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VISAGISMO A arte de personalizar o desenho do sorriso BRÁULIO PAOLUCCI e colaboradores Volume 1 A supervalorização da imagem é uma das características mais significativas do mundo contemporâneo. As pessoas reconhecem sua importância e seu poder buscando obter através dela o bem-estar pessoal, o sucesso profissional e a aceitação social. E cada vez mais se submetem a procedimentos em todas as áreas da Medicina e da Estética para melhorar sua aparência. Nesse sentido, tem-se percebido a grande procura dos pacientes por tratamentos odontológicos que reestabeleçam a beleza do sorriso. Tais procedimentos têm grande poder na percepção da imagem pessoal, influenciando diretamente o senso de identidade, autoestima e qualidade de vida. O Visagismo, a arte de customizar a imagem pessoal, desenvolvido pelo artista plástico Philip Hallawell, tem como objetivo a busca por soluções que expressem visualmente características positivas de uma personalidade. Para isso, faz uso consciente dos elementos de linguagem visual artística como linhas, formas e cores. Essas técnicas estão acessíveis por meio de uma consultoria que tem como finalidade oferecer ao profissional uma melhor compreensão do paciente, com suas particularidades, desejos e necessidades pessoais, para só então propor uma solução corretiva. Dessa forma, pretendemos, através dessa obra, levar ao profissional da área uma nova abordagem da Odontologia, buscando soluções personalizadas a seus pacientes através de um desenho de sorriso que traduza visualmente suas principais qualidades. Certamente, alinhado com uma das mais fortes tendências mundiais, a da personalização de produtos e serviços, esse Livro acenderá o debate acerca dos impactos psicocomportamentais das intervenções odontológicas e buscará colaborar na construção de uma Odontologia mais humanizada. Bráulio Paolucci VISAGISMO A arte de personalizar o desenho do sorriso Volume 1 BRÁULIO PAOLUCCI e colaboradores

Visagismo b.paolucci dental esthetic

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estética dentaria, grande livro sobre a avaliação de que dentes o cliente quer (forma, comprimento cor...) antes de começar qualquer passo do medico ou do tecnico, com casos clinicos. NO Rights Reserved

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Page 1: Visagismo b.paolucci dental esthetic

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Bráulio Paoluccie colaboradores

Volume 1

A supervalorização da imagem é uma das características mais significativas do

mundo contemporâneo. As pessoas reconhecem sua importância e seu poder

buscando obter através dela o bem-estar pessoal, o sucesso profissional e a

aceitação social. E cada vez mais se submetem a procedimentos em todas as

áreas da Medicina e da Estética para melhorar sua aparência. Nesse sentido,

tem-se percebido a grande procura dos pacientes por tratamentos odontológicos

que reestabeleçam a beleza do sorriso. Tais procedimentos têm grande poder na

percepção da imagem pessoal, influenciando diretamente o senso de identidade,

autoestima e qualidade de vida.

O Visagismo, a arte de customizar a imagem pessoal, desenvolvido pelo artista plástico Philip

Hallawell, tem como objetivo a busca por soluções que expressem visualmente características positivas

de uma personalidade. Para isso, faz uso consciente dos elementos de linguagem visual artística como

linhas, formas e cores. Essas técnicas estão acessíveis por meio de uma consultoria que tem como

finalidade oferecer ao profissional uma melhor compreensão do paciente, com suas particularidades,

desejos e necessidades pessoais, para só então propor uma solução corretiva.

Dessa forma, pretendemos, através dessa obra, levar ao profissional da área uma nova

abordagem da Odontologia, buscando soluções personalizadas a seus pacientes através de um desenho

de sorriso que traduza visualmente suas principais qualidades.

Certamente, alinhado com uma das mais fortes tendências mundiais, a da personalização de

produtos e serviços, esse Livro acenderá o debate acerca dos impactos psicocomportamentais das

intervenções odontológicas e buscará colaborar na construção de uma Odontologia mais humanizada.

Bráulio Paolucci Vis

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Page 3: Visagismo b.paolucci dental esthetic

2011

VisagismoA arte de personalizar o desenho do sorriso

Bráulio Paolucci e colaboradores

Page 4: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Visagismo – a arte de personalizar o desenho do sorriso - 1a Edição - Volume 1 - São Paulo: Vm Cultural Editora Ltda., 2011

Visagismo – a arte de personalizar o desenho do sorrisoVm Cultural Editora Ltda.

Título: Visagismo – a arte de personalizar o desenho do sorriso

Autor: Bráulio Paolucci e colaboradores

Prefácio: Robert G. Coachman

Editor de Conteúdo: Haroldo Joaquim VieiraEditor Científico: marcelo CalamitaCoordenação de Conteúdo: Vivian Priscila Arais SoaresPadronização e Revisão de Texto: Ana Lúcia Zanini LuzProjeto gráfico, Diagramação: Angélica PinheiroTratamento de Imagem: Angélica Pinheiro e Cristina SigaudCapa: miriam RibaltaIlustrações: Eder max Ilustração e Design e Philip HallawellProdução: José dos Reis Fernandes

Impressão e acabamento: Ipsis Gráfica e Editora Ltda.

ISBN: 978-85-64761-02-5

Todos os direitos reservados à VM Cultural Ltda., editora proprietária. Nenhuma parte da presente publicação pode ser reproduzida, armazenada ou transmitida por quaisquer que sejam os meios – mecânico, fotocópia, eletrônico – sem a prévia permissão da Editora.

As imagens contidas nesta obra são naturais, sem retoque. E o texto está de acordo com o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

VM Cultural Editora Ltda.

Rua dos Otonis, 152 – Vila Mariana

04025-000 – São Paulo – SP

Page 5: Visagismo b.paolucci dental esthetic

AUTOR: Bráulio Paolucci

Graduado em Odontologia pela Escola Federal de Odontologia de

Alfenas/MG; Especialista em Implantodontia pela Universidade de

Lavras/MG; Master in Implantology and Oral Reabilitation - European

School of Oral Rehabilitation Implantology and Biomaterials. Atualmente

atende em clínicas particulares em Minas Gerais e São Paulo. Presta

consultoria de desenho do sorriso personalizado para renomados

cirurgiões-dentistas do Brasil e do exterior. Palestrante internacional

([email protected] - www.brauliopaolucci.com.br).

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 5

Page 6: Visagismo b.paolucci dental esthetic

6 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

AndreA ricciGraduado em Odontopediatria e Prótese Dentária – Universidade

de Perugia; Pós-graduação em Prótese Avançada – University of

Southem California, Los Angeles; Membro ativo da Academia Eu-

ropeia de Odontologia Estética – Eaed e membro associado da

Academia Americana de Dentística Restauradora (AARD). Coautor

de vários artigos publicados em revistas internacionais (andrea@

studioriccifirenze.it).

christiAne sAuer Graduada em Psicologia - Instituto Unificado Paulista da Uni-

versidade Paulista, com habilitação em licenciatura Plena

e bacharelado. Especializações - grupo de Estudos em Psi-

quiatria, Psicologia e Psicoterapia da Infância – Gepppi; For-

mação em Psicanálise de Adolescentes e Adultos - Instituto

Sedes Sapientiae; Psicodiagnóstico de Rorschach - Socie-

dade de Rorschach de São Paulo; Avaliação Psicológica de

Crianças e Adolescentes - Child Study Center - Universidade

de Yale ([email protected]).

GAliP Gurel Graduado pela Faculdade de Odon-

tologia da Universidade de Istambul;

Especialista em Prótese Dentária

pela Universidade de Kentucky;

Mestre (MSc) pela Yeditepe Uni-

versity, Istambul; Fundador e presi-

dente honorário da Edad - Turkish

Academy of Aesthetic Dentistry

(Academia Turca de Odontologia Es-

tética); Presidente da Eaed - Euro-

pean Academy of Esthetic Dentistry;

Membro da American Society for

Dental Aesthetics - Asda; Diploma

de honra da American Board of Aes-

thetic Dentistry - Abad; Editor-chefe

da Quintessence Magazine, Tur-

quia. Membro do conselho editorial

da AACD journal, PPAD - Practical

Procedure & Aesthetic Dentistry e

Ejed - European Journal of Esthetic

Dentistry. Autor do livro The Scien-

ce and Art of Porcelain Laminate Ve-

neers ([email protected]).

COLABORADORES:christiAn coAchmAn

Formado em Prótese Dentária e Odontologia - Universidade de São Paulo;

Membro da Academia Brasileira de Odontologia Estética; Participou do

Programa de Especializacão em Cerâmica - Centro de Treinamento

Ceramoart; Foi consultor da Ceramica Creation-Willi Geller; Co-

ordenador Cientifico do website de ensino odontológico www.

identalclub.com; Publica e ministra cursos internacionais nas áre-

as de Odontologia Estética, Reabilitação Oral, Cerâmica Dental e

Implantodontia. Recentemente vem trabalhando com cirurgiões-

-dentistas renomados na América e Europa, como os doutores Eric

Van Dooren (Antuérpia - Bélgica), Galip Gurel (Istambul - Turquia),

Tal Morr (Miami - EUA), Nitzan Bichacho (Tel Aviv - Israel), Mauro

Fradeani (Pesaro - Itália), Giano e Andrea Ricci (Florença - Itália),

Nikolay Bakhurinskyi (Moscou - Rússia) e no Brasil com os doutores Sid-

ney Kina, Claudio Pinho, Paulo Kano, Mario Groisman e Marcelo Calamita

([email protected]).

Page 7: Visagismo b.paolucci dental esthetic

livio GAliAs YoshinAGABrasileiro, especializado em projetos especiais para o uso das tecnologias de imagem em consultó-

rios odontológicos e instituições de ensino. Foi editor de tecnologia da publicação PPAD - Practical

Procedures and Aesthetic Dentistry , EUA e da Revista Estética do Brasil. Autor de inúmeros projetos

e consultor de tecnologia de profissionais e professores brasileiros e internacionais como Robert

Gray Coachman (Brasil), Sidney Kina (Brasil), Claudio Pinho (Brasil), Rogério Zambonato (Brasil), Fran-

cisco Massola (Brasil), Eric Van Dooren (Bélgica), Mauro Fradeani (Itália), Nitzan Bichacho (Israel),

Galip Gurel (Turquia), Marcelo Calamita (Brasil), Christian Coachman (Brasil), Team Atlanta (EUA).

Palestrante internacional ministra cursos nas áreas de tecnologia em imagem digital em fotogra-

fia e vídeo; Mentor do projeto piloto dos EUA www.dentalxp.com e do portal de ensino odontológico

mundial www.identalclub.com. Atualmente, desenvolve a interface colaborativa de aulas ao vivo pela

internet LiveWeb interligando professores e alunos ao vivo em um ambiente extramuros. Organi-

za grupos especiais para cursos presenciais no Brasil e na Europa. Empresário e diretor do portal

identalclub.com. Tem sua matriz em São Paulo e filiais na Bélgica e na Itália ([email protected]).

mArcelo cAlAmitAEspecialista, mestre e doutor em

Prótese Dentária - Universidade de

São Paulo; Presidente da Academia

Brasileira de Odontologia Estética

([email protected]).

PhiliP hAllAwell

Philip Hallawell nasceu em São Paulo em 1951

e teve sua formação na Inglaterra, e Haverford

College, EUA. Artista plástico de renome interna-

cional, com mais de 50 exposições. Apresentou

e criou a Oficina de Desenho no programa Re-

vistinha e a série À Mão Livre - A Linguagem do

Desenho - TV Cultura. Autor dos livros da série

À Mão Livre, Visagismo: Harmonia e Estética e

Visagismo Integrado: Identidade, Estilo e Beleza

([email protected]).

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 7

Page 8: Visagismo b.paolucci dental esthetic

8 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Em primeiro lugar gostaria de agradecer a Deus por me

honrar com a força, determinação e inspiração necessá-

rias para a realização deste projeto.

Muito obrigado a meus pais, Ana e Lúcio, pelo apoio incondi-

cional e dedicação à educação de seus filhos. Seu amor foi fonte

de inspiração e superação na criação deste Livro.

Gostaria de manifestar profunda gratidão a meus fami-

liares e amigos, em especial à minha esposa Danielle Car-

lier por todo apoio e paciência que demonstraram ao longo

da caminhada que culmina com a produção dessa obra.

Obrigado também a Philip e Sônia Hallawell por sua ines-

timável colaboração, que inclui várias horas de conversas

que se estenderam noites adentro, esclarecendo dúvidas

e orientando ativamente no processo de elaboração deste

Livro. Seu apoio vai além desta criação, se estendendo ao

carinho como me acolheram em São Paulo. A Philip Halla-

well, gostaria ainda de agradecer por ter-me apresentado

de maneira totalmente aberta suas ideias, as quais muda-

ram completamente minha percepção da Odontologia e os

rumos de minha vida. Muito obrigado.

Meus sinceros agradecimentos a todos os profissio-

nais com quem trabalhei para a realização dos casos clí-

nicos aqui apresentados, entre eles: Galip Gurel e equipe

(Istambul, Turquia), Alexandre dos Santos e equipe do

Studio Dental (Curitiba/PR); Marcos Celestrino e equipe

do Laboratório Aliança (São Paulo/SP); Roberto Yoshida

(Londrina/PR); Fernando Pastor, Jorge Alberguine e André

Luís dos Santos (São Paulo/SP); Juvenal de Souza Neto

(Joinville/SC); Andrea e Catarina Ricci (Florença, Itália);

e Thiago Reis (São Paulo/SP).

Minha gratidão a Robert Coachman e a toda equipe da

Well Clinic pela hospitalidade e contribuição na construção

de um novo modelo de atendimento.

agradecim entos

Page 9: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 9

A Christian Coachman por ter contribuído efetivamente

para que a realização clínica que ilustra este Livro, incluindo

fotografia e planejamento digital, chegassem próximos do

patamar de excelência.

Agradeço também aos membros de minha equipe, Fer-

nanda de Oliveira, Leila Tafuri, Angelo Meneghin e Marina

Cotan; o convívio com vocês é fonte de incentivo constante,

e seu apoio foi fundamental na elaboração dos trabalhos

clínicos.

Meus agradecimentos aos colegas que colaboraram

para o amadurecimento e melhoria do conceito de visagis-

mo aplicado à Odontologia, entre eles: Tânia e Ary Lacerda,

Frederico Gomes, Osmar vieira de Castro e Luciana Inoue.

A Ricardo de Andrade por ter sido um dos maiores icenti-

vadores dessa publicação, assim como a Haroldo vieira, Paulo

Rosseti, Ana Lúcia Zanini Luz pela revisão de texto, Angélica

Pinheiro pelo projeto gráfico e toda a equipe da vM Cultural,

pelo esforço para tornar esse sonho uma realidade.

Não poderia deixar de agradecer aos senhores Herbert

Mendes (Ivoclar vivadent) e Knud Soerensen (KG Soeren-

sen), pela colaboração com materiais de uso clínico neces-

sários à realização dos casos clínicos aqui apresentados.

Agradeço do fundo do coração ao meu grande parcei-

ro clínico e “braço direito” Adriano Schayder, protético que

esteve presente desde os primeiros passos da materializa-

ção do conceito, apoiando e incentivando constantemente,

pessoa sem a qual essa obra não se realizaria. A maioria

dos casos de minha autoria foram realizados por ele.

A Marcelo Calamita, meu editor, que esteve engajado a

tornar a linguagem desse livro adequada aos moldes cien-

tíficos e compreensível aos leitores.

Aos competentes Josias Santana, Lívio Yoshinaga, Mar-

cela Barros e Edson Inácio, responsáveis pela qualidade

das imagens apresentadas.

À amiga Christiane Sauer, que participou ativamente da

elaboração da aplicabilidade do visagismo na Odontologia,

orientando acerca dos aspectos psicológicos envolvidos

e apontando erros e acertos, trabalho esse fundamental

para realização deste Livro.

À doutora Iraci Galias, membro fundadora da Socieda-

de Brasileira de Psicologia Analítica (SBPA), pela valorosa

colaboração e orientação.

Aos queridos amigos e “companheiros de estrada”,

Lígia Lima, Heloísa Lima, Graça Guimarães, José Fontes

Neto e Roberto Caproni. Seu entusiasmo e incentivo foram

fundamentais para a conclusão desse trabalho.

agradecim entos

Page 10: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Algumas vezes, finalizei restaurações estéticas e, apesar do paciente ficar satisfeito

por termos atingidos os objetivos estéticos e funcionais predeterminados, ficava com

uma sensação incômoda de ter criado um sorriso que parecia não pertencer àquela

pessoa. Mas não conseguia entender exatamente o porquê.

O Visagismo Odontológico, de maneira brilhante como estudado e desenvolvido pelo

doutor Bráulio Paolucci, interrelaciona conceitos clássicos e modernos de Psicologia,

Antropologia e diversas formas de arte integrando-os ao desenho do sorriso do pacien-

te. Desta maneira, acrescenta uma nova dimensão ao processo de planejamento por

meio de ferramentas práticas e efetivas para serem utilizadas pelos cirurgiões-dentis-

tas e técnicos em prótese dental.

Acompanhei a devoção com que foram desenvolvidos os seus preceitos apresentados

neste livro. Observador atento, perspicaz, Bráulio colheu e integrou referências de fontes

de diferentes áreas do conhecimento humano à Odontologia estética. De leitura fluente e

inquietante, percorremos os capítulos do livro com a certeza de que, com a utilização sábia

dos conceitos apresentados, podemos influenciar de maneira positiva a qualidade de vida

dos nossos pacientes, aprimorando a sua imagem pessoal e elevando a sua autoestima.

embora não existam fórmulas prontas, a chave está em abrir as nossas portas da

percepção, observando e escutando o paciente com a devida atenção e valorizando os

seus desejos e expectativas. Uma conversa aberta sobre o significado das diferentes

linhas, ângulos e formas, fazendo o paciente sentir-se coautor do planejamento de sua

obra, é crucial para executar com previsibilidade um trabalho harmonioso que demons-

tre ao mundo aquilo que o paciente realmente gostaria de expressar. Um sorriso que

realmente pertença a ele!

Uma ótima leitura a você!

Marcelo Calamita

editor Científico

Visagismo

10 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Page 11: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Antes de profissionais clínicos, que com maestria dominam

técnicas, somos seres humanos com a nobre função de cuidar

e atender às necessidades e aspirações de seres humanos em

busca de uma vida mais plena.

Na dinâmica do desenvolvimento, a Odontologia como ciên-

cia e arte, ocasionalmente, e de forma muito especial, é pre-

senteada por conceitos inovadores que rompem paradigmas e

estendem nossas fronteiras de atuação.

Graças à sensibilidade e percepção de um excepcional pes-

quisador e artista como Philip Hallawell aliadas à visão e extre-

ma dedicação de Bráulio Paolucci, as imensas possibilidades

e repercussões do conceito de Visagismo foram trazidas de

forma pioneira e muito oportuna à Odontologia.

A razão desta relevância reside na real possibilidade de

transcendermos a esfera estanque das disciplinas, mesmo

quando praticadas em equipe e adentramos ao riquíssimo e

ilimitado universo da transdisciplinaridade humana, com suas

nuances, tendências, sutilezas, poesia e história, que de forma

nenhuma perdem em relevância para os aspectos mais con-

cretos das realidades física e biológica. Definitivamente a inte-

gralidade humana não pode ser satisfeita por conceitos e técni-

cas que a reduzem a partes desconexas por mais sofisticadas

e às vezes mirabolantes que sejam estas abordagens.

entendemos que nossa herança do moderno saber científi-

co se apoiou sempre numa visão reducionista e compartimen-

talizada da realidade e que, se de um lado propiciou grandes

avanços e conquistas, de outro lado nos desconectou das di-

mensões mais sutis e intangíveis desta mesma realidade.

O eminente e reconhecido professor Narciso Baratieri em

meio a uma longa e produtiva carreira clínica e científica relatou

que tudo o que hoje faz é pautado pela simplicidade. entendo

essa mensagem de muita elegância como uma demonstração

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 11

Prefácioda sabedoria de alguém que na busca do pleno se desprende

gradativamente da forma exterior que é efêmera e se apóia

serenamente na essência interior que nunca se perde.

Toda a humanidade vive hoje uma enorme hora da verdade.

esta verdade é uma verdade de síntese, de resgate de nossos

valores essenciais, universais e eternos que dão sentido e signi-

ficado a tudo que existe e a tudo que se faz. Que oportunidade

extraordinária temos aqui. Um novo portal se abre para uma

profissão que como poucas tem a oportunidade de contato ex-

tenso , profundo e, muitas vezes, de verdadeira intimidade com

os pacientes e seus familiares.

A face de um indivíduo é um verdadeiro outdoor de sua

essência. Quer estejamos conscientes ou não, o resultado de

nossas intenções pode afetar sensivelmente o bem-estar de

nossos pacientes. O papel da autoimagem é determinante e

a relação dual entre o psicossomático e o somatopsíquico é

expressa de forma mais do que sensível na região orofacial.

Sem dúvida, o significado que esta nobre área representa

para a expressão, o equilíbrio e a harmonia de todo o organis-

mo transcende em muito aquilo que a própria Medicina e Odon-

tologia estiveram até hoje preparadas para reconhecer. Sim, é

preciso ir além.

O Visagismo em Odontologia tem este poder de síntese e

nos faz este convite, de penetrarmos mais sensível e profun-

damente na alma humana, aumentando nossa percepção e

escuta, nos tornando aprendizes e parceiros, traduzindo isto

numa expressão harmoniosa não só da estética da exteriorida-

de, mas também e, principalmente, da estética da interioridade.

Para todos nós da Well Clinic foi sempre uma honra e um

prazer participar desta comunhão criativa e acompanhar o sur-

gimento e consolidação deste novo portal.

Robert G. CoachmanMaster of Science em Oclusão e

Odontologia Restauradora – Universidade de Michigan; Diretor clínico da Well Clinic Odontologia.

Page 12: Visagismo b.paolucci dental esthetic
Page 13: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Sumário Introdução Visagismo, beleza e estética .......................................................................................................................................................................................... 15Bráulio Paolucci

Capítulo 1 Conceito de Visagismo e seu método .......................................................................................................................................................................21Philip Hallawell

Capítulo 2 Alfabetização visual ............................................................................................................................................................................................................ 28Bráulio Paolucci

Capítulo 3 Identidade, personalidade e sua relação com a imagem .................................................................................................................................39Christiane Sauer

Capítulo 4Morfos ..................................................................................................................................................................................................................................... 46Bráulio Paolucci

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso ...........................................................................................................................61Bráulio Paolucci

Capítulo 6 A Consultoria ......................................................................................................................................................................................................................135Bráulio Paolucci, Philip Hallawell

Capítulo 7 Desenho digital do sorriso: do plano de tratamento à realidade clínica ................................................................................................145Christian Coachman, Andrea Ricci, Marcelo Calamita, Livio Galias Yoshinaga

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo ..................................................................................................................................................................................161Bráulio Paolucci, Galip Gurel

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 13

Page 14: Visagismo b.paolucci dental esthetic
Page 15: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Desde seus primeiros passos sobre a superfície da terra

o ser humano sente o belo. Isso certamente o orientou em

suas escolhas, desenvolvimento do pensamento, linguagem

e artes influenciando profundamente o caminho tomado pela

humanidade. Mas o que pode ser considerado belo? Ou além:

o que é beleza? A essas perguntas todos nós sabemos res-

ponder, mas não exatamente com palavras. Caracterizar o

belo como sentimento fica mais plausível para a maioria dos

seres humanos. O belo seria algo do qual temos certeza ab-

soluta, algo que nos arrebata, que deixa-nos boquiabertos,

gera admiração, desejo e atração; no entanto, essas são sen-

sações que descrevemos ao nos depararmos com algo de

genuína beleza. Já a tradução disso em palavras ou em um

conceito não é tão simples.

A beleza é produto da percepção humana através de seus

vários sentidos (visual, olfativo, tátil, auditivo e gustativo). Pode

ser percebida de maneira emocional ou racional. Ao nos de-

pararmos com algo belo por qualquer de nossos sentidos,

somos arrebatados imediatamente; assim é a percepção do

belo: é inconsciente, inexplicável e fulminante. O talento para

perceber o belo é uma característica inata e exclusiva do ser

Visagismo, beleza e estética

Bráulio Paolucci

Toscana, Itália.

Padrão de beleza cultural do sorriso.

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 15

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IntroduçãoVisagismo, beleza e estética

Page 16: Visagismo b.paolucci dental esthetic

humano. Este livro se aterá à “beleza humana”, especialmen-

te aquela relacionada à face e ao sorriso.

Por milênios, artistas, filósofos, biólogos, antropólogos,

neurocientistas e outros profissionais procuraram descre-

ver o que seria o padrão de beleza, segundo suas convic-

ções. Porém, cada linha de raciocínio tem sua visão ou con-

ceito acerca desse problema. Atualmente pode-se dividir a

conceituação da beleza em duas principais vertentes: o con-

Davi, Michelângelo (à esquerda) e o homem vitruviano, Leonardo da vinci (à direita).

IntroduçãoVisagismo, beleza e estética

16 • VIsagIsmo - a arte de personalIzar o desenho do sorrIso

Page 17: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Platão

Charles Darwin

ceito clássico de beleza e o conceito cultural do belo1. Esta

obra se fundamenta ao conceito clássico do belo, por ser

este de caráter universal e ainda por considerar que às rea-

bilitações orais estéticas não cabem modismos e diferenças

culturais como orientação, pois nesses casos, o que é belo

hoje pode não ser considerado amanhã e não é de bom-

senso ficar trocando trabalhos odontológicos de tempos

em tempos para estar de acordo com padrões fugazes.

O conceito clássico de beleza tem sua origem na Grécia an-

tiga, a partir de debates filosóficos e considerações matemáti-

cas. Para Platão, beleza é medida, simetria e virtude em todo

mundo. Segundo ele, essa mistura raramente é encontrada

no ser humano, de tal forma que esse deve “buscá-la e louvá-la”

pois “a feiúra e a discórdia são aliados das palavras e da natu-

reza doentes” (Platão, A República, livro III)2. Santo Agostinho

considerava beleza como um atributo divino, como a bondade

e a verdade. Já James Joyce acreditava que o belo se mani-

festava de acordo com três requisitos: integridade, harmonia

e resplendor, ou seja, para ser belo um objeto precisa ser ínte-

gro ou completo em si, ser proporcionado dentro das regras

de harmonia e estética e irradiar uma essência verdadeira e

boa ou qualidade. Portanto, de maneira geral, para os filósofos,

o belo está relacionado a uma verdade ou uma essência indivi-

dual ou, ainda, autenticidade e está pautado nas regras de har-

monia e estética. Segundo o conceito grego de beleza, o belo

se mostra também através de harmonia e proporção entre

as partes, como simetria entre lado direito e esquerdo, além

de partes que se relacionam através da razão áurea. Há uma

fórmula matemática para decifrar rostos perfeitos esclarecida

por Pitágoras desde a Grécia antiga. Para ele, a proporção da

largura da boca para a largura do nariz deveria ser 1/1,680.

A mesma deveria se aplicar entre a proporção da largura da

face para a largura da boca. Na verdade para esse autor, as

diversas partes da face se relacionam entre si através do nú-

mero áureo, o que torna o conjunto altamente equilibrado e

agradável ao olhar. Grandes artistas do renascimento usaram

esse conceito de beleza grega para cria obras que desperta-

vam grande interesse ao cérebro observador. leonardo da

Vinci foi um dos grandes estudiosos do conceito e o aplicou

em muitas de suas obras como numa de suas principais, o

homem vitruviano. Michelângelo também o utilizou para criar

uma de suas obras primas, Davi, que até hoje é tido como uma

das principais manifestações da beleza masculina.

Nos tempos modernos a biologia tem contribuído para a

compreensão dos motivos naturais para a beleza. A razão

da existência de um padrão de beleza universal estaria na

própria evolução da espécie. O que é belo atrai o sexo opos-

to e propicia a perpetuação da espécie.

Charles Darwin3 (abaixo), o “pai” da teoria da evolução,

era fascinado por rostos. Estudou centenas de faces hu-

manas de todas as partes do mundo. Ele acreditava que

as expressões, da mesma forma que muitos outros com-

portamentos atuais, refletem padrões primitivos fixados

em nossos cérebros e rostos. A teoria da beleza que se

pode extrair dessas raízes profundas é bem pouco românti-

ca: as encantadoras linhas harmônicas da face e do corpo

humano são mais uma resposta encontrada pela evolução

para problemas específicos da perpetuação da espécie.

Basta examinar a representação artística da beleza femi-

nina, das Deusas da fertilidade pré-históricas às estrelas

de Hollywood, para se observar atributos como seios fartos

e quadris largos. Isso demonstra como certas caracterís-

ticas físicas são apreciadas ao longo de várias épocas e

culturas. Geralmente são características que favorecem a

geração e o desenvolvimento da prole.

As espécies atuais são descendentes daquelas, que ao

longo da evolução, se mostraram mais aptas a sobreviver e

reproduzir. O pré-requisito para espécies heterossexuadas

1 Eco h. história da beleza. Record; 2004. 2 Composta entre 380 e 370 a.C A República (Politéia) é considerada

a obra mais importante do filósofo. Nela ele descreve o que seria uma sociedade ideal.

3 Darwin C. A Origem das espécies (1859). Martin Claret; 2004.

IntroduçãoVisagismo, beleza e estética

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Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 17

Page 18: Visagismo b.paolucci dental esthetic

se reproduzirem é que haja atração entre os sexos opostos

e, para isso, sinais visuais que indiquem boa saúde física e

genética são bons estimulantes sexuais, pois demonstram

boa chance de sucesso da prole e consequente propagação

genética. Por esse motivo indivíduos que apresentam pele

sedosa são mais atraentes que aqueles que apresentam

pele oleosa e cheia de espinhas e acnes. Peles sedosas são

sinais visuais de boa imunidade, o que impede a instalação e

propagação de parasitas.

Na face, determinadas características são inconsciente-

mente apreciadas pelo sexo oposto. Enquanto nas mulheres

traços delicados como rosto oval, mandíbulas e narizes pouco

evidentes e lábios carnudos atraem por atestarem jovialidade

e fertilidade, nos homens rostos bem definidos com projeção

do mento, zigomáticos proeminentes, sobrancelhas grossas e

dentes fortes atestam bons níveis de testosterona, hormônio

ligado a masculinidade, agressividade e vigor físico.

Atualmente o debate profundo sobre beleza tem perdido

espaço para o enfoque em um dos seus aspectos fundamen-

tais, a estética. A palavra estética tem sua origem no grego

(aisthesis = princípios da observação). Sabemos que a apre-

ciação e admiração humana pelo belo é uma característica

inata proveniente de uma parte da nossa mente chamada cé-

rebro ancestral. Essa parte da mente é como uma “platafor-

ma básica” que todos os homo sapiens compartilham e nela

estão gravadas muitas informações importantes relaciona-

das à sobrevivência e reprodução da espécie, num processo

que se estende por milhares de anos, fortemente influenciado

pela seleção natural. Somos programados pela natureza para

identificar e desejar coisas belas de maneira inconsciente e

independente da nossa vontade ou capacidade cognitiva.

Mais observado será um objeto, e nisso se inclui o sorri-

so, quanto mais interessante ou atraente for ao sistema visual

composto por olhos, nervos e cérebro. E como demonstrado

por diversos estudos, nosso cérebro, principal órgão de per-

cepção visual, é capaz de fazer uma leitura rápida de um objeto

e calcular inconscientemente suas dimensões, as proporções

entre suas partes e a harmonia entre seus elementos cons-

tituintes. Esse órgão tem em sua plataforma ancestral certa

programação para identificar quando a matemática do conjun-

to é interessante ou não e dessa forma desejar ou refutar o ob-

jeto de maneira inconsciente. A essa matemática ou conjunto

de regras de harmonia visual, chama-se estética. Portanto, um

objeto será estético quando estiver, em sua constituição visual,

de acordo com esse conjunto de regras e leis matemáticas, e

despertará no cérebro do observador grande interesse. No

entanto, a beleza vai além disso, como disse Hegel: “a beleza,

como substância da imaginação e da percepção, não pode ser

uma ciência exata”. Estética, portanto, é um dos elementos da

beleza, pois estar matematicamente bem proporcionado gera

bem-estar e desejo ao cérebro observador. Porém, isso não

basta para ser considerado belo, pois outros elementos, como

autenticidade, conteúdo e integridade devem fazer parte des-

sa composição para irradiar beleza.

O termo estética, especialmente na Odontologia, se trans-

formou em lugar comum, onde a maioria dos profissionais de-

senvolve suas carreiras, estudos e estratégias de marketing.

Haja vista o grande número de cursos de estética e de produ-

tos e serviços com essa denominação. A estética é colocada

como o mais importante ou mais interessante numa profissão

em que aspectos funcionais e psicológicos têm sido menos va-

lorizados. Muitas iatrogenias têm sido cometidas em nome da

estética e o preço disso ainda não foi precisamente calculado.

Na prática das odontologias clínica e protética beleza

tem uma importância muito maior que simplesmente o con-

tentamento de vaidades pessoais dos pacientes, profissio-

nais ou uma cosmética superficial.

Parece que o mundo moderno despertou para o fato de

que a imagem pessoal está diretamente relacionada com

a identidade pessoal ou como se é percebido pelos outros.

É através da imagem que se expressa quem você é para

o mundo. Valores, crenças e princípios pessoais, origem

sociocultural, condição de saúde física e mental, profissão,

nível educacional, origem genética e personalidade, são todos

elementos da identidade pessoal revelados na imagem. Por

isso tanta importância se tem dado a ela, e como é importante

que a imagem seja percebida e desejada pelos outros, ela pre-

cisa ser estética.

No entanto, além da estética os demais elementos expres-

sados na imagem devem ser levados em consideração na cria-

ção ou adequação da imagem pessoal, inclusive na do sorriso.

Essa é a proposta desse trabalho: convocar os profissionais da

Odontologia a pesquisarem a expressão do sorriso e proporem

a seus pacientes, trabalhos que, além de estéticos, sejam inti-

IntroduçãoVisagismo, beleza e estética

18 • VIsagIsmo - a arte de personalIzar o desenho do sorrIso

Page 19: Visagismo b.paolucci dental esthetic

mamente relacionados com aquilo que possa torná-los belos:

sua originalidade, autenticidade e individualidade. E, ainda, des-

pertar no leitor o prazer de trabalhar com criatividade, intuição

e conhecimento na escolha de formas dentais e desenho do sor-

riso e dar um passo além na sua prática diária, trabalhar com o

conceito de “beleza do sorriso”, por considerar que esse concei-

to vai além da estética e engloba elementos que fundamentam

a existência humana.

A palavra visagisme surgiu na França originária do termo

visage que significa rosto, mas apesar disso ainda não havia

um conceito bem definido sobre essa arte até que o artista

plástico Philip Hallawell, em 2003, lançou seu livro Visagismo,

Harmonia e Estética, em que estabelecia o que seria a cria-

ção ou adequação da imagem pessoal segundo característi-

cas pessoais autênticas. Abria-se aí uma nova possibilidade

de intervenção visual totalmente alinhada com as tendências

contemporâneas do comportamento humano, que nesse sé-

culo, mais que nunca, busca autoconhecimento e expressão

individual. A personalização é a palavra de ordem em um mer-

cado cada vez mais globalizado.

