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1. INTRODUÇÃO O ICMS é o tributo que regula a circulação de mercadorias e serviços dentro e fora dos estados da federação. Conforme a Constituição Federal de 1988 cada Estado possui autonomia para estabelecer suas próprias regras de cobrança do imposto, respeitando as regras previstas na Lei. O ICMS é regulamentado pela Lei Complementar 87/1996, sendo que este tributo não é cumulativo, ele incide sobre cada etapa da circulação de mercadorias separadamente. Por ser de suma importância para os Estados e Distrito Federal, o ICMS retrata a principal fonte de arrecadação destes. Em função da sua importância este tributo além de ser previsto na Constituição de 1988, onde se elenca o seu fato gerador, a não cumulatividade e seletividade, existe a lei complementar 87/1996, que traz todas as bases legais para sua regulamentação, incidência e não incidência. Neste trabalho serão aprofundados os conceitos de ICMS, os princípios do direito tributário, a base de cálculo e alíquotas tanto internas quanto interestaduais, sujeito ativo e passivo, operações mistas ICMS/ISS, bem como uma situação concreta conforme o magistério de Paulo de Barros Carvalho. 5

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1. INTRODUÇÃO

O ICMS é o tributo que regula a circulação de mercadorias e serviços dentro e fora dos

estados da federação. Conforme a Constituição Federal de 1988 cada Estado possui

autonomia para estabelecer suas próprias regras de cobrança do imposto, respeitando as regras

previstas na Lei. O ICMS é regulamentado pela Lei Complementar 87/1996, sendo que este

tributo não é cumulativo, ele incide sobre cada etapa da circulação de mercadorias

separadamente.

Por ser de suma importância para os Estados e Distrito Federal, o ICMS retrata a

principal fonte de arrecadação destes. Em função da sua importância este tributo além de ser

previsto na Constituição de 1988, onde se elenca o seu fato gerador, a não cumulatividade e

seletividade, existe a lei complementar 87/1996, que traz todas as bases legais para sua

regulamentação, incidência e não incidência.

Neste trabalho serão aprofundados os conceitos de ICMS, os princípios do direito

tributário, a base de cálculo e alíquotas tanto internas quanto interestaduais, sujeito ativo e

passivo, operações mistas ICMS/ISS, bem como uma situação concreta conforme o

magistério de Paulo de Barros Carvalho.

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2. CONCEITO DE ICMS

O ICMS (Imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre

prestações de serviços de transportes interestadual, intermunicipal e de comunicação), é um

tributo de competência dos Estados e do Distrito Federal, que incide sobre a circulação de

mercadoria, prestação de serviços de transporte interestadual ou intermunicipal, de

comunicação.

Sendo regulamentado constitucionalmente na Lei Complementar 87/1996 (a chamada

“Lei Kandir”), que posteriormente foi alterada pelas Leis Complementares 92/97, 99/99 e

102/2000.

A sigla ICMS alberga pelo menos cinco impostos diferentes, a saber; a) o imposto sobre operações mercantis (operações relativas à circulação de mercadorias), que, de algum modo, compreende o que nasce da entrada de mercadorias importadas do exterior; b) o imposto sobre serviços de transporte interestadual e intermunicipal; c) o imposto sobre serviços de comunicação; d) o imposto sobre produção, importação, circulação, distribuição ou consumo de lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos e de energia elétrica; e, e) o imposto sobre a extração, circulação, distribuição ou consumo de minerais. (CARRAZZA, 2003, p. 34-35).

De acordo com a CF/ 1988, compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir

impostos sobre as operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de

transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as

prestações se iniciem no exterior.

3. PRINCÍPIOS APLICÁVEIS

3.1 PRINCÍPIOS GERAIS APLICÁVEIS AO ICMS

Os princípios são os fundamentos do ordenamento jurídico e prevalecem sobre todas

as demais normas. De acordo com Constituição Federal os princípios gerais aplicáveis ao

ICMS são aqueles expressos nos artigos 150 a 152 ,“Das Limitações do Poder de Tributar”:

Princípio da legalidade. No inciso I do artigo 150, o ICMS só pode se exigido ou

aumentado mediante lei, portanto, é o princípio que determina que as pessoas políticas

competentes só podem instituir ou aumentar tributos mediante a expedição do veículo

normativo lei em seu sentido amplo, ou seja, é imprescindível a atuação do Podre Legislativo;

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Princípio da anterioridade. Este princípio determina que a lei que institua ou que

aumente tributos só possa ter vigência no ano seguinte ao de sua publicação, visando, desta

forma dar previsibilidade aos possíveis sujeitos passivos atingidos pela norma.

Nas alíneas “a” e “b” do inciso III do artigo 150 é vedada a cobrança de tributos

referente a fatos geradores ocorridos antes da vigência da lei, bem como a cobrança no

mesmo exercício financeiro em que tenha sido publicada a lei que o instituiu ou aumentou.

Segundo Carvalho (2009), a anterioridade objetiva implementar o sobre princípio da

segurança jurídica de modo que o contribuinte não seja surpreendido com exigência tributária

inesperada

Princípio da Noventena. Na alínea “c” do inciso III do artigo 150, não é permitido

cobrar tributo antes de decorridos 90 dias a publicação da lei que o instituiu ou aumentou;

sendo assim o princípio da noventena, a lei que institui ou majora tributo não pode surtir

efeitos antes de decorridos 90 dias da sua publicação, observando conjuntamente o princípio

da anterioridade.

Princípio da igualdade. O Principio da Igualdade de direitos, assegurando a todos os

cidadãos a plena isonomia, isto é, todos têm o direito de tratamento isonômico pela lei, de

acordo com o preconizado pelo ordenamento jurídico. No inciso II do artigo 150 não é

admitido que seja dispensado tratamento desigual a contribuintes em situação idêntica; o

princípio da igualdade tributária é proibir que o legislador tributário institua tratamento

desigual entre contribuintes em situação equivalente.

Segundo Martins (2009), “reza o principio da igualdade tributária que todos são iguais

perante a lei para efeito de tributação não podendo haver exceção entre as pessoas que estejam

na mesma situação”.

Princípio da irretroatividade da lei. Princípio segundo o qual uma lei nova não pode

voltar ao passado, não considerando situações já consolidadas na vigência da lei anterior. Seus

dois maiores fundamentos são a segurança e a certeza nas relações jurídicas, devidamente

representadas pela integridade do ato jurídico perfeito, do direito adquirido e da coisa julgada.

De acordo com do artigo 150, inciso III alínea A diz:

“III- Cobrar tributos:

a) Em relação a fatos geradores ocorridos antes do inicio da vigência da lei que os

houver instituído ou aumentando;”

Portanto, lei tributária que institui ou majora tributos não pode retroagir para alcançar

fatos ocorridos antes de entrar em vigor.

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Princípio da capacidade contributiva. De acordo Martins (2009), o Principio da

Capacidade Contributiva:

Tem origens no ideal de justiça distributiva, em que cada pessoa deve contribuir para as despesas da coletividade, de acordo com a presunção de renda ou capital (de sua riqueza), contribuindo para os cofres públicos a medida que a manifeste uma proporção em maior ou menor grau. Dai a noção de distribuição de carga tributária igualitária, em razão das possibilidades de cada contribuinte. (MARTINS, 2009, p. 68).

No § 1º do artigo 145, dispõe que a tributação deve graduada, observando-se a

capacidade econômica do contribuinte. Percebemos diante disso que o ICMS que seu âmbito

será difícil aplicação.

Princípio da Transparência dos Impostos. Este Princípio tem a finalidade estimular

a informação acerca do tributo recolhido, ou seja, os cidadãos deverão ser informados

quanto da destinação e o quanto fora recolhido. No artigo 150, § 5º esta lei que determinará

medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam sobre

mercadorias e serviços.

Princípio da uniformidade geográfica. Este Princípio veda a diferenciação da

tributação por critérios notadamente geográficos, desta maneira serão aplicados da maneira

uniformes. Assim todos os tributos instituídos ou aumentados pela União devem ser

uniformes em todo o território nacional, no artigo 151, inciso I, da CF/88, confirmando assim

o postulado federativo e a autonomia dos Municípios.

Princípio da neutralidade de origem. Neste Princípio da orientação de que a

tributação não deve causar distorções econômicas, da receita tributaria. No artigo 152 CF não

é permitido que sejam estabelecidas diferenças na tributação em razão da origem do produto.

3.2 PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS

O ICMS além de se sujeitar aos princípios constitucionais que regem o sistema

tributário, é regido, ainda, por dois princípios específicos aplicáveis.

O Principio Não comutatividade. Este princípio o contribuinte tem o direito de

compensar o imposto devido em cada etapa com os valores pagos nas etapas anteriores.

Está previsto no inciso I do § 2º do artigo 155 da CF/88 e constitui a característica

mais marcante do ICMS.

Art. 155  § 2º  O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte:

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I – Será não cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal.

O Princípio da Seletividade. Trata-se de um principio em que, consiste na

possibilidade de selecionar determinados tributos, promovendo uma tributação diferenciado

sendo assim, o ICMS é um imposto seletivo, sendo cobrado em função da essencialidade das

mercadorias e serviços.

No inciso III do § 2º do artigo 155 da CF/88, permite que o ICMS tenha alíquotas

diferenciadas em função da essencialidade do produto. Diante disso é faculdade conferida ao

legislador para avaliar o grau de essencialidade de determinada mercadoria ou serviço na vida

do cidadão.

4. COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA DO ICMS

A Competência tributária é a aptidão para criar, no plano abstrato, tributos por meio

de lei, com todos os elementos essenciais (hipótese de incidência, sujeito ativo, sujeito

passivo, base de cálculo, alíquota).

Segundo (CARRAZZA, 2009, p.30) “A competência tributária, é a possibilidade

jurídica de criar, in abstracto, tributos, descrevendo, legislativamente, suas hipóteses de

incidência, seus sujeitos ativos, seus sujeitos passivos, suas bases de cálculo e suas alíquotas”.

4.1 CARACTERÍSTICAS DAS COMPETÊNCIAS TRIBUTÁRIAS

Facultatividade. Trata da opção dos entes políticos a ser tomada, na qual podem

instituir ou não tributos pertencentes as suas relativas faixas impositivas, ou seja, o órgão

competente tem de exercer ou não sobre o gravame. Vale dizer o não exercício da

competência não afasta o direito assegurado pela Constituição.

 Indelegabilidade. Nesta característica os entes políticos ganham sua respectiva faixa

de competência da Constituição, não podendo, em hipótese alguma, delegá-la para outros

entes. No entanto até deixar de exercê-las, não lhes é dado consentir com que outra pessoa o

faça, sob pena de modificação das próprias condições da outorga constitucional, matéria que

não é afeta ao legislador.

