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EXCELENTSSIMA SENHORA DOUTORA JUZA DE DIREITO DA VARA DA
FAZENDAPBLICADACOMARCADEITAJASC
O MINISTRIO PBLICO DO ESTADO DE SANTA CATARINA, por
seu Promotor de Justia signatrio, no uso de suas atribuies institucionais e
legais, com fundamento nos artigos 127 e 129, III, da Constituio da Repblica
FederativadoBrasil;noartigo25,IV,daLein.8.625/93;noartigo82,VI,"b",daLei
Complementar Estadual n. 197/2000; no artigo1, I eVIdaLei n. 7.347/85, vem,
respeitosamente,peranteVossaExcelncia,promoverapresente
AOCIVILPBLICA
COMPEDIDOLIMINAR
contra
MUNICPIO DE ITAJA, pessoa jurdica de direito pblico interno,
inscrito no CNPJ sob o n. 83.102.277/0001-52, com sede na Rua
Alberto Werner, 100, Vila Operria, CEP n. 88.304-053, Itaja/SC,
representado pelo Excelentssimo Prefeito, Sr. Jandir Bellini, que
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recebecitaeseintimaesnoendereoacima;
CARELLIPROPRIEDADESLTDA.,pessoajurdicadedireitoprivado,
inscritanoCNPJsobon.17.008.758/0001-79,comsedenaRua1822,
n.364,Sala01,EdifcioNefertari,BalnerioCambori/SC,querecebe
citaeseintimaesnoendereoacima,pelosfatosefundamentos
queseguem:
A presente ao civil pblica tem por objetivo impedir a construo do
empreendimento Porsche Design Towers Brava por parte da demandada CARELLI
PROPRIEDADES LTDA., bem como a concesso, por parte do demandado
MUNICPIO DE ITAJA, de alvars construtivos, licenas e permisses de qualquer
natureza que estejam em confronto com as expressas limitaes da Zona de
Proteo Ambiental 1, em que efetivamente localizado o empreendimento.
Funda-se a causa de pedir na impossibilidade de, casuisticamente,
estender-se os parmetros construtivos de uma zona urbana, como aplicado pelo
MUNICPIO DE ITAJA, no caso em concreto, para levar a absoluta degradao de
uma rea que o prprio legislador municipal, entendeu como de relevncia
ambiental, fulminando a razo de existir de uma Zona de Proteo Ambiental que
alberga Mata Atlntica em estgio avanado de regenerao, tambm passvel de
tutela especfica em mbito federal (Lei n. 11.428/06).
Finalmente, destaque-se tambm que a presente ao interposta
com o objetivo especfico de tratar o evidente conflito entre a questo urbanstica do
empreendimento e os seus reflexos ambientais j que, ao contrrio da FAMAI que
indeferiu o licenciamento ambiental, repousa a informao de que o Municpio foi
favorvel em consulta prvia emitida pela Secretaria Municipal de Urbanismo que
posteriormente tambm aprovou o projeto da Porsche Design Towers Brava, no se
revelando prudente e mesmo adequado que este rgo de execuo aguarde
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complacentemente um evidente risco ao patrimnio urbanstico-ambiental, objeto de
controvrsia, em detrimento dos princpios da preveno e precauo.
IFundamentaofticaejurdica
OMinistrioPblico instaurouoInquritoCiviln.06.2016.00001098-2
para apurar a regularidade ambiental decorrente da pretensa constituio do
empreendimento Porsche Design Towers Brava da demandada CARELLI
PROPRIEDADESLTDA.aselocalizaremmeioaMataAtlnticaemlocalconhecido
como "Morro Cortado", bairro Praia Brava, Itaja, diante do recebimento de
representaes noticiando tais fatos bem como da constatao de ampla
publicidade divulgando o lanamento do empreendimento em diversos canais de
comunicao.
O que se denota que o empreendimento Porsche Design Towers
Bravavale-sededoispilaresbsicosparaosucessodoempreendimentosendoo
primeiro a vinculao com a marca alem, sinnimo de eficincia, e o segundo a
vinculaocomalocalizaonaMataAtlntica,ondeaarquiteturasurgeemmeio
afloresta.(http://www.porsche-design-towers-brava.com/pt/index.html).
Porm, fcil perceber, como se ver em seguida, que esses dois
supostospilaresseencontramderrudosdesdeaconcepodoprojeto.
Aumaporque foi iniciadode formamaisbrasileira impossvelcomo
seu amplo lanamento publicitrio desde So Paulo para todo o pas, atravs de
inmerosmeiosdecomunicaopara,depois,analisara(in)adequaoambientale,
aduas,porqueoseuprojetoexecutivocondicionadoaocorteedegradaode
significativa parcela da prpria Mata Atlntica donde se pretende instalar 4 torres
comvriosandareseapartamentosemmeioafloresta.
A impresso que se tem, diante dos amplos festejos noticiados pela
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mdiaemgeral,queapenasaexistnciadamarcaPorsche levaaumahipnose
coletivadosmaisincautosqueacreditamqueaedificaode4gigantestorrescom
740apartamentoseamplareacomercialpodeserrealizadaefetivamenteemmeio
a Mata Atlntica, em local que o Municpio entende como Zona de Proteo
Ambiental.
Alis, tanto verdade que, curiosamente, os empreendimentos j
executadoeemexecuodoprojetoPorsche Design Towers,deMiamieFrankfurt,
nos Estados Unidos da Amrica e Alemanha, aparentemente no ultrapassam o
nmero de 150 apartamentos e 1 torre enquanto o de Itaja, no Brasil, busca a
edificaode4torrese740apartamentosemZonadeProteoAmbiental,nomeio
daMataAtlntica.(http://www.porsche-design.com/en/pw/Towers/)
Portanto,maisdoquesubstanciosossubstratosfticosejurdicosque
sustentam a presente ao, tem-se que o empreendimento em questo foge ao
prprio bom senso, conforme se vislumbra nas duas figuras a seguir, sendo a
primeiraototalcomareadegradadaeasegundaalocalizao:
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Nesse passo, durante a instruo do Inqurito Civil requisitou-se
informaesFAMAIsobreascaractersticasdareaearegularidadeambientaldo
empreendimento fls. 10 e Secretaria Municipal de Urbanismo quanto a
existnciadeprojetoaprovadoouemanliseemrelaoaqual,contudo,nohouve
respostaatopresentemomentofl.11.
