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PROFA. VALÉRIA KOSICKI HTTP://SENTAQUELAVEMUMAHISTORIA.BLOGSPOT.COM.BR/ Uel, UEM, UEPG, UFPR, UNIOESTE, UFPEL, UFSM, UFSC Aí vou eu!!!

República oligárquica

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Page 1: República oligárquica

P R O F A . V A L É R I A K O S I C K I

H T T P : / / S E N T A Q U E L A V E M U M A H I S T O R I A . B L O G S P O T . C O M . B R /

Uel, UEM, UEPG, UFPR, UNIOESTE,

UFPEL, UFSM, UFSC – Aí vou eu!!!

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GUERRA DO CONTESTADO (1912-16)

Local: na fronteira entre o Paraná e Santa Catarina.

Motivo: Resultado de um longo período de disputas territoriais entre os dois estados (cuja fronteira era

contestada desde 1900, daí o nome do conflito - quem mais sofria com a falta da demarcação das

fronteiras era a população, pois havia mudanças contínuas de autoridades dos dois estados, contratos

e casamentos eram cancelados e impostos eram cobrados pelos dois estados; existia ainda

grilagem de terras por parte dos grandes proprietários sobre os pequenos sitiantes e posseiros;

opressão, mandos e desmandos dos “coronéis” e ainda a ação violenta da Brazil Railway).

Reivindicações territoriais sobre uma área rica em madeira e erva-mate a uma revolta antifederalista.

Envolvidos: população cabocla da região e as forças militares estaduais e federais.

Desdobramentos: a população se organizou numa milícia que ficou conhecida como Exército Encantado

de São Sebastião – indicativo de uma inspiração messiânica. Disposto a eliminar as insurreições

regionais contra a ainda jovem República brasileira, o presidente Hermes da Fonseca acirrou a

intervenção militar em 1914, chegando a enviar 8 mil soldados contra os rebeldes (que somaram 10

mil, no auge da mobilização). Os quase quatro anos de batalhas resultaram em cerca de 20 mil mortes

e tiveram como conclusão a delimitação oficial da fronteira entre Paraná e Santa Catarina, ratificada

em 20 de outubro de 1916.

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DETALHES...

A maioria da população da Região do Contestado era formada por uma população cabocla, pobre e inculta, de índios, negros e lusobrasileiros que, ao longo dos anos, havia se internado nos sertões e nos campos e vivia do cultivo de roças, criação de porcos selvagens, extração da erva-mate, tropeirismo de carga e trabalhava nas fazendas de criação de gado como peões ou agregados.

A forte ascendência portuguesa dos caboclos abrigava a crença importada do sebastianismo lusitano. Assim, a população revelava expressões de messianismo e de muito misticismo. Diante da ausência praticamente total da Igreja Católica, os sertanejos buscaram conforto espiritual nos monges, profetas, curandeiros, pregadores e eremitas, que peregrinavam pela região.

Havia um monge chamado "João Maria" de origem italiana, que peregrinava nessa região alcançando grande carisma e confiança da população pelos seus milagres e curas. Vários anos após sua morte surgiu outro monge "José Maria", que se fazia passar por irmão do primeiro, reunindo em pouco tempo grande número de fiéis, camponeses que foram exilados de suas terras para dar espaço às novas estradas de ferro que ligavam São Paulo ao Rio Grande do Sul e que seriam construídas pela empresa norte-americana Brazil Railway Company.

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Em 1910, a Brazil Railway Company, concluía a construção do trecho da ferrovia São Paulo- Rio Grande do Sul no território

disputado por Santa Catarina e Paraná, o Contestado. Quatro mil ex-detentos e miseráveis de Santos, Rio de Janeiro e São

Paulo recrutados para as obras foram demitidos e expulsos de cabanas de palha levantadas nas margens da estrada.

A empresa conseguiu concessão do governo para explorar pinhos e imbuias nos 15 quilômetros de cada lado da ferrovia. Os

renegados engrossaram redutos formados por caboclos nativos que, por orientação de monges andarilhos, pregavam nos

desertos sulistas a chegada do exército celeste de São Sebastião, chefiado por uma tropa de elite chamados de os "Pares

de França", figuras de histórias medievais reproduzidos em folguedos de origem portuguesa e folhetins.