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Está prevista no artigo 1º do CTN, que dispõe que a competência tributária é

indelegável, contudo isso não impede a delegação de uma pessoa jurídica de direito publico a

outra, conferindo a competência para arrecadar, fiscalizar, executar os serviços.

 Incaducabilidade. A constituição existe para durar no tempo, dessa forma as

competências não podem ser submetidas aos conflitos de interesses dos entes políticos ou

mesmo dos problemas sociais. Por esse motivo, não há que se falar em decadência no

exercício das competências tributárias; mesmo que uma Pessoa Política não exerça uma

determinada competência tributária por tempo indefinido, jamais a perderá, podendo, a

qualquer tempo, vir a implementá-la, por intermédio do veículo legislativo adequado.

Inalterabilidade. A alteração de competência só será admissível por meio de Emenda

Constitucional, não se permitindo assim que o princípio da Federação seja abalado por

modificações advindas da vontade do legislador infraconstitucional.

A Constituição Federal, em seu artigo 155, outorgou aos Estados e ao Distrito Federal

a competência para instituir o imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e

sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação,

ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior.

Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: [...]. II – operações relativas a circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e prestações se iniciem no exterior.[...].§ 2.º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: [...]. IX - incidirá também: a) sobre a entrada de mercadoria importada do exterior, ainda quando se tratar de bem destinado a consumo ou ativo fixo do estabelecimento, assim como sobre serviço prestado no exterior, cabendo o imposto ao Estado onde estiver situado o estabelecimento destinatário da mercadoria ou do serviço; b) sobre o valor total da operação, quando mercadorias forem fornecidas com serviços não compreendidos na competência tributária dos Municípios.

Portanto Competência tributária é a competência legislativa que os entes políticos

possuem de criar tributos, e competência legislativa é a competência de criar leis, então,

competência tributária é o poder de criar tributos através de leis.

5. FATO GERADOR

Segundo Fabretti, podemos denominar Fato Gerador a concretização da hipótese de

incidência tributária prevista em abstrato na lei, que gera a obrigação tributária, ou seja, o

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momento exato em que o contribuinte executa um fato previsto em lei originando a obrigação

tributária para com o sujeito ativo.

Da mesma forma Harada (2006), diz que o fato gerador é a “Situação abstrata, descrita

na lei, a qual, uma vez ocorrida em concreto enseja o nascimento da obrigação tributária”.

Conforme o artigo 12 da Lei Complementar 87 de 1996, considera-se ocorrido o fato

gerador do imposto no momento:

I - da saída de mercadoria de estabelecimento de contribuinte, ainda que para outro

estabelecimento do mesmo titular;

II - do fornecimento de alimentação, bebidas e outras mercadorias por qualquer

estabelecimento;

III - da transmissão à terceiro de mercadoria depositada em armazém geral ou em

depósito fechado, no Estado do transmitente;

IV - da transmissão de propriedade de mercadoria, ou de título que a represente,

quando a mercadoria não tiver transitado pelo estabelecimento transmitente;

V - do início da prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal, de

qualquer natureza;

VI - do ato final do transporte iniciado no exterior;

VII - das prestações onerosas de serviços de comunicação, feita por qualquer meio,

inclusive a geração, a emissão, a recepção, a transmissão, a retransmissão, a repetição e a

ampliação de comunicação de qualquer natureza;

VIII - do fornecimento de mercadoria com prestação de serviços:

a) não compreendidos na competência tributária dos Municípios;

b) compreendidos na competência tributária dos Municípios e com indicação expressa

de incidência do imposto de competência estadual, como definido na lei complementar

aplicável;

IX - do desembaraço aduaneiro das mercadorias importadas do exterior;

IX - do desembaraço aduaneiro de mercadorias ou bens importados do exterior;

(Redação dada pela Lcp 114, de 16.12.2002).

X - do recebimento, pelo destinatário, de serviço prestado no exterior;

XI - da aquisição em licitação pública de mercadorias importadas do exterior

apreendidas ou abandonadas;

XI - da aquisição em licitação pública de mercadorias ou bens importados do exterior

e apreendidos ou abandonados; (Redação dada pela Lcp 114, de 16.12.2002)

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XII - da entrada no território do Estado de lubrificantes e combustíveis líquidos e

gasosos derivados de petróleo oriundos de outro Estado, quando não destinados à

comercialização;

XII - da entrada no território do Estado de lubrificantes e combustíveis líquidos e

gasosos derivados de petróleo e energia elétrica oriundos de outro Estado, quando não

destinados à comercialização ou à industrialização; (Redação dada pela LCP nº 102, de

11.7.2000).

XIII - da utilização, por contribuinte, de serviço cuja prestação se tenha iniciado em

outro Estado e não esteja vinculada a operação ou prestação subsequente.

6. INCIDÊNCIA DO ICMS

6.1 INCIDÊNCIA DO ICMS NA LC Nº 87/96

A Lei Complementar nº 87 de 1996, com alterações posteriores, aplicável aos Estados

e ao Distrito Federal, traz o rol das incidências do ICMS (<www.planalto.gov.br> acesso em

29/05/2016):

I - operações relativas à circulação de mercadorias, inclusive o fornecimento de

alimentação e bebidas em bares, restaurantes e estabelecimentos similares;

II - prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal, por qualquer

via, de pessoas, bens, mercadorias ou valores;

III - prestações onerosas de serviços de comunicação, por qualquer meio, inclusive a

geração, a emissão, a recepção, a transmissão, a retransmissão, a repetição e a ampliação de

comunicação de qualquer natureza;

IV - fornecimento de mercadorias com prestação de serviços não compreendidos na

competência tributária dos Municípios;

V - fornecimento de mercadorias com prestação de serviços sujeitos ao imposto sobre

serviços, de competência dos Municípios, quando a lei complementar aplicável

expressamente o sujeitar à incidência do imposto estadual.

§ 1º O imposto incide também:

I – sobre a entrada de mercadoria ou bem importados do exterior, por pessoa física ou

jurídica, ainda que não seja contribuinte habitual do imposto, qualquer que seja a sua

finalidade; (Redação dada pela Lcp 114, de 16.12.2002)

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II - sobre o serviço prestado no exterior ou cuja prestação se tenha iniciado no

exterior;

III - sobre a entrada, no território do Estado destinatário, de petróleo, inclusive

lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e de energia elétrica, quando

não destinados à comercialização ou à industrialização, decorrentes de operações

interestaduais, cabendo o imposto ao Estado onde estiver localizado o adquirente.

§ 2º A caracterização do fato gerador independe da natureza jurídica da operação que o

constitua.

6.2 NÃO INCIDÊNCIA DO ICMS

Nesta mesma lei, no artigo 3º, é demarcado com precisão no que o imposto não poderá

incidir:

I - operações com livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão;

II - operações e prestações que destinem ao exterior mercadorias, inclusive produtos

primários e produtos industrializados semielaborados, ou serviços;        (Vide Lei

Complementar nº 102, de 2000)          (Vide Lei Complementar nº 102, de 2000).

III - operações interestaduais relativas a energia elétrica e petróleo, inclusive

lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, quando destinados à

industrialização ou à comercialização;

IV - operações com ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou

instrumento cambial;

V - operações relativas a mercadorias que tenham sido ou que se destinem a ser

utilizadas na prestação, pelo próprio autor da saída, de serviço de qualquer natureza definido

em lei complementar como sujeito ao imposto sobre serviços, de competência dos

Municípios, ressalvadas as hipóteses previstas na mesma lei complementar;

VI - operações de qualquer natureza de que decorra a transferência de propriedade de

estabelecimento industrial, comercial ou de outra espécie;

VII - operações decorrentes de alienação fiduciária em garantia, inclusive a operação

efetuada pelo credor em decorrência do inadimplemento do devedor;

VIII - operações de arrendamento mercantil, não compreendida a venda do bem

arrendado ao arrendatário;

IX - operações de qualquer natureza de que decorra a transferência de bens móveis

salvados de sinistro para companhias seguradoras.

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7. BASE DE CÁLCULO

Paulo de Barros Carvalho, em seu livro “Curso de Direito Tributário” diz que,

A base de cálculo é a grandeza instituída na consequência da regra-matriz tributária, e que se destina, primordialmente, a dimensionar a intensidade do comportamento inserto no núcleo do fato jurídico, para que, combinando-se à alíquota, seja determinado o valor da prestação pecuniária. (CARVALHO, 2016).

De modo geral a base de cálculo consiste no valor sobre o qual é aplicada a alíquota

para apurar o valor do tributo a pagar, ou seja, é o montante da operação, incluindo o frete e

despesas acessórias cobradas do adquirente/consumidor. Sobre a respectiva base de cálculo se

aplicará a alíquota do ICMS respectiva.

Nos termos do art. 43º do RICMS/2002 e no Anexo VI, a base de cálculo do ICMS é a

seguir:

I - na entrada de mercadoria ou bem importados do exterior, observado o disposto nos §§ 1º a 3º do artigo 47 deste Regulamento, o valor constante do documento de importação, acrescido:

a) do valor do Imposto de Importação;

b) do valor do Imposto sobre Produtos Industrializados;

c) do valor do Imposto sobre Operações de Câmbio;

(528) d) de quaisquer despesas, inclusive aduaneiras, cobradas ou debitadas ao adquirente no controle e desembaraço da mercadoria, ainda que venham a ser conhecidas somente após o desembaraço;

(528) e) de quaisquer outros impostos, taxas ou contribuições, tais como:

(529) e.1) Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM);

(529) e.2) Adicional de Tarifa Portuária (ATP);

(529) e.3) Adicional de Tarifa Aeroportuária (ATAERO);

II - na aquisição, em licitação promovida pelo poder público, de mercadoria ou bem importados do exterior e apreendidos ou abandonados, o valor da operação acrescido do valor dos impostos de importação e sobre produtos industrializados e de todas as despesas cobradas ou debitadas ao adquirente;

III - na saída de mercadoria em hasta pública, o valor da arrematação;

IV - na saída de mercadoria, a qualquer título, de estabelecimento de contribuinte, ainda que em transferência para outro estabelecimento do mesmo titular:

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a) ressalvada a hipótese prevista na alínea seguinte, o valor da operação ou, na sua falta:

a.1) caso o remetente seja produtor rural, extrator ou gerador, inclusive de energia, o preço corrente da mercadoria, ou de sua similar, no mercado atacadista do local da operação, ou, na sua falta, no mercado atacadista regional;

a.2) caso o remetente seja industrial, o preço FOB estabelecimento industrial à vista, cobrado pelo estabelecimento remetente na operação mais recente, ou a regra contida na subalínea “a.3.2.3” deste inciso, caso o estabelecimento remetente não tenha efetuado, anteriormente, venda de mercadoria objeto da operação;

a.3) caso o remetente seja comerciante:

a.3.1) na transferência de mercadoria, em operação interna, o valor de custo correspondente à entrada mais recente da mercadoria, acrescido do valor do serviço de transporte e dos tributos incidentes na operação;

a.3.2) nas demais hipóteses:

a.3.2.1) o preço FOB estabelecimento comercial à vista de venda a outros comerciantes e industriais, cobrado pelo estabelecimento remetente na operação mais recente;

a.3.2.2) 75% (setenta e cinco por cento) do preço de venda da mercadoria no varejo, na operação mais recente, caso o estabelecimento remetente não efetue vendas a outros comerciantes ou industriais;

a.3.2.3) caso o remetente não tenha efetuado venda de mercadoria, a base de cálculo será o preço corrente da mercadoria, ou de sua similar, no mercado atacadista do local da operação ou, na falta deste, no mercado atacadista regional;

(1634)  a.4) caso o remetente seja industrial e a mercadoria se destinar a centro de distribuição de mesma titularidade, a base de cálculo do imposto poderá ser definida em regime especial, observado o disposto neste Regulamento, não podendo, em nenhuma hipótese, ser inferior ao custo da mercadoria produzida, assim entendido como a soma do custo da matéria-prima, do material  secundário, da mão-de-obra e do acondicionamento da mercadoria, nos termos dos §§ 2º e 3º deste artigo;

b) na transferência de mercadoria para estabelecimento do mesmo titular localizado em outra unidade da Federação:

b.1) o valor correspondente à entrada mais recente da mercadoria;

b.2) o custo da mercadoria produzida, assim entendido a soma do custo da matéria-prima, material secundário, mão-de-obra e acondicionamento, observado o disposto nos §§ 2º e 3º deste artigo;

b.3) o preço corrente no mercado atacadista do local do estabelecimento remetente, quando se tratar de produto primário;

V - na transferência de mercadoria do estabelecimento extrator, produtor ou gerador para qualquer outro estabelecimento de idêntica titularidade, nos limites territoriais do Estado, destinada a utilização em processo de tratamento ou industrialização, o valor atribuído à

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operação, desde que não inferior ao preço corrente da mercadoria, ou de sua similar, no mercado atacadista do local da operação, ou, na sua falta, no mercado atacadista regional;

VI - no fornecimento de alimentação, bebida ou outra mercadoria por bar, restaurante ou por qualquer estabelecimento que explore tal atividade, o valor total da operação, compreendendo o fornecimento da mercadoria e a prestação do serviço, observado o disposto no item 20 da Parte 1 do Anexo IV;

VII - no fornecimento de mercadoria com prestação de serviços não compreendidos na competência tributária dos Municípios, o valor total da operação, compreendendo o valor da mercadoria e o dos serviços prestados;

VIII - no fornecimento de mercadoria com prestação de serviços compreendidos na competência tributária dos Municípios e com indicação de incidência do imposto de competência estadual prevista em lei complementar, o preço corrente da mercadoria fornecida ou empregada;

IX - na execução de serviço de transporte interestadual ou intermunicipal, ainda que iniciado ou prestado no exterior, o preço do serviço, ou, na prestação sem preço determinado, o valor usual ou corrente, assim entendido o praticado na praça do prestador do serviço, ou, na sua falta, o constante de tabelas baixadas pelos órgãos competentes;

X - na geração, emissão, transmissão ou retransmissão, repetição, ampliação ou recepção de comunicação de qualquer natureza, por qualquer processo, ainda que iniciada ou prestada no exterior, observado o disposto no § 4º deste artigo, o preço do serviço, ou, nas prestações sem preço determinado, o valor usual ou corrente, assim entendido o praticado na praça do prestador do serviço, ou, na sua falta, o constante de tabelas baixadas pelos órgãos competentes;

(1102)    XI - no recebimento, pelo destinatário situado em território mineiro, de energia elétrica e de petróleo, de lubrificante e combustível líquido ou gasoso dele derivados, oriundos de outra unidade da Federação, quando não destinados à comercialização ou à industrialização do próprio produto, o valor da operação de que decorrer a entrada, nele incluídos todos os custos ou encargos assumidos pelo remetente ou destinatários, mesmo que devidos a terceiros;

(2774)    XII -

XIII - na utilização, por contribuinte, de serviço cuja prestação tenha se iniciado em outra unidade da Federação e não esteja vinculada a operação ou prestação subseqüentes, a base de cálculo sobre a qual foi cobrado o imposto na origem;

XIV - na saída de mercadoria em retorno ao estabelecimento que a tiver remetido, com suspensão, para industrialização, o valor desta, acrescido do preço da mercadoria empregada, se for o caso;

(2681)   XV -

XVI - no recebimento, pelo destinatário, de serviço de transporte ou de comunicação prestado no exterior, o valor da prestação do serviço, acrescido, se for o caso, de todos os encargos relacionados com a sua utilização;

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(1149)    XVII - na venda de produto objeto de arrendamento mercantil - leasing, em decorrência de opção de compra exercida pelo arrendatário, o preço fixado para o exercício da opção de compra, observado o disposto no item 89 da Parte 1 do Anexo I;

XVIII - na saída, em operação interestadual, de cana-de-açúcar destinada a usina açucareira ou produtora de álcool, o preço oficial fixado pelo Governo Federal, ou o apurado segundo o teor de sacarose, quando for este o sistema de fixação de preço adotado pelo contribuinte;

XIX - na execução, por administração ou empreitada, de obra hidráulica ou de construção civil contratada com pessoa física ou jurídica de direito público ou privado, o valor do material empregado, quando de produção própria do executor, observado o disposto no § 5º deste artigo;

XX - na saída de máquina, aparelho, equipamento ou conjunto industrial, de qualquer natureza, quando o estabelecimento remetente, ou outro do mesmo titular, assumir contratualmente a obrigação de entregá-los montados para uso, o valor cobrado, nele compreendido o da montagem;

XXI - na devolução, total ou parcial, de mercadoria ou bem recebidos, inclusive em transferência, de outra unidade da Federação, a mesma base constante do documento que acobertou o recebimento.

(2774)    XXII -

(2774)    XXIII -

§ 1º  Quando se tratar de saída, em operação interestadual, de mercadoria depositada por contribuinte de outra unidade da Federação em armazém-geral ou depósito fechado localizado no Estado, para apuração da base de cálculo do imposto será observado o seguinte:

I - na saída, em decorrência de venda ou consignação promovida pelo depositante, considera-se valor da operação o preço da mercadoria e todas as importâncias, despesas acessórias, juros, acréscimos ou vantagens, a qualquer título, recebidos ou auferidos pelo vendedor ou consignante;

II - na saída, a título diverso de venda ou consignação, inclusive para retorno ao estabelecimento depositante, considera-se valor da operação o preço corrente da mercadoria no mercado atacadista do estabelecimento depositário, o qual será obtido por meio das cotações de bolsas de mercadorias ou mediante pesquisa do preço FOB comercial à vista praticado em vendas a comerciantes e industriais, admitida a fixação do preço por pauta fiscal expedida pelo Diretor da Superintendência da Receita Estadual (SRE), com base na cotação de bolsa ou na pesquisa de mercado.

(1635)    § 2º  Para os efeitos do disposto nas sub alíneas “a.4” e “b.2” do inciso IV do caput deste artigo, considerar-se-ão, como integrantes do custo da mercadoria produzida, relativamente:

I - à matéria-prima: o custo da matéria-prima consumida na produção, nele incluídos os encargos de exaustão dos recursos naturais utilizados na produção;

II - ao material secundário: o custo de todos os materiais e insumos consumidos direta e indiretamente na produção, inclusive energia elétrica;

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III - à mão-de-obra:

a) humana: o custo da mão-de-obra pessoal, própria e de terceiros, utilizada direta e indiretamente na produção, acrescido dos encargos sociais e previdenciários;

b) tecnológica: os custos de locação, manutenção, reparo, prevenção e os encargos de depreciação dos bens, representados pelas máquinas, equipamentos, ferramentas, instalações e similares, utilizados direta e indiretamente na produção, inclusive impostos sobre a propriedade e seguros;

IV - ao acondicionamento: todos os custos, diretos e indiretos, necessários ao acondicionamento dos produtos, inclusive de mão-de-obra, pessoal e tecnológica.

(1635)    § 3º  Ainda nas hipóteses das sub alíneas “a.4” e “b.2” do inciso IV do caput deste artigo, será observado o seguinte:

I - os custos serão apropriados por fase de produção, apurando-se os valores dos produtos em elaboração e acabados;

II - para a avaliação dos estoques será utilizado o custo médio ponderado móvel;

III - os custos incorridos em período de inatividade serão incorporados aos estoques de produtos em elaboração ou acabados.

§ 4º  Na hipótese do inciso X do caput deste artigo, incluem-se também na base de cálculo do imposto, quando for o caso, os valores cobrados a título de acesso, adesão, ativação, habilitação, disponibilidade, assinatura e utilização dos serviços, bem como de serviços suplementares e facilidades adicionais que otimizem ou agilizem o processo de comunicação, independentemente da denominação que lhes seja dada.

§ 5º  Para os efeitos do disposto no inciso XIX do caput deste artigo, não se considera produção própria a transformação de material adquirido com acobertamento fiscal, realizada no local da obra, e cujo produto seja nela aplicado.

(430) § 6º  Na hipótese de despacho aduaneiro antecipado, os valores de que trata a alínea “d” do inciso I do caput deste artigo deverão ser estimados.

(2262) § 7º  Não se inclui na base de cálculo do imposto o valor da gorjeta relativa ao fornecimento de alimentação e bebidas por bares, restaurantes, hotéis e estabelecimentos similares, desde que limitada a 10% (dez por cento) do valor da conta.

