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INSTITUTO SUPERIOR DE GESTÃO SECTOR ECONÓMICO PÚBLICO Professor Doutor Rui Teixeira Santos PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E DIREITO PÚBLICO ECONÓMICO LISBOA 2013

SEP Sector Económico Público, Professor Doutor Rui Teixeira Santos, ISG 2013, Lisboa

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INSTITUTO SUPERIOR DE GESTÃO

SECTOR ECONÓMICO

PÚBLICOProfessor Doutor Rui Teixeira Santos

PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E DIREITO PÚBLICO ECONÓMICO

LISBOA2013

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ProgramaIntrodução: Formas de intervenção pública

Empresa pública/Entidades Públicas Empresariais.

Tipos de Empresas Públicas.

Regime jurídico.

A eficiência relativa e a diluição de responsabilidades.

Tendência para a hegemonia e expansão ilimitada.

Linhas de reforma depois da crise financeira.

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Formas de Intervenção Económica do Estado

A intervenção do Estado na Economia classicamente justificou-se pelas falhas do mercado e teve várias formas desde o reconhecimento jurídico do Estado Moderno:

Estado Policial ou Estado Mínimo com funções básicas de soberania e caracterizado pelo ato e regulamento administrativo impositório;

Estado Prestador de Serviços Públicos por via contratual ou o Estado dos contratos de concessão;

Estado Prestador de Serviços Públicos por administração directa do Estado em que o interesse publico é substituido pelo interesse geral na economia

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Formas de Intervenção Económica do Estado

Estado Regulador e programador ou de Fomento e Planeador

Estado-Garante ou Estado Social de Garantia (depois da crise de 2007/2008) onde a atividade típica é a atividade de garantia (garantia dos depósitos, garantia do emprego, etç) e seguro (Cheque-estudante, cheque- funcionário, cheque-seguro, cheque-utente).

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Formas de Prestação do Serviço Público

Gestão Directa (EPE, EP e Participações financeiras e golden share)

Gestão Indirecta (arrendamento, gestão partcipada, sociedade de economia mista e parcerias publico-privadas)

Concessão

Outros Contratos Públicos

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Iniciativa Pública Económica

Os antecedentes da empresa publica moderna podemos encontra-los no mercantilismo e na politica de industrialização de bens de luxo tendo em vista a amoedação derivada da substituição das importaçães pela produção nacional. (Fábricas reais ou as Aguas Livres)

As primeiras empresas publicas são criadas em Portugal para responder às necesidades da inovação tecnologica do mundo moderno do seculo XIX. Fo o caso da Companhia de Carris de Ferro de Lisboa (ou simplesmente Carris) fundada em 1872.

Na primeira metade do Século XX tendo em vista a revolução tecnologica nos transportes são criadas empresas como a como a TAP, embora, como ja acontecera com os Correios e os Caminhos de Ferro no Século XIX, na maioria dos casos e sobretudo para gerir monopólios fiscais se tenha optado pela utilização da iniciativa privada na prestação de serviços publicos (combustíveis por exemplo) através de contratos de concessao.

Porém o Estado actua directamente atraves das suas direções gerais, nomeadamente na area das obras publicas como por exemplo na construção de Estradas, através da Direcção Geral de Estradas.

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Iniciativa Pública Económica

Mas o principal surto nacionalizador dá-se em 1975, depois da Revolução do 25-A, onde são nacionalizados os principais grupos económicos e as atividades ditas de estratégicas para a Economia Nacional como as a Banca, Seguros, Transportes, Cimentos, Metalomecânica Pesada, Siderugia, Industria Química, Estradas, Correios, Combustiveis, Energia, Portos, Agua, Saneamento, etc.

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Iniciativa Pública Económica

Nacionalização ou estatização é o termo dado ao estabelecimento de monopólio estatal sobre a exploração de determinado recurso natural, ou à aquisição, eventualmente compulsória, pelo Estado, de uma empresa privada, de modo que passe a ser de propriedade pública.

A estatização pode ser uma política de Estado, voltada a um aumento notável da participação do setor público na economia.

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Sector Público Empresarial

A criação de Sectores Públicos Empresariais está intimamente ligada a processos de nacionalização. Em Portugal, a figura de Empresa Pública ganhou relevância política e económica com as nacionalizações. Juridicamente, é uma espécie de expropriação, traduzindo-se na transferência forçada, por um ato de autoridade, de uma sociedade comercial para a propriedade pública.

No entanto, distingue-se da expropriação tanto pelo seu objecto como pelo seu fim:

A expropriação tem motivação na utilidade pública, isto é, a desapropriação de um bem privado é em benefício da comunidade, tendo como justificação a construção de estradas, de pontes, ou quaisquer fins de interesse público. Assim, é uma restrição ao direito de propriedade em geral – art.º 62º da CRP;

A nacionalização, por seu lado, sendo um mecanismo de intervenção directa do Estado ao actuar enquanto verdadeiro agente económico, é sempre motivada pela intervenção na estrutura do poder económico ou na condução da economia, abrangendo unidades económicas (explorações ou empresas agrícolas, comerciais, industriais). "É um instrumento de apropriação colectiva dos meios de produção".

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Conceito de Nacionalização

A nacionalização consiste num ato político, em regra, contido num diploma legislativo, implicando a transferências das empresas para a propriedade pública, em regra do Estado em sentido estrito (António Carlos, et al., 2004).

O ato de nacionalização tem por objecto unidades económicas – explorações ou empresas agrícolas, comerciais, industriais, etc. – com motivos específicos de intervenção na estrutura do poder económico, na condução da economia ou na transformação do sistema económico.

Distingue-se da expropriação, porquanto esta consiste numa restrição ao direito de propriedade em geral (art.º 62.º CRP), enquanto que a nacionalização afecta simultaneamente o direito de propriedade e o direito de iniciativa privada, já que se consiste numa apropriação dos meios de produção (art.º 63.º CRP).

Distingue-se ainda da expropriação, na medida em que esta prevê o pagamento de uma justa indemnização, enquanto a nacionalização não obrigava a uma indemnização em tal medida até 1982, sendo que mesmo após nada obriga a que a indemnização corresponda ao valor integral dos bens nacionalizados (António Carlos, et al., 2004).

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Justificatição das nacionalizações

De entre as inúmeras razões que podem justificar a nacionalização de empresas particulares pelo Estado podem ser destacadas algumas das principais:

Garantir a eficiência produtiva de uma empresa em má situação financeira;

Conter crises setoriais evitando a expansão do capital estrangeiro no país;

Assegurar recursos ao Estado;

Melhorar o atendimento ao público se tratando de empresas de serviços, ou no caso de empreendimentos que não garantam que apresentam um rendimento tardio aos empresários provados.

Os sectores mais atingidos pelas nacionalizações são os de serviços (como saúde, educação, comunicações, transportes e bancos), no caso de países altamente desenvolvidos, enquanto nos países subdesenvolvidos as nacionalizações têm ocorrido nos sectores básicos da economia: siderurgia, mineração e extração petrolífera, entre outros.

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Evolução jurídico-constitucional do regime

das nacionalizações A Constituição da República Portuguesa de 1976 (CRP) veio consagrar

juridicamente as opções político-ideológicas do legislador constituinte herdadas da revolução de 1974.

Em Portugal, a Revolução de 25 de Abril de 1974 cedo incluiu as nacionalizações entre as medidas emblemáticas do processo de democratização da sociedade e do Estado e de modificação da estrutura económica que servira de base ao «Estado Novo». As primeiras nacionalizações incidiram sobre os três bancos emissores de moeda (Banco de Portugal, Banco Nacional Ultramarino e Banco de Angola), em Setembro de 1974. Mas a maioria das nacionalizações veio a ocorrer em 1975, na fase mais radical da revolução, tendo-se registado algumas ainda em 1976, já depois da aprovação da CRP.

Em 1976 o art.º 82.º da CRP previa, no seu n.º 2, a possibilidade de a lei determinar que as expropriações de latifundiários e de grandes proprietários e empresários ou accionistas não desse lugar a qualquer indemnização. O art.º 83.º previa o princípio da irreversibilidade.

Em 1982, esse n.º 2 foi suprimido

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Evolução jurídico-constitucional do regime das nacionalizações

A Revisão Constitucional de 1989 faz passar o preceito 82.º a art.º 83.º, retirando do seu corpo a expressão “nacionalizações”. Também reviu o art.º 83.º, que passou a ser o art.º 85.º, no sentido de permitir a reversibilidade das nacionalizações, isto é, no sentido de permitir a reprivatização, nos termos de lei-quadro que viria a ser aprovada por maioria absoluta dos deputados em efectividade de funções.

Relativamente ao elenco dos limites materiais de revisão constitucional, a Revisão Constitucional de 1989 suprimiu o princípio da apropriação colectiva dos principais meios de produção e solos, bem como dos recursos naturais, e a eliminação dos monopólios e latifúndios, assim como suprimiu a planificação democrática da economia (art.º 290.º, als. f) e g) da CRP com a redacção da Lei Constitucional n.º 1/82, de 30 de Setembro).

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Os limites constitucionais à nacionalização

No direito português, a nacionalização é uma faculdade constitucional, sujeita todavia a alguns limites materiais: por um lado, a nacionalização está sujeita ao princípio da legalidade e ao interesse público («interesse colectivo» no art.º 80.°, al. d) da CRP); por outro lado, as nacionalizações não podem assumir uma preponderância tal que comprimam o sector privado da economia, à luz do princípio constitucional da coexistência de sectores de propriedade dos meios de produção e dos direitos de iniciativa e propriedade privada (art.º 80. °, al. c) e art.º 82. ° da CRP).

