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Alguém que, numa necessidade, não consegue jogar fora um tesouro, está acorrentadojogar fora um tesouro, está acorrentadoJ. R. R. TOLKIEN

Direito Civil IV - Aula 7 propriedade (cont.)

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“Alguém que, numa necessidade, não consegue jogar fora um tesouro, está acorrentado”jogar fora um tesouro, está acorrentado”

J. R. R. TOLKIEN

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Recapitulando

• Características da posse usucapível:• Características da posse usucapível:

▫ Posse com intenção de dono (animus domini)

▫ Posse mansa e pacífica

▫ Posse contínua e duradoura (em regra)

▫ Posse justa

▫ Posse de boa-fé e com justo título (em regra)

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Recapitulando

• Usucapião ordinária

▫ Usucapião ordinária regular

▫ Usucapião ordinária por posse-trabalho

• Usucapião extraordinária• Usucapião extraordinária

▫ Usucapião extraordinária regular

▫ Usucapião extraordinária por posse-trabalho

• Usucapião especial rural

• Usucapião especial urbana

▫ Usucapião especial urbana regular

▫ Usucapião especial urbana por abandono do lar

• Usucapião especial urbana coletiva

• Usucapião especial indígena

• Usucapião imobiliária administrativa

• Usucapião de bens públicos

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Direito Civil IV – Direito das CoisasDireito Civil IV – Direito das CoisasFormas derivadas de aquisição da propriedade imóvel

Page 5: Direito Civil IV - Aula 7   propriedade (cont.)

Formas derivadas de aquisição da propriedade imóvel

203

• Há intermediação entre pessoas e não contato direto entre a pessoa e a coisa:

▫ Registro do título

▫ Sucessão hereditária

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Registro do título

“Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição,

204

negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País”

• Escritura é lavrada em tabelionato de notas

Page 7: Direito Civil IV - Aula 7   propriedade (cont.)

Registro do título

“Art. 1.245. Transfere-se entre vivos a

205

“Art. 1.245. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título translativo no Registro de Imóveis”

• Escritura é registrada no cartório de registro de imóveis

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Registro do título

“Art. 1.246. O registro é eficaz desde o momento em que se apresentar o título ao oficial do

206

em que se apresentar o título ao oficial do registro, e este o prenotar no protocolo”

• Princípio da prioridade: aquele que primeiro registrar o título aquisitivo terá a titularidade de domínio do imóvel

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Registro do título

“Art. 1.247. Se o teor do registro não exprimir a

207

“Art. 1.247. Se o teor do registro não exprimir a verdade, poderá o interessado reclamar que se retifique ou anule”

• Ação de retificação ou anulação perante a Vara de Registros Públicos

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Registro do título

“Art. 1.247. (...) Parágrafo único. Cancelado o registro, poderá o proprietário reivindicar o

208

registro, poderá o proprietário reivindicar o imóvel, independentemente da boa-fé ou do título do terceiro adquirente”

• “Independente da boa-fé ou do título do terceiro”: registro traz presunção de domínio

Page 11: Direito Civil IV - Aula 7   propriedade (cont.)

Registro do título

• Efeitos ou características decorrentes do registro:

209

registro:

▫ Publicidade do ato

▫ Legalidade

▫ Força probante

▫ Continuidade

▫ Obrigatoriedade

▫ Mutabilidade ou retificação

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Sucessão hereditária

“Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e

210

transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários”

• “Droit de saisine”: com a morte, a herança se transmite imediatamente aos sucessores

• Partilha deve ser registrada, mas propriedade se transmite com a morte do de cujus

Page 13: Direito Civil IV - Aula 7   propriedade (cont.)

Direito Civil IV – Direito das CoisasDireito Civil IV – Direito das CoisasFormas de aquisição da propriedade móvel

Page 14: Direito Civil IV - Aula 7   propriedade (cont.)

