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Projeto de uma Torre de Destilação Atmosférica de Petróleo, Utilizando Softwares Unisim Design e KG-Tower (Menezes, D. Q. F.)

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Universidade Federal Fluminense Escola de Engenharia

Departamento de Engenharia Química e Petróleo

PROJETO DE UMA TORRE DE

DESTILAÇÃO ATMOSFÉRICA DE

PETRÓLEO, UTILIZANDO SOFTWARES

UNISIM DESIGN E KG-TOWER

AMANDA CECÍLIA DA SILVA

DIEGO QUEIROZ FARIA DE MENEZES

RAFAELA MARQUES BAHIA

PROJETO FINAL DE CURSO

ORIENTADORES

ANA CARLA DA S. LOMBA SANT’ANA COUTINHO, D.SC.

LUIZ ANTONIO CORREA DIAS, ESP.

Niterói, 2012

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I

AMANDA CECÍLIA DA SILVA

DIEGO QUEIROZ FARIA DE MENEZES

RAFAELA MARQUES BAHIA

PROJETO DE UMA TORRE DE FRACIONAMENTO ATMOSFÉRICA DE

PETRÓLEO, UTILIZANDO SOFTWARES UNISIM DESIGN E KG-TOWER

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

ao Curso de Engenharia Química da

Universidade Federal Fluminense, como

requisito parcial para obtenção do grau de

Engenheiro Químico.

ORIENTADORES

ANA CARLA DA S. LOMBA SANT’ANA COUTINHO, D.SC.

LUIZ ANTONIO CORREA DIAS, ESP.

Niterói, 2012

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II

AMANDA CECÍLIA DA SILVA

DIEGO QUEIROZ FARIA DE MENEZES

RAFAELA MARQUES BAHIA

PROJETO DE UMA TORRE DE FRACIONAMENTO ATMOSFÉRICA DE

PETRÓLEO, UTILIZANDO SOFTWARES UNISIM DESIGN E KG-TOWER

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

ao Curso de Engenharia Química da

Universidade Federal Fluminense, como

requisito parcial para obtenção do grau de

Engenheiro Químico.

Aprovada em julho de 2012.

BANCA EXAMINADORA

Profa Dra. Ana Carla da S. Lomba S. Coutinho (D.SC. – UFF) – Orientadora

Prof. Luiz Antonio Correa Dias (Esp. – UFF) - Orientador

Prof. Dr. Hugo Alvarenga Oliveira (D.Sc. – UFF)

Engº de Processamento Sênior – Carlos Ney da Fonseca (Petrobras)

Niterói, 2012

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III

AGRADECIMENTO

À Universidade Federal Fluminense,

Ao Engenheiro de Processamento Sênior Carlos Ney da Fonseca,

Aos meus professores Ana Carla da S. L. S. Coutinho, Luiz Antonio Correa Dias

e Hugo Alvarenga Oliveira,

A todos os professores da Escola de Engenharia, Instituto de Química e Instituto

de Matemática com quem convivi, aprendi e tive o privilégio de ser aluno.

Orgulho-me de ter sido graduado no curso de Engenharia Química pela Augusta

Universidade Federal Fluminense.

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IV

EPÍGRAFE

“Se todos os sábios de uma nação morressem sem compartilhar

os seus conhecimentos qual destino teria esta nação? O

conhecimento não é uma propriedade do homem, é um bem da

humanidade. Ensinar é um dom, é uma arte”.

Diego Queiroz Faria de Menezes, 06 de julho de 2012.

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V

RESUMO

A indústria do petróleo hoje representa um dos setores de maior importância para a

economia mundial devido a grande demanda energética em que vivemos. O processo de

destilação do petróleo é essencial para a obtenção dos produtos desejados, e por isso requer

um projeto adequado às características do óleo a ser refinado. A grande importância do

dimensionamento dos dispositivos de contato foi a principal abordagem desse projeto,

analisando o melhor dispositivo de contato (Prato x Recheio), estimativa do melhor diâmetro,

arranjo do prato e escolha dos parâmetros e cálculo de desempenho hidráulico. O presente

trabalho consiste no projeto de uma torre de destilação atmosférica, utilizando o petróleo

Venzuelano Tia Juana Leve como caso base. Foi utilizado o software UniSim Design da

Honeywell para o balanço de material e de energia, que permitiu obter os dados necessárias

para uma torre de 8 seções com um total de 52 pratos, 3 pump arounds, 3 retificadoras de

4 pratos e um condensador trifásico parcial. Foram dimensionados os dispositivos de contato

com o software KG-Tower 5.0 da Koch-Glitsch, utilizando o resultado das vazões de vapor e

líquido nos pratos. Por fim, o resultado para o projeto foi uma torre de 40 m, 8 seções

(3 de troca térmica, 3 seções de absorção, zona de flash e seção de fundo), com 6 m de

diâmetro entre a zona de flash e a seção de topo, 3 m de diâmetro na seção de fundo, pratos de

4 passes nas seções de troca térmica e na seção de fundo, e pratos de 2 passes nas seções de

absorção. Para todos os pratos foram utilizados valvulas Koch-Glitsch V-1. Outras

especificações foram determinadas através de dados heurísticos da literatura.

Palavras-chaves: Torre de Destilação Atmosférica; Dimensionamento; Petróleo; UniSim Design;

KG-Tower

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VI

ABSTRACT

The Petroleum Industry represents today one of the most important sectors of world

economy due to the great energy demand we live in. The petroleum distillation process is

important to produce the desired products and its design must consider the crude oil properties

to be refined. The great importance of sizing the contact devices was the main approach of

this design, analyzing the best contact device (Tray x Packing), the best estimate of the

diameter, the arrangement of the tray and choice of parameters and calculation of hydraulic

performance. The present paper consists in designing an atmospheric distillation tower, using

Venzuelan Tia Juana Light crude oil as base case. The software Honeywell UniSim Design

was used for material balance and energy, which allowed obtaining the necessary data for a

tower of eight sections with a total of 52 trays, 3 pump arounds, 3 strippers of 4 trays and a

partial tree-phase condenser. The contact devices were sized with software 5.0 KG-Tower of

Koch-Glitsch, using the result of vapor and liquid flow in the trays. Finally, the result for the

design was a tower of 40 m, eight sections (3 pump arounds, 3 sections of absorption, flash

zone and the bottom section) with 6 m diameter between the flash and the top section, 3 m

diameter at bottom section, trays of 4 passes in heat exchange sections and bottom section,

trays of 2 passes in the sections of absorption. For all trays Koch-Glitsch valves V-1 were

used. Other specifications were determined using heuristic data from the literature.

Key-words: Atmospheric Distillation Tower; Sizing; Petroleum; UniSim Design; KG-Tower

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VII

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Projeção do PIB do Estado do Rio de Janeiro até 2020 ....................................................... 16

Figura 2 - Formação de Petróleo e Gás Natural .................................................................................... 15

Figura 3 - Transformação termoquímica da matéria orgânica e a formação do petróleo ...................... 19

Figura 4 - Logística de produção da indústria de Petróleo. ................................................................... 26

Figura 5 - Torre com retificadoras laterais. ........................................................................................... 30

Figura 6 - Coluna de destilação atmosférica da REFAP S/A – Petrobras ............................................. 31

Figura 7 - Fluxograma de uma unidade de destilação atmosférica ....................................................... 32

Figura 8 - Curva PEV de um óleo cru e seus cortes. ............................................................................. 34

Figura 9 - Principais tipos de torres de contato. .................................................................................... 36

Figura 10 - Tipos de pratos: corrente cruzada e contra-corrente. .......................................................... 37

Figura 11 - Pratos e o downcomers dentro de uma torre. ...................................................................... 38

Figura 12 - Downcomers e prato de 1 passe com válvulas. .................................................................. 40

Figura 13 - Diferentes tipos de recheios ................................................................................................ 41

Figura 14 – Diagrama para escolha preliminar do interno. ................................................................... 43

Figura 15 – a) Pratos perfurados (sieve); b) Valvulados (valve); c) com borbulhadores (bubble-cap);

d) sem Downcomer (dual-flow). ............................................................................................................ 44

Figura 16- Input dos componentes leves. .............................................................................................. 50

Figura 17 - Bulk Properties. .................................................................................................................. 51

Figura 18 – Input de dados no campo Ligh Ends. ................................................................................. 51

Figura 19 – Input de dados no campo Distillation. ............................................................................... 52

Figura 20 - Input de dados no campo Density. ...................................................................................... 52

Figura 21 - Criação dos componentes hipotéticos. ................................................................................ 53

Figura 22 - Rendimentos de cada corte. ................................................................................................ 54

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VIII

Figura 23 - Criação da corrente de entrada. .......................................................................................... 54

Figura 24 – Fluxograma de Processo. ................................................................................................... 58

Figura 25 - Conexões de correntes materiais e energéticas da torre. .................................................... 59

Figura 26 - Torres de Stripper. .............................................................................................................. 60

Figura 27– Pump Arounds .................................................................................................................... 60

Figura 28 - Especificações da torre ....................................................................................................... 61

Figura 29 - Ambiente da torre. .............................................................................................................. 62

Figura 30- Eficiência da coluna. ........................................................................................................... 63

Figura 31 - N° de passes da torre. ......................................................................................................... 64

Figura 32 – Gráfico de fluxo x posição do prato no Unisim. ................................................................ 65

Figura 33 - Gráfico de vazão x posição do prato no KG-Tower. .......................................................... 67

Figura 34 – Configuração com 8 seções. .............................................................................................. 67

Figura 35 – Parâmetros para dimensionamento no KG-Tower. ............................................................ 68

Figura 36 – Input de Parâmetros no KG-Tower. ................................................................................... 69

Figura 37 – Projeto de pratos no KG-Tower ......................................................................................... 70

Figura 38 – Estimativa dos valores dimensionais do downcomer. ........................................................ 71

Figura 39 - Curva de Destilação atmosférica. ....................................................................................... 72

Figura 40 - Distribuição de corte. .......................................................................................................... 73

Figura 41 – Gráfico de fração molar dos hipotéticos x T de ebulição, para cada corrente. .................. 74

Figura 42 - Vazões de correntes de entrada e saída da torre (m3/h). ..................................................... 75

Figura 43 - Gráfico das vazões mássicas dos componentes. ................................................................. 76

Figura 44 - Gráfico de temperatura x posição do prato. ........................................................................ 77

Figura 45 - Gráfico de vazão x posição do prato (standard). ................................................................ 78

Figura 46 - Gráfico de vazão real x posição do prato. .......................................................................... 79

Figura 47 – Parâmetros do prato 19. ..................................................................................................... 81

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IX

Figura 48 – Dimensões do prato 19. ..................................................................................................... 81

Figura 49 - Esquema das dimensões do prato de 2 passes. ................................................................... 82

Figura 50 - Parâmetro do prato 18. ....................................................................................................... 83

Figura 51 – Dimensões do prato 18. ..................................................................................................... 83

Figura 52 - Esquema das dimensões do prato de 4 passes. ................................................................... 84

Figura 53 - Parâmetro do prato 32. ....................................................................................................... 85

Figura 54 – Dimensões do prato 32. ..................................................................................................... 85

Figura 55 - Dimensões do prato de 2 passes. ........................................................................................ 92

Figura 56 - Dimensões do prato de 4 passes. ........................................................................................ 93

Figura 57 - Projeto da Torre .................................................................................................................. 94

Figura 58 - Perfil de Velocidade do downcomer. ................................................................................. 97

Figura 59 - Capacidade de vazão dos pratos (a). ................................................................................... 98

Figura 60 - Capacidade de vazão dos pratos (b). .................................................................................. 99

Figura 61 - Diâmetro dos pratos. ......................................................................................................... 101

Figura 62 - Esboço dos pratos ............................................................................................................. 104

Figura 63 – Queda de pressão nos pratos. ........................................................................................... 107

Figura 64 - Coeficientes de queda de pressão. .................................................................................... 108

Figura 65 - Valores de ( VH.(DV/DL)1/2 ) x Nível de líquido no prato. .......................................... 110

Figura 66 - Nº de passes. ..................................................................................................................... 112

Figura 67 - Nº de passes (vista superior). ............................................................................................ 112

Figura 68 - Eficiência do prato. ........................................................................................................... 113

Figura 69 - Relatório dos pratos de seção de 2 passes. ....................................................................... 115

Figura 70 - Relatório dos pratos da seção de 4 passes (zona de troca térmica)................................... 116

Figura 71 - Relatório dos pratos da seção de 4 passes (fundo da torre). ............................................. 117

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X

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - API máximo e mínimo encontrados nas diferentes Bacias do Brasil................................... 21

Tabela 2 - Classificação dos petróleos fundamentada na composição química. ................................... 22

Tabela 3 - Método de aquisição de dados de superfície/subsuperfície. ................................................ 24

Tabela 4- Número de pratos por seção de fracionamento ..................................................................... 35

Tabela 5 - Gap para cortes de rendimentos ........................................................................................... 35

Tabela 6 - Classificação dos pratos de uma coluna. .............................................................................. 39

Tabela 7 - Comparação dos tipos de pratos mais comuns. .................................................................... 45

