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AS REPERCUSSÕES DA MORTE LIDANDO COM QUEM FICA
DOROTEIA MURCIA SOUZA PSICÓLOGA - 2016
A MORTE
A morte faz parte do desenvolvimento humano desde a sua mais tenra idade e acompanha o ser humano no seu ciclo vital, deixando suas marcas. A experiência da perda é considerada principalmente quando se refere à morte, um dos eventos mais estressantes que se pode vivenciar.
A NOTÍCIA Em meio a toda essa situação, uma das tarefas
mais difíceis - e também desagradável - é dar a notícia a outra pessoa sobre a morte de alguém próximo.
Então surge a dúvida: qual a melhor maneira de dizer que alguém morreu?
Não há uma maneira perfeita de passar essa notícia, mas a sua abordagem deve ser construída com uma base de respeito e honestidade para a transmissão apropriada da mensagem.
A NOTÍCIA Não demore ou pause ao contar a
notícia isso pode criar dor e tensão desnecessárias
Por exemplo, você poderia dizer: "Eu sinto muito, mas trago uma notícia ruim...
Prepare-se para conter uma possível explosão emocional.
Choro e desespero: as reações mais freqüentes
A NOTÍCIA Dar acolhimento, deixar a pessoa
falar, desabafar, chorar etc. O importante é estabelecer uma escuta que auxilie na contenção da emoção do impacto da perda e possibilite minimizar a dor psicológica.
Conduzir para um diálogo buscando instalar o autocontrole e orientando para as tomadas de decisões que o momento exige.
AS REPERCUSSÕES DA MORTE LIDANDO COM QUEM FICA
As circunstâncias em que a morte ocorreu influenciam bastante as reações, pois não se pode negar que a notícia chega de um jeito, no caso de pessoas enfermas cujo diagnóstico deixa claro a possibilidade de um falecimento, e de outro completamente diferente no caso das mortes repentinas.
AS REPERCUSSÕES DA MORTE LIDANDO COM QUEM FICA
E quando a notícia da morte não vem acompanhada de um corpo?
O colapso emocional e a incredulidade em volta da morte podem resultar um processo de luto turbulento e marcar uma família, com danos físicos e psicológicos.
Não saber como o familiar enfrentou os últimos momentos de vida e ainda não ter acesso aos restos mortais podem gerar confusão e até a fantasia de que aquilo não aconteceu.
TIPOS DE MORTE morte vil retira toda a dignidade morte majestosa que exalta toda sua
vida passada morte alegre que não é enxergada
como o fim de tudo morte triste que é enxergada como o
fim de tudo a morte estúpida Falta de significado a morte humana com dignidade
MORTE HUMANA
Weisman e Hackett (Cassem, 2001) listam as próprias diretrizes para ajudar um paciente a enfrentar a morte de forma digna:
Estar relativamente livre de dor; Ter suas funções corporais funcionando o melhor
possível, dentro dos limites de sua possibilidade; Reconhecer e resolver os conflitos interpessoais
passíveis de serem manejados; Realizar os desejos restantes que sejam compatíveis
com seu ideal de ego; Passar o controle das coisas práticas para outros em
que tenha confiança.
A PERDA
A perda de um ente querido é uma das dores mais intensas à qual o ser humano está sujeito e promove mudanças substanciais na vida.A dor da ausência de alguém com quem havia o hábito de uma convivência, uma rotina, uma relação prazerosa, desencadeia sentimentos intensos e perturbadores e muitas vezes difíceis de serem nomeados.
A PERDA A intensidade da dor da perda,depende,
além do vínculo, de como ela ocorre. Quanto mais repentina e violenta, mais
difícil vai ser a superação da morte. Se está lidando com uma pessoa doente,
acompanhar e cuidar dela já é uma despedida.
Na morte violenta e inesperada, você tem que colocar na cabeça que aquilo é definitivo
AS SENSAÇÕES DA PERDA Impotência, frustração, Dor, Angustia da separação, Choro, Sentimento de fracasso, Se perde a esperança, Perde-se o chão, A vida parece não ter mais sentido.
LUTO “O luto é o lento processo de redefinição do nosso
mundo sem a presença de alguém que amamos”. Essa definição de Guedes (2012) para esse
período tão perturbador explica de forma simples um dos momentos mais difíceis que uma pessoa enfrenta na vida.
É um momento onde muitas coisas precisam ser restabelecidas. Existe um desajustamento da vida,da rotina, dos costumes e, dependendo do vínculo com a pessoa que morreu, aquele que fica vivencia períodos de profunda dor, angústia e sofrimento e muita dificuldade de se reestruturar numa nova rotina.
PROCESSO DE LUTO
Quando se perde alguém violentamente, de modo repentino ou inesperado, quem fica permanece nesse limbo por um tempo indeterminado.
É comum pessoas em processo de luto por morte abrupta serem tomadas por um estado de catatonia, semelhante a um morto-vivo, ou a um robô, que passa a agir no "piloto-automático", sem domínio ou vontade de controlar suas ações.
Uma parte continua vivendo, pois entende ser necessário, mas a outra não está lá. A alma fica dividida e constantemente, o enlutado sente que morreu também e que sua história nunca mais será a mesma.