Aquisição da propriedade móvel

Originárias Ocupação

Achado do Tesouro

212

Formas

Usucapião

Derivadas

Especificação

Confusão

Comistão

Adjunção

Tradição

Sucessão

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Ocupação

“Art. 1.263. Quem se assenhorear de coisa sem

213

“Art. 1.263. Quem se assenhorear de coisa sem dono para logo lhe adquire a propriedade, não sendo essa ocupação defesa por lei”

• Aquisição de res nullius ou res derelicta

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Achado do tesouro

“Art. 1.264. O depósito antigo de coisas preciosas, oculto e de cujo dono não haja memória, será

214

oculto e de cujo dono não haja memória, será dividido por igual entre o proprietário do prédio e o que achar o tesouro casualmente”

• Regras mantêm relação com a vedação do enriquecimento sem causa

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Achado do tesouro

“Art. 1.264. (...) será dividido por igual entre o proprietário do prédio e o que achar o tesouro

215

proprietário do prédio e o que achar o tesouro casualmente”

• 1ª Regra:

▫ Quem encontra um tesouro, de boa-fé, na propriedade alheia, divide por igual com o proprietário

Page 18: Direito Civil IV - Aula 7   propriedade (cont.)

Achado do tesouro

“Art. 1.265. O tesouro pertencerá por inteiro ao proprietário do prédio, se for achado por ele, ou em pesquisa que ordenou, ou por terceiro não

216

em pesquisa que ordenou, ou por terceiro não autorizado”

• 2ª Regra:

▫ Proprietário fica com todo o tesouro se encontrado (i) por ele sozinho, (ii) por outros sob suas ordens (iii) por terceiro não autorizado

Page 19: Direito Civil IV - Aula 7   propriedade (cont.)

Achado do tesouro

“Art. 1.266. Achando-se em terreno aforado, o tesouro será dividido por igual entre o descobridor e o enfiteuta, ou será deste por inteiro

217

descobridor e o enfiteuta, ou será deste por inteiro quando ele mesmo seja o descobridor”

• “terreno aforado” = enfiteuse

• 3ª Regra:

▫ Quem encontra um tesouro, de boa-fé, em terreno aforado, divide por igual com o enfiteuta

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Achado do tesouro

218

• Regras são aplicáveis para os casos em que o tesouro é encontrado em propriedade privada

▫ Se for encontrado em terreno público, é do Estado

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Achado do tesouro

Lei nº 3.924/61, “Art. 17. A posse e a salvaguarda dos bens de natureza arqueológica ou

pré-histórica constituem, em princípio, direito imanente ao Estado.

Art. 18. A descoberta fortuita de quaisquer elementos de interêsse arqueológico ou pré-

histórico, histórico, artístico ou numismático, deverá ser imediatamente comunicada à

219

histórico, histórico, artístico ou numismático, deverá ser imediatamente comunicada à

Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, ou aos órgãos oficiais

autorizados, pelo autor do achado ou pelo proprietário do local onde tiver ocorrido.

Parágrafo único. O proprietário ou ocupante do imóvel onde se tiver verificado o

achado, é responsável pela conservação provisória da coisa descoberta, até

pronunciamento e deliberação da Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico

Nacional.

Art. 19. A infringência da obrigação imposta no artigo anterior implicará na apreensão

sumária do achado, sem prejuízo da responsabilidade do inventor pelos danos que vier

a causar ao Patrimônio Nacional, em decorrência da omissão”

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Descoberta

“Art. 1.233. Quem quer que ache coisa alheia perdida há de restituí-la ao dono ou legítimo

220

perdida há de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor”

• Instituto não gera aquisição originária de propriedade móvel

• Relação com instituto do enriquecimento sem causa

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Descoberta

“Art. 1.233. (...) Parágrafo único. Não o

221

“Art. 1.233. (...) Parágrafo único. Não o conhecendo, o descobridor fará por encontrá-lo, e, se não o encontrar, entregará a coisa achada à autoridade competente”

• Autoridade competente: policial ou judicial

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Descoberta

CPC/15, “Art. 746. Recebendo do descobridor coisa alheia perdida, o juiz mandará lavrar o respectivo auto, do qual constará a descrição do bem e as declarações do descobridor.

§ 1º Recebida a coisa por autoridade policial, esta a remeterá em

222

§ 1º Recebida a coisa por autoridade policial, esta a remeterá em seguida ao juízo competente.

