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Acesso e qualidade da atenção ao diabetes entre idosos: iniquidades sociais e modelo de atenção BrasíliaDF, 13 de maio de 2013 Luiz Augusto Facchini Universidade Federal de Pelotas

Acesso e qualidade da atenção ao diabetes entre idosos: iniquidades sociais e modelo de atenção

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Apresentação do professor da Universidade Federal de Pelotas, Luiz Facchini, no seminário CONASS Debate – A crise contemporânea dos modelos de atenção à saúde. Brasília, 13 de maio de 2014.

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Acesso  e  qualidade  da  atenção  ao  diabetes  entre  idosos:  iniquidades  

sociais  e  modelo  de  atenção  

Brasília-­‐DF,  13  de  maio  de  2013  

Luiz  Augusto  Facchini  Universidade  Federal  de  Pelotas  

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O  problema  A  crise  dos  sistemas  de  saúde  -­‐  nos  setores  públicos  e  privados  –  decorrentes  de  transições  demográficas,  tecnológicas,  epidemiológicas  e  nutricionais    A  dificuldade  do  modelo  de  atenção  vigente  em  responder  às  necessidades  de  saúde  e  de  cuidado  da  população,  considerando  a  relevância  das  DCNT  no  atual  perfil  de  morbimortalidade  do  Brasil  e  do  mundo        

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A  abordagem  empírica    

•  Acesso  e  qualidade  da  atenção  ao  diabetes  entre  idosos:  iniquidades  sociais  e  modelo  de  atenção  

•  JusOficaOva  – Crescimento  da  população  idosa  e  do  diabetes  (dentre  as  DCNT)  no  Brasil  

– Despreparo  do  país  e  do  modelo  de  atenção  para  responder  as  necessidades  sociais  e  de  saúde  de  idosos  e  portadores  de  diabetes  

– A  oportunidade  de  avaliar  acesso  e  qualidade  da  atenção  no  país  

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O  estudo  •  AQUARES  –  inquérito  epidemiológico  sobre  acesso  e  qualidade  na  rede  de  saúde  do  Brasil  

•  Coleta  de  dados  –  2009  

•  Abrangência  – Amostra  representaOva  da  população  urbana  do  país  –  100  municípios  de  todos  os  portes,  638  setores  censitários  –  23  Unidades  da  Federação  das  cinco  regiões  geopolíOcas  – Amostras  independentes  de  crianças,  adultos  e  idosos  (n=6.582)  

–  Idosos  ≥  60  anos,  todos  os  residentes  no  domicílio        

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O  estudo  •  As  medidas  da  atenção  ao  diabetes  entre  idosos  (recordatório  

de  um  ano  anterior  à  entrevista)  •  Acesso  

–  consultas  médica  devido  à  diabetes  •  Qualidade  

–  exame  dos  pés  por  profissionais  de  saúde  –  exame  de  sangue  para  glicemia  de  jejum  –  orientações  para  a  alimentação  (manter  o  peso  ideal,  comer  pouco  sal,  doce  ou  

açúcar,  gordura  e  fritura)    –  orientação  para  a  práOca  de  aOvidade  gsica  

•  Indicador  sintéOco  -­‐  proporção  dos  indivíduos  que  receberam  todos  os  desfechos  acima  citados    

•  Iniquidades  sociais  –  classificação  econômica  da  ABEP  -­‐  Associação  Brasileira  de  Empresas  de  

Pesquisa  -­‐  hjp://www.abep.org    –  A  ou  B  –  mais  ricos  à  C  à  D  ou  E  –  mais  pobres  

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DESCRIÇÃO  DA  AMOSTRA  E  PREVALÊNCIA  DE  DIABETES  

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Tabela 1. Descrição das características demográficas, socioeconômicas, comportamentais e de morbidade, e prevalência de diabetes em idosos. Brasil, 2009. (n = 6.582 idosos)  Variáveis   n   %   % de diabetes  Sexo   p<0,001  

Masculino   2.714   41,0   14,0  Feminino   3.902   59,0   18,9  

Cor da pele   p=0,771  Branca   2.604   40,3   16,5  Preta   376   5,8   17,2  Parda   3.412   52,9   18,2  Indígena/Amarela   64   1,0   15,0  

