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Definição e
Fontes do Direito
DesportivoProf. Doutor Rui Teixeira SantosUniversidade Autónoma de Lisboa
Conferência da ELSA AUTONOMA`14
28 de Novembro de 2014
• O título podia ser:
• Não há desporto sem norma, porque o desporto implica
sempre um quadro normativo e esse sistema de normas
ou regras é já direito.
• O desporto é sempre actividade fisica com regras.
Desporto como atividade
organizada
• O Homem, desde o inicio dos tempos, sempre jogou,
lutou ou correu. O espirito de competicao esteve presente
em todas as fases da evolucao humana. Mas o Desporto
nao e apenas diversao, e atividade organizada, possuidora
de normas e regras, e resulta da evolucao natural da
pratica recreativa. Por isso, consideramos que o jogo e
anterior a cultura, que por sua vez da origem ao
Desporto, uma vez que permite a organizacao do jogo.
O que é o direito
desportivo
• Para Valed Perry o Direito Desportivo e o complexo de normas e regras que regem o desporto no Mundo inteiroe cuja inobservancia pode acarretar a marginalizacaototal de uma Associacao Nacional do concerto mundialdesportivo.
• Para o professor Eduardo Viana o direito desportivo e constituido pelo conjunto de normas escritas ouconsuetudinarias que regulam a organizacao e a praticado desporto e, em geral, de quantas questoes juridicassituam a existencia do desporto como fenoómeno da vidasocial.
Direito Público Social
e Direito Internacional
• O Direito Desportivo é antes de mais um direito regulatório de uma atividade socio-cultural – o Desporto. E nesse sentido, é um direito público social ou socio-cultural.
• O facto social que dá origem à norma é o desporto.
• E quem não comprir a regulação internacional está for a das competições nacionais e internacionais. Ha portanto uma pena pelo incumprimento e nesse sentido é um direito internacional especial com alguma eficácia.
• E para isso ha por exemplo o procedimento jurídico perante a Câmara de Resolução de Disputas da FIFA ou junto do Tribunal Arbitral do Desporto
Direito Regulatório Social
Especial
• Assim o Direito Desportivo é, em nosso entender, um
direito regulatório social especial porque é constituído
por um conjunto de normas que regulam a atividade
desportiva organizada, profissional ou amadora, a nível
internacional e estatal, e que exclui das competições
quem o não cumpre, podendo ser o procedimento jurídico
e disciplinar objeto de tribunais ou instancias arbitrais
próprias.
Destingue-se do Direito
Constitucional Desportivo
• Não se confunde portanto, com o Direito Fundamental de
terceira geração, consagrado no art.º 79º da Constituição
da República Portuguesa – o direito ao desporto.
• O Direito Desportivo não é o Direito Constitucional
Desportivo.
• Este integra o Direito Público Desportivo na óptica dos
direitos, liberdades e garantias.
Distngue-se do Direito
Administrativo Desportivo
• Com a publicizacao da atividade desportiva federada e o
especial posicionamento das federações desportivas
portuguesas e das ligas profissionais de clubes, o direito
desportivo inclui também o direito administrativo
desportivo. Nele se inclui também o estatuto e
regulamento do Instituto Português da Juventude e
Desportos, IP e a Secretaria de Estado da Juventude e dos
Desportos.
Outros direitos que se
autonomizam
relativamente ao objecto
• Destingue-se mas integra também o direito comercial
desportivo – com as sociedades comercias desportivas
(por quotas ou anónimas) - o direito laboral desportivo, o
direito penal desportivo e o direito fiscal desportivo.
• Estes direitos ganham autonomia pelo objecto e pelos
sujeitos dos direitos e deveres.
Atos desportivos
como atos civis ou comercias
• Esta autonomização destes direitos desportivos pode-nos levar doutrinariamente à reflexão da natureza jurídica dos atos desportivos e nomeadamente, dos contratos desportivos.
• Os atos desportivos são atos civis e as associações desportivas são associações civis. Esse é o caso dos clubes de futebol.
• Contudo, quando praticados pelas sociedades comerciais desportivas, estes atos civis desportivos são comercias e por isso, supletivamente aplica-se a disciplina do Código Comercial e do Código das Sociedades Comerciais. (seguimos aqui a disciplina do art.2º do Código Comercial, referente aos atos de comércio subjetivos ou seja cuja comercialidadedecorre do facto de serem praticados por sociedades comercias
Ato e atividade
• O Direito Desportivo tem portanto na prática desportiva
sua fonte primária, cujas normas e regras se traduzem nas
decisões das entidades responsáveis pela organização do
desporto que são autónomas e independentes.