§ 2º Depositada a coisa, o juiz mandará publicar edital na rede mundial de computadores, no sítio do tribunal a que estiver vinculado e na plataforma de editais do Conselho Nacional de Justiça ou, não havendo sítio, no órgão oficial e na imprensa da comarca, para que o dono ou o legítimo possuidor a reclame, salvo se se tratar de coisa de pequeno valor e não for possível a publicação no sítio do tribunal, caso em que o edital será apenas afixado no átrio do edifício do fórum.

§ 3º Observar-se-á, quanto ao mais, o disposto em lei”

Page 25: Direito Civil IV - Aula 7   propriedade (cont.)

Descoberta

“Art. 1.236. A autoridade competente dará

223

“Art. 1.236. A autoridade competente dará conhecimento da descoberta através da imprensa e outros meios de informação, somente expedindo editais se o seu valor os comportar”

• CPC/15 de acordo com o dispositivo

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Descoberta

“Art. 1.237. Decorridos sessenta dias da divulgação da notícia pela imprensa, ou do edital, não se apresentando quem comprove a propriedade sobre a coisa, será esta

224

quem comprove a propriedade sobre a coisa, será esta vendida em hasta pública e, deduzidas do preço as despesas, mais a recompensa do descobridor, pertencerá o remanescente ao Município em cuja circunscrição se deparou o objeto perdido.

Parágrafo único. Sendo de diminuto valor, poderá o Município abandonar a coisa em favor de quem a achou”

• “Pequeno valor”: análise caso a caso

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Descoberta

“Art. 1.234. Aquele que restituir a coisa achada, nos termos do artigo antecedente, terá direito a uma recompensa não inferior a cinco por cento do seu valor, e à indenização pelas despesas que houver feito com a conservação e transporte da coisa, se o

225

que houver feito com a conservação e transporte da coisa, se o dono não preferir abandoná-la.

Parágrafo único. Na determinação do montante da recompensa, considerar-se-á o esforço desenvolvido pelo descobridor para encontrar o dono, ou o legítimo possuidor, as possibilidades que teria este de encontrar a coisa e a situação econômica de ambos”

• Recompensa = “achádego”: ato de achar coisa alheia

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Descoberta

“Art. 1.235. O descobridor responde pelos

226

“Art. 1.235. O descobridor responde pelos prejuízos causados ao proprietário ou possuidor legítimo, quando tiver procedido com dolo”

• Descobridor não responde por culpa strictosensu, pois há presunção relativa de boa-fé

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Usucapião de bens móveis

227

• Formas:

▫ Ordinária

▫ Extraordinária

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Usucapião ordinária

“Art. 1.260. Aquele que possuir coisa móvel como sua, contínua e incontestadamente durante três anos, com justo título e boa-fé, adquirir-lhe-á a

228

anos, com justo título e boa-fé, adquirir-lhe-á a propriedade”

• Requisitos:

▫ Posse mansa e pacífica com animus domini por três anos

▫ Justo título e boa-fé

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Usucapião extraordinária

“Art. 1.261. Se a posse da coisa móvel se prolongar por cinco anos, produzirá usucapião,

229

por cinco anos, produzirá usucapião, independentemente de título ou boa-fé”

• Requisitos:

▫ Posse mansa e pacífica com animus domini por cinco anos

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Usucapião de bens móveis

“Art. 1.262. Aplica-se à usucapião das coisas móveis o disposto nos arts. 1.243 e 1.244”

230

móveis o disposto nos arts. 1.243 e 1.244”

• Artigo 1.243: possibilidade de acrescentar o tempo de posse dos antecessores

• Artigo 1.244: causas que obstam, suspendem ou interrompem prescrição se aplicam à usucapião

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Formas derivadas de aquisição da propriedade móvel

• Especificação

231

• Especificação

• Confusão

• Comistão

• Adjunção

• Tradição

• Sucessão

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Especificação

“Art. 1.269. Aquele que, trabalhando em matéria-prima em parte alheia, obtiver espécie nova, desta será proprietário, se não se puder restituir à

232

será proprietário, se não se puder restituir à forma anterior”

• Forma derivada pois há relação entre o dono da coisa anterior e o especificador

▫ Parte da doutrina entende que a especificação é forma originária de aquisição (espécie de acessão)

Page 35: Direito Civil IV - Aula 7   propriedade (cont.)

