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1 Curso Multiplus Grupo de Estudos TRT Brasil Direito Constitucional Aula 01 (07.02.2015) 1. INTERPRETAÇÃO DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS (HERMENÊUTICA) 1.1. Mutação constitucional e Derrotabilidade. 1.1.1. Mutação constitucional: alteração do significado da norma sem que tenha havido qualquer alteração do seu texto. Ex: Art. 5º, XI, CF/88 – conceito de casa. Em 1988, o STF entendia que seria apenas o local da residência. Hoje a Suprema Corte alterou sua interpretação , tornando-a mais ampla, para alcançar quarto de hotel, barco, trailer, etc. 1.1.2. Derrotabilidade: em primeiro lugar, ressalte-se que os princípios, assim como as regras, possuem natureza de norma jurídica. Ou seja, o princípio não é um mero conselho. Caso seja descumprido, pode o interessado buscar o Poder Judiciário de maneira a obter a correspondente reparação. Por exemplo, a vedação ao nepotismo (Súmula Vinculante n. 13/STF) não decorre de nenhuma lei, mas sim diretamente dos princípios constitucionais da impessoalidade e da moralidade. Entretanto, apesar de serem normas jurídicas, regras e princípios possuem aplicação prática distinta. Vejamos: a) Regras: são normas que são sempre ou satisfeitas ou não satisfeitas. Por exemplo, o art. 130, CLT: Art. 130 - Após cada período de 12 (doze) meses de vigência do contrato de trabalho, o empregado terá direito a férias, na seguinte proporção: I - 30 (trinta) dias corridos, quando não houver faltado ao serviço mais de 5 (cinco) vezes; Ou seja: para adquirir direito a 30 dias de férias, dois requisitos: trabalhar 12 meses + cinco faltas no máximo. Se alguém completar os requisitos – ganha 30 dias de férias. Se não completar os requisitos – não ganha 30 dias de férias. Conclusão: OU APLICA TUDO, OU NÃO APLICA NADA!! Regras trabalham com lógica binária: ou zero, ou um – não há meio termo! E como se resolve um conflito entre regras? Através dos seguintes critérios: - hierárquico (ex: lei x CF/88 – vale a CF/88), - especialidade (vale a norma mais específica. Ex: aplica-se a multa do art. 475-J do CPC (10% sobre o valor da condenação) no Processo do Trabalho? TST: não, pois a CLT possui regra específica – citação para pagamento em 48 horas, sob consequência de penhora e avaliação de bens – art. 880, CLT. - cronológico (norma posterior prevalece sobre a anterior). Ex: Lei 12.010/2009, revogou dispositivos da CLT que davam períodos distintos de licença maternidade para a mãe adotante, em virtude da idade da criança. Conclusão: só fica UMA REGRA. É o esquema do TUDO OU NADA! b) Princípios: são normas que podem ser aplicadas seguindo a lógica do MAIS OU MENOS. Ora se aplicam com mais intensidade, ora com menos intensidade. Ou seja, entre zero e um, por vezes o princípio será aplicado com 0,6, outra com 0,1, e outra com 0,985... Veja: é uma questão de INTENSIDADE. Por exemplo, vedação ao nepotismo (SV 13/STF). A Corte Superior entendeu que os princípios da impessoalidade e da moralidade proíbem a nomeação de parentes até o 3º grau. Poderia ser até o 2º grau, ou até o 4º grau, ou apenas até o 1º grau... Mas o

Interpretação das normas constitucionais (hermenêutica) e poder constituinte

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Curso Multiplus – Grupo de Estudos TRT Brasil – Direito Constitucional – Aula 01 (07.02.2015)

1. INTERPRETAÇÃO DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS (HERMENÊUTICA)

1.1. Mutação constitucional e Derrotabilidade.

1.1.1. Mutação constitucional: alteração do significado da norma sem que tenha havido qualquer

alteração do seu texto. Ex: Art. 5º, XI, CF/88 – conceito de casa. Em 1988, o STF entendia que seria apenas o local da

residência. Hoje a Suprema Corte alterou sua interpretação , tornando-a mais ampla, para alcançar quarto de hotel,

barco, trailer, etc.

1.1.2. Derrotabilidade: em primeiro lugar, ressalte-se que os princípios, assim como as regras,

possuem natureza de norma jurídica. Ou seja, o princípio não é um mero conselho. Caso seja descumprido, pode o

interessado buscar o Poder Judiciário de maneira a obter a correspondente reparação. Por exemplo, a vedação ao

nepotismo (Súmula Vinculante n. 13/STF) não decorre de nenhuma lei, mas sim diretamente dos princípios

constitucionais da impessoalidade e da moralidade.

Entretanto, apesar de serem normas jurídicas, regras e princípios possuem aplicação prática distinta.

Vejamos:

a) Regras: são normas que são sempre ou satisfeitas ou não satisfeitas. Por exemplo, o art. 130, CLT:

Art. 130 - Após cada período de 12 (doze) meses de vigência do contrato de trabalho, o empregado terá direito a férias, na seguinte proporção:

I - 30 (trinta) dias corridos, quando não houver faltado ao serviço mais de 5 (cinco) vezes;

Ou seja: para adquirir direito a 30 dias de férias, dois requisitos: trabalhar 12 meses + cinco faltas no

máximo. Se alguém completar os requisitos – ganha 30 dias de férias. Se não completar os requisitos – não ganha 30

dias de férias. Conclusão: OU APLICA TUDO, OU NÃO APLICA NADA!! Regras trabalham com lógica binária: ou zero,

ou um – não há meio termo!

E como se resolve um conflito entre regras? Através dos seguintes critérios:

- hierárquico (ex: lei x CF/88 – vale a CF/88),

- especialidade (vale a norma mais específica. Ex: aplica-se a multa do art. 475-J do CPC (10%

sobre o valor da condenação) no Processo do Trabalho? TST: não, pois a CLT possui regra específica – citação para

pagamento em 48 horas, sob consequência de penhora e avaliação de bens – art. 880, CLT.

- cronológico (norma posterior prevalece sobre a anterior). Ex: Lei 12.010/2009, revogou

dispositivos da CLT que davam períodos distintos de licença maternidade para a mãe adotante, em virtude da idade

da criança.

Conclusão: só fica UMA REGRA. É o esquema do TUDO OU NADA!

b) Princípios: são normas que podem ser aplicadas seguindo a lógica do MAIS OU MENOS. Ora se

aplicam com mais intensidade, ora com menos intensidade. Ou seja, entre zero e um, por vezes o princípio será

aplicado com 0,6, outra com 0,1, e outra com 0,985... Veja: é uma questão de INTENSIDADE. Por exemplo, vedação

ao nepotismo (SV 13/STF). A Corte Superior entendeu que os princípios da impessoalidade e da moralidade proíbem

a nomeação de parentes até o 3º grau. Poderia ser até o 2º grau, ou até o 4º grau, ou apenas até o 1º grau... Mas o

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STF entendeu que seria até o 3º!!! Perceba – intensidade!!! Por isso os princípios são chamados de MANDAMENTOS

DE OTIMIZAÇÃO!

E como se resolve um conflito entre princípios? Através da PONDERAÇÃO. Os dois princípios

permanecem, mas um é aplicado com mais intensidade, e o outro com menos intensidade. Vejamos três situações:

- Fotógrafo divulga, sem autorização, na capa de uma revista, foto de Dilma Rousseff num

comício, em campanha política. O que prevalece – direito à informação ou intimidade? Informação!

- Fotógrafo divulga, sem autorização, na capa de uma revista, foto de Dilma Rousseff de maiô

numa praia reservada. O que prevalece – direito à informação ou intimidade? Informação! Mas alguns poderiam

falar em intimidade, não acha?

- Fotógrafo divulga, sem autorização, na capa de uma revista, foto de Dilma Rousseff nua,

tomando banho. O que prevalece – direito à informação ou intimidade? Intimidade!

Conclusão: em nenhum momento se pensa em excluir o direito à informação ou o direito à

intimidade. O que se faz é, no caso concreto, dar mais ou menos intensidade a cada um dos princípios envolvidos no

conflito.

Exposta a aplicação de regras (tudo ou nada) e princípios (mais ou menos), além das formas se

resolução de conflitos entre regras (só fica uma) e entre princípios (os dois permanecem – intensidade), chegamos

ao momento de falar sobre DERROTABILIDADE. Ou seja: é possível não aplicar uma regra, em determinado caso

concreto, e mesmo assim continuar dizendo que ela é válida???