Tabela 8 - Dados total do Petróleo ........................................................................................................ 47

Tabela 9 - Hidrocarbonetos Leves. ....................................................................................................... 48

Tabela 10 - Volume (%) de destilado x Temperatura (°F) .................................................................... 48

Tabela 11 - Volume (%) médio dos cortes x densidade relativa a 60°F x °API. .................................. 49

Tabela 12 - Frações Molares dos componentes leves e hipotéticos do petróleo ................................... 55

Tabela 13 - Dados das correntes de processo. ....................................................................................... 57

Tabela 14 - Nº de passes dos pratos de cada seção. .............................................................................. 63

Tabela 15 – Critérios para ajuste de vazão de vapor de retificação e vazão de sobrevaporizado. ........ 65

Tabela 16 - Dimensionamento final da torre. ........................................................................................ 86

Tabela 17 - Fatores do sistema de downcomer. .................................................................................... 97

Tabela 18 - Fatores dos Sistemas. ......................................................................................................... 99

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XI

LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS

L – Vazão de líquido

V – Vazão de vapor

HC – Hidrocarbonetos

Ret –Retificação

Vap – Vapor

Liq – Líquido

Q – Carga Térmica

TC – Trocador de Calor

T-atm – Torre Atmosférica

L.B. – Limite de Bateria

RAT – Resíduo atmosférico

PEV - Ponto de Ebulição Verdadeiro

ASTM - Sociedade Americana Para Testeis de Materiais

AGO – Gasóleo Atmosférico

ZF – Zona de Flash

NL – Nafta Leve

NP – Nafta Pesada

Quero – Querosene

Ci – Componente (i)

Zi – Fração molar do componente (i)

PA – pump around

SS – Side Stripper

TBP – True Boling Point

TS – Tray Spacing

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XII

SUMÁRIO

AGRADECIMENTO ............................................................................................................................ III

EPÍGRAFE ............................................................................................................................................ IV

RESUMO ................................................................................................................................................ V

ABSTRACT .......................................................................................................................................... VI

LISTA DE ILUSTRAÇÕES ................................................................................................................ VII

LISTA DE TABELAS ............................................................................................................................ X

LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS ............................................................................................. XI

SUMÁRIO ........................................................................................................................................... XII

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 16

1.1 MOTIVAÇÃO ................................................................................................................................ 16

1.2 OBJETIVO ...................................................................................................................................... 17

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................................................... 15

2.1 O PETRÓLEO ................................................................................................................................. 15

2.2 A REFINARIA ................................................................................................................................ 26

2.3 A DESTILAÇÃO ATMOSFÉRICA ............................................................................................... 28

2.3.1 Caracterização do Petróleo ........................................................................................................... 33

2.3.2 Heurísticos e Procedimentos para Projeto de Torre Atmosférica ................................................. 34

2.4 INTERNO DE TORRE ................................................................................................................... 36

2.4.1 Pratos ............................................................................................................................................ 38

2.4.2 Recheios ....................................................................................................................................... 40

2.4.3 Pratos x Recheios ......................................................................................................................... 42

2.4.4 Escolha e dimensionamento de Pratos ......................................................................................... 43

3. METODOLOGIA ........................................................................................................................... 47

3.1 CARACTERIZAÇÃO DO PETRÓLEO ........................................................................................ 47

3.2 SIMULAÇÃO NO UNISIM ........................................................................................................... 56

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XIII

3.3 DIMENSIONAMENTO NO KG-TOWER .................................................................................... 66

4. RESULTADO E DISCUSSÃO....................................................................................................... 72

4.1 CARACTERIZAÇÃO DO PETRÓLEO ........................................................................................ 72

4.2 SIMULAÇÃO NO UNISIM ........................................................................................................... 73

4.3 DIMENSIONAMENTO NO KG-TOWER .................................................................................... 79

5. CONCLUSÕES ............................................................................................................................... 87

6. SUGESTÕES ................................................................................................................................... 88

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFIAS ............................................................................................. 89

APÊNDICES ......................................................................................................................................... 91

ANEXOS............................................................................................................................................... 95

ANEXO A ............................................................................................................................................. 96

ANEXO B ........................................................................................................................................... 114

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16

1. INTRODUÇÃO

Os simuladores de processos são ferramentas essenciais para os projetos da indústria

do petróleo. Com o avanço dos microprocessadores e da tecnologia os cálculos

computacionais estão cada vez mais rápidos, os softwares com interfaces mais didáticas,

disponibilidade de grandes bancos de dados físico-químicos (teóricos e heurísticos), inúmeros

pacotes de equações matemáticas, e métodos números mais rápidos e precisos. Com toda essa

tecnologia os simuladores tornou-se a principal ferramenta dos Engenheiros Projetistas. A

grande vantagem dos simuladores é a redução do tempo e custo para desenvolvimento de um

projeto. Além de desenvolvimento os simuladores ajudam a verificar falhas, otimizar plantas

e estudar possíveis ampliações em unidades.

A Destilação é uma Operação Unitária integrada no conjunto das operações baseadas

na Transferência de Massa. Os mecanismos governam a destilação é o do equilíbrio

líquido/vapor, transferência de massa e transferência de calor. Ao fornecer calor a uma

mistura líquida, promovemos a sua vaporização parcial, obtendo duas fases, uma líquida e

outra de vapor, que têm composições diferentes. A diferença de composição das duas fases

resulta da diferença de volatilidades dos vários componentes da mistura líquida inicial.

Quanto maior for essa diferença entre as volatilidades maior será a diferença de

composição entre a fase líquida e vapor e, como tal, mais fácil será a separação por destilação.

Logo, para separar dois os mais componentes em determinadas concentrações são necessários

um ou mais estágios de equilíbrio, e o contato efetivo entre a fase vapor e líquida são

promovidas por dispositivos de contato (Prato ou Recheio).

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15

As aplicações industriais do processo de destilação são várias, sendo a mais conhecida

a da separação de misturas de hidrocarbonetos na indústria petroquímica em particular na

refinação do petróleo.

Na graduação aprende equações de estados termodinâmicas, métodos de cálculo de

estágio teórico e fundamentos de destilação, mas o dimensionamento dos dispositivos de

contato influencia enormemente na eficiência dos estágios de equilíbrio, pois estes são os

responsáveis por toda a troca térmica e de massa em uma destilação. A hidráulica destes

dispositivos é tão importante quanto os cálculos de estágio de equilíbrio, pois um mau

dimensionamento afetará todo o projeto.

Uma vez que o projeto do processo for concluído, o projeto dos equipamentos inicia-

se. Esta fase da concepção requer dados do projeto de destilação (ou seja, vazão de vapor e

líquido em cada secção da coluna). O projeto dos dispositivos de contato prossegue em duas

fases: primária (básico) e secundária (esboço detalhado). A fase primária define diâmetro da

coluna, o tipo de prato, e divisão da área ativa (área que promovem o contato entre vapor e

líquido) e a área de downcomer. Esta fase também fornece uma estimativa (e geralmente

próxima) preliminar de espaçamentoentre pratos, número de passes, e outras características

dos pratos e esboço do downcomer, como altura do vertedouro, percentual de área de orifício,

diâmetro do orifício, e folga sob downcomer. Estas estimativas são depois ajustadas para

valores conservativos na fase secundária. Geralmente, a fase primária define os principais

requisitos dos equipamentos, enquanto o dimensionamento da fase secundária para os

detalhes refinados. A fase preliminar tem um grande impacto no custo de coluna, mas uma

influência relativamente pequena na realização de uma operação sem problemas. Esses papéis

são invertidos na fase secundária: tem um impacto relativamente pequeno nos custos de

coluna, mas um grande impacto na obtenção de um funcionamento sem problemas (KISTER,

1992).

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16

1.1 MOTIVAÇÃO

O ano de 2006 marcou a autossuficiência sustentável do Brasil na produção de

petróleo, e logo em seguida, em 2007, outro marco histórico, a Petrobras anuncia a descoberta

de uma nova província petrolífera, o Pré-Sal. A gigantesca província petrolífera em toda

camada de Pré-Sal, com conservadores 800 Km de extensão e 200 Km de largura, em 160 mil

Km², do Espírito Santo a Santa Catarina, poderá fazer o Brasil superar a marca de 100 bb

(bilhões de barris) em reservas, um crescimento de 7 vezes e abrindo um novo paradigma em

energia e estratégia para o Brasil. Com beneficiamento adequado para a agregação do valor

por meio de refino e outros processos mais sofisticados de transformação, o caso da

petroquímica, a multiplicação agregada poderia fazer o valor adicionado do óleo do Pré-Sal

crescer 40 vezes, o que elevaria essas exportação em 2015 a US$ 40 trilhões. Como uma

reserva de 100 bilhões de barris poderia valer cerca de US$ 10 trilhões a US$ 100 o barril, a

multiplicação agregada de 40 vezes levaria essa cifra a US$ 400 trilhões. Isso equivaleria a

200 vezes o PIB Nominal brasileiro de US$ 2 trilhões. Com o Barril retornando a US$ 150, a

multiplicação agregada elevaria essa cifra a US$ 600 trilhões (Economia BR, 2010).

Figura 1 - Projeção do PIB do Estado do Rio de Janeiro até 2020

FONTE: Austin Ratings, consultoria

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17

O Rio de Janeiro hoje tem umas das maiores reservas de petróleo do mundo e,

comparativamente, o Rio de Janeiro seria como o Irã (OPEP) dentro do Brasil, em termo de

reserva de petróleo e PIB. Portanto, com todo esse cenário petrolífero brasileiro, os esforços

envolvidos e investimentos previstos nos motiva cada vez mais a estudar o refino do petróleo,

pesquisar novas tecnologias e atuar como Engenheiro Químico nos processos que conduzem o

petróleo à sua utilidade.

1.2 OBJETIVO

Este trabalho tem como objetivo projetar uma torre de destilação atmosférica para uma

carga de 100.000 barris/dia de petróleo Venezuelano Tia Juana Leve, selecionar o tipo de

dispositivo de contato para esta torre (Pratos x Recheio), escolha do melhor prato (perfurado,

valvulado, com borbulhadores ou sem downcomers), dimensionamento dos pratos e avaliar os

parâmetros de hidráulica.

Utilizando o software UniSim Design da Honeywell calculou-se as composições

de saídas, cargas térmicas dos permutadores de calor e outras dados necessária

para o projeto de uma torre de destilação atmosférica.

Com dados heurísticos da literatura foi analisado o número de estágios para cada

seção da torre, as vazões de vapor de retificação e o tipo ideal do dispositivo de

contato (Prato x Recheio) para a torre.

Para o dimensionamento dos dispositivos de contato foi utilizado o software KG-

Tower 5.0 da Koch-Glitsch.

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15

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 O PETRÓLEO

O petróleo foi formado a partir da matéria orgânica depositada junto com os

sedimentos há milhões de anos atrás. Essa matéria provida de muita energia química é

constituída basicamente por microorganismos e algas que formam o fitoplâncton e não sofrem

processos de oxidação (Figura 3). Vegetais superiores também podem fazer parte da matéria

orgânica constituinte do petróleo, porém sua preservação é mais difícil devido ao meio

oxidante onde vivem. (THOMAS, 2004) A matéria acumulada nos sedimentos se transforma

termicamente e é preservada da destruição por oxidação. O calor e a pressão dessas camadas

transformam esses materiais orgânicos, convertendo-os em uma complexa mistura de

hidrocarbonetos, o que hoje chamamos de petróleo bruto. A palavra petróleo significa "óleo

de pedra" ou "óleo da terra". (SZKLO, 2008)

Figura 2 - Formação de Petróleo e Gás Natural

FONTE: Adaptado http://www.eia.gov/kids/energy.cfm?page=oil_home-basics

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19

Para que haja a geração de hidrocarbonetos na rocha a matéria orgânica deve constituir

no mínimo em 2% do volume dos sedimentos. Quando isto acontece os sedimentos são

denominados de rocha geradora. Além da matéria orgânica é necessário que haja um ambiente

favorável para a formação do hidrocarboneto com, circulação restrita, alta produtividade e de

baixa oxidação. Com a combinação desses fatores com um tempo geológico de 60 milhões de

anos, temperatura entre 60 e 120°C e um ambiente redutor para preservar as condições da

transformação da matéria, é que ocorre a geração do petróleo (Figura 4). (THOMAS, 2004)

De acordo com a temperatura que a rocha geradora atinge pode-se dividir o petróleo

em três estágios de maturação:

– MATURO: Petróleo líquido fluido e enriquecido em parafinas (cadeias saturadas);

– SUPERMATURO (T>120°C): “queima” dos sedimentos e do petróleo líquido, que

será transformado em condensado, gás úmido e, finalmente, seco;

– IMATURO (T<60°C): se gerado, será viscoso e rico em componentes pesados.

