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estética dentaria, grande livro sobre a avaliação de que dentes o cliente quer (forma, comprimento cor...) antes de começar qualquer passo do medico ou do tecnico, com casos clinicos. NO Rights Reserved
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Bráulio Paoluccie colaboradores
Volume 1
A supervalorização da imagem é uma das características mais significativas do
mundo contemporâneo. As pessoas reconhecem sua importância e seu poder
buscando obter através dela o bem-estar pessoal, o sucesso profissional e a
aceitação social. E cada vez mais se submetem a procedimentos em todas as
áreas da Medicina e da Estética para melhorar sua aparência. Nesse sentido,
tem-se percebido a grande procura dos pacientes por tratamentos odontológicos
que reestabeleçam a beleza do sorriso. Tais procedimentos têm grande poder na
percepção da imagem pessoal, influenciando diretamente o senso de identidade,
autoestima e qualidade de vida.
O Visagismo, a arte de customizar a imagem pessoal, desenvolvido pelo artista plástico Philip
Hallawell, tem como objetivo a busca por soluções que expressem visualmente características positivas
de uma personalidade. Para isso, faz uso consciente dos elementos de linguagem visual artística como
linhas, formas e cores. Essas técnicas estão acessíveis por meio de uma consultoria que tem como
finalidade oferecer ao profissional uma melhor compreensão do paciente, com suas particularidades,
desejos e necessidades pessoais, para só então propor uma solução corretiva.
Dessa forma, pretendemos, através dessa obra, levar ao profissional da área uma nova
abordagem da Odontologia, buscando soluções personalizadas a seus pacientes através de um desenho
de sorriso que traduza visualmente suas principais qualidades.
Certamente, alinhado com uma das mais fortes tendências mundiais, a da personalização de
produtos e serviços, esse Livro acenderá o debate acerca dos impactos psicocomportamentais das
intervenções odontológicas e buscará colaborar na construção de uma Odontologia mais humanizada.
Bráulio Paolucci Vis
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2011
VisagismoA arte de personalizar o desenho do sorriso
Bráulio Paolucci e colaboradores
Visagismo – a arte de personalizar o desenho do sorriso - 1a Edição - Volume 1 - São Paulo: Vm Cultural Editora Ltda., 2011
Visagismo – a arte de personalizar o desenho do sorrisoVm Cultural Editora Ltda.
Título: Visagismo – a arte de personalizar o desenho do sorriso
Autor: Bráulio Paolucci e colaboradores
Prefácio: Robert G. Coachman
Editor de Conteúdo: Haroldo Joaquim VieiraEditor Científico: marcelo CalamitaCoordenação de Conteúdo: Vivian Priscila Arais SoaresPadronização e Revisão de Texto: Ana Lúcia Zanini LuzProjeto gráfico, Diagramação: Angélica PinheiroTratamento de Imagem: Angélica Pinheiro e Cristina SigaudCapa: miriam RibaltaIlustrações: Eder max Ilustração e Design e Philip HallawellProdução: José dos Reis Fernandes
Impressão e acabamento: Ipsis Gráfica e Editora Ltda.
ISBN: 978-85-64761-02-5
Todos os direitos reservados à VM Cultural Ltda., editora proprietária. Nenhuma parte da presente publicação pode ser reproduzida, armazenada ou transmitida por quaisquer que sejam os meios – mecânico, fotocópia, eletrônico – sem a prévia permissão da Editora.
As imagens contidas nesta obra são naturais, sem retoque. E o texto está de acordo com o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
VM Cultural Editora Ltda.
Rua dos Otonis, 152 – Vila Mariana
04025-000 – São Paulo – SP
AUTOR: Bráulio Paolucci
Graduado em Odontologia pela Escola Federal de Odontologia de
Alfenas/MG; Especialista em Implantodontia pela Universidade de
Lavras/MG; Master in Implantology and Oral Reabilitation - European
School of Oral Rehabilitation Implantology and Biomaterials. Atualmente
atende em clínicas particulares em Minas Gerais e São Paulo. Presta
consultoria de desenho do sorriso personalizado para renomados
cirurgiões-dentistas do Brasil e do exterior. Palestrante internacional
([email protected] - www.brauliopaolucci.com.br).
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 5
6 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
AndreA ricciGraduado em Odontopediatria e Prótese Dentária – Universidade
de Perugia; Pós-graduação em Prótese Avançada – University of
Southem California, Los Angeles; Membro ativo da Academia Eu-
ropeia de Odontologia Estética – Eaed e membro associado da
Academia Americana de Dentística Restauradora (AARD). Coautor
de vários artigos publicados em revistas internacionais (andrea@
studioriccifirenze.it).
christiAne sAuer Graduada em Psicologia - Instituto Unificado Paulista da Uni-
versidade Paulista, com habilitação em licenciatura Plena
e bacharelado. Especializações - grupo de Estudos em Psi-
quiatria, Psicologia e Psicoterapia da Infância – Gepppi; For-
mação em Psicanálise de Adolescentes e Adultos - Instituto
Sedes Sapientiae; Psicodiagnóstico de Rorschach - Socie-
dade de Rorschach de São Paulo; Avaliação Psicológica de
Crianças e Adolescentes - Child Study Center - Universidade
de Yale ([email protected]).
GAliP Gurel Graduado pela Faculdade de Odon-
tologia da Universidade de Istambul;
Especialista em Prótese Dentária
pela Universidade de Kentucky;
Mestre (MSc) pela Yeditepe Uni-
versity, Istambul; Fundador e presi-
dente honorário da Edad - Turkish
Academy of Aesthetic Dentistry
(Academia Turca de Odontologia Es-
tética); Presidente da Eaed - Euro-
pean Academy of Esthetic Dentistry;
Membro da American Society for
Dental Aesthetics - Asda; Diploma
de honra da American Board of Aes-
thetic Dentistry - Abad; Editor-chefe
da Quintessence Magazine, Tur-
quia. Membro do conselho editorial
da AACD journal, PPAD - Practical
Procedure & Aesthetic Dentistry e
Ejed - European Journal of Esthetic
Dentistry. Autor do livro The Scien-
ce and Art of Porcelain Laminate Ve-
neers ([email protected]).
COLABORADORES:christiAn coAchmAn
Formado em Prótese Dentária e Odontologia - Universidade de São Paulo;
Membro da Academia Brasileira de Odontologia Estética; Participou do
Programa de Especializacão em Cerâmica - Centro de Treinamento
Ceramoart; Foi consultor da Ceramica Creation-Willi Geller; Co-
ordenador Cientifico do website de ensino odontológico www.
identalclub.com; Publica e ministra cursos internacionais nas áre-
as de Odontologia Estética, Reabilitação Oral, Cerâmica Dental e
Implantodontia. Recentemente vem trabalhando com cirurgiões-
-dentistas renomados na América e Europa, como os doutores Eric
Van Dooren (Antuérpia - Bélgica), Galip Gurel (Istambul - Turquia),
Tal Morr (Miami - EUA), Nitzan Bichacho (Tel Aviv - Israel), Mauro
Fradeani (Pesaro - Itália), Giano e Andrea Ricci (Florença - Itália),
Nikolay Bakhurinskyi (Moscou - Rússia) e no Brasil com os doutores Sid-
ney Kina, Claudio Pinho, Paulo Kano, Mario Groisman e Marcelo Calamita
livio GAliAs YoshinAGABrasileiro, especializado em projetos especiais para o uso das tecnologias de imagem em consultó-
rios odontológicos e instituições de ensino. Foi editor de tecnologia da publicação PPAD - Practical
Procedures and Aesthetic Dentistry , EUA e da Revista Estética do Brasil. Autor de inúmeros projetos
e consultor de tecnologia de profissionais e professores brasileiros e internacionais como Robert
Gray Coachman (Brasil), Sidney Kina (Brasil), Claudio Pinho (Brasil), Rogério Zambonato (Brasil), Fran-
cisco Massola (Brasil), Eric Van Dooren (Bélgica), Mauro Fradeani (Itália), Nitzan Bichacho (Israel),
Galip Gurel (Turquia), Marcelo Calamita (Brasil), Christian Coachman (Brasil), Team Atlanta (EUA).
Palestrante internacional ministra cursos nas áreas de tecnologia em imagem digital em fotogra-
fia e vídeo; Mentor do projeto piloto dos EUA www.dentalxp.com e do portal de ensino odontológico
mundial www.identalclub.com. Atualmente, desenvolve a interface colaborativa de aulas ao vivo pela
internet LiveWeb interligando professores e alunos ao vivo em um ambiente extramuros. Organi-
za grupos especiais para cursos presenciais no Brasil e na Europa. Empresário e diretor do portal
identalclub.com. Tem sua matriz em São Paulo e filiais na Bélgica e na Itália ([email protected]).
mArcelo cAlAmitAEspecialista, mestre e doutor em
Prótese Dentária - Universidade de
São Paulo; Presidente da Academia
Brasileira de Odontologia Estética
PhiliP hAllAwell
Philip Hallawell nasceu em São Paulo em 1951
e teve sua formação na Inglaterra, e Haverford
College, EUA. Artista plástico de renome interna-
cional, com mais de 50 exposições. Apresentou
e criou a Oficina de Desenho no programa Re-
vistinha e a série À Mão Livre - A Linguagem do
Desenho - TV Cultura. Autor dos livros da série
À Mão Livre, Visagismo: Harmonia e Estética e
Visagismo Integrado: Identidade, Estilo e Beleza
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 7
8 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Em primeiro lugar gostaria de agradecer a Deus por me
honrar com a força, determinação e inspiração necessá-
rias para a realização deste projeto.
Muito obrigado a meus pais, Ana e Lúcio, pelo apoio incondi-
cional e dedicação à educação de seus filhos. Seu amor foi fonte
de inspiração e superação na criação deste Livro.
Gostaria de manifestar profunda gratidão a meus fami-
liares e amigos, em especial à minha esposa Danielle Car-
lier por todo apoio e paciência que demonstraram ao longo
da caminhada que culmina com a produção dessa obra.
Obrigado também a Philip e Sônia Hallawell por sua ines-
timável colaboração, que inclui várias horas de conversas
que se estenderam noites adentro, esclarecendo dúvidas
e orientando ativamente no processo de elaboração deste
Livro. Seu apoio vai além desta criação, se estendendo ao
carinho como me acolheram em São Paulo. A Philip Halla-
well, gostaria ainda de agradecer por ter-me apresentado
de maneira totalmente aberta suas ideias, as quais muda-
ram completamente minha percepção da Odontologia e os
rumos de minha vida. Muito obrigado.
Meus sinceros agradecimentos a todos os profissio-
nais com quem trabalhei para a realização dos casos clí-
nicos aqui apresentados, entre eles: Galip Gurel e equipe
(Istambul, Turquia), Alexandre dos Santos e equipe do
Studio Dental (Curitiba/PR); Marcos Celestrino e equipe
do Laboratório Aliança (São Paulo/SP); Roberto Yoshida
(Londrina/PR); Fernando Pastor, Jorge Alberguine e André
Luís dos Santos (São Paulo/SP); Juvenal de Souza Neto
(Joinville/SC); Andrea e Catarina Ricci (Florença, Itália);
e Thiago Reis (São Paulo/SP).
Minha gratidão a Robert Coachman e a toda equipe da
Well Clinic pela hospitalidade e contribuição na construção
de um novo modelo de atendimento.
agradecim entos
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 9
A Christian Coachman por ter contribuído efetivamente
para que a realização clínica que ilustra este Livro, incluindo
fotografia e planejamento digital, chegassem próximos do
patamar de excelência.
Agradeço também aos membros de minha equipe, Fer-
nanda de Oliveira, Leila Tafuri, Angelo Meneghin e Marina
Cotan; o convívio com vocês é fonte de incentivo constante,
e seu apoio foi fundamental na elaboração dos trabalhos
clínicos.
Meus agradecimentos aos colegas que colaboraram
para o amadurecimento e melhoria do conceito de visagis-
mo aplicado à Odontologia, entre eles: Tânia e Ary Lacerda,
Frederico Gomes, Osmar vieira de Castro e Luciana Inoue.
A Ricardo de Andrade por ter sido um dos maiores icenti-
vadores dessa publicação, assim como a Haroldo vieira, Paulo
Rosseti, Ana Lúcia Zanini Luz pela revisão de texto, Angélica
Pinheiro pelo projeto gráfico e toda a equipe da vM Cultural,
pelo esforço para tornar esse sonho uma realidade.
Não poderia deixar de agradecer aos senhores Herbert
Mendes (Ivoclar vivadent) e Knud Soerensen (KG Soeren-
sen), pela colaboração com materiais de uso clínico neces-
sários à realização dos casos clínicos aqui apresentados.
Agradeço do fundo do coração ao meu grande parcei-
ro clínico e “braço direito” Adriano Schayder, protético que
esteve presente desde os primeiros passos da materializa-
ção do conceito, apoiando e incentivando constantemente,
pessoa sem a qual essa obra não se realizaria. A maioria
dos casos de minha autoria foram realizados por ele.
A Marcelo Calamita, meu editor, que esteve engajado a
tornar a linguagem desse livro adequada aos moldes cien-
tíficos e compreensível aos leitores.
Aos competentes Josias Santana, Lívio Yoshinaga, Mar-
cela Barros e Edson Inácio, responsáveis pela qualidade
das imagens apresentadas.
À amiga Christiane Sauer, que participou ativamente da
elaboração da aplicabilidade do visagismo na Odontologia,
orientando acerca dos aspectos psicológicos envolvidos
e apontando erros e acertos, trabalho esse fundamental
para realização deste Livro.
À doutora Iraci Galias, membro fundadora da Socieda-
de Brasileira de Psicologia Analítica (SBPA), pela valorosa
colaboração e orientação.
Aos queridos amigos e “companheiros de estrada”,
Lígia Lima, Heloísa Lima, Graça Guimarães, José Fontes
Neto e Roberto Caproni. Seu entusiasmo e incentivo foram
fundamentais para a conclusão desse trabalho.
agradecim entos
Algumas vezes, finalizei restaurações estéticas e, apesar do paciente ficar satisfeito
por termos atingidos os objetivos estéticos e funcionais predeterminados, ficava com
uma sensação incômoda de ter criado um sorriso que parecia não pertencer àquela
pessoa. Mas não conseguia entender exatamente o porquê.
O Visagismo Odontológico, de maneira brilhante como estudado e desenvolvido pelo
doutor Bráulio Paolucci, interrelaciona conceitos clássicos e modernos de Psicologia,
Antropologia e diversas formas de arte integrando-os ao desenho do sorriso do pacien-
te. Desta maneira, acrescenta uma nova dimensão ao processo de planejamento por
meio de ferramentas práticas e efetivas para serem utilizadas pelos cirurgiões-dentis-
tas e técnicos em prótese dental.
Acompanhei a devoção com que foram desenvolvidos os seus preceitos apresentados
neste livro. Observador atento, perspicaz, Bráulio colheu e integrou referências de fontes
de diferentes áreas do conhecimento humano à Odontologia estética. De leitura fluente e
inquietante, percorremos os capítulos do livro com a certeza de que, com a utilização sábia
dos conceitos apresentados, podemos influenciar de maneira positiva a qualidade de vida
dos nossos pacientes, aprimorando a sua imagem pessoal e elevando a sua autoestima.
embora não existam fórmulas prontas, a chave está em abrir as nossas portas da
percepção, observando e escutando o paciente com a devida atenção e valorizando os
seus desejos e expectativas. Uma conversa aberta sobre o significado das diferentes
linhas, ângulos e formas, fazendo o paciente sentir-se coautor do planejamento de sua
obra, é crucial para executar com previsibilidade um trabalho harmonioso que demons-
tre ao mundo aquilo que o paciente realmente gostaria de expressar. Um sorriso que
realmente pertença a ele!
Uma ótima leitura a você!
Marcelo Calamita
editor Científico
Visagismo
10 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Antes de profissionais clínicos, que com maestria dominam
técnicas, somos seres humanos com a nobre função de cuidar
e atender às necessidades e aspirações de seres humanos em
busca de uma vida mais plena.
Na dinâmica do desenvolvimento, a Odontologia como ciên-
cia e arte, ocasionalmente, e de forma muito especial, é pre-
senteada por conceitos inovadores que rompem paradigmas e
estendem nossas fronteiras de atuação.
Graças à sensibilidade e percepção de um excepcional pes-
quisador e artista como Philip Hallawell aliadas à visão e extre-
ma dedicação de Bráulio Paolucci, as imensas possibilidades
e repercussões do conceito de Visagismo foram trazidas de
forma pioneira e muito oportuna à Odontologia.
A razão desta relevância reside na real possibilidade de
transcendermos a esfera estanque das disciplinas, mesmo
quando praticadas em equipe e adentramos ao riquíssimo e
ilimitado universo da transdisciplinaridade humana, com suas
nuances, tendências, sutilezas, poesia e história, que de forma
nenhuma perdem em relevância para os aspectos mais con-
cretos das realidades física e biológica. Definitivamente a inte-
gralidade humana não pode ser satisfeita por conceitos e técni-
cas que a reduzem a partes desconexas por mais sofisticadas
e às vezes mirabolantes que sejam estas abordagens.
entendemos que nossa herança do moderno saber científi-
co se apoiou sempre numa visão reducionista e compartimen-
talizada da realidade e que, se de um lado propiciou grandes
avanços e conquistas, de outro lado nos desconectou das di-
mensões mais sutis e intangíveis desta mesma realidade.
O eminente e reconhecido professor Narciso Baratieri em
meio a uma longa e produtiva carreira clínica e científica relatou
que tudo o que hoje faz é pautado pela simplicidade. entendo
essa mensagem de muita elegância como uma demonstração
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 11
Prefácioda sabedoria de alguém que na busca do pleno se desprende
gradativamente da forma exterior que é efêmera e se apóia
serenamente na essência interior que nunca se perde.
Toda a humanidade vive hoje uma enorme hora da verdade.
esta verdade é uma verdade de síntese, de resgate de nossos
valores essenciais, universais e eternos que dão sentido e signi-
ficado a tudo que existe e a tudo que se faz. Que oportunidade
extraordinária temos aqui. Um novo portal se abre para uma
profissão que como poucas tem a oportunidade de contato ex-
tenso , profundo e, muitas vezes, de verdadeira intimidade com
os pacientes e seus familiares.
A face de um indivíduo é um verdadeiro outdoor de sua
essência. Quer estejamos conscientes ou não, o resultado de
nossas intenções pode afetar sensivelmente o bem-estar de
nossos pacientes. O papel da autoimagem é determinante e
a relação dual entre o psicossomático e o somatopsíquico é
expressa de forma mais do que sensível na região orofacial.
Sem dúvida, o significado que esta nobre área representa
para a expressão, o equilíbrio e a harmonia de todo o organis-
mo transcende em muito aquilo que a própria Medicina e Odon-
tologia estiveram até hoje preparadas para reconhecer. Sim, é
preciso ir além.
O Visagismo em Odontologia tem este poder de síntese e
nos faz este convite, de penetrarmos mais sensível e profun-
damente na alma humana, aumentando nossa percepção e
escuta, nos tornando aprendizes e parceiros, traduzindo isto
numa expressão harmoniosa não só da estética da exteriorida-
de, mas também e, principalmente, da estética da interioridade.
Para todos nós da Well Clinic foi sempre uma honra e um
prazer participar desta comunhão criativa e acompanhar o sur-
gimento e consolidação deste novo portal.
Robert G. CoachmanMaster of Science em Oclusão e
Odontologia Restauradora – Universidade de Michigan; Diretor clínico da Well Clinic Odontologia.
Sumário Introdução Visagismo, beleza e estética .......................................................................................................................................................................................... 15Bráulio Paolucci
Capítulo 1 Conceito de Visagismo e seu método .......................................................................................................................................................................21Philip Hallawell
Capítulo 2 Alfabetização visual ............................................................................................................................................................................................................ 28Bráulio Paolucci
Capítulo 3 Identidade, personalidade e sua relação com a imagem .................................................................................................................................39Christiane Sauer
Capítulo 4Morfos ..................................................................................................................................................................................................................................... 46Bráulio Paolucci
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso ...........................................................................................................................61Bráulio Paolucci
Capítulo 6 A Consultoria ......................................................................................................................................................................................................................135Bráulio Paolucci, Philip Hallawell
Capítulo 7 Desenho digital do sorriso: do plano de tratamento à realidade clínica ................................................................................................145Christian Coachman, Andrea Ricci, Marcelo Calamita, Livio Galias Yoshinaga
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo ..................................................................................................................................................................................161Bráulio Paolucci, Galip Gurel
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 13
Desde seus primeiros passos sobre a superfície da terra
o ser humano sente o belo. Isso certamente o orientou em
suas escolhas, desenvolvimento do pensamento, linguagem
e artes influenciando profundamente o caminho tomado pela
humanidade. Mas o que pode ser considerado belo? Ou além:
o que é beleza? A essas perguntas todos nós sabemos res-
ponder, mas não exatamente com palavras. Caracterizar o
belo como sentimento fica mais plausível para a maioria dos
seres humanos. O belo seria algo do qual temos certeza ab-
soluta, algo que nos arrebata, que deixa-nos boquiabertos,
gera admiração, desejo e atração; no entanto, essas são sen-
sações que descrevemos ao nos depararmos com algo de
genuína beleza. Já a tradução disso em palavras ou em um
conceito não é tão simples.
A beleza é produto da percepção humana através de seus
vários sentidos (visual, olfativo, tátil, auditivo e gustativo). Pode
ser percebida de maneira emocional ou racional. Ao nos de-
pararmos com algo belo por qualquer de nossos sentidos,
somos arrebatados imediatamente; assim é a percepção do
belo: é inconsciente, inexplicável e fulminante. O talento para
perceber o belo é uma característica inata e exclusiva do ser
Visagismo, beleza e estética
Bráulio Paolucci
Toscana, Itália.
Padrão de beleza cultural do sorriso.
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 15
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IntroduçãoVisagismo, beleza e estética
humano. Este livro se aterá à “beleza humana”, especialmen-
te aquela relacionada à face e ao sorriso.
Por milênios, artistas, filósofos, biólogos, antropólogos,
neurocientistas e outros profissionais procuraram descre-
ver o que seria o padrão de beleza, segundo suas convic-
ções. Porém, cada linha de raciocínio tem sua visão ou con-
ceito acerca desse problema. Atualmente pode-se dividir a
conceituação da beleza em duas principais vertentes: o con-
Davi, Michelângelo (à esquerda) e o homem vitruviano, Leonardo da vinci (à direita).
IntroduçãoVisagismo, beleza e estética
16 • VIsagIsmo - a arte de personalIzar o desenho do sorrIso
Platão
Charles Darwin
ceito clássico de beleza e o conceito cultural do belo1. Esta
obra se fundamenta ao conceito clássico do belo, por ser
este de caráter universal e ainda por considerar que às rea-
bilitações orais estéticas não cabem modismos e diferenças
culturais como orientação, pois nesses casos, o que é belo
hoje pode não ser considerado amanhã e não é de bom-
senso ficar trocando trabalhos odontológicos de tempos
em tempos para estar de acordo com padrões fugazes.
O conceito clássico de beleza tem sua origem na Grécia an-
tiga, a partir de debates filosóficos e considerações matemáti-
cas. Para Platão, beleza é medida, simetria e virtude em todo
mundo. Segundo ele, essa mistura raramente é encontrada
no ser humano, de tal forma que esse deve “buscá-la e louvá-la”
pois “a feiúra e a discórdia são aliados das palavras e da natu-
reza doentes” (Platão, A República, livro III)2. Santo Agostinho
considerava beleza como um atributo divino, como a bondade
e a verdade. Já James Joyce acreditava que o belo se mani-
festava de acordo com três requisitos: integridade, harmonia
e resplendor, ou seja, para ser belo um objeto precisa ser ínte-
gro ou completo em si, ser proporcionado dentro das regras
de harmonia e estética e irradiar uma essência verdadeira e
boa ou qualidade. Portanto, de maneira geral, para os filósofos,
o belo está relacionado a uma verdade ou uma essência indivi-
dual ou, ainda, autenticidade e está pautado nas regras de har-
monia e estética. Segundo o conceito grego de beleza, o belo
se mostra também através de harmonia e proporção entre
as partes, como simetria entre lado direito e esquerdo, além
de partes que se relacionam através da razão áurea. Há uma
fórmula matemática para decifrar rostos perfeitos esclarecida
por Pitágoras desde a Grécia antiga. Para ele, a proporção da
largura da boca para a largura do nariz deveria ser 1/1,680.
A mesma deveria se aplicar entre a proporção da largura da
face para a largura da boca. Na verdade para esse autor, as
diversas partes da face se relacionam entre si através do nú-
mero áureo, o que torna o conjunto altamente equilibrado e
agradável ao olhar. Grandes artistas do renascimento usaram
esse conceito de beleza grega para cria obras que desperta-
vam grande interesse ao cérebro observador. leonardo da
Vinci foi um dos grandes estudiosos do conceito e o aplicou
em muitas de suas obras como numa de suas principais, o
homem vitruviano. Michelângelo também o utilizou para criar
uma de suas obras primas, Davi, que até hoje é tido como uma
das principais manifestações da beleza masculina.
Nos tempos modernos a biologia tem contribuído para a
compreensão dos motivos naturais para a beleza. A razão
da existência de um padrão de beleza universal estaria na
própria evolução da espécie. O que é belo atrai o sexo opos-
to e propicia a perpetuação da espécie.
Charles Darwin3 (abaixo), o “pai” da teoria da evolução,
era fascinado por rostos. Estudou centenas de faces hu-
manas de todas as partes do mundo. Ele acreditava que
as expressões, da mesma forma que muitos outros com-
portamentos atuais, refletem padrões primitivos fixados
em nossos cérebros e rostos. A teoria da beleza que se
pode extrair dessas raízes profundas é bem pouco românti-
ca: as encantadoras linhas harmônicas da face e do corpo
humano são mais uma resposta encontrada pela evolução
para problemas específicos da perpetuação da espécie.
Basta examinar a representação artística da beleza femi-
nina, das Deusas da fertilidade pré-históricas às estrelas
de Hollywood, para se observar atributos como seios fartos
e quadris largos. Isso demonstra como certas caracterís-
ticas físicas são apreciadas ao longo de várias épocas e
culturas. Geralmente são características que favorecem a
geração e o desenvolvimento da prole.
As espécies atuais são descendentes daquelas, que ao
longo da evolução, se mostraram mais aptas a sobreviver e
reproduzir. O pré-requisito para espécies heterossexuadas
1 Eco h. história da beleza. Record; 2004. 2 Composta entre 380 e 370 a.C A República (Politéia) é considerada
a obra mais importante do filósofo. Nela ele descreve o que seria uma sociedade ideal.
3 Darwin C. A Origem das espécies (1859). Martin Claret; 2004.
IntroduçãoVisagismo, beleza e estética
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Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 17
se reproduzirem é que haja atração entre os sexos opostos
e, para isso, sinais visuais que indiquem boa saúde física e
genética são bons estimulantes sexuais, pois demonstram
boa chance de sucesso da prole e consequente propagação
genética. Por esse motivo indivíduos que apresentam pele
sedosa são mais atraentes que aqueles que apresentam
pele oleosa e cheia de espinhas e acnes. Peles sedosas são
sinais visuais de boa imunidade, o que impede a instalação e
propagação de parasitas.
Na face, determinadas características são inconsciente-
mente apreciadas pelo sexo oposto. Enquanto nas mulheres
traços delicados como rosto oval, mandíbulas e narizes pouco
evidentes e lábios carnudos atraem por atestarem jovialidade
e fertilidade, nos homens rostos bem definidos com projeção
do mento, zigomáticos proeminentes, sobrancelhas grossas e
dentes fortes atestam bons níveis de testosterona, hormônio
ligado a masculinidade, agressividade e vigor físico.
Atualmente o debate profundo sobre beleza tem perdido
espaço para o enfoque em um dos seus aspectos fundamen-
tais, a estética. A palavra estética tem sua origem no grego
(aisthesis = princípios da observação). Sabemos que a apre-
ciação e admiração humana pelo belo é uma característica
inata proveniente de uma parte da nossa mente chamada cé-
rebro ancestral. Essa parte da mente é como uma “platafor-
ma básica” que todos os homo sapiens compartilham e nela
estão gravadas muitas informações importantes relaciona-
das à sobrevivência e reprodução da espécie, num processo
que se estende por milhares de anos, fortemente influenciado
pela seleção natural. Somos programados pela natureza para
identificar e desejar coisas belas de maneira inconsciente e
independente da nossa vontade ou capacidade cognitiva.
Mais observado será um objeto, e nisso se inclui o sorri-
so, quanto mais interessante ou atraente for ao sistema visual
composto por olhos, nervos e cérebro. E como demonstrado
por diversos estudos, nosso cérebro, principal órgão de per-
cepção visual, é capaz de fazer uma leitura rápida de um objeto
e calcular inconscientemente suas dimensões, as proporções
entre suas partes e a harmonia entre seus elementos cons-
tituintes. Esse órgão tem em sua plataforma ancestral certa
programação para identificar quando a matemática do conjun-
to é interessante ou não e dessa forma desejar ou refutar o ob-
jeto de maneira inconsciente. A essa matemática ou conjunto
de regras de harmonia visual, chama-se estética. Portanto, um
objeto será estético quando estiver, em sua constituição visual,
de acordo com esse conjunto de regras e leis matemáticas, e
despertará no cérebro do observador grande interesse. No
entanto, a beleza vai além disso, como disse Hegel: “a beleza,
como substância da imaginação e da percepção, não pode ser
uma ciência exata”. Estética, portanto, é um dos elementos da
beleza, pois estar matematicamente bem proporcionado gera
bem-estar e desejo ao cérebro observador. Porém, isso não
basta para ser considerado belo, pois outros elementos, como
autenticidade, conteúdo e integridade devem fazer parte des-
sa composição para irradiar beleza.
O termo estética, especialmente na Odontologia, se trans-
formou em lugar comum, onde a maioria dos profissionais de-
senvolve suas carreiras, estudos e estratégias de marketing.
Haja vista o grande número de cursos de estética e de produ-
tos e serviços com essa denominação. A estética é colocada
como o mais importante ou mais interessante numa profissão
em que aspectos funcionais e psicológicos têm sido menos va-
lorizados. Muitas iatrogenias têm sido cometidas em nome da
estética e o preço disso ainda não foi precisamente calculado.
Na prática das odontologias clínica e protética beleza
tem uma importância muito maior que simplesmente o con-
tentamento de vaidades pessoais dos pacientes, profissio-
nais ou uma cosmética superficial.
Parece que o mundo moderno despertou para o fato de
que a imagem pessoal está diretamente relacionada com
a identidade pessoal ou como se é percebido pelos outros.
É através da imagem que se expressa quem você é para
o mundo. Valores, crenças e princípios pessoais, origem
sociocultural, condição de saúde física e mental, profissão,
nível educacional, origem genética e personalidade, são todos
elementos da identidade pessoal revelados na imagem. Por
isso tanta importância se tem dado a ela, e como é importante
que a imagem seja percebida e desejada pelos outros, ela pre-
cisa ser estética.
No entanto, além da estética os demais elementos expres-
sados na imagem devem ser levados em consideração na cria-
ção ou adequação da imagem pessoal, inclusive na do sorriso.
Essa é a proposta desse trabalho: convocar os profissionais da
Odontologia a pesquisarem a expressão do sorriso e proporem
a seus pacientes, trabalhos que, além de estéticos, sejam inti-
IntroduçãoVisagismo, beleza e estética
18 • VIsagIsmo - a arte de personalIzar o desenho do sorrIso
mamente relacionados com aquilo que possa torná-los belos:
sua originalidade, autenticidade e individualidade. E, ainda, des-
pertar no leitor o prazer de trabalhar com criatividade, intuição
e conhecimento na escolha de formas dentais e desenho do sor-
riso e dar um passo além na sua prática diária, trabalhar com o
conceito de “beleza do sorriso”, por considerar que esse concei-
to vai além da estética e engloba elementos que fundamentam
a existência humana.
A palavra visagisme surgiu na França originária do termo
visage que significa rosto, mas apesar disso ainda não havia
um conceito bem definido sobre essa arte até que o artista
plástico Philip Hallawell, em 2003, lançou seu livro Visagismo,
Harmonia e Estética, em que estabelecia o que seria a cria-
ção ou adequação da imagem pessoal segundo característi-
cas pessoais autênticas. Abria-se aí uma nova possibilidade
de intervenção visual totalmente alinhada com as tendências
contemporâneas do comportamento humano, que nesse sé-
culo, mais que nunca, busca autoconhecimento e expressão
individual. A personalização é a palavra de ordem em um mer-
cado cada vez mais globalizado.
O Visagismo espera fazer a ponte entre o que o consumi-
dor quer ou espera do tratamento e a tradução dessa vontade
num desenho de sorriso que a expresse visualmente através
das formas e linhas adequadas. Para isso é fundamental domi-
nar o método de consultoria desenvolvido pelo artista plástico
Philip Hallawell, que permite ao profissional conhecer melhor
seus pacientes no âmbito psicológico, com suas particularida-
des, necessidades e desejos, e poder orientá-los quanto às pos-
sibilidades de expressão visual em seus casos e então definir
juntamente com eles o que será criado em termos de desenho
de sorriso. Dessa maneira os pacientes passam a coautores
do trabalho, o que certamente diminuirá as insatisfações finais
tanto de profissionais quanto de pacientes.
Esta obra será dividida em dois volumes, sendo o pri-
meiro dedicado à apresentação do conceito de Visagismo,
à análise dos elementos básicos de expressão visual com
suas conotações psicológicas, ao estudo da relação entre
imagem e identidade pessoal, do método Philip Hallawell
de consultoria como o fator primeiro na elaboração de um
planejamento estético por esclarecer aos profissionais e pa-
cientes o caminho expressivo a ser seguido, bem como o
estudo dos elementos ou unidades orais, suas variações, ex-
pressões psicovisuais, e sua aplicação nos delicados casos
de estética dental. Neste primeiro volume será apresentada
também uma abordagem distinta no planejamento estético
de casos, o planejamento digital do sorriso proposto por
Christian Coachman.
Os casos clínicos apresentados aqui foram realizados pelo
autor, como clínico, e em colaboração com outros cirurgiões-
dentistas como consultor, onde o autor entrevistou os pacien-
tes e definiu para a equipe operatória o desenho de sorriso a
ser executado.