Pelo raciocínio acima, num primeiro momento, diríamos que não. Isso porque se a regra é válida, ele

deve ser aplicada a todos os casos. Mas será que é possível, mesmo num quadro desses, deixar de aplicar a regra em

casos concretos específicos???

Esse raciocínio é a chamada “derrotabilidade”. Como funciona? Veja um exemplo na jurisprudência:

BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADADA. LOAS. RENDA PER CAPITA. NECESSIDADE DE SE

CONTRAPÔR A REGRA LEGAL EM FACE DE TODAS AS CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO. ANTINOMIA EM

ABSTRATO VS. ANTINOMIA EM CONCRETO."DERROTABILIDADE"DO § 3º DO ART. 20 DA LEI 8.742/93.

1. Embora o STF já tenha reconhecido a constitucionalidade em tese do § 3º do art. 20 da Lei 8.742/93, o requisito da

renda mensal per capita inferior a 1/4 (um quarto) do salário mínimo, consideradas todas as circunstâncias do caso,

pode apresentar antinomia concreta em face de algum princípio constitucional ou regra implícita deste decorrente.

2. O reconhecimento dessa antinomia concreta gera a "derrotabilidade" (defeasibility) da regra legal, mas não viola

a autoridade da decisão do STF proferida na ADIn 1.232/DF.

3. Quando se resolve uma antinomia em abstrato, considera-se a norma desprezada, para todas as demais hipóteses

em que norma se aplicaria porque: (a) inválida (em caso de conflito hierárquico); ou (b) sem vigência (conflito

cronológico); ou (c) ineficaz (conflito da especialidade). Diferentemente, a resolução de uma antinomia em concreto

não implica qualquer juízo de invalidação da norma que se deixou de aplicar, a qual segue válida, vigente e eficaz

para se aplicar a outras situações.

4. Não bastasse, a decisão de mérito da ADIn 1.232/DF tampouco dispõe de efeitos vinculantes, já que proferida

antes da edição da Lei 9.868/99.

5. Comprovados gastos com medicamentos necessários à manutenção da pessoa que necessita do amparo

constitucional, deve ser diminuída, em iguais proporções, a base de cálculo da renda mensal per capita.

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6. Recurso desprovido.

LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado, 18ª ed. São Paulo: Saraiva, 2014, p. 167.

Conclusão: a derrotabilidade significa o afastamento de determinada regra VÁLIDA à luz das circunstâncias

do caso concreto, sem que esse afastamento torne a regra inválida!

1.2. Métodos de Interpretação.

1.2.1. Método jurídico (hermenêutico clássico). Adota a premissa de que a Constituição é uma lei.

Logo, interpretar a Constituição é interpretar uma lei. A Constituição é uma lei e, como tal, pode e deve ser

interpretada segundo as regras tradicionais da hermenêutica, articulando-se, para revelar-lhe o sentido, os

elementos filológico, lógico, histórico, teleológico e genético.

1.2.2. Método tópico-problemático (método da tópica). Confere primazia ao problema perante a

norma, parte-se do problema para a norma.

1.2.3. Método hermenêutico concretizador: pré-compreensão do sentido do texto constitucional

através do intérprete, conferindo primazia à norma perante o problema, formando um círculo hermenêutico.

1.2.4. Método científico-espiritual Com feição sociológica, leva em conta a ordem de valores

subjacente ao texto constitucional, bem assim a integração do texto constitucional com a realidade da comunidade.

1.2.5. Método normativo-estruturante. O teor literal da norma deve ser analisado à luz da

concretização em sua realidade social. A concretização ocorrerá não apenas pela atividade do legislador, mas

também pelo Judiciário, pelo Governo, etc.

1.2.6. Método da comparação constitucional. Comparação entre diferentes ordenamentos

constitucionais, a partir do direito constitucional comparado.

1.3. Princípios da interpretação constitucional.

Todas as citações retiradas do livro Direito Constitucional Esquematizado – Pedro Lenza.

1.3.1. Princípio da unidade da Constituição. A Constituição deve ser sempre interpretada em sua

globalidade como um todo e, assim, as aparentes antinomias deverão ser afastadas.

1.3.2. Princípio do efeito integrador. Associado ao princípio da unidade, na resolução dos problemas

jurídico-constitucionais deve dar-se primazia aos critérios ou pontos de vista que favoreçam a integração política e

social e o reforço da unidade política.

1.3.3. Princípio da máxima efetividade (ou eficiência ou interpretação efetiva). A norma

constitucional deve ter a mais ampla efetividade social.

1.3.4. Princípio da justeza ou da conformidade. O intérprete máximo da Constituição, no caso

brasileiro o STF, ao concretizar a norma constitucional, será responsável por estabelecer a força normativa da

Constituição, não podendo alterar a repartição de funções constitucionalmente estabelecidas pelo constituinte

originário, como é o caso da separação de poderes, no sentido de preservação do Estado de Direito.

1.3.5. Princípio da concordância prática ou da harmonização. Os bens jurídicos constitucionalizados

deverão coexistir de forma harmônica na hipótese de eventual conflito ou concorrência entre eles, buscando, assim,

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evitar o sacrifício (total) de um princípio em relação a outro em choque. O fundamento da ideia de concordância

decorre da inexistência de hierarquia entre os princípios.

1.3.6. Princípio da força normativa. Deve-se dar primazia a soluções interpretativas que,

compreendendo a historicidade das estruturas constitucionais, possibilitam que a Constituição permaneça sempre

atual, garantindo, do mesmo pé, a sua eficácia e permanência.

1.3.7. Princípio da interpretação conforme a Constituição. Diante de normas plurissignificativas ou

polissêmicas (que possuem mais de uma interpretação), deve-se preferir o sentido que mais se aproxime da

Constituição e, portanto, não seja contrária ao texto constitucional.

1.3.8. Princípio da proporcionalidade ou razoabilidade. Divide-se em três partes. Adequação: a

medida é apta a produzir o resultado pretendido? Necessidade: para se alcançar o resultado pretendido utilizou-se o

meio menos gravoso? Proporcionalidade em sentido estrito: é a ideia de máxima efetividade e mínima restrição.

1.4. Teoria dos poderes implícitos.

Significa que ““... a outorga de competência expressa a determinado órgão estatal importa em

deferimento implícito, a esse mesmo órgão, dos meios necessários à integral realização dos fins que lhe foram

atribuídos” (MS 26.547-MC/DF, Rel. Min. Celso de Mello, j. 23.05.2007, DJ de 29.05.2007)”.

Neste sentido, por exemplo, a questão da possibilidade de investigação criminal pelo próprio

Ministério Público, independente da atividade da polícia judiciária (Civil ou Federal). Ou seja, o Ministério Público

poderia ofertar denúncia em virtude de provas colhidas diretamente, sem a necessidade de instauração de inquérito

policial. Ora, se o MP é o titular da ação penal (art. 129, I, CF/88), ele deve ter os meios para coletar provas de

maneira a subsidiar a denúncia (poder investigatório do MP, o qual não está expresso na CF/88).

1.5. Sociedade aberta dos intérpretes da Constituição.

Com base nesta ideia busca-se uma interpretação da Constituição pluralista e democrática. No direito

brasileiro, destacam-se as figuras do amicus curiae (amigo da corte) e das audiências públicas.

1.6. Preâmbulo.

Conforme Pedro Lenza, “...o Ministro Celso de Mello, após interessante estudo, conclui que “o preâmbulo ...

não se situa no âmbito do Direito, mas no domínio da política, refletindo posição ideológica do constituinte (...). Não

contém o preâmbulo, portanto, relevância jurídica. O preâmbulo não constitui norma central da Constituição, de

reprodução obrigatória na Constituição do Estado-membro. O que acontece é que o preâmbulo contém, de regra,

proclamação ou exortação no sentido dos princípios inscritos na Carta”.

2. APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS

Classificação de José Afonso da Silva

a) Normas de eficácia plena: aquelas que já estão aptas a produzir seus efeitos integrais desde a entrada em vigor

da CF/88, não dependendo de regulamentação por lei. Possuem aplicabilidade:

- imediata: estão aptas a produzir efeitos imediatamente, com a simples entrada em vigor da CF/88.