(ANTUNES, 2012)

Figura 3 - Transformação termoquímica da matéria orgânica e a formação do petróleo

FONTE:THOMAS, 2004

Indicadores obtidos a partir da pirólise e análise do Carbono Orgânico Total (COT),

tais como índice de Hidrogênio (HI) e índice de Oxigênio (OI), são utilizados para classificar

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o petróleo. A partir da analise desses índices juntamente com as razões H/C e O/C do óleo

pode-se prever se a formação dos hidrocarbonetos será de gás ou de óleo:

• H/C & HI elevados : Geração Óleos

• O/C & OI elevados : Geração Gás

A qualidade do óleo é diretamente proporcional a sua densidade, viscosidade e

composição química. A presença de elementos que aumentam sua acidez, tais como H2S, é

particularmente preocupante, devido a questões de Segurança Operacional bem como para o

refino. (ANTUNES, 2012)

– °API: escala comparativa entre a densidade do fluido e a da água (10°API <=> d =

1,0 g/cm3), na tabela 1 encontram-se alguns exemplos de °API encontrados em

diferentes Bacias no Brasil;

– Viscosidade (em cP): impacto nas capacidade de produção;

– RGO (Razão Gás/Óleo): função da Rs (Razão de Solubilidade do gás no óleo);

Influencia a produtividade, as vazões e a recuperação final dos reservatórios;

– Psat (Pressão de Saturação): abaixo da qual o gás em solução começa a constituir

uma fase separada do óleo; afeta a produtividade e a recuperação final;

– H2S: problema para a Segurança Operacional;

– TAN (Número de Acidez Total): problemas no refino.

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Tabela 1 - API máximo e mínimo encontrados nas diferentes Bacias do Brasil.

FONTE: ANTUNES, 2012

Bacia °API máximo °API mínimo

Todas 50 11

Campos 36 17

Potiguar 47 14

Solimões 50 44

Espírito Santo 36 11

Recôncavo 50 14

Sergipe 42 13

A capacidade de armazenamento e produção de petróleo de um reservatório depende

principalmente das características das suas rochas e dos fluidos nelas contidos. Precisamos

então conhecer estas propriedades, para a compreensão dos mecanismos que comandam o

movimento dos fluidos no interior do reservatório.

As condições essenciais para que exista uma acumulação de petróleo são:

– Existência de Geração na Bacia Sedimentar

– Existência de Rochas Reservatórios

– Existência de Rochas Capeadoras (Selante)

– Existência de Estruturas de captação e aprisionamento (Trapas)

– Condições físicas para Migração

O conjunto destes elementos mais suas relações espaciais e temporais define um

Sistema Petrolífero.

A identificação de um Sistema Petrolífero depende da caracterização do

hidrocarboneto (Assinatura Geoquímica) e da capacidade de relacioná-lo a uma determinada

rocha-fonte (tabela 2). Mais de um Sistema Petrolífero pode ocorrer numa mesma Bacia

Sedimentar e estar atuando num mesmo tempo ou em tempos distintos. (THOMAS, 2001)

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A existência de um Sistema Petrolífero depende não apenas da existência dos

elementos geológicos, mas, essencialmente, da relação espacial e temporal entre eles. A

migração não pode ocorrer antes que os reservatórios e selos estejam depositados e

estruturados para receber o petróleo e/ou gás gerado. Se não houver rotas de migração

apropriadas e se a rocha-fonte ainda não estiver na janela de maturação, de forma que a

expulsão do petróleo seja impossível, então poderá ser atingido o estágio supermaturo e o

hidrocarboneto líquido poderá ser transformado em gás ou totalmente perdido. Se houver

movimentação severa após o preenchimento dos reservatórios então a acumulação poderá ser

destruída.

As acumulações estão relacionadas a um Sistema Petrolífero específico e para defini-

las como um prospecto, é necessário identificar todos os elementos desse Sistema. Para cada

um dos elementos é preciso definir um Fator de Risco, normalmente expresso na forma de

uma Probabilidade de ocorrência do mesmo. A ponderação das Probabilidades de cada um

dos fatores determina a Probabilidade de Sucesso (PS) do Prospecto. (THOMAS, 2004;

ANTUNES 2012)

Tabela 2 - Classificação dos petróleos fundamentada na composição química.

FONTE: ANTUNES, 2012

CLASSES COMPOSIÇÃO (%)

PARAFÍNICA 75% ou mais de cadeias parafínicas

NAFTÊNICA 70% ou mais de naftenos

AROMÁTICA 50% ou mais de aromáticos

ASFÁLTICA 60% ou mais de resinas e asfaltenos

PARAFÍNICO – NAFTÊNICA PARAFINAS: 60 – 70 %

NAFTÊNICOS: no mínimo 20 %

PARAFÍNICO – NAFTÊNICO –

AROMÁTICA

% aproximadamente igual de parafinas, naftênicos e

aromáticos.

NAFTÊNICO – AROMÁTICA 35 ou mais de naftênicos ou aromáticos

NAFTÊNICO – AROMÁTICO –

ASFÁLTICA

25 ou mais de naftenos, aromáticos ou compostos

asfálticos

AROMÁTICO – ASFÁLTICA 35 ou mais de aromáticos ou compostos asfálticos

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A pesquisa geológica é baseada na aquisição de dados de superfície e/ou

subsuperfície, que posteriormente são interpretados.

Os Métodos de obtenção dessas informações podem ser classificados em:

– Métodos Diretos: fornecem diretamente o valor de uma propriedade ou dos

parâmetros necessários para o cálculo da mesma.

– Métodos Indiretos: Os resultados possibilitam apenas inferir sobre uma determinada

propriedade física do substrato, sem fornecer, a princípio, um valor específico, que, se

de alguma forma produzido, deverá ser comprovado por algum método direto de

pesquisa. (THOMAS, 2004; ROSA, 2006; ANTUNES 2012)

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Tabela 3 - Método de aquisição de dados de superfície/subsuperfície.

FONTE: MENDES, 1984

Método Ferramenta Aplicação

Indireto

Magnetometria Arcabouço Estrutural, limite crosta

oceânica/continental, Embasamento, intrusões,

depocentros, etc. Gravimetria

Sensoriamento Remoto Seeps de HC

Sísmica

Geometria de camadas, variações laterais de fácies,

contatos entre fluidos, delimitação de falhas, DHI,

etc

Sonar Mapeamento de sedimentos e feições no solo

oceânico, estudos de geotecnia, etc.

Direto

Afloramentos Estudo de análogos, sistemas deposicionais,

sedimentológicos, composição de rochas, etc.

Poços

Análises lito, bio e cronoestratigráficas, coleta de

amostras de rochas e testemunhos, coleta de fluidos,

perfis, etc.

Perfis Definição de litotipos, fluidos, contatos, fraturas,

etc.

Testes de Formação Medidas de profundidade, pressão, análise de

compartimentos, coleta de fluidos, etc.

Geoquímica Caracterização dos fluidos e sistemas petrolíferos,

cromatografia, etc.

Geocronologia Datação, correlação cronoestratigráfica, limites de

sequências, caracterização de discordâncias, etc.

Ainda não existe um método indireto que permita a identificação de petróleo em

subsuperfície. Por meio dos métodos disponíveis vislumbra-se, apenas, as situações em que

podem ocorrer acumulações de HC.

Só se descobre petróleo perfurando poços - método direto de investigação. A produção

de óleo é a retirada de um volume de óleo do espaço poroso de uma rocha reservatório e isso

só é possível na medida em que o volume originalmente ocupado por esse óleo for preenchido

por algum outro material, que pode ser outro fluido, nativo ou injetado, ou até mesmo a rocha

em expansão. (ANTUNES, 2012)

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25

Os processos físicos que conduzem ao preenchimento desse volume e à produção do

óleo constituem o mecanismo de produção ou recuperação do reservatório.

O óleo bruto que sai do reservatório não se encontra pronto para ser extraído.

Normalmente há a presença de sedimentos, gás (associado ou não), partículas inorgânicas e

sais. Estas substâncias são nocivas aos equipamentos e ainda prejudicam o transporte até a

refinaria.

Por esse motivo, nos próprios campos de produção um tratamento primário é

realizado, o qual consiste na separação óleo-gás-água através de decantação e desidratação. A

diferença de densidade entre os componentes proporciona uma separação por ação da

gravidade na decantação. E a desidratação visa retirar o máximo de água emulsionada no óleo

através da adição de substâncias químicas desemulsificantes que agregam as moléculas de

água. (CARDOSO, 2005)

Depois desse processamento primário e estando o óleo bruto dentro das especificações

exigidas, é que o petróleo é encaminhado para as refinarias para das sequencia ao processo.

A estrutura de uma indústria de petróleo é composta de três partes: upstream,

midstream e downstream. Cada uma dessas partes possui uma logística própria que

complementa as outras partes, até a fase em que o produto final chega às mãos do consumidor

final (Figura 5).

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Figura 4 - Logística de produção da indústria de Petróleo.

Dessa forma, nosso projeto se objetiva a projetar uma torre de destilação atmosférica,

que é um processo muito importante na indústria petrolífera na parte denominada

downstream.

2.2 A REFINARIA

O petróleo bruto não tem aplicação comercial, portanto é necessário beneficiá-lo para

obter produtos que possam ser utilizados. Esse beneficiamento é feito através do refino, para

depois as frações desejadas serem processadas e transformadas em produtos de maior valor

agregado. (CARDOSO, 2005;MORELLI, 1966)

O refino do petróleo inicia-se pela separação das diferentes frações de derivados

através de processos físico-químicos. Essa separação é feita em unidade de separação e

conversão que tem como produtos finais as seguintes categorias:

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1. Combustível (gasolina, diesel, óleo combustível, GLP, QAV, querosene, coque

de petróleo, óleos residuais) que representam aproximadamente 90% dos produtos de

refino do mundo;

2. Produtos acabados não combustíveis (solvente, lubrificante, asfalto, graxas e

coque);

3. Intermediários da indústria química (nafta, etano, propano, etileno, butano,

propileno, butileno, butadieno, BTX) que podem ser utilizados em diversos setores da

indústria química.

Os processos físico-químicos que uma refinaria apresenta dependem da composição da

carga a ser refinada, pois esta varia de acordo com as características do petróleo cru, e dos

produtos finais desejados. (SZKLO, 2008)

Uma refinaria é normalmente projetada de acordo com as características da carga que

será processada. O processamento de petróleo brasileiro se dá normalmente através de um

blending, que é uma mistura de óleos de diferentes °API, utilizada para contornar o fato de

nossas refinarias que foram projetadas para processar óleos mais leves do que os encontrados

nos sistemas petrolíferos brasileiros. (CARDOSO, 2005)

A localização de uma refinaria de petróleo depende da distância do poço, bem como

da localização do mercado consumidor. O valor do transporte dos produtos finais deve estar

equilibrado com o valor de dutos e navios tanques para o fornecimento do óleo cru. (BACON,

1916)

Os processos de uma refinaria são extremamente complexos e possuem diversas

unidades, seja de separação, conversão ou tratamento. O tratamento pode ser cáustico, DEA,

MEROX, hidrotratamento e etc... O processo de conversão é feito através de craqueamento

térmico e catalítico, visco-redução, coqueamento reterdado e hidrocraqueamento, e o processo

de separação é feito por destilação, extração e etc...

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2.3 A DESTILAÇÃO ATMOSFÉRICA

O objetivo da destilação de petróleo cru é fracionar em hidrocarbonetos leves (C1-

C4), nafta, querosene, diesel e resíduo atmosférico. Alguns destes cortes podem ser

comercializados diretamente, enquanto outros cortes seguem para outras unidades de

processamento, pois exigem mais tratamentos e especificações para torná-los

comercializáveis. A primeira etapa de processamento na refinaria, após dessalinização do

petróleo, é separação do cru em um número de frações por destilação. A destilação é realizada

a uma pressão ligeiramente acima da atmosférica. Isto é necessário para as seguintes

considerações: 1) Aumentar o ponto de ebulição dos leves, de modo que possa ser usada água

de arrefecimento no condensador, a fim de condensar parte dos C3 e C4; 2) Para garantir que

a perda de carga no condensador não atrapalhe o escoamento do gás para o vaso; 3) Para

permitir a queda de pressão na coluna (PARKASH, 2003).

O óleo cru é pré-aquecido em permutadores e, finalmente, vaporizado em forno até

atingir uma fração de vaporizado, em volume, de todos os produtos das correntes laterais,

tendo como recomendação 3-6% a mais de sobrevaporizado ou overflash, para que o último

prato sempre esteja com líquido, e com isso o fracionamento na região fica garantido. As

colunas fracionadoras de petróleos não contém refervedores, e após o forno o óleo cru entra

na zona de flash da coluna, onde o vapor e líquido são separados. Na zona de flash

aproximadamente 50-60% do óleo cru é vaporizado e mais 3-6% de overflash. O líquido que

deixa a zona de flash ainda contém alguns componentes de destilados, esse líquido percorre

de 4 a 6 pratos na seção de fundo da coluna, cruzando com o fluxo de vapor de água que sobe,

pois alguns componentes dos destilados terão que ser recuperados por arraste do vapor

d’água, essa quantidade de vapor de água, chamado de vapor de retificação, é injetado no

fundo da coluna. A vazão de vapor retificação é aproximadamente de 5 a 10 lbs por barril

(bbl) de produto retirado. Depois da retificação com o vapor, o produto de fundo, também

conhecido como resíduo atmosférico (RAT), é descarregado pelo fundo da coluna e enviado a

coluna de destilação a vácuo. A temperatura inferior é limitada a 3500-400°C para evitar

coqueamento. Antes do forno atmosférico existe a torre de pré-flash, que é projetada

para recuperar a maior parte leves e uma parte da nafta leve. A corrente de fundo da torre de

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pré-flash é a corrente que vai para o forno, e em seguida para torre atmosférica (WATKINS,

1981).

