1
Introdução O município paulista de Campos do Jordão (Figura 1) apresenta um histórico significativo de acidentes de natureza geodinâmica, com destaque para três grandes eventos, ocorridos em 1972, 1991 e 2000. No período de 1999 a 2013, dados da Defesa Civil Estadual indicaram 38 ocorrências com acionamento deste órgão, em sua maioria associadas a eventos de deslizamentos, muitas das quais recorrentes em determinados locais (IG 2014) 1 . Pesquisa realizada em jornais da região permitiu a identificação de 97 registros relacionados a diferentes tipos de eventos ocorridos nos últimos 14 anos: - 51 sobre deslizamentos; - 32 relativos a enchentes/inundações/alagamentos; - 13 envolvendo venda-vais e temporais; e - 1 registro sobre sub-sidência/afundamento. Com o objetivo de fornecer subsídios técnicos essenciais para a gestão de riscos no Município, foi elaborado um abrangente estudo envolvendo todo o seu território e contemplando a avaliação de quatro tipos de perigos e riscos geológicos: escorregamentos, inundação, erosão e solapamento de margens (IG 2014). Alguns resultados deste estudo são aqui sinteticamente apresentados, enfocando a avaliação de áreas de risco em escala de detalhe e sua aplicabilidade na gestão de riscos. Materiais e Métodos Agradecimentos O mapeamento de risco, por meio da análise das características do meio físico e do uso e ocupação territoriais, visa a delimitação de setores conforme a criticidade de cada situação de risco identificada, configurando-se no suporte mínimo para as soluções de gerenciamento, prevenção, monitoramento, mitigação e redução dos riscos. Este trabalho adota como base conceitual e metodológica para avaliação de risco e desastres a apresentada em UN-ISDR (2004, 2009) e Tominaga et al (2009), onde: Risco = Perigo x Vulnerabilidade x Dano Potencial. Ou seja, no processo de mapeamento e análise de risco estão envolvidas as etapas de avaliação dos perigos potenciais e das condições de vulnerabilidade que podem potencializar a ocorrência de danos às pessoas, bens e propriedades, meios de subsistência e ao meio ambiente dos quais a sociedade depende. Os autores agradecem aos colegas do Instituto Geológico, à Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (CEDEC) e à Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil de Campos do Jordão. ÁREAS ALVO PARA ESTUDOS DE DETALHE MAPEAMENTO de Risco na escala LOCAL OBTENÇÃO DE ATRIBUTOS RELACIONADOS AO PERIGO, À VULNERABILIDADE, AO DANO POTENCIAL MODELAGEM, SETORIZAÇÃO E ANÁLISE DE RISCO MAPAS DE ÁREAS DE RISCO DE ESCORREGAMENTO, INUNDAÇÃO, EROSÃO E SOLAPAMENTO DE MARGENS MAPEAMENTO de Risco na escala REGIONAL DEFINIÇÃO DE UNIDADES TERRITORIAIS BÁSICAS (UTB) DEFINIÇÃO/OBTENÇÃO DE ATRIBUTOS E SELEÇÃO DE FATORES DE ANÁLISE DOS PROCESSOS MODELAGEM E CÁLCULO DAS VARIÁVEIS DE RISCO MAPAS DE PERIGOS MAPA DE VULNERABILIDADE MAPA DE DANO POTENCIAL MAPAS DE RISCO DE ESCORREGAMENTO, INUNDAÇÃO, EROSÃO, COLAPSO E SUBSIDÊNCIA DE SOLOS CARTOGRAFIA DE RISCO INVENTÁRIO DE INFORMAÇÕES E DADOS SOBRE EVENTOS E ACIDENTES - Levantamento em banco de dados da Defesa Civil Municipal e Estadual e notícias veiculadas na mídia impressa e eletrônica; - Pesquisa bibliográfica; - Interpretação de imagens de sensoriamento remoto Figura 2. Estrutura metodológica para análise de riscos adotada pelo Instituto Geológico. O estudo envolveu as seguintes etapas metodológicas, detalhadas em IG (2014) (Figura 2): 1 1. Instituto Geológico - SMA. 2014e. Mapeamento de riscos associados a escorregamentos, inundações, erosão e solapamento de margens de drenagens - Município de Campos do Jordão, SP. Relatório Técnico / Eduardo de Andrade (Coordenação). São Paulo : IG/SMA, 2014. 