O segundo volume será dedicado às reabilitações mais
complexas, quando a equipe se verá diante da grande respon-
sabilidade da composição psicodentofacial. Neste volume se-
rão explorados, a consultoria visagista como referência para
a correta escolha e montagem de dentes e demais elementos
da configuração do desenho do sorriso em casos onde se tem
menos referências orais e mais liberdade de criação como em
edentados totais, além da abordagem dos fundamentos fun-
cionais e apresentação da aplicação clínica dos fundamentos
da composição psicodentofacial como estrutura, perspectiva,
proporção, concepção de forma e volume, cor e textura, peso e
leveza, como requisito para se alcançar resultados excelentes
e personalizados.
Hoje frente ao grande desenvolvimento da Odontologia,
cabe mais pensar “no que fazer” em um caso clínico e nem
tanto no “como fazer”, haja vista o grau de excelência técnica
alcançado pelos profissionais, instrumentais e materiais dentá-
rios. Só se saberá o que fazer quando o ser humano por trás
daquela boca a ser tratada for capaz de dizer quem ele é e o
que espera do tratamento, e a filosofia de trabalho apresenta-
da neste livro presta-se a facilitar a obtenção dessa resposta,
bem como orientar a equipe operatória na tradução dela em
desenho do sorriso. A Odontologia, assim como outras pro-
fissões, está engajada em oferecer às pessoas, tratamentos
cada vez mais humanizados e personalizados.
IntroduçãoVisagismo, beleza e estética
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Capítulo 1 Conceito de Visagismo e seu método
1.1 Conceito
O conceito de que o sorriso de uma pessoa expressa sua
personalidade é algo com que se trabalha na Odontologia há
muito tempo. Muitas pesquisas e teorias a esse respeito fo-
ram desenvolvidas ao longo da história da Odontologia. No
entanto, por falta de um método objetivo e científico para a
aplicação dessas teorias, os odontólogos, que trabalham com
a estética do sorriso, dependem da intuição para obter resul-
tados satisfatórios.
Até a publicação dos livros Visagismo: harmonia e estética1
e Visagismo: Identidade, estilo e beleza2, o Visagismo era consi-
derado somente uma técnica para harmonizar o corte de cabe-
lo e a maquiagem com o formato do rosto e o tom e a “imagem
interior” que a pessoa tem de si mesma. essa imagem interior é
muito mais um conjunto de sensações, emoções e fragmentos
de imagens indefinidas e vagas, do que uma imagem concreta e
completa. Quando se pensa na imagem pessoal nesses termos
percebe-se que é mais importante se importar com o que a
imagem expressa do que com questões estéticas, embora es-
sas também sejam importantes. há poucas coisas mais precio-
sas para uma pessoa do que seu senso de identidade e, como
diz a psicóloga Maria Rita Kehl, o rosto é a sede da identidade3.
Partindo desse princípio, o conceito de Visagismo es-
tabelecido nos livros mencionados acima é a arte de criar
uma imagem pessoal customizada, que expressa a perso-
nalidade e o estilo de vida, com harmonia e estética. essa
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 21
Philip hallawell
1hallawell P. Visagismo: harmonia e estética: Senac; 2003. 2hallawell P. Visagismo: identidade, estilo e beleza. São Paulo: Senac; 2010.
3Kehl MR. O espelho partido. Folha de São Paulo. 2005 Dez 11.
conceito de Visagismo e seu método
arte é constituída de duas fases: na primeira, o profissional,
por meio de uma consultoria, ajuda o cliente a decidir o que
deseja expressar através de sua imagem e, na segunda, uti-
liza sua técnica, sensibilidade e domínio dos elementos que
compõem a linguagem visual para transformar a intenção
numa imagem com harmonia e estética.
No Visagismo trabalha-se com a conceituação de arte
proposta por James Joyce4 em Retrato do Artista quando
Jovem. Neste Livro o escritor faz uma distinção entre o que
seria arte pura e arte impura. Para ele, arte pura revela
algo que é verdadeiro, com harmonia e estética, enquanto a
arte impura se preocupa apenas com a aparência estética,
em ser agradável e em ter qualidade artesanal. esse tipo de
arte se baseia em regras e formas e, por isso, é acadêmica
e opaca, não revelando nada. O Visagismo é um conceito
baseado na arte pura, que busca oferecer os meios para
criá-la com constância e consciência.
1.2 O método Philip Hallawell
Foi necessário criar um método, baseado nesse conceito,
para exercer essa arte. O resultado foi um método interdiscipli-
nar, em que os princípios da linguagem visual são associados a
trabalhos, teorias e pesquisas das áreas da psicologia, da cog-
nição, da neurociência e da antropologia.
No livro O homem e seus Símbolos5, Carl Jung mostra que
há certos símbolos que sempre foram utilizados com o mesmo
significado em todas as culturas e em todos os tempos. esses
símbolos também formam a linguagem dos sonhos. Chamou-
os de símbolos arquetípicos (ver Capítulo Alfabetização Visual).
Os símbolos mais simples são os formatos geométricos que,
inclusive, podem ser utilizados como símbolos ao estruturar a
composição de um quadro. Na Renascença, os grandes mes-
tres incorporavam formatos geométricos às suas composi-
ções, mas baseando-se em conhecimentos esotéricos. Não é
de estranhar que os significados da simbologia esotérica sejam
os mesmos da simbologia arquetípica. A Ressurreição, Rafael Sanzio.
Capítulo 1 Conceito de Visagismo e seu método
22 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
4James J. Retrato do artista quando jovem. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; 1998. 5Jung CG. O homem e seus símbolos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; 1996.Fo
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No estudo da composição, no entanto, aprende-se que
toda composição é estruturada por formas geométricas.
Pode ser uma única, como o círculo, usado por Michelangelo
no afresco O Julgamento Final, da Capela Sistina em Roma, ou
uma combinação de formas, como Rafael Sanzio compôs A
Ressurreição, quadro pertencente à coleção do Masp em São
Paulo. Isso significa que toda imagem contém um símbolo ar-
quetípico na sua estrutura, seja intencionalmente ou não. Isso
se aplica a todas as imagens criadas pelo homem: pinturas,
fotografias, arquitetura e imagem pessoal. Aplica-se, também,
às imagens naturais, como o rosto. Os formatos do rosto, das
feições e dos dentes são todos símbolos arquetípicos, com
significados predeterminados.
Carl Jung só falou sobre os formatos geométricos, mas
as linhas que compõem esses formatos também devem ser
consideradas símbolos arquetípicos. As linhas encontradas nas
imagens interagem com as formas geométricas e transmitem
significados diversos e até complexos. Saber ler o significado
das linhas e das formas permite entender o que o rosto e suas
partes dizem da pessoa e de seu temperamento, e o que a ima-
gem, como um todo, e nas suas partes, expressa.
Como o cérebro processa os símbolos arquetípicos e como
entende seus significados ainda não é bem compreendido. Carl
Jung teorizou que os símbolos faziam parte do subconsciente e
do inconsciente coletivo. Mas isso não explica como o cérebro
os reconhece.
O trabalho de Joseph LeDoux6, neurobiólogo e especialista
em cognição, na Universidade de Nova YorK, eUA, começa a
elucidar esse enigma. há mais de dez anos ele pesquisa como
as emoções são criadas. Descobriu, primeiro, que a formação
de emoções não envolve o córtex. O tálamo reconhece os ele-
mentos ou “gatilhos”, que estimulam os diversos sistemas, re-
lacionados às diferentes emoções, que atuam dentro da área
límbica. Não há um único sistema, um suposto sistema límbico,
responsável pela formação das emoções, como se pensava
antes. Quando estimulados esses sistemas geram elementos
químicos e hormônios que produzem reações físicas e, em se-
guida, as emoções são formadas, ao mesmo tempo em que
memórias relacionadas à emoção são recuperadas.
Fazendo a associação entre os símbolos arquetípicos de
Jung e o trabalho de LeDoux ficou claro que os arquétipos são
importantes gatilhos desses sistemas. Isso significa que são
compreendidos emocionalmente e não racionalmente. O sím-
bolo arquetípico, portanto, age sobre o emocional da pessoa. É
um processo que não envolve o racional. embora um símbolo
arquetípico tenha um significado universal e comum a todos
e, portanto, sempre ative determinada emoção, a reação a
essa emoção será sempre individual, porque é associada às
memórias que a pessoa guardou, quando experimentou emo-
ções semelhantes. O mesmo símbolo arquetípico, contido na
mesma imagem, que diversas pessoas observam, pode, por-
tanto, provocar diferentes reações: desde uma leve sensação
até violentas emoções.
Que a imagem provoca reações emocionais, antes que seja
compreendida racionalmente, é algo que muitos estudiosos da
imagem e da linguagem visual observaram, desde que a per-
cepção visual e a cognição começaram a ser estudadas no
início do século 20.
O artista plástico Wassily Kandinsky7 notou que toda ima-
gem produz uma reação emocional antes de ser compreendi-
da racionalmente e fez importantes observações sobre a na-
tureza da imagem. No seu livro Ponto, Linha, Plano ele explica
como é a dinâmica de cada tipo de linha (ver Capítulo Alfabeti-
zação Visual). Kandinsky, porém, não tinha pesquisas científicas
em que pudesse apoiar suas teorias, mas tinha um profundo
Capítulo 1 Conceito de Visagismo e seu método
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 23
6 LeDoux J. O cérebro emocional. Rio de Janeiro: Objetiva; 1998. 7 Kandinsky Wassily (1866-1944), artista, teórico e autor russo.Kandinsky W. Ponto, linha, plano (ed. 70; 2006) e “Do espiritual na arte” (Martins Fontes; 2000).
conhecimento da linguagem visual e seu uso. Nessa época, as
primeiras teorias de psicologia foram criadas, como a Gestalt,
mas ainda não havia técnicas para estudar o funcionamento do
cérebro, como a ressonância magnética.
A associação dos princípios da linguagem visual com a
teoria de Jung, dos símbolos arquetípicos, e com as pes-
quisas de LeDoux sobre o cérebro emocional permitem
compreender melhor como imagens são percebidas e pro-
cessadas. entender que o cérebro reage primeiro, instanta-
neamente, aos símbolos arquetípicos contidos na imagem
– linhas e formas em particular – e que estes estimulam os
sistemas que produzem as emoções, antes que se possa
pensar racionalmente a respeito disso, é fundamental para
quem trabalha com ela. Implica que toda imagem contém,
na sua estrutura, uma mensagem subliminar, contida nos
símbolos arquetípicos que a estruturam.
Para o profissional da Odontologia, isso tem uma impor-
tância maior, porque implica que a imagem pessoal, que ele
cria, afeta emocionalmente o próprio cliente e as pessoas com
quem ele se relaciona, influenciando sua autoestima, seu esta-
do emocional e psicológico e seu comportamento. Acima de
tudo, explica por que a imagem pessoal estabelece a identidade
e por que é tão importante que haja o encontro entre as ima-
gens exterior e interior. De fato, pode-se afirmar que esse é um
encontro de emoções. Se houver sintonia de emoções será al-
tamente salutar emocional e psicologicamente. Por outro lado,
conflitos podem provocar consequências muito graves.
Segue que se pode ler o temperamento de uma pessoa
ao analisar o formato do rosto e as características de cada
área da face, porque esses elementos são símbolos arque-
típicos que se relacionam e revelam seu temperamento.
Por exemplo: o retângulo exprime força, determinação e
certa imobilidade; portanto, uma pessoa com o formato
de rosto retangular expressa essas características. Se ela
não fosse assim, cada vez que se olhasse no espelho as
emoções geradas pelo formato do seu rosto entrariam em
conflito com seu senso de si mesma. evidentemente isso
pode acontecer se a pessoa sofrer algum tipo de repres-
são, mas seria considerado um transtorno ou desvio de
personalidade. Para completar o método, ainda foi neces-
sário adotar um sistema de classificação dos temperamen-
tos e um procedimento para estimular a reflexão do cliente,
que o ajudasse a definir o que gostaria de expressar atra-
vés de sua imagem, a consultoria (ver Capítulo Consultoria).
1.3 Visagismo e a evolução da criação da imagem pessoal
A maneira como se trata a imagem pessoal no Ocidente
é muito diferente de como é tratada por tribos de indígenas,
índios americanos e africanos, e isso é reflexo dos sistemas
básicos em que cada cultura é estruturada.
Tribos são estruturadas em sistemas cooperativos. São
pequenos núcleos de pessoas, que vivem de acordo com
determinada filosofia ou religião. Na maioria dessas cultu-
ras, acredita-se que cada pessoa e sua vida são regidas por
guias. Os guias dos índios americanos são animais, enquanto
os dos africanos são o que chamamos de orixás, por exem-
plo. A individualidade é valorizada, porque cada membro da
tribo tem uma função e uma posição nessa hierarquia e é
importante que sejam facilmente identificados: seu guia, sua
função e sua posição. Por isso, os estilos de cabelos, ma-
24 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Composição com vermelho, amarelo e azul,
Piet Mondrian (1930).
Capítulo 1 Conceito de Visagismo e seu método
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quiagens, pinturas no corpo e vestimentas são altamente
individualizados8. Podemos dizer que o conceito de Visagis-
mo é parte fundamental de suas culturas. Portanto, embora
o termo seja novo, a ideia de personalizar ou customizar a
imagem pessoal é algo muito antigo.
No Ocidente, somente pessoas com um alto senso de
estilo, inteligência visual e um forte senso de identidade fo-
ram capazes de criar um estilo próprio. essas pessoas são
raras. Sabem o que querem e orientam os profissionais que
executam o trabalho. Geralmente são pessoas de destaque
na sociedade, com muita influência ou poder. Todo estilo e
todas as tendências de moda têm suas origens nos estilos
pessoais que essas pessoas criaram.
Um estilo expressa princípios filosóficos, morais e cultu-
rais e um modo de vida e, quando pessoal, a personalidade
de uma pessoa. Nas culturas ocidentais e orientais, basea-
das em sistemas feudais, uma elite da sociedade dominava
todos os outros membros. A sociedade era formada por um
grande grupo de pessoas, que dominava a massa, a maioria
com funções genéricas e todos no mais baixo nível hierárqui-
co, e uma pequena elite, com enorme poder e que dominava
a massa. Portanto, a individualização não era valorizada. Por
isso, só a elite, a classe nobre e a burguesia emergente,
tinham direito a se expressarem através de um estilo. Ma-
nifestações de estilo pelo povo eram encontradas somente
em alguns artefatos, construções e nas vestimentas utiliza-
das em festivais, que expressavam o caráter de uma nação
ou de um clã. Os nobres adotavam um estilo padronizado
que expressava os princípios da nobreza, e que indicava o
grau de poder do indivíduo pela suntuosidade e riqueza dos
materiais empregados nas vestimentas. As únicas qualida-
des individuais que podiam ser mostradas eram a sensibi-
lidade, o refinamento e o senso artístico, nos cabelos, nas
maquiagens e nas vestimentas. esse estilo padronizado era
igual para todos os nobres na europa e nas suas colônias,
por isso é difícil distinguir um nobre francês de um espanhol.
O final do século 18 marcou o início da revolução indus-
trial e o fim da era agrícola, que provocou enormes mudanças
nas sociedades no mundo todo. Foi caracterizada pela gradual
mecanização na produção de manufaturados, incentivada por
sucessivas inovações tecnológicas. Com o desenvolvimento in-
dustrial em diversas áreas, houve um êxodo do campo e a cria-
ção de metrópoles. Com início na Inglaterra, aos poucos, todos
os países europeus foram transferindo sua dependência na
agricultura para a produção industrial. O mesmo aconteceu
nos eUA e, eventualmente, no mundo todo. No brasil, esse
processo só foi intensificado a partir de 1930. esse processo
teve um profundo impacto social que ainda vivenciamos. Com
a criação de grandes cidades e a educação de pessoas para
que tivessem condições de trabalhar nas fábricas, uma classe
proletária foi criada e a classe média cresceu consideravel-
mente. Na europa e nos eUA já havia uma pequena classe
média formada por profissionais liberais, negociantes e ban-
queiros, principalmente. houve, também, maior distribuição
de renda. em consequência disso, muitas pessoas ganharam
condições de se vestir e se produzirem com estilo. A classe
média queria se diferenciar do proletariado e procurava as-
censão social, com aspirações a se assemelhar ao nobre. Por
isso, adotou seu estilo, embora com menos luxo. A indústria
da moda foi criada e em vez de personalidades como Marie
Antoinette, ditarem a moda, de uma estação, estilistas surgi-
ram criando modelos de roupas que pessoas das classes alta
e média copiavam na europa e outras partes do mundo. Paris
se tornou o centro desse movimento.
Por outro lado, a revolução industrial promoveu uma
crescente consciência social, que resultou no fortalecimen-
to do socialismo e do advento do sindicalismo, a defesa
das liberdades individuais e o fim dos privilégios. Depois da
I Guerra Mundial, a maioria dos intelectuais, poetas, artistas e
até alguns membros da elite se declaravam socialistas e mate-
rialistas. Procuravam manifestar essa maneira de pensar na
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 25
8Lody R. Cabelos de axé. Identidade e resistência. Rio de Janeiro: Senac; 2004.
Capítulo 1 Conceito de Visagismo e seu método
26 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Capítulo 1 Conceito de Visagismo e seu método
sua aparência. exigiam estilos diferentes dos da classe dominan-
te, com a qual não se identificavam. A ideia da personalização
da imagem pessoal também apareceu nessa época, como uma
forma de valorizar a individualização e combater a crescente
massificação, que as indústrias incentivavam, a fim de aumen-
tarem suas vendas.
Ao longo do século 20, milhões de pessoas ganharam o
direito de fazer escolhas, por causa do aumento do nível eco-
nômico, melhor educação, acesso à informação e novas expe-
riências. A invenção do automóvel, a possibilidade de viajar de
navio e, depois, de avião e conhecer outros lugares e povos, o
conhecimento e cultura obtidos por meio de livros, jornais, revis-
tas, o rádio, a televisão e, agora, pela internet fez com que um
universo, que até há pouco tempo era restrito a uma minoria,
fosse disponível a qualquer um. Isso fez com que o conflito entre
a massificação e a customização fosse se intensificando e ge-
rou dois problemas: a grande maioria das empresas não sabe
oferecer escolhas e como customizar seus produtos ou servi-
ços, e as pessoas não são ensinadas a como fazer escolhas.
As escolas não empregam sistemas muito diferentes daque-
les utilizados desde o século 19. Tudo isso pode fazer com que
nos sintamos incapazes de lidar com as imposições do mundo
contemporâneo, além de insignificantes diante da grandeza do
mundo que conhecemos. Não é fácil lidar com a consciência de
que se é “um” entre bilhões de habitantes deste mundo. Todo
mundo quer se sentir especial, mas ao mesmo tempo quer ser
aceito e respeitado. Por isso as redes sociais ganham tanta
força: ao mesmo tempo em que cada um pode expor o que
pensa e faz, compartilha isso com centenas de pessoas. A ne-
cessidade de se sentir único também criou a moda de se ta-
tuar, pois a tatuagem é como uma marca pessoal. Porém, a
“marca pessoal” deveria ser expressa em todos os aspectos
da imagem pessoal.
Já há alguns anos, todas as agências que pesquisam ten-
dências apontam a customização e a despadronização como
sendo as principais tendências em todas as áreas. Na área de
beleza, no entanto, é a massificação que se vê praticada. É essa
a realidade da maioria dos salões, clínicas e butiques. Rara-
mente o cliente sabe o que deseja expressar. As imagens
criadas são geralmente padronizadas.
Os melhores profissionais das diversas áreas da criação
da imagem pessoal conseguem algum sucesso em atender
as necessidades dos seus clientes, mas dependem somente
da sua intuição, sensibilidade artística e sua capacidade de
percepção do outro. Nunca dispuseram de um método, ba-
seado em conhecimentos científicos, para avaliar seu cliente
ou paciente; e a maioria não teve acesso, nos seus cursos
de formação, ao ensino formal da linguagem visual, essencial
para poder transformar um conceito abstrato numa ima-
gem concreta. Por sua vez, a grande maioria das pessoas
não tem meios para indicar o que querem ao profissional.
É importante notar que a análise do comportamento e
da linguagem corporal pode levar a muitos equívocos. A ima-
gem da pessoa a afeta emocionalmente e, consequentemen-
te, seu comportamento, sua postura e seus gestos. Uma
imagem que não está em sintonia com seu temperamento
fará com que se comporte de uma maneira inadequada. Se
o profissional estiver dependendo somente de sua intenção,
ele estará sendo levado pelas emoções que sente ao ver
a pessoa e o que as linhas, formas e cores estão transmi-
tindo. Isso significa que estará reagindo ao que a imagem
expressa e não ao que a pessoa é. em outras palavras, ele
vê como a pessoa está e não como ela é. evidentemente,
isso poderá resultar em conclusões totalmente errôneas.
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 27
Capítulo 1 Conceito de Visagismo e seu método
1.4 Visagismo - Philip Hallawell na Odontologia
A boca e os olhos são as duas áreas que mais transmitem
informações sobre uma pessoa.
A boca é o ponto focal do olhar e, imediatamente, pela cap-
tação dos formatos e das linhas dos lábios e dos dentes, esta-
belecem as condições das interações humanas, antes que haja
comunicação verbal.
A boca tem diversas funções. há a da alimentação e a da
fala. Os lábios têm conotações sensuais9 e os dentes são asso-
ciados às presas, elementos de ataque e defesa. A configura-
ção da boca e dos dentes, especialmente da bateria anterossu-
perior, indica a capacidade de exercer essas funções e afeta a
autoconfiança. Para alguém se sentir confiante, a dentição pre-
cisa ser alinhada, íntegra, sem falhas e sem grandes desgastes.
Dentes pequenos e sem proeminência prejudicam a capacida-
de de se impor, e os dentes amarelados e manchados são vis-
tos como indícios de falta de saúde e de vigor. Nos trabalhos de
Visagismo - Philip hallawell, realizados ao longo dos últimos oito
anos, constatou-se que uma pessoa não sustenta uma imagem
que a destaca, se tiver problemas sérios nos dentes, porque
não se sente segura para lidar com a exposição a que está su-
jeita e por que o que os dentes expressam entram em conflito
com aquilo que o resto da imagem transmite. É muito impor-
tante, no entanto, estar atento às mudanças na expressão que
os procedimentos provocam. É mais importante preservar as
características do temperamento do paciente do que promover
ganhos estéticos.
O ortodontista, por exemplo, precisa analisar se, ao alinhar a
dentição, haverá uma mudança no formato da arcada e se isso
será prejudicial ao paciente.
Na Odontologia estética é sempre aconselhável questionar
se os ganhos estéticos acarretam perdas no senso de identida-
de ou qualidades de personalidade. em cirurgias ortognáticas é
importante levar em conta que a área relacionada com a força
da vontade (mento) será profundamente afetada e que, ao con-
trário do que se pensa geralmente, nem sempre esse ganho
estético traz consequências positivas. há um ganho estético
porque o queixo retraído é associado à fraqueza, à dificuldade
de se impor. É, portanto, considerado feio. Já o queixo alinhado,
que expressa força, é visto como sendo bonito. O outro lado
da força é a agressividade e, quando há um repentino ganho
de força, muitas pessoas não estão preparadas para lidar com
isso e podem se tornar agressivas.
O Visagismo - Philip hallawell permite que se avalie todas
essas questões e que se estabeleça uma direção clara para
os procedimentos, promovendo ganhos estéticos, ao mesmo
tempo em que se cria um sorriso que expressa o melhor da
personalidade. Isso se aplica tanto aos casos em que a confi-
guração original é modificada ou aos casos em que o envelhe-
cimento ou traumatismos exigam uma recuperação parcial ou
total da dentição.
O Visagismo é uma arte. É a arte de criar uma imagem pes-
soal customizada e bela, que faz com que o paciente se sinta
valorizado, aceito e com poder de atração.
9 Morris D. O macaco nu. Rio de Janeiro: Record; 2004.
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Capítulo 2 Alfabetização visual
28 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Alfabetização
Visual
2.1. Linguagem
Numa definição simplória, linguagem significa troca de
informações, englobando gestos, expressões faciais, cor-
porais, assobios, posturas, linguagem química, matemáti-
ca, verbal, escrita etc1. Na perspectiva dos estudiosos da
linguagem sua delimitação à linguagem verbal e escrita é
um atributo egoísta do pensamento humano. É incorreto
afirmar, inclusive, que linguagem seria a troca de informa-
ções entre indivíduos da mesma espécie, pois a ciência já
demonstrou a possibilidade de indivíduos de espécies dife-
rentes se comunicarem2-4 .
Desde o surgimento da vida na terra, os seres mais
primitivos necessitavam trocar informações para garantir
sua sobrevivência e reprodução, e o faziam através da cha-
mada comunicação química1-3. Animais como insetos, pei-
xes, anfíbios, aves e mamíferos desenvolveram diferentes
meios de comunicação, que vão desde a comunicação por
feromônios, gestos e até linguagem sonora em variadas
frequências de percepção auditiva que, muitas vezes, esca-
pam à percepção humana5-6.
Durante os milhões de anos de evolução dos primatas
muitas características de comunicação foram surgindo e
sendo aperfeiçoadas, de modo que as espécies de prima-
tas existentes nos tempos atuais, apesar de apresentarem
diferentes formas de comunicação, ainda compartilham es-
truturas cerebrais mais antigas de processamento de infor-
mações comunicativas7-11.
A família dos primatas surgiu na terra a aproximadamen-
te 70 milhões de anos. Seus descendentes atuais incluem
desde pequenos até os grandes primatas como orangotan-
gos, chimpanzés, gorilas, bonobos e, os últimos hominídeos,
os seres humanos12.
Entre as formas de linguagem de primatas não huma-
nos pode-se citar como principais as linguagens sonora,
gestual ou corporal e as expressões faciais. A comunicação
através de gestos e expressões faciais são compreendidas
como linguagem visual primitiva13-16.
Bráulio Paolucci
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Capítulo 2 Alfabetização visual
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O homo sapiens é o primata mais capaci-
tado à comunicação por apresentar tanto
as características comunicativas primitivas
de seus parentes (linguagem visual primiti-
va) quanto características exclusivas e mais
complexas de comunicação, como a fala e a
escrita. Essas duas últimas formas de linguagem
estão relacionadas ao neocórtex humano, parte externa
de nossos cérebros responsável pela elaboração de pen-
samentos e raciocínio17.
A história da evolução da linguagem em seres humanos
é paralela à história da evolução do cérebro humano. Por
milhões de anos o cérebro primitivo foi compartilhado pelos
grandes primatas e era responsável pela compreensão do
ambiente à sua volta e sua comunicação com intuito de so-
brevivência e reprodução. Ao longo de milhões de anos o cé-
rebro primata se desenvolveu de baixo para cima, ou seja,
os centros superiores se desenvolvendo como elaborações
das partes inferiores (tronco cerebral) culminando com o
surgimento do neocórtex17-18.
O desenvolvimento do cérebro de embriões humanos
segue esse caminho19.
A existência de um cérebro emocional (cérebro primitivo
compartilhado pelos grandes primatas), programado para fa-
zer leitura ambiental e disparar reações emocionais, com o
objetivo de sobrevivência, é muito mais antiga que o cérebro
racional que apresentamos hoje19-20. Seu processo de leitura
visual e de interpretação é instintivo e inconsciente, e não de-
pende do aprendizado e raciocínio21. Essa leitura se daria, en-
tre outras maneiras, pela interpretação de arquétipos visuais
ou imagens primordiais (ver Jung e os Arquétipos).
Estudos com grandes primatas têm apontado cami-
nhos para a compreensão da escalada evolutiva da lingua-
gem visual dos seres humanos, de modo a indicar quais
seriam as formas de comunicação visual mais primitivas
que carregamos em nossos cérebros em comunhão com
esses animais22.
Estudos in vitro com gorilas demonstraram que esses,
além de compreenderem gestos e expressões faciais, pos-
suem capacidade para o aprendizado da linguagem de si-
nais norte-americanos ou Ameslan (linguagem dos surdos-
mudos americanos)1.
Estudos realizados com uma fêmea de bonobo em labo-
ratório apontam para uma grande capacidade de aprendi-
zado da linguagem de sinais. Ela desenvolveu a capacidade
de compreensão e comunicação através de um lexigrama
de 256 símbolos geométricos23. Esses estudos sugerem
que a compreensão visual a partir de imagens primordiais
ou símbolos arquetípicos não está relacionada ao neocór-
tex humano e estaria, provavelmente, relacionada aos cen-
tros cerebrais mais antigos comuns àqueles primatas e ao
homo sapiens24.
Como demonstrado em vários experimentos, a capaci-
dade para a compreensão de sinais e símbolos não é uma
exclusividade humana e certamente está relacionada a
estruturas cerebrais primitivas presentes em nossos cé-
Capítulo 2 Alfabetização visual
30 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
rebros; no entanto o pensamento simbólico, ou seja, a or-
ganização de processos cognitivos com signos e símbolos
e a comunicação através da fala e escrita são capacidades
exclusivas do homo sapiens17.
O objetivo do visagismo é o estudo da linguagem visu-
al, mais especificamente dos símbolos arquetípicos mais
básicos (linhas, formas e cores), o seu processo de inter-
pretação pelo cérebro humano e a possibilidade de seu uso
consciente para gerar imagens com significado. Na Odon-
tologia seu uso seria na criação estrutural de desenhos de
sorriso com expressão própria, de percepção inconsciente
e involuntária que deveria estar de acordo com a identidade,
vontade de expressão e necessidades pessoais do paciente
(ver Capítulo Consultoria).
2.2 O caminho cerebral da percepção visual
Perceber é organizar dados sensoriais levados ao cére-
bro através dos receptores nervosos ou sentidos (visuais,
olfativos, táteis, sonoros e gustativos)25. Seres humanos são
principalmente visuais no processo de percepção do am-
biente, assim como lobos são olfativos e baleias auditivas, e
o processo de percepção visual está intimamente ligado a
uma interpretação emocional automática26.
O processo de percepção e interpretação visual pelo cé-
rebro humano figura entre objeto de estudo de ínumeros
neurocientistas já ha algum tempo, e sua pesquisa se faz
necessária para a compreensão dos processos emocionais
básicos que governam a vida dos seres humanos27-29.
A palavra emoção é originada do latim e sua tradução
seria movere ou mover acrescida do prefixo e que significa
afartar-se30. De maneira geral uma emoção implica numa
ação imediata, ou seja, cada tipo de emoção predispõe o in-
divíduo a uma ação pré-programada, que ao longo da evolu-
ção da espécie se mostrou como a ação mais bem-sucedida
para a sobrevivência e reprodução; portanto, para a perpe-
tuação da espécie30-31. Não há consenso entre os cientistas
sobre as emoções básicas, mas de maneira geral pode-se
dizer que raiva, medo, aversão, expectativa, alegria, tristeza,
surpresa e aceitação sejam algumas das principais31.
Ao se deparar com uma imagem, o olho humano capta
sinais sensoriais na retina e os envia a uma área ances-
tral do cérebro chamada tálamo32. No tálamo esses sinais
são traduzidos para a linguagem cerebral. O tálamo, então,
envia mensagens para duas estruturas cerebrais, para o
córtex cerebral, onde se processa um raciocínio acerca do
que é visto e para uma estrutura primitiva localizada acima
do tronco cerebral e logo abaixo do anel límbico, a amígda-
la31-35. Essa seria responsável por disparar uma sensação
ou emoção sobre aquilo que se vê30-31.
Estudos mais recentes de como o cérebro processa ima-
gens, realizados pela equipe de neurocientistas, do Centro de
Ciência Neural da Universidade de Nova York, liderados por
pesquisador36-40, indicam que há um caminho mais curto en-
tre o tálamo e a amígdala, do que aquele caminho percorrido
pelo impulso do tálamo ao córtex cerebral (parte pensante),
indicando que o processamento de emoções acerca do que
se vê ocorre mais rápido do que o raciocínio sobre o que se
vê31. Com isso a natureza nos programou para agirmos rapi-
damente segundo a sensação que sentimos diante de uma
imagem. Isso nos permitiria sobreviver em situações críticas,
como a deparação com um perigo eminente28,41-44. Em outras
situações nos impele a agir para reproduzir e garantir que nos-
sos genes sejam passados a gerações futuras antes que um
Capítulo 2 Alfabetização visual
concorrente direto o faça. Portanto, imagens trazem consigo
significados emocionais próprios que podem variar de espécie
para espécie.
Estes estudos sugerem que imagens são processadas
na amígdala como imagens primordiais ou arquétipos visu-
ais e estes conduziriam a uma reação emocional condicio-
nada de acordo com seu significado próprio, ou seja, cada
tipo de imagem desperta sensações ou emoções próprias.
Desta maneira entende-se que estes símbolos agiriam
como mensagens subliminares que agem sobre nós sem
que estejamos conscientes delas. Isso se aplica à estrutura
de todas as imagens, sejam fotografias, gravuras, pinturas,
imagens pessoais, sorrisos ou espaços tridimensionais45-46.
Esse fato também indica um caminho para a compreen-
O tálamo reconhece símbolos arquétipos, que disparam os diversos sistemas que produzem emoções, antes que o córtex possa processar a imagem racionalmente.
Criação de emoções e sensações físicas
CórtexVisual
Área Límbica
Tálamo Visual
são da maneira como a imagem pessoal exerce influências
emocionais, psicológicas e comportamentais nas pessoas.
Imagens pessoais mal cuidadas podem agir negativamente
sobre a autopercepção e autoestima das pessoas, podendo
levar a/ou facilitar um estado depressivo, exatamente por
despertarem sensações e/ou emoções negativas46.
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 31
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3.
Capítulo 2 Alfabetização visual
32 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
É através desse processo de percepção visual condicio-
nado por arquétipos visuais (os mais básicos seriam os ge-
ométricos compostos por linhas, formas e cores) que sen-
timos algo a respeito de uma pessoa pelo simples fato de
observá-la. Não há necessidade de conversar com ela para
que sintamos simpatia, aversão ou uma gama de outros
sentimentos e emoções45. A leitura automática de aspectos
faciais, inclusive do sorriso, e sua associação a uma série
de sensações pré-programadas em nossa mente (algumas
universais e outras de significado pessoal), é que explica a
tênue relação entre esses aspectos faciais e a construção
do senso de identidade visual pessoal46.
