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CURSO DE SERVIÇO SOCIAL IVONE FONSECA GOUVEA LUDMILA BELCHIOR DA SILVA ESTATUTO DO IDOSO 1

Trabalho estatuto do idoso

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CURSO DE SERVIÇO SOCIAL

IVONE FONSECA GOUVEALUDMILA BELCHIOR DA SILVA

ESTATUTO DO IDOSO

RIO DE JANEIRO2015.2

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IVONE FONSECA GOUVEALUDMILA BELCHIOR DA SILVA

ESTATUTO DO IDOSO

Trabalho da Disciplina Legislação Social

RIO DE JANEIRO2015.2

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EPÍGRAFE

“Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida.§ 1º Os programas de amparo aos idosos serão executados preferencialmente em seus lares.§ 2º Aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida a gratuidade dos transportes coletivos urbanos”.

CONSTITUIÇÃO FEDERAL DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988

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ÍNDICE GERAL

ÍNDICE GERAL 5ÍNDICE DE FIGURAS 61 APRESENTAÇÃO 72 DISPOSIÇÕES PRELIMINARES 93 DIREITOS FUNDAMENTAIS DO IDOSO SEGUNDO A LEI nº 10.741/2003 11

3.1 Do Direito à Vida – Capítulo I.................................................................................113.2 Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade - Capítulo II............................113.3 Dos Alimentos - Capítulo III....................................................................................123.4 Do Direito à Saúde - Capítulo IV.............................................................................123.5 Da Educação, Cultura, Esporte e Lazer - Capítulo V...............................................133.6 Da Profissionalização e do Trabalho – Capítulo VI.................................................133.7 Da Previdência Social – Capítulo VII......................................................................143.8 Da Assistência Social – Capítulo VIII.....................................................................143.9 Da Habitação – Capítulo IX.....................................................................................143.10 Do Transporte – Capítulo X.....................................................................................15

4 DAS MEDIDAS DE PROTEÇÃO 165 DA POLÍTICA DE ATENDIMENTO AO IDOSO 17

5.1 Disposições Gerais...................................................................................................175.2 Das Entidades de Atendimento ao Idoso..................................................................175.3 Da Fiscalização das Entidades de Atendimento.......................................................185.4 Das Infrações Administrativas.................................................................................185.5 Da Apuração Administrativa de Infração às Normas de Proteção ao Idoso............185.6 Da Apuração Judicial de Irregularidades em Entidade de Atendimento..................19

6 DO ACESSO À JUSTIÇA 206.1 Disposições Gerais...................................................................................................206.2 Do Ministério Público..............................................................................................206.3 Da Proteção Judicial dos Interesses Difusos, Coletivos e Individuais Indisponíveis

ou Homogêneos............................................................................................................217 DOS CRIMES 22

7.1 Disposições Gerais...................................................................................................227.2 Dos crimes em espécie.............................................................................................22

8 DISPOSIÇÕES FINAIS TRANSITÓRIAS 259 CONCLUSÃO 2610 REFERÊNCIAS 28

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1- O aumento da população idosa no Brasil....................................................................8Figura 2 - Direitos Fundamentais do Idoso...............................................................................11Figura 3 - Como envelhecer com dignidade.............................................................................15Figura 4 - Das medidas de proteção ao idoso...........................................................................16

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1 APRESENTAÇÃO

O profissional do Serviço Social está indissociado à forma como são desenvolvidas

as relações sociais. Por esta razão, é necessário que este esteja atento às novas demandas

ocorridas com às transformações em nossa sociedade. Este trabalho pretende fazer um breve

recorte acerca de uma grande questão social que é a exclusão social da pessoa idosa: o não

convívio familiar, a falta de acesso a direitos e serviços voltados para sua idade, assim como a

falta de recursos das famílias, pela situação de pobreza e miséria enfrentada, que são

impedidas de garantir a qualidade de vida dos seus idosos, tendo como pano de fundo o

Estatuto do Idoso.

As observações cotidianas evidenciam que tais mudanças sociais trazem como

conseqüências uma série de riscos sociais, principalmente para a população envelhecida: às

mudanças na estrutura e nas funções da família, à pobreza e desigualdade social causada pelo

desemprego estrutural e à falta de eficácia plena da proteção social pública. Essas e outras

questões trazem para o Assistente Social o dever de enfrentar esses dilemas, apesar de não

caber apenas a ele liderar essa batalha.

Os geógrafos afirmam que o crescimento da população idosa é uma realidade em

todo o mundo, mas principalmente em países em desenvolvimento como o Brasil, devido a

erradicação de doenças transmissíveis; pelo desenvolvimento e aperfeiçoamento da medicina;

nutrição e todos os benefícios à saúde; além do acesso a diversas tecnologias de controle da

natalidade. O fato é que nossa população está crescendo numa taxa abaixo de 2,5%, enquanto

a de idosos, perto de 5%.

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Figura 1- O aumento da população idosa no Brasil

As políticas públicas e da legislação começam a se constituir a partir dos anos 70.

Esta luta culminou na aprovação da Lei 8.842 em 1994, instituindo a Política Nacional do

Idoso.

Com a nova Constituição da República Federativa do Brasil em 1988, em seus

artigos 229 e 230, estabeleceu-se uma nova cidadania da pessoa idosa.

Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade.

Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida.

§ 1º Os programas de amparo aos idosos serão executados preferencialmente em seus lares.

§ 2º  Aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida a gratuidade dos transportes coletivos urbanos.

O reconhecimento Constitucional representa um avanço fundamental ao amparo da

terceira idade.

