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Jackson De Toni - Economia do Setor Público – 2014 1
Economia, Estado e PlanejamentoCurso de Capacitação
Outubro de 2014
Prof. Jackson De Tonihttp://abdi.academia.edu/JacksonDeToni/
https://jacksondetoni.wordpress.com/
Jackson De Toni - Economia do Setor Público – 2014 2
O que é o Estado ?• A horda, o clã, a tribo, a polis grega, a civitas romana...• Maquiavel usou a palavra “Estado” para designar a
cidade-estado• Rousseau: o Estado nasce de um contrato social, a lei é
a vontade geral• Marx: o Estado resulta do domínio de uma classe sobre
as demais• Liberais: o Estado é um mal necessário, deve ser
vigiado • Estado moderno: povo + território + governo +
soberania• Governo: é a direção executiva do Estado• Burocracia: são os funcionários do Estado, impessoal,
hierárquica, formal e profissional• Administração pública: organizações e burocracia a
serviço do Estado
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Thomas Hobbes: o Estado é um “Leviatã” que engole os direitos individuais...
“Bellum omnium contra omnes ”
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Qual é o papel do Estado ?• Constituição Federal, em seu art. 1.º: o Brasil é uma
República Federativa e constitui-se, de direito, em Estado democrático, no qual todo o poder emana do povo, tendo a cidadania como um dos seus fundamentos básicos
• Estado democrático de direito • Nessa relação da democracia de direito e exercício
da cidadania• Preocupação com as necessidades sociais, bem
comum e uma justiça social• Detém a supremacia na esfera econômica,
regulação da economia e meios necessários à coletividade, garantir o bem comum
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As origens da intervenção estatal no Brasil
• Impostos do comércio exterior que eram a base tributária do país
• Política de isenções e concessões para beneficiar as indústrias nascentes
• O setor financeiro do Estado, Banco do Brasil e posteriormente com os Bancos Estaduais Ajudar o setor agrícola, atividade econômica básica do país
• Estados produtores de café (São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro)
• A crise do setor cafeeiro, Convênio de Taubaté: políticas de controle de produção e de preços mínimos
• Expansão dos meios de transportes (ferrovias) para exportação
• Crise no setor cafeeiro e a depressão mundial: industrialização
• Substituição dos processos de importação: expansão do Estado
• Primeiro e efetivo instrumento de controle de preços: tarifas de eletricidade
• O poder de intervenção do Estado não se restringe ao setor econômico
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Evolução das Funções do Governo• Grande crise da depressão econômica de
1930 justificou a necessidade de intervir na economia para combater a inflação ou desemprego
• As duas grandes guerras mundiais: alterações definitivas nas preferenciais da coletividade
• No pós-guerra: desenvolvimento econômico aumenta as atribuições do governo
• Três grandes categorias: função alocativa (alocação de recursos); função distributiva (distribuição de recursos na economia) e função estabilizadora (manter a estabilidade na economia)
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Teoria dos Bens Públicos• Princípio da Exclusão: o consumo de um bem por
um indivíduo implica na impossibilidade de consumo do mesmo bem por outro indivíduo, baseado no direito de propriedade
• Bens de consumo não-rival: o seu consumo não implica na diminuição dos benefícios à disposição para o consumo de outro indivíduo
• A alocação de recursos pelo princípio da exclusão é feita pelo mercado como um “leilão” entre produtores e consumidores, as preferências são demonstradas em cada transação comercial
• No consumo de bens públicos não há revelação de preferências individuais através das compras (leilão do mercado), como fazer a alocação ótima de recursos ?
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• Bens públicos puros tem consumo não-rival e não excludente, mas o problema alocativo se resolve através das escolhas políticas e do planejamento
• Indivisibilidade do benefício: não é possível excluir dos benefícios os indivíduos que se recuse ao pagamento da utilização (free riders): segurança pública, iluminação pública, ruas e avenidas, etc.
• Bens cujo benefício individual gera externalidades coletivas não-mensuráveis: vacinação, educação básica, saneamento, etc...
• Monopólios naturais ou técnicos: o custo médio (custo total/quantidade) diminui com aumento da escala de produção, eletricidade, gás, telefonia, para garantia de modicidade de preços
• Imperfeições do processo político: analisar o “paradoxo da maioria” (paradoxo de Condorcet)
Teoria dos Bens Públicos
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Aspectos notáveis dos bens públicos.• Bens de consumo rival e excluível: sorvetes,
roupas, estradas com pedágio congestionadas, sapatos, etc.
• Bens de consumo não-rivais não-excluíveis: defesa nacional, conhecimento básico, estradas sem pedágio não-congestionadas,...
• Bens não-rivais e excluíveis: banda larga, bombeiros, TV a cabo, estradas,... (meu consumo não impede outros de usarem, mas há exclusão)
• Bens rivais não-excluíveis: peixes do mar, meio ambiente, estradas sem pedágio congestionadas,... (meu consumo priva os demais de consumirem, mas não exclui o consumo dos outros)
• Porque o serviço de ..... são custeados pelo Estado ?• Porque os programas de renda mínima devem ser
custeados pela sociedade ?
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Consumo não-rival não-excluívelbem público puro
Consumo não-rival e excluível
Bem meritório ou quase-público
Consumo rival não-excluível
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Teoria da Escolha Pública (public choice)
• A votação por maioria nem sempre representa que benefícios totais serão maiores que custos totais no provimento de um bem público.
• Os grupos de interesse podem eventualmente corrigir esta distorção ao induzir a formação de coalisões e apoios cruzados (maiorias não representativas)
• No “paradoxo da maioria” as escolhas finais de bens públicos dependem da sequência em que são votados (aparente irracionalidade: ex.: estrada, segurança, previsão meteorológica)
• Predomina a escolha do eleitor mediano, entre posições de forte e fraca preferência por bens públicos, taxas e regulamentações (convergência ao centro)
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Teoria da Escolha Pública (public choice)• Falhas do Setor Público: • (1) ganhos privados em troca de perdas
coletivas pequenas • (2) rent seeking, grupos restritos obtém
vantagens da regulamentação estatal• (3) tendência aos projetos com benefícios
visíveis e custos ocultos • (4) eleições são compras casadas (pacotes
fechados), tendência ao logrolling (conluio)• (5) Burocracia cria suas próprias demandas
(James Buchanan), o eleitor só pode votar em limites para o gasto público (salvaguardas)
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Teoria da Escolha Pública (public choice)• Falhas do Setor Público:
• (6) há grande dificuldades de se avaliar a quantidade e a qualidade dos bens e serviços produzidos pelo governo
• (7) regulados capturam os reguladores (insuficiência de recursos e de informação das agências)
• (8) falha legislativa – ineficiência alocativa: excesso de provisão de bens públicos utilizados como instrumento de estratégia política para maximizar as possibilidades de reeleição
• (9) falha judicial – ocorre quando o sistema legal falha ao não proferir resultados judicialmente ótimos
•
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Teorema da impossibilidade de Arrow
• A soma das racionalidades individuais não produz uma racionalidade coletiva
• No mundo da economia o todo não só é maior como também pode ser bem diferente da soma das partes
• O coletivo têm regras próprias de funcionamento e uma racionalidade diferente das individuais
1. A regra se aplica a qualquer conjunto de preferências possível
2. A escolha individual é transitiva3. Critério de Pareto, impõe que a
regra satisfaça um critério de unanimidade
4. Independência das alternativas irrelevantes
5. A regra deve ser não-ditatorial
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A lógica da ação coletiva: Mancur Olson
• Não-percepção: não convergência entre a ação imediata do indivíduo e seu interesse próprio ou legítimo. Por ignorância das alternativas possíveis ou conseqüências futuras de determinadas escolhas os indivíduos podem inclusive agir contra seus interesses, informação assimétrica
• Defecção: o cidadão abandona a ação coletiva em função de uma avaliação custo/benefício mais favorável à ação individual. Por apatia, descrença, acomodação ou inércia
• Tamanho do grupo latente: quanto maior é o grupo e mais complexo o mosaico e a composição de interesses de sub-grupos, mais marginal será a contribuição individual. Custo da participação é proporcional ao tamanho do grupo. Os custos são individuais, os benefícios são coletivos
• Custos altos: a busca e manutenção de informação, indispensável para qualificar a participação, sacrifícios pessoais, alto grau de exposição individual, disponibilidade para travar conflitos e conviver em ambientes hostis
• Lógica temporal: nos processos de participação política geralmente os custos são imediatos e os benefícios de longo prazo, às vezes inter geracionais
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A dinâmica das externalidades• Economias Externas (Marshall): benefícios
gerados indiretamente pela atividade econômica e apropriados privada ou socialmente
• As aglomerações produtivas produzem economias externas que, por sua vez, reforçam a aglomeração pré-existente
• Atividades do setor terciário: transportes, comunicações, redes comerciais, atividades financeiras, são externalidades típicas
• (a) Economias de Urbanização: geradas pela proximidade ou inserção em áreas com infra-estrutura urbana consolidada, repercutindo na diminuição de custos de lazer, transporte, formação de mão-de-obra, distribuição, etc.
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• (b) Economias de aglomeração: aglomeração de empresas de um mesmo ramo ou setor repercutindo em menores custos para serviços comuns, especializados e de apoio
• Externalidades negativas: desvantagens decorrentes da concentração de demanda das empresas sobre o preço da terra urbana, taxa de salários, saturação das redes de infra-estrutura, poluição, etc.
