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Almeida Garrett Viagens na minha terra

Viagens na minha Terra - 3ª A - 2013

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Seminário apresentado na E. E. Profa. Irene Dias Ribeiro, Ribeirão Preto, em 2013.

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Almeida Garrett

Viagens na minha terra

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Biografia

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José Batista da Silva Leitão Almeida Garrett foi um importante poeta e romancista português do século xix. É considerado um dos mais importantes escritores do romantismo português. Nasceu na cidade do Porto (Portugal) em 1799 e morreu 1854, na cidade de Lisboa. Seus romances possuíam um forte caráter dramático. Participou também da politica, escrevendo sobre este tema. Produziu textos históricos, críticos e diplomáticos.Embora tenha se dedicado a vários gêneros literários, foi na poesia e no teatro que mais ganhou destaque. Suas obras “Camões” e “Frei Luis de Sousa” ganharam grande importância no mundo literário.

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Principais Obras

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Camões (1825)- Dona Branca (1826)- Adozinda (1828)- Catão (1828)- Romanceiro (1843)- Cancioneiro Geral (1843)- Frei Luis de Sousa (1844)- Flores sem Fruto (1844)- D’o Arco de Santana (1845)- Folhas Caídas (1853)

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Enredo

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A narrativa inserida em viagens na minha terra liga-se a tradição do romance de aprendizagem por estar impregnada de dados autobiográficos do autor. Viagens na minha terra, desenvolve-se em uma estrutura de novela contemporânea, e basicamente apresenta dois níveis narrativos:- Impressões de viagem;- A parte propriamente novelesca que trata do romance entre Carlos e Joaninha.O foco narrativo organiza-se através de um narrador que conta a historia em terceira pessoa.

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A obra é composta por dois eixos narrativos bem distintos.

No primeiro, o narrador conta suas impressões de viagens, intercalando citações literárias, filosóficas e históricas das mais diversas, com um tom fortemente subjetivo e repleto de digressões e intertextualidades. Dentre as referências literárias, podemos levantar citações a Willian Shakespeare, Luis de Camões, Miguel de Cervantes, Johann Goethe e Homero. Já dentre as citações históricas e filosóficas, temos Napoleão Bonaparte, D. Fernando, Bacon e outros.Já o segundo eixo, que é interposto no meio dos relatos de viagem, conta o drama amoroso que envolve cinco personagens. Essa narrativa amorosa tem como plano de fundo as lutas entre liberais e miguelistas (1830 a 1834). 

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Personagens:As personagens de "Viagens na Minha Terra"

funcionam como uma visão simbólica de Portugal, buscando-se através disso as causas da decadência do Império Português. O final do drama, que culmina na morte de Joaninha e na fuga de Carlos para tornar-se barão, representa a própria crise de valores em que o apego à materialidade e ao imediatismo acaba por fechar um ciclo de mutações de caráter duvidoso e instável.

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Personagens principais

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Carlos: É um homem instável que não consegue se decidir sobre suas relações amorosas, podendo ser ligado às características biográficas do próprio Almeida Garrett.

Joaninha: Prima e amada de Carlos. Meiga e singela, é a típica heroína campestre do Romantismo. Simboliza uma visão ingênua de Portugal, que não se sustenta diante da realidade histórica.

Carlos e Joaninha são protagonistas da história de amor.

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PERSONAGENS SECUNDARIOS

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D. FRANCISCA: Cega avó de Joaninha. Mostra-nos a imprudência e a falta de planejamento com que Portugal se colocava no governo dos liberalistas, levando a nação à decadência.  FREI DINIS: Amargo e rígido – tornou-se franciscano para “expiar” seus pecados e erros .

 GEORGINA: Namorada inglesa de Carlos, é a estrangeira de visão ingênua, que escolhe a reclusão religiosa como justificativa para não participar dos dilemas e conflitos históricos que motivaram sua decepção amorosa. 

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Georgina

Frei Dinis

Dona Francisca

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A ObraContexto histórico ( A situação de Portugal na época)

Constitucionalistas

Aliados de D. Pedro 1°

Absolutistas

Aliados de D. Miguel 1°

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O pano de fundo utilizado por Garrett para o romance da “Joaninha dos olhos verdes” foi a guerra liberal ocorrida em Portugal entre os anos de 1820 e 1834.

