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RESISTANCE 3ª Edição Setembro 2011 João Pedro Neto página 7 Maria da Conceição Ruivo página 9 Entrevista Depois de Coimbra

Resistance (3ªedição)

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Magazine created by students of the physics department of the university of Coimbra

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RESISTANCE3ª Edição Setembro 2011

João Pedro Neto

página 7

Maria da ConceiçãoRuivo

página 9

EntrevistaDepois de Coimbra

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Setembro 2011 RESISTANCE1

Editorial“A journey of a thousand miles begins with a single step.”Lao Tzu

Depois do sucesso das duas primeiras edições, partimos para a terceira cheios de ambição. Queremos ser aquilo com que sempre sonhámos ser. Uma revista, não só do Departamento de Física, mas sim de toda a nossa faculdade.Com a entrada de três novos membros: André Silva, Mariana Ramos e Rui Nunes, a nossa equipa está a aumentar e a melhorar de edição em edição.

Mas queremos mais, queremos-te a ti.

Nada melhor do que começar um novo ano lectivo a

abraçar um novo projeto. Não hesites, fala connosco! Queremos o teu contributo, seja através de artigos ou na edição.Contacta-nos através do nosso e-mail ([email protected]) ou no facebook.Gostaríamos de deixar uma palavra de apreço ao NEDF por todo o apoio prestado nesta edição.

P.S. Uma vez que ambicionamos obter uma revista com um conteúdo mais técnico, ficamos, também, à espera do apoio dos professores através de novos artigos.

Ficha técnica:Editores:Joana Faria, Frederico Borges, Pedro SilvaColaboradores:Karen Duarte, Patrícia Silva, Ana Telma Santos, Rui Nunes, André Silva,Mariana RamosRevisão:Bruno Galhardo, Ângela Dinis

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Setembro 2011RESISTANCE 2

Dentro do dep...

3_”Caloiro 101”. Pedro Melo4_”Caloiro 101”. Sérgio Pinto5_”Caloiro 101”. Carlos Henriques6_”Caloiro 101”. João Almeida7_”Depois de Coimbra”. João Neto9_”Entrevista”. Maria da Conceição Espadinha Ruivo11_”Erasmus”. Davide Di Croce12_”ICPS”. Magda Silva

Viagens...

20_”Estado estacionário”. João Lima21_”Estado excitado”. Ana Tomé

Cultura...

13_”16 frames por segundo”.15_”78 rpm”.17_”A gamer (re)view”25_”Mãe, afinal sei cozinhar”. João Domingos

Opiniões...

18_”Fim”. João Pedro Ferreira23_”Crónicas”.

Índice

_20

_6

_25

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Setembro 2011 RESISTANCE3

Já me perguntaram várias vezes o que fazia para ter boas notas. Não satisfeitos com a história que envolve pactos sobrenaturais, arranjaram forma de me fazer escrever sobre o assunto. como todas as experiências particulares, esta vale o que vale e ninguém vos culpa se saltarem para outro artigo... ainda estão a ler? Então vamos lá:

1 - Dormir: Aquelas 7 ou 8 horas de sono que se ignoram por pensarmos coisas como “tenho alguma resistência” são, na verdade, muito úteis. permitem-nos “desligar” parte do cérebro para que este se possa concentrar em outras tarefas. É, durante o sono, que a memória a longo prazo (muito útil em exames) é preenchida e quem é que nunca acordou a meio da noite com a solução para algum problema na cabeça?

2 - Ir às aulas: Sim, há aulas que parecem um episódio da Twilight Zone em que esperamos que as pessoas à nossa

volta se transformem em porcos (ou algo parecido). Mas, muitas vezes, os professores dizem coisas importantes que não aparecem em livro nenhum e ler apontamentos de outros nem sempre é boa ideia, uma vez que estão organizados de acordo com a lógica de outra pessoa, nem todos apontam tudo o que é relevante (e a caligrafia pode não ser a melhor)*.

3 - Estudar: O seguinte provérbio budista “Ouve e esquecerás, lê e lembrarás, faz e compreenderás” apareceu num dos meus livros de Matemática. Ir às aulas e ler apontamentos é muito útil, mas treinar o que aprendemos é o passo fundamental. na área onde estamos traduz-se muitas vezes em resolver problemas por nós mesmos. Olhar para uma ou duas resoluções ajuda no início, mas memoriza-las ou simplesmente transcrever acaba por não ajudar muito, até porque é possível sempre inventar novos problemas.

Tudo isto tem um aspecto muito bonito, mas na realidade nada acaba por funcionar se não tivermos vontade (sei o quanto isto se parece com aqueles livros absurdos de auto-ajuda, mas as duas primeiras partes de “eu quero, posso e mando” quando bem enraizadas acabam por funcionar). ter um hobbie também ajuda, seja ele tocar um instrumento musical ou disparar contra personagens virtuais.

*O autor deste texto é criticado várias vezes por ter um caracter semelhante a várias letras (de diferentes alfabetos) e números.

There‘s no secret

Caloiro 101

texto_Pedro Melo

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Setembro 2011RESISTANCE 4

Alguns passam ao lado do que esta cidade tem de melhor, acordam e vêm às aulas, saem das aulas e vão para casa, mas Coimbra é mais que isto...Coimbra é e será sempre a cidade das paixões, têm algo que nos faz olhar para além dos estudos e consegue fazer-nos sentir um “amor” por esta cidade e por toda a tradição que existe, é a cidade da Associação Académica de Coimbra.

O Pedro pediu-me para escrever algo a falar sobre o que é a Direção Geral e trabalhar lá e como conciliar com os estudos, um tema nada fácil…mas vamos tentar passar para palavras aquilo que muitas vezes é impossível definir.Olhando para trás, bem para trás, para o inicio, para o percurso que fiz, comecei no núcleo de estudantes do departamento de física (NEDF) fui coordenador da Cultura, aquele que acabou por ser o meu primeiro contacto com o Associativismo, nessa altura tornava-se fácil conciliar o cargo com os estudos e a vida pessoal, porque era um universo pequeno mas ao mesmo tempo era importante , fazia-me sentir que realmente estamos a tentar fazer algo para os nossos colegas/amigos, horários iguais…era fácil conciliar tudo…e cresceu um “bichinho”, o querer fazer algo importante, o querer fazer algo que importe, que tenha significado, o querer deixar uma marca pela positiva…Foi esse “bichinho” que me fez no final desse ano concorrer ao núcleo, perdi, mas na vida também temos de saber lidar com desilusões, na altura e durante algum tempo não soube, senti que desiludi uma equipa que acreditou em mim, que acreditou num projecto, mas pior senti que desiludi os meus amigos que acreditaram em mim, senti que não me envolveria nunca mais nisto…mas estava enganado!O ano passado fiz parte da DG, estive como coordenador das Saídas Profissionais era a hipótese de dar o meu contributo à mais antiga associação académica do país, aquela que é a associação mais antiga, com mais tradição, cultura, uma referência para todas as outras, mas acima de tudo era a hipótese de trabalhar lado a lado com alguns amigos, amizades que só Coimbra nos sabe dar…atrevi-me e aceitei! Foi um ano complicado, tive de abdicar de algumas coisas porque a responsabilidade já era maior, embora não fosse o coordenador geral isso não

me impediu de trabalhar, de querer dar o meu contributo para a academia, mas ao mesmo tempo não sentia o “peso real” da responsabilidade, vim a sentir este ano…

Falando agora realmente do que o Pedro queria, falando deste este ano e o que é trabalhar na DG, são memórias que ficam para uma vida, o formar lista, o fazer o organigrama, as discussões de projecto, o concorrer, as noites sem dormir, o colar cartazes e…o ganhar! São tudo experiências que ficam para uma vida.Olhando para trás e para o futuro sei que perdi muito, relacionamentos, amizades, tempo pessoal, estudos, saudades da família, mas no fim do dia, aqueles em que se consegue ir dormir, sei que perdi muito mas também sei que ganhei, ganhamos amizades novas, ganhamos experiência de trabalho, experiência que nunca um curso chega a dar e a preparar para a vida. Há dias em que me arrependo, outros em que não,.Foi uma escolha, uma

escolha minha, uma escolha de vida, uma escolha que fiz por mim.São muitas noites sem dormir, muito stress, muitas reuniões, é o falhar até o mais simples jantar com amigos, é abdicar da nossa vida, as criticas constantes…mas há uma “pequena” coisa que faz com que tudo valha a pena, é olharmos para o lado e vermos que estamos a trabalhar e a ajudar algo que é e será sempre maior que qualquer um de nós e que estará aqui por muitos mais anos, é ter orgulho em dizer, “sim sou da UC,

sim sou da AAC”, é o sentir que fazemos parte de algo que já derrubou um governo, que fez uma das maiores manifestações a nível nacional, é o chegar ao bar e olhar para todas as imagens a nossa volta e sentirmos que estamos a escrever o que um dia será historia….É uma experiência de uma vida, sabermos que estamos a trabalhar para ajudar não aqueles que já partiram mas sim aqueles que ainda aqui estão e os que para aqui virão...Se puder pedir algo, peço que não passem ao lado de Coimbra...vivam a academia, vivam o que faz de Coimbra a cidade das paixões...Eu vivi, venci e ao mesmo tempo perdi, mas no fim do dia é uma escolha apenas vossa, saibam que perdem muito mas também ganham… deixo-vos com aquilo que foi o nosso slogan quando concorremos, e que apenas cada um sabe qual a resposta que dará, “és capaz?”