3 vol. ISBN 978-85-87235-21-3. Disponível em http://www.sidec.sp.gov.br/producao/map_risco/ Figura 1. Localização do Município de Campos do Jordão SP. Possui área de 290 km 2 e está situado na Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos da Serra da Mantiqueira (UGRHI-1), a uma altitude de 1.628 metros. População de 48.497 habitantes (SEADE 2013) e densidade populacional é de 167,2 hab/km 2 , sendo que 99,38% da população de Campos do Jordão situam-se em zona considerada urbana . Figura 3. Distribuição dos 175 setores de risco identificados e caracterizados no Mapeamento de Áreas de Risco em Campos do Jordão (SP). No detalhe de uma das áreas de risco (à esquerda), exemplo de setorização de risco de escorregamento e de perigo (área hachurada) e risco de inundação . Eduardo de Andrade* - [email protected]; Maria José Brollo* - [email protected] * INSTITUTO GEOLÓGICO SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO. www.igeologico.sp.gov.br PERIGOS E RISCOS GEOLÓGICOS EM CAMPOS DO JORDÃO (SP) : DIAGNÓSTICO EM 2014 Resultados e Discussão Após terem sido definidas 40 áreas alvo para estudos de detalhe (levantamentos de campo, classificação e setorização em escala 1:3000), os trabalhos resultaram no Mapa de Áreas de Risco de Campos do Jordão, com a delimitação de 175 setores de risco (17% em risco muito alto, 26% em risco alto, 38% em risco médio e 19% em risco baixo), compreendendo 3.985 moradias em risco (com estimativa de 15.940 moradores) que perfazem aproximadamente 5% da mancha urbana do município. Ou seja, cerca de 33% da população do município encontra-se em áreas de risco, sendo que 2,6% situam-se em setores de risco de escorregamento com grau muito alto. Estes resultados estão sintetizados no Quadro 1, Gráficos 1 e 2 e representados no Mapa de Áreas de Risco e no Mapa de Perigo de Inundação (Figura 3). Alguns exemplos da localização e das características das ocupações e podem ser observadas nas Fotos 1, 2 e 3. Quadro 1. Síntese do resultado do Mapeamento de Áreas de Risco em Campos do Jordão. Agrupamento dos setores de risco conforme tipo de processo e a classificação de risco, apresentando a identificação dos elementos em risco. SETORES E ELEMENTOS EM RISCO X PROCESSO ANALISADO R1 - risco baixo R2 - risco médio R3 - risco alto R4 - risco muito alto TOTAL PROCESSO ASSOCIADO AO RISCO ESCORREGAMENTOS 15 setores (465 moradias) 50 setores (981 moradias) 33 setores (801 moradias; 1 grande equipamento (escola pública); 32 estab. comerciais) 24 setores (1288 moradias) 122 Setores (70%) (3535 moradias; 1 grande equipamento (escola pública); 32 estab. comerciais) INUNDAÇÃO 18 setores (92 moradias; 21 estab. comerciais; 2 grandes equipamentos; 2758m de vias pavimentadas; 90m de vias sem pavimentação) 17 setores (158 moradias; 3 chalés de uma pousada; 28 estab. comerciais; 3 grandes equipamentos (galpão; clube; vila do artesanato); 2330m de vias pavimentadas; 170m de vias sem pavimentação) 12 setores (106 moradias; 1 chalé de uma pousada; 1 hotel; 11 estab comerciais; 685m de vias pavimentadas; 115m de vias sem pavimentação) 4 setores (33 moradias; 115m de vias sem pavimentação) 51 setores (29%) (389 moradias; 4 chalés de uma pousada; 1 hotel; 60 estab. comerciais; 5 grandes equipamentos; 5773m de vias pavimentadas;490m de vias sem pavimentação) EROSÃO - - - 1 setor (10 moradias) 