Se olharmos para o quadro cronológico veremos que a história de Joaninha começa em 1832 quando ela tem 16 anos. Num dos flashbacks utilizados por Garret voltamos a 1830 que é o ano que Carlos irá partir para o exílio. O Final se dá quando Carlos está sendo tratado no convento de S. Francisco quando ficamos sabendo que a guerra estava terminando. Ou seja, no período de 1830 a 1834 que vamos ver agora que serão os anos mais intensos e que marcam a vida dos personagens.

Para que se tenha uma visão da localização espacial de alguns lugares citados aqui inserimos o mapa de Portugal.

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Para entendermos os motivos que levaram a guerra liberal devemos lembrar

que no ano de 1820 o sistema que vigia em muitos países era a monarquia. As idéias da Revolução Francesa, 1789, que defendiam a liberdade, igualdade e fraternidade, contra o despotismo estavam sendo controladas pelos defensores do poder real. Mas focos do liberalismo eclodiam em todas as partes da Europa. Em Portugal vivia-se um momento de angústia, pois D. João havia mudado para o Brasil fugindo da invasão das tropas napoleônicas.

Em 24 de agosto de 1820 no Porto ocorre um levante criando uma Junta Provisional do Governo Supremo do Reino que tinha como objetivo solicitar a volta de D. João para Portugal, após 13 anos de ausência. A intenção era que D. João restabelecesse as liberdades e trouxesse progresso tanto na política quanto na economia. Mas houve resistências para que o povo português aceitasse a submissão a esta junta que havia se formado mais ao norte do país.

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Em 15 de setembro um exército formado em Portugal marchou em direção ao Porto para sufocar esta sublevação. Mas os ideais de liberdade atingiram a uma grande parte da população tendo inclusive ocorrido deserções dos soldados que aderiam ao movimento pela volta de D. João.

Em Lisboa uma nova junta se criou resultando em um governo provisório.

Em 27 de outubro em Alcobaça foi selada uma aliança e os membros das duas juntas passam a fazer parte de uma única junta.

As resistências continuaram e através de alguns militares moderados de Lisboa ocorreu um golpe chamado Martinhada que destitua do poder alguns ministros.

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Em 17 de novembro um contragolpe retorna os ministros a seus postos.

Diante dos acontecimentos D. João decide voltar a Portugal e deixa seu filho D. Pedro como príncipe regente do Brasil. Mas ao chegar em Portugal a recepção não é tão calorosa quanto se esperava. Também no Brasil a situação não foi favorável, pois a corte daqui esperava que com a saída de D. João eles teriam mais

autonomia e escolheriam seu governante. Com a definição de D. Pedro como príncipe regente muitos desejavam a sua ida para Portugal. Mas D. Pedro entendeu que seria mais útil aqui no Brasil e no dia 4 de janeiro de 1822 afirmou que ficaria no Brasil, episódio que ficou conhecido na história como o “Dia do Fico”.

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Em Portugal as Cortes Constituintes prepararam uma constituição que foi assinada e jurada por D. João. Mas a rainha Carlota Joaquina recusa-se a jurá-la.

Eclodem revoltas contra a constituição em Elvas, Vila Viçosa e Trás-os-montes.

Em 27 de maio de 1823, D. Miguel, que estava em Vila Franca de Xira, impetrou um golpe de estado ao declarar ao povo que a realeza estava sendo posta em xeque por revoltosos e traidores da pátria. O episódio ficou conhecido como “Vilafrancada”.

D. João, vendo que os ânimos estavam exaltados colaborou com o pronunciamento de D. Miguel e dissolveu o governo e suspendeu a constituição.

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Em 29 de abril D. Miguel, vendo que seus partidários ganhavam espaço no poder e sob o pretexto que havia uma conspiração para matar membros da família real, tentou um golpe que ficou conhecido como Abrilada. D. João percebendo a manobra de D. Miguel sufoca o golpe em 9 de maio. Em 13 de maio D. Miguel é enviado ao exílio em Viena. Em 1826 morre D. João.