AS 5 FASES DO LUTO DE ELISABETH KUBLER-ROSS Fase 1) Negação: Seria uma defesa psíquica que faz com que o indivíduo acaba negando o
problema, tenta encontrar algum jeito de não entrar em contato com a realidade seja da morte de um ente querido ou da perda de emprego. É comum a pessoa também não querer falar sobre o assunto.
Fase 2) Raiva Nessa fase o indivíduo se revolta com o mundo, se sente injustiçada e
não se conforma por estar passando por isso.
Fase 3) Barganha Essa é fase que o indivíduo começa a negociar, começando com si
mesmo, acaba querendo dizer que será uma pessoa melhor se sair daquela situação, faz promessas a Deus. É como o discurso “Vou ser uma pessoa melhor, serei mais gentil e simpático com as pessoas, irei ter uma vida saudável.”
AS 5 FASES DO LUTO DE ELISABETH KUBLER-ROSS
Fase 4) Depressão Já nessa fase a pessoa se retira para seu mundo interno, se isolando,
melancólica e se sentindo impotente diante da situação.
Fase 5) Aceitação É o estágio em que o indivíduo não tem desespero e consegue
enxergar a realidade como realmente é, ficando pronto pra enfrentar a perda ou a morte.
Conclusão É importante esclarecer que não existe uma seqüência dos estágios de
luto, mas é comum que as pessoas que passam por esse processo apresentem pelo menos dois desses estágios. E não necessariamente as pessoas conseguem passar por esse processo completo algumas ficam estagnadas em uma das fases
TEM SENTIDO A MORTE? Mas como aceitar algo que não faz sentido?
Algo que não vem com avisos, que não parece ter um por quê dentro da lógica do merecimento?
Como aceitar a morte de alguém bom, que tinha uma vida enorme pela frente?
E que o destino levou em segundos, sem nos ter orientado para aquele momento?
Como continuar sem ter mais vontade de viver, sem ter um sentido que nos norteie?
TEM SENTIDO A MORTE?
Segundo Frankln (2005, p.106): [...] a transitoriedade da nossa existência de forma
alguma lhe tira o sentido. No entanto, ela constitui a nossa responsabilidade, porque tudo depende de nos conscientizarmos das possibilidades essencialmente transitórias. O ser humano está constantemente fazendo uma opção diante da massa de potencialidades presentes; quais delas serão condenadas ao não ser, e quais serão concretizadas? Qual opção se tornará realidade uma vez para sempre, imortal “pegada nas areias do tempo”? A todo e qualquer momento a pessoa precisa decidir, para o bem ou para o mal, qual será o monumento de sua existência. Se Deus, o céu e o inferno para você não existem, se viemos e iremos para o nada, o propósito da sua vida única, a sua sorte de estar vivo num universo tão vasto, de sermos um acidente fantasticamente improvável, dotado de consciência, não seria o fazer o certo, comemorarmos, e deixar isso com as pessoas que permanecerão e que fizeram parte de sua curta vida?
A IMPORTÂNCIA DO ACOMPANHAMENTO PROFISSIONAL NA ELABORAÇÃO DO LUTO
Nesse processo a presença da uma ajuda psicológica realizada pela equipe dos profissionais da saúde conjuntamente com o psicólogo hospitalar minimiza a dor e propicia a elaboração do luto evitando adoecimento da família. A intervenção psicológica possibilita a aqueles que ficaram:
1-Falar sobre sua perda e sua dor 2-Enfrentar o sentimento de culpa 3-Trabalhar os sentimentos de raiva e revolta 4-Idealização da pessoa que foi 5- Compartilhar o sofrimento 6-Repensar seus valores, 7-Reavaliar seus objetivos de vida 8- Acreditar na superação 9-Prever dias e datas difíceis 10-Desenvolver o lado espiritual 11- Reajustar a vida e ao trabalho
SUPERAR NÃO É ESQUECER. SIGNIFICA ACEITAR E CONTINUAR A VIVER
Finalmente, a aceitação é o processo que nos torna capazes de ver, tocar, falar sobre a morte e ao mesmo tempo, deixá-la ir para onde tiver que ir, longe de nossos domínios, de nosso controle racional.
Deixar ir não significa esquecer, tampouco não sofrer nunca mais. Deixar ir é fazer as pazes com o tempo, com novas chances para quem ficou, com a única certeza de que absolutamente tudo muda e que é preciso se transformar junto com a vida e com a morte.
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS FRANKL, Victor E. Em busca de sentido: um psicólogo no campo de concentração. 21ª edição. Petrópolis:
Editora Vozes, 2005. Disponível em: http://www.manualmerck.net. Acesso em;28 abr.2008.
KUBLER-ROSS, E. Sobre a morte e o morrer. São Paulo: Martins Fontes, 2001
JARAMILLO, I. F. Aprender a viver com a ausência do outro. In: ______. Morrer bem. São Paulo: Planeta do Brasil, 2006, p.191-198.
HENNEZEL, M., LELOUP, J. Y. A arte de morrer. Petrópolis: Editora Vozes, 2009.