A vida de CoimbraCaloiro 101

texto_Sérgio Pinto

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Setembro 2011 RESISTANCE5

Chegamos à universidade a meio de Setembro (no caso dos caloiros), as praxes, os jantares, as tascarias e as saídas à noite tornam-se uma inevitável rotina. É o início do ano, ainda não há nenhuma avaliação e, portanto, “Puto! Caga nas aulas que ainda é cedo pra isso. Bora sair ”. O tempo vai passando até que chega a Latada, no entanto, apesar de haver aulas, poucos são os que vão. As bebedeiras e as noites do recinto levam-nos a repensar e a dizer: “Puto! Depois da latada vou-me empenhar a sério”, no entanto a inércia é uma fatalidade intrínseca da Física e metade do semestre já lá vai. Sendo a “distância de segurança” tão pequena, é quase impossível anular o “momento”, de tal modo que os copos e as noites longas se perpetuam. É, então, que dizemos “Caga puto! Faço tudo por exame… na boa man”. Julgo que não preciso de exemplificar o que irá acontecer… Então, avancemos.No início do segundo semestre dizemos com toa a convicção “Puto! Hoje não saio, este semestre vou-me aplicar a sério” mas… “Man! também não exageres ainda agora começou :p” e tudo isto se repete novamente no segundo semestre. Einstein, há 100 anos, mostrou-nos com a sua teoria da relatividade que o tempo não flui uniformemente quando a velocidade é excessiva. Isto é inteiramente verdade. Esta triste sina repete-se durante anos sem nos apercebermos que o tempo passa, é o que eu chamo “o ciclo do borrachão”. O que fazer?Talvez o mais correcto seja ficares todo o dia na tua toca a “marrar”. És

mestre em cinco anos, com uma boa nota e, finalmente, acabaste o curso que te pareceu durar uma eternidade. Passado uns anos dás por ti a reflectir: “afinal que experiência tirei eu da universidade? Que maluqueiras e amigos fiz nestes 5 anos?”. É, então, que te dás conta que perdeste os melhores anos da tua vida e nunca os poderás recuperar. O meu conselho:Eu não sou um bom exemplo, mas, até agora, tenho conseguido conciliar as cadeiras com as tradicionais noites boémias coimbrãs.

Warning! O que se segue é o meu processo e não obrigatoriamente o mais correcto. Não me responsabilizo por eventuais danos.

Tudo o que é preciso é uma boa gestão. No início dos semestres vou a algumas aulas e saio à noite de duas a quatro vezes por semana. Procuro saber quais as cadeiras que são preferíveis fazer por frequência. Seguidamente, se possível, descarto logo 2 cadeiras às quais deixarei de ir às aulas e nunca lhes pego até aos exames (na minha opinião isto é preferível a tentar ir a todas as frequências e não ter tempo de estudar a sério para nenhuma). No início, tento ir à maioria das teórico-práticas até me aperceber quais as cadeiras, cujas aulas são menos importantes e

falto a essas aulas. Assim, tenho mais tempo para estudar o que realmente interessa e para os “copos”. Quando começarem as frequências, saio uma a duas vezes por semana e estudo à tarde. Não me junto em grupos de estudo, pois a concentração é menor. Tento começar a estudar uma semana antes da frequência, intensificando o estudo exponencialmente, sendo que a noite precedente à prova é passada a estudar (nunca sair na noite anterior ao ponto). As laboratoriais ajudarão muito na nota final, por isso empenho-me nesse trabalho. Na época dos exames raramente saio, estudo apenas para a cadeira do exame mais próximo e se não tiver tempo deixo o seguinte para recurso. Em recurso, caso me tenha corrido tudo bem, só terei melhorias e aquele exame que deixei na época normal. A minha política é baseada numa gestão precisa do tempo e não goza de grande flexibilidade, no entanto é conciliável com os ”copos”. A responsabilidade e um copo de verde de Vale de Cambra antes de estudar são a chave do sucesso.

Aprenda a fazer cadeiras passo-a-passo

Caloiro 101

texto_Carlos Henriques

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Aqui estamos, uns de novo, outros pela primeira vez, para dar início a mais um ano na nossa Mui Nobre Universidade. Vou relatar-vos a minha experiência em Coimbra no que se relaciona com a Praxe.Ainda antes de ser estudante em Coimbra sonhava com toda esta mística que a cidade encerra. E, depois do dia da matrícula, criou-se uma relação sem fim. A condição de caloiro não se esquece. Há quem diga que é degradante, eu discordo; também temos direitos (poucos), não somos escravos de ninguém, aliás somos como um pulmão da nossa Alma Mater.Nem tudo são rosas e a Rainha Santa já não as distribui por Coimbra. Infelizmente, somos obrigados a conviver com muita gente sem nível, ignorante e sem formação moral, que olha para os outros como objecto do seu divertimento.

Como todos sabem, uma das características do Estudante de Coimbra é a “Capa e Batina”, seja ele caloiro ou veterano. Pode o seu uso diário ter caído em desuso, mas pelo menos contínua a ser a melhor opção para as Serenatas.Enverguei pela primeira vez Capa e Batina na Serenata do Caloiro, e só a partir desse momento me senti completamente igual a todos os outros Estudantes, não só os que lá estavam nesse dia, mas também todos os outros que constituíram

esta Academia. Todavia faltava ainda algo, faltava uma apresentação oficial à Cidade e naquela Terça-Feira desci da Universidade à Baixa. Este é daqueles dias que não se vão esquecer, a não ser que a Alzheimer me ataque.Enquanto a terra recebia os dons celestes e florescia Maio chegou,

mas em Coimbra nem só a terra se prepara para receber o noivo, também alguns carros ganham muita vida.... Claro, estou a falar do Cortejo dos Fitados, que ao invés do anterior é a apresentação dos que se vão embora; como na Serenata, toda a academia se junta a esta festa. É também um momento especial para os caloiros, porque para além de diminuírem as responsabilidades, podem, pela primeira vez, usar a tão famosa Pasta.Salto agora para o segundo ano e para a minha entrada na Secção de Fado. A Praxe é por princípio colectiva, portanto nada melhor que uma secção como esta para viver esses valores. Através da Orquestra Típica e Rancho, juntei-me a uma família que reintroduziu a Praxe em Coimbra, depois de cerca de uma década de luto académico. Hoje em dia lutamos para manter as tradições, revestidas a cada dia que passa de uma nova modernidade.Desejo a todos um bom ano, que Atenas e Díoniso nos protejam!!!

PRAXISCaloiro 101

texto_João Almeida

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texto_João Neto

“João, man, I’m really dying here… I’m going for a coffee, wanna come?”, perguntou o meu colega de gabinete maiorquino; “Thanks dude, but not now. I’m finishing some work due for today.”, menti eu. Na realidade tinha reservado este tempo para escrever as próximas linhas, onde vou tentar descrever-vos o que tem sido a minha “vida depois da universidade”, tal como me foi pedido. “Hey, Xavi, take your time in the coffee break. You’re really looking like crap today!” acrescentei eu por fim, não fugindo nada à verdade.Aproveitei assim para fazer uma pausa e estou agora a escrever-vos do meu gabinete no European Space Research and Technology Center (ESTEC), um enorme campus tecnológico plantado à beira mar, na costa holandesa; é um dos centros da Agência Espacial Europeia (ESA), na qual estou de momento a trabalhar. Como vim aqui parar? É uma excelente pergunta, pois há menos de um ano estava no Departamento de Física (DF) da Universidade de Coimbra a terminar o curso de Engenharia Física; longe estava de imaginar que algum dia viria a ser engenheiro da ESA.Em retrospectiva, considero que a minha vida pós-universidade começou logo no meu último ano de curso, em 2009/2010, quando comecei o meu projecto final numa empresa dos arredores de Coimbra. Tive a sorte de ter acesso a um projecto do sector aeroespacial e Aliás, deixem-me reescrever: sempre quis realizar o projecto final no seio de uma empresa e, como tal, não me conformando com a oferta de projectos do DF nesse ano, fiz questão de procurar eu próprio por algo que me satisfizesse. Assim, contactei directamente

algumas empresas de Coimbra para propor-me a estágio. Daqui o meu primeiro conselho: quando se trata do vosso futuro profissional, esqueçam as regras e não contem com a sorte. Já diziam os antigos que a sorte só favorece os audazes, por isso não fiquem na equipa dos conformados.Foi assim que depois de alguns contratempos fui finalmente aceite numa empresa com um projecto extremamente interessante, em Agosto de 2010; “Descanse em Setembro, faça luto da sua antiga vida,

porque em Outubro começa uma nova etapa”, dizia o email que confirmava o meu lugar. E assim foi. Em Outubro apresentei-me ao trabalho e fui recebido com mais palavras que não esqueço, e que vale a pena transcrever: “Espero que tenha tido umas férias repousantes. Caso contrário a culpa é sua. Durante este ano vai ser confrontado com muitas situações em que vai sentir-se frustrado e desiludido com o trabalho e com as pessoas; passará horas a olhar para o computador sem progredir e a

pensar que nunca vai conseguir acabar aquilo a que se propôs. Nessas alturas lembre-se que ali ao lado há dezenas de pessoas dispostas a saltar para o seu lugar.” Foi um crash course, sem dúvida, mas sabem que mais? Não era mentira. As profecias realizaram-se todas, mas ao fim de um ano tinha realizado um projecto do qual me orgulho. Durante esse ano ausentei-me completamente do DF, fiz o mesmo horário que os meus colegas da empresa e dediquei-me a ela como se de um funcionário me tratasse; além disto, envolvi-me em questões paralelas à vida empresarial, nada relacionadas com o meu projecto. Compensou.

Depois de Coimbra

A problemática derivada da complexidade

da situação que se introduz.