No ano seguinte vários levantes miguelistas acontecem. Defendendo os constitucionais o general Vila Flor vence em 9 de janeiro em Coruche e em 5 de fevereiro em Amarante. Em 30 de abril houve uma nova derrota dos absolutistas em Elvas.

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Entendendo que a situação estava ficando insustentável em Portugal, D. Pedro ofereceu um acordo a D. Miguel. Ele casaria com sua sobrinha e passaria a governar Portugal. Só que esta decisão deu motivos para os defensores do absolutismo tentarem assumir o poder. Os ministros favoráveis à constituição são demitidos, entre eles Saldanha. Uma manifestação a favor dos ministros demitidos acontece em Lisboa, conhecida como Archotada, pois foi feita à noite sob a luz de archotes.

Em 28 de fevereiro de 1828, D. Miguel volta a Portugal. Toma posse em 24 de fevereiro, em 25 de abril é abolida a constituição. Em 11 de julho é aclamado.

Em 16 de maio acontece a revolta do Porto onde os liberais rejeitam o poder de D. Miguel. Novas batalhas acontecem tendo o general Póvoas na frente dos absolutistas e o general Refóios a favor dos liberais.

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Os miguelistas obtêm algumas vitórias. Os liberais são obrigados a se retirarem do Porto. Focos liberais acontecem na ilha da Madeira em 22 de junho e nos Açores em setembro.

Em dezembro é feito um bloqueio inglês para que outros liberais não desembarquem nas ilhas. Este bloqueio dura por pouco tempo e em 8 de março ocorre um grande desembarque na ilha terceira. D. Miguel envia uma frota para sufocar este foco de rebelião, mas sua frota sofre uma grande derrota. Animados com o resultado os liberais passam a ocupar outras ilhas no ano de 1831. Em 21 de

abril, ilha Pico; 9 de maio, ilha de São Jorge; junho, ilha do Faial; 10 de julho, ilha da Graciosa e 1 de agosto a ilha de São Miguel.

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Em 21 de agosto 800 militares se revoltam contra D. Miguel e são massacrados.

Diante da situação D. Pedro decide voltar a Portugal, o que ocorre no dia 7 de abril de 1831, desembarcando na ilha Terceira.

Em 27 de junho é formado um comboio que ruma ao Continente.

Desembarcam próximo ao Porto retomando-o para os liberais em 9 de julho.

Em 14 de julho os miguelistas atacam a partir de Vila Nova, mas são rechaçados pelo exército liberal. Os liberais atacam pelo norte na tentativa de conquistar Braga.

Em 23 de junho ocorre uma grande batalha em Ponte Ferreira. Os liberais utilizando-se de uma boa visão estratégica acabaram se saindo melhor que os absolutistas.

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Em 7 de agosto foi a vez dos absolutistas armarem uma grande emboscada para os liberais.

Em 11 de agosto os liberais tomam o Cerro das Antas. Em 10 de setembro em uma batalha naval a esquadra

miguelista obteve vantagem. Em 29 de setembro os miguelistas conquistam Gaia.Em 1 de novembro D. Miguel vai a Braga, pois está

desolado por não obter resultados no cerco que seu exército vem fazendo ao Porto.

Em 1 de janeiro de 1833, o general Solignac no comando do exército liberal fracassa ao tentar conquistar Crasto e o Castelo do Queijo. Isto mostra que havia uma ruptura interna entre os liberais.

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Os oficiais que iniciaram ao lado dos liberais em 1820 haviam sido desconsiderados por D. Pedro

que não confiava neles. Diante da derrota de Solignac coube a D. Pedro repensar sua conduta. Chamam Saldanha.

Em 9 de abril os liberais sob o comando de Saldanha conquistam Covelo.

Em 24 de abril os liberais desembarcam em Alagoa. Ocorrem então uma série de guerrilhas liberais:

24/25 de junho, Tomar, Chão de Couce, Alpiarça, Almerim, Coruche, Galveias e Avis, Sousel, Fronteira,

Cabeço de Vide, Alter do Chão e Crato; 2/3 de julho, Portalegre; 4 de julho, Castelo de Vide com a ajuda dos freis do convento de S. Francisco.

