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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE DO ESPIRÍTO SANTO
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS NATURAIS
ENGENHARIA QUÍMICA
CAMILA CAROLYNE DE OLIVEIRA SANTOS
FREDERICO KROHLING MAYER
JULIO PANSIERE ZAVARISE
RELATÓRIO Nº 3
EXPERIMENTO 06 : EQUILÍBRIO DE FASES
SÃO MATEUS-2015
RESUMO
O relatório apresentado trata do experimento com objetivo de determinar
experimentalmente o diagrama de fases binário, a temperatura crítica e
aplicação da regra da alavanca para esse sistema composto fenol e água.
Também tem o objetivo de representar um diagrama de fases ternário com
suas linhas de amarração composto por água, ácido acético e clorofórmio e
calcular a massa das fases em equilíbrio. A partir de temperaturas de
turvamento em diferentes composições determinou-se para o sistema binário
uma temperatura crítica de Tc=66°C e por titulações obteve-se uma massa de
ácido acético em equilíbrio para os sistemas 1, 3 e 4, respectivamente ,de
14,03 ; 39,08 e 47,00 g e na fase aquosa e 0,1341 ; 0,7267 e 1,3220 g na fase
orgânica.
Palavras Chave: Diagrama de fases. temperatura crítica. regra da
alavanca.
1. INTRODUÇÃO :
Diagramas de fase são formas gráficas de se representar sistemas de
componentes com base nas condições de equilíbrio entre fases
termodinamicamente distintas. Estes diagramas podem ter como a variáveis a
pressão, composição e a temperatura, sendo o mais comum o diagrama de
temperatura versus composição, no qual pode-se descrever as fases
presentes, a composição dos componentes, a temperatura de ebulição ou de
fusão para determinada composição.[1]
Para equilíbrios entre dois líquidos, ou seja, sistema de dois componentes é
feito um diagrama de fases binário. Nesse diagrama obtém-se a curva de
solubilidade com variações de composição ou da temperatura. Quando se
adiciona uma pequena quantidade de líquido B puro em A puro em uma
determinada temperatura T, há uma dissolução completa e o sistema formado
é binário e monofásico (P=1). Se mais líquido B é adicionado, parte da solução
adicionada não é solubilizada assim o sistema é binário e bifásico (P=2). A
composição da solução bifásica pode ser determinada se a pressão é mantida
constante uma vez que pela regra de fases de Gibbs F= 3-P =1, mantendo a
composição que é determinada pela regra da alavanca:
Figura 1: Regra da alavanca. Fonte da imagem: http://people.cst.cmich.edu/teckl1m
m/PChemI/Chm351Ch8aF01.htm.
A figura acima representa graficamente a regra da alavanca, onde mostra a
região de equilíbrio entre duas fases α e β, e as distâncias em relação ao ponto
da isopleta representadas por lα e lβ. [2]
Analisando um diagrama de temperatura versus composição, as variações na
temperatura provocam mudanças na composição das fases promovendo a
miscibilidade. Através de várias composições diferentes pode-se determinar o
limite de solubilidade de um sistema bifásico, mantendo-se a pressão
constante.
Para sistemas formados por três componentes, ou seja, uma mistura ternária
recorre-se à geometria dos prismas de base triangular como diagrama de
representação onde às ordenadas se faz corresponder a temperatura ou a
pressão e à base (um triângulo equilátero) se associa a composição dos
componentes, de forma que a soma das frações mássica ou molar sejam iguais
a um. Cada vértice do triângulo corresponde aos componentes puros do
sistema ternário, pontos nos lados do triângulo representa a composição de
uma mistura binária e pontos dentro do triângulo representam misturas dos três
componentes.
No interior da área limitada por ACPDB (figura 2) existem duas fases (P=2) de
líquidos imiscíveis que mostram a composição global. O ponto A é o limite de
solubilidade do componente 3 em 2 e o ponto B o limite de solubilidade do
componente 2 em 3. O ponto P designa-se por ponto de crítico na qual as
composições de ambas as fases em equilíbrio são iguais. Fora da área limitada
existe apenas uma fase de líquidos miscíveis. [3]
Quando se aumenta a temperatura geralmente a solubilidade dos componentes
aumenta devido à agitação molecular, assim a área bifásica nos diagramas
triangulares vai sendo cada vez mais reduzida, como pode-se observar na
figura 2 abaixo:
Figura 2 : Esquema para ilustração de um diagrama ternário. Fonte da
imagem: http://labvirtual.eq.uc.pt/siteJoomla/images/stories/llefund5.pn.