Idade (em anos completos)   p=0,250  60 a 64   1.661   25,1   16,5  65 a 69   1.647   25,0   16,8  70 a 79   2.251   34,1   18,0  80 ou mais   1.042   15,8   15,3  

Estado civil atual   p=0,001  Casado   3.384   51,1   16,7  Solteiro   685   10,4   12,8  Separado/divorciado   483   7,3   14,9  Viúvo   2.061   31,2   19,1  

Escolaridade (em anos completos)   p=0,802  Nenhum   2.470   37,8   16,8  Um a quatro   2.408   36,8   16,8  Cinco a oito   851   13,0   18,0  Nove ou mais   809   12,4   16,2  

Classificação econômica (ABEP)   p=0,300  A/B   1.079   17,0   18,5  C   2.650   41,8   16,5  D/E   2.617   41,2   16,7  

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Tabela 1 (continuação). Descrição das características demográficas, socioeconômicas, comportamentais e de morbidade, e prevalência de diabetes em idosos. Brasil, 2009. (n = 6.582 idosos).  Variáveis   n   %   % de diabetes  Insuficientemente ativos   p=0,100  

Não   887   13,5   14,9  Sim   5.707   86,5   17,2  

IMC (Kg/m2)   p<0,001  ≤ 22   1059   19,7   9,3  > 22 à < 27   2.188   40,6   14,8  ≥ 27   2.136   39,7   22,7  

Hipertensão   p<0,001  Não   3168   48,2   9,7  Sim   3.412   51,8   23,4  

Problema de nervos   p=0,015  Não   5.619   85,4   16,4  Sim   957   14,6   19,6  

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Nota: *Valores percentuais referentes ao total de idosos que realizaram consulta médica. Perda de informação: pés examinados = 27; glicemia de jejum = 12; Orientação para alimentação = 11; Orientação para atividade física = 9.

Prevalência  dos  indicadores  de    acesso  e  qualidade  da  atenção  

16,9%    dos  idosos  

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PREVALÊNCIA  DOS  INDICADORES  DE  QUALIDADE  SEGUNDO  VARIÁVEIS  

INDEPENDENTES  

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Tabela 2. Prevalências de indicadores de acesso e qualidade da atenção segundo as variáveis demográficas, socioeconômicas, comportamentais e de morbidades em idosos. Brasil, 2009.  

Variáveis  Atendimento médico  

(%)  Pés examinados  

(%)  Exame de sangue  

glicemia de jejum (%)  Orientação para  alimentação (%)  

Orientação para  atividade física (%)  

Recebimento de todos  os indicadores (%)  

Sexo   p=0,879   p=1,000   p=0,143   p=0,036   p=0,035   p=0,267  Masculino   78   36,6   88,3   33,1   40,9   8,0  Feminino   77,6   36,6   91,4   40,4   48,5   10,4  

Cor da pele autorreferida   p=0,056   p=0,089   p=0,628   p=0,609   p=0,281   p=0,521  Branca   73,1   40,6   91,3   36,8   48,2   9,6  Preta   80,9   36,5   88,9   46,3   54,6   9,6  Parda   79,8   33,6   89,4   37,4   44   9,3  Indígena/Amarela   88,9   62,5   100   37,5   62,5   25,0  

Idade (em anos completos)   p=0,292   p=0,810   p=0,518   p=0,029   p=0,002   p=0,052  60 a 64   80,2   36,8   91,1   38,1   49,1   12,2  65 a 69   76,5   34,6   91,8   43,8   45,9   9,8  70 a 79   78,9   36,6   90,2   37,9   49,7   10,2  80 ou mais   72,8   40,2   86,8   26,8   29,8   2,7  

Estado civil atual   p=0,671   p=0,410   p=0,741   p=0,342   p=0,231   p=0,051  Casado   78,1   36,3   91,2   37,2   48,5   11,4  Solteiro   73,6   41,3   92,2   33,3   48,4   4,8  Separado/divorciado   74,7   26,9   88,7   49   49,1   16,0  Viúvo   78,8   37,8   89,1   38,1   41,2   7,0  

Escolaridade (em anos completos)   p=0,923   p=0,011   p<0,001*   p=0,051   p=0,003*   p=0,005  

Nenhum   78,2   31,8   86   31,9   39,4   5,4  Um a quatro   77,9   37,6   91,9   40,3   47,9   11,2  Cinco a oito   75,7   34,8   92,2   43,5   49,6   9,8  Nove ou mais   78,5   50   97   41,6   54,5   16,5  

Classificação econômica (ABEP)   p=0,985   p<0,001*   p<0,001*   p=0,007*   p<0,001*   p<0,001*  

A/B   77,4   52,4   97,4   44,7   61,8   15,9  C   77,9   35,2   92,5   39,7   49,3   11,1  D/E   78,0   31,6   84,5   32,7   35,6   5,5  

* Teste de tendência linear.  

