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[email protected] (31) 3657-6165 www.saletto.com.br Avaliações e Perícias Autor: Daniel de Castro Ribeiro Resende, Eng. 2015

Avaliações e Perícias

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[email protected]

(31) 3657-6165 www.saletto.com.br

Avaliações e Perícias

Autor:

Daniel de Castro Ribeiro Resende, Eng.

2015

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Avaliações e Perícias

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Sobre o Autor

Engenheiro Mecânico com linha de formação em Mecatrônica,

especializado em programação de firmwares e malhas de

sensoriamento. Possui experiência em motores Ciclo Otto e

Powertrain Automotivo.

Contato com o autor: [email protected].

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Nota Importante

Valores (custos), índices de produtividade, Legislações, Normas, Padrões e

documentos de referência, quando não apresentada a sua data de referência

deve considerar a data de 01/01/2014. Bases de cálculos e alíquotas, hipósteses

em que não há retenção na fonte, prazos de recolhimento infrações e

penalidades, legislação vigente, bem como demais informações sobre tributos e

contribuições citados possuem caráter acadêmico e devem ser validados

previamente com responsáveis contábeis e jurídicos da empresa que receberá

este treinamento. A Saletto Engenharia de Serviços não se responsabiliza por

nenhum dano causado direta ou indiretamente pela não observância desta nota.

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Avaliações e Perícias

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Prefácio

As atividades profissionais das Perícias, são importante ramo de atuação nas

engenharias. São trabalhos que, individualmente, demonstram as capacidades

técnicas de análise e síntese dos experts. Não há uma formulação única que

determine passos para um trabalho de excelência, mas podemos nos

fundamentar pela doutrina e pela jurisprudência, para garantir o atendimento às

sérias premissas desta atividade.

Bons estudos!

Daniel Resende, Eng.

Saletto Educação

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Avaliações e Perícias

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Sumário

1 Conceitos básicos ................................................................................................. 7

2 Legislação ........................................................................................................... 24

3 Procedimentos .................................................................................................... 26

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Avaliações e Perícias

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Introdução

A perícia judicial tem o poder de apasiguar desentendimentos sociais. A

expertise e a imparcialidade de um especialista é sintetizada em um laudo e seu

parecer.

De forma que a verdade seja traga ao conhecimento dos envolvidos no litígio. Os

variados tipos de perícia têm objetivo de produzir provas, provas técnicas,

necessárias ao auxilio ao conhecimento do juiz na tomada de decisões.

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Avaliações e Perícias

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1 Conceitos básicos

Iniciamos nossos estudos com a nossa familiarização com alguns dos termos

técnicos mais utilizados nas Perícias das áreas das engenharias. Ponto

importante na confecção do Laudo Pericial é a claresa e assertividade do texto.

A prolixidade e a duplicidade de sentidos, são fatores, que não podem estar

presentes nestes trabalhos.

Vocabulário

Amostra - Parte do Universo, observada e selecionada para estudos

estatísticos.

Anomalia - Irregularidade, anormalidade, exceção à regra.

Assistente técnico - Profissional legalmente habilitado pelos Conselhos

Regionais de Engenharia e Agronomia, e pelos Conselhos e Arquitetura e

Urbanismo, indicado e contratado pela parte para orientá-la, assistir aos

trabalhos periciais em todas as fases da perícia e, quando necessário, emitir seu

parecer técnico.

Área de influência do canteiro de obra - Perímetro dentro do qual estão

contidos os imóveis que, por orientação de profissional competente e por

definição do Contratante, serão vistoriados e descritos no laudo.

Avaria - Dano causado a qualquer bem, ocasionado por defeito ou por outra

causa externa a ele.

Beiral - Prolongamento do telhado para além da parede externa, protegendo-a

da ação das chuvas.

Bem - Coisa que tem valor, suscetível de utilização ou que pode ser objeto de

direito, que integra um patrimônio.

Bem tangível - Bem identificado materialmente (por exemplo: imóveis,

equipamentos, matérias primas).

Bem Intangível - Bem não identificado materialmente (por exemplo: fundo de

comércio, marcas, patentes).

Benfeitoria - Resultado de obra ou serviço realizado num bem e que não pode

ser retirado sem destruição, fratura ou dano.

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Avaliações e Perícias

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Capilaridade - Nos tijolos, nas argamassas e nos concretos porosos, em contato

com uma superfície úmida, a água sobe por veios ou canais por “ascensão

capilar”, até atingir o equilíbrio, que poderá variar a altura de acordo com os

materiais envolvidos.

Carbonatação - É o processo pelo qual o concreto sofre a agressão por dióxido

de carbono presente no meio, transformando o hidróxido de cálcio presente, em

carbonato de cálcio mais água, gerando a diminuição da alcalinidade da peça e

a redução de volume (retração por carbonatação).

Cobrimento - Capeamento da armação em uma peça de concreto armado.

Conformidade - Atendimento a padrões estabelecidos e que podem ser os

seguintes: projetos e memoriais descritivos; procedimentos executivos e de

qualidade; boletins técnicos de produtos e procedimentos; dados de fabricantes

de produtos, sistemas, equipamentos e máquinas; normas técnicas.

Conservação - Ato de conservar, manter em bom estado, resistir ao desgaste

causado pelo tempo.

Construção - Ato, efeito, modo ou arte de construir. Edificação.

Construir - Edificar, levantar prédios. Conjunto de materiais e serviços com

ordenação, conforme projeto visando à sua transformação num bem.

Contraventamento - Sistema de ligação entre os elementos principais de uma

estrutura com a finalidade de aumentar a rigidez da construção.