As "cidades santas", abertas em clareiras da mata do Planalto Catarinense, abrigavam ainda soldados "maragatos" opositores do

governo Floriano Peixoto derrotados por tropas legais, de 1893 a 1895, e pequenos comerciantes e proprietários de terras

opositores dos novos coronéis da recém proclamada República. O Contestado foi uma aliança inesperada e explosiva

do caboclo simples do oeste, do político derrotado e magoado do Rio Grande do Sul, do ex-presidiário e do braçal

sem rumo do Rio de Janeiro e de São Paulo. Brasileiros com qualidades, defeitos e dramas pegavam em armas.

A guerra dos jagunços, como o conflito foi chamado pelos caboclos, ou dos fanáticos, na designação dos militares, não teve

relação direta com a disputa entre os governos paranaense e catarinense pelo território dos campos de Irani e Palmas, uma

área que poucos anos antes era reivindicada pela Argentina. Somente em tempos mais recentes que pesquisadores

passaram a chamar a revolta de Guerra do Contestado.

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O estopim da revolta ocorreu em 22 de outubro de 1912, quando o capitão João Gualberto Gomes de Sá Filho, do Regimento de Segurança do

Paraná, na liderança de 50 homens a cavalo e 200 a pé, atacou um grupo de caboclos que estavam em volta do monge José Maria de

Jesus, em Irani, Santa Catarina. Antes da batalha, no deslocamento até Irani, os militares tinham perdido sua principal arma, uma

metralhadora "Maxim", durante a travessia de um rio. O próprio João Gualberto teria matado o monge, reconhecendo-o por um boné de

pele de onça. O militar foi retalhado a facão pelos rebeldes.

A morte de Gualberto deixou em pânico autoridades de Curitiba, Florianópolis e Rio de Janeiro. Ao mesmo tempo, a notícia da morte de José

Maria, no mesmo combate, correu pelos campos de araucária juntamente com a ideia de que o religioso ressuscitaria. Surgiam as

"cidades santas", comandadas por "virgens" de 14 e 15 anos, que repassavam para os homens as "instruções" recebidas em visões do

monge. A primeira delas foi Taquaruçu, organizada por um pequeno comerciante, Eusébio Ferreira dos Santos. Uma neta dele, Teodora,

dizia conversar todas as tardes com o monge José Maria.

Aos poucos, o movimento exclusivamente religioso ganhou contornos de guerrilha. Era a luta dos pelados (caboclos) contra os peludos

(militares). Os facões de guamirim, madeira dura encontrada na região, esculpidos no fogo eram substituídos por armas de aço tomadas

de fazendeiros, soldados e oficiais em combates na Serra da Esperança, no oeste catarinense. Winchesters, revólveres e espadas

usadas na Revolução Farroupilha (1835-1845), na proclamação da República Juliana (1839) e na Revolução Federalista (1893-1895)

voltavam a ser usadas em batalhas. As práticas da degola, do fuzilamento de prisioneiros e das mutilações de orelhas, assombrações

das velhas guerras gaúchas, também foram reutilizadas.

A 12 de setembro de 1914, Setembrino de Carvalho assumiu o comando da 11ª Região Militar, com sede em Curitiba. Ele tinha por missão

chefiar a operação de massacre dos caboclos. Entre o final de dezembro de 1914 e começo de abril de 1915, o Contestado viveu o auge

da guerra. Dos 18 mil homens do Exército, sete mil estavam na região. A estimativa de dez mil mortos, levantada desde o fim do conflito,

não foi derrubada por novos estudos publicados. É praticamente o dobro de mortes registradas na Guerra de Canudos, na Bahia, em

1897.

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HTTP://TV.ESTADAO.COM.BR/VIDEOS,DOCUMENTARIO-TRAZ-DEPOIMENTOS-DE-

SOBREVIVENTES-DA-GUERRA-DO-CONTESTADO,160622,250,0.HTM

Meninos do Contestado – Documentário sobre o maior conflito civil do

século XX

http://tv.estadao.com.br/videos,documentario-traz-depoimentos-de-

sobreviventes-da-guerra-do-contestado,160622,250,0.htm

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REVOLUÇÃO DE 1923

Luta ocorrida no Rio Grande do Sul teve a duração de onze meses e foi o último

conflito armado entre elites estaduais. Opuseram-se novamente maragatos e

chimangos.

