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A ÉTICA NA INSTIUIÇÃO DE SAÚDE: desafios do ser ético na atuação do psicólogo no programa saúde da família (PSF)

A ÉTICA NA INSTIUIÇÃO DE SAÚDE: desafios do ser ético na atuação do psicólogo no programa saúde da família (PSF)

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O presente trabalho se propõe a abordar a atuação profissional ética do psicólogo no âmbito das instituições de saúde, focando no programa PSF.

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A ÉTICA NA INSTIUIÇÃO DE SAÚDE: desafios do ser ético na atuação do

psicólogo no programa saúde da família (PSF)

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INTRODUÇÃO

• O presente trabalho se propõe a abordar a atuação profissional ética do psicólogo no âmbito das instituições de saúde. • Dessa forma, objetiva-se perceber em suas

atividades laborativas do cotidiano, como pode construir um ambiente propício a essa expressão ética, visto que sua prática é atravessada por vivências de grande significado na vida das pessoas, bem como trabalha muitas vezes em ambientes com equipe multidisciplinar, devendo saber como e quais informações serão repassadas aos outros profissionais.

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PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA (PSF)

• As equipes do Programa Saúde da Família (PSF) são responsáveis por acompanhar um número pré-determinado de famílias localizadas em uma área geográfica delimitada e atuam com ações de promoção da saúde, prevenção, recuperação, reabilitação de doenças e agravos mais frequentes e na manutenção das comunidades. (PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA..., 2012)

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• As equipes são compostas por no mínimo um médico, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e seis agentes comunitários. Quando ampliada a equipe conta com mais um dentista, um auxiliar de consultório dentário e um técnico em higiene dental. Cada equipe é responsável por no máximo 4 mil habitantes sendo a média recomendada de 3 mil habitantes de uma determinada área e estas passam a ter corresponsabilidade no cuidado a saúde. A atuação das equipes ocorre principalmente nas unidades básicas de saúde, nas residências e na mobilização da comunidade. (ATENÇÃO BÁSICA E A SAÚDE DA FAMÍLIA..., 2012)

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A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NOS PSFs

• Um dos principais objetivos do profissional de psicologia de acordo com Cardoso citada por Cardoso e Silva (2004), é atuar junto à comunidade difundindo informações sobre a saúde mental e fazendo identificação das pessoas com comprometimentos emocionais que demandem assistência psicológica.

• Juliana M. Fermino e outros (2009) salientam que embora essa atenção à saúde mental seja parte importante das necessidades de saúde e seja uma demanda cada vez mais frequente, o psicólogo não faz parte do quadro de profissionais que compõem os PSFs, ficando as demandas que requerem a atuação do mesmo por conta de outros profissionais de outras áreas da saúde.

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• Quando o psicólogo é contratado, tem como objetivo trabalhar na prevenção e promoção da saúde dos usuários e deve conhecer de perto a realidade da população e as necessidades da mesma, para que assim, possa fazer as intervenções necessárias e adequadas àquele grupo. (CARBONARI et al, 2012).

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CONCEITUAÇÃO ÉTICA, MORAL, BIOÉTICA E O DIREITO

• Goldim (2000) afirma que a Bioética é a Ética aplicada ao contexto da saúde e da pesquisa com seres humanos. Ela aborda os novos paradigmas existentes em um meio interdisciplinar, estimulando a discussão e reflexão. • A Bioética pode ser entendida por três princípios,

o da não-maleficência, o da beneficência e o da Justiça.

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• O princípio da não-maleficência é gerador de polêmica entre os teóricos, uma vez que, alguns autores acreditam que ele se insere no princípio da não beneficência, pelo fato de que que ao evitar o dano intencional, o terapeuta já está visando o bem do outros. Uma adequada formação por parte do psicólogo seria uma forma de visar o bem do outro, evitando danos. (GOLDIM, 2000, p. 120).

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• No segundo principio o da beneficência, o objetivo geral é não provocar o mal e maximizar os benefícios, minimizando possíveis danos. No contexto do atendimento em PSFs, seja com grupo ou individual, este princípio se aplica em agir visando o melhor interesse e bem do cliente, garantindo sua integridade física, psíquica, cuidando de sua privacidade e confidencialidade, tendo como conjectura o encorajamento do cliente no sentido de ajudá-lo a desenvolver sua autonomia.