• As fontes criadoras do direito são as decisões emanadas
desses órgãos desportivos que coordena atividade
desportiva – organizada por definição. E os atos das
entidades desportivas são atos desportivos.
Direito da actividade
desportiva
• O Direito Desportivo não é o direito dos atos desportivos,
que são subjetivamente desportivos, ou seja posteriores à
determinação das entidades desportivas, que são aquelas
que a lei considera como desportivas ou que desenvolvem
a atividade desportiva dentro das normas das federações
nacionais e internacionais.
• O Direito Desportivo é portanto o direito ou o conjunto
de normas da atividade desportiva.
Fontes do Direito: um
direito consuetudinário
• A ideia de fontes do direito desportivo deve ser
entendida como fontes de criação de normas dos direito
desportivo.
• A particularidade da atividade desportiva é que grande
parte da origem do direito desportivo é consuetudinário.
Um direito disciplinar e
estatutário, privado ou social
• Foram as organizações sociais do terceiro sector que
dominaram as principais atividades desportivas e
massificaram as regras dos diversos desportos, ao mesmo
tempo que criaram os seus mecanismos de controlo,
fiscalização e arbitragem de conflitos. Nesse sentido é
também um direito disciplinar e estatutário, social e
privado, internacional ou nacional.
Globalização
• Mas a dimensão política, social e económica do
fenómeno desportivo obrigou os Estados a adotarem
regras e a constituírem tribunais especializados para
dirimir as questões relativas ao desporto.
• Sobretudo com as sociedades tecnológicas e a
globalização da comunicação e da imagem a relevância
económica da atividade desportiva passou a ultrapassar o
mero estatuto de guerrilha nacionalista que marcou o
desporto nacional desde a década de trinta do século
passado.
• A globalização dos valores levou à consagração dos quatro pilares contra a verdade desportiva:
• 1. Antidopagem
• 2. Anticorrupção
• 3. Antirracismo
• 4. Antiviolência no desporto
• A consagração de uma Lei de Bases da Atividade Desportiva que define as politicas publicas do desporto e de um regulador desportivo, o Instituto da Juventude e do Desporto foram intenções de governos que quiseram intervir mas não souberam definir os meios nem criaram um verdadeiro regulador independente.
• As politicas públicas de fomento e fiscais acabaram por ficar prejudicadas com o PAEF (Programa de Apoio e Estabilização Financeira)
• É sobretudo no final do século XX e agora o século XXI
que as exigências de fair play desportivo –sobretudo no
futebol, com as decisões da UEFA – vieram exigir a
sustentabilidade a a transparência nas ligas profissionais.
• Duas ideias novas prova de um tempo em que se perdeu a
confiança nas instituições.
• Duas ideias que obrigaram à revisão das normas
referentes às sociedades comerciais desportivas e à
criação do Tribunal Arbitral Desportivo.
Direito Europeu
• A nivel internacional temos do direito criado pelas
organizações desportivas internacionais, muitas do
terceiro sector, outras privadas mesmo.
• Mas a intervenção dos estados esta patente na propria
legislação de que a União Europeia faz passar, suadno
sobretudo as suas competências próprias em matéria de
mercado interno, mas definindo o Direito ao Desporto
como um direito fundamental na Carta dos Direitos
Fundamentais da União Europeia, adoptada pelo Tratado
de Lisboa.
Regras da UE
• Com base nos artigos 48, 85 e 86 do Tratado de Roma, de
25 de março de 1957, são proíbidas as associações ou
federações nacionais e internacionais desportivas de
incluírem nos seus regulamentos disposições que limitem
o acesso de jogadores profissionais estrangeiros que
receberam cidadania da União Europeia. A UE proíbiu
mesmo que os clubes de futebol pudessem exigir e
receber qualquer pagamento pela contratação de um dos
seus jogadores por um novo clube, quando faltem menos
de 6 meses para o fim contrato do jogador.
• Há normas internacionais imperativas, como as que
regulam o fair play da UEFA.
• Há normas internacionais facultativas e outras que não
tem que ser levadas à letra. Ainda este mês se transcreveu
para a ordem interna normas da diretiva europeia sobre o
Código Mundial Antidopagem
Flexibilidade normativa
• Por exemplo o Artigo 13, a subalinea 13.2.2 do Código
Mundial Antidopagem de 2003 não é uma disposicoes
para ser adoptada de forma literal, dado que esta
subalinea estabelece principios de orientacao
obrigatorios que permitem alguma flexibilidade na
formulacao de regras por parte da Organizacao
Antidopagem.
