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Este documento é cópia do original assinado digitalmente por ALVARO PEREIRA OLIVEIRA MELO. Para conferir o original, acesse o site http://www.mp.sc.gov.br, informe o processo 08.2016.00135872-0 e o código 910333. fls. 59 ______________________________________________________________________________ Promotoria Regional do Meio Ambiente - RH7 Defesa da Ordem Urbanística e Moralidade Administrativa 1 _________________________________________________________________________________________ Rua Uruguai, 222, Centro, Itajaí/SC - (47) 3341-9420 — [email protected] EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA JUÍZA DE DIREITO DA VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE ITAJAÍ – SC O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SANTA CATARINA, por seu Promotor de Justiça signatário, no uso de suas atribuições institucionais e legais, com fundamento nos artigos 127 e 129, III, da Constituição da República Federativa do Brasil; no artigo 25, IV, da Lei n. 8.625/93; no artigo 82, VI, "b", da Lei Complementar Estadual n. 197/2000; no artigo 1º, I e VI da Lei n. 7.347/85, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, promover a presente AÇÃO CIVIL PÚBLICA COM PEDIDO LIMINAR contra MUNICÍPIO DE ITAJAÍ, pessoa jurídica de direito público interno, inscrito no CNPJ sob o n. 83.102.277/0001-52, com sede na Rua Alberto Werner, 100, Vila Operária, CEP n. 88.304-053, Itajaí/SC, representado pelo Excelentíssimo Prefeito, Sr. Jandir Bellini, que

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    _________________________________________________________________________________________RuaUruguai,222,Centro,Itaja/SC-(47)[email protected]

    EXCELENTSSIMA SENHORA DOUTORA JUZA DE DIREITO DA VARA DA

    FAZENDAPBLICADACOMARCADEITAJASC

    O MINISTRIO PBLICO DO ESTADO DE SANTA CATARINA, por

    seu Promotor de Justia signatrio, no uso de suas atribuies institucionais e

    legais, com fundamento nos artigos 127 e 129, III, da Constituio da Repblica

    FederativadoBrasil;noartigo25,IV,daLein.8.625/93;noartigo82,VI,"b",daLei

    Complementar Estadual n. 197/2000; no artigo1, I eVIdaLei n. 7.347/85, vem,

    respeitosamente,peranteVossaExcelncia,promoverapresente

    AOCIVILPBLICA

    COMPEDIDOLIMINAR

    contra

    MUNICPIO DE ITAJA, pessoa jurdica de direito pblico interno,

    inscrito no CNPJ sob o n. 83.102.277/0001-52, com sede na Rua

    Alberto Werner, 100, Vila Operria, CEP n. 88.304-053, Itaja/SC,

    representado pelo Excelentssimo Prefeito, Sr. Jandir Bellini, que

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    recebecitaeseintimaesnoendereoacima;

    CARELLIPROPRIEDADESLTDA.,pessoajurdicadedireitoprivado,

    inscritanoCNPJsobon.17.008.758/0001-79,comsedenaRua1822,

    n.364,Sala01,EdifcioNefertari,BalnerioCambori/SC,querecebe

    citaeseintimaesnoendereoacima,pelosfatosefundamentos

    queseguem:

    A presente ao civil pblica tem por objetivo impedir a construo do

    empreendimento Porsche Design Towers Brava por parte da demandada CARELLI

    PROPRIEDADES LTDA., bem como a concesso, por parte do demandado

    MUNICPIO DE ITAJA, de alvars construtivos, licenas e permisses de qualquer

    natureza que estejam em confronto com as expressas limitaes da Zona de

    Proteo Ambiental 1, em que efetivamente localizado o empreendimento.

    Funda-se a causa de pedir na impossibilidade de, casuisticamente,

    estender-se os parmetros construtivos de uma zona urbana, como aplicado pelo

    MUNICPIO DE ITAJA, no caso em concreto, para levar a absoluta degradao de

    uma rea que o prprio legislador municipal, entendeu como de relevncia

    ambiental, fulminando a razo de existir de uma Zona de Proteo Ambiental que

    alberga Mata Atlntica em estgio avanado de regenerao, tambm passvel de

    tutela especfica em mbito federal (Lei n. 11.428/06).

    Finalmente, destaque-se tambm que a presente ao interposta

    com o objetivo especfico de tratar o evidente conflito entre a questo urbanstica do

    empreendimento e os seus reflexos ambientais j que, ao contrrio da FAMAI que

    indeferiu o licenciamento ambiental, repousa a informao de que o Municpio foi

    favorvel em consulta prvia emitida pela Secretaria Municipal de Urbanismo que

    posteriormente tambm aprovou o projeto da Porsche Design Towers Brava, no se

    revelando prudente e mesmo adequado que este rgo de execuo aguarde

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    complacentemente um evidente risco ao patrimnio urbanstico-ambiental, objeto de

    controvrsia, em detrimento dos princpios da preveno e precauo.

    IFundamentaofticaejurdica

    OMinistrioPblico instaurouoInquritoCiviln.06.2016.00001098-2

    para apurar a regularidade ambiental decorrente da pretensa constituio do

    empreendimento Porsche Design Towers Brava da demandada CARELLI

    PROPRIEDADESLTDA.aselocalizaremmeioaMataAtlnticaemlocalconhecido

    como "Morro Cortado", bairro Praia Brava, Itaja, diante do recebimento de

    representaes noticiando tais fatos bem como da constatao de ampla

    publicidade divulgando o lanamento do empreendimento em diversos canais de

    comunicao.

    O que se denota que o empreendimento Porsche Design Towers

    Bravavale-sededoispilaresbsicosparaosucessodoempreendimentosendoo

    primeiro a vinculao com a marca alem, sinnimo de eficincia, e o segundo a

    vinculaocomalocalizaonaMataAtlntica,ondeaarquiteturasurgeemmeio

    afloresta.(http://www.porsche-design-towers-brava.com/pt/index.html).

    Porm, fcil perceber, como se ver em seguida, que esses dois

    supostospilaresseencontramderrudosdesdeaconcepodoprojeto.