2.3 Linguagem arquetípica
O suíço Carl Jung foi um dos grandes nomes da pisquiatria
do século 20. E mais que um psiquiatra, Jung foi um grande
pensador. A originalidade e criatividade de suas ideias se rela-
cionam à maneira de pensar e ao comportamento de todos
os seres humanos. O “pai” da Psicologia analítica encontrou
o elo entre a razão ocidental e o misticismo e simbolismo
das culturas orientais primitivas. Sua teoria psicológica fora
profundamente influenciada por pensadores como Nietzs-
che, Schopenhauer, Kant e Goethe, entre outros. Entre suas
principais ideias algumas são especialmente relevantes ao
visagismo, entre elas seu conceito de inconsciente coletivo,
o simbolismo dos arquétipos, assim como suas definições so-
bre persona, sombra, anima e animus.
2.3.1 Inconsciente coletivo
Para Jung, o inconsciente seria composto por duas ca-
madas, uma pessoal e outra coletiva, sendo o inconscien-
te pessoal composto por conteúdos individuais exclusivos,
adquiridos pela vivência de cada um em sua interação com
o ambiente cultural, educacional e suas experiências de
vida cotidiana47-48.
Já o componente coletivo seria a camada mais profunda
da psiquê compartilhada por todos os seres humanos, onde
estariam os arquétipos ou imagens primordiais, condicionado-
res de traços comportamentais pré-programados (ou instin-
tos) relacionados a situações de sobrevivência e reprodução.
Sobre o inconsciente Jung disse: “as camadas mais pro-
fundas da psiquê perdem sua singularidade individual à medi-
da que mergulham na escuridão. Nos níveis mais baixos, isto
é, quando se aproximam dos sistemas funcionais autônomos,
tornam-se cada vez mais coletivas até que se universalizam48”.
2.3.2 Arquétipos
Jung desenvolveu profunda pesquisa sobre diversas cul-
turas e civilizações e percebeu que a interpretação de deter-
minados símbolos era comum a várias dessas culturas que
existiram em tempos e locais distintos e não tiveram nenhu-
ma relação entre si. Chamou a esses símbolos de símbolos
arquetípicos ou arquétipos48.
Com a publicação de O Homem e seus Símbolos, em
1968, Jung estabelecia os parâmetros da linguagem arque-
típica. Afirmou que esses símbolos faziam parte do conteú-
do inconsciente do ser humano e que surgiam na consciên-
cia independente da vontade do indivíduo, causando reações
sentimentais e emocionais. Segundo ele, a compreensão do
conteúdo dos arquétipos seria fundamental para a interpre-
tação da linguagem dos sonhos49.
Há dois tipos de arquétipos: os que se encontram grava-
dos no inconsciente coletivo (camadas mais profundas da psi-
quê) e despertam emoções e sensações em todos os seres
humanos da mesma maneira. Estão relacionados aos proces-
sos ligados a sobrevivência e reprodução e são conhecidos
como arquétipos coletivos. Há também os arquétipos pesso-
ais, que estariam gravados no inconsciente pessoal (camadas
mais superficiais da psiquê) e seriam fortemente influenciados
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Carl Jung
Capítulo 2 Alfabetização visual
por experiências pessoais e influências culturais e ambientais.
Influenciado pela obra de Jung, Hallawell procurou demons-
trar como imagens despertavam emoções específicas e porque
artistas usaram, ao longo dos tempos, de maneira consciente
ou intuitiva, elementos visuais de significado coletivo (símbolos
geométricos) na estrutura de suas obras de forma a despertar
emoções e sensações em seus observadores45.
O objetivo do visagismo será o estudo de arquétipos visuais
coletivos ou mais especificamente o seu uso no universo das
artes visuais45-46. Os arquétipos visuais coletivos fundamentais
seriam as linhas e cores primárias ou pigmentos puros. Essas
linhas se organizam de maneira a constituirem formas bási-
cas que têm sua expressão a partir da somatória dos valores
emocionais individuais de suas linhas constituintes. Da mesma
forma as cores se unem para a formação de cores secundá-
rias e terciárias e lhe conferem significado.
Segundo Piet Mondrian as formas puras seriam “a ex-
pressão da realidade pura, livre de qualquer condicionamen-
to a ideias e sentimentos subjetivos”. O significado de uma
forma estaria implícito nas linhas de sua composição48.
2.3.3 Persona e sombra
A palavra persona tem sua origem na Grécia antiga. O
termo era usado para designar as máscaras usadas pelos
atores do antigo teatro grego. Na teoria jungana representa
a maneira como nos apresentamos ao convívio social. Signi-
fica a forma como queremos ser percebidos pelas pessoas
com quem nos comunicamos. Seu objetivo é de facilitar a
aceitação social e o convívio em sociedade, de acordo com
os papéis que ela exige. Um determinado indivíduo pode
apresentar várias personas de acordo com o ambiente em
que vive e suas exigências. Pode representar o papel de
dentista em seu consultório, de pai, irmão, filho, amigo, ma-
rido e outras possibilidades ligadas a situações de convívio
social. A persona tende a facilitar o convívio por transmitir
certa segurança ao indivíduo, impedindo que o mesmo se
exponha demasiadamente. Pode se tornar negativa quando
o indivíduo se prende a ela e permanece distanciado de sua
natureza, ocorrendo aí muitos problemas de ordem psico-
lógica. Sua compreensão e uso interessam ao visagismo,
pois na transformação da imagem, a equipe pode reforçar
a persona ou contrabalanceá-la, trazendo para a imagem
pessoal aspectos da identidade46.
No caso de intervenções de imagens mutáveis, como
cortes de cabelo, maquiagem, roupas e acessórios, pode-se
reforçá-la de acordo com as necessidades momentâneas
individuais pelo uso dos elementos visuais adequados, mas
em intervenções permanentes, como no caso da Odonto-
logia, deve-se analisar a vontade de expressão do paciente
com cuidado para não evidenciar aspectos que não tenham
a ver com sua identidade, pois com o tempo, aquela nova
imagem criada passará a influenciar o indivíduo em seu
comportamento, inclusive em seu senso de identidade de
maneira não controlada. Por esse motivo é tão importante
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 33
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Capítulo 2 Alfabetização visual
34 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
a investigação prévia das razões e necessidades apresenta-
das pelos pacientes e orientá-los quanto às consequências
da execução de sua vontade de expressão.
Entende-se por sombra o centro do incosciente pessoal,
onde estariam presentes experiências pessoais, lembran-
ças de infância, e desejos rejeitados pelo indivíduo por não
estarem de acordo com as regras sociais. Quanto mais for-
te for a persona, mais elementos estarão depositados nos
“porões da psiquê humana” em forma de sombra.
Esse material psíquico denominado sombra não aceita
silenciação por vontades conscientes, de forma que de tem-
pos em tempos tende a emergir na consciência, podendo se
tornar motivo de crises. O seu reconhecimento por parte do
indivíduo e a manifestação de seu conteúdo é uma ação po-
sitiva para a saúde mental, sendo considerada como grande
fonte de inspiração para a criatividade, energias instintiva, vital
e espontânea49. Profissionais que trabalham na transforma-
ção consciente da imagem poderiam discutir previamente
com seus pacientes através da intervenção de um terapeuta
a possibilidade de trazer para a imagem pessoal algum mate-
rial pessoal reprimido, mas essa seria uma outra modalidade
de tratamento ainda por ser desenvolvida conjuntamente
com profissionais capacitados na área de Psicologia.
2.3.4 Anima e animus
Para Jung, a psiquê humana é composta por elementos
femininos e masculinos e proporções variadas e desiguais.
Ambos os sexos possuem em si aspectos do sexo oposto48.
Existe um tipo sexual ativo e inconsciente oposto àquele ma-
nifestado morfologicamente. Designa-se anima o aspecto
feminino da psiquê masculina e animus o aspecto masculino
da psiquê feminina.
2.4 Linguagem visual artística
Há tempos a humanidade busca compreender os ele-
mentos (linhas, ângulos, formas e cores) e fundamentos da
composição estética. Ambos constituem as ferramentas
básicas da linguagem visual artística, ou seja, o conjunto de
signos e símbolos usados para se comunicar com harmo-
nia e senso estético. A linguagem visual artística é a lingua-
gem do desenho45.
O estudo da linguagem visual artística surgiu no século
6º a.C. na Grécia antiga de maneira científica. Seus elemen-
tos e fundamentos começaram a ser revelados com o uso
da matemática e da ciência. Os gregos queriam criar ima-
gens que reproduzissem a realidade visual, e não apenas
a representassem através de imagens simbólicas usadas
em ritos pelos egípcios. Descobriram que o que era per-
cebido como belo era perfeito matemática e geometrica-
mente e, então, começaram a decifrar regras e fórmulas
relacionadas à estrutura, proporção, volume, movimento e
perspectiva (fundamentos) com o intuito de criar imagens
com harmonia e estética.
Esse estudo teve novo impulso na Renascença, quando
conhecimentos acerca da óptica descobertos pelos árabes
chegaram à Europa ocidental após a queda de Constantinopla.
Em Florença, na Itália, grandes mestres como Leonardo da
vinci, Michelangelo e Rafael desenvolveram a arte do realismo
visual usando os ideais e valores estéticos do Humanismo Gre-
go, com seu culto à beleza, associados aos recém-chegados
conhecimentos sobre física óptica, estudos sobre anatomia,
uso da luz, cor e perspectiva. Pela primeira vez na história da
Humanidade, o homem era capaz de criar imagens com muito
realismo, volume e profundidade de maneira consciente. Com
o domínio dos elementos e fundamentos da linguagem visual,
que até hoje norteiam o universo das artes visuais, não só era
possível criar imagens muito realistas, como também transmi-
tir através delas pensamentos, sensações e emoções46,50.
Capítulo 2 Alfabetização visual
2.5 Elementos da linguagem visual artística (linhas, ângulos, formas e cores e sua interpretação visual)
O elemento fundamental da arte visual é o ponto. Invisível,
silencioso, estático, introvertido, representa o marco zero na
construção de uma imagem sobre um plano. O elemento pri-
mário da pintura. A ação de alguma força sobre o ponto em
qualquer direção produz a linha. Logo, a linha é o resultado da
quebra da imobilidade do ponto. É essencialmente dinâmica. É,
portanto, um elemento secundário da pintura. Pode ser dividi-
da em duas categorias: retas e curvas50.
2.5.1 Linhas retas
A linha reta mais simples é a linha horizontal, resultante
da movimentação do ponto sobre o plano51. Representa a
superfície sobre a qual o homem vive e se move. Sua tem-
peratura é fria e seu significado arquetípico básico é de con-
sonância com a gravidade. Por isso sua principal expressão
é de estabilidade. Pode representar obstáculo ou encerra-
mento. Outras expressões associadas: conformismo, resis-
tência, apatia, monotonia e calma.
A linha reta vertical é o oposto da horizontal, por represen-
tar o movimento do ponto contrariamente à gravidade, repre-
senta rompimento, desafio, força, poder. Sua temperatura, por-
tanto, é quente. Está relacionada à intensidade, vigor, atividade,
virilidade, controle, estruturação, divisão, objetividade, praticida-
de e liderança. A linha inclinada representa o meio termo em
relação às linhas retas vertical e horizontal e sua temperatura
transita entre o frio e o quente. Sua relação com a gravidade
sugere instabilidade, sendo por esse motivo a máxima expres-
são da tendência ao movimento e dinamismo. É relacionada à
impulsividade, ímpeto, criatividade e extroversão. Não obstante,
o ser humano sente-se inseguro ao estar debaixo de estrutu-
ras inclinadas, como uma árvore, pois se tem a sensação de
que o objeto “está caindo”. Um exemplo disso é a forte sensa-
ção de instabilidade passada pela Torre de Pisa.
As linhas curvas representam o movimento do ponto sob
a ação de duas forças simultâneas. Sugerem uma tendência
a formar um círculo em moto contínuo. Representam a transi-
ção gradual/suave entre dois planos (um plano horizontal e um
plano vertical) que de forma habitual se chocariam formando
um ângulo reto. Apresentam vários tipos: curvas amplas (sen-
suais e femininas), curvas fechadas (expressam emoções con-
turbadas e introversão), curvas interrompidas (lúdicas, festivas
e infantis), onduladas.
O sistema nervoso evoluiu por milhões de anos desde o sur-
gimento das primeiras células nervosas nos celenterados até
chegar à complexidade do cérebro humano sempre com a lei
da gravidade como uma constante; consequentemente, o signi-
ficado mais básico (arquetípico) de cada linha se dará de acor-
do com sua relação com a lei da gravidade, como se segue:
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O encontro entre um plano vertical e um plano horizontal forma um ângulo reto, sendo uma transição abrupta. Para uma transição gradual e suave, cria-se uma linha curva.
Capítulo 2 Alfabetização visual
36 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
2.5.2 Relação entre duas linhas retasA relação entre duas linhas retas varia de harmonia
absoluta representada por linhas retas paralelas até o
conflito máximo representado pelo choque perpendicular.
Três tipos principais de ângulos se dão a partir do encontro
entre duas linhas retas: ângulos reto, agudo e obtuso. O
conhecimento de sua expressão visual arquetípica é impor-
tante à equipe restauradora.
O ângulo reto é composto por uma linha horizontal e
uma vertical se chocando em algum ponto sobre um plano.
Sua expressão se deverá à força de cada componente, por
exemplo, expressarão equilíbrio quando o componente hori-
zontal for do mesmo comprimento do componente vertical.
Se o componente vertical for dominante sobre o horizon-
tal expressará principalmente força. Se ao invés o domínio
ficar por parte do componente horizontal sua expressão
principal será de estabilidade.
Duas linhas retas podem formar um ângulo agudo que
expressarão características de linhas inclinadas, e sua ex-
pressão aumentará de acordo com o aumento do ângulo.
Expressam dinamismo, agressividade, capacidade perfuro-
cortante, ação e extroversão. Sua temperatura é quente.
Um ângulo obtuso perdendo cada vez mais sua força
agressiva penetrante assume uma expressão de passivida-
de e fraqueza. É frio, calmo e submisso.
2.5.3 Linhas e a construção de formas simples
De acordo com Rufenacht52, as características geométri-
cas de uma forma determinam seu significado e suas conota-
ções psicológicas.
Para Kandinsky cada forma tem seu próprio signifi-
cado, nenhuma forma não diz nada. E disse certa vez “A
forma, mesmo quando abstrata e geométrica tem uma
ressonância interior; é um ser espiritual cujas qualidades
coincidem exatamente com aquela forma”.
É importante considerar que as linhas básicas podem se
organizar numa infinidade de formas e que sempre darão a es-
sas formas o seu significado expressivo único e primordial53-54.
As formas mais básicas formadas pelas linhas apre-
sentadas são: o círculo, o quadrado, o triângulo equilátero
e a lemniscata45.
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Eixo inclinado gera no observador sensação de instabilidade.
Torres gêmeas do World Trade Center: símbolo de força e poderio norte-americano.
Linhas curvas do corpo feminino e sua expressão de sensualidade, envolvimento e feminilidade.
Capítulo 2 Alfabetização visual
Quadrado Círculo
Kandinsky W. Ponto e linha sobre o plano. São Paulo: Martins Fontes; 1997.
Triângulo Lemniscata
O círculo
É formado a partir da ação de duas forças sobre
o ponto, de forma que seu movimento o levará a unir-
se novamente ao ponto de partida. Representa a ex-
pressão da linha curva e ângulo obtuso: maturidade,
estabilidade, passividade, calma e monotonia (repe-
tição contínua). O olho humano se desinteressa e
se cansa com a repetição. Assim como o ponto, o
círculo é introvertido, frio e, segundo Jung, simboliza
na mente humana a psiquê, o sol e a eternidade.
O quadrado
É formado por linhas retas verticais e hori-
zontais que se equilibram nessa estrutura. Sua
temperatura compreende o quente e o frio em
relação de igualdade.
Expressa equilíbrio, força, resistência, obje-
tividade, imobilidade e conservadorismo. Repre-
senta o elemento masculino da psiquê (animus).
Segundo Jung simboliza a matéria terrestre e a
realidade. Para Kandisnsky simboliza a morte51.
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 37
O triângulo
É sempre formado por ângulos e linhas in-
clinadas. Geralmente pela constituição básica
de linhas inclinadas e ângulos agudos expressa
visualmente, dinamismo, jovialidade, impulso, ati-
vidade e extroversão. Pode ser um triângulo de
base horizontal com duas linhas inclinadas que
se dirigem para cima expressando certa estabi-
lidade dada pela linha horizontal que o sustenta,
simbolizando o culto a alguma divindade. Pode
ser um triângulo invertido com forte expressão
de instabilidade simbolizando o perigo.
Lemniscata Oval
Lemniscata
Constituída por linhas curvas amplas expres-
sa suavidade, sensualidade, romantismo, envolvi-
mento, lirismo e abstração. O oval é uma forma
próxima e tem sua expressão parecida à lemnis-
cata. Simboliza o elemento feminino da psiquê
(anima) e também o infinito.
2.5.4 Cores
Esta obra apresentará um conceito resumi-
do acerca do significado emocional das cores
primárias, por se tratar de um assunto de pou-
ca aplicação direta na Odontologia. No entan-
to sua explanação se faz necessária para que
o leitor compreenda ou mais especificamente
“sinta”55 como as cores assim como as formas
constituem sinais ou símbolos básicos de co-
municação visual.
RELAçãO EntRE COR, LInhAs E fORmAs:
Azul: relaciona-se às linhas horizontal e curva e ao
ângulo obtuso, assim como ao círculo e quadrado
(componente horizontal).
Vermelho: relaciona-se à linha vertical, ângulo reto,
retângulo e quadrado (componente vertical).
Amarelo: relaciona-se às linhas inclinadas, ângulo
agudo e ao triângulo.
ExPREssõEs básICAs dAs COREs56:
Azul: calma, tranquilidade, paz e frio.
Vermelho: intensidade, força, perigo, atração sexual e quente.
Amarelo: dinamismo, vibração, energia, alegria e quente/frio.
Capítulo 2 Alfabetização visual
38 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
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32. The amygdala: neurobiological aspects of emo-tion, memory and mental disfunction. Aggle-ton JP Publisher. New York: Wiley-Liss.
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53. Parramon JM. Le grand livre de la peinture à láquarelle. Paris: Bordas; 1984.
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55. Cytowic RE. The man who tasted shapes. London: Abacus; 1994.
56. Kandinsky W. Do espiritual na arte. São Paulo: Martins Fontes; 1996.
2.6 Referências
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 39
3.1 Formação da identidade e da autoimagem
No princípio da vida, o bebê não consegue discriminar-se
dos outros e, nessa fase, a mãe desempenha um papel fun-
damental na vida do filho, que a percebe como uma exten-
são de si. Sempre que sente algum desconforto, a criança
chora e a mãe aparece para ampará-la e satisfazer suas
necessidades. Embora o pai seja muito importante para ofe-
recer acolhimento e segurança à família, sua significância
vai se desenvolver de maneira gradual no decorrer dos pri-
meiros estágios de vida do filho.
No início do segundo mês de vida, a face humana torna-
se o objeto de percepção visual preferido a todos os outros
objetos do ambiente e o bebê se dirige a ela ou a algo que
se pareça com ela virando a cabeça em sua direção sempre
que esta surge em seu campo de visão. A partir do terceiro
mês, a criança esboça uma reação de sorriso ao ver a face
humana ou algo que se assemelhe a ela, mas basta que a
pessoa se vire de perfil para que ela deixe de reconhecê-la,
o que denota que nesta fase a capacidade de reconhecer a
face humana ainda não está completamente estabelecida.
Com o progresso da maturação física, do desenvolvimento
psicológico e das contínuas trocas afetivas com a mãe, a
face materna assumirá um significado cada vez mais impor-
tante para o filho.
A maneira como a mãe acolhe e ampara o bebê no colo,
seu olhar, o tom de voz, o ritmo dos batimentos cardíacos,
seu cheiro, sua capacidade de compreensão, continência
e responsividade frente às demandas físicas e emocionais,
ou seja, a forma como ela cuida e se relaciona com o filho,
proporciona uma determinada estabilidade que permite a
formação de contornos táteis, gustativos, auditivos, visuais
e olfativos. Apesar de cada ser humano reagir de forma
particular, a relação com a mãe permite que a criança co-
mece a integrar várias impressões anteriormente dissocia-
das, formulando um registro unificado do próprio corpo.
A mãe tende a reagir com uma atitude semelhante à de
um espelho, repetindo o gestual, as expressões faciais e os
sons que o bebê emite. O espelhamento é uma das manei-
ras de a mãe criar um vínculo com o filho, pois, mostrando-
se igual a ele, estabelece uma sintonia e a possibilidade de
a criança perceber-se igual ao que vê refletido na mãe, es-
timulando sua identificação com esta imagem. Podemos
dizer que é através do espelho dos olhos da mãe e de como
ela o interpreta, segundo as fantasias e desejos que nutre
em relação ao filho, que este vai se identificando e forman-
do sua própria imagem.
identidade,personalidadee sua relação com a imagem
Christiane Sauer
Capítulo 3 Identidade, personalidade e sua relação com a imagem
Capítulo 3 Identidade, personalidade e sua relação com a imagem
40 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
A primeira forma de relação que a criança mantém com
a própria imagem no espelho é de estranhamento. Ela mos-
tra curiosidade e fascinação, embora ainda não se reconhe-
ça nesta imagem. No processo de desmame, o bebê inicia
a elaboração da separação do corpo materno, passa a per-
ceber a mãe como um todo e a estabelecer uma fixação de
sua imagem em relação aos semelhantes.
Gradativamente, a figura do pai vai ganhando impor-
tância na vida do filho e, ao explorar novos territórios, há
sempre um ponto em que ele volta seu olhar para os pais.
Certificando-se da presença deles, sente-se seguro para
continuar a empreitada na qual se aventurou. Mas esse es-
tágio de desenvolvimento logo evolui para uma espécie de
confusão entre a imagem do outro e seu próprio eu, em que
a criança confunde-se com o outro e assim, não consegue
discriminar quem é o agente da ação. É só num terceiro
momento, por volta do sexto mês de vida, que a imagem no
espelho será reconhecida como uma representação de si
mesmo. Agora, o bebê não mais se confunde com o outro e
percebe que possui uma existência própria.
Sempre que ele realiza um novo feito, volta-se para os pais
esperando sua aprovação. Inicialmente, a reação dos pais
Foto
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Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 41
tende a ser muito entusiasmada, mas com o tempo, esta rea-
ção vai diminuindo e a criança busca novas formas de rece-
ber sua aprovação, o que impulsiona o seu desenvolvimento.
O amor dos pais suscita a identificação com as figuras
em torno das quais a identidade primária do filho se forma.
Esta é a operação pela qual o sujeito humano se constitui
como um indivíduo e proporciona a confiança e a segurança
em que a autoestima se baseia. É o movimento de reconhe-
cimento pelo qual a criança assume através da imagem de
si que recebe do outro, que ela pode realizar-se como um
indivíduo. Isso modifica profundamente sua relação com a
formação da imagem em geral e coordena as relações do
“eu” com os seus semelhantes. Daí o fato do “eu” ser sem-
pre uma espécie de outro interiorizado integrado à imagem
que vejo no espelho, somado ao que penso e sinto de mim.
A passagem do amor incondicional que tudo aprova e
narcisisa a criança, para o condicional, em que os pais es-
peram uma imagem do filho que ele desconhece, gera ten-
sões e inseguranças, trazendo consequências para a sua
autoimagem e o reconhecimento das próprias limitações.
Entre os seis e os dez anos de idade, a criança entra
num período de latência, em que o interesse antes centra-
do nas figuras parentais desvia-se para o aprendizado e
para as amizades. Gradativamente, desenvolve-se um con-
tato cada vez maior com o mundo externo e suas relações
ampliam-se tanto qualitativa quanto quantitativamente.
A vivência interna é profundamente dependente da
experiência com o mundo exterior, e este processo contí-
nuo de projeção do mundo interno no exterior e introjeção
desses aspectos modificados pela relação do sujeito com
o meio, contribui para a maneira pela qual o desenvolvimen-
to da percepção dos mundos interno e externo vai sendo
construído. A experiência que o sujeito tem de si é fruto da
interação que ele estabelece com o meio e gera o senso de
unidade dentro de uma existência contínua, que é denomi-
nado de identidade.
O mundo interno é constituído através da incorporação
de várias identificações adotadas nos diversos níveis do de-
senvolvimento. Essas identificações vão sendo sintetizadas
e integradas como um amálgama, formando a imagem que
a pessoa tem de si, sendo que este modo de experienciar
o mundo interno é conduzido através do desenvolvimento e
no decorrer de toda a vida.
Na adolescência, os hormônios deflagram alterações
cerebrais que levam a alterações físicas, comportamentais,
psíquicas, sexuais e sociais tão acentuadas que promovem
uma crise de identidade. Em apenas três anos, o adolescen-
te adquire de 20% a 25% da estatura e 50% da massa cor-
poral definitiva, ou seja, se vê em média 30 kg mais pesado
e de 30 cm a 50 cm mais alto do que era.
A imagem corporal deixa de corresponder ao antigo re-
flexo no espelho e, diante deste estranhamento, o adoles-
cente precisará realizar um profundo processo de adapta-
ção para ajustar-se a esta nova realidade corporal, que traz
consigo reverberações identitárias, tanto no plano subjetivo
quanto no social.
Ao final da adolescência, a imagem pessoal é caracte-
rizada pela avaliação global que fazemos de nós próprios e
baseia-se na integração de uma série de fatores, tais como:
a aparência física, a capacidade intelectual, o que possuí-
mos em termos de recursos internos e materiais, os víncu-
los afetivos, os valores culturais, a sexualidade e o reconhe-
cimento dos outros.
A adolescência de ambos os sexos realiza um tortuoso
processo de separação entre pais e filhos dando origem
Capítulo 3 Identidade, personalidade e sua relação com a imagem
Capítulo 3 Identidade, personalidade e sua relação com a imagem
42 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
a uma pessoa sexuada, desejante e dependente de que
alguém a queira. Neste sentido, a autoimagem desempe-
nha um papel muito importante para que o sujeito sinta-se
capaz de despertar o desejo e o amor alheios. Apesar do
esforço para estabelecer uma certa estabilidade, espera-se
que nesta etapa, o jovem perceba que a autoimagem possui
um valor simbólico e, portanto, mutável e flexível.
Estreitamente ligado à formação dos símbolos, encontra-
se o campo da estética e a representação do conceito do
belo. O belo, neste sentido circunscrito, é a manifestação
de todas as qualidades da personalidade incluindo a beleza
física, ou seja, é um conceito bastante amplo que supera
o que é simplesmente bonito. Assim, é importante que o
jovem amplie sua visão e inclua todas as suas qualidades
na percepção da imagem pessoal. Isso não desmerece a
beleza física, mas a coloca como um dos fatores que con-
tribui para a formação da imagem pessoal, assim como
todas as esferas da inteligência, a afetividade, o caráter, a
empatia, a criatividade, a sensibilidade, a integridade, a so-
ciabilidade, a capacidade de amar, a ética etc. Enfim, todo
o conjunto de qualidades que fazem de cada ser humano
um universo particular.
3.2 O impacto da primeira impressãoO desejo de prognosticar o interior segundo o aspecto
externo do outro é tão antigo quanto a própria humanidade,
pois entre os homens primitivos, quando um sujeito perce-
bia um reflexo de temor ou um rasgo de agressividade nos
olhos do outro, isso levava a tentar prever a necessidade
de uma reação de ataque, fuga ou aproximação com vistas
a uma colaboração. Era uma questão de sobrevivência. E a
confiança ou o receio podia ser favorecido pela compara-
ção com similaridades ou pela lembrança de episódios an-
teriores. No decorrer dos séculos, a experiência acumulada
foi sendo transmitida através das gerações.
Antes de conhecer uma pessoa, o outro só tem a sua
imagem como referência. É o impacto dessa imagem e,
principalmente, de seu rosto, que fará com que ele registre
uma impressão positiva ou negativa a seu respeito. A per-
cepção é instantânea e, vários fatores, muitos deles subje-
tivos e inconscientes, combinam-se para fazer com que a
pessoa processe a primeira impressão a respeito do outro.
São naqueles instantes iniciais em que se estabelece o pri-
meiro contato, que um sujeito abrirá ou fechará as portas
para conhecer o outro mais profundamente. Este é um pro-
cesso emocional e não racional. Acreditamos naquilo que
vemos e, apesar dos órgãos dos sentidos enganarem-se,
a percepção é cognitivamente impenetrável, ou seja, ela é
imune à correção intelectual. Um exemplo disso são as gra-
vuras do holandês Escher MC que criam efeitos paradoxais
e as ilusões de óptica. Há desenhos que nos dão a impres-
são de movimento e, apesar de racionalmente sabermos
que estão imóveis, podemos afirmar, categoricamente, que
eles se movimentam. Mesmo se o desenho for desmembra-
do e suas partes reunidas de forma a esclarecer o fenôme-
no, curiosamente a ilusão não se dissipa.
3.3 O rosto e a identidadeO corpo e o psiquismo são duas faces da mesma rea-
lidade, visto que o ser humano, como um ser total, intera-
ge sincronicamente. Por esta razão, devemos estudar as
relações entre a forma do rosto e seus elementos com a
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 43
psiquê de forma integrada, pois o todo supera a soma das
partes. Ao conhecermos as relações entre a mente e o cor-
po, desenvolvemos o autoconhecimento e a compreensão
dos outros, melhorando as relações interpessoais.
A face é a matriz da identidade e, como a maioria dos
receptores sensoriais, localiza-se próximo ao rosto; ele se
torna o portal de entrada e saída entre a interioridade e o
meio. Como os nervos que controlam os movimentos faciais
e fazem regressar as sensações a partir dos movimentos
faciais ao cérebro vão diretamente do cérebro ao rosto sem
passar pela medula espinhal. Essas ligações nervosas são
mais curtas e, portanto, mais rápidas na transmissão da
mensagem nervosa devido à proximidade entre a face e o
cérebro. Por conseguinte, fatos psíquicos são quase simul-
tâneos aos físicos, tornando a fisionomia uma fonte muito
rica de informações a respeito do sujeito e de sua interação
com o meio externo.
Paul Elkman (1980) estudou o reconhecimento das emo-
ções nas expressões faciais e constatou que movimentando
os músculos do rosto com a expressão de felicidade, após
algum tempo, os sujeitos sentiam felicidade e movimentando
os músculos do rosto com a expressão de aborrecimento,
depois de algum tempo, os sujeitos sentiam-se aborrecidos.
Quando solicitamos que uma pessoa responda com sin-
ceridade ou falsidade, microexpressões revelam se ela está
falando a verdade ou mentindo, por mais que tente esconder
ou disfarçar o que realmente está pensando e sentindo.
Muitas vezes, o corpo contradiz as palavras, pois aquele
revela as emoções enquanto estas revelam os pensamen-
tos. Como nem sempre temos consciência ou queremos
que os outros saibam de nossas reais emoções, é conve-
niente confiarmos mais no que o corpo revela do que as pa-
lavras dizem.
A forma é um processo e, como tal, não pode ser vista
como uma unidade estática. Ela é o resultado da informa-
ção que a anima e do que é duradouro. A forma do rosto
expressa o que é estrutural em termos de personalidade, e
as áreas maleáveis da face expressam a dinâmica da perso-
nalidade da pessoa.
3.4 PersonalidadeA palavra personalidade deriva do vocábulo persona e
refere-se às máscaras usadas pelos atores de teatro na
Grécia antiga. Este termo comporta o sentido da variedade
de papéis desempenhados ao longo da vida, em diferentes
situações, além da interface entre a própria pessoa e o am-
biente que a cerca. A persona tem a peculiaridade de reco-
brir o rosto, protegendo-o, escondendo-o e até misturando-
se a ele, ao mesmo tempo em que revela e apresenta seu
portador. Assim, a personalidade mostra uma combinação
intersubjetiva complexa e única, tal qual uma impressão di-
gital psíquica.
Desde os tempos antigos, questões relativas à persona-
lidade ocupam a mente do homem. Buscamos desenvolver
sistemas capazes de descrever, mensurar e qualificar a
personalidade. Muitos tentaram classificá-la, sem encon-
trar terminologias que abarcassem todos os seus matizes
e nuances. Ao longo dos séculos, teorias surgiram e deba-
tes sobre o tema passaram a ser travados nos campos da
Psicologia, Filosofia, Sociologia e Medicina.
Esses questionamentos são uma tentativa de explicar
por que, apesar da essência do ser humano ser a mesma,
cada um se discrimina e elabora de forma tão particular os
aspectos de sua história, tornando-se um ser humano único e
diferente de todos os demais, com qualidades específicas que
formam seu caráter e sua identidade pessoal. Tais caracte-
rísticas são uma combinação de fatores genéticos, biológicos,
psíquicos, cognitivos, familiares, culturais, sociais e ambien-
tais. A formação da personalidade constitui-se e diferencia-se
pela resultante da interação de todos esses fatores com a
maneira particular que cada indivíduo combina essas carac-
Capítulo 3 Identidade, personalidade e sua relação com a imagem
Capítulo 3 Identidade, personalidade e sua relação com a imagem
44 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
terísticas nos vínculos afetivos e na interação com o ambiente
dentro do contexto de sua história de vida.
Apesar dos aspectos estruturais da personalidade con-
solidarem-se aos 21 anos, os aspectos dinâmicos permane-
cem em processo de desenvolvimento constante pelo resto
da vida, em função da relação do sujeito com o meio. A maio-
ria dos aspectos da personalidade são inconscientes, razão
pela qual muitas vezes precisamos do auxílio de testes psico-
lógicos para avaliá-la. As técnicas projetivas são considera-
das atualmente pelos expoentes na área de Psicodiagnósti-
co como as mais eficazes em revelar os aspectos ocultos e
latentes da personalidade.
3.5 Personalidade e identidade visual“Quando tomo uma decisão de pequena importância,
sempre considero uma vantagem ponderar sobre todos os
prós e os contras. Porém, em assuntos vitais, como a es-
colha de uma companheira ou de uma profissão, a decisão
deve vir do inconsciente, de algum lugar dentro de nós mes-
mos. Nas importantes decisões da vida pessoal, penso que
devemos ser governados pelas mais profundas necessida-
des interiores de nossa natureza” (Sigmund Freud).