De igual modo, está vedada a nacionalização daquelas empresas que sejam o suporte e requisito essencial de liberdades fundamentais, como seja a liberdade de informação e de imprensa, o que excluirá a nacionalização extensiva de empresas de comunicação social.

Com a Revisão Constitucional de 2001, prevê-se no art.º 296.º a reprivatização de bens nacionalizados depois de 25 de Abril de 1974.

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Regime das nacionalizações

Até à nacionalização do Banco Português de Negócios, todas as nacionalizações foram efectuadas por Decreto-Lei. Em alguns casos nacionalizou-se a totalidade da empresa, em outros nacionalizaram-se as participações sociais, porquanto se quis ressalvar a participação estrangeira ou porque o Estado já era detentor do restante capital social.

A grande maioria das empresas foi transformada em empresa pública; e algumas estiveram envolvidas num processo de fusão de pequenas e médias empresas privadas em grandes empresas públicas, como são exemplo, entre outras, a CIMPOR, Rodoviária Nacional, a Electricidade de Portugal.

Até à Lei n.º 62-A/2008, de 11 Novembro, não houve uma lei-quadro ou lei geral sobre nacionalizações, pelo que todo o ato de nacionalização teria de revestir individualmente a forma de Lei ou de Decreto-Lei autorizado (cfr. art.º 161.º, alínea d) e art.º 165.º, n.º 1, alínea l) CRP).

Lei n.º 62-A/2008, de 11 Novembro é a actula lei quadro das nacionalizações

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O regime jurídico das Nacionalizações

A nacionalização, prevista na CRP, está como tal sujeita a alguns limites materiais, sendo que nos termos do art.º 80º, al. d) da CRP deve ter como justificação um fim de interesse público e, nos termos dos arts. 80º, al. c) e 82º da CRP não pode colocar em risco a subsistência do sector privado da economia objecto de nacionalização, à luz do princípio constitucional da coexistência dos sectores se propriedade dos meios de produção e dos direitos de iniciativa e propriedade privada.

Pertence à reserva relativa de competência legislativa da Assembleia da República a matéria dos meios, e formas de (…) nacionalização – art.º 165º, nº1, al. l) da CRP.

A lei quadro das nacionalizações foi publicada em anexo à nacionalização do BPN em 2009. (Lei n.º 62-A/2008, de 11 Novembro).

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Natureza jurídica do ato de Nacionalização

O art.º 2.º, n.º 1 do Anexo define que o ato de nacionalização é um ato legislativo, e deve revestir a forma de Decreto-Lei. Esta solução permite o controlo do Presidente da República, a quem cabe promulgar. Materialmente, o ato de nacionalização pode ser considerado um ato administrativo. Assim se compreende a necessidade de fundamentação, expressa no art.º 2.º, n.º 2. O governo deve respeitar os princípios da proporcionalidade, da igualdade e da concorrência.

O Decreto-Lei que determine uma nacionalização é materialmente um ato administrativo susceptível de ser submetido ao controlo dos tribunais administrativos: art.º 268.º, n.º 4 da CRP, no nosso entendimento. É um ato jurídico, unilateral, adoptado no exercício de uma atividade materialmente administrativa, que produz efeitos decisórios relativamente a cada um dos titulares das participações sociais, embora formalmente seja um ato legislativo.

Questão controvertida. Há doutrina que defende o conteúdo materialmente administrativo do ato da nacionalização. Os tribunais administrativos chamados a intervir no caso BPN entenderam não serem competentes para apreciação do ato, por ser um ato praticado no exercício da função política, nos termos do art.º 4.º, n.º2, al.b) do Estatuto dos Tribunais Administrativos e Fiscais.

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Direito de indemnização – art.º 4.º e 5.º

O direito de indemnização resulta do princípio da igualdade (art.º 13.º da CRP), emerge da garantia da propriedade privada (art.º 62.º, n.º 1) e da sujeição da expropriação por utilidade pública ao pagamento de justa indemnização (62.º, n.º2)

É possível uma analogia com o regime da expropriação para efeitos da caraterização da figura da indemnização em caso de nacionalização. Expropriação é, por um lado, um modo de extinção de direitos do particular atingido e, por outro, a constituição originária de um direito novo na esfera do expropriante. Não representa, para a doutrina atual, nem uma violação ilícita do direito subjetivo de outrem nem uma venda foçada, pelo que, a indemnização não se trata de uma verdadeira indemnização decorrente da responsabilidade civil nem de um preço “forçado”.

Menezes Cordeiro define a indemnização da seguinte forma: “trata-se de uma forma descritiva que não pretende sugerir a aplicação de nenhum particular instituto civil”.

No dever de contribuir para o público devem todos fazê-lo, na medida da sua capacidade. Ora o princípio da igualdade seria gravemente afectado pela nacionalização, que atingiria seletivamente as pessoas, sem consideração pelo seu património global. A indemnização vem restabelecer a igualdade perdida.

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Direito de indemnização – art.º 4.º e 5.º O art.º 4.º, n.º 1 determina que para efeitos de cálculo do montante da indemnização tem-se em conta:

- O valor dos direitos dos titulares das participações sociais;

- Avaliados à luz da situação patrimonial e financeira da pessoa colectiva;

- À data da entrada em vigor do ato de nacionalização.

Há uma enorme restrição a este direito de indemnização, constante do art.º 5.º, n.º 5: “O direito ao pagamento da indemnização suspende-se enquanto estiverem em curso, contra os anteriores titulares, directos ou indirectos, das participações sociais, processos judiciais ou inquéritos, por indícios de práticas lesivas dos interesses patrimoniais da pessoa colectiva e até decisão judicial com trânsito em julgado, da qual não resulte a sua condenação”. Esta limitação resultou da influência do caso de fraude no BPN.

Há autores, como Menezes Cordeiro, que defendem a inconstitucionalidade da norma, por violação do princípio da presunção da inocência. Tendemos a concordar com este autor.

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Bibliografia sobre as Nacionalizações

ANTÓNIO CARLOS SANTOS, MARIA EDUARDA GONÇALVES e MARIA MANUEL L. MARQUES (2004), Direito Económico, Coimbra, Almedina (5ª edição), Parte II

ANTÓNIO MENEZES CORDEIRO, “Da nacionalização do BPN”, Revista de Sociedades Comerciais, Ano I (2009), Número I, Coimbra, Almedina

Dossier Expresso BPN, disponível em http://aeiou.expresso.pt/casobpn

JOSÉ LUÍS SALDANHA SANCHES, A Lei das Nacionalizações e a Nacionalização da Lei: Uma dúvida e cinco ideias, disponível em http://www.saldanhasanches.pt/2-Edicao%20Direito%20Prof.JLSS.pdf

O Estado Nacionalizou um terço da economia, Diário de Notícias, de 04 de Agosto de 2005, disponível em http://dn.sapo.pt/inicio/interior.aspx?content_id=618445

 

Carlos Correia, Hugo Pereira Rosário e Maria Eduarda Gonçalves, “NACIONALIZAÇÕES E PRIVATIZAÇÕES: O REGIME DAS NACIONALIZAÇÕES EM PORTUGAL, DOS TEMPOS DA REVOLUÇÃO AO CASO BPN”, disponível em www.fd.unl.pt/docentes_docs/ma/MEG_MA_11638.doc

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Pressupostos Constitucionais da Iniciativa Económica Pública

PARTE II – Organização económicaTÍTULO I – Princípios gerais

Artigo 80.o (Princípios fundamentais)A organização económico-social assenta nos seguintes princípios:a) Subordinação do poder económico ao poder político democrático;b) Coexistência do sector público, do sector privado e do sector cooperativo e social de propriedade dos meios de produção;c) Liberdade de iniciativa e de organização empresarial no âmbito de uma economia mista;d) Propriedade pública dos recursos naturais e de meios de produção, de acordo com o interesse colectivo;e) Planeamento democrático do desenvolvimento económico e social;f) Protecção do sector cooperativo e social de propriedade dos meios de produção;g) Participação das organizações representativas dos trabalhadores e das organizações representativas das atividades económicas na definição das principais medidas económicas e sociais.

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Pressupostos Constitucionais da Iniciativa Económica Pública

As incumbências prioritárias do Estado em matéria económica consistem num conjunto de atos de intervenção indirecta, ou seja, de condicionamento dos agentes económicos através da criação de regras, de políticas, e de medidas de apoio.

No art.º 81º da CRP encontramos diversas linhas de actuação do Estado de acordo com os objectivos visado em cada alínea:

1.      Orientação do crescimento económico: a alínea a) pertence a este grupo bem como as alíneas c) e d), visto que apresentam o objectivo comum de promover um quadro de desenvolvimento económico;

2.      Justiça social: alínea b) dirige-se à garantia de intervenção do Estado do sentido de correcção dos desequilíbrios na destruição da riqueza e dos rendimentos, esta actuação do Estado vai realizar-se sobretudo através da Política Fiscal.

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Pressupostos Constitucionais da Iniciativa Económica Pública

3.      Relações económicas internacionais: a alínea f) consagra a necessidade de ser estabelecida uma cooperação económica internacional.

4.      Regulação de mercado: esta função central da intervenção indirecta do Estado expressa nas alíneas e), g), h), i), em particular mediante a aprovação de leis de defesa dos consumidores e de protecção da livre concorrência, em todos os sectores da atividade económica;

5.      Políticas sobre os recursos: as alíneas j), l), m), são dirigidas à necessidade de intervenção do Estado no âmbito do desenvolvimento científico e tecnológico, bem como no que diz respeito à eficaz repartição dos recursos hídricos e à maior rentabilização dos recursos energéticos.

O art.º 81º, articula-se com os Planos e com as Políticas Económicas, construindo o programa obrigatório para todos os Governos quanto aos objectivos que estabelece, é este preceito que nos leva a caracterizar a medida das intervenção indirecta do Estado na Economia.