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Os absolutistas também tinham as suas vitórias: 29 de junho, Santarém, Vimeiro, Estremoz, retomam Sousel, Fronteira, Cabeço de vide; 8 de julho, retomam ortalegre; 14 de julho, Beja.

Uma grande batalha naval é travada entre as duas forças e a vitória dos liberais vai pesar bastante para os desígnios da guerra.

Em 24 de julho os liberais entram em Lisboa. Em 5 de setembro e 14 de setembro ocorrem

duas entativas frustradas dos absolutistas de retomarem Lisboa.

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Entretanto a guerra civil progredia; e depois das suas tremendas peripécias, o grande drama da Restauração chegava rapidamente ao fim.

Eram meados do ano de 33, a operação de Algarve sucedera

milagrosamente aos constitucionais, a esquadra de D. Miguel fora tomada, Lisboa estava em poder deles. Os tardios e inúteis esforços dos realistas para retomar a capital tinham ocupado o resto do verão. Já outubro se descoroava de seus últimos frutos, e as folhas começavam a empalidecer e a cair, quando uma sexta-feira, ao pôr do sol, Frei Dinis aparecia no vale mais curvado e mais trêmulo que nunca. Vinha do exército realista que

então cercava Lisboa.

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Em 10 e 12 de outubro ocorre uma grande retirada dos absolutistas para Santarém.

Como o exército de D. Miguel teve que desviar seus esforços em direção ao Sul, sendo Lisboa sua prioridade de ataque, desguarneceu o norte dando assim oportunidade para o exército liberal avançar.

Em 12 de dezembro os liberais, ajudados pelos espanhóis, tomam a fortaleza de Marvão deixando estupefatos os absolutistas.

Em 14 de janeiro de 1834, os liberais sob o comando de Saldanha tomam Leiria, mas logo em seguida os absolutistas sob o comando de Póvoas a retomam.

Entre 16 e 18 de fevereiro, na ponte de Asseca uma nova derrota dos miguelistas.

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Em 17 de março, Napier e Torres avançam por Caminha, Viana do Castelo, Ponteal, Lima, Valença e Guimarães, em favor dos liberais.

Em 7 de maio os liberais recebem reforço do exército espanhol que entrou em Portugal para buscar D. Carlos que estava sob a guarda de D. Miguel. Eles tomam Castelo de Vide enquanto os liberais tomam Portalegre.

Em 10 de maio chegam a Tomar. Em 16 de maio uma grande vitória dos liberais que vai

selar o fim da guerra em Asseiceira.Em 17 de maio ocorre a retirada de Santarém com

destino a Évora. E finalmente em 31 de maio alguns dias após ser

assinada a convenção de Évora Monte, os soldados absolutistas depuseram suas armas e D. Miguel foi expatriado não podendo mais voltar para Portugal.

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A Obra

Romance entre Carlos e Joaninha.

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Joaninha Carlos

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O livro começa com o narrador contando sobre a sua vontade de partir em uma viagem de Lisboa à Santarém. Chegando a seu destino, o narrador começa a tecer comentários através da observação de uma janela. Nesse ponto, dá-se início à história de amor entre Joaninha e Carlos. No romance, Joaninha é uma moça que mora apenas com sua avó, D. Francisca. Semanalmente, elas recebem a visita de Frei Dinis, que traz notícias de Carlos para D. Francisca.Ele está ausente da cidade já há alguns anos e faz parte do grupo de D. Pedro. Frei Dinis e D. Francisca guardam algum segredo sobre Carlos.Frei Dinis foi um nobre cheio de posses, mas resolveu abandonar tudo e sumir e volta para Santarém dois anos depois, como frei. O narrador critica essa mudança, porque para ele qualquer um poderia facilmente ser ordenado frei de uma hora para outra.