O ser humano, além de ver e ser visto, pode se ver,
olhando a si mesmo no espelho. Seu rosto revela e oculta
aspectos de sua personalidade, tanto para si quanto para os
outros. A personalidade é criada desde os primórdios do de-
senvolvimento e vai sendo transformada ao longo dos anos.
Cada modificação na imagem afeta a pessoa psicologi-
camente, porque altera o modo que ela se vê e é vista e o
que revela e oculta de si, influindo em seu comportamento e
na sua relação com o mundo externo. Ao mesmo tempo, o
rosto registra a memória da vida e de como a vivemos, pois
é no rosto em que se manifestam todos os aspectos da per-
sonalidade. O formato do rosto e seus elementos, as linhas
de expressão, o grau de ativação das estruturas, o equilí-
brio e a harmonia das mesmas, as proporções e o grau de
integração e interação delas denotam fisicamente a manei-
ra de ser de cada um. Por exemplo: uma pessoa saudável,
feliz consigo mesma e satisfeita em seus relacionamentos,
tende a projetar sua felicidade na realidade, demonstrando
uma atitude ativa e confiante, o que no rosto manifesta-se
através de olhos brilhantes e vivazes e do sorriso aberto e
com os cantos inclinados para cima, chegando a provocar
a formação de algumas rugas ao redor dos olhos. Com o
tempo, as pessoas tenderão a vê-la e tratá-la como alguém
de bem com a vida e, essa pessoa, a cada vez que se olhar
no espelho e vir aquela figura realizada ou se relacionar
com alguém que a encare desta forma, reintrojetará uma
figura ainda mais positiva e se sentirá melhor do que antes,
criando um círculo virtuoso.
Os aspectos negativos da personalidade nada mais são
do que o mau uso ou o desequilíbrio de aspectos positivos.
Um bom exemplo disso é a agressividade. Se bem utilizada,
ela pode ser extremamente construtiva, no sentido de levar
o indivíduo a lutar por seus objetivos, levando-o a competir
saudavelmente de forma a superar suas dificuldades, além
de ser um importante fator na sexualidade, na colocação
de limites e, por conseguinte, na preservação da vida física
e mental. No entanto, se a agressividade estiver muito exa-
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 45
3.6 Referências1. Spitz RA. O primeiro ano de vida. Martins Fontes; 1983.
2. Hinshelwood RD. Dicionário do Pensamento Kleiniano. Artes Médicas; 1992.
3. Freud S. Três Ensaios sobre a teoria da sexualidade (1905). In: Obras Completas. Amorrortu 7;1993.
4. Gabarre J. Morfopsicologia: o rosto e a personalidade. A Esfera dos Livros; 2009.
5. Dunker CIL. O olhar adolescente: corpos em transição. Ediouro; [s.d.].
6. Chauí M. Convite à Filosofia. Editora Ática; 2004.
cerbada poderá gerar violência e explosividade. Se estiver
muito reduzida ou reprimida pode tornar a pessoa passiva,
incapaz de se defender, além de poder desencadear trans-
tornos de humor e de sexualidade.
Também é preciso observar os mecanismos de compen-
sação com os quais o sujeito conta para se equilibrar. Por
exemplo: um sujeito muito impulsivo pode valer-se de vários
aspectos de maior ou menor grau de desenvolvimento para
compensar esta característica, tais como: o autoconheci-
mento e controle consciente das expressões de afeto de
forma madura, juízo crítico elevado, reduzida disponibilidade
para agir e submissão às normas e padrões sociais. Caso
não disponha desses recursos, muitos destes mecanismos
compensatórios podem ser desenvolvidos ao longo da vida,
pois fazem parte dos aspectos dinâmicos da personalidade
do indivíduo.
Algumas pessoas se escondem atrás de imagens nega-
tivas ou se apegam a imagens de um passado em que se
sentiam mais seguras ou felizes, mas que não corresponde
a sua realidade atual. Há ainda, pessoas que escondem as-
pectos importantes da personalidade ou revelam uma iden-
tidade falsa, outras buscam compensar sentimentos de infe-
rioridade através da imagem, em uma tentativa de agradar
o outro ou adequar-se ao meio externo. Mesmo sendo muito
“adequadas” ou seguindo as tendências da moda, estas pes-
soas não souberam criar uma identidade própria e, por isso,
não se veem como indivíduos autônomos e autênticos, o que
se expressa através de uma imagem incongruente com sua
verdadeira personalidade.
Muitas vezes, quando uma mudança da imagem revela
uma característica que estava oculta, o sujeito pode não sa-
ber lidar com tal aspecto de sua personalidade, razão pela
qual se protegia dele, ocultando-o de si e dos outros. Caso
não disponha de nenhum mecanismo compensatório para
lidar com sua dificuldade esta alteração pode causar danos
à sua vida. Portanto, é preciso ter cautela na mudança da
imagem, pois apesar de afetar o comportamento e a auto-
estima, ela não tem o poder de alterar a estrutura da per-
sonalidade de ninguém. O mais indicado é orientar o sujeito
na construção de uma identidade visual que revele sua real
estrutura de personalidade, possibilitando que ele vivencie
plenamente suas qualidades e amenize suas dificuldades,
através de alterações nos mecanismos compensatórios ne-
cessários, expressando, desta forma, os melhores aspectos
de sua verdadeira identidade.
“O Visagismo ensina o profissional a ler a imagem da pes-
soa, o que cada linha, formato, proporção e cor expressa, e
como afeta as pessoas emocional e psicologicamente. Ensi-
na como o profissional pode ajudar seus pacientes a estabe-
lecer uma imagem pessoal que os identifiquem positivamen-
te para o mundo e para si mesmos, com um comportamento
em sintonia com o melhor de si” (Phillip Hallawell).
Capítulo 3 Identidade, personalidade e sua relação com a imagem
46 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Capítulo 4 Morfos
46 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
4.1 A função define a forma (funções mastigatória e comunicativa)
O termo morfologia tem sua origem na língua grega,
sendo que o prefixo morfos significa forma e logos signi-
fica estudo; portanto, a tradução precisa do termo seria
estudo das formas. Esse termo abrange várias áreas do
conhecimento humano, entre elas, a linguística. No estudo
da estrutura, formação e classificação das palavras, a ma-
temática e a biologia, essa no estudo da forma de um ser
vivo ou parte dele.
Na Odontologia, morfologia é o estudo das formas que
compõe o sistema estomatognático, ou seja, o formato de
lábios, língua, músculos, estruturas ósseas de suporte, gen-
giva e dentes1.
O estudo das formas de maneira geral mudou com o ad-
vento da teoria de Louis Sullivan (1856-1924), consagrado
arquiteto americano, considerado “pai” da Arquitetura ame-
ricana moderna, que trabalhou na moderna escola de arte
Bauhaus2 e desenvolveu uma teoria sobre o estudo das for-
mas que mudaria o mundo do design e arquitetura. Segundo
ele a função de um objeto define sua forma. Esse conceito
hoje nos parece óbvio e simples demais, mas provocou gran-
de mudança no universo do desenho de objetos e arquitetu-
ra. Pensava-se mais na estética dos projetos e deixava-se a
funcionalidade para segundo plano até que Sullivan mudou a
maneira de se pensar a arquitetura, o desing e a comunica-
ção visual com seu conceito de funcionalidade3-4.
morfosBráulio Paolucci
Louis Sullivan Foto
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Ilus
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Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 47
Capítulo 4Morfos
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 47
Na natureza a função está na base do desenho anatô-
mico de cada ser vivo. A evolução tem premiado, ao longo
de milhões de anos, características físicas que tragam
consigo alguma vantagem de sobrevivência e reprodução
para determinada espécie. A evolução se prestou a sele-
cionar aquelas formas mais apropriadas a determinadas
funções num universo de formas possíveis. Esse processo
nunca se encerra, sendo que variações ambientais exigem
novas formas para um melhor desempenho e, assim, o
processo está sempre em curso enquanto houver mu-
danças. A forma orgânica será sempre variável de acordo
com a necessidade5.
A evolução seleciona desenhos de formas mais adapta-
dos à realidade, ou seja, mais funcionais. E essas formas são
passadas para futuras gerações ao mesmo tempo em que
vão sendo aperfeiçoadas. Para a natureza a forma física ideal
desempenha determinada função com maestria, mínimo des-
gaste físico e gasto energético. Exemplos disso não faltam ao
mundo natural, como o desenvolvimento de asas para voar,
caudas e barbatanas para nadar e uma inesgotável variedade
de formas perfeitamente desenvolvidas para a execução de
tarefas que garantissem a sobrevivência e consequente re-
produção dos indivíduos de cada espécie.
Analogias de formas entre avião e pássaro, torpedo e peixe barracuda. Formas perfeitamente adaptadas à sua função.
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48 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Capítulo 4 Morfos
48 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
No ambiente da Odontologia, observam-se grupos dentá-
rios que se desenvolveram em formas específicas de acordo
com sua função. Por exemplo: incisivos com formato de pá se
prestam a cortar, assim como caninos em forma de lança são
apropriados a dilacerar, enquanto molares e pré-molares com
mesas oclusais são excelentes na masseração de alimentos6.
Há de se considerar que assim como os dentes, outros elemen-
tos como ossos, gengiva, crânio e face se desenvolvem conjun-
tamente buscando a excelência da função.
A base óssea, os dentes, assim como o fenótipo periodon-
tal e a estrutura muscular possuem estrita relação entre si
de tal forma que numa face retangular (musculatura forte),
com mandíbula larga e projetada para anterior, é comum se
encontrar bom suporte alveolar e fenótipo periodontal espes-
so com larga faixa de gengiva queratinizada, dentes robustos
e com raízes longas para serem capazes de suportar e guiar
essa mandíbula em suas excursões de lateralidade, protusão
e mastigação, enquanto que em faces longelíneas e delgadas
com mandíbula pouco marcante, geralmente encontra-se fe-
nótipo periodontal delgado, com fina tábua óssea de suporte
dental e dentes mais delicados7-8.
Animais mais desenvolvidos como os mamíferos geralmen-
te apresentam arcos dentários em heterodontia ou anisodon-
tia, ou seja, grupos dentários diferentes entre si como incisivos,
caninos, pré-molares e molares. Já na maioria das demais es-
pécies, como peixes e répteis, a isodontia é mais comum, com
arcos dentários constituídos de dentes com o mesmo formato,
na maioria das vezes, pontas de lança em tamanhos variados
em todo o arco1. Em arcadas dentárias de mamíferos de gru-
pos alimentares específicos, como carnívoros, encontram-se
dentes com formas parecidas entre si, formas cônicas ou em
lança. Como caninos são comuns nesses animais e mesmo
tendo grupos dentais diferentes como incisivos, caninos e mola-
res, ambos apresentam uma forma muito parecida adequada
à função mastigatória que lhes cabem.
Os dentes humanos apresentam-se com variados for-
matos de acordo com variadas funções em detrimento de
uma alimentação onívora, ou seja, uma alimentação variada
com grupos de alimentos diversos, como sementes, carnes,
Incisivos: função de corte e incisão como uma pá. Caninos: função de perfuração e dilaceração, como lança.
Molares: função de masseração de alimentos como o pilão.
(a) Crânio de primata com dentes em heterodontia e (b) Crânio de réptil com dentes em isodontia.
a
bFo
tos:
isto
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otos
Foto
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.hu
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 49
Capítulo 4Morfos
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 49
frutos, verduras etc. No entanto observa-se uma grande va-
riedade de formas dentro de um mesmo grupo dentário em
nossa espécie, como incisivos, e essas variações múltiplas
de forma não são explicáveis pela função mastigatória, que
no caso de incisivos seria o corte, pois todas as formas en-
contradas de incisivos se prestam a cortar. O que estaria
por trás dessas variações de forma? Provavelmente outra
função, a comunicativa (Figuras 1a e 1b).
Não apenas os incisivos apresentam variações de forma
não explicáveis pela função mastigatória, mas também os
demais dentes, gengiva, lábios, estrutura óssea, muscular e
tegumentar, só para ficar no ambiente odontológico.
Assim como dentes e gengiva, ossos, cartilagens, múscu-
los e pele se relacionam para modelar a face, que pelo for-
mato geral e de suas feições, está intimamente relacionada
ao senso de autoimagem de cada indivíduo, sendo considera-
da como a sede da identidade visual do ser humano. Traços
de personalidade podem estar expressos na configuração
visual da face e do sorriso.
O Visagismo se propõe a estudar o significado expressivo
das formas e sua relação com aspectos da personalidade.
Para o visagista uma forma qualquer nunca se encerra em si.
Através da investigação das linhas ou arquétipos básicos de
Figuras 1Formatos distintos de incisivos: (a) Formato oval e (b) Formato retangular.
a b
50 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Capítulo 4 Morfos
50 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
sua configuração é possível conhecer o que essa forma está
comunicando visualmente de maneira subliminar, ou seja, a re-
lação entre sua morfologia e sua função comunicativa.
4.2 Sorriso e comunicação visual
O sorriso é, desde os primórdios da humanidade, uma
fortíssima maneira de se comunicar, expressar sentimen-
tos, seduzir, aproximar, convencer, e faz isso sem precisar
de palavras. Isso é o que se chama de comunicação não-
verbal, ou seja, a capacidade de se expressar através de
gestos e/ou imagens sem o uso do artifício da linguagem
verbal9. Na situação específica do sorriso esse tipo de co-
municação se dá de duas maneiras principais: a expressão
de sentimentos e emoções através da ação muscular (diver-
sos tipos de sorrisos) e a expressão visual dos elementos
constituintes do sorriso através de suas formas ou mais de-
talhadamente através do significado arquetípico das linhas
e cores de sua constituição.
4.3 Sorriso e expressão emocional
Entende-se por sorriso, a entidade visual representati-
va do ato de sorrir. Dentes, gengiva, lábios e músculos em
ação conjunta comunicando um estado emocional. Apenas
seres humanos, de todos os animais existentes, têm essa
capacidade. Quando se diz “sorriso”, a maioria das pessoas
o associam àqueles sorrisos da mídia, estampados na maio-
ria das capas de revistas de moda e beleza, com pessoas
expressando um estado de espírito de alegria e felicidade. No
entanto o sorriso, juntamente com os demais elementos de
expressão facial, é capaz de comunicar quase todos os es-
tados emocionais e sentimentais10-11 como simpatia, amor,
raiva, vergonha, sarcasmo, tristeza, felicidade e desconfiança
(Figuras 2). A interpretação visual da expressão do sorriso é
feita pelo cérebro do observador de maneira emocional, ou
seja, é instantânea e involuntária, representando nas mais
diversas expressões do sorriso nada mais do que símbolos
visuais arquetípicos.
Figuras 2Boca e expressão visual.
D. Pedro IImagem retirada do site do Museu Imperial, Petrópolis/Rj.
Ana
Car
olin
a Lim
a (a
triz)
Imag
em -
Mar
cela
Bar
ros
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Capítulo 4Morfos
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 51
A representação do sorriso com dentes saudáveis à mos-
tra é um fato recente e exclusivo da sociedade moderna. Ao
longo da história da humanidade, o ser humano era repre-
sentado em pinturas e esculturas sempre com o sorriso con-
tido, sendo que nas raras imagens em que se representava
o sorriso, era como atributo negativo, significando doença,
morte ou loucura. Qualquer exposição de dentes era conside-
rada vulgar. A boca sempre representou para o ser humano
uma fonte de prazer e sensualidade12-13.
Um exemplo marcante seria o famoso sorriso de Mona
Lisa, em que ela fora representada por Da Vinci com um sor-
riso discreto e enigmático14.
Há dois tipos principais de sorriso: o autêntico ou emo-
cional e o sorriso social ou voluntário15. O sorriso autêntico
corresponde a uma reação emocional involuntária instantâ-
Figuras 3
(a) Sorriso social e (b) Sorriso autêntico com envolvimento de musculatura facial complementar como os orbiculares dos olhos.
a b
nea, que geralmente ocorre automaticamente frente à deter-
minada situação. É incontrolável e arrebatador, geralmente
concomitante à contração de mais músculos de expressão
facial, como os orbiculares dos olhos. Já o sorriso social é
produzido pelo córtex cerebral (parte pensante), é consciente,
produzido de acordo com a situação social, não expressando
emoções ou sentimentos verdadeiros, mas tem papel impor-
tante na harmonização de relações interpessoais (Figuras 3a
e 3b). É um forte elemento no processo de socialização e, cer-
tamente, facilitou aos seres humanos a vida em comunidades
formadas por grande número de indivíduos. Tende a reforçar
a imagem de cordialidade, gerar simpatia num primeiro en-
contro e facilitar acordos socioeconômicos16.
Ana
Car
olin
a Lim
a (a
triz)
Imag
em -
Mar
cela
Bar
ros
Sorriso enigmático de Mona Lisa.
52 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Capítulo 4 Morfos
52 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Para os profissionais da Odontologia, o sorriso pode ser
classificado, segundo a maneira como é observado, como
estático ou dinâmico. Sorriso dinâmico é aquele observado
rapidamente, ao vivo, nas mais variadas situações do dia a
dia, enquanto sorriso estático é aquele observado em foto-
grafias e pinturas, de tal forma que sua imagem é imóvel.
Na interpretação do sorriso dinâmico, outros elementos
visuais da face entram em cena, afirmando ou refutando
a mensagem passada pelo sorriso. O profissional de Odon-
tologia vai valer-se exaustivamente da análise do sorriso,
tanto estático (fotos) quanto dinâmico (filmes), com o obje-
tivo de identificar possíveis causas de insatisfação estética,
como também possibilidades restauradoras na elaboração
do plano de tratamento.
No trabalho clínico é importante ao profissional desen-
volver estratégias para conseguir de seus pacientes sorri-
sos autênticos, pelo fato de poder se observar nesse tipo de
Figuras 4Protocolo fotográfico facial frontal para planejamento proposto por Coachman.
a b c d
sorriso o quanto de estruturas dentais e gengivais são nor-
malmente expostos em situações reais. No entanto, profis-
sionais que trabalham diariamente com imagens em seus
consultórios sabem o quanto é difícil capturar em suas len-
tes esse tipo de sorriso. Assim, é mais fácil seguir um pro-
tocolo fotográfico que utilize o sorriso voluntário como base
para uma análise dentária estética ou utilizar a filmagem
como substituto da fotografia, onde se consegue, através
do estímulo adequado do paciente, capturar situações de
sorriso autêntico com mais facilidade. E, então, a partir do
congelamento de imagens, conseguir fotografias do sorriso
emocional, além de poder observar o sorriso dinâmico em
ação17-19 (Figuras 4a a 4d). Na avaliação dinâmica do sorri-
so pode-se observar as relações dinâmicas entre dentes e
lábios, além de analisar suas relações na fala.
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 53
Capítulo 4Morfos
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 53
4.4 Estruturas do sorriso e expressão visualO terço inferior facial compreende desde a base do na-
riz até a base do mento, abrangendo toda parte inferior da
face (Figura 5). Nele encontram-se estruturas como maxila,
mandíbula, boca – incluindo lábios e estruturas intraorais –,
além de toda a musculatura e tecidos componentes do sis-
tema estomatognático. Do ponto de vista morfopsicológico,
é nesse terço que se manifestam, através de variadas for-
mas, aspectos pessoais como comunicação, sexualidade,
afetividade, vontade e agressividade.
A boca é a estrutura dominante nesse terço, sendo uma
das áreas faciais mais observadas pelo olho humano em suas
excursões pelo rosto humano20-22. Compreende-se a boca
desde lábios, limite externo, até a orofaringe, limite interno.
É a estrutura relacionada à comunicação e expressão, além
de estar correlacionada a sexualidade e afetividade. A sua
comunicação se dá de duas maneiras, sendo uma a comu-
nicação verbal e outra a comunicação não verbal. A primeira
forma de comunicação se dá através da expressão de sons
pela articulação de lábios, língua e demais músculos periorais
contra dentes e processos alveolares dos ossos componen-
tes do terço inferior. Já a segunda maneira de comunicação
se dá de forma estática através de um conjunto de signos
e símbolos componentes da própria estrutura oral, tal como
forma dos lábios, formas dentais e sua disposição nos arcos,
especialmente dos seis elementos anterossuperiores, forma
dos arcos dentários etc. Também a comunicação não verbal
se dá de forma dinâmica através das diversas maneiras de
contração labial desenvolvendo muitas formas de expressão
emocional do sorriso, como sorriso triste, alegre, tímido, so-
cial, malicioso, envergonhado, de desprezo etc. Essas estru-
turas tanto estáticas quanto dinâmicas são compostas de
linhas, ângulos, formas e cores que são interpretadas de ma-
neira emocional.
O objetivo de estudo do Visagismo é a comunicação não
verbal estática, pois conhecendo-se as diversas maneiras
de expressão não verbal, as formas e símbolos por trás de
cada tipo de expressão, o ciurgião-dentista será capaz de
construir desenhos de reabilitação com significado próprio
que deverá estar de acordo com a vontade de expressão e
identidade do paciente avaliado na consultoria (ver Capítulo
Consultoria), isso trará certamente mais satisfação e reali-
zação pessoal a ambos.
O sorriso, como estrutura visual, também é constituí-
do por várias linhas, ângulos, formas e cores, que têm ex-
pressão própria de acordo com a simbologia arquetípica,
Figura 5
Divisão da face em terços - terço inferior.
54 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Capítulo 4 Morfos
54 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
sendo de responsabilidade da equipe restauradora a com-
preensão e o domínio desses elementos para intervir com
segurança e previsibilidade em suas reabilitações (Figura
6). Na análise do sorriso estático, vários elementos da sua
composição poderão ser minuciosamente avaliados pelo
profissional e o significado comunicativo de cada elemento
ser avaliado, tais como: forma dos lábios, amplitude da boca
ao sorrir, linha dos zênites gengivais, linhas das ameias in-
cisais, formas dentais, posicionamento dental 3D, relação
de dominância no arco ou peso visual, plano incisal, formato
das incisais etc.
4.4.1 Lábios
Os lábios têm função comunicativa importante no sor-
riso, e exercem essa função tanto por seu formato quanto
pela sua espessura e amplitude de abertura no sorriso. Re-
presentam a moldura do sorriso. Seu desenho, volume e to-
nicidade exercem grande influência nas exposições dental e
gengival, com suas consequentes expressões visuais. A re-
lação entre lábios superior e inferior representa importante
elemento na investigação de sua comunicação não-verbal.
Expressam emoções pelas mais diversas maneiras de con-
tração muscular, sem que para isso sejam necessárias
palavras, mas também a sua própria estrutura estática co-
munica, de maneira que lábios finos com cantos da boca ca-
ídos (Figura 7a) expressam autocontrole, submissão e tris-
teza, enquanto lábios grossos (Figura 7b) com amplitude de
sorriso regular (até segundo pré)23 expressam autoridade,
força temperamental, sensualidade latente, materialismo.
Lábios em forma de cupido (Figura 8) expressam doçura,
grande afetividade e cuidado na expressão verbal.
A estrutura labial pode apresentar variada tonicidade
numa população, diversificando-se entre as raças, os sexos
e a idade; a quantidade de exposição gengival está direta-
mente relacionada a essa estrutura. A exposição gengival
Figura 6
Diversas linhas configurantes intraorais do desenho do sorriso.
Figuras 7
(a) Lábios finos com cantos da boca levemente caídos expressando tristeza, reserva e/ou envelhecimento
e (b) Lábios volumosos, expressando sensualidade, vigor físico e jovialidade.
ab
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 55
Capítulo 4Morfos
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 55
pode ser classificada como alta ou linhas do sorriso alta,
média ou baixa, (linha do sorriso baixa), Figuras 9a a 9c.
Lábios regulares, sendo que o lábio superior representa
metade ou 1/3 do lábio inferior, geralmente exibem gran-
de amplitude de sorriso (além de segundo prés)23. E grande
exposição gengival (Figuras 10a e 10b), geralmente estão
relacionados e extroversão, simpatia e muita comunicação
verbal. Já lábios espessos, de desenho horizontal, de modo
geral estão associados a baixa exposição gengival, e a ca-
racterísticas comunicativas de cordialidade, tranquilidade e
timidez (Figura 11).
Figura 8
Lábios em forma de cupido expressando feminilidade e delicadeza.
Figuras 9
(a) Linha do sorriso alta;
(b) Linha do sorriso
média; e (c) Linha
do sorriso baixa.
Figuras 10
Sorriso amplo,
com grande exposição,
demonstrando grande
expressão comunicativa,
transparência emocional
e abertura social.
Figura 11
Sorriso largo
e horizontalizado.
a b c
a b
56 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Capítulo 4 Morfos
56 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
A forma e tonicidade dos lábios também es-
tão associadas à quantidade de exposição den-
tal em situação de repouso muscular com suas
consequentes conotações comunicativas. Por
exemplo: quanto mais se expõe incisivos centrais
superiores, menor tende a ser a tonicidade mus-
cular labial, expressando características visuais
relacionadas a jovialidade, dinamismo e entu-
siasmo, enquanto a ausência de exposição visual
desses elementos dentais relaciona-se a alta to-
nicidade muscular, a idade avançada, conserva-
dorismo e comportamento reservado20,24-25.
4.4.2 Dentes anterossuperiores
Os elementos dentais anterossuperiores se-
rão o foco dos estudos do visagismo dental, por
se tratar, segundo a literatura odontológica, da
região oral que concentra mais informações co-
municativas não-verbais. Esses elementos vão de
canino superior esquerdo a canino superior direi-
to, passando pelos incisivos laterais e centrais
(Figura 12).
Os incisivos centrais são os elementos den-
tais mais importantes em relação à comunicação
não-verbal pela posição de destaque que ocupam
Figura 12
Dentes componentes do
segmento anterossuperior
(de canino esquerdo a
canino direito).
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 57
Capítulo 4Morfos
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 57
na boca, expressando informações gerais acerca
de nossa personalidade20, 26-27. Seu formato perce-
bido10-13 é determinado pela área que reflete a luz
diretamente para a frente, ou seja, a área compre-
endida entre suas cristas de reflexão de luz mesial,
distal, sua cervical e sua incisal28, formando a “si-
lhueta de Pincus29” (Figura 13).
Os centrais geralmente apresentam formato
básico da coroa trapezoidal1, mas apresentam múl-
tiplas variações de forma, que de acordo com as
linhas predominantes ou símbolo arquetípico final
da forma podem expressar mensagens específi-
cas9 (ver Capítulo Composição). De maneira geral,
o seu terço vestibular distal é o principal elemento
de caracterização de forma, mas a sua cervical e
a sua incisal também têm papel importante nesse
aspecto; e seu terço vestibular mesial tem menor
importância na caracterização da forma1. Alguns
estudos associavam a morfologia de centrais com
a forma da face invertida30-33.
Incisivos retangulares e quadrados geral-
mente possuem seus zênites gengivais mais
deslocados para distal que triangulares e ovais.
A forma do contorno cervical exerce grande in-
fluência sobre a percepção da forma de centrais
(Figuras 14a a 14c).
Figura 13
Área de reflexão de luz influenciando na percepção da forma do dente.
Figuras 14
A influência do formato dental no posicionamento do zênite gengival: (a) Central retangular e o zênite posicionado para distal
e (b) Central oval e triangular apresentando zênites mais centralizados.
a b c
58 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Capítulo 4 Morfos
58 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Incisivos laterais são dentes que comunicam
em relação a elementos intelectuais e/ou emo-
cionais da personalidade20. Estão ligados ao ele-
mento feminino da psiquê (anima)34. Geralmente
apresentam menos variações de forma que cen-
trais, sendo que essas variações são principal-
mente caracterizadas por sua incisal, contorno
mesial, distal e ângulo incisodistal. No entanto
sua relação de dominância com os vizinhos (cen-
tral e canino) e sua posição no arco são impor-
tantes maneiras de expressão visual e devem ser
explorados pela equipe restauradora na persona-
lização de trabalhos (Figuras 15a a 15c).
Figuras 15
Diferentes tipos de incisais em incisivos laterais e sua influência sobre a percepção da forma nesses dentes.
a b c
Caninos são dentes relacionados a ação, agres-
sividade e dinamismo35. Sua função é indicada pela
forma cônica da coroa, que termina em linhas an-
gulares inclinadas que formam sua ponta de lança
(Figura 16). É um instrumento perfeito para a pe-
netração e, segundo Darwin, penetra mais profun-
damente na carne do que laterais e centrais. Mas
o mesmo autor relata que sua forma perdeu um
pouco de sua função, pois hoje já não se presta a
dilacerar seus inimigos.
No entanto esse elemento ainda não sofreu
com a redução evolucionista e seu volume acaba
significando um exagero nos tempos atuais para
muitos pacientes. Portanto, sua expressão visu-
al de perigo acabou sendo superdimensionada e
muitos clientes acabam se sentindo incomoda-
dos com seu aspecto e procuram profissionais
para fazer sua redução visual. Isso para expres-
sarem mais suavidade com sua imagem e me-
nos agressividade, por terem intuitivamente uma
noção do profundo impacto que uma imagem
agressiva gera nos relacionamentos pessoais
em suas várias facetas.
Estudos de paleontologia apontam clara-
mente a função agressiva desses dentes, pois
animais que apresentavam alimentação predo-
Figura 16
O canino e sua configuração em formato de lança, adequado a perfurar e dilacerar.
O canino e sua expressão visual
de agressividade.
Foto
: isto
ckph
otos
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Capítulo 4Morfos
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 59
minantemente herbívora muitas vezes apresen-
tavam caninos volumosos e bem visíveis como
os anomodontes, grandes herbívoros que re-
ceberam esse nome em virtude dos enormes
caninos. Esse fato ilustra que mesmo não se
prestando ao corte e dilaceração de alimentos o
canino serviria de proteção numa época em que
grandes répteis carnívoros representavam uma
ameaça constante para os herbívoros36.
São dentes relacionados ao elemento mas-
culino da psiquê (animus), Jung. Assim como os
laterais suas variações de forma são menos im-
portantes que seu posicionamento no arco e sua
relação de dominância com os demais elementos
constituintes da bateria anterossuperior. A ana-
tomia de seu contorno vestibular, visto de frente,
seu contorno mesial e sua incisal representam um
caminho interessante na personalização de reabi-
litações (ver Capítulo Composição).
4.4.3 Arco superior
“A morfologia e função da nossa arcada den-
tária é bem próxima à morfologia do nosso crâ-
nio. As variadas funções comunicativas de nossa
cabeça e face estão todas encontradas na for-
ma de nossa arcada dentária” Jan Hatjó.
O formato do arco superior geralmente se
relaciona ao formato de nossa face e se apre-
senta resumidamente em quatro tipos princi-
pais, como retangular, oval, triangular e circular
larga. Formas decorrentes da mistura desses
tipos básicos são muito frequentes37-39.
A forma retangular ou quadrada expressa
força, principalmente por condicionar a um posi-
cionamento dental dos elementos anterossupe-
riores mais retilíneo (ver Capítulo Composição).
A forma triangular expressa dinamismo, e com a
projeção de centrais para anterior sugere impul-
sividade e extroversão. A forma oval alinha bem
os elementos dentais e por esse motivo expres-
sa harmonia, controle, ponderação. Já o formato
circular largo expressa estabilidade, calma, mo-
notonia (Figuras 17a a 17d).
Figuras 17
Diferentes tipos de arcos superiores: (a) Retangular; (b) Circular; (c) Oval; e (d) Triangular ou angulado.
a b c d
60 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Capítulo 4 Morfos
60 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
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39. Gysi A. Unregelmassige stellung der frontzähne für pros-thetische arbeiten. Schweiz Monatsschr Zahnheilkd 1936; 46:58.
40. Lavelle CLB. The relashionship between stature, skull, den-tal arch and tooth dimensions in different racial goups. Or-thodontist Spring 1971;7.
4.5 Referências
Bráulio Paolucci
Linguagemvisual artística
5.1 Composição psicodentalofacial
“Em minha opinião, a arte nada mais é do que o desen-
volvimento de ideias determinadas, do mesmo modo que
na natureza os seres são o desenvolvimento definitivo de
determinados genes.”
Wassily Kandinsky
O conceito básico da arte é o desenvolvimento de ideias
acerca de um tema (ver Capítulo 1 Conceito de Visagismo
e seu Método) e, mais precisamente na arte visual, o de-
senvolvimento de uma imagem que expresse a intenção
de seu autor. Nesse contexto, a compreensão dos varia-
dos elementos de construção de imagem é fundamental ao
autor para conseguir criar uma imagem que traduza sua
intenção. Da mesma maneira, a compreensão do conceito
de composição visual o ajudará no processo de criação.
Para Wassily Kandisnky, pintor russo, educado em ale-
mão, precursor da arte abstrata e um dos maiores estu-
diosos sobre os elementos da arte pictória, é necessário
ao artista compreender a diferença entre os conceitos de
construção e composição artística. Para ele, a construção
seria a organização racional dos elementos visuais (cores e
formas). “Construir é estabelecer no espaço, um conjunto
coerente, compreensível e reprodutível ou repetível”1. Já
a composição artística seria a junção de elementos distin-
tos (unidades), ora coerentes, ora antagônicos de maneira
harmônica, respeitando os fundamentos de criação visual
(fundamentos de estética) para traduzir visualmente um
conceito ou a intenção do autor1-2.
No âmbito odontológico, uma organização de elementos vi-
suais dedicada a transmitir sensações, emoções e expressar
visualmente características de uma personalidade, requer do
profissional uma investigação mais profunda para determina-
ção “daquilo a ser feito”, e é nesse sentido que o Visagismo
procura colaborar com seu método de consultoria3.
Os profissionais de Odontologia, de certa maneira, traba-
lham com o conceito de arte quando se veem diante de uma
boca, ou melhor, de um indivíduo com suas particularidades,
desejos e necessidades pessoais, e precisa investigar qual
seria a intenção que norteará a construção do trabalho pro-
tético. Uma vez definida a intenção junto ao cliente, o pro-
aplicada ao desenho do sorriso
Ilustr
ação
: Ede
r Max
Wassily Kandisnky
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 61
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
fissional se verá diante do desafio da composição, ou seja,
organizar no espaço elementos visuais que traduzam sexo,
idade, personalidade e intenção de expressão do pacien-
te, isso sem abrir mão do respeito às regras de estéticas
dental e dentofacial. Em resumo: seria a criação de uma
composição psicodentofacial4-5. A harmonia ou equilíbrio
entre esses diversos elementos é que dá ao conjunto a be-
leza necessária e que promove o trabalho odontológico ao
patamar de arte6-7.