Contraverga - Viga de concreto usada sob a janela para evitar a fissuração da

parede (Verga, é a usada sobre a janela).

Corrosão - Ataque das armações através de processo de deterioração

eletroquímica.

Custo - Total de gastos diretos e indiretos necessários à produção, manutenção

ou aquisição de um bem, numa determinada data e situação.

Dano - Ofensa ou diminuição do patrimônio moral ou material de alguém,

resultante de delito extracontratual ou decorrente da instituição de servidão. De

acordo com o Código de Defesa do Consumidor, são as consequências dos

vícios e defeitos do produto ou serviço.

Decadência - Perda, perecimento ou extinção de direito em si, por consequência

da inércia ou negligência no uso de prazo legal ou direito a que estava

subordinado.

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Decrepitude - Depreciação de um bem pela idade, no decorrer da sua vida útil,

em consequência de sua utilização, desgaste, em manutenção normal.

Defeito - Anomalia que pode causar danos efetivos ou representar ameaça

potencial de afetar a saúde ou à segurança do dono ou consumidor, decorrente

de falhas do projeto ou execução de um produto ou serviço, ou ainda, de

informação incorreta ou inadequada de sua utilização ou manutenção.

Depreciação - Ação ou efeito de depreciar. Baixar de preço ou de valor.

Desvalorização.

Deterioração - Depreciação de um bem devido ao desgaste de seus

componentes ou às falhas de funcionamento de sistemas, em razão de uso ou

manutenção inadequados.

Direitos - Servidões, usufrutos, concessões, comodatos, et cétera.

Divisa - Limite da propriedade que a separa da propriedade contígua, cuja

definição é de acordo com a posição do observador, a qual deve ser

obrigatoriamente explicitada.

Domínio - Direito real que submete a propriedade, de maneira legal, absoluta e

exclusiva, ao poder e vontade de alguém; é a propriedade plena.

Edificação - É uma construção que pode ser destinada a alojamento, residência,

exercício de atividades profissionais e estabelecimento de fabricas. Pode ser

chamada também de prédio.

Eflorescência - São depósitos cristalinos de coloração branca, que vão para a

superfície do revestimento, como, por exemplo, pisos (cerâmicos ou não),

paredes e tetos, resultantes da migração de soluções aquosas, geradas a partir

da dissolução de sais solúveis, componentes dos depósitos, que se evaporação

posteriormente, deixando (no local de escorrimento) um material resultante.

Engenharia legal - Ramo de especialização da engenharia dos profissionais

registrados nos CREAs e nos CAUs que atuam na interface direito/engenharia,

colaborando com juízes, advogados e as partes, para esclarecer aspectos

técnico-legais envolvidos em demandas.

Estado de conservação - Situação física de um bem em decorrência de sua

idade e condições de manutenção.

Estalactite - Depósitos brancos (basicamente de bicarbonato de cálcio)

formados nos tetos, provenientes, geralmente, da cal livre do cimento, que reage

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com a água e o dióxido de carbono do ar. É ocasionada, normalmente, por

águas puras (chuvas) que, por não conterem sais dissolvidos, tendem a

dissolver a cal.

Estanqueidade - Propriedade conferida pela impermeabilização, de impedir a

passagem de fluídos.

Estatística - Metodologia científica para coleta, organização, resumo,

apresentação e análise de dados, bem como obtenção de conclusões válidas e

tomada de decisões baseadas em tais análises.

Exame - Inspeção, por meio de perito, sobre pessoa, coisas, móveis e

semoventes, para verificação de fatos ou circunstâncias que interessem à causa.

Falha - Anomalia caracterizada pela perda precoce de desempenho de

elementos e sistemas construtivos com origem na Manutenção, Operação e Uso.

Fissuras, trincas e rachaduras - Manifestações patológicas observadas nas

edificações e/ou terrenos, que ocorrem normalmente em alvenarias, lajes, vigas,

pilares, pisos, muros, dentre outros elementos. Geralmente são causadas por

acréscimos de tensões no elemento e seus materiais componentes. Tais

anomalias são indícios da ocorrência de que o elemento, e seus materiais, foram

condicionados a esforços superiores às suas capacidades resistivas. A partir

disso, a consequência deste fenômeno é uma abertura no elemento cuja

caracterização é conforme a espessura correspondente, como descrito abaixo.

Fissura - Anomalia/abertura até 0,50 mm.

Trinca - Anomalia/abertura acima de 0,50 até 1,00 mm.

Rachadura - Anomalia/abertura acima de 1,00 até 5,00 mm.

Fenda - Anomalia/abertura acima de 5,00 até 10,00 mm.

Brecha - Anomalia/abertura acima de 10,00 mm.

Gleba - Terreno passível de receber obras de infra-estrutura urbana, visando o

seu aproveitamento eficiente, através do loteamento, desmembramento ou

implantação de empreendimento.

Idade estimada - Idade atribuída ao bem considerando sua utilização, estado de

conservação, partido arquitetônico e outras características relevantes.

Imóvel - Bem constituído de terreno e eventuais benfeitorias a ele incorporados.

Pode ser classificado como urbano ou rural, em função da sua localização, uso

ou vocação.

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Avaliações e Perícias

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Impermeabilização - Proteção mecânica das construções contra a passagem

de fluídos através da estanqueidade.

Incômodo ou transtorno - Perturbação no uso do imóvel decorrente de ações

externas com infringência do direito de vizinhança, de instituição de servidão, et

cétera.

Infiltração - Percolação de fluído através dos interstícios de corpos sólidos.

Instalação - Conjunto de equipamentos e componentes destinados a

desempenhar uma utilidade ou um serviço auxiliar.

