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Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul Campus Rolante Projeto de Pesquisa Biopolítica, mídia e sala de aula: uma relação possível Uma introdução aos aspectos culturais da sociedade contemporânea em The Walking Dead Prof . Rodrigo Belinaso Guimarães Setembro de 2015

Uma introdução aos aspectos culturais da sociedade contemporânea em The Walking Dead

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Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul Campus Rolante

Projeto de Pesquisa – Biopolítica, mídia e sala de aula: uma relação possível

Uma introdução aos aspectos culturais da sociedade contemporânea em The

Walking Dead

Prof. Rodrigo Belinaso Guimarães Setembro de 2015

Algumas possíveis ligações culturais entre as narrativas de zumbis e a cultura contemporânea

Personagens: Representações de corpos sem alma;

Tempo: Os acontecimentos do fim, do apocalipse;

Espaço: Lugares em que qualquer um pode ser morto sem que se cometa assassinato;

Ética: Valor único da sobrevivência, o dever de continuar vivo.

“In this seemingly frivolous debate over the definition of na imaginary creature, enthusists are implicitly arguing, to a certain extent, what elements of humanity are most frightening to distort or eliminate” Os Zumbis em The Walking Dead são: Infectados, mortos, forças da natureza, famintos por carne fresca, irracionais, incapazes de usar ferramentas, homogêneos, sem identidade, tendem a se agruparem, lentos, seguem sons e odores, permanecem em decomposição. Zumbis são corpos sem alma, opostos aos fantasmas que seriam almas sem corpo ou da experiência contemporânea na web.

TEMPO MESSIÂNICO: é aquele em que o fim é anunciado, onde se diz que haverá

um fim da sociedade, da civilização ou do mundo.

Anúncio do fim por um

messias.

Apocalipse: início da extinção da humanidade.

O tempo messiânico faz parte da cultura ocidental e se apoia numa série de fatos

e discursos sobre o fim do mundo:

Guerra nuclear; Aquecimento global;

Infestações; Meteoros;

Terrorismo; Volta de Jesus;

O que fazer no tempo que resta?

A cultura ocidental apresenta o paradoxo entre liberdade como a abertura de possibilidades e o dever como o fechamento das possibilidades. A liberdade é a escolha entre o poder e o não poder fazer alguma coisa. O dever é a falta da escolha, pois se tem a necessidade de fazer algo. O universo de The Walking Dead apresenta o fechamento da liberdade num mundo em que prevalece o dever. A sobrevivência e a luta pela vida levam à necessidade de fazer coisas nem sempre desejáveis. The Walking Dead procura apresentar o modo como os personagens elaboram a consciência de seus atos. A culpa do sobrevivente. A banalidade do mal.

“Since zombies don’t think or plan or scheme, they are mere animals to be avoid; other survivors, however, are more calculating and dangerous.” (Bishop, p.24).

No universo de The Walking Dead não existem mais parâmetros legais e éticos abrangentes, assim, qualquer pessoa se torna uma ameaça, pois não há como prever suas intenções.

“Poder-se-ia afirmar hoje que o Estado considera todo cidadão um terrorista virtual. Isso não pode senão piorar e tornar impossível aquela participação na política que deveria definir a democracia. Uma cidade cujas praças e cujas estradas são controladas por videocâmaras não é mais um lugar público: é uma prisão. (Giorgio Agamben).”

No universo de The Walking Dead, qualquer personagem está excluído da ordem dos direitos e, assim, pode ser morto a qualquer tempo sem que ninguém cometa assassinato ou possa ser culpado pelos seu atos. Desta forma, se não há direitos, o que apenas pode haver é submissão à alguém ou a um grupo mais poderoso. “Some groups begin to reinstate their own self-serving sense of law and order, and those with power, weapons, and number simply take whatever they want. However, in the new zombie economy, everything is already free – except other humans, of course. For lawlesse renegades, the only real sport left is savery, torture, rape, and murder (...).” (Bishop, p.24).

Um dos principais temores e fonte de ansiedades na cultura contemporânea está no colapso das estruturas de comunicação e de transporte. Com base nas possibilidades de transporte rápido e de comunicação instantânea disponíveis, a perda do sinal dos celulares, o não funcionamento da web, a queda na transmissão via satélite e a impossibilidade no uso dos aeroportos prenderiam qualquer pessoa ao lugar em que se encontra e aos seus próprios conhecimentos para tentar sobreviver.

Porque as narrativas de zumbis se tornaram tão populares no século XXI?

O que torna as narrativas de Zumbis tão atraentes e

possíveis para os jovens espectadores? “The abandoned city, overturned buses, and churches full of corpses were scenes all founded on existing moments of civil unrest and social collapse. Such images of metropolitan desolation and desertion certainly resonate more strongly with contemporary audiences because, according to Brooks, ‘People have apocalypse on the brain right now... It’s from terrorism, the war, [and] natural disasters like Katrina’”. (Bishop, p.27).

To Be continued...