Neste processo é comum a remoção de calor através de refluxos laterais, chamados

Pump Arounds (PARKASH, 2003). Para controlar o ponto inicial de ebulição do corte

fracionado, cada corrente lateral é mandada a uma coluna retificadora (stripper), que contém

um refervedor parcial ou uma injeção de vapor de água (PERRY, 1999).

Isso quer dizer que as strippers ajustam o produto removido até o ponto inicial de

ebulição desejado, o que garante a qualidade do produto retirado. A figura 6 mostra uma torre

com retificadoras laterais, mas não pertence a indústria do petróleo. A fração que não se

enquadra nessas especificações retorna à torre de destilação. A Figura 7 esquematiza a torre

de destilação atmosférica utilizada na refinaria REFAP S/A e a Figura 8 esquematiza uma

unidade de destilação atmosférica de petróleo.

Na Figura 7 os números das correntes indicam o estágio em que se encontram na

coluna, sendo que o condensador foi considerado como primeiro estágio. No total, a torre

possui 41 pratos com válvulas Glitsh de 2 polegadas e na região de sobrevaporizado usam-se

recheios Mellapack. Para cada seção tem-se o número de passe adequado para os pratos. Sua

altura total é de aproximadamente 57 metros com diâmetros inferior e superior de 4,5 e 7,5

metros, respectivamente. A Unidade ainda apresenta strippers, de 4 estágios com injeção de

vapor, nas correntes de diesel pesado, diesel leve, querosene e nafta pesada (REVISTA

CONTROLE & AUTOMAÇÃO, 2009).

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Figura 5 - Torre com retificadoras laterais.

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Figura 6 - Coluna de destilação atmosférica da REFAP S/A – Petrobras

FONTE:Revista Controle & Automação, 2009.

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Figura 7 - Fluxograma de uma unidade de destilação atmosférica FONTE:Parkash,2003.

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2.3.1 Caracterização do Petróleo

A análise completa para caracterização de um óleo bruto é chamada de Crude Assay,

“ensaio do cru”. Esta análise é mais detalhada do que uma curva PEV. O crude

assay completo contém alguns dos seguintes dados (PARKASH, 2003):

1. Todo sal do óleo cru, a densidade, a viscosidade, enxofre, os hidrocarbonetos leves

(Light-end), e o ponto de fluidez.

2. Uma curva PEV, uma curva das densidades médias por volume, assim para

viscosidade e enxofre também.

3. Análise dos leves, até C8 ou C9.

4. Propriedades das frações (naftas, querosenes, diesel, diesel pesado, vácuo,

gasóleos, e resíduos). As propriedades requeridas incluem rendimento como:

% em volume, a densidade, a viscosidade, o enxofre, o número de octanagem, índice

de diesel, ponto de fulgor, ponto de combustão, ponto de congelamento, ponto

de fumaça e ponto de fluidez.

5. Propriedades do lubrificante destilados, se o bruto é adequado para a fabricação

de lubrificantes.

6. Estudos detalhados das frações de várias propriedades e adequação para utilizações

finais diferentes.

Os cortes dos rendimentos são feitos utilizando a curva TBP (True Boiling Point –

Ponto de Ebulição Verdadeiro, PEV), ou a curva ASTM do petróleo (American Society for

Testing Materials - Sociedade Americana Para Testeis de Materiais), Figura 9 (PARKASH,

2003).

A divisão entre dois corte de rendimento se dá em uma margem, o ponto em que 95%

em volume de um corte leve vaporizou, e 5% de um corte pesado começou a vaporizar na

curva ASTM, nesse intervalo que se faz a separação dos cortes para formar dois produtos

laterais de propriedades diferentes. Para cada porcentagem de vaporizado tem-se uma

temperatura relacionada, portanto para 5% do corte pesado e 95% do corte leve de vaporizado

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tem-se uma temperatura, a diferença entre essas temperatura (T5%-T95%) é chamada de Gap

para valores positivos, e Overlap para valores negativos (WATKINS, 1981).

Figura 8 - Curva PEV de um óleo cru e seus cortes.

FONTE:Parkash, 2003

O método usado para construir uma curva PEV é por um ensaio de destilação batelada,

com muitos estágios (mais que 60) e alta razão de refluxo (mais que 5), medindo a

temperatura para várias frações de vaporizado. Portanto, para começar um projeto de uma

torre atmosférica é preciso caracterizar o petróleo bruto (PARKASH, 2003).

2.3.2 Heurísticos e Procedimentos para Projeto de Torre Atmosférica

Os procedimentos utilizados para a concepção de destilação atmosférica e a vácuo são

na maior parte empírica, pois o óleo cru é feito de um número muito grande de

hidrocarbonetos, partindo do metano até os asfálticos.

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São considerados os seguintes requisitos para o fracionamento. O fracionamento ideal

fica entre os cortes de 5% e 95% dos pontos de destilação ASTM, obtida através da curva

PEV, e convertida em ASTM D86 (atmosférica). Uma vez fixados os gaps como o parâmetro

de projeto, o gap ideal é convertido em um gap real. A diferença entre gap ideal e o gap

real requerido é o desvio. O desvio é diretamente correlacionado com o número de pratos e

de refluxo. Para torres atmosféricas têm-se de 25 a 35 bandejas entre a zona de flash e topo da

torre. O número de pratos em várias secções da torre depende das propriedades

de cortes desejados a partir do óleo bruto, como mostrado na Tabela 4.

Tabela 4- Número de pratos por seção de fracionamento

FONTE: Parkash,2003; Watkins, 1981

Pratos requeridos para destilação atmosférica de petróleo

Rendimentos Número de Pratos

Nafta Leve até Nafta Pesada 6 – 8

Nafta Pesada até Querosene 6 – 8

Querosene até Diesel Leve 8 – 11

Diesel Leve até Resíduo ATM (RAT) 4 – 6

Zona de Flash até Primeiro Prato de Fundo 4 – 5

Seção de Vapor de Retificação 4 – 6

Tabela 5 - Gap para cortes de rendimentos

FONTE:Watkins, 1981

Critério de fracionamento de produtos de destilação atmosférica

Rendimentos (T5% - T95%) [°F]

Nafta Leve até Nafta Pesada 30 gap

Nafta Pesada até Querosene 50 gap

Querosene até Diesel Leve 10 gap

Diesel Leve até Gasóleo Atmosférico (AGO) 10 gap

A queda de pressão admissível para as bandejas é de aproximadamente 0,1 -

0,2 psi, por bandeja. Geralmente, uma queda de pressão de 5 psi é permitida entre a zona

de flash e o topo da torre. A pressão da zona de flash é definida como a soma de pressão do

vaso de refluxo, e queda de pressão combinada através do condensador e bandejas acima da

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zona de flash. Também é permitida uma queda de pressão de 5 psi entre a zona de flash e de

saída do forno.

2.4 INTERNO DE TORRE

As unidades de separação são projetadas de acordo com o número de estágios de

equilíbrio, determinado a partir dos princípios da termodinâmica e/ou transferência de massa.

A eficiência desses estágios nas torres de separação depende do contato efetivo entre

correntes de fases diferentes, promovido por dispositivos internos tais como pratos ou

recheios. A escolha adequada do interno, o dimensionamento cuidadoso e a estimativa da

eficiência são imprescindíveis para o sucesso dos sistemas de separação (RAJAGOPAL,

2007).

Todos os dispositivos colocados no interior das torres de separação e que são

responsáveis pelo funcionamento são denominados internos de torres (figura 10). Os

principais internos são dispositivos ajustado hidraulicamente para promover o contato entre as

fases, tendo como objetivo o regime de escoamento ideal para melhor transferência de massa,

calor e momento, e esses internos podem ser Pratos ou Recheios.

Figura 9 - Principais tipos de torres de contato.

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37

Os pratos e recheios podem ser classificados em duas categorias:

Quanto ao modo de fluxo das correntes (figura 11):

Contracorrente (Pratos sem downcomers e Recheios)

Fluxo cruzado (Pratos com downcomers)

Quanto à fase contínua:

Gás (Recheio)

Líquido (Prato)

Figura 10 - Tipos de pratos: corrente cruzada e contra-corrente.

O Downcomer é uma espécie de chapa ou tubo junto ao costado da torre que leva o

líquido de um prato superior ao inferior. A figura 12 ilustra bem os pratos e o downcomers

dentro de uma torre.

Liquido

Vapor

Liquido

Vapor

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38

Figura 11 - Pratos e o downcomers dentro de uma torre.

Outros internos associados aos pratos e recheios, estão divididos em três seções: seção

de topo, seção intermediária e seção de fundo, e eles são os bocais, panelas de retirada,

distribuidores, eliminador de névoa e suportes. Atrelados a estes internos algumas dimensões

são de suma importância, como: espaço de separação líquido-vapor, volume de controle de

líquido, espaço para manutenção e etc. As principais diferenças de desempenho entre as torres

de pratos e de recheios estão ligadas ao comportamento hidrodinâmico das fases nestas torres

(CALDAS, 2007).

2.4.1 Pratos

Os primeiros dispositivos de contato, início do século XIX, foram os pratos com

borbulhadores, que na maioria das vezes eram superdimensionados, pois na época o

conhecimento era escasso. Com métodos mais confiáveis para outros tipos de dispositivos,

encarecimento do material, da mão-de-obra, da energia e o aparecimento de especificações

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39

mais rígidas fizeram com que pratos fossem substituídos por recheios, devido a maior

eficiência, maior capacidade e menor perda de carga (KISTER, 1992).

Os pratos perfurados foram usados pela primeira vez em 1832. Entretanto, até o início

de 1950, seu uso era muito raro. É um dos mais baratos dispositivos de contato, e também

apresenta uma baixa perda de carga.

Os pratos valvulados foram patenteados em maio de 1923, vindo ocupar uma faixa de

aplicação mais ampla que sobrepõe as faixas do prato com borbulhadores e do prato

perfurado. Os pratos valvulados são mais vantajosos do que os com borbulhadores, pois são

mais baratos, cerca de 70% do custo na atualidade, os projetos de torres de pratos, são, na

maioria das vezes, exclusivamente de pratos perfurados e/ou valvulados (figura 13)

(CALDAS, 2007).

Os pratos podem ser classificados em dois grandes grupos (MOURA, 1972), conforme

tabela 6:

Tabela 6 - Classificação dos pratos de uma coluna.

Pratos com Downcomers Pratos sem Downcomers

Valvulados Perfurados Borbulhadores

Flexitrays Comum (Sieve

Tray)

Bell-cap (circulares) Pratos Turbogrid

Ballast Jet Tray Tunnel-cap (retangular) Pratos Perfurados

Nutter Uniflux Pratos Ripple

(Ondulados)

Montz Pratos Kittel

Os pratos com downcomers reservam parte da área transversal da coluna para a

descida de líquido ao prato imediatamente inferior, por gravidade. A troca de massa e de calor

é promovida pelo borbulhamento do gás no líquido que escoa sobre o prato. O nível do

líquido é geralmente mantido por dispositivos chamados vertedores (CALDAS, 2007).

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Figura 12 - Downcomers e prato de 1 passe com válvulas. FONTE: Google Imagens

2.4.2 Recheios

As primeiras referências da utilização de recheio em torres foram em 1820, quando

bolas de vidro com 25 mm de diâmetro foram usadas em alambiques de álcool. Em 1847,

patenteou-se uma coluna de destilação recheada com coque. Naquele mesmo século obteve-se

sucesso com o emprego de elementos esféricos, e visando reduzir custos passou a usar formas

não-uniformes.

Com a mudança para formas randômicas descobriu-se uma má distribuição do líquido,

que é um problema grave, principalmente para torres de diâmetros maiores. Assim, nessa

época as aplicações eram poucas, como serviços corrosivos, tais como torres de ácido

sulfúrico, utilizando materiais cerâmicos como recheio (KISTER, 1992).

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Durante o período de 1950 a 1975 as torres recheadas (figura 14) tiveram um

renascimento para aplicações em destilação. Grandes empresas como a Koch-Glitsch, Sulzer,

Norton e outros ajudaram a desenvolver os recheios.

Figura 13 - Diferentes tipos de recheios

Nas torres recheadas, a fase líquida é dispersa no topo através da ação de um

distribuidor de líquido, escoando na forma de um filme líquido na superfície dos elementos de

recheio. A seção transversal da torre é completamente ocupada por estes elementos, formando

um leito poroso através do qual o líquido e o gás escoam em contracorrente. O contato

líquido-gás é feito de maneira contínua. O recheio cumpre a função de sustentar o filme da

fase líquida da mesma forma que permite um adequado contato entre as fases (CALDAS,

2007).

