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0 Unidade I: Unidade: Escola de Chicago

Teoria da comunicação Unidade II

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A Escola de Chicago

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Unidade I:

Unidade: Escola de

Chicago

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Unidade: Normas de Formatação do Conteúdo

INTRODUÇÃO

Recentemente lemos, numa página da internet, algo mais ou menos

assim: já faz um tempo que vivo um paradigma interessante em minha vida.

Ele é o de usar os talentos e a dependência de Deus.

Outra vez numa roda de bate-papo escutamos de alguém: “Chega! eu

quebrei todos os paradigmas e agora quero ser outra pessoa.”

Afinal? Do que essas pessoas estavam falando quando se referiam a

paradigma? O que é um paradigma?

O paradigma é um modelo, uma

idéia geral sobre alguma coisa. É uma

idéia geral, arquétipo, corresponde a um

código e oferece uma série de

possibilidades à pesquisa.

Veja, quando você adota um

modelo de pensamento, por exemplo,

para ele ser validado, precisa de uma

teoria que o legitime, porque ele é apenas uma forma imaginada de pensar. Se

não se legitimar, será apenas senso comum, isto é, será genérico e não tem

fundamento científico. Grosseiramente podemos dar o exemplo de que toda

loira é burra. Será? De onde saiu ou foi construída essa verdade? Não

sabemos. Em qual teoria ela se apoia? Não sabemos. Logo podemos afirmar

que ela é senso comum e que em decorrência disso origina piadas de mau

gosto e preconceituosas.

Então, retomemos alguns conceitos de maneira rápida. A teoria é um

processo de codificação das idéias, elaborado de forma sistemática e para

tanto ela codifica o processo do pensamento, para que depois possa ser

aplicado, e a essa aplicação dar-se-á o nome de prática, práxis, ação ou agir.

Existe na comunicação a mensagem ou mensagens que podem ser

Significa

Modelo, padrão,

norma; exemplo.

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diretas, isto é, elas dizem aquilo mesmo, por exemplo, a maçã está madura, ou

indiretas (subjetivas), por exemplo, nossa! A prova foi tão fácil! Pelo tom que

daremos no fácil ele poderá ser difícil. Entendeu?

Segundo Polistchuck&Trinta (2003) “O paradigma reina, a teoria legisla,

o modelo governa.”1

E sobre a técnica e tecnologia, os mesmos autores dizem que é válido

afirmar que: “A ciência descobre, a tecnologia aplica, a indústria produz, a

sociedade adota.”

E quais são os principais modelos ou paradigmas que poderemos

estudar em Teoria da Comunicação? Eles são vários e variam de tempos em

tempos de acordo com a sociedade, como os pensadores entendem a

comunicação, e como a usam para explicar seu mundo.

Um dos modelos ou paradigma conceitual que você vai conhecer é a Escola de

Chicago. Para que você possa ter um panorama sobre esta escola, iniciaremos

com um breve histórico sobre ela e a contextualizaremos no panorama

mundial, OK?

Breve histórico da escola de chicago

A Universidade de Chicago é uma instituição com mais de um século de

tradição (1890) e foi doada ao American Baptist Education Society por John

Rockefeler. Ela abriga importantes pesquisadores cujas referências são

mundiais.

http://www.tripadvisor.com.br/LocationPhotos-

g35805-d497032-w3-University_of_Chicago-

Chicago_Illinois.html

1 POLISTCHUCK, I &TRINTA.A- Teorias da Comunicação-RJ-Camus,2003p.65

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Entre 1915 e 1940, a Escola de Chicago produziu um vasto e variado

conjunto de pesquisas sociais direcionados à investigação dos fenômenos

sociais que ocorriam especificamente no meio urbano da grande metrópole

norte-americana.

Com a formação da Escola de Chicago, inaugura-se um novo campo de

pesquisa sociológica, centrado exclusivamente nos fenômenos urbanos, que

dará origem a um novo tipo de estudo, conhecido como Sociologia Urbana.

http://www.tripadvisor.com.br/LocationPhotos-

g35805-d497032-w3-University_of_Chicago-

Chicago_Illinois.html

A primeira geração de sociólogos da Escola de Chicago foi composta

por Albion W. Small; Robert Ezra Park (1864-1944); Ernest Watson Burgess

(1886-1966); Roderick Duncan McKenzie (1885-1940) e William Thomas

(1863-1947). Esses pesquisadores foram os responsáveis pelo primeiro

programa de estudos de sociologia urbana. Nas décadas seguintes, outros

colaboradores se destacaram: Frederic Thrasher (1892-1970), Louis Wirth

(1897-1952) e Everett Hughes (1897-1983).

