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ana-cristina-matias
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Síntese da sessão 6
O Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares: metodologias de operacionalização (Parte II)
O principal objectivo desta sessão foi o de identificar instrumentos de recolha de evidências adequados e
extrair desses instrumentos as informações (evidências) que melhor esclarecem o trabalho e os resultados
alcançados pela Biblioteca em relação com um determinado indicador ou conjunto de indicadores.
Para este efeito, usou-se como base de trabalho a estrutura dos Relatórios de Auto-Avaliação das
Bibliotecas Escolares, onde se identificam instrumentos, evidências e propostas de melhoria.
O exercício proposto nesta segunda parte da unidade sobre a operacionalização do Modelo procurou, deste
modo, que fossem estabelecidos nexos coerentes entre, por um lado, os indicadores e respectivos factores
críticos, e por outro, os instrumentos, evidências e acções de melhoria que viabilizam, traduzem e permitem
melhorar a avaliação desses indicadores em cada Domínio ou Subdomínio.
A actividade solicitada estruturou-se mais uma vez em duas fases, sendo, contudo, dado maior peso
à execução da 1ª tarefa.
Na primeira fase, solicitou-se aos formandos que:
- Escolhessem, à sua vontade, um qualquer Sub-domínio do Domínio D do Modelo: Gestão da BE.
- Construíssem uma tabela idêntica à do exemplo produzido no Guia da Sessão escrevendo na quarta
coluna “frases – tipo” exemplificativas de evidências passíveis de serem obtidas, para cada um dos
indicadores do Subdomínio escolhido, à semelhança do realizado no exemplo dado na Página 3 do Guia.
Na segunda fase da actividade, tendo por base a experiência e conhecimento directo de uma biblioteca,
onde desempenham a função de professor-bibliotecário, solicitou-se aos formandos que escrevessem
acerca do Sub-domínio por que optaram, justificando:
• Duas Coisas a Deixar de Fazer;
• Duas Coisas para Continuar a Fazer;
• Duas Coisas para Começar a Fazer.
A primeira tarefa foi realizad por 30 formandos, que se empenharam na sua grande maioria na sua
concretização, podendo constituir o produto desta actividade uma boa ferramenta de apoio a quem no futuro
avaliar o Domínio D.
A maior parte dos formandos escolheu o D1 e o D2, eventualmente por serem mais simples e breves na sua
estrutura e composição, mas todos os trabalhos foram em geral, realizados com elevada qualidade,
abstraindo algum “copy/paste” por parte de alguns colegas.
Na leitura dos trabalhos, muito idênticos na sua globalidade, deparámo-nos, naturalmente, com algumas
diferenças no entendimento e nível de profundidade com que os mesmos foram desenvolvidos, sendo este
o principal aspecto sobre a qual consideramos dever chamar a vossa atenção.
Assim, apenas a título de exemplo, de modo a ilustrar o que se afirma, e sem querer personalizar as
citações utilizadas, compare-se a natureza de um primeiro conjunto de bons enunciados acerca de
possíveis evidências a obter a partir dos vários instrumentos, com um segundo conjunto dado, tirando desta
comparação algumas conclusões úteis:
Conjunto 1:
Exemplo 1.1.
Resultados do Questionário QD3. Por ex(Prg-1)
….% professores considerou a gestão da BE muito eficaz e capaz de favorecer o trabalho com os alunos e
a articulação com o currículo/…..% professores considerou a gestão da BE medianamente eficaz e capaz
de favorecer o trabalho com os alunos e a articulação com o currículo/….% professores considerou a
gestão da BE pouco eficaz e capaz de favorecer o trabalho com os alunos e a articulação com o currículo/
…..% professores considerou a gestão da BE nada eficaz e capaz de favorecer o trabalho com os alunos e
a articulação com o currículo/
Exemplo 1.2.Auto-avaliação do professor bibliotecário CK3 (Alínea 1.1)
A professora bibliotecária tem um nível de formação aprofundado e continua [continuou] a investir em
acções para a melhoria, actualizando/desenvolvendo as suas competências, através da frequência da
acção de formação “O Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares”.
Exemplo 1.3.
As estatísticas de empréstimo confirmam que a colecção é bastante requisitada: ---% do número total de
alunos recorre à colecção para ler, para se recrear ou para satisfazer necessidades de informação; ---% dos
docentes recorre à colecção no desenvolvimento das suas actividades; ---% de funcionários (administrativos
ou assistentes operacionais) é utente da BE ---% de elementos da comunidade é utente da BE
Exemplo 1.4.