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O meu projecto era na área aeroespacial e respondia directamente a uma encomenda de um cliente; como tal, não era puramente académico. Quando contactei a empresa fui imediatamente advertido que ao aceitar o projecto estaria a fazer mais do que “estagiar”, estaria a contribuir para a a criação de uma nova área de negócio que poderia precisar da minha orientação, caso me portasse bem. E assim foi. Finda a tese e o curso, fui convidado a ficar. Isto para vos dar um segundo conselho: em Portugal o projecto de final de curso pode fazer a diferença na transição para o mercado de trabalho. Não o desperdicem a estudar a inércia do excremento da gaivota malhada! Procurem um bom projecto e dediquem-se a ele ferozmente. Mostrem que o mercado precisa de vós e destaquem-se.Foi no último dia de Outubro que, a título de brincadeira com um colega, enviei uma candidatura para um programa de estágios da ESA. Aparentemente alguém levou a minha brincadeira a sério e no mês seguinte recebi um email que, alegremente, me comunicava que tinha sido aceite na agência. A decisão não foi preto e branco, mas acabei por aceitar o desafio e em Março comecei o meu trabalho na “NASA europeia”, onde actualmente faço análise de estruturas. De momento estou a envolvido no estudo do pára-quedas de reentrada atmosférica da

sonda ExoMars (que irá para Marte em 2016) e pelo meio vou colaborando também na revisão de outros projectos. Nas próximas semanas vou começar trabalhos em análise crítica de fracturas, que é uma área onde poucas pessoas trabalham e por isso estrategicamente interessante. A rotina passa pelo uso de diverso software de CAD, CAE, elementos finitos, etc… Mas não pensem que é tudo high-tech. Ficariam espantados com o uso que damos às ferramentas e conteúdos mais básicos que se aprendem na universidade, desde as folhas de cálculo ao F = ma, passando pela balística básica. Várias vezes é a

papel e lápis que confirmamos cálculos e validamos os resultados que o PC debita. Enfim, a engenharia não tem que ser complicada, mas é certamente muito complexa. O trabalho que faço agora não é muito diferente do que fazia em Portugal e, tendo esta referência, posso garantir-vos que no nosso país trabalhamos muito bem.E por cá estou há 6 meses. Mas… e o que vem a seguir? Bem, para muitos dos meus colegas a resposta é simples: ficar na ESA. Mas, a mim, ficar não me satisfaz. O meu desejo passa por voltar a Portugal e a Coimbra. Não tenciono com isto dizer que quero fazer um downgrade à minha vida profissional – uma coisa nem implica a outra. Pelo contrário, pretendo voltar e construir algo novo, contribuir para o mercado e fazer a diferença. “Otário”, pensam uns. “Sonhador”, dirão os mais moderados. Mas... não é o sonho que comanda a vida?

Dediquem-se, sonhem e façam acontecer.

Depois de Coimbra

“Descanse em Setembro, faça luto da sua antiga vida, porque em Outubro começa uma nova etapa”

learnsomethingeveryday :www.learnsomethingeverday.co.uk

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Setembro 2011 RESISTANCE9

Na Infância, já tinha “queda” para a Física? Nos meus tempos de criança e adolescente, nunca pensei em vir a ser cientista, aliás, nem sabia o que isso era. O que eu queria era ser escritora. O meu avô era um poeta popular muito bom do Alentejo e eu sempre quis ser escritora. Acontece que cheguei ao liceu em Beja e tive uma professora

de física excelente, extraordinária, que nos ensinava física só a partir de experiências. Então a física revelou-se um universo fascinante, desafiador e divertido. Foi aí que resolvi ir para física e apercebi-me que não era incompatível com cultivar o interesse por outras áreas, nomeadamente a escrita. Evidentemente que uma pessoa diz que não é incompatível ser escritor e ser cientista ao mesmo tempo (em principio não é), mas na prática é, porque digamos que são duas actividades que exigem muito profissionalismo e que são muito exigentes; contudo foi possível conciliar as duas coisas, apesar de eu só ter começado a publicar há alguns anos. A ideia de me reformar agora, é também uma ideia de ter mais tempo para a escrita, continuando a cultivar a física. Vou continuar no Centro de Física Teórica, a fazer investigação, porque quem é professor, é professor

toda a vida.

Gosta mais de escrever sobre física ou sobre aquilo que pensa, vê ou sente? Bem, há duas coisas, uma coisa é a escrita relacionada com a física, que é uma coisa de que eu gosto, naturalmente. Outra coisa é a escrita literária e aí a área é a ficção; eventualmente pode

aparecer a física mas a base é a ficção; publiquei um livro de histórias para crianças aqui há uns anos, depois publiquei um

livro que é uma edição contextualizada das décimas (forma de poesia popular, muito conhecida no Alentejo) do meu avô, Joaquim Espadinha (1871-1955) que falam das histórias desse período. O ano passado publiquei um livro de ficção que se chama Mapas do Silêncio que é a história de um lugar e do tempo, não tendo nada a ver com a física.

Como descreve a sua experiência profissional no departamento a sua passagem por cá ao longo destes anos? É um caminho de que eu me orgulho muito, e em que acho que aprendi bastante. Aliás aprender é algo que deve ser para toda a vida, as pessoas devem estar sempre em permanente aprendizagem. Sempre gostei muito daquilo que fazia, sou daquelas pessoas que podem dizer “tenho o privilégio de que me paguem para fazer aquilo que

gosto”. O trabalho de investigação foi e vai continuar a ser muito interessante e enriquecedor, e por outro lado as aulas (apesar de estar reformada disponibilizei-me para assegurar o serviço do 1º semestre, o que não é um sacrifício para mim). Ao longo destes anos, houve também uma grande interacção com a comunidade em que estou inserida e obviamente que apesar de haver altos e baixos, isso faz parte da vida; portanto a apreciação global que faço da minha vida no departamento de física é extremamente positiva e não voltava atrás por nada deste mundo. Acho que ao estarmos numa profissão que gostamos, de alguma forma entra-nos na corrente sanguínea e começa a fazer parte de nós.

Quais foram os momentos mais marcantes que viveu como professora e como pessoa neste departamento? Há um momento importante que não tem a ver somente com o departamento mas também com o 25 de Abril de 1974, pois marcou uma viragem no país e em todos nós. Também na universidade foi extremamente importante porque de repente começamos a participar nas decisões, nas discussões, ou seja, o nosso local de trabalho passou a ser um local onde podíamos intervir e onde a nossa voz podia ser ouvida.

Entrevista

Maria da Conceição Espadinha Ruivo

texto_André Silva

Então a física revelou-se um universo fascinante, desafiador e divertido.

Maria da Conceição Espadinha Ruivo, doutora com agregação e professora catedrática da Universidade de Coimbra é natural de uma aldeia do baixo Alentejo. Oriunda de uma família de pastores e pequenos proprietários que na altura em que nasceu não tinham meios de a pôr na Universidade. Fez o liceu em Beja e veio estudar depois para Coimbra, com uma bolsa de Estudos da Gulbenkian, onde posteriormente fez carreira. Trabalha actualmente no Centro de Física Teórica e apesar de reformada lecciona as cadeiras de Métodos Matemáticos da Física e Electromagnetismo II.

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Setembro 2011RESISTANCE 10

As provas académicas e o doutoramento foram também passos muito importantes assim como toda a progressão na carreira académica. Também exerci algumas actividades no departamento, uma das quais não queria deixar de frisar, que foi a minha participação na comissão instaladora no museu de física, um grande desafio que envolveu todo departamento que como sabe não estava aberto ao público. Portanto todo o organizar e preparar o museu, os monitores para as visitas guiadas e o próprio contacto com as pessoas foi muito importante. Por outro lado ,obrigou-me a estudar a história dos instrumentos o que é, de facto, fascinante, uma vez que sendo eu sou física teórica não tenho, à partida, um interesse muito grande por eles. Mas, cada um conta-nos a história da física. Apesar de a minha área de investigação ser a Física de Partículas, desenvolvi um interesse pela história da Física, pois ajuda-nos a perceber como evoluiu tudo a nossa volta,visto que a ciência não está num compartimento estanque pois interage e sofre a interacção do meio em que está inserida. A minha experiência mais recente foi a ocupação do cargo de coordenadora da Lic. em Física, a qual é uma figura importante uma vez que serve de ponte entre alunos, professores e órgãos directivos. Foi uma experiência muito boa, pois os cursos aqui do departamento permitem uma boa interacção com os alunos, que responderam positiva e responsavelmente. É a partir do feedback que os alunos nos dão do diálogo com os professores e direcção que podemos efectivamente melhorar os nossos cursos. Estes, entre muitos outros, foram então os momentos mais marcantes aqui no departamento.

Como é trabalhar num centro de investigação de física teórica?Eu trabalho no Centro de Física Computacional, em física teórica. Faço cálculos analíticos e numéricos.

Contudo, a física teórica não é estanque, pois acabamos por estudar coisas que posteriormente podem acabar por ser medidas experimentalmente. Há uma citação de Dirac que diz “é mais importante ter beleza nas teorias, do que acordo com a experiência” e outra de Feynman ,“uma teoria pode ser muito bonita mas se não for de encontro ao resultado da experiência, está errada”. Eu, nas minhas aulas, perguntava sempre se estas duas teorias estavam em contradição e obviamente não estão. De facto, Einstein dizia que o Alfa e o Omega do nosso trabalho é a experiência. Tudo começa e acaba na

experiência mas há todo um trabalho teórico que deve ser feito. Quando se diz que é preciso ter beleza nas equações, diz se efectivamente que é ter coerência, simplicidade, elegância. Se uma teoria é muito bonita mas não está de acordo com a experiência não se vai deitar logo fora a teoria. Vai-se experimentar e verificar que a experiência é insuficiente. Há partículas que foram previstas e apenas mais tarde se conseguiram descobrir! Há um balanço entre teoria e experiência e é isso que um físico teórico deve estar sempre atento. Aliás, nós comparamos sempre os nossos resultados com as previsões da teoria. O nosso trabalho resume-se a leitura de artigos, participação em conferências, fazer cálculos e depois discutir e compará-los com a experiência. É disso que tenho feito a minha vida e que naturalmente gosto.

Por isso mesmo este trabalho, deve ser muito gratificante, e de

trazer alguma satisfação pessoal?Ah sim, sem dúvida! Sobretudo quando o nosso trabalho é reconhecido e temos facilidade em publicar em revistas internacionais de impacto elevado. Vamos às conferências internacionais e a partir daí temos uma grande satisfação pois vemos que o nosso trabalho é útil e reconhecido.