2. MATERIAIS E MÉTODOS :
2.1-EQUIPAMENTOS :
Termômetro ; Pipeta Pasteur;
Béquer; Pêra de succção ;
Suporte Universal ; Chapa de aquecimento;
Mufa; Frasco Lavador.
Garra ;
2.1.1-VIDRARIAS :
Tubos de ensaio; Bureta 50,00 mL;
Pipeta graduada de 5,00 mL; Béquer 100 mL;
Frasco Erlenmeyer 250 mL. Béquer 50 mL.
2.2-REAGENTES:
Água destilada; Ácido acético glacial P.A
(CH₃COOH);
Solução padrão de Hidróxido de
Sódio (NaOH) 0,8931 mol/L ;
Clorofórmio P.A (CHCl3);
Fenol/Ácido Fênico P.A (C6H5OH); Fenolftaleína.
2.3-PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL:
Parte I- Determinação do equilíbrio líquido-líquido em um sistema binário
Foram feitas misturas de diferentes composições para análise da temperatura
de miscibilização. Primeiramente foi pesado aproximadamente 4g de fenol em
um Béquer de 50 mL na balança analítica e depois transferiu-se toda a massa
para um tubo de ensaio, adicionando ao tubo com o auxílio de uma bureta de
50,00 mL os volumes de água destilada de 2;3;4 e 6 mL. Para cada
composição feita aqueceu-se o tubo em banho maria com temperatura entre 70
e 80°C até a completa dissolução. Após isto o tubo foi retirado do banho e com
um termômetro a mistura foi agitada até o aparecimento de turbidez da
solução, anotando esta temperatura. Realizou-se um novo aquecimento do
tubo de ensaio até a miscibilização e novamente foi observada a temperatura
de turvamento, de forma que esta não ultrapassasse mais que 1°C da primeira.
Repetiu-se o procedimento do parágrafo anterior para outro tubo de ensaio
limpo, porém partindo de 1g de fenol e adicionando os volumes de água de
2;3;4 e 5 mL. Em um outro tubo de ensaio, foi adicionado 0,5g de fenol e
volumes de 3; 3,5 e 5mL com o auxílio de uma bureta e o mesmo procedimento
de análise de temperatura de turvamento foi feito.
Parte II-Determinação do equilíbrio líquido-líquido em um sistema ternário
Tendo como componentes da mistura ternária água, ácido acético e clorofórmio
foram preparadas primeiramente misturas de acordo com a tabela 1 de forma
que cada mistura (enumeradas de 1 a 8), foram feitas adicionando os volumes
de dois componentes com o auxílio da bureta como indicado na tabela e do
terceiro indicado como “a determinar’’ que foi adicionado, também utilizando
uma bureta, até o aparecimento do turvamento da solução. Foram anotadas as
temperaturas do início e fim do experimento assim como os volumes dos
componentes adicionados.
Tabela 1. Misturas preparadas para determinação do diagrama de fases.
Vol. Água/ mL Vol. HAC/mL Vol. CHCl3/mL
1 24 16 A determinar
2 8 12 A determinar
3 5 15 A determinar
4 1 9 A determinar
5 A determinar 4 36
6 A determinar 5 15
7 A determinar 8 12
8 A determinar 12 8
Duas misturas foram preparadas adicionando os volumes de componentes de
acordo com a tabela 2, e após a completa separação das fases duas alíquotas
de 5mL de cada fase foram retiradas com uma pipeta graduada e colocadas
em 4 frascos erlenmeyers. Cada alíquota foi pesada, e titulada com solução de
NaOH 0,8931 mol/L usando como indicador fenolftaleína de forma a determinar
o volume de ácido acético solubilizado em cada fase.
Tabela 2. Sistemas sugeridos para determinação das fases em equilíbrio.
Vol. Água/ mL Vol. HAC/mL Vol. CHCl3/mL
1 18 4 18
2 14 8 18
3 10 12 18
4 6 16 18
2.4- METODOLOGIA DOS CÁLCULOS:
Para relacionar a massa de cada substância na mistura recorrem-se as
densidades absolutas a 25º C, dos componentes da mistura , listados na
tabela abaixo:
Tabela 3. Dados físico-químicos dos componentes do sistema ternário.