    Aumaporque foi iniciadode formamaisbrasileira impossvelcomo

    seu amplo lanamento publicitrio desde So Paulo para todo o pas, atravs de

    inmerosmeiosdecomunicaopara,depois,analisara(in)adequaoambientale,

    aduas,porqueoseuprojetoexecutivocondicionadoaocorteedegradaode

    significativa parcela da prpria Mata Atlntica donde se pretende instalar 4 torres

    comvriosandareseapartamentosemmeioafloresta.

    A impresso que se tem, diante dos amplos festejos noticiados pela

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    mdiaemgeral,queapenasaexistnciadamarcaPorsche levaaumahipnose

    coletivadosmaisincautosqueacreditamqueaedificaode4gigantestorrescom

    740apartamentoseamplareacomercialpodeserrealizadaefetivamenteemmeio

    a Mata Atlntica, em local que o Municpio entende como Zona de Proteo

    Ambiental.

    Alis, tanto verdade que, curiosamente, os empreendimentos j

    executadoeemexecuodoprojetoPorsche Design Towers,deMiamieFrankfurt,

    nos Estados Unidos da Amrica e Alemanha, aparentemente no ultrapassam o

    nmero de 150 apartamentos e 1 torre enquanto o de Itaja, no Brasil, busca a

    edificaode4torrese740apartamentosemZonadeProteoAmbiental,nomeio

    daMataAtlntica.(http://www.porsche-design.com/en/pw/Towers/)

    Portanto,maisdoquesubstanciosossubstratosfticosejurdicosque

    sustentam a presente ao, tem-se que o empreendimento em questo foge ao

    prprio bom senso, conforme se vislumbra nas duas figuras a seguir, sendo a

    primeiraototalcomareadegradadaeasegundaalocalizao:

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    Nesse passo, durante a instruo do Inqurito Civil requisitou-se

    informaesFAMAIsobreascaractersticasdareaearegularidadeambientaldo

    empreendimento fls. 10 e Secretaria Municipal de Urbanismo quanto a

    existnciadeprojetoaprovadoouemanliseemrelaoaqual,contudo,nohouve

    respostaatopresentemomentofl.11.

    No obstante a ausncia de resposta do MUNICPIO DE ITAJA, a

    instruo do indicirio revelou uma clara e evidente inclinao de acolhimento

    urbanstico do empreendimento em rea caracterizada pela Lei Complementar

    Municipal n. 215/12 Lei de Zoneamento e Uso do Solo de Itaja como de

    proteo ambiental e que o MUNICPIO DE ITAJA, em interpretao do mesmo

    diplomalegal,entendevivel,aomenosatopresentemomento,quandojemitiu

    consultaprviafavorveleaprovouoprojetoconstrutivo.

    OqueoMUNICPIODE ITAJA fezao responderaconsultaprviae

    aprovar o projeto urbanstico da empresa CARELLI PROPRIEDADES LTDA foi

    estender a Avenida Osvaldo Reis para acima do morro em distncia bastante

    significativa da referida via pblica o que foi corretamente repelido pela FAMAI

    quanto ao reflexo ambiental e que se busca, nessa ao, inviabilizar pela

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    inconveninciaurbanstica.

    Explique-se, neste contexto, que a controvrsia cinge-se a

    interpretao em especifico do artigo 80 da Lei Complementar n. 215/12 que

    estabelecequeo trechoentreaAvenidaOsvaldoReiseo"MorroCortado",acima

    dacota20,constitui-seemZonaUrbana,especificamentecaracterizadacomoZona

    Urbana2ZU2,aopassoqueamesmaLei,emseuAnexoI,dispeclaramente

    que o imvel que dar lugar ao pretendido empreendimento est completamente

    inseridoemZonadeProteoAmbientalZPA1,senovejamos:

    Art. 80Na Avenida Osvaldo Reis no trecho compreendido do MorroCortado,acimadacota20ocoeficientedeaproveitamentoserde0,75eosdemaisparmetrosdaZonaUrbana2,conformeatabeladoanexoII.

    Ilustrativa, no ponto, a imagem produzida pela FAMAI no parecer

    tcnico n. 177/2016, a partir do referido Anexo, sobre a localizao do imvel na

    ZonadeProteoAmbiental1,senovejamos:

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    Ofatoquesecolocaimpeditivodapossibilidadedeedificarnosmoldes

    do Porsche Design Towers Brava que o prprio parmetro construtivo na ZPA1

    limita-se a empreendimentos unifamiliares, de no mximo 2 pavimentos, e

    coeficiente de aproveitamento reduzido, como estabelece a Lei de Zoneamento e

    UsodoSolodeItajaemseuAnexoII,diferenciandoapossibilidadedeedificao,

    porZona,deempreendimentosunifamiliarespelondiceH1edeempreendimentos

    unifamiliaresemultifamiliarespelondiceH1eH2comoinclusivetrataoartigo60da

    citadaLei.

    Nessesentido:

    Art.60Osusosdosolo,segundosuascategoriasclassificam-seem:I-habitao:a) habitao unifamiliar (H1): Edificao destinada exclusivamente aousoresidencial,comapenasumaunidadedehabitaoporlote;b) habitao multifamiliar (H2): Edificao usada para moradia emunidades residenciais autnomas, correspondendo a mais de umaunidaderesidencialporlote,agrupadasverticalouhorizontalmente.

    JoreferidoAnexoIIigualmentenodeixadvidadequenaZPA1s

    permitidoresidnciasunifamiliares:

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    OreferidoparecerdaFAMAIqueanalisouaviabilidadelocacionalpara

    implantao do empreendimento Porsche Design Towers Brava estabeleceu

    detalhadamente as questes relativas ao zoneamento e a manifestao da

    SecretariaMunicipaldeUrbanismo,emConsultaPrvia,enquadrandoolocalcomo

    inseridoemZonaUrbanadestacando,ainda,anecessidadedecortede2,3Hade

    florestadobiomaMataAtlnticaemestgiosmdioeavanadoderegenerao,e

    tratar-se o local de Zona de Amortecimento da Unidade de Conservao de

    Proteo Integral do Parque Municipal da Ressacada, cujos limites ainda no

    definidos sero ampliados, se manifestando, em concluso, pelo indeferimento da

    LicenaAmbientalPrviasolicitada:

    O local projetado para receber o empreendimento est localizado em reaurbana,nobairroPraiaBrava,nolugarconhecidocomo"MorroCortado"[...]com acesso pela Rodovia Osvaldo Reis (Figura 1). O local pretendidoparaimplantao do empreendimento composto do imvel de matrcula n42.161comreatotalde271.722,33m.Oterrenoestacimadacota20(NM),variandoentreacota30e80nasuareade interveno,segundooEASapresentado.Destemodo,conformeaLeiComplementarn215/12,queregeasnormasdeZoneamentoeUsodoSolo do municpio, a rea caracteriza-se como ZPA1 (Zona de ProteoAmbiental 1), como pode ser visto na Figura 2. Porm, conforme ConsultaPrviaemitidapelaSecretariaMunicipaldeUrbanismo(SMU)em17/02/2014,areaenquadradacomoZU2(ZonaUrbana2).[...]No dia 7 de maro de 2016 realizou-se vistoria in loco para verificar ascondiesdoimveledolocalondesepretendeinstalaroempreendimento.Parte da rea j se encontra alterada, sem vegetao nativa, mas apenaspaisagstica/ornamental, com declividade suavemente ondulada devido sintervenesdecorteeaterro,ecomumaedificaoemalvenaria.Esta poro forma uma espcie de plat, sendo que as reas adjacentespossuemcotascrescentesemalgunslocaisformandorelevosmaissuaveseem outros pontos mais ngremes. Estas encostas esto recobertas porvegetao nativa, onde nota-se diferentes graus de interveno antrpica eestgiossucessionaisdavegetao.[...]2.DOPARECER2.1DescriodoEmpreendimento[...]OprojetoprevaimplantaodeCondomnioVerticalcomtorrescomerciaiseresidenciais,almdereasdelazereentretenimentodiversos.Trata-sedeum projeto diferenciado, voltado ao pblico de alto poder aquisitivo. Estoprevistos04blocos,com741unidadeshabitacionais(NH)e2.398vagasde

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    garagem,com03nveisdesubsoloe32pavimentostipo,dividasem03fasesde implantao.Oprojetoprevum total edificadode250.484,06m,sendonecessria a supresso de vegetao em 2,3 ha, conforme informado noEAS.2.2DescrioeCaracterizaodareaMeiofsico[...]Emrelaoao terrenoegeomorfologia,omesmoest inseridoemUnidadeGeomorfolgicadenominada"MorrariasCosteiras",pertencentesaodomniomorfoestruturaldeRochas Metavulcano Sedimentares,compostasporrochasdoComplexoMetamrficoBrusque.[...]FLORAA rea em questo est inserida na morraria da Ressacada sendo parteintegrantedeumgrande remanescente florestal queabrangeoconjuntodemorros. A cobertura ali existente tpica da Floresta Ombrfila DensaSubmontana,quecompreendeasformaesflorestaisqueocupamaplancielitornea com sedimentos quaternrios continentais, situados entreaproximadamente20a600metros(NM).EntreasformaesqueabrangemaFlorestaOmbrfilaDensaaquepossuimaiordiversidadevegetal.A rea prevista para receber as intervenes est localizada em um plat,acima da cota 20m, formando um pequeno vale. No entorno, as encostasesto recobertas por vegetao nativa, porm com diferentes composiesvegetais.[...]Na parte mais ao fundo de interveno, a vegetao possui formao emestgio avanado de regenerao, com maior diversidade de espcies,dosselfechadoeserrapilheiradensa,comapresenadetalvegues.[...]EstaporolimtrofeareadeestudoparaimplantaodoParqueNaturalMunicipaldaRessacada[...]Duranteavistorianarea,encontraram-sedoismarcos topogrficos (Figuras12e13) indicandoqueareade intervenoencontra-se no limite da rea proposta para compor a unidade deconservaodeproteointegral.[...]Conforme jmencionadoadelimitaodoslimitesdoParquedaRessacadaainda esto em estudo. No entanto, mesmo no estando completamentoinserido dentro da rea de estudo para implementao da unidade deconservao,areadeabrangnciadoprojetoestnasadjacnciassendoestelocalumazonadeamortecimento(ZA).[...]A ZA tambm conhecida como Zona Tampo e como a prpriadefiniolegal esclarece tem como principal objetivo minimizar o efeito de borda, ouseja, conter os efeitos externos que de alguma maneira possam influenciarnegativamentenaconservaodaunidade.Assim,estasreasestabelecemumgradienteentreasreasprotegidaseasua regiodeentorno,almdeimpedir que atuaes antrpicas interfiram prejudicialmente na manutenodadiversidadebiolgica.

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    [...]FAUNA[...]Foi realizado levantamento faunstico da rea, onde os grupos Peixes,Anfbios, Rpteis, Aves e Mamferos (Macrofauna) foram estudados. OperododeamostragemocorreuduranteomsdeMaio/2015.Conforme os resultados apresentados, a composio faunstica da reacorrobora os estudos j realizados em reas prximas ou adjacentes, bemcomo reflete o grau de conservao do local em anlise. Destaca-se agrandevariedadedeAvifaunaregistradanolocal,incluindoumaespcieameaada de extino (Triclaria malachitacea, Sabi-cica), alm deTucano-do-bico-verde,Sanhau,Colhereiro,entreoutrosexemplos,conformelistadosnoEAS.Aindaqueoestudofaunsticotenhaocorridoempequenoespaodetempo,possvel inferir que o local analisado abriga uma grande diversidade deespciesdafauna,sendoesteumresultadodiretodaqualidadeambientaldarea.reascomfortepressoantrpicaoumodificadasapresentamndicesmuitobaixosouatinexistentesdeexemplaresdafauna.[...]2.4DescriodosPrincipaisImpactoseMedidasMitigatriasOs maiores impactos esto no comprometimento da estabilidade dasencostas, motivado pela supresso de vegetao e eventuais cortes eformao de taludes; comprometimento da qualidade da gua dos cursosnaturais; perda de habitats e modificao das paisagem; aumento doescoamento das guas superficiais; sombreamento da vegetao; fuga deanimais; alterao do padro de ventos e incidncia solar; gerao deresduos slidos; aumento da impermeabilizao do solo; aumento do fluxode veculos entre outros de grande magnitude e de carter negativo, porperododetempoprolongado.[...]3.ANLISETCNICA[...]Com relao supresso de vegetao, o Bioma Mata Atlntica est sobregime jurdico prprio, a Lei n 11.428/06. Para a rea em anlise, acaracterizao do EAS e vistoria in loco apontam para um predomnio dosestgiosmdioeavanadode regeneraonatural,comalguns trechosemestgioinicialderegenerao.[...]No que concerne Lei n 9.985/00, que trata do Sistema Nacional deUnidadesdeConservao(SNUC),precisocitarque,oficialmenteoParqueda Ressacada, criado pelo Decreto Municipal n 2.824/1982 no possuidelimitaodefinida.Porm,osestudosetrmitesparaampliaodoParqueerevisodoDecretojseencontramemandamento,comoobjetivodecriaroParqueNaturalMunicipaldaRessacada(PNMR)apartirdacota70m,comreatotaldemaisde935ha,tornandoareaemanlisepertencenteZonadeAmortecimentodesteUC.Na figura 20 nota-se que pores da rea onde haver supresso devegetao encontram-se acima da cota 70. Assim, a conclui-se que a