(2765) § 8º  Para cálculo da parcela do imposto correspondente à diferença entre a alíquota interna e a alíquota interestadual, devida a este Estado, será observado o seguinte:

(2765) I - na hipótese do inciso VII do caput do art. 1º deste Regulamento:

(2765) a) para fins do disposto no art. 49 deste Regulamento:

(2765) a.1) do valor da operação será excluído o valor do imposto correspondente à operação interestadual;

(2765) a.2) ao valor obtido na forma da subalínea “a.1” será incluído o valor do imposto considerando a alíquota interna a consumidor final estabelecida neste Estado para a mercadoria;

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(2765) b) sobre o valor obtido na forma da subalínea “a.2” será aplicada a alíquota interna a consumidor final estabelecida neste Estado para a mercadoria;

(2765) c) o imposto devido corresponderá à diferença positiva entre o valor obtido na forma da alínea “b” e o valor do imposto relativo à operação interestadual, assim considerado o valor resultante da aplicação da alíquota interestadual sobre o valor da operação de que trata a sub alínea “a.1” antes da exclusão do imposto;

(2765) II - nas hipóteses dos incisos XII e XIII do caput do art. 1º deste Regulamento:

(2765) a) para fins do disposto no art. 49 deste Regulamento, ao valor da operação ou prestação será incluído o valor do imposto considerando a alíquota interna a consumidor final estabelecida neste Estado para a mercadoria ou serviço;

(2765) b) sobre o valor obtido na forma da alínea “a”, será aplicada a alíquota interestadual;

(2765) c) sobre o valor obtido na forma da alínea “a”, será aplicada a alíquota interna estabelecida para a operação ou prestação a consumidor final neste Estado;

(2765) d) o imposto devido corresponderá à diferença positiva entre os valores obtidos na forma das alíneas “c” e “b”.

(2765) § 9º  Nas hipóteses do § 8º, caso as operações ou prestações interestaduais ou internas estejam alcançadas por isenção ou redução da base de cálculo concedidas nos termos da Lei Complementar Federal nº 24, de 7 de janeiro de 1975, para o cálculo da parcela do imposto correspondente à diferença entre a alíquota interna e a alíquota interestadual, devida a este Estado, será observado o seguinte:

(2765) I - caso a operação ou prestação interestadual esteja alcançada por isenção ou redução da base de cálculo na unidade da Federação de origem, o imposto devido será calculado na forma do inciso I do § 8º, em se tratando de operação destinada a contribuinte do imposto, ou do inciso II do mesmo parágrafo, em se tratando de operação ou prestação destinada a não contribuinte do imposto;

(2765) II - caso a operação ou prestação interna a consumidor final neste Estado esteja alcançada por redução da base de cálculo:

(2765) a) incluir, para fins do disposto no art. 49 deste Regulamento, ao valor da operação ou prestação, o valor do imposto considerando a alíquota interna a consumidor final estabelecida para a mercadoria ou serviço na unidade da Federação de destino;

(2765) b) sobre o valor obtido na forma da alínea “a” será aplicado o percentual previsto para a redução da base de cálculo;

(2765) c) sobre a base de cálculo reduzida será aplicada a alíquota interna estabelecida para a operação ou prestação a consumidor final;

(2765) d) o imposto devido corresponderá à diferença positiva entre o valor obtido na forma da alínea “c” e o resultante da aplicação da alíquota interestadual sobre o valor da operação ou prestação;

(2765) III - caso a operação ou prestação interna a consumidor final neste Estado esteja alcançada por isenção, não será devida a parcela do imposto de que trata este parágrafo.

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(2765) § 10.  Nas hipóteses dos §§ 8º e 9º, a alíquota interna a consumidor final estabelecida neste Estado para a operação considerará, também, o adicional de dois pontos percentuais nas alíquotas previstas para as operações internas de que trata oart. 12-A da Lei nº 6.763, de 26 de dezembro de 1975, estabelecido para os fins do disposto no § 1° do art. 82 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição da República.

(2765) § 11.  Para cálculo da parcela do imposto correspondente à diferença entre a alíquota interna e a alíquota interestadual na hipótese do inciso XI do caput do art. 1º deste Regulamento será aplicado, sobre a base de cálculo prevista no inciso XIII do caput deste artigo, o percentual equivalente à diferença entre a alíquota interna estabelecida para a prestação a consumidor final neste Estado e a alíquota interestadual.

(2765) § 12.  O disposto nos §§ 8º a 11 aplica-se, também, ao contribuinte enquadrado como microempresa ou empresa de pequeno porte:

(2765) I - estabelecido em outra unidade da Federação, nas hipóteses dos incisos XII e XIII art. 1º deste Regulamento;

(2765) II - estabelecido neste Estado, nas hipóteses dos incisos VII e XI do art. 1º deste Regulamento.

(2765) § 13.  Na operação interestadual destinada a consumidor final não contribuinte do imposto localizado em outra unidade da Federação ou na prestação interestadual de serviço com destino a outra unidade da Federação, tomada por consumidor final não contribuinte do imposto, o contribuinte mineiro que promover a operação ou prestação, para cálculo do imposto devido a este Estado, deverá:

(2765) I - incluir, para fins do disposto no art. 49 deste Regulamento, ao valor da operação ou prestação, o valor do imposto considerando a alíquota interna a consumidor final estabelecida para a mercadoria ou serviço na unidade da Federação de destino;

(2765) II - aplicar a alíquota interestadual sobre o valor obtido na forma do inciso I.

(2765)    § 14.  O disposto no § 13 deste artigo não se aplica às operações ou prestações interestaduais promovidas por contribuinte enquadrado como microempresa ou empresa de pequeno porte.

Exemplo Prático:

Valor da mercadoria: R$ 1.000,00Valor do frete (cobrado do adquirente): R$ 100,00Outras despesas acessórias: R$20,00Descontos: R$0,00IPI: R$0,00

Base do ICMS = Valor do produto + Frete + Outras Despesas Acessórias - Descontos + IPI

Base de cálculo = R$ 1.000,00 + R$ 100,00 + R$20,00 – R$0,00 + R$0,00= R$ 1.120,00.

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8. ALÍQUOTA

Alíquota é o percentual definido em lei que, aplicado sobre a base de cálculo,

determina o montante do tributo a ser pago.

Paulo de Barros Carvalho ressalta que “congregada a base de cálculo, dá a compostura

numérica da divida, produzindo o valor que pode ser exigido pelo sujeito ativo, em

cumprimento da obrigação que nasce pelo acontecimento do fato típico”.

Para cada Estado é estabelecido o valor das alíquotas para operações internas, e o

mesmo tem competência para alterar suas alíquotas. A alteração pode ocorrer a qualquer

tempo, quando se tratar de diminuição do percentual aplicável. Em contrapartida, a alteração

não poderá acarretar aumento de carga tributária no mesmo exercício financeiro, ou seja,

somente poderá ser cobrado o aumento no ano seguinte em respeito ao princípio

constitucional da anterioridade, bem como somente produzirá efeitos 90 dias após a

publicação do ato, em atendimento ao princípio constitucional da noventena.

8.1 ALÍQUOTA INTERNA

Conforme o art. 42 do RICMS MG Decreto nº 43.080, de 13 de dezembro de 2002 as

alíquotas internas do estado de Minas Gerais estão descritas no quadro a seguir:

MINAS GERAISAlíquotas Operações/Prestações30% - nas operações de fornecimento de energia elétrica para consumo residencial,

observado o disposto no § 8º do artigo 42 do RICMS/ MG25% Nas Operações e prestações internas:

- nas prestações de serviço de comunicação, observado o disposto no § 19 deste artigo, e nas operações com as seguintes mercadorias:- cigarros e produtos de tabacaria;- bebidas alcoólicas, exceto cervejas, chopes e aguardentes de cana ou de melaço;- refrigerantes importados de países não-membros do GATT (General Agreement on Tariffs and Trade);- armas e munições;- fogos de artifício;- embarcações de esporte e recreação, inclusive seus motores, ainda que objeto de operações distintas;- perfumes, cosméticos e produtos de toucador, classificados nas posições 3303, 3304, 3305 e 3307 da Nomenclatura Brasileira de Mercadorias - Sistema Harmonizado (NBM/SH - com o sistema de classificação adotado a partir de 1º de janeiro de 1997), exceto água-de-colônia (3303.00.20), creme e espuma para barbear (3307.10.00) e desodorante corporal e antiperspirante

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(3307.20);- artefatos de joalheira ou ourivesaria das posições 7113 a 7116 da NBM/SH (com o sistema de classificação adotado até 31 de dezembro de 1996), importados de países não-membros do GATT;- combustíveis para aviação- solvente, exceto o destinado à industrialização nos termos do § 21;Fund. Legal: Art. 42 do RICMS MG Decreto nº 43.080, de 13 de dezembro de 2002

19% - nas operações com álcool para fins carburantes;

27% - nas operações com gasolina para fins carburantes;

15% - nas operações com óleo diesel;18% Nas operações e nas prestações não especificadas

Fund. Legal: Art. 42 do RICMS MG Decreto nº 43.080, de 13 de dezembro de 2002

12% Na prestação de serviço de transporte aéreo e nas operações com as seguintes mercadorias:- arroz, feijão, fubá de milho, farinha de milho, farinha de mandioca, leite in natura, aves, peixes, gado bovino, bufalino, suíno, caprino e ovino e produtos comestíveis resultantes de seu abate, em estado natural, resfriados ou congelados, quando de produção nacional- carne bovina, bufalina, suína, caprina e ovina, salgada ou seca, de produção nacional- máquinas, aparelhos e equipamentos industriais e máquinas, equipamentos e ferramentas agrícolas relacionados nas Partes 1 e 2 do Anexo XII;

- veículos automotores relacionados no item 12 da Parte 2 do Anexo XV- tratores rodoviários para semi-reboques, classificados no código 8701.20.00, com exceção do caminhão-trator especial para transporte de minérios ou pedras; veículos classificados no código 8702.10.00; caminhões para transporte de mercadorias, com motor de pistão, de ignição por compressão, classificados na subposição 8704.2; caminhões para transporte

de mercadorias, com motor de pistão, de ignição por centelha, classificados na subposição 8704.3; outros veículos automóveis para transporte de mercadorias, com motor de pistão, de ignição por centelha, com capacidade superior a 5 toneladas,

RICMS (Decreto nº 43.080/2002) Parte Geral e Decreto nº 45.728, de 19 de setembro de 2011. Página 13 de 84 classificados na subposição 8704.32; chassis com motor para ônibus e micro-ônibus, classificados no código 8706.00.10; e chassis com motor para caminhões, classificados no código 8706.00.90.