Na composição psicodentofacial, o profissional se vale-
rá, principalmente, de linhas e formas em sua construção
para dar expressão ao trabalho. Essa expressão se deverá
principalmente à força do conjunto e em menor grau à ex-
pressão de suas unidades constituintes. Isso implica, por
exemplo, que o significado geral da composição se deverá,
especialmente, à custa da resultante final da somatória
dos valores individuais8. Como mencionado no Capítulo 4
Morfos, a comunicação visual do trabalho reabilitador se
pautará sobretudo nos elementos anterossuperiores e,
portanto, atenção especial deverá ser dada pela equipe
restauradora (cirurgiões-dentistas e protéticos) a esse
segmento, não devendo, entretanto, menosprezar os de-
mais dentes9.
Nessa composição, abordada no Volume I, em relação
aos casos sobre dentições naturais (Odontologia restaura-
dora estética), a utilização das unidades visuais escolhidas
pelo aspecto da intenção de expressão do cliente, deverá
sempre ser utilizada de acordo com a possibilidade que as
próprias condições orais pré-operatórias permitirem, dife-
rente das composições mais complexas, como por exemplo
em edentados totais, em que o profissional se verá frente
a uma “tela em branco”, e terá mais liberdade para usar
elementos que o cliente desejar.
Principais elementos estruturais do sorriso (ou unidades
orais)7,10-14 em ordem de importância para dar expressão
à composição: plano incisal, eixos dentais, posicionamento
dental, formas dentais, exposição dental, proporções den-
tais, linhas complementares (Figura 1).
Figura 1
Plano incisal, eixos
dentais, formas dentais,
posicionamento dental,
proporções dentais, linhas
complementares.
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
62 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Sorriso e suas linhas/formas configurativasPlano incisalEixos dentais
Linha dos zênites gengivais
Linhas das ameias gengivais
Linha das ameias dentais
Formas dentaisProporção dental
5.1.1 Plano incisal
Representa para o segmento anterossuperior, a limi-
tação do posicionamento das bordas incisais dos incisivos
centrais, laterais e caninos. Pode ser configurado segundo a
intenção do profissional como ascendente, ou seja, com as
bordas dos incisivos centrais bem projetadas para inferior,
de projeção regular (projeção média), reto ou ainda cônca-
vo invertido, sendo esse último visto como antiestético pela
maioria dos profissionais e pacientes; portanto, pouco ou
nunca utilizado em reabilitações8,15-16 (Figuras 2a a 2c).
As principais referências para sua configuração são a
inclinação sagital do plano oclusal e o formato do arco su-
perior, que quanto mais largo, mais se relaciona a um plano
incisal retilíneo, enquanto maxilas mais estreitas tendem a
apresentar incisivos mais projetados para inferior17 (Figuras
3a a 3c) . Em termos de estética, uma relação de harmonia
ou paralelismo, com a borda superior do lábio inferior quan-
do em sorriso, é considerada mais agradável à maioria das
pessoas7,15-18 (Figuras 4a a 4c).
Figuras 2
Plano incisal: (a) Ascendente; (b) Reto; e (c) Invertido.
a b c
Figuras 3
Arcos em variadas
larguras e a projeção
inferior de centrais
correspondentes.
a b c
Imag
em re
tirad
a do
livr
o: A
nter
iore
s - A
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2008
.
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 63
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
Um segmento anterossuperior que apresente um plano
incisal reto geralmente será associado a características
masculinas e idade avançada, enquanto planos curvos e
projetados, são associados a características femininas e
joviais21-23 (Figuras 5a e 5b). No entanto, a utilização des-
se elemento é fundamental para dar uma expressão forte,
suave, dinâmica ou estável à reabilitação, independente do
sexo e idade, sendo a intenção de expressão do paciente
um bom indicativo para a correta escolha. Uma vez esco-
lhido o tipo de plano a ser usado, segundo a intenção de
expressão do cliente, ele deverá ser confrontado com os pa-
râmetros preestabelecidos pelas condições orais tais como
forma do arco, linha do lábio inferior e inclinação sagital do
plano oclusal e, só então, a partir da fusão entre a intenção
do paciente e o plano ideal, segundo parâmetros estéticos
próprios da arcada em questão, surgirá o plano incisal a ser
usado na reabilitação. O plano incisal deveria ser o primeiro
elemento ou unidade oral a ser determinado na criação da
estrutura da composição psicodentofacial.
5.1.2 Eixos dentais
O eixo dental representa a posição dos dentes na ar-
cada em relação à linha mediana central12 e, em termos
clínicos, o que realmente interessa aos restauradores é a
posição visual da coroa dental em uma vista frontal. Em la-
terais e caninos o eixo também exerce influência em sua
percepção numa vista lateral24.
Figuras 4
Relação lábio inferior – plano i ncisal: (a) Antagônicos;
(b) Paralelos; e (c) Desarmonia de paralelismo.
a b c
a1 a2
b1 b2
Figuras 5a e 5b
(a) Plano incisal ascendente expressando características mais suaves e femininas e (b) Plano
incisal reto, mais relacionado a características de força, estabilidade e masculinidade.
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
64 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Os incisivos centrais são os dentes mais sensíveis em
relação ao posicionamento do eixo pela posição de desta-
que visual que ocupa na arcada, mas sua percepção visual é
tipicamente frontal.
Normalmente os eixos dos dentes anterossuperiores con-
vergem para incisal14,24-28, mas a alteração dos eixos pode re-
sultar em efeitos visuais distintos e o conhecimento dessas va-
riações deve ser de domínio do profissional para intervir com
segurança e precisão (Figura 6).
Normalmente o eixo dos centrais é ligeiramente posicio-
nado para distal (numa avaliação do sentido mesiodistal),
sendo que a sua alteração trazendo-o para vertical dará ao
desenho do sorriso uma percepção de maior domínio desse
dente24 e uma expressão visual de maior força e estabilida-
de. Quanto mais os eixos dos centrais forem inclinados para
mesial, mais dominância visual será dada a esses dentes
(Figura 7).
Numa vista frontal o eixo coronal dos laterais segue as
mesmas condições dos eixos dos centrais, sendo que quanto
mais se inclina para distal, mais dinamismo será expresso e
quanto mais verticalizado, mais força (Figuras 8a e 8b).
Figura 6
Eixos dentais numa arcada natural média geralmente são ligeiramente
distalizados e convergentes para incisal.
Figura 7
Centrais com seus eixos ligeiramente rotacionados para mesial,
o que lhes confere maior domínio visual.
a b
Figuras 8
(a) Laterais ligeiramente inclinadas para distal ou (b) Posicionadas com eixo retilíneo.
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 65
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
Figuras 9
Diferentes inclinações de eixos dentários em caninos numa visão frontal: (a) Retos; (b) Inclinados para medial; e (c) Inclinados para a lateral.
a
b
c
Os caninos são dentes de profundo impacto comunica-
tivo no desenho do segmento anterossuperior. Numa vista
frontal seu eixo coronal pode variar de inclinado para medial
(torque negativo), vertical e inclinado pra vestibular (torque
positivo). São dentes relacionados à agressão e ação29 e
podem expressar dinamismo e impulsividade, se inclinados
para medial, força e persistência quando retilíneos e calma,
apatia e até comicidade24 quando levemente inclinados para
vestibular (Figuras 9a a 9c).
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
66 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
REsumo
Paciente LNPY, 30 anos, apresentou-se à clínica in-
satisfeito com a estética de seu sorriso. Em análise facial
constatou-se divergência de paralelismo entre eixos dentá-
rios, linha média facial e linha média dental. Sua linha média
dental, além de não ser coincidente com a linha média facial,
apresentava-se inclinada em relação a essa. Em uma análi-
se oral, constatou-se como principais deficiências estéticas
o não paralelismo entre os eixos dentários dos dentes an-
terossuperiores, assim como uma linha de união de ameias
dentais irregular. Seus incisivos centrais, laterais e caninos
apresentavam projeção incisal assimétrica entre lados es-
querdo e direito, sendo o lado esquerdo mais projetado que
o direito, o que lhe conferia uma sensação de desequilíbrio
entre esse segmento e sua linha bipupilar. Além desses
fatores, havia desarmonia de cor entre incisivos direitos e
esquerdos. Seu incisivo lateral direito apresentava coroa clí-
nica curta e exposição radicular com coloração alterada. As
bordas incisais de seus incisivos centrais apresentavam-se
irregulares. Observou-se ainda deficiência de projeção den-
tal de pré-molares em seu corredor bucal. Frente a esse
quadro diversos fatores agora diagnosticados poderiam ser
trabalhados para uma configuração mais estética. O dese-
nho de sorriso agora realizado corrigia tais deficiências e
ainda poderia trabalhar as formas dentais, em termos de
detalhamento, a fim de personalização. O paciente passou
pelo processo de consultoria visagista, em que se mostrou
bastante alegre, extrovertido, dinâmico em seu ritmo de vida
e criativo na maneira como executa suas funções, buscando
sempre inovar profissionalmente. O mesmo relatou que tais
características seriam adequadas para a expressão de seu
sorriso. De posse dessas informações o consultor visagista
elaborou um desenho de sorriso caracterizado pelo domínio
de linhas inclinadas e formas triangulares, que serviu de re-
ferência para o técnico em prótese dentária confeccionar o
enceramento diagnóstico e o trabalho cerâmico.
Figuras 1
Protocolo fotográfico facial frontal.
Caso 1
a b dc e
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 67
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
Figura 2
Eixos de referências
faciais, vertical e horizontal.
Figura 3
Formas dentais
pré-operatórias.
Figura 4
Discrepância entre
eixos dentais e faciais.
Assim como
entre linhas média
dental e facial.
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
68 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Figura 5
Correção de eixos
e desenho de sorriso
novo com formas
baseadas na
vontade de expressão
do paciente.
Figura 7
Sorriso - pré-operatório.
Figuras 6
Protocolo fotográfico extraoral frontal.
a b c d
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 69
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
Figura 8
Imagem intraoral dos
elementos anterossuperiores
com fundo negro.
Figura 9
Moldagens para
confecção de
modelos de estudo.
Figuras 10
Enceramento diagnóstico.
a b c
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
70 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Figuras 11
Confecção de mock-up.
Figuras 12
Imagens extraorais com mock-up demonstrando a correção do paralelismo entre eixos dentários com linha média facial.
a
b
a b c
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 71
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
a
b1 b2 b3
c1 c2
d1 d2 d3
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
72 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Figuras 13a a 13h
(a e b) Guia de silicone
para preparo dentário
e (c até h) Preparos dentários
expostos com a inserção
do primeiro fio retrator.
e
f
g
h
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 73
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
a
b
c
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
74 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Figuras 14a a 14e
Inserção do segundo fio retrator para moldagem com a técnica do duplo fio.
e1 e2
d
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 75
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
a
b
c
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
76 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Figuras 15a a 15g
Moldagem em passo único.
d
e
f
g
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 77
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
Figura 16
Escolha de cor.
Figuras 17
Guia de silicone para
confecção de provisórios.
a
a b
b1
b2
b3
Figuras 18a e 18b
Provisório imediato.
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
78 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Figuras 19
Laminados e coroa.
Figura 20
Checagem de adaptação.
a b c
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 79
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
a4 a5 a6
a1 a2 a3
b1 b2 b3 b4
b5 b6 b7
c1 c2 c3 c4 c5
Figuras 21a e 21c
Sequência operatória da cimentação do elemento 21.
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
80 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
d
e
f
Figuras 21d a 21f
Cimentação do elemento 11.
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 81
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
g
h
i
Figuras 21g a 21J
Cimentação dos
elementos 22 e 23.
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
82 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
k
l
Figuras 21k a 21l
Checagem de excesso em área interproximal da coroa do elemento 12 com carbono.
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 83
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
m
n1
n2
n3
o
p
Figuras 21m a 21p
(m e n) Ajustes
interproximais na
coroa do elemento
12 para proceder
a cimentação e
(o e p) Cimentação.
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
84 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Figura 22
Remoção de fio retrator
usado para cimentação.
Figura 23
Trabalho finalizado em
dentes anteriores.
Figura 24
Sorriso com trabalho
anterior cimentado.
Figuras 25
Cimentação de
laminados em pré-molares,
em que não houve
necessidade de preparos. a b c d e
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 85
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
a b
Figuras 26
Pré-molares cimentados.
Figura 27
Vista palatina do trabalho cimentado. Restauração da anatomia palatina de centrais com resina composta.
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
86 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Figura 28a a 28c
Trabalho finalizado –
imagens intraorais. (a)
Vista frontal; (b) Vista
lateral direita do
trabalho finalizado; e (c)
Vista lateral esquerda
do trabalho finalizado.
a
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 87
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
c
b
f
a
Figuras 28d a 28f
Trabalho finalizado - imagens intraorais.
Observar caracterização de cor e textura
que dão naturalidade ao trabalho.
Figura 29a
Trabalho finalizado - imagem extraoral.
e
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
88 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Material Clínico O substrato das lâminas – A2 no lateral, dente 12, coroa, o dente era um pouco mais escurecido. Foi utilizado nas lâminas a pastilha e.max L.T A1 (Ivoclar Vivadent) e na coroa e.max M.O A1 (Ivoclar Vivadent). Nessas coroas foi utilizada a técnica de estratificação por camadas. Para esse tipo de coroas a espessura das pastilhas podem ser mais finas 0,3 mm. A cerâmica de cobertura utilizada foi e.max Ceram A1 (Ivoclar Vivadent) dentina + incisal e
massa de impulso ex. opal e Efect 1,2 e 3 (Ivoclar Vivadent).
Ceramista – Marcos Celestrino – Laboratório Aliança, São Paulo/SP
Consultoria de Visagismo – Bráulio Paolucci
Desenho Digital do Sorriso – Bráulio Paolucci
Fotografias Clínicas – Roberto Yoshida
Fotografias Laboratoriais – Marcos Celestino
Protesista – Roberto Yoshida – Londrina/PR
Figuras 30
Imagens faciais finais.
a b
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 89
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
5.1.3 Posicionamento dental no arco
O posicionamento dos dentes no segmento anterossupe-
rior, constitui-se de forte elemento na elaboração da expres-
são visual da composição. Entende-se por ele a relação da face
vestibular, borda incisal, cervical e face palatina dos dentes
desse conjunto com os planos verticais anterior e posterior.
A posição de cada elemento do segmento anterossupe-
rior é fundamental na definição da percepção visual frontal
do arco com suas conotações comunicativas. O alinhamen-
to perfeito dos elementos anterossuperiores, em torno de
um arco curvo padrão, pode gerar efeito estético insatisfa-
tório por desconsiderar variações individuais e comuncati-
vas8,30-35. Numa vista oclusal o posicionamento dos centrais
pode variar de reto (Figuras 10a a 10c ) “extrovertido” e ”in-
trovertido” e esse tipo de posicionamento é dado pela forma
Figuras 10
Posicionamento de centrais em uma vista oclusal:
(a) Introvertidos; (b) Retos; e (c) Extrovertidos.
e largura do arco. Arcos retangulares geralmente apresen-
tam centrais retos, arcos triangulares normalmente apre-
sentam centrais “extrovertidos” (com a crista mesial proje-
tada para anterior e crista distal projetada para posterior)
ou ligeiramente apinhados e arcos atrésicos, centrais “intro-
vertidos” (com a crista mesial projetada para posterior, a
crista distal projetada para anterior) ou girados para dentro
da cavidade bucal. A expressão desses posicionamentos de
centrais segue a nomenclatura escolhida para classificá-la,
sendo que os retos expressam força e estabilidade, assim
como a sua linha de construção, a linha reta.
a b c
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
90 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
No posicionamento 3D das coroas dos incisi-
vos laterais, tem-se a opção de posicionar sua face
vestibular de maneira bem frontal, ou seja, refletin-
do a luz por toda e extensão da vestibular direta-
mente para frente, e isso confere ao desenho do
sorriso uma expressão de força emocional, a ou-
vestibular voltada para anterior, e quanto mais
estreito o arco, como nos formatos triangulares
e ovais, mais pedirá laterais girovertidos com sua
mesial mais para anterior que sua distal.
Em relação ao posicionamento vestibulopala-
tino, dentes vestibularizados abrem o arco e lhe
conferem maior estabilidade sendo essa a ex-
pressão desse efeito. Dentes posicionados em li-
nha reta expressam força e dentes palatinizados
dinamismo e introversão. A posição vestibulopa-
latina dos elementos anterossuperiores exerce
forte influência no suporte labial, o que acaba por
influenciar o contorno e volume labial com suas
comunicações visuais associadas12-36.
Figuras 11
Formatos de centrais:
(a) Retangular; (b) Oval;
(c) Quadrado;
e (d) Triangular.
a b c d
tra opção é sua coroa ficar levemente girovertida
expressando extroversão. A condição oral preexis-
tente condicionadora desse posicionamento coro-
nal é a forma do arco; quanto mais retangular ou
aberto, mais pedirá lateral posicionado com sua
5.1.4 Forma da coroa dental
A forma das coroas dentais dos elementos
anterossuperiores é definida pelo seu contorno,
ou seja, a porção da coroa que reflete a luz dire-
tamente à frente. A forma dos elementos difere
de acordo com o grupo dental. Por exemplo: in-
cisivos centrais têm variações de forma típicas,
diferente dos incisivos laterais e dos caninos39.
Em incisivos centrais, a forma média é tra-
pezoidal ou formato de pá24. No entanto, apre-
sentam variações de forma na população, sendo
que os formatos estruturais básicos são: trian-
gular, retangular, oval e quadrado40 (Figuras 11a
a 11d). Formas decorrentes da fusão entre es-
ses formatos básicos são muito comuns e, um
exemplo disso, é a própria forma trapezoidal que
representa a fusão entre retângulo e triângu-
lo39,41-43 (Figura 12).
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 91
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
A literatura odontológica é rica de teorias para a escolha
de formato de centrais de acordo com a forma da face34,44-47
e, também, de estudos que demonstram a ausência de rela-
ção entre ambos48-52, o que também se pode comprovar com
a experiência clinica21-23,53-57. Essa mesma experiência sugere
que a harmonia entre centrais e face se deva principalmente
à proporção entre esses elementos e não propriamente à har-
monia de forma.
De acordo com Rufenacht12,58, os centrais são os elemen-
tos orais que mais se relacionam com a personalidade de ma-
neira geral, e a escolha de seu formato para uma reabilitação
deve ser feita de maneira muito criteriosa19,59-61.
Na óptica do Visagismo, a escolha das unidades dentais na
elaboração de uma composição psicodentofacial, deve ser pau-
tada numa entrevista prévia com o paciente, onde serão inves-
Figuras 13
Contorno cervical e sua relação com o formato geral do dente: (a) Incisivos retangulares apresentam contorno gengival mais
retilíneo; (b) Incisivos ovais possuem contorno arredondado; e (c) Incisivos triangulares apresentam contorno mais fechado.
a b c
tigados aspectos de sua personalidade, tipo sexual, idade21-23,
necessidades e anseios pessoais e define-se juntamente com
ele a intenção de expressão visual, que conduzirá à escolha da
forma mais apropriada. Isto visa detalhar melhor as expectati-
vas do paciente e, dessa maneira, diminuir insatisfações.
Uma vez definida a intenção do cliente, o profissional se
valerá dos conhecimentos acerca de linguagem arquetípica
para a escolha da forma. Por exemplo: se o cliente deseja
evidenciar no desenho do sorriso aspectos de sua persona-
lidade como força, persistência, objetividade, praticidade e
liderança, o formato mais adequado será o retângulo, que
por ser composto de linhas retas com domínio das verticais,
é o formato que expressa tais características.
Se o paciente optar por evidenciar em seu desenho de
sorriso aspectos como dinamismo, criatividade, alegria e
extroversão, o profissional optará pelo formato triangular,
pois suas linhas inclinadas expressam tais características.
Da mesma maneira, se a opção for por expressar delicade-
za, elegância, discrição e suavidade, a forma ideal é o oval. O
quadrado está relacionado principalmente com estabilidade,
calma, tranquilidade e conservadorismo.
Há de se pensar que, no entanto, essa vontade de ex-
pressão dos pacientes seja um pouco mais elaborada, exi-
gindo do profissional mesclar elementos baseados no con-
ceito de estrutura e detalhe.
Figura 12
Formato trapezoidal ou em “pá”: representa a fusão entre as formas triangular e retangular.
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
92 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Entende-se por estrutura a forma básica do
dente ou a forma da sua área de reflexão de luz
(silhueta de Pincus)37-38,62-63 e detalhe, os elemen-
tos que cercam essa área reforçando sua men-
sagem ou contrabalanceando-a.
Aspectos anatômicos relacionados à estru-
tura básica dental: largura mesiodistal incisal, lar-
gura mesiodistal cervical e cristas de reflexão de
luz mesial e distal. Componentes de detalhamento:
contorno incisal, contorno distal, contorno cervi-
cal, ângulo distoincisal (Figuras 13a a 13c).
Figuras 14
Incisais e sua relação com o formato geral do dente:
(a) Incisais retilíneas se relacionam mais a centrais
retangulares e quadrados; (b) Incisais curvas se
relacionam mais com dentes ovais; e (c) Incisais
anguladas com dentes triangulares; porém, incisais curvas
podem ser encontradas em dentes com aspecto geral
retangular e uma gama infinita de outras combinações.
As incisais dos elementos anterossuperiores
representam um detalhe anatômico muito co-
municativo, pois em muitas situações de sorri-
so, sua borda fica evidenciada pelo contraste do
fundo negro da cavidade oral ou, segundo Lom-
bardi, espaço negativo8. Sua relação com o plano
horizonal define a sua expressão. Exemplos de
incisais: ascendente, côncava invertida, curva e
reta24 (Figuras 14a a 14c).
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 93
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
a b c
Com o conceito de estrutura e detalhamento é possível se
criar um grande número de formas dentais através da aplica-
ção de linhas e ângulos apropriados a expressar visualmente
a intenção do cliente.
De maneira geral em casos de estética ou cosmética de
elementos anterossuperiores naturais, a equipe deve observar
as formas dentais originais e procurar dar expressão ao de-
senho da reabilitação preservando as características originais
(estrutura dental) e se pautar no uso de detalhes para satisfa-
zer a vontade de expressão do paciente. Dessa forma, procede
se uma odontologia minimamente invasiva inclusive em relação
a aspectos psicovisuais54,64-65. Incisivos laterais terão sua ex-
pressão menos dependente da estrutura e mais dependente
de sua incisal, ângulo incisodistal, relação de dominância com
seus vizinhos e posicionamento no arco (Figuras 16a a 16c).
Exemplo de elaboração da forma dental segundo o con-
ceito de estrutura e detalhe: paciente deseja expressar força
em primeiro lugar com suavidade: centrais dominantes, com
estrutura retangular e detalhamento curvo em sua incisal, ân-
gulo distoincisal e contorno do terço distal (Figura 15).
O paciente deseja expressar dinamismo, extroversão
com estabilidade: centrais com dominância moderada es-
trutura triangular e incisal reta.
Figura 15
Estrutura triangular e detalhamento curvo acentuado.
Figuras 16
Laterais com incisais diversas influenciando a percepção de seu formato final.
a b c
Caninos por sua vez dependerão de aspectos como a
forma de seu contorno vestibular em uma visão frontal e in-
clinação de seu longo eixo, assim como sua relação de domí-
nio com laterais e centrais. Uma visão frontal o canino pode
apresentar-se reto, curvo ou inclinado e estar associado à
força (ação persistente), delicadeza (ação minuciosa e deta-
lhista) e impulsividade (ação impetuosa e empreendedora),
respectivamente (Figuras 17a a 17b).
“Nenhum dente apresenta um efeito emotivo tão forte quan-
to o canino e, desta maneira, deve-se trabalhar com muito afin-
co na elaboração de seu comprimento, contorno e forma.”
Jan Hatjó 24.
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
94 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
5.1.5 Exposição dental
Entende-se por exposição dental o tanto aparente de estru-
tura dental quando com a boca em repouso. Nessa situação
músculos de oclusão e de abertura mandibular estão em situa-
ção de relaxamento e um equilíbrio entre ambos se apresenta.
Lábios também apresentam relaxamento muscular nessa si-
tuação. Uma certa quantidade de exposição dental com a face
sendo observada frontal e lateralmente deve ocorrer. Em pes-
soas mais jovens, geralmente uma média de exposição dental
se apresenta diferente entre homens e mulheres. Em pacientes
jovens (até 30 anos) do sexo feminino a média de exposição
dental superior é de 3,5 mm, diminuindo gradativamente com o
avanço da idade chegando a 0,95 mm aos 50 anos e 0,2 mm
aos 70 anos58 (Figuras 18a e 18b).
Figuras 18
Diferentes exposições dentais com lábios em
repouso: (a) Paciente com 30 anos e exposição de
3,94 mm e (b) Paciente com 50 anos com
exposição dental superior
de aproximadamente 1,0 mm.
Percebe-se também um aumento
da exposição de dentes inferiores
com o avanço da idade.
ba
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 95
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
Figuras 17
Contorno vestibular de caninos naturais numa vista frontal: (a) Retos; (b) Curvos; e (c) Inclinados.
a b c
REsumo
A paciente LTL apresentou-se à clínica evidenciando
desgaste excessivo na região palatina de seus elementos
anterossuperiores . Observou-se um maior desenvolvimento
mandibular para anterior em relação à maxila. A linha de
união dos zênites gengivais apresentava-se côncava inver-
tida, um indicativo visual de deficiência de extrusão natural
dos dentes anterossuperiores, em especial incisivos cen-
trais, provavelmente causada pela posição mais anterior de
sua mandíbula em relação à maxila .
A paciente queixou-se desta pouca exposição dental quan-
do com lábios em repouso, o que lhe dava “ar envelhecido”.
Na análise facial não foi observada discrepância entre linhas
médias facial e dental . Na análise intraoral os elementos den-
tais se apresentavam em excelente condição de saúde, com
ausência de quaisquer condições possíveis de causa de insa-
tisfação estética, tais como restaurações deficientes, cáries,
diferenças de cor, desalinhamento de eixos dentários, propor-
ção inadequada entre os elementos superiores etc .
O desenho digital do sorriso indicou o posicionamento
ideal das bordas incisais dos incisivos centrais, pelo plano
incisal guiado ou sugerido pelo plano oclusal posterior pa-
ralelo à borda superior do lábio inferior. O tratamento pro-
Caso 2 posto foi de tracionar ortodonticamente os incisivos até o
limite vestíbulo/inferior possível, assim como odontoplastia
conservadora na região da mandibula anterior.
Após a fase ortodôntica, avaliou-se a necessidade da com-
plementação da exposição dental com laminados supercon-
servadores (lentes de contato), o que se mostrou pertinente.
Dessa forma foram confeccionados laminados de canino a ca-
nino com o objetivo de projetá-los ainda mais para inferior, para
se obter correta exposição dental com lábios em repouso. No
momento da intervenção reconstrutiva, foi realizada consulto-
ria, onde paciente manifestou desejo de expressar visualmente
características autênticas suas como delicadeza no trato pes-
soal, doçura e perfeccionismo nas ações. Portanto, as formas
dentais de seus centrais, originalmente triangulares, foram
mantidas para proceder intervenção minimamente invasiva
em termos psicovisuais, mas suas incisais e ângulos inciso-
distais foram discretamente arredondados como medida de
personalização dessa vontade. Os caninos foram confecciona-
dos com sua vestibular curva numa vista frontal seguindo a
mesma vontade de expressão. Incisivos laterais tiveram sua
dimensão cervicoincisal aumentada, mas suas formas foram
mantidas no novo desenho do sorriso.
Figuras 1
Imagens faciais – pré-operatório.
a b c d
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
96 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Figuras 2
Imagens extraorais - pré-operatório.
Figuras 3
(a) Observar linha de união de zênites invertida e (b) Imagem intraoral em desoclusão.
a
a
b
b
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 97
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
Figura 4
Sorriso - imagem frontal.
Figura 5
Configuração
pré-operatória.
Figura 6
Plano incisal corrigido.
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
98 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Figura 7
Alongamento dos dentes
anterossuperiores.
Figura 8
Desenho do
sorriso final.
Figuras 9
Ortodontia. Observar uso de ortoimplantes para tracionamento de incisivos superiores para inferior.
a
b
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 99
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
a b c
Figuras 10
Ortodontia - abertura
de espaço entre laterais
e caninos pelo
tracionamento para
anterior dos incisivos.
a b
Figuras 11
Ortodontia - vistas oclusal
e superoinferior.
a b c d
Figuras 12
Imagens extraorais ao fim do tratamento ortodôntico.
a b c
Figuras 13
Imagens faciais ao fim do
tratamento ortodôntico.
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
100 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
a
a
a
b
b
b
b
c d
Figuras 14
Imagens extraorais com mock-up.
Figuras 15
Mock-up removido em apenas um dos lados para verificar o quanto de ganho vertical se teria.
Figuras 16
Imagens faciais com mock-up.
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 101
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
Figura 17
Imagem dos preparos ultraconservadores para lentes de contato.
a b
Figuras 18
Modelos de trabalho e guias de silicone.
Figuras 19
Lentes de contato
posicionadas sobre
modelos de gesso.
a b
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
102 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Figura 20
Imagem intraoral - fundo negro. Trabalho finalizado. Observar centrais em forma triangular bastante arredondadas tendendo ao oval
e linha dos zênites com nova configuração (ascendente) após tratamento ortodôntico. Caninos configurados com lateral curva.
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 103
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
Figura 21
Sorriso final - vista lateral.
ba
Figuras 22
Face com trabalho finalizado. Exposição dental adequada.
Figura 23
Sorriso - pós-ortodontia.
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
104 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Figura 24
Sorriso com mock-up.
Figura 25
Sorriso final.
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 105
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
Figuras 26
Imagens faciais finais.
Informações Laboratoriais
Cor do substrato = ND 1; Cor da pastilha = HT BL4; Espessura da pastilha
= 0,3 mm até 0,5 mm; Pastilha = dissilicato de lítio, Alta translucidez
tipo de desenho da infraestrutura = cut back incisal; estratificacão = mix
OE3 70%, OE2 20% e OE1 10% intercalando, apresentando caracterís-
ticas incisais suaves.
Ceramista – Thiago Reis (Well Lab - São Paulo/SP)
Consultoria de Visagismo – Bráulio Paolucci
Desenho Digital do Sorriso – Bráulio Paolucci
Fotografias Clínicas e Laboratoriais – Thiago Reis
Protesista – Robert Coachman
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
106 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
a1 a2
5.1.6 Relação proporcional entre elementos dentaisEntende-se por proporção à relação dimensional de um
objeto em relação a outro66. A relação proporcional entre os
elementos anterossuperiores pode levar a diferentes formas
de percepção visual desse conjunto67. Relações dimensionais
diferentes são atribuídas a diferenças sexuais e raciais68-69.
Duas situações de simetria bilateral geralmente se apresen-
tam: a simetria corrente onde a relação de proporção é de
dominância quase que exclusiva de largura de centrais sobre
laterais e esses sobre caninos e expressa monotonia, apatia,
estabilidade e calma e a simetria radial, onde elementos aná-
logos são similares, mas apresentam dimensões diferentes
de seus vizinhos12, geralmente apresentando incisivos centrais
com forte dominância visual. Essa é a situação mais atraente
para cirurgiões-dentistas, enquanto a primeira é a mais agra-
dável para pacientes segundo Brismam71 (Figuras 19a e 19b).
É importante salientar que a avaliação foi feita sobre o as-
pecto de simetria bilateral proporcional e não morfológica; pois
tanto em simetria corrente quanto em radial, discretas assime-
trias morfológicas são interessantes para dar naturalidade ao
desenho do sorriso (variedade na unidade)70-72, pois sorrisos
totalmente simétricos soam falsos como dentaduras.
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 107
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
Figuras 19
Simetria bilateral: (a) Radial e (b) Corrente.
a b
Alguns autores sugerem que a dominância de centrais
num segmento anterossuperior é fundamental para se conse-
guir resultado estético satisfatório8,21. Quanto mais dominantes
sobre laterais e caninos se apresentarem os incisivos centrais,
mais o desenho geral do sorriso expressará imposição, autori-
tarismo e força temperamental, e quanto mais dominantes em
um segmento anterossuperior forem os caninos mais agressi-
vidade e masculinidade expressará o desenho de sorriso geral.
Na simetria radial os elementos podem apresentar di-
versas relações de gradação de centrais para caninos, sen-
do considerada mais estética, ou seja, atraente ao olhar,
aquela em que prevalece uma sequência gradativa de cen-
tral para canino em proporção áurea73-75.
Sua vontade de expressão aliada às queixas estéticas le-
varam a equipe à confecção de um desenho de sorriso dinâ-
mico, com plano incisal ascendente, formas dentais triangu-
lares, caninos inclinados para medial. Como caracterização
de sua sensibilidade emocional as formas dentais triangu-
lares foram discretamente arredondadas em sua distal. A
forte dominância de centrais, aliada a uma configuração
com incisais retas e posicionamento retilíneo em relação
a um plano vertical anterior imaginário dariam ao desenho
do sorriso final a impositividade desejada. Foram realizadas
cirurgias plásticas gengivais para aumento de coroa clíni-
ca do elemento 14 ao 24 com laser de alta potência, Seu
freio labial também foi removido usando-se o mesmo laser.
Foram realizados laminados cerâmicos nos pré-molares e
coroas cerâmicas puras de canino a canino.
Caso 3
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
108 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
REsumo
Paciente GZ, 32 anos, se apresentou à equipe clínica
com queixa em relação à estética de seu sorriso, como prin-
cipais pontos a exposição gengival demasiada em sorriso e
a diferença de cor entre os elementos anterossuperiores
(próteses) e demais dentes naturais. Na consultoria visagis-
ta se mostrou bastante extrovertida e alegre, dinâmica em
seu ritmo de vida, bastante sensível e transparente na mani-
festação de suas emoções e que gostaria de evidenciar es-
sas características em seu desenho do sorriso. Assim como
gostaria de um sorriso mais marcante e impositivo. O seu
quadro clínico apresentava-se como um desenho de sorriso
plano, caracterizado pela ausência de domínio de centrais,
plano incisal horizontal, formas dentais quadradas. A rela-
ção proporcional de centrais se encontrava em aproximada-
mente 50%, quando considera-se 80% como a proporção
mais estética segundo alguns autores15-16.