Então vamos conhecer um pouco mais dessa Escola...

Contexto histórico

O inicio do século XX marca o advento do capitalismo, o

desenvolvimento dos grandes centros urbanos e a migração maciça de famílias

do campo para as cidades em busca de trabalho. As cidades representavam a

possibilidade de novos empregos e possibilidade de ascensão social e

econômica para esses migrantes. Você conhece esse fenômeno, pois ele ainda

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ocorre nas grandes cidades e na cidade de São Paulo, considerada a maior

metrópole da América Latina, não é diferente. Essa migração descontrolada

gera a formação de bolsões de pobreza, subempregos, criminalidade e

violência urbana.

Muito bem, o surgimento da Escola de Chicago está diretamente ligado

ao processo de expansão urbana e crescimento demográfico da cidade de

Chicago no início do século 20, provocado pelo acelerado desenvolvimento

industrial das cidades do Meio-Oeste dos EUA.

Veja o que diz Coulon (1995 p.11-12) sobre Chicago dessa época.

[...] Na segunda metade di século XIX, migrantes rurais do

Middle West chegaram em massa, bem como um número

impressionante de imigrantes estrangeiros: alemães,

escandinavos, irlandeses,italianos, poloneses, lituanos, checos

e judeus. Em 1900, mais da metade de Chicago havia nascido

fora da América. Chicago tornou-se uma cidade industrial, um

centro comercial e uma próspera bolsa; o capitalismo selvagem

desenvolveu-se e a cidade assistiu vários tumultos (1886) e as

greves operárias (1894). Era também a cidade da arte e da

cultura, influenciada pela religião protestante, que tinha um

grande respeito pelo ensino e pelos livros. Uma cidade

moderna, reconstruída de aço e concreto após o incêndio de

1871. Nela foram construídos os primeiros arranha-céus dos

Estados Unidos e desenvolveu-se um movimento arquitetônico

modernista que também ficaria conhecido com Escola de

Chicago.

Diante de tanto desenvolvimento, a cidade de Chicago não ficou impune

a questões sociais que já apontamos acima. Então como nas grandes

metrópoles brasileiras, a cidade de Chicago assistiu ao surgimento de graves

problemas sociais.

Em Chicago, no começo do século XX, houve um aumento da

criminalidade, da delinquência juvenil; o aparecimento de gangues de

marginais; aumento de bolsões de pobreza e desemprego; a imigração e, com

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ela, a formação de várias comunidades segregadas (os guetos urbanos, as

favelas, os cortiços).

Todos esses problemas sociais (que na época, e ainda hoje muitos

sociólogos denominam como "patologia social") se converteram nos principais

objetos de pesquisa para os sociólogos da Escola de Chicago.

O mais importante a destacar é que os estudos dos problemas sociais

estimularam a elaboração de novas teorias e conceitos sociológicos, além de

novos procedimentos metodológicos na tentativa de compreender o porquê

dessa desordem na sociedade. Esse fenômeno recebe um nome curioso

sabiam? Chama-se anomia social.

Ecologia humana

Robert Ezra Park é considerado um dos mais importantes

representantes e precursores dos estudos urbanos; junto com Ernest Watson

Burgess e Roderick Duncan McKenzie elaborou o conceito de "ecologia

humana", a fim de sustentar teoricamente os estudos da sociologia urbana.

Através da observação entre o reino animal e vegetal Robert Park

estabeleceu uma analogia entre ele e o mundo dos homens, criando a teoria da

ecologia humana.

Por essa teoria, a cidade é um grande campo de observação ou um

grande laboratório social, porque é nela que se manifestam as contradições

sociais visíveis e percebidas.

O conceito de ecologia humana serviu de base para o estudo do

comportamento humano, tendo como modelo o lugar social que os indivíduos

vivem e constroem suas histórias de vida, se relacionam entre si e criam seu

repertório de significados e conhecimentos.