Uma mensagem aos professores e alunos deste departamento?Tenho a felicidade de ter muitos amigos e colegas que têm muita consideração por mim no departamento. Como disse, a reforma é uma passagem para outra etapa e pelo menos enquanto for possível é importante para mim. Vou continuar aqui para o que for necessário. Sempre que quiserem podem bater a porta, pois estou disponível para qualquer solicitação. Acho muito importante divulgar os cursos no departamento e não é por acaso que nos últimos anos nós enchemos os cursos. Isso deve-se ao trabalho muito importante de professores e alguns alunos em acções de divulgação, como visitas ao departamento, à “Sala Experimenta”, palestras nas escolas, projecto QUARK. Isto porque temos de atrair os jovens, temos de procurar e lutar pelo que queremos. Por isso, queria agradecer aos meus colegas pelo trabalho que têm feito. Os alunos e o núcleo são também muito importantes na recepção aos novos estudantes: recebam bem os vossos colegas, atraiam-nos para cá, pois somos um departamento óptimo que tem de facto uma investigação de alto nível. Os cursos estão muito bem organizados e o ambiente é excelente. Já me foi dito, inclusive, que os professores conhecem os alunos pelo nome, o que acaba por ser uma vantagem. Mantenham este ambiente, porque vale mesmo a pena!

Entrevista

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Setembro 2011 RESISTANCE11

Erasmus

Olá leitores! O meu nome é Davide Di Croce, italiano, mas morei no Brasil cinco anos. Moro e estudo em Coimbra há um ano, mas já estudei dois anos na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), sou aluno de dupla licenciatura em Física através do Programa de Licenciaturas Internacionais (PLI). Dupla licenciatura em Física? PLI? Isto é um programa de uma entidade do governo brasileiro: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoa de Nível Superior (CAPES), onde os alunos das universidades brasileiras do terceiro ou quarto semestre(não privadas) participantes da convenção com a CAPES são escolhidos para estudar na Universidade de Coimbra na mesma área de licenciatura. Eu faço parte da primeira

edição do PLI, com cerca de mais de 260 alunos.Licenciatura no Brasil é um pouco diferente de Portugal. No Brasil a pessoa licenciada é aquela que é formada para lecionar no ensino primário ou secundário. Por isto, esta convenção entre CAPES e a Universidade de Coimbra não envolve somente o aperfeiçoamento dos conteúdos estudados ou o estudo de novos, mas também um contato com jovens.

Eu estive envolvido em atividades com alunos do secundário. Neste novo ano haverá mais PLIs (alunos do PLI), cerca de 300, sendo que no departamento de física serão 21.Quando cheguei a Coimbra não notei grandes diferenças, além da falta da minha família, pois os professores e os novos colegas são muitos simpáticos. Também não senti diferença entre o curso português e o brasileiro que me desmotivasse. Nas duas universidades o curso

de física requer muito empenho. Além disto, a cidade de Coimbra é linda, os lindos parques e a arquitetura românico-renascentista da cidade “baixa” fascinam os novos moradores. As poucas dificuldades que encontrei foram em relação à língua,

pelo português não ser a minhalíngua mãe e também porque a língua portuguesa falada no Brasil ter uma melodia diferente e mais pausada. As várias diferenças que existem nas mesmas palavras entre as duas línguas são muito engraçadas. Outra dificuldade foi encontrar um local para residir aquando da minha chegada. Para que os novos PLIs (alunos do PLI) não sofram com isto, os primeiros PLIs auxiliaram os novos, e com o conteúdo das aulas, e muitas outras coisas.Enfim, por tudo que Coimbra e a Universidade de Coimbra me deram só tenho a agradecer edizer que minha experiência de PLI está sendo ótima!

Uma coisa que achei muito interessante aqui é as pessoas. Todas com quem estabeleci contacto se mostraram super simpática e bem prestativa.

Davide Di Croce

A experiência de PLI

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Setembro 2011RESISTANCE 12

É muito mais do que posso contar. Vai uma amálgama tal de memórias na minha cabeça que pegar e seguir uma linha de acontecimentos é-me difícil. Se olho para trás, para aqueles oito dias, consigo ver perfeitamente a nossa partida anedótica e quase desastrosa do aeroporto (o embaraço impede-me de dizer mais sobre isto), mas não sem imediatamente me lembrar da despedida trapalhona, à porta do hostel húngaro. Não dá para pensar nas vezes que atravessámos as pontes da cidade sem lembrar o gentil casal que, quando do avião começou a ser possível distinguir as luzes lá em baixo, nos chamou à janela do lado deles para dizer “aqui Buda, daquele lado Peste”.Então é assim, as primeiras e últimas impressões que nós, as seis meninas de Coimbra, causamos foram sem dúvida as piores: fizemos o check-in cansadas e com “fome” estampado no rosto; fizemos o check-out de ressaca e mal-humoradas. Felizmente o ambiente dos restantes dias naquele 17º andar (onde havia uma salsada de portugueses, espanhóis e italianos) foi muito mais animado. Por falar em animação: as festas! Ora, foram seis festas, seis temas diferentes. A grande expectativa da viagem centrava-se na Spa Party e, de facto, tivemos uma noite muito bem passada, mas se me pedissem para escolher a melhor festa não hesitaria em responder National Party. Nesta noite, os representantes de cada país deliciam os restantes com pratos típicos, doces de chorar por mais, bebidas, a maior parte delas, de chorar por menos. Vemos os ucranianos no seu canto vestidos a rigor (não me lembro do nome do traje mas faziam lembrar os nossos usados no rancho), os romenos a exibir a sua espécie de bolo de farinha e queijo, os austríacos, de calções e suspensórios, a rir-se da cara

daqueles que se atreviam a provar as suas famosas bebidas… Os portugueses, claro, a adorar cada um dos elogios ao vinho do Porto, à ginja de Óbidos, à broa, ao salame de chocolate, aos tremoços. Mais tarde na festa é pedida uma apresentação de cada país, seja uma dança, uma música, qualquer coisa que mostre o orgulho em sermos de onde somos. Oh, e na apresentação de Portugal o orgulho esteve presente, definitivamente mal direccionado, mas lá de qualquer forma! Quanto às actividades diurnas, posso garantir que era difícil estar um momento sem nada para fazer. Entre as palestras a que assistimos (ok, não foi exactamente isso que nos ocupou o tempo), entre as caminhadas pelo centro da cidade, o passeio de barco no Danúbio, o percurso de 15 minutos que era preciso fazer para chegar às cantinas

cujo único senão era não terem boa comida… chegamos ao fim da semana exaustos. Ah, fica aqui a nota de que, na tarde de desporto, a nossa equipa deu espectáculo no torneio de futebol – tínhamos a melhor equipa, o melhor marcador e a melhor claque! O segundo lugar foi injusto. Enfim, para aqueles que não sabem o que a Conferência Internacional de Estudantes de Física é, a ideia que quero deixar é que é o melhor evento para conhecer cidades de vistas e culturas apaixonantes, pessoas com interesses parecidos, gente de ar maluco mas com a cabeça cheia de ideias geniais – um aparte aqui: aposto que um dos italianos que conhecemos vai virar milionário em poucos anos -, futuros grandes investigadores, certamente alguém para te arranjar um sofá onde dormir quando estiveres na sua cidade. Sim, aqueles dias foram fatigantes e as noites mal dormidas mas repetiria tudo amanhã mesmo.

texto_Magda Silva

CPS

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Setembro 2011 RESISTANCE13

“Animais unidos jamais serão vencidos”

Baseado no livro The Animal’s Conference“ - Erich Kästner, este filme animado assenta na união improvável dos animais que se deparam com a falta de água devido a uma barragem construída em prol de um luxuoso Resort. Não interessa muito como se conhecessem uns aos outros, nem como um galo francês, um urso

polar e duas tartarugas centenárias sobre-vivem na savana, pois não é esse o intuito do filme. Os problemas ambientais que aborda são um tema que persistentemente têm sido abordados, no entanto fica um filme um pouco aquém dos últimos filmes animados, uma vez que acaba por ser demasiado informativo e esquece-se de mais momentos engraçados di-rigidos para as crianças. Mesmo assim, o ob-jectivo é cumprido e a mensagem ecológica é passada.

texto_Joana Melo

16 Frames por segundo

Em momento alto da carreira, James Franco dá vida a Will Rodman, o cientista que, desesperadamente, tenta curar a doença que lentamente vai desgastando o seu pai, a doença de Alzheimer. Testando as suas tentativas de cura em cobaias, Will acaba por se ver na posse de um chimpanzé bebé (filho de uma das suas cobaias), que adopta e cria. E é nesta relação que o filme ganha a profundidade que faltou ao seu predecessor, explorando a paternidade que Will tem para com Caesar, o chimpanzé. Interessante o facto de o filme se situar cronologicamente antes do seu predecessor, mas se visto como filme isolado não perder nada do que tem para oferecer. Desde o início que é transmitida uma

clara mensagem de denúncia do tratamento dado aos animais em cativeiro, bem como da maneira como estes são capturados e afastados do seu habitat natural. E se James Franco, bem acompanhado por Freida Pinto (Quem Quer Ser Bilionário?), não falha em mais uma boa performance, o pequeno Caesar permite conduzir a história a uma visão mais emocional. Os efeitos especiais dão ao chimpanzé virtual uma aparência assustadoramente real e humanizada, carregada de expressividade, só alcançável em filme através da tecnologia. A certo ponto, é quase inevitável criar uma ligação afectiva com Caesar, ponto muito e bem explorado. Esta relação que o espectador cria com o “pequeno” chimpanzé, a paternidade de Will e o seguir da aventura de Caesar são os pontos-chave do filme. E não caindo na tentação de abusar do protagonismo, a equipa de efeitos especiais (Avatar, Senhor dos Anéis) dá ao filme os meios para este ser cativante, coerente e não apenas mais um no meio da chuva actual de filmes sem conteúdo.

texto_Gonçalo Louzada

“ Rise of the Planet of the Apes”

É impressionante como um filme de 45 anos se mantém tão actual. Talvez isso aconteça porque todas as obras-primas aparentam ser intemporais. Alma (Bibi Andersson) é uma enfermeira que é designada para tomar conta de Elisabeth Vogler (Liv Ullman, a musa de Bergman), uma actriz que se remete ao silêncio sem sabermos a razão para tal. Estas duas personagens vão para um retiro na praia de forma a “curar” o silêncio de Elisabeth. A evolução do relacionamento entre estas duas pessoas, onde as personagens se misturam na personalidade, é um jogo de

realidades e imaginários ao nível de David Lynch (que aparece 30 anos depois). O clímax deste jogo é a uma conversa entre as duas personagens filmada duas vezes a filmar as reacções de Elisabeth e Alma, respectivamente. Provavelmente uma das cenas mais poderosas da História do Cinema. É impressionante como um filme onde as conversas entre Alma e Elisabeth são na realidade monólogos porque só Alma fala, Elisabeth digamos que conversa com os olhares e expressões consegue agarrar o espectador somente com a força de um argumento fenomenal. Mas calculo que seja necessário um génio como Ingmar Bergman para o fazer, não está ao alcance do comum dos mortais.

