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CARTA DO RECIFE

Os presidentes do CAU/BR e dos CAU/UFS reunidos em fórum

realizado no Museu da Cidade do Recife situado no Forte de Cinco Pontas,

lugar estratégico de um dos primeiros planos urbanísticos das Américas, na

cidade do Recife, entre os dias 6 e 7 do corrente mês,

RECONHECEM que as regiões metropolitanas são realidades urbanas

constituídas por agrupamentos de Municípios e que abrigam mais da metade

da população urbana do Brasil;

CONSTATAM que essas metrópoles são carentes de um sistema gestor

que comande o processo de desenvolvimento urbano, por meio do

planejamento e da execução de obras e serviços no ambiente metropolitano

como um todo; carência esta que é a principal causa da desestruturação dos

seus territórios e da má distribuição de atividades econômicas, sociais e

culturais próprias de uma grande cidade.

ENTENDEM que a metrópole, pela condição de cidade una e indivisível,

precisa de um projeto que contemple essa realidade, e que este deve ter um

arquiteto urbanista na coordenação das equipes mobilizadas para

planejamento e execução de suas diretrizes de ordenamento territorial.

PERCEBEM que as dificuldades persistentes para que os urbanistas

possam integrar, plenamente, o processo de planejamento metropolitano só

serão sanadas com a instituição da governança metropolitana interfederativa

prevista no Estatuto da Metrópole (Lei Federal nº 13.089/2015). Essa

governança representa a autoridade gestora legítima para a consolidação do

planejamento e para o fortalecimento da liderança do profissional urbanista na

concepção de planos, projetos e serviços capazes de atender as demandas

urbanas das metrópoles;

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COMPREENDEM que o Conselho de Arquitetura e Urbanismo, tanto em

âmbito Federal quanto nos Estados, pode juntar esforços e contribuir para o

aperfeiçoamento do processo de criação dessa entidade interfederativa, que

virá resolver a carência institucional em que vivem as metrópoles brasileiras;

CONCLAMAM os arquitetos e urbanistas a se engajarem nessa missão

de apoio à gestão das metrópoles, para obterem interlocutores legítimos das

suas expectativas profissionais nos campos do urbanismo e da arquitetura

integrada às cidades, contribuindo assim para uma metrópole mais equilibrada,

inclusiva e que propicie oportunidades para todos os seus cidadãos;

TÊM CERTO que essa missão do CAU/BR e dos CAU/UFS será

decisiva em todos os Estados da Federação, mobilizados para atenderem às

disposições legais, no que concerne à elaboração do Estatuto da entidade

responsável pela governança metropolitana. O envolvimento do Conselho é

estratégico também no que diz respeito à elaboração do Plano de

Desenvolvimento Urbano Integrado previsto em Lei e à promoção dos meios

para a implementação de realidade fiscal nas metrópoles (orçamento e receitas

metropolitanas), de legislação metropolitana e de suporte técnico responsável

pelo planejamento urbano metropolitano;

e, finalmente,

RECONHECEM, ainda, que para a missão de apoio às metrópoles

brasileiras é imperiosa a consolidação e a promoção da atividade do arquiteto e

urbanista, assim como a união de todos esses profissionais, atuantes nas

diferentes escalas e áreas da profissão, em torno da questão metropolitana,

honrando a função socioespacial transformadora e ocupando o protagonismo

na construção do futuro que todas as nossas cidades precisam.

Recife, 7 de agosto de 2015.