1 setor (0,5%) (10 moradias) SOLAPAMENTO DE MARGEM 1 setor (51 moradias) - - - 1 setor (0,5%) (51 moradias) TOTAL 34 setores (19%) (608 moradias; 21 estab. comerciais; 2 grandes equipamentos; 2758m de vias pavimentadas; 90m de vias sem pavimentação) 67 setores (38%) (1139 moradias; 3 chalés de uma pousada; 28 estab. comerciais; 3 grandes equipamentos (galpão; clube; vila do artesanato); 2330m de vias pavimentadas; 170m de vias sem pavimentação) 45 setores (26%) (907 moradias; 1 chalé de uma pousada; 1 hotel; 43 estab. comerciais; 1 grande equipamento (escola pública); 685m de vias pavimentadas; 115m de vias sem pavimentação) 29 setores (17%) (1331 moradias; 115m de vias sem pavimentação) 175 setores (3985 moradias; 4 chalés de uma pousada; 1 hotel; 92 estab. comerciais; 6 grandes equipamentos; 5773m de vias pavimentadas;490m de vias sem pavimentação) Conclusões O desenvolvimento urbano desordenado tem como uma de suas consequências o aumento dos níveis de risco de desastres naturais, principalmente quanto à ocorrência de escorregamentos e inundações. O instrumento para o planejamento urbano mais utilizado é o Plano Diretor ou Plano de Ordenamento Territorial, que indica o que pode ser realizado em cada área do município, orientando as prioridades de investimentos e os instrumentos urbanísticos que devem ser implementados, tendo como base a carta geotécnica e o mapeamento de áreas de risco. Assim, o mapeamento de áreas de risco em escala local, munido de propostas estruturais, não estruturais e preventivas de cunho geral, constitui instrumento fundamental para o gerenciamento das situações de risco por parte do Poder Público. Os resultados deste estudo permitem ao Governo Municipal, principal agente na promoção do adequado uso e ocupação do território, dar continuidade ao gerenciamento de riscos que já vem sendo empreendido, por meio de aprimoramento e atualização constante, com o propósito de mitigar o risco e evitar a ocupação de áreas inadequadas. Foto 3. Vista geral do morro do Britador e da Vila Ferraz, situada no vale formado pelo Rio Capivari, ambos locais sujeitos a movimentos gravitacionais de massa e a enchentes/inundações, respectivamente. a) Inventário de dados e informações sobre eventos e acidentes em áreas de risco; b) Definição de unidades de análise (áreas- alvo); c) Pré-setorização e obtenção dos atributos de análise; d) Modelagem, setorização e análise de risco; e) Indicação de recomendações técnicas gerais; f) Produção de cartografia de risco em escala local, alimentação e utilização do SGI-RISCOS-IG (Sistema Gerenciador de Informações de Risco do Instituto Geológico). 15 (8,6%) 50 (28,6%) 33 (18,9%) 24 (13,7%) 18 (10,3%) 17 (9,7%) 1 (0,6%) 4 (2,3%) 51 (29,1%) 12 (6,9%) 1 (0,6%) 122 (69,7%) TIPO DE PROCESSO (Totalização) 1 (0,6%) 1 (0,6%) 389 (9,8%) 3535 (88,7%) TIPO DE PROCESSO (Totalização) 10 (0,3%) 51 (1,2%) 981 (24,6%) 801 (20,1%) 92 (2,3%) 158 (4,0%) 106(2,7%) 33 (0,8%) 1288 (32,3%) 465 (11,7%) 10 (0,3%) 51 (1,2%) Gráfico 1. Distribuição dos 175 setores de risco mapeados no Município de Campos do Jordão segundo tipo de processo e grau de risco. Gráfico 2. Distribuição das 3985 moradias presentes nos setores de risco mapeados no Município de Campos do Jordão segundo tipo de processo e grau de risco. Foto 2. Ocupação em setor de risco muito alto (R4) de deslizamentos. Foto 1. Ocupação localizada na Área 40 Abernéssia, junto aos taludes de margem do Rio Capivari, em trecho sujeito a enchentes e inundações. ÁREA 18 VILA ALBERTINA