A abordagem ecológica questiona se o habitat social (ou seja, o espaço

físico e as relações sociais) determina ou influencia o modo e o estilo de vida

dos indivíduos.

Nessa época, o pensamento que vigorava era o das ciências biológicas,

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e o uso da razão era visto apenas como um instrumento, isto é a razão para

existir teria de ter um fim a alcançar. 2

O método de pesquisa usado era o da observação, isto é, o empírico.

Então, a comparação entre os seres humanos e os seres animais era inevitável

uma vez que, como já dissemos, prevaleciam os estudos das ciências

biológicas. Nessa situação, o uso da palavra indivíduo servia tanto para

designar gente como animal ou planta.

Quando os pesquisadores da época compararam a sociedade com a

natureza, tomaram como exemplo o equilíbrio dela e os resultados que disso

provinha. Compreender essa relação entre o meio ambiente e os animais

(estudo ecológico) era importante, e compará-la com a sociedade foi um passo

pequeno.

Dito de outra forma, a questão central era saber até que ponto os

comportamentos desviantes, por exemplo, as várias formas de criminalidade

são produtos do meio social, ou não, em que o indivíduo está inserido.

Park e Burgess se apropriaram do conceito de ecologia criado por

Ernest Haeckel (1859) que definia a ciência como relações do organismo com

o ambiente e estenderam o conceito para todas as condições da existência.

Segundo Mattelart&Mattelart (2004), são três elementos que definem uma

comunidade:

1. População organizada em um território através de uma

identidade cultural;

2. Relação simbiótica entre os sujeitos, isto é, a

interdependência mútua gerada por necessidades fisiológicas e

sociais;

3. Competição e a divisão de trabalho que não são

planejadas e geram uma cooperação competitiva nascidas da

formação da „web life‟ (rede de vida) ligadas por um eixo

comum, e que dá sentido à vida e forma a comunidade

orgânica. Para Park, esse modelo pode ser transferido para

2 Se quiserem conhecer um pouco mais sobre o racionalismo científico pesquisem Descartes.

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explicar o „ciclo das relações étnicas‟, nas comunidades de

imigrantes (competição, conflito, adaptação e assimilação).

Ain da, de acordo com Mattelart&Mattelart (2004no capítulo II –

Teorias da Comunicação

Park entende que o biótico é uma superestrutura erguida a

partir de uma subestrutura biótica e que a ela se impõe como

instrumento de direção e controle: o nível social ou cultural.

Esse nível é assumido pela comunicação e pelo consenso, cuja

função é regular a competição, permitir o compartilhamento de

uma experiência e vincular-se à sociedade.

A ecologia humana entende que a mudança adquire o caráter

de equilíbrio diante da crise (equilíbrio social e balança biótica),

e opera a transição de forma estável.

Sabe que até hoje há correntes de pensamentos semelhantes e que se

alternam nos estudos sobre esse tema? Basta você ver as discussões sobre a

delinqüência juvenil, marginalidade, ou outros temas de sobre violência urbana

através dos meios de comunicação.

Então prosseguindo: o conceito de ecologia humana e a concepção

ecológica da sociedade foram muito influenciados pelas abordagens teóricas

do "evolucionismo social".

Voltando um pouco à época desses estudos, estavam em voga os

estudos de Darwin sobre a evolução das espécies, que o evolucionismo social

tomou como referência.

Essa época é também a época do positivismo o qual preconizava uma

lógica racional e de um mundo concebido de tal forma que uma coisa sucede à

outra de maneira precisa.

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O melhor exemplo para você entender esse pensamento é o lema da

bandeira brasileira “Ordem e

Progresso”. Então, dentro dessa

lógica, um país ordeiro é um país

que progride, e é natural que

uma coisa puxe a outra,

compreendeu? Nada está solto,

existe um sucedâneo, um

suceder.

Você deve estar se

perguntando: Darwin também

formulou a teoria da evolução

social? Nós diríamos, não. Mas

as suas idéias foram „emprestadas‟ pelos sociólogos que acreditavam que as

sociedades evoluiriam para um estágio superior, acompanhando o

desenvolvimento das espécies, explicando de certa forma o desaparecimento

de algumas sociedades e o aparecimento de novas outras.