Figuras 1
Imagens faciais - pré-operatório.
a b c d
a b c
Figuras 2
Imagens extraorais – pré-operatório.
Figura 3
Imagem oclusal –
pré-operatório.
Figura 4
Imagem facial com eixos
faciais de referência.
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 109
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
Figura 5
Sobreposição de imagem intraoral
sobre a facial para usar os
eixos de referência faciais como
orientação para o desenho do sorriso.
Figura 6
Eliminação da imagem facial e
permanência da imagem intraoral
com eixos de referências faciais.
Figura 7
Ampliação.
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
110 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Figura 8
Análise das formas dentais,
linha dos zênites e plano
incisal - pré-operatório.
Figura 9
Análise da proporção
entre elementos dentais e
estabelecimento de plano
incisal de acordo com o
plano oclusal posterior.
Figura 10
Proporção altura/largura
em torno de 50%
configurando centrais
com forma quadrada.
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 111
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
Figura 11
Correção dessa relação para 80%.
Figura 12
Desenho de sorriso final.
Observar formas dentais triangulares
arredondadas de acordo com a
vontade de expressão da paciente.
Figuras 13
Demarcações intraorais para plástica gengival - imagens extraorais.
a b c
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
112 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Figuras 14
Demarcações e sondagem - imagem intraoral
Figuras 15
Remoções de coroas metalocerâmicas.
a b
a b c
Figuras 16
Plástica gengival com laser de alta potência e sondagem para verificação de distância biológica.
a b
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 113
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
a b
Figuras 17
Comparação de antes e depois da plástica gengival.
Figuras 18
Confecção de provisórios imediatos e remoção de freio labial.
a b
Figura 19
Tomada de cor do substrato.
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
114 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
a
a
b
b
c
c
Figuras 20
Laminados e coroas posicionadas sobre o modelo de trabalho - vistas frontal e lateral.
Figura 21
Cerâmicas - vista frontal.
Figuras 22
Cimentação.
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 115
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
Figura 23
Cerâmicas - pós-cimentação. Observar dominância de centrais, formas triangulares arredondadas, posicionamento reto e caninos curvos.
Figuras 24
Vistas frontal e lateral de trabalho finalizado.
a b c
Figuras 25
Vistas lateral direita e frontal do sorriso - pós-operatório.
a b
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
116 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Figuras 26
Imagens faciais finais. Sorriso marcante e personalizado.
Ceramista - Adriano SchayderConsultoria de Visagismo - Galip Gurel e equipeDesenho Digital do Sorriso - Bráulio PaolucciFotografias Clínicas e Faciais - Galip Gurel
Fotografias Laboratoriais - Adriano Schayder Periodontia - Galip Gurel e equipe Protesista - Galip Gurel
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 117
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
a b
5.1.7 Linhas complementares
Entende-se por linhas complementares o conjunto de linhas
imaginárias de união de estruturas24 que podem ser usadas
na elaboração da composição psicodentofacial como unidades
para reforço ou balanceio de intenção . São elas: linha de união
dos zênites gengivais, linha de união das ameias dentais e linha
de união das papilas gengivais. Seu uso é fundamental para dar
expressão ao conjunto anterossuperior, sendo muito aplicável
em próteses totais fixas ou removíveis e menos aplicáveis em
situações de dentição natural.
A linha de união dos zênites gengivais une o ponto mais alto
da curvatura da margem gengival das coroas dentárias dos
elementos anterossuperiores62. Seu formato pode ir do cônca-
vo invertido, relacionado a aspectos como tristeza, melancolia
e reserva, passando pela forma horizontal, expressando esta-
bilidade, ziguezague que expressa dinamismo, representando o
desenho médio para esse tipo de linha24 e convexa ascendente
expressando impulsividade e extroversão. Essa linha pode ser
trabalhada pela equipe através de cirurgia plástica gengival, e
na escolha adequada dever-se-á levar em consideração a for-
ma do arco, o biótipo periodontal e a vontade de expressão do
paciente76-80 (Figuras 20a e 20b).
A linha de união das papilas gengivais81 normalmente
se mostra um grande problema à equipe restauradora
pela dificuldade de seu manuseio. Normalmente depende
da forma do arco dental e do tipo de anatomia das coroas
dentais, sendo que coroas triangulares a configuram como
ascendente (média), Figura 21, coroas retangulares e qua-
dradas a configuram como reta ou até côncava invertida.
Essa linha marca a projeção do ponto de contato. Sua ex-
pressão é a mesma da LUZG.
Já a linha de união das ameias dentais é fortemente in-
fluenciada pelo formato de dentes escolhidos, sendo reta
para dentes retangulares, ascendente para triangulares
(média), Figura 22, e côncava invertida para ovais. Sua ex-
pressão é a mesma das demais linhas complementares
sendo mais percebida quanto à união entre a ameia medial
e ameias distais dos centrais em função do espaço negati-
vo, como proposto por Lombardi8.
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
118 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Figuras 20
(a) Linha de união de zênites em ziguezague conferindo dinamismo e movimento ao sorriso e (b) Linha de união de zênites invertida.
Figura 21
Linha de união de ameias gengivais.
Figura 22
Linha de união de ameias incisais.
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 119
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
a b
5.1.8 Tipos de desenhos de sorriso e sua expressão visual
O arranjo formado pelos dentes anterossuperiores (for-
mato, posição no arco, proporção) juntamente com outros
elementos como lábios, linhas complementares e forma do
arco dental, compõe a mensagem não-verbal expressa pela
região oral6,8,21-23, 32,34,44,49,83-85.
No processo de composição de uma reabilitação esté-
tica, o primeiro passo é saber qual será a mensagem não-
-verbal expressa pelo conjunto; a partir daí, avaliar as con-
dições orais e verificar as reais possibilidades do uso dos
Arranjos Dentais
Forte
Dinâmico Suave
Plano
elementos visuais que expressem essa mensagem não-
verbal previamente discutida com o paciente e, então, usar
linhas, ângulos e formas apropriados na confecção do dese-
nho do sorriso86-87. O estudo e o conhecimento do significado
emocional desses elementos é o pré-requisito para começar
a desenhar.
As principais variações de desenhos de sorriso puros, ou
seja, compostos por um grupo específico de elementos com
o mesmo significado emocional são:
Obs.: deve-se considerar variações de acordo com sexo,
idade e raça.
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
120 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
b c
a d
Figuras 23
Diferentes tipos de desenho do sorriso.
Figuras 24
Desenho do sorriso forte
em dentições naturais. (a)
Mulher e (b) Homem.
5.1.8.1 Desenho forte
Composto por dentes anterossuperiores posicionados com
seus longos eixos perpendiculares ao plano horizontal, com
predominância visual de incisivos centrais retangulares e ca-
ninos com limite vestibular reto88. Apresentam simetria radial,
linha de união das ameias reta entre centrais e laterais, linha
de união dos zênites gengivais reta de canino a canino e plano
incisal reto entre centrais e caninos com laterais aquém des-
se plano, com o arco superior predominantemente retangular.
Numa vista oclusal, os incisivos se posicionam em linha reta em
relação a um plano vertical imaginário. É o desenho que expres-
sa visualmente as caracaterísticas do temperamento colérico.
Visualmente se harmoniza com rosto retangular, hexagonal de
base reta e quadrado (Figuras 24 e 25).
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 121
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
a b
5.8.1.2 Desenho dinâmicoComposto por dentes anterossuperiores posicionados
com seus longos eixos ligeiramente inclinados para distal
com simetria radial discreta, linha de união dos zênites
angulada ou em ziguezague, linha de união das ameias as-
cendente a partir da linha média e plano incisal também
ascendente a partir da linha média. Os incisivos centrais
geralmente são triangulares ou trapezoidais com incisais
ascendentes a partir da linha média e os caninos possuem
seus limites vestibulares representados por uma linha reta
inclinada para medial, com o arco superior predominante-
mente triangular ou poligonal.
Dominância discreta de centrais; simetria radial discre-
ta. Numa vista oclusal, os incisivos se apresentam com suas
mesiais projetadas para a região anterior e distais levemen-
te voltadas para a região posterior. Visualmente traduz
características próprias do temperamento sanguíneo e se
harmoniza com os formatos de rosto hexagonal de lateral
reta, triangular invertido e o losangular (Figuras 24 a 26).
Figura 25
Desenho do sorriso dinâmico em dentições naturais. (a) Mulher e (b) Homem.
a b
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
122 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
5.1.8.3 Desenho suave
Composto por dentes posicionados com seus lon-
gos eixos retilíneos ou discretamente inclinados para
distal com simetria radial discreta, linha de união dos
zênites ascendente a partir da linha média em forma
de parábola, linha de união das ameias descendente a
partir da linha média e do plano incisal ascendente em
forma de parábola. As formas dos centrais, geralmen-
te, são ovalada88, laterais geralmente apresentam sua
incisal e ângulo distoincisal curvos e os caninos apre-
sentam seus limites vestibulares curvos e inclinados
para medial, com o arco superior predominantemente
oval. Numa vista oclusal os elementos anteriores se
apresentam bem alinhados em uma curva ou parábo-
la. Representa visualmente o temperamento melancó-
lico e se harmoniza com rosto oval (Figuras 24 a 27).
Figuras 26
Desenho do sorriso suave em dentições naturais. (a) Homem e (b) Mulher.
a b
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 123
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
5.1.8.4 Desenho planoComposto por dentes anterossuperiores com
seus longos eixos perpendiculares ao plano horizontal,
com exceção do canino que às vezes se apresenta li-
geiramente rotacionado para lateral, dominância de
centrais em largura e não em altura, apresentando si-
metria horizontal ou corrente88, geralmente com dias-
tema entre dentes em um arco largo ou circular, linha
de união dos zênites gengivais tendendo a horizontal,
linha de união das ameias incisais reta ou interrompi-
Figuras 27
Desenho do sorriso plano em dentições naturais. (a) Mulher e (b) Homem.
b
da por diastemas. Os incisivos centrais tendem a qua-
drados e os caninos possuem seus limites vestibulares
curvos, com a forma do arco sendo circular largo. É o
desenho que melhor expressa visualmente característi-
cas do temperamento fleumático. E em termos se har-
moniza com os formatos de rosto quadrado e redondo
(Figuras 24 a 27).
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
124 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
a
Em pacientes do sexo masculino aos trinta anos de idade
a média de exposição é de 2,0 mm. Há estudos que cor-
relacionam as diferenças de exposição dental a diferenças
raciais. Dentes inferiores também apresentam uma exposi-
ção variante ao longo do avanço de idade. Isso ocorre por-
que com o passar dos anos a musculatura se expande e
contrai diariamente. Muitas vezes, algumas substâncias são
produzidas pelos tecidos para suportar esses movimentos,
tais como elastina e colágeno. Com o avanço da idade, a
produção dessas substâncias cai e as expansões muscu-
lares não são tão bem compensadas pelos tecidos moles.
Por isso o tecido que se expande não tem a mesma capa-
cidade de retornar ao nível inicial provocando um aumento
tecidual gradual, com aumento visível do filtro labial e, em
alguns casos, chegando a eversão do lábio superior. A ação
da gravidade colabora com o processo de tracionamento
para baixo desses tecidos pobres de elastina e colágeno.
Concomitante a esse processo há o encurtamento do com-
primento das coroas dentais pelo desgaste funcional, o que
colabora para menor exposição dos dentes anterossuperio-
res com lábios em repouso. Por esse motivo a pouca expo-
sição dental superior e o aumento da exposição de dentes
inferiores são percebidos como um sinal de envelhecimen-
to e há um forte desejo de pacientes para solucionar essa
impressão. O avanço da idade está relacionado à perda da
vitalidade e vigor físico, elementos fundamentais para a
reprodução e liderança de grupo; por isso os aspectos
visuais que denotam esse processo são compreendidos
como não atraentes e não desejáveis. Muitos tratamentos
podem ser realizados para reverter quadros visuais rela-
cionados ao envelhecimento e proporcionar bem-estar aos
pacientes. Uma dessas formas de intervenção é o aumen-
to da exposição dental superior pela restauração da parte
dental perdida no processo de desgaste sofrido ao longo da
vida; no entanto, em muitas situações pacientes jovens que
tiveram problemas de extrusão natural ou muita tonicidade
da musculatura labial podem apresentar tal quadro anties-
tético, o que justifica um aumento dental até a correta expo-
sição, o que pode ser feito pelo tracionamento ortodôntico
ou pela restauração do comprimento dental correto com
laminados cerâmicos ou resinas compostas. A associação
de procedimentos pode ser necessária em alguns casos.
Para o correto planejamento o profissional deve avaliar a
relação de proporção altura/largura para decidir que tipo
de intervenção procederá. A proporção altura/largura, em
incisivos centrais, considerada ideal, é de 80%24.
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 125
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
REsumo
Paciente JPA apresentou-se para reabilitação oral com
ausência do elemento 21. O elemento 11 apresentava-se gi-
rovertido, o que deixava o espaço para o elemento 21 grande
demais para um só dente e estreito para dois. Além da perda
do elemento 21, o paciente apresentava perda de estruturas
óssea e gengival nessa região. Os demais elementos esta-
vam insatisfatórios do ponto de vista estético como laterais
curtos e estreitos e caninos e pré-molares com coloração
alterada. O desafio maior, no entanto, era resolver a distribui-
ção proporcional dos elementos anterossuperiores, de modo
a obter harmonia dentofacial.
A equipe restauradora realizou enceramento diagnóstico
para distribuir o espaço entre centrais e avaliar o quanto de
restauração dentogengival seria necessária para resolver a
perda de suporte. Após essa análise o caso estava pronto
para a reabilitação. Nesse momento a consultoria visagista
foi realizada para a determinação das formas dentais, haja
vista que a posição das bordas incisais estava estabelecida
pelo plano incisal, determinado pelo plano oclusal dos dentes
posteriores. Na consultoria, o paciente demonstrou compor-
tamento tranquilo e reservado, comunicação calma e serena,
grande estabilidade emocional e mencionou que considera
como pontos fortes de sua personalidade a palavra, a honra
pessoal, ação objetiva e persistente e o respeito pelos outros.
Suas características faciais apresentavam-se dominadas por
traços retilíneos, com formato do rosto retangular tendendo
ao quadrado. Gostaria que seu desenho do sorriso tivesse al-
guma relação com essas qualidades de personalidade e tra-
Caso 4
ços faciais. Portanto, tais características podem ser en-
contradas em pessoas com temperamentos dominantes
coléricos e fleumáticos, ambos caracterizados por linhas
retas horizontais (fleumático) e verticais (colérico). Em ter-
mos de desenho do sorriso tais características seriam
expressas por um desenho plano (ver Capítulo Composi-
ção), dentes quadrados com incisais retas, e dominância
de centrais em largura, caninos fortes e curtos.
O diastema é muito comum em desenhos de sorriso
planos e por esse motivo foi adicionado à reabilitação final.
Um novo enceramento foi realizado e provado diretamen-
te na boca, para que imagens extraorais fossem tiradas
objetivando verificar a harmonia entre esse desenho de
sorriso com a face. Sua reabilitação representou um desa-
fio para os técnicos por trabalharem tanto com laminados
cerâmicos puros em praticamente todos os dentes exceto
no elemento 21, em que foi realizada prótese metalocerâ-
mica com cerâmica gengival. Considerando-se a idade do
paciente, os elementos foram confeccionados com uma
cor mais saturada A4, e a exposição dental com a boca
em repouso ficou reduzida para que o trabalho, além de
respeitar os princípios de harmonia e estética, também
respeitasse a personalidade e a idade do paciente.
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
126 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Figuras 1
Imagens faciais. Vista frontal - pré-operatório.
a b c d
Figura 2
Eixos faciais
de referências
horizontal e vertical.
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 127
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
Figura 3
Imagem intraoral dos
dentes anterosuperiores com
fundo negro -- pré-operatório.
Figuras 4
Análise do espaço.
a b
a b
Figuras 5
Análise da proporção dental.
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
128 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Figura 6
Espaço largo para
um dente e estreito para
dois dentes.
Figuras 7
Enceramento diagnóstico.
a b c
Figuras 8
Enceramento pronto.
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 129
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
Figura 9
Sorriso com mock-up.
Figura 10
Mock-up vista intraoral com fundo negro - vista frontal. Mock-up com formas dentais arredondadas.
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
128 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Figuras 12
Novo enceramento realizado de acordo
com a entrevista visagista.
Figuras 11
Tomada de cor.
a
a b c
Figuras 13
Enceramento posicionado diretamente em boca.
a
b d
b
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 129
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
c
Figura 16
Caso finalizado -
aspecto intraoral.
Desenho do
sorriso plano.
Figuras 14
Análise da harmonia dentofacial obtida com novo desenho de sorriso (prova do enceramento direto na boca).
a b
Figuras 15
Confecção das
cerâmicas seguindo
o último enceramento
como guia.
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
130 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
a b c
a c
Figuras 17
Face com trabalho finalizado. Observar a perfeita harmonia dentofacial com novo desenho do sorriso (desenho de sorriso plano).
Figura 18
Exposição dental correta para
sexo e idade do paciente
(aproximadante 1,0 mm).
Material Clínico Foi utilizado pastilha LT. Recorte de borda incisal de 1 mm sobre substrato na cor A4. Foi aplicado e.max.
Ceramistas - Juvenal de Souza Neto - Prótese Dentogengival, Joinville/SC; Jorge Alberguine - Laminados e Lentes, São Paulo/SP; André Luís Tome dos Santos - enceramento,São Paulo/SPConsultoria de Visagismo - Bráulio PaolucciFotografias Clínicas e Laboratoriais - Fernando Pastor Implantodontista - Carlos DinizProtesista - Fernando Pereira Pastor
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 131
Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
b
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Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso
134 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Capítulo 6 A Consultoria
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 135
Consultoria6.1 Conceito
O trabalho da equipe visagista começa com uma entrevis-
ta com o paciente chamada por Philip Hallawell de consulto-
ria. É nessa consultoria que o profissional poderá aprofundar
seu conhecimento acerca do ser humano por trás daquela
boca a ser tratada. A consultoria objetiva definir “aquilo” a ser
realizado pela equipe em termos de desenho de sorriso e sua
expressão1-3. Um sorriso deve expressar visualmente carac-
terísticas da identidade pessoal do paciente, tais como seu
temperamento, comportamento e seu estilo de vida, devendo
revelar características autênticas individuais e não criar uma
máscara ou persona, que representaria a maneira como a
pessoa gostaria de ser ou ser percebida pelos outros4.
De um trabalho odontológico geralmente se espera lon-
gevidade. De modo que não se pode ficar mudando os dentes
de acordo com as circunstâncias ou momentos de vida e, por
este motivo, a reabilitação deve ser fiel às características ou
qualidades interiores de uma personalidade. O paciente deve
ser esclarecido que a evidenciação, através de linhas e for-
mas, de características não autênticas poderá alterar seu
comportamento com o tempo de maneira não controlada,
podendo trazer mais prejuízos que benefícios.
A consultoria se inicia com a análise de traços físicos5-6,
modo de andar, sentar, tom de voz e postura seguidos de uma
análise comportamental, onde se avalia como a pessoa se
porta diante de variadas situações cotidianas. Por fim, avalia-
se estilo de vida, necessidades pessoais e profissionais, dese-
jos e preferências pessoais. Ao fim do processo o profissional
deverá ter um entendimento do tipo temperamental de seu
paciente, quais seriam as dificuldades vividas por ele e suas
necessidades pessoais, para então orientar esse paciente na
definição de sua vontade de expressão, que será o guia para
a utilização das variadas linhas e formas nas unidades orais
componentes do desenho de sorriso final. A consultoria ajuda
o paciente a refletir sobre si e identificar o que gostaria de ex-
pressar visualmente (de suas qualidades) através de seu sor-
riso. A pergunta final ao paciente seria: o que você gostaria de
expressar de si pelo seu sorriso? A vontade de expressão do
paciente deverá estar de acordo com sua identidade pessoal,
ou seja, a maneira como essa pessoa se percebe interiormen-
te, de maneira que o sorriso expresse visualmente algo verda-
deiro ou autêntico, respeitando os princípios de harmonia e
estética e, portanto, revele a beleza pessoal.
Profissionais da Odontologia Estética que direcionam seus
trabalhos em configuração visual, orientando seus técnicos
sobre o tipo de formatos a serem utilizados nos casos, geral-
mente o fazem seguindo sua intuição, o que nem sempre coin-
ABráulio Paolucci, Philip Hallawell
Capítulo 6 A Consultoria
136 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
cide com aquilo que o paciente imaginava como ideal7-9; por
isso em alguns casos o resultado final fica bom aos olhos do
profissional e desagrada ao cliente e, na maioria das vezes, a
causa da insatisfação se torna difícil de ser identificada. A con-
sultoria objetiva minimizar essas ocorrências especificando
melhor os desejos e as expectativas dos pacientes e tornando
consciente o processo de construção visual do desenho do
sorriso por parte dos profissionais, que como demonstrado
no Capítulo Desenho Digital do Sorriso, pode ser simulado no
computador e discutido com o paciente previamente à exe-
cução final.
6.2 Temperamentos
Considera-se que a personalidade de um indivíduo seja
constituída principalmente de dois componentes: um de ori-
gem genética10, relacionado à árvore genealógica do indivíduo
e o outro formado ao longo dos anos através da educação,
influências culturais e experiências de vida. Os aspectos for-
mados a partir da educação e experiências pessoais tendem
a controlar a manifestação das tendências genéticas.
De maneira geral, as tendências genéticas podem se ma-
nifestar em uma personalidade mediante condições favorá-
veis ou não se manifestar mediante repressões ou ambientes
desfavoráveis durante o período de formação e consolidação
desta10. O resultado disso é que muitas vezes o indivíduo ape-
sar de possuir uma genética favorável a um predomínio de
características comportamentais ligadas à força, pode apre-
sentar uma personalidade adulta submissa e apática por ter
tido experiências repressoras e/ou traumáticas ao longo do
seu desenvolvimento.
Como demonstrado no Capítulo Identidade, Personalidade
e sua Relação com a Imagem, algumas correntes da psicolo-
gia consideram que após a conclusão da formação de uma
personalidade não será mais possível promover alterações
em sua estrutura, mas pode-se conseguir que alguém como
do exemplo acima, que possua tendências genéticas a um
comportamento forte e impositivo e apresente comporta-
mento dissociado disso, consiga manifestá-las em seu com-
portamento após um tratamento psicológico que investigue e
trate as causas para o distanciamento de sua natureza.
O temperamento, segundo algumas correntes de pensa-
mento, se relacionaria aos componentes genéticos de uma
personalidade.
No Visagismo procurar-se-á investigar, a partir das estru-
turas formadoras da face, quais as possíveis tendências tem-
peramentais do paciente, sua manifestação ou não em seu
comportamento e qual o impacto prático disso em sua vida.
A equipe visagista avaliará junto ao cliente a possibilidade
de expressar características pessoais autênticas em sua ima-
gem pessoal pelo uso das linhas e formas adequadas, median-
te a autorreflexão desse sobre os impactos dessa mudança
em sua vida. Uma imagem pessoal transformada poderá alte-
rar a maneira como uma pessoa é percebida e tratada pelas
pessoas de seu convívio e isso resultar em mudanças com-
portamentais. Por esse motivo alterações de imagem pessoal
realizadas na face devem ser bem avaliadas por parte da equi-
pe de profissionais. A forma prática para essa avaliação seria
a consultoria de imagem4.
Existem muitas teorias sobre os temperamentos huma-
nos. Algumas datam de tempos antigos, como a teoria grega
(de Hipócrates), a chinesa e a hindu4. Há também algumas
atuais como a classificação tipológica de Jung. É importante
esclarecer que qualquer classificação de tipos psicológicos é
imprecisa pois cada ser é único e os sistemas de classificação
tendem a criar generalizações. No entanto, uma organização
se faz necessária para orientar o profissional que atuará na
construção da imagem pessoal, pois como já mencionado,
essa imagem afeta profundamente o indivíduo nas esferas
emocional, psicológica e comportamental e um certo conhe-
cimento de aspectos psicológicos do paciente se faz neces-
sário. A equipe visagista não precisará de um conhecimento
Capítulo 6 A Consultoria
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 137
aprofundado sobre a personalidade de seus pacientes, mas
precisará saber quais as principais características positivas
e negativas de sua personalidade e os sistemas de classifica-
ção de temperamentos constituirão um guia confiável para
facilitar a obtenção dessas respostas como proposto por um
pesquisador em seu método de consultoria4.
Neste trabalho será utilizada a classificação tempera-
mental de Hipócrates, a mais antiga do Ocidente, que por
classificar os temperamentos em quatro tipos principais,
facilita a sua associação com os quatro tipos básicos de
linhas e de formas.
6.3 Hipócrates e os quatro temperamentos
Para aquele que é considerado o “pai” da Medicina, o ser
humano seria uma mistura única entre quatro tipos tem-
peramentais distintos. Um tipo temperamental represen-
taria uma conjunção de características comportamentais
e existenciais afins11. Seriam os tipos colérico, sanguíneo,
melancólico e fleumático. O temperamento geral de cada
indivíduo seria constituído por uma somatória entre suas
tendências comportamentais em aspectos distintos de sua
personalidade, sendo que de modo geral um ou dois des-
ses tipos geralmente se apresentam como dominantes em
uma personalidade como um todo.
O tipo colérico apresenta grande força intelectual, com
grande capacidade de se concentrar, em geral tem sua opi-
nião própria bem definida sobre as coisas e para ser conven-
cido a mudar de opinião precisa de argumentos bem funda-
mentados. Sua maneira de pensar na maioria das vezes é
associada à praticidade e objetividade. Emocionalmente tende
a ser muito intenso, embora manifeste com discrição seus
sentimentos. É fiel e leal às pessoas com quem convive e que
admira, abominando a traição. Suas ações são objetivas e di-
retas. É persistente naquilo que se propõe a fazer, a determi-
nação é marcante em suas ações. Geralmente lida bem com
a pressão. Sua comunicação é direta e sem meias voltas, sen-
do considerado franco e transparente. Em geral impõe suas
vontades aos outros, tendo grande capacidade de liderança.
Gosta de mandar e não gosta de ser retrucado. Entre seus
atributos negativos pode-se relacionar a intolerância, autorita-
rismo e tendência dominadora. Na raiva tende a ser impiedo-
so e explosivo podendo apresentar comportamento violento.
Tende a ser teimoso e a não se importar com a opinião alheia.
Pode ser vaidoso e orgulhoso. Seu porte é forte com ossos e
músculos bem definidos, seu andar é firme assim como seus
gestos. A postura da cabeça é ereta ou inclinada para trás.
O tipo sanguíneo geralmente é muito criativo, curioso e
efervescente de ideias, pensa rápido. Emocionalmente pode
ser instável e transparente, mas não tem tendência a guardar
mágoas. Seu comportamento tende a ser extovertido, alegre
e brincalhão. Seu ritmo de vida é muito dinâmico e energético,
podendo se envolver com várias atividades ao mesmo tempo.
Tende a ser impetuoso e a correr riscos. De modo geral apre-
cia esportes ou atividades de risco. Pode ser grande empreen-
dedor. Na comunicação tende a ser muito falante, expressivo,
sendo o centro das atenções. Lida bem com os outros pelo
seu jeito descontraído e expansivo. Não apresenta tendência
de impor sua vontade aos outros, negociando-a. Como ca-
racterísticas negativas pode ser inconstante, desorganizado
e pouco perseverante. Pode agir sem foco. Sua extroversão
pode torná-lo inconveniente. Sua estrutura física geralmente
é atlética e/ou magra. Anda de maneira rápida e energética.
Tem tendência a gesticular bastante.
O tipo melancólico tende a ser introspectivo, lógico, analíti-
co e organizado. Emocionalmente tende a ser muito sensível
e reservado na manifestação das emoções. Sua ação geral-
mente é persistente, detalhista, perfeccionista e organizada.
É tímido e discreto na comunicação. Geralmente dá rodeios
para tratar de assuntos que considera delicado. Tende a ma-
nipular para conseguir impor sua vontade. Como característi-
cas negativas o tipo melancólico pode se apresentar ansioso,
Hipócrates
Capítulo 6 A Consultoria
138 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
sistemático e exageradamente perfeccionista. Sua timidez
na manifestação emocional pode torná-lo frio e antipático
aos olhos de outras pessoas. Em geral pode apresentar-se
conservador e controlador em excesso. Sua estrutura física
tende a apresentar-se magra e longilínea. Seu andar é lento,
cuidadoso e elegante. Sua postura geralmente é ereta. Seus
gestos delicados e precisos.
O tipo fleumático apresenta-se como muito estável em
seus pensamentos, sendo conservador e apreciando a se-
gurança. É o mais místico e religioso dos tipos. A diplomacia
Representação dos temperamentos.
(a) Sanguíneo; (b) Colérico; (c) Fleumático; e (d) Melancólico.
a b c d
seria uma característica marcante desse tipo. Emocional-
mente se caracterizaria como calmo, tranquilo e dificilmente
se desequilibraria. Sua ação e ritmo de vida são marcados
pela lentidão e apatia. Sua comunicação tende a ser cautelo-
sa e equilibrada, procurando agradar as pessoas com quem
convive. Não apresenta tendência a impor-se, aceitando tran-
quilamente situações e condições impostas pelo meio. Como
fraquezas geralmente apresenta a apatia, o conformismo e o
comodismo. Pode ser vago e submisso. Seu físico apresenta
tendência a ser gordo. Seu porte é relaxado e seu andar ar-
rastado. Expressa-se com poucos gestos. Ilu
straç
ão: P
hilip
Hal
law
ell
Capítulo 6 A Consultoria
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 139
6.4 Relação entre temperamentos, formas geométricas e cor
Os temperamentos representam uma conjuntura de carac-
terísticas comportamentais afins, de modo que pode-se asso-
ciá-los às expressões de linhas, formas e cores (os arquétipos
geométricos fundamentais). Geralmente as características do
temperamento colérico estão associadas a força, imposição,
estabilidade, intensidade e determinação, características que
se identificam com a expressão das linhas retas verticais e ho-
rizontais, especialmente a vertical. As formas básicas forma-
das por linhas retas verticais e horizontais são o quadrado e
o retângulo e, por este motivo, essas são as formas que mais
se aproximam da expressão do temperamento colérico. A cor
vermelha é a cor que expressa visualmente intensidade e força
e, assim, caracteriza o temperamento colérico.
O temperamento sanguíneo geralmente está associado a
características como extroversão, dinamismo, comunicabilida-
de, ação e está relacionado à expressão da linha diagonal. O
triângulo e os hexágonos seriam as formas típicas relaciona-
das a esse temperamento. O amarelo é a cor primária que
expressa vibração, energia, movimento e leveza e se identifica
com esse temperamento.
TEMPERAMENTOS / LINHAS / FORMASColérico: linha reta vertical - força, poder - RETÂNGULO
Sanguíneo: linha inclinada - dinamismo, extroversão, comunicação - TRIÂNGULO
Melancólico: linha curva - suavidade, abstração, delicadeza - OvAL
Fleumático: linha horizontal - tranquilidade, paz, passividade - QUAdRAdO OU CíRCULO
QUATRO FORMAS báSICAS
Sensibilidade, suavidade, delicadeza, elegância e capaci-
dade de abstração são características do temperamento
melancólico que encontram sua expressão nas linhas cur-
vas, lemniscatas e o formato oval. A cor azul se caracteriza
por expressar frieza, racionalidade, equilíbrio e se identifica
com esse temperamento.
Já o temperamento fleumático representa um conjunto
de características ligadas à estabilidade, tranquilidade, calma,
equiíbrio, conservadorismo e a diplomacia entre outras que
se identificam com a expressão da linha reta horizontal e por
formas que pelo equilíbrio entre altura e largura sugerem es-
tabilidade e monotonia como o quadrado e o círculo. Sua cor
é o roxo ou violeta.
Quadrado Círculo
Kandinsky W. Ponto e linha sobre o plano. São Paulo: Martins Fontes; 1997.
Triângulo Lemniscata
Capítulo 6 A Consultoria
140 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
6.5 Face e sua relação com aspectos de uma personalidade
O V isagismo se fundamenta no conceito de que a face ex-
pressa visualmente a identidade de uma pessoa4,12-13. É atra-
vés da face que o indivíduo se reconhece como pessoa e é re-
conhecido pelos outros. Como observa Hallawell: “o rosto é a
materialização do ser de uma pessoa, e é no espelho que uma
pessoa constrói seu senso de identidade visual a partir de uma
certa idade na infância” (ver Capítulo Identidade, Personalidade
e sua Relação com a Imagem).
A correlação entre aspectos faciais e tendências de tem-
peramento figura como objeto de estudos desde civilizações
antigas. Estudos mais recentes como a morfopsicologia14-15
procuram evidenciar à luz da ciência a correlação entre aspec-
tos físicos ou morfológicos e particularidades psicológicas16.
A análise facial é o primeiro passo da consultoria proposta
por Hallawell, onde a equipe procurará investigar o formato de
rosto e das feições, sua representação temperamental e sua
manifestação no comportamento do indivíduo. É pela análise
facial que o profissional obterá uma ideia sobre a tendência in-
dividual para o predomínio de determinado temperamento, que
deverá levar em consideração também as observações dadas
pelo próprio paciente.
Terço Superior Intelecto
Emoção
Ação e Ritmo de vida
Expressão,Intuição e Sexualidade
Vontade
Terço Médio
Terço Inferior
Na análise facial os profissionais devem iniciar pela identifi-
cação do formato do rosto do paciente, que geralmente está
associado ao temperamento dominante. O visagismo trabalha
com nove formatos básicos de rosto que se relacionam aos
temperamentos de acordo com os tipos de linhas de sua con-
figuração como será demonstrado adiante. Os profissionais
também devem levar em consideração a divisão da face em
terços e a investigação da proporção entre esses. Alguns ter-
ços devem ser subdivididos em partes que se relacionam com
aspectos específicos da personalidade, como se segue:
6.5.1 Análise do formato do rosto
São nove os formatos básicos de rosto: oval, redondo,
quadrado, retangular, triangular, triangular invertido, lo-
sangular, hexagonal com lateral vertical e hexagonal com
base horizontal17.