Laudo - Documento escrito e fundamentado, emitido por um especialista

indicado por autoridade, relatando resultado de exames e vistorias, assim como

eventuais avaliações com ele relacionado.

Lide - Conflito de interesses suscitado em juízo ou fora dele.

Lixiviação - É o processo pelo qual o concreto sofre a extração dos compostos

solúveis, principalmente o hidróxido de cálcio presente no meio, através da

dissolução deste em presença de água, gerando a diminuição da alcalinidade da

peça.

Lote - Porção de terreno resultante de parcelamento do solo urbano.

Manchas - São diferenças de tonalidades em uma peça ou em elemento como

piso, parede, viga, pilar, muro, dentre outros, originadas por consequência de

irregularidades no funcionamento da construção.

Manutenção - Conjunto de atividades a serem realizadas para conservar ou

recuperar a capacidade funcional da edificação e de suas partes constituintes de

atender as necessidades e segurança dos seus usuários.

Mapa Imagem - Representação gráfica do imóvel elaborado com clareza e rico

de informações técnicas.

Mastique - Material de consistência pastosa, com cargas adicionais a si,

adquirindo o produto final, consistência adequada para ser aplicado em

calafetações rígidas, plásticas ou elásticas (ABNT - NBR 8.083/83).

Mutilação - Depreciação de um bem devido à retirada de sistemas ou de

componentes originalmente existentes.

Nicho - Reentrância feita na parede para abrigar armários, prateleiras ou

guardar eletrodomésticos.

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Avaliações e Perícias

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Padrão construtivo - Qualidade das benfeitorias em função das especificações

dos projetos, materiais e mão de obra efetivamente utilizados na construção.

Parecer técnico - Parecer técnico: relatório circunstanciado ou esclarecimento

técnico emitido por um profissional capacitado e legalmente habilitado sobre o

assunto de sua especialidade.

Patologias - Danos e anomalias encontrados na edificação, e/ou terreno, que

deixam o elemento em situação diferente da inicialmente concebida.

Pavimento - Conjunto de edificações cobertas ou descobertas situadas entre os

planos de dois pisos sucessivos ou entre o do último piso e a cobertura.

Perda - Prejuízo, privação ou desaparecimento da posse ou da coisa possuída.

Pé-direito - Distância vertical entre o piso e o teto de uma edificação ou

construção.

Perícia - Atividade que envolve apuração das causas que motivaram

determinado evento ou asserção de direitos.

Perito - Profissional legalmente habilitado pelos Conselhos Regionais de

Engenharia e Agronomia, e pelos Conselhos de Arquitetura e Urbanismo, com

atribuições para proceder à perícia.

Pilar - Elemento estrutural vertical de concreto, madeira, aço, pedra ou

alvenaria.

Pilotis - Conjunto de colunas de sustentação do prédio que deixa livre o

pavimento térreo.

Platibanda - Moldura contínua, mais larga do que saliente, que contorna uma

construção acima dos flechais, formando uma proteção ou camuflagem do

telhado.

Propriedade - Relação de direito entre a pessoa e a coisa certa e determinada,

a de maneira absoluta, exclusiva e direta à sua vontade e poder. Quando a

propriedade sofre limitação em alguns de seus direitos elementares em virtude

de ônus real que sobre ela recai, é classificada como propriedade limitada ou

nua-propriedade.

Proprietário - Pessoa física ou jurídica que tem o direito de dispor da edificação.

Ruptura - Seccionamento integral ou parcial de um elemento ou componente

que reduz significativamente sua capacidade de resistência.

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Avaliações e Perícias

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Servidão - Restrições às faculdades de uso e gozo que sofre a propriedade em

benefício de alguém ou de outra propriedade dominante. Há a servidão imposta

por lei, com origem no direito de vizinhança. Por exemplo, temos a passagem

forçada que existe para dirimir um eventual conflito e criar efeito útil.

Terreno-motivo - Futura obra ou intervenção vizinha à edificação e/ou terreno, a

ser vistoriado, causador da necessidade de realização do trabalho, preventivo,

em questão.

Uso - Finalidade da utilização do imóvel (residencial, comercial, industrial e

outras).

Valor de mercado - Quantia mais provável pela qual se negociaria

voluntariamente e conscientemente um bem, numa data de referência, dentro de

condições do mercado vigente.

Valor em risco - Valor representativo da parcela do bem que se deseja segurar.

Valor patrimonial - Valor correspondente à totalidade dos bens de pessoa física

ou jurídica.

Valor residual - Quantia representativa do valor do bem no final da vida útil.

Valor da perpetuidade - Valor remanescente de um empreendimento ao final do

horizonte projetivo, considerados resultados perenes.

Valor de desmonte - Valor presente da renda líquida auferível pela venda dos

bens que compõem o empreendimento , na condição de sua desativação.

Valor econômico - Valor presente da renda líquida auferível pelo

empreendimento durante sua vida econômica, a uma taxa

Vícios - Anomalias que afetam o desempenho de produtos ou de serviços, ou os

tornam inadequados aos fins a que se destinam, causando transtornos ou

prejuízos materiais ao consumidor. Podem decorrer de falha de projeto ou de

execução, ou ainda da informação defeituosa sobre sua utilização ou

manutenção.

Vícios redibitórios - Vícios ocultos que diminuem o valor da coisa ou a tornam

imprópria ao uso a que se destina, e que, se fossem do conhecimento prévio do

adquirente, ensejariam pedido de abatimento do preço pago ou inviabilizariam a

compra.

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Vida útil - Intervalo de tempo ao longo do qual a edificação e suas partes

constituintes atendem aos requisitos funcionais para os quais foram projetadas,

obedecidos os planos de operação, uso e manutenção previstos.