PERIGOS E RISCOS GEOLÓGICOS EM CAMPOS DO JORDÃO (SP) : DIAGNÓSTICO EM 2014 - Painel

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Page 1: PERIGOS E RISCOS GEOLÓGICOS EM CAMPOS DO JORDÃO (SP) : DIAGNÓSTICO EM 2014 - Painel

Introdução O município paulista de Campos do Jordão (Figura 1)

apresenta um histórico significativo de acidentes de

natureza geodinâmica, com destaque para três grandes

eventos, ocorridos em 1972, 1991 e 2000.

No período de 1999 a 2013, dados da Defesa Civil

Estadual indicaram 38 ocorrências com acionamento deste

órgão, em sua maioria associadas a eventos de

deslizamentos, muitas das quais recorrentes em

determinados locais (IG 2014)1. Pesquisa realizada em

jornais da região permitiu a identificação de 97 registros

relacionados a diferentes tipos de eventos ocorridos nos

últimos 14 anos:

- 51 sobre deslizamentos;

- 32 relativos a enchentes/inundações/alagamentos;

- 13 envolvendo venda-vais e temporais; e

- 1 registro sobre sub-sidência/afundamento.

Com o objetivo de fornecer subsídios técnicos

essenciais para a gestão de riscos no Município, foi

elaborado um abrangente estudo envolvendo todo o seu

território e contemplando a avaliação de quatro tipos de

perigos e riscos geológicos: escorregamentos, inundação,

erosão e solapamento de margens (IG 2014). Alguns

resultados deste estudo são aqui sinteticamente

apresentados, enfocando a avaliação de áreas de risco em

escala de detalhe e sua aplicabilidade na gestão de riscos.

Materiais e Métodos

Agradecimentos

O mapeamento de risco, por meio da análise das características do meio físico e do uso e

ocupação territoriais, visa a delimitação de setores conforme a criticidade de cada situação de risco

identificada, configurando-se no suporte mínimo para as soluções de gerenciamento, prevenção,

monitoramento, mitigação e redução dos riscos. Este trabalho adota como base conceitual e

metodológica para avaliação de risco e desastres a apresentada em UN-ISDR (2004, 2009) e

Tominaga et al (2009), onde: Risco = Perigo x Vulnerabilidade x Dano Potencial. Ou seja, no

processo de mapeamento e análise de risco estão envolvidas as etapas de avaliação dos perigos

potenciais e das condições de vulnerabilidade que podem potencializar a ocorrência de danos às

pessoas, bens e propriedades, meios de subsistência e ao meio ambiente dos quais a sociedade

depende.

Os autores agradecem aos colegas do Instituto Geológico, à Coordenadoria Estadual de Defesa Civil

(CEDEC) e à Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil de Campos do Jordão.

ÁREAS ALVO PARA ESTUDOS DE DETALHE

MAPEAMENTO de Risco na escala LOCAL

OBTENÇÃO DE ATRIBUTOS RELACIONADOS AO PERIGO, À VULNERABILIDADE, AO DANO POTENCIAL

MODELAGEM, SETORIZAÇÃO E ANÁLISE DE RISCO

MAPAS DE ÁREAS DE RISCO DE ESCORREGAMENTO, INUNDAÇÃO, EROSÃO E SOLAPAMENTO DE

MARGENS

MAPEAMENTO de Risco na escala REGIONAL

DEFINIÇÃO DE UNIDADES TERRITORIAIS BÁSICAS (UTB)

DEFINIÇÃO/OBTENÇÃO DE ATRIBUTOS E SELEÇÃO DE FATORES DE ANÁLISE DOS PROCESSOS

MODELAGEM E CÁLCULO DAS VARIÁVEIS DE RISCO

MAPAS DE PERIGOS MAPA DE VULNERABILIDADE MAPA DE DANO POTENCIAL

MAPAS DE RISCO DE ESCORREGAMENTO, INUNDAÇÃO, EROSÃO, COLAPSO E SUBSIDÊNCIA DE SOLOS

CARTOGRAFIA DE RISCO

INVENTÁRIO DE INFORMAÇÕES E DADOS SOBRE EVENTOS E ACIDENTES

- Levantamento em banco de dados da Defesa Civil Municipal e Estadual e notícias veiculadas na mídia impressa e eletrônica; - Pesquisa bibliográfica; - Interpretação de imagens de sensoriamento remoto

Figura 2. Estrutura metodológica para análise de riscos adotada pelo

Instituto Geológico.