A proposta entregue em setembro de 2001, levou dois anos tramitando no Congresso

Nacional do Brasil e vindo a ser aprovado, com alterações, em outubro de 2003, vigorando a

partir de 1° de janeiro de 2004, durante o primeiro mandato do Presidente Luís Inácio Lula da

Silva.

Cabe lembrar que a aprovação do Estatuto se tornou espetáculo ao ser associado à

telenovela “Mulheres Apaixonadas”, da TV Globo, que apresentava um casal de idosos

sistematicamente sendo maltratados pela neta jovem.

A referida lei 10.741 de 2003 está dividida nas seguintes seções: disposições

preliminares; dos direitos fundamentais; das medidas de proteção; da política de atendimento

ao idoso; do acesso à justiça; dos crimes; e das disposições finais transitórios; como ver-se-á

adiante durante o presente trabalho.

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2 DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

A Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003, em seu artigo primeiro, regulamenta o

preceito constitucional, regulamentando-o através do Estatuto do Idoso: “Art. 1º É instituído o

Estatuto do Idoso, destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou

superior a 60 (sessenta) anos”.

Importante ressaltar a idade mínima para ser considerado idoso: sessenta anos, apesar

de que alguns benefícios somente serão direito de fato quando dos sessenta e cinco anos.

O senil necessita de cuidados especiais com sua saúde física e mental, bem como

todos os direitos fundamentais (Constituição Federal, art. 5º) e a lei assegura por todos os

meios proteção integral:

Art. 2º O idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhe, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, para preservação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade.

O longevo deve ter prioridade absoluta, seja na efetivação do direito à vida, à saúde,

à alimentação, seja no atendimento preferencial em repartições públicas e privadas; seja por

atendimento preferencial dentro de sua própria família; seja por benefícios do governo como

isenção de imposto de renda; também na efetivação do direito à educação, à cultura, ao

esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à

convivência familiar e comunitária, tudo conforme artigo 3º, parágrafo único e seus incisos:

Art. 3º É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.

Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:

I – atendimento preferencial imediato e individualizado junto aos órgãos públicos e privados prestadores de serviços à população;

II – preferência na formulação e na execução de políticas sociais públicas específicas;

III – destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção ao idoso;

IV – viabilização de formas alternativas de participação, ocupação e convívio do idoso com as demais gerações;

V – priorização do atendimento do idoso por sua própria família, em detrimento do atendimento asilar, exceto dos que não a possuam ou careçam de condições de manutenção da própria sobrevivência;

VI – capacitação e reciclagem dos recursos humanos nas áreas de geriatria e gerontologia e na prestação de serviços aos idosos;

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VII – estabelecimento de mecanismos que favoreçam a divulgação de informações de caráter educativo sobre os aspectos biopsicossociais de envelhecimento;

VIII – garantia de acesso à rede de serviços de saúde e de assistência social locais.

IX – prioridade no recebimento da restituição do Imposto de Renda. (Incluído pela Lei nº 11.765, de 2008).

A proibição de quanto à discriminação, opressão, por ação ou omissão, dentre outras

violações de direitos do idoso foi tutelado no artigo 4º, parágrafos primeiro e segundo do

Diploma Legal em comento:

Art. 4º Nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão, e todo atentado aos seus direitos, por ação ou omissão, será punido na forma da lei.

§ 1º É dever de todos prevenir a ameaça ou violação aos direitos do idoso.

§ 2º As obrigações previstas nesta Lei não excluem da prevenção outras decorrentes dos princípios por ela adotados.

A norma também estatui que “a inobservância das normas de prevenção importará

em responsabilidade à pessoa física ou jurídica nos termos da lei”, conforme artigo 5º; e

impõe a todo cidadão que o mesmo “tem o dever de comunicar à autoridade competente

qualquer forma de violação a esta Lei que tenha testemunhado ou de que tenha

conhecimento”, segundo artigo 6º; e estabelece que em seu artigo 7º que “os Conselhos

Nacional, Estaduais, do Distrito Federal e Municipais do Idoso, previstos na Lei no 8.842, de

4 de janeiro de 1994, zelarão pelo cumprimento dos direitos do idoso, definidos nesta Lei”.

A partir do artigo 8º até o artigo 42º, o Estatuto do Idoso estabeleceu uma seção

especial: “dos direitos fundamentais” específicos para a problemática do idoso, conforme

seção a seguir.

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3 DIREITOS FUNDAMENTAIS DO IDOSO SEGUNDO A LEI nº 10.741/2003

Figura 2 - Direitos Fundamentais do Idoso

3.1 Do Direito à Vida – Capítulo I

O direito à vida é personalíssimo, é intransferível, e sua proteção um direito social

(art. 8º): é obrigação do Estado através de políticas sociais garantir a efetivação da proteção à

vida, permitindo um envelhecimento saudável e digno para a pessoa idosa (art. 9º).

3.2 Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade - Capítulo II

O “caput” do artigo 10, com seus parágrafos e incisos, trás à luz a necessidade de o

ancião ter liberdade, respeito e uma vida digna.

O parágrafo primeiro e seus incisos exemplificam os seguintes aspectos do direito à

liberdade: “faculdade de ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários,

ressalvadas as restrições legais”; ser sujeito de “opinião e expressão”; poder ter uma “crença”

e freqüentar “culto religioso”; poder praticar esportes e se divertir; ter uma “participação na

vida familiar e comunitária”; ou “participação na vida política”; poder exercer sua “faculdade

de buscar refúgio, auxílio e orientação”.