Espirito Desportivo
• As normas antidopagem, tal como as normas de competicao,
sao normas desportivas que definem as condicoes que regem a
pratica desportiva. Os praticantes desportivos aceitam as
presentes normas como condicao da sua participacao. As
normas antidopagem nao se destinam a estar sujeitas ou
limitadas pelos requisitos e normas legais aplicaveis a
processos-crime nem a legislacao em materia de relacoes de
trabalho. As politicas e normas minimas enunciadas no Codigo
representam o consenso de um amplo quadro de entidades
interessadas em promover o espirito desportivo e deverao ser
respeitadas por todos os tribunais e comissões de arbitragem.
Norma do Código
• Diz o Codigo Mundial Antidoping que “Os participantes
sao obrigados a cumprir as regras antidopagem
adoptadas, em conformidade com o Codigo pelas
Organizacoes Antidopagem envolvidas. Cada Signatario
devera estabelecer regras e procedimentos de forma a
garantir que todos os Participantes sob a sua autoridade,
e as organizacoes suas filiadas sao informados das regras
antidopagem em vigor estabelecidas pelas Organizacoes
Antidopagem responsaveis e aceitam o cumprimento das
mesmas”.
Aplicação por medida
• Isto significa que para esta norma de direito internacional, como condição da sua participação no desporto, os praticantes desportivos encontram-se vinculados as normas de competição aplicadas a sua modalidade. Da mesma forma, os praticantes desportivos e o Pessoal de Apoio aos praticantes desportivos devem estar vinculados por normas antidopagem baseadas no Artigo 2 do Codigo em virtude dos seus acordos de filiacao, acreditacao ou participacao em organizações desportivas ou manifestacoes desportivas sujeitas ao Código. Contudo, cada Signatario tomara as devidas previdências no sentido de garantir que todos os praticantes desportivos e dos restantes agentes desportivos, no ambito do seu campo de responsabilidade, se encontrem vinculados pelas normas antidopagem da Organização Antidopagem respectiva.
• É neste contexto que se vão desenvolver as normas nacionais e que os governos vão usar algumas vezes apenas como armas ideológicas e de propaganda
Jurisprudencia
• Começa a haver um acervo muito signifcativo de
jurisprudencia de que se salienta entre outros o caso
Bosman
• (O Caso Bosman (ou "Lei de Bosman") é um caso
paradigmático do direito que um jogador de futebol belga
processou o clube que defendia ao final do seu contrato,
obrigando a UEFA para alterar algumas normas.)
Doutrina
• E finalmente a doutrina.
• Começam agora a surgir os especialistas desta área do
Direito e os primeiros artigos e manuais de direito
desportivo:
• Chamo a atenção para a recente publicação do Dr.
Alexandre Mestre (O desporto na Lei (2014) Vida
Económica) e para a tese de doutoramento do Dr. Miguel
Furtado (As políticas públicas desportivas à luz do art.º
79º da CRP).
Conclusão
• A Fontes de criação do Direito desportivo são diversificadas e têm uma forte componente privada nacional e internacional.
• Como devem agir os Estados e as organizações internacionais?
• Têm criado leis em algumas áreas para positivarem e publicizarem o direito desportivo.
• Temos defendido contudo que essa não deve ser a abordagem das Politicas Publicas e do legislador e que os espírito de parceria publico-social ou Publico Privada que existe na lei de Bases da Atividade Física e Desportiva deveria ser preservada. E nesse sentido o nudging pode ser a solução.
• Usando a persuasão e a psicologia para conseguir os objetivos de participação de todos e democratização do desporto, tendo presente que estamos perante uma sector cada vez mais relevante social e economicamente..
Conclusão
• Mas não esqueçamos de onde partimos: o Desporto é
atividade física e social com regras.
• O Desporto só existe com o Direito.
• O ato desportivo resulta da caraterização jurídica do
agente e da actividade
Legislação Básica
• Constituição da República Portuguesa• DL 10:2013 de 25 Jan Sociedades Desportivas.pdf• Lei_5_2007 Lei de Bases da Atividade Física e do
Desporto.pdf• Lei_27_2009_de_19_Junho - Lei anti-Dopagem.pdf• Lei_50_2007 - Corrupção Desportiva.pdf• Regime Jurídico dos Ginásios.docx• Contrato de Trabalho Desportivo e Contrato de
Formação.docx• Lei_28_1998 - Regime do Contrato de trabalho
desportivo.pdf
Muito Obrigado
• Webgrafia adicional
• Santos, Rui Teixeira (2013) Lições de Direito Desportivo,
Lisboa: ISEIT
• online em
http://pt.slideshare.net/Ruiteixeirasantos/diireito-
desportivo-2013-prof-doutor-rui-teixeira-santos-iseit-
lisboa