Os tipos de recheios mais usados são:

Recheios randômicos

Recheios estruturados

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42

2.4.3 Pratos x Recheios

Para uma escolha adequada do interno é importante saber que tipo de regime de

escoamento terá o seu projeto. Os regimes estão relacionados com vazões de líquido e vapor

e, consequentemente, com as condições que alteram estas vazões. Nas operações a vácuo,

temos uma volatilidade relativa alta e uma relação L/G (vazão líquido/vazão vapor) baixa,

resultando no regime spray, tornando a fase vapor contínua, proporcionando a escolha de

recheios. Por outro lado, nas operações com pressões mais elevadas, temos uma volatilidade

relativa baixa e uma relação L/G elevada, resultando no regime espuma, mantendo a fase

líquida contínua, sendo o prato o melhor dispositivo de contato para esse regime.

Quando um prato perfurado está em operação estável, o gás passa pelos orifícios e

penetra na camada bifásica de altura (hbi). A quantidade de movimento do vapor atinge seu

máximo quando o gás acelera através do seu orifício. A troca de quantidade de movimento do

gás com a camada de líquido no prato é crítica para a natureza da camada bifásica. Essa

camada é do tipo spray ou espuma (KISTER, 1992).

Com o surgimento dos pratos de alta capacidade aumentou o número de possibilidade

que o engenheiro dispõe na hora de fazer a escolha mais adequada em um projeto. O diagrama

da Figura 15, proposta por Bravo (1997), que era da Shell, mostra um diagrama de blocos que

pode ser usado de guia preliminar na escolha do tipo de interno mais adequado para diferentes

situações. Os casos de formação de espuma, arraste, sedimentos, corrosão, queda de pressão e

especialmente o parâmetro de fluxo (CALDAS, 2007).

X=L/G.[ρg/ρL]0.5

(Equação 1)

Onde: X = Parâmetro de fluxo

L = Vazão de líquido

G = Vazão de vapor

ρg = Massa específica do vapor

ρL = Massa específica do líquido

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43

Figura 14 – Diagrama para escolha preliminar do interno.

2.4.4 Escolha e dimensionamento de Pratos

A escolha do tipo de prato a ser usado é tão importante quanto a determinação de

número de estágios ou do seu projeto mecânico. Pratos com borbulhadores, valvulados ou

perfurados possuem características específicas, tais como perda de carga, capacidade,

flexibilidade, eficiência e custo, que serão responsáveis pela escolha do que melhor se adapta

ao projeto.

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44

A Tabela 7 e a figura 16 mostram as características dos pratos perfurados (sieve),

valvulados (valve), com borbulhadores (bubble-cap) e sem downcomers (dual-flow)

(KISTER, 1992).

Figura 15 – a) Pratos perfurados (sieve); b) Valvulados (valve); c) com borbulhadores (bubble-cap);

d) sem Downcomer (dual-flow).

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45

Tabela 7 - Comparação dos tipos de pratos mais comuns.

Tipo de Prato Perfurado Valvulado Bobulhador Sem Downcomers

Capacidade Alta Alta para muito Alta Moderadamente Alta Muito Alta

Eficiência Alta Alta Moderadamente Alta Inferior a outros tipos

Flexibilidade

Cerca de 2:1 (Não é

geralmente

adequada para

cargas menores da

de operação)

Cerca de 4-5:1 (em

casos especiais chega

até 10:1 ou mais)

Excelente, melhor

que pratos

valvulados. Bom

para vazões

extremamente baixa

de líquido

Baixa, sempre menor

que pratos perfurados.

Inadequado para

variações de cargas

Arraste Moderado Moderado

Alto, cerca de 3

vezes mais alto que

pratos perfurados

Baixo para moderado

Queda de

Pressão Moderada

Moderada. Os primeiros

projetos um pouco mais

altos. Projetos recentes

com queda de pressão

moderada

Alta Baixa para moderada

Custo Baixo Cerca de 20% mais alto

que pratos perfurados

Alto. Cerca de 2-3

vezes o custo de

pratos perfurados

Baixo

Manutenção Baixa Baixa para moderada Relativamente alta Baixa

Tendência de

Incrustação Baixa Baixa para moderada

Alta. Tende a

acumular sólidos

Extremamente baixa.

Adequada onde

incrustação intensa e

manuseio de lama.

Efeitos de

Corrosão Baixo Baixo para moderado Alta Muito baixa

Viabilidade

de

Informação

de Projeto

Bem conhecido

Proprietário, mas

informações

disponíveis.

Bem conhecido Algumas informações

disponíveis.

Principais

Aplicações

Maioria das colunas

quando a

flexibilidade não é

crítica.

1. Maioria das

colunas.

2. Serviço onde

flexibilidade é

importante

1. Condição

extremamente

baixa de fluxo.

2. Onde vazamento

deve ser

minimizado

1. Renovar capacidade

onde eficiência e

flexibilidade podem

ser sacrificadas.

2. Serviços altamente

corrosivo e

incrustante.

Participação

no Mercado 25% 70% 5% Sem informação

Outros

Algumas vezes ocorre

instabilidade em torres

de grande diâmetro (> 8

ft)

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46

Existem muitos tipos de pratos, cada qual específico para um determinado serviço. No

projeto ou na avaliação de torres de pratos, uma sequência lógica deve ser executada, tendo

como finalidade o dimensionamento ou obter as condições de operação mais econômicas. O

manual de dimensionamento de pratos valvulados da Glitsch encontra-se no Anexo A. A

sequência lógica para o dimensionamento dos pratos está descrita abaixo.

Obtenção das propriedades Físicas e Vazões dos Fluidos

Propriedades físicas:

Densidade do líquido e do gás.

Viscosidade do líquido

Tensão superficial

Vazões do líquido e do gás:

Máximas nas seções.

Mínimas nas seções.

Estimativa do Diâmetro da Torre e Espaçamento entre Pratos

Estimativa da área livre e perfurada.

Estimativa da área de downcomer.

Estimativa do espaçamento entre pratos.

Arranjos de Prato e Escolha dos Parâmetros

Escolha do borbulhador, furo ou válvula.

Escolha do arranjo do prato.

Escolha do número de passagens e do trajeto de líquido.

Estimativa de áreas, de redistribuição e morta.

Escolha da altura do vertedor de saída e da folga sob o downcomer.

Calcular o Desempenho do Prato

Condição de sopro.

Inundação por arraste.

Inundação por downcomer.

Gotejamento e descarga.

Arraste no ponto de operação/ Arraste excessivo.

Eficiência.

Perda de carga no ponto de operação.

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47

3. METODOLOGIA

3.1 CARACTERIZAÇÃO DO PETRÓLEO

A primeira etapa para a simulação do fracionamento de petróleo é a caracterização do

óleo cru. Para este projeto, utilizou-se o crude assay do petróleo da Venezuela (OPEP) Tia

Juana Leve, cujas propriedades se encontram nas Tabelas 8,9, 10 e 11 (WATKINS, 1981).

Tabela 8 - Dados total do Petróleo

Densidade

Massa Específica

°API

60/60

31,6

0,8676

Enxofre

Ponto de Fluidez

Massa, %

°F

1,08

-5

Água e Sedimentos

Teor de Sal, NaCl

Volume, %

Ptb

0,0

0,85

Pressão de Vapor

H2S (Dissolvido)

No. Neutro (D66 4)

psi

ppm

mg KOH/gm

4,9

0

0,11

Viscosidade:

Cinemática @ 70°F

100°F

cS

cS

16,1

10,2

Saybolt Universal @ 70°F

100°F

sec

sec

81,4

59,5

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Tabela 9 - Hidrocarbonetos Leves.

% no óleo cru Massa Volume

Metano - -

Etano 0,02 0,04

Propano 0,22 0,37

i-Butano 0,18 0,27

n-Butano 0,60 0,89

i-Pentano 0,56 0,77

n-Pentano 0,82 1,13

Total 2,4 3,47

Tabela 10 - Volume (%) de destilado x Temperatura (°F)

15/5 Ponto de corte, °F Total de destilado - % de volume do óleo cru

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

1,6 2 2,4

100 2,8 3,2 3,7 4,1 4,6 5,2 5,9 6,6 7,3 8

200 8,8 9,7 10,5 11,3 12,2 13 13,9 14,8 15,7 16,7

300 17,7 18,6 19,5 20,4 21,3 22,3 23,2 24,2 25,1 26,1

400 27 27,9 28,9 29,9 30,8 31,8 32,8 33,7 34,7 35,7

500 36,6 37,5 38,5 39,5 40,4 41,4 42,3 43,3 44,3 45,3

600 46,3 47,3 48,3 49,2 50,2 51,1 52 52,9 53,9 54,8

700 55,7 56,7 57,7 58,6 59,4 60,3 61,3 62,2 63 63,8

800 64,6 65,4 66,3 67,2 68 68,8 69,6 70,4 71,2 71,9

900 72,6 73,3 74,1 74,8 75,5 76,2 76,8 77,5 78,2 78,7

1000 79,3 79,9 80,5 81,1 81,6 82,1

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49

Tabela 11 - Volume (%) médio dos cortes x densidade relativa a 60°F x °API.

D60/60 V

médio

(%)

°API Cortes

(°C)

Na

fta

0,6581 3,8 83,5 20-70

0,7201 7,9 65,0 70-100

0,7440 11,4 58,7 100-120

0,7555 13,8 55,8 100-150

0,7624 15,3 54,1 120-150

0,7865 21,2 49,5 150-190

Qu

erose

ne

0,7874 22,5 48,2 150-205

0,7963 25,0 46,2 150-235

0,8100 28,9 43,2 150-280

0,8217 32,3 40,7 190-280

0,8222 32,4 40,6 205-265

Des

tila

do M

édio

0,8285 35,3 39,3 160-343

0,8324 36,7 38,5 150-370

0,8408 39,2 36,8 205-343

0,8473 41,4 35,5 265-310

0,8724 50,4 30,7 310-370

Gasó

leo

0,8877 55,7 27,9 343-400

0,8964 60,0 26,3 343-455

0,9059 64,6 24,7 400-455

0,9106 66,6 23,9 343-565

0,9224 72,5 21,9 455-510

0,9297 75,5 20,7 455-565

0,9383 79,2 19,3 510-565

Primeiro passo para a simulação foi a seleção de todos os componentes que estarão

presentes na simulação, portanto, a água e os hidrocarbonetos leves foram adicionados,

conforme Figura 17.

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50

Figura 16- Input dos componentes leves.

A seleção do pacote termodinâmico para ser utilizado na simulação é muito

importante, pois a precisão dos resultados tem forte influência da equação de estado utilizada

pelo simulador. Foi selecionada para a simulação deste projeto a equação de estado Peng-

Robinson, pois representa melhor o equilíbrio líquido-vapor de sistemas complexos e é ideal

para sistemas com hidrocarbonetos (SILVA, 2009).

Os dados característicos do petróleo venezuelano foram adicionados no simulador em:

Simulation Basis Manager - Oil Manager - Enter Oil Environment (Oil Characterization) -

Assay(Add...) - Input Data.

No campo Bulk Properties, adicionou-se o °API do petróleo e as viscosidades

cinemáticas citados na Tabela 8. No campo Assay Data Type foi escolhido o método da curva

de destilação como TBP; em Light Ends adicionou-se a composição dos hidrocarbonetos

leves; em Distillation adicionou-se os dados da Tabela 10; e em Density adicionou-se os

dados da Tabela 11. As Figuras de 18 – 21 representam estes inputs.

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51

Figura 17 - Bulk Properties.

Figura 18 – Input de dados no campo Ligh Ends.

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Figura 19 – Input de dados no campo Distillation.

Figura 20 - Input de dados no campo Density.

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Os componentes hipotéticos foram criados em Oil characterization – Cut/Blend – Add.

Nessa janela o usuário pode criar uma corrente de petróleo através de uma ou mais correntes

de petróleo, ou seja, um Blend de petróleo. Também, nessa janela tem a opção dos cortes dos

rendimentos do petróleo e a quantidade de componentes hipotéticos.

Foram criados 100 componentes hipotéticos, sendo 40 destes até 180°C, 20 de 180-

256°C, 20 de 256-360°C e mais 20 de 360-900°C, conforme Figura 22.

Figura 21 - Criação dos componentes hipotéticos.

Os cortes do petróleo foram selecionados de acordo com as temperaturas típicas que

os especificam como produtos comerciais. Para o corte de Nafta Leve 100% vaporizada a

temperatura final de corte foi de 127°C, Nafta Pesada 100% vaporizada a temperatura final de

corte foi de 180°C, para 100% vaporizado de Querosene a temperatura foi de 256°C e para

90% de vaporizado de Gasóleo a temperatura foi de 360°C.

O Gasóleo é o Diesel leve e pesado juntos no mesmo rendimento (256-360°C), e será

o Diesel futuro da Petrobras com a especificação de T90%=360°C, assim como o Diesel S-50.

A Figura 23 mostra os rendimentos de cada corte.

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54

Figura 22 - Rendimentos de cada corte.