- direta: incidem diretamente, sem depender de nenhuma norma regulamentadora para produzir efeitos.

- integral: desde logo já produzem todos os efeitos que estão aptas.

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b) Normas de eficácia contida: também estão aptas a produzir seus efeitos integrais desde a entrada em vigor da

CF/88; mas podem sofrer restrição posteriormente. Aplicabilidade:

- imediata: estão aptas a produzir efeitos imediatamente, com a simples entrada em vigor da CF/88.

- direta: incidem diretamente, sem depender de nenhuma norma regulamentadora para produzir efeitos.

- não-integral: como podem sofrer restrição, acabam por não possuir aplicação integral.

c) Normas de eficácia limitada: só produzem plenos efeitos depois de regulamentação do texto constitucional.

Aplicabilidade:

- mediata: eficácia diferida para o futuro, pois dependerá de norma jurídica para produzir plenos efeitos.

- indireta: não incidem diretamente, pois o exercício do direito previsto na CF/88 dependerá de norma

jurídica posterior.

- reduzida: sem a regulamentação, a norma constitucional produz eficácia restrita. Quais seriam os efeitos já

produzidos pela norma quando da promulgação da CF, em 1988? 1) Não-recepção da legislação pretérita em sentido

contrário. 2) proibição de edição de legislação futura em sentido contrário. 3) Servem de parâmetro para a

interpretação constitucional.

c.1) de princípio institutivo/organizativo: são as regras para a futura criação e estruturação de

órgãos/entidades, mediante lei.

c.2) de princípio programático: são aquelas que estabelecem princípios e diretrizes a serem cumpridos

futuramente pelo Poder Público.

Classificação de Maria Helena Diniz

a) Normas supereficazes ou com eficácia absoluta: são normas que não podem ser emendadas. Ex: art. 60, §4º,

CF/88:

Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:

(...)

§ 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:

I - a forma federativa de Estado;

II - o voto direto, secreto, universal e periódico;

III - a separação dos Poderes;

IV - os direitos e garantias individuais.

b) Normas com eficácia plena: correspondem às normas de eficácia plena de José Afonso da Silva.

c) Normas com eficácia relativa restringível: correspondem às normas de eficácia contida de José Afonso da Silva.

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d) Normas com eficácia relativa complementável ou dependente de complementação legislativa: correspondem às

normas de eficácia limitada de José Afonso da Silva.

3. PODER CONSTITUINTE

3.1. Conceito. É o poder exercido pelo legislador constituinte seja para estabelecer uma nova Constituição,

seja para alterá-la. Fundamenta-se na distinção entre poder constituinte e poder constituído. O primeiro é aquele

que cria a Constituição. O segundo é o resultado dessa criação, ou seja, são os poderes estabelecidos pela

Constituição.

3.2. Titularidade e exercício. Atualmente, há consenso de que a titularidade do poder constituinte pertence

ao povo. Entretanto, apesar dessa titularidade, nem sempre o seu exercício tem se dado de forma democrática – ou

seja, através do povo. Por vezes, encontramos ditadores ou grupos que alcançam o poder e não refletem as

vontades do povo. Acaba ocorrendo o chamado exercício autocrático do poder, através do processo de outorga da

Constituição.

Já o exercício democrático ocorre, normalmente, através da assembleia nacional constituinte, resultando em

uma Constituição promulgada. Ressalte-se que se admite também o exercício do Poder Constituinte pelo agente

revolucionário, resultando numa constituição outorgada.

A Assembleia Nacional Constituinte titulariza o Poder Constituinte? NÃO! Ela é apenas uma forma de

exercício deste Poder, o qual é titularizado pelo POVO.

Povo e população são conceitos sinônimos?

3.3 Espécies.

3.3.1. Poder Constituinte Originário. É aquele que inaugura uma nova ordem jurídica, seja através de

uma Constituição ou mesmo por Atos Institucionais. É um poder essencialmente político. Tanto haverá poder

Constituinte no surgimento de uma primeira Constituição, quanto na elaboração de qualquer Constituição posterior.

É possível classificar o PCO em histórico/fundacional ou revolucionário. No primeiro caso, ocorre

quando se estrutura, pela primeira vez, o Estado. Já o segundo decorre da ruptura com a antiga ordem

constitucional e instaura uma nova.

O Poder Constituinte Originário possui as seguintes características:

a) é inicial, pois sua obra – a Constituição – é a base da ordem jurídica. Não se funda em outros, e os

poderes derivam dele.

b) é ilimitado e autônomo, pois não está de modo algum limitado pelo direito anterior, não tendo

que respeitar os limites postos pelo direito positivo antecessor.

c) é incondicionado, pois não está sujeito a qualquer forma prefixada para manifestar sua vontade;

não tem ela que seguir qualquer procedimento determinado para realizar sua obra de constitucionalização.

d) é permanente, pois não desaparece com a elaboração da Constituição, estando latente, podendo

se manifestar a qualquer tempo.

3.3.2. Poder Constituinte Derivado. É aquele previsto no texto da Constituição, sendo

essencialmente jurídico. Ele conhece de limitações constitucionais expressas, sendo assim subordinado aos limites

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do texto da Constituição e condicionado ao procedimento de alteração estabelecido pelo Texto Maior. Temos três

espécies:

a) Reformador. É aquele que tem o poder de modificar a Constituição, desde que respeitadas as

regras e limitações impostas pelo poder constituinte originário. Está previsto no corpo permanente da CF/88. No

Brasil, é atribuído ao Congresso Nacional, que pode alterar o texto da Constituição, desde que respeitados os

procedimentos e limitações especiais assim estabelecidos.

A doutrina classifica as limitações impostas ao poder reformador em quatro categorias:

1 – temporais: quando a Constituição estabelece um período em que seu texto não pode ser

modificado;

2 – circunstanciais: quando a Constituição veda a sua modificação durante certas circunstâncias

excepcionais;

CRFB/88

Art.60.

§ 1º - A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado

de sítio.

3 – materiais: quando a Constituição enumera certas matérias que não poderão ser abolidas do seu

texto;

CRFB/88

Art.60.

§ 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:

I - a forma federativa de Estado;

II - o voto direto, secreto, universal e periódico;

III - a separação dos Poderes;

IV - os direitos e garantias individuais.

4 – processuais ou formais: quando a Constituição estabelece certas exigências no processo

legislativo de alteração da Constituição, tornando-o distinto e mais trabalhoso em relação às demais leis do

ordenamento.

CRFB/88

Art.60.

§ 2º - A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se

aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros.

§ 3º - A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o

respectivo número de ordem.

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§ 5º - A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova

proposta na mesma sessão legislativa.

b) Revisor. Instituiu um procedimento simplificado de alteração do texto constitucional, nos termos

do art. 3º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.

ADCT

Art. 3º. A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da promulgação da

Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão

unicameral.

Como o poder revisor poderia alterar a CF/88 através de um procedimento simplicado (maioria

absoluta em sessão unicameral), o STF entende que não cabe a instituição de nova revisão!!! Logo, também

configura um limite implícito ao poder de reforma.

Ainda, vejamos o art. 2º do ADCT:

ADCT

Art 2º. No dia 7 de setembro de 1993 o eleitorado definirá, através de plebiscito, a forma

(república ou monarquia constitucional) e o sistema de governo (parlamentarismo ou

presidencialismo) que devem vigorar no País.

Logo, República e Presidencialismo tornaram-se limites implícitos ao poder de reforma, pois apenas

em 1993 foi possível a modificação da forma de governo e do sistema de governo!

c) Decorrente. É o poder atribuído pela Constituição Federal aos Estados-Membros para se auto-

organizarem, através da elaboração de suas próprias Constituições, desde que observadas as regras e limitações

impostas pela Constituição Federal.

3.4 Limites implícitos ao poder de reforma.

Além dos dois citados acima, José Afonso da Silva cita três categorias de normas constitucionais que

estariam fora do alcance do poder de reforma. São elas:

I - “As concernentes ao titular do poder constituinte”, tendo em vista que uma reforma constitucional não

pode mudar o titular do poder que cria o próprio poder reformador.

II - “As referentes ao titular do poder reformador”, já que não haveria sentido que o legislador ordinário

estabelecesse novo titular de um poder derivado só da vontade do constituinte originário.

III - “As relativas ao processo da própria emenda”; Aqui, admitem-se apenas mudanças para tornarem mais

difícil seu processo, não as aceitando quando visa atenuá-lo.