A reeleição de Borges de Medeiros (defendido pelos chimangos), sucessor de

Júlio de Castilhos, indicado pela quinta vez consecutiva ao governo do

Estado motivou a revolta dos maragatos. Em 1922 utilizando-se do voto de

cabresto Borges derrotou o candidato da oposição Joaquim José Assis

Brasil provocou a indignação dos maragatos que não aceitaram o resultado

e pegaram em armas dando início a Revolução de 1923.

O lenço vermelho identificava o Maragato. O lenço branco identificava o Pica-Pau ou Chimango.

O ódio entre as duas facções era antigo e remontava da Revolução Federalista ou Revolução da Degola,

que vitimou dezenas de família e gerou profundo sentimento revanchista.

Borges de Medeiros

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Os combates iniciaram ao final de janeiro. As cidades de Passo Fundo e Palmeira das Missões foram atacadas pelos caudilhos maragatos vermelhos de Mena Barreto e Leonel da Rocha, que encontraram forte resistência de ambos os lados, não havendo vitória.

Os opositores tinham como expectativa o apoio das tropas do Governo Federal devido ao sentimento do então presidente Arthur Bernardes, que não nutria por Borges Medeiros grande simpatia. Mas, Borges era um político inteligente e acabou aproximando-se do presidente frustrando com isso as expectativas de seus adversários.

Os maragatos estavam mal organizados e não tinham objetivos militares definidos e a falta de apoio das tropas federais deixou-lhes ainda mais perdidos.

Estava claro que desde o começo os chimangos eram mais fortes e organizados. Numa última tentativa de reverter a situação do movimento, Zeca Netto, que era contrário a negociar com os borgistas e imaginando que se tomasse uma importante cidade poderia enfraquecer os rivais, atacou Pelotas, a maior cidade do interior gaúcho, no alvorecer do dia 29 de outubro, mas conseguiu mantê-la sob seu domínio por apenas 6 horas, depois disso se deu reorganização das tropas governistas. Na iminência de ser atacado por forças superiores, o velho caudilho de 72 anos de idade retirou suas tropas.

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O FIM DO CONFLITO

Em dezembro de 1923, assinou-se o Pacto Pedras Altas, no castelo residência

de Assis Brasil. Borges terminou seu mandato em 1928, mas a reformulação

da Constituição de 1891 impediu as reeleições e as nomeações de

intendentes (prefeitos) e vice-presidentes do Estado.

O acordo foi importante para o Rio Grande do Sul. O sucessor de Borges no

governo gaúcho foi Getúlio Vargas, lenço vermelho. Em 1930, a Frente Única

Rio-grandense, sob sua liderança, assume o governo do país, na Revolução

de 1930.

Disponível em http://www.profjuliososa.com.br/2013/01/as-revolucoes-do-rio-grande-do-sul_23.html.

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COLUNA PRESTES

A "Grande Marcha" de 1925 a 27 foi o ponto culminante de um movimento militar, denominado de Tenentismo. Esse movimento armado visava derrubar as oligarquias que dominavam o país e, posterirormente, desenvolver um conjunto de reformas institucionais, com o intuito de eliminar os vícios da República Velha.

A grande marcha realizada pela Coluna por vários estados do Brasil não conseguia efetivamente atrair a simpatia da opinião pública; apenas em algumas ocasiões cidades ou grupos de homens apoiaram o movimento e até mesmo passaram a integra-lo. A ideia de que o movimento cresceria em número e em força ao longo da marcha foi se desfazendo durante o trajeto na região nordeste. Num meio físico hostil, ilhada pelo latifúndio, não achou nas massas do interior o apoio necessário e alentador.

A longa marcha foi concluída em fevereiro de 1927, na Bolívia, perto de nossa fronteira, sem cumprir seu objetivo, disseminar a revolução no Brasil.

A Coluna Miguel Costa-Prestes poucas vezes enfrentou grandes efetivos do governo. Em geral, eram utilizadas táticas de despistamento para confundir as tropas legalistas.

O movimento liderado por Carlos Prestes contribui para disseminar os problemas do poder concentrador oligárquico da República Velha, culminando na Revolução de 1930. Projeta a figura de Luís Carlos Prestes, que posteriormente entra no Partido Comunista Brasileiro (PCB). Prestes foi chamado por esta marcha de cavaleiro da esperança na luta contra os poderes dominadores da burocracia e dos setores elitistas.

