um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os

objetos da pesquisa”. O autor mostra ainda que “na pesquisa documental, as fontes

são muito diversificadas e dispersas”. No caso deste trabalho, os documentos que

formam o corpus da pesquisa são todas as teses e dissertações que tratam o tema de

Organização da Informação.

A análise de conteúdo faz-se principalmente por classificação-indexação,

com técnicas temáticas e frequenciais, onde os documentos também são avaliados

de acordo com o seu contexto. Bardin descreve o método de organização da análise

em três fases: a) Pré-análise: organização, estabelecimento de critérios, definição do

corpus da pesquisa; b) Exploração do Material: aplicação sistemática das decisões

tomadas na pré-análise, codificação, decomposição e sistematização do corpus e c)

Tratamento dos resultados, inferência e interpretação. A codificação permitirá a

representação do conteúdo analisado e “o analista, tendo à sua disposição resultados

significativos e fiéis, pode então propor inferências e adiantar interpretações a

propósito dos objetivos previstos – ou que digam respeito a outras descobertas

inesperadas” (BARDIN, 2010, p. 127).

Entre os meses de agosto a setembro de 2011, será realizado o

levantamento das teses e dissertações das universidades selecionadas, que

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estiverem disponíveis em texto completo nas bases de teses e dissertações (BDTDs)

locais de cada instituição. Para a estratégia de busca, será utilizado o termo

ORGANIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO, nos campos título, resumo e palavras-chave,

somente no idioma português. Primeiramente, limitaremos o período de

abrangência de 2005 a 2009, porém, dependendo da quantidade do material

recuperado, a cronologia não será limitada. Inicialmente, pretende-se fazer a análise

de publicações dos últimos 5 a 10 anos. No entanto, de acordo com o volume da

produção encontrada e da facilidade na recuperação dos arquivos, talvez seja

possível que toda a produção que esteja disponibilizada online seja analisada.

O pré-teste do levantamento foi feito em outubro de 2010. Este resultou

em 94 documentos entre teses e dissertações. Futuramente, quando da execução

deste projeto de pesquisa, a exploração do material se constituirá primeiramente na

análise dos títulos, palavras-chave e resumo e, se necessário, a leitura complementar

de outras partes consideradas significativas do documento.

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5 CRONOGRAMA

Datas ETAPAS Ago. Set. Out. Nov. Dez. Coleta de Dados Tabulação dos Dados Análise e discussão dos Resultados Redação do Relatório Final Entrega do Relatório Final Defesa Oral

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6 ORÇAMENTO

Especificação Quantidade Valor em R$ Serviços de Terceiros Impressão de Cópias 240 f. 24,00 Total 24,00

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