- produtos da indústria de informática e automação relacionados na Parte 3 do 22

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Anexo XII

- móveis classificados na posição 9403 da NBM/SH, assentos classificados nas subposições 9401.30, 9401.40, 9401.50, 9401.61, 9401.69, 9401.71, 9401.79, 9401.80 e 9401.90 da NBM/SH e colchões, estofados, espumas e mercadorias correlatas classificadas nas subposições 3909.50.29, 3921.13, 9404.21.00, 9404.29.00 e 9404.90.00, da NBM/SH, promovidas por estabelecimento industrial;- medicamento genérico, assim definido pela Lei Federal n° 6.360, de 23 de setembro de 1976, relacionado em resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA);- fios e fibras, quando destinados a estabelecimento industrial para a fabricação de tecidos e vestuário;- tecidos e subprodutos da tecelagem, nas operações realizadas entre estabelecimentos de contribuintes inscritos no Cadastro de Contribuintes do ICMS deste Estado;- ferros, aços e materiais de construção relacionados na Parte 6 do Anexo XII, em operações promovidas por estabelecimento industrial;- energia elétrica destinada a produtor rural e utilizada na atividade de irrigação no período diurno, nos termos definidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL);- noturno, relativamente às unidades consumidoras do grupo B (baixa tensão), nos termos definidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL);- diurno e noturno, relativamente às unidades consumidoras do grupo A (média e alta tensões), nos termos definidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), desde que exista ponto de fornecimento de energia independente com medição exclusiva;- absorvente higiênico feminino, papel higiênico folha simples, creme dental e escova dental, exceto elétrica, a bateria, a pilha ou similar, até 31 de dezembro de 2011;- água sanitária, sabão em barra de até 500g (quinhentos gramas), desinfetante e álcool gel, até 31 de dezembro de 2011;- caderno escolar tipo brochura, lápis escolar, borracha escolar, régua escolar, lápis de cor, giz e apontador para lápis escolar, exceto elétrico, a bateria, a pilha ou similar, até 31 de dezembro de 2011;- uniforme escolar ou uniforme profissional, assim entendidos as peças de vestuário que contenham externamente a identificação da respectiva instituição de ensino ou empresa, até 31 de dezembro de 2011;- papel cortado tipos A4, ofício I e II e carta, até 31 de dezembro de 2008;- porta de aglomerado ou medium density fiberboard - MDF - com até 70 cm (setenta centímetros) de largura, ripas e caibros, até 31 de dezembro de 2011;- laje pré-fabricada, telhas metálicas, forma-lajes metálicas, pontes metálicas, elementos de pontes metálicas, pórticos metálicos e torres de transmissão metálicas, até 31 de dezembro de 2011;- elevadores, até 31 de dezembro de 2008;- vasos sanitários e pias, inclusive bacia convencional, bacia com caixa de descarga acoplada, sanitário, caixa para acoplar, lavatório, coluna, lavatório e

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sua respectiva coluna, cuba, inclusive a de sobrepor, até 31 de dezembro de 2011;- couro e pele, até 31 de dezembro de 2010;- frutas frescas não alcançadas pela isenção do ICMS, até 31 de dezembro de 2011;- fios têxteis, linhas para costurar e subprodutos da fiação, nas operações destinadas a contribuinte inscrito no Cadastro de Contribuintes do ICMS e promovidas até 31 de dezembro de 2011;

- mercadorias adquiridas em operações promovidas por estabelecimento que opere no âmbito do comércio eletrônico ou do telemarketing, signatário de protocolo firmado com o Estado, observado o disposto no art. 66, § 9º, deste Regulamento, até 31 de dezembro de 2011;- produtos semimanufaturados de ferro ou aços não ligados, de seção transversal retangular, classificados na posição 7207.12.00 da NBM (com o sistema de classificação adotado a partir de 1º de janeiro de 1997), até 31 de dezembro de 2011;- embalagens destinadas a estabelecimento de contribuinte inscrito no Cadastro de Contribuintes do ICMS, inclusive saco plástico para acondicionamento de lixo, promovidas por estabelecimento industrial ou por cooperativa de produtores rurais com destino ao produtor rural;- transformadores de dielétrico líquido, classificados na subposição 8504.2 da NBM/SH, promovidas pelo estabelecimento fabricante;- eletrodutos e seus acessórios, de plástico, ferro ou aço, classificados nas posições 3917e 7307 e subposições, 7306.30.00, 7306.90.10, 7306.90.90 da NBM/SH;- conversores estáticos classificados na subposição 8504.40 da NBM/SH;- aparelhos para interrupção, seccionamento, proteção, derivação, ligação ou conexão de circuito elétrico, classificados nas posições 8535 e 8536 da NBM/SH, exceto a subposição 8536.70.00;- quadros, painéis, consoles, cabinas, armários e outros suportes com dois ou mais aparelhos relacionados na subalínea " aparelhos para interrupção, seccionamento, proteção, derivação, ligação ou conexão de circuito elétrico, classificados nas posições 8535 e 8536 da NBM/SH, exceto a subposição 8536.70.00" , classificados na posição 8537 da NBM/SH;- partes reconhecíveis como exclusiva ou principalmente destinadas aos aparelhos relacionados nas subalíneas "" aparelhos para interrupção, seccionamento, proteção, derivação, ligação ou conexão de circuito elétrico, classificados nas posições 8535 e 8536 da NBM/SH, exceto a subposição 8536.70.00" e " quadros, painéis, consoles, cabinas, armários e outros suportes com dois ou mais aparelhos relacionados na subalínea " aparelhos para interrupção, seccionamento, proteção, derivação, ligação ou conexão de circuito elétrico, classificados nas posições 8535 e 8536 da NBM/SH, exceto a subposição 8536.70.00" , classificados na posição 8537 da NBM/SH" , classificados na posição 8538 da NBM/SH;- fios, cabos e outros condutores, para uso elétrico, mesmo com peça de conexão, de cobre ou alumínio, classificados na subposição 7413.00.00 e nas posições, 7605, 7614 e 8544 da NBM/SH, exceto a subposição 8544.70;- recuperador de calor para chuveiros, classificado na subposição 8419.50.21 da NBM/SH;

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- lâmpadas classificadas na subposição 8539.22.00 da NBM/SH;- canetas, cartuchos de tinta para impressora, cartuchos de toner para impressora, fitas para impressora, bobinas de papel de largura não superior a oito centímetros, disquetes e outras mídias para gravação;- telhas de até cinco milímetros de espessura, de fibrocimento, classificadas na posição 6811 da NBM/SH;- ladrilhos e placas de cerâmica para pavimentação ou revestimento, classificados nas posições 6907 e 6908 da NBM/SH;- válvulas de descarga sanitária com dois botões, classificadas na subposição 8481.80.1 da NBM/SH;- vidros planos, ainda que beneficiados, temperados ou laminados, classificados nas posições 7003, 7005 e 7007 da NBM/SH;- bebidas fermentadas alcoólicas classificadas na subposição 2206.00.90 da NBM/SH;- tubos de aço classificados nas posições 7304, 7305 e 7306 da NBM/SH, destinado a irrigação rural ou a empresa de construção civil, promovidas por estabelecimento industrial;- medicamento acondicionado em embalagem hospitalar, máquinas, equipamentos, aparelhos e instrumentos médico-hospitalares e material de uso médico, odontológico ou laboratorial, destinado a fornecer suporte a procedimentos diagnósticos, terapêuticos ou cirúrgicos, promovidas pelo estabelecimento industrial fabricante ou pelo distribuidor hospitalar, desde que destinados a distribuidor hospitalar ou a órgãos públicos, hospitais, clínicas e assemelhados, não-contribuintes do Imposto.

- cachaça e aguardente de cana, promovidas por estabelecimento industrial, associação ou cooperativa da agricultura familiar;- álcool para fins carburantes, promovidas pela usina com destino às empresas distribuidoras;- bolsa para coleta de sangue, promovidas por estabelecimento industrial fabricante;- embarcações, promovidas pelo estabelecimento industrial fabricante;- reservatórios, cisternas, cubas e recipientes análogos, de capacidade superior a trezentos litros, classificados na subposição 3925.10.00 da NBM/SH, promovidas pelo estabelecimento industrial fabricante da mercadoria com destino a contribuinte inscrito no Cadastro de Contribuintes do ICMS ou a empresa de construção civil;- partes de extintores classificadas na subposição 8424.90.10 da NBM/SH;- manômetros classificados na subposição 9026.20.10 da NBM/SH;- vestuário, artefatos de cama, mesa e banho, coberturas constituídas de encerados classificadas na posição 6306.19 da NBM/SH, subprodutos de fiação e tecelagem, calçados, saltos, solados e palmilhas para calçados, bolsas e cintos, promovidas pelo estabelecimento industrial fabricante com destino a estabelecimento de contribuinte inscrito no Cadastro de Contribuintes do ICMS;- chapas, folhas, películas, tiras e lâminas de plástico classificadas nas posições 3919, 3920 e 3921 da NBM/SH;

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Page 22: Trabalho ICMS ''parte escrita

- revestimentos de pavimentos de polímeros de cloreto de vinila classificados na subposição 3918.10.00 da NBM/SH;- painéis de madeira industrializada classificados nas subposições 4410.11.10, 4411.1 e 4411.94.90, da NBM/SH;Fund. Legal: Art. 42 do RICMS MG Decreto nº 43.080, de 13 de dezembro de 2002- papeis planos classificados nos códigos 4802.56.99, 4802.57.93, 4802.58.92, 4802.58.99, 4810.19.89, 4810.19.90 e 4810.92.90 da NBM/SH destinados a indústria gráfica contribuinte do ICMS, desde que vinculados a posterior saída tributada pelo imposto.

7% Nas operações com as seguintes mercadorias:- tijolos cerâmicos, tijoleiras, complemento de tijoleira, peças ocas para tetos e pavimentos, telhas cerâmicas, tapa-vistas de cerâmica, manilhas, conexões cerâmicas, areia, brita, blocos pré-fabricados, ardósia, granito, mármore, quartzito e outras pedras ornamentais, até 31 de dezembro de 2011;- mel, própolis, geléia real, cera de abelha e demais produtos da apicultura, até 31 de dezembro de 2011;- energia elétrica destinada a produtor rural e utilizada na atividade de irrigação no período noturno, nos termos definidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL);- solução parenteral classificada na subposição 3004.90.99 da NBM/SH, promovidas pelo estabelecimento industrial fabricante;- bucha vegetal in natura;- produtos alimentícios fornecidos a órgãos da Administração Pública, destinados à merenda escolar, identificados em edital de licitação pública;Fund. Legal: Art. 42 do RICMS MG Decreto nº 43.080, de 13 de dezembro de 2002.

8.2 ALÍQUOTAS INTERESTADUAIS

Para operações interestaduais temos a seguinte tabela que define a alíquota a partir da

origem/destino.

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Page 23: Trabalho ICMS ''parte escrita

8.3 DIFERENCIAL DE ALÍQUOTAS DE ICMS

Todos os contribuintes do ICMS são obrigados a recolher o ICMS relativo à diferença

existente entre a alíquota interna (praticada no Estado destinatário) e a alíquota interestadual

nas seguintes operações e prestações:

a) - na entrada, de mercadorias de outra Unidade da Federação destinadas para uso e

consumo;

b) - na entrada, de mercadorias de outra Unidade da Federação destinadas para o ativo

imobilizado;

c) - na entrada, de prestação de serviço de transporte interestadual cuja prestação tenha

iniciado em outra Unidade da Federação referente à aquisição de materiais para uso e

consumo;

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Page 24: Trabalho ICMS ''parte escrita

d) - na entrada, de prestação de serviço de transporte interestadual cuja prestação tenha

iniciado em outra Unidade da Federação referente à aquisição de materiais para o ativo

imobilizado.