Especificação

“Art. 1.270. Se toda a matéria for alheia, e não se puder reduzir à forma precedente, será do

233

puder reduzir à forma precedente, será do especificador de boa-fé a espécie nova”

• Como no artigo anterior, entende-se que o trabalho de especificação é considerado principal, do qual a matéria-prima é acessória

Page 36: Direito Civil IV - Aula 7   propriedade (cont.)

Especificação

“Art. 1.270. (...) § 1o Sendo praticável a redução, ou quando impraticável, se a espécie nova se

234

ou quando impraticável, se a espécie nova se obteve de má-fé, pertencerá ao dono da matéria-prima”

• Punição à má-fé implica ou o desfazimento da especificação, ou sua apropriação pelo proprietário da matéria-prima

Page 37: Direito Civil IV - Aula 7   propriedade (cont.)

Especificação

“Art. 1.270. (...) § 2o Em qualquer caso, inclusive o da pintura em relação à tela, da escultura,

235

da pintura em relação à tela, da escultura, escritura e outro qualquer trabalho gráfico em relação à matéria-prima, a espécie nova será do especificador, se o seu valor exceder consideravelmente o da matéria-prima”

• Análise de valor deve ser feita caso a caso

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Especificação

“Art. 1.271. Aos prejudicados, nas hipóteses dos arts. 1.269 e 1.270, se ressarcirá o dano que

236

arts. 1.269 e 1.270, se ressarcirá o dano que sofrerem, menos ao especificador de má-fé, no caso do § 1º do artigo antecedente, quando irredutível a especificação”

• Apenas o especificador de má-fé que não será indenizado

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Confusão, comistão e adjunção

• Casos em que coisas pertencentes a pessoas

237

• Casos em que coisas pertencentes a pessoas diversas se misturam de tal forma que não se consegue separar

• Parte da doutrina entende tratar-se de formas de aquisição originária

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Confusão, comistão e adjunção

• Confusão

▫ Mistura entre coisas líquidas ou gasosas

▫ “Confusão real” ≠ confusão obrigacional

238

▫ “Confusão real” ≠ confusão obrigacional

• Comistão

▫ Mistura entre coisas sólidas ou secas

• Adjunção

▫ Justaposição ou sobreposição de uma coisa sobre outra

Page 41: Direito Civil IV - Aula 7   propriedade (cont.)

Confusão, comistão e adjunção

“Art. 1.272. As coisas pertencentes a diversos donos, confundidas, misturadas ou adjuntadas

239

donos, confundidas, misturadas ou adjuntadassem o consentimento deles, continuam a pertencer-lhes, sendo possível separá-las sem deterioração”

• Se possível, retorna-se ao status quo ante

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Confusão, comistão e adjunção

“Art. 1.272. (...) § 1º Não sendo possível a separação das coisas, ou exigindo dispêndio excessivo, subsiste indiviso o todo, cabendo a cada

240

excessivo, subsiste indiviso o todo, cabendo a cada um dos donos quinhão proporcional ao valor da coisa com que entrou para a mistura ou agregado”

• Proprietários das coisas misturadas se tornam coproprietários da coisa resultante

Page 43: Direito Civil IV - Aula 7   propriedade (cont.)

Confusão, comistão e adjunção

“Art. 1.273. Se a confusão, comissão ou adjunção se operou de má-fé, à outra parte caberá escolher

241

se operou de má-fé, à outra parte caberá escolher entre adquirir a propriedade do todo, pagando o que não for seu, abatida a indenização que lhe for devida, ou renunciar ao que lhe pertencer, caso em que será indenizado”

• Punição ao proprietário que misturou de má-fé

Page 44: Direito Civil IV - Aula 7   propriedade (cont.)

Confusão, comistão e adjunção

“Art. 1.274. Se da união de matérias de natureza diversa se formar espécie nova, à confusão,

242

diversa se formar espécie nova, à confusão, comissão ou adjunção aplicam-se as normas dos arts. 1.272 e 1.273”

• Erro do legislador: trata-se, na verdade, de especificação, prevista nos artigos 1.269 a 1.271

Page 45: Direito Civil IV - Aula 7   propriedade (cont.)