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Pressupostos Constitucionais da Iniciativa Económica Pública

Artigo 82º

(Sectores de propriedade dos meios de produção)

1. É garantida a coexistência de três sectores de propriedade dos meios deprodução.2. O sector público é constituído pelos meios de produção cujas propriedade e gestão pertencem ao Estado ou a outras entidades públicas.3. O sector privado é constituído pelos meios de produção cuja propriedade ou gestão pertence a pessoas singulares ou colectivas privadas, sem prejuízo do disposto no número seguinte.4. O sector cooperativo e social compreende especificamente:a) Os meios de produção possuídos e geridos por cooperativas, em obediência aos princípios cooperativos, sem prejuízo das especificidades estabelecidas na lei para as cooperativas com participação pública, justificadas pela sua especial natureza;b) Os meios de produção comunitários, possuídos e geridos por comunidades locais;c) Os meios de produção objecto de exploração colectiva por trabalhadores;d) Os meios de produção possuídos e geridos por pessoas colectivas, sem carácter lucrativo, que tenham como principal objectivo a solidariedade social, designadamente entidades de natureza mutualista.

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Pressupostos Constitucionais da Iniciativa Económica Pública

Artigo 84º (Domínio público)

1. Pertencem ao domínio público:a) As águas territoriais com os seus leitos e os fundos marinhos contíguos, bem como os lagos, lagoas e cursos de água navegáveis ou flutuáveis, com os respectivos leitos;b) As camadas aéreas superiores ao território acima do limite reconhecido ao proprietário ou superficiário;c) Os jazigos minerais, as nascentes de águas mineromedicinais, as cavidades naturais subterrâneas existentes no subsolo, com excepção das rochas, terras comuns e outros materiais habitualmente usados na construção;d) As estradas; e) As linhas férreas nacionais; f) Outros bens como tal classificados por lei.2. A lei define quais os bens que integram o domínio público do Estado, o domínio público das regiões autónomas e o domínio público das autarquias locais, bem como o seu regime, condições de utilização e limites.

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Pressupostos Constitucionais da Iniciativa Económica Pública

Artigo 86º

(Empresas privadas)

1. O Estado incentiva a atividade empresarial, em particular das pequenas e médias empresas, e fiscaliza o cumprimento das respectivas obrigações legais, em especial por parte das empresas que prossigam atividades de interesse económico geral.

2. O Estado só pode intervir na gestão de empresas privadas a título transitório, nos casos expressamente previstos na lei e, em regra, mediante prévia decisão judicial.

3. A lei pode definir sectores básicos nos quais seja vedada a atividade às empresas privadas e a outras entidades da mesma natureza.

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Pressupostos Constitucionais da Iniciativa Económica Pública

Artigo 89º da CRP

(Participação dos trabalhadores na gestão)

Nas unidades de produção do sector público é assegurada uma participação

efectiva dos trabalhadores na respectiva gestão.

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Proibição da “Golden Share” O Tribunal de Justiça da União Europeia pronunciou-se em 7 de Junho de

2010 pela ilegalidade dos direitos especiais do Estado português na estrutura accionista da Portugal Telecom, indo ao encontro da queixa apresentada a 31 de Janeiro de 2008 pela Comissão Europeia. A golden share na operadora portuguesa de telecomunicações, conclui o órgão judicial comunitário, constitui um obstáculo à "livre circulação de capitais".

Ao manter a golden share no capital da PT, o Estado português é detentor de "uma influência susceptível de desencorajar os investimentos por parte de operadores de outros Estados-membros". A conclusão pertence ao Tribunal de Justiça da União Europeia e aparece plasmada no acórdão agora tornado público. Para o órgão judicial comunitário, a detenção de direitos especiais configura "uma restrição não justificada à livre circulação de capitais".O acórdão do Tribunal de Justiça estabelece que a República Portuguesa "não cumpriu as obrigações que lhe incumbem por força da livre circulação de capitais", apoiando-se no fato de "um número considerável de decisões importantes" relativas à Portugal Telecom estarem condicionadas à chancela do Estado. Tais decisões carecem da maioria dos votos atribuídos às acções especiais. Ademais, salienta o órgão, o peso conferido à golden share é determinante para quaisquer alterações ao quadro estatutário da empresa. Em síntese, a influência do Estado sobre a operadora só pode ser restringida se o poder político assim o entender.

O Tribunal de Justiça da União Europeia sublinha, por outro lado, que o conceito da "restrição controvertida" não é passível de ser "admitida com fundamento nas justificações invocadas por Portugal".

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O que é o Sector empresarial do Estado (SEE) ?

SEE é constituído pelo conjunto das unidades produtivas do Estado, organizadas e geridas de forma empresarial, integrando as empresas públicas  e as empresas participadas.

Empresas públicas – empresas em que o Estado ou outras entidades públicas estaduais possam exercer, isolada ou conjuntamente, de forma directa ou indirecta, uma influência dominante decorrente da detenção da maioria do capital ou dos direitos de voto, ou do direito de designar ou de destituir a maioria dos membros dos órgãos de administração ou de fiscalização.

Empresas participadas - empresas em que, não se encontrando reunidos os requisitos para serem consideradas empresas públicas, existe uma participação permanente do Estado.

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Alteração à Lei das Privatizações

No dia 5 de Agosto de 2011 o Parlamento deu 90 dias ao Governo para em susbstituição das Golden Shares extintas seja criado um novo mecanismo regulatório que salvaguarde o interesse nacional nas empresas consideradas estratégicas para o País, respeitando a legislação comunitária.

O governo não avançou com esse regime.

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PS propõe travagem das privatizações

Foi uma exigência do PS, que o Governo aceitou, a criação de um regime de salvaguarda aos interesses nacionais que permitissem ao Estado garantir a defesa do interesse nacional após o fim das 'golden shares' e dos direitos especiais do Estado em empresas como a Portugal Telecom (PT).

"Estando, neste momento, em situação de incumprimento no que tange à definição do regime atinente à salvaguarda dos interesses estratégicos nacionais, o qual deveria ter entrado em vigor em Dezembro de 2011", diz o PS, no debate do OE/2013, que se deve travar as privatizações.

"O Partido Socialista entende que avançar com o processo de privatizações de empresas estratégicas sem, previamente, definir o regime jurídico da salvaguarda dos interesses estratégicos nacionais é lesivo dos superiores interesses nacionais. Desta forma o Partido Socialista entende que os processos de privatização em curso devem ser suspensos até à definição daquele regime", acrescentaram os socialistas em Novembro de 2012.

Este quadro acabou por ser ultrapassado pelos acontecimentos e pelos novos compromissos assumidos pelo Governo Portugues no ambito do Programa de Assistencia Económica e Financeira (PAEF) que celebrou com a Troika.

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O que é o Sector Empresarial do Estado (SEE) ?

O SEE é responsável pela construção e gestão de infra-estruturas públicas fundamentais e pela prestação de serviços públicos essenciais, para além de um conjunto diversificado de outras funções de carácter instrumental, nos mais diversos sectores e domínios.

O SEE integra atualmente um vasto conjunto de empresas detidas ou participadas  pelo Estado, cuja atividade abrange os mais diversos sectores de atividade, constituindo um importante instrumento de política económica e social.

Para além das participações directas, o Estado detém um conjunto assinalável de participações indirectas, maioritariamente integradas em grupos económicos ou holdings como a Parpública – Participações Públicas, SGPS, SA, AdP – Águas de Portugal, SA. e na Caixa Geral de Depósitos, S.A.

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Carteira de Participações do Estado

A carteira de títulos detidos directamente pelo Estado, através da DGTF,  pode dividir-se em:

Carteira principal -  Integra as participações  com relevância  estratégica para o Estado ou para a prossecução do interesse público.Carteira acessória  - Integra as participações directas do Estado de reduzida utilidade para a prossecução do interesse público e, em geral, de fraca expressão económica que chegam à posse do Estado por um conjunto variado de razões:

Liquidação da participação directamente detida;Extinção do organismo público que a detinha;Dação em pagamento de dívidas fiscais;Conversão de créditos em capital;Prescrição a favor do Estado por abandono ou ausência de herdeiros.

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Enquadramento LegalAtendendo não só à importância do SEE no contexto do

funcionamento da economia e na disponibilização, aos cidadãos, de um conjunto importante de bens e serviços essenciais, mas igualmente às especificidades de transparência, rigor e respeito pelas regras da concorrência associadas à participação pública no capital, o SEE possui um enquadramento legal próprio, estabelecido no Decreto-Lei nº 300/2007, de 23 de Agosto, que alterou o Decreto-Lei n.º 558/99, de 17 de Dezembro.

Subsidiariamente, e em tudo o que não se encontre disposto nesse regime específico, aplica-se às empresas do SEE as disposições constantes do Código das Sociedades Comerciais.

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Enquadramento Legal Merecem ainda destaque, ao nível do

enquadramento legislativo do SEE, os seguintes instrumentos legais:

Decreto-Lei n.º 71/2007, de 27 de Março, que aprova o novo Estatuto do Gestor Público;

Resolução do Conselho de Ministros n.º 49/2007, de 28 de Março, que aprova os princípios de bom governo das empresa do Sector Empresarial do Estado, dirigidos ao Estado, enquanto titular de participações no capital de empresas e enquanto parte relacionada, e às empresas detidas pelo Estado;

Resolução do Conselho de Ministros n.º 70/2008, de 22 de Abril, que aprova as orientações estratégicas do Estado destinadas à globalidade do sector empresarial do Estado;

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Enquadramento Legal No âmbito das relações financeiras entre o

Estado e o SEE, destacam-se:

O Decreto-Lei n.º 120/2005 de 26 de Julho e o Decreto-Lei n.º 69/2007, de 26 de Março, que alteram o Decreto-Lei n.º 148/2003, de 11 de Julho, transpondo para a ordem jurídica interna a Directiva n.º 2000/52/CE, da Comissão, de 25 de Junho, relativa à transparência das relações financeiras entre as entidades públicas dos Estados membros e as empresas públicas;

O Decreto-Lei n.º 167/2008, de 26 de Agosto, que estabelece o regime jurídico aplicável à atribuição de subvenções públicas.