O parágrafo segundo estabelece que “o direito ao respeito consiste na inviolabilidade

da integridade física, psíquica e moral, abrangendo a preservação da imagem, da identidade,

da autonomia, de valores, idéias e crenças, dos espaços e dos objetos pessoais”.

O parágrafo terceiro determina que “é dever de todos zelar pela dignidade do idoso,

colocando-o a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou

constrangedor”.

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3.3 Dos Alimentos - Capítulo III

O artigo 11 remete à lei civil a regulamentação dos alimentos e, como acontece com

o pai que deixa de pagar pensão (alimentos) pode ser preso, o familiar também pode sofrer o

mesmo tipo de sanção em caso análogo que figure um longevo.

Detalhe importante deliberado pelo artigo 12 foi estabelecer uma obrigação solidária

entre todos os sujeitos com obrigação de alimentar, ou seja: filhos, netos etc. podem figurar

como sujeitos passivos de uma ação de alimentos, podendo o idoso decidir por quem ele quer

que preste a referida obrigação.

Caso fique comprovado judicialmente que nenhum de seus familiares possui

“condições econômicas de prover o seu sustento”, o juiz determinará que o Poder Público

provenha no âmbito da assistência social, conforme ordem do artigo 14 do Estatuto Senil.

3.4 Do Direito à Saúde - Capítulo IV

O Idoso tem direito ao SUS.

A prevenção e a manutenção de sua saúde estão detalhadas no artigo 15, parágrafo

segundo e seus incisos: “I – cadastramento da população idosa em base territorial; II –

atendimento geriátrico e gerontológico em ambulatórios; III – unidades geriátricas de

referência, com pessoal especializado nas áreas de geriatria e gerontologia social” e

principalmente “IV – atendimento domiciliar, incluindo a internação, para a população que

dele necessitar e esteja impossibilitada de se locomover”, e isso inclui “idosos abrigados e

acolhidos por instituições públicas, filantrópicas ou sem fins lucrativos e eventualmente

conveniadas com o Poder Público, nos meios urbano e rural”; além de “V – reabilitação

orientada pela geriatria e gerontologia, para redução das seqüelas decorrentes do agravo da

saúde”.

A pessoa senil também tem direito a remédios, próteses e outros recursos

gratuitamente, conforme Art. 15, § 2º.

Quanto aos planos de saúde, o Estatuto Longevo determina que não pode haver

cobrança de valores diferenciados em razão da idade, podendo o Idoso ir à justiça para

preservar seus direitos, mais indenização por dano moral e demais perdas que possa advir do

desrespeito a esse direito.

O artigo 15, § 4º fala que a pessoa idosa com deficiência ou limitação incapacitante

terá direito a um atendimento especializado na forma da lei, mas não indica qual lei estabelece

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como dar-se-á tal atendimento.

Já o artigo 16, parágrafo único, dá ao profissional de saúde responsável pelo

tratamento do idoso o direito de conceder a autorização para o acompanhamento ou justificar

sua proibição por escrito.

O idoso tem o direito a optar pelo tratamento que deve ser feito, nos termos do artigo

17, parágrafo único, incisos I, II,III, IV. 

O artigo 18 traz para as instituições de saúde a obrigação de capacitar e treinar seu

pessoal para o atendimento às necessidades do longevo, bem como para ser capaz de orientar

familiares, cuidadores e grupos de autoajuda. E o artigo 19 com seus incisos e parágrafos (art.

19, I, II, III, IV, V , § 1º, § 2º), obriga a esses estabelecimentos a comunicação compulsória de

qualquer suspeita de violência praticada contra a pessoa idosa e principalmente sua

constatação.

3.5 Da Educação, Cultura, Esporte e Lazer - Capítulo V

O capítulo V está compreendido do artigo 20 ao 25, estabelecendo o direito do Senil

à educação, cultura, esporte, lazer, produtos e serviços (art. 20); a programas educacionais

para idosos (art. 21, § 1º, § 2º); a inclusão nos currículos escolares formais da temática do

envelhecimento, o respeito e a valorização idoso (art. 20).

A participação do idoso em atividades culturais e de lazer se encontra estatuída no

artigo 23, que traz inclusive o incentivo de desconto de cinqüenta por sendo em tais

atividades.

O artigo 24 preceitua que os meios de comunicação deverão manter espaços ou

horários especiais “voltados aos idosos, com finalidade informativa, educativa, artística e

cultural, e ao público sobre o processo de envelhecimento” e remete ao Poder Público (art. 25)

apoiar “a criação de universidade aberta para as pessoas idosas e incentivará a publicação de

livros e periódicos, de conteúdo e padrão editorial adequados ao idoso, que facilitem a leitura,

considerada a natural redução da capacidade visual”.

3.6 Da Profissionalização e do Trabalho – Capítulo VI

O Capítulo VI reafirma o direito ao trabalho do idoso (art. 26), proíbe a

discriminação em razão da idade e dá preferência ao mais velho em desempate em concursos

públicos (art. 27).

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O artigo 28 e seus incisos (art. 28, I, II, III) elege o Poder Público para criar e

estimular programas específicos de profissionalização do idoso levando em conta sua

condição especial, bem como acompanhamento e preparação para a aposentadoria.

3.7 Da Previdência Social – Capítulo VII

O Capítulo VII (artigo 29 ao 32), estabelece aos benefícios especiais ao idoso através

da Previdência Social: Critérios de cálculos de aposentadorias e pensões (art. 29);

Aposentadoria por idade (art. 30); definição de índice de reajustamento de benefícios (art. 31);

e fixa data-base dos aposentados e pensionistas que coincide com o “dia do trabalho”.