• O governo interfere através da taxação, subsídio, agências reguladoras e redimensionando os direitos de propriedade (estabelecendo patentes, por exemplo)
• As identificação das externalidades e a ação estatal é feita nos marcos culturais e sociais: quais impactos da biotecnologia ? Software livre ? Clonagem humana, etc. ?
A dinâmica das externalidades
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• Se o pagamento de tributos fosse voluntário o problema seria resolvido ? O mercado pode resolver o problema do “carona” ? O “free riding” ?
• Internalização das externalidades: a mesma empresa diversifica seus negócios (ex.: hotelaria e comércio)
• Negociação entre as partes quando:• (a) a propriedade esteja definida • (b) o número de pessoas seja pequeno• (c) os custos de transação sejam desprezíveis, o
governo deve apenas estimular as negociações (ex.: dono do hotel X dono da floresta).
• Teorema de Coase• Exemplos ?
A dinâmica das externalidades
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Teorema de Coase
• Procura demonstrar a possibilidade de uma solução privada óptima às externalidades, isto é, uma solução sem a intervenção do Estado que maximiza o bem-estar social
• Se os agentes afetados por externalidades puderem negociar (sem custos de transação) a partir de direitos de propriedade bem definidos pelo Estado, poderão negociar e chegar a um acordo
• Quando os custos de transação são nulos, a distribuição dos direitos de propriedade não altera a alocação dos recursos
• Os custos de transação incluem todos os custos associados à troca (no caso, a transação dos direitos de propriedade privada); eles incorporam custos de contratação, de realização de contratos e de obtenção de informações
• Os custos de informação são aqueles custos de transação que dizem respeito à obtenção de informações sobre os preços, quantidades, disponibilidade e durabilidade, no caso dos bens duráveis
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• Limitações: os custos de barganha (transação) não são desprezíveis quando os direitos de propriedade são difusos (ex.: chuva ácida ou controle de enchentes)
• O governo deve minimizar os custos de transação:
• (a) definidindo legalmente os direitos de propriedade
• (b) estabelecendo sistema de incentivos (tombamento de edifícios históricos por isenções tributárias)
• (c) “impostos de Pigou” (imposição de custos de transbordamento)
• Como corrigir o problema das externalidades no mercado capitalista?
A dinâmica das externalidades
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Planejamento em Economias Capitalistas
• Tradição clássica (Smith, Ricardo, Malthus): liberalismo econômico, funções residuais para o Estado, equilíbrio geral estático ou dinâmico (Walras e Marshal)
• Tradição keynesiana (1950 - 1980): mercado associado à instabilidade e crise econômica, instrumentos ativos de intervenção, demanda efetiva, redução da imprevisibilidade dos mercados
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Planejamento em Economias Capitalistas
• Tradição estruturalista: crítica à distribuição de renda na A. Latina nos anos 70, Estado age para compensar as imperfeições do mercado. Problemas: pressões de câmbio, matérias-primas, deterioração das trocas, etc.
• Crítica: Ludwig von Mises (1881-1973), o livre sistema de preços é o melhor cálculo econômico, Hayek (1899-1992), o planejamento conduz a perda da liberdade (“O caminho da servidão”, 1944)
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• Neoliberalismo (anos 70): as falhas de mercado tem como causa a intervenção estatal e não a sua ausência
• Desconstituição da capacidade de governar: o Estado não pode resolver conflitos distributivos, o mercado produz maior eficiência alocativa
• Forte influência na política econômica dos países subdesenvolvidos: privatizações, superávit fiscal, câmbio flutuante e abertura comercial, flexibilização das relações salariais, focalização de políticas sociais,...
Planejamento em Economias Capitalistas
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• Retomada do planejamento no capitalismo:
• Fim da “guerra fria” e implosão do bloco soviético a partir de 1989.
• Fragilidades do modelo neoliberal, em particular no 3º Mundo.
• Difusão do planejamento estratégico em grandes empresas.
• Aperfeiçoamento das técnicas, modelos e métodos computacionais.
• Diferenças geográficas recuperam o Planejamento Regional.
• Modelos socialistas flexíveis: China e Vietnam.
Planejamento em Economias Capitalistas
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Problemas e limites do modelo:• sistemas de recompensa baseados na quantidade
produzida (não nos lucros), em quotas de produção (ao invés de custos baixos)
• Desproporção entre capacidade instalada e metas estabelecidas: estocagem de matéria-prima, qualidade baixa da produção
• Desequilíbrios entre oferta e demanda ao longo da cadeia produtiva: excesso de bens de consumo e escassez de bens duráveis
• Baixa produtividade agrícola gerava insuficiência de matéria-prima para indústria e crise de abastecimento nas cidades
• Custos de produção progressivamente divergentes dos preços de venda, favorecendo ineficiência na alocação de recursos
• Pouco incentivo à inovação técnica e novas tecnologias, resultando em desaceleração do crescimento
Planejamento em Economias Coletivas
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• As diferenças de desenvolvimento resultam de diferentes taxas de expansão da produtividade
• As expectativas determinam o grau de formação de capital e a expansão da capacidade produtiva
• A flutuação e imprevisibilidade das exportações (mercado externo) é um fator chave para determinar as expectativas sobre a demanda
• Cabe ao governo a indicação aos tomadores de decisão privados como forma de contribuir na formação das expectativas
Argumentos do Planejamento Indicativo
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Objetivos prioritários do planejamento• Corrigir imperfeições nas funções básicas
do mercado: (a) estabelecer valor, (b) organizar a produção, (c) distribuição do produto ou serviço, (d) racionalização do consumo e (e) provimento para o futuro
• Desequilíbrios e flutuações nos agregados macroeconômicos: oferta de emprego, níveis de preços,transações externas,...
• Controlar a concentração econômica: monopólios de setores estratégicos, matérias primas, desnacionalização, cartelização, concentração do poder decisório
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Objetivos prioritários do planejamento• Desajuste na repartição de renda: níveis
de produtividade pessoal e espacial• Imputar custos de transbordamento e de
oportunidade aos agentes econômicos (shadow price)
• Corrigir a assimetria de informações: problema do “risco moral” (mudança de comportamento após contrato) e da “seleção adversa” (obter vantagem do desconhecimento de uma das partes): venda de carros usados
• Contribuir para a estabilidade politica e social
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• Suplementação da iniciativa privada• Pré-investimentos de interesses social, mudança de padrão
tecnológico ou preparação de força de trabalho (ex: pesquisa universitária)
• Implantação de infra-estrutura em áreas não atrativas ou monopólios técnicos naturais
• Produção de bens e serviços relacionados à segurança e defesa nacional, vigilância interna, conflitos militares,...
• Bens e serviços de consumo coletivo: saúde, educação, saneamento, áreas coletivas de lazer, bibliotecas, museus, etc..
• Coordenação e regulação econômica• Articular interesses privados antagônicos e divergentes,
sistematizar as demandas sociais (hierarquia e priorides).• Aumentar o grau de acesso á informações pelos decisores e
agentes econômicos (estatística econômica)
Objetivos prioritários do planejamento
Jackson De Toni - Economia do Setor Público – 2014 32
Planejamento como processo e sistema• A sociedade é composta por subsistemas
relativamente autônomos e auto-coordenados• Subsistema ideológico e cultural: interação
simbólica, crenças e valores, ideologias, hábitos, costumes e tradições
• Subsistema político: regime de poder, níveis federativos, Agências estatais, partidos, grupos organizados, capacidade de pressão,...
• Subsistema econômico: estruturas produtivas, agentes econômicos, trocas internas e externas, fatores de produção, distribuição espacial,...
• O Governo não pode garantir o desempenho do setor privado no cumprimento das metas e objetivos do plano
• Persuasão e indução: crédito, subsídios e regulação!
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Condições necessárias do planejamento• Fundamentação legal e jurídica consolidada• Organização institucional para apoio interno e
externo, divulgação/informação e sustentação administrativa (gestão do plano)
• Governos com legitimidade democrática (estabilidade e previsibilidade nas regras institucionais)
• Sistema de Informações Gerenciais e Estatísticas.
• Pessoal técnico qualificado (setorial e metodologia)
• Liderança politica empreendedora• Tempo do Plano: relação entre
diagnóstico/passado X prognóstico/futuro (condições de incerteza)
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O diagnóstico no planejamento• Disponibilidade de recursos humanos, naturais e
capital: pesquisas geológicas, geomorfológicas, climáticas, propriedade e uso da terra, reservas naturais, dinâmica demográfica, fluxos migratórios, perfil ocupacional, localização espacial, estoque de capital fixo por ramo de atividade, obsolescência do parque produtivo, padrões tecnológicos, etc.
• Infra estrutura de apoio econômica e social: suprimento energético, sistemas de comunicação, transporte, armazenamento e distribuição. Sistemas de saúde, educação e lazer, etc.
• Estrutura do aparelho produtivo: por setor, ramo de atividade, tipo de mercado, natureza da propriedade, localização
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• Estrutura e composição do sistema financeiro: estrutura institucional, grau de concentração, disponibilidade de ativos financeiros monetários e não-monetários, fontes de captação e aplicação, ...
• Relações econômicas com o exterior: dinâmica da balança de pagamentos, tendências dos mercados, análise de riscos cambiais e reservas,...