No obstante a ausncia de resposta do MUNICPIO DE ITAJA, a
instruo do indicirio revelou uma clara e evidente inclinao de acolhimento
urbanstico do empreendimento em rea caracterizada pela Lei Complementar
Municipal n. 215/12 Lei de Zoneamento e Uso do Solo de Itaja como de
proteo ambiental e que o MUNICPIO DE ITAJA, em interpretao do mesmo
diplomalegal,entendevivel,aomenosatopresentemomento,quandojemitiu
consultaprviafavorveleaprovouoprojetoconstrutivo.
OqueoMUNICPIODE ITAJA fezao responderaconsultaprviae
aprovar o projeto urbanstico da empresa CARELLI PROPRIEDADES LTDA foi
estender a Avenida Osvaldo Reis para acima do morro em distncia bastante
significativa da referida via pblica o que foi corretamente repelido pela FAMAI
quanto ao reflexo ambiental e que se busca, nessa ao, inviabilizar pela
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inconveninciaurbanstica.
Explique-se, neste contexto, que a controvrsia cinge-se a
interpretao em especifico do artigo 80 da Lei Complementar n. 215/12 que
estabelecequeo trechoentreaAvenidaOsvaldoReiseo"MorroCortado",acima
dacota20,constitui-seemZonaUrbana,especificamentecaracterizadacomoZona
Urbana2ZU2,aopassoqueamesmaLei,emseuAnexoI,dispeclaramente
que o imvel que dar lugar ao pretendido empreendimento est completamente
inseridoemZonadeProteoAmbientalZPA1,senovejamos:
Art. 80Na Avenida Osvaldo Reis no trecho compreendido do MorroCortado,acimadacota20ocoeficientedeaproveitamentoserde0,75eosdemaisparmetrosdaZonaUrbana2,conformeatabeladoanexoII.
Ilustrativa, no ponto, a imagem produzida pela FAMAI no parecer
tcnico n. 177/2016, a partir do referido Anexo, sobre a localizao do imvel na
ZonadeProteoAmbiental1,senovejamos:
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Ofatoquesecolocaimpeditivodapossibilidadedeedificarnosmoldes
do Porsche Design Towers Brava que o prprio parmetro construtivo na ZPA1
limita-se a empreendimentos unifamiliares, de no mximo 2 pavimentos, e
coeficiente de aproveitamento reduzido, como estabelece a Lei de Zoneamento e
UsodoSolodeItajaemseuAnexoII,diferenciandoapossibilidadedeedificao,
porZona,deempreendimentosunifamiliarespelondiceH1edeempreendimentos
unifamiliaresemultifamiliarespelondiceH1eH2comoinclusivetrataoartigo60da
citadaLei.
Nessesentido:
Art.60Osusosdosolo,segundosuascategoriasclassificam-seem:I-habitao:a) habitao unifamiliar (H1): Edificao destinada exclusivamente aousoresidencial,comapenasumaunidadedehabitaoporlote;b) habitao multifamiliar (H2): Edificao usada para moradia emunidades residenciais autnomas, correspondendo a mais de umaunidaderesidencialporlote,agrupadasverticalouhorizontalmente.
JoreferidoAnexoIIigualmentenodeixadvidadequenaZPA1s
permitidoresidnciasunifamiliares:
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OreferidoparecerdaFAMAIqueanalisouaviabilidadelocacionalpara
implantao do empreendimento Porsche Design Towers Brava estabeleceu
detalhadamente as questes relativas ao zoneamento e a manifestao da
SecretariaMunicipaldeUrbanismo,emConsultaPrvia,enquadrandoolocalcomo
inseridoemZonaUrbanadestacando,ainda,anecessidadedecortede2,3Hade
florestadobiomaMataAtlnticaemestgiosmdioeavanadoderegenerao,e
tratar-se o local de Zona de Amortecimento da Unidade de Conservao de
Proteo Integral do Parque Municipal da Ressacada, cujos limites ainda no
definidos sero ampliados, se manifestando, em concluso, pelo indeferimento da
LicenaAmbientalPrviasolicitada:
O local projetado para receber o empreendimento est localizado em reaurbana,nobairroPraiaBrava,nolugarconhecidocomo"MorroCortado"[...]com acesso pela Rodovia Osvaldo Reis (Figura 1). O local pretendidoparaimplantao do empreendimento composto do imvel de matrcula n42.161comreatotalde271.722,33m.Oterrenoestacimadacota20(NM),variandoentreacota30e80nasuareade interveno,segundooEASapresentado.Destemodo,conformeaLeiComplementarn215/12,queregeasnormasdeZoneamentoeUsodoSolo do municpio, a rea caracteriza-se como ZPA1 (Zona de ProteoAmbiental 1), como pode ser visto na Figura 2. Porm, conforme ConsultaPrviaemitidapelaSecretariaMunicipaldeUrbanismo(SMU)em17/02/2014,areaenquadradacomoZU2(ZonaUrbana2).[...]No dia 7 de maro de 2016 realizou-se vistoria in loco para verificar ascondiesdoimveledolocalondesepretendeinstalaroempreendimento.Parte da rea j se encontra alterada, sem vegetao nativa, mas apenaspaisagstica/ornamental, com declividade suavemente ondulada devido sintervenesdecorteeaterro,ecomumaedificaoemalvenaria.Esta poro forma uma espcie de plat, sendo que as reas adjacentespossuemcotascrescentesemalgunslocaisformandorelevosmaissuaveseem outros pontos mais ngremes. Estas encostas esto recobertas porvegetao nativa, onde nota-se diferentes graus de interveno antrpica eestgiossucessionaisdavegetao.[...]2.DOPARECER2.1DescriodoEmpreendimento[...]OprojetoprevaimplantaodeCondomnioVerticalcomtorrescomerciaiseresidenciais,almdereasdelazereentretenimentodiversos.Trata-sedeum projeto diferenciado, voltado ao pblico de alto poder aquisitivo. Estoprevistos04blocos,com741unidadeshabitacionais(NH)e2.398vagasde