3.8 Da Assistência Social – Capítulo VIII

O Capítulo VIII (artigo 33 ao 36), incorpora a Assistência Social no rol de proteção

ao Idoso.

O artigo 33 estabelece que a Assistência Social deve ser realizada de forma

articulada “conforme os princípios e diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência

Social, na Política Nacional do Idoso, no Sistema Único de Saúde e demais normas

pertinentes”.

O artigo 34 destaca a prestação continuada de um salário mínimo mensal ao idoso

maior de sessenta e cinco anos que não possua meios de prover sua subsistência ou sua

família.

O artigo 35 e seus parágrafos estabelecem a obrigação de contratação com o idoso

para sua permanência em entidades de longa permanência ou casa-lar, bem como outras

regras de direito que assegure esse direito ou a gradação deste. E por fim, estabelece em seu

artigo 36 que “o acolhimento de idosos em situação de risco social, por adulto ou núcleo

familiar, caracteriza a dependência econômica, para os efeitos legais”.

3.9 Da Habitação – Capítulo IX

O artigo 37 e seus parágrafos (art. 37, § 1º, § 2º, § 3º) estipula o direito à moradia,

indicando regras de garantia desse direito. O “caput” do artigo 38 dá prioridade ao idoso na

aquisição de imóveis nos programas habitacionais públicos ou subsidiados e reserva pelo

menos três por cento das unidades a eles (art. 38, I).

Outras novidades interessantes é a “implantação de equipamentos urbanos

comunitários voltados ao idoso” (art. 38, II); a “eliminação de barreiras arquitetônicas e

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urbanísticas, para garantia de acessibilidade ao idoso (art. 38, III).; e “critérios de

financiamento compatíveis com os rendimentos de aposentadoria e pensão” (art. 38, IV).

Houve também a preocupação com a Segurança da Integridade Física do Idoso

quando o parágrafo único do artigo 38 estatuiu que “as unidades residenciais reservadas para

atendimento a idosos devem situar-se, preferencialmente, no pavimento térreo”.

3.10 Do Transporte – Capítulo X

O artigo 39 e seus parágrafos (art. 39, § 1º, § 2º, § 3º) assegura a gratuidade dos

transportes coletivos públicos urbanos e semiurbanos aos maiores de sessenta e cinco anos,

bastando “que o idoso apresente qualquer documento pessoal que faça prova de sua idade”,

com “10% (dez por cento) dos assentos para os idosos, devidamente identificados com a placa

de reservado preferencialmente para idosos”, podendo a legislação local ampliar o benefício

para os maiores de sessenta e menores de sessenta e cinco também.

Quanto ao transporte interestadual, é garantida “a reserva de 2 (duas) vagas gratuitas

por veículo para idosos com renda igual ou inferior a 2 (dois) salários-mínimos”; e “desconto

de 50% (cinqüenta por cento), no mínimo, no valor das passagens, para os idosos que

excederem as vagas gratuitas, com renda igual ou inferior a 2 (dois) salários-mínimos”; e

“caberá aos órgãos competentes definir os mecanismos e os critérios para o exercício dos

direitos previstos nos incisos I e II”, conforme (Art. 40, I, II, parágrafo único).

Os estacionamentos (art. 41) também foram objeto da presente ação legislativa,

quando foi assegurada “a reserva, para os idosos, nos termos da lei local, de 5% (cinco por

cento) das vagas nos estacionamentos públicos e privados, as quais deverão ser posicionadas

de forma a garantir a melhor comodidade ao idoso”. E o artigo 42 assegurou “a prioridade do

idoso no embarque no sistema de transporte coletivo”.

Figura 3 - Como envelhecer com dignidade

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4 DAS MEDIDAS DE PROTEÇÃO

Figura 4 - Das medidas de proteção ao idoso

O Título III, das medidas de proteção é dividido em dois capítulos: capítulo I – das

disposições gerais (artigos 43 e incluídos seus incisos) e capítulo II – das medidas especiais de

proteção (artigos 44 e 45 e seus incisos).

O capítulo I – das disposições gerais (art. 43, I, II e III) trata das hipóteses de

aplicação das medidas de proteção ao longevo: “por ação ou omissão da sociedade ou do

Estado”; “por falta, omissão ou abuso da família, curador ou entidade de atendimento”; e “em

razão de sua condição pessoal.

O capítulo II – das medidas especiais de proteção (artigos 44 e 45, I, II, III, IV, V,

VI) estabelece que essas “poderão ser aplicadas, isolada ou cumulativamente, e levarão em

conta os fins sociais a que se destinam e o fortalecimento dos vínculos familiares e

comunitários” (art. 44) e elege o “Ministério Público ou o Poder Judiciário, a requerimento

daquele” a Autoridade competente para “determinar, dentre outras, as seguintes medidas” de

proteção:

I – encaminhamento à família ou curador, mediante termo de responsabilidade; II – orientação, apoio e acompanhamento temporários; III – requisição para tratamento de sua saúde, em regime ambulatorial, hospitalar ou domiciliar; IV – inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a usuários dependentes de drogas lícitas ou ilícitas, ao próprio idoso ou à pessoa de sua convivência que lhe cause perturbação; V – abrigo em entidade; VI – abrigo temporário.

Contudo, a própria legislação reconheceu que mesmo com todos esses comandos,

faz-se mister a necessidade de uma ampla Política de Atendimento ao Idoso, que é tema do

próximo capítulo deste trabalho.