• Composição do produto nacional e repartição da renda: setorial, regional e pessoal
• Comportamento conjuntural da economia: preços, capacidade instalada, níveis de emprego e consumo, projetos em execução, falências e concordatas,...
O diagnóstico no planejamento
Jackson De Toni - Economia do Setor Público – 2014 36
O prognóstico no planejamento• Visão sobre o comportamento futuro da economia,
com tendências identificadas e resultado presumido dos projetos planejados
• Requisitos objetivos: montagem de cenários, conhecimento das tendências e comportamentos dos agentes
• Requisitos subjetivos: sensibilidade, intuição, atitude frente aos problemas, experiência pessoal, expertise, perícia
• Técnicas Qualitativas: pesquisas de mercado, opinião, analogias históricas, opinião de especialistas (Delphi)
• Técnicas Quantitativas: tendências e projeções, ciclos econômicos, Regressão Linear, Insumo-Produto, etc.
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Estratégias do planejamento regional• Espaço econômico: é um espaço material,
concreto e humano, uma realidade técnica comercial, monetária e política localizada. Envolve tanto o espaço geográfico quanto o espaço matemático abstrato de análise lógica. O espaço econômico é deformável em função das relações Região econômica: elementos mais contíguos e homogêneos, laços comuns de trocas, maior facilidade em estabelecer planos de ação.
• Diagnóstico Regional: (a) dinâmica do desenvolvimento por fatores endógenos ou exógenos, (b) hierarquia da rede urbana, (c) tipo de especialização produtiva, (d) grau de integração com as demais regiões, (e) composição sócio-política
• Fatores de desenvolvimento: grau de mobilidade dos fatores, capital humano acumulado, vantagens locacionais, especialização flexível,...
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Formulação de Políticas Públicas• Fixação de níveis de crescimento ou metas,
determinação das taxas de variação macroeconômicas, limites ou bandas de variação (cambio, salários, inflação, emprego, etc...)
• Prazos: curto (orçamento anual), médio (duração do mandato), longo (problemas estruturais, 10 ou 20 anos)
• (1) Definição da estratégia global de desenvolvimento: política fiscal, salarial, cambial e de preços
• (2) PPA, LDO e LOA: investimentos governamentais nos setores estratégicos da economia
• (3) Programação de Investimento: indicativo e metas de investimento para o setor privado, incentivos fiscais e creditícios, definição de portfólios de investimento
Jackson De Toni - Economia do Setor Público – 2014 39
• (4) Testes de consistência: verificar a coerência nas relações entre meios e fins, detectar conflitos internos, estrangulamentos e gargalos, ex., superavit fiscal e incentivos tributários
• (5) Viabilidade operacional: viabilidade jurídica, tecnológica, financeira, pessoal qualificado, etc.
• (6) Execução e monitoramento: operação de SIGs, apoio logístico, relações institucionais com setor privado, replanejamento das metas, acompanhamento da conjuntura econômica e social
• A política econômica na conjuntura é o resultado e a viabilização do planejamento econômico
Formulação de Políticas Públicas
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Funções do Governo no planejamento
Função Alocativa: • Fornecimento de bens e serviços públicos
indivisíveis• Problemas: não há pgto. Voluntário nem
o consumidor revela suas preferências• O sistema eleitoral substitui o mecanismo
de alocação mercantil• Os consumidores/eleitores consomem
bens públicos independente de sua contribuição ao custo social (free riders)
Jackson De Toni - Economia do Setor Público – 2014 41
Função Distributiva• Distribuição da renda pessoal, setorial e individual• Conceito de justiça distributiva (cultural e ideológico)• Critérios do mercado: dotação de fatores, posição na estrutura
social, herança, etc.• Medidas distributivas X custo de eficiência do sistema (ex.
subsídios agrícolas e técnicas de plantio)• Mecanismos: tributação, transferências, legislação salarial,
proteções tarifárias, subsídios e políticas públicas específicas (renda mínima, cesta básica, etc...)
• Tributação sobre grandes fortunas e heranças• A produtividade (inata ou adquirida) e as propriedades
herdadas de um indivíduo determinam sua renda, é impossível saber os níveis de utilidade da renda para cada indivíduo
Funções do Governo no planejamento
Jackson De Toni - Economia do Setor Público – 2014 42
Função Estabilizadora• Variáveis-chave: taxa do PIB, inflação, nível de emprego,
equilíbrio na Balança de Pagamentos• Crescimento: ciclos de 3 anos (Juglar) e de 50 anos
(Kondratieff),ações contra-cíclicas (ex. tributos ad valorem)• Inflação: de demanda, de custos, enfoque estruturalista
(estrutura de propriedade e trocas desiguais), inercial,...• Emprego: demanda e oferta de trabalho• Transações externas: política cambial, esforço exportador,
restrição de importações, reservas• Conceito de Desenvolvimento: urbanização e terciarização,
externalidades, realocação de fatores, ampliação da liberdade de escolha (Amartya Sen)
Funções do Governo no planejamento
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Jackson De Toni - Economia do Setor Público – 2014 44
Jackson De Toni - Economia do Setor Público – 2014 45
Política Fiscal
Política Monetári
aA Política Econômic
a Política Cambial
Política de Desenvolv
imento
• Política Tributária
• Controle da despesa pública
• Taxa de Juros• Política de
Crédito
• Taxa de Câmbio• Política de
Exportações e Importações
• Política de Rendas.
• Salário Mínimo.
• Incentivos e Subsídios.
Jackson De Toni - Economia do Setor Público – 2014 46
A política fiscal Objetivos da política econômica: manutenção dos níveis de emprego, taxa de crescimento econômico e estabilidade de preços, pode ser fiscal, monetária e cambial• Conceito: é a atuação do governo nos problemas de
arrecadação de impostos e gastos públicos. A arrecadação se relaciona diretamente com o nível de renda na economia e os gastos com a demanda e a produção agregada
Objetivos da políticas fiscal:• estabilidade nos preços relativos, especialmente os
bens-salário• Estabilidade no nível de emprego• Melhoria da distribuição da renda através da despesa
pública e da política tributária
Jackson De Toni - Economia do Setor Público – 2014 47
Modelos macroeconômicos da despesa• Lei de Wagner: a expansão das atividades do Estado
crescem mais rapidamente que o crescimento da renda nacional. Ela decorre da evolução e urbanização crescente da sociedade
• Funções de segurança, proteção legal e legislação, serviços urbanos, expansão do bem-estar, lazer, cultura e educação, atividades regulatórias do Governo, etc.
• Lei de Peacock e Wiseman: em momentos de guerra ocorre um efeito (a) deslocamento para cima nas despesas públicas, (b) efeito imposição que mantém o gasto elevado pela maior valorização dos serviços (c) efeito inspeção relacionado à expectativa de melhoria do padrão dos serviços públicos (pesquisa na Inglaterra 1890 - 1955)
• Modelo de Musgrave: o tamanho do Estado varia de acordo com o estágio de desenvolvimento medido pela renda per capita, no primeiro estágio altos investimentos públicos em infra-estrutura, no segundo investimento complementar do capital privado e no último ampliação de investimentos públicos em serviços sociais
Jackson De Toni - Economia do Setor Público – 2014 48
Lei de Wagner
• Crescimento das funções administrativas e de segurança que decorrem do processo de industrialização
• Crescimento do número de bens públicos em virtude de maior complexidade da vida urbana
• Crescimento das necessidades relacionadas à promoção de bem-estar social (educação e saúde)
• Desenvolvimento de condições para a criação dos monopólios, motivada por modificações tecnológicas
• Crescente necessidade de elevados investimentos para alguns setores industriais, cujos efeitos teriam que ser reduzidos pela maior intervenção direta ou indireta do governo no processo produtivo
Jackson De Toni - Economia do Setor Público – 2014 49
• Divisão das despesas:
• Natureza da arrecadação:
• Sistema tributário:• Geração de recursos necessários para financiar o setor
público.• Afeta a distribuição de renda: modelos progressivo, regressivo
e neutro.• Situação de eficiência
A política fiscalcorrentes
(manutenção dos serviços)
de capital (investimentos)
Tributos Diretos Tributos Indiretos
Criar o mínimo de distorções nos preços relativos para não desorganizar o mercado e
desestimular o investimento utilizando subsídios ou isenções e sobre-taxas (consumo
nocivo)
Jackson De Toni - Economia do Setor Público – 2014 50
Aspectos econômicos da tributação• Princípio do Benefício: o pgto. do tributo
deve ser proporcional ao benefício, medido pela quantidade consumida do bem público
• Quanto maior a elasticidade-renda da demanda mais progressiva a alíquota estipulada (problema = free riders). Ex: IPVA, IPTU
• Princípio da Capacidade ou Habilidade: o ônus da tributação deve ser distribuído de acordo com a capacidade de pagamento medida pelo nível de renda, estimulando o princípio da equidade
• A renda é medida pelo fluxo monetário e patrimônio
Jackson De Toni - Economia do Setor Público – 2014 51
Aspectos econômicos da tributação• Categorias de tributação: (a)
perspectiva do fluxo monetário: salários, lucros, aluguéis, rendas diversas, (b) pela forma de incidência sobre os indivíduos: diretos e indiretos, (c ) pelos impactos distributivos: transferência direta ao governo ou entre setores econômicos
• Sistemas tributários: proporcional (a renda líquida fica inalterada), progressivo (a favor da menor renda), regressivo (a favor da maior renda
• Princípios legais: legalidade, anterioridade, não-retroatividade, isonomia e uniformidade geográfica
Jackson De Toni - Economia do Setor Público – 2014 52
Princípios orçamentários• O conceito da equidade• Tratamento, em termos de contribuição, aos
indivíduos considerados iguais – um critério de equidade horizontal – assegurando, ao mesmo tempo, que os desiguais serão diferenciados segundo algum critério a ser estabelecido, uma preocupação com a “equidade vertical”
• Qual o critério a ser utilizado para a classificação dos que são considerados iguais e para o estabelecimento de normas adequadas de diferenciação ?