Densidades absolutas (
g/ml) , 25° C
Massa molar
(g/mol)
Água (líq.) 1,00 18
Fenol P.A - 94.11
Ácido Acético P.A (líq.) 1,051 60,05
Clorofórmio P.A (líq.) 1,48 119,38
Fazendo uso da definição de densidade absoluta (Equação 2) e rearranjando
os termos encontra-se uma expressão adequada para o cálculo da massa de
cada componente na mistura e somando as massas encontradas obtém-se a
massa total da mistura. Os resultados encontrados se encontram organizados
na tabela 1-1 e 2-3:
(Equação 2) .:
Para calcular as frações mássicas de cada componente nas misturas de 1 a 8 ,
utiliza-se a equação 3 , onde xi representa a massa da substância e M* a
massa total da mistura . Os resultados obtidos são apresentados na tabela 2-4:
(Equação 3).
Para calcular a massa média das alíquotas de 5 mL de cada fase , tomou-se a
massa de duas alíquotas , denotadas por 1 e 2 e utilizou-se a equação 3 . As
massas tomadas de cada uma das alíquotas retiradas, bem como a média das
determinações se encontram na tabela 2-5.
(Equação 4)
A equação 4 mostra o que acontece com a quantidade de matéria das
espécies químicas no ponto de equivalência , de acordo com a estequiometria
da reação . Substituindo a quantidade de matéria de NaOH pela concentração
molar multiplicada pelo volume adicionado da substância até atingir o ponto
final da titulação encontramos a equação 5 conveniente para encontrar a
quantidade de matéria de ácido acético em cada fase :
(Equação 4).
(Equação 5).
A massa de ácido acético presente em cada uma das fases pode ser calculada
pela equação 6 , onde a massa molar MCH3COOH = 60,05 g/mol e mCH3COOH
representa a massa de ácido acético presente na fase correspondente . Os
resultados obtidos , bem como a média das determinações de massa se
encontram na tabela 2.8:
(Equação 6)
A regra da alavanca permite determinar as proporções em cada fase a partir de
um único ponto. Para isso, precisa-se medir a distância do ponto até a curva de
equilíbrio da fase que se queria calcular a fração (α para a fase aquosa e β
para a fase orgânica ) e dividir pelo comprimento total da linha de amarração
(lα e lβ). Os resultados encontrados estão dispostos na tabela 2-10 .
2.5-CÁLCULOS:
Nota: Somente os cálculos julgados necessários foram mantidos. Os demais
cálculos realizados referentes foram omitidos por questão de simplicidade .
I-Determinação das frações mássicas dos componentes dos pontos A, B
e C de 1-3 ( referente à tabela 2-9) :
(Equação 2).
(Equação 3).
Sistema 1 (Ponto A):
Volume H2O
(mL)
Volume
CH3COOH (mL)
Volume CHCl3
(mL)
18 4 18
MH20= 1,00 g/mLx 18 mL=18 g
MCH3COOH =1,051 g/mL x 4 mL= 4,204 g
MCHCl3 =1,48 g/mL x 18 mL= 26,6 g
M* = 48,8 g
x H20 = 36,89 % (m/m)
x CH3COOH = 08,61% (m/m)
x CHCl3 = 54,50 % (m/m)
Sistema 3 ( Ponto B) :
Volume H2O
(mL)
Volume
CH3COOH (mL)
Volume CHCl3
(mL)
10 12 18
MH20= 1,00 g/mLx 10 mL= 10 g
MCH3COOH =1,051 g/mL x 12 mL= 12,612 g
MCHCl3 =1,48 g/mL x 18 mL= 26,6 g
M* = 49,2 g
x H20 = 20,30 % (m/m)
x CH3COOH = 25,63% (m/m)
x CHCl3 = 54,07 % (m/m)
Sistema 4 (Ponto C):
Volume H2O
(mL)
Volume
CH3COOH (mL)
Volume CHCl3
(mL)
6 16 18
MH20= 1,00 g/mLx 6 mL=6 g
MCH3COOH =1,051 g/mL x 16 mL=16,816 g
MCHCl3 =1,48 g/mL x 18 mL=26,6 g
M* = 49,4 g
x H20 = 12,14 % (m/m)
x CH3COOH = 34,02 % (m/m)
x CHCl3 = 53,86 % (m/m)
II-Determinação da quantidade de CH3COH presentes nas fases aquosa e
orgânica (referente à tabela 2-8 ) :
(Equação 5).