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5 DA POLÍTICA DE ATENDIMENTO AO IDOSO

O Estatuto Senil dividiu a presente seção em seis capítulos: capítulo I – disposições

gerais; capítulo II – das entidades atendimento ao idoso; capítulo III – da fiscalização das

entidades de atendimento; capítulo IV – das infrações administrativas; capítulo V – da

apuração administrativa de infração às normas de proteção ao idoso; e capítulo VI – da

apuração judicial de irregularidades em entidade de atendimento.

5.1 Disposições Gerais

O artigo 46, grafa que “a política de atendimento ao idoso far-se-á por meio do

conjunto articulado de ações governamentais e não-governamentais da União, dos Estados, do

Distrito Federal e dos Municípios”.

As ações são: políticas sociais básicas (art. 47, inciso I); as políticas e programas de

assistência social (art. 47, inciso II); os serviços especiais de prevenção (art. 47, inciso III); os

serviços de identificação e localização de parentes (art. 47, IV); proteção jurídico-social (art.

47, inciso V); e mobilização da opinião pública (art. 47, inciso VI).

5.2 Das Entidades de Atendimento ao Idoso

O Estatuto do Idoso se preocupou com temas pertinentes ao campo da Segurança do

Trabalho, estatuindo que “as entidades de atendimento são responsáveis pela manutenção das

próprias unidades”, além de remeter às “normas de planejamento e execução emanadas do

órgão competente da Política Nacional do Idoso”, dentre outras.

Essas Entidades de atendimento e assistência ao idoso devem demonstrar sua

idoneidade (art. 48, § único, I, II, III, IV).

As Entidades que desenvolvam programas de longa permanência são obrigadas a

adotar os seguintes princípios: “I – preservação dos vínculos familiares; II – atendimento

personalizado e em pequenos grupos;” e se possível “III – manutenção do idoso na mesma

instituição, salvo em caso de força maior; IV – participação do idoso nas atividades

comunitárias, de caráter interno e externo;” além de “V – observância dos direitos e garantias

dos idosos; VI – preservação da identidade do idoso e oferecimento de ambiente de respeito e

dignidade”; lembrando que “o dirigente de instituição prestadora de atendimento ao idoso

responderá civil e criminalmente pelos atos que praticar em detrimento do idoso, sem prejuízo

das sanções administrativas”.

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Page 17: Trabalho estatuto do idoso

As obrigações das Entidades de Atendimento ao Idoso estão compreendidas no artigo

50, incisos I ao XVII, por exemplo, “fornecer vestuário adequado se for público” e

“alimentação suficiente”, dentre outras. Em contrapartida, “as instituições filantrópicas ou

sem fins lucrativos prestadoras de serviço ao idoso terão direito à assistência judiciária

gratuita”, conforme artigo 51.

5.3 Da Fiscalização das Entidades de Atendimento

O artigo 52 afirma que “as entidades governamentais e não-governamentais de

atendimento ao idoso serão fiscalizadas pelos Conselhos do Idoso, Ministério Público,

Vigilância Sanitária e outros previstos em lei”.

O artigo 53 altera as funções dos Conselhos de Idosos da Lei nº 8.842 de 1994.

Como no Direito Administrativo, o princípio da publicidade regerá as “prestações de

contas dos recursos públicos e privados recebidos pelas entidades de atendimento”.

O artigo 55, incisos I, II, § 1º ao 4º prevê penalidades para entidades e dirigentes; por

exemplo: as entidades podem ser fechadas e seus dirigentes poderão ser afastados.

5.4 Das Infrações Administrativas

Infelizmente a lei foi muito branda com as “Entidades de Atendimento” que

deixarem de cumprir as determinações do art. 50 do Estatuto Longevo: a pena para o

descumprimento é apenas de “R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 3.000,00 (três mil reais), se

o fato não for caracterizado como crime”. A Autoridade competente pode interditar o

estabelecimento “até que sejam cumpridas as exigências legais” (art. 56). Enquanto o

estabelecimento de longa permanência estiver interditado, “os idosos abrigados serão

transferidos para outra instituição, a expensas do estabelecimento interditado, enquanto durar

a interdição”. Da mesma forma em gradação em multa, fica sujeito o “profissional de saúde

ou o responsável por estabelecimento de saúde ou instituição de longa permanência” que

deixar de “comunicar à autoridade competente os casos de crimes contra idoso de que tiver

conhecimento”. Da mesma forma “deixar de cumprir as determinações desta Lei sobre a

prioridade no atendimento ao idoso” (art. 58).

5.5 Da Apuração Administrativa de Infração às Normas de Proteção ao Idoso

Os artigos 59; 60, parágrafos 1º e 2º; 61, incisos I e II; 62 e 63 tratam dos trâmites

processuais da apuração administrativa de infração às normas de proteção ao idoso. Vale

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Page 18: Trabalho estatuto do idoso

destacar que os valores monetários serão atualizados anualmente.

5.6 Da Apuração Judicial de Irregularidades em Entidade de Atendimento

O artigo 64 remete que sejam utilizados, subsidiariamente, os procedimentos

contidos nas leis 6.437/77 e 9.784/99.

O artigo 65 trata do procedimento judicial de apuração das infrações às normas de

proteção ao idoso.

Por motivo grave, segundo o artigo 66, o juiz poderá decretar medidas para evitar

lesão ao idoso, ouvido o Ministério Público, tais como “decretar liminarmente o afastamento

provisório do dirigente da entidade ou outras medidas que julgar adequadas”.

O artigo 67 dá o prazo de dez dias (10) para o dirigente da entidade, citado, se

defender por escrito no respectivo processo.