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Enquadramento LegalMINISTÉRIO DAS FINANÇAS E DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Decreto-Lei n.o 300/2007 de 23 de Agosto

Decorridos quase oito anos de vigência do Decreto- -Lei n.o 558/99, de 17 de Dezembro, considerou-se agora necessário proceder a algumas alterações ao regime jurídico do sector empresarial do Estado, tendo em conta a experiência colhida na respectiva aplicação prática e a necessidade de assegurar a harmonia entre aquele regime e o novo estatuto do gestor público, igualmente aprovado pelo Governo nesta ocasião.

As alterações introduzidas em 2007 inserem-se também no quadro estabelecido pelo Código das Sociedades Comerciais, de acordo com a revisão operada pelo Decreto-Lei n.o 76-A/2006, de 29 de Março, e denotam a atenção crescente relativamente às boas práticas de governo e à organização interna das empresas públicas.

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Sector Empresarial do Estado e Empresas Públicas

Artigo 1.o

Objecto

1 — O presente diploma tem por objecto estabelecer o regime do sector empresarial do Estado, incluindo as bases gerais do estatuto das empresas públicas do Estado.

2 — O regime previsto no presente diploma aplica-se ainda às empresas detidas, directa ou indirectamente, por todas as entidades públicas estaduais.

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Sector Empresarial do Estado

1 — O sector empresarial do Estado integra as empresa públicas, nos termos do artigo 3.o, e as empresas partici- padas.

2 — Empresas participadas são as organizações empre- sariais que tenham uma participação permanente do Estado ou de quaisquer outras entidades públicas estaduais, de carácter administrativo ou empresarial, por forma directa ou indirecta, desde que o conjunto das participações públi- cas não origine qualquer das situações previstas no n.o 1 do artigo 3.o

3 — Consideram-se participações permanentes as que não tenham objectivos exclusivamente financeiros, sem qualquer intenção de influenciar a orientação ou a gestão da empresa por parte das entidades participantes, desde que a respectiva titularidade não atinja uma duração, contínua ou interpolada, superior a um ano.

4 — Presume-se a natureza permanente das participa- ções sociais representativas de mais de 10% do capital social da entidade participada, com excepção daquelas que sejam detidas por empresas do sector financeiro.

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Empresas PúblicasArtigo 3º

1 — Consideram-se empresas públicas as sociedades constituídas nos termos da lei comercial, nas quais o Estado ou outras entidades públicas estaduais possam exercer, isolada ou conjuntamente, de forma directa ou indirecta, uma influência dominante em virtude de alguma das se- guintes circunstâncias:

a) Detenção da maioria do capital ou dos direitos de voto;

b) Direito de designar ou de destituir a maioria dos mem- bros dos órgãos de administração ou de fiscalização.

2 — São também empresas públicas as entidades com natureza empresarial reguladas no capítulo III.

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Missão das empresas públicas e do sector empresarial do Estado

A atividade do sector empresarial do Estado deve orientar-se no sentido da obtenção de níveis adequados de satisfação das necessidades da colectividade, bem como desenvolver-se segundo parâmetros exigentes de qualidade, economia, eficiência e eficácia, contribuindo igualmente para o equilíbrio económico e financeiro do conjunto do sector público.

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Sectores empresariais regionais e municipais

Artigo 5º

Além do Estado, apenas dispõem de sectores empresariais próprios as Regiões Autónomas, os municípios e as suas associações, nos termos de legislação especial, relativamente à qual o presente diploma tem natureza supletiva.

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Enquadramento das empresas participadas

1 — Sem prejuízo das autonomias atribuídas às entidades públicas estaduais, de carácter administrativo empresarial, detentoras de participações, ou reconhecidas às Regiões Autónomas, aos municípios e às suas associações, uma empresa participada por diversas entidades públicas integra-se no sector empresarial da entidade que, no conjunto das participações do sector público, seja titular da maior participação relativa.

2 — Sem prejuízo do disposto no número seguinte, a integração das empresas participadas no sector empresarial do Estado aplica-se apenas à respectiva participação pública, designadamente no que se refere ao seu registo e controlo, bem como ao exercício dos direitos de accionista, cujo conteúdo deve levar em consideração os princípios decorrentes do presente decreto-lei e demais legislação aplicável.

3 — Os membros dos órgãos de administração das empresas participadas designados ou propostos pelo Es- tado, directamente ou através das sociedades a que se refere o n.o 3 do artigo 10.o, ficam sujeitos ao regime jurídico aplicável aos gestores públicos, nos termos do respectivo estatuto.

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Regime jurídico geral

1 — Sem prejuízo do disposto na legislação aplicável às empresas públicas regionais, intermunicipais e municipais, as empresas públicas regem-se pelo direito privado, salvo no que estiver disposto no presente diploma e nos diplomas que tenham aprovado os respectivos estatutos.

2 — As empresas públicas estão sujeitas a tributação directa e indirecta, nos termos gerais.

3 — As empresas participadas estão plenamente sujeitas ao regime jurídico comercial, laboral e fiscal, ou de outra natureza, aplicável às empresas cujo capital e controlo é exclusivamente privado.

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Sujeição às regras da concorrência

1 — As empresas públicas estão sujeitas às regras gerais de concorrência, nacionais e comunitárias.

2 — Das relações entre empresas públicas e o Estado ou outros entes públicos não poderão resultar situações que, sob qualquer forma, sejam susceptíveis de impedir, falsear ou restringir a concorrência no todo ou em parte do território nacional.

3 — As empresas públicas regem-se pelo princípio da transparência financeira e a sua contabilidade deve ser organizada de modo a permitir a identificação de quaisquer fluxos financeiros entre elas e o Estado ou outros entes públicos, bem como garantir o cumprimento das exigên- cias nacionais e comunitárias em matéria de concorrência e auxílios públicos.

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Função accionista do Estado

1 — Os direitos do Estado como accionista são exercidos através da Direcção-Geral do Tesouro e Finanças, sob a direcção do Ministro das Finanças, que pode delegar, em conformidade com as orientações previstas no artigo seguinte e mediante a prévia coordenação, por despacho conjunto, com os ministros responsáveis pelo sector.

2 — Os direitos de outras entidades públicas estaduais como accionista são exercidos pelos órgãos de gestão respectivos, com respeito pelas orientações decorrentes da superintendência e pela tutela que sobre elas sejam exercidas.

3 — Os direitos referidos nos números anteriores podem ser exercidos indirectamente, através de sociedades de capitais exclusivamente públicos.

4 — As entidades responsáveis pelo exercício da função accionista, nos termos do presente artigo, devem estar representadas no órgão de administração das empresas públicas, através de um membro não executivo, ou, caso a estrutura de gestão da empresa não preveja a existência destes membros, no respectivo órgão de fiscalização.

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Orientações de gestão1 — Com vista à definição do exercício da gestão das empresas públicas, são emitidas orientações estratégicas destinadas à globalidade do sector empresarial do Estado, através de resolução do Conselho de Ministros.

2 — Com a mesma finalidade, podem ainda ser emitidas as seguintes orientações:

a) Orientações gerais, definidas através de despacho conjunto do Ministro das Finanças e do ministro respon- sável pelo sector e destinadas a um conjunto de empresas públicas no mesmo sector de atividade;

b) Orientações específicas, definidas através de des- pacho conjunto do Ministro das Finanças e do ministro responsável pelo sector ou de deliberação accionista, consoante se trate de entidade pública empresarial ou de sociedade, respectivamente, e destinadas individualmente a uma empresa pública.

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Controlo financeiro

1 — As empresas públicas estão sujeitas a controlo financeiro que compreende, designadamente, a análise da sustentabilidade e a avaliação da legalidade, economia, eficiência e eficácia da sua gestão.

2 — Sem prejuízo das competências atribuídas pela lei ao Tribunal de Contas, o controlo financeiro das empresas públicas compete à Inspecção-Geral de Finanças.

3 — As empresas públicas adoptarão procedimentos de controlo interno adequados a garantir a fiabilidade das contas e demais informação financeira, bem como a ar- ticulação com as entidades referidas no número anterior.

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Deveres especiais de informação e controlo

1 — Sem prejuízo do disposto na lei comercial quanto à prestação de informações aos accionistas, devem as em- presas públicas facultar ao Ministro das Finanças e ao ministro responsável pelo respectivo sector, directamente ou através das sociedades de controlo público, os seguintes elementos, visando o seu acompanhamento e controlo:a) Projectos dos planos de atividades anuais e plurianuais;b) Projectos dos orçamentos anuais, incluindo estimativa das operações financeiras com o Estado;c) Planos de investimento anuais e plurianuais e respec- tivas fontes de financiamento;d) Documentos de prestação anual de contas;e) Relatórios trimestrais de execução orçamental, acom- panhados dos relatórios do órgão de fiscalização, sempre que sejam exigíveis;f) Quaisquer outras informações e documentos solicita- dos para o acompanhamento da situação da empresa e da sua atividade, com vista, designadamente, a assegurar a boa gestão dos fundos públicos e a evolução da sua situação económico-financeira.