“A Máscara”texto_Frederico Borges

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Setembro 2011RESISTANCE 14

“Midnight in Paris”

Mais que um clássico filme de culto que falhou o sucesso nas bilheteiras, Blade Runner: Perigo Iminente é um marco na história do cinema (e da Ficção Cientifica em particular). Realizado por Ridley Scott, originalmente exibido em 1982, o filme retrata uma realidade futurista (2019), em que seres geneticamente modificados, com aparência humana (Replicants) são utilizados nas colónias que o Homem possui fora da Terra. Rick Deckard (Harrison Ford) é um Blade Runner reformado que aceita uma última missão: perseguir e eliminar quatro Replicants que escaparam para a Terra e se escondem em Los Angeles. Considerado um dos expoentes máximos do neo-noir, o filme serve-se de uma hipnotizante banda sonora composta por Vangelis, e é no ambiente sombrio e desconfortável que acompanha a história, que Scott começa a moldar a mente

de quem assiste. Com o desenrolar do enredo, o espectador é confrontado com questões inerentes à própria existência humana. A definição do sentir vai se tornando cada vez mais turva ao longo do filme. O que diferencia Deckard dos Replicants que persegue? O teste para identificar Replicants baseia-se na incapacidade de sentir. Mas será Deckard capaz de sentir? E os Replicants? Um filme que deixa o espectador intrigado, entranhado, e que em última instância levanta uma questão básica, a que todo e nenhum ser humano sabe responder: o que nos torna verdadeiramente humanos? Obrigatório para qualquer cinéfilo, e uma inspiração para muitos filmes que se seguiram.Nota. Em 1992 saiu a Director’s Cut, uma nova versão que aprofunda o íntimo de Deckard, a sua relação com Rachael, e enfatiza a dúvida sobre a verdadeira natureza de Deckard.

16 Frames por segundo

Woody Allen no seu novo filme retrata a vi-gem de Gil com a sua noiva e os sogros em Paris devido a uns negócios. No entanto, uma vez que esta cidade foi o principal local da sua ”Idade de Ouro”, Gil acaba por se convencer a mudar definitivamente para esta cidade. Esta comédia romântica conta com Owen Wilson,

desta vez um pouco menos extravagante, mas a grande novidade foi a breve participação de Carla Bruni.Com vários saltos temporais leva-nos a conhecer nomes importantes da música, pintura e literatura, conseguindo dar-nos uma percepção exacta dos anos 20, sendo este o pon-to mais forte do filme.Num ambiente romântico e bastante divertido, Allen acaba por mostrar mais uma vez a permanente insatisfação do pre-sente e do ser humano com a vida.

GonçaloLouzada

JoanaMelo

Frederico Borges

“ Rise of The Planet of The

Apes”“A Máscara”

“Midnight in Paris”

“Blade Runner”

“Blade Runner”texto_Gonçalo Louzada

texto_Joana Melo

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Setembro 2011 RESISTANCE15

Helen Merril é uma vocalista de Jazz nascida em Nova Iorque em 1930. Apesar de não ser uma das divas mais carismáticas e bem sucedidas do mundo da música jazz, teve no início da década de 60 um período de sucesso significativo na Europa, tendo mesmo acabado por resisidir em Itália durante largos anos. Não é, portanto, de suspeitar as influências explícitas que o seu país de acolhimento teve neste seu albúm, que tem um alinhamento peculiar. Todas as músicas são standards de jazz famosos e cada faixa cantada pela vocalista é precedida por uma faixa em que a letra da música é recitada em italiano e tem como pano de fundo um músico a solo que toca a melodia do standard em questão. Esta estrutura põe em evidência o romantismo da música cantada e traz um encanto e charme a todo o albúm. Mas é sem dúvida a voz de Helen Merrill o ponto alto de cada faixa. Uma voz doce e ao mesmo tempo atrevida, que encontra o seu expoente máximo na faixa “Why don’t you do right”. A música com mais swing de todo o albúm, é sem dúvida a primeira faixa “Night and Day”, o conhecido standard de Cole Porter. O mais impressionante nesta música é a facilidade com que nos esquecemos que todos os músicos são italianos, pois o fraseado e a brilhante execução faz-nos acreditar que nos encontramos no Blue Note num cenário dos filmes a que Hollywood nos habituou. Não posso portanto deixar de realçar a qualidade dos músicos que acompanham a artista, e que, sem lhe querer tirar algum mérito, lhe facilitam o brilho com que se destaca. Com músicos assim, parece fácil cantar como Helen.

78 rotações por minuto

Bombay Bicycle Club

I Had The Blues But I Shook Them Loose

texto_Gonçalo Louzada

Em 2008, Londres, quatro jovens acabados de sair do secundário gravam este álbum. Brit-rock indie com traços de outros estilos, e nome derivado de uma cadeia de restaurantes. I Had The Blues But I Shook Them Loose sai em 2008, produzido por Jim Abiss, o mesmo de Whatever People Say I Am, That’s What I’m Not (Arctic Monkeys). E embora não tão marcante, o primeiro remate dos Londrinos é um tiro certeiro.Os primeiros dois temas acordam os mais distraídos, preparando-os para Evening/Morning, cuja guitarra inicial deixa antever a energia do tema. Mas quando esta acaba e a tentação de a repetir se apodera da mente, a seguinte apaga essa ideia, procurando lugares idílicos, inches above the Dust On The Ground. E depois da tranquila Ghost , Always Like This, com um riff de baixo único, viciante, eleva-se como ponto mais alto do álbum. Desengane-se quem pensa que acaba por aqui. Magnet, The Hill (que cresce até um final apoteótico) e What If gastam as últimas forças e abrem caminho a um final suave com The Giantess.A melodia deve muito à simbiose entre todos os instrumentos, um baixo e uma bateria que alternam entre o protagonismo (por exemplo em Always Like This) e o pano de fundo, abrindo espaço para as duas guitarras e para voz de Jack (por exemplo em Dust On The Ground).É difícil encontrar bandas actuais com semelhanças, ainda assim, por vezes lembra The Maccabees, ou até Foals com as suas guitarras agudas. No entanto, o álbum prima pela originalidade, daí a dificuldade em catalogar este promissor grupo.Passaram pelo Optimus Alive ‘11, oferecendo um dos melhores concertos do festival, e prometem voltar em breve. Esperemos então.

Helen Merrill

Parole e Musica

texto_Nuno Ferreira

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Setembro 2011RESISTANCE 16

78 rotações por minuto

O dinamismo dos Sonic Youth no que toca a projectos exteriores à banda sempre foi algo de salutar. Com quase 30 anos de existência, as individualidades da banda mais icónica do rock alternativo continuam, de uma forma irónica, a fazer justiça ao nome Sonic Youth. Kim Gordon é uma aventureira a nível artístico, Lee Ranaldo ainda não abdicou de colaborações poético - musicais, e Steve Shelley continua a escrever o seu nome enquanto Deus da bateria noutros projectos musicais. Já Thurston Moore continua a investir na carreira musical a solo. Este ano saiu Demolished Thoughts, o terceiro álbum a solo do guitarrista/vocalista dos Sonic Youth, e que dá sequência a Psychic Hearts (1995) e ao aclamado Trees Outside The Academy (2007). Neste álbum, Thurston Moore volta aos contextos minimais de Trees Outside The Academy, onde uma conjuntura folk - clássica substitui qualquer réstia de raiva camuflada em atmosferas intensas de noise. O espírito punk, é uma vez mais, trocado por um Thurston mais sereno, mais introspectivo. Apesar de um ou outro momento mais expansivo (em “Orchard Street” e na maravilhosa “Space”), a acalmia, solitária mas ironicamente romântica, é um sentimento que pauta o álbum do início ao fim. Thurston Moore sempre procurou muito mais do que ser o “chefe” dos Sonic Youth ou o rei das atmosferas noise. Pode quase dizer-se que além de músico, é um verdadeiro investigador musical. Com Demolished Thoughts, Thurston consegue o apogeu do reverso da medalha. E com 53 anos, Thurston ainda não desistiu de si nem do que tem para dar à música. É de louvar tamanha ‘juventude’!

Thurston MooreDemolished Thoughts

Ao ritmo da música electrónica, Parov Stelar lança em 2008 Daylight, uma fusão electro-swing inspirada nos anos ’30. Combinando a euforia da época, com a força motriz de um bass electrónico contemporâneo, Stelar traz-nos um revival e um álbum contagiante que nos faz bater o pé até ao fim. Detido apenas por pequenos momentos de devaneios amorosos, com músicas mais calmas como “Lost in Amsterdam” ou “Tango Muerte”, este álbum é um hino ao ritmo e às texturas do swing/jazz instrumentais. Acordar com o sol de Agosto a ouvir “Good Bye Emily”, jogar as cartas com os amigos na praia ao som de “On my way now”, dançar ao ritmo das luzes, noite fora, com “Charlestone Butterfly”, ou bem acompanhado num serão after-hours com “Happy End” a tocar, são algumas das possibilidades recomendadas. Nesta viagem, intitulada “luz do dia”, Stelar transporta-nos no tempo e no espaço, criando um ambiente de retro/introspectiva, que me acompanhou para todo o lado este verão.

