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Professor(a): Paulo César 3º Ano - Ensino Médio DE OLHO NO ENEM - ATUALIDADES Bullying na Escola Bullying é um termo da língua inglesa (bully = “valentão”) que se refere a todas as formas de atitudes agressivas, verbais ou físicas, intencionais e repetitivas, que ocorrem sem motivação evidente e são exercidas por um ou mais indivíduos, causando dor e angústia, com o objetivo de intimidar ou agredir outra pessoa sem ter a possibilidade ou capacidade de se defender, sendo realizadas dentro de uma relação desigual de forças ou poder. O bullying se divide em duas categorias: a) bullying direto, que é a forma mais comum entre os agressores masculinos e b) bullying indireto, sendo essa a forma mais comum entre mulheres e crianças, tendo como característica o isolamento social da vítima. Em geral, a vítima teme o(a) agressor(a) em razão das ameaças ou mesmo a concretização da violência, física ou sexual, ou a perda dos meios de subsistência. O bullying é um problema mundial, podendo ocorrer em praticamente qualquer contexto no qual as pessoas interajam, tais como escola, faculdade/universidade, família, mas pode ocorrer também no local de trabalho e entre vizinhos. Há uma tendência de as escolas não admitirem a ocorrência do bullying entre seus alunos; ou desconhecem o problema ou se negam a enfrentá-lo. Esse tipo de agressão geralmente ocorre em áreas onde a presença ou supervisão de pessoas adultas é mínima ou inexistente. Estão inclusos no bullying os apelidos pejorativos criados para humilhar os colegas. As pessoas que testemunham o bullying, na grande maioria, alunos, convivem com a violência e se silenciam em razão de temerem se tornar as “próximas vítimas” do agressor. No espaço escolar, quando não ocorre uma efetiva intervenção contra o bullying, o ambiente fica contaminado e os alunos, sem exceção, são afetados negativamente, experimentando sentimentos de medo e ansiedade. As crianças ou adolescentes que sofrem bullying podem se tornar adultos com sentimentos negativos e baixa autoestima. Tendem a adquirir sérios problemas de relacionamento, podendo, inclusive, contrair comportamento agressivo. Em casos extremos, a vítima poderá tentar ou cometer suicídio. O(s) autor(es) das agressões geralmente são pessoas que têm pouca empatia, pertencentes à famílias desestruturadas, em que o relacionamento afetivo entre seus membros tende a ser escasso ou precário. Por outro lado, o alvo dos agressores geralmente são pessoas pouco sociáveis, com baixa capacidade de reação ou de fazer cessar os atos prejudiciais contra si e possuem forte sentimento de insegurança, o que os impede de solicitar ajuda. No Brasil, uma pesquisa realizada em 2010 com alunos de escolas públicas e particulares revelou que as humilhações típicas do bullying são comuns em alunos da 5ª e 6ª séries. As três cidades brasileiras com maior incidência dessa prática são: Brasília, Belo Horizonte e Curitiba. Os atos de bullying ferem princípios constitucionais respeito à dignidade da pessoa humana e ferem o Código Civil, que determina que todo ato ilícito que cause dano a outrem gera o dever de indenizar. O responsável pelo ato de bullying pode também ser enquadrado no Código de Defesa do Consumidor, tendo em vista que as escolas prestam serviço aos consumidores e são responsáveis por atos de bullying que ocorram dentro do estabelecimento de ensino/trabalho.

Temas para aprofundamento - ENEM 2011

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Bullying na Escola

Bullying é um termo da língua inglesa (bully = “valentão”) que se refere a todas as formas de atitudes agressivas, verbais ou físicas, intencionais e repetitivas, que ocorrem sem motivação evidente e são exercidas por um ou mais indivíduos, causando dor e angústia, com o objetivo de intimidar ou agredir outra pessoa sem ter a possibilidade ou capacidade de se defender, sendo realizadas dentro de uma relação desigual de forças ou poder.