• Dois critérios têm sido propostos para essa finalidade: a do “princípio do beneficio” e da “capacidade de pagamento”
• O princípio do beneficio• O Princípio da Capacidade de pagamento
Jackson De Toni - Economia do Setor Público – 2014 53
Jackson De Toni - Economia do Setor Público – 2014 54
Jackson De Toni - Economia do Setor Público – 2014 55
Jackson De Toni - Economia do Setor Público – 2014 56
Princípios orçamentáriosPrincípio da Neutralidade• Todo sistema tributário deve interferir o mínimo possível na
alocação dos recursos• Garantir que o sistema tributário não provoque distorções na
alocação de recursos• A alocação de recursos da economia é efetuada através do
sistema de preços• O mercado é um excelente alocador de recursos• Os agentes econômicos tomam decisões tendo como
referência o sistema de preços• Se o sistema tributário altera substancialmente os preços
vigentes, vai alterar também as decisões de consumo, investimento e poupança dos agentes econômicos
O conceito de simplicidade• Facilidade da operacionalização da cobrança do tributo• A cobrança e arrecadação do imposto, a fiscalização, não
devem representar custos administrativos elevados para o governo
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Princípios orçamentários
Princípio da Rentabilidade• A arrecadação não deve ser nem menor e
nem muito maior do que os gastos do governoPrincípio da Elasticidade• Os incrementos (aumentos) na arrecadação
devem ser ligeiramente maiores do que o crescimento nos gastos públicos, ou seja, a elasticidade da arrecadação tributária deve ser um pouco maior que a unidade
Princípio da Economicidade• Por esse princípio o volume arrecadado não
pode ser comprometido pelo custo da arrecadação
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Distribuição da carga tributaria • Progressivo: à medida que a renda aumenta a relação
entre imposto a pagar e a renda cresce• Neutro: à medida que a renda aumenta a relação entre
imposto a pagar e a renda mantêm-se constante• Regressivo: à medida que a renda aumenta a relação entre
imposto a pagar e a renda decresce• Incidência:• Direto: o tributo incide sobre o individuo• Indireto: incide sobre a at ividade ou objetos, aqui estão os
tributos específicos e osad-valorem• Base de incidência:• Renda: imposto que incide sobre a renda gerada na
economia• Patrimônio: imposto que incide pela simples posse do
imóvel• Vendas: imposto que incide sobre vendas de mercadorias e
serviços
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• (1) Impostos sobre rendimentos: sobre pessoas físicas e juridicas, deduzidas despesas necessárias para obtenção da renda e manutenção da força de trabalho
• (2) Impostos sobre o consumo: representam metade das receitas federais (IPI) e quase totalidade das estaduais (ICM), tem um caráter regressivo porque quanto menor é a renda do contribuinte, menor a propensão a poupar (1-b) e maior a a propensão a consumir (b), logo maior será o pgto. do imposto.
• Quanto mais inelástica for a curva de demanda, maior a arrecadação fiscal
• Arrecadação pelo valor adicionado: cada empresa recolhe imposto deduzindo o imposto pago para compra de insumos. São impostos seletivos
• (3) Impostos sobre a propriedade: compensam ao Estado a valorização patrimonial resultante de investimentos públicos, a carga é progressiva na medida em que as aliquotas aumentam de acordo com a propriedade, pode reduzir a oferta imobiliária no longo prazo. Exemplo IPTU, pode ser progressivo no tempo para desestimular retenção especulativa de terra urbana edificável
Aspectos econômicos da tributação
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A política fiscal• Os impostos fixos são pró-cíclicos, são flexíveis para se
ajustar à conjuntura econômica• Os impostos de valor adicionado (ad valorem): se a economia
se expande, aumentam a arrecadação e funcionam como um “freio”, logo são contra-cíclicos
• Principais impostos: IR, IPI, ICM, ISS, IPVA, IPTU ...• Contribuições sociais: Finsocial, FGTS, PIS/PASEP,...• Distribuição do bloco tributário: Fundo de Participação dos
Municípios (ICMS, ITR, 80%) e Fundo de Participação dos Estados (IPI, IR, 20%)
• Critérios: extensão territorial, população e renda per capita.• Característica do sistema é a regressividade (impostos
indiretos pesam mais)• Participação no bolo tributário: municípios (15%), Estados
(24%) e Federal (61%)
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A política fiscal• Carga Tributária Líquida: total arrecadado menos as
transferências (juros, subsídios e gastos com previdência)• Poupança Fiscal: é a diferença entre a carga tributária
líquida e o consumo do governo, é a base para investimentos públicos
• Déficit fiscal: quando a poupança fiscal é negativa, num segundo momento pode gerar uma onda de expansão da demanda
• Superavit fiscal: poupança positiva, diminuição dos gastos estimula a contração da demanda agregada, gera contração econômica
• Financiamento do déficit: (1) venda de títulos para o setor privado ou (2) venda de títulos ao Bacen (emissão monetária)
• Quanto maior for a dívida, menor a carga tributária líquida, pois os juros pagos representam transferências aos credores (bancos)
• Necessidade de Financiamento do Setor Público (NSFP): são todos os recursos necessários, inclusive na administração indireta
• Déficit Primário: é a NFSP (G-T + dívida) – (receita ou despesas financeiras)
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O endividamento público• Setor público não-financeiro mais Banco Central• As administrações diretas federal, estaduais e
municipais, as administrações indiretas, o sistema público de previdência social e as empresas estatais não-financeiras federais, estaduais e municipais, além da Itaipu Binacional
• Fundos públicos que não possuem característica de intermediários financeiros, isto é, aqueles cuja fonte de recursos é constituída de contribuições fiscais ou parafiscais
• O Banco Central é incluído na apuração da dívida líquida pelo fato de transferir seu lucro automaticamente para o Tesouro Nacional, além de ser o agente “arrecadador” do imposto inflacionário
• Conceito de governo geral: as administrações diretas federal, estaduais e municipais, bem como o sistema público de previdência social
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Curva de Laffer• À medida que a alíquota de um imposto aumenta, a
arrecadação aumenta, porém a partir de determinado nível a arrecadação começa a diminuir devido ao seu esgotamento em relação à contribuição, isto significa que os agentes econômicos começam a sonegar
• A partir de um dado valor da carga tributaria aumentos de tributos levaria a redução na arrecadação de tributos
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Efeito Tanzi• Há um intervalo de tempo entre a ocorrência do fato gerador
do tributo e o recolhimento do tributo ao Tesouro Nacional, por exemplo: ajuste anual do imposto de renda
• Caso ocorra a inflação nesse intervalo, entre o fato gerador e o recolhimento, o governo acaba recebendo o valor dos tributos corroído pela inflação
Efeito Patinkin• Por sua vez, se o governo postergar o seu cronograma de
gastos, em uma situação de ambiente inflacionário, o governo acaba gastando menos em termos reais. Também chamado de Efeito Tanzi da Despesa ou de Efeito Bacha
Efeito Crescimento• Um crescimento econômico acarreta um aumento da carga
fiscal, uma vez que mais pessoas irão englobar o bloco que paga mais imposto (de renda, por exemplo)
• Quanto maior a renda, mais pessoas estarão na faixa de maior pagamento do imposto de renda
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Federalismo Fiscal• A Constituição de 1988 consolidou demandas no
que tange à estruturação do federalismo brasileiro• Houve descentralização de receitas e as pressões
de prefeitos e governadores por maior autonomia financeira aumentaram nos últimos anos do regime militar
• Mas não houve a plena descentralização das responsabilidades públicas, em especial, na esfera estadual no que tange as políticas sociais
• Os Estados foram esvaziados• Há uma tendência para a reconcentração de
serviços e da arrecadação na esfera federal• Há conflitos políticos inter-regionais não resolvidos
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Federalismo Fiscal• (1) Enormes disparidades regionais: a) maior
demanda por autonomia fiscal por parte dos estados mais desenvolvidos; b) demanda por mais transferências compensatórias por parte dos estados de menor grau de desenvolvimento
• (2) forte tradição municipalista: a) os municípios foram reconhecidos como membros da federação, de forma similar aos Estados; b) largo campo de competência para os municípios e transferências compensatórias diretamente do nível federal
• (3) Elemento político: a) reforma tributária de 1967: concentração dos tributos na União, mas existiam transferências: b) constituição de 1988: desconcentração dos tributos e intensificação das transferências
•
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Trajetória recente das Finanças Públicas
• O ano de 1999 forte ajuste fiscal, forte austeridade fiscal
• O desejo dos diferentes segmentos da sociedade de se beneficiar dos recursos públicos estava se defrontando com os limites impostos pela própria sociedade para o financiamento dessas despesas por meio de tributos
• Hiato entre a demanda por gasto público e a disponibilidade da sociedade em aceitar ser tributada foi ofuscada ou “driblada”
• A inflação, o endividamento público ou por a venda de ativos (privatização)
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Trajetória recente das Finanças Públicas
• Lei de Responsabilidade Fiscal (2.000), que balizou a administração das finanças públicas
• Estabeleceu tetos para as despesas com pessoal e a limitação do endividamento público
• As contas públicas se beneficiaram nos anos do Governo Lula do processo de redução das taxas de juros
• O aumento da dívida pública em relação ao PIB começou a apresentar queda a partir de 2004
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A Política Monetária• A moeda: ativo de maior liquidez, equivalente universal de
valor.