(Equação 6).
(Equação 3).
DADOS :
CNaOH = 0,8931 mol/L;
Sistema 1:
VNaOH fase aquosa VNaOH fase Orgânica
13,6 mL 2,5 mL
Fase aquosa :
0,8931 mol.L-1 x 13,6.10-3 L
nº mols CH3COOH = 0,01214616 mol
mCH3COOH =0,7294 g
% CH3COOH=
= 14,03 %
Fase orgânica :
0,8931 mol.L-1 x 2,5.10-3 L
nº mols CH3COOH = 0,00223275 mol
mCH3COOH = 0,1341 g
% CH3COOH =
= 1, 856 %
Sistema 3:
VNaOH fase aquosa VNaOH fase Orgânica
37,6 mL 13,55 mL
Fase aquosa :
0,8931 mol.L-1 x 37,6 .10-3 L
nº mols CH3COOH = 0,03358056 mol
mCH3COOH =2,0165 g
% CH3COOH==
= 39,08 %
Fase orgânica :
0,8931 mol.L-1 x 13,55.10-3 L
nº mols CH3COOH = 0,012101505 mol
m CH3COOH =0,7267 g
% CH3COOH =
=10,61 %
Sistema 4:
VNaOH fase aquosa VNaOH fase Orgânica
47, 95 mL 24,65 mL
Fase aquosa :
0,8931 mol.L-1 x 47, 95.10-3 L
nº mols CH3COOH = 0,042824145 mol
m CH3COOH =2,5716 g
% CH3COOH =
=47,00 %
Fase orgânica :
0,8931 mol.L-1 x 24,65.10-3 L
nº mols CH3COOH = 0,022014915 mol
m CH3COOH =1,3220 g
% CH3COOH=% CH3COOH =
= 19,72 %
II-Determinação das massas das fases em equilíbrio (referentes à tabela
2.10 ):
Regra da alavanca : mα. lα=mβ. lβ;
mα+mβ=1 ;
α=fase rica em água ;
β=fase rica em clorofórmio;
mα=fração mássica da fase rica em água ;
mβ= fração mássica da fase rica em clorofórmio .
Ponto A :
mα=(0,375-0,125)/(0,375-0,125 + 0,125-0,03 )= 0,725
mβ=0,275
Ponto B :
mα=(0,47-0,20)/(0,47-0,20 + 0,20-0,05 )=0,643
mβ=0,357
Ponto C:
mα=(0,64-0,375)/(0,375-0,25+0,64-0,375 )=0,680
mβ=0,320
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
I- Determinação do equilíbrio líquido-líquido em um sistema binário
Os dados obtidos experimentalmente estão representados na Tabela 1-1.
Tabela 1-1. Medidas da temperatura na qual se iniciam as turvações para
determinadas massas de água e fenol. * A densidade da água foi considerada 1 g/cm³.
Tubo
de
Ensaio
Massa
de fenol
(g)
Massa de
água (g)*
T1 (°C) T2 (°C) Tmed
(°C)
ΔT
(°C)
%
Fenol
(m/m)
I 4,2619 2,0 45,0 45,0 45,0 0 68,06
3,0 58,0 59,0 58,5 1,0 58,69
4,0 63,6 63,0 63,3 0,6 51,58
6,0 65,0 66,0 65,5 1,0 41,53
II 1,0242 2,0 65,0 66,0 65,5 1,0 33,87
3,0 64,0 63,5 63,7 0,5 24,94
4,0 62,0 62,0 62,0 0 20,38
5,0 59,0 58,9 58,9 0,1 17,00
III 0,5256 3,0 55,0 55,5 55,2 0,5 14,91
3,5 50,5 50,0 50,2 0,5 13,06
5,0 32,0 32,0 32,0 0 9,51
Com os valores de temperatura média do início das turvações e a composição
da mistura (em termos de fração mássica), foi construído o diagrama de fases
para este sistema binário, representado pela figura 3.