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garagem,com03nveisdesubsoloe32pavimentostipo,dividasem03fasesde implantao.Oprojetoprevum total edificadode250.484,06m,sendonecessria a supresso de vegetao em 2,3 ha, conforme informado noEAS.2.2DescrioeCaracterizaodareaMeiofsico[...]Emrelaoao terrenoegeomorfologia,omesmoest inseridoemUnidadeGeomorfolgicadenominada"MorrariasCosteiras",pertencentesaodomniomorfoestruturaldeRochas Metavulcano Sedimentares,compostasporrochasdoComplexoMetamrficoBrusque.[...]FLORAA rea em questo est inserida na morraria da Ressacada sendo parteintegrantedeumgrande remanescente florestal queabrangeoconjuntodemorros. A cobertura ali existente tpica da Floresta Ombrfila DensaSubmontana,quecompreendeasformaesflorestaisqueocupamaplancielitornea com sedimentos quaternrios continentais, situados entreaproximadamente20a600metros(NM).EntreasformaesqueabrangemaFlorestaOmbrfilaDensaaquepossuimaiordiversidadevegetal.A rea prevista para receber as intervenes est localizada em um plat,acima da cota 20m, formando um pequeno vale. No entorno, as encostasesto recobertas por vegetao nativa, porm com diferentes composiesvegetais.[...]Na parte mais ao fundo de interveno, a vegetao possui formao emestgio avanado de regenerao, com maior diversidade de espcies,dosselfechadoeserrapilheiradensa,comapresenadetalvegues.[...]EstaporolimtrofeareadeestudoparaimplantaodoParqueNaturalMunicipaldaRessacada[...]Duranteavistorianarea,encontraram-sedoismarcos topogrficos (Figuras12e13) indicandoqueareade intervenoencontra-se no limite da rea proposta para compor a unidade deconservaodeproteointegral.[...]Conforme jmencionadoadelimitaodoslimitesdoParquedaRessacadaainda esto em estudo. No entanto, mesmo no estando completamentoinserido dentro da rea de estudo para implementao da unidade deconservao,areadeabrangnciadoprojetoestnasadjacnciassendoestelocalumazonadeamortecimento(ZA).[...]A ZA tambm conhecida como Zona Tampo e como a prpriadefiniolegal esclarece tem como principal objetivo minimizar o efeito de borda, ouseja, conter os efeitos externos que de alguma maneira possam influenciarnegativamentenaconservaodaunidade.Assim,estasreasestabelecemumgradienteentreasreasprotegidaseasua regiodeentorno,almdeimpedir que atuaes antrpicas interfiram prejudicialmente na manutenodadiversidadebiolgica.
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[...]FAUNA[...]Foi realizado levantamento faunstico da rea, onde os grupos Peixes,Anfbios, Rpteis, Aves e Mamferos (Macrofauna) foram estudados. OperododeamostragemocorreuduranteomsdeMaio/2015.Conforme os resultados apresentados, a composio faunstica da reacorrobora os estudos j realizados em reas prximas ou adjacentes, bemcomo reflete o grau de conservao do local em anlise. Destaca-se agrandevariedadedeAvifaunaregistradanolocal,incluindoumaespcieameaada de extino (Triclaria malachitacea, Sabi-cica), alm deTucano-do-bico-verde,Sanhau,Colhereiro,entreoutrosexemplos,conformelistadosnoEAS.Aindaqueoestudofaunsticotenhaocorridoempequenoespaodetempo,possvel inferir que o local analisado abriga uma grande diversidade deespciesdafauna,sendoesteumresultadodiretodaqualidadeambientaldarea.reascomfortepressoantrpicaoumodificadasapresentamndicesmuitobaixosouatinexistentesdeexemplaresdafauna.[...]2.4DescriodosPrincipaisImpactoseMedidasMitigatriasOs maiores impactos esto no comprometimento da estabilidade dasencostas, motivado pela supresso de vegetao e eventuais cortes eformao de taludes; comprometimento da qualidade da gua dos cursosnaturais; perda de habitats e modificao das paisagem; aumento doescoamento das guas superficiais; sombreamento da vegetao; fuga deanimais; alterao do padro de ventos e incidncia solar; gerao deresduos slidos; aumento da impermeabilizao do solo; aumento do fluxode veculos entre outros de grande magnitude e de carter negativo, porperododetempoprolongado.[...]3.ANLISETCNICA[...]Com relao supresso de vegetao, o Bioma Mata Atlntica est sobregime jurdico prprio, a Lei n 11.428/06. Para a rea em anlise, acaracterizao do EAS e vistoria in loco apontam para um predomnio dosestgiosmdioeavanadode regeneraonatural,comalguns trechosemestgioinicialderegenerao.[...]No que concerne Lei n 9.985/00, que trata do Sistema Nacional deUnidadesdeConservao(SNUC),precisocitarque,oficialmenteoParqueda Ressacada, criado pelo Decreto Municipal n 2.824/1982 no possuidelimitaodefinida.Porm,osestudosetrmitesparaampliaodoParqueerevisodoDecretojseencontramemandamento,comoobjetivodecriaroParqueNaturalMunicipaldaRessacada(PNMR)apartirdacota70m,comreatotaldemaisde935ha,tornandoareaemanlisepertencenteZonadeAmortecimentodesteUC.Na figura 20 nota-se que pores da rea onde haver supresso devegetao encontram-se acima da cota 70. Assim, a conclui-se que a