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• Já no princípio da Justiça se trabalha na equidade no tratamento, isso pressupõe que o cliente de um serviço público como no caso do prestado pelos PSF’s também terão o atendimento com a mesma qualidade do que seria o atendimento daquele profissional em um consultório particular. Outra ponderação acerca deste princípio deve ser lembrada, uma pessoa não pode ser negada de seu benefício sem uma boa razão, ou devido a encargos indevidos.

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O SER ÉTICO

• O psicólogo presente nas instituições de saúde se depara muitas vezes com situações que exigem habilidade para lidar com dilemas éticos que se estabelecem na relação dele com a pessoa atendida e/ou familiares da mesma, ou na relação com a equipe de trabalho. Este profissional se vê diante de questões como: até onde preservar o sigilo profissional? De que forma se deve agir diante de atitudes antiéticas de colegas de trabalho? Que informações podem constar no prontuário do paciente? (MEDEIROS, 2002).

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• Ainda segundo a autora, para que o psicólogo possa adotar uma postura considerada ética é preciso considerar três possibilidades: pautar-se no Código de Ética Profissional do Psicólogo; Agir tomando por base suas convicções pessoais, guiado por seus valores e princípios, desenvolvidos durante todo o tempo de sua formação pessoal e profissional; Agir dentro dos princípios éticos que valem a todos, que não priorizam crenças ou valores pessoais.

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• Para Medeiros (2002), é importante que o profissional não se limite aos conteúdos descritos nos cinquenta artigos do Código de Ética, pois este não apresenta respostas totalmente precisas às questões éticas. Ele é sim um referencial e importante norteador para as atividades do psicólogo, porém, há situações que apresentam particularidades que exigem uma reflexão maior, que o incluem, mas não são limitadas a ele.

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• Faz-se necessário que o psicólogo não trabalhe com o paciente, tentando o encaixar em padrões que ele julgue relevante, deixando em segundo plano os valores e princípios dessa pessoa. É através da postura ética que o profissional permitirá a coexistência de valores que se divergem. Os princípios éticos devem servir a todos, não priorizando crenças ou valores pessoais. (MEDEIROS, 2002).

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• Conforme Medeiros (2002), o princípio da beneficência deve pautar também a atuação do psicólogo. Este o orienta a atender o paciente de forma a fazer-lhe o bem e evitar qualquer prejuízo que possa ocorrer em virtude de sua intervenção. Esse princípio se vincula também a não-maleficência, visando em qualquer instância não causar danos a pessoa. O princípio da Justiça presa a ideia de que a saúde é um bem fundamental, que deve ser contemplado por todos e não apenas por parte de uma população.

• Para Passos (2007), a competência técnica é de extrema importância na atuação de um profissional, porém, ela por si só não o forma.

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ENTREVISTA COM PROFISSIONAL

• Nome: Fabiana Darc Miranda• Registro: CRP 04 35/792• Município de Atuação: LUZ-MG• Local: Estratégia de Saúde da Família –

Unidade 1

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• Conte-nos um pouco de como é a sua atuação no PSF. • “Minha atuação no Programa de Saúde da Família, que hoje se

identifica como ESF – Estratégias de Saúde da Família acontece de uma forma muito dinâmica. Trabalho com os pacientes e funcionários. Temos grupos de diabéticos e hipertensos e estamos programando um projeto que identificamos como “saúde e educação na escola”, visto que nossa demanda de adolescentes em situação de risco esta crescendo a cada dia. Realizo psicoterapias breves individuais e alguns acompanhamentos mais complexos, que demandam mais tempo em terapia: psicoses e neuroses graves. O trabalho em equipe fortalece o atendimento que se torna multidimensional, focalizando as necessidades do paciente, que muitas vezes vai alem do atendimento medico ou psicológico apenas.”

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• Você considera importante a presença do psicólogo no PSF? Por quê?