O formato de qualquer coisa é percebido quando se
compara o espaço ocupado pelo objeto, chamado de es-
paço positivo, com o espaço vazio ao seu redor, chamado
de espaço negativo. Para conseguir perceber o formato do
rosto é preciso seguir, visualmente, os contornos do rosto,
observando os espaços ao seu redor e ignorando o rosto
em si e suas feições. A observação começa pelo ponto exte-
rior do arco zigomático, com o olhar percorrendo a linha ex-
terior do rosto, até o ângulo da mandíbula18. Essa linha será
curva, verticalmente reta, inclinada em direção ao queixo ou
inclinada para fora do rosto. Em seguida o formato do quei-
xo é observado, seguindo o ângulo da mandíbula até a ponta
do queixo, o mento. Finalmente, observa-se as linhas que
contornam a testa e os formatos que estas determinam.
O ângulo da mandíbula não aparece nos rostos ovais
e redondos, caracterizados por uma linha curva do arco
zigomático até o queixo, e nos triangulares invertidos e lo-
sangulares, caracterizados por uma linha inclinada, do arco
zigomático até o mento.
No rosto oval, a largura é igual ao tamanho do queixo
até as sobrancelhas. No rosto redondo, a largura é maior e
é igual à distância entre o queixo e o meio da testa. O rosto
oval indica que a pessoa tem atributos melancólicos domi- Foto
:isto
ckph
oto
Capítulo 6 A Consultoria
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 141
nantes ou muito fortes, porque expressa suavidade. O re-
dondo é associado a pessoas essencialmente fleumáticas,
porque expressa imobilidade e acomodação. Os mentos
desses formatos são arredondados.
A diferença entre o rosto losangular e o triângulo inver-
tido é que o losangular se inclina no arco zigomático, em
direção à testa, formando um ângulo no arco zigomático,
enquanto a linha lateral do rosto triangular invertido conti-
nua subindo, formando uma testa larga. As linhas inclinadas
do rosto losangular expressam muito dinamismo, por isso
indica que a pessoa seja essencialmente sanguínea. O tri-
ângulo invertido é um formato instável, mas flexível. Expres-
sa características melancólicas e sanguíneas. Os mentos
desses formatos são triangulares. A linha lateral vertical ou
quase vertical indica que o formato do rosto é quadrado,
retangular ou hexagonal com lateral reta.
Nos rostos retangulares e quadrados o ângulo da man-
díbula se situa abaixo da linha da boca. A base raramente
é absolutamente reta. Pode ser levemente arredondada ou
triangular. Por isso pode ser confundido com os formatos
redondo, oval e hexagonal de lateral reta. O rosto retangu-
lar, por conter linhas retas, indica que o temperamento do-
minante seja o colérico. No entanto, se o rosto for muito
estreito e longo, isso indica que o temperamento dominante seja
o melancólico. O rosto quadrado, apesar da força das linhas retas,
é imóvel e regular, o que sugere que a pessoa seja predominante-
mente fleumática.
Quando o ângulo da mandíbula se situa na altura da boca, a
linha lateral do rosto será vertical e o queixo será formado por um
triângulo, o que caracteriza o rosto hexagonal de lateral reta. É um
rosto dinâmico e está associado ao temperamento sanguíneo.
Assim como os formatos retangulares e quadrados, o ângulo
da mandíbula do formato hexagonal de base reta também se situa
abaixo da boca e a base raramente é absolutamente reta. Pode
ser confundido com o retangular, o quadrado ou o redondo, mas
diferente desses, a lateral do rosto é angular, formada por linhas
inclinadas, fazendo com que o arco zigomático seja protuberante,
igual ao do rosto losangular. Esse formato expressa característi-
cas coléricas e, com intensidade menor, sanguíneas.
No rosto triangular a base é mais larga do que o topo, portanto
a linha lateral se inclina do ângulo da mandíbula, que se situa abaixo
da linha da boca, para dentro do rosto, até a testa. Pessoas que têm
esse tipo de rosto geralmente são fortemente coléricas.
As testas geralmente acompanham a parte inferior do rosto.
Portanto, as linhas que contornam as testas de rostos redondos e
ovais são arredondadas. Observada de frente a testa terá formato
de meia lua. Nos rostos retangulares e quadrados essas linhas
Formato de rosto oval e formato de rosto redondo.
Formato de rosto retangular: (a) retangular estreito (b) retangular largo.
a b
Ilustr
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Capítulo 6 A Consultoria
142 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
são retas, formando testas retangulares. As testas dos rostos
hexagonais, triangulares e losangulares geralmente são trape-
zoides. O formato da testa do rosto triangular invertido é um
trapézio invertido.
6.6 Temperamentos e sua manifestação morfológica. Os “tipos puros”
O indivíduo que apresentasse características pessoais mar-
cantes relacionadas à força, liderança, objetividade ou praticidade,
intensidade e estabilidade emocional, ação persistente, expres-
são direta, sem meias voltas e vontade própria forte e impositiva,
provavelmente apresentaria como dominante o temperamento
colérico. Sua intensidade, força e estabilidade emocional o relacio-
nam automaticamente com as linhas retas, especialmente a reta
vertical e as formas que expressam tais características seriam
o retângulo e o quadrado. Em termos faciais esse indivíduo apre-
sentaria formato de rosto retangular ou quadrado com feições
caracterizadas por linhas retas como se segue: testa reta numa
visão lateral, mandíbula marcante com mento reto e projetado
visto lateralmente, olhos e sobrancelhas retilíneos, lábios expes-
sos, nariz largo, zigomáticos bem desenvolvidos e marcados e no
ambiente intraoral apresentaria o desenho de sorriso forte19. Já
aquelas pessoas que se identificassem com pensamento efer-
vescente, criatividade, impulsividade, instabilidade emocional,
ação muito dinâmica e às vezes desfocada, comunicação vi-
brante, e negociassem a imposição de sua vontade tenderiam
a apresentar o temperamento sanguíneo como dominante.
Toda a sua agilidade, extroversão e dinamismo seriam expres-
sos por traços faciais compostos por linhas inclinadas. Seu
formato de rosto seria triangular invertido ou hexagonal com
preferência ao hexagonal de lateral reta. Suas características
faciais seriam inclinadas, tais como testa inclinada para trás
quando vista de lado, olhos amendoados, nariz pronunciado,
boca grande e mento com formato triangular. O seu desenho
de sorriso seria o dinâmico.
Características como introspecção, discrição, elegân-
cia, apreciação de conteúdos culturais e artísticos, sensi-
bilidade emocional forte, ação sistemática, organizada e
perfeccionista, expressão tímida e tendência a manipular
para impor sua vontade provavelmente apresentariam o
temperamento melancólico como dominante.
Seu formato de rosto mais provável seria o oval e seus tra-
ços faciais seriam marcados pela delicadeza e linhas curvas.
Sua testa provavelmente se apresentaria curva, tanto numa vis-
ta frontal quanto de perfil onde se apresentaria também longa,
Formato de rosto hexagonal de lateral vertical ou reta e formato de rosto losangular.
Formato de hexagonal de base reta e triangular ou “pêra”.
Capítulo 6 A Consultoria
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 143
seus olhos poderiam ser arredondados ou levemente caídos,
seu nariz curto e de ponta fina ou longo e adunco, sua boca
seria pequena, com lábios finos ou em forma de cupido, seu
mento seria curvo e delicado, podendo se apresentar retraído
em uma vista lateral. O desenho de sorriso que expressaria tais
características seria o suave.
O temperamento fleumático geralmente apresenta como
características comportamentais aquelas relacionadas a esta-
bilidade intelectual e emocional, ação lenta e cuidadosa, expres-
são verbal suave, com muita cautela e ponderação nas palavras
e tendência a aceitar a vontade alheia com mais facilidade que
os demais temperamentos. Seu formato de rosto mais prová-
vel seria o quadrado ou circular e suas feições seriam espaça-
das com grande abertura no sentido horizontal, tais como testa
larga e curta, olhos espaçados, redondos e/ou cerrados com
pálpebras pesadas, o que lhe conferiria ar de cansado, nariz
bem largo, boca ampla com lábios apresentando pouca tonici-
dade, mento largo e ligeiramente retraído numa vista lateral.
Seu desenho de sorriso típico seria o plano.
6.7 Definição da intenção ou vontade
de expressão
O último passo da consultoria e também o mais impor-
tante é a definição da intenção do paciente ou sua vontade
de expressão4. Após a análise facial e a constatação de suas
correspondências psicocomportamentais, a equipe profis-
sional terá uma melhor ideia sobre as características mais
importantes da personalidade do paciente em suas esferas,
intelectual, emocional, de ação, comunicação e imposição da
vontade e, portanto, terá um quadro psicológico mais detalha-
do a respeito do paciente apesar de não profundo. Nesse mo-
mento é fundamental evitar pensar em soluções visuais antes
que o próprio paciente indique o caminho. O profissional terá
o compromisso de orientar o paciente a refletir sobre as ca-
racterísticas apresentadas (positivas e negativas) e a manei-
ra como elas o afetam em sua vida, de modo que esse deva
concluir a respeito de quais características gostaria de evi-
denciar em seu desenho de sorriso e quais gostaria de evitar.
Quando o paciente diz com precisão aquilo que percebe em si
como mais forte e determinante e que gostaria de expressar,
é o momento em que se considera terminada a consultoria
e passa a ser de responsabilidade do profissional transferir
essa vontade de expressão para o desenho do sorriso.
Portanto, o objetivo final da consultoria seria o de identificar
uma ou mais características positivas marcantes (autênticas)
que o paciente gostaria de expressar visualmente. Sabendo
disso o profissional usará dos elementos básicos de linguagem
visual aplicados sobre as condições orais preexistentes (unida-
des) respeitando os fundamentos de harmonia e estética. Des-
sa maneira revelar-se-á a beleza do sorriso.
Os casos clínicos a seguir exemplificarão a aplicação da
vontade de expressão dos pacientes no desenho do sorri-
so de reabilitações estéticas pouco invasivas, respeitando
as possibilidades e inviabilidades impostas pelas condições
orais preexistentes.
Formato de rosto triangular invertido.
Ilustr
açõe
s: P
hilip
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Capítulo 6 A Consultoria
144 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
1. Weinstein AR. Anterior composite resins and veneers: Treatment planning, preparation and finishing. J Am Dent Assoc (special issue) 1988;38.
2. Lackey AD. Examining your smile. Dent Clin North Am 1989;33:133.
3. Goldstein RE. Change Your Smile. Chicago: Quintessen-ce; 1984.
4. Hallawell, P. Visagismo integrado: identidade, estilo e beleza. São Paulo: Senac; 2009.
5. Tweed CH. The diagnostic facial triangle in the control of treatment of objectives. Am J Orthod 1991;55:651.
6. Subtelny JD. A longitudinal study of soft tissue facial structures and their profile characteristics, defined in relation to underlying structures, Am J Orthod 1959;45:481.
7. Brisman AS. Esthetics: a comparision of dentists and pacients concepts. J Am Dent Assoc 1980;100:345.
8. Andersen BP, Boersma H, Van der Linden FPG, Mo-ore AW. Perceptions of dentofacial morphology by laypersons and general dentists. J Am Dent Assoc 1979;98:209.
9. Graber LW, Luckner WG. Dental esthetic self-evalua-tion and satisfaction. Am J Orthod 1980;77:173.
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11. Glas Norbert. Os temperamentos. São Paulo: Antropo-sófica; 1990.
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15. Rufenacht CR. Fundamentos de estética. São Paulo: Santos; 1998.
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17. Hallawell, P. Visagismo: harmonia e estética. São Pau-lo: Senac; 2003.
18. Perard V. Anatomy and Geometry. New York: Bonanza Books Crown; 1989.
19. Spear F. Facially generated treatment planning: a res-torative viewpoint. American Academy of Esthetic Den-tistry [16th Anual Meeting; 1991 Aug 8; Santa Barba-ra, Calif].
6.8 Referências
Capítulo 7 Desenho digital do sorriso: do plano de tratamento à realidade clínica
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 145
Christian Coachman, Andrea Ricci, Marcelo Calamita, Livio Galias Yoshinaga
7.1 Introdução
Com a demanda crescente por tratamentos altamente
personalizados na Odontologia Estética contemporânea, tor-
na-se fundamental incorporar ferramentas que possam am-
pliar nossa visão diagnóstica, melhorar a comunicação entre
os membros da equipe e criar sistemas previsíveis durante o
processo de desenho do sorriso e tratamento.
Para se obter resultados consistentes, o planejamento das
restaurações deve ser definido assim que os dados de diag-
nóstico forem obtidos, orientando as fases subsequentes da
reabilitação1. Cada trabalho artístico requer uma visualização
inicial: na arquitetura, escultura ou pintura é necessário fazer
uso de projetos, esboços ou protótipos. São representações
bi ou tridimensionais do resultado final e, depois de terem sido
desenvolvidas, irão guiar os processos de construção, dese-
nho e modelagem. Da mesma forma, na Odontologia, todas as
necessidades, expectativas, e questões funcionais e biológicas
dos pacientes devem ser cientificamente incorporadas no de-
senho estético do tratamento, que deve servir como referên-
cia para todo o resto do procedimento2-10.
O objetivo deste Capítulo é apresentar um conceito singu-
lar do desenho digital do sorriso em duas dimensões (DDS),
que fornecerá parâmetros importantes para guiar um ence-
ramento diagnóstico tridimensional efetivo.
O DDS é baseado no uso de ferramentas digitais de alta
qualidade – estáticas e dinâmicas – que são consideradas
essenciais para análise, documentação e comunicação na
Odontologia Estética contemporânea11 e que também po-
dem ser usadas como base para realização de uma série
de procedimentos diagnósticos, incorporando dados cru-
ciais no processo do plano de tratamento.
7.2 Razões efetivas para o uso
do desenho digital do sorriso
7.2.1 Diagnóstico
O desenho digital do sorriso permite a descoberta gra-
dual de muitos fatores clínicos envolvidos num caso restau-
rador simples ou complexo que podem passar desperce-
bidos durante o exame clínico, na avaliação fotográfica ou
nos modelos de estudo. O desenho das linhas e formas de
referência sobre imagens de alta qualidade na tela do com-
putador, seguindo-se um roteiro predeterminado, ampliará
a visão diagnóstica e ajudará à equipe a ponderar as limita-
ções e os fatores de risco, como assimetrias, desarmonias
e violações aos princípios estéticos. Uma vez identificado o
problema e visualizada a solução, simplifica-se a seleção da
técnica apropriada.
O protocolo para o desenho digital do sorriso admite
a comunicação efetiva entre os membros da equipe inter-
disciplinar, incluindo o técnico de laboratório. Os membros
da equipe podem identificar e ressaltar as discrepâncias
na morfologia dos tecidos moles e duros, discutindo sobre
imagens ampliadas as melhores soluções possíveis para o
caso. Cada membro da equipe pode adicionar informações
diretamente nos slides, escrever ou fazer o registro vocal
simplificando ainda mais o processo. Com o armazenamen-
to destes planejamentos “nas nuvens”, outros membros da
equipe podem acessar estas informações sempre que pu-
derem, mudando ou adicionando novos elementos durante
as fases de diagnóstico e tratamento.
Como o uso do desenho digital do sorriso pode tornar
o diagnóstico mais efetivo e o plano de tratamento mais
Desenho digital do sorriso: do plano de tratamento à realidade clínica
Capítulo 7 Desenho digital do sorriso: do plano de tratamento à realidade clínica
146 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
completo, o tempo necessário para sua implantação será
resgatado, deixando a sequência de tratamento mais lógica
e direta, poupando tempo, materiais e reduzindo o custo du-
rante o tratamento.
7.2.2 ComunicaçãoA literatura tem ressaltado a importância do desenho
do sorriso, embora seja vaga em relação ao responsável
pela sua realização. Podemos ver a importância da reunião
dos dados diagnósticos pelos checklists4,7,12-13; entretanto,
muitas informações podem ser perdidas se o significado
real não for transferido de forma adequada ao desenho da
reabilitação.
Tradicionalmente o desenho do sorriso é materializado
primeiro pelo técnico de laboratório, quando realiza o encera-
mento restaurador, criando formas e arranjo, conforme as in-
formações restritas, seguindo algumas diretrizes escritas ou
passadas pelo cirurgião-dentista ao telefone como: “aumente
2 mm”, “feche o diastema” etc. Desta forma, muita responsa-
bilidade é colocada sob os ombros do técnico(a), porque, mui-
tas vezes, não possui as informações necessárias para rea-
lizar a tarefa. Desta forma, perde-se a oportunidade de criar
um sorriso que satisfaça totalmente o paciente.
Quando o coordenador ou outro membro da equipe res-
tauradora que está em contato direto e tem empatia com o
paciente e assume a responsabilidade pelo desenho do sorriso,
os resultados podem ser melhores, já que o profissional pode
incorporar certas preferências pessoais ou características
morfopsicológicas10,14. Assumindo esta responsabilidade, o ci-
rurgião-dentista pode comunicar diretrizes importantes para o
enceramento, como as recomendações sobre o comprimento,
forma, arranjo e nível do plano oclusal, baseado nas imagens.
As desculpas para que o cirurgião-dentista não participe
diretamente do desenho do sorriso são muitas, como o tempo
ou o treinamento necessário.
Para um DDS bidimensional, o técnico será capaz de reali-
zar um enceramento tridimensional mais eficaz, concentrando-
se no desenvolvimento das características anatômicas dentro
dos parâmetros especialmente fornecidos, como o plano de re-
ferência, linhas média facial e dentária, posição da borda incisal,
dinâmica labial, arranjo dentário básico e plano incisal.
A transferência da informação do enceramento para a
fase de prova (test drive), pode ser feita pelo uso de uma si-
mulação (mock-up) ou restauração provisória. O desenho das
restaurações estéticas definitivas deveria ser feito e testado
tão logo possível, guiando toda a sequência de tratamento
para um resultado estético predeterminado. Um plano de
tratamento eficiente permite que toda a equipe identifique, o
mais cedo possível, as mudanças para obtenção do resultado
esperado em todas as especialidades envolvidas1.
7.3 Avaliação – feed-back - aprendizadoO desenho digital do sorriso permite uma reavaliação pre-
cisa dos resultados obtidos em cada fase do tratamento. Com
os desenhos e linhas de referências criadas é possível realizar
comparações simples entre as imagens do antes e depois,
verificar se estão de acordo com o planejamento, ou se é ne-
cessária qualquer outra medida para melhorar os resultados.
Esta verificação dupla constante de todas as informações é
uma imagem para tratamentos de alta qualidade e ferramen-
ta de aprendizado para toda a equipe multidisciplinar.
7.3.1 Educação Muitas vezes o paciente não fica satisfeito com sua estéti-
ca, mas não sabe, exatamente, quais são os fatores que con-
tribuem para sua aparência. Quando temos a oportunidade
de mostrar todos os elementos que não estão de acordo com
os princípios estéticos numa apresentação didática, podemos
educar o paciente sobre a severidade do caso, estratégias
de tratamento, prognóstico e recomendações. A educa-
ção sobre as soluções será mais fácil e direta ao paciente,
aumentando-se a credibilidade e verdade sobre a equipe
odontológica e, consequentemente, uma melhor aceitação
do tratamento proposto.
7.3.2 Apresentação do casoUsado para realizar a apresentação do plano de tratamen-
to, o desenho digital do sorriso tornará o processo mais efetivo
e direto, porque permitirá ao paciente ver e compreender to-
dos os múltiplos fatores combinados que criam as característi-
cas orofaciais. A apresentação do caso será efetiva e dinâmica
para ele, aumentando a aceitação do plano proposto.
7.3.3 VisagismoO desenho digital do sorriso se apresenta como ferra-
menta fundamental para o profissional que utiliza o visagis-
mo em seus planejamentos. Permite a esse profissional
confeccionar um desenho de acordo com a vontade de ex-
pressão do paciente e apresentá-lo previamente à confec-
ção do enceramento diagnóstico. Essa estratégia objetiva
Capítulo 7 Desenho digital do sorriso: do plano de tratamento à realidade clínica
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 147
a discussão do caso entre ele e o paciente e o alinhamento
entre aquilo que o paciente espera ou deseja do tratamento
e o que o profissional visualiza para a resolução do caso. O
profissional poderá ainda valer-se da apresentação de mais
de um desenho de sorriso, em caso de dúvida, com as varia-
ções de formas possíveis para o caso e explicar para o pa-
ciente o que cada desenho significa em termos psicovisuais.
A decisão do desenho a ser seguido deve ser baseada na
vontade do paciente e viabilidade de execução. Geralmente
aquele desenho preferido pelo paciente terá mais relação
com seu senso de identidade visual, uma vez que a leitura
visual é inconsciente.
7.4 Desenho digital do sorriso – sequência
A técnica proposta é realizada pelos autores usando o
programa Keynote (Apple), mas outros programas simila-
res como o MicroSoft PowerPoint podem ser usados com
pequenos ajustes na técnica a ser descrita. O Keynote per-
mite a manipulação simples das imagens digitais e a adição
de desenhos, linhas, formas e medidas sobre imagens clíni-
cas ou laboratoriais.
O desenho digital do sorriso segue uma sequência lógi-
ca, da região externa para a região interna da análise no
paciente: facial, dentofacial, dentogengival e dentária (intra
e interdentária). A sequência mostrada abaixo é um passo
a passo completo que pode ser modificado, diminuído ou
adaptado para diversas situações, dependendo das neces-
sidades individuais.
Deve-se abrir o programa Keynote num formato de slide 3
para 1 e começar a inserir as imagens. As primeiras imagens
serão de face, sendo da esquerda para a direita: face com
boca fechada (análise do formato do rosto), boca em repouso
(análise dos terços faciais e exposição dental em repouso),
sorriso leve (relação entre plano incisal e borda superior do
lábio inferior) e sorriso largo com a boca aberta (para mostrar
o contraste das bordas incisais com o fundo negro da boca).
Para o segundo slide, deve-se selecionar a imagem facial
com sorriso largo e boca aberta. Nessa imagem delinea-se
linha média facial, linha horizontal de referência (geralmente
linha interpupilar), duplicando-se essa linha e trazendo para
a região oral.
No terceiro slide, deve-se sobrepor uma imagem intraoral
maxilar com fundo negro sobre a facial; deve-se ajustar o tama-
nho da imagem intraoral até se adaptar precisamente sobre
a facial.
O quarto slide deve mostrar a imagem intraoral com as
linhas de referências faciais e começar a confeccionar tra-
ços para diagnosticar deficiências estéticas.
Primeiro avalia-se a relação entre linhas média facial e
dental. Em seguida a relação entre o plano incisal com o
plano horizontal facial de referência.
A seguir desenha-se o contorno dos dentes superiores
onde se avalia a forma dental original e assimetrias de for-
ma entre os lados direito e esquerdo. Em seguida traça-se o
longo eixo de cada elemento, o que permite visualizar como
as variadas posições coronais podem ser a causa de insa-
tisfação por parte do paciente. O próximo passo é desenhar
as linhas complementares como linha dos zênites gengivais,
linha de união das ameias gengivais e incisais.
Por último deve-se traçar linhas interproximais verticais
para analisar a proporção “md” entre os diversos elemen-
tos superiores. Nesse momento o profissional terá um pa-
norama diagnóstico, em que todos os principais elementos
visuais constituintes da estrutura do sorriso podem ser
analisados e começar a visualizar possibilidades reabilitado-
ras para o caso.
A partir desse momento as intervenções a serem reali-
zadas em termos de confecção do desenho do sorriso deve-
rão levar em conta a vontade de expressão e sua viabilidade
de execução de acordo com as possibilidades orais do pacien-
te, conforme mostrado no Capítulo Composição. O exemplo
clínico a seguir ilustrará a sequência operatória do desenho
digital do sorriso à reabilitação cerâmica.
Capítulo 7 Desenho digital do sorriso: do plano de tratamento à realidade clínica
148 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Figura 1
Situação intraoral inicial.
Figuras 2
Imagens faciais
pré-operatórias.
Figura 3
Linhas de referências
faciais, verticais
e horizontais.
a b c
Capítulo 7 Desenho digital do sorriso: do plano de tratamento à realidade clínica
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 149
Figura 4
Relação entre eixos
faciais verticais e
horizontais e região oral.
Figura 5
Contorno labial
e plano incisal.
Pré-operatório.
Figura 6
Relação de
discrepância
entre linhas médias
dental e facial.
Capítulo 7 Desenho digital do sorriso: do plano de tratamento à realidade clínica
150 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Figura 7
Sobreposição de imagem intraoral com afastador sobre sorriso com eixos
de referência.
Figura 8
Ajuste da sobreposição.
Figura 9
Eliminação da imagem inferior
e manutenção da intraoral com
eixos de referência faciais
para começar a desenhar.
Capítulo 7 Desenho digital do sorriso: do plano de tratamento à realidade clínica
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 151
a
b
c
d
e
Figuras 10a a 10e
Desenhos do sorriso
para orientar o
tratamento ortodôntico.
Capítulo 7 Desenho digital do sorriso: do plano de tratamento à realidade clínica
152 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Figura 11
Tratamento ortodôntico finalizado.
Figuras 12
Comparação entre antes e depois do tratamento ortodôntico.
a b
Capítulo 7 Desenho digital do sorriso: do plano de tratamento à realidade clínica
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 153
Figuras 13
Novos desenhos de sorriso para orientar o enceramento diagnóstico.
b
a
Capítulo 7 Desenho digital do sorriso: do plano de tratamento à realidade clínica
154 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Figura 14
Enceramento diagnóstico.
Figura 15
Mock-up.
Capítulo 7 Desenho digital do sorriso: do plano de tratamento à realidade clínica
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 155
a
a
b
b
c
c
d
d
Figuras 16
Imagens extraorais com o mock-up.
Figuras 17
Imagens faciais com o mock-up.
e
Capítulo 7 Desenho digital do sorriso: do plano de tratamento à realidade clínica
156 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
a b
c d
Figuras 18
Comparação antes e depois com mock-up.
Capítulo 7 Desenho digital do sorriso: do plano de tratamento à realidade clínica
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 157
c
d
Figura 19
Preparo dental.
Minimamente invasivo.
Figura 21
Laminados.
a bFiguras 20
Prova dos laminados.
Capítulo 7 Desenho digital do sorriso: do plano de tratamento à realidade clínica
158 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
a
b
Capítulo 7 Desenho digital do sorriso: do plano de tratamento à realidade clínica
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 159
c1 c3c2
d1 d2
Ceramista - Christian CoachmanDesenho Digital do Sorriso - Christian CoachmanFotografias Clínicas e Laboratoriais - Christian Coachman e Andrea Ricci
Ortodontista - Catharina RicciProtesista - Andrea Ricci
Figuras 22a a 22d
Resultado final. (d1 e d2). Comparação antes/depois.
Capítulo 7 Desenho digital do sorriso: do plano de tratamento à realidade clínica
160 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
1. Dawson PE. Functional occlusion: From TMJ to smile
design. St Louis: Mosby; 2007.
2. Spear FM. The maxillary central incisor edge: a key to
esthetic and functional treatment planning. Compend
Contin Educ Dent 1999;20(6):512-6.
3. Spear FM, Kokich VG, Mathews DP. Interdiscplinary
management of anterior dental esthetics J Am Dent
Assoc 2006;137(2):160-9
4. Goldstein RE. Esthetics in dentistry:principles,
communication, treatment methods. Ontario: BC
Decker; 1998.
5. Kois J. Diagnostically driven interdisciplinary treatment
planning. Seattle Study Club J 2002;6(4):28-34.
6. Kois JC. Diagnostically driven treatment planning.
In: Cohen M. Interdisciplinary treatment planning.
Principles, Design, Implementation. Hannover Park:
Quintesssence; 2008:189-212.
7. Chiche GJ, Pinault A. Esthetics of anterior fixed
prosthodontics. Hanover Park: Quintessence; 1996.
8. Rifkin RG. Facial analysis: a comprehensive approach
to treatment planning in aesthetic dentistry. Pract
Periodont Aesthet Dent 2000;12(9):865-87.
9. Ahmad I. Geometric considerations in anterior dental
aesthetics: restorative principles. Pract Periodontics
Aesthet Dent 1998;10(7):813-22.
10. Rufenacht CR. Fundamentals of esthetics. Carol
Stream: Quintessence; 1990.
11. Terry DA, Snow SR, McLaren EA. Contemporary dental
photography: selection and application. Compend
Contin Educ Dent 2008;29(8):432-40.
12. Magne P, Belser U. Bonded porcelain restorations in
the anterior dentition: a biomimetic approach. Carol
Stream: Quintessence; 2002.
13. Fradeani M. Esthetic rehabilitation in fixed prosthodontics.
Esthetic analysis: a systematic approach to prosthetic
treatment. Chicago: Quintessence; 2004.
14. Paolucci B. Visagismo e Odontologia. In: Hallawell P.
Visagismo integrado: identidade, estilo, beleza. São
Paulo: Senac; 2009. p.243-50.
15. Gillen RJ, Schwartz, RS, Hilton TJ, Evans DB. An
analysis of selected normative tooth proportions. Int J
Prosthoddont 1994;7:410-7.
16. Sterret JD, Oliver T, Robinson F, Fortson W, Knaak B,
Russell CM. Width/Lenght ratios of normal clinical
crowns of the maxillary anterior dentition. Man J Clin
Periodontol 1999;26(3):153-7.
7.5 Referências
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 161
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Bráulio Paolucci,Galip Gurel
Na prática clínica o Visagismo se presta a personalizar rea-
bilitações de configuração visual do desenho de sorriso final.
Seu objetivo é conseguir um equilíbrio visual entre esse dese-
nho do sorriso final com a face e com aspectos psicocompor-
tamentais do paciente. Para isso é imprescindível a consultoria,
onde a equipe restauradora verificará, com o paciente, quais
suas principais características psicocomportamentais, suas
queixas estéticas, suas necessidades pessoais e desejos, e
através do uso de linhas e formas adequadas, procurará ela-
borar um desenho de sorriso que expresse visualmente a von-
tade de expressão do paciente.
Portanto, o Visagismo entra numa fase adiantada da rea-
bilitação estética, após a equipe ter identificado os problemas
estéticos do caso, tanto do ponto de vista intraoral quanto ex-
traoral, em que se avaliada a proporção entre os elementos
orais com a face, é proposto suas correções de acordo com os
princípios de harmonia e estética consolidados na Odontologia.
Em casos de estética dental, onde já se tem elementos ou
unidades orais tais como dentes, rebordo ósseo e arcabou-
ço gengival como referência, a aplicação do Visagismo fica
condicionada por essas estruturas, que em suma devem ser
respeitadas o máximo possível, para se conseguir resultados
naturais e imperceptíveis. A vontade de expressão do paciente
deve ser aplicada, nesses casos, como um detalhamento do
desenho do sorriso final, como proposto no Capítulo Compo-
sição (ver Estrutura e Detalhe). Em reabilitações mais com-
plexas, onde houve a perda de múltiplos elementos dentais,
rebordo ósseo e gengival, o seu uso é mais amplo, servindo
a vontade de expressão do paciente como referência para a
reconstrução dessas estruturas perdidas tanto em termos de
estrutura quanto detalhe.
aplicaçÃo clínica do
Visagismo
Este livro apresentará uma abordagem minimamente in-
vasiva em casos de estética dental superior, em que a aplica-
ção do Visagismo é restrita à configuração final de formas de
elementos dentais, buscando respeitar ao máximo a estrutura
configurativa original, com suas conotações psicovisuais autên-
ticas, almejando, dessa forma, alcançar resultados que, além
de preservar as estruturas orais pela mínima intervenção,
também respeitam seus significados psicológicos.
A análise de cada caso seguirá uma abordagem inves-
tigativa de problemas estéticos particulares, partindo da
análise facial para intraoral, como demonstrado no Capítulo
Desenho Digital do Sorriso. A seguir um check-list que orien-
tará essa investigação:
Análise facial
• Configuraçãodeeixosdereferênciashorizontalevertical
e sua relação com estruturas orais.
• Análisedaexposiçãodentalcomlábiosemrepouso.
• Análisedaexposiçãogengivalemsorrisoamplo.
Análise intraoral
• Planoincisal.
• Formasdentais.
• Eixosdentais.
• Proporçãoentreelementosdentais.
• Linhascomplementares.
162 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Alterações em formas dentais
Formas dentais Caso 1 Caso 2 Caso 3 Caso 4
Central/Incisal X X X X
Central/cervical X X
Central/ângulo incisodistal X X X X
Central/terço distal X X X
lateral X X X X
Canino X X X
Alterações em unidades oraisUnidades
Orais Caso 1 Caso 2 Caso 3 Caso 4
Plano incisal X X X X
Eixos dentais X X
Formasdentais X X X X
Posicionamento dental X X
Exposição dental X X
Proporção dental X X X X
linhas complementares X X
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 163
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
ResUmO
lOTG 31 anos chegou à clínica reabilitadora queixandose
do aspecto de seu sorriso. Na primeira consulta foram reali-
zadas imagens intra e extraorais e modelos de estudos. Na
segunda consulta foi realizada consultoria visagista onde pro-
curou-se avaliar a paciente acerca de suas características psi-
cológicas e comportamentais. Nesse momento a equipe avalia
a paciente a partir das partes que compõe sua face, do ponto
de vista morfopsicológico. Avaliou-se como ela processa seus
pensamentos a partir da forma de sua testa, avaliou-se como
processa suas emoções a partir do formato de seus olhos, seu
ritmo de vida a partir da forma de seu nariz e áreas parana-
sais, como se comunica verbalmente pela forma de sua boca
e como impõe sua vontade a partir do formato e projeção de
seu mento. Nessa consulta ela interage indicando acertos e
correções. No fim dessa consultoria, a equipe tem um panora-
ma psicocomportamental da paciente e investiga qual ou quais
de suas características gostaria de evidenciar no desenho de
sua reabilitação.
Na análise extraoral descartou-se desvio de linha média,
mas observou-se pouca exposição dental com lábios em re-
pouso. Na análise intraoral, descartou-se apinhamentos, desa-
linhamento entre eixos dentais, restaurações deficientes, alte-
rações de cor, plano incisal invertido e problemas periodontais,
causas comuns de insatisfação estética por parte dos pacien-
tes. A paciente relatou não se sentir satisfeita com seu sorri-
so, porém, sem saber explicar exatamente o porquê, mesmo
após a conclusão de tratamento ortodôntico.