• Permite a separação no tempo entre o ato de compra e venda, tem as funções de (a) unidade de conta, (b) meio de troca, (c) reserva de valor, o preço é a expressão do valor de troca de um bem qualquer.
Teoria Quantitativa da Moeda:• Pressuposto: os indivíduos não demanda moeda por si mesma,
mas para realizar trocas, logo, quanto mais moeda, maior o desejo de compra, maior o consumo. Como a oferta de bens é fixa, ocorre uma tendência para alta de preços.
• MV = PY onde M= quantidade de moeda, V= velocidade de circulação, P= nível de preços e Y= produto/renda real (V e Y são constantes no c.p.).
Liquidez é a capacidade de um ativo converter-se rapidamente em poder de
compra
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A Política Monetária• A demanda por moeda: (a) motivo transação: quanto
maior a renda maior a demanda, (b) motivo precaução: anonimato, liquidez absoluta, evasão fiscal e (c) motivo especulação: aquisição de títulos, se subir a tx de juros aumenta a demanda por títulos e diminui a demanda por moeda
• Oferta de moeda: num sistema sem lastro surge a moeda fiduciária (papel-moeda), notas de papel emitidas pelo BACEN, de imposição legal, sem garantia física (lastro)
• Os bancos privados influenciam a oferta monetária na medida em que podem expandir a massa monetária através do crédito com base nos depósitos à vista
• A moeda bancária:Depositantes Banco Tomadores
Captação ativo
Empréstimos passivo
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A Política Monetária• Multiplicador bancário: proporção dos depósitos que é
reemprestada. Exemplo: se o recolhimento compulsório for 20%, cada $ 100 depositados geram $ 500 (Fórmula: depósito inicial / (1 – taxa do compulsório, 100/1-0,2)
• Principais agregados monetários:• M1 papel moeda em poder do público + depósitos à vista.• M2 M1 + títulos públicos em poder do público.• M3 M2 + depósitos em caderneta de poupança.• M4 M3 + depósitos a prazo e títulos privados• Quando a inflação acelera , M1 diminui => processo de
desmonetização da economia.• Funções do Banco Central: (a) condução da política
monetária, (b) fiscalização e controle do sistema financeiro, (c) administração de reservas.
• Instrumentos: (1) reservas compulsórias, (2) operações de mercado aberto e (3) empréstimos de liquidez e desconto.
Quase moeda
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A Política Monetária• Reservas: quanto maior as reservas, menor o multiplicador e
menor a oferta monetária.• Mercado Aberto: títulos comercializados, quando vende
diminui o estoque de moeda > estereliza as divisas que entram no país para evitar aumento da massa monetária e aumentar o nível das reservas.
• Empréstimos à Liquidez: a tx de juros que o Bacen cobra dos bancos é chamada tx de redesconto. Se a tx de redesconto baixa, em relação ao mercado há um aumento de oferta monetária, pois os bancos estimulam o crédito, os prazos e os tipos de tíutlos com redesconto podem influenciar.
Determinação da taxa de juros• o juro é um prêmio pela espera, pelo adiamento do consumo
presente em favor do futuro• É um prêmio pela renúncia à liquidez, deixar a forma
monetária por títulos ou depósitos a longo prazo• Política monetária ativa: controle da taxa de juros para
garantir a estabilidade econômica (oferta X demanda de moeda)
• É uma variável politica que reflete o peso do sist. financeiro
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• As taxas básicas: SELIC, CETIP e TR.• Existem diferentes taxas para diferentes papéis porque as
avaliações de risco são diferenciadas e a informação é imperfeita.
• Prazo: quanto maior o risco, maior será a taxa para compensar.
• Taxa real de juros: é a taxa nominal descontada a inflação.
• Taxa nominal de juros: é o ganho monetário, independente do valor (monetário) aquisitivo.
• Os mecanismos de indexação objetivam recompor a desvalorização dos ativos.
A Política Monetária
Sobe taxa real de juros => atrai investimento externo e captação de empréstimos em dólares => reduz pressão de demanda cambial => valorização do real.Baixa taxa de juros => atrai menos investimento externo => menor oferta interna de dólares => pressão de demanda => desvalorização do real.
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A Política Monetária
BACEN financia déficits do governo
Superavit na balança de pagamentos, aumento das
resevas internacionais
BACEN vende títulos públicos
Superavit orçamentário do governo
Déficit na balança de pgto. Queda das reservas
Emissão de moeda
aumenta base
Retirada de moeda de circulação
redução da base
Restrição de liquidez, alta dos juros,
queda de preços, recessão.
Aumento liquidez, baixa de juros, subida de
preços
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Inflação e política econômica
• Inflação de Demanda: quanto mais próxima do pleno emprego dos fatores quaisquer distúrbios que aumentem repentinamente a demanda - sem que haja aumento proporcional da oferta de bens - pode provocar inflação. O excesso de demanda pode ser causado por expansão da base monetária (gerada pelo financiamento do déficit público ou pela esterilização de divisas, por exemplo)
• Inflação de custos: quando a demanda não é elástica e o produtor não pode absorver aumento de custos a tendência é aumento de preços por repasse de custos: matérias primas, desvalorização cambial, aumentos de salário acima da produtividade, elevação da taxa de juros que aumenta o custo financeiro
• Inflação por causas estruturais: são conseqüências de longo prazo e de natureza mais complexa: distorção na alocação de recursos, gargalos em setores ou fatores de produção (escassez permanente), dependência tecnológica, estrutura da renda pessoal, etc.
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Inflação e desemprego• Há uma tendência inversa entre taxa de inflação e taxa de
desemprego (curva de Phillips)• Aumentos na oferta de moeda, nas despesas do goerno ou no
corte de impostos deslocam a curva de demanda agregfada para direita, maior inflação, menor desemprego
• Redução da oferta monetária, corte nos gastos do governo ou aumento de imostos deslocam a demanda agregada para a esquerda, inflação menor e menor desemprego
• Quanto maior a produção, menor o desemprgeo (Lei do Okun).
• Há entretanto, no longo prazo, uma “taxa natual” de desemprego e uma “ expectativa de inflação” fora da influência da política fiscal e monetária (Milton Friedman)
• O custo da desinflação é a redução do produto, porém a taxa de sacrifício pode ser menor se os agentes ajustam suas expectativas conforme o resultado esperado da Pol. Econômica, otimizando informações (teoria das expectiativas racionais, Sargent e, Barro e Lucas)
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A balança de pagamentos
• É o resumo contábil das transações econômicas do país, toda saída corresponde a um débito e toda entrada a um crédito
• CRÉDITOS: exportações, recebimentos de doações e empréstimos, venda de ativos para estrangeiros, etc.
• DÉBITOS: importações, pagamento de doações e indenizações, capital emprestado, compra de ativos de estrangeiros, etc.
• (a) Balança de Transações Correntes: balança comercial (X, M), balança de serviços (fretes, seguros, rendimentos de capital).
• (b) Balança de movimento de Capitais: investimentos, empréstimos e amortizações
• (c) Transações compensatórias: variações nas reservas e operações de regularização
• Fatores que influenciam: nível de inflação interna, nível de renda interna e externa, taxa de câmbio, termos de troca internacional, taxa de juros interna e externa, estabilidade política...
• O Brasil financia o déficit em transações correntes com saldos superavitários na Balança de Capitais (IED)
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O mercado cambial• Taxa de câmbio: relação entre o poder de compra de duas moedas.
• Demanda por divisas: importadores, turistas brasileiros, empresas estrangeiras,
• Oferta de divisas: exportadores, investidores estrangeiros, turistas estrangeiros, tomadores de empréstimos no exterior.
• Entrada de capitais externos tende a provocar valorização cambial, saída de capitais provoca o inverso
• Regime cambial: (a) fixo: o BACEN usa reservas para equilibrar a taxa, (b) variável: determinada pelo mercado e (c) mista
• Déficit corrente no câmbio fixo: BACEN sustenta preço do dólar com reservas oficiais (aumenta taxa de juros)
• Déficit corrente no câmbio flutuante: valor flutua de acordo com mercado o déficit provoca desvalorização cambial, esta estimula exportações que aumentam a oferta interna de divisas, que gera apreciação cambialNo longo prazo a tx de câmbio deve refletir o
grau de competitividade da economia.
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A política cambial
Política de câmbio fixo
Política de câmbio
flutuante
Vantagens: maior previsibilidade, modera aumento de custos de
importados. Desvantagens: obriga o BACEN a comprar excedentes e
vender na escassez.
Depreciação do Real Valorização do
dólar
Vantagens: desonera as reservas federais, diminui restrições sobre
investimento externo. Desvantagens: movimentos especulativos
Estimula importações e diminui exportações, estimula turismo de
brasileiros, reduz estoque da dívida externa.