Parov Stelar Daylighttexto_Rui Nunes

texto_João Borba

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Setembro 2011 RESISTANCE17

A gamer (re)viewtexto_Bruno Galhardo

E3Ocorreu em Junho o evento favorito dos vários developers e editoras do mundo. É aqui que, geralmente, são reveladas novidades completamente inéditas. Uma vez que o evento é realizado nos Estados Unidos (LA), as várias editoras não se poupam a esforços para impressionar, tanto a imprensa, como, consequentemente, o público. Todo o investimento é pouco para tentar aumentar o interesse de todos os seus produtos.Na agenda do evento estavam as habituais conferências das conhecidas produtoras de consolas: A Microsoft, bastante focada no seu periférico Kinect; A Sony, cujo principal destaque foi o anúncio do preço da nova consola portátil VITA (250€); e a Nintendo, que mostrou pela primeira vez ao mundo a futura consola WiiU, com uma tablet como comando. Para além das conferências, distinguiram-se, ainda, os stands de cada empresa, que dispunham de jogos e novo hardware para dar a testar a cada jornalista que por lá passasse. No que diz respeito aos jogos, os que mais impressionaram foram o Bioshock infinite (2012), um jogo de primeira pessoa, com uma história imersiva e que acabou por ser considerado o jogo do evento, e, também, o exclusivo da PS3

Uncharted 3 (1 Nov 2011).Admirável foi, ainda, e agora a níveis técnicos, o jogo de primeira pessoa militar, Battlefield 3 (25 Out 2011), que se espera que leve a geração corrente de hardware de PCs a novos limites!Também a evidenciarem-se neste evento mundial estiveram, não só o trailer e gameplay do novo Tomb Raider (2012), como também o anúncio em primeira mão de um novo Hitman (2012). Inúmeros outros jogos constaram deste acontecimento, como alguns demos para a nova consola da Nintendo. Não posso, evidentemente, deixar de referir o demo apresentado pela Bethesda: o novo Elder Scrolls 5 Skyrim (11 Nov 2011), um role playing game open world, passado num universo fantasia, que, sem dúvida, promete arrasar com a competição no final deste ano!

GamescomEste evento Europeu ocorre, habitualmente, em Agosto, na Alemanha, em Colónia. Ao contrário da E3, o Gamescom está aberto gratuitamente a todos os fãs ou simples curiosos que queiram apreciar ao vivo as novidades. Aqui, os visitantes passam pelos vários stands e experimentam os diversos demos disponíveis dos principais developers e editoras.

Este evento dá um maior relevo aos PCs, não sendo, por isso, de estranhar que o destaque tenha sido atribuído ao juggernaut do PC: Battlefield 3. Dentro das novidades estiveram, não só a redução de preço em 50€ da consola da Sony (agora poderás adquirir uma PS3 por 250€), como também, o Diablo 3 e o mmorpg Star Wars: The Old Republic como principais destaques.

TGSMais recentemente, ainda este mês, realizou-se no Japão o Tokyo Game Show. Este conta com um mercado ligeiramente diferente do ocidental. Aqui, a Microsoft é inexistente e o show é dominado por empresas como a Sony, Nintendo, Capcom e Square-Enix. Focado no mercado asiático, os títulos de destaque foram os chamados jrpg (japanese role playing games), um pouco mais obscuros para os ocidentais. De realce estão alguns anúncios de jogos para as consolas portáteis 3DS da Nintendo e a VITA da Sony. Dentro dos títulos que estão a merecer a atenção deste lado do globo estão Asura’s Wrath, Dragon’s Dogma, Binary Domain and Final Fantasy XIII-2, títulos estes previstos para 2012. O único título ocidental premiado neste evento foi o Battlefield 3

Poucos foram os títulos interessantes lançados para as lojas este Verão. Naturalmente, também o mundo dos videojogos tirou férias, aproveitando inclusivamente para viajar e se reunir (em massa!) em diversos pontos do globo. Foi assim que, não só mostraram aos fãs os títulos mais aguardados, como também anunciaram várias surpresas!

Embora tenha referido que poucos foram os jogos lançados este Verão, há, ainda assim, alguns dignos de menção, e que valerá a pena experimentares:Bastion (PC, XBOX 360), Catherine (XBOX 360, PS3), Deus Ex 3: Human Revolution (PC, XBOX 360, PS3),Gears of War 3 (XBOX 360)

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Setembro 2011RESISTANCE 18

Agora que tenho a mania que sou grande

Um ano depois. Hoje somos estudantes universitários, vestimos orgulhosamente o traje e estamos à espera dos novos alunos. Cada um à sua maneira está mais perto ou não de acabar o curso. Os dias de caloiro já lá vão mas no final vamos relembrá-los saudosamente, porque por muito crescidos que nos possamos sentir e apesar da muita ou pouca importância que concedamos à praxe, faz tudo parte de um conjunto de tradições que com muitas guitarras e capas negras à mistura nos fazem sentir ter feito parte de algo grandioso. (Mas quem é que escreveu isto, pá!?)

O sprint final

Quase a dar por terminado o segundo semestre reparamos que as promessas de não sair à noite depois da Queima não passaram disso mesmo: promessas. Está a acabar o primeiro ano de uma longa caminhada e no entanto parece que sempre estivemos aqui. Enfrentámos a praxe, fomos baptizados, obtivemos um quociente menor ou igual a 0,5 entre “aulas assistidas/total de aulas”, vestimos o traje académico e nunca vimos a cara do professor das práticas de química. Mas no final sentimo-nos integrados e prontos a gozar as curtas férias antes do novo ano lectivo.

Queima das fitas

Para quem resistiu trajar até esta altura, vão pôr-se a contar os dias para trajar pela primeira vez no dia da Serenata. De resto, a Queima das Fitas tem material para três páginas, mas como eu sou o maior, consigo resumir em três linhas: Serenata, Baile de Gala quando te sentires crescido, Cortejo, Chá Dançante e Garraida, intercalos com paletes de cerveja e fardos de hepadox. Só mais uma coisa a dizer sobre a Queima: as noites do parque só

abrangem uma segunda-feira, não se esqueçam que, não só não estão de férias como este esforço final pode ser muito importante.

Época de examesYeah.., ninguém quer ler sobre isto.

Algures nas ruas de Coimbra com cara de palhaço

(Desde o primeiro dia já passou algum tempo, mas não teria piada nenhuma se contasse toda a história até aqui.OK, na verdade, a edição não me deixa escrever tanto, e eu acho muito bem.OK OK!! Eu apareci-lhes com uma dissertação e eles bateram-me, bolas..)Em vésperas da Latada já todos tivemos tempo de perceber um pouco como funciona tudo isto, de decorar os confusos horários ou de fazer já alguns amigos. Mas eis que, com um péssimo timing, chega a dita Latada que nos corta todo o trabalho feito. Pelo lado positivo vão sair dela baptizados, facto que vão recordar para o resto da vida (mesmo não podendo garantir-vos que saiam dela vivos).

O primeiro dia do resto das nossas vidas

Este deve ser dos raros dias em que toda a gente chega a tempo e horas ao departamento. Os novos alunos porque não se querem ver perdidos como um bebé recem-nascido num bar de topless (gostava de dizer que esta frase é minha mas estaria a mentir) logo no primeiro dia e querem acompanhar tudo o que se vai passar; os antigos alunos.., bem, também querem acompanhar tudo o que se vai passar (evil laugh). A partir deste momento esqueçam tudo o que vos foi dito por colegas ou familiares mais velhos. Do pouco que se vão conseguir lembrar, nada vai parecer familiar, so, enjoy it!

João Pedro Ferreira

www.eusotenhoumblogporqueopedrotambemtem.blogspot.com

FIMFuturo Arquitecto

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Setembro 2011 RESISTANCE19

O dia antes

A maioria vem de véspera acompanhados pelas famílias e trazem a casa as costas (Subitamente o vosso primeiro quarto parece ter sido assaltado, não?). Uns jantam com os pais e tentam adiar o momento em que eles vão embora. Outros já os estão a varrer para fora de casa 10 minutos depois. Querem um mau conselho? Nem tentem dormir nesta noite porque não vão conseguir.

O 34 dos SMTUC

Os serviços académicos distribuiram os milhares de colocados por ordem alfabética ao longo dos dias da semana de matrículas, mas toda a gente tentou arranjar maneira de ir no dia A-B. Foi também a semana da correria para procurar casa e neste caso, só houveram dois critérios, pela seginte ordem: ficar o mais perto possível dos colegas de escola; ficar perto do departamento. Certo? Errado! Ninguém admite mas aqueles que vêm mais bem informados têm o critério extra que por acaso até é a primeira prioridade: ficar o mais perto possível da Praça onde se concentra a animação nocturna. Certo? Pois, conta-me histórias..

Colocações

À medida que vai anoitecendo começam já a receber mensagens e telefonemas dos vossos colegas mas vocês continuam num aperto até resolverem conferir a vossa

caixa de spam. Lá está o tão esperado e-mail: felicidade, alívio ou resignação são as opções. Independentemente de qualquer que tenha sido a emoção que vos assaltou nesse momento, cá estão vocês, preparados para enfrentar esta fase completamente diferente das vossas vidas.

Roendo as unhas

Corrijam-me se estiver errado mas aposto que passaram o vosso último verão já com saudades dos vossos colegas de secundário apesar de continuarem a encontrar-se quase todos os dias. Bebiam as palavras dos vossos amigos mais velhos que já entraram na universidade que contam histórias sobre a vivência em Coimbra, sobre a maneira como são lecionadas as aulas e principalmente sobre a praxe. É um misto de nostalgia pelo que ficou para trás e curiosidade pela descoberta do que está para vir, corrijam-me se estiver errado se não foi isto que vos foi passando pela cabeça.

Prólogo

Este aglomerado de palavras tem por propósito fazer uma brevíssima descrição do que espera um vulgar caloiro da UC. Contém informações inapropriadas para pais e educadores, logo, se és estudante e estás para ler isto, olha à tua volta primeiro. Este aviso seria tão mais útil se eu não me tentasse armar em Cristopher Nolan (pois é, tive de ir ao imdb..) e não tivesse escrito o texto inteiro de trás para a frente.