O Plano de Acção da … para o quadriénio 2009/2013 foi apresentado e aprovado pelo CP e CG
Exemplo 1.5.
A BE foi o primeiro espaço da … a ter o PTE a funcionar: 9 Computadores novos; Projector fixo + tela
Exemplo 1.6.
Equipa dinâmica e multidisciplinar englobando as 4 áreas departamentais (2 prof. de CSH; 2 profs. de
Expressões; 1 prof. de CFN e 1 prof. de Línguas).
Exemplo 1.7.
A utilização dos recursos da BE e a dinamização de actividades conjuntas são referidas nas planificações
anuais das Áreas Extra curriculares de Inglês/Música/Expressão Plástica….
Exemplo 1.8.
A BE esteve envolvida nos seguintes projectos:… Foram realizados X trabalhos nas disciplinas de ….
envolvendo a BE. A BE realizou X actividades envolvendo os pais/Encarregados de Educação
Exemplo 1.9.
… nos PCTs de algumas turmas [conviria indicar quais] é referido que as actividades e trabalhos
desenvolvidos a nível da área não disciplinar de Área de Projecto ou de alguma disciplinas, principalmente
a História e Língua Portuguesa, contaram com a colaboração da BE a nível de planificações e
acompanhamentos dos trabalhos dos alunos.
Exemplo 1.10.
A BE direccionou acções de formação no âmbito dos seus utilizadores, numa 1ª fase dedicada aos 5ºs
anos.
Conjunto 2:
Exemplo 1:
Aplicação dos questionários aos docentes e alunos para aferir a funcionalidade do equipamento, e a
satisfação das necessidades da comunidade educativa
Aferir as condições de espaço, e mobiliário e equipamentos no sentido de garantir uma utilização individual
e em grupo e a satisfação das necessidades dos utilizadores.
O questionário CK2 foi preenchido
A BE aplicou questionários aos professores e alunos, em anos anteriores [???], de forma a avaliar a
qualidade dos serviços . A aplicar uma amostra este ano.
A BE mede o grau de satisfação dos serviços e recursos através da análise dos inquéritos.
A BE recolhe, analisa e divulga resultados de Estatísticas acerca do funcionamento e espaços.
Não se pretendia que referissem o acto de aplicação de questionários, checklists ou utilização de outros
instrumentos, nem a mera intenção de aferir isto ou aquilo a partir deles, mas que dessem conta, através de
frases que hipoteticamente poderiam escrever após a utilização dos diferentes instrumentos de avaliação,
de possíveis evidências obtidas a partir da sua aplicação e/ou análise.
Exemplo 2:
Consulta dos registos no Moodle de marcações do espaço e recursos da BE, bem como a informação
colocada na grelha de ocupação da BE pelo professor acompanhante, sobre o tipo de trabalhos a realizar,
permitiu saber o número de turmas/alunos e o tipo de trabalhos elaborados nas disciplinas ou ACND.
Indicam-se os instrumentos e o que se pode obter a partir deles, mas não a frase-tipo correspondente, que
seria, neste caso: X turmas e Y alunos realizaram trabalhos …………. [natureza dos trabalhos realizados]
no âmbito das disciplinas A, B, e C e nas ACND com recurso ao espaço e apoio documental da BE.
Exemplo 3:
A inclusão da BE no Projecto Curricular de Turma é uma evidência do trabalho em articulação, pois os
objectivos que dizem respeito às competências da informação, entre outros, devem ser comuns.
O professor bibliotecário realiza formação formal e informal para poder satisfazer as exigências dos
utilizadores da BE.
A adequação das competências e do horário da equipa pelo PB é uma forma de melhorar a prestação de
serviços da BE.
Proclama um conjunto de boas práticas em abstracto, sem dar conta das evidências que atestam que a BE
as pratica.
Exemplo 4:
Os equipamentos foram utilizados em livre acesso, de acordo com as normas estabelecidas (questionários
aplicados, registos mensais de ocupação/utilização dos computadores, registos de trabalhos impressos nas
impressoras da BE).
Convinha aqui dar conta dos resultados dos questionários e dos registos, para que não ficarmos cingidos
apenas à informação dada e que nada diz, afinal, sobre qual foi a utilização dos referidos equipamentos.
Exemplo 5:
O relatório anual contempla os resultados da análise da colecção
Os resultados da avaliação da colecção indicam um equilíbrio entre o material impresso e não impresso [e]
um equilíbrio entre a área recreativa e a área do currículo.