Figura 1-1 .Diagrama de fases água-fenol
No gráfico, a linha que liga os pontos é a curva de miscibilidade . A curva de
miscibilidade foi encontrada através de uma reta de regressão linear , que
utiliza um polinômio de grau 6 para interpolar os pontos experimentais obtidos
e delimitar a região bifásica . Dentro da região delimitada por essa linha, têm-se
P=2.Quando se tem P=2, F’=1. Isto significa que há um grau de liberdade,
apenas uma variável pode ser alterada. Este gráfico apresenta uma pressão
constante, que é a pressão atmosférica, 1 atm. Na região de duas fases o
equilíbrio se dá a pressão constante. A temperatura é a variável que está
sendo alterada, sendo, portanto, o fator responsável pela determinação da
composição das fases líquidas imiscíveis em equilíbrio. Fora da curva de
miscibilidade têm-se P=1 (correspondendo a um sistema em que dois líquidos
estão homogeneamente misturados), a temperatura e a composição podem ser
arbitrariamente fixadas.
A temperatura crítica superior de solução é a temperatura mais elevada em que
pode haver separação entre as fases. No diagrama de fases água-fenol
montado experimentalmente, representado pelo gráfico 1, esta temperatura é
de 66°C. A partir dessa temperatura, o fenol e a água são miscíveis um no
outro em quaisquer proporções. As interações intermoleculares do tipo água-
fenol se tornam maiores que as interações intermoleculares do tipo água-água
e fenol-fenol, tornando o sistema seja miscível.
Caracterização de um sistema composto por 4 g de fenol e 6 g de água
Um sistema composto por 4 g de fenol e 6 g de água, na temperatura de 50°C,
utilizando-se o Gráfico 1, pode ser caracterizado como com duas fases líquidas
imiscíveis. Traçando uma linha imaginária na temperatura de 50°C e utilizando-
se a regra da alavanca( Equação 1), obtêm-se:
mαlα=mβlβ
mα(0,4-0,12) = mβ(0,66-0,4)
0,28 mα = 0,26 mβ
Então, conclui-se que a relação entre a fase rica em água e a fase rica em
fenol é de 0,929. Agora, temos um sistema de equações:
mα = 0,929 mβ
mα + mβ = 1
Resolvendo o sistema de equações, encontra-se que a fase rica em água (mα)
corresponde a 48 % em massa do sistema, e a fase rica em fenol (mβ)
corresponde a 52% em massa do sistema. Para conhecimento da quantidade
em massa de água e de fenol nestas duas fases, é preciso analisar o gráfico. A
porcentagem de fenol é representada pelo segmento vertical das linhas de
amarração em interseção com o eixo x. Na fase rica em água há 87% em
massa de água e 13% em massa de fenol correspondendo a 4g e 0,6g,
respectivamente. Na fase rica em fenol há 37% de água (2g) e 63% de fenol
(3,4g).
II-Determinação do Equilíbrio Líquido-Líquido em um Sistema Ternário :
DETERMINAÇÃO DA CURVA DE MISCIBILIDADE DO DIAGRAMA TERNÁRIO:
Os volumes de clorofórmio adicionados até o aparecimento de uma fase turva
na solução de água e ácido acético encontram-se na tabela 2.1:
Tabela 2-1. Composição das soluções de água e ácido acético, e volumes de
clorofórmio adicionados a cada solução até o aparecimento de duas fases.
Mistura Volume H2O (mL) Volume CH3COOH (mL) Volume CHCl3 (mL)
1 24 16 1,80
2 8 12 2,60
3 5 15 7,00
4 1 9 12,50
Em seguida, foram determinados os volumes de água adicionados até o
aparecimento do turvamento nas misturas de ácido acético e clorofórmio. Os
volumes de água adicionados encontram-se na tabela 2.2.
Tabela 2-2. Composição das soluções de ácido acético e clorofórmio, e volumes de
água adicionados a cada solução até o aparecimento de duas fases.
Mistura Volume H2O (mL) Volume CH3COOH (mL) Volume CHCl3 (mL)
5 8,25 4 36
6 8,30 5 15
7 1,50 8 12
8 3,40 12 8
Ao analisar os resultados da tabela 2-1 , observa-se que o volume de
clorofórmio necessário para o início do turvamento é maior a medida que os
volumes de água e de ácido acético presentes na mistura diminuem . Com o
aumento da quantidade de ácido acético na mistura a água pode se miscibilizar
em maior quantidade. Logo, é necessário adicionar uma quantidade maior de
água para saturar a solução de ácido acético e clorofórmio, e isso indica que a
água e ácido acético são componentes completamente miscíveis , enquanto
água e clorofórmio não o são.