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instalaodoempreendimentonoapenasatingirazonadeamortecimentoda UC proposta, como atingir diretamente a rea destinada a proteointegraldoecossistema.ComrelaoLCn215/12,omapadeZoneamentodomunicpioapontaareaprevistapeloempreendimento comoZPA1,poisamesmaencontra-semuito acima da Cota 20m. Porm, o Art. 80 atribui a esta rea, conhecidacomo"MorroCortado",osmesmondicesdeaproveitamentodosolodaZonaUrbana 2 (ZU2).Noentanto, foi apresentadoumaConsultaPrviadaSMUemitidaem17/02/2014,ouseja,jcomseuprazolegalde180diasexpirado.4.CONCLUSOAnalisando os aspectos legais e tcnicos envolvidos neste processo,pautamos nossas consideraes finais tanto no aspecto do uso do soloquanto ambiental. Primeiramente, conforme a LC n 215/12, a rea estlocalizada em ZPA1, onde edificaes multifamiliares e comerciais soproibidas.Noentanto,comojcomentadoanteriormente,oArt.80destaLCtransfere para a rea do "Morro do Cortado" os ndices da ZU2,transformandoaentoZPA1emZU2.Entendemosquemesmopautadoporumdiplomalegalvlido,talcritrionolevaemconsideraoosaspectosambientaisdasreasenvolvidas,focandoapenasnovisurbanstico.Ouseja,ocorreumainversodeprioridade,ondeos critrios ambientais so sobrepostos pelos critrios urbansticos e demaximizao do uso do solo, sem embasamento ou estudos tcnicos-cientficos.Nocasoemanlise,entende-sequeosparmetrosmaispermissveisdaZU2no podem ser empregados nesta rea, devido as suas caractersticasambientaisdescritasanteriormente,e tambmporserumaregioondenoexistem edificaes ou intervenes deste tipo e porte, podendo abrirprecedentesparaocupaesemumareaquaseintocada.Ouseja,entende-se que o empreendimento apresentado no se coaduna com a reaanalisadaeprevistaparareceberoprojeto,poisnoestrespeitando-sea premissa bsica de que o empreendimento ou projeto que precisaestar adequado ao ambiente natural. E no projetar intervenes emodificaes no meio para que este se molde s necessidades doempreendimentopretendido.O local pretendido para o empreendimento, na sua maior parte no possuicobertura vegetal, devido a intervenes pretritas, conforme imagens japresentadas. Porm, nos trechos onde se pretende retirar a vegetao, amesmaencontra-seemestgiomdioeavanadoderegenerao,havendo,portanto,as implicaesprevistasnaLein11.428/06,nosseusartigos11,12,17,30e31.[...]Combaseemdadosdefotointerpretaofoipossvelconstatarqueporesdareaondehaversupressodavegetaoencontram-seacimadacota70e, que a instalao do empreendimento no apenas atingir a zona deamortecimentodaUCproposta,comoatingiriadiretamenteareadestinadaproteointegraldoecossistema.[...]Considerando as informaes declaradas neste parecer e os documentos
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apresentados por parte do requerente, sugere-se o indeferimento dasolicitao da Licena Ambiental de Prvia por parte desta Fundao (fls.15/29verso).
Oportunizou-se, no Inqurito Civil, manifestao pela demandada
CARELLIPROPRIEDADESLTDA.quantoaosfatoseestudodaFAMAIaqual,por
seuturno,prestoudestaque,emsntese,concepodoempreendimentoquanto
gerao de empregos e recursos, contribuies sociais, inclusive no plano da
cultura,epropostadeintegraoambiental.
No obstante, a par da referida concepo do empreendimento
voltada,emtese,paraumaintegraoambientalesustentvel,embora"nomeioda
floresta", alm dos objetivos sociais que descreve a demandada CARELLI
PROPRIEDADES LTDA., tem-se que as implicaes urbanstico-ambientais no
permitem,porcerto,aedificaonolocalpretendido.
Aquestoquesobressaiquantoa isso refere-se, induvidosamente,a
interpretaodaleiematenoaosseusfins,aconhecidainterpretaoteleolgica,
de forma a buscar o real objetivo da Lei Complementar n. 215/12 que em
disposiesdiversas,emumainterpretaomenosacurada,conflitariamquantoao
zoneamento em relao ao empreendimento aqui referido e a partir do que o
MUNICPIO DE ITAJA, por sua Secretaria Municipal de Urbanismo, conferiu
interpretao dissonante ao que se entende ser a inteno da caraterizao de
zonasambientaisnoexercciodaincumbnciadeordenamentodoterritriourbano
edepreservaoambiental.
Essa interpretao citada diz respeito, como visto, ao contedo da
Consulta Prvia referida no parecer da FAMAI, em destaque nesta pea, que
conferiuinterpretaoaoartigo80daLein.215/12demodoaviabilizar,inicialmente
com a Consulta Prvia e aps com a efetiva aprovao do projeto, edificao de
empreendimento de expressivo porte e de impactos ambientais em rea de Mata
Atlntica,caracterizadapela regeneraoemestgiosmdioeavanadosecomo
Zona de Amortecimento da Unidade de Conservao de Proteo Integral do
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ParqueMunicipaldaRessacada.
Tem-se como certo que a interpretao do artigo para enquadrar e
caracterizara localizaodoimvel, localasererigidooempreendimentoPorsche
Design Towers Brava, como Zona Urbana embora esteja claramente fora dos
contornosde talZona,emespecficoaZU2,e inserido,emverdade,emZonade
ProteoAmbiental,comodeixaclarooAnexoIdaLCn.215/121,nosecoadunam
com os objetivos constitucionais da poltica do desenvolvimento urbano, que
motivaminclusiveareferidaLei,ecomasregrasrelativasaodireitofundamentalao
meioambienteecologicamenteequilibradoesadio.