Vistoria - Constatação de um fato, mediante exame circunstanciado e descrição

minuciosa dos elementos que o constituem e/ou influenciam, sem a indagação

das causas que o motivaram.

Vistoria cautelar - Constatação mediante exame circunstanciado dos imóveis

localizados na área de abrangência de um canteiro de obras com o propósito de

caracterizar a sua tipologia, estado de conservação, padrão construtivo, idade

aparente e eventuais anomalias e falhas, bem como outras características

importantes, devendo conter o registro fotográfico das anomalias e falhas

identificadas no imóvel vistoriado.

Vistoria

A Vistoria é a diligência que objetiva a verificação e a constatação de situação,

coisa ou fato, de forma circunstancial. Não inclui a análise das causas, mas o

registro do estado. Pode ser, em casos excepcionais, quando for impossível o

acesso ao bem, admitida a adoção de uma situação paradigma, desde que

acordada entre as partes e explicitada no laudo.

São itens comuns aos trabalhos de vistoria, dados como, dia, hora, pessoas

presentes, desenvolvimento dos dados técnicos captados e verificados no imóvel

vistoriado. Momento esse em que poderá verificar o estado de conservação do

objeto periciado, se o mesmo encontra-se em funcionamento, qual o

desenvolvimento produtivo desenvolvido no ato da vistoria, conservação, idade

aparente, fazer tomadas de fotos e coordenadas geográficas, tipo de edificação

e metragens, plantio e cultura em desenvolvimento, topografia do terreno,

possíveis erosões, estrada de acesso, rua, calçada, energia, linha ônibus,

mercado, armazém de grãos, frigoríficos, distancias em relação a centros de

compras e escolas, relatos de funcionários e moradores, anotações da marca,

modelo e número de série, informar se transcorreu em harmonia ou houve

alguma resistência ou desavença, et cétera.

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A Vistoria Cautelar, comum na Engenharia Civil, descrita no corpo de sua própria

norma técnica é a seguinte:

"A Vistoria Cautelar tem o objetivo de vistoriar e analisar

tecnicamente o estado geral dos imóveis vizinhos confrontantes com

uma obra a ser edificada e as imediações desta. Serão analisadas e

relatadas as condições físicas e estruturais dos imóveis, as

características construtivas, as anomalias, os defeitos e os danos

físicos existentes. Estes dados deverão ser documentados, registrados e

ainda fotografados na data da vistoria. (IBAPE-MG 003)"

Quando as edificações tornam-se alvos de intervenções que serão realizadas no

seu entorno, faz-se necessário preliminarmente a realização de uma vistoria,

com o intuito de retratar tecnicamente a situação atual do bem que se almeja

salvaguardar, para fins de resguardar (de forma justa e imparcial) tanto a

construtora, quanto o vizinho da futura obra. Essa vistoria, portanto, busca

preservar o direito das partes, além de exercer a boa fé e a imparcialidade.

A Norma de Vistoria Cautelar 003 do IBAPE/MG define, estas, e todas as outras

interpretações, embasamentos e procedimentos necessários à execução e

confecção do laudo da Vistoria Cautelar.

Avaliação

A Engenharia de Avaliações não é uma ciência exata, mas sim a arte de

estimular os valores de propriedades, máquinas e equipamentos, em que o

conhecimento profissional de engenharia e o bom julgamento são condições

essenciais. Importante também, o avaliador verificar o fim a que se destina o

laudo de avaliação.

Bom senso e cautela são necessários para se analisar as amostragens e

informações contidas na oferta e procura, quando da busca da média ponderada

Page 16: Avaliações e Perícias

Avaliações e Perícias

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do mercado. São vários os métodos utilizados, porém, o método a ser utilizado,

deve ser escolhido conforme o objeto da avaliação.

Para o desenvolvimento do laudo técnico de avaliação, o escopo a ser utilizado,

muito se assemelha ao laudo técnico pericial. Oportuno lembrar que, são muitos

os casos judiciais em que o profissional da área tecnológica é nomeado como

Perito Avaliador.

Função da avaliação

O que se pretende na avaliação é essencialmente o justo valor do bem, e nele

agregado o valor das benfeitorias edificadas, máquinas, equipamentos e

instalações, tendo como objetivo atender à solicitação de avaliação para fins de

comprovação de valores atuais em uma data base para pagamento à vista, em

moeda corrente do país, conforme normas e conceitos da ABNT (Associação

Brasileira de Normas Técnicas).

Métodos de avaliação

Nas avaliações para determinação de valores, abordaremos alguns conceitos

quanto aos métodos Comparativos, da Renda e do Custo de Reposição.

Método Comparativo Direto: A condição essencial para o sucesso desse

método, é que os imóveis básicos pesquisados, possuam características

idênticas ou bastante comparáveis às do imóvel avaliando. É obtido

comparando-se suas características com outros imóveis que vem sendo

ofertados e ou negociados no mercado imobiliário.

Método da Renda: Baseia-se na capacidade que os imóveis possuam de

produzir renda. Devendo nesse método se levar em consideração as

taxas de renda bruta e líquida. É muito utilizado para se determinar o valor

do imóvel a partir do aluguel que este gera. Também é aplicado com o

objetivo de analisar qual a região mais atrativa para se investir em imóvel

para pratica de aluguel.

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Avaliações e Perícias

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Método do Custo de Reposição: Esse método é determinado embasando-

se pelo valor do bem em estado de novo. Então, deverá ser considerado

ao valor do bem avaliando, a depreciação pelo tempo de vida útil,

depreciação, (vida) idade aparente, utilidade, entre outras particularidades

inseridas nas normas técnicas. Muito utilizado para avaliação de

edificações, máquinas e equipamentos.