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O CANGAÇO

Entre os séculos 19 e meados do 20, um tipo específico de banditismo se

desenvolveu no sertão nordestino: o cangaço.

Os cangaceiros - bandos de malfeitores, ladrões, assassinos, bem armados,

conhecedores da região - saqueavam fazendas, povoados e cidades,

impunemente, ou, pior, impondo sua própria lei à região em que atuavam.

Para isso, contavam com o isolamento do sertão, com o tradicional descaso

e a incompetência das autoridades constituídas, bem como com a conivência

ou proteção de vários chefes políticos locais, os grandes proprietários rurais,

conhecidos como coroneis.

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O cangaceiro - um deles, em especial, Lampião - tornou-se personagem do imaginário nacional, ora caracterizado como uma espécie de Robin Hood, que roubava dos ricos para dar aos pobres, ora caracterizado como uma figura pré-revolucionária, que questionava e subvertia a ordem social de sua época e região.

Nesse sentido - heróico/mitológico - o cangaço é precursor do banditismo que ocorre atualmente nos morros do Rio de Janeiro ou na periferia de São Paulo, onde chefes de quadrilhas também são considerados muitas vezes benfeitores das comunidades carentes.

O cangaço existiu a partir do século 19, mas atingiu o auge entre o início do século 20, marcado pela ação do bando de Antonio Silvino, e a década de 1940, quando foi morto o cangaceiro Corisco, no interior da Bahia. Entre a atuação dos dois, destacou-se aquele que tornou-se a personificação do cangaço, por ser o líder de uma quadrilha que atuou por quase duas décadas em diversos estados do Nordeste: Virgulino Ferreira da Silva, o célebre Lampião.

Contribuíram para sua fama a violência e a ousadia, que o levaram a empreender ataques até a cidades relativamente grandes do sertão, como Mossoró (RN), em 13 de junho de 1927. Nesse caso, em especial, o ataque fracassou, pois a população local se entrincheirou na cidade e repeliu o ataque. O mesmo não aconteceu em Limoeiro do Norte (CE) ou Queimadas (BA), que o bando de Lampião tomou por alguns dias saqueando, matando indiscriminadamente, e impondo a sua vontade pelo tempo que ali permaneceu.

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AS VOLANTES

O agravamento do problema do cangaço levou as polícias estaduais a criar forças especiais para combatê-lo, as chamadas "volantes", comandadas por policiais de carreira, mas formadas por "soldados" temporários e cujos métodos de atuação -em especial em relação à população pobre - não era muito diferente daqueles dos próprios cangaceiros. Quanto ao governo federal, seu descaso pelo cangaço foi sempre o mesmo manifestado pelo semi-árido de um modo geral.

De qualquer modo, em 1938, o governo de Alagoas se empenhou na captura de Lampião. Uma volante comandada por João Bezerra conseguiu cercá-lo na fazenda de Angicos, um refúgio no Estado de Sergipe. Depois de vinte minutos de tiroteio, cerca de 40 cangaceiros conseguiram escapar, mas onze foram mortos, entre eles o líder do bando e sua mulher, conhecida como Maria Bonita.

Para se ter uma ideia do caráter violento da sociedade em que isso aconteceu, vale mencionar que os onze mortos foram decapitados e suas cabeças, levadas para Salvador (BA), ficaram expostas no museu Nina Rodrigues até 1968 -quando foram finalmente sepultadas.

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O FIM DO CANGAÇO

Lugar-tenente de Lampião, o cangaceiro Corisco jurou vingança e continuou a

atuar até maio de 1940, quando também foi morto num cerco policial. Na

década de 40, o Brasil passava por grandes transformações econômicas e

sociais, promovidas pela industrialização.

A evolução dos meios de transporte e comunicação integravam pouco a

pouco o sertão ao resto do país. De resto, a necessidade de mão de obra

nas fábricas do Rio de Janeiro e de São Paulo passaram a atrair a população

do semiárido. Assim, as diversas circunstâncias que originaram o cangaço

desapareceram junto com ele.

Fonte: http://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia-brasil/cangaco-banditismo-no-sertao-nordestino.htm