Veja-se que a Lei Complementar n. 215/12 visando, claramente,
menores impactos nas Zonas de Proteo Ambiental embora permitindo a
possibilidade de construes, limita de modo severo as edificaes a residncias
unifamiliares, de no mximo 2 dois pavimentos, dado o propsito de preservao
ambientalondetambmopercentualdeaproveitamentodapropriedadereduzido.
Eventual interpretao que no considere taisdisposies legais, por
bvio, fogeda ratio legis daLeiComplementarn.215/12quemedidadeordem
pblicadestinadaadefinirusospermitidosepermissveisdosolourbanocomvista,
tambm,aprevenodedanosambientais.
BemexplicaaquestoPaulodeBessaAntunesaosereferirairrestrita
observncia das atividades a serem desenvolvidasconformeasreasdestinadas,
pelo zoneamento, e ao fato de que eventual alterao preste observncia ao
paralelismodeformas:
Os critrios a serem utilizados para o zoneamento so fixadosunilateralmente pela Administrao Pblica, atravs de ato prprio, oumediante obrigatria consulta populao interessada. Oestabelecimento de zonas especiais destinadas a fins especficosintegra o poder discricionrio da Administrao Pblica, conformedesde h muito vem sendo reconhecido pelo STF. Quando o
1Disponvelem:https://leismunicipais.com.br/plano-de-zoneamento-uso-e-ocupacao-do-solo-itajai-sc.Acessadoem29/04/16.
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zoneamento se impuser sobre propriedade privada, no poder vedarusospreexistentes,sobpenadeviolaodedireitosadquiridos.Mereceserobservadoque,umavezeletenhasidoestabelecido,todaequalqueratividade a ser exercida na regio submetida a uma norma dezoneamento passa a ser vinculada, isto , no podero ser admitidaspela Administrao Pblica atividades que contrariem as normasestabelecidas para o zoneamento. Os particulares tm, portanto, odireito de exigir que se faa cumprir o zoneamento. Por exemplo, seresidimosemumaregioclassificadacomoexclusivamenteresidencial,temos o direito de exigir judicialmente que a prefeitura no concedaalvar para localizao de uma boate, ou outra atividade que possaimplicarincmodoparaavizinhana.Somentepormecanismolegaldehierarquia superior ou igual quele que tenha estabelecido ozoneamentoquesepoderalter-lo. (In,DireitoAmbiental.17.ed.SoPaulo:Atlas,2015.p.471).
A referida interpretao teleolgica da Lei diz respeito a busca, pelo
intrprete,doseumotivodeserquesemostra,nahiptese,semqualqueresforo
demasiadoderaciocnio,nadivisodoterritriomunicipalparaordenaraexpanso
urbanaeprivilegiaraproteoambientalemproldetodos,deformaajustamentea
impediroincrementodeocupaodereasdestinadaspreservaoambiental.
Alis,noteriaomenorsentido,revelando-semesmoabsurdo,criar-se
uma "Zona de Proteo Ambiental" para, conjuntamente, criar uma exceo que
levaaindubitveldegradaoambientaldestamesmaporodeterrasasquais,no
caso,temaindamaisrelevoporfazerempartedoBiomaMataAtlntica.
nesse contexto que prevalece a precisa lio de Silvio Rodrigues
quantoaprocuradosentidodanorma:
Aleidisciplinarelaesqueseestendemnotempoequefloresceroem condies necessariamente desconhecidas do legislador. Da aidiadeseprocurarinterpretaraleideacordocomofimaqueelasedestina, isto , procurar dar-lhe uma interpretaoteleolgica. Ointrprete,naprocuradosentidodanorma,deveinquirirqualoefeitoque ela busca, qual o problema que ela almeja resolver. Com talpreocupaoemvistaquesedeveprocederexegesedeumtexto.(DireitoCivil,volume1,partegeral,editoraSaraiva,edio1996)
NomesmoplanodeimportnciatambmaliodeCarlosMaximiliano
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que descreve a necessidade de interpretao inteligente do Direito de forma a
impedir, como se afigura nos autos, que a interpretao enseje absurdos ou
inconvenincias:
Deve o Direito ser interpretado inteligentemente: no de modo que aordem legal envolva um absurdo, prescreva inconvenincias, v terconcluses inconsistentes ou impossveis. Tambm se prefere aexegesedequeresulteeficienteaprovidncialegalouvlidooato,quetorneaquelasemefeito,incua,oueste,juridicamentenulo.[...]Desde que a interpretao pelos processos tradicionais conduz ainjustia flagrante, incoerncias do legislador, contradio consigomesmo, impossibilidades ou absurdos, deve-se presumir que foramusadas expresses imprprias, inadequadas, e buscar um sentidoeqitativo,lgicoeacordecomosentirgeraleobempresenteefuturodacomunidade.(Hermenuticaeaplicaododireito,EditoraForense,19Edio).
Evidentementea intenode integraoentreohomemeanatureza
dademandadaCARELLIPROPRIEDADESLTDA.,mesmonoplanoparticular,dado
o fato de que a preservao do meio ambiente dever de todos artigo 225 da
Constituio Federal no pode conflitar com os objetivos de preservao
ambiental.
Mesmo a mais firme proposta integracionista do projeto com a
aventadapreservaoambiental,projeodeempregosecultura,comodescrevea
demandada, no suficiente a afastar os impactos urbansticos e ambientais na
medidaemqueporumaevidentequestodeisonomia,quenopodeserderrogada
por interesseparticular, haver inegvelaberturadenovoscamposdeconstruo
porquantoa interpretaodealteraodozoneamentonotrar,porbvio,direito
singular e de fruio egostica, individual, mas, ao contrrio, a possibilidade de
edificao de diversos empreendimentos por vezes, talvez, de menor
comprometimentoambientalesustentvelna formacomosevendeapropostado
Porsche Design Towers Brava.
justamente nesta perspectiva, entende-se, que se justificam as
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disposiesdaLeiComplementarn.215/12eainterpretaosistmicaeteleolgica
demodoacompatibilizardesenvolvimentoepreservaoambiental.