O Visagismo espera fazer a ponte entre o que o consumi-

dor quer ou espera do tratamento e a tradução dessa vontade

num desenho de sorriso que a expresse visualmente através

das formas e linhas adequadas. Para isso é fundamental domi-

nar o método de consultoria desenvolvido pelo artista plástico

Philip Hallawell, que permite ao profissional conhecer melhor

seus pacientes no âmbito psicológico, com suas particularida-

des, necessidades e desejos, e poder orientá-los quanto às pos-

sibilidades de expressão visual em seus casos e então definir

juntamente com eles o que será criado em termos de desenho

de sorriso. Dessa maneira os pacientes passam a coautores

do trabalho, o que certamente diminuirá as insatisfações finais

tanto de profissionais quanto de pacientes.

Esta obra será dividida em dois volumes, sendo o pri-

meiro dedicado à apresentação do conceito de Visagismo,

à análise dos elementos básicos de expressão visual com

suas conotações psicológicas, ao estudo da relação entre

imagem e identidade pessoal, do método Philip Hallawell

de consultoria como o fator primeiro na elaboração de um

planejamento estético por esclarecer aos profissionais e pa-

cientes o caminho expressivo a ser seguido, bem como o

estudo dos elementos ou unidades orais, suas variações, ex-

pressões psicovisuais, e sua aplicação nos delicados casos

de estética dental. Neste primeiro volume será apresentada

também uma abordagem distinta no planejamento estético

de casos, o planejamento digital do sorriso proposto por

Christian Coachman.

Os casos clínicos apresentados aqui foram realizados pelo

autor, como clínico, e em colaboração com outros cirurgiões-

dentistas como consultor, onde o autor entrevistou os pacien-

tes e definiu para a equipe operatória o desenho de sorriso a

ser executado.

O segundo volume será dedicado às reabilitações mais

complexas, quando a equipe se verá diante da grande respon-

sabilidade da composição psicodentofacial. Neste volume se-

rão explorados, a consultoria visagista como referência para

a correta escolha e montagem de dentes e demais elementos

da configuração do desenho do sorriso em casos onde se tem

menos referências orais e mais liberdade de criação como em

edentados totais, além da abordagem dos fundamentos fun-

cionais e apresentação da aplicação clínica dos fundamentos

da composição psicodentofacial como estrutura, perspectiva,

proporção, concepção de forma e volume, cor e textura, peso e

leveza, como requisito para se alcançar resultados excelentes

e personalizados.

Hoje frente ao grande desenvolvimento da Odontologia,

cabe mais pensar “no que fazer” em um caso clínico e nem

tanto no “como fazer”, haja vista o grau de excelência técnica

alcançado pelos profissionais, instrumentais e materiais dentá-

rios. Só se saberá o que fazer quando o ser humano por trás

daquela boca a ser tratada for capaz de dizer quem ele é e o

que espera do tratamento, e a filosofia de trabalho apresenta-

da neste livro presta-se a facilitar a obtenção dessa resposta,

bem como orientar a equipe operatória na tradução dela em

desenho do sorriso. A Odontologia, assim como outras pro-

fissões, está engajada em oferecer às pessoas, tratamentos

cada vez mais humanizados e personalizados.

IntroduçãoVisagismo, beleza e estética

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Page 20: Visagismo b.paolucci dental esthetic
Page 21: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Capítulo 1 Conceito de Visagismo e seu método

1.1 Conceito

O conceito de que o sorriso de uma pessoa expressa sua

personalidade é algo com que se trabalha na Odontologia há

muito tempo. Muitas pesquisas e teorias a esse respeito fo-

ram desenvolvidas ao longo da história da Odontologia. No

entanto, por falta de um método objetivo e científico para a

aplicação dessas teorias, os odontólogos, que trabalham com

a estética do sorriso, dependem da intuição para obter resul-

tados satisfatórios.

Até a publicação dos livros Visagismo: harmonia e estética1

e Visagismo: Identidade, estilo e beleza2, o Visagismo era consi-

derado somente uma técnica para harmonizar o corte de cabe-

lo e a maquiagem com o formato do rosto e o tom e a “imagem

interior” que a pessoa tem de si mesma. essa imagem interior é

muito mais um conjunto de sensações, emoções e fragmentos

de imagens indefinidas e vagas, do que uma imagem concreta e

completa. Quando se pensa na imagem pessoal nesses termos

percebe-se que é mais importante se importar com o que a

imagem expressa do que com questões estéticas, embora es-

sas também sejam importantes. há poucas coisas mais precio-

sas para uma pessoa do que seu senso de identidade e, como

diz a psicóloga Maria Rita Kehl, o rosto é a sede da identidade3.

Partindo desse princípio, o conceito de Visagismo es-

tabelecido nos livros mencionados acima é a arte de criar

uma imagem pessoal customizada, que expressa a perso-

nalidade e o estilo de vida, com harmonia e estética. essa

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 21

Philip hallawell

1hallawell P. Visagismo: harmonia e estética: Senac; 2003. 2hallawell P. Visagismo: identidade, estilo e beleza. São Paulo: Senac; 2010.

3Kehl MR. O espelho partido. Folha de São Paulo. 2005 Dez 11.

conceito de Visagismo e seu método

Page 22: Visagismo b.paolucci dental esthetic

arte é constituída de duas fases: na primeira, o profissional,

por meio de uma consultoria, ajuda o cliente a decidir o que

deseja expressar através de sua imagem e, na segunda, uti-

liza sua técnica, sensibilidade e domínio dos elementos que

compõem a linguagem visual para transformar a intenção

numa imagem com harmonia e estética.

No Visagismo trabalha-se com a conceituação de arte

proposta por James Joyce4 em Retrato do Artista quando

Jovem. Neste Livro o escritor faz uma distinção entre o que

seria arte pura e arte impura. Para ele, arte pura revela

algo que é verdadeiro, com harmonia e estética, enquanto a

arte impura se preocupa apenas com a aparência estética,

em ser agradável e em ter qualidade artesanal. esse tipo de

arte se baseia em regras e formas e, por isso, é acadêmica

e opaca, não revelando nada. O Visagismo é um conceito

baseado na arte pura, que busca oferecer os meios para

criá-la com constância e consciência.

1.2 O método Philip Hallawell

Foi necessário criar um método, baseado nesse conceito,

para exercer essa arte. O resultado foi um método interdiscipli-

nar, em que os princípios da linguagem visual são associados a

trabalhos, teorias e pesquisas das áreas da psicologia, da cog-

nição, da neurociência e da antropologia.

No livro O homem e seus Símbolos5, Carl Jung mostra que

há certos símbolos que sempre foram utilizados com o mesmo

significado em todas as culturas e em todos os tempos. esses

símbolos também formam a linguagem dos sonhos. Chamou-

os de símbolos arquetípicos (ver Capítulo Alfabetização Visual).

Os símbolos mais simples são os formatos geométricos que,

inclusive, podem ser utilizados como símbolos ao estruturar a

composição de um quadro. Na Renascença, os grandes mes-

tres incorporavam formatos geométricos às suas composi-

ções, mas baseando-se em conhecimentos esotéricos. Não é

de estranhar que os significados da simbologia esotérica sejam

os mesmos da simbologia arquetípica. A Ressurreição, Rafael Sanzio.

Capítulo 1 Conceito de Visagismo e seu método

22 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

4James J. Retrato do artista quando jovem. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; 1998. 5Jung CG. O homem e seus símbolos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; 1996.Fo

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Page 23: Visagismo b.paolucci dental esthetic

No estudo da composição, no entanto, aprende-se que

toda composição é estruturada por formas geométricas.

Pode ser uma única, como o círculo, usado por Michelangelo

no afresco O Julgamento Final, da Capela Sistina em Roma, ou

uma combinação de formas, como Rafael Sanzio compôs A

Ressurreição, quadro pertencente à coleção do Masp em São

Paulo. Isso significa que toda imagem contém um símbolo ar-

quetípico na sua estrutura, seja intencionalmente ou não. Isso

se aplica a todas as imagens criadas pelo homem: pinturas,

fotografias, arquitetura e imagem pessoal. Aplica-se, também,

às imagens naturais, como o rosto. Os formatos do rosto, das

feições e dos dentes são todos símbolos arquetípicos, com

significados predeterminados.

Carl Jung só falou sobre os formatos geométricos, mas

as linhas que compõem esses formatos também devem ser

consideradas símbolos arquetípicos. As linhas encontradas nas

imagens interagem com as formas geométricas e transmitem

significados diversos e até complexos. Saber ler o significado

das linhas e das formas permite entender o que o rosto e suas

partes dizem da pessoa e de seu temperamento, e o que a ima-

gem, como um todo, e nas suas partes, expressa.

Como o cérebro processa os símbolos arquetípicos e como

entende seus significados ainda não é bem compreendido. Carl

Jung teorizou que os símbolos faziam parte do subconsciente e

do inconsciente coletivo. Mas isso não explica como o cérebro

os reconhece.

O trabalho de Joseph LeDoux6, neurobiólogo e especialista

em cognição, na Universidade de Nova YorK, eUA, começa a

elucidar esse enigma. há mais de dez anos ele pesquisa como

as emoções são criadas. Descobriu, primeiro, que a formação

de emoções não envolve o córtex. O tálamo reconhece os ele-

mentos ou “gatilhos”, que estimulam os diversos sistemas, re-

lacionados às diferentes emoções, que atuam dentro da área

límbica. Não há um único sistema, um suposto sistema límbico,

responsável pela formação das emoções, como se pensava

antes. Quando estimulados esses sistemas geram elementos

químicos e hormônios que produzem reações físicas e, em se-

guida, as emoções são formadas, ao mesmo tempo em que

memórias relacionadas à emoção são recuperadas.

Fazendo a associação entre os símbolos arquetípicos de

Jung e o trabalho de LeDoux ficou claro que os arquétipos são

importantes gatilhos desses sistemas. Isso significa que são

compreendidos emocionalmente e não racionalmente. O sím-

bolo arquetípico, portanto, age sobre o emocional da pessoa. É

um processo que não envolve o racional. embora um símbolo

arquetípico tenha um significado universal e comum a todos

e, portanto, sempre ative determinada emoção, a reação a

essa emoção será sempre individual, porque é associada às

memórias que a pessoa guardou, quando experimentou emo-

ções semelhantes. O mesmo símbolo arquetípico, contido na

mesma imagem, que diversas pessoas observam, pode, por-

tanto, provocar diferentes reações: desde uma leve sensação

até violentas emoções.

Que a imagem provoca reações emocionais, antes que seja

compreendida racionalmente, é algo que muitos estudiosos da

imagem e da linguagem visual observaram, desde que a per-

cepção visual e a cognição começaram a ser estudadas no

início do século 20.

O artista plástico Wassily Kandinsky7 notou que toda ima-

gem produz uma reação emocional antes de ser compreendi-

da racionalmente e fez importantes observações sobre a na-

tureza da imagem. No seu livro Ponto, Linha, Plano ele explica

como é a dinâmica de cada tipo de linha (ver Capítulo Alfabeti-

zação Visual). Kandinsky, porém, não tinha pesquisas científicas

em que pudesse apoiar suas teorias, mas tinha um profundo

Capítulo 1 Conceito de Visagismo e seu método

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 23

6 LeDoux J. O cérebro emocional. Rio de Janeiro: Objetiva; 1998. 7 Kandinsky Wassily (1866-1944), artista, teórico e autor russo.Kandinsky W. Ponto, linha, plano (ed. 70; 2006) e “Do espiritual na arte” (Martins Fontes; 2000).

Page 24: Visagismo b.paolucci dental esthetic

conhecimento da linguagem visual e seu uso. Nessa época, as

primeiras teorias de psicologia foram criadas, como a Gestalt,

mas ainda não havia técnicas para estudar o funcionamento do

cérebro, como a ressonância magnética.

A associação dos princípios da linguagem visual com a

teoria de Jung, dos símbolos arquetípicos, e com as pes-

quisas de LeDoux sobre o cérebro emocional permitem

compreender melhor como imagens são percebidas e pro-

cessadas. entender que o cérebro reage primeiro, instanta-

neamente, aos símbolos arquetípicos contidos na imagem

– linhas e formas em particular – e que estes estimulam os

sistemas que produzem as emoções, antes que se possa

pensar racionalmente a respeito disso, é fundamental para

quem trabalha com ela. Implica que toda imagem contém,

na sua estrutura, uma mensagem subliminar, contida nos

símbolos arquetípicos que a estruturam.

Para o profissional da Odontologia, isso tem uma impor-

tância maior, porque implica que a imagem pessoal, que ele

cria, afeta emocionalmente o próprio cliente e as pessoas com

quem ele se relaciona, influenciando sua autoestima, seu esta-

do emocional e psicológico e seu comportamento. Acima de

tudo, explica por que a imagem pessoal estabelece a identidade

e por que é tão importante que haja o encontro entre as ima-

gens exterior e interior. De fato, pode-se afirmar que esse é um

encontro de emoções. Se houver sintonia de emoções será al-

tamente salutar emocional e psicologicamente. Por outro lado,

conflitos podem provocar consequências muito graves.

Segue que se pode ler o temperamento de uma pessoa

ao analisar o formato do rosto e as características de cada

área da face, porque esses elementos são símbolos arque-

típicos que se relacionam e revelam seu temperamento.

Por exemplo: o retângulo exprime força, determinação e

certa imobilidade; portanto, uma pessoa com o formato

de rosto retangular expressa essas características. Se ela

não fosse assim, cada vez que se olhasse no espelho as

emoções geradas pelo formato do seu rosto entrariam em

conflito com seu senso de si mesma. evidentemente isso

pode acontecer se a pessoa sofrer algum tipo de repres-

são, mas seria considerado um transtorno ou desvio de

personalidade. Para completar o método, ainda foi neces-

sário adotar um sistema de classificação dos temperamen-

tos e um procedimento para estimular a reflexão do cliente,

que o ajudasse a definir o que gostaria de expressar atra-

vés de sua imagem, a consultoria (ver Capítulo Consultoria).

1.3 Visagismo e a evolução da criação da imagem pessoal

A maneira como se trata a imagem pessoal no Ocidente

é muito diferente de como é tratada por tribos de indígenas,

índios americanos e africanos, e isso é reflexo dos sistemas

básicos em que cada cultura é estruturada.

Tribos são estruturadas em sistemas cooperativos. São

pequenos núcleos de pessoas, que vivem de acordo com

determinada filosofia ou religião. Na maioria dessas cultu-

ras, acredita-se que cada pessoa e sua vida são regidas por

guias. Os guias dos índios americanos são animais, enquanto

os dos africanos são o que chamamos de orixás, por exem-

plo. A individualidade é valorizada, porque cada membro da

tribo tem uma função e uma posição nessa hierarquia e é

importante que sejam facilmente identificados: seu guia, sua

função e sua posição. Por isso, os estilos de cabelos, ma-

24 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Composição com vermelho, amarelo e azul,

Piet Mondrian (1930).

Capítulo 1 Conceito de Visagismo e seu método

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Page 25: Visagismo b.paolucci dental esthetic

quiagens, pinturas no corpo e vestimentas são altamente

individualizados8. Podemos dizer que o conceito de Visagis-

mo é parte fundamental de suas culturas. Portanto, embora

o termo seja novo, a ideia de personalizar ou customizar a

imagem pessoal é algo muito antigo.

No Ocidente, somente pessoas com um alto senso de

estilo, inteligência visual e um forte senso de identidade fo-

ram capazes de criar um estilo próprio. essas pessoas são

raras. Sabem o que querem e orientam os profissionais que

executam o trabalho. Geralmente são pessoas de destaque

na sociedade, com muita influência ou poder. Todo estilo e

todas as tendências de moda têm suas origens nos estilos

pessoais que essas pessoas criaram.

Um estilo expressa princípios filosóficos, morais e cultu-

rais e um modo de vida e, quando pessoal, a personalidade

de uma pessoa. Nas culturas ocidentais e orientais, basea-

das em sistemas feudais, uma elite da sociedade dominava

todos os outros membros. A sociedade era formada por um

grande grupo de pessoas, que dominava a massa, a maioria

com funções genéricas e todos no mais baixo nível hierárqui-

co, e uma pequena elite, com enorme poder e que dominava

a massa. Portanto, a individualização não era valorizada. Por

isso, só a elite, a classe nobre e a burguesia emergente,

tinham direito a se expressarem através de um estilo. Ma-

nifestações de estilo pelo povo eram encontradas somente

em alguns artefatos, construções e nas vestimentas utiliza-

das em festivais, que expressavam o caráter de uma nação

ou de um clã. Os nobres adotavam um estilo padronizado

que expressava os princípios da nobreza, e que indicava o

grau de poder do indivíduo pela suntuosidade e riqueza dos

materiais empregados nas vestimentas. As únicas qualida-

des individuais que podiam ser mostradas eram a sensibi-

lidade, o refinamento e o senso artístico, nos cabelos, nas

maquiagens e nas vestimentas. esse estilo padronizado era

igual para todos os nobres na europa e nas suas colônias,

por isso é difícil distinguir um nobre francês de um espanhol.

O final do século 18 marcou o início da revolução indus-

trial e o fim da era agrícola, que provocou enormes mudanças

nas sociedades no mundo todo. Foi caracterizada pela gradual

mecanização na produção de manufaturados, incentivada por

sucessivas inovações tecnológicas. Com o desenvolvimento in-

dustrial em diversas áreas, houve um êxodo do campo e a cria-

ção de metrópoles. Com início na Inglaterra, aos poucos, todos

os países europeus foram transferindo sua dependência na

agricultura para a produção industrial. O mesmo aconteceu

nos eUA e, eventualmente, no mundo todo. No brasil, esse

processo só foi intensificado a partir de 1930. esse processo

teve um profundo impacto social que ainda vivenciamos. Com

a criação de grandes cidades e a educação de pessoas para

que tivessem condições de trabalhar nas fábricas, uma classe

proletária foi criada e a classe média cresceu consideravel-

mente. Na europa e nos eUA já havia uma pequena classe

média formada por profissionais liberais, negociantes e ban-

queiros, principalmente. houve, também, maior distribuição

de renda. em consequência disso, muitas pessoas ganharam

condições de se vestir e se produzirem com estilo. A classe

média queria se diferenciar do proletariado e procurava as-

censão social, com aspirações a se assemelhar ao nobre. Por

isso, adotou seu estilo, embora com menos luxo. A indústria

da moda foi criada e em vez de personalidades como Marie

Antoinette, ditarem a moda, de uma estação, estilistas surgi-

ram criando modelos de roupas que pessoas das classes alta

e média copiavam na europa e outras partes do mundo. Paris

se tornou o centro desse movimento.

Por outro lado, a revolução industrial promoveu uma

crescente consciência social, que resultou no fortalecimen-

to do socialismo e do advento do sindicalismo, a defesa

das liberdades individuais e o fim dos privilégios. Depois da

I Guerra Mundial, a maioria dos intelectuais, poetas, artistas e

até alguns membros da elite se declaravam socialistas e mate-

rialistas. Procuravam manifestar essa maneira de pensar na

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 25

8Lody R. Cabelos de axé. Identidade e resistência. Rio de Janeiro: Senac; 2004.

Capítulo 1 Conceito de Visagismo e seu método

Page 26: Visagismo b.paolucci dental esthetic

26 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Capítulo 1 Conceito de Visagismo e seu método

sua aparência. exigiam estilos diferentes dos da classe dominan-

te, com a qual não se identificavam. A ideia da personalização

da imagem pessoal também apareceu nessa época, como uma

forma de valorizar a individualização e combater a crescente

massificação, que as indústrias incentivavam, a fim de aumen-

tarem suas vendas.

Ao longo do século 20, milhões de pessoas ganharam o

direito de fazer escolhas, por causa do aumento do nível eco-

nômico, melhor educação, acesso à informação e novas expe-

riências. A invenção do automóvel, a possibilidade de viajar de

navio e, depois, de avião e conhecer outros lugares e povos, o

conhecimento e cultura obtidos por meio de livros, jornais, revis-

tas, o rádio, a televisão e, agora, pela internet fez com que um

universo, que até há pouco tempo era restrito a uma minoria,

fosse disponível a qualquer um. Isso fez com que o conflito entre

a massificação e a customização fosse se intensificando e ge-

rou dois problemas: a grande maioria das empresas não sabe

oferecer escolhas e como customizar seus produtos ou servi-

ços, e as pessoas não são ensinadas a como fazer escolhas.

As escolas não empregam sistemas muito diferentes daque-

les utilizados desde o século 19. Tudo isso pode fazer com que

nos sintamos incapazes de lidar com as imposições do mundo

contemporâneo, além de insignificantes diante da grandeza do

mundo que conhecemos. Não é fácil lidar com a consciência de

que se é “um” entre bilhões de habitantes deste mundo. Todo

mundo quer se sentir especial, mas ao mesmo tempo quer ser

aceito e respeitado. Por isso as redes sociais ganham tanta

força: ao mesmo tempo em que cada um pode expor o que

pensa e faz, compartilha isso com centenas de pessoas. A ne-

cessidade de se sentir único também criou a moda de se ta-

tuar, pois a tatuagem é como uma marca pessoal. Porém, a

“marca pessoal” deveria ser expressa em todos os aspectos

da imagem pessoal.

Já há alguns anos, todas as agências que pesquisam ten-

dências apontam a customização e a despadronização como

sendo as principais tendências em todas as áreas. Na área de

beleza, no entanto, é a massificação que se vê praticada. É essa

a realidade da maioria dos salões, clínicas e butiques. Rara-

mente o cliente sabe o que deseja expressar. As imagens

criadas são geralmente padronizadas.

Os melhores profissionais das diversas áreas da criação

da imagem pessoal conseguem algum sucesso em atender

as necessidades dos seus clientes, mas dependem somente

da sua intuição, sensibilidade artística e sua capacidade de

percepção do outro. Nunca dispuseram de um método, ba-

seado em conhecimentos científicos, para avaliar seu cliente

ou paciente; e a maioria não teve acesso, nos seus cursos

de formação, ao ensino formal da linguagem visual, essencial

para poder transformar um conceito abstrato numa ima-

gem concreta. Por sua vez, a grande maioria das pessoas

não tem meios para indicar o que querem ao profissional.

É importante notar que a análise do comportamento e

da linguagem corporal pode levar a muitos equívocos. A ima-

gem da pessoa a afeta emocionalmente e, consequentemen-

te, seu comportamento, sua postura e seus gestos. Uma

imagem que não está em sintonia com seu temperamento

fará com que se comporte de uma maneira inadequada. Se

o profissional estiver dependendo somente de sua intenção,

ele estará sendo levado pelas emoções que sente ao ver

a pessoa e o que as linhas, formas e cores estão transmi-

tindo. Isso significa que estará reagindo ao que a imagem

expressa e não ao que a pessoa é. em outras palavras, ele

vê como a pessoa está e não como ela é. evidentemente,

isso poderá resultar em conclusões totalmente errôneas.

Page 27: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 27

Capítulo 1 Conceito de Visagismo e seu método

1.4 Visagismo - Philip Hallawell na Odontologia

A boca e os olhos são as duas áreas que mais transmitem

informações sobre uma pessoa.

A boca é o ponto focal do olhar e, imediatamente, pela cap-

tação dos formatos e das linhas dos lábios e dos dentes, esta-

belecem as condições das interações humanas, antes que haja

comunicação verbal.

A boca tem diversas funções. há a da alimentação e a da

fala. Os lábios têm conotações sensuais9 e os dentes são asso-

ciados às presas, elementos de ataque e defesa. A configura-

ção da boca e dos dentes, especialmente da bateria anterossu-

perior, indica a capacidade de exercer essas funções e afeta a

autoconfiança. Para alguém se sentir confiante, a dentição pre-

cisa ser alinhada, íntegra, sem falhas e sem grandes desgastes.

Dentes pequenos e sem proeminência prejudicam a capacida-

de de se impor, e os dentes amarelados e manchados são vis-

tos como indícios de falta de saúde e de vigor. Nos trabalhos de

Visagismo - Philip hallawell, realizados ao longo dos últimos oito

anos, constatou-se que uma pessoa não sustenta uma imagem

que a destaca, se tiver problemas sérios nos dentes, porque

não se sente segura para lidar com a exposição a que está su-

jeita e por que o que os dentes expressam entram em conflito

com aquilo que o resto da imagem transmite. É muito impor-

tante, no entanto, estar atento às mudanças na expressão que

os procedimentos provocam. É mais importante preservar as

características do temperamento do paciente do que promover

ganhos estéticos.

O ortodontista, por exemplo, precisa analisar se, ao alinhar a

dentição, haverá uma mudança no formato da arcada e se isso

será prejudicial ao paciente.

Na Odontologia estética é sempre aconselhável questionar

se os ganhos estéticos acarretam perdas no senso de identida-

de ou qualidades de personalidade. em cirurgias ortognáticas é

importante levar em conta que a área relacionada com a força

da vontade (mento) será profundamente afetada e que, ao con-

trário do que se pensa geralmente, nem sempre esse ganho

estético traz consequências positivas. há um ganho estético

porque o queixo retraído é associado à fraqueza, à dificuldade

de se impor. É, portanto, considerado feio. Já o queixo alinhado,

que expressa força, é visto como sendo bonito. O outro lado

da força é a agressividade e, quando há um repentino ganho

de força, muitas pessoas não estão preparadas para lidar com

isso e podem se tornar agressivas.

O Visagismo - Philip hallawell permite que se avalie todas

essas questões e que se estabeleça uma direção clara para

os procedimentos, promovendo ganhos estéticos, ao mesmo

tempo em que se cria um sorriso que expressa o melhor da

personalidade. Isso se aplica tanto aos casos em que a confi-

guração original é modificada ou aos casos em que o envelhe-

cimento ou traumatismos exigam uma recuperação parcial ou

total da dentição.

O Visagismo é uma arte. É a arte de criar uma imagem pes-

soal customizada e bela, que faz com que o paciente se sinta

valorizado, aceito e com poder de atração.

9 Morris D. O macaco nu. Rio de Janeiro: Record; 2004.

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Page 28: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Capítulo 2 Alfabetização visual

28 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Alfabetização

Visual

2.1. Linguagem

Numa definição simplória, linguagem significa troca de

informações, englobando gestos, expressões faciais, cor-

porais, assobios, posturas, linguagem química, matemáti-

ca, verbal, escrita etc1. Na perspectiva dos estudiosos da

linguagem sua delimitação à linguagem verbal e escrita é

um atributo egoísta do pensamento humano. É incorreto

afirmar, inclusive, que linguagem seria a troca de informa-

ções entre indivíduos da mesma espécie, pois a ciência já

demonstrou a possibilidade de indivíduos de espécies dife-

rentes se comunicarem2-4 .

Desde o surgimento da vida na terra, os seres mais

primitivos necessitavam trocar informações para garantir

sua sobrevivência e reprodução, e o faziam através da cha-

mada comunicação química1-3. Animais como insetos, pei-

xes, anfíbios, aves e mamíferos desenvolveram diferentes

meios de comunicação, que vão desde a comunicação por

feromônios, gestos e até linguagem sonora em variadas

frequências de percepção auditiva que, muitas vezes, esca-

pam à percepção humana5-6.

Durante os milhões de anos de evolução dos primatas

muitas características de comunicação foram surgindo e

sendo aperfeiçoadas, de modo que as espécies de prima-

tas existentes nos tempos atuais, apesar de apresentarem

diferentes formas de comunicação, ainda compartilham es-

truturas cerebrais mais antigas de processamento de infor-

mações comunicativas7-11.

A família dos primatas surgiu na terra a aproximadamen-

te 70 milhões de anos. Seus descendentes atuais incluem

desde pequenos até os grandes primatas como orangotan-

gos, chimpanzés, gorilas, bonobos e, os últimos hominídeos,

os seres humanos12.

Entre as formas de linguagem de primatas não huma-

nos pode-se citar como principais as linguagens sonora,

gestual ou corporal e as expressões faciais. A comunicação

através de gestos e expressões faciais são compreendidas

como linguagem visual primitiva13-16.

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Page 29: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Capítulo 2 Alfabetização visual

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O homo sapiens é o primata mais capaci-

tado à comunicação por apresentar tanto

as características comunicativas primitivas

de seus parentes (linguagem visual primiti-

va) quanto características exclusivas e mais

complexas de comunicação, como a fala e a

escrita. Essas duas últimas formas de linguagem

estão relacionadas ao neocórtex humano, parte externa

de nossos cérebros responsável pela elaboração de pen-

samentos e raciocínio17.

A história da evolução da linguagem em seres humanos

é paralela à história da evolução do cérebro humano. Por

milhões de anos o cérebro primitivo foi compartilhado pelos

grandes primatas e era responsável pela compreensão do

ambiente à sua volta e sua comunicação com intuito de so-

brevivência e reprodução. Ao longo de milhões de anos o cé-

rebro primata se desenvolveu de baixo para cima, ou seja,

os centros superiores se desenvolvendo como elaborações

das partes inferiores (tronco cerebral) culminando com o

surgimento do neocórtex17-18.

O desenvolvimento do cérebro de embriões humanos

segue esse caminho19.

A existência de um cérebro emocional (cérebro primitivo

compartilhado pelos grandes primatas), programado para fa-

zer leitura ambiental e disparar reações emocionais, com o

objetivo de sobrevivência, é muito mais antiga que o cérebro

racional que apresentamos hoje19-20. Seu processo de leitura

visual e de interpretação é instintivo e inconsciente, e não de-

pende do aprendizado e raciocínio21. Essa leitura se daria, en-

tre outras maneiras, pela interpretação de arquétipos visuais

ou imagens primordiais (ver Jung e os Arquétipos).

Estudos com grandes primatas têm apontado cami-

nhos para a compreensão da escalada evolutiva da lingua-

gem visual dos seres humanos, de modo a indicar quais

seriam as formas de comunicação visual mais primitivas

que carregamos em nossos cérebros em comunhão com

esses animais22.

Estudos in vitro com gorilas demonstraram que esses,

além de compreenderem gestos e expressões faciais, pos-

suem capacidade para o aprendizado da linguagem de si-

nais norte-americanos ou Ameslan (linguagem dos surdos-

mudos americanos)1.

Estudos realizados com uma fêmea de bonobo em labo-

ratório apontam para uma grande capacidade de aprendi-

zado da linguagem de sinais. Ela desenvolveu a capacidade

de compreensão e comunicação através de um lexigrama

de 256 símbolos geométricos23. Esses estudos sugerem

que a compreensão visual a partir de imagens primordiais

ou símbolos arquetípicos não está relacionada ao neocór-

tex humano e estaria, provavelmente, relacionada aos cen-

tros cerebrais mais antigos comuns àqueles primatas e ao

homo sapiens24.

Como demonstrado em vários experimentos, a capaci-

dade para a compreensão de sinais e símbolos não é uma

exclusividade humana e certamente está relacionada a

estruturas cerebrais primitivas presentes em nossos cé-

Page 30: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Capítulo 2 Alfabetização visual

30 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

rebros; no entanto o pensamento simbólico, ou seja, a or-

ganização de processos cognitivos com signos e símbolos

e a comunicação através da fala e escrita são capacidades

exclusivas do homo sapiens17.

O objetivo do visagismo é o estudo da linguagem visu-

al, mais especificamente dos símbolos arquetípicos mais

básicos (linhas, formas e cores), o seu processo de inter-

pretação pelo cérebro humano e a possibilidade de seu uso

consciente para gerar imagens com significado. Na Odon-

tologia seu uso seria na criação estrutural de desenhos de

sorriso com expressão própria, de percepção inconsciente

e involuntária que deveria estar de acordo com a identidade,

vontade de expressão e necessidades pessoais do paciente

(ver Capítulo Consultoria).

2.2 O caminho cerebral da percepção visual

Perceber é organizar dados sensoriais levados ao cére-

bro através dos receptores nervosos ou sentidos (visuais,

olfativos, táteis, sonoros e gustativos)25. Seres humanos são

principalmente visuais no processo de percepção do am-

biente, assim como lobos são olfativos e baleias auditivas, e

o processo de percepção visual está intimamente ligado a

uma interpretação emocional automática26.

O processo de percepção e interpretação visual pelo cé-

rebro humano figura entre objeto de estudo de ínumeros

neurocientistas já ha algum tempo, e sua pesquisa se faz

necessária para a compreensão dos processos emocionais

básicos que governam a vida dos seres humanos27-29.

A palavra emoção é originada do latim e sua tradução

seria movere ou mover acrescida do prefixo e que significa

afartar-se30. De maneira geral uma emoção implica numa

ação imediata, ou seja, cada tipo de emoção predispõe o in-

divíduo a uma ação pré-programada, que ao longo da evolu-

ção da espécie se mostrou como a ação mais bem-sucedida

para a sobrevivência e reprodução; portanto, para a perpe-

tuação da espécie30-31. Não há consenso entre os cientistas

sobre as emoções básicas, mas de maneira geral pode-se

dizer que raiva, medo, aversão, expectativa, alegria, tristeza,

surpresa e aceitação sejam algumas das principais31.

Ao se deparar com uma imagem, o olho humano capta

sinais sensoriais na retina e os envia a uma área ances-

tral do cérebro chamada tálamo32. No tálamo esses sinais

são traduzidos para a linguagem cerebral. O tálamo, então,

envia mensagens para duas estruturas cerebrais, para o

córtex cerebral, onde se processa um raciocínio acerca do

que é visto e para uma estrutura primitiva localizada acima

do tronco cerebral e logo abaixo do anel límbico, a amígda-

la31-35. Essa seria responsável por disparar uma sensação

ou emoção sobre aquilo que se vê30-31.

Estudos mais recentes de como o cérebro processa ima-

gens, realizados pela equipe de neurocientistas, do Centro de

Ciência Neural da Universidade de Nova York, liderados por

pesquisador36-40, indicam que há um caminho mais curto en-

tre o tálamo e a amígdala, do que aquele caminho percorrido

pelo impulso do tálamo ao córtex cerebral (parte pensante),

indicando que o processamento de emoções acerca do que

se vê ocorre mais rápido do que o raciocínio sobre o que se

vê31. Com isso a natureza nos programou para agirmos rapi-

damente segundo a sensação que sentimos diante de uma

imagem. Isso nos permitiria sobreviver em situações críticas,

como a deparação com um perigo eminente28,41-44. Em outras

situações nos impele a agir para reproduzir e garantir que nos-

sos genes sejam passados a gerações futuras antes que um

Page 31: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Capítulo 2 Alfabetização visual

concorrente direto o faça. Portanto, imagens trazem consigo

significados emocionais próprios que podem variar de espécie

para espécie.