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Tabela 2 (continuação). Prevalências de indicadores de acesso e qualidade da atenção segundo as variáveis demográficas, socioeconômicas, comportamentais e de morbidades em idosos. Brasil, 2009.  

Variáveis  Atendimento

médico  (%)  

Pés examinados  (%)  

Exame de sangue  glicemia de jejum

(%)  

Orientação para  alimentação (%)  

Orientação para  atividade física (%)  

Recebimento de todos  

os indicadores (%)  Insuficientemente ativos   p=0,997   p=0,341   p=0,323   p=0,300   p=0,001   p=0,046  

Não   77,9   41   93,1   42,6   61,8   15,2  Sim   77,9   36,1   90   37,3   43,7   8,8  

IMC (Kg/m2)   p=0,233   p=0,985   p=0,182   p<0,001*   p=0,002*   p=0,056  ≥ 22   71,4   33,3   95,7   24,3   40   8,7  > 22 à < 27   79,6   34,4   88,7   30,6   43,2   5,9  ≥ 27   76,9   34,4   91,1   45,7   54,2   11,6  

Hipertensão   p=0,009   p=0,528   p=0,264   p<0,001   p=0,010   p=0,006  Não   72,4   38,4   88,5   25,4   38,5   4,7  Sim   79,7   36   91,1   42   48,5   11,3  

Problema de nervos   p=0,230   p=0,635   p=0,348   p=0,850   p=0,016   p=0,275  

Não   78,4   37   90,1   37,6   43,9   9,0  Sim   74,3   34,8   92,7   38,4   55,2   12,0  

* Teste de tendência linear.  

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INDICADORES  DE    ACESSO  E  QUALIDADE  E  

CLASSIFICAÇÃO  ECONÔMICA  

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0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Atendimentomédico

Pés examinados Exame de sangue -glicemia de jejum

Orientação paraalimentação

Orientação paraatividade física

Todos osindicadores

%

A/B C D/E

Nota: Valor-p* = Teste de Wald de tendência linear*. Atendimento médico: denominador = total de idosos. Outros indicadores: denominador = idosos que realizaram atendimento médico.

p<0,001*

p<0,001*

p<0,001*

p<0,001* p=0,007

p=0,985

Classificaçãoeconômica (ABEP)

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Análise  ajustada  

•  Modelo  1  – Ajuste  para  sexo,  idade,  cor  da  pele,  situação  conjugal  e  escolaridade  

•  Modelo  2    – ajuste  para  modelo  1  +  inaOvidade  gsica  no  lazer,  IMC,  hipertensão  e  problema  de  nervos  

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Tabela 3. Análise bruta e ajustada entre indicadores de acesso e de qualidade da atenção, e classificação socioeconômica em idosos. Brasil, 2009.     Classificação econômica (ABEP)  Variáveis   A/B   C   D/E   Valor-p  Atendimento médico  

Análise bruta   0,99 (0,91; 1,09)   1,00 (0,93; 1,07)   1   0,985  Modelo 1   1,02 (0,91; 1,14)   1,01 (0,93; 1,09)   1   0,966  Modelo 2   0,98 (0,90; 1,07)   0,99 (0,87; 1,12)   1   0,822  

Pés examinados  Análise bruta   1,66 (1,33; 2,07)   1,11 (0,90; 1,38)   1   <0,001*  Modelo 1   1,48 (1,12; 1,96)   1,05 (0,84; 1,33)   1   0,015*  Modelo 2   1,39 (1,02; 1,91)   1,00 (0,77; 1,29)   1   0,052  