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Endividamento das EPs

O endividamento ou assunção de responsabilidades de natureza similar fora do balanço, a médio-longo prazo, ou a curto prazo, se excederem em termos acumulados 30 % do capital e não estiverem previstos nos respectivos orçamento ou plano de investimentos, estão sujeitos a autorização do Ministro das Finanças e do ministro responsável pelo sector ou da assembleia geral, consoante se trate de entidade pública empresarial ou de sociedade,respectivamente, tendo por base proposta do órgão de gestão da respectiva empresa pública.

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Obrigação de informação1 — Os órgãos de gestão das empresas públicas dão a conhecer anualmente, em aviso a publicar na 2.a série do Diário da República, as seguintes informações, sem pre- juízo de, por portaria do Ministro das Finanças, se deter- minar as condições da sua divulgação complementar:a) A estrutura dos seus conselhos de administração e do conselho geral e de supervisão, quando exista; b) A identidade dos administradores e dos membros do conselho geral e de supervisão, quando exista;c) Os processos de selecção dos administradores inde- pendentes, quando existam, e, sendo caso disso, dos mem- bros do conselho geral e de supervisão;d) Os principais elementos curriculares e as qualifica- ções dos administradores;e) Quando seja o caso, os cargos ocupados pelos admi- nistradores noutra empresa;f) A competência, as funções e o modo de funciona- mento de todas as comissões especializadas dentro do conselho de administração e, sendo caso disso, do conselho geral e de supervisão;g) As remunerações totais, fixas e variáveis, auferidas por cada um dos administradores, em cada ano, bem como as remunerações auferidas por cada membro do órgão de fiscalização;h) Outros elementos que sejam fixados em resolução do Conselho de Ministros.

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Poderes de autoridade1 — Poderão as empresas públicas exercer poderes e prerrogativas de autoridade de que goza o Estado, desig- nadamente quanto a:

a) Expropriação por utilidade pública;

b) Utilização, protecção e gestão das infra-estruturas afectas ao serviço público;

c) Licenciamento e concessão, nos termos da legislação aplicável à utilização do domínio público, da ocupação ou do exercício de qualquer atividade nos terrenos, edifica- ções e outras infra-estruturas que lhe estejam afectas.

2 — Os poderes especiais serão atribuídos por diploma legal, em situações excepcionais e na medida do estrita- mente necessário à prossecução do interesse público, ou constarão de contrato de concessão.

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Gestores públicos

Os membros dos órgãos de administração das empresas públicas, independentemente da respectiva forma jurídica, ficam sujeitos ao estatuto do gestor público.

O estatuto do pessoal das empresas públicas é o do regime do contrato individual de trabalho.

A matéria relativa à contratação colectiva rege-se pela lei geral.

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Tribunais competentes

1 — Para efeitos de determinação da competência para julgamento dos litígios, incluindo recursos contenciosos, respeitantes a atos praticados e a contratos celebrados no exercício dos poderes de autoridade, serão as empresas públicas equiparadas a entidades administrativas.

2 — Nos demais litígios seguem-se as regras gerais de determinação da competência material dos tribunais.

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Empresas públicas encarregadas da gestão de serviços de interesse

económico geral

Artigo 19.oNoção

São consideradas empresas encarregadas da gestão de serviços de interesse económico geral aquelas cujas atividades devam assegurar a universalidade e continuidade dos serviços prestados, a coesão económica e social e a protecção dos consumidores, sem prejuízo da eficácia económica e do respeito dos princípios de não discriminação e transparência.

Salvo quando a lei dispuser diversamente, os termos em que a gestão é atribuída e exercida constarão de contrato de concessão.

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Princípios orientadores

As empresas públicas encarregadas da gestão de serviços de interesse económico geral devem prosseguir as missões que lhe estejam confiadas no sentido, consoante os casos, de:

a) Prestar os serviços de interesse económico geral no conjunto do território nacional, sem discriminação das zonas rurais e do interior;b) Promover o acesso da generalidade dos cidadãos, em condições financeiras equilibradas, a bens e serviços essenciais, procurando, na medida do possível, que todos os utilizadores tenham direito a tratamento idêntico e neutro, sem quaisquer discriminações, quer quanto ao funciona- mento dos serviços, quer quanto a taxas ou contrapresta- ções devidas, a menos que o interesse geral o justifique;c) Assegurar o cumprimento das exigências de pres- tação de serviços de carácter universal relativamente a atividades económicas cujo acesso se encontre legalmente vedado a empresas privadas e a outras entidades da mesma natureza;

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d) Garantir o fornecimento de serviços ou a gestão de atividades cuja rendibilidade não se encontra assegurada, em especial devido aos investimentos necessários ao desen- volvimento de infra-estruturas ou redes de distribuição ou, ainda, devido à necessidade de realizar atividades comprovadamente deficitárias;e) Zelar pela eficácia da gestão das redes de serviços públicos, procurando, designadamente, que a produção, o transporte e distribuição, a construção de infra-estruturas e a prestação do conjunto de tais serviços se procedam de forma articulada, tendo em atenção as modificações organi- zacionais impostas por inovações técnicas ou tecnológicas;f) Cumprir obrigações específicas, relacionadas com a segurança, com a continuidade e qualidade dos serviços e com a protecção do ambiente, devendo tais obrigações ser claramente definidas, transparentes, não discriminatórias e susceptíveis de controlo.

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Contratos com o EstadoPara realização dessas finalidades poderá o Estado

recorrer à celebração de contratos com as empresas públicas encarregadas da gestão de serviços de interesse económico geral, contemplando, designadamente, a atribuição de indemnizações compensatórias na medida do estritamente necessário à prossecução do interesse público.

Estes contratos visarão assegurar a adaptação permanente à evolução das circunstâncias, inclusive técnicas e tecnológicas, e à satisfação das necessida- des colectivas, conciliando a eficácia económica dos operadores com a manutenção da coesão social e a luta contra a exclusão.

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Participação dos utentes

1 — O Estado promoverá o desenvolvimento de formas de concertação com os utentes ou organizações representativas destes, bem como da sua participação na definição dos objectivos das empresas públicas encarregadas da gestão de serviços de interesse económico geral.

2 — O direito de participação dos utentes na definição dos objectivos das empresas públicas encarregadas da gestão de serviços de interesse económico geral será regulado por decreto-lei.

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Entidades Públicas Empresariais

As pessoas colectivas de direito público, com natureza empresarial, criadas pelo Estado são designadas «entidades públicas empresariais» (E.P.E.) .

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Criação

1 — As entidades públicas empresariais são criadas por decreto-lei, o qual aprovará também os respectivos estatutos.

2 — A denominação das entidades públicas empresariais deve integrar a expressão «entidade pública empresarial» ou as iniciais

«E. P. E.».

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Autonomia e capacidade jurídica

1 — As entidades públicas empresariais são dotadas de autonomia administrativa, financeira e patrimonial, não estando sujeitas às normas da contabilidade pública.

2 — A capacidade jurídica das entidades públicas empresariais abrange todos os direitos e obrigações necessários ou convenientes à prossecução do seu objecto.

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Capital

1 — As entidades públicas empresariais têm um capital, designado «capital estatutário», detido pelo Estado e destinado a responder às respectivas necessidades permanentes.

2 — O capital estatutário poderá ser aumentado ou reduzido nos termos previstos nos estatutos.

3 — A remuneração do capital estatutário é efectuada de acordo com o regime previsto para a distribuição dos lucros do exercício nas sociedades anónimas.

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Órgãos das EPE1 — A administração e a fiscalização das entidades públicas empresariais devem estruturar-se segundo as modalidades e com as designações previstas para as so- ciedades anónimas.

2 — Os órgãos de administração e fiscalização têm as competências genéricas previstas na lei comercial, sem prejuízo do disposto no presente diploma.

3 — Os estatutos podem prever a existência de outros órgãos, deliberativos ou consultivos, definindo as respec- tivas competências.

4 — Os estatutos regularão, com observância das nor- mas legais aplicáveis, a competência e o modo de designação dos membros dos órgãos a que se referem os números anteriores.

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Registo comercial

As entidades públicas empresariais estão sujeitas ao registo comercial nos termos gerais, com as adaptações que se revelem necessárias.

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Tutela das EPEs

1 — A tutela económica e financeira das entidades públicas empresariais é exercida pelo Ministro das Finanças e pelo ministro responsável pelo sector de atividade de cada empresa, sem prejuízo do respectivo poder de superintendência.

2 — A tutela abrange:

a) A aprovação dos planos de atividades e de investimento, orçamentos e contas, assim como de dotações para capital, subsídios e indemnizações compensatórias;

b) A homologação de preços ou tarifas a praticar por empresas que explorem serviços de interesse económico geral ou exerçam a respectiva atividade em regime de exclusivo, salvo quando a sua definição competir a outras entidades independentes;

c) Os demais poderes expressamente referidos nos estatutos

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Transformação, fusão, cisão e extinção das E.P.E

A transformação das entidades públicas empresariais bem como a respectiva fusão ou cisão operam-se, em cada caso, através de decreto-lei e nos termos especiais nele estabelecidos.

Pode ser determinada por decreto-lei a extinção de entidades públicas empresariais, bem como o subsequente processo de liquidação.

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Extensão a outras entidades

1 — Os direitos de accionista do Estado ou de outras entidades públicas estaduais a que se refere o presente diploma, nas sociedades em que, mesmo conjuntamente, não detenham influência dominante, são exercidos, respec- tivamente, pela Direcção-Geral do Tesouro e Finanças ou pelos órgãos de gestão das entidades titulares.2 — As sociedades em que o Estado exerça uma influência significativa, seja por detenção de acções que representam mais de 10 % do capital social, seja por detenção de direitos especiais de accionista, devem apresentar na Direcção-Geral do Tesouro e Finanças a informação destinada aos accionistas, nas datas em que a estes deva ser disponibilizada, nos termos da legislação aplicável às sociedades comerciais.