Estes estudos sugerem que imagens são processadas

na amígdala como imagens primordiais ou arquétipos visu-

ais e estes conduziriam a uma reação emocional condicio-

nada de acordo com seu significado próprio, ou seja, cada

tipo de imagem desperta sensações ou emoções próprias.

Desta maneira entende-se que estes símbolos agiriam

como mensagens subliminares que agem sobre nós sem

que estejamos conscientes delas. Isso se aplica à estrutura

de todas as imagens, sejam fotografias, gravuras, pinturas,

imagens pessoais, sorrisos ou espaços tridimensionais45-46.

Esse fato também indica um caminho para a compreen-

O tálamo reconhece símbolos arquétipos, que disparam os diversos sistemas que produzem emoções, antes que o córtex possa processar a imagem racionalmente.

Criação de emoções e sensações físicas

CórtexVisual

Área Límbica

Tálamo Visual

são da maneira como a imagem pessoal exerce influências

emocionais, psicológicas e comportamentais nas pessoas.

Imagens pessoais mal cuidadas podem agir negativamente

sobre a autopercepção e autoestima das pessoas, podendo

levar a/ou facilitar um estado depressivo, exatamente por

despertarem sensações e/ou emoções negativas46.

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 31

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Page 32: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Capítulo 2 Alfabetização visual

32 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

É através desse processo de percepção visual condicio-

nado por arquétipos visuais (os mais básicos seriam os ge-

ométricos compostos por linhas, formas e cores) que sen-

timos algo a respeito de uma pessoa pelo simples fato de

observá-la. Não há necessidade de conversar com ela para

que sintamos simpatia, aversão ou uma gama de outros

sentimentos e emoções45. A leitura automática de aspectos

faciais, inclusive do sorriso, e sua associação a uma série

de sensações pré-programadas em nossa mente (algumas

universais e outras de significado pessoal), é que explica a

tênue relação entre esses aspectos faciais e a construção

do senso de identidade visual pessoal46.

2.3 Linguagem arquetípica

O suíço Carl Jung foi um dos grandes nomes da pisquiatria

do século 20. E mais que um psiquiatra, Jung foi um grande

pensador. A originalidade e criatividade de suas ideias se rela-

cionam à maneira de pensar e ao comportamento de todos

os seres humanos. O “pai” da Psicologia analítica encontrou

o elo entre a razão ocidental e o misticismo e simbolismo

das culturas orientais primitivas. Sua teoria psicológica fora

profundamente influenciada por pensadores como Nietzs-

che, Schopenhauer, Kant e Goethe, entre outros. Entre suas

principais ideias algumas são especialmente relevantes ao

visagismo, entre elas seu conceito de inconsciente coletivo,

o simbolismo dos arquétipos, assim como suas definições so-

bre persona, sombra, anima e animus.

2.3.1 Inconsciente coletivo

Para Jung, o inconsciente seria composto por duas ca-

madas, uma pessoal e outra coletiva, sendo o inconscien-

te pessoal composto por conteúdos individuais exclusivos,

adquiridos pela vivência de cada um em sua interação com

o ambiente cultural, educacional e suas experiências de

vida cotidiana47-48.

Já o componente coletivo seria a camada mais profunda

da psiquê compartilhada por todos os seres humanos, onde

estariam os arquétipos ou imagens primordiais, condicionado-

res de traços comportamentais pré-programados (ou instin-

tos) relacionados a situações de sobrevivência e reprodução.

Sobre o inconsciente Jung disse: “as camadas mais pro-

fundas da psiquê perdem sua singularidade individual à medi-

da que mergulham na escuridão. Nos níveis mais baixos, isto

é, quando se aproximam dos sistemas funcionais autônomos,

tornam-se cada vez mais coletivas até que se universalizam48”.

2.3.2 Arquétipos

Jung desenvolveu profunda pesquisa sobre diversas cul-

turas e civilizações e percebeu que a interpretação de deter-

minados símbolos era comum a várias dessas culturas que

existiram em tempos e locais distintos e não tiveram nenhu-

ma relação entre si. Chamou a esses símbolos de símbolos

arquetípicos ou arquétipos48.

Com a publicação de O Homem e seus Símbolos, em

1968, Jung estabelecia os parâmetros da linguagem arque-

típica. Afirmou que esses símbolos faziam parte do conteú-

do inconsciente do ser humano e que surgiam na consciên-

cia independente da vontade do indivíduo, causando reações

sentimentais e emocionais. Segundo ele, a compreensão do

conteúdo dos arquétipos seria fundamental para a interpre-

tação da linguagem dos sonhos49.

Há dois tipos de arquétipos: os que se encontram grava-

dos no inconsciente coletivo (camadas mais profundas da psi-

quê) e despertam emoções e sensações em todos os seres

humanos da mesma maneira. Estão relacionados aos proces-

sos ligados a sobrevivência e reprodução e são conhecidos

como arquétipos coletivos. Há também os arquétipos pesso-

ais, que estariam gravados no inconsciente pessoal (camadas

mais superficiais da psiquê) e seriam fortemente influenciados

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ação

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Carl Jung

Page 33: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Capítulo 2 Alfabetização visual

por experiências pessoais e influências culturais e ambientais.

Influenciado pela obra de Jung, Hallawell procurou demons-

trar como imagens despertavam emoções específicas e porque

artistas usaram, ao longo dos tempos, de maneira consciente

ou intuitiva, elementos visuais de significado coletivo (símbolos

geométricos) na estrutura de suas obras de forma a despertar

emoções e sensações em seus observadores45.

O objetivo do visagismo será o estudo de arquétipos visuais

coletivos ou mais especificamente o seu uso no universo das

artes visuais45-46. Os arquétipos visuais coletivos fundamentais

seriam as linhas e cores primárias ou pigmentos puros. Essas

linhas se organizam de maneira a constituirem formas bási-

cas que têm sua expressão a partir da somatória dos valores

emocionais individuais de suas linhas constituintes. Da mesma

forma as cores se unem para a formação de cores secundá-

rias e terciárias e lhe conferem significado.

Segundo Piet Mondrian as formas puras seriam “a ex-

pressão da realidade pura, livre de qualquer condicionamen-

to a ideias e sentimentos subjetivos”. O significado de uma

forma estaria implícito nas linhas de sua composição48.

2.3.3 Persona e sombra

A palavra persona tem sua origem na Grécia antiga. O

termo era usado para designar as máscaras usadas pelos

atores do antigo teatro grego. Na teoria jungana representa

a maneira como nos apresentamos ao convívio social. Signi-

fica a forma como queremos ser percebidos pelas pessoas

com quem nos comunicamos. Seu objetivo é de facilitar a

aceitação social e o convívio em sociedade, de acordo com

os papéis que ela exige. Um determinado indivíduo pode

apresentar várias personas de acordo com o ambiente em

que vive e suas exigências. Pode representar o papel de

dentista em seu consultório, de pai, irmão, filho, amigo, ma-

rido e outras possibilidades ligadas a situações de convívio

social. A persona tende a facilitar o convívio por transmitir

certa segurança ao indivíduo, impedindo que o mesmo se

exponha demasiadamente. Pode se tornar negativa quando

o indivíduo se prende a ela e permanece distanciado de sua

natureza, ocorrendo aí muitos problemas de ordem psico-

lógica. Sua compreensão e uso interessam ao visagismo,

pois na transformação da imagem, a equipe pode reforçar

a persona ou contrabalanceá-la, trazendo para a imagem

pessoal aspectos da identidade46.

No caso de intervenções de imagens mutáveis, como

cortes de cabelo, maquiagem, roupas e acessórios, pode-se

reforçá-la de acordo com as necessidades momentâneas

individuais pelo uso dos elementos visuais adequados, mas

em intervenções permanentes, como no caso da Odonto-

logia, deve-se analisar a vontade de expressão do paciente

com cuidado para não evidenciar aspectos que não tenham

a ver com sua identidade, pois com o tempo, aquela nova

imagem criada passará a influenciar o indivíduo em seu

comportamento, inclusive em seu senso de identidade de

maneira não controlada. Por esse motivo é tão importante

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 33

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Page 34: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Capítulo 2 Alfabetização visual

34 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

a investigação prévia das razões e necessidades apresenta-

das pelos pacientes e orientá-los quanto às consequências

da execução de sua vontade de expressão.

Entende-se por sombra o centro do incosciente pessoal,

onde estariam presentes experiências pessoais, lembran-

ças de infância, e desejos rejeitados pelo indivíduo por não

estarem de acordo com as regras sociais. Quanto mais for-

te for a persona, mais elementos estarão depositados nos

“porões da psiquê humana” em forma de sombra.

Esse material psíquico denominado sombra não aceita

silenciação por vontades conscientes, de forma que de tem-

pos em tempos tende a emergir na consciência, podendo se

tornar motivo de crises. O seu reconhecimento por parte do

indivíduo e a manifestação de seu conteúdo é uma ação po-

sitiva para a saúde mental, sendo considerada como grande

fonte de inspiração para a criatividade, energias instintiva, vital

e espontânea49. Profissionais que trabalham na transforma-

ção consciente da imagem poderiam discutir previamente

com seus pacientes através da intervenção de um terapeuta

a possibilidade de trazer para a imagem pessoal algum mate-

rial pessoal reprimido, mas essa seria uma outra modalidade

de tratamento ainda por ser desenvolvida conjuntamente

com profissionais capacitados na área de Psicologia.

2.3.4 Anima e animus

Para Jung, a psiquê humana é composta por elementos

femininos e masculinos e proporções variadas e desiguais.

Ambos os sexos possuem em si aspectos do sexo oposto48.

Existe um tipo sexual ativo e inconsciente oposto àquele ma-

nifestado morfologicamente. Designa-se anima o aspecto

feminino da psiquê masculina e animus o aspecto masculino

da psiquê feminina.

2.4 Linguagem visual artística

Há tempos a humanidade busca compreender os ele-

mentos (linhas, ângulos, formas e cores) e fundamentos da

composição estética. Ambos constituem as ferramentas

básicas da linguagem visual artística, ou seja, o conjunto de

signos e símbolos usados para se comunicar com harmo-

nia e senso estético. A linguagem visual artística é a lingua-

gem do desenho45.

O estudo da linguagem visual artística surgiu no século

6º a.C. na Grécia antiga de maneira científica. Seus elemen-

tos e fundamentos começaram a ser revelados com o uso

da matemática e da ciência. Os gregos queriam criar ima-

gens que reproduzissem a realidade visual, e não apenas

a representassem através de imagens simbólicas usadas

em ritos pelos egípcios. Descobriram que o que era per-

cebido como belo era perfeito matemática e geometrica-

mente e, então, começaram a decifrar regras e fórmulas

relacionadas à estrutura, proporção, volume, movimento e

perspectiva (fundamentos) com o intuito de criar imagens

com harmonia e estética.

Esse estudo teve novo impulso na Renascença, quando

conhecimentos acerca da óptica descobertos pelos árabes

chegaram à Europa ocidental após a queda de Constantinopla.

Em Florença, na Itália, grandes mestres como Leonardo da

vinci, Michelangelo e Rafael desenvolveram a arte do realismo

visual usando os ideais e valores estéticos do Humanismo Gre-

go, com seu culto à beleza, associados aos recém-chegados

conhecimentos sobre física óptica, estudos sobre anatomia,

uso da luz, cor e perspectiva. Pela primeira vez na história da

Humanidade, o homem era capaz de criar imagens com muito

realismo, volume e profundidade de maneira consciente. Com

o domínio dos elementos e fundamentos da linguagem visual,

que até hoje norteiam o universo das artes visuais, não só era

possível criar imagens muito realistas, como também transmi-

tir através delas pensamentos, sensações e emoções46,50.

Page 35: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Capítulo 2 Alfabetização visual

2.5 Elementos da linguagem visual artística (linhas, ângulos, formas e cores e sua interpretação visual)

O elemento fundamental da arte visual é o ponto. Invisível,

silencioso, estático, introvertido, representa o marco zero na

construção de uma imagem sobre um plano. O elemento pri-

mário da pintura. A ação de alguma força sobre o ponto em

qualquer direção produz a linha. Logo, a linha é o resultado da

quebra da imobilidade do ponto. É essencialmente dinâmica. É,

portanto, um elemento secundário da pintura. Pode ser dividi-

da em duas categorias: retas e curvas50.

2.5.1 Linhas retas

A linha reta mais simples é a linha horizontal, resultante

da movimentação do ponto sobre o plano51. Representa a

superfície sobre a qual o homem vive e se move. Sua tem-

peratura é fria e seu significado arquetípico básico é de con-

sonância com a gravidade. Por isso sua principal expressão

é de estabilidade. Pode representar obstáculo ou encerra-

mento. Outras expressões associadas: conformismo, resis-

tência, apatia, monotonia e calma.

A linha reta vertical é o oposto da horizontal, por represen-

tar o movimento do ponto contrariamente à gravidade, repre-

senta rompimento, desafio, força, poder. Sua temperatura, por-

tanto, é quente. Está relacionada à intensidade, vigor, atividade,

virilidade, controle, estruturação, divisão, objetividade, praticida-

de e liderança. A linha inclinada representa o meio termo em

relação às linhas retas vertical e horizontal e sua temperatura

transita entre o frio e o quente. Sua relação com a gravidade

sugere instabilidade, sendo por esse motivo a máxima expres-

são da tendência ao movimento e dinamismo. É relacionada à

impulsividade, ímpeto, criatividade e extroversão. Não obstante,

o ser humano sente-se inseguro ao estar debaixo de estrutu-

ras inclinadas, como uma árvore, pois se tem a sensação de

que o objeto “está caindo”. Um exemplo disso é a forte sensa-

ção de instabilidade passada pela Torre de Pisa.

As linhas curvas representam o movimento do ponto sob

a ação de duas forças simultâneas. Sugerem uma tendência

a formar um círculo em moto contínuo. Representam a transi-

ção gradual/suave entre dois planos (um plano horizontal e um

plano vertical) que de forma habitual se chocariam formando

um ângulo reto. Apresentam vários tipos: curvas amplas (sen-

suais e femininas), curvas fechadas (expressam emoções con-

turbadas e introversão), curvas interrompidas (lúdicas, festivas

e infantis), onduladas.

O sistema nervoso evoluiu por milhões de anos desde o sur-

gimento das primeiras células nervosas nos celenterados até

chegar à complexidade do cérebro humano sempre com a lei

da gravidade como uma constante; consequentemente, o signi-

ficado mais básico (arquetípico) de cada linha se dará de acor-

do com sua relação com a lei da gravidade, como se segue:

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O encontro entre um plano vertical e um plano horizontal forma um ângulo reto, sendo uma transição abrupta. Para uma transição gradual e suave, cria-se uma linha curva.

Page 36: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Capítulo 2 Alfabetização visual

36 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

2.5.2 Relação entre duas linhas retasA relação entre duas linhas retas varia de harmonia

absoluta representada por linhas retas paralelas até o

conflito máximo representado pelo choque perpendicular.

Três tipos principais de ângulos se dão a partir do encontro

entre duas linhas retas: ângulos reto, agudo e obtuso. O

conhecimento de sua expressão visual arquetípica é impor-

tante à equipe restauradora.

O ângulo reto é composto por uma linha horizontal e

uma vertical se chocando em algum ponto sobre um plano.

Sua expressão se deverá à força de cada componente, por

exemplo, expressarão equilíbrio quando o componente hori-

zontal for do mesmo comprimento do componente vertical.

Se o componente vertical for dominante sobre o horizon-

tal expressará principalmente força. Se ao invés o domínio

ficar por parte do componente horizontal sua expressão

principal será de estabilidade.

Duas linhas retas podem formar um ângulo agudo que

expressarão características de linhas inclinadas, e sua ex-

pressão aumentará de acordo com o aumento do ângulo.

Expressam dinamismo, agressividade, capacidade perfuro-

cortante, ação e extroversão. Sua temperatura é quente.

Um ângulo obtuso perdendo cada vez mais sua força

agressiva penetrante assume uma expressão de passivida-

de e fraqueza. É frio, calmo e submisso.

2.5.3 Linhas e a construção de formas simples

De acordo com Rufenacht52, as características geométri-

cas de uma forma determinam seu significado e suas conota-

ções psicológicas.

Para Kandinsky cada forma tem seu próprio signifi-

cado, nenhuma forma não diz nada. E disse certa vez “A

forma, mesmo quando abstrata e geométrica tem uma

ressonância interior; é um ser espiritual cujas qualidades

coincidem exatamente com aquela forma”.

É importante considerar que as linhas básicas podem se

organizar numa infinidade de formas e que sempre darão a es-

sas formas o seu significado expressivo único e primordial53-54.

As formas mais básicas formadas pelas linhas apre-

sentadas são: o círculo, o quadrado, o triângulo equilátero

e a lemniscata45.

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Eixo inclinado gera no observador sensação de instabilidade.

Torres gêmeas do World Trade Center: símbolo de força e poderio norte-americano.

Linhas curvas do corpo feminino e sua expressão de sensualidade, envolvimento e feminilidade.

Page 37: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Capítulo 2 Alfabetização visual

Quadrado Círculo

Kandinsky W. Ponto e linha sobre o plano. São Paulo: Martins Fontes; 1997.

Triângulo Lemniscata

O círculo

É formado a partir da ação de duas forças sobre

o ponto, de forma que seu movimento o levará a unir-

se novamente ao ponto de partida. Representa a ex-

pressão da linha curva e ângulo obtuso: maturidade,

estabilidade, passividade, calma e monotonia (repe-

tição contínua). O olho humano se desinteressa e

se cansa com a repetição. Assim como o ponto, o

círculo é introvertido, frio e, segundo Jung, simboliza

na mente humana a psiquê, o sol e a eternidade.

O quadrado

É formado por linhas retas verticais e hori-

zontais que se equilibram nessa estrutura. Sua

temperatura compreende o quente e o frio em

relação de igualdade.

Expressa equilíbrio, força, resistência, obje-

tividade, imobilidade e conservadorismo. Repre-

senta o elemento masculino da psiquê (animus).

Segundo Jung simboliza a matéria terrestre e a

realidade. Para Kandisnsky simboliza a morte51.

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 37

O triângulo

É sempre formado por ângulos e linhas in-

clinadas. Geralmente pela constituição básica

de linhas inclinadas e ângulos agudos expressa

visualmente, dinamismo, jovialidade, impulso, ati-

vidade e extroversão. Pode ser um triângulo de

base horizontal com duas linhas inclinadas que

se dirigem para cima expressando certa estabi-

lidade dada pela linha horizontal que o sustenta,

simbolizando o culto a alguma divindade. Pode

ser um triângulo invertido com forte expressão

de instabilidade simbolizando o perigo.

Lemniscata Oval

Lemniscata

Constituída por linhas curvas amplas expres-

sa suavidade, sensualidade, romantismo, envolvi-

mento, lirismo e abstração. O oval é uma forma

próxima e tem sua expressão parecida à lemnis-

cata. Simboliza o elemento feminino da psiquê

(anima) e também o infinito.

2.5.4 Cores

Esta obra apresentará um conceito resumi-

do acerca do significado emocional das cores

primárias, por se tratar de um assunto de pou-

ca aplicação direta na Odontologia. No entan-

to sua explanação se faz necessária para que

o leitor compreenda ou mais especificamente

“sinta”55 como as cores assim como as formas

constituem sinais ou símbolos básicos de co-

municação visual.

RELAçãO EntRE COR, LInhAs E fORmAs:

Azul: relaciona-se às linhas horizontal e curva e ao

ângulo obtuso, assim como ao círculo e quadrado

(componente horizontal).

Vermelho: relaciona-se à linha vertical, ângulo reto,

retângulo e quadrado (componente vertical).

Amarelo: relaciona-se às linhas inclinadas, ângulo

agudo e ao triângulo.

ExPREssõEs básICAs dAs COREs56:

Azul: calma, tranquilidade, paz e frio.

Vermelho: intensidade, força, perigo, atração sexual e quente.

Amarelo: dinamismo, vibração, energia, alegria e quente/frio.

Page 38: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Capítulo 2 Alfabetização visual

38 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

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2.6 Referências

Page 39: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 39

3.1 Formação da identidade e da autoimagem

No princípio da vida, o bebê não consegue discriminar-se

dos outros e, nessa fase, a mãe desempenha um papel fun-

damental na vida do filho, que a percebe como uma exten-

são de si. Sempre que sente algum desconforto, a criança

chora e a mãe aparece para ampará-la e satisfazer suas

necessidades. Embora o pai seja muito importante para ofe-

recer acolhimento e segurança à família, sua significância

vai se desenvolver de maneira gradual no decorrer dos pri-

meiros estágios de vida do filho.

No início do segundo mês de vida, a face humana torna-

se o objeto de percepção visual preferido a todos os outros

objetos do ambiente e o bebê se dirige a ela ou a algo que

se pareça com ela virando a cabeça em sua direção sempre

que esta surge em seu campo de visão. A partir do terceiro

mês, a criança esboça uma reação de sorriso ao ver a face

humana ou algo que se assemelhe a ela, mas basta que a

pessoa se vire de perfil para que ela deixe de reconhecê-la,

o que denota que nesta fase a capacidade de reconhecer a

face humana ainda não está completamente estabelecida.

Com o progresso da maturação física, do desenvolvimento

psicológico e das contínuas trocas afetivas com a mãe, a

face materna assumirá um significado cada vez mais impor-

tante para o filho.

A maneira como a mãe acolhe e ampara o bebê no colo,

seu olhar, o tom de voz, o ritmo dos batimentos cardíacos,

seu cheiro, sua capacidade de compreensão, continência

e responsividade frente às demandas físicas e emocionais,

ou seja, a forma como ela cuida e se relaciona com o filho,

proporciona uma determinada estabilidade que permite a

formação de contornos táteis, gustativos, auditivos, visuais

e olfativos. Apesar de cada ser humano reagir de forma

particular, a relação com a mãe permite que a criança co-

mece a integrar várias impressões anteriormente dissocia-

das, formulando um registro unificado do próprio corpo.

A mãe tende a reagir com uma atitude semelhante à de

um espelho, repetindo o gestual, as expressões faciais e os

sons que o bebê emite. O espelhamento é uma das manei-

ras de a mãe criar um vínculo com o filho, pois, mostrando-

se igual a ele, estabelece uma sintonia e a possibilidade de

a criança perceber-se igual ao que vê refletido na mãe, es-

timulando sua identificação com esta imagem. Podemos

dizer que é através do espelho dos olhos da mãe e de como

ela o interpreta, segundo as fantasias e desejos que nutre

em relação ao filho, que este vai se identificando e forman-

do sua própria imagem.

identidade,personalidadee sua relação com a imagem

Christiane Sauer

Capítulo 3 Identidade, personalidade e sua relação com a imagem

Page 40: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Capítulo 3 Identidade, personalidade e sua relação com a imagem

40 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

A primeira forma de relação que a criança mantém com

a própria imagem no espelho é de estranhamento. Ela mos-

tra curiosidade e fascinação, embora ainda não se reconhe-

ça nesta imagem. No processo de desmame, o bebê inicia

a elaboração da separação do corpo materno, passa a per-

ceber a mãe como um todo e a estabelecer uma fixação de

sua imagem em relação aos semelhantes.

Gradativamente, a figura do pai vai ganhando impor-

tância na vida do filho e, ao explorar novos territórios, há

sempre um ponto em que ele volta seu olhar para os pais.

Certificando-se da presença deles, sente-se seguro para

continuar a empreitada na qual se aventurou. Mas esse es-

tágio de desenvolvimento logo evolui para uma espécie de

confusão entre a imagem do outro e seu próprio eu, em que

a criança confunde-se com o outro e assim, não consegue

discriminar quem é o agente da ação. É só num terceiro

momento, por volta do sexto mês de vida, que a imagem no

espelho será reconhecida como uma representação de si

mesmo. Agora, o bebê não mais se confunde com o outro e

percebe que possui uma existência própria.

Sempre que ele realiza um novo feito, volta-se para os pais

esperando sua aprovação. Inicialmente, a reação dos pais

Foto

: sxc

.hu

Page 41: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 41

tende a ser muito entusiasmada, mas com o tempo, esta rea-

ção vai diminuindo e a criança busca novas formas de rece-

ber sua aprovação, o que impulsiona o seu desenvolvimento.

O amor dos pais suscita a identificação com as figuras

em torno das quais a identidade primária do filho se forma.

Esta é a operação pela qual o sujeito humano se constitui

como um indivíduo e proporciona a confiança e a segurança

em que a autoestima se baseia. É o movimento de reconhe-

cimento pelo qual a criança assume através da imagem de

si que recebe do outro, que ela pode realizar-se como um

indivíduo. Isso modifica profundamente sua relação com a

formação da imagem em geral e coordena as relações do

“eu” com os seus semelhantes. Daí o fato do “eu” ser sem-

pre uma espécie de outro interiorizado integrado à imagem

que vejo no espelho, somado ao que penso e sinto de mim.

A passagem do amor incondicional que tudo aprova e

narcisisa a criança, para o condicional, em que os pais es-

peram uma imagem do filho que ele desconhece, gera ten-

sões e inseguranças, trazendo consequências para a sua

autoimagem e o reconhecimento das próprias limitações.

Entre os seis e os dez anos de idade, a criança entra

num período de latência, em que o interesse antes centra-

do nas figuras parentais desvia-se para o aprendizado e

para as amizades. Gradativamente, desenvolve-se um con-

tato cada vez maior com o mundo externo e suas relações

ampliam-se tanto qualitativa quanto quantitativamente.

A vivência interna é profundamente dependente da

experiência com o mundo exterior, e este processo contí-

nuo de projeção do mundo interno no exterior e introjeção

desses aspectos modificados pela relação do sujeito com

o meio, contribui para a maneira pela qual o desenvolvimen-

to da percepção dos mundos interno e externo vai sendo

construído. A experiência que o sujeito tem de si é fruto da

interação que ele estabelece com o meio e gera o senso de

unidade dentro de uma existência contínua, que é denomi-

nado de identidade.

O mundo interno é constituído através da incorporação

de várias identificações adotadas nos diversos níveis do de-

senvolvimento. Essas identificações vão sendo sintetizadas

e integradas como um amálgama, formando a imagem que

a pessoa tem de si, sendo que este modo de experienciar

o mundo interno é conduzido através do desenvolvimento e

no decorrer de toda a vida.

Na adolescência, os hormônios deflagram alterações

cerebrais que levam a alterações físicas, comportamentais,

psíquicas, sexuais e sociais tão acentuadas que promovem

uma crise de identidade. Em apenas três anos, o adolescen-

te adquire de 20% a 25% da estatura e 50% da massa cor-

poral definitiva, ou seja, se vê em média 30 kg mais pesado

e de 30 cm a 50 cm mais alto do que era.

A imagem corporal deixa de corresponder ao antigo re-

flexo no espelho e, diante deste estranhamento, o adoles-

cente precisará realizar um profundo processo de adapta-

ção para ajustar-se a esta nova realidade corporal, que traz

consigo reverberações identitárias, tanto no plano subjetivo

quanto no social.

Ao final da adolescência, a imagem pessoal é caracte-

rizada pela avaliação global que fazemos de nós próprios e

baseia-se na integração de uma série de fatores, tais como:

a aparência física, a capacidade intelectual, o que possuí-

mos em termos de recursos internos e materiais, os víncu-

los afetivos, os valores culturais, a sexualidade e o reconhe-

cimento dos outros.

A adolescência de ambos os sexos realiza um tortuoso

processo de separação entre pais e filhos dando origem

Capítulo 3 Identidade, personalidade e sua relação com a imagem

Page 42: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Capítulo 3 Identidade, personalidade e sua relação com a imagem

42 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

a uma pessoa sexuada, desejante e dependente de que

alguém a queira. Neste sentido, a autoimagem desempe-

nha um papel muito importante para que o sujeito sinta-se

capaz de despertar o desejo e o amor alheios. Apesar do

esforço para estabelecer uma certa estabilidade, espera-se

que nesta etapa, o jovem perceba que a autoimagem possui

um valor simbólico e, portanto, mutável e flexível.

Estreitamente ligado à formação dos símbolos, encontra-

se o campo da estética e a representação do conceito do

belo. O belo, neste sentido circunscrito, é a manifestação

de todas as qualidades da personalidade incluindo a beleza

física, ou seja, é um conceito bastante amplo que supera

o que é simplesmente bonito. Assim, é importante que o

jovem amplie sua visão e inclua todas as suas qualidades

na percepção da imagem pessoal. Isso não desmerece a

beleza física, mas a coloca como um dos fatores que con-

tribui para a formação da imagem pessoal, assim como

todas as esferas da inteligência, a afetividade, o caráter, a

empatia, a criatividade, a sensibilidade, a integridade, a so-

ciabilidade, a capacidade de amar, a ética etc. Enfim, todo

o conjunto de qualidades que fazem de cada ser humano

um universo particular.

3.2 O impacto da primeira impressãoO desejo de prognosticar o interior segundo o aspecto

externo do outro é tão antigo quanto a própria humanidade,

pois entre os homens primitivos, quando um sujeito perce-

bia um reflexo de temor ou um rasgo de agressividade nos

olhos do outro, isso levava a tentar prever a necessidade

de uma reação de ataque, fuga ou aproximação com vistas

a uma colaboração. Era uma questão de sobrevivência. E a

confiança ou o receio podia ser favorecido pela compara-

ção com similaridades ou pela lembrança de episódios an-

teriores. No decorrer dos séculos, a experiência acumulada

foi sendo transmitida através das gerações.

Antes de conhecer uma pessoa, o outro só tem a sua

imagem como referência. É o impacto dessa imagem e,

principalmente, de seu rosto, que fará com que ele registre

uma impressão positiva ou negativa a seu respeito. A per-

cepção é instantânea e, vários fatores, muitos deles subje-

tivos e inconscientes, combinam-se para fazer com que a

pessoa processe a primeira impressão a respeito do outro.

São naqueles instantes iniciais em que se estabelece o pri-

meiro contato, que um sujeito abrirá ou fechará as portas

para conhecer o outro mais profundamente. Este é um pro-

cesso emocional e não racional. Acreditamos naquilo que

vemos e, apesar dos órgãos dos sentidos enganarem-se,

a percepção é cognitivamente impenetrável, ou seja, ela é

imune à correção intelectual. Um exemplo disso são as gra-

vuras do holandês Escher MC que criam efeitos paradoxais

e as ilusões de óptica. Há desenhos que nos dão a impres-

são de movimento e, apesar de racionalmente sabermos

que estão imóveis, podemos afirmar, categoricamente, que

eles se movimentam. Mesmo se o desenho for desmembra-

do e suas partes reunidas de forma a esclarecer o fenôme-

no, curiosamente a ilusão não se dissipa.

3.3 O rosto e a identidadeO corpo e o psiquismo são duas faces da mesma rea-

lidade, visto que o ser humano, como um ser total, intera-

ge sincronicamente. Por esta razão, devemos estudar as

relações entre a forma do rosto e seus elementos com a

Page 43: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 43

psiquê de forma integrada, pois o todo supera a soma das

partes. Ao conhecermos as relações entre a mente e o cor-

po, desenvolvemos o autoconhecimento e a compreensão

dos outros, melhorando as relações interpessoais.

A face é a matriz da identidade e, como a maioria dos

receptores sensoriais, localiza-se próximo ao rosto; ele se

torna o portal de entrada e saída entre a interioridade e o

meio. Como os nervos que controlam os movimentos faciais

e fazem regressar as sensações a partir dos movimentos

faciais ao cérebro vão diretamente do cérebro ao rosto sem

passar pela medula espinhal. Essas ligações nervosas são

mais curtas e, portanto, mais rápidas na transmissão da

mensagem nervosa devido à proximidade entre a face e o

cérebro. Por conseguinte, fatos psíquicos são quase simul-

tâneos aos físicos, tornando a fisionomia uma fonte muito

rica de informações a respeito do sujeito e de sua interação

com o meio externo.

Paul Elkman (1980) estudou o reconhecimento das emo-

ções nas expressões faciais e constatou que movimentando

os músculos do rosto com a expressão de felicidade, após

algum tempo, os sujeitos sentiam felicidade e movimentando

os músculos do rosto com a expressão de aborrecimento,

depois de algum tempo, os sujeitos sentiam-se aborrecidos.

Quando solicitamos que uma pessoa responda com sin-

ceridade ou falsidade, microexpressões revelam se ela está

falando a verdade ou mentindo, por mais que tente esconder

ou disfarçar o que realmente está pensando e sentindo.

Muitas vezes, o corpo contradiz as palavras, pois aquele

revela as emoções enquanto estas revelam os pensamen-

tos. Como nem sempre temos consciência ou queremos

que os outros saibam de nossas reais emoções, é conve-

niente confiarmos mais no que o corpo revela do que as pa-

lavras dizem.

A forma é um processo e, como tal, não pode ser vista

como uma unidade estática. Ela é o resultado da informa-

ção que a anima e do que é duradouro. A forma do rosto

expressa o que é estrutural em termos de personalidade, e

as áreas maleáveis da face expressam a dinâmica da perso-

nalidade da pessoa.

3.4 PersonalidadeA palavra personalidade deriva do vocábulo persona e

refere-se às máscaras usadas pelos atores de teatro na

Grécia antiga. Este termo comporta o sentido da variedade

de papéis desempenhados ao longo da vida, em diferentes

situações, além da interface entre a própria pessoa e o am-

biente que a cerca. A persona tem a peculiaridade de reco-

brir o rosto, protegendo-o, escondendo-o e até misturando-

se a ele, ao mesmo tempo em que revela e apresenta seu

portador. Assim, a personalidade mostra uma combinação

intersubjetiva complexa e única, tal qual uma impressão di-

gital psíquica.

Desde os tempos antigos, questões relativas à persona-

lidade ocupam a mente do homem. Buscamos desenvolver

sistemas capazes de descrever, mensurar e qualificar a

personalidade. Muitos tentaram classificá-la, sem encon-

trar terminologias que abarcassem todos os seus matizes

e nuances. Ao longo dos séculos, teorias surgiram e deba-

tes sobre o tema passaram a ser travados nos campos da

Psicologia, Filosofia, Sociologia e Medicina.

Esses questionamentos são uma tentativa de explicar

por que, apesar da essência do ser humano ser a mesma,

cada um se discrimina e elabora de forma tão particular os

aspectos de sua história, tornando-se um ser humano único e

diferente de todos os demais, com qualidades específicas que

formam seu caráter e sua identidade pessoal. Tais caracte-

rísticas são uma combinação de fatores genéticos, biológicos,

psíquicos, cognitivos, familiares, culturais, sociais e ambien-

tais. A formação da personalidade constitui-se e diferencia-se

pela resultante da interação de todos esses fatores com a

maneira particular que cada indivíduo combina essas carac-

Capítulo 3 Identidade, personalidade e sua relação com a imagem

Page 44: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Capítulo 3 Identidade, personalidade e sua relação com a imagem

44 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

terísticas nos vínculos afetivos e na interação com o ambiente

dentro do contexto de sua história de vida.