O estudo envolveu as

seguintes etapas metodológicas,

detalhadas em IG (2014) (Figura 2):

1

1. Instituto Geológico - SMA. 2014e. Mapeamento de riscos associados a escorregamentos, inundações, erosão e solapamento de

margens de drenagens - Município de Campos do Jordão, SP. Relatório Técnico / Eduardo de Andrade (Coordenação). – São Paulo :

IG/SMA, 2014. 3 vol. ISBN 978-85-87235-21-3. Disponível em http://www.sidec.sp.gov.br/producao/map_risco/

Figura 1. Localização do Município de

Campos do Jordão – SP. Possui área de 290

km2 e está situado na Unidade de

Gerenciamento de Recursos Hídricos da Serra

da Mantiqueira (UGRHI-1), a uma altitude de

1.628 metros. População de 48.497

habitantes (SEADE 2013) e densidade

populacional é de 167,2 hab/km2, sendo que

99,38% da população de Campos do Jordão

situam-se em zona considerada urbana .

Figura 3. Distribuição dos 175 setores de risco identificados e caracterizados

no Mapeamento de Áreas de Risco em Campos do Jordão (SP). No detalhe

de uma das áreas de risco (à esquerda), exemplo de setorização de risco de

escorregamento e de perigo (área hachurada) e risco de inundação .

Eduardo de Andrade* - [email protected]; Maria José Brollo* - [email protected]

* INSTITUTO GEOLÓGICO – SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO. www.igeologico.sp.gov.br

PERIGOS E RISCOS GEOLÓGICOS EM CAMPOS DO

JORDÃO (SP) : DIAGNÓSTICO EM 2014

Resultados e Discussão Após terem sido definidas 40 áreas alvo para estudos de detalhe (levantamentos de campo,

classificação e setorização em escala 1:3000), os trabalhos resultaram no Mapa de Áreas de Risco

de Campos do Jordão, com a delimitação de 175 setores de risco (17% em risco muito alto, 26% em

risco alto, 38% em risco médio e 19% em risco baixo), compreendendo 3.985 moradias em risco

(com estimativa de 15.940 moradores) que perfazem aproximadamente 5% da mancha urbana do

município. Ou seja, cerca de 33% da população do município encontra-se em áreas de risco,

sendo que 2,6% situam-se em setores de risco de escorregamento com grau muito alto. Estes

resultados estão sintetizados no Quadro 1, Gráficos 1 e 2 e representados no Mapa de Áreas de

Risco e no Mapa de Perigo de Inundação (Figura 3). Alguns exemplos da localização e das

características das ocupações e podem ser observadas nas Fotos 1, 2 e 3.

Quadro 1. Síntese do resultado do Mapeamento de Áreas de Risco em Campos do Jordão. Agrupamento dos setores de

risco conforme tipo de processo e a classificação de risco, apresentando a identificação dos elementos em risco.

SETORES E ELEMENTOS EM RISCO X PROCESSO ANALISADO

R1 - risco baixo R2 - risco médio R3 - risco alto R4 - risco muito alto TOTAL

PR

OC

ES

SO

AS

SO

CIA

DO

AO

RIS

CO

ESCORREGAMENTOS 15 setores

(465 moradias)

50 setores

(981 moradias)

33 setores

(801 moradias; 1 grande

equipamento (escola pública); 32

estab. comerciais)

24 setores

(1288 moradias)

122 Setores (70%)

(3535 moradias; 1 grande

equipamento (escola pública); 32

estab. comerciais)

INUNDAÇÃO

18 setores

(92 moradias; 21 estab.

comerciais; 2 grandes

equipamentos; 2758m de vias

pavimentadas; 90m de vias sem

pavimentação)

17 setores

(158 moradias; 3 chalés de uma

pousada; 28 estab. comerciais; 3

grandes equipamentos (galpão;

clube; vila do artesanato);

2330m de vias pavimentadas;

170m de vias sem

pavimentação)

12 setores

(106 moradias; 1 chalé de uma

pousada; 1 hotel; 11 estab

comerciais; 685m de vias

pavimentadas; 115m de vias sem

pavimentação)

4 setores

(33 moradias; 115m de vias sem

pavimentação)

51 setores (29%)

(389 moradias; 4 chalés de uma

pousada; 1 hotel; 60 estab.

comerciais; 5 grandes equipamentos;

5773m de vias pavimentadas;490m de

vias sem pavimentação)

EROSÃO - - - 1 setor

(10 moradias)

1 setor (0,5%)

(10 moradias)