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    instalaodoempreendimentonoapenasatingirazonadeamortecimentoda UC proposta, como atingir diretamente a rea destinada a proteointegraldoecossistema.ComrelaoLCn215/12,omapadeZoneamentodomunicpioapontaareaprevistapeloempreendimento comoZPA1,poisamesmaencontra-semuito acima da Cota 20m. Porm, o Art. 80 atribui a esta rea, conhecidacomo"MorroCortado",osmesmondicesdeaproveitamentodosolodaZonaUrbana 2 (ZU2).Noentanto, foi apresentadoumaConsultaPrviadaSMUemitidaem17/02/2014,ouseja,jcomseuprazolegalde180diasexpirado.4.CONCLUSOAnalisando os aspectos legais e tcnicos envolvidos neste processo,pautamos nossas consideraes finais tanto no aspecto do uso do soloquanto ambiental. Primeiramente, conforme a LC n 215/12, a rea estlocalizada em ZPA1, onde edificaes multifamiliares e comerciais soproibidas.Noentanto,comojcomentadoanteriormente,oArt.80destaLCtransfere para a rea do "Morro do Cortado" os ndices da ZU2,transformandoaentoZPA1emZU2.Entendemosquemesmopautadoporumdiplomalegalvlido,talcritrionolevaemconsideraoosaspectosambientaisdasreasenvolvidas,focandoapenasnovisurbanstico.Ouseja,ocorreumainversodeprioridade,ondeos critrios ambientais so sobrepostos pelos critrios urbansticos e demaximizao do uso do solo, sem embasamento ou estudos tcnicos-cientficos.Nocasoemanlise,entende-sequeosparmetrosmaispermissveisdaZU2no podem ser empregados nesta rea, devido as suas caractersticasambientaisdescritasanteriormente,e tambmporserumaregioondenoexistem edificaes ou intervenes deste tipo e porte, podendo abrirprecedentesparaocupaesemumareaquaseintocada.Ouseja,entende-se que o empreendimento apresentado no se coaduna com a reaanalisadaeprevistaparareceberoprojeto,poisnoestrespeitando-sea premissa bsica de que o empreendimento ou projeto que precisaestar adequado ao ambiente natural. E no projetar intervenes emodificaes no meio para que este se molde s necessidades doempreendimentopretendido.O local pretendido para o empreendimento, na sua maior parte no possuicobertura vegetal, devido a intervenes pretritas, conforme imagens japresentadas. Porm, nos trechos onde se pretende retirar a vegetao, amesmaencontra-seemestgiomdioeavanadoderegenerao,havendo,portanto,as implicaesprevistasnaLein11.428/06,nosseusartigos11,12,17,30e31.[...]Combaseemdadosdefotointerpretaofoipossvelconstatarqueporesdareaondehaversupressodavegetaoencontram-seacimadacota70e, que a instalao do empreendimento no apenas atingir a zona deamortecimentodaUCproposta,comoatingiriadiretamenteareadestinadaproteointegraldoecossistema.[...]Considerando as informaes declaradas neste parecer e os documentos

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    apresentados por parte do requerente, sugere-se o indeferimento dasolicitao da Licena Ambiental de Prvia por parte desta Fundao (fls.15/29verso).

    Oportunizou-se, no Inqurito Civil, manifestao pela demandada

    CARELLIPROPRIEDADESLTDA.quantoaosfatoseestudodaFAMAIaqual,por

    seuturno,prestoudestaque,emsntese,concepodoempreendimentoquanto

    gerao de empregos e recursos, contribuies sociais, inclusive no plano da

    cultura,epropostadeintegraoambiental.

    No obstante, a par da referida concepo do empreendimento

    voltada,emtese,paraumaintegraoambientalesustentvel,embora"nomeioda

    floresta", alm dos objetivos sociais que descreve a demandada CARELLI

    PROPRIEDADES LTDA., tem-se que as implicaes urbanstico-ambientais no

    permitem,porcerto,aedificaonolocalpretendido.

    Aquestoquesobressaiquantoa isso refere-se, induvidosamente,a

    interpretaodaleiematenoaosseusfins,aconhecidainterpretaoteleolgica,

    de forma a buscar o real objetivo da Lei Complementar n. 215/12 que em

    disposiesdiversas,emumainterpretaomenosacurada,conflitariamquantoao

    zoneamento em relao ao empreendimento aqui referido e a partir do que o

    MUNICPIO DE ITAJA, por sua Secretaria Municipal de Urbanismo, conferiu

    interpretao dissonante ao que se entende ser a inteno da caraterizao de

    zonasambientaisnoexercciodaincumbnciadeordenamentodoterritriourbano

    edepreservaoambiental.

    Essa interpretao citada diz respeito, como visto, ao contedo da

    Consulta Prvia referida no parecer da FAMAI, em destaque nesta pea, que

    conferiuinterpretaoaoartigo80daLein.215/12demodoaviabilizar,inicialmente

    com a Consulta Prvia e aps com a efetiva aprovao do projeto, edificao de

    empreendimento de expressivo porte e de impactos ambientais em rea de Mata

    Atlntica,caracterizadapela regeneraoemestgiosmdioeavanadosecomo

    Zona de Amortecimento da Unidade de Conservao de Proteo Integral do

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    ParqueMunicipaldaRessacada.