Apesar dos aspectos estruturais da personalidade con-

solidarem-se aos 21 anos, os aspectos dinâmicos permane-

cem em processo de desenvolvimento constante pelo resto

da vida, em função da relação do sujeito com o meio. A maio-

ria dos aspectos da personalidade são inconscientes, razão

pela qual muitas vezes precisamos do auxílio de testes psico-

lógicos para avaliá-la. As técnicas projetivas são considera-

das atualmente pelos expoentes na área de Psicodiagnósti-

co como as mais eficazes em revelar os aspectos ocultos e

latentes da personalidade.

3.5 Personalidade e identidade visual“Quando tomo uma decisão de pequena importância,

sempre considero uma vantagem ponderar sobre todos os

prós e os contras. Porém, em assuntos vitais, como a es-

colha de uma companheira ou de uma profissão, a decisão

deve vir do inconsciente, de algum lugar dentro de nós mes-

mos. Nas importantes decisões da vida pessoal, penso que

devemos ser governados pelas mais profundas necessida-

des interiores de nossa natureza” (Sigmund Freud).

O ser humano, além de ver e ser visto, pode se ver,

olhando a si mesmo no espelho. Seu rosto revela e oculta

aspectos de sua personalidade, tanto para si quanto para os

outros. A personalidade é criada desde os primórdios do de-

senvolvimento e vai sendo transformada ao longo dos anos.

Cada modificação na imagem afeta a pessoa psicologi-

camente, porque altera o modo que ela se vê e é vista e o

que revela e oculta de si, influindo em seu comportamento e

na sua relação com o mundo externo. Ao mesmo tempo, o

rosto registra a memória da vida e de como a vivemos, pois

é no rosto em que se manifestam todos os aspectos da per-

sonalidade. O formato do rosto e seus elementos, as linhas

de expressão, o grau de ativação das estruturas, o equilí-

brio e a harmonia das mesmas, as proporções e o grau de

integração e interação delas denotam fisicamente a manei-

ra de ser de cada um. Por exemplo: uma pessoa saudável,

feliz consigo mesma e satisfeita em seus relacionamentos,

tende a projetar sua felicidade na realidade, demonstrando

uma atitude ativa e confiante, o que no rosto manifesta-se

através de olhos brilhantes e vivazes e do sorriso aberto e

com os cantos inclinados para cima, chegando a provocar

a formação de algumas rugas ao redor dos olhos. Com o

tempo, as pessoas tenderão a vê-la e tratá-la como alguém

de bem com a vida e, essa pessoa, a cada vez que se olhar

no espelho e vir aquela figura realizada ou se relacionar

com alguém que a encare desta forma, reintrojetará uma

figura ainda mais positiva e se sentirá melhor do que antes,

criando um círculo virtuoso.

Os aspectos negativos da personalidade nada mais são

do que o mau uso ou o desequilíbrio de aspectos positivos.

Um bom exemplo disso é a agressividade. Se bem utilizada,

ela pode ser extremamente construtiva, no sentido de levar

o indivíduo a lutar por seus objetivos, levando-o a competir

saudavelmente de forma a superar suas dificuldades, além

de ser um importante fator na sexualidade, na colocação

de limites e, por conseguinte, na preservação da vida física

e mental. No entanto, se a agressividade estiver muito exa-

Page 45: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 45

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cerbada poderá gerar violência e explosividade. Se estiver

muito reduzida ou reprimida pode tornar a pessoa passiva,

incapaz de se defender, além de poder desencadear trans-

tornos de humor e de sexualidade.

Também é preciso observar os mecanismos de compen-

sação com os quais o sujeito conta para se equilibrar. Por

exemplo: um sujeito muito impulsivo pode valer-se de vários

aspectos de maior ou menor grau de desenvolvimento para

compensar esta característica, tais como: o autoconheci-

mento e controle consciente das expressões de afeto de

forma madura, juízo crítico elevado, reduzida disponibilidade

para agir e submissão às normas e padrões sociais. Caso

não disponha desses recursos, muitos destes mecanismos

compensatórios podem ser desenvolvidos ao longo da vida,

pois fazem parte dos aspectos dinâmicos da personalidade

do indivíduo.

Algumas pessoas se escondem atrás de imagens nega-

tivas ou se apegam a imagens de um passado em que se

sentiam mais seguras ou felizes, mas que não corresponde

a sua realidade atual. Há ainda, pessoas que escondem as-

pectos importantes da personalidade ou revelam uma iden-

tidade falsa, outras buscam compensar sentimentos de infe-

rioridade através da imagem, em uma tentativa de agradar

o outro ou adequar-se ao meio externo. Mesmo sendo muito

“adequadas” ou seguindo as tendências da moda, estas pes-

soas não souberam criar uma identidade própria e, por isso,

não se veem como indivíduos autônomos e autênticos, o que

se expressa através de uma imagem incongruente com sua

verdadeira personalidade.

Muitas vezes, quando uma mudança da imagem revela

uma característica que estava oculta, o sujeito pode não sa-

ber lidar com tal aspecto de sua personalidade, razão pela

qual se protegia dele, ocultando-o de si e dos outros. Caso

não disponha de nenhum mecanismo compensatório para

lidar com sua dificuldade esta alteração pode causar danos

à sua vida. Portanto, é preciso ter cautela na mudança da

imagem, pois apesar de afetar o comportamento e a auto-

estima, ela não tem o poder de alterar a estrutura da per-

sonalidade de ninguém. O mais indicado é orientar o sujeito

na construção de uma identidade visual que revele sua real

estrutura de personalidade, possibilitando que ele vivencie

plenamente suas qualidades e amenize suas dificuldades,

através de alterações nos mecanismos compensatórios ne-

cessários, expressando, desta forma, os melhores aspectos

de sua verdadeira identidade.

“O Visagismo ensina o profissional a ler a imagem da pes-

soa, o que cada linha, formato, proporção e cor expressa, e

como afeta as pessoas emocional e psicologicamente. Ensi-

na como o profissional pode ajudar seus pacientes a estabe-

lecer uma imagem pessoal que os identifiquem positivamen-

te para o mundo e para si mesmos, com um comportamento

em sintonia com o melhor de si” (Phillip Hallawell).

Capítulo 3 Identidade, personalidade e sua relação com a imagem

Page 46: Visagismo b.paolucci dental esthetic

46 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Capítulo 4 Morfos

46 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

4.1 A função define a forma (funções mastigatória e comunicativa)

O termo morfologia tem sua origem na língua grega,

sendo que o prefixo morfos significa forma e logos signi-

fica estudo; portanto, a tradução precisa do termo seria

estudo das formas. Esse termo abrange várias áreas do

conhecimento humano, entre elas, a linguística. No estudo

da estrutura, formação e classificação das palavras, a ma-

temática e a biologia, essa no estudo da forma de um ser

vivo ou parte dele.

Na Odontologia, morfologia é o estudo das formas que

compõe o sistema estomatognático, ou seja, o formato de

lábios, língua, músculos, estruturas ósseas de suporte, gen-

giva e dentes1.

O estudo das formas de maneira geral mudou com o ad-

vento da teoria de Louis Sullivan (1856-1924), consagrado

arquiteto americano, considerado “pai” da Arquitetura ame-

ricana moderna, que trabalhou na moderna escola de arte

Bauhaus2 e desenvolveu uma teoria sobre o estudo das for-

mas que mudaria o mundo do design e arquitetura. Segundo

ele a função de um objeto define sua forma. Esse conceito

hoje nos parece óbvio e simples demais, mas provocou gran-

de mudança no universo do desenho de objetos e arquitetu-

ra. Pensava-se mais na estética dos projetos e deixava-se a

funcionalidade para segundo plano até que Sullivan mudou a

maneira de se pensar a arquitetura, o desing e a comunica-

ção visual com seu conceito de funcionalidade3-4.

morfosBráulio Paolucci

Louis Sullivan Foto

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.hu;

Ilus

traçã

o: E

der M

ax

Page 47: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 47

Capítulo 4Morfos

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 47

Na natureza a função está na base do desenho anatô-

mico de cada ser vivo. A evolução tem premiado, ao longo

de milhões de anos, características físicas que tragam

consigo alguma vantagem de sobrevivência e reprodução

para determinada espécie. A evolução se prestou a sele-

cionar aquelas formas mais apropriadas a determinadas

funções num universo de formas possíveis. Esse processo

nunca se encerra, sendo que variações ambientais exigem

novas formas para um melhor desempenho e, assim, o

processo está sempre em curso enquanto houver mu-

danças. A forma orgânica será sempre variável de acordo

com a necessidade5.

A evolução seleciona desenhos de formas mais adapta-

dos à realidade, ou seja, mais funcionais. E essas formas são

passadas para futuras gerações ao mesmo tempo em que

vão sendo aperfeiçoadas. Para a natureza a forma física ideal

desempenha determinada função com maestria, mínimo des-

gaste físico e gasto energético. Exemplos disso não faltam ao

mundo natural, como o desenvolvimento de asas para voar,

caudas e barbatanas para nadar e uma inesgotável variedade

de formas perfeitamente desenvolvidas para a execução de

tarefas que garantissem a sobrevivência e consequente re-

produção dos indivíduos de cada espécie.

Analogias de formas entre avião e pássaro, torpedo e peixe barracuda. Formas perfeitamente adaptadas à sua função.

Foto

s: is

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os

Foto

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.hu

Page 48: Visagismo b.paolucci dental esthetic

48 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Capítulo 4 Morfos

48 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

No ambiente da Odontologia, observam-se grupos dentá-

rios que se desenvolveram em formas específicas de acordo

com sua função. Por exemplo: incisivos com formato de pá se

prestam a cortar, assim como caninos em forma de lança são

apropriados a dilacerar, enquanto molares e pré-molares com

mesas oclusais são excelentes na masseração de alimentos6.

Há de se considerar que assim como os dentes, outros elemen-

tos como ossos, gengiva, crânio e face se desenvolvem conjun-

tamente buscando a excelência da função.

A base óssea, os dentes, assim como o fenótipo periodon-

tal e a estrutura muscular possuem estrita relação entre si

de tal forma que numa face retangular (musculatura forte),

com mandíbula larga e projetada para anterior, é comum se

encontrar bom suporte alveolar e fenótipo periodontal espes-

so com larga faixa de gengiva queratinizada, dentes robustos

e com raízes longas para serem capazes de suportar e guiar

essa mandíbula em suas excursões de lateralidade, protusão

e mastigação, enquanto que em faces longelíneas e delgadas

com mandíbula pouco marcante, geralmente encontra-se fe-

nótipo periodontal delgado, com fina tábua óssea de suporte

dental e dentes mais delicados7-8.

Animais mais desenvolvidos como os mamíferos geralmen-

te apresentam arcos dentários em heterodontia ou anisodon-

tia, ou seja, grupos dentários diferentes entre si como incisivos,

caninos, pré-molares e molares. Já na maioria das demais es-

pécies, como peixes e répteis, a isodontia é mais comum, com

arcos dentários constituídos de dentes com o mesmo formato,

na maioria das vezes, pontas de lança em tamanhos variados

em todo o arco1. Em arcadas dentárias de mamíferos de gru-

pos alimentares específicos, como carnívoros, encontram-se

dentes com formas parecidas entre si, formas cônicas ou em

lança. Como caninos são comuns nesses animais e mesmo

tendo grupos dentais diferentes como incisivos, caninos e mola-

res, ambos apresentam uma forma muito parecida adequada

à função mastigatória que lhes cabem.

Os dentes humanos apresentam-se com variados for-

matos de acordo com variadas funções em detrimento de

uma alimentação onívora, ou seja, uma alimentação variada

com grupos de alimentos diversos, como sementes, carnes,

Incisivos: função de corte e incisão como uma pá. Caninos: função de perfuração e dilaceração, como lança.

Molares: função de masseração de alimentos como o pilão.

(a) Crânio de primata com dentes em heterodontia e (b) Crânio de réptil com dentes em isodontia.

a

bFo

tos:

isto

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otos

Foto

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Page 49: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 49

Capítulo 4Morfos

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 49

frutos, verduras etc. No entanto observa-se uma grande va-

riedade de formas dentro de um mesmo grupo dentário em

nossa espécie, como incisivos, e essas variações múltiplas

de forma não são explicáveis pela função mastigatória, que

no caso de incisivos seria o corte, pois todas as formas en-

contradas de incisivos se prestam a cortar. O que estaria

por trás dessas variações de forma? Provavelmente outra

função, a comunicativa (Figuras 1a e 1b).

Não apenas os incisivos apresentam variações de forma

não explicáveis pela função mastigatória, mas também os

demais dentes, gengiva, lábios, estrutura óssea, muscular e

tegumentar, só para ficar no ambiente odontológico.

Assim como dentes e gengiva, ossos, cartilagens, múscu-

los e pele se relacionam para modelar a face, que pelo for-

mato geral e de suas feições, está intimamente relacionada

ao senso de autoimagem de cada indivíduo, sendo considera-

da como a sede da identidade visual do ser humano. Traços

de personalidade podem estar expressos na configuração

visual da face e do sorriso.

O Visagismo se propõe a estudar o significado expressivo

das formas e sua relação com aspectos da personalidade.

Para o visagista uma forma qualquer nunca se encerra em si.

Através da investigação das linhas ou arquétipos básicos de

Figuras 1Formatos distintos de incisivos: (a) Formato oval e (b) Formato retangular.

a b

Page 50: Visagismo b.paolucci dental esthetic

50 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Capítulo 4 Morfos

50 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

sua configuração é possível conhecer o que essa forma está

comunicando visualmente de maneira subliminar, ou seja, a re-

lação entre sua morfologia e sua função comunicativa.

4.2 Sorriso e comunicação visual

O sorriso é, desde os primórdios da humanidade, uma

fortíssima maneira de se comunicar, expressar sentimen-

tos, seduzir, aproximar, convencer, e faz isso sem precisar

de palavras. Isso é o que se chama de comunicação não-

verbal, ou seja, a capacidade de se expressar através de

gestos e/ou imagens sem o uso do artifício da linguagem

verbal9. Na situação específica do sorriso esse tipo de co-

municação se dá de duas maneiras principais: a expressão

de sentimentos e emoções através da ação muscular (diver-

sos tipos de sorrisos) e a expressão visual dos elementos

constituintes do sorriso através de suas formas ou mais de-

talhadamente através do significado arquetípico das linhas

e cores de sua constituição.

4.3 Sorriso e expressão emocional

Entende-se por sorriso, a entidade visual representati-

va do ato de sorrir. Dentes, gengiva, lábios e músculos em

ação conjunta comunicando um estado emocional. Apenas

seres humanos, de todos os animais existentes, têm essa

capacidade. Quando se diz “sorriso”, a maioria das pessoas

o associam àqueles sorrisos da mídia, estampados na maio-

ria das capas de revistas de moda e beleza, com pessoas

expressando um estado de espírito de alegria e felicidade. No

entanto o sorriso, juntamente com os demais elementos de

expressão facial, é capaz de comunicar quase todos os es-

tados emocionais e sentimentais10-11 como simpatia, amor,

raiva, vergonha, sarcasmo, tristeza, felicidade e desconfiança

(Figuras 2). A interpretação visual da expressão do sorriso é

feita pelo cérebro do observador de maneira emocional, ou

seja, é instantânea e involuntária, representando nas mais

diversas expressões do sorriso nada mais do que símbolos

visuais arquetípicos.

Figuras 2Boca e expressão visual.

D. Pedro IImagem retirada do site do Museu Imperial, Petrópolis/Rj.

Ana

Car

olin

a Lim

a (a

triz)

Imag

em -

Mar

cela

Bar

ros

Page 51: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 51

Capítulo 4Morfos

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 51

A representação do sorriso com dentes saudáveis à mos-

tra é um fato recente e exclusivo da sociedade moderna. Ao

longo da história da humanidade, o ser humano era repre-

sentado em pinturas e esculturas sempre com o sorriso con-

tido, sendo que nas raras imagens em que se representava

o sorriso, era como atributo negativo, significando doença,

morte ou loucura. Qualquer exposição de dentes era conside-

rada vulgar. A boca sempre representou para o ser humano

uma fonte de prazer e sensualidade12-13.

Um exemplo marcante seria o famoso sorriso de Mona

Lisa, em que ela fora representada por Da Vinci com um sor-

riso discreto e enigmático14.

Há dois tipos principais de sorriso: o autêntico ou emo-

cional e o sorriso social ou voluntário15. O sorriso autêntico

corresponde a uma reação emocional involuntária instantâ-

Figuras 3

(a) Sorriso social e (b) Sorriso autêntico com envolvimento de musculatura facial complementar como os orbiculares dos olhos.

a b

nea, que geralmente ocorre automaticamente frente à deter-

minada situação. É incontrolável e arrebatador, geralmente

concomitante à contração de mais músculos de expressão

facial, como os orbiculares dos olhos. Já o sorriso social é

produzido pelo córtex cerebral (parte pensante), é consciente,

produzido de acordo com a situação social, não expressando

emoções ou sentimentos verdadeiros, mas tem papel impor-

tante na harmonização de relações interpessoais (Figuras 3a

e 3b). É um forte elemento no processo de socialização e, cer-

tamente, facilitou aos seres humanos a vida em comunidades

formadas por grande número de indivíduos. Tende a reforçar

a imagem de cordialidade, gerar simpatia num primeiro en-

contro e facilitar acordos socioeconômicos16.

Ana

Car

olin

a Lim

a (a

triz)

Imag

em -

Mar

cela

Bar

ros

Sorriso enigmático de Mona Lisa.

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52 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Capítulo 4 Morfos

52 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Para os profissionais da Odontologia, o sorriso pode ser

classificado, segundo a maneira como é observado, como

estático ou dinâmico. Sorriso dinâmico é aquele observado

rapidamente, ao vivo, nas mais variadas situações do dia a

dia, enquanto sorriso estático é aquele observado em foto-

grafias e pinturas, de tal forma que sua imagem é imóvel.

Na interpretação do sorriso dinâmico, outros elementos

visuais da face entram em cena, afirmando ou refutando

a mensagem passada pelo sorriso. O profissional de Odon-

tologia vai valer-se exaustivamente da análise do sorriso,

tanto estático (fotos) quanto dinâmico (filmes), com o obje-

tivo de identificar possíveis causas de insatisfação estética,

como também possibilidades restauradoras na elaboração

do plano de tratamento.

No trabalho clínico é importante ao profissional desen-

volver estratégias para conseguir de seus pacientes sorri-

sos autênticos, pelo fato de poder se observar nesse tipo de

Figuras 4Protocolo fotográfico facial frontal para planejamento proposto por Coachman.

a b c d

sorriso o quanto de estruturas dentais e gengivais são nor-

malmente expostos em situações reais. No entanto, profis-

sionais que trabalham diariamente com imagens em seus

consultórios sabem o quanto é difícil capturar em suas len-

tes esse tipo de sorriso. Assim, é mais fácil seguir um pro-

tocolo fotográfico que utilize o sorriso voluntário como base

para uma análise dentária estética ou utilizar a filmagem

como substituto da fotografia, onde se consegue, através

do estímulo adequado do paciente, capturar situações de

sorriso autêntico com mais facilidade. E, então, a partir do

congelamento de imagens, conseguir fotografias do sorriso

emocional, além de poder observar o sorriso dinâmico em

ação17-19 (Figuras 4a a 4d). Na avaliação dinâmica do sorri-

so pode-se observar as relações dinâmicas entre dentes e

lábios, além de analisar suas relações na fala.

Page 53: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 53

Capítulo 4Morfos

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 53

4.4 Estruturas do sorriso e expressão visualO terço inferior facial compreende desde a base do na-

riz até a base do mento, abrangendo toda parte inferior da

face (Figura 5). Nele encontram-se estruturas como maxila,

mandíbula, boca – incluindo lábios e estruturas intraorais –,

além de toda a musculatura e tecidos componentes do sis-

tema estomatognático. Do ponto de vista morfopsicológico,

é nesse terço que se manifestam, através de variadas for-

mas, aspectos pessoais como comunicação, sexualidade,

afetividade, vontade e agressividade.

A boca é a estrutura dominante nesse terço, sendo uma

das áreas faciais mais observadas pelo olho humano em suas

excursões pelo rosto humano20-22. Compreende-se a boca

desde lábios, limite externo, até a orofaringe, limite interno.

É a estrutura relacionada à comunicação e expressão, além

de estar correlacionada a sexualidade e afetividade. A sua

comunicação se dá de duas maneiras, sendo uma a comu-

nicação verbal e outra a comunicação não verbal. A primeira

forma de comunicação se dá através da expressão de sons

pela articulação de lábios, língua e demais músculos periorais

contra dentes e processos alveolares dos ossos componen-

tes do terço inferior. Já a segunda maneira de comunicação

se dá de forma estática através de um conjunto de signos

e símbolos componentes da própria estrutura oral, tal como

forma dos lábios, formas dentais e sua disposição nos arcos,

especialmente dos seis elementos anterossuperiores, forma

dos arcos dentários etc. Também a comunicação não verbal

se dá de forma dinâmica através das diversas maneiras de

contração labial desenvolvendo muitas formas de expressão

emocional do sorriso, como sorriso triste, alegre, tímido, so-

cial, malicioso, envergonhado, de desprezo etc. Essas estru-

turas tanto estáticas quanto dinâmicas são compostas de

linhas, ângulos, formas e cores que são interpretadas de ma-

neira emocional.

O objetivo de estudo do Visagismo é a comunicação não

verbal estática, pois conhecendo-se as diversas maneiras

de expressão não verbal, as formas e símbolos por trás de

cada tipo de expressão, o ciurgião-dentista será capaz de

construir desenhos de reabilitação com significado próprio

que deverá estar de acordo com a vontade de expressão e

identidade do paciente avaliado na consultoria (ver Capítulo

Consultoria), isso trará certamente mais satisfação e reali-

zação pessoal a ambos.

O sorriso, como estrutura visual, também é constituí-

do por várias linhas, ângulos, formas e cores, que têm ex-

pressão própria de acordo com a simbologia arquetípica,

Figura 5

Divisão da face em terços - terço inferior.

Page 54: Visagismo b.paolucci dental esthetic

54 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Capítulo 4 Morfos

54 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

sendo de responsabilidade da equipe restauradora a com-

preensão e o domínio desses elementos para intervir com

segurança e previsibilidade em suas reabilitações (Figura

6). Na análise do sorriso estático, vários elementos da sua

composição poderão ser minuciosamente avaliados pelo

profissional e o significado comunicativo de cada elemento

ser avaliado, tais como: forma dos lábios, amplitude da boca

ao sorrir, linha dos zênites gengivais, linhas das ameias in-

cisais, formas dentais, posicionamento dental 3D, relação

de dominância no arco ou peso visual, plano incisal, formato

das incisais etc.

4.4.1 Lábios

Os lábios têm função comunicativa importante no sor-

riso, e exercem essa função tanto por seu formato quanto

pela sua espessura e amplitude de abertura no sorriso. Re-

presentam a moldura do sorriso. Seu desenho, volume e to-

nicidade exercem grande influência nas exposições dental e

gengival, com suas consequentes expressões visuais. A re-

lação entre lábios superior e inferior representa importante

elemento na investigação de sua comunicação não-verbal.

Expressam emoções pelas mais diversas maneiras de con-

tração muscular, sem que para isso sejam necessárias

palavras, mas também a sua própria estrutura estática co-

munica, de maneira que lábios finos com cantos da boca ca-

ídos (Figura 7a) expressam autocontrole, submissão e tris-

teza, enquanto lábios grossos (Figura 7b) com amplitude de

sorriso regular (até segundo pré)23 expressam autoridade,

força temperamental, sensualidade latente, materialismo.

Lábios em forma de cupido (Figura 8) expressam doçura,

grande afetividade e cuidado na expressão verbal.

A estrutura labial pode apresentar variada tonicidade

numa população, diversificando-se entre as raças, os sexos

e a idade; a quantidade de exposição gengival está direta-

mente relacionada a essa estrutura. A exposição gengival

Figura 6

Diversas linhas configurantes intraorais do desenho do sorriso.

Figuras 7

(a) Lábios finos com cantos da boca levemente caídos expressando tristeza, reserva e/ou envelhecimento

e (b) Lábios volumosos, expressando sensualidade, vigor físico e jovialidade.

ab

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Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 55

Capítulo 4Morfos

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 55

pode ser classificada como alta ou linhas do sorriso alta,

média ou baixa, (linha do sorriso baixa), Figuras 9a a 9c.

Lábios regulares, sendo que o lábio superior representa

metade ou 1/3 do lábio inferior, geralmente exibem gran-

de amplitude de sorriso (além de segundo prés)23. E grande

exposição gengival (Figuras 10a e 10b), geralmente estão

relacionados e extroversão, simpatia e muita comunicação

verbal. Já lábios espessos, de desenho horizontal, de modo

geral estão associados a baixa exposição gengival, e a ca-

racterísticas comunicativas de cordialidade, tranquilidade e

timidez (Figura 11).

Figura 8

Lábios em forma de cupido expressando feminilidade e delicadeza.

Figuras 9

(a) Linha do sorriso alta;

(b) Linha do sorriso

média; e (c) Linha

do sorriso baixa.

Figuras 10

Sorriso amplo,

com grande exposição,

demonstrando grande

expressão comunicativa,

transparência emocional

e abertura social.

Figura 11

Sorriso largo

e horizontalizado.

a b c

a b

Page 56: Visagismo b.paolucci dental esthetic

56 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Capítulo 4 Morfos

56 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

A forma e tonicidade dos lábios também es-

tão associadas à quantidade de exposição den-

tal em situação de repouso muscular com suas

consequentes conotações comunicativas. Por

exemplo: quanto mais se expõe incisivos centrais

superiores, menor tende a ser a tonicidade mus-

cular labial, expressando características visuais

relacionadas a jovialidade, dinamismo e entu-

siasmo, enquanto a ausência de exposição visual

desses elementos dentais relaciona-se a alta to-

nicidade muscular, a idade avançada, conserva-

dorismo e comportamento reservado20,24-25.

4.4.2 Dentes anterossuperiores

Os elementos dentais anterossuperiores se-

rão o foco dos estudos do visagismo dental, por

se tratar, segundo a literatura odontológica, da

região oral que concentra mais informações co-

municativas não-verbais. Esses elementos vão de

canino superior esquerdo a canino superior direi-

to, passando pelos incisivos laterais e centrais

(Figura 12).

Os incisivos centrais são os elementos den-

tais mais importantes em relação à comunicação

não-verbal pela posição de destaque que ocupam

Figura 12

Dentes componentes do

segmento anterossuperior

(de canino esquerdo a

canino direito).

Page 57: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 57

Capítulo 4Morfos

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 57

na boca, expressando informações gerais acerca

de nossa personalidade20, 26-27. Seu formato perce-

bido10-13 é determinado pela área que reflete a luz

diretamente para a frente, ou seja, a área compre-

endida entre suas cristas de reflexão de luz mesial,

distal, sua cervical e sua incisal28, formando a “si-

lhueta de Pincus29” (Figura 13).

Os centrais geralmente apresentam formato

básico da coroa trapezoidal1, mas apresentam múl-

tiplas variações de forma, que de acordo com as

linhas predominantes ou símbolo arquetípico final

da forma podem expressar mensagens específi-

cas9 (ver Capítulo Composição). De maneira geral,

o seu terço vestibular distal é o principal elemento

de caracterização de forma, mas a sua cervical e

a sua incisal também têm papel importante nesse

aspecto; e seu terço vestibular mesial tem menor

importância na caracterização da forma1. Alguns

estudos associavam a morfologia de centrais com

a forma da face invertida30-33.

Incisivos retangulares e quadrados geral-

mente possuem seus zênites gengivais mais

deslocados para distal que triangulares e ovais.

A forma do contorno cervical exerce grande in-

fluência sobre a percepção da forma de centrais

(Figuras 14a a 14c).

Figura 13

Área de reflexão de luz influenciando na percepção da forma do dente.

Figuras 14

A influência do formato dental no posicionamento do zênite gengival: (a) Central retangular e o zênite posicionado para distal

e (b) Central oval e triangular apresentando zênites mais centralizados.

a b c

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58 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Capítulo 4 Morfos

58 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Incisivos laterais são dentes que comunicam

em relação a elementos intelectuais e/ou emo-

cionais da personalidade20. Estão ligados ao ele-

mento feminino da psiquê (anima)34. Geralmente

apresentam menos variações de forma que cen-

trais, sendo que essas variações são principal-

mente caracterizadas por sua incisal, contorno

mesial, distal e ângulo incisodistal. No entanto

sua relação de dominância com os vizinhos (cen-

tral e canino) e sua posição no arco são impor-

tantes maneiras de expressão visual e devem ser

explorados pela equipe restauradora na persona-

lização de trabalhos (Figuras 15a a 15c).

Figuras 15

Diferentes tipos de incisais em incisivos laterais e sua influência sobre a percepção da forma nesses dentes.

a b c

Caninos são dentes relacionados a ação, agres-

sividade e dinamismo35. Sua função é indicada pela

forma cônica da coroa, que termina em linhas an-

gulares inclinadas que formam sua ponta de lança

(Figura 16). É um instrumento perfeito para a pe-

netração e, segundo Darwin, penetra mais profun-

damente na carne do que laterais e centrais. Mas

o mesmo autor relata que sua forma perdeu um

pouco de sua função, pois hoje já não se presta a

dilacerar seus inimigos.

No entanto esse elemento ainda não sofreu

com a redução evolucionista e seu volume acaba

significando um exagero nos tempos atuais para

muitos pacientes. Portanto, sua expressão visu-

al de perigo acabou sendo superdimensionada e

muitos clientes acabam se sentindo incomoda-

dos com seu aspecto e procuram profissionais

para fazer sua redução visual. Isso para expres-

sarem mais suavidade com sua imagem e me-

nos agressividade, por terem intuitivamente uma

noção do profundo impacto que uma imagem

agressiva gera nos relacionamentos pessoais

em suas várias facetas.

Estudos de paleontologia apontam clara-

mente a função agressiva desses dentes, pois

animais que apresentavam alimentação predo-

Figura 16

O canino e sua configuração em formato de lança, adequado a perfurar e dilacerar.

O canino e sua expressão visual

de agressividade.

Foto

: isto

ckph

otos

Page 59: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 59

Capítulo 4Morfos

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 59

minantemente herbívora muitas vezes apresen-

tavam caninos volumosos e bem visíveis como

os anomodontes, grandes herbívoros que re-

ceberam esse nome em virtude dos enormes

caninos. Esse fato ilustra que mesmo não se

prestando ao corte e dilaceração de alimentos o

canino serviria de proteção numa época em que

grandes répteis carnívoros representavam uma

ameaça constante para os herbívoros36.

São dentes relacionados ao elemento mas-

culino da psiquê (animus), Jung. Assim como os

laterais suas variações de forma são menos im-

portantes que seu posicionamento no arco e sua

relação de dominância com os demais elementos

constituintes da bateria anterossuperior. A ana-

tomia de seu contorno vestibular, visto de frente,

seu contorno mesial e sua incisal representam um

caminho interessante na personalização de reabi-

litações (ver Capítulo Composição).

4.4.3 Arco superior

“A morfologia e função da nossa arcada den-

tária é bem próxima à morfologia do nosso crâ-

nio. As variadas funções comunicativas de nossa

cabeça e face estão todas encontradas na for-

ma de nossa arcada dentária” Jan Hatjó.

O formato do arco superior geralmente se

relaciona ao formato de nossa face e se apre-

senta resumidamente em quatro tipos princi-

pais, como retangular, oval, triangular e circular

larga. Formas decorrentes da mistura desses

tipos básicos são muito frequentes37-39.

A forma retangular ou quadrada expressa

força, principalmente por condicionar a um posi-

cionamento dental dos elementos anterossupe-

riores mais retilíneo (ver Capítulo Composição).

A forma triangular expressa dinamismo, e com a

projeção de centrais para anterior sugere impul-

sividade e extroversão. A forma oval alinha bem

os elementos dentais e por esse motivo expres-

sa harmonia, controle, ponderação. Já o formato

circular largo expressa estabilidade, calma, mo-

notonia (Figuras 17a a 17d).

Figuras 17

Diferentes tipos de arcos superiores: (a) Retangular; (b) Circular; (c) Oval; e (d) Triangular ou angulado.

a b c d

Page 60: Visagismo b.paolucci dental esthetic

60 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Capítulo 4 Morfos

60 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

1. Hatjó J. A beleza natural dos dentes anteriores. São Pau-lo: Santos; 2008.

2. Argan GC. Arte moderna. São Paulo: Editora Companhia das Letras; 1992.

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4.5 Referências

Page 61: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Bráulio Paolucci

Linguagemvisual artística

5.1 Composição psicodentalofacial

“Em minha opinião, a arte nada mais é do que o desen-

volvimento de ideias determinadas, do mesmo modo que

na natureza os seres são o desenvolvimento definitivo de

determinados genes.”

Wassily Kandinsky

O conceito básico da arte é o desenvolvimento de ideias

acerca de um tema (ver Capítulo 1 Conceito de Visagismo

e seu Método) e, mais precisamente na arte visual, o de-

senvolvimento de uma imagem que expresse a intenção

de seu autor. Nesse contexto, a compreensão dos varia-

dos elementos de construção de imagem é fundamental ao

autor para conseguir criar uma imagem que traduza sua

intenção. Da mesma maneira, a compreensão do conceito

de composição visual o ajudará no processo de criação.

Para Wassily Kandisnky, pintor russo, educado em ale-

mão, precursor da arte abstrata e um dos maiores estu-

diosos sobre os elementos da arte pictória, é necessário

ao artista compreender a diferença entre os conceitos de

construção e composição artística. Para ele, a construção

seria a organização racional dos elementos visuais (cores e

formas). “Construir é estabelecer no espaço, um conjunto

coerente, compreensível e reprodutível ou repetível”1. Já

a composição artística seria a junção de elementos distin-

tos (unidades), ora coerentes, ora antagônicos de maneira

harmônica, respeitando os fundamentos de criação visual

(fundamentos de estética) para traduzir visualmente um

conceito ou a intenção do autor1-2.

No âmbito odontológico, uma organização de elementos vi-

suais dedicada a transmitir sensações, emoções e expressar

visualmente características de uma personalidade, requer do

profissional uma investigação mais profunda para determina-

ção “daquilo a ser feito”, e é nesse sentido que o Visagismo

procura colaborar com seu método de consultoria3.

Os profissionais de Odontologia, de certa maneira, traba-

lham com o conceito de arte quando se veem diante de uma

boca, ou melhor, de um indivíduo com suas particularidades,

desejos e necessidades pessoais, e precisa investigar qual

seria a intenção que norteará a construção do trabalho pro-

tético. Uma vez definida a intenção junto ao cliente, o pro-

aplicada ao desenho do sorriso

Ilustr

ação

: Ede

r Max

Wassily Kandisnky

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 61

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

Page 62: Visagismo b.paolucci dental esthetic

fissional se verá diante do desafio da composição, ou seja,

organizar no espaço elementos visuais que traduzam sexo,

idade, personalidade e intenção de expressão do pacien-

te, isso sem abrir mão do respeito às regras de estéticas

dental e dentofacial. Em resumo: seria a criação de uma

composição psicodentofacial4-5. A harmonia ou equilíbrio

entre esses diversos elementos é que dá ao conjunto a be-

leza necessária e que promove o trabalho odontológico ao

patamar de arte6-7.