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3 — Os direitos referidos nos números anteriores poderão ser exercidos, indiretamente, nos termos previstos no nº 3 do artigo 10º4 — Às empresas privadas encarregadas da gestão de serviços de interesse económico geral, por força de concessão ou da atribuição de direitos especiais ou exclusivos, é aplicável o disposto nos artigos 9º, 12º e 13º e no capítulo II do presente diploma.5 — Podem ser sujeitas ao regime estabelecido no presente diploma, no todo ou em parte, com exceção do constante do seu capítulo III, as empresas nas quais o Estado ou outras entidades públicas disponham de direitos especiais, desde que os respectivos estatutos assim o prevejam.

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Constituição de sociedades e aquisição ou alienação de partes de capital

Sem prejuízo do disposto em legislação especial, a participação do Estado ou de outras entidades públicas estaduais, bem como das empresas públicas, na constituição de sociedades e na aquisição ou alienação de partes de capital está sujeita a autorização do Ministro das Finanças e do ministro responsável pelo sector, excepto nas aquisições que decorram de dação em cumprimento, doação, renúncia ou abandono.

O pedido de autorização deve ser acompanhado por um estudo demonstrativo do interesse e viabilidade da operação pretendida.

O incumprimento determina a nulidade do negócio jurídico em causa.

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Regime especial de gestão

Em circunstâncias excepcionais devidamente justificadas, podem as entidades públicas empresariais ser sujeitas a um regime especial de gestão, por prazo determinado que não exceda dois anos, em condições fixadas mediante resolução do Conselho de Ministros.

A resolução deste regime especial determina a cessação automática das funções dos titulares dos órgãos de administração em exercício

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Estatuto do gestor público (EGP)

Decreto-Lei n.o 71/2007 de 27 de Março

O estatuto do gestor público (EGP) foi aprovado pelo Decreto-Lei n.o 464/82, de 9 de Dezembro, que revogou o Decreto-Lei n.o 831/76, de 25 de Novembro. Foi objecto de alteração no Decreto-Lei n.o 71/2007 de 27 de Março e pelo Decreto-Lei n.º 8/2012, de 18 de janeiro (que inclui a sua republicação)

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Gestor Público

Considera-se gestor público quem seja designado para órgão de gestão ou administração das empresas públicas abrangidas pelo Decreto-Lei n.o 558/99, de 17 de Dezembro.

Extensão do Estatuto do Gestor Publico

1 — Aos titulares de órgão de gestão de empresa participada pelo Estado, quando designados pelo Estado, são aplicáveis, com as necessárias adaptações, os artigos 10.o a 12.o, 15.o a 17.o, o n.o 1 do artigo 22.o e o artigo 23.o do Decreto-Lei n.o 71/2007 de 27 de Março

2 — O RGP é subsidiariamente aplicável aos titulares dos órgãos de gestão das empresas integrantes dos sectores empresariais regionais e locais, sem prejuízo das respectivas

3 — O EGP é ainda aplicável, com as devidas adaptações, aos membros de órgãos directivos de institutos públicos, nos casos expressamente determinados pelos respectivos diplomas orgânicos, bem como às autoridades reguladoras independentes, em tudo o que não seja prejudicado pela legislação aplicável a estas entidades.

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Republicação do Estatuto em 2012

Foi publicado o Decreto-Lei n.º 8/2012, de 18 de janeiro, que modifica as regras de recrutamento e seleção dos gestores públicos, bem como o regime aplicável aos contratos de gestão e à sua remuneração e benefícios.

• presente diploma altera e republica o Decreto-Lei n.º 71/2007, de 27 de março, que aprovou o estatuto do gestor público.

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Revisão do Estatuto do GP

DL n.º 8/2012, de 18 de janeiro

Existia antes da ultima revisão do Estatuto do Gestor Público uma situação caraterizada por:

•Incoerência nas remunerações auferidas pelos gestores públicos;• Falta de ponderação do elemento da concorrência na fixação de remunerações;•Opacidade sobre o processo de fixação de remunerações de gestores públicos;• Desvalorização da gestão por objectivos e da orientação para os resultados;• Inadequação da proporcionalidade entre remuneração e prémios de gestão;. Nomeação de gestores públicos sem qualquer avaliação independente do currículo e perfil dos mesmos;• Benefícios e de privilégios injustificados, incluindo cláusulas indemnizatórias excepcionais;• Injustificada possibilidade de acumulação de remunerações pelo exercício de funções de gestor público em várias entidades;•Injustificada possibilidade de acumulação de benefícios complementares de reforma com remunerações pelo exercício de funções de gestores públicos.

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Revisão do Estatuto do Gestor Público:

Principais alterações:

• As propostas de designação para o exercício do cargo de gestor público passam a incluir uma avaliação de currículo e de adequação do perfil da personalidade a efectuar pela Comissão de Recrutamento e Selecção para a Administração Pública;

• A designação é realizada mediante Resolução do Conselho de Ministros, devidamente fundamentada e publicada no D.R. juntamente com uma nota relativa ao currículo académico e profissional do designado;

• A celebração de contrato de gestão passa a ser obrigatória em todas as empresas públicas e não apenas nas que prestem serviços de interesse geral;

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Revisão do Estatuto do Gestor Público:

Principais alterações:

• O contrato de gestão não pode estabelecer regimes específicos de indemnização ou qualquer outro tipo de compensação por cessação de funções e passa a prever expressamente a obrigatoriedade de demissão quando a avaliação de desempenho seja negativa;

• O direito a indemnização, nas situações previstas na lei, passa a depender da existência de 12 meses seguidos de exercício de funções (face à anterior inexistência de mínimo) e corresponde ao vencimento base auferido até ao final do respectivo mandato, com o limite de 12 meses;

• A acumulação de funções executivas com actividades exercidas por inerência, participação em conselhos consultivos, comissões de fiscalização ou outros organismos colegiais, deixam de conferir direito a qualquer remuneração, benefício ou regalia;

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Revisão do Estatuto do Gestor Público:

Principais alterações:

• A remuneração dos gestores públicos não pode ultrapassar o vencimento mensal do Primeiro-Ministro;

• O vencimento mensal dos gestores públicos passa a ser determinado em função de critérios decorrentes da complexidade, exigência e responsabilidade inerentes às respectivas funções e atendendo às práticas normais de mercado no respectivo sector de actividade;

• Os referidos critérios são fixados por Resolução do Conselho de Ministros que estabelece, ainda, as remunerações a praticar em cada uma das categorias de empresas previamente definidas;

• A remuneração dos gestores públicos passa a integrar um abono mensal para despesas de representação no valor de 40% do respectivo vencimento (cessa a existência da remuneração variável, utilização de cartões de crédito e apresentação de despesas de representação pessoal para liquidação pelas empresas);

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Revisão do Estatuto do Gestor Público:

Principais alterações:

Situação de excepção:

• Quando ocorrer autorização expressa do membro do Governo responsável pela área das finanças, os gestores podem optar pela remuneração média actualizada dos últimos três anos do lugar de origem, apenas quando se trate de empresas com actividade mercantil e em regime de concorrência de mercado;

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Revisão do Estatuto do Gestor Público:

Principais alterações:

• O pagamento de prémios de gestão depende da verificação, no período a que respeitam, do cumprimento dos critérios objectivos fixados no contrato de gestão, sendo que no período do PAEF não poderão ser atribuídos.

•Os prémios de gestão são passíveis de atribuição no final do exercício ou do mandato, não podendo ultrapassar metade da remuneração anual auferida.

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Revisão do Estatuto do Gestor Público:

Principais alterações:

• Não é permitida a utilização de cartões de crédito e outros instrumentos de pagamento por gestores públicos para a realização despesas ao serviço da empresa e não é permitido o reembolso a gestores públicos de quaisquer despesas que caiam no âmbito do conceito de despesas de representação pessoal;

• O valor máximo das viaturas de serviço afectas aos gestores públicos é fixado por despacho, publicado em Diário da República, do membro do Governo responsável pela área das finanças no caso das entidades públicas empresariais;

• É vedado o exercício de qualquer opção por parte dos gestores para aquisição de viaturas de serviço que lhes tenham sido afectas;

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Revisão do Estatuto do Gestor Público:

Principais alterações:

• Obrigação de, quem tendo exercido funções de gestor público auferindo, por causa desse exercício, benefícios complementares de reforma, optar entre a remuneração na empresa onde exerce funções e os referidos benefícios complementares (acaba o direito a opção por 1/3);

• As regalias ou benefícios a que os gestores possam ter acesso apenas incluem aquelas que sejam aplicáveis aos demais colaboradores da empresa.

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Revisão do Estatuto do Gestor Público:

Desta revisão resultou, apesar dos caoss excepcionais:

• Significativa redução dos valores de remuneração;• Relevante redução de benefícios e regalias;•Eliminação de remunerações por acumulação de funções;• Restabelecimento de novo equilíbrio entre os remunerações auferidas por gestores públicos em sectores não concorrenciais;• Incremento da capacidade de concorrência entre o Estado e as empresas privadas pelos melhores gestores no sectores sujeitos a concorrência;• Promoção da gestão por objectivos no âmbito do contrato de gestão e da atribuição de prémios de gestão;• Promoção da meritocracia, isenção e transparência na selecção de gestores, com a previsão de avaliação de perfil e competências pela Comissão de Recrutamento e Selecção da Administração Pública.

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referências Decreto-Lei 8/2012 Data: 18-01-2012 Estado: Vigente

Resumo: Modifica as regras de recrutamento e selecção dos gestores públicos, bem como as matérias relativas aos contratos de gestão e à sua remuneração e benefícios, procedendo à segunda alteração ao Decreto-Lei n.º 71/2007, de 27 de Março.