Na aba Install Oil, conforme a Figura 24, criou-se uma corrente material de entrada

com todas as informações do petróleo, assim como as frações molares dos componentes

hipotéticos (Tabela 12).

Figura 23 - Criação da corrente de entrada.

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Tabela 12 - Frações Molares dos componentes leves e hipotéticos do petróleo

Ci Zi Ci Zi Ci Zi Ci Zi

H2O 0,0000 NBP[1]122* 0,0053 NBP[1]209* 0,0087 NBP[1]331* 0,0075

C2 0,0012 NBP[1]125* 0,0051 NBP[1]212* 0,0086 NBP[1]337* 0,0073

C3 0,0109 NBP[1]128* 0,0054 NBP[1]216* 0,0086 NBP[1]342* 0,0071

i-C4 0,0067 NBP[1]131* 0,0084 NBP[1]220* 0,0085 NBP[1]347* 0,0069

n-C4 0,0229 NBP[1]134* 0,0088 NBP[1]224* 0,0084 NBP[1]352* 0,0069

i-C5 0,0170 NBP[1]137* 0,0090 NBP[1]227* 0,0082 NBP[1]357* 0,0070

n-C5 0,0253 NBP[1]140* 0,0091 NBP[1]231* 0,0081 NBP[1]373* 0,0342

NBP[1]43* 0,0037 NBP[1]143* 0,0090 NBP[1]235* 0,0080 NBP[1]400* 0,0299

NBP[1]47* 0,0037 NBP[1]145* 0,0086 NBP[1]239* 0,0078 NBP[1]428* 0,0258

NBP[1]51* 0,0036 NBP[1]148* 0,0085 NBP[1]243* 0,0076 NBP[1]454* 0,0227

NBP[1]54* 0,0074 NBP[1]151* 0,0084 NBP[1]246* 0,0074 NBP[1]481* 0,0192

NBP[1]59* 0,0086 NBP[1]154* 0,0083 NBP[1]250* 0,0073 NBP[1]508* 0,0165

NBP[1]62* 0,0095 NBP[1]157* 0,0081 NBP[1]254* 0,0072 NBP[1]535* 0,0137

NBP[1]66* 0,0100 NBP[1]160* 0,0080 NBP[1]259* 0,0097 NBP[1]561* 0,0108

NBP[1]70* 0,0105 NBP[1]163* 0,0079 NBP[1]264* 0,0095 NBP[1]590* 0,0090

NBP[1]74* 0,0109 NBP[1]167* 0,0078 NBP[1]269* 0,0094 NBP[1]616* 0,0081

NBP[1]78* 0,0108 NBP[1]170* 0,0077 NBP[1]274* 0,0093 NBP[1]643* 0,0061

NBP[1]82* 0,0106 NBP[1]173* 0,0076 NBP[1]279* 0,0092 NBP[1]670* 0,0049

NBP[1]86* 0,0109 NBP[1]176* 0,0076 NBP[1]285* 0,0090 NBP[1]697* 0,0050

NBP[1]90* 0,0115 NBP[1]179* 0,0075 NBP[1]290* 0,0088 NBP[1]723* 0,0039

NBP[1]94* 0,0122 NBP[1]182* 0,0094 NBP[1]295* 0,0088 NBP[1]751* 0,0026

NBP[1]98* 0,0143 NBP[1]186* 0,0092 NBP[1]300* 0,0088 NBP[1]779* 0,0023

NBP[1]102* 0,0170 NBP[1]189* 0,0090 NBP[1]305* 0,0087 NBP[1]804* 0,0022

NBP[1]106* 0,0177 NBP[1]193* 0,0089 NBP[1]311* 0,0086 NBP[1]831* 0,0016

NBP[1]110* 0,0138 NBP[1]197* 0,0088 NBP[1]316* 0,0084 NBP[1]859* 0,0012

NBP[1]114* 0,0105 NBP[1]201* 0,0088 NBP[1]321* 0,0082 NBP[1]962* 0,0008

NBP[1]118* 0,0081 NBP[1]205* 0,0088 NBP[1]326* 0,0078

Os nomes dos componentes hipotéticos foram criados seguindo o padrão

(NBP[0]xxx*), sendo o “xxx” a temperatura (°C) normal de ebulição dos componentes

hipotéticos.

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56

3.2 SIMULAÇÃO NO UNISIM

Utilizaram-se heurísticos e valores recomendados encontrados na literatura para os

dados das correntes de processo e, para as especificações da torre. A Tabela 13 mostra os

valores usados nas correntes do processo.

O primeiro passo é definir a pressão de operação no condensador, lembrando que o

fluido de resfriamento utilizado no condensador é água na temperatura ambiente, que depende

da época do ano, e pode variar de 20 a 33°C, no Rio de Janeiro. A pressão deve ser um pouco

acima da atmosfera, 0,5 Kgf/cm² (manométrica) acima, para condensar uma quantidade maior

dos mais leves. Assim a pressão definida foi de 150 KPa no condensador. Do condensador até

o primeiro prato adotou-se o valor recomendado de perda de carga de 50 KPa, logo a pressão

no topo da torre é de 200KPa. Sabendo que uma torre real tem de 38 até 52 pratos do topo até

a zona de flash, e que a perda de carga aceitável por prato é de 0,15 psi, calculou-se a pressão

na zona de flash utilizando 42 pratos, 250 KPa (∆P=50 KPa da zona de flash ao prato 1). Da

zona de flash até o fundo utilizou-se mais 4 pratos, portanto a pressão no fundo da torre

calculada foi 255 KPa. A vazão inicial de petróleo vindo do limite de bateria é de

100.000 barris/dia, após a bateria de pré-aquecimento e dessalgação, em seguida a corrente

segue para o vaso separador (pré-flash) com 170 °C e 300 KPa. Utilizou-se o vaso separador

para que somente a parte líquida seja pressurizada na bomba, para evitar que os leves não

sejam super aquecidos no forno e evitar problemas de metalurgia no forno. A corrente líquida

separada no vaso segue para a bomba, pois a pressão do petróleo à 300 KPa não é suficientes

para passar pelas baterias de trocadores de calor, forno, válvulas, joelhos e perda de carga por

atrito, portanto, a bomba eleva sua pressão para 3000 KPa. Perda de carga no trocador de

calor mais forno chega a 2700 KPa, e mais 50 para válvulas, joelhos e atritos. Com isso a

corrente de Óleo Cru chega na zona de flash com 250 KPa. Para as vazões de vapores de

retificação utilizaram-se os valores práticos, conforme a Tabela 13. Assim, montou-se o

processo para levar o petróleo até a pressão e temperatura adequada para a zona de flash,

conforme a Figura 25. Na figura 25 a torre apresenta como ilustração padrão um reboiler, mas

o reboiler não está presente na simulação.

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57

Tabela 13 - Dados das correntes de processo.

Dados de Entrada

Corrente Temperatura

(°C)

Pressão

(KPa)

Vazão

(barril/dia)

Vazão

(Kg/h)

Petróleo L.B. 170,0 300 100.000 -

Preflash Vap 170,0 300 - -

Preflash Liq 170,0 300 - -

Pump-TC - 3000 - -

TC-Forno 280,0 2900 - -

Forno-Válvula 360,0 300 - -

Óleo Cru - 250 - -

Vap Ret T-atm 300,0 300 - 9000

Vap Ret AGO 300,0 300 - 2500

Vap Ret Quero 300,0 300 - 2000

Vap Ret NP 300,0 300 - 1500

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58

Figura 24 – Fluxograma de Processo.

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59

Na torre de fracionamento de petróleo não existe refervedor, portanto a torre utilizada

no UniSim foi a absorvedora com condensador. Para a simulação, utilizou-se o número de

estágios teóricos (34), sendo a zona de flash o prato 32, onde entra a corrente de óleo cru. A

corrente Preflash Vap entra na torre no 31º estágio e o vapor de retificação entra no fundo

(estágio 34). O condensador é parcial e trifásico (retirada de Água Residual, Gás e Nafta

Leve), e no fundo a corrente é de Resíduo Atmosférico (RAT). As pressões de fundo, topo e

condensador são as primeiras condições do projeto de torre. A figura 26 mostra os valores

definidos anteriormente.

Figura 25 - Conexões de correntes materiais e energéticas da torre.

A temperatura do condensador foi adotada como uma especificação. Vazões e razão

de refluxo também ficaram em aberto. Para este projeto utilizou-se 3 torres laterais de

Strippers, para Nafta Pesada, Querosene e outra para o Gasóleo Atmosférico (AGO). Cada

Stripper lateral tem 4 pratos e uma correntes de vapor de retificação, sendo Vap Ret NP para a

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Stripper de Nafta Pesada, Vap Ret Quero para a Stripper de Querosene e Vap Ret AGO para a

Stripper de Gasóleo. Cada Stripper retira líquido de um estágio e volta com vapor no estágio

anterior, conforme a Figura 27.

Figura 26 - Torres de Stripper.

Os Pump Around são instalados conformes as retiradas das Strippers, portanto cada

Pump Around sai de um estágio e volta ao anterior com o ∆T indicado na figura 28.

Figura 27– Pump Arounds

Como último passo para rodar a simulação é preciso fixar algumas especificações até

atingir o número de graus de liberdade igual a zero. Em Design – Monitor – Add Specification

é possível adicionar as especificações requeridas. Para o Pump Around 1, 2 e 3 especificou-se

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a carga retirada, e com isso a vazão a ser estimada. Para os três Pump Around a carga térmica

a ser retirada foi de -4.0x107 KJ/h. A temperatura de corte, que determina a qualidade

requerida dos produtos fracionados, é a principal especificação de cada produto:

Nafta Leve (100% vaporizado) - T=127 °C

Nafta Pesada (100% vaporizado) - T=180 °C

Querosene (100% vaporizado) - T=256 °C

Gasóleo (90% vaporizado) - T=360 °C

Utilizou-se também como especificação a temperatura do condensador (T=38 °C). Assim,

atingiu-se o número zero de graus de liberdade, conforme Figura 29.

Figura 28 - Especificações da torre

A Figura 30 representa o ambiente de torre, mostrando com mais detalhes a torre, os

Pump Arounds, as Strippers e o condensador trifásico.

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Figura 29 - Ambiente da torre.

Foi estimada a eficiência dos pratos de cada seção e foram incluídos no simulador os

números de passe dos pratos de cada seção, conforme Tabela 14 e Figuras 31 e 32.

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Tabela 14 - Nº de passes dos pratos de cada seção.

Seções (pratos) Nº de

Pratos

Teóricos

Nº de

Pratos

Reais

Eficiência Nº de Passe

Topo – NP (1 – 7) 7 10 0,7 2

PA_1 (8) 1 4 0,3 4

NP – Querosene (9 – 17) 9 10 0,9 2

PA_2 (18) 1 4 0,3 4

Querosene – AGO (19 – 25) 7 8 0,9 2

PA_3 (26) 1 4 0,3 4

AGO – ZF (27 – 31) 5 6 0,8 2

Fundo (32 – 34) 3 6 0,5 4

Figura 30- Eficiência da coluna.

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Figura 31 - N° de passes da torre.

Ajustaram-se as vazões de vapor de retificação e a porcentagem de sobrevaporizado

(Overflash) conforme os critérios da Tabela 15.

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Tabela 15 – Critérios para ajuste de vazão de vapor de retificação e vazão de sobrevaporizado.

Vazão Relação

Overflash (OF) OF = F(std, tray 31).6,282(B/m³).24(h/d) ≈ 5% da vazão de cru

(100.000 B/d); [F, std] = Vazão Standard, 60°F, m³/h

Vap Ret T-atm Fatm≈F(std, fundo torre).30; [Fatm]=m³/h

Vap Ret Side Splitter

(SS) FSS≈F(std, fundo SS).20; [FSS]=m³/h

O overflash é regulado pela leitura da vazão (Standard, 60°F) no prato 31 com a

variação da temperatura de saída do forno logo, ao aumentar esta temperatura, mais vapor

entra na zona de flash (ZF) e, consequentemente, mais líquido desce no prato acima da zona

de flash. As vazões Standard podem ser observadas na Figura 33.

Figura 32 – Gráfico de fluxo x posição do prato no Unisim.

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Foram verificadas e ajustadas as energias retiradas dos pump around e do

condensador, pois existe uma relação prática entre eles.

3.3 DIMENSIONAMENTO NO KG-TOWER

O software KG-Tower é gratuito, com download disponível no site da Koch-Glitsch.

O programa vem com pacotes de cálculo para recheios e pratos. Dentro do projeto de pratos

existem opções para a escolha do seu tipo. Para este projeto, foram escolhidos pratos

valvulados, com válvula V-1. O programa segue a metodologia do manual da Glitsch descrito

no anexo A.

Primeiramente, a torre foi dividida em 8 seções, pois cada uma apresenta uma

característica de hidráulica. Dentro de cada seção, os pratos possuem vazões regulares. Assim,

os dimensionamentos dos pratos são por seções, e não prato-a-prato.

