13
Propósitos do Educador/Alfabetizador Profª Elisa Maria Gomide Anhanguera Educacional S. A.

Teoria e prática educativa na área da alfabetização

Embed Size (px)

Citation preview

Propósitos do Educador/Alfabetizador

Profª Elisa Maria Gomide

Anhanguera Educacional S. A.

Dimensão política do papel do educador

Diante da dimensão política do papel do educador e da

urgência de se construir, hoje, na sociedade, uma prática

que dê conta efetivamente da educação de seus alunos,

nossa discussão hoje, tem o objetivo de abrir espaço

para o diálogo, a interlocução, o encontro e o

confronto entre teoria e prática educativa na área da

alfabetização.

Para atingir tal objetivo é necessário que o alfabetizador

tenha como propósitos:

ultrapassar as barreiras das concepções arcaicas da

educação que priorizam a educação voltada para a não

reflexão e memorização de conteúdos fora do contexto e

pouco significativo;

rever as propostas filosóficas e políticas que separam a

ação da reflexão;

priorizar proposta pedagógica de formação e

aperfeiçoamento do profissional que considere o aluno

como um sujeito capaz de construir seu conhecimento

com mediação do docente, independente das condições

econômicas, sociais, políticas e culturais do país;

ter consciência de que a prática precisa estar alicerçada

em teoria(s) que a fundamenta;

contribuir para que a escola cumpra com sua função

social “... garantir a todos condições de viver plenamente

a cidadania, cumprindo seus deveres e usufruindo seus

direitos...”;

trabalhar habilidades para desenvolver competências

numa perspectiva de aprendizagens significativas;

erradicar da prática pedagógica a cultura da repetência,

entre outras distorções, que tem se apresentado como

solução à não-aprendizagem.

repensar a escola, refletir sobre a atuação de seus

membros e levá-los a assumir sua responsabilidade pela

aprendizagem de todos os seus alunos, de acordo com

suas atribuições.

O aprender e o aluno Ao aprender o aluno modifica a si mesmo e o seu processo de

aprendizagem, o “como aprender”.

Para aprender, o aluno internaliza o que acontece a sua volta,através das relações com os outros indivíduos, sob a mediação dalinguagem, que cria significados que vão sendo internalizados,constituindo o pensamento e ganhando maior abrangência, dandoorigem a significados partilhados por grande parte do grupo social.Nesse caso, o conhecimento é sempre uma ação coletiva.

Cada indivíduo aprende de uma forma diferente, porque cadaindivíduo é único. O caráter universal da condição humana, osaspectos biológicos, as gêneses e processos de aprendizagem nãodevem servir para negar o que cada um tem de singular,discriminando as diferenças que existem.

Aprendizagem e desenvolvimento precisam ser contextualizadossocial e culturalmente. Não se pode afirmar, por exemplo, que todasas crianças têm hora para aprender a falar ou andar, ou ainda quenão aprenderam porque não estão maduras para isso.

A leitura e a escrita por parte da criança

As crianças, nas variadas interações em que se envolvem desde o

nascimento, vão ampliando suas formas de lidar com o mundo e

construindo significados para as suas ações e para as experiências

que vivem.

Assim os conteúdos escolares precisam ser trabalhados a partir dos

interesses, vivências e desejos dos seus alunos (levar a vida para a

sala de aula).

As diferentes abordagens do conhecimento, transformadas em

disciplinas escolares, devem ser assim como na vida, INTEGRADAS

e ARTICULADAS entre si, de modo INTERDISCIPLINAR.

A linguagem torna-se, assim, ferramenta fundamental para a

atuação e interação de cada sujeito, influenciando-o sócio-

historicamente. É elemento constitutivo do pensamento humano.

Ler e escrever, como enxergar esses processos?

As relações das crianças, jovens e adultos com o mundo ecom os outros, são sempre mediadas por situaçõesespecíficas de comunicação, através do uso das maisvariadas linguagens.

Em língua escrita, muitas vezes, esses processos deconstrução são proibidos. Nenhuma metodologia tradicionalpermite que as crianças escrevam palavras que nunca antescopiaram ou que leiam palavras que nunca leram, impedindoassim perceber como a criança percebe a aquisição da leiturae da escrita.

Qual seria o papel do professor alfabetizador medianteexigências de uma sociedade letrada, de modo a contribuirpara formalização da leitura e da escrita, com prazer?