Graus de especificação

Antes da atual Norma da ABNT, os trabalhos de avaliação eram enquadrados

em “Níveis de Rigor” com o seguinte grau hierárquico: Expedito; Normal;

Rigoroso; Rigoroso Especial.

Isto equivalia a dizer que um trabalho de avaliação crescia, em termos de

qualidade, à medida em se adotavam procedimentos de cálculo mais refinados

ou sofisticados, sendo a avaliação Expedita eminentemente subjetiva e sem a

utilização de um instrumental matemático de suporte ou fundamentação do valor

e a rigorosa especial baseada em tratamento estatístico muito aprofundado,

praticamente inatingível.

Após a vigência da NBR 14.563, deixou de existir o “Nível de Rigor”, sendo

criada a “Especificação”, que passou a ser o indicador da “qualidade” do cálculo

do valor. Logo, os trabalhos avaliatórios passaram a ser “Especificados”.

A especificação será estabelecidos em razão do prazo demandado, dos recursos

disponíveis ou despendidos, bem como da disponibilidade de dados de mercado

e da natureza do tratamento a ser empregado. As avaliações podem ser

especificadas quanto à fundamentação e precisão.

A fundamentação é função do aprofundamento do trabalho avaliatório, com

envolvimento da seleção da metodologia em razão da confiabilidade, qualidade e

quantidade dos dados amostrais disponíveis.

Page 18: Avaliações e Perícias

Avaliações e Perícias

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A precisão é estabelecida quando for possível medir o grau de certeza e o nível

de erro tolerável em uma avaliação.

A fundamentação e a precisão, que especificam a Avaliação, serão definidas

através de GRAUS, que podem assumir os valores numéricos de I (um), II (dois)

e III (três), sendo o cálculo considerado com maior “qualidade” de maneira

crescente com o GRAU.

No caso de informações insuficientes para utilização dos métodos previstos na

NBR 14.653, ou, o não alcance dos parâmetros estabelecidos, o trabalho não

deve ser classificado/especificado quanto à fundamentação e à precisão, sendo

desta forma, considerado apenas um Parecer Técnico.

Arbitramento

Tratando-se de apurar o valor, em moeda, do objeto do litígio, de direitos ou da

obrigação demandada, a perícia toma o nome de arbitramento. É um

procedimento para determinação de valores, preços, atualização de cálculos de

fatos ou coisas que possam ser expressos monetariamente e que não tem

avaliação certa e prefixada.

Em trabalhos de perícias judiciais e extrajudiciais o perito poderá ser incumbido

de arbitramento, atividade que envolve a tomada de decisão ou posição entre

alternativas tecnicamente controversas ou que decorrem de aspectos subjetivos.

É a solução de controvérsia por critério técnico.

Perícia

Perícia é a atividade concernente à exame realizado por profissional

especialista, legalmente habilitado, destinada a verificar ou esclarecer

determinado fato, apurar as causas motivadoras do mesmo, ou o estado, a

alegação de direitos ou a estimação da coisa que é objeto de litígio ou processo.

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Avaliações e Perícias

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Tipos de perícias

Perícia judicial é aquela realizada dentro dos procedimentos processuais

do Poder Judiciário, por determinação, requerimento ou necessidade de

seus agentes ativos, e se processa segundo regras legais específicas.

Perícia semijudicial é aquela realizada dentro do aparato institucional do

Estado, porém fora do Poder Judiciário, tendo como finalidade principal

ser meio de prova nos ordenamentos institucionais usuais.

Perícia extrajudicial é a efetuada fora do Estado, por necessidade e

escolha de entes físicos e jurídicos particulares no sentido estrito.

Perícia arbitral é a elaborada no juízo arbitral – instância decisória criada

pela vontade das partes.

Perito

Profissional possuidor de conhecimentos técnicos acima da média normal dos

seus colegas, um aprimoramento cultural diversificado, ser realmente

especializado eaperfeiçoado em sua área de atuação.

Deve pautar sua linha de conduta no sentido estritamente profissional, aplicando

toda asua técnica sobre o assunto sob seu exame, agindo com isenção e

imparcialidade.

Seu caráter deve ser íntegro e sujeito a todas as provas, resistindo a toda

espécie de pressões e a todas as situações.

É necessário possuir diversificada quantidade de virtudes entre as quais:

honestidade, caráter, personalidade, imparcialidade, equilíbrio emocional,

independência e autonomia funcional e principalmente, obediência irrestrita e

incondicional aos princípios da ética e da moral.

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Avaliações e Perícias

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Nomeação do Perito

A engenharia pode desempenhar papel importante nos processos judiciais que

envolvam imóveis, máquinas, equipamentos, plantações, por meio dos trabalhos

técnicos periciais.

Esses trabalhos são determinados por homologação judicial, através da

nomeação doprofissional pelo Juiz. Tal profissional, denominado Perito Judicial

da área tecnológica, pode advir das áreas de Engenharia, Arquitetura,

Agrimensura e Agronomia.

A lei confere ao Juiz certa liberdade na escolha do Perito Judicial, por isso,

sempre que possível usa o critério de nomear um profissional do qual é

merecedor ou possa a vir ser merecedor de sua confiança, e que tenha

capacidade e atribuição técnica, o qual inicialmente esta apresentado através do

currículo protocolado para credenciamento junto à secretaria do Fórum.

De forma semelhante ao Perito, o Assistente Técnico deve possuir as mesmas

qualificações. Profissionais especialistas podem atuar em ambas as funções. No

entanto, há diferenças importantes. Algumas delas podem ser vistas no quadro

abaixo.