Um texto cheio de clichês

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Setembro 2011RESISTANCE 20

Considerada por muitos, a segunda capital de Portugal, a cidade do Porto situada no Norte do País, não deixa ninguém indiferente quando por lá passam. Por isso mesmo, e para que isso continue nesses trâmites, encantando todos os visitantes vou vos descrever um pouco daquilo que conheço da minha bela cidade.Tem várias entradas a sul, todas pelas pontes que atravessam o Rio Douro, um dos Ex libris da cidade, e nas quais se pode observar as maravilhosas paisagens desde a zona ribeirinha, até a zona da Foz. Lá dentro, subindo-se a cansativa escadaria temos acesso a uma vista panorâmica sobre as áreas circundantes. Para aqueles que não têm vertigens, aconselho desde já a fazer essa experiência, não se vão arrepender! Continuando a nossa visita, o Palácio de Cristal é uma óptima escolha para relaxar envolto da Natureza. Para os amantes de cultura outra passagem obrigatória é a Casa da Música, um edifício com uma arquitectura amada por muitos e odiada por outros tantos. Na minha opinião, é um design contemporâneo, um pouco diferente daquilo que estamos habituados a ver, mas que cativa o olhar. Outra atractividade, um pouco mais recente é o Sea Life Porto situado no Castelo do Queijo, no fim da Avenida da Boavista, e onde se pode apreciar a biodiversidade marinha. É um género de oceanário no Porto. O Palácio do Freixo, situado perto da Ponte do Freixo, é também uma obra muito bonita e que todos deviam visitar. O Estádio do Dragão é outro empreendimento estrondoso,

magnífico e que alberga um dos clubes mais importantes e com mais história na cidade – o fantástico Futebol Clube do Porto. Eu sou suspeito a descreve-lo, pois é o meu clube do coração, como já muitos sabem! Situa-se no lado oriental da cidade, na zona das Antas.Como as visitas não são só conhecer monumentos, quando a fome aperta todos se lembram das Tripas à Moda do Porto, ou da fabulosa Francesinha. São refeições que qualquer turista encontra com facilidade num restaurante da cidade, quer seja da zona histórica ou não. Raramente vejo pessoas a dizer que não gostam

desses pratos. Mas não se esqueçam que as imitações não contam. Muitos dizem que não gostam porque provam noutros pontos do País. As verdadeiras Tripas e Francesinhas são as confeccionadas no Porto. Se estão a procura de uma altura ideal para vir provar uma, não percam o Festival da Francesinha que se realiza todos os anos, geralmente na Foz do Douro, mas pode eventualmente variar o local. As sardinhas assadas são igualmente típicas da cidade principalmente quando o povo sai a rua nas festividades populares do São João, festa típica que de há uns anos para cá já vem atraindo cada vez mais gente à cidade.O povo portuense é um povo bastante hospitaleiro e divertido e que muitas

vezes deita os problemas para tras das costas e vive cada dia de cada vez sempre com um sorriso na cara. Na minha opinião é fácil a adaptação à cidade. Tem uma óptima rede de transportes, desde o Metro aos Autocarros, que nos levam a qualquer ponto da cidade em pouco tempo , os Eléctricos e também os típicos SightSeeing Tour Bus que fazem rotas pelos locais mais emblemáticos da cidade. O principal problema para os visitantes, problema comum a muitas cidades portuguesas, são as sinalizações, porque para quem não conhece a cidade pode facilmente enganar-se num trajecto, se não tiver

consigo um GPS.Por fim, e em jeito de opinião pessoal, a grande maioria dos visitantes da cidade gostam e prometem voltar. Ou porque não conseguiram conhecer tudo aquilo que o Porto tem para mostrar, ou então porque gostaram tanto que certamente seria um prazer apreciar tudo novamente, também porque foram muito bem recebidos. Quando estiverem indecisos sobre o próximo local a visitar, ponham o Porto na vossa folha de opções, vão, desfrutem, e verão que muito provavelmente vão prometer regressar a esta cidade, não só porque é uma cidade bonita e atractiva, mas também porque tem sempre muito para vos oferecer.

Estado estacionário

Porto

Se o desejo do visitante é passear e conhecer zo-nas históricas e monumentos pode-se começar pela Sé do Porto, seguindo-se a Estação de São Bento, e mais a cima a imponente Torre dos Clérigos.

texto_João Lima

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Setembro 2011 RESISTANCE21

Estado excitado

Não desfazendo da vida Universitária, as férias da Páscoa são uma folga muito bem-vinda! E nada melhor que um destino de sonho para aproveitar estes tão merecidos dias de

férias, Roma a capital de Itália! Peguei então nas minhas poupanças e embarquei num avião que me ia levar a uma cidade encantada que é literalmente um museu ao ar livre! Aterrámos em Roma! Primeira paragem, Two Ducks Hostel. Um Hostel invulgar escondido numa rua perdida perto da estação principal da cidade, a estação de Termini, que se revelou um local acolhedor para pernoitar nas duas noites que iríamos passar na capital de Itália.Não havia tempo para descansar e por isso, assim que nos instalámos, seguimos direitinhas, pelo metro, à Cidade do Vaticano. Somos recebidas nesta sede da Igreja católica ao entrar na praça de São Pedro, que remonta ao século XVII e possui à sua frente uma imponente Basílica que adoptou o seu nome. Por toda a praça se avistam fiéis ou simples turistas completamente deliciados com a beleza do local, e eu estava sem dúvida no meio deles. A fila para entrar na basílica era significativamente grande, mas no entanto, ninguém arredava pé, porque acreditem, vale a pena a espera. Para além de um trabalho de arquitectura esplêndido e de ser considerado o maior edifício de seu período artístico, a basílica é um baú de obras-primas, tanto pelo seu belíssimo interior como pelas estátuas que apesar de serem centenas não são suficientes para tornar a basílica, um local pequeno ou preenchido. Mas existe algo que não posso deixar de salientar e que para mim representa talvez o ponto mais interessante desta minha visita à cidade do Vaticano, a subida à cúpula. Esta cúpula é avistada no horizonte de Roma a partir de

qualquer local elevado acima dos edifícios mais altos, e depois de subir cerca de 500 e muitas escadas posso com toda a certeza afirmar que me senti no “topo do mundo”, apesar de exausta. Para os católicos, ou para aqueles que não o são mas apreciam a arte e a presença irrefutável da história nos nossos dias, esta pequena cidade é um local a visitar sem sombra de dúvida. E desculpem desiludir-vos mas é improvável que vejam o papa!Cheias de energia e decididas a patrulhar a cidade a pé, lá nos aventuramos por mais um dia pelas ruas de Roma. Primeira paragem, o Coliseu e o Fórum Romano. Por entre geladarias, pizzarias, turistas e vespas, começámos a descobrir a maravilhosa cidade que se abria aos nossos olhos pronta a acolher-nos por mais um dia. Chegando finalmente ao coliseu, era impossível contar o número de pessoas presentes à sua volta. Pessoas de todo o mundo admiravam aquele belíssimo monumento que já recebeu biliões de turistas. É verdade sim, está no meio da cidade,

está muito destruído, mas encerra milhares de anos de história e portanto é impossível não apreciar cada minuto que passemos nas suas redondezas ou no seu interior. E já que estávamos, nas nossas cabeças, a voltar atrás no tempo, porque não aproveitar a proximidade do Fórum Romano e ir visitá-lo também? São basicamente ruínas, mas tal como o coliseu, possui qualquer coisa de muito especial, sendo sempre místico passar alguns minutos a deambular pelos corredores daquela “cidade” fantasma. No entanto a manhã já ia longa e tínhamos poucos dias e muita coisa para ver. No cimo de uma das saídas do Fórum é possível avistar a famosa estátua da loba que, segundo a lenda, teria amamentado os lendários fundadores de Roma, Rómulo e Remo. Uma estátua de pequenas proporções, que não deixa de nos levar ao passado, aos dias em que estava estampada nos nossos livros de história!

Romatexto_Ana Tomé

Foi um prazer, belíssima Roma!

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Setembro 2011RESISTANCE 22

Algures no fundo de uma longa escadaria encontrámos um edifício branco e enorme, guardado por um cavalo montado por um homem de ar corajoso e altivo, em bronze, que suponho ser o homem a quem aquele edifício é erigido, Vittorio Emanuele II. Um edifício caracterizado pela sua brancura e preservação, ao contrário da grande parte dos edifícios de Roma. As suas proporções são de tal ordem que tive de me afastar consideravelmente e colocar-me no meio da estrada para conseguir tirar uma foto completa do Vittoriano. Fica a curiosidade de visitar o seu interior numa próxima vez que visite solo Romano. Mas a caminhada tem de continuar e ignorando o

cansaço, chegámos ao Panteão. Este edifício construído na época greco-romana é o único que, actualmente, se encontra em perfeito estado de conservação. Foi primeiro utilizado como templo dedicado a todos os deuses do panteão romano e, desde o século VII, como templo cristão. É famoso pela sua cúpula que nos mostra o céu a descoberto, e pela sua estranha fachada que nos leva a crer que o edifício não é circular mas sim rectangular. O seu interior é pequeno mas fascinante, rodeado de estátuas e túmulos que nos transportam mais uma vez através da história.Mas todo o turista, por mais fiel que seja à sua demanda pela arte, merece uma pausa. E não poderíamos sair de Roma sem ir à melhor gelataria da zona. De nome Giolitti e recomendada por um estudante de Erasmus

de Arquitectura que passou o seu primeiro semestre em Coimbra, é definitivamente o local de eleição para degustar um saboroso gelado Italiano.Para terminar o dia da melhor forma, dirigimo-nos ao local que eu mais ansiava por visitar, a famosa Fontana di Trevi ou como se diria em português, Fonte dos Trevos. É um sítio mágico e especialmente agitado, no entanto o cenário é fascinante e a sonoridade da água recheia de energia positiva os seus visitantes. Todos os turistas querem honrar a tradição de lançar uma moeda com a mão direita, à fonte, na esperança de cumprir os seus desejos ou de ficar bem na foto. Eu pedi o meu com uma moeda de 0,50€ e ainda estou à espera do resultado! Não deixou no entanto de ser o ponto alto do meu dia poder admirar aquela obra -prima que me fez permanecer naquele mesmo sítio, sem palavras, durante mais de uma hora. Para o nosso último dia em Roma, guardámos a praça de Espanha. Esta praça é uma das mais deslumbrantes de Roma e trata-se de um ponto de encontro para turistas ou mesmo Romanos. A sua belíssima escadaria monumental é um local famoso e muito visitado especialmente no mês de Maio quando está totalmente enfeitada de flores.Roma, no entanto possui ainda uma jóia escondida. Um belíssimo parque verde que oferece aos turistas uma privilegiada vista sobre toda a cidade. É um local harmonioso e óptimo para relaxar mas sobretudo é o local ideal para culminar uma viagem a uma cidade que marca para sempre quem lá vai. Foi um prazer, belíssima Roma!