Na composição psicodentofacial, o profissional se vale-

rá, principalmente, de linhas e formas em sua construção

para dar expressão ao trabalho. Essa expressão se deverá

principalmente à força do conjunto e em menor grau à ex-

pressão de suas unidades constituintes. Isso implica, por

exemplo, que o significado geral da composição se deverá,

especialmente, à custa da resultante final da somatória

dos valores individuais8. Como mencionado no Capítulo 4

Morfos, a comunicação visual do trabalho reabilitador se

pautará sobretudo nos elementos anterossuperiores e,

portanto, atenção especial deverá ser dada pela equipe

restauradora (cirurgiões-dentistas e protéticos) a esse

segmento, não devendo, entretanto, menosprezar os de-

mais dentes9.

Nessa composição, abordada no Volume I, em relação

aos casos sobre dentições naturais (Odontologia restaura-

dora estética), a utilização das unidades visuais escolhidas

pelo aspecto da intenção de expressão do cliente, deverá

sempre ser utilizada de acordo com a possibilidade que as

próprias condições orais pré-operatórias permitirem, dife-

rente das composições mais complexas, como por exemplo

em edentados totais, em que o profissional se verá frente

a uma “tela em branco”, e terá mais liberdade para usar

elementos que o cliente desejar.

Principais elementos estruturais do sorriso (ou unidades

orais)7,10-14 em ordem de importância para dar expressão

à composição: plano incisal, eixos dentais, posicionamento

dental, formas dentais, exposição dental, proporções den-

tais, linhas complementares (Figura 1).

Figura 1

Plano incisal, eixos

dentais, formas dentais,

posicionamento dental,

proporções dentais, linhas

complementares.

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

62 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Sorriso e suas linhas/formas configurativasPlano incisalEixos dentais

Linha dos zênites gengivais

Linhas das ameias gengivais

Linha das ameias dentais

Formas dentaisProporção dental

Page 63: Visagismo b.paolucci dental esthetic

5.1.1 Plano incisal

Representa para o segmento anterossuperior, a limi-

tação do posicionamento das bordas incisais dos incisivos

centrais, laterais e caninos. Pode ser configurado segundo a

intenção do profissional como ascendente, ou seja, com as

bordas dos incisivos centrais bem projetadas para inferior,

de projeção regular (projeção média), reto ou ainda cônca-

vo invertido, sendo esse último visto como antiestético pela

maioria dos profissionais e pacientes; portanto, pouco ou

nunca utilizado em reabilitações8,15-16 (Figuras 2a a 2c).

As principais referências para sua configuração são a

inclinação sagital do plano oclusal e o formato do arco su-

perior, que quanto mais largo, mais se relaciona a um plano

incisal retilíneo, enquanto maxilas mais estreitas tendem a

apresentar incisivos mais projetados para inferior17 (Figuras

3a a 3c) . Em termos de estética, uma relação de harmonia

ou paralelismo, com a borda superior do lábio inferior quan-

do em sorriso, é considerada mais agradável à maioria das

pessoas7,15-18 (Figuras 4a a 4c).

Figuras 2

Plano incisal: (a) Ascendente; (b) Reto; e (c) Invertido.

a b c

Figuras 3

Arcos em variadas

larguras e a projeção

inferior de centrais

correspondentes.

a b c

Imag

em re

tirad

a do

livr

o: A

nter

iore

s - A

Bel

eza

Nat

ural

dos

Den

tes A

nter

iore

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Auto

r: Ja

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San

tos;

2008

.

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 63

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

Page 64: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Um segmento anterossuperior que apresente um plano

incisal reto geralmente será associado a características

masculinas e idade avançada, enquanto planos curvos e

projetados, são associados a características femininas e

joviais21-23 (Figuras 5a e 5b). No entanto, a utilização des-

se elemento é fundamental para dar uma expressão forte,

suave, dinâmica ou estável à reabilitação, independente do

sexo e idade, sendo a intenção de expressão do paciente

um bom indicativo para a correta escolha. Uma vez esco-

lhido o tipo de plano a ser usado, segundo a intenção de

expressão do cliente, ele deverá ser confrontado com os pa-

râmetros preestabelecidos pelas condições orais tais como

forma do arco, linha do lábio inferior e inclinação sagital do

plano oclusal e, só então, a partir da fusão entre a intenção

do paciente e o plano ideal, segundo parâmetros estéticos

próprios da arcada em questão, surgirá o plano incisal a ser

usado na reabilitação. O plano incisal deveria ser o primeiro

elemento ou unidade oral a ser determinado na criação da

estrutura da composição psicodentofacial.

5.1.2 Eixos dentais

O eixo dental representa a posição dos dentes na ar-

cada em relação à linha mediana central12 e, em termos

clínicos, o que realmente interessa aos restauradores é a

posição visual da coroa dental em uma vista frontal. Em la-

terais e caninos o eixo também exerce influência em sua

percepção numa vista lateral24.

Figuras 4

Relação lábio inferior – plano i ncisal: (a) Antagônicos;

(b) Paralelos; e (c) Desarmonia de paralelismo.

a b c

a1 a2

b1 b2

Figuras 5a e 5b

(a) Plano incisal ascendente expressando características mais suaves e femininas e (b) Plano

incisal reto, mais relacionado a características de força, estabilidade e masculinidade.

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

64 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Page 65: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Os incisivos centrais são os dentes mais sensíveis em

relação ao posicionamento do eixo pela posição de desta-

que visual que ocupa na arcada, mas sua percepção visual é

tipicamente frontal.

Normalmente os eixos dos dentes anterossuperiores con-

vergem para incisal14,24-28, mas a alteração dos eixos pode re-

sultar em efeitos visuais distintos e o conhecimento dessas va-

riações deve ser de domínio do profissional para intervir com

segurança e precisão (Figura 6).

Normalmente o eixo dos centrais é ligeiramente posicio-

nado para distal (numa avaliação do sentido mesiodistal),

sendo que a sua alteração trazendo-o para vertical dará ao

desenho do sorriso uma percepção de maior domínio desse

dente24 e uma expressão visual de maior força e estabilida-

de. Quanto mais os eixos dos centrais forem inclinados para

mesial, mais dominância visual será dada a esses dentes

(Figura 7).

Numa vista frontal o eixo coronal dos laterais segue as

mesmas condições dos eixos dos centrais, sendo que quanto

mais se inclina para distal, mais dinamismo será expresso e

quanto mais verticalizado, mais força (Figuras 8a e 8b).

Figura 6

Eixos dentais numa arcada natural média geralmente são ligeiramente

distalizados e convergentes para incisal.

Figura 7

Centrais com seus eixos ligeiramente rotacionados para mesial,

o que lhes confere maior domínio visual.

a b

Figuras 8

(a) Laterais ligeiramente inclinadas para distal ou (b) Posicionadas com eixo retilíneo.

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 65

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

Page 66: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Figuras 9

Diferentes inclinações de eixos dentários em caninos numa visão frontal: (a) Retos; (b) Inclinados para medial; e (c) Inclinados para a lateral.

a

b

c

Os caninos são dentes de profundo impacto comunica-

tivo no desenho do segmento anterossuperior. Numa vista

frontal seu eixo coronal pode variar de inclinado para medial

(torque negativo), vertical e inclinado pra vestibular (torque

positivo). São dentes relacionados à agressão e ação29 e

podem expressar dinamismo e impulsividade, se inclinados

para medial, força e persistência quando retilíneos e calma,

apatia e até comicidade24 quando levemente inclinados para

vestibular (Figuras 9a a 9c).

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

66 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Page 67: Visagismo b.paolucci dental esthetic

REsumo

Paciente LNPY, 30 anos, apresentou-se à clínica in-

satisfeito com a estética de seu sorriso. Em análise facial

constatou-se divergência de paralelismo entre eixos dentá-

rios, linha média facial e linha média dental. Sua linha média

dental, além de não ser coincidente com a linha média facial,

apresentava-se inclinada em relação a essa. Em uma análi-

se oral, constatou-se como principais deficiências estéticas

o não paralelismo entre os eixos dentários dos dentes an-

terossuperiores, assim como uma linha de união de ameias

dentais irregular. Seus incisivos centrais, laterais e caninos

apresentavam projeção incisal assimétrica entre lados es-

querdo e direito, sendo o lado esquerdo mais projetado que

o direito, o que lhe conferia uma sensação de desequilíbrio

entre esse segmento e sua linha bipupilar. Além desses

fatores, havia desarmonia de cor entre incisivos direitos e

esquerdos. Seu incisivo lateral direito apresentava coroa clí-

nica curta e exposição radicular com coloração alterada. As

bordas incisais de seus incisivos centrais apresentavam-se

irregulares. Observou-se ainda deficiência de projeção den-

tal de pré-molares em seu corredor bucal. Frente a esse

quadro diversos fatores agora diagnosticados poderiam ser

trabalhados para uma configuração mais estética. O dese-

nho de sorriso agora realizado corrigia tais deficiências e

ainda poderia trabalhar as formas dentais, em termos de

detalhamento, a fim de personalização. O paciente passou

pelo processo de consultoria visagista, em que se mostrou

bastante alegre, extrovertido, dinâmico em seu ritmo de vida

e criativo na maneira como executa suas funções, buscando

sempre inovar profissionalmente. O mesmo relatou que tais

características seriam adequadas para a expressão de seu

sorriso. De posse dessas informações o consultor visagista

elaborou um desenho de sorriso caracterizado pelo domínio

de linhas inclinadas e formas triangulares, que serviu de re-

ferência para o técnico em prótese dentária confeccionar o

enceramento diagnóstico e o trabalho cerâmico.

Figuras 1

Protocolo fotográfico facial frontal.

Caso 1

a b dc e

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 67

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

Page 68: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Figura 2

Eixos de referências

faciais, vertical e horizontal.

Figura 3

Formas dentais

pré-operatórias.

Figura 4

Discrepância entre

eixos dentais e faciais.

Assim como

entre linhas média

dental e facial.

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

68 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Page 69: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Figura 5

Correção de eixos

e desenho de sorriso

novo com formas

baseadas na

vontade de expressão

do paciente.

Figura 7

Sorriso - pré-operatório.

Figuras 6

Protocolo fotográfico extraoral frontal.

a b c d

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 69

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

Page 70: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Figura 8

Imagem intraoral dos

elementos anterossuperiores

com fundo negro.

Figura 9

Moldagens para

confecção de

modelos de estudo.

Figuras 10

Enceramento diagnóstico.

a b c

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

70 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Page 71: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Figuras 11

Confecção de mock-up.

Figuras 12

Imagens extraorais com mock-up demonstrando a correção do paralelismo entre eixos dentários com linha média facial.

a

b

a b c

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 71

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

Page 72: Visagismo b.paolucci dental esthetic

a

b1 b2 b3

c1 c2

d1 d2 d3

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

72 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Page 73: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Figuras 13a a 13h

(a e b) Guia de silicone

para preparo dentário

e (c até h) Preparos dentários

expostos com a inserção

do primeiro fio retrator.

e

f

g

h

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 73

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

Page 74: Visagismo b.paolucci dental esthetic

a

b

c

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

74 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Page 75: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Figuras 14a a 14e

Inserção do segundo fio retrator para moldagem com a técnica do duplo fio.

e1 e2

d

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 75

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

Page 76: Visagismo b.paolucci dental esthetic

a

b

c

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

76 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Page 77: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Figuras 15a a 15g

Moldagem em passo único.

d

e

f

g

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 77

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

Page 78: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Figura 16

Escolha de cor.

Figuras 17

Guia de silicone para

confecção de provisórios.

a

a b

b1

b2

b3

Figuras 18a e 18b

Provisório imediato.

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

78 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Page 79: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Figuras 19

Laminados e coroa.

Figura 20

Checagem de adaptação.

a b c

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 79

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

Page 80: Visagismo b.paolucci dental esthetic

a4 a5 a6

a1 a2 a3

b1 b2 b3 b4

b5 b6 b7

c1 c2 c3 c4 c5

Figuras 21a e 21c

Sequência operatória da cimentação do elemento 21.

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

80 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Page 81: Visagismo b.paolucci dental esthetic

d

e

f

Figuras 21d a 21f

Cimentação do elemento 11.

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 81

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

Page 82: Visagismo b.paolucci dental esthetic

g

h

i

Figuras 21g a 21J

Cimentação dos

elementos 22 e 23.

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

82 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Page 83: Visagismo b.paolucci dental esthetic

k

l

Figuras 21k a 21l

Checagem de excesso em área interproximal da coroa do elemento 12 com carbono.

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 83

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

Page 84: Visagismo b.paolucci dental esthetic

m

n1

n2

n3

o

p

Figuras 21m a 21p

(m e n) Ajustes

interproximais na

coroa do elemento

12 para proceder

a cimentação e

(o e p) Cimentação.

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

84 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Page 85: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Figura 22

Remoção de fio retrator

usado para cimentação.

Figura 23

Trabalho finalizado em

dentes anteriores.

Figura 24

Sorriso com trabalho

anterior cimentado.

Figuras 25

Cimentação de

laminados em pré-molares,

em que não houve

necessidade de preparos. a b c d e

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 85

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

Page 86: Visagismo b.paolucci dental esthetic

a b

Figuras 26

Pré-molares cimentados.

Figura 27

Vista palatina do trabalho cimentado. Restauração da anatomia palatina de centrais com resina composta.

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

86 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Page 87: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Figura 28a a 28c

Trabalho finalizado –

imagens intraorais. (a)

Vista frontal; (b) Vista

lateral direita do

trabalho finalizado; e (c)

Vista lateral esquerda

do trabalho finalizado.

a

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 87

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

c

b

Page 88: Visagismo b.paolucci dental esthetic

f

a

Figuras 28d a 28f

Trabalho finalizado - imagens intraorais.

Observar caracterização de cor e textura

que dão naturalidade ao trabalho.

Figura 29a

Trabalho finalizado - imagem extraoral.

e

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

88 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Page 89: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Material Clínico O substrato das lâminas – A2 no lateral, dente 12, coroa, o dente era um pouco mais escurecido. Foi utilizado nas lâminas a pastilha e.max L.T A1 (Ivoclar Vivadent) e na coroa e.max M.O A1 (Ivoclar Vivadent). Nessas coroas foi utilizada a técnica de estratificação por camadas. Para esse tipo de coroas a espessura das pastilhas podem ser mais finas 0,3 mm. A cerâmica de cobertura utilizada foi e.max Ceram A1 (Ivoclar Vivadent) dentina + incisal e

massa de impulso ex. opal e Efect 1,2 e 3 (Ivoclar Vivadent).

Ceramista – Marcos Celestrino – Laboratório Aliança, São Paulo/SP

Consultoria de Visagismo – Bráulio Paolucci

Desenho Digital do Sorriso – Bráulio Paolucci

Fotografias Clínicas – Roberto Yoshida

Fotografias Laboratoriais – Marcos Celestino

Protesista – Roberto Yoshida – Londrina/PR

Figuras 30

Imagens faciais finais.

a b

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 89

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

Page 90: Visagismo b.paolucci dental esthetic

5.1.3 Posicionamento dental no arco

O posicionamento dos dentes no segmento anterossupe-

rior, constitui-se de forte elemento na elaboração da expres-

são visual da composição. Entende-se por ele a relação da face

vestibular, borda incisal, cervical e face palatina dos dentes

desse conjunto com os planos verticais anterior e posterior.

A posição de cada elemento do segmento anterossupe-

rior é fundamental na definição da percepção visual frontal

do arco com suas conotações comunicativas. O alinhamen-

to perfeito dos elementos anterossuperiores, em torno de

um arco curvo padrão, pode gerar efeito estético insatisfa-

tório por desconsiderar variações individuais e comuncati-

vas8,30-35. Numa vista oclusal o posicionamento dos centrais

pode variar de reto (Figuras 10a a 10c ) “extrovertido” e ”in-

trovertido” e esse tipo de posicionamento é dado pela forma

Figuras 10

Posicionamento de centrais em uma vista oclusal:

(a) Introvertidos; (b) Retos; e (c) Extrovertidos.

e largura do arco. Arcos retangulares geralmente apresen-

tam centrais retos, arcos triangulares normalmente apre-

sentam centrais “extrovertidos” (com a crista mesial proje-

tada para anterior e crista distal projetada para posterior)

ou ligeiramente apinhados e arcos atrésicos, centrais “intro-

vertidos” (com a crista mesial projetada para posterior, a

crista distal projetada para anterior) ou girados para dentro

da cavidade bucal. A expressão desses posicionamentos de

centrais segue a nomenclatura escolhida para classificá-la,

sendo que os retos expressam força e estabilidade, assim

como a sua linha de construção, a linha reta.

a b c

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

90 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Page 91: Visagismo b.paolucci dental esthetic

No posicionamento 3D das coroas dos incisi-

vos laterais, tem-se a opção de posicionar sua face

vestibular de maneira bem frontal, ou seja, refletin-

do a luz por toda e extensão da vestibular direta-

mente para frente, e isso confere ao desenho do

sorriso uma expressão de força emocional, a ou-

vestibular voltada para anterior, e quanto mais

estreito o arco, como nos formatos triangulares

e ovais, mais pedirá laterais girovertidos com sua

mesial mais para anterior que sua distal.

Em relação ao posicionamento vestibulopala-

tino, dentes vestibularizados abrem o arco e lhe

conferem maior estabilidade sendo essa a ex-

pressão desse efeito. Dentes posicionados em li-

nha reta expressam força e dentes palatinizados

dinamismo e introversão. A posição vestibulopa-

latina dos elementos anterossuperiores exerce

forte influência no suporte labial, o que acaba por

influenciar o contorno e volume labial com suas

comunicações visuais associadas12-36.

Figuras 11

Formatos de centrais:

(a) Retangular; (b) Oval;

(c) Quadrado;

e (d) Triangular.

a b c d

tra opção é sua coroa ficar levemente girovertida

expressando extroversão. A condição oral preexis-

tente condicionadora desse posicionamento coro-

nal é a forma do arco; quanto mais retangular ou

aberto, mais pedirá lateral posicionado com sua

5.1.4 Forma da coroa dental

A forma das coroas dentais dos elementos

anterossuperiores é definida pelo seu contorno,

ou seja, a porção da coroa que reflete a luz dire-

tamente à frente. A forma dos elementos difere

de acordo com o grupo dental. Por exemplo: in-

cisivos centrais têm variações de forma típicas,

diferente dos incisivos laterais e dos caninos39.

Em incisivos centrais, a forma média é tra-

pezoidal ou formato de pá24. No entanto, apre-

sentam variações de forma na população, sendo

que os formatos estruturais básicos são: trian-

gular, retangular, oval e quadrado40 (Figuras 11a

a 11d). Formas decorrentes da fusão entre es-

ses formatos básicos são muito comuns e, um

exemplo disso, é a própria forma trapezoidal que

representa a fusão entre retângulo e triângu-

lo39,41-43 (Figura 12).

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 91

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

Page 92: Visagismo b.paolucci dental esthetic

A literatura odontológica é rica de teorias para a escolha

de formato de centrais de acordo com a forma da face34,44-47

e, também, de estudos que demonstram a ausência de rela-

ção entre ambos48-52, o que também se pode comprovar com

a experiência clinica21-23,53-57. Essa mesma experiência sugere

que a harmonia entre centrais e face se deva principalmente

à proporção entre esses elementos e não propriamente à har-

monia de forma.

De acordo com Rufenacht12,58, os centrais são os elemen-

tos orais que mais se relacionam com a personalidade de ma-

neira geral, e a escolha de seu formato para uma reabilitação

deve ser feita de maneira muito criteriosa19,59-61.

Na óptica do Visagismo, a escolha das unidades dentais na

elaboração de uma composição psicodentofacial, deve ser pau-

tada numa entrevista prévia com o paciente, onde serão inves-

Figuras 13

Contorno cervical e sua relação com o formato geral do dente: (a) Incisivos retangulares apresentam contorno gengival mais

retilíneo; (b) Incisivos ovais possuem contorno arredondado; e (c) Incisivos triangulares apresentam contorno mais fechado.

a b c

tigados aspectos de sua personalidade, tipo sexual, idade21-23,

necessidades e anseios pessoais e define-se juntamente com

ele a intenção de expressão visual, que conduzirá à escolha da

forma mais apropriada. Isto visa detalhar melhor as expectati-

vas do paciente e, dessa maneira, diminuir insatisfações.

Uma vez definida a intenção do cliente, o profissional se

valerá dos conhecimentos acerca de linguagem arquetípica

para a escolha da forma. Por exemplo: se o cliente deseja

evidenciar no desenho do sorriso aspectos de sua persona-

lidade como força, persistência, objetividade, praticidade e

liderança, o formato mais adequado será o retângulo, que

por ser composto de linhas retas com domínio das verticais,

é o formato que expressa tais características.

Se o paciente optar por evidenciar em seu desenho de

sorriso aspectos como dinamismo, criatividade, alegria e

extroversão, o profissional optará pelo formato triangular,

pois suas linhas inclinadas expressam tais características.

Da mesma maneira, se a opção for por expressar delicade-

za, elegância, discrição e suavidade, a forma ideal é o oval. O

quadrado está relacionado principalmente com estabilidade,

calma, tranquilidade e conservadorismo.

Há de se pensar que, no entanto, essa vontade de ex-

pressão dos pacientes seja um pouco mais elaborada, exi-

gindo do profissional mesclar elementos baseados no con-

ceito de estrutura e detalhe.

Figura 12

Formato trapezoidal ou em “pá”: representa a fusão entre as formas triangular e retangular.

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

92 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Page 93: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Entende-se por estrutura a forma básica do

dente ou a forma da sua área de reflexão de luz

(silhueta de Pincus)37-38,62-63 e detalhe, os elemen-

tos que cercam essa área reforçando sua men-

sagem ou contrabalanceando-a.

Aspectos anatômicos relacionados à estru-

tura básica dental: largura mesiodistal incisal, lar-

gura mesiodistal cervical e cristas de reflexão de

luz mesial e distal. Componentes de detalhamento:

contorno incisal, contorno distal, contorno cervi-

cal, ângulo distoincisal (Figuras 13a a 13c).

Figuras 14

Incisais e sua relação com o formato geral do dente:

(a) Incisais retilíneas se relacionam mais a centrais

retangulares e quadrados; (b) Incisais curvas se

relacionam mais com dentes ovais; e (c) Incisais

anguladas com dentes triangulares; porém, incisais curvas

podem ser encontradas em dentes com aspecto geral

retangular e uma gama infinita de outras combinações.

As incisais dos elementos anterossuperiores

representam um detalhe anatômico muito co-

municativo, pois em muitas situações de sorri-

so, sua borda fica evidenciada pelo contraste do

fundo negro da cavidade oral ou, segundo Lom-

bardi, espaço negativo8. Sua relação com o plano

horizonal define a sua expressão. Exemplos de

incisais: ascendente, côncava invertida, curva e

reta24 (Figuras 14a a 14c).

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 93

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

a b c

Page 94: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Com o conceito de estrutura e detalhamento é possível se

criar um grande número de formas dentais através da aplica-

ção de linhas e ângulos apropriados a expressar visualmente

a intenção do cliente.

De maneira geral em casos de estética ou cosmética de

elementos anterossuperiores naturais, a equipe deve observar

as formas dentais originais e procurar dar expressão ao de-

senho da reabilitação preservando as características originais

(estrutura dental) e se pautar no uso de detalhes para satisfa-

zer a vontade de expressão do paciente. Dessa forma, procede

se uma odontologia minimamente invasiva inclusive em relação

a aspectos psicovisuais54,64-65. Incisivos laterais terão sua ex-

pressão menos dependente da estrutura e mais dependente

de sua incisal, ângulo incisodistal, relação de dominância com

seus vizinhos e posicionamento no arco (Figuras 16a a 16c).

Exemplo de elaboração da forma dental segundo o con-

ceito de estrutura e detalhe: paciente deseja expressar força

em primeiro lugar com suavidade: centrais dominantes, com

estrutura retangular e detalhamento curvo em sua incisal, ân-

gulo distoincisal e contorno do terço distal (Figura 15).

O paciente deseja expressar dinamismo, extroversão

com estabilidade: centrais com dominância moderada es-

trutura triangular e incisal reta.

Figura 15

Estrutura triangular e detalhamento curvo acentuado.

Figuras 16

Laterais com incisais diversas influenciando a percepção de seu formato final.

a b c

Caninos por sua vez dependerão de aspectos como a

forma de seu contorno vestibular em uma visão frontal e in-

clinação de seu longo eixo, assim como sua relação de domí-

nio com laterais e centrais. Uma visão frontal o canino pode

apresentar-se reto, curvo ou inclinado e estar associado à

força (ação persistente), delicadeza (ação minuciosa e deta-

lhista) e impulsividade (ação impetuosa e empreendedora),

respectivamente (Figuras 17a a 17b).

“Nenhum dente apresenta um efeito emotivo tão forte quan-

to o canino e, desta maneira, deve-se trabalhar com muito afin-

co na elaboração de seu comprimento, contorno e forma.”

Jan Hatjó 24.

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

94 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Page 95: Visagismo b.paolucci dental esthetic

5.1.5 Exposição dental

Entende-se por exposição dental o tanto aparente de estru-

tura dental quando com a boca em repouso. Nessa situação

músculos de oclusão e de abertura mandibular estão em situa-

ção de relaxamento e um equilíbrio entre ambos se apresenta.

Lábios também apresentam relaxamento muscular nessa si-

tuação. Uma certa quantidade de exposição dental com a face

sendo observada frontal e lateralmente deve ocorrer. Em pes-

soas mais jovens, geralmente uma média de exposição dental

se apresenta diferente entre homens e mulheres. Em pacientes

jovens (até 30 anos) do sexo feminino a média de exposição

dental superior é de 3,5 mm, diminuindo gradativamente com o

avanço da idade chegando a 0,95 mm aos 50 anos e 0,2 mm

aos 70 anos58 (Figuras 18a e 18b).

Figuras 18

Diferentes exposições dentais com lábios em

repouso: (a) Paciente com 30 anos e exposição de

3,94 mm e (b) Paciente com 50 anos com

exposição dental superior

de aproximadamente 1,0 mm.

Percebe-se também um aumento

da exposição de dentes inferiores

com o avanço da idade.

ba

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 95

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

Figuras 17

Contorno vestibular de caninos naturais numa vista frontal: (a) Retos; (b) Curvos; e (c) Inclinados.

a b c

Page 96: Visagismo b.paolucci dental esthetic

REsumo

A paciente LTL apresentou-se à clínica evidenciando

desgaste excessivo na região palatina de seus elementos

anterossuperiores . Observou-se um maior desenvolvimento

mandibular para anterior em relação à maxila. A linha de

união dos zênites gengivais apresentava-se côncava inver-

tida, um indicativo visual de deficiência de extrusão natural

dos dentes anterossuperiores, em especial incisivos cen-

trais, provavelmente causada pela posição mais anterior de

sua mandíbula em relação à maxila .

A paciente queixou-se desta pouca exposição dental quan-

do com lábios em repouso, o que lhe dava “ar envelhecido”.

Na análise facial não foi observada discrepância entre linhas

médias facial e dental . Na análise intraoral os elementos den-

tais se apresentavam em excelente condição de saúde, com

ausência de quaisquer condições possíveis de causa de insa-

tisfação estética, tais como restaurações deficientes, cáries,

diferenças de cor, desalinhamento de eixos dentários, propor-

ção inadequada entre os elementos superiores etc .

O desenho digital do sorriso indicou o posicionamento

ideal das bordas incisais dos incisivos centrais, pelo plano

incisal guiado ou sugerido pelo plano oclusal posterior pa-

ralelo à borda superior do lábio inferior. O tratamento pro-

Caso 2 posto foi de tracionar ortodonticamente os incisivos até o

limite vestíbulo/inferior possível, assim como odontoplastia

conservadora na região da mandibula anterior.

Após a fase ortodôntica, avaliou-se a necessidade da com-

plementação da exposição dental com laminados supercon-

servadores (lentes de contato), o que se mostrou pertinente.

Dessa forma foram confeccionados laminados de canino a ca-

nino com o objetivo de projetá-los ainda mais para inferior, para

se obter correta exposição dental com lábios em repouso. No

momento da intervenção reconstrutiva, foi realizada consulto-

ria, onde paciente manifestou desejo de expressar visualmente

características autênticas suas como delicadeza no trato pes-

soal, doçura e perfeccionismo nas ações. Portanto, as formas

dentais de seus centrais, originalmente triangulares, foram

mantidas para proceder intervenção minimamente invasiva

em termos psicovisuais, mas suas incisais e ângulos inciso-

distais foram discretamente arredondados como medida de

personalização dessa vontade. Os caninos foram confecciona-

dos com sua vestibular curva numa vista frontal seguindo a

mesma vontade de expressão. Incisivos laterais tiveram sua

dimensão cervicoincisal aumentada, mas suas formas foram

mantidas no novo desenho do sorriso.

Figuras 1

Imagens faciais – pré-operatório.

a b c d

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

96 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Page 97: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Figuras 2

Imagens extraorais - pré-operatório.

Figuras 3

(a) Observar linha de união de zênites invertida e (b) Imagem intraoral em desoclusão.

a

a

b

b

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 97

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

Page 98: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Figura 4

Sorriso - imagem frontal.

Figura 5

Configuração

pré-operatória.

Figura 6

Plano incisal corrigido.

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

98 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Page 99: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Figura 7

Alongamento dos dentes

anterossuperiores.

Figura 8

Desenho do

sorriso final.

Figuras 9

Ortodontia. Observar uso de ortoimplantes para tracionamento de incisivos superiores para inferior.

a

b

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 99

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

Page 100: Visagismo b.paolucci dental esthetic

a b c

Figuras 10

Ortodontia - abertura

de espaço entre laterais

e caninos pelo

tracionamento para

anterior dos incisivos.

a b

Figuras 11

Ortodontia - vistas oclusal

e superoinferior.

a b c d

Figuras 12

Imagens extraorais ao fim do tratamento ortodôntico.

a b c

Figuras 13

Imagens faciais ao fim do

tratamento ortodôntico.

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

100 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Page 101: Visagismo b.paolucci dental esthetic

a

a

a

b

b

b

b

c d

Figuras 14

Imagens extraorais com mock-up.

Figuras 15

Mock-up removido em apenas um dos lados para verificar o quanto de ganho vertical se teria.

Figuras 16

Imagens faciais com mock-up.

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 101

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

Page 102: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Figura 17

Imagem dos preparos ultraconservadores para lentes de contato.

a b

Figuras 18

Modelos de trabalho e guias de silicone.

Figuras 19

Lentes de contato

posicionadas sobre

modelos de gesso.

a b

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

102 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Page 103: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Figura 20

Imagem intraoral - fundo negro. Trabalho finalizado. Observar centrais em forma triangular bastante arredondadas tendendo ao oval

e linha dos zênites com nova configuração (ascendente) após tratamento ortodôntico. Caninos configurados com lateral curva.

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 103

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

Figura 21

Sorriso final - vista lateral.

Page 104: Visagismo b.paolucci dental esthetic

ba

Figuras 22

Face com trabalho finalizado. Exposição dental adequada.

Figura 23

Sorriso - pós-ortodontia.

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

104 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Page 105: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Figura 24

Sorriso com mock-up.

Figura 25

Sorriso final.

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 105

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

Page 106: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Figuras 26

Imagens faciais finais.

Informações Laboratoriais

Cor do substrato = ND 1; Cor da pastilha = HT BL4; Espessura da pastilha

= 0,3 mm até 0,5 mm; Pastilha = dissilicato de lítio, Alta translucidez

tipo de desenho da infraestrutura = cut back incisal; estratificacão = mix

OE3 70%, OE2 20% e OE1 10% intercalando, apresentando caracterís-

ticas incisais suaves.

Ceramista – Thiago Reis (Well Lab - São Paulo/SP)

Consultoria de Visagismo – Bráulio Paolucci

Desenho Digital do Sorriso – Bráulio Paolucci

Fotografias Clínicas e Laboratoriais – Thiago Reis

Protesista – Robert Coachman

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

106 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

a1 a2

Page 107: Visagismo b.paolucci dental esthetic

5.1.6 Relação proporcional entre elementos dentaisEntende-se por proporção à relação dimensional de um

objeto em relação a outro66. A relação proporcional entre os

elementos anterossuperiores pode levar a diferentes formas

de percepção visual desse conjunto67. Relações dimensionais

diferentes são atribuídas a diferenças sexuais e raciais68-69.

Duas situações de simetria bilateral geralmente se apresen-

tam: a simetria corrente onde a relação de proporção é de

dominância quase que exclusiva de largura de centrais sobre

laterais e esses sobre caninos e expressa monotonia, apatia,

estabilidade e calma e a simetria radial, onde elementos aná-

logos são similares, mas apresentam dimensões diferentes

de seus vizinhos12, geralmente apresentando incisivos centrais

com forte dominância visual. Essa é a situação mais atraente

para cirurgiões-dentistas, enquanto a primeira é a mais agra-

dável para pacientes segundo Brismam71 (Figuras 19a e 19b).

É importante salientar que a avaliação foi feita sobre o as-

pecto de simetria bilateral proporcional e não morfológica; pois

tanto em simetria corrente quanto em radial, discretas assime-

trias morfológicas são interessantes para dar naturalidade ao

desenho do sorriso (variedade na unidade)70-72, pois sorrisos

totalmente simétricos soam falsos como dentaduras.

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 107

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

Figuras 19

Simetria bilateral: (a) Radial e (b) Corrente.

a b

Alguns autores sugerem que a dominância de centrais

num segmento anterossuperior é fundamental para se conse-

guir resultado estético satisfatório8,21. Quanto mais dominantes

sobre laterais e caninos se apresentarem os incisivos centrais,

mais o desenho geral do sorriso expressará imposição, autori-

tarismo e força temperamental, e quanto mais dominantes em

um segmento anterossuperior forem os caninos mais agressi-

vidade e masculinidade expressará o desenho de sorriso geral.

Na simetria radial os elementos podem apresentar di-

versas relações de gradação de centrais para caninos, sen-

do considerada mais estética, ou seja, atraente ao olhar,

aquela em que prevalece uma sequência gradativa de cen-

tral para canino em proporção áurea73-75.

Page 108: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Sua vontade de expressão aliada às queixas estéticas le-

varam a equipe à confecção de um desenho de sorriso dinâ-

mico, com plano incisal ascendente, formas dentais triangu-

lares, caninos inclinados para medial. Como caracterização

de sua sensibilidade emocional as formas dentais triangu-

lares foram discretamente arredondadas em sua distal. A

forte dominância de centrais, aliada a uma configuração

com incisais retas e posicionamento retilíneo em relação

a um plano vertical anterior imaginário dariam ao desenho

do sorriso final a impositividade desejada. Foram realizadas

cirurgias plásticas gengivais para aumento de coroa clíni-

ca do elemento 14 ao 24 com laser de alta potência, Seu

freio labial também foi removido usando-se o mesmo laser.