Apreciação do RealDesvalorização do
dólar
Estimula exportações, estimula investimento externo, desestimula
importações, aumenta o serviço da dívida externa. Causa inflação nos setores
importadores.
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Eficácia dos instrumentos e conflitos• Defasagens temporiais: tempo entre o processo político
decisório e a efetivação dos instrumentos. O problema das expectativas e dos comportamentos antecipatórios dos agentes
• Suficiência dos instrumentos: difícil prever o impacto cruzado de cada instrumento em relação às metas e objetivos do plano
• Precisão das medidas: incapacidade de prever a totalidade dos efeitos colaterais e externalidades criadas pelas medidas (aumentos reais da renda X inflação de demanda X aumento da oferta)
• Condições exógenas: fatores externos fora da governabilidade, crises externas, guerras comerciais, restrições de matérias primas,...
• Conflitos internos: impactos contraditórios, resultados “soma zero”, financiamento de bens públicos com diminuição do poder aquisitivo dos contribuintes, estabilização da inflação através de abertura comercial, aumento dos salários com geração de inflação, juros ativos altos com incentivos fiscais para o setor produtivo,...
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Orçamento como ferramenta do plano• (1) Sistema de Planejamento-Programação-Orçamento
(Planning Programming Budgeting System - PPBS): relaciona cada item de despesa com finalidade e permite calcular custo/benefício
• (2) Orçamento por Objetivos: relacionado à APO (adm. por objetivos), determinava prioridades, custo, data para execução, padrões de desempenho, indicadores de performance, quando e como fazer eventuais correções
• (3) Orçamento Base Zero (OBZ): supõe que a cada ano os projetos devem competir pelos recursos fiscais, anula o efeito inercial das alocações do passado
• (4) Método incremental: segue um padrão histórico de gastos, é oposto ao anterior
• Ciclo Orçamentário: (a) Preparação, (b) adoção - exame legislativo, (c) execução e (d) auditoria - fiscal, financeira, de desempenho, operacional e administrativa.
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• Componentes: Orçamento Fiscal, da Seguridade Social, dos Investimentos das estatais
• Lei de Diretrizes Orçamentárias: enviada 4 meses antes do orçamento, estabelece prioridades gerais, parâmetros orçamentários (despesa e receita), alterações na legislação tributária, política de aplicação das agências oficiais de fomento, concessão de vantagens ao funcionalismo, contratação de pessoal, etc.
• Plano Plurianual: diretrizes e metas de despesas de capital e custeio delas decorrentes, programas de duração continuada, duração de 4 anos, é o plano estratégico do governo. PPA 2000 - 2004 federal apresentou inovações metodológicas e conceituais.
• Base legal: Lei 4320/1964 (normas de direito financeiro), DL 200/67 (orçamento-programa) e Lei de Responsabilidade Fiscal (LC 101/2000)
Orçamento como ferramenta do plano
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Orçamento programa e planejamento• Paradigma convencional: dissociado do planejamento, visa
só a aquisição de meios, é feito com base nas necessidades das unidades governamentais, dá ênfase aos aspectos contáveis da gestão, classifica as despesas por unidades e elementos, não há indicadores de desempenho e resultado, o controle visa avaliar a legalidade e honestidade dos atos administrativos
• Orçamento-programa:• É instrumento de planejamento, visa consecução de objetivos
e avalia alternativas técnicas possíveis• Valoriza os aspectos de gestão e monitoramento dos projetos• Utiliza classificação por programas e funções de acordo com o
Plano• Utiliza indicadores de resultado e desempenho• Avalia a eficiência e eficácia dos projetos e atividades• Princípios orçamentários: exclusividade, unidade,
universalidade, anualidade, orçamento bruto, não-afetação das receitas, discriminação e especialização e equilíbrio
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Execução da despesa orçamentária• (1) Registro no Plano de Contas por categorias classificatórias,
órgão, função, programa, sub-programa, projeto, categoria econômica, subcategoria e elemento. (crédito com dotação)
• (2) Programação financeira de desembolso: é um fluxo de caixa entre realização da despesa e liberação da receita (em quotas trimestrais).
• (3) Processo licitatório (L. 8.666): modalidade de convite, tomada de preço, concorrência, concurso e leilão (inservíveis ou aprendidos)
• Dispensa de Licitação e inexigibilidade (entre órgãos públicos ou notória especialização)
• (4) Estágios da despesa: (a) empenho: é o enquadramento da despesa no crédito orçamentário, deduz o saldo da dotação, (b) liquidação: é a prestação do serviço/entrega da obra devidamente atestada, ( c ) Pagamento: transferência monetária para o contratado.
• Crédito: suplementares ou especiais (aumenta dotação, por lei)• Receita pelo regime de caixa, depesas pela data de empenho• Dívida ativa: lançamento do crédito tributário contra sujeito
passivo
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Inovações no Orçamento e PPA federaish Orçamento orientado para resultados/metas físicas: foco no
programa em lugar da classificação contábilh Visão estratégica e hierarquização de prioridades – lógica dos
eixos nacionais de integração e desenvolvimentoh Parcerias com o setor privadoh Geração de investimentos associadosh Sistema de Informações Gerenciais (SIG) – interface com o SIAFI
– transparência e informações on-lineh Fortalecimento dos mecanismos de avaliação e monitoramento
da performance fiscal:h Anexo de Metas Fiscais (metas trienais para receitas,
despesas, resultados primário e nominal, dívida) h Anexo de Riscos Fiscais (passivos contingentes e riscos fiscais
– análise de sensibilidade)
Jackson De Toni - Economia do Setor Público – 2014 102
Inovações da Lei de Responsabilidade Fiscal
h Princípio: transparência na elaboração e ampla disseminação dos documentos orçamentários e contábeis
h Acesso público - meio eletrônico - a todas as informações nas três esferas de governo (PPA, LDO, LOA, prestações de contas, parecer prévio e relatórios de gestão fiscal)
h Relatórios resumidos de execução orçamentária (a cada 2 meses) e Relatórios de Gestão Fiscal (a cada 4 meses).
h Consolidação Nacional das Contas (STN)h Divulgação mensal por parte do Ministério da Fazenda,
em meio eletrônico, da relação dos entes que ultrapassaram limites máximos para dívida
h Sanções por descumprimento de prazos: vedação das transferências voluntárias e das operações de crédito, exceto para refinanciamento da dívida mobiliária
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Controles na gestão fiscal pós-LRF
Controle interno (SFC – monitoramento de programas, inspeção, auditoria e fiscalização)
+ Controle externo: TCU e Legislativo (auditoria e
fiscalização) +
Ministério Público e Judiciário (julgamento e aplicação de penalidades)
+ Controle pelo mercado (avaliação de risco associada
ao cumprimento da LRF) +
Controle social no processo democrático (eleições)
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Privatização e parcerias público-privado• (1) Elevação da demanda por serviços públicos: aumento
populacional, maior grau de informação e organização dos grupos e classes sociais, conflito distributivo maior, “ilusão fiscal”, ampliação dos direitos sociais, democratização da sociedade
• (2) Ineficiência do aparelho de Estado: clientelismo, fragmentação da gestão pública, corrupção, ineficiência na alocação de recursos, gerenciamento não-profissionalizado, etc.
• (3) Falência no padrão de financiamento público: recessão prolongada, perda de capacidade contributiva, aumento da sonegação, emissões monetárias inflacionárias, crise da dívida interna,...
• Processos de privatização: viabilizar novos processos de valorização para o capital em crise - nacional e externo, desonerar o Estado e governos da prestação direta e diminuir o peso da dívida interna
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Parceria público privado• Governo financia a execução do projeto mas a gestão é
privada.• Gestão delegada mista ou joint ventures.• Governo oferece contribuições não financeiras: terrenos,
regulamentação, alterações no plano diretor urbano, crédito subsidiado, etc.
• Obras públicas licitadas e financiadas pelo ganhador.• Venda antecipada de área construída excedente para financiar
empreendimentos• Criação de empresas públicas tipo holdings financiadas e
gerenciadas pelo capital privado cuja remuneração viria da locação de área para terceiros, como aeroportos e terminais de passageiros.