SOLAPAMENTO DE MARGEM 1 setor

(51 moradias) - - -

1 setor (0,5%)

(51 moradias)

TOTAL

34 setores (19%)

(608 moradias; 21 estab.

comerciais; 2 grandes

equipamentos; 2758m de vias

pavimentadas; 90m de vias sem

pavimentação)

67 setores (38%)

(1139 moradias; 3 chalés de

uma pousada; 28 estab.

comerciais; 3 grandes

equipamentos (galpão; clube;

vila do artesanato); 2330m de

vias pavimentadas; 170m de

vias sem pavimentação)

45 setores (26%)

(907 moradias; 1 chalé de uma

pousada; 1 hotel; 43 estab.

comerciais; 1 grande equipamento

(escola pública); 685m de vias

pavimentadas; 115m de vias sem

pavimentação)

29 setores (17%)

(1331 moradias; 115m de vias sem

pavimentação)

175 setores

(3985 moradias; 4 chalés de uma

pousada; 1 hotel; 92 estab.

comerciais; 6 grandes equipamentos;

5773m de vias pavimentadas;490m de

vias sem pavimentação)

Conclusões O desenvolvimento urbano desordenado tem como uma de suas consequências o aumento dos

níveis de risco de desastres naturais, principalmente quanto à ocorrência de escorregamentos e

inundações. O instrumento para o planejamento urbano mais utilizado é o Plano Diretor ou Plano de

Ordenamento Territorial, que indica o que pode ser realizado em cada área do município, orientando

as prioridades de investimentos e os instrumentos urbanísticos que devem ser implementados, tendo

como base a carta geotécnica e o mapeamento de áreas de risco.

Assim, o mapeamento de áreas de risco em escala local, munido de propostas estruturais, não

estruturais e preventivas de cunho geral, constitui instrumento fundamental para o gerenciamento

das situações de risco por parte do Poder Público. Os resultados deste estudo permitem ao Governo

Municipal, principal agente na promoção do adequado uso e ocupação do território, dar continuidade

ao gerenciamento de riscos que já vem sendo empreendido, por meio de aprimoramento e

atualização constante, com o propósito de mitigar o risco e evitar a ocupação de áreas inadequadas.

Foto 3. Vista geral do morro do Britador e da Vila

Ferraz, situada no vale formado pelo Rio Capivari,

ambos locais sujeitos a movimentos gravitacionais de

massa e a enchentes/inundações, respectivamente.

a) Inventário de dados e informações sobre

eventos e acidentes em áreas de risco;

b) Definição de unidades de análise (áreas-

alvo);

c) Pré-setorização e obtenção dos atributos

de análise;

d) Modelagem, setorização e análise de

risco;

e) Indicação de recomendações técnicas

gerais;

f) Produção de cartografia de risco em

escala local, alimentação e utilização do

SGI-RISCOS-IG (Sistema Gerenciador de

Informações de Risco do Instituto

Geológico).

15 (8,6%)

50 (28,6%)

33 (18,9%)

24 (13,7%)

18 (10,3%)

17 (9,7%)

1 (0,6%) 4 (2,3%)

51 (29,1%)

12 (6,9%)

1 (0,6%)

122 (69,7%)

TIPO DE PROCESSO (Totalização)

1 (0,6%) 1 (0,6%) 389 (9,8%) 3535 (88,7%)

TIPO DE PROCESSO (Totalização)

10 (0,3%) 51 (1,2%)

981 (24,6%)

801 (20,1%)

92 (2,3%) 158 (4,0%) 106(2,7%) 33 (0,8%)

1288 (32,3%)

465 (11,7%) 10 (0,3%) 51 (1,2%)

Gráfico 1. Distribuição dos 175 setores de risco

mapeados no Município de Campos do Jordão segundo

tipo de processo e grau de risco.

Gráfico 2. Distribuição das 3985 moradias presentes nos

setores de risco mapeados no Município de Campos do

Jordão segundo tipo de processo e grau de risco.

Foto 2. Ocupação em

setor de risco muito alto

(R4) de deslizamentos.

Foto 1. Ocupação localizada na Área 40 –

Abernéssia, junto aos taludes de margem do

Rio Capivari, em trecho sujeito a enchentes e

inundações.

ÁREA 18 – VILA ALBERTINA