O artigo 68, parágrafos 1º ao 4º prevê o rito processual.

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6 DO ACESSO À JUSTIÇA

O presente capítulo é dividido em três seções: disposições gerais; do ministério

público; e da proteção judicial dos interesses difusos, coletivos e individuais indisponíveis ou

homogêneos.

6.1 Disposições Gerais

O artigo 69 atribui o rito processual subsidiariamente ao Código de Processo Civil.

Já o artigo 70 estabelece a possibilidade de serem criadas varas especializadas e exclusivas do

idoso.

O artigo 71 assegura a “prioridade na tramitação dos processos e procedimentos e na

execução dos atos e diligências judiciais em que figure como parte ou interveniente pessoa

com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, em qualquer instância”. O artigo 71,

parágrafos 1º ao 4º detalha a referida prioridade na tramitação dos processos e procedimentos.

6.2 Do Ministério Público

O artigo 73 estatui funções genéricas do Ministério Público na tutela do Idoso.

O artigo 74, e seus incisos estabelece as atribuições e competências do Ministério

Público na proteção dos direitos difusos, coletivos, individuais indisponíveis e homogêneos,

dentre elas, destaca-se o inciso “VIII – inspecionar as entidades públicas e particulares de

atendimento e os programas de que trata esta Lei, adotando de pronto as medidas

administrativas ou judiciais necessárias à remoção de irregularidades porventura verificadas”;

e o inciso “IX – requisitar força policial, bem como a colaboração dos serviços de saúde,

educacionais e de assistência social, públicos, para o desempenho de suas atribuições”.

Art. 74. Compete ao Ministério Público:

I – instaurar o inquérito civil e a ação civil pública para a proteção dos direitos e interesses difusos ou coletivos, individuais indisponíveis e individuais homogêneos do idoso;

II – promover e acompanhar as ações de alimentos, de interdição total ou parcial, de designação de curador especial, em circunstâncias que justifiquem a medida e oficiar em todos os feitos em que se discutam os direitos de idosos em condições de risco;

III – atuar como substituto processual do idoso em situação de risco, conforme o disposto no art. 43 desta Lei;

IV – promover a revogação de instrumento procuratório do idoso, nas hipóteses previstas no art. 43 desta Lei, quando necessário ou o interesse público justificar;

V – instaurar procedimento administrativo e, para instruí-lo:

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Page 20: Trabalho estatuto do idoso

a) expedir notificações, colher depoimentos ou esclarecimentos e, em caso de não comparecimento injustificado da pessoa notificada, requisitar condução coercitiva, inclusive pela Polícia Civil ou Militar;

b) requisitar informações, exames, perícias e documentos de autoridades municipais, estaduais e federais, da administração direta e indireta, bem como promover inspeções e diligências investigatórias;

c) requisitar informações e documentos particulares de instituições privadas;

VI – instaurar sindicâncias, requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, para a apuração de ilícitos ou infrações às normas de proteção ao idoso;

VII – zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias legais assegurados ao idoso, promovendo as medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis;

VIII – inspecionar as entidades públicas e particulares de atendimento e os programas de que trata esta Lei, adotando de pronto as medidas administrativas ou judiciais necessárias à remoção de irregularidades porventura verificadas;

IX – requisitar força policial, bem como a colaboração dos serviços de saúde, educacionais e de assistência social, públicos, para o desempenho de suas atribuições;

X – referendar transações envolvendo interesses e direitos dos idosos previstos nesta Lei.

§ 1º A legitimação do Ministério Público para as ações cíveis previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo dispuser a lei.

§ 2º As atribuições constantes deste artigo não excluem outras, desde que compatíveis com a finalidade e atribuições do Ministério Público.

§ 3º O representante do Ministério Público, no exercício de suas funções, terá livre acesso a toda entidade de atendimento ao idoso.

6.3 Da Proteção Judicial dos Interesses Difusos, Coletivos e Individuais Indisponíveis ou Homogêneos

Esta seção trata das manifestações do Ministério Público (art. 78) que devem ser

fundamentadas; ações de responsabilidade (art. 79, I ao IV, parágrafo único); estipula o foro

competente (art. 80); estabelece os legitimados; concorrentes; liticonsórcio; desistência ou

abandono e outras ações jurisdicionais; bem como a amplitude da atuação judicial (art. 82);

estabelece a tutela específica; as medidas necessárias e as multas (Art. 83, § 1º ao § 3º);

destinação das multas (art. 85); responsabilização do agente público (art. 86); o legitimado

para a fase de execução processual (art. 87); custas, emolumentos, honorários e sucumbência

(art. 88); Dever de prestar informações ao Ministério Público (art. 89); Comunicação

obrigatória de crime ou lesão a direito (art. 90); Direito à informação e direito de certidão (art.

91) e as regras do Inquérito civil (art. 92, parágrafo 1º ao 4º).

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Page 21: Trabalho estatuto do idoso

7 DOS CRIMES

O Estatuto Ancião dividiu o “título VI – Dos Crimes” em duas seções: disposições

gerais e dos crimes em espécie.

7.1 Disposições Gerais

O artigo 93 determinou a aplicação subsidiária da Lei da Ação Civil Pública na tutela

do Direito do Idoso.

Art. 94. Aos crimes previstos nesta Lei, cuja pena máxima privativa de liberdade não ultrapasse 4 (quatro) anos, aplica-se o procedimento previsto na Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, e, subsidiariamente, no que couber, as disposições do Código Penal e do Código de Processo Penal

Já o artigo 94 remete ao procedimento da Lei nº 9.099/95 (Lei dos Juizados

Especiais) e, subsidiariamente, as disposições do Código Penal Brasileiro e Código de

Processo Penal.