1) O que significa desconstitucionalização? Normas da constituição anterior, desde que compatíveis, permaneçam

em vigor como normas infraconstitucionais. Em regra, não se admite, salvo quando a CF expressamente o fizer.

2) O que significa hiato constitucional? Manifesta-se pelo choque entre a realidade e o conteúdo da Constituição.

Quatro consequências: a) convocação de ANC; b) hiato autoritário; c) mutação constitucional; d) reforma

constitucional.

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3) O que significa teoria da dupla revisão? Significa excluir uma limitação expressa e depois reformar aquilo que era

proibido. Ex: excluir, através de emenda constitucional, a cláusula pétrea de “forma federativa de Estado” (art. 60,

§4º, I, CF/88) para, após, novamente por emenda constitucional, instituir forma unitária de Estado no Brasil – não

pode!

4) O poder constituinte decorrente, conferido aos Estados-membros, foi estendido aos Municípios? E aos Territórios

Federais? Não. Município edita Lei Orgânica. Para ser considerado PCD, deve buscar fundamento direto no texto da

CRFB, o que não é o caso da Lei Orgânica. Também não, pois constituem hipótese de descentralização, com natureza

jurídica de autarquias.

5) Como se deu o processo de revisão constitucional no Brasil? Art. 3º ADCT – votação por maioria absoluta em

sessão unicameral.

6) Como se relaciona a nova constituição e a ordem jurídica anterior? Recepção, e não inconstitucionalidade

superveniente.

7) O que significa recepção material de normas constitucionais? Persistência de normas da constituição anterior por

prazo certo, desde que expressamente estabelecida na nova constituição.

ADCT

Art. 34. O sistema tributário nacional entrará em vigor a partir do primeiro dia do quinto mês

seguinte ao da promulgação da Constituição, mantido, até então, o da Constituição de 1967, com

a redação dada pela Emenda nº 1, de 1969, e pelas posteriores.

8) Existe inconstitucionalidade formal superveniente? Não.

9) Uma lei que feriu o processo legislativo previsto na Constituição anterior mas que nunca foi objeto de controle de

constitucionalidade pode ser recebida pela nova Constituição se for com ela compatível? Não. Possui vício insanável,

maculando a lei desde a origem.

10) Fale sobre o fenômeno da repristinação. Regra, não se admite, salvo se a nova constituição expressamente

admitir.

QUESTÕES DE CONCURSOS

(FCC_TRT-09_2013_OJAF) O inciso XIII do artigo 5o da Constituição Federal brasileira estabelece que é livre o

exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer e o

inciso LXVIII afirma que conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer

violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. Estes casos, são,

respectivamente, exemplos de norma constitucional de eficácia

(A) plena e limitada.

(B) plena e contida.

(C) limitada e contida.

(D) contida e plena.

(E) contida e limitada.

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(FCC_TRT-18_2013_TJAA) Considere o artigo 37, VII, da Constituição Federal de 1988: O direito de greve será

exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica. Trata-se de norma de eficácia

(A) contida.

(B) plena.

(C) limitada.

(D) programática.

(E) exaurida.

(FCC_TRT-18_2013_Ténico TI) Analise o Art. 2° , da Constituição Federal de 1988: São Poderes da União,

independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Trata- se de norma de eficácia

(A) plena.

(B) contida.

(C) limitada.

(D) programática.

(E) exaurida.

(FCC_TRT-09_2013_Analista TI) O artigo 7o , inciso XI da Constituição Federal brasileira estabelece que “são direitos

dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: participação nos

lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa,

conforme definido em lei”. Esta norma constitucional é de eficácia

(A) limitada.

(B) contida

(C) plena.

(D) plena restringível.

(E) contida absoluta.

(CESPE_STF_2013_Técnico TI) A norma constitucional que trata do direito de greve do servidor público é considerada

pela literatura e pela jurisprudência como norma de eficácia limitada. CERTO

(CESPE_ANTT_2013_Analista-Direito) As normas constitucionais de eficácia absoluta, mesmo sendo intangíveis,

submetem-se ao processo de emenda constitucional. ERRADO

(CESPE_MTE_2013_Auditor Fiscal) O dispositivo constitucional que reconhece aos trabalhadores urbanos e rurais o

direito à remuneração pelo serviço extraordinário superior, no mínimo, em 50% à remuneração normal tem aplicação

imediata para os servidores públicos, por ser norma autoaplicável. CERTO

(CESPE_TCE-RO_2013_Agente Adm) Ao determinar que os cargos, os empregos e as funções públicas sejam

acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, a CF estabelece norma de eficácia

limitada. CERTO

Page 11: Interpretação das normas constitucionais (hermenêutica) e poder constituinte

11

(CESPE_TCE-RO_2013_Contador) Constitui exemplo de norma programática a norma constitucional que impõe ao

Estado o dever de apoiar e incentivar a valorização e a difusão das manifestações culturais. CERTO

(CESPE_DEPEN_2013_Especialista) Normas programáticas, que não são de aplicação imediata, explicitam

comandos-valores e têm como principal destinatário o legislador. CERTO

(CESPE_DEPEN_2013_Especialista) As normas constitucionais de eficácia contida são aquelas em que o constituinte

tenha regulado suficientemente os interesses relativos a determinado assunto, mas tenha possibilitado que a

competência discricionária do poder público restrinja o assunto, nos termos que a lei estabelecer ou nos termos de

conceitos gerais nelas enunciados. CERTO

(CESPE_DEPEN_2013_Especialista) Segundo a Constituição Federal de 1988, é assegurada a prestação de assistência

religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva. Entretanto, tal norma é de eficácia limitada, pois

depende de complementação de lei ordinária ou complementar para ser aplicada. ERRADO

(CESPE_TCE-RO_2013_Analista) A norma constitucional que estabelece a inviolabilidade do sigilo das comunicações

telefônicas, salvo por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal

ou instrução processual penal, é exemplo de norma de eficácia limitada. ERRADO

(CESPE_DPF_2014_Administrador) A prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação

coletiva pode ser considerada exemplo de norma constitucional de eficácia limitada. CERTO

(CESPE_Câmara dos Deputados_2014_Analista Legislativo) As normas constitucionais de eficácia limitada não

produzem qualquer efeito no momento de sua entrada em vigor, dada a necessidade de serem integradas por meio

de emenda constitucional ou de lei infraconstitucional. ERRADO

(CESPE_SUFRAMA_2014_Nível Superior) As normas constitucionais de caráter programático têm como destinatário

principal o legislador, isto é, têm mais natureza de expectativas do que de verdadeiros direitos subjetivos. CERTO

(CESPE_PMCE_2014_Primeiro-Tenente) 81 A norma programática vincula comportamentos públicos futuros. Ao

editar uma norma desse tipo, o constituinte, então, direciona, formalmente, o desdobramento da ação legislativa dos

órgãos estatais. CERTO

(CESPE_TJSE_2014_CEBRASPE) De acordo com o STF, a regra constitucional que assegura a gratuidade nos transportes coletivos urbanos aos maiores de sessenta e cinco anos de idade é norma

(A) de eficácia contida.

(B) meramente programática.

(C) de eficácia redutível.

(D) de eficácia plena e aplicabilidade imediata.

(E) de eficácia limitada.

(FCC_TJ-AP_2014_Técnico Judiciário) Segundo o art. 16 da Constituição Federal: A lei que alterar o processo eleitoral

entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua

vigência.

Trata-se de norma constitucional

Page 12: Interpretação das normas constitucionais (hermenêutica) e poder constituinte

12

(A) de eficácia limitada.

(B) de aplicabilidade imediata e eficácia plena.

(C) de aplicabilidade imediata e eficácia restringível.

(D) não autoexecutável.

(E) programática.

(FCC_TRF-04_2014_OJAF) As normas constitucionais que têm aplicabilidade direta, imediata e integral, mas cujo

alcance pode ser reduzido em razão da existência na própria norma de uma cláusula expressa de redutibilidade, são

ditas normas

(A) de princípio institutivo.

(B) de eficácia contida.

(C) de eficácia limitada.

(D) de eficácia plena.

(E) programáticas.

(FCC_MPE-PE_2014_Promotor de Justiça) Possui eficácia limitada a norma constitucional segundo a qual

(A) é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei

estabelecer.

(B) ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.