(MICHELINI, 2015)

Page 21: Avaliações e Perícias

Avaliações e Perícias

21

O respeito e a ética são fundamentais para o desenvolvimento dos trabalhos

técnicos periciais, portanto, deve o Perito sempre informar os assistentes

técnicos quando das vistorias, participar quando esses requisitarem para

apresentação de algum documento ou dado que venha de encontro ao assunto

em questão. Esses poderão ser acatados ou não pelo Perito. Afinal, é função do

assistente técnico, além de outras, assistir aos trabalhos periciais.

Oportuno lembrar ao profissional que atua em perícias judiciais, que o Perito de

hoje poderá ser o assistente técnico de amanhã, portanto, o respeito para com o

colega é fundamental.

Direitos e deveres

São deveres dos Peritos:

Aceitar o encargo, salvo alegando motivo legítimo.

Respeitar os prazos.

Comparecer à audiência, desde que tenha sido intimado para isso.

Ser honesto, criterioso, verdadeiro e leal.

São direitos dos Peritos:

Escusar-se do encargo quando: Alegar motivo legítimo por ocorrência de

força maior; Tratar-se de perícia relativa à matéria sobre a qual se

considere inabilitado para apreciá-la; Se o assunto da perícia não puder

ser respondido pelo Perito sem desonra própria ou de seu cônjuge ou

parente ou amigo íntimo; Ser íntimo ou ter parentesco ou vínculo com

qualquer das partes; Ser amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes;

Se a perícia seja sobre fato de sigilo profissional; Ser militar ou funcionário

público, pessoas essas que somente são obrigadas a aceitar o encargo

mediante sua requisição ao comando ou ao chefe da repartição a que

estiverem subordinados; A perícia seja sobre assunto de seu interesse;

Page 22: Avaliações e Perícias

Avaliações e Perícias

22

Estar ocupado com outras ou outras perícias, e/ou em condições de não

poder executar esta.

Solicitar prorrogação de prazo e até mesmo o adiamento da audiência,

com motivos justos;

Recorrer às fontes de informação;

Os honorários;

A indenização das despesas;

Intimação

O Profissional receberá a intimação da qual traz a decisão do Juiz quanto a

necessidade da pericia, e nela consta a nomeação do profissional designado a

realizar o trabalho técnico pericial. Constando ainda o prazo para apresentação

da proposta dehonorários técnicos.

Carga do processo

Após a intimação, o Perito nomeado deve ir ao Fórum competente e requerer

junto ao cartório do qual pertence os autos (processo), e assim, efetivar a carga

do processo para estudo e elaboração da proposta de honorários técnicos.

Prazos

O prazo é de cinco dias úteis para a elaboração da proposta de honorários.

Após, será aberta vistas as partes para manifestarem sobre a proposta

apresentada pelo Perito. Em não sendo aceito a proposta por qualquer das

partes, essa se manifestará apresentando suas ponderações. O Juiz intimará

novamente o Perito nomeado, enviando em anexo a petição apresentada pela

parte, e o Perito terá o prazo de cinco dias úteis para manifestar-se sobre os

argumentos inseridos na petição.

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Podem ocorrer casos em que o Juiz poderá arbitrar os honorários periciais,

mesmo assim o Perito ou mesmo qualquer das partes, poderá argumentar sobre

o valor arbitrado.

Quando acordado o valor dos honorários, esse deverá ser depositado em

cartório doqual tramita o processo, e assim, o Juiz determinará a data, local e

hora para abertura dos trabalhos técnicos periciais. Poderá ocorrer de ser

depositada parte dos honorários, e, o restante a serem depositados, após a

entrega do laudo, porém, essas definições são decididas pelo Juiz.

O Perito poderá já requerer em sua proposta de honorários o deposito prévio do

valor junto ao cartório, bem como a condição do levantamento dos valores. É

habitual solicitar parte desses honorários para custear as despesas do trabalho a

ser elaborado, que muitas vezes irá desde as despesas em diligencias entre

combustível, aluguel de veículo, hotel, refeição, e até mesmo em contratação de

terceiros para ajudar na execução do trabalho técnico pericial.

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2 Legislação

Como forma de guiar uma possível pesquisa inicial de embasamento normativo

e/ou legislativo, segue abaixo, uma relação das principais fontes de

regulamentação.

Vistorias

Norma de Vistoria Cautelar, IBAPE, MG, 2014;

Inspeção Prévia e Periódica, Audiência Pública 491, 2011;

Discriminação Serviços Construção, NBR 12.722, 1992.

Avaliações

NBR 14653, Avaliação de bens, Parte 1, Procedimentos gerais;

NBR 14653, Avaliação de bens, Parte 2, Imóveis urbanos;

NBR 14653, Avaliação de bens, Parte 3, Imóveis rurais;

NBR 14653, Avaliação de bens, Parte 4, Empreendimentos;

NBR 14653, Avaliação de bens, Parte 5, Máquinas, equipamentos,

instalações e bens industriais em geral;

NBR 14653, Avaliação de bens, Parte 6, Recursos naturais e ambientais;

NBR 14653, Avaliação de bens, Parte 7, Patrimônios históricos.

Norma de Avaliação de Bens, IBAPE, BR, 2005;

Avaliação, IBAPE, SP, 2007.

Arbitramentos

Arbitramento, Lei 9.307, CPC, 1996;

Arbitramento, Lei 13.129, 2015.