    Tem-se como certo que a interpretao do artigo para enquadrar e

    caracterizara localizaodoimvel, localasererigidooempreendimentoPorsche

    Design Towers Brava, como Zona Urbana embora esteja claramente fora dos

    contornosde talZona,emespecficoaZU2,e inserido,emverdade,emZonade

    ProteoAmbiental,comodeixaclarooAnexoIdaLCn.215/121,nosecoadunam

    com os objetivos constitucionais da poltica do desenvolvimento urbano, que

    motivaminclusiveareferidaLei,ecomasregrasrelativasaodireitofundamentalao

    meioambienteecologicamenteequilibradoesadio.

    Veja-se que a Lei Complementar n. 215/12 visando, claramente,

    menores impactos nas Zonas de Proteo Ambiental embora permitindo a

    possibilidade de construes, limita de modo severo as edificaes a residncias

    unifamiliares, de no mximo 2 dois pavimentos, dado o propsito de preservao

    ambientalondetambmopercentualdeaproveitamentodapropriedadereduzido.

    Eventual interpretao que no considere taisdisposies legais, por

    bvio, fogeda ratio legis daLeiComplementarn.215/12quemedidadeordem

    pblicadestinadaadefinirusospermitidosepermissveisdosolourbanocomvista,

    tambm,aprevenodedanosambientais.

    BemexplicaaquestoPaulodeBessaAntunesaosereferirairrestrita

    observncia das atividades a serem desenvolvidasconformeasreasdestinadas,

    pelo zoneamento, e ao fato de que eventual alterao preste observncia ao

    paralelismodeformas:

    Os critrios a serem utilizados para o zoneamento so fixadosunilateralmente pela Administrao Pblica, atravs de ato prprio, oumediante obrigatria consulta populao interessada. Oestabelecimento de zonas especiais destinadas a fins especficosintegra o poder discricionrio da Administrao Pblica, conformedesde h muito vem sendo reconhecido pelo STF. Quando o

    1Disponvelem:https://leismunicipais.com.br/plano-de-zoneamento-uso-e-ocupacao-do-solo-itajai-sc.Acessadoem29/04/16.

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    zoneamento se impuser sobre propriedade privada, no poder vedarusospreexistentes,sobpenadeviolaodedireitosadquiridos.Mereceserobservadoque,umavezeletenhasidoestabelecido,todaequalqueratividade a ser exercida na regio submetida a uma norma dezoneamento passa a ser vinculada, isto , no podero ser admitidaspela Administrao Pblica atividades que contrariem as normasestabelecidas para o zoneamento. Os particulares tm, portanto, odireito de exigir que se faa cumprir o zoneamento. Por exemplo, seresidimosemumaregioclassificadacomoexclusivamenteresidencial,temos o direito de exigir judicialmente que a prefeitura no concedaalvar para localizao de uma boate, ou outra atividade que possaimplicarincmodoparaavizinhana.Somentepormecanismolegaldehierarquia superior ou igual quele que tenha estabelecido ozoneamentoquesepoderalter-lo. (In,DireitoAmbiental.17.ed.SoPaulo:Atlas,2015.p.471).

    A referida interpretao teleolgica da Lei diz respeito a busca, pelo

    intrprete,doseumotivodeserquesemostra,nahiptese,semqualqueresforo

    demasiadoderaciocnio,nadivisodoterritriomunicipalparaordenaraexpanso

    urbanaeprivilegiaraproteoambientalemproldetodos,deformaajustamentea

    impediroincrementodeocupaodereasdestinadaspreservaoambiental.

    Alis,noteriaomenorsentido,revelando-semesmoabsurdo,criar-se

    uma "Zona de Proteo Ambiental" para, conjuntamente, criar uma exceo que

    levaaindubitveldegradaoambientaldestamesmaporodeterrasasquais,no

    caso,temaindamaisrelevoporfazerempartedoBiomaMataAtlntica.

    nesse contexto que prevalece a precisa lio de Silvio Rodrigues

    quantoaprocuradosentidodanorma:

    Aleidisciplinarelaesqueseestendemnotempoequefloresceroem condies necessariamente desconhecidas do legislador. Da aidiadeseprocurarinterpretaraleideacordocomofimaqueelasedestina, isto , procurar dar-lhe uma interpretaoteleolgica. Ointrprete,naprocuradosentidodanorma,deveinquirirqualoefeitoque ela busca, qual o problema que ela almeja resolver. Com talpreocupaoemvistaquesedeveprocederexegesedeumtexto.(DireitoCivil,volume1,partegeral,editoraSaraiva,edio1996)

    NomesmoplanodeimportnciatambmaliodeCarlosMaximiliano

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    que descreve a necessidade de interpretao inteligente do Direito de forma a

    impedir, como se afigura nos autos, que a interpretao enseje absurdos ou

    inconvenincias:

    Deve o Direito ser interpretado inteligentemente: no de modo que aordem legal envolva um absurdo, prescreva inconvenincias, v terconcluses inconsistentes ou impossveis. Tambm se prefere aexegesedequeresulteeficienteaprovidncialegalouvlidooato,quetorneaquelasemefeito,incua,oueste,juridicamentenulo.[...]Desde que a interpretao pelos processos tradicionais conduz ainjustia flagrante, incoerncias do legislador, contradio consigomesmo, impossibilidades ou absurdos, deve-se presumir que foramusadas expresses imprprias, inadequadas, e buscar um sentidoeqitativo,lgicoeacordecomosentirgeraleobempresenteefuturodacomunidade.(Hermenuticaeaplicaododireito,EditoraForense,19Edio).

    Evidentementea intenode integraoentreohomemeanatureza

    dademandadaCARELLIPROPRIEDADESLTDA.,mesmonoplanoparticular,dado

    o fato de que a preservao do meio ambiente dever de todos artigo 225 da

    Constituio Federal no pode conflitar com os objetivos de preservao

    ambiental.