O bullying se divide em duas categorias: a) bullying direto, que é a forma mais comum entre os agressores masculinos e b) bullying indireto, sendo essa a forma mais comum entre mulheres e crianças, tendo como característica o isolamento social da vítima. Em geral, a vítima teme o(a) agressor(a) em razão das ameaças ou mesmo a concretização da violência,

física ou sexual, ou a perda dos meios de subsistência.

O bullying é um problema mundial, podendo ocorrer em praticamente qualquer contexto no qual as pessoas interajam, tais como escola, faculdade/universidade, família, mas pode ocorrer também no local de trabalho e entre vizinhos. Há uma tendência de as escolas não admitirem a ocorrência do bullying entre seus alunos; ou desconhecem o problema ou se negam a enfrentá-lo. Esse tipo de agressão geralmente ocorre em áreas onde a presença ou supervisão de pessoas adultas é mínima ou inexistente. Estão inclusos no bullying os apelidos pejorativos criados para humilhar os colegas.

As pessoas que testemunham o bullying, na grande maioria, alunos, convivem com a violência e se silenciam em razão de temerem se tornar as “próximas vítimas” do agressor. No espaço escolar, quando não ocorre uma efetiva intervenção contra o bullying, o ambiente fica contaminado e os alunos, sem exceção, são afetados negativamente, experimentando sentimentos de medo e ansiedade.

As crianças ou adolescentes que sofrem bullying podem se tornar adultos com sentimentos negativos e baixa autoestima. Tendem a adquirir sérios problemas de relacionamento, podendo, inclusive, contrair comportamento agressivo. Em casos extremos, a vítima poderá tentar ou cometer suicídio.

O(s) autor(es) das agressões geralmente são pessoas que têm pouca empatia, pertencentes à famílias desestruturadas, em que o relacionamento afetivo entre seus membros tende a ser escasso ou precário. Por outro lado, o alvo dos agressores geralmente são pessoas pouco sociáveis, com baixa capacidade de reação ou de fazer cessar os atos prejudiciais contra si e possuem forte sentimento de insegurança, o que os impede de solicitar ajuda.

No Brasil, uma pesquisa realizada em 2010 com alunos de escolas públicas e particulares revelou que as humilhações típicas do bullying são comuns em alunos da 5ª e 6ª séries. As três cidades brasileiras com maior incidência dessa prática são: Brasília, Belo Horizonte e Curitiba.

Os atos de bullying ferem princípios constitucionais – respeito à dignidade da pessoa humana – e ferem o Código Civil, que determina que todo ato ilícito que cause dano a outrem gera o dever de indenizar. O responsável pelo ato de bullying pode também ser enquadrado no Código de Defesa do Consumidor, tendo em vista que as escolas prestam serviço aos consumidores e são responsáveis por atos de bullying que ocorram dentro do estabelecimento de ensino/trabalho.

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Lixo Espacial

O lixo resultante da ação humana não polui somente terra, ar e oceanos. Desde que o primeiro satélite artificial entrou em órbita, há mais de meio século, os detritos espaciais acumulados em órbita do planeta se tornaram um problema para a vida na Terra. Estima-se que mais de 19 mil objetos maiores de dez centímetros, além de outros 500 mil menores, compõem uma nuvem de lixo espacial ao redor da Terra. Eles provêm de foguetes e satélites desativados, fragmentos de naves e até ferramentas usadas por astronautas.

Os riscos de um destes objetos cair na Terra e atingir uma pessoa são remotos. Porém, os detritos podem colidir com satélites em operação e missões tripuladas, prejudicando a exploração do espaço. Segundo a Nasa (agência espacial dos Estados Unidos), cerca de 200 entram na atmosfera terrestre todos os anos e se desintegram após entrar em combustão. Alguns, no entanto, podem atingir o planeta. Foi o que

aconteceu no dia 24 de setembro, quando restos de um satélite desativado caíram no Oceano Pacífico. O UARS (Satélite de Pesquisa de Alta Atmosfera, na sigla em inglês) foi lançado em 1991, pelo ônibus

espacial Discovery, com a missão de estudar a camada de ozônio. Ele foi “aposentado” em 2005, após ficar sem combustível. O satélite tinha o tamanho de um ônibus e pesava seis toneladas, sendo o maior a retornar à Terra em três décadas. Na reentrada da atmosfera, o UARS se esfacelou. Mesmo assim, cerca de 500 kg de peças chegaram até o oceano. Os cientistas haviam avisado que as chances de fragmentos atingirem áreas povoadas eram remotas. A razão disso é que 70% do planeta é coberto de água, sem contar as regiões desérticas.