Estado excitado

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Setembro 2011 RESISTANCE23

Aulas acabadas, exames feitos, cadeiras feitas, ano concluído! E no pensamento da maioria dos estudantes surge esta frase retirada de uma música popular que anima qualquer bailarico de verão. Com o desejo de aproveitar uns dias merecidos de descanso, com o aproximar do calor de Julho e Agosto, a vontade de apanhar um “bronze” na areia e “curtir” umas ondas é para muitos inversamente proporcional (e muito!) à concentração nos livros no final do semestre. Apesar de não termos tido um verão com sol como constante, ainda tivemos um óptimo verão.No entanto, nem todos têm as mesmas opções e destinos nas férias. Muitos preferem apanhar o comboio e andar com a mochila às costas, de festival em festival, para poder ver as bandas que sonham ver, com o dinheiro que andaram a poupar durante o ano. Ou então, viajar pela Europa fora e conhecer outras paragens, conhecer outras culturas. Outros ainda, não querem sair da sua terra natal, porque não podem, ou porque não querem, mas encontram meios de se distraírem. e há aqueles que preferem trabalhar no verão e enriquecer o CV: num estágio de verão, na universidade

ou noutra instituição, ou então num emprego sazonal e poupar uns euros. E há aqueles que fazem um pouco de todas estas hipóteses.O meu particular interesse ao escrever este artigo, prende-se com os empregos de verão. Mesmo tempo tido oportunidade de ir até a um festival, optei por arranjar um trabalho de verão. Depois de já ter comentado com outras pessoas que estiveram de ERASMUS, ou mesmo com jovens estrangeiros, reparei que

esta cultura de “job” de verão é mais comum noutros países europeus: países da Escandinávia, França, Reino Unido, Itália, etc. Aqui, em Portugal, começamos a ver este hábito, mas ainda é muito prematuro relativamente a outros jovens europeus.Daquilo que recordo deste verão, assim como doutros, enquanto empregado de café ou não, é sobretudo, e inevitavelmente, a chegada dos famosos emigrantes. Reconhece-se logo quando este chegam a Portugal. Com uma tradição de emigração maior que qualquer outro país europeu, a

população portuguesa duplica, ou triplica mesmo, nestas épocas estivais. Nota-se logo o melhoramento da frota automóvel (sejam carros alugados ou não) nas estradas portuguesas, nas quais eles ainda não pagam SCUTS. O que não me esquece, como é evidente, é a peculiar linguagem à qual recorrem os emigrantes. Isto merecia mesmo um dicionário, só a título de exemplo: “queria 10 tranchas de jambon” (quando querem umas meras 10 fatias de fiambre) ou então

“faça-me o pleno” ou “faça-me o cheio” (quando pedem ao empregado da bomba de gasolina para atestar o depósito do carro).E o mês de Agosto, depois de bem aproveitado, chega ao fim. Estamos cheios de energia e de belas histórias para contar quando recomeçarmos um ano académico, e recomeçaremos a fazer planos para o próximo verão. Fico por aqui, com muitas mais coisas para dizer, desejando a todos um óptimo ano lectivo 2011/2012 a todos e as boas-vindas aos caloiros do departamento de Física.

...reparei que esta cultura de “job” de verão é mais comum noutros países europeus:

Crónica

“Meu querido mês de Agosto...”

texto_Marco Giles

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Setembro 2011RESISTANCE 24

Ao entrar para a Universidade a televisão começa a ficar desligada, o rádio é substituído pelos mp3’s, os jornais ficam em casa dos nossos pais e os livros na estante da fnac.A partir do momento em que somos estudantes universitários parece que o mundo deixa de girar. De um momento para o outro o assunto do nosso estudo sobrepõe-se a todas as páginas de jornal e a todos os blocos informativos.Durante os cinco (ou mais, no meu caso) anos universitários somos ignorantes socráticos. E vivemos bem com isso porque a satisfação de fazer cadeiras é-nos suficiente.

Crónica

Os Inocentes de Coimbratexto_Frederico Borges

Depois do 11 de Setembro começou uma década onde todas as preocupações ocidentais em relação ao terrorismo estavam viradas para o extremismo muçulmano.Durante os últimos anos, o medo e a xenofobia procuraram manter os supostos extremistas longe dos nossos bairros, e por isso, controlámos as fronteiras para que nenhum emigrante, por mais inocente que pareça, nos pudesse incomodar com a sua presença.Graças a esse medo, a extrema direita tem vindo a subir de popularidade devido aos seus discursos nacionalistas. Exemplo desta popularidade é a líder da extrema direita Marine Le Pen nos calcanhares de Sarkozy para as presidências ou a extrema direita nos governos holandeses e finlandeses. O expoente máximo foi o fecho das fronteiras dinamarquesas, violando o espaço Schengen. Perdemos tanto tempo a olhar para Este, que nos esquecemos de olhar para nós mesmos. O vil acto de terrorismo da Noruega é o exemplo que todos os extremistas são perigosos, independentes de religiosos ou políticos. Não nos podemos esquecer disto.

Passados 500 anos desde que as heresias acabaram para o povo português, metade do mundo ainda está a sofrer o mesmo tipo de penas. Só mudam os intervenientes.Em vez da Igreja Católica é o Estado Paquistanês.

Em vez de queimados em praça pública são fuzilados.A história é a seguinte...No Paquistão, um país profundamente islâmico existe a Lei da Blasfémia. Esta lei tem como correctivo a pena de morte. Foi há uns meses que Asia Bibi, uma cristã, depois de trabalhar num dia de Verão bebeu água de uma taça pública. Erro crasso. As muçulmanas ficaram insultadas por Asia ter poluído a taça com a boca cristã. Foi processada pelo Estado Paquistanês, pela Lei da Blasfémia e por consequente condenada à morte. Ainda não foi executada, mas dois políticos que se manifestaram apoiantes à mudança da pena da Lei da Blasfémia já foram assassinados.

Graças a esse medo, a extrema direita tem vindo a subir de popularidade devido aos seus discursos nacionalistas.

O Mundo OrientalO Mundo Ocidental

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Setembro 2011 RESISTANCE25

TEMPO DE PREPARAÇÃOo quarto de hora académicoCUSTO APROXIMADAMENTE EXACTO€1,62025(...)CALORIAS

Ingredientes :

-fiambre-salame-pão-queijo -salsichas-manteiga-margarina-batata palha-oregãos-ketchup-mostarda

Derreter numa frigideira margarina e colocar as salsichas cortadas em quatro bocados.Enquanto as salsichas se fazem, barra-se manteiga numa fatia de pão e começa-se a colocar as camadas de ingredi-entes que sendo aparentemente inocentes no final origi-nam… bem… Chuck ‘the toast’ Norris.Primeiro uma fatia de fiambre, seguido de duas de salame, na diagonal (muito importante que seja na diagonal!) de-pois, assumindo que as salsichas já estão prontas coloca-se uma camada destas, seguido por fim do queijo.Como isto não seria digno do nome de Chuck Norris temos que repetir o procedimento numa segunda camada, mais manteiga, mais fiambre, mais salame(diagonal, não esquecer!), mais salsichas, mais queijo e mais pão.Agora o momento esperado, já se pode meter na tosta-deira. É aconselhável uma tostadeira com aplicações in-dustriais que aguente este tipo de AWESOMENESS (por favor ler esta parte com entusiasmo).Agora tem que se esperar até que a fatia de cima esteja tostada, que o queijo derreta um bocado e já se pode tirar, o problema é que ainda não se pode comer.Para a experiência máxima temos que abrir a camada de cima da tosta e adicionar uma quantidade razoável de batata palha seguida de uma boa quantidade de ketchup e mostarda, e podemos fechar. Barra-se a fatia de cima com manteiga e coloca-se as verduras, ou seja, uma pitada de oregãos.

Mãe, afinal sei cozinhar!

“Chuck ‘the toast’ Norris”

João Domingos

Enjoy!!

“NO PHOTO ALLOWED FOR SECURITY REASONS”

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Setembro 2011RESISTANCE 26

Six cups and Indian poker official rules

6 cups (shot glasses, coffee mugs, glasses, what-ever)1-6 sided dicWe

Line the six cups up and they are numbered 1 through 6,first cup being #1 and second #2 and so on. First player rolls the dice, since this is the first time all cups are empty, so whatever number you roll, pour some of your drink in the cup, don’t matter how much, a little, a lot, whatever. Next player rolls, whatever number you get either drink or pour some in (if empty).This continues until there’s no drink left. :)

1 deck of cards4+ players

Each player is dealt one card that they can not look at. They must place the card on their foreheads so that everyone else can see the cards. That means you can see everyone card but your own.

Dealer begins by betting that he has the highest card by saying how many drinks he wishes to bet. Players who don’t think they can win fold and take as many drinks from their beer that the current bet is at. The player who ends up losing (with the lowest card) must drink the total of the bets.

Items needed

Rules

Items needed

Rules

Six cups Indian poker

www.xkcd.com

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Setembro 2011 RESISTANCE27

Six common misconceptionsas seen on www.misconceptionjunction.com