Um ponto importante a ressaltar é que a partir dos dados da tabela 2-1 e 2-2 e
pela diferença de solubilidade do ácido acético na água e no clorofórmio, pode-
se observar que comparando duas misturas, uma com uma grande quantidade
de água e outra com essa mesma quantidade, só que de clorofórmio, a mistura
que necessita menor volume de ácido acético para miscibilizá-la totalmente é a
que contém uma grande quantidade de clorofórmio. Isso sugere que o ácido
acético é mais solúvel em clorofórmio.
Para construir um diagrama ternário de miscibilidade a partir da composição
das misturas de 1 a 8 foi necessário converter os volumes medidos de cada
substância em massa e posteriormente encontrar as frações mássicas de cada
componente na mistura. Os resultados obtidos para a determinação das
massas dos componentes nas misturas de 1 a 8 e das respectivas frações
mássicas dos componentes, se encontram nas tabelas 2-3 e 2-4:
Tabela 2-3. Resultados obtidos para o cálculo das massas de cada componente nas
misturas de 1 a 8 .
Mistura MH2O (g) MCH3COOH (g) MCHCl3 (g)
Massa total da
mistura- M * (g)
1 24,00 16,82 02,68 43,50
2 08,00 12,61 03,45 24,06
3 05,00 15,76 10,36 31,12
4 01,00 09,46 18,50 28,96
5 08,25 04,20 53,28 65,73
6 08,30 05,26 22,20 35,76
7 01,50 08,41 17,76 27,67
8 03,40 12,61 11,92 27,93
* M= MH2O + MCH3COOH + MCHCl3
Tabela 2-4. Frações mássicas de cada componente nas misturas de 1 a 8 .
Mistura Fração mássica
H2O % (m/m)
Fração mássica
CH3COOH % (m/m)
Fração mássica CHCl3
% (m/m)
1 55,17 38,66 06,17
2 33,30 52,40 14,30
3 16,06 50,64 33,30
4 03,45 32,67 63,88
5 12,56 06,39 81,05
6 23,21 14,71 62,08
7 05,43 30,39 64,18
8 12,18 45,14 42,68
Para plotar o diagrama ternário através dos pontos obtidos traçou-se uma
curva de tendência , que seria a curva binodal ou curva de miscibilidade que
separa duas regiões de equílibrio líquido-líquido. No diagrama abaixo (figura 2)
, é possível observar que apenas os 5 primeiros pontos experimentais foram
usados. Os demais se deram em regiões consideradas muito discrepantes da
tendência natural da linha de transição de fases e, portanto, foram
desconsiderados. Os dois pontos nos quais a quantidade de ácido acético é
nula foram obtidos pela extrapolação dos resultados obtidos, respeitando a
progressão de caimento dos coeficientes angulares das retas que ligavam os
pontos anteriores.
A região do gráfico que se encontra interior à curva de solubilidade é a região
onde se tem duas fases em equilíbrio; uma fase rica em água, mas que
também contém pequenas quantidades dos outros componentes dissolvidos, e
outra fase rica em clorofórmio que também contém quantidades dissolvidas dos
outros. Isso acontece porque a água e o clorofórmio são parcialmente
miscíveis, enquanto que o ácido acético é completamente miscível em cada um
deles.
Figura 2-1. Diagrama ternário para o sistema água-ácido acético-clorofórmio
determinado experimentalmente.
No diagrama ternário construído, observa-se que a região compreendida
abaixo da curva binodal representa as composições onde existem duas fases
líquidas em equilíbrio . Nessa região temos P=2 , onde P representa o número
de fases em equilíbrio, e ao aplicar a Regra das Fases , com a condição de que
a temperatura e a pressão sejam mantidas constantes , obtemos que o número
de graus de variância ou graus de liberdade , do sistema água-ácido acético-
clorofórmio é igual a F’=1 . Se F’=1 isso implica que somente uma variável
intensiva pode ser mudada sem alterar a composição das fases em equilíbrio .
Na região acima da curva de miscibilidade , temos uma região homogênea ,
isto é , os componentes da mistura são completamente miscíveis e formam
uma única fase P=1. Quando P=1 pela Regra das Fases temos F’=2 , o que
implica que duas variáveis intensivas podem ser alteradas de forma
independente sem alterar as composições do sistema .
DETERMINAÇÃO DA COMPOSIÇÃO DAS FASES EM EQUÍLIBRIO
Preparou-se os sistemas 1, 3 e 4 com composições apresentadas na tabela 2.