O que se pretendia era que construíssem frases-tipo exemplificativas daquela análise. Na segunda frase, foi
feita esta tentativa, mas o juízo formulado deveria ser fundamentado e demonstrado através dos dados
quantitativos resultantes da avaliação da colecção que atestam aqueles equilíbrios. Só a partir desses
dados quantitativos, podemos concluir existir equilíbrio (ou não). As evidências pedidas são neste caso os
dados quantitativos. A frase remete já para a síntese conclusiva e avaliativa do relatório final
Exemplo 6:
As estatísticas de empréstimo confirmam que a colecção é muito usada pelos utilizadores
Muitos docentes do Agrupamento utilizam os recursos da BE
Antes de retirar esta conclusão e fazer este juízo avaliativo sobre o empréstimo ou utilização dos recursos
da BE, é necessário retirar das estatísticas desse empréstimo e utilização, os dados que nos permitem fazer
tal juízo. Esses dados ou evidências deveriam constar das frases-tipos pedidas.
Exemplo 7:
A BE faz [fez] listagens de documentos relacionados com determinada área de interesse do utilizador.
Que listagens? Que área de interesse?
Exemplo 8:
O relatório de avaliação comenta e tira conclusões a partir da análise do Livro/Caixa de sugestões/
reclamações.
O relatório de avaliação só será produzido depois da análise da informação obtida a partir dos diferentes
instrumentos. Neste trabalho em que se pretendia que registassem apenas e por enquanto, algumas dessas
possíveis informações, não tem grande cabimento referirmo-nos a um relatório final que só posteriormente,
fruto da interpretação da informação recolhida, virá a existir.
O importante seria, portanto, imaginar algumas possíveis informações relevantes para a auto-avaliação
passíveis de serem obtidas através do Livro ou Caixa de sugestões/reclamações.
Exemplo 9:
Referências ao trabalho de articulação com a BE nas actas das reuniões de Conselhos de Docentes e
conselhos de ano
Actas de reuniões (do órgão Directivo, do Conselho Pedagógico,…) confirmam o apoio dos órgãos de
administração e gestão à BE.
BE é referenciada nas actas/registos de CP, C. Geral, Departamentos, Coordenação de
Estabelecimento/Escola.
Não basta, naturalmente, dizer que a BE é referenciada. È necessário esclarecer o conteúdo dessas
referências e mostrar como isso fundamenta os nossos juízos positivos ou negativos..
Exemplo 10:
Promover reuniões com as restantes bibliotecas/escolas do Agrupamento
Criar e rever a documentação da BE
Ser proactivo e sugerir projectos e actividades junto do conselho pedagógico, dos departamentos
curriculares e docentes.
Aparentemente neste exemplo, remete-se já para acções futuras ou de melhoria, o que não corresponde ao
que foi solicitado, sendo pertinente na parte sobre acções de melhoria a propor do Relatório, mas não aqui,
no elenco das supostas evidências recolhidas.
Penso que com estes exemplos, compreenderão bem, pela positiva ou negativa, o que se pretendeu com
esta actividade. Partir dos instrumentos para a formulação de possíveis enunciados resultantes da recolha
de informações obtidas através da leitura daqueles instrumentos (documentos, questionários, estatísticas,
etc.), de modo a ser capaz de enunciar exemplos de provas ou dados demonstrativos do teor e qualidade
da gestão praticada por cada BE.
A segunda tarefa, pela sua natureza, não deixou certamente de suscitar a curiosidade de todos. O “tom” e
conteúdo foram, naturalmente, muito variados, apesar de, como é natural, muitas ideias se repetirem
sempre entre as actividades “a deixar de fazer” e as actividades “a continuar” e “começar”, e também entre
estas duas últimas. Por exemplo, “deixar de descurar o registo de evidências” pode repetir-se no começar a
acautelar o mesmo tipo de registo. Uma prática a manter para uma escola pode noutra constituir um
objectivo ainda a alcançar.
Numa tentativa de sistematização e no sentido de podermos dispor de uma ideia sobre as práticas
(realizadas e desejadas) das bibliotecas neste domínio de intervenção (D), tentando não nos repetirmos,
evidenciamos alguns dos aspectos mais importantes apontados nesta actividade. Não deixem de consultar
e utilizar as pistas deixadas pelos vossos colegas para a vossa a acção.
Coisas a deixar de fazer:
Realizar actividades sem retorno e feedback, não realizando a avaliação do impacto das mesmas no
público-alvo.
PAs elaborados como meros somatórios/calendários de actividades, sem articulação com as várias
estruturas da escola/agrupamento e as metas e objectivos da escola
«Aquisição e gestão dos documentos sem ter em conta uma política de desenvolvimento da colecção
Permitir que a coordenadora se “desdobre” na realização de tarefas como requisições, classificação e
catalogação de documentos, arrumação de livros nas estantes, etc., descurando a sua função pedagógica
etc.