(C) o servidor público estável só perderá o cargo mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na

forma de lei complementar, assegurada ampla defesa.

(D) a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.

(E) é assegurado à categoria dos trabalhadores domésticos o direito a décimo terceiro salário, com base na

remuneração integral ou no valor da aposentadoria.

(FCC_TCEPI_2014_Assessor Jurídico) No tocante à eficácia e à aplicabilidade das normas constitucionais, as

(A) definidoras dos direitos e garantias fundamentais são programáticas, dependendo sempre de regulamentação

infraconstitucional.

(B) de eficácia contida ou prospectiva têm aplicabilidade indireta e imediata, não integral, produzindo efeitos

restritos e limitados infraconstitucionalmente quando de sua promulgação.

(C) de eficácia limitada são de aplicabilidade mediata e diferida, mas sem vinculação com as normas

infraconstitucionais subsequentes, ou seja, sem relevância jurídica interpretativa e integrativa.

(D) de eficácia plena e aplicabilidade direta, imediata e integral são aquelas normas que, no momento em que a

constituição entra em vigor, já estão aptas a produzir todos os seus efeitos, independentemente de norma

integrativa infraconstitucional.

Page 13: Interpretação das normas constitucionais (hermenêutica) e poder constituinte

13

(E) declaratórias de princípios programáticos veiculam programas a serem implementados pelos cidadãos, sem

interferência estatal, visando à realização de fins sociais e culturais.

(FCC_TCE-PI_2014_Assessor Jurídico) É INCORRETO afirmar que, na interpretação da norma constitucional, por meio

do método

(A) hermenêutico-concretizador, parte-se da norma constitucional para o problema concreto, valendo-se de

pressupostos subjetivos e objetivos e do chamado círculo hermenêutico.

(B) jurídico ou hermenêutico clássico, a Constituição deve ser encarada como uma lei e, assim, todos os métodos

tradicionais de exegese deverão ser utilizados na tarefa interpretativa.

(C) tópico-problemático, parte-se de um problema concreto para a norma, atribuindo-se à intepretação um caráter

prático visando à solução dos problemas concretizados.

(D) normativo-estruturante, esta terá de ser concretizada tão-só pela atividade do legislador, excluindo-se os demais

Poderes federais.

(E) científico-espiritual, a sua análise da norma constitucional não se fixa na literalidade da norma, mas parte da

realidade social e dos valores subjacentes do texto constitucional.

(CESPE_TJ-RN_2013_Juiz) O método hermenêutico-concretizador de interpretação constitucional embasa-se na

técnica do pensamento problemático, que consiste em interpretar a norma constitucional a partir do caso concreto.

ERRADO

(CESPE_AGU_2013_Procurador Federal) O texto constitucional analisado, não em sua literalidade, mas na realidade

social na qual está inserido, que, por consequência, traz constantes modificações em sua interpretação, de forma a se

adequar ao máximo aos valores almejados pela sociedade, consiste no método de interpretação denominado

"científico-espritual". No método da tópica ou tópico-problemático, na verdade, parte do caso concreto, com

pluralidade de intérpretes e uma Constituição que reúne regras e princípios, tentar-se-á adequar o problema a norma

constitucional, objetivando sua solução. CERTO

(CESPE_CBM-DF_2011_Oficial Bombeiro Militar) Pelo método da comparação constitucional, o intérprete parte de

um problema concreto para a norma, atribuindo à interpretação caráter prático na busca da solução dos problemas

concretizados. ERRADO

(MPE-RS_2014_Assessor – Direito) A interpretação conforme a constituição é ao mesmo tempo uma técnica de

controle de constitucionalidade e um critério de exegese constitucional; trata-se de um mecanismo hermenêutico

pelo qual as Cortes Supremas evitam as violações constitucionais, partindo do pressuposto de que leis e atos

normativos devem sempre ser interpretados de acordo com a constituição. Pode dar-se com ou sem redução de

texto, isto é, mediante a exclusão de termos ou expressões da lei reputada viciada, ou apenas adotando-se a

interpretação do dispositivo legal inquinado que mais se coaduna com o texto constitucional. CERTO

(CESPE_PM-CE_2014_Oficial) Segundo a doutrina majoritária, o poder constituinte é permanente, uma vez que, ao

contrário da assembleia constituinte, cuja atuação se exaure com a promulgação da Constituição, não desaparece

com a entrada em vigor da carta constitucional. CERTO

(CESPE_Câmara dos Deputados_2014_Analista) Considere que, por emenda constitucional, tenha sido

expressamente revogada a previsão do voto direto, secreto, universal e periódico como cláusula pétrea e que, em

Page 14: Interpretação das normas constitucionais (hermenêutica) e poder constituinte

14

seguida, nova emenda tenha estabelecido o voto censitário e aberto. Nessa situação, as mudanças efetivadas,

apesar de questionáveis socialmente, estão de acordo com o ordenamento constitucional brasileiro vigente. ERRADO

(CESPE_Câmara dos Deputados_2014_Analista) Suponha que uma lei infraconstitucional tenha sido revogada pelo

advento de uma nova ordem constitucional, por ser com ela incompatível. Nessa situação, com a entrada em vigor de

uma terceira ordem constitucional, ainda que seja compatível com ela, a referida lei infraconstitucional não poderá

ser restaurada, salvo se houver disposição constitucional expressa nesse sentido. CERTO

(CESPE_Câmara dos Deputados_2014_Analista) O poder constituinte originário tem o condão de instaurar uma nova

ordem jurídica por meio de uma nova constituição ou mesmo de um ato institucional. CERTO

(CESPE_Câmara dos Deputados_2014_Analista) Considere que lei editada sob a égide de determinada Constituição

apresentasse inconstitucionalidade formal, apesar de nunca de ter sido declarada inconstitucional. Nessa situação,

com o advento de nova ordem constitucional, a referida lei não poderá ser recepcionada pela nova constituição,

ainda que lhe seja materialmente compatível, dado o vício insanável de inconstitucionalidade. CERTO

(CESPE_ANTT_2013_Analista-Direito) No Brasil, há limitações processuais ao poder constituinte derivado, como, por

exemplo, o fato de se exigir que a emenda constitucional seja aprovada por três quintos dos votos de cada casa do

Congresso Nacional e promulgada pelo presidente da República. ERRADO

(CESPE_ANTT_2013_Analista-Direito) A reforma constitucional visa ajustar a constituição à vida social, evitando a

desarmonia entre o preceito vigente e os valores sociais, não estando relacionada, portanto, ao princípio da

supremacia da constituição. ERRADO

(CESPE_PC-BA_2013_Investigador) Considera-se inconstitucional por violação a uma das cláusulas pétreas proposta

de emenda constitucional em que se pretenda abolir o princípio da separação de poderes. CERTO

(CESPE_SEGER-ES_2013_Analista Executivo-Direito) Acerca do poder constituinte, assinale a opção correta.

(A) A lei orgânica municipal, por ser fruto do poder constituinte derivado decorrente, pode ser parâmetro para o

controle de constitucionalidade municipal.

(B) Um dos limites ao poder constituinte derivado reformador de revisão previstos pela CF é o quórum qualificado de

aprovação, de três quintos.

(C) Para a maioria da doutrina constitucional, a CF foi produto do poder constituinte originário, pois implicou a

ruptura com o regime político anterior e o estabelecimento de novos valores constitucionais.

(D) A CF proibiu a elaboração de emendas constitucionais durante o período eleitoral, sendo este um limite

circunstancial ao poder constituinte derivado reformador.

(E) A proposta de emenda constitucional que pretenda abolir o direito à educação não viola a CF, pois os direitos

sociais não são limites materiais ao poder constituinte derivado reformador.

(CESPE_DPE-ES_2013_Defensor Público) Considerando a teoria geral da constituição, assinale a opção correta.

(A) Consoante a doutrina majoritária, as normas constitucionais classificam-se, quanto à sua eficácia e

aplicabilidade, em normas de eficácia plena, de organização, materiais e principiológicas

(B) A promulgação de nova constituição não acarreta a revogação da constituição anteriormente em vigor.

Page 15: Interpretação das normas constitucionais (hermenêutica) e poder constituinte

15

(C) Segundo o STF, será revogada a lei que for materialmente incompatível com texto constitucional promulgado

posteriormente a ela.

(D) A rigidez constitucional, importante mecanismo de defesa da constituição, relaciona-se com a dificuldade de

aplicação do texto constitucional.