• Construção de estradas pela iniciativa privada e remuneração por pedágios
• Concessão de serviços públicos – Project Finance (BNDES e CEF) – BOT (Build, Operate and Transfer)
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A economia da regulação• Regular a prestação de serviços públicos• Organizar e fiscalizar esses serviços a serem prestados
por concessionárias ou permissionárias• Garantir o direito do usuário ao serviço público de
qualidade. • As agências são autarquias com maior autonomia
financeira e administrativa (diretores com mandato determinado)
• a) fiscalizar serviços públicos (ANEEL, ANTT, ANAC, ANTAC)
• b) fomentar e fiscalizar determinadas atividades privadas (ANCINE)
• c) regulamentar, controlar e fiscalizar atividades econômicas (ANP)
• d) exercer atividades típicas de estado (ANVS, ANVISA e ANS)
Jackson De Toni - Economia do Setor Público – 2014 107
Reforma do Estado e Reforma Administrativa
• Um Estado forte não significa um Estado grande• Ele deve ser leve, ágil, visível, coordenador e
regulador• A máquina administrativa deve ser racionalizada e
otimizada• O Estado precisa reforçar sua capacidade de
sinalizar na direção correta, induzir as ações necessárias, coibir as práticas contrárias ao interesse nacional
• Um Estado mais coordenar e mais regulador precisa implementar uma forte capacidade de planejamento & gestão estratégica
• O Estado deve retomar sua capacidade de investimento
• Um novo equacionamento para a questão federativa: distribuição de receitas e deveres
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Reforma Fiscal• O sistema tributário brasileiro é demasiadamente complexo e
precisa ser drasticamente simplificado• Entraves fiscais, representados por pesado ônus à produção,
aos investimentos e à exportação, ameaçam a sustentação de padrões de competitividade
• Simplificação e competitividade • Simplificação e estabilidade das normas jurídicas aplicadas à
administração e cobrança de impostos• Reduzindo-se ao mínimo as deduções e abatimentos,
eliminando-se os regimes especiais e restringindo a progressividade das alíquotas ao imposto cobrado sobre a renda familiar
• Nenhum imposto deve onerar as exportações e a aquisição de máquinas e equipamentos, ao aumento da capacidade produtiva e à geração de maiores oportunidades de emprego
• O imposto de consumo deve ser seletivo, em função do grau de essencialidade das mercadorias e serviços
• Combate à evasão e a sonegação deve ser conduzido pela recuperação da ética tributária e por medidas de cunho repressivo
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GRÁFICOS
SELECIONADOS
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AnexoPrincipais planos
econômicos brasileiros
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8 Origens: Relatório Simonsen (1944-45), Missão Cooke (1942-43), Missão Abbink (1948), Comissão Mista Brasil-EUA (1951-53) e Plano SALTE (1946).
• Plano de Metas (1956 - 1960)• Plano Trienal de Desenv. Econ. e Social (1963)• Plano de Ação Econômica do Governo (1964 –
1967)• I PND, do milagre à crise. (1968 –1973)• II PND – fim de um ciclo (1974 – 1977)• III PND - recessão e estagnação (1980 - 1985)• Plano Cruzado (1986)• Plano Bresser (junho/1987)• Plano Verão (janeiro de 1989)• Plano Collor (março de 1990)• Plano Real (1994 - ...)
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O Plano de Metas (1956 – 1960)
32786260138762382%
13Ferrovias (mil km.)133170Carros e Caminhões (mil un.)8701400Cimento (mil ton.)6501100Aço (1000 ton.)1713Rodovias – construção (mil
km)
7596Petróleo – produção (mil barris)
2301000Carvão (1000 ton.)16502000Energia elétrica (1000 kv)
RealizadoPrevisãoMeta
O Plano de Metas foi a primeira experiência bem sucedida de planejamento estatal, elaborado pelo grupo BNDE-CEPAL, tinha 31 metas trabalhadas por Grupos Executivos e centrado na associação do setor estatal com o capital estrangeiro.
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Plano Trienal de Desenv. Econ. e Social (1963)• Meta de taxa anual de crescimento de 7% com prioridade para
educação, pesquisa científica, tecnológica e de saúde pública.• Estratégia baseada na elevação da carga fiscal, redução do
dispêndio público, captação de recursos no mercado de capitais, recursos monetários.
• Restrições ao capital estrangeiro e reformas de base (reforma agrária).
• Tentava conciliar objetivos de crescimento, repartição e estabilidade que eram conflitantes.
• Os objetivos do plano fracassaram pelo aumento da inflação (73% ao ano), aumento do déficit público e taxa de crescimento do PIB da ordem de 1,6%.
• O golpe militar de 1964 interrompe o quadro institucional do governo João Goulart.
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O Plano de Ação Econômica do Governo (1964 – 1967)
• Origens: crise cíclica de esgotamento dos investimentos anteriores (Tavares & Serra), instabilidade política do período anterior (Simonsen), acirramento da disputa pelo excedente econômico entre capital e trabalho (Oliveira, Singer) + caráter recessivo do Plano Trienal (Celso Furtado) apresentado em 1962.
• Elaborado pelo Ministério do Planejamento (Roberto Campos).• Objetivos: acelerar o ritmo do desenvolvimento econômico,
conter o processo inflacionário, atenuar os desequilíbrios regionais, aumentar o investimento externo e corrigir o déficit (impactos do PSI).
• Medidas de combate à inflação: redução do déficit público via reforma tributária e aumento de tarifas públicas, redução de salários públicos, restrição do crédito, contenção da demanda (arrocho salarial). A inflação caiu de 90% em 1964 para 20% em 1967. Políticas de “stop and go”.
• As reformas institucionais: Reforma Tributária (introduz a correção monetária), cria o IPI, ICM tipo “valor adicionado”, redefine as competências tributárias, cria fundos parafiscais (FGTS, PIS), política de “realismo tarifário” no setor público.
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• Reforma Monetária e Financeira: criação da ORTN, viabiliza o mercado de títulos públicos para financiamento não-inflacionário do déficit, em 1970 criam-se as LTNs (pré-fixados curto prazo).
• Criação do CMN e do BACEN como executor da política monetária (câmbio e meio circulante)
• Criação do BNH e do SFH com recursos do FGTS.• Mercado de Capitais: bancos comerciais, financeiros (crédito
ao consumidor, letras de câmbio), de investimentos (debêntures e mercado de capitais) e de desenvolvimento (rec. Externos). Regulamenta as Bolsas de Valores.
• Setor externo: estímulo à diversificação, modernização administrativa (CACEX), fim de limites não-tarifários, minidesvalorizações cambiais, estimula a captação externa.
• Críticas: diagnóstico da inflação de demanda induz política monetária recessiva (Bacha), incosistência entre o liberalismo no plano da economia e o autoritarismo no plano político (Singer).
O Plano de Ação Econômica do Governo (1964 – 1967)
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O I PND, do milagre à crise. (1968 –1973)
Causas do crescimento médio do PIB de 11, 2%/ano:• Retomada dos investimentos públicos (Paeg): mercado de
capitais, redução da inflação e do déficit.• Criação de 231 empresas estatais e política de recuperação
tarifária.• Maior demanda de bens duráveis (23,5%/ano) ancorada na
expansão do crédito.• Expansão da construção civil estimulada pelo BNH/SFH.• Ampliação das exportações favorecidas pelo déficit público
americano.• Modernização agrícola (mecanização) estimulando a
produção industrial (expansão do crédito agrícola).• Situação cambial favorável devido ao nível das reservas e
exportações.• Grande endividamento externo financiando investimentos: a
dívida pula de US$ 3,7 bi em 1968 para US$ 12,6 bi em 1973.
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• A inflação é associada aos custos e ociosidade produtiva, não mais à pressões da demanda.
• Medidas principais: expansão do crédito e da moeda, aumento da abertura comercial externa, financiamento externo
• Críticas: • Agravamento das condições sociais pela concentração da
renda (“teoria do bolo” de Delfim Netto).• Perda de valor real dos salários: em 1972, 75,3% dos
assalariados recebiam até dois salários mínimos.• Ressurgimento da inflação: desproporção nas importações de
bens de capital (30%) e produção de bens duráveis, aumentos de salários por escassez de oferta, falta de matérias-primas e produtos agrícolas no mercado interno e primeiro choque do petróleo em 1973.
• Intervenção pesada do Estado: 50% dos investimentos foram estatais.
O I PND, do milagre à crise. (1968 –1973)
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II PND – fim de um ciclo (1974 – 1977)• Origens: inflação crescente (1974:15,5%, 1979: 77,2%),
déficit comercial de US$ 6,5 bilhões, desajustes estruturais no setor de bens de capital.
• A derrota eleitoral da ARENA em 1974 impediu a ajuste ortodoxo para se ajustar ao choque externo.
• Prioridades: setor de bens de capital, insumos básicos e bens intermediários.
• Os investimentos públicos provocariam demanda derivada no setor público: incentivos fiscais (IPI e II), depreciação acelerada, reserva de mercado na informática.
• Metas (exemplos): passar de 7 ton/ano de aço em 1974 para 18 ton/ano em 1980, triplicar a produção de alumínio, diminuir o peso das importações de bens de capital.
• Financiamento: empréstimos externos (estatização da dívida), reciclagem dos petrodólares (juros baixos e taxas flutuantes).
• Limites: ambição da mudança estrutural do setor de bens de capital, oposição interna o regime (política e econômica).
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Instrumentos:• Direcionar a poupança privada para novos investimentos.• Estimular joint-ventures com capital externo para financiar
exportações.• Redirecionar poupança compulsória (PIS-PASEP) para o sistema BNDE
para produção de BK.• Estímulos e incentivos fiscais: isenções na importação de máquinas e
equipamentos.• Mobilizar empresas estatais (endividamento externo).• Resultados:• amorteceu efeitos da desaceleração do período anterior.• Êxito na substituição de importação para produtos intermediários:
celulose, ferro, alumínio, petróleo)• êxito no estimulo de BK: siderurgia, química, energia elétrica,
transporte ferroviário, telecomunicação, irrigação e abastecimento.• Cria as bases para o superávit dos anos oitenta e aumenta
endividamento.
II PND – fim de um ciclo (1974 – 1977)
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Evolução de indicadores 1973 - 1979
4,96,9-77,27,21979
-3,06,1-1.02440,54,81978
12,12,39738,64,61977
2,412,1-2.25546,39,81976
7,23,8-3.54029,45,21975
1,07,8-4.69034,59,01974
0,016,6-15,514,01973
PIB agricultu
ra
PIB indústri
a
Balança Comercial (US$
milhões)IGP-DIPIB (%)Ano
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III PND - recessão e estagnação (1980 - 1985)• Objetivos: reequilíbrio das contas cambiais e controle da
inflação.• Estratégia: aumento da taxa de juros e contenção da despesa
pública.• Superavit comercial em 1981 decorrente da queda das
importações (renda interna diminui) e da menor produção industrial.