7.2 Dos crimes em espécie

Os aspectos criminais do Estatuto do Idoso estão compreendidos do artigo 95 ao 108.

Art. 95. Os crimes definidos nesta Lei são de ação penal pública incondicionada, não se lhes aplicando os arts. 181 e 182 do Código Penal.

Art. 96. Discriminar pessoa idosa, impedindo ou dificultando seu acesso a operações bancárias, aos meios de transporte, ao direito de contratar ou por qualquer outro meio ou instrumento necessário ao exercício da cidadania, por motivo de idade:

Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.

§ 1º Na mesma pena incorre quem desdenhar, humilhar, menosprezar ou discriminar pessoa idosa, por qualquer motivo.

§ 2º A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se a vítima se encontrar sob os cuidados ou responsabilidade do agente.

Os preceitos 181 e 182 do Código Penal citados acima desconsideram a ordem que

previa ser isento de pena quem pratica os crimes previstos no Capítulo VII daquele diploma

legal contra ascendente ou descendente. Ou seja: contra idoso é crime e o Ministério Público é

o sujeito de direito para iniciar a referida ação penal. Discriminar o idoso também passou a ser

crime sujeito a reclusão e multa.

Deixar de prestar a assistência ao idoso ou a omissão de socorro a idoso é crime

estatuído no artigo 97:

Art. 97. Deixar de prestar assistência ao idoso, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, em situação de iminente perigo, ou recusar, retardar ou dificultar sua assistência à saúde, sem justa causa, ou não pedir, nesses casos, o socorro de autoridade pública:

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Page 22: Trabalho estatuto do idoso

Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.

Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.

Abandono de idoso e abandono material, mesmo que em hospitais, casas de saúde,

entidades de longa permanência, ou congêneres também é crime previsto no artigo 98:

Art. 98. Abandonar o idoso em hospitais, casas de saúde, entidades de longa permanência, ou congêneres, ou não prover suas necessidades básicas, quando obrigado por lei ou mandado:

Pena – detenção de 6 (seis) meses a 3 (três) anos e multa.

Maus-tratos contra idoso: expor a perigo a integridade e a saúde, física ou psíquica, e

até lesão corporal e morte também é crime previsto no artigo 99:

Art. 99. Expor a perigo a integridade e a saúde, física ou psíquica, do idoso, submetendo-o a condições desumanas ou degradantes ou privando-o de alimentos e cuidados indispensáveis, quando obrigado a fazê-lo, ou sujeitando-o a trabalho excessivo ou inadequado:

Pena – detenção de 2 (dois) meses a 1 (um) ano e multa.

§ 1º Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:

Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos.

§ 2º Se resulta a morte:

Pena – reclusão de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.

Negação de acesso a cargo, emprego ou trabalho:

Art. 100. Constitui crime punível com reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa:

I – obstar o acesso de alguém a qualquer cargo público por motivo de idade;

II – negar a alguém, por motivo de idade, emprego ou trabalho;

III – recusar, retardar ou dificultar atendimento ou deixar de prestar assistência à saúde, sem justa causa, a pessoa idosa;

IV – deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo motivo, a execução de ordem judicial expedida na ação civil a que alude esta Lei;

V – recusar, retardar ou omitir dados técnicos indispensáveis à propositura da ação civil objeto desta Lei, quando requisitados pelo Ministério Público.

Deixar de cumprir ordem judicial em que for parte ou interveniente o idoso ou

qualquer Óbices à execução de ordem judicial em ações em que idosos são partes ou

intervenientes é crime:

Art. 101. Deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo motivo, a execução de ordem judicial expedida nas ações em que for parte ou interveniente o idoso:

Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.

Art. 102. Apropriar-se de ou desviar bens, proventos, pensão ou qualquer outro rendimento do idoso, dando-lhes aplicação diversa da de sua finalidade:

Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa.

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Page 23: Trabalho estatuto do idoso

Apropriação indébita contra idoso: apropriar-se de bens do idoso na forma do artigo

102 também é crime.

Negativa de acolhimento ou permanência de idoso em entidade de atendimento e

retenção de cartão magnético ou outro documento do idoso são crimes:

Art. 103. Negar o acolhimento ou a permanência do idoso, como abrigado, por recusa deste em outorgar procuração à entidade de atendimento:

Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.

Art. 104. Reter o cartão magnético de conta bancária relativa a benefícios, proventos ou pensão do idoso, bem como qualquer outro documento com objetivo de assegurar recebimento ou ressarcimento de dívida:

Pena – detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos e multa.

Depreciação injuriosa (art. 105) e indução ilegal de instrumento procuratório (art.

106) contra o idoso são crimes:

Art. 105. Exibir ou veicular, por qualquer meio de comunicação, informações ou imagens depreciativas ou injuriosas à pessoa do idoso:

Pena – detenção de 1 (um) a 3 (três) anos e multa.

Art. 106. Induzir pessoa idosa sem discernimento de seus atos a outorgar procuração para fins de administração de bens ou deles dispor livremente:

Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.

Coação ilegal de ato jurídico (art. 107) e Registro notarial ilícito (art. 108) contra o

idoso são crimes:

Art. 107. Coagir, de qualquer modo, o idoso a doar, contratar, testar ou outorgar procuração:

Pena – reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.

Art. 108. Lavrar ato notarial que envolva pessoa idosa sem discernimento de seus atos, sem a devida representação legal:

Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.

