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O Estado de Direito e os Não privilegiados da América Latina Paulo Sérgio Pinheiro

O estado de direito e os não privilegiados

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O Estado de Direito e os Não privilegiados da América Latina

Paulo Sérgio Pinheiro

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Sobre o autor

• Paulo Sérgio Pinheiro, nasceu no Rio de Janeiro no dia 8 de janeiro de 1944. É diplomata e nas Nações Unidos exerceu o cargo de Relator Especial em Myamar. Foi nomeado Coordenador da Comissão Internacional de Inquérito para a Síria, em 2011.

• Em maio de 2012, foi escolhido pela Presidente Dilma Roussef para ser um dos sete integrantes da Comissão Nacional de Verdade que deverá apresentar em 2014, um relatório com a narrativa e as conclusões sobre os crimes cometidos durante a Ditadura Civil e Militar.

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• Após o retorno ao regime constitucional democrático na América Latina, as relações entre os governos e as sociedades, principalmente os pobres e miseráveis, têm sido marcadas por ilegalidade e poder arbitrário.

• Sob a democracia prevalece um sistema autoritário, incrustado em especial nos aparelhos de Estado de controle da violência e do crime.

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Campos positivos e negativos• 5 campos que interagem e se sustentam: sociedade civil,

sociedade política, o Estado de Direito, o aparato estatal, a sociedade econômica.

• Campos opostas que não desapareceram com a transição democrática – sociedade incivil, a sociedade política pouco submetida ao controle das não-elites, um não-Estado de Direito para a maioria avassaladora das não-elites, conjugado com o não-acesso à justiça, um aparelho de Estado não-responsabilizável, frequentemente assolado pela corrupção e infiltrado pelo crime organizado, uma sociedade econômica desrespeitadora da regulamentação e igualmente marcada pela corrupção e pelas ilegalidades (por exemplo, uma sistemática sonegação fiscal).

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• Distância entre a Declaração de 1948 presente nas Constituições e o mundo real.

• Aumento da criminalidade• Enfraquecimento da legitimidade do sistema

político• Nas áreas rurais, as classes dominantes regionais

e locais continuam manipular as instituições estatais, como o Judiciário e a polícia.

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• Essas sociedades baseadas na exclusão – em termos de direitos civis e sociais – poderiam ser consideradas “democracias sem cidadania”.

• As práticas arbitrárias de agentes estatais da polícia e de outras instituições de controle da violência continuam as mesmas.

• O Estado se mostrou incapaz e sem vontade de erradicar a impunidade por crimes cometidos por seus agentes, na mesma extensão que tenta punir os crimes cometidos por criminosos comuns.

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• O governo constitucional tem sido incapaz de implementar ou até mesmo propor reformas para instituições legais, tais como: o Judiciário, a promotoria pública e a polícia.

• Violência sem lei sobre os pobres e destituídos• Os governos civis falharam em controlar o

abuso do poder e em lutar contra a impunidade.

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• Dificuldades de impedir o tratamento cruel de criminosos comuns encarcerados.

• Tortura em investigações criminais e condições abomináveis das prisões.

• Superlotação nas prisões (p. 16)• Polícias que protegem as elites dos pobres.• A violência policial é amplamente orientada contra as

classes perigosas.• Sistema judicial que condena os pobres, mas não toca na

maioria dos crimes cometidos pelas elites. (p. 17)

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• Consentimento da maior parte da população a essas práticas, inclusive os pobres.

• Necessidade de ações que diminuam a violência e a corrupção e ao mesmo tempo aumentem a segurança.

• Violações mais visíveis nas áreas urbanas e mais dramáticas nas regiões rurais - Conflitos de terras, comunidades indígenas e camponeses. (p. 19)

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• Direitos constitucionais dos indígenas: direito à terra, silvicultura, biodiversidade, leis minerais e de petróleo e lei ambiental. A maioria das reformas constitucionais não tratou das áreas de processo judicial e administração e do acesso à lei ou à justiça.

• Apesar de muitos avanços no reconhecimento dos direitos das mulheres, as leis reguladoras desses direitos são esparsas. E a democracia ainda não significou a realização das garantias do Estado de Direito.

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• A discriminação de gênero é muitas vezes associada a outras formas de discriminação, como raça, etnicidade, orientação sexual, classe social ou status econômico.

• A discriminação racial é uma das mais evidentes expressões de acesso desigual a recursos.

• A igualdade de todos perante a lei é regularmente desafiada pela desigual distribuição de poder.

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• Nos países latino- americanos os pobres veem a lei como um instrumento de opressão a serviço dos ricos e poderosos.

• O sistema judicial tem sido amplamente desacreditado por sua desonestidade, ineficiência e falta de autonomia.

• Deficiência em todos os aspectos: recursos materiais escassos, procedimentos judiciais excessivamente formais, juízes insuficientemente treinados; e um número muito pequeno de juízes supervisiona muitas causas.

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• Novos regimes constitucionais da América Latina continuam longe de ser capazes de assegurar liberdade e justiça para todos.

• A mudança para políticas econômicas neoliberais provocou um aprofundamento das desigualdades que ameaça minar a legitimidade dos novos regimes constitucionais.

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• As organizações da sociedade civil monitoram a obediência do Estado aos padrões internacionais e ajudam a promover mudanças em instituições a favor dos interesses dos direitos humanos.

• Incompletude do Estado, em especial em sua dimensão legal. (p. 27)

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Referência Bibliográfica:

• PINHEIRO, P. S. O Estado de Direito e os não-privilegiados na América Latina. In: Mendez JM, O'Donnell G, Pinheiro PS. Democracia, violência e injustiça: o não-estado de direito na América Latina. São Paulo: Paz e Terra; 2000.