Para o dimensionamento dos pratos foram verificadas as maiores vazões volumétricas

reais de vapor e líquido (Figura 34) para cada seção, pois o prato com maior volume é o prato

dimensionante, e gera o diâmetro da seção. Torres atmosféricas possuem diâmetro constante

do topo até a zona de flash. Da zona de flash até o fundo, diminui-se o diâmetro para ajustar o

volume e a velocidade do vapor de retificação (capacity fator) que sobe em fluxo cruzado

com o líquido do RAT; também aumenta-se o passe para 4 a fim de atender a grande vazão de

líquido que desce, evitando inundação de downcomers e gotejamento pelas válvulas

(wepping).

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Figura 33 - Gráfico de vazão x posição do prato no KG-Tower.

Ao analisar a Figura 34 foram observadas 8 seções com vazões regulares dentro de

cada uma. Montou-se uma configuração de 8 seções (Figura 35), avaliando-se os parâmetros

necessários para o dimensionamento no KG-Tower (Figura 36).

Figura 34 – Configuração com 8 seções.

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Figura 35 – Parâmetros para dimensionamento no KG-Tower.

Pelo gráfico da Figura 34 observaram-se 2 grupos com regime de escoamento

similares. O primeiro grupo corresponde aos picos de vazões dos pump around observados

nos pratos 8, 18 e 26. Todos eles apresentam comportamentos parecidos, exceto na seção de

fundo, pois seu diâmetro é reduzido para compensar a grande quantidade de líquido que desce

e a pouca presença de vapor de retificação. O segundo grupo corresponde às seções com

vazão de líquido menor que a vazão de vapor. Dentre as maiores vazões do grupo 1 o prato 18

tem o maior (L+G), e dentre o grupo 2, o prato 19. Assim, com os dois pratos com as maiores

vazões e diferentes regimes, analisou-se o diâmetro ideal para a torre e, o passe ideal.

A Figura 37 mostra a interface do KG-Tower para os inputs dos parâmetros

necessários para o dimensionamento.

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Figura 36 – Input de Parâmetros no KG-Tower.

Selecionou-se o projeto de pratos em Select Design – Trays (Figura 38). Escolheram-

se pratos valvulados em tray type. Para o espaçamento entre pratos (tray spacing) utilizou-se

o valor prático de 24” (609,6 mm). O tipo de válvula selecionado foi V-1(tipo A).

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Figura 37 – Projeto de pratos no KG-Tower

Em tools – Estimate Tower Diameter foi estimado o diâmetro da torre. Para os limites

de inundação (Jet Flooding e Downcomer Flooding) utilizaram-se valores práticos de 80%. O

downcomer utilizado é reto (Straight), sem inclinação, mantendo-se a área e outras dimensões

constantes de cima a baixo. Em seguida, estimaram-se os valores dimensionais do downcomer

em tools – Estimate Downcomers (Figura 39).

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Figura 38 – Estimativa dos valores dimensionais do downcomer.

O cálculo da altura da torre é descrita pela equação abaixo:

Htorre = htopo + htray + hzf + htronco + hfundo (Equação 2)

Onde:

htopo = altura do primeiro prato até o bocal de saída de topo

htray = TS*[(Ntray, topo - 1)+(Ntray, fundo – 1)]; TS = espaçamento entre pratos; Ntray=

número de pratos (topo e fundo).

hzf= altura da zona de flash, da seção de tronco cone até o primeiro prato acima da ZF

htronco = tan(60°)*[(Dmaior – Dmenor)]/2= altura da seção de tronco cone com inclinação

de 60°

hfundo = do ultimo prato até o bocal de saída do RAT

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4. RESULTADO E DISCUSSÃO

4.1 CARACTERIZAÇÃO DO PETRÓLEO

A Figura 40 mostra o resultado da curva de destilação atmosférica do petróleo

utilizado. A curva utiliza os dados iniciais e os componentes hipotéticos gerados e, compara

com os métodos TBP e ASTM D86.

Figura 39 - Curva de Destilação atmosférica.

Para este projeto utilizamos o rendimento do novo Diesel S-50, seguindo padrões de

qualidade Petrobras.

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O novo Diesel está na faixa do Gasóleo Atmosférico (AGO). A Figura 41 mostra as

faixas de temperatura de corte e seu volume líquido destilado. O rendimento na fracionadora

atmosférica vai até o corte final do gasóleo atmosférico. O resíduo atmosférico (RAT)

corresponde a aproximadamente 45% do petróleo, pois se trata de um petróleo leve. O resíduo

é encaminhado para a torre de destilação a vácuo, onde são processados componentes mais

pesados.

Figura 40 - Distribuição de corte.

4.2 SIMULAÇÃO NO UNISIM

O gráfico da Figura 42 mostra a composição de cada corrente produzida em relação a

temperatura normal de ebulição de cada composto hipotético. Analisando o gráfico, observa-

se uma concentração maior dos componentes leves na corrente de Gás e, componentes

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pesados na corrente de resíduo atmosférico. A temperatura de 100 °C corresponde ao

componente H2O, presente na corrente de Nafta Leve e Nafta Pesada.

Figura 41 – Gráfico de fração molar dos hipotéticos x T de ebulição, para cada corrente.

Outra corrente de saída da torre é a de Água Residual, que apresentou uma

porcentagem de recuperação de vapor d’água de 97,56% (Figura 43).

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Figura 42 - Vazões de correntes de entrada e saída da torre (m3/h).

Analisando a Figura 43, observa-se uma vazão de RAT de 304 m³/h, ou seja, 48% da

vazão de óleo cru. O gasóleo segue como a segunda maior vazão. O comportamento da

distribuição de rendimento se assemelha ao perfil de rendimento inicial da curva ASTM D86.

O gráfico da Figura 44 mostra mais claramente este perfil.

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Figura 43 - Gráfico das vazões mássicas dos componentes.

Na figura 45 observa-se uma queda de temperatura nos pratos de fundo (32, 33 e 34).

Isto ocorre, pois o líquido RAT desce com escoamento contra corrente a um vapor d’água

mais frio e a alta pressão, arrastando os componentes mais voláteis ainda presentes no

resíduo, e com isso retirando parte de sua massa e calor latente.

Os pratos das retificadoras estão descritos abaixo:

Pratos 35 a 38: nafta pesada;

Pratos 39 a 42: querosene;

Pratos 43 a 46: gasóleo.

Os vapores de retificação roubam o calor latente, vaporizando e resfriando o líquido

descendente da retificadora, provocando a redução de temperatura.

T=38°C P=150KPa

T=38°C P=150KPa T=38°C

P=150KPa

T=266°C

P=243KPa

T=185°C P=230KPa

T=123°C

P=214KPa

T=366°C P=255KPa

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A queda de temperatura do prato 1 (topo da torre) para o prato zero (condensador) é

proposital, visto que a temperatura do condensador é uma especificação inicial.

Figura 44 - Gráfico de temperatura x posição do prato.

A Figura 46 mostra as vazões de vapor e líquido de cada prato em condições padrões

(Standard, 60°F e 14.7psia), importante para a verificação das vazões de vapores de

retificação e de sobrevaporizado (overflash). O overflash bem ajustado garante que o primeiro

prato acima da zona de flash esteja sempre “molhado”, evitando o coqueamento em sua

superfície.

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Figura 45 - Gráfico de vazão x posição do prato (standard).

A Figura 47 é a mais importante para o dimensionamento dos internos, pois apresenta

os perfis hidráulicos da torre e uma noção das seções a serem dimensionadas. Neste caso, ao

contrário da figura anterior, as vazões são nas condições de temperatura e pressão da torre.

A principal observação a ser feita sobre o perfil hidráulico são os picos acentuados,

indicando o grande volume de líquido que retorna dos pump arounds, dando uma clara

evidência da necessidade de pratos com maior passe, para diminuir a vazão de líquido nos

pratos e evitar inundação nos downcomers. O mesmo ocorre na seção de fundo da torre,

devido a grande diferença de volume entre vapor e líquido. Além do aumento de passe nos

pratos, uma redução de diâmetro no fundo da torre é necessária, pois com pouca vazão de

vapor no fundo e uma área grande, a velocidade do vapor diminuiria, aumentando as chances

de ocorrer wepping (gotejamento), ou seja, passagem de líquido pelas válvulas.

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Figura 46 - Gráfico de vazão real x posição do prato.

4.3 DIMENSIONAMENTO NO KG-TOWER

Para um correto dimensionamento e melhor eficiência dos pratos, é necessário

conhecer os processos físicos que ocorrem na superfície do prato. Estes processos definem

critérios hidráulicos para evitar inundação nos downcomers, arraste de gotas para o prato

superior devido a velocidade excessiva de vapor e/ou líquido, gotejamento através das

válvulas, pequeno ou excessivo tempo de residência de contato entre vapor e líquido nos

downcomers, escoamento preferencial, elevada perda de carga, entre outros.

Os principais critérios são:

Downcomer flood: velocidade de líquido máxima para evitar inundação do

downcomer por insuficiência de área. Valor limite seguro de 80%. Acima deste o

líquido pode retornar ao prato superior, perdendo a eficiência.

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Entrainment (Jet) Flood: significa velocidade excessiva de vapor; gotículas são

arrastadas para o prato superior. O percentual definido com folga evita este fenômeno.

(80% o valor típico)

Downcomer Backup: não depende da área do downcomer. Depende do ∆P no prato,

∆P na folga sob o downcomer e do nível de líquido no prato. O fenômeno é o retorno

de líquido arejado pelo downcomer.

Downcomer Exit Velocity: Velocidade na saída do Downcomer, regulado pela sua

folga (altura da passagem do líquido).

Dry Tray Pressure Drop: Perda de carga pelas válvulas secas, sem a camada de

líquido.

Total Tray Pressure Drop: Perda de carga pelas válvulas secas e molhadas (com

camada de líquido).

Os pratos foram dimensionados de forma a equilibrar todos estes parâmetros, e os

ajustes das dimensões e dos passes levou ao projeto ideal para esta torre.

Além das figuras abaixo foram feitos relatórios com as dimensões dos pratos e os

parâmetros calculados. Esses relatórios se encontram no Anexo B.

O Prato 19 é o dimensionante das zonas de 2 passes (seção de Nafta Pesada,

Querosene e AGO), e seus resultados de hidráulica e dimensionamento se encontram nas

Figuras 48 e 49.

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Figura 47 – Parâmetros do prato 19.

Figura 48 – Dimensões do prato 19.

A Figura 50 mostra o esquema das dimensões do prato de 2 passes.

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Figura 49 - Esquema das dimensões do prato de 2 passes.

O Prato 18 é o dimensionante das zonas de 4 passes (seção de troca térmica), e seus

resultados de hidráulica e dimensionamento se encontram nas Figuras 51 e 52.

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Figura 50 - Parâmetro do prato 18.

Figura 51 – Dimensões do prato 18.

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A Figura 53 mostra o esquema das dimensões do prato de 4 passes.

Figura 52 - Esquema das dimensões do prato de 4 passes.

O prato 32 é o dimensionante das zonas de 4 passes (seção de fundo, diâmetro

reduzido), e seus resultados de hidráulica e dimensionamento se encontram nas Figuras 54 e

55.

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Figura 53 - Parâmetro do prato 32.

Figura 54 – Dimensões do prato 32.

A Tabela 16 representa o dimensionamento final da torre com 8 seções.

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Tabela 16 - Dimensionamento final da torre.

Seção Nº Pratos Passes Diâmetro (m) Altura

(m)

1(NL-NP) 10 2 6 7,0

2(PA_1) 4 4 6 2,4

3(NP-Quero) 10 2 6 6,1

4(PA_2) 4 4 6 2,4

5(Quero-AGO) 8 2 6 4,9

6(PA_3) 4 4 6 2,4

7(AGO-ZF) 6 2 6 3,7

8(ZF-tronco-Fundo) 6 4 3 10,5

Total 52

39,5

Espaçamento entre pratos (m) 0,6096

Redução tronco-cone (graus) 60

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5. CONCLUSÕES

Todas as simulações e cálculos convergiram, e os resultados estão dentro do esperado.

As dimensões estão coerentes para um petróleo leve com vazão de 100.000 barris/dia, uma

vazão de refinaria de médio porte.

Durante este trabalho, pode-se concluir que simulação, ensaios laboratoriais,

heurísticos e, boas práticas são as ferramentas essenciais para um projeto. Só a simulação e

sua modelagem não fornecem os resultados ideais. É necessário também o uso de equações

empíricas, heurísticos e testes de bancada para atingir o melhor resultado.

Na graduação aprendemos equações de estados termodinâmicas, métodos de cálculo

de estágio teórico e fundamentos de destilação, mas ao realizar este projeto observou-se a

grande influência do dimensionamento dos dispositivos de contato, pois estes são os

responsáveis por toda a troca térmica e de massa em uma destilação. A hidráulica destes

dispositivos é tão importante quanto os cálculos de estágio de equilíbrio, pois um mau

dimensionamento afetará todo o projeto.

Portanto, um projeto de uma torre de petróleo atmosférica será sempre único. O

petróleo é função do tempo e nunca terá as mesmas características de outro petróleo. A

demanda por combustíveis, óleos e petroquímicos também varia de país a país, e no tempo.