De acordo com a Nasa, não há registros de ferimentos causados pela queda de detritos vindos do espaço. O único caso conhecido de uma pessoa atingida por entulho espacial aconteceu em 1997. A americana Lottie Williams foi alvejada no ombro por um pedaço de foguete, sem sofrer ferimentos.

O lixo espacial é produto do avanço tecnológico. Satélites de telecomunicações, mapeamento por GPS e previsão meteorológica possuem um tempo de vida útil que pode ser de até uma década. Após serem desligados, são deixados em órbita, devido ao alto custo de resgatá-los para governos e empresas. Tornam-se “ferro-velho” no espaço. No começo do mês, um relatório do Conselho Nacional de Pesquisa alertou para os perigos do aumento de detritos, o que poderia danificar espaçonaves e satélites em funcionamento.

Acidentes Apesar de nenhuma tragédia ter acontecido, incidentes ocorrem com certa regularidade. Em 1996, o

satélite militar francês Cerise foi praticamente destruído por um pedaço de metal proveniente de um foguete lançado dez anos antes. Ônibus espaciais e até o telescópio Hubble já sofreram reparos por conta do problema.

Em 2009, o satélite russo Cosmos-2251, lançado em 1993 e, na época, desativado, colidiu com o satélite de comunicações americano Iridium 33. Foi a primeira maior colisão de satélites artificiais na órbita terrestre. Vários detritos foram gerados pelo choque, que destruiu o satélite russo.

No caso mais recente, em junho deste ano, seis astronautas foram obrigados a abandonar a Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) em razão de um alerta de colisão com entulhos. O pior cenário é a chamada Síndrome de Kessler. Segundo o consultor da Nasa, Donald J. Kessler, a colisão de detritos poderia causar uma reação em cadeia – uma peça fragmentando a outra em pedaços menores –, formando um cinturão de lixo que inviabilizaria a exploração espacial.

Hoje não existe nenhuma tecnologia que permita a “limpeza” do espaço. Os custos de uma operação de remoção dos materiais são muito altos. Além disso, há questões políticas, envolvendo propriedade e a responsabilidade de governos e empresas que colocam os aparelhos em órbita. Em 2007, os chineses desenvolveram um satélite que destruiria outros, desativados, mas a experiência foi um fracasso: um deles se desintegrou em dois mil pedaços, agravando o problema.

Recentemente, cientistas propuseram o lançamento de um satélite que acoplaria motores propulsores aos resíduos para que eles fossem levados até a atmosfera, onde se desintegrariam. Outras propostas incluem redes metálicas gigantes, canhões lasers e fios condutores de cobre inseridos em satélites para que pudessem ser atraídos pelo campo magnético da Terra.

Mas talvez a maneira mais simples seja a programação para que os dispositivos, uma vez obsoletos, sigam as chamadas “órbitas-cemitérios”, permanecendo à deriva num espaço seguro, longe do planeta. O Brasil, que possui satélites de comunicações e científicos em órbita, também tem sua parcela de responsabilidade pelo lixo espacial.

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Reconhecimento do Estado Palestino Sem sucesso em acordos de paz com Israel, a Autoridade Nacional

Palestina decidiu mudar de estratégia e propor na 66ª Assembleia Geral da ONU

(Organização das Nações Unidas) o reconhecimento do Estado Palestino nas

fronteiras pré-1967, situando a capital na parte oriental de Jerusalém. A proposta é

recusada por Israel e Estados Unidos.

Mesmo que seja aprovada, uma resolução em favor da Palestina não

garantirá o fim dos conflitos com os israelenses. As negociações de paz estão

paralisadas há um ano devido à resistência de Israel em desocupar territórios árabes.

Mas ser aceito como o 194º. Estado da ONU teria um efeito político importante para

os palestinos. Eles teriam acesso, por exemplo, a tribunais internacionais, onde

poderiam abrir processos contra o governo israelense por conta das áreas invadidas.