Então, a cidade como um grande e complicado "laboratório social" que

pode ser entendido através dos sinais de desorganização, de marginalidade,

de aculturação, de assimilação, é entendida como o lugar da mobilidade não só

física geográfica, mas social.

As pesquisas sociológicas dessa época foram marcadas pelo uso

sistemático dos métodos empíricos o que permitiu elencar variadas formas de

anomalias sociais. O que isso quer dizer? Ora, a coleta de dados e

informações sobre as condições e os modos de vida urbanos passou a ser

observados e estudados revelando as incongruências da sociedade. A partir

daí os seus efeitos poderiam apontar para soluções viáveis tornando a cidade

mais humanizada.

O uso de métodos descritivos deu base aos estudos biográficos com

base nas narrativas pessoais ou de grupos (histórias de vida) em primeira mão.

A esse tipo de estudo chamamos de informações primárias, e, em história, de

história oral, já que o pesquisado e as pessoas que se relacionam entre si são

Leia mais sobre

Darwinismo Social

no link http://jus2.uol.com.br/doutrina

/texto.asp?id=4633

O tema é bem interessante!

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os autores de suas próprias histórias e a interpretam de acordo com as suas

referências pessoais, sociais e culturais.

A pesquisa é feita de forma participativa. O pesquisador ao mesmo

tempo é pesquisador e participante dela ele interage com o pesquisado

(interacionismo). Veja o exemplo que de fato aconteceu cujo relato completo

está no livro “The taxi dance hall” de Cressey (1932). O autor relata sobre os

taxi dance halls, que eram lugares das dançarinas profissionais. Essa atividade

apareceu em São Francisco/CA no início do século. Esses lugares, cuja

reputação não era boa, eram frequentados por homens, na maioria, imigrantes

proletários, que iam dançar, e as dançarinas eram pagas “por dança”, tendo de

repartir seus ganhos com o dono do estabelecimento.

Como os donos dos estabelecimentos e os frequentadores não

cooperavam, os observadores foram aos salões como clientes em busca de

diversão e realizaram a pesquisa. Segundo (COULON, 1995 p.106), havia três

objetivos da pesquisa:

Dar uma visão íntima e sem viés ao mundo das taxi-dance hall

e seus ‟clientes‟;

Traçar a história da taxi dance hall como instituição urbana,

descobrir as condições favoráveis a seu aparecimento e a seu

desenvolvimento e analisar suas funções em termos de

satisfação das necessidades de seus clientes;

O terceiro era apresentar de modo mais imparcial possível as

formas de controle, suscetíveis de manter a ordem, criar

códigos de conduta por parte de todos.

Outros exemplos podem ser vistos, como, o investigador vai morar no

bairro em que a criminalidade é muito grande. Ou seja, ele passará a conhecer

o lugar, seus habitantes, recolher as informações sobre as pessoas, não se

identificando como investigador, mas como igual, como um morador comum. A

construção do „self‟ ou a construção da sua individualidade. O indivíduo é

capaz de uma experiência singular e única, que traduz sua história de vida,

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sendo ao mesmo tempo submetido às forças de nivelamento e

homogeneização do comportamento

Ainda por meio dos estudos biográficos foi possível conhecer, em

detalhes, as origens sociais dos sujeitos investigados, chegando ao cotidiano e

às interações sociais que ocorrem no interior de grupos fechados. Esses

grupos poderiam ser as gangues de rua, os guetos étnicos, os grupos de

marginais ou criminosos comuns. O conhecimento da trajetória de vida desses

grupos permitiu conhecê-los de forma aprofundada entender o que os levava à

exclusão social ou à marginalidade.

A escola do crime

Há alguns filmes recentes de produção

nacional que mostra de forma romanceada

esse tema. Um é o “Ônibus 174” e o outro é

“Última Parada 174”.

Veja no link abaixo as informações

sobre o filme:

http://br.cinema.yahoo.com/filme/15363/ultimaparada174

Leia também:

Escola de Chicago: história.

http://educacao.uol.com.br/sociologi

a/escola-de-chicago-contexto-

historico.jhtm

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O estudo da grande metrópole norte-americana, por parte dos

pesquisadores da Escola de Chicago, privilegiou algumas temáticas. As

variadas formas de criminalidade e o fenômeno da imigração foram os temas

que eles mais estudaram.