Tradição

“Art. 1.267. A propriedade das coisas não se transfere pelos negócios jurídicos antes da

243

transfere pelos negócios jurídicos antes da tradição”

• Classificação:

▫ Real

▫ Simbólica

▫ Ficta

Page 46: Direito Civil IV - Aula 7   propriedade (cont.)

Tradição

“Art. 1.268. Feita por quem não seja proprietário, a tradição não aliena a propriedade, exceto se a coisa, oferecida ao público, em leilão ou

244

coisa, oferecida ao público, em leilão ou estabelecimento comercial, for transferida em circunstâncias tais que, ao adquirente de boa-fé, como a qualquer pessoa, o alienante se afigurar dono”

• Caso de alienação feita por quem não é dono

Page 47: Direito Civil IV - Aula 7   propriedade (cont.)

Tradição

“Art. 1.268. (...) § 1o Se o adquirente estiver de boa-fé e o alienante adquirir depois a

245

boa-fé e o alienante adquirir depois a propriedade, considera-se realizada a transferência desde o momento em que ocorreu a tradição”

• Venda a non domino inicialmente ineficaz ganha eficácia ex tunc

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Tradição

“Art. 1.268. (...) § 2º Não transfere a propriedade

246

“Art. 1.268. (...) § 2º Não transfere a propriedade a tradição, quando tiver por título um negócio jurídico nulo”

• Nulidade absoluta não pode gerar transmissão da propriedade (plano da eficácia)

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Sucessão

“Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança

247

“Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários”

• Direito sucessório também pode gerar a aquisição derivada da propriedade móvel

Page 50: Direito Civil IV - Aula 7   propriedade (cont.)

Direito Civil IV – Direito das CoisasDireito Civil IV – Direito das CoisasPerda da propriedade imóvel e móvel

Page 51: Direito Civil IV - Aula 7   propriedade (cont.)

Introdução

• Formas derivadas de aquisição de propriedade

249

• Formas derivadas de aquisição de propriedade implicam a perda da propriedade

• Existem outras hipóteses de perda previstas no Código Civil

Page 52: Direito Civil IV - Aula 7   propriedade (cont.)

Introdução

• Regra geral: propriedade se perde sob a vontade do titular ou de seus sucessores em caso de

250

do titular ou de seus sucessores em caso de morte

• Hipóteses de extinção de direito real independentemente da vontade do titular são exceções no sistema

Page 53: Direito Civil IV - Aula 7   propriedade (cont.)

Perda da propriedade móvel

• PONTES DEMIRANDA:

▫ Destruição ou perecimento da coisa

▫ Derrelição

251

▫ Derrelição

▫ Colocação da coisa fora de comércio, fuga ou extravio de animais

▫ Arrojamento pelo mar ou rio

▫ Tradição

▫ Desapropriação

▫ Outro adquirir a propriedade

Page 54: Direito Civil IV - Aula 7   propriedade (cont.)

Perda da propriedade

“Art. 1.275. Além das causas consideradas neste Código, perde-se a propriedade:

252

Código, perde-se a propriedade:

I - por alienação;

II - pela renúncia;

III - por abandono;

IV - por perecimento da coisa;

V - por desapropriação”

Page 55: Direito Civil IV - Aula 7   propriedade (cont.)

Alienação

“Art. 1.275. Além das causas consideradas neste Código, perde-se a propriedade:

I - por alienação (...)

253

I - por alienação (...)

Parágrafo único. Nos casos dos incisos I e II, os efeitos da perda da propriedade imóvel serão subordinados ao registro do título transmissivo ou do ato renunciativo no Registro de Imóveis”

• Transmissão do direito de propriedade de um patrimônio a outro

▫ Imóveis: registro no CRI

▫ Móveis: tradição

Page 56: Direito Civil IV - Aula 7   propriedade (cont.)

Renúncia

“Art. 1.275. Além das causas consideradas neste Código, perde-se a propriedade: (...)

II - pela renúncia (...)

254

II - pela renúncia (...)

Parágrafo único. Nos casos dos incisos I e II, os efeitos da perda da propriedade imóvel serão subordinados ao registro do título transmissivo ou do ato renunciativo no Registro de Imóveis”

• Ato unilateral pelo qual o proprietário declara expressamente vontade de abrir mão do direito sobre a coisa

Page 57: Direito Civil IV - Aula 7   propriedade (cont.)