• “Claro que sim. Porque a área da saúde necessita de um suporte na área de Saúde Mental, pois muitas vezes os profissionais que compõem a equipe não tem conhecimento do processo de sofrimento que passa o paciente que procura ajuda, há uma dificuldade muito grande empatia e trabalho continuado e focalizado no sujeito como um ser biopsicossocial que demandam atendimento nas mais diversas áreas e a Saúde Mental é uma delas. O psicólogo na ESF pode focalizar as demandas e acompanhar casos que diminuam o sofrimento do individuo diminuindo o risco de gravidades psicológicas futuras, além de ser uma peça importante no acompanhamento de pacientes hipertenso e diabéticos. Juntamente com a equipe o psicólogo tem muito a oferecer a nível de prevenção e promoção da saúde humana.”

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• Quais são as demandas mais frequentes para o profissional psicólogo do PSF?

• “Realizo psicoterapias individuais para todos os grupos: crianças, adolescentes, adultos e idosos, nos mais variados contextos: hipertensos, diabéticos, crianças com dificuldades de aprendizagem, acompanhamento ao portador de sofrimento mental, orientações e aconselhamento psicológico. Todas as triagens são feitas por mim, com horários agendados, exceto quando surgem demandas que não podem aguardar: surtos psicóticos, depressão maior e tentativa de auto-extermínio.”

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• Quais são os cuidados necessários acerca de prontuários, fichas, etc., para que o sigilo dos usuários do PSF seja resguardado?

• “Por ser uma equipe grande de profissionais, na qual muitos destes necessitam ter acesso as informações dos pacientes, desde os ACS até os médicos, optamos, equipe de psicólogas atuantes no município, por manter um arquivo separado e diferenciado para a psicologia, que fica resguardado na sala de atendimento, e a responsabilidade é do psicólogo, o arquivo possui gavetas e são trancados a chave. Quando necessário, são anotadas informações relevantes na ficha individual de cada um, que fica nos arquivos da unidade.”

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• Em grupos realizados com usuários, quais as orientações dadas aos mesmos em relação ao sigilo que deve existir sobre o que é dito pelo grupo?

• “Muitas vezes esta informação parte dos próprios usuários que já compreendem como funciona este processo. Quando mais, é dito de forma simples sobre a necessidade do respeito às experiências de cada um”.

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• Já passou por alguma situação que foi necessário a quebra do sigilo? Poderia relatar.

• “Não.”

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• Já passou por alguma situação específica na sua atuação no PSF que envolvesse uma reflexão Ética? Como agiu?

• “Como a equipe é grande e a cidade é pequena, muitos comentários surgem sobre a vida dos usuários, neste sentido procuro manter sempre uma postura ética e aos poucos pontuar a necessidade de cada um fazer o mesmo.”

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• Acrescente mais alguma informação que ache relevante.

• “É relevante ressaltar que o trabalho do psicólogo deve acontecer de forma conjunta com a equipe: com o médico, o enfermeiro, os agentes, os técnicos e familiares dos usuários, para que possamos atender e acolher bem aquele que procura ajuda, o trabalho deve ser humanizado e se pautar sempre na ética e no compromisso com aqueles que confiam a nós profissionais da saúde, seus bens mais preciosos: suas vidas. A inovação no campo também é importante para marcamos presença e conquistarmos nosso espaço nas UBS, que infelizmente é muito difícil encontrar unidades de saúde que contam com psicólogos em suas equipes.”

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CONCLUSÃO

• Pode-se concluir que a postura ética adotada pelo psicólogo, em seu trabalho nas instituições de saúde, cotidianamente, exige uma reflexão que implica considerar vários fatores e sua relação, frente os quais sua atuação será pautada:• o Código de Ética Profissional do Psicólogo; • os princípios elencados pela Bioética; • os valores e princípios do psicólogo bem como os da

pessoa atendida; • os princípios e regras da instituição na qual o psicólogo

está inserido; • os conceitos morais que permeiam a sociedade na qual

está atuando.

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• É diante da relação desses fatores que se torna possível ter uma postura na qual se faça a união moral e ética; respeitando e valorizando aqueles que o procuram, a instituição na qual trabalha, a si mesmo (enquanto pessoa e profissional) bem como sua profissão.

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• Fábio Ferreira

• Leiliane Silva

• Natália Elias

• Natália Resende

• Paula Martucheli