Essa preocupação estava vinculada aos vários problemas sociais que a

cidade Chicago enfrentava: a criminalidade, a marginalidade e a chegada de

grandes ondas imigratórias de europeus, principalmente os que buscavam

refúgio nos Estados Unidos da América, decorrente da crise econômica

provocada pela I Guerra e pelo advento do capitalismo industrial que carecia de

mão-de-obra.

As pessoas que imigravam, na maioria, não tinham lugar para ficar e se

fixavam nos locais mais distantes e baratos para morar. A cidade era estranha

a elas... Os estudos da época apontavam que as áreas mais abandonadas da

cidade, pelo poder público sem infra-estrutura adequada, serviços essenciais

como saúde e educação transformavam-se rapidamente em locais de moradia

para essa leva de imigrantes e logo surge a ação das gangues de rua e dos

bandos de delinquentes juvenis. Esses locais se tornaram rapidamente áreas

nas quais as taxas de criminalidade eram muito altas.

Desse modo, os pesquisadores demonstraram que a cidade tinha áreas

sociais que motivavam ação do crime: o espaço urbano degradado favorecia a

quebra das regras e instituições sociais (escola, família) e, de certa forma,

produzia comportamentos desviantes.

Sobre comportamentos desviantes veja o que Giddens (2008) diz:

O estudo do comportamento desviante é uma das áreas mais

intrigantes e complexas, da Sociologia, ensinando-nos que

ninguém é tão normal quanto gosta de pensar. Ajuda-nos

igualmente a perceber que aquelas pessoas cujo

comportamento pode parecer estranho ou incompreensível são

seres racionais quando compreendemos a razão dos seus

actos.

O estudo do desvio, tal como outros campos da Sociologia,

centra-se no poder social. bem como na influência da classe

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social – as divisões entre ricos e pobres. Quando olhamos para

o desvio ou para a conformidade às normas ou regras sociais,

temos sempre que questionar: “as regras de quem?”. Como

veremos, as normas sociais são fortemente influenciadas pelas

divisões de classe e poder.

O que se entende por desvio?

O DESVIO pode ser definido como uma inconformidade em

relação a determinado conjunto de normas aceite por um

número significativo de pessoas de uma comunidade ou

sociedade. Nenhuma sociedade, como já foi enfatizado, pode

ser dividida de um modo linear entre os que se desviam das

normas e aqueles que estão em conformidade com elas. A

maior parte das pessoas transgride, em certas ocasiões, regras

de comportamento geralmente aceites. Quase toda a gente,

por exemplo, em determinada altura já cometeu actos menores

de roubo, como levar alguma coisa de uma loja sem pagar ou

apropriar-se de pequenos objectos do emprego – corno papel

de correspondência – e dar-lhe um uso privado.

http://semibreve.wordpress.com/2008/09/26/texto-008-o-

comportamento-desviante/

Sobre a imigração, os pesquisadores procuraram compreender as

interações que ocorrem quando da chegada do imigrante na grande metrópole.

Basicamente, identificaram quatro tipos básicos de interação social:

competição, conflito, acomodação e assimilação.

Observe seus significados traduzidos de forma muito simples:

1. Competição: Todos nós somos movidos a competir e a competição faz parte

do desenvolvimento da sociedade. A competição está ligada ao controle social.

A competição organiza de certa forma a sociedade, pois ela orienta novas

formas de trabalho, introduz uma nova forma de relação social baseada nas

relações econômicas.

2. O Conflito: A existência do conflito também permite que uma vez existente se

busque respostas para ele. Todos nós temos conflitos seja de ordem pessoal

ou social. O conflito social é derivado da competitividade, e é consciente e cria

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um sentimento de solidariedade pelos que o partilham, pois são minorias.

3. A resolução desses conflitos permite com que o sujeito busque alternativas,

o que lhe confere o equilíbrio.

4. A Acomodação ou adaptação sugere o esforço do grupo para ajustar-se às

novas situações que lhe são impostas, nem sempre é pacífico, mas que tende

a aceitação das diferenças. Uma vez que o conflito uma vez resolvido

estabeleça um período de „calmaria‟, e o sujeito passa a fase de adaptação.