Somente existirá diferencial de alíquotas a ser recolhido caso o percentual da alíquota

interna ser superior ao da alíquota interestadual.

A base de cálculo do diferencial de alíquota é o valor da operação que decorrer a

entrada da mercadoria ou da prestação do serviço.

É admissível o crédito do valor do ICMS destacado na nota fiscal e no conhecimento

de transporte de carga, inclusive o diferencial de alíquota do ICMS devido na entrada do bem

e do serviço de transporte destinados ao ativo imobilizado e que estiver vinculada à atividade

fim da empresa, à razão de 1/48 por mês, conforme rege a Lei Complementar nº 87/96.

O diferencial de alíquotas se aplica, inclusive, às empresas optantes pelo Simples

Nacional.

Exemplo prático:

UF onde a empresa emissora da NF-e está estabelecida SCUF onde o consumidor não contribuinte reside MGAlíquota do ICMS Inter (Alíquota do ICMS interestadual. Em nosso exemplo é a alíquota de SC para MG.) 12%Alíquota do ICMS Intra (Alíquota do ICMS aplicado dentro do estado de destino - MG.) 18%Valor do produto 845,00Valor do IPI 50,00Outras despesas acessórias 80,00Desconto 10,00Valor do frete 35,00

Base do ICMS = Valor do produto + Frete + Outras Despesas Acessórias - Descontos + IPIBase do ICMS = 845,00 + 35,00 + 80,00 - 10,00 + 50,00Base do ICMS = 1.000,00

DIFAL = Base do ICMS * ((%Alíquota do ICMS Intra - %Alíquota do ICMS Inter) / 100)DIFAL = 1.000,00 * ((18,00% - 12,00%) / 100)DIFAL = 1.000,00 * (6,00% / 100)DIFAL = 1.000,00 * 0,06DIFAL = 60,00

8.4 ALÍQUOTA ZERO

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Page 25: Trabalho ICMS ''parte escrita

Melo (2003) em seu livro ICMS- Teoria e Prática, entende “que a menção a “0” só

poderá significar total desoneração tributária, e não flexibilidade para aumentar o gravame

fiscal.”

A alíquota corresponde ao percentual (%) sobre a base de cálculo, para se determinar o

valor de um tributo. Quando este percentual é zero (0%), mesmo que haja base de cálculo, o

resultado é que aquela operação não terá valor de tributo devido. E no ICMS há vários

produtos e operações com essa incidência.

A alíquota zero não significa não incidência ou isenção, apenas que o ente tributante

(Governo Federal, Estado ou Município) definiu que a tributação daquela operação ou

produto seria zerada, visando uma política econômica provisória de incentivo ao consumo

(como no caso da redução do IPI para a linha branca de eletrodomésticos) ou com outro

objetivo (como o da redução da inflação, no caso dos produtos da cesta básica, que tiveram o

PIS e COFINS zerados em 2013).

Pode ocorrer a revogação da alíquota zero, estabelecendo-se outra alíquota para a

operação.

9. SUJEITO ATIVO

O Sujeito Ativo é o credor da obrigação tributária, ou seja, é quem cobra o tributo,

fiscaliza, constitui crédito tributário mediante lançamento, inscreve em dívida ativa e exige

o pagamento por meio de ajuizamento de execução fiscal, quando necessário. Trata -se de

uma pessoa jurídica de direito público, isto é, o próprio ente federativo (União, Estados,

Municípios e Distrito Federal), uma autarquia ou uma fundação pública.

Sendo assim, há delegação da condição de sujeito ativo. Condição esta que é

chamada de "Capacidade tributária ativa", a qual é delegável e, portanto, não pode ser

confundida com "Competência tributária”, que é o poder de instituir e criar tributos

mediante lei complementar, originário da Constituição Federal.

O Código Tributário Nacional no art. 120 dispõe sobre a sujeição ativa no caso de

pessoa jurídica de direito público constituída a partir do desmembramento territorial de outra.

Determina que “salvo disposição de lei em contrário, a pessoa jurídica de direito público, que

se constituir pelo desmembramento territorial de outra, sub-roga-se nos direitos desta, cuja

legislação tributária aplicará até que entre em vigor a sua própria”.

29

Page 26: Trabalho ICMS ''parte escrita

Portanto, se um Estado-membro ou um Município nasce pelo desmembramento de

parte do território de outro, este novo ente torna-se o sujeito ativo das obrigações tributárias

que lhe cabem em seu território, bem como empresta a legislação tributária da pessoa jurídica

de direito público da qual se desmembrou até que legisle sobre a matéria, aplica-se esta norma

se de maneira diversa não dispor a lei que criou o novo ente.

9.1 DELEGAÇÃO DA CAPACIDADE TRIBUTÁRIA ATIVA

A capacidade tributária ativa é a aptidão para ser colocado, por lei, na posição de

sujeito ativo da relação tributária, ou seja, na posição de credor com as prerrogativas que lhe

são inerentes de fiscalizar o cumprimento das obrigações pelos contribuintes, lançar e cobrar

os respectivos créditos tributários.

A terceira pessoa poderá arrecadar o tributo em nome e por conta da pessoa política

tributante ou poderá arrecadá-lo para implemento de suas atividades. Esta só poderá ser feita

pela própria constituição federal ou pela lei do ente tributante após o exercício da

competência para a criação de tributo. Assim, não é possível que a delegação da capacidade

ativa tributária seja anterior a criação do próprio tributo objeto da delegação.

10. SUJEITO PASSIVO

É a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária. O sujeito

passivo da obrigação principal recebe o nome de contribuinte, quando tenha relação pessoal

e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador responsável, quando, sem

revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de expressa disposição de lei.

Disposições gerais:

Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de

tributo ou penalidade pecuniária.

Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz-se:

I – contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o

respectivo fato gerador;

II – responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de

disposição expressa de lei.

Conforme a natureza da relação que o sujeito passivo da obrigação principal tenha

com o fato gerador da mesma ele será:30

Page 27: Trabalho ICMS ''parte escrita

Contribuinte: Possui uma relação pessoal e direta com a situação que constitui o fato

gerador da obrigação tributária. A expressão “relação pessoal e direta” deve ser interpretada

no sentido de realização do núcleo do fato gerador (ex.: fato gerador = adquirir renda,

contribuinte = aquele que adquire a renda) ou de se encontrar na situação que constitui esse

núcleo (ex.: fato gerador = ser proprietário; contribuinte = aquele que é proprietário).

Desta forma, podemos dizer que o sujeito passivo contribuinte será a pessoa (física ou

jurídica) que realiza ou que se encontra na situação que constitui a materialidade do fato

gerador da obrigação tributária principal.

Responsável: A relação que possui com a situação que constitui o fato gerador da

obrigação tributária é de outra ordem, não sendo pessoal e direta. A obrigação tributária é uma

obrigação ex lege, sendo assim, é a lei de incidência que determina quem é o sujeito passivo.

O legislador pode escolher tanto a pessoa que realiza o fato gerador, como uma outra

pessoa que embora tenha vínculo com o mesmo, não o realiza.

Por exemplo, sendo a venda o fato gerador, a lei de incidência pode contrariar a lógica

e determinar que o comprador seja o sujeito passivo obrigado ao pagamento do tributo. O

comprador não realizou o fato gerador venda, realizou sim o fato compra (que não é o fato

gerador), mas a lei determinou que ele é o sujeito passivo, não obstante não tenha realizado o

fato gerador.

O comprador será o sujeito passivo responsável, uma vez que não possui relação

pessoal e direta com a situação que constitui o fato gerador venda (não sendo, portanto, o

contribuinte), mas é obrigado pela norma de incidência a pagar o tributo.

Art. 122. Sujeito passivo da obrigação acessória é a pessoa obrigada às prestações que

constituam o seu objeto.

Não há que se falar em contribuinte ou responsável tributário nas obrigações

acessórias. Será sujeito passivo de uma obrigação acessória a pessoa indicada na norma como

obrigada a realizar um fazer ou um não fazer em prol da administração ou da fiscalização

tributária, independente do tipo de relação que a mesma possua com o fato gerador da

obrigação principal.

A condição de sujeito passivo da obrigação acessória depende única e exclusivamente

da previsão na legislação tributária (no sentido do art. 96 do CTN) da obrigação de alguém

fazer, não fazer ou tolerar em benefício da administração ou da fiscalização tributária.

31

Page 28: Trabalho ICMS ''parte escrita

Art. 123. Salvo disposição de lei em contrário, as convenções particulares, relativas à

responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública, para

modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias correspondentes.

Sujeito passivo da obrigação tributária será sempre aquele indicado na lei de incidência. No

entanto, é usual a prática de convencionar-se, através de contrato particular, a transferência do

ônus econômico do tributo, a pessoa diversa da indicada como sujeito passivo na lei.

Por exemplo, o sujeito passivo do IPTU é o proprietário do imóvel (a lei de incidência

do IPTU assim prevê), no entanto, se o imóvel for alugado, o locatário pode assumir o dever

do pagamento do imposto.

11. SELETIVIDADE

A seletividade é um princípio de suma importância para o Direito Tributário,

estabelecendo alíquotas diferenciadas em função da essencialidade das mercadorias e

serviços, ou seja, ao se deparar com um bem de maior essencialidade, a alíquota será menor

e, pela lógica, se for o bem de menor essencialidade, a alíquota é maior. Podemos ver o

princípio da seletividade no Art. 155, §2º, inciso III da Constituição Federal de 1988, o ICMS:

‘‘poderá ser seletivo, em função da essencialidade das mercadorias e serviços;”.

Carrazza (2006, p.375) assevera que a seletividade no ICMS (e também em outros

tributos), deve ser utilizada como instrumento de ordenação político-econômica, ou seja,

como meio de intervenção do Estado na economia. O autor faz a seguinte observação:

“Estimulando a prática de operações ou prestações havidas por úteis ou convenientes para o

País e, em contra nota, onerando outras que não atendam tão de perto ao interesse nacional”.

Por outro lado, percebe-se que a seletividade implica a observância ao princípio da

isonomia, com fins de atenuar as desigualdades sociais.

Sobre este aspecto, ponderam Fátima Fernandes de Souza Garcia e Maria Aurora

Cardoso da Silva Omori apud José Eduardo Soares de Melo (2005, p. 279):

A seletividade é o meio pelo qual, nos impostos em que a personalização é inviável, se realizar a isonomia possível, quer adequando a tributação à capacidade econômica do contribuinte, aferida, indiretamente, quer atingindo finalidade extrafiscais.