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Quando a guerra civil atinge Santarém, Carlos, que havia ido para a Inglaterra após desentender-se com Frei Dinis, resolve voltar à cidade. É quando ele reencontra sua prima Joaninha. Eles trocam um beijo apaixonado como se fossem namorados. Porém, Carlos tem uma esposa na Inglaterra, chamada Georgina, se vê atormentado pela dúvida de contar ou não a verdade para sua prima. Ferido durante a guerra, Carlos fica hospedado próximo à casa de Joaninha. Após se recuperar, ele pede para que D. Francisca revele o segredo que ela esconde. Então, ela acaba contando que Frei Dinis é o pai de Carlos e que sua verdadeira mãe já morreu. Ao saber da verdade, Carlos parte e volta a viver com a esposa. Porém, Georgina diz ter ouvido de Frei Dinis toda a história de amor entre Carlos e Joaninha e declara não mais amar o marido. Carlos pede perdão à esposa e diz não mais amar Joaninha, porém, Georgina não o aceita de volta.

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Na parte final sabemos através de Frei Dinis o destino das personagens: Carlos larga as paixões e começa sua carreira na política como barão, mas depois de um tempo desaparece. Joaninha recebe uma carta de Carlos, ela enlouquece e morre D. Francisca morrem. Georgina vai para Lisboa e vira abadessa. Durante os relatos da viagem, o autor-narrador faz uma série de digressões filosóficas, reflexões sobre fatos históricos e crítica literária sobre diversos autores, tanto clássicos quanto modernos, e suas obras. Garrett, embora pertencente ao movimento romancista de Portugal, deixa claro nessa passagem uma crítica ao Romantismo então vigente. Uma crítica dirigida a um romantismo “fabricado” por escritores menores que buscavam modelo numa literatura fácil para agradar ao público, com interpretações abusivas e uma vulgarização do que seria o verdadeiro movimento modernista.

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Tempo

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A ação decorre durante uma viagem que Garret faz de Lisboa a Santarém, além de discorrer sobre a paisagem, seus devaneios, o levam até este romance século XIX .

Tempo Cronológico: ``... São 17 deste mês de julho, ano de graça de 1843, uma segunda feira...´´

´´... Seis horas da manhã a dar em S. Paulo, e eu a caminhar para o terreiro do Paço...´´

``... Eram as últimas horas do dia, quando chegamos ao princípio da calçada que leva ao alto de Santarém...´´

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Tempo Psicológico:

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ESPAÇO

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“Almeida Garrett sai de Lisboa para Santarém pelo Rio Tejo. No Terreiro do Paço, embarca no Vapor de Vila Nova”.

“percorreu todo o caminho da vila ao pinhal da Azambuja divagando a respeito da inocência e da modéstia”.

Santarém de comboio passa-se, em 1932

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Foco Narrativo

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A obra é narrada em primeira pessoa e o narrador é o que conhecemos por “narrador-protagonista”. Ou seja, a história é contada por um dos personagens principais (no caso, o autor-narrador que viaja pelo país) em primeira pessoa.

A história tem um ponto de vista fixo, centrado nessa personagem. Além disso, esse narrador-protagonista está quase inteiramente confinado a seus pensamentos, sentimentos e percepções. 

O que sabemos a respeito das outras personagens (incluindo seus pensamentos e sentimentos), ou nos é passado através dela mesma, ou através de outra personagem que conta algo ao narrador (em Viagens temos Frei Dinis contando o drama de Carlos e Joaninha). Essas informações podem ser, ainda, inferências feitas pelo narrador-protagonista.

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Estilo

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Apresenta uma nova linguagem literária revelando uma mistura de estilos e de linguagem (popular,jornalística,dramática) única, sendo considerada a “precursora da moderna prosa literária português”.

Ex.: Popular (coloquial): “Preciso de o dizer ao leitor, para que ele esteja prevenido; não cuide que são quaisquer dessas rabiscaduras da moda que, com o título de Impressões de Viagem, ou outro que tal, fatigam as imprensas da Europa sem nenhum proveito da ciência e do adiantamento da espécie”.

Ex.: Jornalística: “Estas minhas interessantes viagens hão-de ser uma obra-prima, erudita, brilhante de pensamentos novos, uma coisa digna do século”.

Ex.: Dramática:

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.