Após realizar a agitação do béquer contendo a mistura , observou-se a
separação entres as fases orgânica e aquosa. Foi notado que a fase orgânica
(formada por clorofórmio e ácido acético) decantou, por ser mais densa que a
fase aquosa (formada por água e ácido acético) cuja a qual permaneceu como
sobrenadante.
Tabela 2-5. Massas das alíquotas de cada fase e a média aritméticas da
determinações realizadas.
Sistema
Fase Aquosa Fase Orgânica
Alíquota
1 (g)
Alíquota
2 (g) Média(g)
Alíquota
1 (g)
Alíquota
2 (g)
Média (g)
1 5,3544 5,0423 5,1984 7,2350 7,2180 7,2265
3 5,1488 5,1721 5,1604 6,8432 6,8509 6,8470
4 5,4726 - 5,4726 6,7042 - 6,7042
Para se determinar a quantidade exata de ácido acético procedeu-se a
titulação de duas alíquotas de 5,00 mL de cada fase contra uma solução
aquosa de NaOH padronizada , com concentração exatamente conhecida igual
a 0,8931 mol/L , usando fenolftaleína como indicador. As médias aritméticas
dos volumes gastos de NaOH para atingir o ponto final da titulações realizadas
encontram-se dispostas na tabela 2-7.
Tabela 2-7. Volumes médios de NaOH padronizado gastos na titulação das alíquotas
Sistema
Volume de NaOH gasto na
titulação da fase aquosa
(mL)
Volume de NaOH gasto na
titulação da fase orgânica (mL)
1 13,6 2,5
3 37,6 13,55
4 47, 95 24,65
Admitindo que o erro de titulação seja desprezível, pode-se então supor que o
ponto final e o ponto de equivalência sejam coincidentes e que a quantidade de
matéria (número de mols ) no ponto de equivalência seja equivalente a
quantidade de NaOH adicionada . A seguinte reação de neutralização
balanceada descreve a reação entre o analito(CH3COOH) e o titulante(NaOH):
CH3COOH (aq) + NaOH (aq) → CH3COONa (aq) + H2O (l)
O ponto final da titulação ,é indicado visivelmente pela mudança de cor da
solução titulada , que mudou de incolor (meio ácido) para rosa (meio básico).
Nota-se que há certa dificuldade em se detectar o ponto final da titulação
devido principalmente a incapacidade do olho humano de distinguir as cores
intermediárias da solução nos extremos do ponto de viragem. Logo,
inevitavelmente tem-se um fator responsável por erro positivo nas medições do
volume de NaOH ,que provavelmente afetou a determinação da quantidade de
matéria de CH3COOH presente nas fases orgânica e aquosa, apresentadas na
tabela 2-8.
Tabela 2-8. Massas de CH3COOH presentes nas fases aquosa e orgânica.
Sistema Massa de presente
CH3COOH na fase
aquosa (g)
%
CH3COOH
(m/m)
Massa de presente
CH3COOH na fase
orgânica (g)
%
CH3COOH
(m/m)
1 0,7294 14,03 0,1341 1, 856
3 2,0165 39,08 0,7267 10,61
4 2,5716 47,00 1,3220 19,72
As composições dos pontos A,B e C (que se localizam na região bifásica do
diagrama ternário), relativas aos sistema 1, 2 e 3 , se apresentam na tabela
2.9. Os pontos foram plotados no diagrama ternário e as linhas de amarração
foram obtidas coincidindo os dados de porcentagem da tabela 2.8 com a linha
de transição de fase obtida experimentalmente na figura 3. A figura 3 mostra o
diagrama ternário para essa mistura com as linhas de amarração desenhadas.
Tabela 2-9. Composições dos pontos A, B e C relativos aos sistemas 1, 2 e 3.
Sistema/Ponto % (m/m) H20 % (m/m)CH3COOH % (m/m) CHCl3
1 (A) 36,89 08,61 54,50
3 (B) 20,30 25,63 54,07
4 (C) 12,14 34,02 53,86
Figura 2-2. Diagrama ternário com as linhas de amarração determinadas com as
composições dos sistema 1, 2 e 3 , representadas pelos pontos A, B e C
respectivamente .
As linhas de amarração representam as composições globais das misturas de
duas fases em equilíbrio representadas; elas não são paralelas mudando a
inclinação de um modo suave, de acordo com a concentração.
A composição das fases em equilíbrio nos pontos A, B e C é obtida através da
Regra da Alavanca. Os resultados encontrados estão dispostos na tabela 2-9 .