    Mesmo a mais firme proposta integracionista do projeto com a

    aventadapreservaoambiental,projeodeempregosecultura,comodescrevea

    demandada, no suficiente a afastar os impactos urbansticos e ambientais na

    medidaemqueporumaevidentequestodeisonomia,quenopodeserderrogada

    por interesseparticular, haver inegvelaberturadenovoscamposdeconstruo

    porquantoa interpretaodealteraodozoneamentonotrar,porbvio,direito

    singular e de fruio egostica, individual, mas, ao contrrio, a possibilidade de

    edificao de diversos empreendimentos por vezes, talvez, de menor

    comprometimentoambientalesustentvelna formacomosevendeapropostado

    Porsche Design Towers Brava.

    justamente nesta perspectiva, entende-se, que se justificam as

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    disposiesdaLeiComplementarn.215/12eainterpretaosistmicaeteleolgica

    demodoacompatibilizardesenvolvimentoepreservaoambiental.

    Nestecontextoaadvertnciadoe.SuperiorTribunaldeJustiasobrea

    concesso de licenas suplantando a legislao urbanstica protecionista e a

    necessriacorreodedesviospeloPoderJudicirio:

    PROCESSUAL CIVIL, ADMINISTRATIVO, AMBIENTAL E URBANSTICO.LOTEAMENTOCITYLAPA.AOCIVILPBLICA.AODENUNCIAODE OBRA NOVA. RESTRIES URBANSTICO-AMBIENTAISCONVENCIONAIS ESTABELECIDAS PELO LOTEADOR. ESTIPULAOCONTRATUAL EM FAVOR DE TERCEIRO, DE NATUREZA PROPTER REM. DESCUMPRIMENTO. PRDIO DE NOVE ANDARES, EM REAONDE S SE ADMITEM RESIDNCIAS UNIFAMILIARES. PEDIDO DEDEMOLIO.VCIODELEGALIDADEEDELEGITIMIDADEDOALVAR.IUS VARIANDI ATRIBUDO AO MUNICPIO. INCIDNCIA DO PRINCPIODA NO-REGRESSO (OU DA PROIBIO DE RETROCESSO)URBANSTICO-AMBIENTAL.VIOLAOAOART.26,VII,DALEI6.766/79(LEILEHMANN),AOART.572DOCDIGOCIVILDE1916(ART.1.299DOCDIGO CIVIL DE 2002) E LEGISLAOMUNICIPAL.ART.334, I,DOCDIGODEPROCESSOCIVIL.VOTO-MRITO.1. As restries urbanstico-ambientais convencionais, historicamente depoucousoou respeitonocaosdascidadesbrasileiras,estoemascenso,entre ns e no Direito Comparado, como veculo de estmulo a um novoconsensualismo solidarista, coletivo e intergeracional, tendo por objetivoprimrio garantir s geraes presentes e futuras espaos de convivnciaurbana marcados pela qualidade de vida, valor esttico, reas verdes eproteocontradesastresnaturais[...]10. O relaxamento, pela via legislativa, das restries urbanstico-ambientaisconvencionais,permitidonaesteiradoius variandidequetitularoPoderPblico,demanda,porserabsolutamenteforadocomum,ampla e forte motivao lastreada em clamoroso interesse pblico,postura incompatvel com a submisso do Administrador anecessidades casusticas de momento, interesses especulativos ouvantagenscomerciaisdosagenteseconmicos.[...]13. O ato do servidor responsvel pela concesso de licenas deconstruo no pode, a toda evidncia, suplantar a legislaourbansticaqueprestigiaaregradamaiorrestrio.luzdosprincpiose rdeas prevalentes no Estado Democrtico de Direito, impossveladmitirquefuncionrio,aoarrepiodalegislaofederal(LeiLehmann),possa revogar, pela porta dos fundos e casuisticamente, conforme acara do fregus, as convenes particulares firmadas nos registrosimobilirios.

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    [...]17.Condenaraordemjurdicadesmoralizaoeaodescrditoojuizque legitimar o rompimento odioso e desarrazoado do princpio daisonomia, ao admitir que restries urbanstico-ambientais, legais ouconvencionais, valham para todos, exceo de uns poucosprivilegiadosoumaisespertos.Odescompassoentreocomportamentode milhares de pessoas cumpridoras de seus deveres eresponsabilidadessociaiseaastciaespeculativadealgunsbastaparaafastarqualquerpretensodeboa-fobjetivaoudeaoinocente.18.OJudicirionodesenha,constriouadministracidades,oquenoquerdizerquenadapossa fazeremseu favor.Nenhum juiz, pormaiorquesejaseuinteresse,conhecimentoouhabilidadenasartesdoplanejamentourbano,daarquiteturaedopaisagismo,reservarparasialgoalmdoqueosimplespapel de engenheiro do discurso jurdico. E, sabemos, cidades no seerguem, nem evoluem, custa de palavras. Mas palavras ditas por juzespodem,sim,estimularadestruioou legitimaraconservao, referendaraespeculao ou garantir a qualidade urbanstico-ambiental, consolidar errosdopassado,repeti-losnopresente,ouviabilizarumfuturosustentvel.19. Recurso Especial no provido. (REsp. n. 302906/SP. Relator MinistroHermanBenjamin.J.26/08/2010,semgrifonooriginal).

    Alimitaoaodireitodeconstruirnaformapretendidasedtambm

    porordemdainafastvelobservnciadafunosocialdapropriedadedemodoa

    contribuirparaobemestardacoletividadeemdetrimentodeinteressesunicamente

    individuais.

    Ainda, como j dissemos, o caso em concreto guarda evidente

    peculiaridadedadoqueareaemquestopertenceaoBiomaMataAtlnticacujas

    limitaes ao direito de propriedadeencontram restriesnosnaConstituio

    FederalcomonaLein.11.428/06.

    Alis, de modo a harmonizar as disposies municipais com a

    legislaodembitofederal,denota-sequeaprpriaLeiComplementarMunicipal

    n.215/08prescreveexpressamentenoseuart.5oseguinte:

    Aplicam-se, tambm, matria, as legislaes federais e estaduaisrelativas s reas no - edificveis (non aedificandi), de proteopaisagstica, reas verdes e de preservao permanente e do acervoculturalehistrico.