Desta forma, constata-se que o legislador constituinte pretendeu, num segundo

momento, por atingir a capacidade contributiva por meio do manejo da seletividade frente ao

32

Page 29: Trabalho ICMS ''parte escrita

ICMS.

12. NÃO CUMULATIVIDADE

A não-cumulatividade consiste na compensação do imposto devido em cada operação,

pelo imposto já pago em operações anteriores, ou seja, o contribuinte ao adquirir uma

mercadoria para revenda deverá incluir o valor total do ICMS pago ao fornecedor, e ao vender

cobrará do cliente o ICMS com base do valor da venda, no final o cálculo deverá ser pelo

valor da diferença e da venda e o valor pago ao fornecedor na aquisição para determinar o

saldo a pagar que seria o devedor, ou a estornar nos próximos períodos que é o credor, desta

forma o imposto é devido sobre o valor agregado em cada fase da cadeia produtiva de um

produto.

O princípio da não cumulatividade encontra-se previsto na CF de 1988:

Para o ICMS (art. 155,§2, I CF) será não-cumulativo, compensando-se o que for

devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestações de

serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo

Distrito Federal.

A não cumulatividade descrita no próprio texto constitucional caracteriza-se pela

autorização dada ao sujeito passivo para que compense o montante devido em uma operação

sua com o imposto cobrado nas anteriores.

Operacionalmente, a compensação é efetivada pelo sistema de crédito e débitos. O

contribuinte credita se em seus livros fiscais do valor do imposto incidentes em suas

operações de compra e debita-se do incidente sobre as operações de venda. Se os débitos, ao

término de um período de apuração, forem maiores que os créditos, recolhem-se o imposto

pela diferença. Se ocorrer o contrário, não há imposto para pagar no período de apuração

seguinte.

A lei complementar nº 87/1996 e as leis estaduais ordinárias que regula o ICMS

estabelecem que é assegurado ao contribuinte, salvo disposição expressa em contrário, o

direito de creditar-se do imposto anteriormente cobrado de destacado em documento fiscal

hábil, relativamente a mercadoria entrada, real ou simbólica em seu estabelecimento,

destinada ao seu uso ou consumo ou ao ativo permanente.

Exemplo:

33

Page 30: Trabalho ICMS ''parte escrita

A empresa A é uma fábrica de tecidos (fabrica tecidos) e vende o seu produto para a

empresa B por R$100,00 com ICMS de 18%= R$18,00

Empresa B é uma fábrica de transformação e vende o seu produto para a empresa C

por R$245,00 com ICMS de R$44,10 (18%);

Empresa C é uma loja e vende seu produto para o consumidor final por R$500,00 com

ICMS de R$ 90,00 (18%).

• Empresa A ao vender para empresa B cobra 18,00 de ICMS e recolhe ao estado;

• Empresa B ao vender para empresa C cobra 44,10 de ICMS e pela não-cumulatividade

desconta os 18,00 pagos de ICMS a empresa A e recolhe ao estado a diferença de 26,10;

• Empresa C ao vender para o consumidor final cobra R$90,00 de ICMS e pela não-

cumulatividade desconta os 44,10 pagos de ICMS a empresa B e recolhe ao estado a diferença

de R$45,90.

Assim o estado arrecada de ICMS:

• 18,00 da empresa A,

• 26,10 da empresa B,

• 45,90 da empresa C,

• 90,00 no total.

Quem paga o ICMS de R$90,00 é o consumidor final sendo assim com a não-

cumulatividade o Estado estará recebendo uma parcela do ICMS a cada fase da cadeia

produtiva do produto.

Segundo a posição do STF o princípio da não-cumulatividade objetiva tão somente

permitir que o imposto incide sobre a mercadoria , ao final do ciclo produção ,distribuição,

consumo não ultrapasse, em sua soma percentual superior a alíquota máxima prevista em lei.

13. OPERAÇÕES MISTAS ICMS\ISS

Existe muita discursão a respeito de alguns seguimentos da sociedade no que se refere

sobre a correta incidência da tributação, no caso do ICMS competência estadual ou ISSQN

competência municipal.

34

Page 31: Trabalho ICMS ''parte escrita

Quando ocorrem operações mistas, com fornecimento de mercadorias com prestação

de serviços, há muita discussão em torno da incidência adequada dos impostos.

A Constituição Federal (CF), ao tratar da matéria, outorgou aos Estados e ao Distrito

Federal a competência para instituir Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços –

ICMS (artigo 155, II).

Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: II- operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior.

Por outro lado, a CF estabeleceu competir aos Municípios o Imposto sobre Serviços –

ISS, Art. 156. “Compete aos Municípios instituir impostos sobre: III - serviços de qualquer

natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em lei complementar.”  A lei que

relaciona os serviços sujeitos ao ISS em vigor desde 2003 é a Lei Complementar nº 116/2003.

No que se refere às operações mistas, em que há venda de mercadoria com prestação

de serviço, o § 2º, IX, “b” do artigo 155 da CF determina que o ICMS incidirá sobre o valor

total da operação, quando as mercadorias forem fornecidas com serviços não compreendidos

na competência tributária dos Municípios.

A CF/88 destinou a cada ente político competência para exigir impostos com base

nos seguintes critérios: industrial (União Federal), comercial (Estados e Distrito Federal) e

prestação de serviços (Municípios e Distrito Federal). Esta situação acaba por vezes

gerando conflitos entre os entes tributantes.

Podemos evidenciar esses conflitos quando falamos sobre a industrialização de

encomenda, que é uma operação pela qual um estabelecimento encomendante destina

insumos para industrialização por outro estabelecimento este e denominado industrializado,

que faz-se a industrialização, por conta de ordem do encomendante. Os municípios

entendem que nesse caso deve-se fazer o recolhimento do ISSQN aos cofres municipais, já

os estados defendem que deve-se incidir o ICMS.

Esses conflitos ocorrem pelo fato de que em determinados casos, fica confusa a

determinação se uma operação é prestação de serviços ou de circulação de mercadoria. No

entanto deve-se verificar que não se pode tributar ICMS, no mesmo fato gerador fazer a

tributação o ISSQN e vice-versa.

Diante disso Num primeiro momento o STJ entendeu simplesmente, que qualquer

operação de “industrialização por encomenda”, elencada na Lista de Serviços da Lei

Complementar 116/2003 (lista de serviços do ISS) caracterizaria como prestação de

35

Page 32: Trabalho ICMS ''parte escrita

serviço, fato jurídico tributável pelo ISS, não se enquadrando nas hipóteses de incidência

do ICMS (REsp 888852/ES, REsp 1.097.249/ES, AgRg no Ag 1.279.303/RS e AgRg no

Ag 1362310 / RS).

Ocorre que este entendimento já não está mais prevalecendo, pois ao apreciar esta

questão quando do julgamento da ADIn 4389 MC, relatado pelo Min. Joaquim Barbosa e

julgado em 13/04/2011, o STF decidiu sob outro enfoque.

De fato, no referido julgamento analisou-se as operações de industrialização por

encomenda de embalagens personalizadas destinadas à integração ou utilização direta em

processo subsequente de industrialização ou de circulação de mercadoria.

(i) Para julgar o aparente conflito entre o ISS e o ICMS nos serviços gráficos, “a solução está no papel que essa atividade tem no ciclo produtivo” (voto Min. Joaquim Barbosa);(ii) “as embalagens têm função técnica na industrialização, ao permitirem a conservação das propriedades físico-químicas dos produtos, bem como o transporte, o manuseio e o armazenamento dos produtos. Por força da legislação, tais embalagens podem ainda exibir informações relevantes aos consumidores e a quaisquer pessoas que com ela terão contato.  Trata-se de típico insumo ” (voto Min. Joaquim Barbosa);(iii) “não há como equiparar a produção gráfica personalizada e encomendada para uso pontual, pessoal ou empresarial, e a produção personalizada e encomendada para fazer parte de complexo processo produtivo destinado a por bens em comércio” (voto Min. Joaquim Barbosa);(iv) “Conforme bem esclarecido por Marco Aurélio Greco … a fabricação das embalagens é “evento que se encontra no meio do ciclo de fabricação do produto final a ser colocado no mercado”, sendo que a sua caracterização como simples prestação de serviços gráficos, além de equivocada, implicaria o estorno dos créditos anteriormente apropriados pelas indústrias gráficas e impediria o creditamento pelas empresas adquirentes (voto Min. Elen Grace);(v) “Ademais, geraria 'uma distorção na não cumulatividade do ICMS; a rigor, frustra o objetivo constitucional desse mecanismo (diluir a exigência do ICMS por todo o ciclo econômico de circulação de mercadorias), pois introduz um imposto cumulativo (ISS) no ciclo econômico de mercadorias sujeitas a um imposto não-cumulativo (ICMS). Rompe-se a seqüência da não-cumulatividade e oneram-se os custos de ambos (fabricantes e adquirentes de embalagens)'” (voto Min. Ellen Gracie).

Assim, o STF entendeu que, quando um estabelecimento encomendante contrata a

industrialização de um determinado produto por outro estabelecimento industrializador,

incidirá o ICMS se o produto resultante da industrialização sob encomenda for ser utilizado

como insumo, ou comercializado pelo estabelecimento encomendante.

Mais recentemente, quando do julgamento dos EDcl no AgRg no AREsp

103409/RS, publicado no dia 18/06/2012, o STJ apreciou a questão da industrialização sob

36

Page 33: Trabalho ICMS ''parte escrita

encomenda na hipótese de produção de cartões magnéticos sob encomenda para uso

próprio da empresa, vale dizer, em hipótese em que o produto resultante da encomenda não

será utilizado como insumo ou mercadoria.

Neste julgamento, o STJ, fez referência à decisão do STF proferida na ADI 4389,

mas apontou que o caso em análise se tratava de outra hipótese, qual seja, industrialização

de produto por encomenda para ser utilizado pela própria empresa. E como o produto

encomendado não seria utilizado como insumo ou mercadoria, concluiu que no caso

incidiria o ISS. Eis alguns trechos da decisão:

“No julgamento da medida cautelar na ADI 4389, o STF reconheceu a não incidência do ISS sobre operações de industrialização por encomenda de embalagens destinadas à integração ou utilização direta em processo subsequente de industrialização ou de circulação de mercadoria.A incidência do ICMS só ocorrerá nos casos em que a produção de embalagens, etiquetas sob encomenda (personalizada) seja destinada a subsequente utilização em processo de industrialização ou posterior circulação de mercadoria, o que não é o caso dos autos.In casu, trata-se de produção de cartões magnéticos sob encomenda para uso próprio da empresa. No caso, a embargada atua como consumidora final, ou seja, tais cartões não irão fazer parte de futuro processo de industrialização ou comercialização. Incide, portanto, o ISS…”

Disto depreende-se, que o STF e o STJ entendem que:

a) o ISS não incide nas operações de industrialização sob encomenda de bens e produtos que serão utilizados como insumos em processo de industrialização ou de circulação de mercadoria, pois incidirá o ICMS .b) Por outro lado, quando o produto industrializado sob encomenda for destinado para uso da própria empresa encomendante na qualidade de consumidora final, incidirá o ISS.