Exame de sangue - glicemia de jejum  Análise bruta   1,15 (1,09; 1,22)   1,09 (1,04; 1,16)   1   <0,001*  Modelo 1   1,14 (1,06; 1,21)   1,08 (1,02; 1,15)   1   <0,001*  Modelo 2   1,15 (1,08; 1,22)   1,09 (1,03; 1,15)   1   <0,001*  

Orientação para alimentação  Análise bruta   1,37 (1,08; 1,73)   1,21 (0,99; 1,48)   1   0,006*  Modelo 1   1,37 (1,03; 1,83)   1,13 (0,91; 1,40)   1   0,036*  Modelo 2   1,18 (0,87; 1,59)   1,00 (0,79; 1,25)   1   0,431  

Orientação para atividade física  Análise bruta   1,74 (1,44; 2,10)   1,38 (1,16; 1,66)   1   <0,001*  Modelo 1   1,74 (1,38; 2,18)   1,33 (1,10; 1,60)   1   <0,001*  Modelo 2   1,65 (1,31; 2,09)   1,32 (1,08; 1,60)   1   <0,001*  

Valor-p: Teste de Wald de heterogeneidade. Valor-p*: Teste de Wald de tendência linear. RP: Razão de Prevalências. IC: Intervalo de Confiança. Modelo 1: análise ajustada para sexo, idade, cor da pele, situação conjugal e escolaridade. Modelo 2: ajuste para modelo 1 + inatividade física no lazer, IMC, hipertensão e problema de nervos.  

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Tabela 3. Análise bruta e ajustada entre indicadores de acesso e de qualidade da atenção ao diabetes, e classificação socioeconômica em idosos. Brasil, 2009.     Classificação econômica (ABEP)  Variáveis   A/B   C   D/E   Valor-p  Recebimento de todos os indicadores          

Análise bruta   2,88 (1,61; 5,17)   2,02 (1,17; 3,48)   1   <0,001*  Modelo 1   2,40 (1,15; 5,02)   1,62 (0,93; 2,84)   1   0,018*  Modelo 2   2,32 (1,07; 5,04)   1,42 (0,79; 2,55)   1   0,037*  

Valor-p: Teste de Wald de heterogeneidade. Valor-p*: Teste de Wald de tendência linear. RP: Razão de Prevalências. IC: Intervalo de Confiança. Modelo 1: análise ajustada para sexo, idade, cor da pele, situação conjugal e escolaridade. Modelo 2: ajuste para modelo 1 + inatividade física no lazer, IMC, hipertensão e problema de nervos.  

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DISCUSSÃO  

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Diabetes  em  idosos  

•  Prevalência  de  16,9%  de  diabetes  em  idosos    – Mostra  a  relevância  do  problema  em  idosos  –  Coincide  com  achados  da  PNAD  2008  =  16,1    

•  Lima-­‐Costa,  2011  –  Reforça  a  validade  e  eficiência  do  estudo  

•  Diferenças  – maior  em  mulheres  (18,9%  x  14%)  e  em  pessoas  viúvas  (19,1%)    •  importância  da  doença  em  mulheres  –  questões  biológicas,  culturais  (mãe,  dona  de  casa,  cozinheira)  e  demográficas  (maior  esperança  de  vida)  

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Diabetes  em  idosos  •  Diferenças  –  aumento  linear  com  a  idade  (16,5%  à  16,8%  à  18%),  diminui  naqueles  com  80  anos  e  +  (15,3%)    •  viés  de  sobrevivência  dos  mais  saudáveis,  subdiagnosOco  (?)  em  mais  idosos    

– maior  nos  insuficientemente  aOvos  (≠NS,  falta  de  poder  estassOco)    •  efeito  posiOvo  da  aOvidade  gsica  no  controle  e  prevenção  da  doença    

–  significaOvamente  maior  nos  idosos  com  hipertensão  (2,4  vezes)  e  com  problemas  emocionais  (1,20)    •  relevância  dos  fatores  associados  aos  agravos  cardiovasculares  e  emocionais    –  depressão  é  muito  prevalente  (31%-­‐78%)  -­‐  diminui  a  adesão  ao  tratamento,  controle  glicêmico  e  qualidade  de  vida,  aumenta  complicações,  incapacidade,  perda  de  produOvidade  e  uso  de  serviços  de  saúde  (Egede,  2010)    

 