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Perícias

Profissional da Perícia, Resolução 345, CONFEA, 1990;

Norma Basica para Perícias de Engenharia, IBAPE, SP, 2002;

Perito, Lei 8.455, CPC, 1992;

Auto Circunstanciado, Lei 5.925, CPC, 1973;

Escolha do Perito, Lei 7.270, CPC, 1984;

Producao de prova, Lei 10.358, CPC, 2001;

Producao de prova, Lei 10.444, CPC, 2002;

Profissionais registrados nos CREAs, Lei 5.194, CPC, 1966.

Honorários

Regulamento de Honorarios para Avaliações e Perícias de Engenharia,

IBAPE, SP, 2015;

Guia de Peritos, IBAPE, MG, 2014;

Manual de Contratacao de Serviços Técnicos de Engenharia de

Avaliações e Perícias, IBAPE, BR;

Regulamento de Honorários, IBAPE, MG.

Anotação de Responsabilidade Técnica (A.R.T.)

ART, Resolução 425, CONFEA.

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3 Procedimentos

De forma a se compreender o ciclo de acontecimentos das atividades que o

Perito e o Assistente Técnico participam, quando solicitados em trabalhos da

esfera judicial, podemos observar o fluxograma abaixo.

Nas várias atividades de perícias, há as que compõe a vertente básica de

atuação. Dentre estas atividades, algumas estão descritas de forma genérica

abaixo.

Análise documental - Solicitar ao contratante ou interessado o

fornecimento da documentação relativa ao bem, necessária à realização

do trabalho. Estudar e conhecer os documentos existentes ou fornecidos,

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expressando claramente as ressalvas, incoerências ou problemas que

eventualmente constatar, bem como os pressupostos assumidos em

função dessas condições.

Vistoria - Vistoriar o bem avaliando. Em casos excepcionais, quando for

impossível o acesso ao bem se admite a adoção de uma situação

paradigma, desde que acordada entre as partes e explicitada no laudo. A

vistoria possibilita conhecer e caracterizar o bem avaliando, registrando-

se seus aspectos físicos, de utilização e outros, como vizinhança,

acessibilidade, projetos e estudos que podem ser importantes na

formação do valor.

Pesquisa - Deve ser planejada em função do tipo de bem, dos recursos e

prazos, de pesquisas anteriores, et cétera. Deve ser buscado o maior

número possível de dados com atributos comparáveis aos do bem

avaliando, identificar as fontes de informação, que devem,

preferencialmente, serem diversificadas, caracterizando o segmento de

mercado e, se possível, identificando o tempo de exposição no dado no

mercado. Os dados devem ser, de preferência, contemporâneos a data de

referência da avaliação.

Definição do método - A metodologia escolhida deve ser compatível com

a natureza do bem, a finalidade da avaliação e os dados de mercado e

outras informações disponíveis.

Tratamento os dados - O tratamento deve ser realizado de acordo com as

metodologias escolhidas.

Identificação do valor - O resultado da avaliação pode e deve ser

arredondado, desde que o ajuste final não varie mais de 1% do valor

estimado. Deve ser explicitada a faixa de variação dos preços do

mercado, desde que indicada a probabilidade associada e de que cabível.

Deve ser analisado o mercado e indicada, no laudo, a liquidez do bem.

Laudo

O produto de uma perícia, o Laudo Pericial, é uma peça escrita, técnica,

elaborada individualmente pelo perito, contendo as conclusões do trabalho

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realizado. Tem como objetivo descrever a opinião técnica do especialista sobre a

matéria objeto das divergências que deram causa à investigação dos fatos, no

âmbito da Justiça Especializada. É um meio de prova, apresentadas segundo

técnicas próprias a cada especialidade.

Como requisitos mínimos na apresentação do Laudo de Avaliação, temos:

Identificação da pessoa física ou jurídica e/ou representante legal que

tenha solicitado o trabalho;

Objetivo da avaliação;

Identificação e caracterização do bem avaliando;

Identificação dos métodos utilizados, com justificativa da escolha;

Especificação da avaliação;

Resultado da avaliação e sua data de referência;

Qualificação legal completa e assinatura dos profissionais responsáveis

pela avaliação;

Local e data do laudo;

Outras exigências previstas nas demais partes da NBR 14653.

Considerando que a finalidade é aproximar o magistrado do conhecimento da

verdade, alguns requisitos se fazem necessários. O perito estará expondo o

resultado dos exames, das observações, das investigações, das indagações,

das pesquisas, e de tudo mais que vier a ser feito para concluir a perícia.

Portanto o produto final da perícia é o laudo.

O perito deve ter isenção total. Cabe a ele se preocupar em produzir um bom

trabalho, bem fundamentado, observando os critérios estipulados por sua

atividade e por delimitadores judiciais. Deve observar o resultado do laudo

pericial como o resultado de uma ciência exata e não por ser favorável ou

desfavorável à determinada parte do embate judicial.

Mantendo a amplitude do conceito, o Engenheiro Rui Juliano, em seu livro

Manual de Perícias, atenta para a necessidade do expert não se deixar

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influenciar, perturbar ou sofrer interferências, quer impulsionadas pelas partes,

pelos assistentes técnicos, pelos advogados ou qualquer outros. A falta de

serenidade pelo ilustre durante seus trabalhos acarreta, sem embargos, na

perda da qualidade e isenção do laudo a ser apresentado.

A objetividade, por si só, pressupõe a exclusão do julgamento pessoal e

subjetivo. Sem divagações o perito deve expressar-se de forma concreta,

respeitando sua disciplina de conhecimento. Fixar-se a realidade, sem emissão

de opiniões vagas e imprecisas. Por isso deve ter rigor tecnológico, limitando-se

ao que é reconhecido como científico no campo de sua especialidade.