Nestecontextoaadvertnciadoe.SuperiorTribunaldeJustiasobrea
concesso de licenas suplantando a legislao urbanstica protecionista e a
necessriacorreodedesviospeloPoderJudicirio:
PROCESSUAL CIVIL, ADMINISTRATIVO, AMBIENTAL E URBANSTICO.LOTEAMENTOCITYLAPA.AOCIVILPBLICA.AODENUNCIAODE OBRA NOVA. RESTRIES URBANSTICO-AMBIENTAISCONVENCIONAIS ESTABELECIDAS PELO LOTEADOR. ESTIPULAOCONTRATUAL EM FAVOR DE TERCEIRO, DE NATUREZA PROPTER REM. DESCUMPRIMENTO. PRDIO DE NOVE ANDARES, EM REAONDE S SE ADMITEM RESIDNCIAS UNIFAMILIARES. PEDIDO DEDEMOLIO.VCIODELEGALIDADEEDELEGITIMIDADEDOALVAR.IUS VARIANDI ATRIBUDO AO MUNICPIO. INCIDNCIA DO PRINCPIODA NO-REGRESSO (OU DA PROIBIO DE RETROCESSO)URBANSTICO-AMBIENTAL.VIOLAOAOART.26,VII,DALEI6.766/79(LEILEHMANN),AOART.572DOCDIGOCIVILDE1916(ART.1.299DOCDIGO CIVIL DE 2002) E LEGISLAOMUNICIPAL.ART.334, I,DOCDIGODEPROCESSOCIVIL.VOTO-MRITO.1. As restries urbanstico-ambientais convencionais, historicamente depoucousoou respeitonocaosdascidadesbrasileiras,estoemascenso,entre ns e no Direito Comparado, como veculo de estmulo a um novoconsensualismo solidarista, coletivo e intergeracional, tendo por objetivoprimrio garantir s geraes presentes e futuras espaos de convivnciaurbana marcados pela qualidade de vida, valor esttico, reas verdes eproteocontradesastresnaturais[...]10. O relaxamento, pela via legislativa, das restries urbanstico-ambientaisconvencionais,permitidonaesteiradoius variandidequetitularoPoderPblico,demanda,porserabsolutamenteforadocomum,ampla e forte motivao lastreada em clamoroso interesse pblico,postura incompatvel com a submisso do Administrador anecessidades casusticas de momento, interesses especulativos ouvantagenscomerciaisdosagenteseconmicos.[...]13. O ato do servidor responsvel pela concesso de licenas deconstruo no pode, a toda evidncia, suplantar a legislaourbansticaqueprestigiaaregradamaiorrestrio.luzdosprincpiose rdeas prevalentes no Estado Democrtico de Direito, impossveladmitirquefuncionrio,aoarrepiodalegislaofederal(LeiLehmann),possa revogar, pela porta dos fundos e casuisticamente, conforme acara do fregus, as convenes particulares firmadas nos registrosimobilirios.
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[...]17.Condenaraordemjurdicadesmoralizaoeaodescrditoojuizque legitimar o rompimento odioso e desarrazoado do princpio daisonomia, ao admitir que restries urbanstico-ambientais, legais ouconvencionais, valham para todos, exceo de uns poucosprivilegiadosoumaisespertos.Odescompassoentreocomportamentode milhares de pessoas cumpridoras de seus deveres eresponsabilidadessociaiseaastciaespeculativadealgunsbastaparaafastarqualquerpretensodeboa-fobjetivaoudeaoinocente.18.OJudicirionodesenha,constriouadministracidades,oquenoquerdizerquenadapossa fazeremseu favor.Nenhum juiz, pormaiorquesejaseuinteresse,conhecimentoouhabilidadenasartesdoplanejamentourbano,daarquiteturaedopaisagismo,reservarparasialgoalmdoqueosimplespapel de engenheiro do discurso jurdico. E, sabemos, cidades no seerguem, nem evoluem, custa de palavras. Mas palavras ditas por juzespodem,sim,estimularadestruioou legitimaraconservao, referendaraespeculao ou garantir a qualidade urbanstico-ambiental, consolidar errosdopassado,repeti-losnopresente,ouviabilizarumfuturosustentvel.19. Recurso Especial no provido. (REsp. n. 302906/SP. Relator MinistroHermanBenjamin.J.26/08/2010,semgrifonooriginal).
Alimitaoaodireitodeconstruirnaformapretendidasedtambm
porordemdainafastvelobservnciadafunosocialdapropriedadedemodoa
contribuirparaobemestardacoletividadeemdetrimentodeinteressesunicamente
individuais.
Ainda, como j dissemos, o caso em concreto guarda evidente
peculiaridadedadoqueareaemquestopertenceaoBiomaMataAtlnticacujas
limitaes ao direito de propriedadeencontram restriesnosnaConstituio
FederalcomonaLein.11.428/06.
Alis, de modo a harmonizar as disposies municipais com a
legislaodembitofederal,denota-sequeaprpriaLeiComplementarMunicipal
n.215/08prescreveexpressamentenoseuart.5oseguinte:
Aplicam-se, tambm, matria, as legislaes federais e estaduaisrelativas s reas no - edificveis (non aedificandi), de proteopaisagstica, reas verdes e de preservao permanente e do acervoculturalehistrico.
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Nesse norte, ao mesmo tempo que a Constituio Federal de 1988
erigiu o meio ambiente equilibrado a categoria de direito fundamental, como
pressuposto inafastvel para a vida humana com dignidade, determinou, por
consequncia,aoPoderPblico,asseguinteobrigaes,esculpidasnoart.225,da
ConstituioFederal,equeteminteresseaopresentefeito:
[...]III - definir, em todas as unidades da Federao, espaos territoriais eseuscomponentesaseremespecialmenteprotegidos,sendoaalteraoe a supresso permitidas somente atravs de lei, vedada qualquerutilizaoquecomprometaa integridadedosatributosque justifiquemsuaproteo[...]