Foram realizados laminados cerâmicos nos pré-molares e

coroas cerâmicas puras de canino a canino.

Caso 3

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

108 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

REsumo

Paciente GZ, 32 anos, se apresentou à equipe clínica

com queixa em relação à estética de seu sorriso, como prin-

cipais pontos a exposição gengival demasiada em sorriso e

a diferença de cor entre os elementos anterossuperiores

(próteses) e demais dentes naturais. Na consultoria visagis-

ta se mostrou bastante extrovertida e alegre, dinâmica em

seu ritmo de vida, bastante sensível e transparente na mani-

festação de suas emoções e que gostaria de evidenciar es-

sas características em seu desenho do sorriso. Assim como

gostaria de um sorriso mais marcante e impositivo. O seu

quadro clínico apresentava-se como um desenho de sorriso

plano, caracterizado pela ausência de domínio de centrais,

plano incisal horizontal, formas dentais quadradas. A rela-

ção proporcional de centrais se encontrava em aproximada-

mente 50%, quando considera-se 80% como a proporção

mais estética segundo alguns autores15-16.

Figuras 1

Imagens faciais - pré-operatório.

a b c d

Page 109: Visagismo b.paolucci dental esthetic

a b c

Figuras 2

Imagens extraorais – pré-operatório.

Figura 3

Imagem oclusal –

pré-operatório.

Figura 4

Imagem facial com eixos

faciais de referência.

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 109

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

Page 110: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Figura 5

Sobreposição de imagem intraoral

sobre a facial para usar os

eixos de referência faciais como

orientação para o desenho do sorriso.

Figura 6

Eliminação da imagem facial e

permanência da imagem intraoral

com eixos de referências faciais.

Figura 7

Ampliação.

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

110 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Page 111: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Figura 8

Análise das formas dentais,

linha dos zênites e plano

incisal - pré-operatório.

Figura 9

Análise da proporção

entre elementos dentais e

estabelecimento de plano

incisal de acordo com o

plano oclusal posterior.

Figura 10

Proporção altura/largura

em torno de 50%

configurando centrais

com forma quadrada.

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 111

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

Page 112: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Figura 11

Correção dessa relação para 80%.

Figura 12

Desenho de sorriso final.

Observar formas dentais triangulares

arredondadas de acordo com a

vontade de expressão da paciente.

Figuras 13

Demarcações intraorais para plástica gengival - imagens extraorais.

a b c

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

112 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Page 113: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Figuras 14

Demarcações e sondagem - imagem intraoral

Figuras 15

Remoções de coroas metalocerâmicas.

a b

a b c

Figuras 16

Plástica gengival com laser de alta potência e sondagem para verificação de distância biológica.

a b

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 113

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

Page 114: Visagismo b.paolucci dental esthetic

a b

Figuras 17

Comparação de antes e depois da plástica gengival.

Figuras 18

Confecção de provisórios imediatos e remoção de freio labial.

a b

Figura 19

Tomada de cor do substrato.

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

114 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Page 115: Visagismo b.paolucci dental esthetic

a

a

b

b

c

c

Figuras 20

Laminados e coroas posicionadas sobre o modelo de trabalho - vistas frontal e lateral.

Figura 21

Cerâmicas - vista frontal.

Figuras 22

Cimentação.

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 115

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

Page 116: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Figura 23

Cerâmicas - pós-cimentação. Observar dominância de centrais, formas triangulares arredondadas, posicionamento reto e caninos curvos.

Figuras 24

Vistas frontal e lateral de trabalho finalizado.

a b c

Figuras 25

Vistas lateral direita e frontal do sorriso - pós-operatório.

a b

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

116 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Page 117: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Figuras 26

Imagens faciais finais. Sorriso marcante e personalizado.

Ceramista - Adriano SchayderConsultoria de Visagismo - Galip Gurel e equipeDesenho Digital do Sorriso - Bráulio PaolucciFotografias Clínicas e Faciais - Galip Gurel

Fotografias Laboratoriais - Adriano Schayder Periodontia - Galip Gurel e equipe Protesista - Galip Gurel

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 117

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

a b

Page 118: Visagismo b.paolucci dental esthetic

5.1.7 Linhas complementares

Entende-se por linhas complementares o conjunto de linhas

imaginárias de união de estruturas24 que podem ser usadas

na elaboração da composição psicodentofacial como unidades

para reforço ou balanceio de intenção . São elas: linha de união

dos zênites gengivais, linha de união das ameias dentais e linha

de união das papilas gengivais. Seu uso é fundamental para dar

expressão ao conjunto anterossuperior, sendo muito aplicável

em próteses totais fixas ou removíveis e menos aplicáveis em

situações de dentição natural.

A linha de união dos zênites gengivais une o ponto mais alto

da curvatura da margem gengival das coroas dentárias dos

elementos anterossuperiores62. Seu formato pode ir do cônca-

vo invertido, relacionado a aspectos como tristeza, melancolia

e reserva, passando pela forma horizontal, expressando esta-

bilidade, ziguezague que expressa dinamismo, representando o

desenho médio para esse tipo de linha24 e convexa ascendente

expressando impulsividade e extroversão. Essa linha pode ser

trabalhada pela equipe através de cirurgia plástica gengival, e

na escolha adequada dever-se-á levar em consideração a for-

ma do arco, o biótipo periodontal e a vontade de expressão do

paciente76-80 (Figuras 20a e 20b).

A linha de união das papilas gengivais81 normalmente

se mostra um grande problema à equipe restauradora

pela dificuldade de seu manuseio. Normalmente depende

da forma do arco dental e do tipo de anatomia das coroas

dentais, sendo que coroas triangulares a configuram como

ascendente (média), Figura 21, coroas retangulares e qua-

dradas a configuram como reta ou até côncava invertida.

Essa linha marca a projeção do ponto de contato. Sua ex-

pressão é a mesma da LUZG.

Já a linha de união das ameias dentais é fortemente in-

fluenciada pelo formato de dentes escolhidos, sendo reta

para dentes retangulares, ascendente para triangulares

(média), Figura 22, e côncava invertida para ovais. Sua ex-

pressão é a mesma das demais linhas complementares

sendo mais percebida quanto à união entre a ameia medial

e ameias distais dos centrais em função do espaço negati-

vo, como proposto por Lombardi8.

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

118 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Page 119: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Figuras 20

(a) Linha de união de zênites em ziguezague conferindo dinamismo e movimento ao sorriso e (b) Linha de união de zênites invertida.

Figura 21

Linha de união de ameias gengivais.

Figura 22

Linha de união de ameias incisais.

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 119

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

a b

Page 120: Visagismo b.paolucci dental esthetic

5.1.8 Tipos de desenhos de sorriso e sua expressão visual

O arranjo formado pelos dentes anterossuperiores (for-

mato, posição no arco, proporção) juntamente com outros

elementos como lábios, linhas complementares e forma do

arco dental, compõe a mensagem não-verbal expressa pela

região oral6,8,21-23, 32,34,44,49,83-85.

No processo de composição de uma reabilitação esté-

tica, o primeiro passo é saber qual será a mensagem não-

-verbal expressa pelo conjunto; a partir daí, avaliar as con-

dições orais e verificar as reais possibilidades do uso dos

Arranjos Dentais

Forte

Dinâmico Suave

Plano

elementos visuais que expressem essa mensagem não-

verbal previamente discutida com o paciente e, então, usar

linhas, ângulos e formas apropriados na confecção do dese-

nho do sorriso86-87. O estudo e o conhecimento do significado

emocional desses elementos é o pré-requisito para começar

a desenhar.

As principais variações de desenhos de sorriso puros, ou

seja, compostos por um grupo específico de elementos com

o mesmo significado emocional são:

Obs.: deve-se considerar variações de acordo com sexo,

idade e raça.

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

120 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

b c

a d

Figuras 23

Diferentes tipos de desenho do sorriso.

Page 121: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Figuras 24

Desenho do sorriso forte

em dentições naturais. (a)

Mulher e (b) Homem.

5.1.8.1 Desenho forte

Composto por dentes anterossuperiores posicionados com

seus longos eixos perpendiculares ao plano horizontal, com

predominância visual de incisivos centrais retangulares e ca-

ninos com limite vestibular reto88. Apresentam simetria radial,

linha de união das ameias reta entre centrais e laterais, linha

de união dos zênites gengivais reta de canino a canino e plano

incisal reto entre centrais e caninos com laterais aquém des-

se plano, com o arco superior predominantemente retangular.

Numa vista oclusal, os incisivos se posicionam em linha reta em

relação a um plano vertical imaginário. É o desenho que expres-

sa visualmente as caracaterísticas do temperamento colérico.

Visualmente se harmoniza com rosto retangular, hexagonal de

base reta e quadrado (Figuras 24 e 25).

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 121

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

a b

Page 122: Visagismo b.paolucci dental esthetic

5.8.1.2 Desenho dinâmicoComposto por dentes anterossuperiores posicionados

com seus longos eixos ligeiramente inclinados para distal

com simetria radial discreta, linha de união dos zênites

angulada ou em ziguezague, linha de união das ameias as-

cendente a partir da linha média e plano incisal também

ascendente a partir da linha média. Os incisivos centrais

geralmente são triangulares ou trapezoidais com incisais

ascendentes a partir da linha média e os caninos possuem

seus limites vestibulares representados por uma linha reta

inclinada para medial, com o arco superior predominante-

mente triangular ou poligonal.

Dominância discreta de centrais; simetria radial discre-

ta. Numa vista oclusal, os incisivos se apresentam com suas

mesiais projetadas para a região anterior e distais levemen-

te voltadas para a região posterior. Visualmente traduz

características próprias do temperamento sanguíneo e se

harmoniza com os formatos de rosto hexagonal de lateral

reta, triangular invertido e o losangular (Figuras 24 a 26).

Figura 25

Desenho do sorriso dinâmico em dentições naturais. (a) Mulher e (b) Homem.

a b

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

122 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Page 123: Visagismo b.paolucci dental esthetic

5.1.8.3 Desenho suave

Composto por dentes posicionados com seus lon-

gos eixos retilíneos ou discretamente inclinados para

distal com simetria radial discreta, linha de união dos

zênites ascendente a partir da linha média em forma

de parábola, linha de união das ameias descendente a

partir da linha média e do plano incisal ascendente em

forma de parábola. As formas dos centrais, geralmen-

te, são ovalada88, laterais geralmente apresentam sua

incisal e ângulo distoincisal curvos e os caninos apre-

sentam seus limites vestibulares curvos e inclinados

para medial, com o arco superior predominantemente

oval. Numa vista oclusal os elementos anteriores se

apresentam bem alinhados em uma curva ou parábo-

la. Representa visualmente o temperamento melancó-

lico e se harmoniza com rosto oval (Figuras 24 a 27).

Figuras 26

Desenho do sorriso suave em dentições naturais. (a) Homem e (b) Mulher.

a b

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 123

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

Page 124: Visagismo b.paolucci dental esthetic

5.1.8.4 Desenho planoComposto por dentes anterossuperiores com

seus longos eixos perpendiculares ao plano horizontal,

com exceção do canino que às vezes se apresenta li-

geiramente rotacionado para lateral, dominância de

centrais em largura e não em altura, apresentando si-

metria horizontal ou corrente88, geralmente com dias-

tema entre dentes em um arco largo ou circular, linha

de união dos zênites gengivais tendendo a horizontal,

linha de união das ameias incisais reta ou interrompi-

Figuras 27

Desenho do sorriso plano em dentições naturais. (a) Mulher e (b) Homem.

b

da por diastemas. Os incisivos centrais tendem a qua-

drados e os caninos possuem seus limites vestibulares

curvos, com a forma do arco sendo circular largo. É o

desenho que melhor expressa visualmente característi-

cas do temperamento fleumático. E em termos se har-

moniza com os formatos de rosto quadrado e redondo

(Figuras 24 a 27).

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

124 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

a

Page 125: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Em pacientes do sexo masculino aos trinta anos de idade

a média de exposição é de 2,0 mm. Há estudos que cor-

relacionam as diferenças de exposição dental a diferenças

raciais. Dentes inferiores também apresentam uma exposi-

ção variante ao longo do avanço de idade. Isso ocorre por-

que com o passar dos anos a musculatura se expande e

contrai diariamente. Muitas vezes, algumas substâncias são

produzidas pelos tecidos para suportar esses movimentos,

tais como elastina e colágeno. Com o avanço da idade, a

produção dessas substâncias cai e as expansões muscu-

lares não são tão bem compensadas pelos tecidos moles.

Por isso o tecido que se expande não tem a mesma capa-

cidade de retornar ao nível inicial provocando um aumento

tecidual gradual, com aumento visível do filtro labial e, em

alguns casos, chegando a eversão do lábio superior. A ação

da gravidade colabora com o processo de tracionamento

para baixo desses tecidos pobres de elastina e colágeno.

Concomitante a esse processo há o encurtamento do com-

primento das coroas dentais pelo desgaste funcional, o que

colabora para menor exposição dos dentes anterossuperio-

res com lábios em repouso. Por esse motivo a pouca expo-

sição dental superior e o aumento da exposição de dentes

inferiores são percebidos como um sinal de envelhecimen-

to e há um forte desejo de pacientes para solucionar essa

impressão. O avanço da idade está relacionado à perda da

vitalidade e vigor físico, elementos fundamentais para a

reprodução e liderança de grupo; por isso os aspectos

visuais que denotam esse processo são compreendidos

como não atraentes e não desejáveis. Muitos tratamentos

podem ser realizados para reverter quadros visuais rela-

cionados ao envelhecimento e proporcionar bem-estar aos

pacientes. Uma dessas formas de intervenção é o aumen-

to da exposição dental superior pela restauração da parte

dental perdida no processo de desgaste sofrido ao longo da

vida; no entanto, em muitas situações pacientes jovens que

tiveram problemas de extrusão natural ou muita tonicidade

da musculatura labial podem apresentar tal quadro anties-

tético, o que justifica um aumento dental até a correta expo-

sição, o que pode ser feito pelo tracionamento ortodôntico

ou pela restauração do comprimento dental correto com

laminados cerâmicos ou resinas compostas. A associação

de procedimentos pode ser necessária em alguns casos.

Para o correto planejamento o profissional deve avaliar a

relação de proporção altura/largura para decidir que tipo

de intervenção procederá. A proporção altura/largura, em

incisivos centrais, considerada ideal, é de 80%24.

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 125

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

Page 126: Visagismo b.paolucci dental esthetic

REsumo

Paciente JPA apresentou-se para reabilitação oral com

ausência do elemento 21. O elemento 11 apresentava-se gi-

rovertido, o que deixava o espaço para o elemento 21 grande

demais para um só dente e estreito para dois. Além da perda

do elemento 21, o paciente apresentava perda de estruturas

óssea e gengival nessa região. Os demais elementos esta-

vam insatisfatórios do ponto de vista estético como laterais

curtos e estreitos e caninos e pré-molares com coloração

alterada. O desafio maior, no entanto, era resolver a distribui-

ção proporcional dos elementos anterossuperiores, de modo

a obter harmonia dentofacial.

A equipe restauradora realizou enceramento diagnóstico

para distribuir o espaço entre centrais e avaliar o quanto de

restauração dentogengival seria necessária para resolver a

perda de suporte. Após essa análise o caso estava pronto

para a reabilitação. Nesse momento a consultoria visagista

foi realizada para a determinação das formas dentais, haja

vista que a posição das bordas incisais estava estabelecida

pelo plano incisal, determinado pelo plano oclusal dos dentes

posteriores. Na consultoria, o paciente demonstrou compor-

tamento tranquilo e reservado, comunicação calma e serena,

grande estabilidade emocional e mencionou que considera

como pontos fortes de sua personalidade a palavra, a honra

pessoal, ação objetiva e persistente e o respeito pelos outros.

Suas características faciais apresentavam-se dominadas por

traços retilíneos, com formato do rosto retangular tendendo

ao quadrado. Gostaria que seu desenho do sorriso tivesse al-

guma relação com essas qualidades de personalidade e tra-

Caso 4

ços faciais. Portanto, tais características podem ser en-

contradas em pessoas com temperamentos dominantes

coléricos e fleumáticos, ambos caracterizados por linhas

retas horizontais (fleumático) e verticais (colérico). Em ter-

mos de desenho do sorriso tais características seriam

expressas por um desenho plano (ver Capítulo Composi-

ção), dentes quadrados com incisais retas, e dominância

de centrais em largura, caninos fortes e curtos.

O diastema é muito comum em desenhos de sorriso

planos e por esse motivo foi adicionado à reabilitação final.

Um novo enceramento foi realizado e provado diretamen-

te na boca, para que imagens extraorais fossem tiradas

objetivando verificar a harmonia entre esse desenho de

sorriso com a face. Sua reabilitação representou um desa-

fio para os técnicos por trabalharem tanto com laminados

cerâmicos puros em praticamente todos os dentes exceto

no elemento 21, em que foi realizada prótese metalocerâ-

mica com cerâmica gengival. Considerando-se a idade do

paciente, os elementos foram confeccionados com uma

cor mais saturada A4, e a exposição dental com a boca

em repouso ficou reduzida para que o trabalho, além de

respeitar os princípios de harmonia e estética, também

respeitasse a personalidade e a idade do paciente.

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

126 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Page 127: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Figuras 1

Imagens faciais. Vista frontal - pré-operatório.

a b c d

Figura 2

Eixos faciais

de referências

horizontal e vertical.

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 127

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

Page 128: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Figura 3

Imagem intraoral dos

dentes anterosuperiores com

fundo negro -- pré-operatório.

Figuras 4

Análise do espaço.

a b

a b

Figuras 5

Análise da proporção dental.

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

128 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Page 129: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Figura 6

Espaço largo para

um dente e estreito para

dois dentes.

Figuras 7

Enceramento diagnóstico.

a b c

Figuras 8

Enceramento pronto.

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 129

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

Page 130: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Figura 9

Sorriso com mock-up.

Figura 10

Mock-up vista intraoral com fundo negro - vista frontal. Mock-up com formas dentais arredondadas.

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

128 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Page 131: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Figuras 12

Novo enceramento realizado de acordo

com a entrevista visagista.

Figuras 11

Tomada de cor.

a

a b c

Figuras 13

Enceramento posicionado diretamente em boca.

a

b d

b

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 129

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

c

Page 132: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Figura 16

Caso finalizado -

aspecto intraoral.

Desenho do

sorriso plano.

Figuras 14

Análise da harmonia dentofacial obtida com novo desenho de sorriso (prova do enceramento direto na boca).

a b

Figuras 15

Confecção das

cerâmicas seguindo

o último enceramento

como guia.

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

130 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

a b c

Page 133: Visagismo b.paolucci dental esthetic

a c

Figuras 17

Face com trabalho finalizado. Observar a perfeita harmonia dentofacial com novo desenho do sorriso (desenho de sorriso plano).

Figura 18

Exposição dental correta para

sexo e idade do paciente

(aproximadante 1,0 mm).

Material Clínico Foi utilizado pastilha LT. Recorte de borda incisal de 1 mm sobre substrato na cor A4. Foi aplicado e.max.

Ceramistas - Juvenal de Souza Neto - Prótese Dentogengival, Joinville/SC; Jorge Alberguine - Laminados e Lentes, São Paulo/SP; André Luís Tome dos Santos - enceramento,São Paulo/SPConsultoria de Visagismo - Bráulio PaolucciFotografias Clínicas e Laboratoriais - Fernando Pastor Implantodontista - Carlos DinizProtesista - Fernando Pereira Pastor

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 131

Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

b

Page 134: Visagismo b.paolucci dental esthetic

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Capítulo 5 Linguagem visual artística aplicada ao desenho do sorriso

134 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Page 137: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Capítulo 6 A Consultoria

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 135

Consultoria6.1 Conceito

O trabalho da equipe visagista começa com uma entrevis-

ta com o paciente chamada por Philip Hallawell de consulto-

ria. É nessa consultoria que o profissional poderá aprofundar

seu conhecimento acerca do ser humano por trás daquela

boca a ser tratada. A consultoria objetiva definir “aquilo” a ser

realizado pela equipe em termos de desenho de sorriso e sua

expressão1-3. Um sorriso deve expressar visualmente carac-

terísticas da identidade pessoal do paciente, tais como seu

temperamento, comportamento e seu estilo de vida, devendo

revelar características autênticas individuais e não criar uma

máscara ou persona, que representaria a maneira como a

pessoa gostaria de ser ou ser percebida pelos outros4.

De um trabalho odontológico geralmente se espera lon-

gevidade. De modo que não se pode ficar mudando os dentes

de acordo com as circunstâncias ou momentos de vida e, por

este motivo, a reabilitação deve ser fiel às características ou

qualidades interiores de uma personalidade. O paciente deve

ser esclarecido que a evidenciação, através de linhas e for-

mas, de características não autênticas poderá alterar seu

comportamento com o tempo de maneira não controlada,

podendo trazer mais prejuízos que benefícios.

A consultoria se inicia com a análise de traços físicos5-6,

modo de andar, sentar, tom de voz e postura seguidos de uma

análise comportamental, onde se avalia como a pessoa se

porta diante de variadas situações cotidianas. Por fim, avalia-

se estilo de vida, necessidades pessoais e profissionais, dese-

jos e preferências pessoais. Ao fim do processo o profissional

deverá ter um entendimento do tipo temperamental de seu

paciente, quais seriam as dificuldades vividas por ele e suas

necessidades pessoais, para então orientar esse paciente na

definição de sua vontade de expressão, que será o guia para

a utilização das variadas linhas e formas nas unidades orais

componentes do desenho de sorriso final. A consultoria ajuda

o paciente a refletir sobre si e identificar o que gostaria de ex-

pressar visualmente (de suas qualidades) através de seu sor-

riso. A pergunta final ao paciente seria: o que você gostaria de

expressar de si pelo seu sorriso? A vontade de expressão do

paciente deverá estar de acordo com sua identidade pessoal,

ou seja, a maneira como essa pessoa se percebe interiormen-

te, de maneira que o sorriso expresse visualmente algo verda-

deiro ou autêntico, respeitando os princípios de harmonia e

estética e, portanto, revele a beleza pessoal.

Profissionais da Odontologia Estética que direcionam seus

trabalhos em configuração visual, orientando seus técnicos

sobre o tipo de formatos a serem utilizados nos casos, geral-

mente o fazem seguindo sua intuição, o que nem sempre coin-

ABráulio Paolucci, Philip Hallawell

Page 138: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Capítulo 6 A Consultoria

136 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

cide com aquilo que o paciente imaginava como ideal7-9; por

isso em alguns casos o resultado final fica bom aos olhos do

profissional e desagrada ao cliente e, na maioria das vezes, a

causa da insatisfação se torna difícil de ser identificada. A con-

sultoria objetiva minimizar essas ocorrências especificando

melhor os desejos e as expectativas dos pacientes e tornando

consciente o processo de construção visual do desenho do

sorriso por parte dos profissionais, que como demonstrado

no Capítulo Desenho Digital do Sorriso, pode ser simulado no

computador e discutido com o paciente previamente à exe-

cução final.

6.2 Temperamentos

Considera-se que a personalidade de um indivíduo seja

constituída principalmente de dois componentes: um de ori-

gem genética10, relacionado à árvore genealógica do indivíduo

e o outro formado ao longo dos anos através da educação,

influências culturais e experiências de vida. Os aspectos for-

mados a partir da educação e experiências pessoais tendem

a controlar a manifestação das tendências genéticas.

De maneira geral, as tendências genéticas podem se ma-

nifestar em uma personalidade mediante condições favorá-

veis ou não se manifestar mediante repressões ou ambientes

desfavoráveis durante o período de formação e consolidação

desta10. O resultado disso é que muitas vezes o indivíduo ape-

sar de possuir uma genética favorável a um predomínio de

características comportamentais ligadas à força, pode apre-

sentar uma personalidade adulta submissa e apática por ter

tido experiências repressoras e/ou traumáticas ao longo do

seu desenvolvimento.

Como demonstrado no Capítulo Identidade, Personalidade

e sua Relação com a Imagem, algumas correntes da psicolo-

gia consideram que após a conclusão da formação de uma

personalidade não será mais possível promover alterações

em sua estrutura, mas pode-se conseguir que alguém como

do exemplo acima, que possua tendências genéticas a um

comportamento forte e impositivo e apresente comporta-

mento dissociado disso, consiga manifestá-las em seu com-

portamento após um tratamento psicológico que investigue e

trate as causas para o distanciamento de sua natureza.

O temperamento, segundo algumas correntes de pensa-

mento, se relacionaria aos componentes genéticos de uma

personalidade.

No Visagismo procurar-se-á investigar, a partir das estru-

turas formadoras da face, quais as possíveis tendências tem-

peramentais do paciente, sua manifestação ou não em seu

comportamento e qual o impacto prático disso em sua vida.

A equipe visagista avaliará junto ao cliente a possibilidade

de expressar características pessoais autênticas em sua ima-

gem pessoal pelo uso das linhas e formas adequadas, median-

te a autorreflexão desse sobre os impactos dessa mudança

em sua vida. Uma imagem pessoal transformada poderá alte-

rar a maneira como uma pessoa é percebida e tratada pelas

pessoas de seu convívio e isso resultar em mudanças com-

portamentais. Por esse motivo alterações de imagem pessoal

realizadas na face devem ser bem avaliadas por parte da equi-

pe de profissionais. A forma prática para essa avaliação seria

a consultoria de imagem4.

Existem muitas teorias sobre os temperamentos huma-

nos. Algumas datam de tempos antigos, como a teoria grega

(de Hipócrates), a chinesa e a hindu4. Há também algumas

atuais como a classificação tipológica de Jung. É importante

esclarecer que qualquer classificação de tipos psicológicos é

imprecisa pois cada ser é único e os sistemas de classificação

tendem a criar generalizações. No entanto, uma organização

se faz necessária para orientar o profissional que atuará na

construção da imagem pessoal, pois como já mencionado,

essa imagem afeta profundamente o indivíduo nas esferas

emocional, psicológica e comportamental e um certo conhe-

cimento de aspectos psicológicos do paciente se faz neces-

sário. A equipe visagista não precisará de um conhecimento

Page 139: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Capítulo 6 A Consultoria

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 137

aprofundado sobre a personalidade de seus pacientes, mas

precisará saber quais as principais características positivas

e negativas de sua personalidade e os sistemas de classifica-

ção de temperamentos constituirão um guia confiável para

facilitar a obtenção dessas respostas como proposto por um

pesquisador em seu método de consultoria4.

Neste trabalho será utilizada a classificação tempera-

mental de Hipócrates, a mais antiga do Ocidente, que por

classificar os temperamentos em quatro tipos principais,

facilita a sua associação com os quatro tipos básicos de

linhas e de formas.

6.3 Hipócrates e os quatro temperamentos

Para aquele que é considerado o “pai” da Medicina, o ser

humano seria uma mistura única entre quatro tipos tem-

peramentais distintos. Um tipo temperamental represen-

taria uma conjunção de características comportamentais

e existenciais afins11. Seriam os tipos colérico, sanguíneo,

melancólico e fleumático. O temperamento geral de cada

indivíduo seria constituído por uma somatória entre suas

tendências comportamentais em aspectos distintos de sua

personalidade, sendo que de modo geral um ou dois des-

ses tipos geralmente se apresentam como dominantes em

uma personalidade como um todo.

O tipo colérico apresenta grande força intelectual, com

grande capacidade de se concentrar, em geral tem sua opi-

nião própria bem definida sobre as coisas e para ser conven-

cido a mudar de opinião precisa de argumentos bem funda-

mentados. Sua maneira de pensar na maioria das vezes é

associada à praticidade e objetividade. Emocionalmente tende

a ser muito intenso, embora manifeste com discrição seus

sentimentos. É fiel e leal às pessoas com quem convive e que

admira, abominando a traição. Suas ações são objetivas e di-

retas. É persistente naquilo que se propõe a fazer, a determi-

nação é marcante em suas ações. Geralmente lida bem com

a pressão. Sua comunicação é direta e sem meias voltas, sen-

do considerado franco e transparente. Em geral impõe suas

vontades aos outros, tendo grande capacidade de liderança.

Gosta de mandar e não gosta de ser retrucado. Entre seus

atributos negativos pode-se relacionar a intolerância, autorita-

rismo e tendência dominadora. Na raiva tende a ser impiedo-

so e explosivo podendo apresentar comportamento violento.

Tende a ser teimoso e a não se importar com a opinião alheia.

Pode ser vaidoso e orgulhoso. Seu porte é forte com ossos e

músculos bem definidos, seu andar é firme assim como seus

gestos. A postura da cabeça é ereta ou inclinada para trás.

O tipo sanguíneo geralmente é muito criativo, curioso e

efervescente de ideias, pensa rápido. Emocionalmente pode

ser instável e transparente, mas não tem tendência a guardar

mágoas. Seu comportamento tende a ser extovertido, alegre

e brincalhão. Seu ritmo de vida é muito dinâmico e energético,

podendo se envolver com várias atividades ao mesmo tempo.

Tende a ser impetuoso e a correr riscos. De modo geral apre-

cia esportes ou atividades de risco. Pode ser grande empreen-

dedor. Na comunicação tende a ser muito falante, expressivo,

sendo o centro das atenções. Lida bem com os outros pelo

seu jeito descontraído e expansivo. Não apresenta tendência

de impor sua vontade aos outros, negociando-a. Como ca-

racterísticas negativas pode ser inconstante, desorganizado

e pouco perseverante. Pode agir sem foco. Sua extroversão

pode torná-lo inconveniente. Sua estrutura física geralmente

é atlética e/ou magra. Anda de maneira rápida e energética.

Tem tendência a gesticular bastante.

O tipo melancólico tende a ser introspectivo, lógico, analíti-

co e organizado. Emocionalmente tende a ser muito sensível

e reservado na manifestação das emoções. Sua ação geral-

mente é persistente, detalhista, perfeccionista e organizada.

É tímido e discreto na comunicação. Geralmente dá rodeios

para tratar de assuntos que considera delicado. Tende a ma-

nipular para conseguir impor sua vontade. Como característi-

cas negativas o tipo melancólico pode se apresentar ansioso,

Hipócrates

Page 140: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Capítulo 6 A Consultoria

138 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

sistemático e exageradamente perfeccionista. Sua timidez

na manifestação emocional pode torná-lo frio e antipático

aos olhos de outras pessoas. Em geral pode apresentar-se

conservador e controlador em excesso. Sua estrutura física

tende a apresentar-se magra e longilínea. Seu andar é lento,

cuidadoso e elegante. Sua postura geralmente é ereta. Seus

gestos delicados e precisos.

O tipo fleumático apresenta-se como muito estável em

seus pensamentos, sendo conservador e apreciando a se-

gurança. É o mais místico e religioso dos tipos. A diplomacia

Representação dos temperamentos.

(a) Sanguíneo; (b) Colérico; (c) Fleumático; e (d) Melancólico.

a b c d

seria uma característica marcante desse tipo. Emocional-

mente se caracterizaria como calmo, tranquilo e dificilmente

se desequilibraria. Sua ação e ritmo de vida são marcados

pela lentidão e apatia. Sua comunicação tende a ser cautelo-

sa e equilibrada, procurando agradar as pessoas com quem

convive. Não apresenta tendência a impor-se, aceitando tran-

quilamente situações e condições impostas pelo meio. Como

fraquezas geralmente apresenta a apatia, o conformismo e o

comodismo. Pode ser vago e submisso. Seu físico apresenta

tendência a ser gordo. Seu porte é relaxado e seu andar ar-

rastado. Expressa-se com poucos gestos. Ilu

straç

ão: P

hilip

Hal

law

ell

Page 141: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Capítulo 6 A Consultoria

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 139

6.4 Relação entre temperamentos, formas geométricas e cor

Os temperamentos representam uma conjuntura de carac-

terísticas comportamentais afins, de modo que pode-se asso-

ciá-los às expressões de linhas, formas e cores (os arquétipos

geométricos fundamentais). Geralmente as características do

temperamento colérico estão associadas a força, imposição,

estabilidade, intensidade e determinação, características que

se identificam com a expressão das linhas retas verticais e ho-

rizontais, especialmente a vertical. As formas básicas forma-

das por linhas retas verticais e horizontais são o quadrado e

o retângulo e, por este motivo, essas são as formas que mais

se aproximam da expressão do temperamento colérico. A cor

vermelha é a cor que expressa visualmente intensidade e força

e, assim, caracteriza o temperamento colérico.

O temperamento sanguíneo geralmente está associado a

características como extroversão, dinamismo, comunicabilida-

de, ação e está relacionado à expressão da linha diagonal. O

triângulo e os hexágonos seriam as formas típicas relaciona-

das a esse temperamento. O amarelo é a cor primária que

expressa vibração, energia, movimento e leveza e se identifica

com esse temperamento.

TEMPERAMENTOS / LINHAS / FORMASColérico: linha reta vertical - força, poder - RETÂNGULO

Sanguíneo: linha inclinada - dinamismo, extroversão, comunicação - TRIÂNGULO

Melancólico: linha curva - suavidade, abstração, delicadeza - OvAL

Fleumático: linha horizontal - tranquilidade, paz, passividade - QUAdRAdO OU CíRCULO

QUATRO FORMAS báSICAS

Sensibilidade, suavidade, delicadeza, elegância e capaci-

dade de abstração são características do temperamento

melancólico que encontram sua expressão nas linhas cur-

vas, lemniscatas e o formato oval. A cor azul se caracteriza

por expressar frieza, racionalidade, equilíbrio e se identifica

com esse temperamento.

Já o temperamento fleumático representa um conjunto

de características ligadas à estabilidade, tranquilidade, calma,

equiíbrio, conservadorismo e a diplomacia entre outras que

se identificam com a expressão da linha reta horizontal e por

formas que pelo equilíbrio entre altura e largura sugerem es-

tabilidade e monotonia como o quadrado e o círculo. Sua cor

é o roxo ou violeta.

Quadrado Círculo

Kandinsky W. Ponto e linha sobre o plano. São Paulo: Martins Fontes; 1997.

Triângulo Lemniscata

Page 142: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Capítulo 6 A Consultoria

140 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

6.5 Face e sua relação com aspectos de uma personalidade

O V isagismo se fundamenta no conceito de que a face ex-

pressa visualmente a identidade de uma pessoa4,12-13. É atra-

vés da face que o indivíduo se reconhece como pessoa e é re-

conhecido pelos outros. Como observa Hallawell: “o rosto é a

materialização do ser de uma pessoa, e é no espelho que uma

pessoa constrói seu senso de identidade visual a partir de uma

certa idade na infância” (ver Capítulo Identidade, Personalidade

e sua Relação com a Imagem).

A correlação entre aspectos faciais e tendências de tem-

peramento figura como objeto de estudos desde civilizações

antigas. Estudos mais recentes como a morfopsicologia14-15

procuram evidenciar à luz da ciência a correlação entre aspec-

tos físicos ou morfológicos e particularidades psicológicas16.