Há décadas árabes e judeus disputam as mesmas terras no Oriente Médio.

No século 19, colonos judeus foram incentivados a migrarem da Europa para a

Palestina. O objetivo era constituir o Estado de Israel. Os árabes, contudo, já

habitavam a região há séculos.

Durante a perseguição nazista, na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o fluxo migratório de judeus se intensificou.

Em 1947, a ONU propôs a divisão da Palestina, formando dois Estados independentes. Jerusalém, cidade considerada

sagrada por cristãos, judeus e muçulmanos, foi colocada sob controle internacional, para evitar conflitos. Os árabes não

aceitaram o acordo e, no ano seguinte, Israel se tornou um Estado independente.

A tensão entre Israel e países árabes culminou na Guerra dos Seis Dias, em 1967. Ao fim dos combates, os

israelenses assumiram o controle da Cisjordânia e de Jerusalém Oriental, então pertencentes à Jordânia; da Faixa de Gaza e

da Península do Sinai, domínios do Egito; e das Colinas de Golã, território da Síria. Os árabes que viviam nessas terras foram

expulsos ou se retiraram para campos de refugiados. Os judeus, estimulados pelo governo, começaram a criar assentamentos

em Gaza e na Cisjordânia. Nos anos seguintes, ocorreram guerras, massacres e atentados terroristas. A Península do Sinai foi

finalmente devolvida ao Egito em 1982, e a Faixa de Gaza, entregue aos árabes em 2005.

Em 23 de setembro, o presidente da autoridade palestina, Mahmoud Abbas, entregou ao secretário-geral da ONU,

Ban Ki-moon, uma carta com o pedido de inclusão da Palestina como membro pleno da organização, nas fronteiras definidas

antes das ocupações. Países como o Brasil já reconheceram o Estado Palestino. A reivindicação tem respaldo na Resolução

242 da ONU, de 1967, que determina a desocupação das áreas palestinas. O documento, contudo, nunca foi seguido por

Israel.

Votação

Israel não aceita a proposta, pois ela significaria a dissolução dos assentamentos da Cisjordânia, onde vivem cerca de

300 mil judeus (e 2,5 milhões de palestinos), além de abrir mão de Jerusalém Oriental, dividindo novamente a capital. Haveria

riscos, de acordo com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, de expor o país à ação de radicais islâmicos. Em

maio, quando o presidente americano, Barack Obama, pediu para que as negociações de paz se pautassem pelas fronteiras

traçadas em 1967, Netanyahu considerou o pedido "irreal" e "indefensável".

Agora, o governo americano, principal aliado de Israel, deve ser o maior obstáculo para a admissão do Estado

Palestino na ONU. Isso porque a proposta deve ser antes aprovada por nove dos 15 países membros do Conselho de

Segurança, sem sofrer nenhum veto. Cinco membros

permanentes têm poder de veto: Estados Unidos, França, Reino

Unido, Rússia e China. Washington sinalizou que, se preciso,

vetará a medida para pressionar os palestinos a retomarem as

negociações com Israel.

Por outro lado, se a candidatura palestina receber

aprovação do Conselho, deverá ser votada na Assembleia

Geral, onde precisará do voto de dois terços dos 193 países

membros.Uma decisão da ONU como esta poderá isolar ainda

mais Israel no cenário internacional. Hoje, revoltas em curso em

países como Síria e Egito, junto com o apoio de países

ocidentais à causa palestina, fortalecem os árabes na

geopolítica do Oriente Médio.

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Futuro da Líbia com a Queda do Governo Muammar Gaddafi

Depois de mais de quatro décadas, o regime de Muammar Gaddafi chegou ao fim na Líbia. Com apoio militar da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), em menos de uma semana os rebeldes chegaram à capital, Trípoli, e tomaram o quartel-general do ditador. Um governo provisório foi formado em Benghazi, pelo Conselho Nacional de Transição, apesar de ainda haver focos de resistência do regime anterior. Os confrontos entre rebeldes e governo começaram há seis meses, quando manifestações pró-democracia se espalharam pela África do Norte e o Oriente Médio. O movimento, chamado de “primavera árabe”, derrubou dois presidentes, na Tunísia e no Egito. Em outros países, como Síria, Iêmen e Bahrein, os levantes foram reprimidos pelos regimes.