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    Nesse norte, ao mesmo tempo que a Constituio Federal de 1988

    erigiu o meio ambiente equilibrado a categoria de direito fundamental, como

    pressuposto inafastvel para a vida humana com dignidade, determinou, por

    consequncia,aoPoderPblico,asseguinteobrigaes,esculpidasnoart.225,da

    ConstituioFederal,equeteminteresseaopresentefeito:

    [...]III - definir, em todas as unidades da Federao, espaos territoriais eseuscomponentesaseremespecialmenteprotegidos,sendoaalteraoe a supresso permitidas somente atravs de lei, vedada qualquerutilizaoquecomprometaa integridadedosatributosque justifiquemsuaproteo[...]

    Quanto a previso expressa da Mata Atlntica prescreve o mesmo

    artigodaConstituioFederal:

    4AFlorestaAmaznicabrasileira,aMataAtlntica,aSerradoMar,oPantanalMato-GrossenseeaZonaCosteirasopatrimnionacional,esua utilizao far-se-, na forma da lei, dentro de condies queassegurem a preservao do meio ambiente, inclusive quanto ao usodosrecursosnaturais.

    Noponto,alimitaopossibilidadedeconstruonolocalpretendido

    porquestesambientaiscinge-se,fundamentalmente,aosdanosreadeproteo

    ambientaldobiomaMataAtlnticaeas influnciasUnidadedeConservaode

    ProteoIntegraldacategoriadeParqueMunicipal,naformadoartigo8,incisoIII,

    daLein.9.985/00.

    Istoporque,consoanteexpostopelaFAMAInoestudotranscritoacima,

    o empreendimento Porsche Design Towers Brava projeta-se sobre 2,3 ha de

    Floresta Ombrfila Densa Submontada, tida entre as formaes que compe a

    FlorestaOmbrfilaDensacomoaqueabrigaamaiorbiodiversidadevegetal(fl.19

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    verso),emestgiosmdioeavanadoderegenerao,quedeverosercortados,

    abrigando,inclusive,espcieameaadadeextino(fl.22verso).

    H, neste contexto, imposies expressas da Lei n. 11.428/06 de

    proteo do Bioma Mata Atlntica quanto a supresso da vegetao com tais

    caractersticas, relativas aos estgios de regenerao e de abrigar espcie

    ameaada de extino, porquanto a proteo e utilizao do referido Bioma

    determinaaobservnciade,entreoutrosprincpios,odafunosocioambientalda

    propriedade artigo 6, p. . , proibindo a supresso de vegetao que abrigue

    espcies da flora e da fauna silvestres ameaadas de extino e que proteja o

    entorno das unidades de conservao, alm de limitar as possibilidades de

    supressodavegetaosituaesdeutilidadepblicaeinteressesocial.

    A realidade dos fatos demonstra, por esses vrios aspectos, a

    impossibilidade de edificao do gigantesco empreendimento, seno vejamos os

    dispositivosdaLein.11.428/06:

    Art. 11. O corteeasupressodevegetaoprimriaounosestgiosavanado e mdio de regenerao do Bioma Mata Atlntica ficamvedadosquando:I-avegetao:a) abrigar espcies da flora e da fauna silvestres ameaadas deextino, em territrio nacional ou em mbito estadual, assimdeclaradas pela Unio ou pelos Estados, e a interveno ou oparcelamentopuserememriscoasobrevivnciadessasespcies;[...]d)protegeroentornodasunidadesdeconservao;

    Art. 14. A supresso de vegetao primria e secundria no estgioavanado de regenerao somente poder ser autorizada em caso deutilidadepblica,sendoqueavegetaosecundriaemestgiomdiode regeneraopodersersuprimidanoscasosdeutilidadepblicaeinteresse social, em todos os casos devidamente caracterizados emotivados em procedimento administrativo prprio, quando inexistiralternativa tcnica e locacional ao empreendimento proposto,ressalvadoodispostono inciso Idoart. 30enos1oe2odoart.31destaLei.

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    Art. 21. O corte, a supresso eaexploraodavegetaosecundriaemestgioavanadoderegeneraodoBiomaMataAtlnticasomenteseroautorizados:I - em carter excepcional, quando necessrios execuo de obras,atividadesouprojetosdeutilidadepblica,pesquisacientficaeprticaspreservacionistas;[...]III-noscasosprevistosnoincisoIdoart.30destaLei.

    Art.23.Ocorte,asupressoeaexploraodavegetaosecundriaem estgio mdio de regenerao do Bioma Mata Atlntica somenteseroautorizados:I - em carter excepcional, quando necessrios execuo de obras,atividades ou projetos de utilidade pblica ou de interesse social,pesquisacientficaeprticaspreservacionistas;[...]III - quando necessrios ao pequeno produtor rural e populaestradicionaisparaoexercciodeatividadesouusosagrcolas,pecuriosou silviculturais imprescindveis sua subsistncia e de sua famlia,ressalvadasasreasdepreservaopermanentee,quandoforocaso,aps averbao da reserva legal, nos termosdaLein4.771,de15desetembrode1965;IV-noscasosprevistosnos1oe2odoart.31destaLei.

    Merecedestaque,por fim,o fatodequeopretensoempreendimento,

    almde tudo,estaria inseridoemZonadeAmortecimentodoParqueMunicipalda

    Ressacada,cujoslimites,segundoexpostopelaFAMAI,seroampliados.

    A Zona de Amortecimento entendida como "o entorno de uma

    unidade de conservao, onde as atividades humanas esto sujeitas a normas e

    restriesespecficas,comopropsitodeminimizarosimpactosnegativossobrea

    unidade"artigo2,XVIIIdaLein.9.985/00.

    Dessarte, certoqueos fatosnarradosdesafiam interveno judicial

    paraquesejaobstadoopropsitoconstrutivo.

    IIDanecessriaconcessodemedidaliminar

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    Osfatosarticuladosetodoodireitosubstantivoinvocado,bemcomoo

    disposto no art. 12 da Lei n. 7.347/85 (Lei da Ao Civil Pblica), indicam a

    possibilidade de concesso liminar de tutela de natureza cautelar, a fim de evitar

    prejuzosordemurbansticaeaomeioambiente.

    Apossibilidadedeconcessodetuteladeurgnciatratadatambm

    no Cdigo de Processo Civil que estabelece, em termos gerais, que a "tutela de

    urgnciaserconcedidaquandohouverelementosqueevidenciemaprobabilidade

    dodireitoeoperigodedanoouoriscoaoresultadotildoprocesso"artigo300,

    caputepermite,pelopodergeraldecautela,aomagistrado,aefetivaodatutela

    deurgnciapor"qualquer[...]medida idneaparaasseguraododireito"artigo

    301doCdigodeProcessoCivil.