As digressões do narrador sobre os mais diversos temas, da literatura à política, servem para demarcar ideologicamente a obra.. O discurso do autor-narrador revela o caótico estado em que se encontra Portugal, a corrupção da sociedade, a aristocracia decadente e o modelo familiar burguês corrompido por atitudes individualistas. Assim, pode-se dizer que para o narrador a crise moral coletiva tem origem na moral individual.Ex: O que pode viver assim, vive para fazer mal ou para não fazer nada. Ora o que não ama, que não ama apaixonadamente, seu filho se o tem, sua mãe se a conserva, ou a mulher que prefere a todas, esse homem é o tal, e Deus me livre dele. Sobretudo que não escreva: há de ser um maçador terrível.

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Verossimilhança

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Viagens na minha terra é um livro que mistura o real e o fictício. Real porque faz descrições físicas, geográficas e paisagísticas com tamanha riqueza de detalhes que faz com que qualquer leitor viajante reconheça indubitavelmente o caminho de Lisboa a Santarém.

Ex.: Descrições Físicas: “vejo duas possantes e nédias mulas castelhanas jungidas a um veículo que, nestas paragens e ao pé daqueloutros, me parece mais esplêndido do que um landau de Hyde Park, mais elegante que uma caleche de Longchamps, mais cómodo e elástico do que o mais aéreo brisca da princesa Helena”.

Ex.: Descrições Geográficas.: “Entende que, se vivesse num país gelado, seria justo viajar apenas pelo quarto, “mas com este clima, com este ar que Deus nos deu, onde a laranjeira cresce na horta, e o mato é de murta [não é de vegetação inútil]”, um escritor tem de viajar pelo seu país, conhecer pessoalmente os cenários de suas prováveis futuras

Ex.: Descrições Paisagísticas: Aí está a Azambuja, pequena mas não triste povoação, com visíveis sinais de vida, asseadas e com ar de conforto as suas casas. É a primeira povoação que dá indício de estarmos nas férteis margens do Nilo português.

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Fictício porque entremeia nos relatos das viagens a história de amor entre Joaninha e Carlos.

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O plano de fundo em Viagens na minha terra é a Revolução Liberal. Grosso modo, as ideias liberais surgiram como oposição ao monarquismo, ao mercantilismo e ao domínio religioso. Portugal, na época um país monarquista com fortes raízes católicas, via qualquer ideia liberalista como antinacional.O país já estava enfrentando diversas crises (as invasões de Napoleão e crise do colonialismo no Brasil) e o embate entre Miguelistas (favoráveis ao monarquismo absolutista de então) e Liberais acabou por gerar uma guerra civil, em 1830. O embate terminou com uma vitória dos Liberais e a restauração da monarquia constitucional.

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Almeida Garrett, que sempre lutou pelos ideais liberais, mantém nas Viagens este propósito, através da narração de fatos do presente e do passado, sempre denegrindo àquele em favor do outro. Para tanto, brinca-se também com a questão do verossímil, criando-se a ilusão do verdadeiro através do uso de um tom calculadamente coloquial e uma aproximação com o cotidiano.

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Conclusão

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Viagens na minha terra, romance de Almeida Garrett, considerado por alguns críticos como o ápice da prosa do seu autor, inaugura um gênero completamente novo na literatura portuguesa. Tendo como modelo as obras ``viagem à roda do meu quarto´´ de Xavier de Mauster e `` viagem sentimental´´ de Laurence Stern, configura-se como uma obra de dificílima classificação, pois reúne em suas páginas relatos de viagens, jornalísticos, ensaísta e ficcional.

Em geral, as tragédias clássicas terminam com uma solução violenta do destino e Garrett tinha muita sensibilidade para o gênero trágico, coisa que mostrou não apenas neste romance, mas também no drama “Frei Luís de Sousa”. Faz parte do decoro de uma peça trágica que seus personagens nunca mais continuem vivendo como tinham vivido.

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A preocupação de Garrett em Viagens na minha terra é tentar despertar na nação portuguesa a consciência da situação em que o país se encontrava e que direção pode ser tomada para tentar mudar o rumo decadente que Portugal estava tomando. Porém, o próprio autor-narrador não vê perspectivas de melhora, pois a imagem que o homem português tem de si mesmo não é positiva. Dessa forma, apesar de conseguir enxergar um caminho para a recuperação de Portugal, Garrett termina a obra com um tom pessimista.

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Obrigado pela atenção de todos. !!!

Gabriela Coutinho Daniela Paceli

Claudinete Almeida.