14. FUNDAMENTAÇÃO E LEGISLAÇÃO APLICÁVEL

O ICMS é tratado na constituição federal de 1988, nela se outorga competências

materiais destinadas á lei complementar e à lei ordinária.

Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior;

Nos termos da Constituição de 1988 a lei complementar tem atuação especial

conforme destaca o artigo 155 § 2º XII.

XII - cabe à lei complementar:a) definir seus contribuintes;

37

Page 34: Trabalho ICMS ''parte escrita

b) dispor sobre substituição tributária;c) disciplinar o regime de compensação do imposto;d) fixar, para efeito de sua cobrança e definição do estabelecimento responsável, o local das operações relativas à circulação de mercadorias e das prestações de serviços;e) excluir da incidência do imposto, nas exportações para o exterior, serviços e outros produtos além dos mencionados no inciso X, "a";f) prever casos de manutenção de crédito, relativamente à remessa para outro Estado e exportação para o exterior, de serviços e de mercadorias;g) regular a forma como, mediante deliberação dos Estados e do Distrito Federal, isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e revogados.h) definir os combustíveis e lubrificantes sobre os quais o imposto incidirá uma única vez, qualquer que seja a sua finalidade, hipótese em que não se aplicará o disposto no inciso X, b; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)  (Vide Emenda Constitucional nº 33, de 2001)i) fixar a base de cálculo, de modo que o montante do imposto a integre, também na importação do exterior de bem, mercadoria ou serviço. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)

Cassone (2012, p. 319) desataca que “apesar do ICMS ser de competência estadual,

possui características nacional”.

A CF-88 estabelecia imunidade do ICMS nas exportações apenas para produtos

industrializados e delegava à lei complementar competência para desonerar os produtos

semielaborados que especificasse. A Lei Complementar nº 65, de 15 de abril de 1991,

preencheu essa lacuna e definiu como produtos semielaborados, sujeitos ao pagamento do

imposto nas operações de exportação, aqueles que resultassem de matéria-prima de origem

animal, vegetal ou mineral quando exportada in natura cuja matéria-prima de origem animal,

vegetal ou mineral não tenha sofrido qualquer processo que implicasse modificação da

natureza química originária cujo custo da matéria-prima de origem animal, vegetal ou mineral

representasse mais de sessenta por cento (60%) do custo total do produto.

A Lei Complementar nº 87, de 13 de setembro de 1996, substituindo o Decreto-Lei nº

406, de 31 de dezembro de 1982, diploma legal que estabelecia, até então, as principais regras

de cobrança do ICMS.

Aprovada, a Lei Complementar nº 87, de 13 de setembro de 1996 Trouxe

significativas alterações na legislação do tributo. Talvez a mais importante tenha sido a

completa desoneração das operações que destinassem mercadorias ao exterior, alcançando

inclusive produtos primários e produtos industrializados semielaborados (arts. 3º, II, e 32, I).

Ademais, a LC nº 87/96 garantiu aos exportadores o aproveitamento integral do crédito de

imposto relativo aos insumos utilizados nas mercadorias exportadas (art. 21, § 2º).

38

Page 35: Trabalho ICMS ''parte escrita

A Lei nº 87, de 13 de setembro de 1996 foi posteriormente constitucionalizada pela

Emenda Constitucional nº 42/2003, que alterou o art. 155, § 2º, X, “a”, para conceder

imunidade do ICMS para toda e qualquer operação de exportação e garantir ao exportador o

aproveitamento do respectivo crédito.

A Lei Complementar nº 87/96 trouxe ainda outras modificações importantes no regime

de créditos do imposto. Por exemplo, autorizou o aproveitamento dos créditos relativos à

aquisição de produtos destinados ao ativo permanente da empresa (art. 20, § 5º) e à utilização

de energia elétrica e de serviços de comunicação (art. 33, II). A versão original da Lei previa

ainda o aproveitamento de crédito de mercadorias destinadas ao uso ou consumo pelo

estabelecimento, regra cuja eficácia tem sido constantemente postergada.

A lei complementar nº 87, de 1996, com alterações posteriores, aplicável aos estados e

ao distrito federal também elenca a relação de incidências do ICMS.

Art. 2° O imposto incide sobre:        I - operações relativas à circulação de mercadorias, inclusive o fornecimento de alimentação e bebidas em bares, restaurantes e estabelecimentos similares;        II - prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal, por qualquer via, de pessoas, bens, mercadorias ou valores;        III - prestações onerosas de serviços de comunicação, por qualquer meio, inclusive a geração, a emissão, a recepção, a transmissão, a retransmissão, a repetição e a ampliação de comunicação de qualquer natureza;        IV - fornecimento de mercadorias com prestação de serviços não compreendidos na competência tributária dos Municípios;        V - fornecimento de mercadorias com prestação de serviços sujeitos ao imposto sobre serviços, de competência dos Municípios, quando a lei complementar aplicável expressamente o sujeitar à incidência do imposto estadual.

§ 1º O imposto incide também:I – sobre a entrada de mercadoria ou bem importados do exterior, por pessoa física ou jurídica, ainda que não seja contribuinte habitual do imposto, qualquer que seja a sua finalidade;       (Redação dada pela Lcp 114, de 16.12.2002)        II - sobre o serviço prestado no exterior ou cuja prestação se tenha iniciado no exterior;        III - sobre a entrada, no território do Estado destinatário, de petróleo, inclusive lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e de energia elétrica, quando não destinados à comercialização ou à industrialização, decorrentes de operações interestaduais, cabendo o imposto ao Estado onde estiver localizado o adquirente.

A lei complementar nº 87/96 além dos aspectos materiais também define fatos

geradores, bases de cálculos e contribuintes, com base nos artigos 146, III, “a”, e 155, XII, da

Constituição Federal de 1988.

39

Page 36: Trabalho ICMS ''parte escrita

15. SITUAÇÃO CONCRETA DO ICMS

Na cidade de Salinas, situada no Estado de Minas Gerais, a Contadora Carla Castro

resolve comprar algumas roupas novas como Casaco de Pele, Uma Bota, Bolsa de Couro

Prada, Uma Mala para viagem. Para realizar suas compras se dirigiu até a loja Espaço Vip

Modas no dia 05/06/2016 e comprou tudo por R$ 11.800,00.

Na hipótese descritiva temos uma situação objetiva real, que traz uma realidade social

formando um fato jurídico, conforme Paulo de Barros Carvalho (2016, p. 265), “o descritor é

o antecedente ou suposto da norma, está imerso na linguagem prescritiva do direito positivo,

por que mesmo formulado por um conceito de teor descritivo, vem atrelado à consequência da

regra”.

Hipótese descritora:

Critério material: realização da compra de confecções de roupas na Empresa

Espaço Vip Modas LTDA.

Critério temporal: 05/06/2016

Critério Espacial: Cidade de Salinas Minas Gerais

O fato acima trouxe a referência de comportamento de pessoas, neste caso um

relacionamento entre pessoas físicas e jurídicas, ilustrado pelo tempo, e pelo espaço, local

onde ocorreu o fato destacando o critério espacial e temporal. Paulo de Barros Carvalho

(2016, p. 269) diz que “haverá sempre um plexo de indicações, mesmo tácitas e latentes, para

assinalar o lugar preciso em que aconteceu aquela ação, tomada como núcleo do suposto

normativo”.

Consequência (Prescritor):

Critério Pessoal

Sujeito Ativo: Estado de Minas Gerais

Sujeito Passivo: Espaço Vip Modas LTDA.

Critério Quantitativo: Base de cálculo: R$ 10.000,00

Alíquota: 18%* R$ 10.000,00= R$ 1.800,00

Paulo Barros de Carvalho (2016, p. 290), traz importante referência à cerca dos critérios

da relação jurídica.40

Page 37: Trabalho ICMS ''parte escrita

O critério pessoal é o conjunto de elementos, colhidos no prescritor da norma e que nos aponta quem são os sujeitos da relação jurídica, sujeito ativo, credor ou pretensor, de um lado, e sujeito passivo ou devedor, do outro. Enquanto isso, o critério quantitativo nos fala do objeto da prestação que no caso da regra-matriz de incidência tributaria, se consubstancia na base de cálculo e na alíquota. É no critério quantitativo que encontramos referências às grandezas mediante as quais o legislador pretendeu dimensionar o fato jurídico tributário, para efeito de definir a quantia a ser paga pelo sujeito passivo, a titulo de tributo. (CARVALHO, 2016)

Diante disso percebe-se que o valor da mercadoria foi R$ 10.000,00, Carla Castro

pagou um valor de ICMS sobre o suas compras de R$ 1.800,00, a empresa onde ela fez as

compras apenas recolheu os tributos devidos aos cofres públicos.

16. CONCLUSÃO

41

Page 38: Trabalho ICMS ''parte escrita

Com os estudos dirigidos sobre o ICMS, verifica-se que a partir da Lei Complementar

87/1996, ele se consolidou como a principal fonte de receita dos estados, incidindo sobre a

circulação de mercadorias e serviços de transporte intermunicipal e interestadual e

comunicação. Além disso, foi possível entender como funciona o mecanismo da cobrança do

mesmo, os cálculos, princípios e outras peculiaridades que o torna o mais complexo.

No decorrer do trabalho os exemplos práticos e abordagens realizadas foram de suma

importância para o nosso aprendizado, contribuindo significativamente para uma visão mais

ampla deste tributo.

Contudo, a partir deste trabalho concluímos que todos os aspectos relacionados ao

ICMS são fundamentais e essenciais, uma vez que ele é de extrema importância, tanto para a

nossa vida acadêmica quanto para a nossa vida profissional.

17. REFERÊNCIAS BIBLIORÁFICAS

42

Page 39: Trabalho ICMS ''parte escrita

CARRAZA, Roque Antônio. ICMS: 14o 169T. São Paulo: Malheiros, 2009. Disponível em

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp87.htm> Acesso em 04/06/2016.

CARRAZZA, Roque Antônio. ICMS. Malheiros: São Paulo, 2003.

CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 21. ed. São Paulo: Saraiva,

2009.

MARTINS, Sergio Pinto. Direito Tributário. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2009.

APRENDA TRIBUTÁRIO. Disponível em:< http://www.aprendatributario.com.br/?p=43>

Acesso em: 05/06/2016

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