    Eassimarelevnciadofundamentodademanda, consubstanciada,na

    vertentedodireitourbansticoinvocado,nanecessidadeinafastveldequenoseja

    produzidoprecedenteperigosoeaptoadesvirtuaros finsdaLeiComplementarn.

    215/12, direcionando o adensamento urbano a uma rea destinada a proteo

    ambiental,enesseponto,dodireitoambiental,sobretudo,noprincpiodaprecauo

    tendo objeto, portanto, ainda que no se tenha dano ambiental concretamente

    afervel,permiteumjuzodeprobabilidadequedemonstra,mesmoemumaanlise

    superficial,aimperiosanecessidadedaconcessodemedidaliminar.

    Emrelaoatuteladeurgnciaquesepretendedeferida,consistente

    emobstaraedificaodoempreendimentoPorsche Design Towers Bravanoimvel

    registradosobamatrculan.42.161do1OfciodeRegistrodeImveisdeItaja,

    localizado na Rodovia Osvaldo Reis, s/n., bairro Praia Brava, Itaja/SC, com a

    averbao de tal medida em sua matrcula, e impedimento do MUNICPIO DE

    ITAJA, de conceder licenas, alvars ou permisses urbansticas, que imponham

    qualquer alterao no imvel com vista ao empreendimento, observando que o

    fumus boni iuris emerge, com inquestionvel clareza, dos prprios termos da

    narrativa j apresentada, quedenotaapossibilidadedeafrontasdisposiesda

    Lei Complementar n. 215/12 e a possibilidade concreta de danos ambientais em

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    readedensaMataAtlntica.

    Deseuturno,o periculum in moraprovmdascaractersticasdobem

    jurdicourbano-ambientaledanaturezadasatividadesempreendidas.

    necessrio destacar que a demandadaCARELLIPROPRIEDADES

    LTDA. j obteve Consulta Prvia favorvel bem como aprovao do projeto

    urbanstico pelo demandado MUNICPIO DE ITAJA havendo a fundada suspeita,

    divulgadaementrevistapeloresponsvelpelasvendasdoempreendimento,deque

    j tenham iniciado "reservas"deunidadesdesdeoseu lanamentoemSoPaulo

    de modo que resta evidente os riscos ao patrimnio urbanstico-ambiental dessa

    comarca.(https://www.youtube.com/watch?v=T7keCbJOoDc).

    Os impactos urbano-ambientais foram amplamente tratados no

    relatriodaFAMAIesereferemao"comprometimentodaestabilidadedasencostas,

    motivado pela supresso de vegetaoeeventuais cortese formaode taludes;

    comprometimento da qualidade da gua dos cursos naturais; perda de habitats e

    modificao das paisagem; aumento do escoamento das guas superficiais;

    sombreamento da vegetao; fuga de animais; alterao do padro de ventos e

    incidncia solar; gerao de resduos slidos; aumento da impermeabilizao do

    solo;aumentodo fluxodeveculosentreoutrosdegrandemagnitudeedecarter

    negativo,porperodode tempoprolongado" (fl.23verso)semseolvidar,ainda,a

    possibilidade de reconhecimento do direito de construir, por isonomia, a tantos

    quantospreencheremosrequisitosparaexercciododireitorevelando-se,portanto,

    operigonaesperadoprovimentofinal.

    Com efeito, uma vez negada a tutela de urgncia, estar-se-

    permitindo,casoconcedidasaslicenaseautorizaesemmbitoadministrativo,o

    incio de obra em afronta s garantias de preservao da ordem urbanstica e

    ambientalvigente.

    Nessalinhaderaciocnio,deve-seressaltarqueanoconcessodas

    medidasrequeridas,emproldomeioambienteedaordemurbansticaqueafetada

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    toda uma coletividade, durante o curso da demanda que se sabe longo e

    demorado,podercontribuirparaaconsolidaodosdanoseriscosqueigualmente

    devemserevitados,restandopatente,portanto,o periculum in moraeojustificado

    receio da ineficcia provimento final de modo a obstar o prprio crescimento

    desordenadonamedidaemqueemdesacordocomaLei.

    IIIDospedidos

    Anteoexposto,oMinistrioPblicorequer:

    a)orecebimentodapresenteaocivilpblicaeoseuprocessamento

    dentrodoritoestabelecidopelaLei7.347/85comacitaodosdemandadospara,

    querendo,apresentaremdefesas;

    b)aconcessodemedidaliminar,semjustificaoprvia,consistente

    emobstaraemisso,porpartedoMUNICPIODEITAJA,eaobtenoporparte

    dademandadaCARELLIPROPRIEDADESLTDA,dealvarsconstrutivos,licenas

    e permisses de ordem urbanstica do empreendimento Porsche Design Towers

    Bravano imvel registradosobamatrculan.42.161do1 OfciodeRegistrode

    Imveis de Itaja, com a averbao de tal medida em sua matrcula, impedindo

    qualqueralteraonoimvelemrelaoaoempreendimentoqueconfrontemcoma

    zonadeproteoambientaleosdispositivosdetuteladamataatlntica;

    c) a condenao do MUNICPIO DE ITAJA e CARELLI

    PROPRIEDADESLTDA.emobrigaodenofazerconsistenteemproibirqualquer

    edificaonoimvelregistradosobamatrculan.42.161do1OfciodeRegistro

    de Imveisde Itaja, localizadonaRodoviaOsvaldoReis,s/n.,bairroPraiaBrava,

    Itaja/SC,queafrontemnosasdisposiesdaLeiComplementarn.215/12em

    relaoaozoneamentoepadresconstrutivosbemcomoaConstituioFederalea

    Lein.11.428/06;

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    d)aproduodetodasasprovasemdireitoadmitidas.

    D-secausaovalordeR$10.000,00(dezmilreais).

    Nestestermos,pededeferimento.

    Itaja,04demaiode2016.

    ALVAROPEREIRAOLIVEIRAMELO

    PromotordeJustia

    Roldedocumentos:

    CpiaintegraldoInquritoCiviln.06.2016.00001098-2.