A análise facial é o primeiro passo da consultoria proposta

por Hallawell, onde a equipe procurará investigar o formato de

rosto e das feições, sua representação temperamental e sua

manifestação no comportamento do indivíduo. É pela análise

facial que o profissional obterá uma ideia sobre a tendência in-

dividual para o predomínio de determinado temperamento, que

deverá levar em consideração também as observações dadas

pelo próprio paciente.

Terço Superior Intelecto

Emoção

Ação e Ritmo de vida

Expressão,Intuição e Sexualidade

Vontade

Terço Médio

Terço Inferior

Na análise facial os profissionais devem iniciar pela identifi-

cação do formato do rosto do paciente, que geralmente está

associado ao temperamento dominante. O visagismo trabalha

com nove formatos básicos de rosto que se relacionam aos

temperamentos de acordo com os tipos de linhas de sua con-

figuração como será demonstrado adiante. Os profissionais

também devem levar em consideração a divisão da face em

terços e a investigação da proporção entre esses. Alguns ter-

ços devem ser subdivididos em partes que se relacionam com

aspectos específicos da personalidade, como se segue:

6.5.1 Análise do formato do rosto

São nove os formatos básicos de rosto: oval, redondo,

quadrado, retangular, triangular, triangular invertido, lo-

sangular, hexagonal com lateral vertical e hexagonal com

base horizontal17.

O formato de qualquer coisa é percebido quando se

compara o espaço ocupado pelo objeto, chamado de es-

paço positivo, com o espaço vazio ao seu redor, chamado

de espaço negativo. Para conseguir perceber o formato do

rosto é preciso seguir, visualmente, os contornos do rosto,

observando os espaços ao seu redor e ignorando o rosto

em si e suas feições. A observação começa pelo ponto exte-

rior do arco zigomático, com o olhar percorrendo a linha ex-

terior do rosto, até o ângulo da mandíbula18. Essa linha será

curva, verticalmente reta, inclinada em direção ao queixo ou

inclinada para fora do rosto. Em seguida o formato do quei-

xo é observado, seguindo o ângulo da mandíbula até a ponta

do queixo, o mento. Finalmente, observa-se as linhas que

contornam a testa e os formatos que estas determinam.

O ângulo da mandíbula não aparece nos rostos ovais

e redondos, caracterizados por uma linha curva do arco

zigomático até o queixo, e nos triangulares invertidos e lo-

sangulares, caracterizados por uma linha inclinada, do arco

zigomático até o mento.

No rosto oval, a largura é igual ao tamanho do queixo

até as sobrancelhas. No rosto redondo, a largura é maior e

é igual à distância entre o queixo e o meio da testa. O rosto

oval indica que a pessoa tem atributos melancólicos domi- Foto

:isto

ckph

oto

Page 143: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Capítulo 6 A Consultoria

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 141

nantes ou muito fortes, porque expressa suavidade. O re-

dondo é associado a pessoas essencialmente fleumáticas,

porque expressa imobilidade e acomodação. Os mentos

desses formatos são arredondados.

A diferença entre o rosto losangular e o triângulo inver-

tido é que o losangular se inclina no arco zigomático, em

direção à testa, formando um ângulo no arco zigomático,

enquanto a linha lateral do rosto triangular invertido conti-

nua subindo, formando uma testa larga. As linhas inclinadas

do rosto losangular expressam muito dinamismo, por isso

indica que a pessoa seja essencialmente sanguínea. O tri-

ângulo invertido é um formato instável, mas flexível. Expres-

sa características melancólicas e sanguíneas. Os mentos

desses formatos são triangulares. A linha lateral vertical ou

quase vertical indica que o formato do rosto é quadrado,

retangular ou hexagonal com lateral reta.

Nos rostos retangulares e quadrados o ângulo da man-

díbula se situa abaixo da linha da boca. A base raramente

é absolutamente reta. Pode ser levemente arredondada ou

triangular. Por isso pode ser confundido com os formatos

redondo, oval e hexagonal de lateral reta. O rosto retangu-

lar, por conter linhas retas, indica que o temperamento do-

minante seja o colérico. No entanto, se o rosto for muito

estreito e longo, isso indica que o temperamento dominante seja

o melancólico. O rosto quadrado, apesar da força das linhas retas,

é imóvel e regular, o que sugere que a pessoa seja predominante-

mente fleumática.

Quando o ângulo da mandíbula se situa na altura da boca, a

linha lateral do rosto será vertical e o queixo será formado por um

triângulo, o que caracteriza o rosto hexagonal de lateral reta. É um

rosto dinâmico e está associado ao temperamento sanguíneo.

Assim como os formatos retangulares e quadrados, o ângulo

da mandíbula do formato hexagonal de base reta também se situa

abaixo da boca e a base raramente é absolutamente reta. Pode

ser confundido com o retangular, o quadrado ou o redondo, mas

diferente desses, a lateral do rosto é angular, formada por linhas

inclinadas, fazendo com que o arco zigomático seja protuberante,

igual ao do rosto losangular. Esse formato expressa característi-

cas coléricas e, com intensidade menor, sanguíneas.

No rosto triangular a base é mais larga do que o topo, portanto

a linha lateral se inclina do ângulo da mandíbula, que se situa abaixo

da linha da boca, para dentro do rosto, até a testa. Pessoas que têm

esse tipo de rosto geralmente são fortemente coléricas.

As testas geralmente acompanham a parte inferior do rosto.

Portanto, as linhas que contornam as testas de rostos redondos e

ovais são arredondadas. Observada de frente a testa terá formato

de meia lua. Nos rostos retangulares e quadrados essas linhas

Formato de rosto oval e formato de rosto redondo.

Formato de rosto retangular: (a) retangular estreito (b) retangular largo.

a b

Ilustr

açõe

s: P

hilip

Hal

law

ell

Page 144: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Capítulo 6 A Consultoria

142 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

são retas, formando testas retangulares. As testas dos rostos

hexagonais, triangulares e losangulares geralmente são trape-

zoides. O formato da testa do rosto triangular invertido é um

trapézio invertido.

6.6 Temperamentos e sua manifestação morfológica. Os “tipos puros”

O indivíduo que apresentasse características pessoais mar-

cantes relacionadas à força, liderança, objetividade ou praticidade,

intensidade e estabilidade emocional, ação persistente, expres-

são direta, sem meias voltas e vontade própria forte e impositiva,

provavelmente apresentaria como dominante o temperamento

colérico. Sua intensidade, força e estabilidade emocional o relacio-

nam automaticamente com as linhas retas, especialmente a reta

vertical e as formas que expressam tais características seriam

o retângulo e o quadrado. Em termos faciais esse indivíduo apre-

sentaria formato de rosto retangular ou quadrado com feições

caracterizadas por linhas retas como se segue: testa reta numa

visão lateral, mandíbula marcante com mento reto e projetado

visto lateralmente, olhos e sobrancelhas retilíneos, lábios expes-

sos, nariz largo, zigomáticos bem desenvolvidos e marcados e no

ambiente intraoral apresentaria o desenho de sorriso forte19. Já

aquelas pessoas que se identificassem com pensamento efer-

vescente, criatividade, impulsividade, instabilidade emocional,

ação muito dinâmica e às vezes desfocada, comunicação vi-

brante, e negociassem a imposição de sua vontade tenderiam

a apresentar o temperamento sanguíneo como dominante.

Toda a sua agilidade, extroversão e dinamismo seriam expres-

sos por traços faciais compostos por linhas inclinadas. Seu

formato de rosto seria triangular invertido ou hexagonal com

preferência ao hexagonal de lateral reta. Suas características

faciais seriam inclinadas, tais como testa inclinada para trás

quando vista de lado, olhos amendoados, nariz pronunciado,

boca grande e mento com formato triangular. O seu desenho

de sorriso seria o dinâmico.

Características como introspecção, discrição, elegân-

cia, apreciação de conteúdos culturais e artísticos, sensi-

bilidade emocional forte, ação sistemática, organizada e

perfeccionista, expressão tímida e tendência a manipular

para impor sua vontade provavelmente apresentariam o

temperamento melancólico como dominante.

Seu formato de rosto mais provável seria o oval e seus tra-

ços faciais seriam marcados pela delicadeza e linhas curvas.

Sua testa provavelmente se apresentaria curva, tanto numa vis-

ta frontal quanto de perfil onde se apresentaria também longa,

Formato de rosto hexagonal de lateral vertical ou reta e formato de rosto losangular.

Formato de hexagonal de base reta e triangular ou “pêra”.

Page 145: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Capítulo 6 A Consultoria

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 143

seus olhos poderiam ser arredondados ou levemente caídos,

seu nariz curto e de ponta fina ou longo e adunco, sua boca

seria pequena, com lábios finos ou em forma de cupido, seu

mento seria curvo e delicado, podendo se apresentar retraído

em uma vista lateral. O desenho de sorriso que expressaria tais

características seria o suave.

O temperamento fleumático geralmente apresenta como

características comportamentais aquelas relacionadas a esta-

bilidade intelectual e emocional, ação lenta e cuidadosa, expres-

são verbal suave, com muita cautela e ponderação nas palavras

e tendência a aceitar a vontade alheia com mais facilidade que

os demais temperamentos. Seu formato de rosto mais prová-

vel seria o quadrado ou circular e suas feições seriam espaça-

das com grande abertura no sentido horizontal, tais como testa

larga e curta, olhos espaçados, redondos e/ou cerrados com

pálpebras pesadas, o que lhe conferiria ar de cansado, nariz

bem largo, boca ampla com lábios apresentando pouca tonici-

dade, mento largo e ligeiramente retraído numa vista lateral.

Seu desenho de sorriso típico seria o plano.

6.7 Definição da intenção ou vontade

de expressão

O último passo da consultoria e também o mais impor-

tante é a definição da intenção do paciente ou sua vontade

de expressão4. Após a análise facial e a constatação de suas

correspondências psicocomportamentais, a equipe profis-

sional terá uma melhor ideia sobre as características mais

importantes da personalidade do paciente em suas esferas,

intelectual, emocional, de ação, comunicação e imposição da

vontade e, portanto, terá um quadro psicológico mais detalha-

do a respeito do paciente apesar de não profundo. Nesse mo-

mento é fundamental evitar pensar em soluções visuais antes

que o próprio paciente indique o caminho. O profissional terá

o compromisso de orientar o paciente a refletir sobre as ca-

racterísticas apresentadas (positivas e negativas) e a manei-

ra como elas o afetam em sua vida, de modo que esse deva

concluir a respeito de quais características gostaria de evi-

denciar em seu desenho de sorriso e quais gostaria de evitar.

Quando o paciente diz com precisão aquilo que percebe em si

como mais forte e determinante e que gostaria de expressar,

é o momento em que se considera terminada a consultoria

e passa a ser de responsabilidade do profissional transferir

essa vontade de expressão para o desenho do sorriso.

Portanto, o objetivo final da consultoria seria o de identificar

uma ou mais características positivas marcantes (autênticas)

que o paciente gostaria de expressar visualmente. Sabendo

disso o profissional usará dos elementos básicos de linguagem

visual aplicados sobre as condições orais preexistentes (unida-

des) respeitando os fundamentos de harmonia e estética. Des-

sa maneira revelar-se-á a beleza do sorriso.

Os casos clínicos a seguir exemplificarão a aplicação da

vontade de expressão dos pacientes no desenho do sorri-

so de reabilitações estéticas pouco invasivas, respeitando

as possibilidades e inviabilidades impostas pelas condições

orais preexistentes.

Formato de rosto triangular invertido.

Ilustr

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hilip

Hal

law

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Page 146: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Capítulo 6 A Consultoria

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6.8 Referências

Page 147: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Capítulo 7 Desenho digital do sorriso: do plano de tratamento à realidade clínica

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 145

Christian Coachman, Andrea Ricci, Marcelo Calamita, Livio Galias Yoshinaga

7.1 Introdução

Com a demanda crescente por tratamentos altamente

personalizados na Odontologia Estética contemporânea, tor-

na-se fundamental incorporar ferramentas que possam am-

pliar nossa visão diagnóstica, melhorar a comunicação entre

os membros da equipe e criar sistemas previsíveis durante o

processo de desenho do sorriso e tratamento.

Para se obter resultados consistentes, o planejamento das

restaurações deve ser definido assim que os dados de diag-

nóstico forem obtidos, orientando as fases subsequentes da

reabilitação1. Cada trabalho artístico requer uma visualização

inicial: na arquitetura, escultura ou pintura é necessário fazer

uso de projetos, esboços ou protótipos. São representações

bi ou tridimensionais do resultado final e, depois de terem sido

desenvolvidas, irão guiar os processos de construção, dese-

nho e modelagem. Da mesma forma, na Odontologia, todas as

necessidades, expectativas, e questões funcionais e biológicas

dos pacientes devem ser cientificamente incorporadas no de-

senho estético do tratamento, que deve servir como referên-

cia para todo o resto do procedimento2-10.

O objetivo deste Capítulo é apresentar um conceito singu-

lar do desenho digital do sorriso em duas dimensões (DDS),

que fornecerá parâmetros importantes para guiar um ence-

ramento diagnóstico tridimensional efetivo.

O DDS é baseado no uso de ferramentas digitais de alta

qualidade – estáticas e dinâmicas – que são consideradas

essenciais para análise, documentação e comunicação na

Odontologia Estética contemporânea11 e que também po-

dem ser usadas como base para realização de uma série

de procedimentos diagnósticos, incorporando dados cru-

ciais no processo do plano de tratamento.

7.2 Razões efetivas para o uso

do desenho digital do sorriso

7.2.1 Diagnóstico

O desenho digital do sorriso permite a descoberta gra-

dual de muitos fatores clínicos envolvidos num caso restau-

rador simples ou complexo que podem passar desperce-

bidos durante o exame clínico, na avaliação fotográfica ou

nos modelos de estudo. O desenho das linhas e formas de

referência sobre imagens de alta qualidade na tela do com-

putador, seguindo-se um roteiro predeterminado, ampliará

a visão diagnóstica e ajudará à equipe a ponderar as limita-

ções e os fatores de risco, como assimetrias, desarmonias

e violações aos princípios estéticos. Uma vez identificado o

problema e visualizada a solução, simplifica-se a seleção da

técnica apropriada.

O protocolo para o desenho digital do sorriso admite

a comunicação efetiva entre os membros da equipe inter-

disciplinar, incluindo o técnico de laboratório. Os membros

da equipe podem identificar e ressaltar as discrepâncias

na morfologia dos tecidos moles e duros, discutindo sobre

imagens ampliadas as melhores soluções possíveis para o

caso. Cada membro da equipe pode adicionar informações

diretamente nos slides, escrever ou fazer o registro vocal

simplificando ainda mais o processo. Com o armazenamen-

to destes planejamentos “nas nuvens”, outros membros da

equipe podem acessar estas informações sempre que pu-

derem, mudando ou adicionando novos elementos durante

as fases de diagnóstico e tratamento.

Como o uso do desenho digital do sorriso pode tornar

o diagnóstico mais efetivo e o plano de tratamento mais

Desenho digital do sorriso: do plano de tratamento à realidade clínica

Page 148: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Capítulo 7 Desenho digital do sorriso: do plano de tratamento à realidade clínica

146 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

completo, o tempo necessário para sua implantação será

resgatado, deixando a sequência de tratamento mais lógica

e direta, poupando tempo, materiais e reduzindo o custo du-

rante o tratamento.

7.2.2 ComunicaçãoA literatura tem ressaltado a importância do desenho

do sorriso, embora seja vaga em relação ao responsável

pela sua realização. Podemos ver a importância da reunião

dos dados diagnósticos pelos checklists4,7,12-13; entretanto,

muitas informações podem ser perdidas se o significado

real não for transferido de forma adequada ao desenho da

reabilitação.

Tradicionalmente o desenho do sorriso é materializado

primeiro pelo técnico de laboratório, quando realiza o encera-

mento restaurador, criando formas e arranjo, conforme as in-

formações restritas, seguindo algumas diretrizes escritas ou

passadas pelo cirurgião-dentista ao telefone como: “aumente

2 mm”, “feche o diastema” etc. Desta forma, muita responsa-

bilidade é colocada sob os ombros do técnico(a), porque, mui-

tas vezes, não possui as informações necessárias para rea-

lizar a tarefa. Desta forma, perde-se a oportunidade de criar

um sorriso que satisfaça totalmente o paciente.

Quando o coordenador ou outro membro da equipe res-

tauradora que está em contato direto e tem empatia com o

paciente e assume a responsabilidade pelo desenho do sorriso,

os resultados podem ser melhores, já que o profissional pode

incorporar certas preferências pessoais ou características

morfopsicológicas10,14. Assumindo esta responsabilidade, o ci-

rurgião-dentista pode comunicar diretrizes importantes para o

enceramento, como as recomendações sobre o comprimento,

forma, arranjo e nível do plano oclusal, baseado nas imagens.

As desculpas para que o cirurgião-dentista não participe

diretamente do desenho do sorriso são muitas, como o tempo

ou o treinamento necessário.

Para um DDS bidimensional, o técnico será capaz de reali-

zar um enceramento tridimensional mais eficaz, concentrando-

se no desenvolvimento das características anatômicas dentro

dos parâmetros especialmente fornecidos, como o plano de re-

ferência, linhas média facial e dentária, posição da borda incisal,

dinâmica labial, arranjo dentário básico e plano incisal.

A transferência da informação do enceramento para a

fase de prova (test drive), pode ser feita pelo uso de uma si-

mulação (mock-up) ou restauração provisória. O desenho das

restaurações estéticas definitivas deveria ser feito e testado

tão logo possível, guiando toda a sequência de tratamento

para um resultado estético predeterminado. Um plano de

tratamento eficiente permite que toda a equipe identifique, o

mais cedo possível, as mudanças para obtenção do resultado

esperado em todas as especialidades envolvidas1.

7.3 Avaliação – feed-back - aprendizadoO desenho digital do sorriso permite uma reavaliação pre-

cisa dos resultados obtidos em cada fase do tratamento. Com

os desenhos e linhas de referências criadas é possível realizar

comparações simples entre as imagens do antes e depois,

verificar se estão de acordo com o planejamento, ou se é ne-

cessária qualquer outra medida para melhorar os resultados.

Esta verificação dupla constante de todas as informações é

uma imagem para tratamentos de alta qualidade e ferramen-

ta de aprendizado para toda a equipe multidisciplinar.

7.3.1 Educação Muitas vezes o paciente não fica satisfeito com sua estéti-

ca, mas não sabe, exatamente, quais são os fatores que con-

tribuem para sua aparência. Quando temos a oportunidade

de mostrar todos os elementos que não estão de acordo com

os princípios estéticos numa apresentação didática, podemos

educar o paciente sobre a severidade do caso, estratégias

de tratamento, prognóstico e recomendações. A educa-

ção sobre as soluções será mais fácil e direta ao paciente,

aumentando-se a credibilidade e verdade sobre a equipe

odontológica e, consequentemente, uma melhor aceitação

do tratamento proposto.

7.3.2 Apresentação do casoUsado para realizar a apresentação do plano de tratamen-

to, o desenho digital do sorriso tornará o processo mais efetivo

e direto, porque permitirá ao paciente ver e compreender to-

dos os múltiplos fatores combinados que criam as característi-

cas orofaciais. A apresentação do caso será efetiva e dinâmica

para ele, aumentando a aceitação do plano proposto.

7.3.3 VisagismoO desenho digital do sorriso se apresenta como ferra-

menta fundamental para o profissional que utiliza o visagis-

mo em seus planejamentos. Permite a esse profissional

confeccionar um desenho de acordo com a vontade de ex-

pressão do paciente e apresentá-lo previamente à confec-

ção do enceramento diagnóstico. Essa estratégia objetiva

Page 149: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Capítulo 7 Desenho digital do sorriso: do plano de tratamento à realidade clínica

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 147

a discussão do caso entre ele e o paciente e o alinhamento

entre aquilo que o paciente espera ou deseja do tratamento

e o que o profissional visualiza para a resolução do caso. O

profissional poderá ainda valer-se da apresentação de mais

de um desenho de sorriso, em caso de dúvida, com as varia-

ções de formas possíveis para o caso e explicar para o pa-

ciente o que cada desenho significa em termos psicovisuais.

A decisão do desenho a ser seguido deve ser baseada na

vontade do paciente e viabilidade de execução. Geralmente

aquele desenho preferido pelo paciente terá mais relação

com seu senso de identidade visual, uma vez que a leitura

visual é inconsciente.

7.4 Desenho digital do sorriso – sequência

A técnica proposta é realizada pelos autores usando o

programa Keynote (Apple), mas outros programas simila-

res como o MicroSoft PowerPoint podem ser usados com

pequenos ajustes na técnica a ser descrita. O Keynote per-

mite a manipulação simples das imagens digitais e a adição

de desenhos, linhas, formas e medidas sobre imagens clíni-

cas ou laboratoriais.

O desenho digital do sorriso segue uma sequência lógi-

ca, da região externa para a região interna da análise no

paciente: facial, dentofacial, dentogengival e dentária (intra

e interdentária). A sequência mostrada abaixo é um passo

a passo completo que pode ser modificado, diminuído ou

adaptado para diversas situações, dependendo das neces-

sidades individuais.

Deve-se abrir o programa Keynote num formato de slide 3

para 1 e começar a inserir as imagens. As primeiras imagens

serão de face, sendo da esquerda para a direita: face com

boca fechada (análise do formato do rosto), boca em repouso

(análise dos terços faciais e exposição dental em repouso),

sorriso leve (relação entre plano incisal e borda superior do

lábio inferior) e sorriso largo com a boca aberta (para mostrar

o contraste das bordas incisais com o fundo negro da boca).

Para o segundo slide, deve-se selecionar a imagem facial

com sorriso largo e boca aberta. Nessa imagem delinea-se

linha média facial, linha horizontal de referência (geralmente

linha interpupilar), duplicando-se essa linha e trazendo para

a região oral.

No terceiro slide, deve-se sobrepor uma imagem intraoral

maxilar com fundo negro sobre a facial; deve-se ajustar o tama-

nho da imagem intraoral até se adaptar precisamente sobre

a facial.

O quarto slide deve mostrar a imagem intraoral com as

linhas de referências faciais e começar a confeccionar tra-

ços para diagnosticar deficiências estéticas.

Primeiro avalia-se a relação entre linhas média facial e

dental. Em seguida a relação entre o plano incisal com o

plano horizontal facial de referência.

A seguir desenha-se o contorno dos dentes superiores

onde se avalia a forma dental original e assimetrias de for-

ma entre os lados direito e esquerdo. Em seguida traça-se o

longo eixo de cada elemento, o que permite visualizar como

as variadas posições coronais podem ser a causa de insa-

tisfação por parte do paciente. O próximo passo é desenhar

as linhas complementares como linha dos zênites gengivais,

linha de união das ameias gengivais e incisais.

Por último deve-se traçar linhas interproximais verticais

para analisar a proporção “md” entre os diversos elemen-

tos superiores. Nesse momento o profissional terá um pa-

norama diagnóstico, em que todos os principais elementos

visuais constituintes da estrutura do sorriso podem ser

analisados e começar a visualizar possibilidades reabilitado-

ras para o caso.

A partir desse momento as intervenções a serem reali-

zadas em termos de confecção do desenho do sorriso deve-

rão levar em conta a vontade de expressão e sua viabilidade

de execução de acordo com as possibilidades orais do pacien-

te, conforme mostrado no Capítulo Composição. O exemplo

clínico a seguir ilustrará a sequência operatória do desenho

digital do sorriso à reabilitação cerâmica.

Page 150: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Capítulo 7 Desenho digital do sorriso: do plano de tratamento à realidade clínica

148 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Figura 1

Situação intraoral inicial.

Figuras 2

Imagens faciais

pré-operatórias.

Figura 3

Linhas de referências

faciais, verticais

e horizontais.

a b c

Page 151: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Capítulo 7 Desenho digital do sorriso: do plano de tratamento à realidade clínica

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 149

Figura 4

Relação entre eixos

faciais verticais e

horizontais e região oral.

Figura 5

Contorno labial

e plano incisal.

Pré-operatório.

Figura 6

Relação de

discrepância

entre linhas médias

dental e facial.

Page 152: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Capítulo 7 Desenho digital do sorriso: do plano de tratamento à realidade clínica

150 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Figura 7

Sobreposição de imagem intraoral com afastador sobre sorriso com eixos

de referência.

Figura 8

Ajuste da sobreposição.

Figura 9

Eliminação da imagem inferior

e manutenção da intraoral com

eixos de referência faciais

para começar a desenhar.

Page 153: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Capítulo 7 Desenho digital do sorriso: do plano de tratamento à realidade clínica

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 151

a

b

c

d

e

Figuras 10a a 10e

Desenhos do sorriso

para orientar o

tratamento ortodôntico.

Page 154: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Capítulo 7 Desenho digital do sorriso: do plano de tratamento à realidade clínica

152 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Figura 11

Tratamento ortodôntico finalizado.

Figuras 12

Comparação entre antes e depois do tratamento ortodôntico.

a b

Page 155: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Capítulo 7 Desenho digital do sorriso: do plano de tratamento à realidade clínica

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 153

Figuras 13

Novos desenhos de sorriso para orientar o enceramento diagnóstico.

b

a

Page 156: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Capítulo 7 Desenho digital do sorriso: do plano de tratamento à realidade clínica

154 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Figura 14

Enceramento diagnóstico.

Figura 15

Mock-up.

Page 157: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Capítulo 7 Desenho digital do sorriso: do plano de tratamento à realidade clínica

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 155

a

a

b

b

c

c

d

d

Figuras 16

Imagens extraorais com o mock-up.

Figuras 17

Imagens faciais com o mock-up.

e

Page 158: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Capítulo 7 Desenho digital do sorriso: do plano de tratamento à realidade clínica

156 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

a b

c d

Figuras 18

Comparação antes e depois com mock-up.

Page 159: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Capítulo 7 Desenho digital do sorriso: do plano de tratamento à realidade clínica

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 157

c

d

Figura 19

Preparo dental.

Minimamente invasivo.

Figura 21

Laminados.

a bFiguras 20

Prova dos laminados.

Page 160: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Capítulo 7 Desenho digital do sorriso: do plano de tratamento à realidade clínica

158 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

a

b

Page 161: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Capítulo 7 Desenho digital do sorriso: do plano de tratamento à realidade clínica

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 159

c1 c3c2

d1 d2

Ceramista - Christian CoachmanDesenho Digital do Sorriso - Christian CoachmanFotografias Clínicas e Laboratoriais - Christian Coachman e Andrea Ricci

Ortodontista - Catharina RicciProtesista - Andrea Ricci

Figuras 22a a 22d

Resultado final. (d1 e d2). Comparação antes/depois.

Page 162: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Capítulo 7 Desenho digital do sorriso: do plano de tratamento à realidade clínica

160 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

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7.5 Referências

Page 163: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 161

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Bráulio Paolucci,Galip Gurel

Na prática clínica o Visagismo se presta a personalizar rea-

bilitações de configuração visual do desenho de sorriso final.

Seu objetivo é conseguir um equilíbrio visual entre esse dese-

nho do sorriso final com a face e com aspectos psicocompor-

tamentais do paciente. Para isso é imprescindível a consultoria,

onde a equipe restauradora verificará, com o paciente, quais

suas principais características psicocomportamentais, suas

queixas estéticas, suas necessidades pessoais e desejos, e

através do uso de linhas e formas adequadas, procurará ela-

borar um desenho de sorriso que expresse visualmente a von-

tade de expressão do paciente.

Portanto, o Visagismo entra numa fase adiantada da rea-

bilitação estética, após a equipe ter identificado os problemas

estéticos do caso, tanto do ponto de vista intraoral quanto ex-

traoral, em que se avaliada a proporção entre os elementos

orais com a face, é proposto suas correções de acordo com os

princípios de harmonia e estética consolidados na Odontologia.

Em casos de estética dental, onde já se tem elementos ou

unidades orais tais como dentes, rebordo ósseo e arcabou-

ço gengival como referência, a aplicação do Visagismo fica

condicionada por essas estruturas, que em suma devem ser

respeitadas o máximo possível, para se conseguir resultados

naturais e imperceptíveis. A vontade de expressão do paciente

deve ser aplicada, nesses casos, como um detalhamento do

desenho do sorriso final, como proposto no Capítulo Compo-

sição (ver Estrutura e Detalhe). Em reabilitações mais com-

plexas, onde houve a perda de múltiplos elementos dentais,

rebordo ósseo e gengival, o seu uso é mais amplo, servindo

a vontade de expressão do paciente como referência para a

reconstrução dessas estruturas perdidas tanto em termos de

estrutura quanto detalhe.

aplicaçÃo clínica do

Visagismo

Este livro apresentará uma abordagem minimamente in-

vasiva em casos de estética dental superior, em que a aplica-

ção do Visagismo é restrita à configuração final de formas de

elementos dentais, buscando respeitar ao máximo a estrutura

configurativa original, com suas conotações psicovisuais autên-

ticas, almejando, dessa forma, alcançar resultados que, além

de preservar as estruturas orais pela mínima intervenção,

também respeitam seus significados psicológicos.

A análise de cada caso seguirá uma abordagem inves-

tigativa de problemas estéticos particulares, partindo da

análise facial para intraoral, como demonstrado no Capítulo

Desenho Digital do Sorriso. A seguir um check-list que orien-

tará essa investigação:

Análise facial

• Configuraçãodeeixosdereferênciashorizontalevertical

e sua relação com estruturas orais.

• Análisedaexposiçãodentalcomlábiosemrepouso.

• Análisedaexposiçãogengivalemsorrisoamplo.

Análise intraoral

• Planoincisal.

• Formasdentais.

• Eixosdentais.

• Proporçãoentreelementosdentais.

• Linhascomplementares.

Page 164: Visagismo b.paolucci dental esthetic

162 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Alterações em formas dentais

Formas dentais Caso 1 Caso 2 Caso 3 Caso 4

Central/Incisal X X X X

Central/cervical X X

Central/ângulo incisodistal X X X X

Central/terço distal X X X

lateral X X X X

Canino X X X

Alterações em unidades oraisUnidades

Orais Caso 1 Caso 2 Caso 3 Caso 4

Plano incisal X X X X

Eixos dentais X X

Formasdentais X X X X

Posicionamento dental X X

Exposição dental X X

Proporção dental X X X X

linhas complementares X X

Page 165: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 163

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

ResUmO

lOTG 31 anos chegou à clínica reabilitadora queixandose

do aspecto de seu sorriso. Na primeira consulta foram reali-

zadas imagens intra e extraorais e modelos de estudos. Na

segunda consulta foi realizada consultoria visagista onde pro-

curou-se avaliar a paciente acerca de suas características psi-

cológicas e comportamentais. Nesse momento a equipe avalia

a paciente a partir das partes que compõe sua face, do ponto

de vista morfopsicológico. Avaliou-se como ela processa seus

pensamentos a partir da forma de sua testa, avaliou-se como

processa suas emoções a partir do formato de seus olhos, seu

ritmo de vida a partir da forma de seu nariz e áreas parana-

sais, como se comunica verbalmente pela forma de sua boca

e como impõe sua vontade a partir do formato e projeção de

seu mento. Nessa consulta ela interage indicando acertos e

correções. No fim dessa consultoria, a equipe tem um panora-

ma psicocomportamental da paciente e investiga qual ou quais

de suas características gostaria de evidenciar no desenho de

sua reabilitação.

Na análise extraoral descartou-se desvio de linha média,

mas observou-se pouca exposição dental com lábios em re-

pouso. Na análise intraoral, descartou-se apinhamentos, desa-

linhamento entre eixos dentais, restaurações deficientes, alte-

rações de cor, plano incisal invertido e problemas periodontais,

causas comuns de insatisfação estética por parte dos pacien-

tes. A paciente relatou não se sentir satisfeita com seu sorri-

so, porém, sem saber explicar exatamente o porquê, mesmo

após a conclusão de tratamento ortodôntico.

Pela análise computadorizada do sorriso verificou-se pou-

ca dominância de centrais, tanto em largura quanto em altura

e consequente deficiência de plano incisal, que se mostrava

aquém do desejado e não paralelo à borda superior do lábio

inferior. Por esse mesmo motivo a exposição de centrais

superiores em situação de lábios em repouso ficava aquém

Caso 1

daquela esperada para a idade da paciente (exposição de

3,5 mm para idade de 30 anos em sexo feminino) exposição

pré-operatória da paciente: 2 mm. O desenho de seu segmen-

to anterossuperior com ausência de dominância de centrais

e plano incisal reto lhe conferia uma situação de simetria cor-

rente ou horizontal. Após tomar conhecimento do significado

visual dessa situação (calma/apatia/monotonia), a paciente

disse que era esse exatamente o que a incomodava, mesmo

sem ela saber apontar de antemão o problema. Disse ainda

que gostaria de um sorriso estético, que ao mesmo tempo

tivesse relação com sua identidade; queria um sorriso mais

marcante, atraente e sensual.

Na consultoria a paciente demonstrou-se muito comuni-

cativa, porém ressaltou que só se mostra comunicativa de-

pois de ter certo conhecimento ou intimidade com quem se

relaciona. Apresentou-se positiva e delicada na colocação de

suas ideias e vontades. A paciente gostaria de evidenciar em

seu sorriso seus aspectos de comunicabilidade, sensibilidade

emocional e feminilidade, além de realçar sua força pessoal.

Portanto, optou-se por manter o formato de seus centrais

(trapezoidais) com detalhamento arredondado, para expres-

são de sensualidade, sensibilidade e delicadeza. laterais com

incisais curvas para caracterizar sua sensibilidade emocional.

Caninos foram configurados com sua face vestibular discreta-

mente curva (suavidade). O plano incisal ascendente confere

jovialidade e extroversão ao desenho do sorriso. A dominância

conferida a incisivos centrais torna o sorriso mais atraente ao

olhar, assim como confere à imagem, a expressão de jovialida-

de pela maior exposição de centrais com lábios em repouso.

Essa dominância está relacionada a características comporta-

mentais de imposição e força.

Page 166: Visagismo b.paolucci dental esthetic

164 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Figuras 1

Imagens faciais -

pré-operatório.

a b c d e

Figuras 2

Imagens extraorais - pré-operatório. Observar pouca exposição dental com lábios em repouso.

Figuras 3

Imagens intraorais.

a b c

a b c

Page 167: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 165

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Figuras 4

Imagens intraorais com fundo negro.

ba

ba

Figuras 5

Análise do formato de rosto (hexagonal de lateral reta) e eixos faciais de referências horizontal e vertical.

Observar que não há divergência de eixos dentários em relação a eixos faciais.

Page 168: Visagismo b.paolucci dental esthetic

166 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Figura 6

Análise da relação entre linhas médias

facial e dental, assim como a relação

entre o plano horizontal maxilar e a linha

bipupilar (projetada na região oral).

Figura 7

Formas dentais pré-operatórios.

Figura 9

Plano incisal

pré-operatório.

Praticamente retilíneo.