A concisão exige a não extensão em excesso. Devem-se evitar argumentos

inúteis, porém, nunca chegar ao ponto da exclusão dos contextos fundamentais

à qualidade e fundamentação do laudo pericial. Basilar então, quando da

conclusão, alegar o porquê concluiu e em que se baseia para apresentar sua

opinião.

A necessidade de abstrair as suposições e tecer opiniões com absoluta

segurança torna a exatidão uma condição essencial a um laudo. Um laudo não

pode basear-se em hipóteses, mas apenas em fatos concretos. Por isso,

somente conseguimos a exatidão em um laudo pericial quando as provas que

conduzem à opinião são consistentes e obtidas por critérios técnico-científicos.

É necessário, contudo, o entendimento de que o laudo é feito para terceiros, que

não são especialistas, e que não possuem obrigação de entender a terminologia

técnica. Sendo assim, deve o mesmo conter nomenclaturas inequívocas quanto

ao seu entendimento. A clareza compreende ainda, em resposta isentas de

dúvidas e a abrangência completa dentro do que se pergunta.

Além dos preceitos enunciados, a emissão do laudo pericial deve ser completa.

Deverá o expert esgotar o assunto objeto de exame pericial. Ainda mencionar os

exames e diligências realizadas, bem como os seus resultados, e ao final, emitir

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uma conclusão técnica que resuma e esclareça os fatos da lide. O laudo pericial

é uma obra pessoal do Perito que o assina.

Quanto a sua estrutura, normalmente, os Laudos são subdivididos em folha de

rosto, corpo do laudo e conclusão. Existe ainda a opção de apresentar o laudo

junto com uma petição com o pedido de juntada do mesmo aos autos e

estimativa de honorários. Deve o laudo, inicialmente, ter uma identificação do

trabalho apresentado. Normalmente começa-se pelo nome do perito, sua

qualificação, número do processo, reclamante e reclamada. Logo a seguir o tipo

de laudo que se está apresentando, normalmente em destaque, ou seja, laudo

de liquidação, laudo para esclarecimentos, laudo de retificação, dentre outros.

Ainda na mesma folha é facultativa uma breve apresentação da estrutura do

trabalho que será apresentado.

Após a exposição da matéria a conclusão faz um relato sintético de tudo o que

foi exibido com o intuito de explicar de modo resumido e relacionado tornando-a

uma opção rápida de compreensão da perícia.

Por último, apesar de não aconselhável uma linguagem técnica, alguns

formalismos mínimos devem ser atendidos. Conter rubricas, ou vistos, em todas

as páginas do laudo, e assinatura na última, com o intuito de evitar fraude

decorrente de substituição de folhas. Para citações indiretas, numerar as

páginas sequencialmente. O uso de um sumário pode ser boa prática, contendo

os itens abordados no corpo do laudo. Ainda ao final, enumerar e identificar

todos os anexos além de constar uma citação de encerramento com a

quantidade total de páginas constantes no laudo pericial. Tudo em conformidade

comas normas da ABNT.

O Laudo Técnico poderá ser acrescido do Parecer Técnico. O Parecer é a

opinião emitida por especialista a respeito do Laudo Técnico. A opinião do Perito

pode constituir prova judicial quando as informações foram insuficientes para

utilização dos métodos previstos na NBR 14.653, ou seus parâmetros

estabelecidos não foram alcançados.

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O Laudo Técnico pode ser também, o título usado à Perícia confeccionada pelo

Assistente Técnico.

Proposta de honorários

Após o estudo realizado no processo, e com o conhecimento dos quesitos

formulados pelas partes e pelo juízo, o Perito irá formular a proposta de

honorários, a qual deverá ser coerente com o trabalho técnico a ser realizado.

Esses parâmetros de tempo e valores estão inseridos em tabelas de honorários,

sendo que o Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia (IBAPE),

fornece aos seus associados. Essa tabelas são elaboradas para cada região do

País, portanto, podem ter valores diferenciados e devidamente adaptados a

realidade da região a qual pertence a comarca do Fórum em que esta tramitando

o processo judicial do qual o profissional nomeado irá trabalhar.

Registro dos trabalhos técnicos

Os Conselhos em que o profissional da área tecnológica obrigatoriamente tem

de ser registrado para exercer suas atividades técnicas são o Conselho Regional

de Engenharia e Agronomia (CREA) e o Conselho de Arquitetura e Urbanismo

(CAU). Todos os trabalhos de responsabilidade técnica dos profissionais do

sistema têm de ser registrados por meio da ART ou RRT, sendo preenchidas

com as atribuições conferidas pelo Sistema, as quais são definidas equivalentes

a formação tecnológica do profissional responsável pelo trabalho realizado.

A Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) e o Registro de

Responsabilidade Técnica (RRT) são os documentos que garantem os direitos

autorais do trabalho técnico do profissional, comprovando ainda a existência de

um contrato firmado com o cliente, inclusive nos casos em que a contratação

firmou-se de forma verbal. É um comprovante da prestação de serviço que

garante também o direito à remuneração, define os limites da responsabilidade

quanto à atividade executada, sendo ainda importante para licitações e

aposentadoria. Registrada no Conselho, fará parte do acervo técnico do

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profissional, que é o currículo que comprova sua experiência e o da empresa a

que ele está vinculado.

Visto pelo ângulo do vínculo profissional, a ART, ou RRT, é também um eficaz

instrumento de defesa do consumidor, porque declara o compromisso do

profissional com a qualidade dos serviços prestados, permitindo que a sociedade

identifique os responsáveis por determinado empreendimento e as

características do serviço contratado. Em casos de sinistros, identifica

individualmente os profissionais responsáveis, auxiliando na acareação das

responsabilidades junto ao Poder Público.

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Avaliações e Perícias

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