(E) De acordo com o regime constitucional brasileiro, os estados- membros são dotados de poder constituinte

originário.

(CESPE_TRT-10_2013_OJAF) Caso a nova Constituição estabeleça que algumas leis editadas sob a égide da ordem

constitucional anterior permaneçam em vigor, ocorrerá o fenômeno da repristinação. ERRADO

(CESPE_CORREIOS_2011_Advogado) Julgue os itens que se seguem, referentes a poder constituinte originário e

derivado.

(A) Quando, no exercício de sua capacidade de auto-organização, o estado-membro edita sua constituição, ele age

com fundamento no denominado poder constituinte derivado decorrente. CERTO

(B) O poder constituinte originário, por ser aquele que instaura uma nova ordem jurídica, exige deliberação da

representação popular, razão pela qual não se admite a outorga como forma de sua expressão. ERRADO

(CESPE_PC-AL_2012_Delegado) Para a doutrina constitucional majoritária, não existem limites implícitos ao poder

constituinte derivado reformador. É possível, assim, adotar a teoria da dupla revisão. ERRADO

(CESPE_DPF_2013_Delegado) A CF contempla hipótese configuradora do denominado fenômeno da recepção

material das normas constitucionais, que consiste na possibilidade de a norma de uma constituição anterior ser

recepcionada pela nova constituição, com status de norma constitucional. CERTO

(CESPE_Câmara dos Deputados_2014_Analista) Com o advento de uma nova ordem constitucional, é possível que

dispositivos da constituição anterior permaneçam em vigor com o status de leis infraconstitucionais, desde que haja

norma constitucional expressa nesse sentido. CERTO

(CESPE_Câmara dos Deputados_2014_Analista) O titular do poder constituinte é o povo, que, no Brasil, engloba

tanto os brasileiros natos quanto os naturalizados. CERTO

(CESPE_Câmara dos Deputados_2014_Analista) O poder constituinte originário tem o condão de instaurar uma nova

ordem jurídica por meio de uma nova constituição ou mesmo de um ato institucional. CERTO

(CESPE_MPU_2013_Analista) Projeto de emenda constitucional que vise alterar o § 4.º do art. 60 da CF, de maneira

a ab-rogar a cláusula pétrea consistente na periodicidade do voto, não ofende a Constituição, já que inexiste vedação

expressa de que o poder constituinte reformador ab-rogue cláusulas pétreas. ERRRADO

(CESPE_SERPRO_2013_Analista) O Supremo Tribunal Federal (STF) poderá, por meio de interpretação, alterar o

sentido de determinado dispositivo constitucional sem alteração material do texto, em procedimento que a doutrina

denomina como mutação constitucional. CERTO

(CESPE_TJ-RN_2013_Juiz) A mutação constitucional ocorre quando, em virtude de evolução na situação de fato sobre

a qual incide a norma, ou por força do predomínio de nova visão jurídica, altera-se a interpretação dada à

constituição, mas não o seu texto. CERTO

Page 16: Interpretação das normas constitucionais (hermenêutica) e poder constituinte

16

(CESPE_TRT-10_2013_TJAA) O poder constituinte estadual classifica-se como decorrente, em virtude de consistir em

uma criação do poder constituinte originário, não gozando de soberania, mas de autonomia. CERTO

(CESPE_TCE-ES_2012_Auditor) O poder constituinte derivado decorrente consiste na possibilidade de os estados-

membros instituírem suas próprias constituições estaduais, desde que em observância aos preceitos limitativos

estabelecidos na CF. CERTO

(CESPE_CNJ_2013_AJAJ) O poder constituinte é inicial, autônomo e condicionado, exprimindo a ideia de direito

prevalente no momento histórico e que moldará a estrutura jurídica do Estado. ERRADO

(CESPE_TRT-10_2013_OJAF) Em determinado país, como resultado de uma revolução popular, os revolucionários

assumiram o poder e declararam revogada a Constituição então em vigor. Esse mesmo grupo estabeleceu uma nova

ordem constitucional consistente em norma fundamental elaborada por grupo de juristas escolhido pelo líder

dos revolucionários. Com base nessa situação hipotética, julgue os itens a seguir.

A nova Constituição desse país não pode ser considerada uma legítima manifestação do poder constituinte

originário, visto que sua outorga foi feita sem observância a nenhum procedimento de aprovação predeterminado.

ERRADO

(CESPE_TCE-ES_2012_Auditor) Denomina-se poder constituinte originário histórico aquele que cria, pela primeira

vez, um Estado novo, que não existia antes; e poder constituinte originário revolucionário, o poder seguinte ao

histórico, que cria um novo Estado mediante uma ruptura com o Estado anterior. CERTO

(FCC_TRERS_2010_TJAA) Em matéria de Poder Constituinte analise:

I. O poder que a Constituição da República Federativa do Brasil vigente atribui aos estados-membros para se auto

organizarem, por meio da elaboração de suas próprias Constituições.

II. O poder que tem como característica, dentre outras, a de ser ilimitado, autônomo e incondicionado.

Esses poderes dizem respeito, respectivamente, às espécies de poder constituinte

(A) decorrente e originário.

(B) derivado e reformador.

(C) reformador e revisor.

(D) originário e revisor.

(E) decorrente e derivado.

(CESPE_MPS_2010_Agente Adm) O poder constituinte derivado, ou de revisão ou reforma, caracteriza-se por ser

inicial, autônomo e incondicionado, corporificando-se por meio de instrumento denominado emenda constitucional.

ERRADO

(FCC_TCMPA_2010_Técnico) Considere:

I. É certo que o poder constituinte derivado é essencialmente político, enquanto o poder constituinte originário é

especialmente jurídico.

Page 17: Interpretação das normas constitucionais (hermenêutica) e poder constituinte

17

II. O poder constituinte originário é também um poder permanente, pois não se esgota no momento de seu exercício.

Mesmo depois de elaborada a nova Constituição, esse poder permanece em estado de latência, na titularidade do

povo.

III. Dentre as limitações que podem ser impostas pelo poder constituinte originário à atuação do poder constituinte

derivado, encontram-se as de natureza circunstancial.

IV. O procedimento de reforma vem previsto no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias − ADCT, enquanto

que o de revisão vem disciplinado na Constituição Federal, em seu processo legislativo.

Está correto o que se afirma APENAS em

(A) II, III e IV.

(B) II e IV.

(C) I, II e III.

(D) I e IV.

(E) II e III.

(FCC_TRT-01_2013_Juiz do Trabalho) Em junho de 2013, o plenário da Câmara dos Deputados rejeitou a Proposta de

Emenda Constitucional (PEC) no 37/2011, a qual tinha por objeto a definição de competência para a investigação

criminal. Em consequência, a matéria constante na referida PEC ;

(A) não poderá ser rediscutida pelo Congresso Nacional, caso contrário, haverá uma afronta à decisão soberana que

rejeitou a PEC no 37/2011.

(B) pode ser objeto de nova proposta, na mesma sessão legislativa, mediante solicitação de três quintos de

Deputados e Senadores, em dois turnos de votação.

(C) não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa.

(D) pode ser objeto de nova proposta, na mesma sessão legislativa, mediante solicitação da maioria absoluta dos

membros de qualquer das Casas do Congresso Nacional.

(E) pode ser objeto de nova proposta a qualquer tempo, pois o Congresso Nacional é soberano para debater

democraticamente assuntos de natureza legislativa.

(CESPE_IRB_2014_Diplomata) Cláusula pétrea da CF, o princípio da separação dos Poderes veda qualquer emenda

que tenda a suprimi-lo ou que institua a dominação de um dos Poderes por outro. CERTO

(CESPE_PGEPI_2014_Procurador do Estado) Assinale a opção correta em relação à disciplina constitucional do poder

constituinte no Brasil.

(A) Não existe direito adquirido a regime jurídico, mesmo em face do poder constituinte estadual de reforma.

(B) Emenda constitucional pode determinar que o poder constituinte de revisão se realize a cada cinco anos.

(C) O poder constituinte originário estadual sujeita-se aos mesmos condicionamentos do poder constituinte

reformador federal.

Page 18: Interpretação das normas constitucionais (hermenêutica) e poder constituinte

18

(D) A CF não poderá ser emendada na constância do emprego da Força Nacional de Segurança.