Todas estas variáveis tornam um projeto de torre atmosférica de petróleo complexo,

desafiador e original.

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6. SUGESTÕES

Sugestões para trabalhos posteriores:

Otimização da simulação com integração energética. Promover o maior

aproveitamento térmico dos pump arounds e das baterias de trocadores de calor;

Dimensionamento de bocais, panelas de retirada, distribuidores, eliminador de névoa e

suportes;

Estimativa de custos da planta e estudo de viabilidade econômica do projeto;

Simulação da termofluidodinâmica dos pratos com software de CFD.

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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFIAS

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APÊNDICES

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APÊNDICE 1 – Figuras representativas do projeto

Figura 55 - Dimensões do prato de 2 passes.

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Figura 56 - Dimensões do prato de 4 passes.

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Figura 57 - Projeto da Torre

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ANEXOS

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ANEXO A

Procedimento de projeto de prato valvulado segundo o

manual da Glitsch

1. Fator de Inundação (Flood Factor – FF)

82% -> Valor Máximo recomendado para 100% da capacidade de operação.

Ex: 125% da taxa de operação implicam em 0,82/1,25 -> 66% de FF.

77% -> Para torres a vácuo.

*O FF entre 65-75% pode ser usado para colunas com diâmetros abaixo de 36”.

2. Velocidade no Downcomer (Downcomer Design Velocity - VDdsg)

[VDdsg]=gpm/ft2 TS-> Espaçamento entre pratos (Tray Spacing)

[TS]=inches

VDdsg=250.FatorSistema (2a)

VDdsg=41.( DL-DV)1/2

.FatorSistema (2b)

VDdsg=7,5.(TS)1/2

. ( DL-DV)1/2

.FatorSistema (2c)

*usar o menor valor entre (2a), (2b) e (2c)

*Para diferente fatores de sistemas usar Tabela 17 ou Figura 59 (Table 1a ou Figure 4 do

manual da Glitsch).

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Tabela 17 - Fatores do sistema de downcomer.

Figura 58 - Perfil de Velocidade do downcomer.

3. Fator de Capacidade do Vapor (Vapor Capacity Factor - CAF)

CAF=CAF0.FatorSistema (Equação 3)

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O fator de sistema usado na equação 3 é dado na Tabela 18 (table 1b) e CAF0 é obtido

nas Figuras 60 e 61 (Figure 5a e 5b do manual da Glitsch).

Figura 59 - Capacidade de vazão dos pratos (a).

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Figura 60 - Capacidade de vazão dos pratos (b).

Tabela 18 - Fatores dos Sistemas.

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4. Carga de Vapor (Vapor Load - VLoad)

VLoad=CFS.(DV/(DL-DV))1/2

(4)

onde: CFS=Vazão Volumétrica de Vapor (Cubic Feet per Second), ft3/s

5. Diâmetro aproximado da Torre

Comprimento do trajeto do líquido (Flow Path Length - FPL)

A Figura 62 (figura 6 do manual da Glitsch) é usada para obter aproximadamente o diâmetro

de torre, baseado em TS=24” e 80% de Inudação.

FPL=9.DT/NP (5)

onde: [FPL]=inches

[DT]=Diâmetro da Torre, feet

[NP]=Número de passes

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Figura 61 - Diâmetro dos pratos.

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Área Ativa Mínima (Active Area - AAM)

AAM=(VLoad+(GPM.FPL/1300))/(CAF.FF) (5a)

onde: VLoad=Carga de Vapor para qualquer prato na seção

GPM=Carga de liquid para o mesmo prato

AAM=Área ativa mínima, ft2

CAF=Fator de capacidade da equação 2a

FF=Fator de Inundação ou percentual de inundação de projeto, fractional

Área Mínima do Downcomer (ADM)

ADM=GPM/(VDdsg.FF) (5b)

onde: VDdsg=Velocidade de projeto no Downcomer, gpm/ft2

ADM=Área mínima de Downcomer, ft2

*se ADM<0,11.AAM (ADM=2.ADM ou ADM=0,11.AAM) usar o maior valor

Área Mínima da Torre (ATM)

ATM=AAM+2.ADM ou (5c)

ATM=VLoad/(78.CAF.FF) (5d)

onde: ATM=Área mínima da torre, ft2

*Usar o maior valor.

DT=(ATM/0,7854)1/2

(5e)

*Arredondar DT para cima para calcular o verdadeiro AT

AT=0,785.DT2 (5f)

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Capacidade Máxima de Projeto (AD)

AD=AT.ADM/ATM (5g)

onde: AD=Área total do Downcomer, ft2

AT=Área atual da torre, ft2

ADM=Área mínima de Downcomer da equação 5b

ATM=Área minima da torre da equação 5d

*se AD≥0,1.AT (AD=2.ADM ou AD=0,1.ADM) usar o menor valor

Larguras do Downcomer (Hi)

H1, H3, H5 e H7 são usados para designar as larguras, em polegadas, do lado, no centro,

fora do centro e fora do lado, respectivamente. As áreas correspondentes ao topo destes

downcomers são A1, A3, A5 e A7, respectivamente. Ver Figura 63 (Figure 7 do manual da

Glitsch).

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Figura 62 - Esboço dos pratos

Hi=WF.AD/DT (5h)

onde: Hi=Largura do Downcomer individual, inches

AD=Área total do Downcomer, ft2

DT=Diâmetro da torre, ft

WF=Fator de largura da table 2

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Correlação de Hi e ADi em arco-cosseno

ADi=(DT2/2).arcos((DT/2 – x)/(DT/2)) – (DT/2 – x).(DT.x – x

2)1/2

(5i)

Li=2. (DT.x – x2)(1/2)

(5j)

onde: ADi=Área do segmento circular.

x ou Hi= Distância da corda ao ponto mais distante do arco.

Li= Comprimento da corda ou Downcomer

OBS: Li pode ser igual a Lwi (Comprimento do vertedor)

FPL=(DT – (2.H1+H3+2.H5+2.H7))/NP (5k)

onde: NP= Número de passes

A largura (Hi) do Downcomer é ajustada para dar um FPL modular.

FPL=n.1,5” + 8,5” achar n=(FPL – 8,5”)/1,5”

Logo,

FPL=n.1,5” + 8,5” *arredondar para cima

FPL=(n-1).1,5” + 8,5”

Checar o FPL modular ajustando a largura (Hi) dos Downcomers:

FPL.NP + 2.H1 + H3 2.H5 + 2.H7=DT

Calcular os ADi e Li com os novos Hi ajustados.

6. Área de Downcomer (AD)

ADi=Hi.SF.DT/12 ; i=3, 5 e 7 (6)

onde: ADi=Area do Downcomer individual, ft2

Hi=Largura do Downcomer individual, inches

SF=Fator de arcada, fracionário, Table 3

DT=Diâmetro da torre, ft

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7. Área Ativa (Active Area - AA)

AA=AT – (2.AD1+AD3+2.AD5+2.AD7) (7a)

AA=AT – 2.(ADavg) (7b)

Onde ADavg é a média das áreas de downcomer de pratos pares e ímpares.

8. Percentagem de Inundação a Razão Constante de V/L

%Flood=(Vlood + (GPM.FPL/1300))/(AA.CAF).100 (8a)

%Flood=((AAM.FF)/AA).100 (8b)

Queda de Pressão Seca

[∆Pdry]flood=TS.0,2 (8c)

onde: TS=Espaçamento entre pratos, inches

9. Queda de Pressão

Àre e Velocidade de Orifício

Área usada para calcular a velocidade de orifício na eq. 18

AH=NU/78,5 1/78,5 Área de um orifício (9a)

VH=CFS/AH (9b)

onde: NU= Número total de válvulas

AH=Área de orifícios, ft2

VH=Velocidade de orifício, ft/s

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Queda de pressão seca no prato

Usar Fluxograma da Figura 64 (Figure 8 do manual da Glitsch).

(Para válvulas V-1 e V-4; Válvula de Metal: Dm=510lb/ft3)

Figura 63 – Queda de pressão nos pratos.

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Quando as condições não satisfazerem o fluxograma, usar as equações abaixo, utilizando o

maior valor.

Válvulas parcialmente abertas:

∆Pdry=(1,35.(tm).(Dm))/DL + (K1.(VH)2.DV)/DL (9c)

Válvulas totalmente abertas:

∆Pdry=(K2.(VH)2.DV)/DL (9d)

onde: ∆Pdry=inches de líquido

tm= espessura da válvula, inches

Dm= densidade do metal da válvula, lb/ft3

K1, K2= coeficiente de queda de pressão

VH= velocidade de orifício, ft/s

*usar o maior valor entre (9c) e (9d)

Figura 64 - Coeficientes de queda de pressão.

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Queda de Pressão total do Prato (∆Ptray)

∆Ptray=∆Pdry + 0,4.(GPM/Lwi)2/3

+ 0,4.Hw (9e)

onde: ∆P= queda de pressão total, iches de líquido

Hw= Altura do vertedor, inches (padrão Hw=2”)

LWi=Comprimento do vertedor, inches

OBS: 0,4.(GPM/Lwi)2/3

Altura do líquido sobre o vertedouro de saída, a crista.

Para converter inches de líquido em:

∆P(lb/in2)= (∆P, inches de líquido).(DL)/1728 (9f)

∆P(mmHg)= (∆P, inches de líquido).(DL)/33,3 (9g)

Inundação do downcomer - Downcomer Backup

Situação instável onde a altura de líquido dentro do mesmo atinge o prato superior.

*Não deverá exceder 40% dos espaços entre os pratos para vapor de alta densidade (3,0lb/ft3);

50% para vapor de densidade média e 60% para vapor de densidade abaixo de 1,0lb/ft3.

Hdc=Hw+0,4.(GPM/Lwi)2/3

+ (∆Ptray+Hud).(DL/(DL-DV)) (9h)

Hud=0,65.(Vud)2 ou (9i)

Hud=0,06.(GPM/Aud)2 (já com fator de conversão) (9j)

Vud=GPM/Aud (9k)

Aud=DCE.DCCL (9l)

onde: Hdc= altura de liquid no Downcomer, inches

Hud= perda de carga sob Downcomer, inches de líquido

Vud= velocidade de liquid sob Downcomer, ft/s

Auc= area sob Downcomer, in2

DCCL= Folga no Downcomer, inches

DCE= comprimento da saída do Downcomer, inches

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10. Flexibilidade

Figura 65 - Valores de ( VH.(DV/DL)1/2 ) x Nível de líquido no prato.

VH Velocidade estimada de vapor onde não ocorre vazamento em válvulas de passagem

única, convencional.

F=VH.(DV/DL)1/2

(10a)

Vweep= 0,298 + 0,136.LL – (0,0834/LL) (10b)

LL=0,4.(GPM/Lwi)2/3

+ Hw (10c)

Onde: F= flexibilidade, ft/s

Vweep= velocidade de gotejamento, ft/s

LL= nível de líquido, inches

11. Largura do Caminho do fluxo de Líquido (WFP)

WFP= AA/FPL (11)

onde: WFP= largura do caminho do fluxo de líquido, inches

AA=area ativa, ft2

FPL=comprimento do caminho do fluxo de líquido, inches

12. Número aproximado de válvulas

Travessões colocados em arranjos paralelos ao fluxo:

Rows =((FPL - 8,5)/(0,5.Base) + 1).NP (12a)

Units/Row =WFP/(5,75.NP) - 0,8.(Nº de travessões + 1) (12b)

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Travessões colocados em arranjos perpendiculares ao fluxo:

Rows =[FPL – (1,75.(n° de treliças)) – 6,0].(NP/2,5) (12c)

Units/Row =WFP/(Base.NP) – 2,0.(Nº de travessões + 1) (12d)

onde: FPL= comprimento do caminho do fluxo de líquido, inches

WFP= largura do caminho do fluxo de líquido, inches

NP= número de passes

Base= espaçamento entre válvulas, usualmente 3,0 - 3,5 - 4,0 - 4,5 ou 6,0 inches

Base Passe da válvula, triangular ou quadrada.

13. Chicanas para pratos de multipasses (Anti-Jump Baffles for Multipass Trays)

Chicanas são recomendados quando VLoad/AA exceder os limites de operação no qual o limite

é:

Vload/AA= 0,336 – 0,0192.(GPM/WFP)

14. Barragem de cerca (Picket Fence Weirs)

Barragem é recomendada se GPM/LWi for menor que 0,25 - 0,30.

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15. Número de passes (Number of Passes)

Figura 66 - Nº de passes.

Figura 67 - Nº de passes (vista superior).

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16. Eficiência do prato (Tray Efficiency)

Figura 68 - Eficiência do prato.

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ANEXO B

Relatório do dimensionamento e parâmetros dos pratos

valvulados da torre atmosférica de petróleo.

(Os relatórios foram gerados pelo software KG-Tower 5.0, disponível gratuitamente no

site da Koch-Glitsch)

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Figura 69 - Relatório dos pratos de seção de 2 passes.

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Figura 70 - Relatório dos pratos da seção de 4 passes (zona de troca térmica).

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Figura 71 - Relatório dos pratos da seção de 4 passes (fundo da torre).