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Page 24: Trabalho estatuto do idoso

8 DISPOSIÇÕES FINAIS TRANSITÓRIAS

O último título do Estatuto do Idoso é o ato das disposições finais transitórias que

prioritariamente trata de alterações em leis já existentes. O artigo 109 trata do impedimento ou

embaraço à fiscalização nos seguintes termos: “Art. 109. Impedir ou embaraçar ato do

representante do Ministério Público ou de qualquer outro agente fiscalizador: Pena – reclusão

de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa”.

O artigo 110 apenas remeteu às alterações do Código Penal; bem como o 111 fez

alterações na Lei das Contravenções Penais; o 112 na Lei 9.455/1997; o art. 113 na Lei nº

6.368/1976; e o 114 a Lei nº 10.048/2000.

O artigo 115 tratou do “Orçamento da Seguridade Social” que “destinará ao Fundo

Nacional de Assistência Social” todos “os recursos necessários, em cada exercício financeiro,

para aplicação em programas e ações relativos ao idoso”, até que o Fundo Nacional do Idoso

seja criado.

O artigo 116 ordena que sejam “incluídos nos censos demográficos dados relativos à

população idosa do País”. E o artigo 117 atribui ao Poder Executivo o poder de encaminhar ao

“Congresso Nacional projeto de lei revendo os critérios de concessão do Benefício de

Prestação Continuada” já “previsto na Lei Orgânica da Assistência Social, de forma a garantir

que o acesso ao direito seja condizente com o estágio de desenvolvimento sócio-econômico

alcançado pelo País”.

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Page 25: Trabalho estatuto do idoso

9 CONCLUSÃO

O grande desafio para os Assistentes Sociais perante a população que envelhece é

contribuir para que seus direitos se concretizem: garantir o atendimento dessa parcela da

população não é luxo, mas uma necessidade fundamentada em direitos constituídos.

A Assistência Social está sendo executada norteada pelas indicações do Estatuto do

Idoso, visando a contribuir com a consolidação destes direitos.

As ações desenvolvidas estão aquém das prerrogativas indicadas pela legislação.

Cabe ao profissional do Serviço Social se aproximar dessa realidade de atendimento, de forma

mais efetiva. As múltiplas questões que permeiam o processo de envelhecimento no campo da

saúde, do bem-estar físico, psíquico e social, devem ser pauta constante e interdisciplinar que

atenda à realidade cotidiana do idoso e a intervenção do Assistente Social não deve ser

pautada pelo comprometimento com sujeitos que devem ter seus direitos respeitados.

Ainda há um longo caminho a ser percorrido para que os direitos dos idosos possam

ser garantidos enquanto legitimação de cidadania, por esta razão o presente trabalho foi

buscar em fonte diversa do Serviço Social – o Direito – o fundamento transdisciplicar para

melhor atuação do Assistente Social.

Como se viu, o Direito da Pessoa Idosa não começou com o Estatuto do Idoso. A

partir de 1988, com a Constituição da República Federativa do Brasil em 1988 e as políticas

de redemocratização do país, fez-se necessário um alinhamento do Brasil com a preocupação

internacional de amparo e proteção da pessoa idosa. Daí a criação da responsabilidade

concorrente e solidária entre a família, a sociedade e o Poder Público em relação ao Direito da

Pessoa Idosa, estabelecendo uma nova cidadania, a cidadania da pessoa idosa: esse foi o

divisor de águas para a regulamentação do Direito do Idoso, a partir dos artigos 229 e 230

que, posteriormente, foram regulados através da lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003.

Infelizmente a lei foi muito branda com as “Entidades de Atendimento” que

deixarem de cumprir as determinações do art. 50 do Estatuto Longevo. A Autoridade

competente pode interditar o estabelecimento “até que sejam cumpridas as exigências legais”,

qualquer pessoa em diligência própria pode constatar que tais ações são exceções e muito

raras: apesar do Comando Constitucional e de sua regulamentação, o Brasil ainda está muito

distante da realidade dos países do Primeiro Mundo. Apesar de encontrar amparo nas leis,

muitos longevos deixam ainda de reivindicar seus direitos devido a ameaças sofridas a partir

da própria família e da sociedade e do desrespeito flagrante de agentes mal preparados do

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Page 26: Trabalho estatuto do idoso

Poder Público.

É importante destacar que a Constituição Federal, a Política Nacional do Idoso e o

Estatuto do Idoso colocam a família como parte essencial da proteção do idoso. Sendo a

família uma instituição natural e essencial à proteção, à afetividade, à alimentação, à

habitação, ao respeito e ao companheirismo como princípios de subsistência de seus próprios

membros, bem como de especial relevância para o próprio desenvolvimento da sociedade, ela

deve ser o alvo Principal de atuação do Poder Público, o que ainda é muito incipiente. É de

suma importância conhecer quem é o idoso, suas necessidades e suas carências para verificar

se as mesmas estão sendo supridas a contento e se as leis estão sendo cumpridas efetivamente,

propiciando uma etapa feliz e digna da vida de cada um.

O Idoso tem o direito à qualidade de vida, à informação, à cidadania, à liberdade e à

autonomia. Não resta dúvida que todos esses direitos já evoluíram bastante no que diz respeito

aos direitos protetivos dos idosos, mas cabe à população dar continuidade a esta evolução, não

retrocedendo às conquistas alcançadas, exigindo e fiscalizando que não somente as leis atuais

sejam cumpridas, como as que ainda virão. Porque o Direito deles pode ser em breve o nosso.

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Page 27: Trabalho estatuto do idoso

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