A Abordagem Construtivista

Da década de 70 até os dias de hoje, a educação avançou enormemente,

graças às contribuições de todas as ciências, mais especificamente da

psicologia e mais precisamente ainda a partir da TEORIA

INTERACIONISTA-CONSTRUTIVISTA.

O principal precursor do construtivismo foi o biólogo JEAN PIAGET. Suas

descobertas subsidiaram estudiosos e educadores na reflexão e

reconstrução de seus suportes teóricos e de suas práticas pedagógicas.

No campo da alfabetização ofereceu informações valiosas sobre os

percursos possivelmente trilhados pelas crianças sujeitos, sócio-

historicamente determinados no caminho da aquisição da linguagem escrita.

O construtivismo é uma teoria complexa, ampla e profunda que exige

estudo, ampliação das idéias, mudança de postura e coragem para abraçar

as mudanças. É uma teoria que procura compreender como se dá o

processo de aquisição do conhecimento, de qualquer área de estudo.

CONSTRUTIVISMO NÃO É MÉTODO.

Os 10 mandamentos do construtivismo, segundo Lauro de Oliveira lima:

1º. Não ensine – provoque a criança a fazer descoberta;

2º. Leve as crianças a descobrirem entre si a situação proposta e chegar as suaspróprias conclusões;

3º. Não trabalhe na base da linguagem – trabalhe com a ação da criança;

4º. Não prestigie a memorização: o melhor resultado é a capacidade de inventar edescobrir;

5º. Comporte-se como técnico de futebol: estimule, critique, sugira. Mas não jogue. Ojogo é das crianças;

6º. Use o material que existir no mundo da criança, ou seja, material significativo para acriança, seja ela de uma favela ou de um bairro nobre;

7º. Sempre que uma criança chegar a um patamar, complexifique a solução;

8º. Na alfabetização, utilize as marcas e logotipos que são usados por todos nocotidiano da família;

9º. Organizar as crianças em grupo, deixando que elas criem as regras de convivência;

10º. Leve as crianças a compreenderem o que fizeram – tomada de consciência.

Psicogênese da Língua Escrita Emília Ferreiro e Ana Teberosky – principais pesquisadoras da concepção

construtivista produziram conhecimentos de grande valor que acabaram por

mudar os rumos da aprendizagem da escrita, tal como os concebíamos

anteriormente.

Emília Ferreiro critica a alfabetização tradicional pelos seguintes motivos:

A – julga a prontidão das crianças para o aprendizado da leitura e da escrita

por meio de avaliações de percepção (capacidade de discriminar sons e

sinais, por exemplo) e de motricidade (coordenação, orientação espacial);

B – dá-se peso excessivo para um aspecto exterior da escrita (saber

desenhar letras) e se deixa de lado suas características conceituais, ou

seja, a compreensão da natureza da escrita e sua organização;

C – adia-se o contato da criança com a escrita por julgar que ela ainda não

sabe nem ler, nem escrever;

D – insistem em introduzir os alunos à leitura com palavras, muitas vezes,

fora do contexto, tornando-se sem sentido para a criança.

Reflexões

As idéias de Emília Ferreiro se contrapõem ao uso da

cartilha porque as mesmas oferecem um universo

artificial e desinteressante.

E você professor alfabetizador?

Para a próxima aula:

Ler sobre a psicogênese da língua escrita de Emília

Ferreiro, especificamente, sobre as quatro fases por

que a criança passa até que esteja alfabetizada.

Sugestões de leitura

FERREIRO, E. Reflexões sobre alfabetização. São Paulo: Cortez, 1897.

_________. Com todas as letras. São Paulo: Cortez, 2001.

FERREIRO, E. & TEBEROSKY, A. Psicogênese da língua escrita. Porto

Alegre: Artes Médicas,1986.

GROSSI, E. P. Didática da alfabetização. Rio de Janeiro: Paz e Terra,

1990.

REVISTA NOVA ESCOLA – Edição especial: “grandes Pensadores”.

SOARES, M. Alfabetização e letramento. São Paulo: Contexto, 2004.

Para pensar

“Independente da autorização da professora, as

crianças estão lendo e escrevendo, estão, na

verdade, intercambiando leituras e escritas com o

mundo (concordâncias e discordâncias, que muitas

vezes a escola nega)”.