(E) A matéria constante de proposta de emenda constitucional rejeitada ou havida por prejudicada somente poderá

constituir objeto de novo projeto, na mesma sessão legislativa, mediante proposição da maioria absoluta dos

membros de qualquer das Casas do Congresso Nacional.

(FCC_PGE-RN_2014_Procurador de Estado de Terceira Classe) Proposta de emenda à Constituição subscrita por 27

Senadores pretende alterar os dispositivos da Constituição relativos à chefia do Poder Executivo federal, bem como à

forma de escolha dos Ministros de Estado, para estabelecer que: a) o Poder Executivo será exercido pelo Presidente

da República, na qualidade de chefe de Estado, com o auxílio dos Ministros de Estado, dentre os quais caberá ao

Primeiro-Ministro a chefia de governo; b) o Primeiro-Ministro será escolhido dentre brasileiros natos, maiores de

trinta e cinco anos, integrantes de uma das Casas legislativas, pelo voto da maioria absoluta dos membros do

Congresso Nacional; c) o Primeiro-Ministro poderá ser destituído do cargo pelo voto de dois terços dos membros do

Congresso Nacional, mediante requerimento de qualquer membro das Casas legislativas, nas hipóteses estabelecidas

na Constituição.

Se eventualmente aprovada, a emenda constitucional resultante de proposição com essas características

(A) deveria ser promulgada pelo Presidente do Congresso Nacional e, após publicada, entraria em vigor

imediatamente, salvo se a própria emenda dispusesse em sentido contrário.

(B) violaria limite formal ao poder de reforma constitucional, referente à iniciativa para sua propositura.

(C) violaria limite material implícito ao poder de reforma constitucional, referente ao sistema de governo adotado

pela Constituição, bem como limite explícito, relativo à separação de poderes.

(D) violaria limite material explícito ao poder de reforma constitucional, relativo à separação de poderes, tão

somente no que se refere à escolha do Primeiro Ministro pelo Congresso Nacional.

(E) somente entraria em vigor após ser submetida a plebiscito.

(FCC_TCE-GO_2014_Analista de Controle Externo – Jurídica) No tocante a emenda a Constituição Federal, considere:

I. A Constituição Federal poderá ser emendada através de proposta de um terço dos membros da Câmara dos

Deputados.

II. A Constituição Federal poderá ser emendada através de proposta de um terço do Senado Federal.

III. A Constituição Federal poderá ser emendada atrevés de proposta de mais da metade das Assebleias Legislativas

das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.

IV. A proposta de emenda será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em um turno, considerando-

se aprovada se obtiver, dois terços dos votos dos respectivos membros.

V. A matéria constante de proposta de emenda havida por prejudicada, mas não rejeitada, poderá ser objeto de nova

proposta na mesma sessão legislativa.

Está correto o que consta APENAS em

(A) I, III e IV.

(B) I, II e III.

Page 19: Interpretação das normas constitucionais (hermenêutica) e poder constituinte

19

(C) II, III e IV.

(D) I, IV e V.

(E) II, III, IV e V.

(FCC_AL-PE_2014_Analista Legislativo) s, visando diminuir as exigências referentes ao exercício de iniciativa popular

para projetos de lei, bem como a viabilizá-la relativamente a propostas de emenda constitucional. A PEC foi, na

sequência, remetida à Câmara dos Deputados, onde aguarda, desde então, emissão de parecer da Comissão de

Constituição e Justiça e de Cidadania.

A PEC em questão

(A) deverá ser discutida e aprovada, em dois turnos de votação, na Câmara dos Deputados, para então ser

promulgada, com o respectivo número de ordem, pelo Presidente da República.

(B) padece de vício de iniciativa, na medida em que não se atingiu o número mínimo de assinaturas necessárias à

propositura de propostas dessa natureza.

(C) foi, em verdade, rejeitada no segundo turno de votação, em que não se alcançou o quorum necessário à

aprovação de emendas à Constituição, de maneira que deveria ter sido arquivada e a matéria somente poderia ser

objeto de eventual nova PEC a partir da sessão legislativa seguinte.

(D) não poderia ter sido objeto de deliberação pelo Senado Federal, diante da existência de limitações circunstanciais

ao poder de reforma constitucional, vigentes à época de sua aprovação.

(E) versa, em parte, sobre matéria que diz respeito a aspecto formal ou procedimental da reforma constitucional,

considerado por parcela da doutrina como limite implícito ao poder de reforma.

(FCC_TRF-04_2014_AJAJ) No âmbito do Direito Constitucional, sobre a aplicação do princípio da proibição do

retrocesso e sua correlação com o poder de emenda à Constituição,

(A) o quórum constitucional exigido para aprovação da emenda não pode ser aumentado.

(B) o princípio da proibição do retrocesso não se relaciona com o poder de emenda à Constituição.

(C) o Supremo Tribunal Federal não pode ter aumentado o seu número de ministros.

(D) o direito à ação popular não pode ser suprimido

(E) a reeleição do presidente da República não pode ser objeto de supressão.

(FCC_MPE-PE_2014_Promotor de Justiça) Em abril deste ano, foi apresentada à Câmara dos Deputados uma

proposta de emenda à Constituição (PEC), subscrita por 194 dos 513 membros da Casa legislativa, que pretende

alterar dispositivos constitucionais referentes às carreiras da magistratura e do Ministério Público, prevendo que, em

ambas, o ingresso se dê mediante concurso público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados

do Brasil, “exigindo-se do bacharel em Direito, cumulativamente, no mínimo, trinta anos de idade e três anos de

atividade jurídica, contados após a conclusão do curso de graduação e obedecendo-se, nas nomeações, à ordem de

classificação”. Neste caso, referida PEC, se aprovada e promulgada,

(A) modificará as regras constitucionais relativas ao ingresso em ambas carreiras, no que se refere à exigência de

idade mínima e à explicitação de que o exercício da atividade jurídica se dê após a conclusão do curso.

Page 20: Interpretação das normas constitucionais (hermenêutica) e poder constituinte

20

(B) padecerá de inconstitucionalidade formal, por não atingir o patamar mínimo de assinaturas exigidas.

(C) padecerá de inconstitucionalidade formal, por violar iniciativa reservada aos Tribunais superiores e ao

Procurador-Geral da República.

(D) modificará as regras constitucionais relativas ao ingresso na carreira da magistratura, aumentando de dois para

três anos a exigência de exercício de prévia atividade jurídica.

(E) modificará as regras constitucionais relativas ao ingresso na carreira do Ministério Público, no que se refere à

participação da Ordem dos Advogados do Brasil no concurso respectivo.

(FCC_TJ-AP_2014_Juiz) O Governador do Amapá apresentou proposta de emenda à Constituição (PEC) do Estado

para ter a prerrogativa de editar medidas provisórias conforme as regras básicas do processo legislativo previstas na

Constituição da Repúblca. O processo de discussão e votação desta PEC encontra-se em trâmite na Assembleia

Legislativa do Amapá. Neste caso, a referida proposta é

(A) inconstitucional, pois a edição de medidas provisórias é ato privativo do Presidente da República, excluindo-se,

portanto, a possibilidade de os Governadores de Estado editarem medidas provisórias.

(B) inconstitucional, pois o Governador do Estado não tem legitimidade para apresentar proposta de emenda à

Constituição Estadual.

(C) constitucional, considerando-se aprovada se obtiver, no mínimo, 3/5 dos votos dos Deputados Estaduais, em dois

turnos de votação.

(D) inconstitucional, podendo ser objeto de ação direta de inconstitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal

em face da Constituição da República.

(E) constitucional e, caso seja aprovada, deverá ser promulgada pelo Governador do Estado.

(FCC_Prefeitura de Cuiabá-MT_2014_Procurador Municipal) Em outubro de 2013, foi apresentada à Câmara dos

Deputados uma proposta de emenda à Constituição (PEC), que tramita sob o no 334/2013 e pretende dar nova

redação ao artigo 14, § 1º , da Constituição, com vistas a tornar o alistamento eleitoral e o voto facultativos. Em

conformidade com o relatório de conferência de assinaturas da Casa legislativa, referida PEC foi validamente

subscrita por 174 de um total de 513 Deputados Federais. Diante da disciplina constitucional da matéria, a PEC

334/2013, em princípio

(A) não afronta os limites formais, circunstanciais ou materiais impostos ao poder de reforma constitucional, estando

apta a prosseguir o trâmite regular das proposições normativas da espécie.