Quanto a previso expressa da Mata Atlntica prescreve o mesmo
artigodaConstituioFederal:
4AFlorestaAmaznicabrasileira,aMataAtlntica,aSerradoMar,oPantanalMato-GrossenseeaZonaCosteirasopatrimnionacional,esua utilizao far-se-, na forma da lei, dentro de condies queassegurem a preservao do meio ambiente, inclusive quanto ao usodosrecursosnaturais.
Noponto,alimitaopossibilidadedeconstruonolocalpretendido
porquestesambientaiscinge-se,fundamentalmente,aosdanosreadeproteo
ambientaldobiomaMataAtlnticaeas influnciasUnidadedeConservaode
ProteoIntegraldacategoriadeParqueMunicipal,naformadoartigo8,incisoIII,
daLein.9.985/00.
Istoporque,consoanteexpostopelaFAMAInoestudotranscritoacima,
o empreendimento Porsche Design Towers Brava projeta-se sobre 2,3 ha de
Floresta Ombrfila Densa Submontada, tida entre as formaes que compe a
FlorestaOmbrfilaDensacomoaqueabrigaamaiorbiodiversidadevegetal(fl.19
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verso),emestgiosmdioeavanadoderegenerao,quedeverosercortados,
abrigando,inclusive,espcieameaadadeextino(fl.22verso).
H, neste contexto, imposies expressas da Lei n. 11.428/06 de
proteo do Bioma Mata Atlntica quanto a supresso da vegetao com tais
caractersticas, relativas aos estgios de regenerao e de abrigar espcie
ameaada de extino, porquanto a proteo e utilizao do referido Bioma
determinaaobservnciade,entreoutrosprincpios,odafunosocioambientalda
propriedade artigo 6, p. . , proibindo a supresso de vegetao que abrigue
espcies da flora e da fauna silvestres ameaadas de extino e que proteja o
entorno das unidades de conservao, alm de limitar as possibilidades de
supressodavegetaosituaesdeutilidadepblicaeinteressesocial.
A realidade dos fatos demonstra, por esses vrios aspectos, a
impossibilidade de edificao do gigantesco empreendimento, seno vejamos os
dispositivosdaLein.11.428/06:
Art. 11. O corteeasupressodevegetaoprimriaounosestgiosavanado e mdio de regenerao do Bioma Mata Atlntica ficamvedadosquando:I-avegetao:a) abrigar espcies da flora e da fauna silvestres ameaadas deextino, em territrio nacional ou em mbito estadual, assimdeclaradas pela Unio ou pelos Estados, e a interveno ou oparcelamentopuserememriscoasobrevivnciadessasespcies;[...]d)protegeroentornodasunidadesdeconservao;
Art. 14. A supresso de vegetao primria e secundria no estgioavanado de regenerao somente poder ser autorizada em caso deutilidadepblica,sendoqueavegetaosecundriaemestgiomdiode regeneraopodersersuprimidanoscasosdeutilidadepblicaeinteresse social, em todos os casos devidamente caracterizados emotivados em procedimento administrativo prprio, quando inexistiralternativa tcnica e locacional ao empreendimento proposto,ressalvadoodispostono inciso Idoart. 30enos1oe2odoart.31destaLei.
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Art. 21. O corte, a supresso eaexploraodavegetaosecundriaemestgioavanadoderegeneraodoBiomaMataAtlnticasomenteseroautorizados:I - em carter excepcional, quando necessrios execuo de obras,atividadesouprojetosdeutilidadepblica,pesquisacientficaeprticaspreservacionistas;[...]III-noscasosprevistosnoincisoIdoart.30destaLei.
Art.23.Ocorte,asupressoeaexploraodavegetaosecundriaem estgio mdio de regenerao do Bioma Mata Atlntica somenteseroautorizados:I - em carter excepcional, quando necessrios execuo de obras,atividades ou projetos de utilidade pblica ou de interesse social,pesquisacientficaeprticaspreservacionistas;[...]III - quando necessrios ao pequeno produtor rural e populaestradicionaisparaoexercciodeatividadesouusosagrcolas,pecuriosou silviculturais imprescindveis sua subsistncia e de sua famlia,ressalvadasasreasdepreservaopermanentee,quandoforocaso,aps averbao da reserva legal, nos termosdaLein4.771,de15desetembrode1965;IV-noscasosprevistosnos1oe2odoart.31destaLei.
Merecedestaque,por fim,o fatodequeopretensoempreendimento,
almde tudo,estaria inseridoemZonadeAmortecimentodoParqueMunicipalda
Ressacada,cujoslimites,segundoexpostopelaFAMAI,seroampliados.
A Zona de Amortecimento entendida como "o entorno de uma
unidade de conservao, onde as atividades humanas esto sujeitas a normas e
restriesespecficas,comopropsitodeminimizarosimpactosnegativossobrea
unidade"artigo2,XVIIIdaLein.9.985/00.
Dessarte, certoqueos fatosnarradosdesafiam interveno judicial
paraquesejaobstadoopropsitoconstrutivo.
IIDanecessriaconcessodemedidaliminar
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Osfatosarticuladosetodoodireitosubstantivoinvocado,bemcomoo
disposto no art. 12 da Lei n. 7.347/85 (Lei da Ao Civil Pblica), indicam a
possibilidade de concesso liminar de tutela de natureza cautelar, a fim de evitar
prejuzosordemurbansticaeaomeioambiente.
Apossibilidadedeconcessodetuteladeurgnciatratadatambm
no Cdigo de Processo Civil que estabelece, em termos gerais, que a "tutela de
urgnciaserconcedidaquandohouverelementosqueevidenciemaprobabilidade
dodireitoeoperigodedanoouoriscoaoresultadotildoprocesso"artigo300,
caputepermite,pelopodergeraldecautela,aomagistrado,aefetivaodatutela
deurgnciapor"qualquer[...]medida idneaparaasseguraododireito"artigo
301doCdigodeProcessoCivil.