Publicação: Diário da República - Série I, N.º 13, de 18.01.2012, Páginas 290 a 300

Associado: Resolução do Conselho de Ministros 34/2012 de 15-03-2012 Associado: Resolução do Conselho de Ministros 18/2012 de 21-02-2012 Associado: Resolução do Conselho de Ministros 16/2012 de 14-02-2012 Altera: Decreto-Lei 71/2007 de 27-03-2007 Rectificado: Declaração de Rectificação 2/2012 de 25-01-2012

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Cumprimento do Memorando de Entendimento com a Troika no ambito do PAEF

No contexto da vigência do Programa de Assistência Económica e Financeira, assumia primordial importância a racionalização do chamado Sector Empresarial do Estado e, no quadro do esforço de racionalização que deve ser implementado e prosseguido, eram aspectos essenciais os relativos ao recrutamento e selecção dos gestores públicos e às respectivas remunerações e benefícios, actualmente consagradas no Estatuto do Gestor Público, aprovado pelo Decreto-Lei n.o 71/2007, de 27 de Março, e alterado pela Lei n.o 64-A/2008, de 31 de Dezembro.

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Exclusão do Estatuto do Gestor Público

Exclusão:

Não é considerado gestor público quem seja eleito para a mesa da assembleia geral, comissão de fiscalização ou outro órgão a que não caibam funções de gestão ou administração.

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Deveres dos Gestores Públicos

São deveres dos gestores públicos e, em especial, dos que exerçam funções executivas:a) Cumprir os objectivos da empresa definidos em assembleia geral ou, quando existam, em contratos de gestão;b) Assegurar a concretização das orientações definidas nos termos da lei, designadamente as previstas no artigo 11.o do Decreto-Lei n.o 558/99, de 17 de Dezembro, e no contrato de gestão, e a realização da estratégia da empresa;c) Acompanhar, verificar e controlar a evolução das atividades e dos negócios da empresa em todas as suas componentes;d) Avaliar e gerir os riscos inerentes à atividade da empresa;e) Assegurar a suficiência, a veracidade e a fiabilidade das informações relativas à empresa bem como a sua confidencialidade;f) Guardar sigilo profissional sobre os fatos e docu- mentos cujo conhecimento resulte do exercício das suas funções e não divulgar ou utilizar, seja qual for a fina- lidade, em proveito próprio ou alheio, directamente ou por interposta pessoa, o conhecimento que advenha de tais fatos ou documentos;g) Assegurar o tratamento equitativo dos accionistas.

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Poderes do Gestor Público

Artigo 9ºPoderes próprios da função administrativa

O exercício de poderes próprios da função administrativa, nos casos legalmente previstos, observa os princípios gerais de direito administrativo.

Artigo 10ºAutonomia de gestão

Observado o disposto nas orientações fixadas ao abrigo da lei, designadamente as previstas no artigo 11.o do Decreto-Lei n.o 558/99, de 17 de Dezembro, e no contrato de gestão, o conselho de administração goza de autonomia de gestão.

Artigo 11ºDespesas confidenciais

Aos gestores públicos é vedada a realização de quais- quer despesas confidenciais ou não documentadas.

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Designação do Gestor PúblicoArtigo 12.oRequisitos

1 — Os gestores públicos são escolhidos de entre pessoas com comprovadas idoneidade, mérito profis- sional, competências e experiência de gestão, bem como sentido de interesse público e habilitadas, no mínimo, com o grau académico de licenciatura.

2 — É competência do membro do Governo respon- sável pelo respectivo sector de actividade a definição do perfil, experiência profissional e competências de gestão adequadas às funções do cargo, dos quais deve informar a Comissão de Recrutamento e Selecção para a Administração Pública.

3 — É competência da Comissão de Recrutamento e Selecção para a Administração Pública, a definição, por regulamento, dos critérios aplicáveis na avaliação de candidatos a cargos de gestor público, designadamente, as competências de liderança, colaboração, motivação, orientação estratégica, orientação para resultados, orien- tação para o cidadão e serviço de interesse público, gestão da mudança e inovação, sensibilidade social, experiência profissional, formação académica e for- mação profissional.

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Designação dos gestores

Artigo 13.oDesignação dos gestores

1 — Os gestores públicos são designados por nomea- ção ou por eleição.2 — A nomeação é feita mediante resolução do Conselho de Ministros, devidamente fundamentada e publicada no Diário da República juntamente com uma nota relativa ao currículo académico e profissional do designado, sob proposta dos membros do Governo responsáveis pela área das finanças e pelo respectivo sector de actividade.3 — A proposta referida no número anterior deve ser acompanhada de avaliação, não vinculativa, de currículo e de adequação de competências ao cargo de gestor público da personalidade a que respeita a proposta de designação, realizada pela Comissão de Recrutamento e Selecção para a Administração Pública.4 — Para efeitos do número anterior, a Comissão de Recrutamento e Selecção para a Administração Pública pode realizar entrevista de avaliação de competências exigíveis ao exercício das funções de gestor público e aplicar outros métodos de avaliação.5 — Não pode ocorrer a nomeação ou proposta para eleição entre a convocação de eleições para a Assem- bleia da República ou a demissão do Governo e a inves- tidura parlamentar do Governo recém-nomeado, salvo se se verificar a vacatura dos cargos em causa e a urgên- cia da designação, caso em que as referidas nomeação ou proposta de que não tenha ainda resultado eleição dependem de confirmação pelo Governo recém- -nomeado.6 — A eleição é feita nos termos da lei comercial.

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Duração do mandato do GP

1 — O mandato é exercido, em regra, pelo prazo de três anos, sendo os mandatos dos membros do mesmo órgão de administração coincidentes.

2 — A lei e os estatutos fixam, até ao limite máximo de três, o número de renovações consecutivas dos mandatos na mesma empresa pública.

3 — Na falta de disposição legal ou estatutária, é aplicável o número de mandatos previsto no número anterior.

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Contrato de GestãoArtigo 18.o

Contratos de gestão1 — Nas empresas públicas é obrigatória a celebração de um contrato de gestão, em que se definem:a) As formas de concretização das orientações impostas nos termos do artigo 11.o do Decreto-Lei n.o 558/99, de 17 de Dezembro, envolvendo sempre metas objectivas, quantificadas e mensuráveis anualmente durante a vigência do contrato de gestão, que representem uma melhoria operacional e financeira nos principais indicadores de gestão da empresa;b) Os parâmetros de eficiência da gestão; c) Outros objectivos específicos; d) Os elementos referidos no n.o 1 do artigo 30.o

2 — O contrato de gestão é celebrado no prazo de três meses contado a partir da data da designação do gestor público entre este, os titulares da função accionista e o membro do Governo responsável pelo respectivo sector de actividade, sendo nulo o respectivo acto de nomeação quando ultrapassado aquele prazo.

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3 — (Revogado.)

4 — Os contratos de gestão não podem estabelecer regimes específicos de indemnização ou qualquer outro tipo de compensação por cessação de funções, nem contrariar o que se encontra fixado no artigo 26.o

5 — O contrato de gestão deve prever expressamente a demissão quando a avaliação de desempenho seja negativa, designadamente, por incumprimento devido a motivos individualmente imputáveis dos objectivos referidos nas orientações fixadas nos termos do artigo 11.o do Decreto- -Lei n.o 558/99, de 17 de Dezembro, ou no contrato de gestão.

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Exercício de funções do GP

Artigo 19.o

Natureza das funções

Os gestores públicos podem ter funções executivas ou não executivas, de acordo com o modelo de gestão adoptado na empresa pública em causa, nos termos da lei e tendo ainda em conta as boas práticas reconhecidas internacionalmente.

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Gestores com funções não executivas

Artigo 20.oGestores com funções executivas

1 — Para os efeitos do presente decreto-lei, consideram- -se gestores com funções executivas os administradores designados nessa condição.2 — O exercício de funções executivas tem lugar em regime de exclusividade, sem prejuízo do disposto no número seguinte e no n.o 4 do artigo 22.o3 — São cumuláveis com o exercício de funções exe- cutivas:a) As actividades exercidas por inerência;b) A participação em conselhos consultivos, comissões de fiscalização ou outros organismos colegiais, quando previstos na lei ou quando tal resulte de decisão do Go- verno;c) As actividades de docência em estabelecimentos de ensino superior público ou de interesse público, mediante autorização, por despacho dos membros do Governo res- ponsáveis pela área das finanças e pelo respectivo sector de actividade ou nos termos de contrato de gestão;d) A actividade de criação artística e literária, bem como quaisquer outras de que resulte a percepção de remune- rações provenientes de direitos de autor, sem prejuízo do disposto na alínea f) do artigo 5.o;e) A realização de conferências, palestras, acções de formação de curta duração e outras actividades de idêntica natureza;

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Gestores com funções executivas

4 — Sem prejuízo do disposto no n.o 6 do artigo 22.o, é ainda cumulável com o exercício de funções executivas, o exercício de funções não remuneradas na empresa mãe ou em outras relativamente às quais a própria empresa ou a sua empresa mãe exerçam directa ou indirectamente influência dominante nos termos do n.o 1 do artigo 3.o do Decreto-Lei n.o 558/99, de 17 de Dezembro.

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Incompatibilidades e impedimentos

1 — É incompatível com a função de gestor público o exercício de cargos de direcção da administração directa e indirecta do Estado, ou das autoridades reguladoras independentes, sem prejuízo do exercício de funções em regime de inerência.

2 — Os gestores públicos com funções não executivas não podem exercer quaisquer outras atividades temporárias ou permanentes na mesma empresa.

3 — Os gestores públicos com funções não executivas e os membros das mesas de assembleias gerais não podem exercer quaisquer outras atividades temporárias ou permanentes em empresas privadas concorrentes no mesmo sector.