Pela análise computadorizada do sorriso verificou-se pou-
ca dominância de centrais, tanto em largura quanto em altura
e consequente deficiência de plano incisal, que se mostrava
aquém do desejado e não paralelo à borda superior do lábio
inferior. Por esse mesmo motivo a exposição de centrais
superiores em situação de lábios em repouso ficava aquém
Caso 1
daquela esperada para a idade da paciente (exposição de
3,5 mm para idade de 30 anos em sexo feminino) exposição
pré-operatória da paciente: 2 mm. O desenho de seu segmen-
to anterossuperior com ausência de dominância de centrais
e plano incisal reto lhe conferia uma situação de simetria cor-
rente ou horizontal. Após tomar conhecimento do significado
visual dessa situação (calma/apatia/monotonia), a paciente
disse que era esse exatamente o que a incomodava, mesmo
sem ela saber apontar de antemão o problema. Disse ainda
que gostaria de um sorriso estético, que ao mesmo tempo
tivesse relação com sua identidade; queria um sorriso mais
marcante, atraente e sensual.
Na consultoria a paciente demonstrou-se muito comuni-
cativa, porém ressaltou que só se mostra comunicativa de-
pois de ter certo conhecimento ou intimidade com quem se
relaciona. Apresentou-se positiva e delicada na colocação de
suas ideias e vontades. A paciente gostaria de evidenciar em
seu sorriso seus aspectos de comunicabilidade, sensibilidade
emocional e feminilidade, além de realçar sua força pessoal.
Portanto, optou-se por manter o formato de seus centrais
(trapezoidais) com detalhamento arredondado, para expres-
são de sensualidade, sensibilidade e delicadeza. laterais com
incisais curvas para caracterizar sua sensibilidade emocional.
Caninos foram configurados com sua face vestibular discreta-
mente curva (suavidade). O plano incisal ascendente confere
jovialidade e extroversão ao desenho do sorriso. A dominância
conferida a incisivos centrais torna o sorriso mais atraente ao
olhar, assim como confere à imagem, a expressão de jovialida-
de pela maior exposição de centrais com lábios em repouso.
Essa dominância está relacionada a características comporta-
mentais de imposição e força.
164 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Figuras 1
Imagens faciais -
pré-operatório.
a b c d e
Figuras 2
Imagens extraorais - pré-operatório. Observar pouca exposição dental com lábios em repouso.
Figuras 3
Imagens intraorais.
a b c
a b c
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 165
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Figuras 4
Imagens intraorais com fundo negro.
ba
ba
Figuras 5
Análise do formato de rosto (hexagonal de lateral reta) e eixos faciais de referências horizontal e vertical.
Observar que não há divergência de eixos dentários em relação a eixos faciais.
166 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Figura 6
Análise da relação entre linhas médias
facial e dental, assim como a relação
entre o plano horizontal maxilar e a linha
bipupilar (projetada na região oral).
Figura 7
Formas dentais pré-operatórios.
Figura 9
Plano incisal
pré-operatório.
Praticamente retilíneo.
Figura 8
Relação entre formas
dentais/plano horizontal de
referência/linhas dos lábios.
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 167
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Figura 10
Proporção entre os
elementos dentais.
Figura 11
Observar relação de dominân-
cia em largura entre centrais e
laterais. Está deficiente.
Figura 12
Alargamento de centrais
e estreitamento de laterais
para se obter uma relação
gradativa mais próxima do
número áureo.
Figura 13
Correção de plano incisal
de acordo com plano oclusal
posterior e paralelo à linha
superior do lábio inferior.
168 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Figura 14
Correção do comprimento dos
dentes de acordo com o novo
plano incisal estabelecido.
Figuras 15
(a) Sorriso pré-operatório; (b) Mock-up com desenho dinâmico; e (c) Mock-up com desenho forte.
Figuras 16
Terceiro mock-up misturando formas triangulares com detalhamento arredondado. Observar correta dominância de centrais, plano incisal e exposição dental.
a b c
a b c
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 169
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Figuras 18
Face com novo mock-up.
Figura 17
Sorriso com novo
mock-up.
Figuras 19
Imagens intraorais com novo mock-up.
a b
a b c
170 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Figuras 20
Imagens de novo mock-up com fundo negro.
Figuras 21
Remoção de metade do mock-up para verificar o ganho em volume dental.
Figuras 22
Verificação do volume a
ser conquistado: 1 mm
de expessura e 1 mm
de comprimento. O que
restringe o preparo dental
à remoção das resinas
interproximais.
a b c
a b
a b
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 171
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Figuras 23
Imagem antiga da paciente, antes da confecção das resinas interproximais para servir de orientação no preparo.
Figuras 24
Preparos realizados. Houve somente a remoção das resinas interproximais. Não houve preparos incisal e vestibular.
Figuras 25
Técnica do duplo fio para moldagem.
a b
a b c
a b
172 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
b1 b2
c1 c2 c3
Figuras 26a a 26c
Sequência
laboratorial: (a)
Moldagem;
(b) Modelos precisos
“Técnica Will Rojas”;
e (c) Enceramento
pronto.
a
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 173
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
d
e f g
h
Figuras 26d a 26h
Sequência laboratorial:
(d) Atenção total
no momento da
desinclusão;
(e) Modelo de troquel
e muralha de silicone
obtida através do
enceramento de
diagnóstico para
análise do espaço
a ser trabalhado; (f)
Enceramento pronto
para injeção;
(g) Elementos injetados -
pastilhas HT A1;
e (h) e.max ceram.
174 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
J
l
k
m
i1 i2 i3 i4
i7i6i5
Figuras 26i a 26m
Sequência laboratorial:
(i) Sequência de
modelo, pastilha
e aplicação; (j)
Verificação do espaço
para aplicação da
cerâmica; (k) Aplicação
de cerâmica para
formar as incisais
(Incisal 1, OE1 e
mamelos light, salmon
e yellow-orange);
(l) Após a primeira
queima e constatação
de espaço para a
segunda queima; e
(m) Aplicação das
massas de efeito (Ti3,
OE3,OE2 e OE1).
Sempre respeitando a
muralha definida pelo
enceramemto.
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 175
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Figura 26n
Sequência laboratorial: (n) Controle.
n
Figura 27
Resultado final - imagem intraoral com fundo negro.
176 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
b
c1
c4
c2
c5
c3
c6
Figura 28a a 28
Resultado final.
Vistas laterais direita
e esquerda.Observar
centrais com
estrutura triangular
e detalhamento
curvo moderado.
Laterais com incisais
discretamente
arredondados.
Caninos
configurados com
vestibular curva.
a
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 177
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
e
e
d
178 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
g
h
Figuras 28g a 28h
(g) Correta exposição dental e textura
superficial e (h) Exposição dental de 3,5 mm
para paciente de sexo feminino com 31 anos
de idade. Resultado final.
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 179
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
J1 J2
Figura 28i e 28j
Resultado final.
i
180 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Material Clínico Mock-up realizado com Structure-Vocco (resina bisacrílica) e guia em zetalabor. O preparo dos dentes foi realizado com broca 2200 e 2134 f (KG Sorensen) e discos de acabamento e polimento (Shofu). A moldagem foi realizada com Elite (Zhermack). Fios retratores 00 e 0 (Ultrapack). Cimentação com o kit Variolink II (Ivoclar Vivadent).
Ceramista - Adriano SchayderConsultoria de Visagismo e Protesista - Bráulio PaolucciDesenho Digital do Sorriso - Bráulio PaolucciFotografias Clínicas - Bráulio PaolucciFotografias Faciais Finais - Edson Inácio (Casa da Foto, Barbacena/MG)Fotografias Laboratoriais - Adriano SchayderMaquiagem - Heloísa Lima (Stúdio Liz, Barbacena/MG)
Figuras 28kResultado final.
k1 k2
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 181
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
ResUmO
Paciente DC apresentava queixa estética relacionada ao
excesso de volume do caninos, irregularidade da linha dos
zênites e giroversão do 21. Na análise computadorizada do
sorriso, a equipe identificou outras possíveis causas de in-
satisfação e as esclareceu à paciente. Entre tais possíveis
causas, estaria, a falta de preenchimento dental dos cor-
redores bucais, o que colaborava para a percepção de ex-
cesso de volume nos caninos. O elemento 22 apresentava-
se recuado em relação a um plano vertical anterior, o que
reforçava a impressão de vestibuloversão do 21 e excesso
de volume do 23. Em uma vista superoinferior (olhando so-
bre a cabeça com a pessoa deitada de costas para o obser-
vador), pôde-se verificar a relação entre as bordas incisais
dos seis elementos anterossuperiores com a linha seco-mo-
lhado do lábio inferior, onde se constatava vestibularização
do 21, recuo palatino do 22 e projeção vestibular do 23.
A linha dos zênites muito angulada (em ziguezague) inco-
modava a paciente; portanto, uma regularização dessa linha
através de plástica periodontal foi sugerida.
O caso foi avaliado ortodonticamente, porém foi descarta-
da a intervenção pelo fato de a paciente apresentar grande
estabilidade oclusal e perfeita intercuspidação. O alinhamento
dos dentes dar-se-ia pelo desgaste interproximal (slice), o que
prejudicaria ainda mais a formas dentais já deficientes.
Através da análise computadorizada do desenho do sor-
riso observou-se relação de proporção visual inadequada
entre os dentes anterossuperiores, com caninos se apre-
sentando mais largos que laterais em uma visão frontal e
desarmonia de inclinação dos eixos dentais, tais elementos
Caso 2
foram corrigidos no computador. Após a correção 2D das
desarmonias estéticas entre os dentes, chegou o momento
de se definir a forma dental da reabilitação, em que as in-
formações colhidas na consultoria ganham sua vez. Nesse
caso, procurou-se expressar dinamismo de ritmo de vida,
alegria, entusiasmo, positividade, extroversão, através do
formato trapezoidal dos centrais e inclinação medial dos
caninos, assim como plano incisal ascendente; porém, ca-
racterísticas como sensibilidade emocional, delicadeza,
perfeccionismo e persistência nas ações, obtiveram sua
expressão a partir de detalhes curvos como ângulos inci-
sodistais dos centrais. A paciente manifestou o desejo de
expressar mais credibilidade e gostaria de ser mais res-
peitada pelas pessoas, que a consideravam muito jovem, o
que lhe atrapalhava profissionalmente. Tal característica foi
trabalhada no desenho do sorriso pelo maior domínio visual
dos incisivos centrais (impositividade) assim como incisais
retas que expressam estabilidade.
O preparo dos dentes foi realizado de maneira minima-
mente invasiva, segundo técnica proposta por pesquisador,
em que se realiza preparos sobre mock-up. Nesse caso em
que havia a necessidade de redução do volume dos caninos,
esse procedimento deve ser realizado com guias de silicone
para correta confecção do mock-up.
182 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Figuras 1
Imagens faciais - pré-operatório.
Figuras 2
Imagens extraorais - pré-operatório.
a b c d
Figuras 3
Imagens intraorais - pré-operatório - frente.
a b c
a1 a3a2 a4
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 183
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
a b c d
Figuras 4
Imagens intraorais -
pré-operatório -
45 graus.
Figuras 5
Imagens oclusal e
superoinferior
demonstrando
desalinhamento dental.a
a
b
b
Figuras 6a e 6b
(a) Formato de rosto
oval e (b) Eixos faciais
verticiais e horizontais
de referência.
184 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Figura 7
Colagem de imagem
intraoral para
planejamento digital.
Figura 8
Verificação de
relação linha média
facial/dental.
Figura 9
Análise do plano
incisal.
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 185
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Figura 10
Formas dentais originais.
Figura 11
Eixos dentais - pré-operatório.
186 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Figuras 12
Análise de linhas
complementares:
zênites, ameias
gengivais
e dentais.
Figuras 13
Proporção dental
pré-operatório.
a
b
a
b
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 187
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Figura 14
Configuração do
sorriso pré-operatório,
segundo linhas
constituintes.
Figura 15
Correção digital da
proporção dental.
Figura 16
Correção dos eixos
dentais rotacionando
as coroas.
188 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Figura 17
Definição do
plano incisal.
Figura 18
Correção virtual da
linha dos zênites.
Figura 19
Correção digital
da linha das
ameias dentais.
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 189
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Figura 20
Correção da forma dos centrais de acordo com a vontade de expressão da paciente.
Figuras 21
Sobreposição do
planejamento digital
sobre imagem intraoral.
a
b
190 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Figuras 22
Mock-ups digitais diferentes: o da esquerda configurado com linhas inclinadas e formas triangulares e o segundo composto por linhas curvas.
Esse teste pode ser realizado para mostrar ao paciente e discutir com ele o que cada tipo de desenho expressa, de modo a fazê-lo refletir sobre o
que ou quais características são relacionadas a ele e qual desenho lhe agrada mais. Uma vez discutido o procedimento, um terceiro desenho de
sorriso pode ser apresentado, representando a soma média dos dois primeiros (desenhos de expressão primária) que seriam viáveis para o caso.
Figuras 23
Plástica gengival. Observar o corte angulado realizado no elemento 11 para que seu contorno cervical
reforçasse sua percepção de forma triangular.
a b c
a b
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 191
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Figuras 24
Comparação antes/depois imediato.
Figuras 25
Pós-operatório imediato. Observar: em pré-molares houve necessidade de osteotomia
de para reestabelecer distância biológica adequada.
Figura 26
Pós-operatório - uma semana. Vista frontal.
a b
a b
192 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Figura 27
Mock-up - imagem
extraoral.
Figuras 28
Mock-up - imagem
facial. a
b1 b2 b3 b4 b5
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 193
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Figura 29Preparo sobre mock-up e demarcações.
Figura 30Remoção do mock-up após demarcações.
Figuras 31
Espaço interproximal
para facetas em dentes
posteriores após
preparo - vista oclusal.
Observar inflamação
gengival nas
áreas onde houve
rebatimento de retalho.
O preparo dental foi
realizado uma semana
após a cirurgia.a b
194 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Figura 32
Vista oclusal do
preparo de dentes
anteriores.
Figuras 33
Vista frontal dos preparos.
Figuras 34
Fios retratores
posicionados para
moldagem - técnica do
duplo fio.
a b c
a b c
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 195
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Figura 35
Moldagem.
Figura 36
Provisório imediato com
desenho para orientação
do laboratório.
Figura 37
Comparação antes/
depois dos laminados -
imagens intraorais.
Figura 38
Trabalho finalizado.
a b
196 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Figuras 39
Imagens intraorais do trabalho finalizado.
Figuras 40
Imagens faciais do trabalho finalizado.
a
a b c
b
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 197
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Figuras 41
Comparação antes/
depois - facial. a b
d
c
Figuras 42c e 42d
Imagens do sorriso -
trabalho finalizado.
198 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
e
f
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 199
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Material Clínico Mock-up realizado com Structure-Vocco. O preparo dental foi realizado com broca 4141 (KG Sorensen) para lentes de contato, seguido de acabamento com broca 4138 f (KG Sorensen) e discos de polimento (Shofu). Utilizou-se fios retratores 0 e 00 (Ultrapack). A moldagem foi realizada com Virtual (Ivoclar Vivadent) e a cimentação com cimento resinoso transparente Variolink II (Ivoclar Vivadent).
Ceramista - Alexandre Santos (Studio Dental - Curitiba/PR)Consultoria de Visagismo e Protesista - Bráulio PaolucciDesenho Digital do Sorriso - Bráulio Paolucci Fotografias Clínicas - Bráulio PaolucciFotografias Faciais Finais - Edson Inácio (Casa da Foto, Barbacena/MG)Maquiagem - Heloísa Lima (Stúdio Liz, Barbacena/MG)
Figuras 42e a 42h
Imagens do sorriso -
trabalho finalizado.
g
h
200 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Descrição da aplicação das facetas laminadas sobre refratário
Figura 1
Modelo torquelado com
precisão no sistema de
torquelização Giroform (Amann).
O material refratário utilizado
para a reprodução dos torqueis
foi o GCera Vest (GC).
Figuras 2
Gengiva artificial
feita de silicona de
condensação para
orientar o perfil de
emergência das
lâminas de cerâmica.
a b
c
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 201
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Figura 3
Delimitação da área a ser coberta pela
lâmina de cerâmica e muralha com
referências no planejamento e preparo
para a realização das compensações (de
tamanho do remanescente) e aplicação de
cerâmica com previsibilidade.
Figura 4
Os dentes não apresentavam
escurecimento, indicando preparos
conservadores (a adesão cerâmica x
esmalte é muito mais efetiva do que
cerâmica x dentina). Como a espessura
para a realização do caso em cerâmica
é pequena, os efeitos internos da
aplicação de cerâmica foram realizados
já na primeira queima (wash), pois o
remanescente é considerado como
dentina para a realização da aplicação
de cerâmica nestes casos. O refratário é
totalmente branco e opaco, dificultando
a verificação da cor final da lâmina, o
que implica que a cor do remanescente
dentário influenciará quase que em
100% na cor final da restauração.
202 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Figura 5
Base pronta para a primeira queima de
cerâmica utilizando Deep Dentina para
as compensações, transparente Blue nas
proximais, dentina pura na cervical, massa de
Mamelos (Ligth), Effect 02 e 03 e uma camada
de Effect 01 para finalizar.
Figura 6
Primeira queima de cerâmica IPS d.Sign
(Ivoclar Vivadent). Nesse caso, como a
cerâmica é coccionada sobre o material
refratário, sua temperatura de queima
deve ser mais elevada do que
a queima sobre estruturas metálicas.
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 203
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
a
b
c
Figuras 7
Detalhes internos da aplicação sob
luz transmitida indicando a alta
opalescência do material cerâmico.
204 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Figura 8
Início da segunda queima de cerâmica
respeitando o formato do planejamento
realizado para a paciente em questão. A
camada de esmalte aplicada neste caso
foi TS1 d.sign (Ivoclar Vivadent), totalmente
uniforme, mas com um acréscimo de 20%
de dentina A2, que é a cor selecionada
para o caso (para manter o matiz), e 20%
de massa opalescente, mantendo, assim,
um pouco da característica do esmalte
dental, com relação a este efeito natural.
Figura 9
Segunda queima terminada com luz
transmitida, evidenciando, ainda, a
opalescência da cerâmica utilizada.
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 205
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Figura 10
Deixando a superfície da cerâmica uniforme
para a finalização de forma e textura.
Figura 11
Parâmetros iniciais de área de espelho pós-
queima (a intenção com a aplicação da
cerâmica é que os ajustes finais sejam os
mínimos possíveis, evitando, dessa forma, o
uso excessivo de brocas e com consequência
da retirada do esmalte que, em alguns casos,
não chega a espessura de 3 mm, sendo assim
difícil de controlar o desgate).
206 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Figura 12
Perfil de emergência da lâmina,
caracterizando um desgaste
muito conservador.
Figura 13
Áreas de espelho definidas conforme o
planejamento inicial e as características
do paciente e definindo a textura
superficial com uma iluminação lateral
com uma lâmpada de contraste
(Contraste - Caltini do Brasil).
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 207
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Figura 14
Neste caso foi utilizado
somente pasta de Glase, sem
caracterizações evidentes,
mostrando a aplicação das
massas cerâmicas.
Figura 15
Textura após Glaze.
208 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Figuras 16
Textura superficial.
b
a
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 209
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Figura 17
Laminados cerâmicos logo após a retirada
do material refratário utilizado como base
para a aplicação. A espessura gera em
torno de 3 mm, 4 mm e 5 mm.
a b
Figuras 18
Fundo escuro influenciando totalmente a cor da lâmina.
210 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Figura 19
Qualquer alteração no remanescente
influenciará no resultado final da
cor do caso; por isso, este tipo de
restauração (lente de contato) tem de
ter indicações específicas.
Figura 20
Vista das lâminas ajustadas no
modelo sólido (para ajustes de
contatos proximais).
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 211
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Imagens Laboratoriais e Texto - Alexandre Santos
Figura 21
Harmonia dos centrais em
posição.
Figura 22
Formato conforme o
planejamento inicial.
212 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
ResUmO
Paciente MACD apresentou-se à equipe restauradora
demonstrando insatisfação em relação ao seu sorriso. A
mesma paciente não sabia pormenorizar sua queixa, dizen-
do que nunca se sentiu à vontade para sorrir, o que pode
ser observado em suas fotografias antigas. Nunca apre-
sentava exposição de seus dentes no sorriso e, por esse
motivo, no passado procurou tratamento ortodôntico em
busca de uma solução. O problema persistiu após o trata-
mento e sua procura por profissionais da estética a deixou
mais frustada, uma vez que os profissionais se negavam a
intervir em dentes completamente saudáveis e alinhados,
atribuindo sua queixa a problemas psicológicos.
Em um primeiro momento uma consultoria de Visagis-
mo foi realizada, procurando conhecer melhor as carac-
terísticas psicocomportamentais da paciente, assim como
confecção de modelos de estudo e protocolo fotográfico.
Num segundo momento foi explicado à paciente o que
seu sorriso expressava visualmente: características de
força, estabilidade, agressividade, determinação etc, ex-
pressas pelos incisivos retangulares posicionados com sua
vestibular totalmente voltada para anterior, plano incisal
reto e caninos volumosos, o que não condizia com as ca-
racterísticas pessoais autênticas demonstradas na con-
sultoria, como meiguice, delicadeza, dinamismo na ação e
Caso 3
comportamentodiscretoereservado.Foipropostaentão
uma mudança do plano incisal de reto para ascendente,
giroversão de laterais, projetando sua mesial para anterior
e sua distal discretamente para posterior, assim como a
redução visual dos caninos e inclinação de seus eixos para
medial, com o objetivo de suavizar sua imagem do sorriso.
Tais mudanças serviriam para fazer com que o desenho do
sorriso expressasse características pessoais autênticas e,
portanto, houvesse um alinhamento entre autoimagem e
imagem externa. Pela primeira vez ela sentiu que suas quei-
xas faziam algum sentido e demonstrou grande interesse
em realizar a intervenção.
O trabalho foi realizado de maneira minimamente in-
vasiva em centrais e caninos e em laterais onde haviam
facetas de resina. Houve uma intervenção um pouco mais
profunda, para que se removesse todo o material resino-
so e o substituisse por cerâmicas. A paciente manifestou,
ainda, que gostaria que seu novo sorriso soasse o mais
natural possível, o que indicaria à equipe que as formas
dentais deveriam ser preservadas, alternado-se apenas a
retilinidade do plano incisal, a dominância e inclinação verti-
cal dos caninos, além da retilinidade no posicionamento de
laterais para que se conseguisse que o desenho do sorriso
ganhasse a expressão desejada pela paciente.
O preparo dos dentes foi realizado de maneira mini-
mamente invasiva segundo técnica proposta, em que se
realiza preparos sobre mock-up, mas nesse caso há a ne-
cessidade de desgaste de elementos dentais que terão seu
volume diminuído, como no caso os caninos, para confec-
ção correta do mock-up que servirá de referência para a
execução do trabalho cerâmico.
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 213
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Figuras 1
Protocolo fotográfico facial.
Figuras 2
Imagens da face
- 45 graus.
a b c
a b
214 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Figura 5
Imagem intraoral frontal com fundo negro.
Figuras 4
Protocolo fotográfico extraoral - frontal.
a b c d
Figura 3
Formato de rosto
hexagonal de base reta.
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 215
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Figura 6
Análise de eixos dentais.
Observar que caninos
e primeiros pré-molares
apresentam eixos rotacionados
para lateral numa vista frontal.
Figura 7
Desenho digital do sorriso com
eixos corrigidos para diminuir peso
visual de caninos e pré-molares
rotacionando seus eixos para
medial. Correção do domínio de
centrais e plano incisal de acordo
com plano oclusal posterior e
linha superior do lábio inferior.
Reproporcionamento dos elementos
anterossuperiores para diminuir peso
visual de caninos e obter gradação
próxima do número áureo.
Figura 8
Desenho do sorriso final. Observar
regiões de desgaste mais intenso em
caninos para obter melhor proporção
no segmento anterossuperior e
acréscimo de volume em incisais
de incisivos de acordo com
novo plano incisal estabelecido.
Acréscimo de volume também
na vestibular dos pré-molares.
216 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Figuras 9
Mock-up.
Figuras 10
Antes/depois
mock-up.
Figuras 11
Antes/depois - mock-up - face.
a
a
b
b
a b
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 217
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Figuras 12
Mock-up - face.
Figuras 13
Preparo sobre mock-up.
Figuras 14
Demarcação.
a
a
a
b
b
b
c
c
c
218 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Figura 17
Moldagem com Virtual
- Ivoclar Vivadent.
Figuras 16
Check do espaço para cerâmica - lente de contato.
a b
Figuras 15
Preparos minimamente invasivos.
a b c
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 219
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Figura 18
Lentes de contato.
Figuras 19
Sequência laboratorial: (a) Pastilha Opal 1; (b) Verificação de um pequeno espaço para aplicação de efeitos incisais; (c) Wash de OE 2; (d)
Aplicação de cerâmica para formar as incisais (IBL, OE1 e mamelos light, salmon e yellow-orange); (e) Aplicação das massas de efeito (OE3,OE2 e
OE1). Sempre respeitando a muralha definida pelo enceramemto; e (f) Caso finalizado.
a
d
b
e
c
f
220 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Figuras 22
Antes/depois - face. Após a cimentação.
Figura 20
Lentes.
Figura 21
Antes. Logo
após cimentação.a b
a b
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 221
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Figuras 24
Imagem intraoral pós-cimentação de uma semana.
Figuras 23
Antes/depois - sorriso.
a b
a b c
Figuras 25
Lábios em repouso após uma semana.
a b c
222 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Figuras 26
Sorriso após
uma semana.
Figuras 27
Sorriso - vista superior.
a b
a
b
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 223
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Figuras 28
Relação lábios/dentes
- imagem lateral.
Figuras 29
Face. Trabalho concluído.
Material clínico Mock-up realizado com Structure-Vocco. O preparo dental foi realizado com broca 4141 (KG Sorensen) para lentes de contato, seguido de acabamento com broca 4138 f (KG Sorensen) e discos de polimento (Shofu). Utilizou-se fios retratores 0 e 00 (Ultrapack). A moldagem foi realizada com Virtual (Ivoclar Vivadent). A cimentação foi realizada com cimento resinoso transparente Variolink II (Ivoclar Vivadent).
Ceramista - Adriano SchayderConsultoria de Visagismo e Protesista - Bráulio Paolucci com participação do Dr. Marcelo Calamita.Desenho Digital do Sorriso - Bráulio PaolucciFotografias Clínicas - Bráulio PaolucciFotografias Faciais Finais - Edson Inácio (Casa da Foto, Barbacena/MG)Fotografias Laboratoriais - Adriano Schayder Maquiagem - Heloísa Lima (Stúdio Liz, Barbacena/MG)
a b
a b
224 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Caso 4ResUmOPaciente BRC chegou à clínica reabilitadora apresentado
deficiência papilar na região correspondente ao elemento
21 implantado, após várias cirurgias periodontais recons-
trutivas fracassadas. A perda da crista óssea interproximal
deixa um quadro clínico de difícil resolução com manipulação
de tecidos moles. Os elementos 11 e 22 apresentavam as-
pectos antiestéticos em restaurações de resina composta
antigas com coloração alterada. Apresentava-se discreto em
sua comunicação, chegando a demonstrar comportamento
reservado ou timidez. Sua queixa principal era a vergonha de
sorrir pelo defeito antiestético, o que comprometia seus re-
lacionamentossociaisepessoais.Foirealizadoenceramento
diagnóstico e confeccionado provisório imediato para verifi-
cação da dimensão da falta de papilas. Realizou-se análise
de linhas médias dental e facial percebendo não haver dis-
crepâncias entre as mesmas. A exposição dental com lábios
em repouso apresentou-se satisfatória com os provisórios.
Foipropostotratamentocomcoroacerâmicanoelemento
21 com gengiva artificial e facetas cerâmicas nos elementos
22 e 11. A restauração dos centrais foi condicionada pela
situação oral pré-operatória, tal como o espaço disponível e a
deficiência papilar, indicando dentes retangulares para uma
melhor solução desse problema. Na consultoria o paciente
demonstrou interesse em manifestar no desenho de seu
sorriso qualidades autênticas como tranquilidade no compor-
tamento e tendência inata para dons musicais (característi-
cas artísticas). O desenho das bordas incisais foi configurado
como curvo para expressar tais características pessoais. O
desenho digital do sorriso indicou qual seria o posicionamen-
to ideal das pontas das papilas perdidas, pela observação do
alinhamento das papilas originais adjacentes (linha de união
das papilas gengivais).
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 225
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
a b c
Figuras 1
Situação pré-operatória demonstrando grande perda de papilas mesial e distal no elemento 21.
Observar: presença de múltiplas cicatrizes após várias tentativas cirúrgicas para solução do problema.
Figuras 2
Imagens extraorais - pré-operatório.
a b c
226 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Figura 3
Eixos de referências faciais horizontais e verticais.
Figuras 4
Imagens extraorais: (a)
Lábios em repouso e
exposição dental e (b)
Sorriso autêntico com
grande exposições
dental e gengival.a b
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 227
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
a b
Figuras 5
Situação intraoral com provisório imediato.
Figura 6
Avaliação da linha média dental em relação à linha média facial. Não coincidentes, mas paralelas.
228 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Figura 7
Avaliação do plano incisal e posicionamento ideal dos zênites.
Figuras 8
Avaliação da perda gengival na região do elemento 21. (a) Posição ideal dos zênites gengivais e (b) Simulação de contorno cervical e ameias gengivais.
a b
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 229
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Figura 9
Avaliação das formas dentais resultantes condicionadas pelo contorno cervical e papilas gengivais imaginárias.
Figura 10
Correção do comprimento dental de acordo com o plano incisal sugerido pelos dentes posteriores.
230 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Figura 11
Preparos dentais para facetas cerâmicas.
Figura 12
Simulação de formas dentais previamente planejadas sobre preparos e implante.
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 231
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Figura 13
Relação entre formas dentais planejadas em computador com preparos.
Figuras 14
Definição das bordas incisais como medida de personalização: (a) Retas, (b) Curvas e (c) Inclinadas.
a b c
232 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Figura 15
Avaliação da perda de estrutura de suporte vestibular (perda horizontal).
Figuras 16
Imagens dos preparos para faceta e sua relação com o arco antagonista.
a b c
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 233
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Figuras 17
(a) Vista intraoral dos preparos sobre fundo negro e (b) Enceramento diagnóstico dentogengival
e muralhas de silicone que irão guiar todas as fases do trabalho.
a1 a2 a3
b1
b3 b4
b2
234 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
a
e f g
b c d
Figuras 18
Modelos de trabalho com as muralhas de silicone. Note as perdas severas de gengiva em relação
a posição correta do dente 21 nas Figuras a, d e f.
Figuras 19
Confecção do abutment desconsiderando a incorreta posição da gengiva e dando a anatomia
correta ao preparo sempre guiado pelas muralhas.
a b
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 235
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Figuras 20
Abutment em modelo de resina.
Figuras 21
Abutment em zircônia (Zirkonzahn).
a b c d
a b c d e f
236 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
a b c
Figuras 22
Abutment posicionado no modelo. Notar o quanto o seu término está afastado da base da gengiva.
Figuras 23
Estrutura sobre o abutment imitando o preparo do elemento 11. Artifício usado para ajudar no controle do valor,
dado a complexidade do caso 11 faceta e 21 implante (supraestrutura MO 1 e aplicado massas para reproduzir a translucidez do preparo).
a b c
d
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 237
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
a b
d
c
Figuras 24
Enceramento realizado sobre o abutment para a prensagem.
a b
d
c
Figuras 25
Infraestrutura das facetas cerâmicas. Verificação da adaptação (e-max press LT A2).
238 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Figura 26
Enceramento da base para gengiva.
Figura 27
Abutment com base esculpida pronto para injetar.
a b c d e
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 239
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Figuras 28
Base da gengiva injetada (Zirpress G3).
ba
Figuras 29
(a) Abutment com base cerâmica e (b) Coping cerâmico sobre abutment e base cerâmica. Verificação da adaptação.
a b c d e
240 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Figura 30
Aplicação da cerâmica para se obter os efeitos incisais desejados (i1, OE1 e mamelos light, salmon e yellow-orange).
Figura 31
Primeira prova.
Figuras 32
Sequência clínica: (a) Instalação do abutment; (b) Cimentação do coping sobre a o abutment; (c) Primeira prova das facetas;
e (d) Adaptação das facetas finalizadas previamente à cimentação.
a b c d
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 241
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Figuras 33
Observe que falta cor, volume e papilas na gengiva. Devido à complexidade deste caso, por ser um único central, ter uma
linha de sorriso alta e uma cor bem complexa, usaremos a resina de gengiva Anaxgum by Christian Coachman.
Figuras 34(a) Condicionamento
ácido; (b) Silano;
(c) Adesivo; e
(d) Resina Flow.
a b c
a b
a b c d
Figuras 35a e 35b
Sequência de aplicação
da resina gengival
Anaxgum (Anaxdent).
242 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
c1
d
c2 c3
Figuras 35c a 35f
Sequência de aplicação da resina gengival Anaxgum (Anaxdent).
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 243
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
e
f
244 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
g
h
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 245
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
i
J
Figuras 35g a 35j
Sequência de aplicação da resina gengival Anaxgum (Anaxdent).
246 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
Figura 35k
Sequência de aplicação da resina gengival Anaxgum
(Anaxdent). Remoção da prótese dentogengival para
acabamento (área de contato interno com a gengiva deve ser
convexa para proporcionar higienização adequada).k
a1 a2 a3
Figuras 36a a 36c
Resultado final.
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 247
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
c
b1 b2
248 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
a
Figura 36d
Resultado final, após dois anos. Houve pequenas fraturas na incisal de centrais, o que exigiu uma reanatomização com discos diamantados.
Figuras 37a e 37b
As incisais dos centrais reanatomizadas ficaram menos curvas.
d
Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 249
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
b
Material Clínico Os preparos de central e lateral foram realizados com brocas 2135 e 4138 (KG Sorensen) e discos de acabamento e polimento (Shofu). O provisório imediato foi confeccionado com Structure-Vocco. O implante utilizado foi Neodent 4.1 hexagono externo. Resina para gengiva artificial Anaxgum (Anaxdent). Cimentação kit Variolink II (Ivoclar Vivadent).
Consultoria de Visagismo - Bráulio PaolucciDesenho Digital do Sorriso - Bráulio PaolucciFotografias Clínicas - Bráulio PaolucciFotografias Laboratoriais - Adriano SchayderImplantodontista - Angelo MeneghinProtesista - Bráulio PaolucciTécnico em Prótese Dentária - Adriano Schayder
250 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso
Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo
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Referências