Eassimarelevnciadofundamentodademanda, consubstanciada,na
vertentedodireitourbansticoinvocado,nanecessidadeinafastveldequenoseja
produzidoprecedenteperigosoeaptoadesvirtuaros finsdaLeiComplementarn.
215/12, direcionando o adensamento urbano a uma rea destinada a proteo
ambiental,enesseponto,dodireitoambiental,sobretudo,noprincpiodaprecauo
tendo objeto, portanto, ainda que no se tenha dano ambiental concretamente
afervel,permiteumjuzodeprobabilidadequedemonstra,mesmoemumaanlise
superficial,aimperiosanecessidadedaconcessodemedidaliminar.
Emrelaoatuteladeurgnciaquesepretendedeferida,consistente
emobstaraedificaodoempreendimentoPorsche Design Towers Bravanoimvel
registradosobamatrculan.42.161do1OfciodeRegistrodeImveisdeItaja,
localizado na Rodovia Osvaldo Reis, s/n., bairro Praia Brava, Itaja/SC, com a
averbao de tal medida em sua matrcula, e impedimento do MUNICPIO DE
ITAJA, de conceder licenas, alvars ou permisses urbansticas, que imponham
qualquer alterao no imvel com vista ao empreendimento, observando que o
fumus boni iuris emerge, com inquestionvel clareza, dos prprios termos da
narrativa j apresentada, quedenotaapossibilidadedeafrontasdisposiesda
Lei Complementar n. 215/12 e a possibilidade concreta de danos ambientais em
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readedensaMataAtlntica.
Deseuturno,o periculum in moraprovmdascaractersticasdobem
jurdicourbano-ambientaledanaturezadasatividadesempreendidas.
necessrio destacar que a demandadaCARELLIPROPRIEDADES
LTDA. j obteve Consulta Prvia favorvel bem como aprovao do projeto
urbanstico pelo demandado MUNICPIO DE ITAJA havendo a fundada suspeita,
divulgadaementrevistapeloresponsvelpelasvendasdoempreendimento,deque
j tenham iniciado "reservas"deunidadesdesdeoseu lanamentoemSoPaulo
de modo que resta evidente os riscos ao patrimnio urbanstico-ambiental dessa
comarca.(https://www.youtube.com/watch?v=T7keCbJOoDc).
Os impactos urbano-ambientais foram amplamente tratados no
relatriodaFAMAIesereferemao"comprometimentodaestabilidadedasencostas,
motivado pela supresso de vegetaoeeventuais cortese formaode taludes;
comprometimento da qualidade da gua dos cursos naturais; perda de habitats e
modificao das paisagem; aumento do escoamento das guas superficiais;
sombreamento da vegetao; fuga de animais; alterao do padro de ventos e
incidncia solar; gerao de resduos slidos; aumento da impermeabilizao do
solo;aumentodo fluxodeveculosentreoutrosdegrandemagnitudeedecarter
negativo,porperodode tempoprolongado" (fl.23verso)semseolvidar,ainda,a
possibilidade de reconhecimento do direito de construir, por isonomia, a tantos
quantospreencheremosrequisitosparaexercciododireitorevelando-se,portanto,
operigonaesperadoprovimentofinal.
Com efeito, uma vez negada a tutela de urgncia, estar-se-
permitindo,casoconcedidasaslicenaseautorizaesemmbitoadministrativo,o
incio de obra em afronta s garantias de preservao da ordem urbanstica e
ambientalvigente.
Nessalinhaderaciocnio,deve-seressaltarqueanoconcessodas
medidasrequeridas,emproldomeioambienteedaordemurbansticaqueafetada
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toda uma coletividade, durante o curso da demanda que se sabe longo e
demorado,podercontribuirparaaconsolidaodosdanoseriscosqueigualmente
devemserevitados,restandopatente,portanto,o periculum in moraeojustificado
receio da ineficcia provimento final de modo a obstar o prprio crescimento
desordenadonamedidaemqueemdesacordocomaLei.
IIIDospedidos
Anteoexposto,oMinistrioPblicorequer:
a)orecebimentodapresenteaocivilpblicaeoseuprocessamento
dentrodoritoestabelecidopelaLei7.347/85comacitaodosdemandadospara,
querendo,apresentaremdefesas;
b)aconcessodemedidaliminar,semjustificaoprvia,consistente
emobstaraemisso,porpartedoMUNICPIODEITAJA,eaobtenoporparte
dademandadaCARELLIPROPRIEDADESLTDA,dealvarsconstrutivos,licenas
e permisses de ordem urbanstica do empreendimento Porsche Design Towers
Bravano imvel registradosobamatrculan.42.161do1 OfciodeRegistrode
Imveis de Itaja, com a averbao de tal medida em sua matrcula, impedindo
qualqueralteraonoimvelemrelaoaoempreendimentoqueconfrontemcoma
zonadeproteoambientaleosdispositivosdetuteladamataatlntica;
c) a condenao do MUNICPIO DE ITAJA e CARELLI
PROPRIEDADESLTDA.emobrigaodenofazerconsistenteemproibirqualquer
edificaonoimvelregistradosobamatrculan.42.161do1OfciodeRegistro
de Imveisde Itaja, localizadonaRodoviaOsvaldoReis,s/n.,bairroPraiaBrava,
Itaja/SC,queafrontemnosasdisposiesdaLeiComplementarn.215/12em
relaoaozoneamentoepadresconstrutivosbemcomoaConstituioFederalea
Lein.11.428/06;
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d)aproduodetodasasprovasemdireitoadmitidas.
D-secausaovalordeR$10.000,00(dezmilreais).
Nestestermos,pededeferimento.
Itaja,04demaiode2016.
ALVAROPEREIRAOLIVEIRAMELO
PromotordeJustia
Roldedocumentos:
CpiaintegraldoInquritoCiviln.06.2016.00001098-2.