Tabela 2-10. Frações mássicas das fases em equilíbrio.
Ponto % fração mássica da fase
rica em água α (m/m)
% fração mássica da fase
rica em água β (m/m)
A 72,5 27,5
B 64,3 35,7
C 68,0 32,0
A fase rica em água contém uma proporção muito maior de ácido acético do
que àquela rica em clorofórmio. Isso pode ser explicado pelo fato das
moléculas de ácido e água fazerem ligação de hidrogênio, enquanto que as
moléculas de ácido e clorofórmio interagem por forças de van der Waals, que
são mais fracas que as ligações de hidrogênio. Contudo, água e clorofórmio
não interagem entre si, formando, em cada fase a menor proporção da mistura
nos dois casos.
Sabe-se que solubilidade do clorofórmio em água é bastante limitada (a saber ,
0,8 g/100 ml a 20 °C) . De acordo com a regra empírica “semelhante dissolve
semelhante” ou “polar dissolve polar” , podemos predizer a apolaridade da
molécula CHCl3 ; que mesmo possuindo ligações C-Cl polares é uma molécula
apolar . Isso se explica pela geometria tetraédrica das molécula que torna o
momento dipolar da molécula nulo ; o que impede sua solubilização em água,
uma molécula extremamente polar . O molécula de CH3COOH por apresentar
uma pequena cadeia carbônica e um grupo hidroxila (OH) em sua estrutura ,
pode formar estabelecer ligações de hidrogênio, e é completamente solúvel em
água formando misturas homogêneas em qualquer proporção.
CONCLUSÃO
Foi possível observar neste experimento as propriedades de miscibilidade de
diferentes compostos e sua interação com a temperatura, como nos sistemas
de Fenol e Água onde foi possível determinar uma temperatura crítica superior
de 66°C. Isso mostra a temperatura onde estes compostos tornam-se
completamente miscíveis e, provando também, que os métodos utilizados
foram de grande eficácia, uma vez que o valor encontrado na literatura é de
65.5ºC.
Na construção do gráfico ternário houve discrepância em alguns dados,
pois o experimento era de difícil observação fazendo com que o ponto de
coleta dos dados fosse um pouco acima do correto em algumas análises. Isso
acarretou numa curva de equilíbrio de fases mais ampla do que o normal.
Entretanto se vê que é possível que dois líquidos a princípio imiscíveis, como a
água e o clorofórmio podem se tornar miscíveis com a adição de um terceiro
composto, o ácido acético, que se solubiliza com ambas as substâncias
tornando o sistema homogêneo. Foi possível observar também que o sistema
só adquire essa condição de miscibilidade dos 3 compostos a uma dada faixa
de temperatura e composição da mistura. A curva de equilíbrio, então,
corresponde a região na qual temperatura e composição da mistura
apresentam duas fases. Além, disso, devido à presença de acido acético e sua
característica comentada acima para esse sistema em específico, as fases
distintas apresentaram, cada uma, clorofórmio e água miscíveis em pequenas
proporções.
BIBLIOGRAFIA
1-ATKINS, P; PAULA J; Físico-Química, 9, Rio de janeiro ed. LTC, 2014.
2-LMDM - Laboratório de Material Didático Multimídia. Equilíbrio de Sistemas.
Disponível em: <http://www.cienciadosmateriais.org/index.php?acao= exibir&
cap=16&top=216>. Acesso em 5 out. 2015
3-FCTUC-Departamento de engenharia Química. Fundamentos do equilíbrio
líquido-líquido(LLE).Disponível em:<http://labvirtual.eq.uc.pt/siteJoomla/index.p
hp?option=com_content&task=view&id=150&Itemid=303>. Acesso em 5 out.
2015.
FICHA DE CORREÇÃO
Prática EQUILÍBRIO DE FASES
Alunos
CAMILA CAROLYNE DE OLIVEIRA SANTOS
FREDERICO KROHLING MAYER
JULIO PANSIERE ZAVARISE
Critério Peso Nota atribuída Nota do item
Resumo 1,50 6 9,0
Introdução 1,25 9 11,3
Materiais e Métodos 1,25 10 12,5
Resultados e Discussão 4,50 9,2 41,4
Conclusão 1,00 9,5 9,5
Referência 0,50 10 5,0
Questionário 0,00 0,0
Nota do relatório (média ponderada da "nota do item") 8,9