(B) não atende à exigência constitucional relativa ao exercício de iniciativa conjunta para propositura de emendas à

Constituição por membros das Casas Legislativas.

(C) não poderá ser objeto de deliberação pelas Casas do Congresso Nacional, por afrontar limite material imposto ao

poder de reforma constitucional.

(D) somente poderá ser objeto de deliberação no que se refere à facultatividade do alistamento eleitoral, mas não do

voto, que goza de tutela reforçada contra a atuação do poder de reforma constitucional.

(E) deverá ser discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando- se aprovada se

obtiver, em ambos, a maioria absoluta dos votos dos respectivos membros.

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(FCC_SEFAZ-RJ_2014_Auditor Fiscal) lterar a Constituição da República, para que uma parte dos Deputados Federais

seja eleita por outro sistema que não o proporcional,

(A) é possível, mediante proposta de emenda constitucional discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional,

em dois turnos, aprovada pela obtenção, em ambos, de três quintos dos votos dos respectivos membros.

(B) é possível, mediante proposta de emenda constitucional a ser discutida e votada no Congresso Nacional, em

sessão unicameral, aprovada pela maioria absoluta dos votos dos respectivos membros.

(C) não é possível, pois a referida alteração deve ser feita por meio da manifestação do Poder Constituinte Originário.

(D) é possível, mediante a aprovação de projeto de lei complementar pelo voto da maioria absoluta da Câmara dos

Deputados e do Senado Federal, em um só turno de discussão e votação.

(E) é possível, mediante a aprovação de decreto legislativo baseado em proposta de iniciativa popular subscrita por,

no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído, pelo menos, por cinco Estados, com não menos de três

décimos por cento dos eleitores de cada um deles.

(FCC_TCM-GO_2015_Procurador do MP de Contas) Na doutrina do direito constitucional intertemporal, a

possibilidade de normas apenas formalmente constitucionais constantes da constituição pretérita continuarem

válidas sob a égide da nova constituição, desprovidas porém de estatura constitucional, é denominada de

(A) recepção mitigada.

(B) desconstitucionalização.

(C) novação de fontes constitucionais.

(D) desafetação constitucional.

(E) redução normativa.

(MPE-RS_2014_Assessor – Direito) A impossibilidade de Emenda Constitucional destinada, por exemplo, a implantar

a censura prévia à expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, por ofender o disposto

no § 4º do art. 60 da Constituição Federal (repositório das ditas cláusulas pétreas), constitui um limite material tanto

ao poder constituinte originário quanto ao poder constituinte derivado. ERRADO

(CESPE_TJ-SE_2014_Titular de Serviços de Notas e de Registro – Provimento) Acerca do conceito de Constituição, da

interpretação das normas constitucionais e do poder constituinte, assinale a opção correta.

(A) De acordo com o denominado neoconstitucionalismo, os princípios constitucionais devem ser considerados meros

textos exortativos, sem qualquer força normativa ou eficácia positiva.

(B) O preâmbulo da CF tem eficácia positiva e pode servir de parâmetro para a declaração de inconstitucionalidade

de ato normativo.

(C) A CF possui cláusulas pétreas implícitas, existindo limitações ao poder de reforma constitucional que não estão

expressamente indicadas em seu texto.

(D) O princípio da máxima efetividade das normas constitucionais, de caráter interpretativo, estipula que a CF deve

ser interpretada de forma a se evitarem contradições, antinomias ou antagonismos.

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(E) Os elementos de estabilização constitucional são encontrados nas normas que estabelecem regras de aplicação

das Constituições, como, por exemplo, nas disposições constitucionais transitórias.

(CESPE_TJ-DF_2014_Juiz) No que se refere à aplicabilidade e à interpretação das normas constitucionais, assinale a

opção correta.

(A) Conforme o método de interpretação denominado científico- espiritual, a análise da norma constitucional deve-se

fixar na literalidade da norma, de modo a extrair seu sentido sem que se leve em consideração a realidade social.

(B) As denominadas normas constitucionais de eficácia plena não necessitam de providência ulterior para sua

aplicação, a exemplo do disposto no art. 37, I, da CF, que prevê o acesso a cargos, empregos e funções públicas a

brasileiros e estrangeiros.

(C) O dispositivo constitucional que assegura a gratuidade nos transportes coletivos urbanos aos maiores de sessenta

e cinco anos não configura norma de eficácia plena e aplicabilidade imediata, pois demanda uma lei integrativa

infraconstitucional para produzir efeitos.

(D) A norma constitucional de eficácia contida é aquela que, embora tenha aplicabilidade direta e imediata, pode ter

sua abrangência reduzida pela norma infraconstitucional, como ocorre com o artigo da CF que confere aos estados a

competência para a instituição de regiões metropolitanas.

(E) Conforme o método jurídico ou hermenêutico clássico, a Constituição deve ser considerada como uma lei e, em

decorrência, todos os métodos tradicionais de hermenêutica devem ser utilizados na atividade interpretativa,

mediante a utilização de vários elementos de exegese, tais como o filológico, o histórico, o lógico e o teleológico.

(CESPE_TJ-SE_2014_Titular de Serviços de Notas e de Registro – Remoção) Assinale a opção correta de acordo com

a CF e com o entendimento doutrinário a respeito do poder constituinte, do conceito de constituição, da

aplicabilidade e da interpretação das normas constitucionais.

(A) Conforme a moderna teoria constitucional, postulados normativos são normas metódicas, ou de segundo grau,

que devem ser utilizados na interpretação e aplicação de princípios e regras presentes na constituição.

(B) No Brasil, somente será possível alterar a forma federativa do Estado se houver aprovação de três quintos dos

votos dos membros de cada casa do Congresso Nacional.

(C) Denomina-se princípio da máxima efetividade o fenômeno constitucional consistente na alteração do sentido de

norma constitucional originária, em razão da conjugação do texto da norma com fatores externos, sem que o texto

dessa norma tenha sido modificado.

(D) A eficácia das normas constitucionais de eficácia contida, cuja aplicabilidade é direta e imediata, somente pode

ser reduzida por outra norma constitucional.

(E) De acordo com o método jurídico ou hermenêutico clássico de interpretação, constituição é um sistema aberto de

regras e princípios, atribuindo-se à interpretação um caráter prático na busca da solução do caso concreto.

SABATINA

1 – O que é mutação constitucional?

2 – Princípios e regras possuem a mesma natureza?

3 – Como se manifesta a aplicação prática de regras e princípios?

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4 – Como se resolve um conflito de regras e um conflito de princípios?

5 – O que é “derrotabilidade”?

6 – Cite seis métodos de interpretação constitucional. Explique-os.

7 – Cite oito princípios de interpretação constitucional. Explique-os.

8 – Explique a teoria dos poderes implícitos.

9 – O que significa a expressão “sociedade aberta dos intérpretes da Constituição?

10 – O preâmbulo da CF/88 possui relevância jurídica?

11 – No que tange à aplicabilidade das normas constitucionais, explique as classificações de José Afonso da Silva e

Maria Helena Diniz.

12 – Qual é o conceito de poder constituinte?

13 – De quem é a titularidade do poder constituinte? Quem o exerce?

14 – Povo e população são conceitos sinônimos?

15 – O que é poder constituinte originário?

16 – Existe alguma classificação para o poder constituinte originário?

17 – Cite quatro características do poder constituinte originário.

18 – Quais são as três espécies de poder constituinte derivado?

19 – Quais são as limitações impostas ao poder constituinte reformador?

20 – Quais são os limites implícitos ao poder de reforma?

21 – O que significa desconstitucionalização?

22 – O que significa hiato constitucional?

23 – O que significa teoria da dupla revisão?

24 – O poder constituinte decorrente, conferido aos Estados-membros, foi estendido aos Municípios? E aos

Territórios Federais?

25 – Como se deu o processo de revisão constitucional no Brasil?

26 – Como se relaciona a nova constituição e a ordem jurídica anterior?

27 – O que significa recepção material de normas constitucionais?

28 – Existe inconstitucionalidade formal superveniente?

29 – Uma lei que feriu o processo legislativo previsto na Constituição anterior mas que nunca foi objeto de controle

de constitucionalidade pode ser recebida pela nova Constituição se for com ela compatível?

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30 – Fale sobre o fenômeno da repristinação.