Figura 8

Relação entre formas

dentais/plano horizontal de

referência/linhas dos lábios.

Page 169: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 167

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Figura 10

Proporção entre os

elementos dentais.

Figura 11

Observar relação de dominân-

cia em largura entre centrais e

laterais. Está deficiente.

Figura 12

Alargamento de centrais

e estreitamento de laterais

para se obter uma relação

gradativa mais próxima do

número áureo.

Figura 13

Correção de plano incisal

de acordo com plano oclusal

posterior e paralelo à linha

superior do lábio inferior.

Page 170: Visagismo b.paolucci dental esthetic

168 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Figura 14

Correção do comprimento dos

dentes de acordo com o novo

plano incisal estabelecido.

Figuras 15

(a) Sorriso pré-operatório; (b) Mock-up com desenho dinâmico; e (c) Mock-up com desenho forte.

Figuras 16

Terceiro mock-up misturando formas triangulares com detalhamento arredondado. Observar correta dominância de centrais, plano incisal e exposição dental.

a b c

a b c

Page 171: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 169

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Figuras 18

Face com novo mock-up.

Figura 17

Sorriso com novo

mock-up.

Figuras 19

Imagens intraorais com novo mock-up.

a b

a b c

Page 172: Visagismo b.paolucci dental esthetic

170 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Figuras 20

Imagens de novo mock-up com fundo negro.

Figuras 21

Remoção de metade do mock-up para verificar o ganho em volume dental.

Figuras 22

Verificação do volume a

ser conquistado: 1 mm

de expessura e 1 mm

de comprimento. O que

restringe o preparo dental

à remoção das resinas

interproximais.

a b c

a b

a b

Page 173: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 171

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Figuras 23

Imagem antiga da paciente, antes da confecção das resinas interproximais para servir de orientação no preparo.

Figuras 24

Preparos realizados. Houve somente a remoção das resinas interproximais. Não houve preparos incisal e vestibular.

Figuras 25

Técnica do duplo fio para moldagem.

a b

a b c

a b

Page 174: Visagismo b.paolucci dental esthetic

172 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

b1 b2

c1 c2 c3

Figuras 26a a 26c

Sequência

laboratorial: (a)

Moldagem;

(b) Modelos precisos

“Técnica Will Rojas”;

e (c) Enceramento

pronto.

a

Page 175: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 173

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

d

e f g

h

Figuras 26d a 26h

Sequência laboratorial:

(d) Atenção total

no momento da

desinclusão;

(e) Modelo de troquel

e muralha de silicone

obtida através do

enceramento de

diagnóstico para

análise do espaço

a ser trabalhado; (f)

Enceramento pronto

para injeção;

(g) Elementos injetados -

pastilhas HT A1;

e (h) e.max ceram.

Page 176: Visagismo b.paolucci dental esthetic

174 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

J

l

k

m

i1 i2 i3 i4

i7i6i5

Figuras 26i a 26m

Sequência laboratorial:

(i) Sequência de

modelo, pastilha

e aplicação; (j)

Verificação do espaço

para aplicação da

cerâmica; (k) Aplicação

de cerâmica para

formar as incisais

(Incisal 1, OE1 e

mamelos light, salmon

e yellow-orange);

(l) Após a primeira

queima e constatação

de espaço para a

segunda queima; e

(m) Aplicação das

massas de efeito (Ti3,

OE3,OE2 e OE1).

Sempre respeitando a

muralha definida pelo

enceramemto.

Page 177: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 175

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Figura 26n

Sequência laboratorial: (n) Controle.

n

Figura 27

Resultado final - imagem intraoral com fundo negro.

Page 178: Visagismo b.paolucci dental esthetic

176 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

b

c1

c4

c2

c5

c3

c6

Figura 28a a 28

Resultado final.

Vistas laterais direita

e esquerda.Observar

centrais com

estrutura triangular

e detalhamento

curvo moderado.

Laterais com incisais

discretamente

arredondados.

Caninos

configurados com

vestibular curva.

a

Page 179: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 177

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

e

e

d

Page 180: Visagismo b.paolucci dental esthetic

178 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

g

h

Figuras 28g a 28h

(g) Correta exposição dental e textura

superficial e (h) Exposição dental de 3,5 mm

para paciente de sexo feminino com 31 anos

de idade. Resultado final.

Page 181: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 179

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

J1 J2

Figura 28i e 28j

Resultado final.

i

Page 182: Visagismo b.paolucci dental esthetic

180 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Material Clínico Mock-up realizado com Structure-Vocco (resina bisacrílica) e guia em zetalabor. O preparo dos dentes foi realizado com broca 2200 e 2134 f (KG Sorensen) e discos de acabamento e polimento (Shofu). A moldagem foi realizada com Elite (Zhermack). Fios retratores 00 e 0 (Ultrapack). Cimentação com o kit Variolink II (Ivoclar Vivadent).

Ceramista - Adriano SchayderConsultoria de Visagismo e Protesista - Bráulio PaolucciDesenho Digital do Sorriso - Bráulio PaolucciFotografias Clínicas - Bráulio PaolucciFotografias Faciais Finais - Edson Inácio (Casa da Foto, Barbacena/MG)Fotografias Laboratoriais - Adriano SchayderMaquiagem - Heloísa Lima (Stúdio Liz, Barbacena/MG)

Figuras 28kResultado final.

k1 k2

Page 183: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 181

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

ResUmO

Paciente DC apresentava queixa estética relacionada ao

excesso de volume do caninos, irregularidade da linha dos

zênites e giroversão do 21. Na análise computadorizada do

sorriso, a equipe identificou outras possíveis causas de in-

satisfação e as esclareceu à paciente. Entre tais possíveis

causas, estaria, a falta de preenchimento dental dos cor-

redores bucais, o que colaborava para a percepção de ex-

cesso de volume nos caninos. O elemento 22 apresentava-

se recuado em relação a um plano vertical anterior, o que

reforçava a impressão de vestibuloversão do 21 e excesso

de volume do 23. Em uma vista superoinferior (olhando so-

bre a cabeça com a pessoa deitada de costas para o obser-

vador), pôde-se verificar a relação entre as bordas incisais

dos seis elementos anterossuperiores com a linha seco-mo-

lhado do lábio inferior, onde se constatava vestibularização

do 21, recuo palatino do 22 e projeção vestibular do 23.

A linha dos zênites muito angulada (em ziguezague) inco-

modava a paciente; portanto, uma regularização dessa linha

através de plástica periodontal foi sugerida.

O caso foi avaliado ortodonticamente, porém foi descarta-

da a intervenção pelo fato de a paciente apresentar grande

estabilidade oclusal e perfeita intercuspidação. O alinhamento

dos dentes dar-se-ia pelo desgaste interproximal (slice), o que

prejudicaria ainda mais a formas dentais já deficientes.

Através da análise computadorizada do desenho do sor-

riso observou-se relação de proporção visual inadequada

entre os dentes anterossuperiores, com caninos se apre-

sentando mais largos que laterais em uma visão frontal e

desarmonia de inclinação dos eixos dentais, tais elementos

Caso 2

foram corrigidos no computador. Após a correção 2D das

desarmonias estéticas entre os dentes, chegou o momento

de se definir a forma dental da reabilitação, em que as in-

formações colhidas na consultoria ganham sua vez. Nesse

caso, procurou-se expressar dinamismo de ritmo de vida,

alegria, entusiasmo, positividade, extroversão, através do

formato trapezoidal dos centrais e inclinação medial dos

caninos, assim como plano incisal ascendente; porém, ca-

racterísticas como sensibilidade emocional, delicadeza,

perfeccionismo e persistência nas ações, obtiveram sua

expressão a partir de detalhes curvos como ângulos inci-

sodistais dos centrais. A paciente manifestou o desejo de

expressar mais credibilidade e gostaria de ser mais res-

peitada pelas pessoas, que a consideravam muito jovem, o

que lhe atrapalhava profissionalmente. Tal característica foi

trabalhada no desenho do sorriso pelo maior domínio visual

dos incisivos centrais (impositividade) assim como incisais

retas que expressam estabilidade.

O preparo dos dentes foi realizado de maneira minima-

mente invasiva, segundo técnica proposta por pesquisador,

em que se realiza preparos sobre mock-up. Nesse caso em

que havia a necessidade de redução do volume dos caninos,

esse procedimento deve ser realizado com guias de silicone

para correta confecção do mock-up.

Page 184: Visagismo b.paolucci dental esthetic

182 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Figuras 1

Imagens faciais - pré-operatório.

Figuras 2

Imagens extraorais - pré-operatório.

a b c d

Figuras 3

Imagens intraorais - pré-operatório - frente.

a b c

a1 a3a2 a4

Page 185: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 183

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

a b c d

Figuras 4

Imagens intraorais -

pré-operatório -

45 graus.

Figuras 5

Imagens oclusal e

superoinferior

demonstrando

desalinhamento dental.a

a

b

b

Figuras 6a e 6b

(a) Formato de rosto

oval e (b) Eixos faciais

verticiais e horizontais

de referência.

Page 186: Visagismo b.paolucci dental esthetic

184 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Figura 7

Colagem de imagem

intraoral para

planejamento digital.

Figura 8

Verificação de

relação linha média

facial/dental.

Figura 9

Análise do plano

incisal.

Page 187: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 185

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Figura 10

Formas dentais originais.

Figura 11

Eixos dentais - pré-operatório.

Page 188: Visagismo b.paolucci dental esthetic

186 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Figuras 12

Análise de linhas

complementares:

zênites, ameias

gengivais

e dentais.

Figuras 13

Proporção dental

pré-operatório.

a

b

a

b

Page 189: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 187

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Figura 14

Configuração do

sorriso pré-operatório,

segundo linhas

constituintes.

Figura 15

Correção digital da

proporção dental.

Figura 16

Correção dos eixos

dentais rotacionando

as coroas.

Page 190: Visagismo b.paolucci dental esthetic

188 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Figura 17

Definição do

plano incisal.

Figura 18

Correção virtual da

linha dos zênites.

Figura 19

Correção digital

da linha das

ameias dentais.

Page 191: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 189

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Figura 20

Correção da forma dos centrais de acordo com a vontade de expressão da paciente.

Figuras 21

Sobreposição do

planejamento digital

sobre imagem intraoral.

a

b

Page 192: Visagismo b.paolucci dental esthetic

190 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Figuras 22

Mock-ups digitais diferentes: o da esquerda configurado com linhas inclinadas e formas triangulares e o segundo composto por linhas curvas.

Esse teste pode ser realizado para mostrar ao paciente e discutir com ele o que cada tipo de desenho expressa, de modo a fazê-lo refletir sobre o

que ou quais características são relacionadas a ele e qual desenho lhe agrada mais. Uma vez discutido o procedimento, um terceiro desenho de

sorriso pode ser apresentado, representando a soma média dos dois primeiros (desenhos de expressão primária) que seriam viáveis para o caso.

Figuras 23

Plástica gengival. Observar o corte angulado realizado no elemento 11 para que seu contorno cervical

reforçasse sua percepção de forma triangular.

a b c

a b

Page 193: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 191

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Figuras 24

Comparação antes/depois imediato.

Figuras 25

Pós-operatório imediato. Observar: em pré-molares houve necessidade de osteotomia

de para reestabelecer distância biológica adequada.

Figura 26

Pós-operatório - uma semana. Vista frontal.

a b

a b

Page 194: Visagismo b.paolucci dental esthetic

192 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Figura 27

Mock-up - imagem

extraoral.

Figuras 28

Mock-up - imagem

facial. a

b1 b2 b3 b4 b5

Page 195: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 193

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Figura 29Preparo sobre mock-up e demarcações.

Figura 30Remoção do mock-up após demarcações.

Figuras 31

Espaço interproximal

para facetas em dentes

posteriores após

preparo - vista oclusal.

Observar inflamação

gengival nas

áreas onde houve

rebatimento de retalho.

O preparo dental foi

realizado uma semana

após a cirurgia.a b

Page 196: Visagismo b.paolucci dental esthetic

194 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Figura 32

Vista oclusal do

preparo de dentes

anteriores.

Figuras 33

Vista frontal dos preparos.

Figuras 34

Fios retratores

posicionados para

moldagem - técnica do

duplo fio.

a b c

a b c

Page 197: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 195

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Figura 35

Moldagem.

Figura 36

Provisório imediato com

desenho para orientação

do laboratório.

Figura 37

Comparação antes/

depois dos laminados -

imagens intraorais.

Figura 38

Trabalho finalizado.

a b

Page 198: Visagismo b.paolucci dental esthetic

196 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Figuras 39

Imagens intraorais do trabalho finalizado.

Figuras 40

Imagens faciais do trabalho finalizado.

a

a b c

b

Page 199: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 197

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Figuras 41

Comparação antes/

depois - facial. a b

d

c

Figuras 42c e 42d

Imagens do sorriso -

trabalho finalizado.

Page 200: Visagismo b.paolucci dental esthetic

198 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

e

f

Page 201: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 199

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Material Clínico Mock-up realizado com Structure-Vocco. O preparo dental foi realizado com broca 4141 (KG Sorensen) para lentes de contato, seguido de acabamento com broca 4138 f (KG Sorensen) e discos de polimento (Shofu). Utilizou-se fios retratores 0 e 00 (Ultrapack). A moldagem foi realizada com Virtual (Ivoclar Vivadent) e a cimentação com cimento resinoso transparente Variolink II (Ivoclar Vivadent).

Ceramista - Alexandre Santos (Studio Dental - Curitiba/PR)Consultoria de Visagismo e Protesista - Bráulio PaolucciDesenho Digital do Sorriso - Bráulio Paolucci Fotografias Clínicas - Bráulio PaolucciFotografias Faciais Finais - Edson Inácio (Casa da Foto, Barbacena/MG)Maquiagem - Heloísa Lima (Stúdio Liz, Barbacena/MG)

Figuras 42e a 42h

Imagens do sorriso -

trabalho finalizado.

g

h

Page 202: Visagismo b.paolucci dental esthetic

200 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Descrição da aplicação das facetas laminadas sobre refratário

Figura 1

Modelo torquelado com

precisão no sistema de

torquelização Giroform (Amann).

O material refratário utilizado

para a reprodução dos torqueis

foi o GCera Vest (GC).

Figuras 2

Gengiva artificial

feita de silicona de

condensação para

orientar o perfil de

emergência das

lâminas de cerâmica.

a b

c

Page 203: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 201

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Figura 3

Delimitação da área a ser coberta pela

lâmina de cerâmica e muralha com

referências no planejamento e preparo

para a realização das compensações (de

tamanho do remanescente) e aplicação de

cerâmica com previsibilidade.

Figura 4

Os dentes não apresentavam

escurecimento, indicando preparos

conservadores (a adesão cerâmica x

esmalte é muito mais efetiva do que

cerâmica x dentina). Como a espessura

para a realização do caso em cerâmica

é pequena, os efeitos internos da

aplicação de cerâmica foram realizados

já na primeira queima (wash), pois o

remanescente é considerado como

dentina para a realização da aplicação

de cerâmica nestes casos. O refratário é

totalmente branco e opaco, dificultando

a verificação da cor final da lâmina, o

que implica que a cor do remanescente

dentário influenciará quase que em

100% na cor final da restauração.

Page 204: Visagismo b.paolucci dental esthetic

202 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Figura 5

Base pronta para a primeira queima de

cerâmica utilizando Deep Dentina para

as compensações, transparente Blue nas

proximais, dentina pura na cervical, massa de

Mamelos (Ligth), Effect 02 e 03 e uma camada

de Effect 01 para finalizar.

Figura 6

Primeira queima de cerâmica IPS d.Sign

(Ivoclar Vivadent). Nesse caso, como a

cerâmica é coccionada sobre o material

refratário, sua temperatura de queima

deve ser mais elevada do que

a queima sobre estruturas metálicas.

Page 205: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 203

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

a

b

c

Figuras 7

Detalhes internos da aplicação sob

luz transmitida indicando a alta

opalescência do material cerâmico.

Page 206: Visagismo b.paolucci dental esthetic

204 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Figura 8

Início da segunda queima de cerâmica

respeitando o formato do planejamento

realizado para a paciente em questão. A

camada de esmalte aplicada neste caso

foi TS1 d.sign (Ivoclar Vivadent), totalmente

uniforme, mas com um acréscimo de 20%

de dentina A2, que é a cor selecionada

para o caso (para manter o matiz), e 20%

de massa opalescente, mantendo, assim,

um pouco da característica do esmalte

dental, com relação a este efeito natural.

Figura 9

Segunda queima terminada com luz

transmitida, evidenciando, ainda, a

opalescência da cerâmica utilizada.

Page 207: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 205

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Figura 10

Deixando a superfície da cerâmica uniforme

para a finalização de forma e textura.

Figura 11

Parâmetros iniciais de área de espelho pós-

queima (a intenção com a aplicação da

cerâmica é que os ajustes finais sejam os

mínimos possíveis, evitando, dessa forma, o

uso excessivo de brocas e com consequência

da retirada do esmalte que, em alguns casos,

não chega a espessura de 3 mm, sendo assim

difícil de controlar o desgate).

Page 208: Visagismo b.paolucci dental esthetic

206 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Figura 12

Perfil de emergência da lâmina,

caracterizando um desgaste

muito conservador.

Figura 13

Áreas de espelho definidas conforme o

planejamento inicial e as características

do paciente e definindo a textura

superficial com uma iluminação lateral

com uma lâmpada de contraste

(Contraste - Caltini do Brasil).

Page 209: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 207

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Figura 14

Neste caso foi utilizado

somente pasta de Glase, sem

caracterizações evidentes,

mostrando a aplicação das

massas cerâmicas.

Figura 15

Textura após Glaze.

Page 210: Visagismo b.paolucci dental esthetic

208 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Figuras 16

Textura superficial.

b

a

Page 211: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 209

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Figura 17

Laminados cerâmicos logo após a retirada

do material refratário utilizado como base

para a aplicação. A espessura gera em

torno de 3 mm, 4 mm e 5 mm.

a b

Figuras 18

Fundo escuro influenciando totalmente a cor da lâmina.

Page 212: Visagismo b.paolucci dental esthetic

210 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Figura 19

Qualquer alteração no remanescente

influenciará no resultado final da

cor do caso; por isso, este tipo de

restauração (lente de contato) tem de

ter indicações específicas.

Figura 20

Vista das lâminas ajustadas no

modelo sólido (para ajustes de

contatos proximais).

Page 213: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 211

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Imagens Laboratoriais e Texto - Alexandre Santos

Figura 21

Harmonia dos centrais em

posição.

Figura 22

Formato conforme o

planejamento inicial.

Page 214: Visagismo b.paolucci dental esthetic

212 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

ResUmO

Paciente MACD apresentou-se à equipe restauradora

demonstrando insatisfação em relação ao seu sorriso. A

mesma paciente não sabia pormenorizar sua queixa, dizen-

do que nunca se sentiu à vontade para sorrir, o que pode

ser observado em suas fotografias antigas. Nunca apre-

sentava exposição de seus dentes no sorriso e, por esse

motivo, no passado procurou tratamento ortodôntico em

busca de uma solução. O problema persistiu após o trata-

mento e sua procura por profissionais da estética a deixou

mais frustada, uma vez que os profissionais se negavam a

intervir em dentes completamente saudáveis e alinhados,

atribuindo sua queixa a problemas psicológicos.

Em um primeiro momento uma consultoria de Visagis-

mo foi realizada, procurando conhecer melhor as carac-

terísticas psicocomportamentais da paciente, assim como

confecção de modelos de estudo e protocolo fotográfico.

Num segundo momento foi explicado à paciente o que

seu sorriso expressava visualmente: características de

força, estabilidade, agressividade, determinação etc, ex-

pressas pelos incisivos retangulares posicionados com sua

vestibular totalmente voltada para anterior, plano incisal

reto e caninos volumosos, o que não condizia com as ca-

racterísticas pessoais autênticas demonstradas na con-

sultoria, como meiguice, delicadeza, dinamismo na ação e

Caso 3

comportamentodiscretoereservado.Foipropostaentão

uma mudança do plano incisal de reto para ascendente,

giroversão de laterais, projetando sua mesial para anterior

e sua distal discretamente para posterior, assim como a

redução visual dos caninos e inclinação de seus eixos para

medial, com o objetivo de suavizar sua imagem do sorriso.

Tais mudanças serviriam para fazer com que o desenho do

sorriso expressasse características pessoais autênticas e,

portanto, houvesse um alinhamento entre autoimagem e

imagem externa. Pela primeira vez ela sentiu que suas quei-

xas faziam algum sentido e demonstrou grande interesse

em realizar a intervenção.

O trabalho foi realizado de maneira minimamente in-

vasiva em centrais e caninos e em laterais onde haviam

facetas de resina. Houve uma intervenção um pouco mais

profunda, para que se removesse todo o material resino-

so e o substituisse por cerâmicas. A paciente manifestou,

ainda, que gostaria que seu novo sorriso soasse o mais

natural possível, o que indicaria à equipe que as formas

dentais deveriam ser preservadas, alternado-se apenas a

retilinidade do plano incisal, a dominância e inclinação verti-

cal dos caninos, além da retilinidade no posicionamento de

laterais para que se conseguisse que o desenho do sorriso

ganhasse a expressão desejada pela paciente.

O preparo dos dentes foi realizado de maneira mini-

mamente invasiva segundo técnica proposta, em que se

realiza preparos sobre mock-up, mas nesse caso há a ne-

cessidade de desgaste de elementos dentais que terão seu

volume diminuído, como no caso os caninos, para confec-

ção correta do mock-up que servirá de referência para a

execução do trabalho cerâmico.

Page 215: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 213

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Figuras 1

Protocolo fotográfico facial.

Figuras 2

Imagens da face

- 45 graus.

a b c

a b

Page 216: Visagismo b.paolucci dental esthetic

214 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Figura 5

Imagem intraoral frontal com fundo negro.

Figuras 4

Protocolo fotográfico extraoral - frontal.

a b c d

Figura 3

Formato de rosto

hexagonal de base reta.

Page 217: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 215

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Figura 6

Análise de eixos dentais.

Observar que caninos

e primeiros pré-molares

apresentam eixos rotacionados

para lateral numa vista frontal.

Figura 7

Desenho digital do sorriso com

eixos corrigidos para diminuir peso

visual de caninos e pré-molares

rotacionando seus eixos para

medial. Correção do domínio de

centrais e plano incisal de acordo

com plano oclusal posterior e

linha superior do lábio inferior.

Reproporcionamento dos elementos

anterossuperiores para diminuir peso

visual de caninos e obter gradação

próxima do número áureo.

Figura 8

Desenho do sorriso final. Observar

regiões de desgaste mais intenso em

caninos para obter melhor proporção

no segmento anterossuperior e

acréscimo de volume em incisais

de incisivos de acordo com

novo plano incisal estabelecido.

Acréscimo de volume também

na vestibular dos pré-molares.

Page 218: Visagismo b.paolucci dental esthetic

216 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Figuras 9

Mock-up.

Figuras 10

Antes/depois

mock-up.

Figuras 11

Antes/depois - mock-up - face.

a

a

b

b

a b

Page 219: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 217

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Figuras 12

Mock-up - face.

Figuras 13

Preparo sobre mock-up.

Figuras 14

Demarcação.

a

a

a

b

b

b

c

c

c

Page 220: Visagismo b.paolucci dental esthetic

218 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Figura 17

Moldagem com Virtual

- Ivoclar Vivadent.

Figuras 16

Check do espaço para cerâmica - lente de contato.

a b

Figuras 15

Preparos minimamente invasivos.

a b c

Page 221: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 219

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Figura 18

Lentes de contato.

Figuras 19

Sequência laboratorial: (a) Pastilha Opal 1; (b) Verificação de um pequeno espaço para aplicação de efeitos incisais; (c) Wash de OE 2; (d)

Aplicação de cerâmica para formar as incisais (IBL, OE1 e mamelos light, salmon e yellow-orange); (e) Aplicação das massas de efeito (OE3,OE2 e

OE1). Sempre respeitando a muralha definida pelo enceramemto; e (f) Caso finalizado.

a

d

b

e

c

f

Page 222: Visagismo b.paolucci dental esthetic

220 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Figuras 22

Antes/depois - face. Após a cimentação.

Figura 20

Lentes.

Figura 21

Antes. Logo

após cimentação.a b

a b

Page 223: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 221

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Figuras 24

Imagem intraoral pós-cimentação de uma semana.

Figuras 23

Antes/depois - sorriso.

a b

a b c

Figuras 25

Lábios em repouso após uma semana.

a b c

Page 224: Visagismo b.paolucci dental esthetic

222 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Figuras 26

Sorriso após

uma semana.

Figuras 27

Sorriso - vista superior.

a b

a

b

Page 225: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 223

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Figuras 28

Relação lábios/dentes

- imagem lateral.

Figuras 29

Face. Trabalho concluído.

Material clínico Mock-up realizado com Structure-Vocco. O preparo dental foi realizado com broca 4141 (KG Sorensen) para lentes de contato, seguido de acabamento com broca 4138 f (KG Sorensen) e discos de polimento (Shofu). Utilizou-se fios retratores 0 e 00 (Ultrapack). A moldagem foi realizada com Virtual (Ivoclar Vivadent). A cimentação foi realizada com cimento resinoso transparente Variolink II (Ivoclar Vivadent).

Ceramista - Adriano SchayderConsultoria de Visagismo e Protesista - Bráulio Paolucci com participação do Dr. Marcelo Calamita.Desenho Digital do Sorriso - Bráulio PaolucciFotografias Clínicas - Bráulio PaolucciFotografias Faciais Finais - Edson Inácio (Casa da Foto, Barbacena/MG)Fotografias Laboratoriais - Adriano Schayder Maquiagem - Heloísa Lima (Stúdio Liz, Barbacena/MG)

a b

a b

Page 226: Visagismo b.paolucci dental esthetic

224 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Caso 4ResUmOPaciente BRC chegou à clínica reabilitadora apresentado

deficiência papilar na região correspondente ao elemento

21 implantado, após várias cirurgias periodontais recons-

trutivas fracassadas. A perda da crista óssea interproximal

deixa um quadro clínico de difícil resolução com manipulação

de tecidos moles. Os elementos 11 e 22 apresentavam as-

pectos antiestéticos em restaurações de resina composta

antigas com coloração alterada. Apresentava-se discreto em

sua comunicação, chegando a demonstrar comportamento

reservado ou timidez. Sua queixa principal era a vergonha de

sorrir pelo defeito antiestético, o que comprometia seus re-

lacionamentossociaisepessoais.Foirealizadoenceramento

diagnóstico e confeccionado provisório imediato para verifi-

cação da dimensão da falta de papilas. Realizou-se análise

de linhas médias dental e facial percebendo não haver dis-

crepâncias entre as mesmas. A exposição dental com lábios

em repouso apresentou-se satisfatória com os provisórios.

Foipropostotratamentocomcoroacerâmicanoelemento

21 com gengiva artificial e facetas cerâmicas nos elementos

22 e 11. A restauração dos centrais foi condicionada pela

situação oral pré-operatória, tal como o espaço disponível e a

deficiência papilar, indicando dentes retangulares para uma

melhor solução desse problema. Na consultoria o paciente

demonstrou interesse em manifestar no desenho de seu

sorriso qualidades autênticas como tranquilidade no compor-

tamento e tendência inata para dons musicais (característi-

cas artísticas). O desenho das bordas incisais foi configurado

como curvo para expressar tais características pessoais. O

desenho digital do sorriso indicou qual seria o posicionamen-

to ideal das pontas das papilas perdidas, pela observação do

alinhamento das papilas originais adjacentes (linha de união

das papilas gengivais).

Page 227: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 225

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

a b c

Figuras 1

Situação pré-operatória demonstrando grande perda de papilas mesial e distal no elemento 21.

Observar: presença de múltiplas cicatrizes após várias tentativas cirúrgicas para solução do problema.

Figuras 2

Imagens extraorais - pré-operatório.

a b c

Page 228: Visagismo b.paolucci dental esthetic

226 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Figura 3

Eixos de referências faciais horizontais e verticais.

Figuras 4

Imagens extraorais: (a)

Lábios em repouso e

exposição dental e (b)

Sorriso autêntico com

grande exposições

dental e gengival.a b

Page 229: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 227

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

a b

Figuras 5

Situação intraoral com provisório imediato.

Figura 6

Avaliação da linha média dental em relação à linha média facial. Não coincidentes, mas paralelas.

Page 230: Visagismo b.paolucci dental esthetic

228 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Figura 7

Avaliação do plano incisal e posicionamento ideal dos zênites.

Figuras 8

Avaliação da perda gengival na região do elemento 21. (a) Posição ideal dos zênites gengivais e (b) Simulação de contorno cervical e ameias gengivais.

a b

Page 231: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 229

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Figura 9

Avaliação das formas dentais resultantes condicionadas pelo contorno cervical e papilas gengivais imaginárias.

Figura 10

Correção do comprimento dental de acordo com o plano incisal sugerido pelos dentes posteriores.

Page 232: Visagismo b.paolucci dental esthetic

230 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Figura 11

Preparos dentais para facetas cerâmicas.

Figura 12

Simulação de formas dentais previamente planejadas sobre preparos e implante.

Page 233: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 231

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Figura 13

Relação entre formas dentais planejadas em computador com preparos.

Figuras 14

Definição das bordas incisais como medida de personalização: (a) Retas, (b) Curvas e (c) Inclinadas.

a b c

Page 234: Visagismo b.paolucci dental esthetic

232 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Figura 15

Avaliação da perda de estrutura de suporte vestibular (perda horizontal).

Figuras 16

Imagens dos preparos para faceta e sua relação com o arco antagonista.

a b c

Page 235: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 233

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Figuras 17

(a) Vista intraoral dos preparos sobre fundo negro e (b) Enceramento diagnóstico dentogengival

e muralhas de silicone que irão guiar todas as fases do trabalho.

a1 a2 a3

b1

b3 b4

b2

Page 236: Visagismo b.paolucci dental esthetic

234 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

a

e f g

b c d

Figuras 18

Modelos de trabalho com as muralhas de silicone. Note as perdas severas de gengiva em relação

a posição correta do dente 21 nas Figuras a, d e f.

Figuras 19

Confecção do abutment desconsiderando a incorreta posição da gengiva e dando a anatomia

correta ao preparo sempre guiado pelas muralhas.

a b

Page 237: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 235

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Figuras 20

Abutment em modelo de resina.

Figuras 21

Abutment em zircônia (Zirkonzahn).

a b c d

a b c d e f

Page 238: Visagismo b.paolucci dental esthetic

236 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

a b c

Figuras 22

Abutment posicionado no modelo. Notar o quanto o seu término está afastado da base da gengiva.

Figuras 23

Estrutura sobre o abutment imitando o preparo do elemento 11. Artifício usado para ajudar no controle do valor,

dado a complexidade do caso 11 faceta e 21 implante (supraestrutura MO 1 e aplicado massas para reproduzir a translucidez do preparo).

a b c

d

Page 239: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 237

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

a b

d

c

Figuras 24

Enceramento realizado sobre o abutment para a prensagem.

a b

d

c

Figuras 25

Infraestrutura das facetas cerâmicas. Verificação da adaptação (e-max press LT A2).

Page 240: Visagismo b.paolucci dental esthetic

238 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Figura 26

Enceramento da base para gengiva.

Figura 27

Abutment com base esculpida pronto para injetar.

a b c d e

Page 241: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 239

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Figuras 28

Base da gengiva injetada (Zirpress G3).

ba

Figuras 29

(a) Abutment com base cerâmica e (b) Coping cerâmico sobre abutment e base cerâmica. Verificação da adaptação.

a b c d e

Page 242: Visagismo b.paolucci dental esthetic

240 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Figura 30

Aplicação da cerâmica para se obter os efeitos incisais desejados (i1, OE1 e mamelos light, salmon e yellow-orange).

Figura 31

Primeira prova.

Figuras 32

Sequência clínica: (a) Instalação do abutment; (b) Cimentação do coping sobre a o abutment; (c) Primeira prova das facetas;

e (d) Adaptação das facetas finalizadas previamente à cimentação.

a b c d

Page 243: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 241

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Figuras 33

Observe que falta cor, volume e papilas na gengiva. Devido à complexidade deste caso, por ser um único central, ter uma

linha de sorriso alta e uma cor bem complexa, usaremos a resina de gengiva Anaxgum by Christian Coachman.

Figuras 34(a) Condicionamento

ácido; (b) Silano;

(c) Adesivo; e

(d) Resina Flow.

a b c

a b

a b c d

Figuras 35a e 35b

Sequência de aplicação

da resina gengival

Anaxgum (Anaxdent).

Page 244: Visagismo b.paolucci dental esthetic

242 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

c1

d

c2 c3

Figuras 35c a 35f

Sequência de aplicação da resina gengival Anaxgum (Anaxdent).

Page 245: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 243

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

e

f

Page 246: Visagismo b.paolucci dental esthetic

244 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

g

h

Page 247: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 245

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

i

J

Figuras 35g a 35j

Sequência de aplicação da resina gengival Anaxgum (Anaxdent).

Page 248: Visagismo b.paolucci dental esthetic

246 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

Figura 35k

Sequência de aplicação da resina gengival Anaxgum

(Anaxdent). Remoção da prótese dentogengival para

acabamento (área de contato interno com a gengiva deve ser

convexa para proporcionar higienização adequada).k

a1 a2 a3

Figuras 36a a 36c

Resultado final.

Page 249: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 247

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

c

b1 b2

Page 250: Visagismo b.paolucci dental esthetic

248 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

a

Figura 36d

Resultado final, após dois anos. Houve pequenas fraturas na incisal de centrais, o que exigiu uma reanatomização com discos diamantados.

Figuras 37a e 37b

As incisais dos centrais reanatomizadas ficaram menos curvas.

d

Page 251: Visagismo b.paolucci dental esthetic

Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso • 249

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

b

Material Clínico Os preparos de central e lateral foram realizados com brocas 2135 e 4138 (KG Sorensen) e discos de acabamento e polimento (Shofu). O provisório imediato foi confeccionado com Structure-Vocco. O implante utilizado foi Neodent 4.1 hexagono externo. Resina para gengiva artificial Anaxgum (Anaxdent). Cimentação kit Variolink II (Ivoclar Vivadent).

Consultoria de Visagismo - Bráulio PaolucciDesenho Digital do Sorriso - Bráulio PaolucciFotografias Clínicas - Bráulio PaolucciFotografias Laboratoriais - Adriano SchayderImplantodontista - Angelo MeneghinProtesista - Bráulio PaolucciTécnico em Prótese Dentária - Adriano Schayder

Page 252: Visagismo b.paolucci dental esthetic

250 • Visagismo - a arte de personalizar o desenho do sorriso

Capítulo 8 Aplicação clínica do Visagismo

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Referências

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Page 254: Visagismo b.paolucci dental esthetic
Page 255: Visagismo b.paolucci dental esthetic
Page 256: Visagismo b.paolucci dental esthetic
Page 257: Visagismo b.paolucci dental esthetic
Page 258: Visagismo b.paolucci dental esthetic