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Acesso  à  consulta  médica  razoável  e  sem  iniquidades    

•  Acesso  bastante  razoável  (78%)  –  comparável  ao  observado  em  países  mais  ricos  com  sistema  universal  de  saúde  (Espanha  –  Lopez-­‐BasOda,2013)  e  mistos  (Porto  Rico  -­‐  Pérez-­‐Perdomo,  2001)  

–  Porém,  22,2%  dos  diabéOcos  não  realizaram  consulta  médica  no  úlOmo  ano  –  2  de  cada  10  idosos  com  diagnósOco  da  doença  –  persistência  de  problemas  de  acesso  e  de  manejo  adequado  da  enfermidade  

•  Igualdade  SE  no  acesso  a  consulta  médica  para  diabetes  -­‐  muito  relevante  –  relacionado  aos  avanços  obOdos  com  a  implantação  do  SUS  e  da  ESF  –  a  maior  parte  dos  atendimentos  ocorreu  em  UBS  (58%)    –  a  ampliação  da  cobertura  pública  e  gratuita  de  consultas  e  medicamentos  para  diabetes,  especialmente  através  da  ESF,  promoveu  a  equidade  (Schmidt,  2011),  por  sua  maior  presença  em  áreas  pobres,  em  que  vivem  populações  mais  vulneráveis  (Facchini,  2006)  

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 Qualidade  da  atenção  

escassa  e  com  iniquidade  social    

–  Exceção:  alto  percentual  de  idosos  com  diabetes  realizaram  glicemia  de  jejum  no  ano  anterior  (90%)  •  14%  maior  entre  os  mais  ricos  –  sugere  possibilidade  de  superação,  mas  também  de  dificuldade  de  manejo  adequado  de  idosos  mais  pobres  por  dificuldade  de  acesso  a  exames  complementares  no  SUS  -­‐  mais  dificuldades  de  aderência  e  conOnuidade  de  tratamentos  

–  Exame  dos  pés  -­‐  o  mais  baixo  indicador  de  qualidade  esOmado  (36,6%)  •  pode  explicar,  em  parte,  a  magnitude  das  amputações  de  extremidades  inferiores  (dedos  e  pés)  em  nosso  país    

•  48%  maior  entre  os  mais  ricos  –  marcante  iniquidade  social  -­‐  procedimento  simples,  não  necessita  de  alta  capacidade  técnica  ou  tecnológica  exige  moOvação,  coordenação  do  cuidado,  aproveitamento  de  oportunidades  

•  grandes  desafios  para  o  desempenho  do  SUS  e  da  ABS  -­‐  de  quem  é  a  responsabilidade  por  examinar  os  pés  de  um  indivíduo  com  diabetes?        

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Qualidade  da  atenção  escassa  e  com  iniquidade  social  

•  Orientações  para  hábitos  de  vida  saudável  –  baixa  prevalência  e  iniquidades  persistentes  –  Orientação  alimentar  para  controle  e/ou  redução  do  peso  e  do  consumo  de  

açúcar,  sal  e  gordura  –  prevalência  =  37,9%,  iniquidade  =  37%  maior  entre  os  mais  ricos  

–  Orientação  para  a  práOca  de  aOvidade  gsica  –  prevalência  =  45,9%,  iniquidade  =  74%  maior  entre  os  mais  ricos  

–  Elementos  essenciais  da  promoção  da  saúde  –  Devem  alcançar  todos  os  usuários  dos  serviços  de  saúde,  independente  da  

presença  de  problema,  ou  doença  –  mas  foi  escasso  mesmo  entre  idosos  com  diabetes,  que  deveriam  ser  alvo  especial  do  aconselhamento  profissional  •  Silva  Duro,  2013  

 •  Conjunto  dos  indicadores  avaliados  –  sinteOza  o  problema  da  qualidade  do  

modelo  de  atenção  ao  diabetes  –  Iniquidades  ainda  mais  expressivas  -­‐  2,4  ou  140%  maior  entre  os  mais  ricos  e  

1,62  ou  62%  maior  entre  a  classe  intermediária,  em  comparação  aos  mais  pobres    

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PerspecOva    Modelo  de  atenção  às  DCNT  