5. A Assimilação é o processo pelo qual o sujeito não despreza seus

conhecimentos anteriores (cultura), ao contrário, o valoriza, mas adota

comportamentos, parte de uma cultura para si para facilitar sua existência na

sociedade. É o caso de alguns religiosos, por exemplo.

Herança da escola de chicago

A orientação dos estudos sociológicos elaborados sobre a Escola de

Chicago dominou a sociologia norte-americana até por volta da metade da

década de 1930, mas sua influência se estendeu nas décadas seguintes.

A Escola de Chicago desempenhou papel relevante na institucionalização da

sociologia como ciência acadêmica nos Estados Unidos dando origem aos

estudos etnográficos ou para sermos mais objetivas aos estudos nos quais a

observação participativa é fundamental para a pesquisa. Para Coulon (1995

p.115)

[...] a Escola de Chicago pode ser considerada como o berço de

uma grande variedade de abordagens empíricas, inclusive a da

observação participativa, que tem em comum o fato de se inserir

em uma sociologia urbana prática e de ter inaugurado, em resumo

a indagação sociológica direta junto aos indivíduos, deixando para

trás a sociologia especulativa que marcara a época anterior.

Ao centrar seus estudos nos problemas sociais, porém, ela foi criticada

por negligenciar a elaboração de teorias sociológicas a partir da reflexão

intelectual dissociada da sociologia aplicada. Até certo ponto, essa afirmação é

verdadeira, mas as contribuições que a Escola de Chicago forneceu à

sociologia não podem ser desprezadas ou negadas.

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A comparação dos fatos a partir da vivência do cientista social no meio

urbano e na vida das comunidades através da observação direta para coletar

os dados é até hoje muito

importante.

Há hoje vários relatos

de casos em que, por

exemplo, o jornalista

investigativo mergulha na

comunidade para coletar

dados e fazer uma grande

matéria. Foi o caso do

jornalista Tim Lopes que foi

assassinado durante a

realização de uma

reportagem sobre bailes

funks nos subúrbios do Rio de Janeiro.

Outras contribuições importantes da Escola de Chicago foram,

certamente, os estudos de criminologia (sociologia criminal) e os métodos

biográficos, que, que voltam valorizados e usados, o método qualitativo para a

pesquisa, o trabalho de campo, entre outros.

Todas essas contribuições são importantes para o estudo da

comunicação, para ampliação do repertório intelectual e para as práticas

comunicacionais.

A partir de 1940, inaugura-se um novo período de estudos decorrentes,

sobretudo das mudanças que o mundo assistia. Nesse período, ocorre a II

Guerra Mundial, há aumento do consumo dos bens industrializados,

fortalecimento do capitalismo e dos meios de comunicação entre outros.

Os pesquisadores sociais abandonam as técnicas qualitativas marcadas

pela Escola de Chicago no seu início e introduzem a pesquisa de modelo

quantitativo na Universidade de Columbia sendo Robert Merton e Paul

Lazarfeld seus representantes.

Relembre o fato no link:

http://www.timlopes.com.br/ce

ntral_globo_jornalismo.htm

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Bem, chegamos ao final dessa unidade. Vamos tratar na próxima

unidade do estudo da Escola Funcionalista.

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Referências

COULON, A. A Escola de Chicago. Campinas: Papirus,1995.

GIDDENS, A. O comportamento desviante. Disponível em:

http://semibreve.wordpress.com/2008/09/26/texto-008-o-comportamento-desviante/,

acesso em 26 setembro, 2008.

MATTELART, A.; MATTELART, M. Historia das Teorias da Comunicação.

7ed. São Paulo: Loyola, 2004.

POLISTCHUCK,I; TRINTA A.R. Teorias da Comunicação. Rio de Janeiro:

Campus, 2003.

WOLF, M. Teorias da Comunicação. 8. ed. Lisboa: Presença, 2003.

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Responsável pelo Conteúdo:

Prof. Ms. Wildney Feres Contrera

Profª. Esp. Sandra Lúcia Botelho R. Oliveira

Revisão Textual:

Profª Dra. Roseli Ferreira Lombardi

www.cruzeirodosul.edu.br

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