Abandono

“Art. 1.275. Além das causas consideradas neste

255

“Art. 1.275. Além das causas consideradas neste Código, perde-se a propriedade: (...)

III - por abandono”

• Res derelicta = proprietário deixa a coisa com a intenção de não mais tê-la consigo

Page 58: Direito Civil IV - Aula 7   propriedade (cont.)

Abandono de imóvel

“Art. 1.276. O imóvel urbano que o proprietário abandonar, com a intenção de não mais o conservar em seu patrimônio, e que se não encontrar na posse de outrem, poderá ser arrecadado, como bem vago, e passar, três anos depois, à

256

arrecadado, como bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade do Município ou à do Distrito Federal, se se achar nas respectivas circunscrições.

§ 1o O imóvel situado na zona rural, abandonado nas mesmas circunstâncias, poderá ser arrecadado, como bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade da União, onde quer que ele se localize”

• Prazo no CC/16 era de 10 anos para o imóvel urbano

Page 59: Direito Civil IV - Aula 7   propriedade (cont.)

Abandono de imóvel

“Art. 1.276. (...) § 2o Presumir-se-á de modo

absoluto a intenção a que se refere este artigo,

257

absoluto a intenção a que se refere este artigo,

quando, cessados os atos de posse, deixar o

proprietário de satisfazer os ônus fiscais”

• Presunção iuris et de iure

• Polêmica na doutrina

Page 60: Direito Civil IV - Aula 7   propriedade (cont.)

Abandono de imóvel

III Jornada de Direito Civil - Enunciado 242: “A

aplicação do art. 1.276 depende do devido

258

aplicação do art. 1.276 depende do devido

processo legal, em que seja assegurado ao

interessado demonstrar a não-cessação da posse”

• Abandono de imóvel não pode ser

automaticamente caracterizado

Page 61: Direito Civil IV - Aula 7   propriedade (cont.)

Abandono de imóvel

III Jornada de Direito Civil - Enunciado 243: “A

presunção de que trata o § 2º do art. 1.276 não

pode ser interpretada de modo a contrariar a

259

pode ser interpretada de modo a contrariar a

norma-princípio do art. 150, inc. IV, da

Constituição da República”

• Vedação ao confisco

• Abandono deve ser voluntário

Page 62: Direito Civil IV - Aula 7   propriedade (cont.)

Abandono de imóvel

IV Jornada de Direito Civil - Enunciado 316:

“Eventual ação judicial de abandono de imóvel,

260

“Eventual ação judicial de abandono de imóvel,

caso procedente, impede o sucesso de demanda

petitória”

• Impossível ao proprietário que abandonou o

bem reaver a coisa por ação reivindicatória

Page 63: Direito Civil IV - Aula 7   propriedade (cont.)

Abandono de móvel

VI Jornada de Direito Civil - Enunciado 565: “Não

ocorre a perda da propriedade por abandono de

261

ocorre a perda da propriedade por abandono de

resíduos sólidos, que são considerados bens

socioambientais, nos termos da Lei n. 12.305/2012”

• Proprietário não pode abandonar resíduos sólidos,

devido à responsabilidade socioambiental

Page 64: Direito Civil IV - Aula 7   propriedade (cont.)

Perecimento da coisa

“Art. 1.275. Além das causas consideradas neste Código, perde-se a propriedade:

IV - por perecimento da coisa”

262

IV - por perecimento da coisa”

• Perda do objeto

• Código Civil de 1916, “Art. 78. Entende-se que pereceu o objeto do direito:

I. Quando perde as qualidades essenciais, ou o valor econômico.

II. Quando se confunde com outro, de modo que se não possa distinguir.

III. Quando fica em lugar de onde não pode ser retirado”

Page 65: Direito Civil IV - Aula 7   propriedade (cont.)

Desapropriação

“Art. 1.275. Além das causas consideradas neste Código, perde-se a propriedade:

V - por desapropriação”

263

V - por desapropriação”

• Código Civil:

▫ Para fins de necessidade e interesse público

▫ No interesse privado, por posse-trabalho

• Estatuto da Cidade:

▫ Pelo não atendimento da função social da propriedade

▫ Pelo não pagamento do IPTU