4 — A designação de gestores públicos do sector empresarial do Estado com funções não executivas para outras empresas que integrem o sector público empre- sarial deve ser especialmente fundamentada, atendendo à respectiva necessidade ou conveniência, carecendo ainda de autorização dos membros do Governo respon- sáveis pela área das finanças e pelo respectivo sector de actividade da empresa em que se encontre a desempe- nhar funções, se, neste caso, aquela designação ocorrer no âmbito dos sectores empresariais regionais e locais.

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Incompatibilidades dos GP

6 - Os gestores públicos não podem celebrar, du- rante o exercício dos respectivos mandatos, quaisquer contratos de trabalho ou de prestação de serviços com as empresas mencionadas nos n.os 2 a 4 que devam vigorar após a cessação das suas funções.

7 - Antes do início de funções, o gestor público indica, por escrito, à Inspecção-Geral de Finanças todas as participações e interesses patrimoniais que detenha, directa ou indirectamente, na empresa na qual irá exercer funções ou em qualquer outra.

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Responsabilidade dos Gestores Públicos

Os gestores públicos são penal, civil e financeiramente responsáveis pelos atos e omissões praticados durante a sua gestão, nos termos da lei.

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Dissolução1 — O conselho de administração, a comissão executiva ou o conselho de administração executivo podem ser dissolvidos em caso de:a) Grave violação, por acção ou omissão, da lei ou dos estatutos da empresa;b) Não observância, nos orçamentos de exploração e investimento, dos objectivos fixados pelo accionista de controlo ou pela tutela;c) Desvio substancial entre os orçamentos e a res- pectiva execução;d) Grave deterioração dos resultados do exercício ou da situação patrimonial, quando não provocada por razões alheias ao exercício das funções pelos gestores.

2 — A dissolução compete aos órgãos de eleição ou de nomeação dos gestores, requer audiência prévia, pelo menos, do presidente do órgão e é devidamente fun- damentada.

3 — A dissolução implica a cessação do mandato de todos os membros do órgão dissolvido, não havendo lugar a qualquer subvenção ou compensação pela ces- sação de funções.

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Demissão dos GP1 — O gestor público pode ser demitido quando lhe seja individualmente imputável uma das seguintes situações:

a) A avaliação de desempenho seja negativa, desig- nadamente por incumprimento dos objectivos referidos nas orientações fixadas ao abrigo do artigo 11º do Decreto-Lei n.o 558/99, de 17 de Dezembro, ou no con- trato de gestão, desde que tal possibilidade esteja contemplada nesse contrato;

b) A violação grave, por acção ou por omissão, da lei ou dos estatutos da empresa;

c) A violação das regras sobre incompatibilidades e impedimentos;

d) A violação do dever de sigilo profissional.

2 — A demissão compete ao órgão de eleição ou nomeação, requer audiência prévia do gestor e é devi- damente fundamentada.

3 — A demissão implica a cessação do mandato, não havendo lugar a qualquer subvenção ou compensação pela cessação de funções.

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Dissolução e demissão por mera conveniência

1 — O conselho de administração, a comissão executiva, o conselho de administração executivo ou o conselho geral e de supervisão podem ser livremente dissolvidos, ou o gestor público livremente demitido, conforme os casos, independentemente dos fundamentos constantes dos artigos anteriores.

2 — A cessação de funções nos termos do número anterior pode ter lugar a qualquer tempo e compete ao órgão de eleição ou nomeação.

3 — Nos casos previstos no presente artigo, o gestor público tem direito a uma indemnização correspondente ao vencimento de base que auferiria até ao final do respectivo mandato, com o limite de um ano.

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Renúncia dos Gestores Públicos

O gestor público pode renunciar ao cargo, nos termos da lei comercial.

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Remuneração fixa e variávelArtigo 28.o

Remuneração1 — A remuneração dos gestores públicos integra um vencimento mensal que não pode ultrapassar o vencimento mensal do Primeiro-Ministro.2 — A remuneração dos gestores públicos integra ainda um abono mensal, pago 12 vezes ao ano, para despesas de representação no valor de 40 % do respec- tivo vencimento.3 — O vencimento mensal dos gestores públicos é determinado em função de critérios decorrentes da complexidade, exigência e responsabilidade inerentes às respectivas funções e atendendo às práticas normais de mercado no respectivo sector de actividade e de eventuais orientações decorrentes da aplicação do artigo 11.o do Decreto-Lei n.o 558/99, de 17 de Dezembro.4 — Os critérios referidos no número anterior são fixados por resolução do Conselho de Ministros, que define também as remunerações dos gestores públicos a praticar em cada uma das categorias aí definidas.5 — A Comissão de Recrutamento e Selecção para a Administração Pública acompanha a definição dos critérios que determinam a fixação do vencimento mensal dos gestores públicos e a sua aplicação.

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Remunerações6 — No caso das sociedades anónimas, a fixação das remunerações compete à assembleia geral ou a uma comissão de remunerações designada por aquela ou pelo conselho geral e de supervisão, no respeito pela resolução referida no n.o 4.

7 — (Anterior n.o 5.)

8 — Nos casos previstos nos artigos 16.o e 17.o, quando se trate de empresas cuja principal função seja a produção de bens e serviços mercantis, incluindo ser- viços financeiros, e relativamente à qual se encontrem em regime de concorrência no mercado, mediante au- torização expressa do membro do Governo responsável pela área das finanças, os gestores podem optar por valor com o limite da remuneração média dos últimos três anos do lugar de origem, aplicado o coeficiente de actualização resultante das correspondentes taxas de variação média anual do índice de preços no consumidor apurado pelo Instituto Nacional de Estatística, devendo ser objecto de despacho fundamentado e publicado no Diário da República.

9 — Nos casos em que seja exercido o direito de op- ção referido no número anterior, os gestores não auferem o abono mensal para despesas de representação a que se refere o n.o 2 nas situações em que o respectivo venci- mento mensal ultrapasse o limite fixado pelo n.o 1.

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Artigo 29.o

1 — Os administradores não executivos têm direito a uma remuneração fixa, correspondente à actividade normal que desempenhem, até ao limite de um quarto da remuneração de igual natureza estabelecida para os administradores executivos.

2 — Quando os administradores não executivos tenham efectiva participação em comissões criadas especificamente para acompanhamento da actividade da empresa têm ainda direito a uma remuneração com- plementar, caso em que o limite da remuneração global é de um terço da remuneração fixa estabelecida para os administradores executivos.

3 — A remuneração dos administradores não execu- tivos não integra qualquer abono mensal para despesas de representação.

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Utilização de cartões de crédito e telefones móveis

Artigo 32.o

1 — Não é permitida a utilização de cartões de crédito e outros instrumentos de pagamento por gestores públicos tendo por objecto a realização despesas ao serviço da empresa.2 — Não é permitido o reembolso a gestores públicos de quaisquer despesas que caiam no âmbito do conceito de despesas de representação pessoal.3 — O valor máximo das despesas associadas a comunicações, que incluem telefone móvel, telefone domiciliário e internet, é fixado por deliberação em assembleia geral, no caso das sociedades anónimas, ou por despacho, publicado no Diário da República, do membro do Governo responsável pela área das finanças no caso das entidades públicas empresariais.4 — O valor previsto no número anterior é fixado à luz das orientações que venham a ser estabelecidas para o efeito pelos accionistas ou por despacho, publicado no Diário da República, do membro do Governo respon- sável pela área das finanças, tendo sempre como limite a soma do valor fixado para a utilização de telefone domiciliário e telefone móvel para cargos de direcção superior de 1.o grau da Administração Pública.

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Segurança SocialArtigo 35.o

[...]Os gestores públicos beneficiam do regime geral de segurança social, se não optarem por outro que os abranja.

Artigo 38.o[...]

Quem, tendo exercido funções de gestor público auferindo, por causa desse exercício, benefícios comple- mentares de reforma, desempenhe funções em empresas ou outras entidades públicas tem o direito de optar entre a remuneração nesta empresa ou entidade e aqueles benefícios.»

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Governo empresarial e transparência

Artigo 36ºÉtica

Os gestores públicos estão sujeitos às normas de ética aceites no sector de atividade em que se situem as respectivas empresas.

Artigo 37ºBoas práticas

1 — Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, os gestores públicos estão igualmente sujeitos às boas práticas decorrentes dos usos internacionais, designadamente em matéria de transparência, respeito pela concorrência e pelos agentes do mercado e prestação de informação sobre a sua organização e as atividades envolvidas.2 — O Conselho de Ministros pode fixar, mediante resolução, os princípios e regras a que se refere o artigo anterior que devem ser especialmente observados pelos gestores públicos no exercício das suas funções.

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Reestruturação do Sector Empresarial Público

Angolano

No sentido de:

1 Responsabilização dos gestores

2 Sustentabidade financeira

O governo angolano anunciou a reforma so SEP em dezembro de 2013.

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Uma resposta ideológica do sector Público ou Social

A gestão publica encontra na ética e na sustentabilidade uma resposta ao discursos político alternativo da Economia solidária que a partir dos anos setenta se renovou no projeto político ecológico e do comportamento ético e responsável.

A reciclagem da gestão pública seguindo aliás o que se passava no Direito Comercial e na Gestão Privada passou a dar mais valor ao Princípio da Moralidade como modo de afirmação do Social (entendido como Público) alternativo ao discursos solidário e ecológico que ameaçava os equilíbrios do estado moderno e da economia de mercado diante da falência do Estado social de Providencia e a financeirização da Economia numa escala globalizada.

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Muito Obrigado!

Instituto Superior de Gestão (Lisboa)

Pós-Graduação em Admnistração Pública e Direito Público Económico

Módulo: Sector Administrativo Empresarial ou Sector Empresarial do Estado (SEE)

Professor Doutor Rui Teixeira Santos

5 de Outubro de 2013