•  A  expansão  da  ESF  melhorou  o  acesso  ao  cuidado  das  DCNT  –  mas  não  resolveu  o  problema  da  qualidade  da  atenção  

•   Schmidt,  2011      

•  Nas  UBS  (mas  também  em  ambulatórios  especializados)  há  escassez  de  recursos  essenciais  para  a  gestão  clinica  das  DCNT  –  registro  eletrônico,  computação,  acesso  à  Internet  e  outros  recursos  de  comunicação  e  informação  (tel,  cel,  tablete,  ...)    •  Facchini,  2006;  Siqueira,  2010;  PMAQ,  2012  

•  Os  profissionais  de  saúde  ainda  são  escassamente  capacitados  em  SF  e  para  a  complexidade  dos  problemas  crônicos  e  de  mulOmorbidade  que  demandam  cuidado    

•  Silveira,  2011;  Mendes,  2012  

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PerspecOva    Modelo  de  atenção  às  DCNT  

•  Modelo  de  atenção  conOnuada,  ao  longo  da  vida  com  capacidade  de  

–  reduzir  a  ocorrência  de  complicações  –  com  foco  no  controle  glicêmico,  dos  fatores  de  risco  cardiovasculares  (obesidade,  dieta  pobre,  inaOvidade),  na  prevenção  de  sequelas  e  co-­‐morbidades  

–  melhorar  a  qualidade  de  vida  

–  minimizar  os  altos  custos  sociais,  em  parte  associados  com  a  inadequação  dos  modelos  baseados  em    •  cuidados  agudos  e  livre  demanda  –  consultas  rápidas,  sem  registro,  com  baixa  qualidade  clinica  e  “tecnológica”    

•  atenção  especializada,  com  incorporação  crescente  e  irracional  de  tecnologia  e  medicamentos  de  alto  custo  

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PerspecOva    Modelo  de  atenção  às  DCNT  

•  Fortalecer  a  abordagem  mulO-­‐setorial,  mulOprofissional  e  integral  do  diabetes,  com  foco  em  

–  uOlização  de  protocolos  que  enfaOzem  a  qualidade  e  a  coordenação  da  atenção    

–  registro  criterioso  de  informações  criOcas  

–  coordenação  do  cuidado  em  cada  serviço  e  entre  os  níveis  de  atenção  

–  parOcipação  aOva  do  paciente  e  de  seus  familiares  •  Lopez-­‐BasOda,  2013;  Worswick,  2013;  Mendes,  2012    

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PerspecOva    Modelo  de  atenção  às  DCNT  

•  Fortalecer  a  interação  entre  o  sistema  de  saúde  (gestores  e  trabalhadores  de  saúde)  e  academia  (aOvidades  de  ensino,  pesquisa  e  extensão)  no  desenvolvimento  e  consolidação  do  modelo  de  atenção  às  DCNT  do  país  

–  Educação  permanente  de  profissionais  de  saude  

–  Avaliação  e  monitoramento  do  desempenho  do  sistema  de  saúde  e  modelos  de  atenção  

–  Viabilizar  o  SUS  com  um  sistema  de  saúde-­‐escola  de  modo  a  adequar  a  formação  profissional  para  o  novo  modelo  de  atenção  

   

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Agradecimentos  

•  Ao  CONASS,  Renilson  e  organizadores  do  evento  pelo  convite  para  parOcipar  desta  mesa  de  debate  

•  Ao  Ministério  da  Saúde,  Depto.  de  Atençao  Basica  pelo  financiamento  do  estudo  –  Luis  Fernando  Rolim  Sampaio  e  Claunara  Schilling  Mendonça  –  pelo  incenOvo  ao  estudo  

e  parOcipação  no  delineamento  e  desenvolvimento  do  projeto  

•  À  Universidade  Federal  de  Pelotas,  Depto.  de  Medicina  Social  e  aos  membros  da  equipe  técnica  de  nosso  grupo  de  pesquisa  pelas  criOcas  e  sugestões  –  Bruno  Nunes  –  pela  parOcipação  nesta  apresentação        

•  A  todas  as  pessoas  que  parOciparam  do  estudo  fornecendo  informações  e  coletando  dados  

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Muito  Obrigado    

Contatos    

[email protected]    

Tel  –  Depto.  de  Medicina  Social  UFPEL    53-­‐3309-­‐2400