Não participar na elaboração da documentação institucional – PEE/agrupamento, RI e PCE/agrupamento
Descurar o registo sistemático das actividades desenvolvidas pela e com a BE, sustentado numa recolha de
evidências
Praticar o isolamento na escola, resistindo à inovação e nomeadamente aos novos meios tecnológicos.
Um plano de acção demasiado centrado no planeamento e execução de actividades de valor meramente
lúdico, sem impacto significativo nas aprendizagens e formação dos alunos
Uma liderança fraca e apagada do PB que não contribua para promover o valor da BE na escola
Coisas para continuar a fazer:
Insistir no trabalho colaborativo com os docentes e diferentes estruturas pedagógicas.
Continuar a apostar na formação quer do Professor Bibliotecário, quer dos membros da equipa.
Incentivar e promover a leitura em diferentes suportes e de diferentes tipos.
Continuar a apoiar os utilizadores no acesso e na procura e produção de informação, incentivando uma
cultura de acesso e uso da BE e dos recursos.
Manter um diálogo constante com o director, partilhando dificuldades e sucessos.
Ser proactivo e sugerir projectos e actividades junto do CP, departamentos curriculares e docentes.
Reforçar a acção da BE no apoio ao funcionamento da escola e às actividades de ensino/aprendizagem.
Manter o catálogo actualizado on-line
Dar continuidade à formação dos utilizadores ao nível das literacias da informação.
Utilizar ferramentas da Web 2.0 para divulgar a colecção e as actividades da BE, junto de todos os
potenciais utilizadores da mesma
Assegurar o registo das ocupações e utilizações diárias da BE
Alargar os seus objectivos e actividades às restantes escolas do concelho onde está inserida
Ser persistente na sua intervenção enquanto elemento da equipa PTE
Tentar planificar com docentes, departamentos curriculares e demais estruturas de coordenação educativa
e de supervisão pedagógica
Aplicar uma Política de Desenvolvimento da Colecção materializada num processo integrado e contínuo de
avaliação da colecção ou colecções da escola/agrupamento, na inventariação de necessidades e na
actualização sistemática da colecção.
Insistir para que os órgãos de gestão contemplem, anualmente, no seu orçamento, uma verba para a
renovação de equipamentos, para a actualização da colecção e para o funcionamento da BE.
Assegurar a abertura da BE em contínuo e num horário alargado
Coisas para começar a fazer:
Delinear as suas acções a partir da análise de evidências recolhidas nas diferentes áreas de actuação, de
forma a implementar um sistema de avaliação sistemática, que identifique pontos fortes e fracos e contribua
para a melhoria da qualidade.
Apostar numa equipa multidisciplinar, onde o Professor Bibliotecário se assuma como líder
Recorrer a diferentes meios e ambientes, incluindo aqueles que faculta a Web2.0…
Iniciar a criação de uma colecção digital
Definir uma política orçamental e de aquisição que contribua para a melhoria dos serviços prestados.
Alargar a formação de utilizadores aos alunos do 1.º Ciclo
Incluir na colecção Publicações que cativem públicos que não frequentam a BE (…) e documentação que
responda às necessidades dos novos públicos da escola/agrupamento (ex: alunos do CNO)
Promover a gestão de um catálogo colectivo entre as bibliotecas do concelho
Elaborar plano de acção para quatro anos
Desenvolver com a equipa da PTE um trabalho de implementação e valorização da literacia digital e da
informação e potenciar as TIC no desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem.
Focar o trabalho a desenvolver na ligação com o currículo e sucesso educativo, ancorado no trabalho
colaborativo com docentes e departamentos curriculares.
Implementar um sistema de auto-avaliação em que os órgãos de gestão, administração e direcção sejam
envolvidos, de maneira a que a auto-avaliação da escola integre os resultados da auto-avaliação da BE.
Implementar um sistema de auto-avaliação contínuo, em que os órgãos de gestão, administração e direcção
sejam envolvidos, de maneira a que a auto-avaliação da escola integre os resultados da auto-avaliação da
BE.
Cremos que a leitura destes exemplos sobre o que deixar de fazer, o que continuar a fazer e o que começar
a fazer, deixa bem expressa a apropriação por todos das práticas que urge avaliar e melhorar em todos os
aspectos do Domínio D, sobre os quais se debruçaram nesta sessão de trabalho.
Aproveitamos a finalização desta síntese para desejarmos a todos uma boa conclusão desta formação.
As formadoras