• Retração mundial dos mercados causada pela recessão nos países importadores do Brasil inicia processo de recessão interna.
• Entre 1982 -83 mais de 80% das receitas cambiais em transações correntes eram comprometidas com o serviço da dívida externa.
• Governo institui o Conselho Interministerial de Preços (CIP) para controle de preços, redução do poder de compra dos salários (20% em 1983), secas e enchentes diminuem oferta agrícola e expansão monetária estimula inflação.
• A partir de 1984 maxidesvalorizações tentam recuperar os saldos comerciais, porém o atraso tecnológico impede competitividade nos mercados externos.
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Anos oitenta: choque externo e ajuste recessivo
• 1979: segundo choque do petróleo, elevação das taxas de juro externas, déficit comercial de US$ 11 bi nas transações correntes, crise cambial incia.
• Nível interno: déficit das estatais devido ao passivo financeiro, redução da carga tributária bruta, orçamento monetário deficitário (spread negativo).
• Desequilíbrio externo junto com os déficits público resultam em inflação crescente.
• Início do processo de “abertura política gradual” (Gov. Figueiredo).• Retorno de Delfim Netto (Seplan): tenta reeditar o “milagre”.• Expansão do crédito agrícola, criação da Sest, maxidesvalorização de
30% em 12/1979.• Resultados: aceleração inflacionária (custos de importação), crise
nas contas externas (juros americanos), processo especulativo, perda de ativos financeiros.
• Erro de diagnóstico: excesso de demanda não causou desequilíbrio externo, foram os juros internacionais e a deterioração dos termos de troca as causas reais.
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Anos oitenta: choque externo e ajuste recessivo
Elevação dos juros externos
“Reagnomics”: financiamento do deficit americano
Desvalorização cambial, subsídios à exportação
geração de saldos Impactos no Brasil
Redução da demanda redução de gastos públicos e arrocho
salarial• Brasil “vai ao FMI” (1982), ajuste interno p/exportar: Exportações
sobem de 7,7% do PIB em 1982 para 14,2% do PIB em 1984 US$ 13 bi.
• Desequilíbrio interno, déficit público: desvalorização cambial aumentava serviço de títulos públicos em dólar, recessão diminui base tributável, juros altos aumentam serviço da dívida interna, efeito Tanzi
• Governo é derrotado nas eleições de 1982 e 1984 voltam os governos civis.
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A “nova” república e a busca da estabilização
• Os “estruturalistas” (Ignácio Rangel): pontos de estrangulamento na oferta, desequilíbrios estruturais, em monopólio a recessão pode produzir inflação. A oferta de moeda é passiva (endógena)
• Os inercialistas ou neo-estruturalistas (Francisco Lopes, Lara Resenda, Pérsio Arida, Bresser Pereira,...): a inflação adquire uma autonomia inercial, a indexação perpetua e propaga a inflação.
• Propostas: choque heterodoxo, congelamento de preços e salários com descompressão gradual, nova moeda com indexação total.
• Os “pós-keynesianos” (Tavares, Belluzo,...): internacionalização do sistema financeiro tornou o câmbio especulativo imprevisibilidade dos preços de insumos importados.
• Efeitos: elevação “preventiva” do mark up, juros flutuantes elevam mark up e a indexação perpetua o processo.
• Propostas: diminuição da incerteza da política econômica, renegociação da dívida externa, ajuste patrimonial do Estado.
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O Plano Cruzado (1986)Medidas principais: (nova moeda = cruzado)• Conversão de salários pela média dos 6 meses e abono de 8%, escala
móvel com “gatilho” em 20% de inflação.• Congelamento de preços em 28.02.86 sem ajuste de preços relativos,
inclusiva taxa de câmbio.• Ativos financeiros: criação da OTN e congelamento por 12 meses,
contratos pré-fixados com introdução da “tablita” (deságio) com desvalorização diária de 0,45% para eliminar projeção inflacionária.
• Impactos:• Queda drástica da inflação.• Perda de aplicação em poupança (ilusão monetária – queda nominal
de juros), bolhas de consumo.• Piora na situação externa importação para combater ágio e
mercado negro, deterioração fiscal (subsídios e defasagens tarifárias).• Resultados: Cruzado II ( 27/11/1986) fracassa, tarifaço no setor
público, gatilho salarial, desestruturação da oferta: inflação de 16,8% em fev/1987 moratória da dívida Funaro cái em Abril.
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O Plano Bresser (junho/1987)• Objetivo: evitar a hiperinflação em situação de emergência
nacional.• Medidas: • Congelamento de preços e salários por três meses.• Mudança da base do IPC para 15/6 com incorporação dos
aumentos em Junho.• Desvalorização cambial de 9,5% com minidesvalorizações
diárias.• Criação da URP para correção salarial em 3 meses com base
na média do trimestre.• Juros reais positivos para penalizar a manipulação de
estoques e evitar “bolhas” de demanda.• Resultados: a inflação volta no final do prazo, Bresser é
demitido.• Assume Ministro Maílson com política ortodoxa do “feijão
com arroz” que “estabiliza” inflação no patamar de 15% am.
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O Plano Verão (janeiro de 1989)Principais medidas:Contenção da demanda via restrição de gastos públicos.• Altos juros para evitar fuga de capitais e congelamento administrado
dos preços.• Reforma monetária: Cruzado novo valendo 1000 cruzados.• Congelamento de salários pela média dos 12 meses com sub-
indexação e grandes perdas (URP).• Tablita nos contratos pré-fixados e expurgo da correção mone´tara
nos pós-fixados.• Desvalorização cambial de 18% e paridade cambial.• Resultados: sem ajuste fiscal explode o déficit público e descontrole
monetário, hiperinflação no final do governo Sarney (80% am).• Novo diagnóstico da inflação: crescente liquidez de haveres
financeiros não-monetários, monetização das aplicações, indexação plena dos ativos (over night), inoperância da política fiscal (dívida fora de controle), da política monetária (altos juros) e da politica cambial (aumento ativos dolarizados).
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O Plano Collor (março de 1990)Medidas principais:• Reforma monetária: redução da liquidez financeira bloqueio de
metade dos depósitos a vista, 80% das aplicações do over night, 1/3 da poupança (70% do M4).
• Reforma administrativa e fiscal: ajuste de 10% do PIB, dedução de subsídios, contenção salarial, proibição de cheques ao portador, tributação sobre exportadores,...
• Privatizações e abertura comercial: redução das tarifas externas, privatização,
• Impactos:• Desestruturação das condições de emprego e produção (confisco da
liquidez).• Descontrole da expansão da liquidez (BACEN) e retomada da inflação.• Política do Ministro Marcílio Marques Moreira retomou o gradualismo e
a ortodoxia.• Impeachment de Collor (1993) Itamar assume, política econômica
não se altera (Gustavo Krause, Paulo Haddad e Eliseu Resende).
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Políticas ortodoxas
Descontrole monetário, excesso
de demanda
Plano Real, 1994
Plano Collor, 1990
Plano Cruzado, 1986
Políticas heterodoxas
Política Monetária e Fiscal
Conselho Interministerial de preços – CIP, início anos 80
Plano Verão,1989
Plano Bresser, 1987
Inercial, gargalos produtivos, choques externos.
Gradualismo na pol. econômica
Diagnóstico da Inflação nos anos oitenta
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O Plano Real (1994)• Fase I: ajuste fiscal para equacionar o desequilíbrio
orçamentário, criação do IPMF (0,25%), e FSE, acumulação de reservas cambiais para operar a política monetária e fiscal (Bacen).
• Fase II: eliminou a inércia inflacionária (Unidade Real de Valor – URV), indexação completa e diminuição do conflito distributivo.
• Hiperinflação induzida em cruzeiro real (só meio de troca).• Fase III: URV assume função de moeda, o real, na proporção
de R$ 1,00 = CR 2.770,00.• Aspectos críticos do plano:• Política de taxas de juros reais positivas: impede a
remonetização e explosão de consumo,mas restringe produção.
• Conjuntura internacional de liquidez estimula IED: acumula bom nível de reservas cambiais (âncora cambial), amplia concorrência e contenção de preços internos.
• Balança comercial deficitária: IED financia balança de pagamentos, dependência externa, parcialmente resolvida com a desvalorização do real em janeiro de 1999.
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• Reforma do setor público: aceleração do processo de privatizações, Plano Diretor da Reforma do Estado (1995), modernização do sistema de planejamento federal (PPA 2000).
• Diferença para os demais planos:• Abertura comercial impactando na formação de preços
conteve pressões inflacionárias.• Situação favorável de liquidez internacional viabilizando
acúmulo de reservas cambiais, que viabiliza política monetária e cambial.
• Contenção do crédito e demanda após queda da inflação vai importante para dar tempo aos ajustes de oferta.
• Valorização do real e a folga cambial viabilizaram contenção de preços internos.
• A estabilidade política e o apoio do Congresso foram cruciais para continuidade do governo (dois mandatos consecutivos de FHC).
O Plano Real (1994)