A queda de governantes é algo inédito na região, onde predominam monarquias e ditaduras. Muammar Gaddafi estava há 41 anos no poder – é o mais longevo entre os líderes árabes. Ele resistiu às revoltas usando as Forças Armadas contra a população e impedindo o avanço das tropas rebeldes que controlavam Benghazi, segunda maior cidade líbia. Em 17 de março, o Estado líbio estava próximo de derrotar os opositores quando o Conselho de Segurança da ONU aprovou a Resolução 1973, que decretou zona de exclusão aérea e autorizou o emprego de “todas as medidas necessárias” para proteger a população civil.

A zona de exclusão aérea proibiu os aviões líbios de decolarem e bombardearem as forças rebeldes. Na prática, a medida abriu caminho para a intervenção militar da Otan. Dois dias depois da resolução, uma coalizão liderada por EUA, Grã-Bretanha e França iniciou os ataques contra alvos do governo. A Otan também enviou armas aos rebeldes, o que possibilitou a tomada de cidades e o avanço até Trípoli. Em 23 de agosto eles entraram na capital, onde ainda há combates contra aliados do ditador. A maior vitória foi a conquista do complexo de Bab al-Aziziya, moradia de Gaddafi. O coronel conseguiu escapar, mas dificilmente encontrará uma nação que o aceite como exilado político. A Líbia é o quarto maior produtor de petróleo da África, depois de Nigéria, Argélia e Angola, com reservas estimadas em 42 bilhões de barris (para efeito de comparação, as reservas brasileiras são de 14 bilhões de barris). A maior parte da produção é exportada para a Europa. O país possui 6,4 milhões de habitantes (equivalente à população do Rio de Janeiro) e o maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da África. A riqueza, porém, não é bem distribuída entre a população. Um terço vive na pobreza e a taxa de desemprego é de cerca de 30%.

Democracia Gaddafi assumiu o poder em 1º. de setembro de 1969, após um golpe de Estado que depôs a monarquia.

Nas décadas seguintes, foi acusado de atentados terroristas e se tornou inimigo das potências ocidentais. Nos últimos anos, manobras políticas o reaproximaram do Ocidente. A comunidade internacional já considera o governo líbio deposto, apesar do paradeiro de Gaddafi ser desconhecido. O desafio, agora, é constituir um governo de transição em um país sem partidos políticos, Constituição e tradição democrática.

Teme-se algo parecido com o que aconteceu no Iraque. Passados oito anos da queda do ditador Saddam Hussein, o país ainda busca estabilidade política. A diferença é que a sociedade iraquiana divide-se entre muçulmanos xiitas e sunitas, que há séculos lutam entre si, enquanto na Líbia são quase todos sunitas. Entretanto, isso não afasta o risco de uma guerra civil ou de vinganças contra simpatizantes de Gaddafi (o que comprometeria a legitimidade do novo governo). Para controlar os rebeldes é necessário uma liderança política, que pode sair do governo provisório, formado pelos revoltosos em Benghazi. Entre os candidatos mais cotados está Mustafa Abdul Jalil, ex-ministro da Justiça de Gaddafi e presidente do CTN. Ele prometeu eleições livres no prazo de oito meses. Mas no próprio conselho há facções divergentes, tanto religiosas quanto seculares, o que aumenta as incertezas quanto ao futuro do país. Síria

Após a queda de Gaddafi, as atenções devem se voltar à Síria, onde continuam os protestos contra Bashar al-Assad. Estima-se que 2.200 pessoas tenham sido mortas pelo governo desde o início dos levantes em março. Diferente da Líbia, não houve divisões internas no governo sírio, e os opositores do regime são incapazes de lutar contra o Exército sem apoio militar da Otan. A despeito disso, a ONU ainda não votou sanções ou intervenção militar para impedir o massacre da população. A primavera árabe, parece, deve perdurar por mais estações