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1 “A estrangeira” A relação entre o México e a Gabriela Mistral Loreto A. Mora Muñoz

Gabriela Mistral: A estrangeira

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“A estrangeira”

A relação entre o México

e a Gabriela Mistral

Loreto A. Mora Muñoz

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1. A Gabriela.

A Gabriela Mistral, chamada realmente Lucila Godoy Alcayaga, é a

mais importante poetisa do Chile, ela ganhou o primeiro Nobel de

Literatura latinoamericano no ano 1945.

Ela nasceu no ano 1889 na localidade de Elqui, na região de

Coquimbo, Chile. Nunca na sua vida ela foi à escola, porque os

professores acreditavam que não tinha suficientes habilidades para

aprender. Mas, aos 15 anos já começou fazendo aulas nos povoados

que ficavam perto da sua cidade natal. Aos 21 anos rendeu provas

oficiais e aprovou todas obtendo o grau de Professora de Estado.

Nesses anos ela sempre escrevia tanto poemas quanto ensaios, muitos

daqueles escritos foram publicados nos jornais da época, e obteve

prêmios e reconhecimento não apenas dos escritores e colegas

professores, mas também dos políticos mais importantes pelas

palavras polêmicas que ela usava. Alguma vez escreveu num escrito

“tenho o hábito do chileno velho de dizer o que eu penso”.

O costume dela de fazer escritos polêmicos foi a principal razão para

que o governo chileno daquela época tentasse afastá-la da situação

política do centro do pais, até enviá-la com o cargo de diretora na

escola de mulheres mais austral daqueles tempos, da cidade Punta

Arenas na patagônia chilena. Por esta situação de aparentemente

querer afastá-la do que acontecia no Chile foi que ela convirtiu-se na

diplomata mulher mais importante do Chile, chegando a ser consulesa

em Espanha, Portugal, Brasil, entre outros paises.

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2. Sua chegada ao México.

Foi no ano 1922 quanto o Secretârio de Educação do governo do

México, o José de Vasconcelos invita à Gabriela para ajudá-lo na sua

Reforma Educativa. A Gabriela foi recebeda pela família Guillén, onde

a Palma Guillén foi quem guiou e acompanhou sua estância no

México, chegando a convertir-se na sua secretária pessoal, e amiga

íntima até ser considerada a segunda mãe do Yin Yin, o único filho da

poetisa.

Envolvida pelos ares da revolução mexicana que apenas começava foi

nesta terra fértil onde conheceu o verdadeiro sentido da educação do

povo, e sobretudo das mulheres que tinham nos braços delas os

“mestizos” que fazeriam o futuro da Latinoamerica toda.

Naquela época em que ela morou no México, entre os anos 1922 e

1925, foi que começou os dois falsos mitos sobre as suas ideais, o

primeiro da sua postura política de esquerda, porque ela conhece a

realidade do campo mexicano e escreve o que vê daquela realidade,

mas nunca pertenceu a nuenhum partido político nem concordou con

as idéias da esquerda radical. E o segundo da sua postura liberal

feminista, e das mulheres mexicanas que precisam da educação de

melhor qualidade para também ser elas protagonistas da história do

seu próprio país. Foi assim que num discurso do Congresso Mexicano

do Menino ela diz “sou mulher e escrevo para mulheres”.

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3. Da Gabriela para o México…

Como professora foi invitada para preparar livros para crianças e para

dar conferências sobre a educação, ela já era chamada no Chile la

maestra como sinal de reconhecemento e respeito por suas

contribuções à educação como seu próprio oficio, com escritos sobre

educação, canções para crianças e os cargos como diretora de escolas.

Cá no Mexico ela escreveu um dos seus mais importantes livros de

prosa: Leituras para mulheres, dedicado às mulheres mexicanas que

tinham necessidade de aprender.

Como o próprio secretârio Vasconcelos chamou missões às saídas

onde as equipas multidisciplinárias chegavam aos lugares afastados

para construir escolas, a Gabriela ia nessas missões para coordinar o

projeto de escolarização do povo impulsionado pelo governo

mexicano da revolução, ela tinha conciência do que estava a acontecer

com a educação como um projeto novo que é grande, e escreve em

relação a este projeto ”É a segunda fundação do México; volve-se a

viver um tempo épico”.

Aquelas viagens foram o que lhe permiteu conhecer as paisagens

desta terra benta para ela, que além dos trabalhos encarregados

oficialmente ela escreve sobre as terras mexicanas que visitava, sobre

as bondades das pessoas dos povoados, e sobre as mulheres que

tinham deixado herança literária como Sor Juana Inés de la Cruz.

Ela também busca afirmar o papel fundamental da mãe na educação

dos filhos, e seu dereito de intervir nos ámbitos da escola, escreve

para aquelas mães que querem fazer parte do processo educativo:

“Têm dereito, mães, de se sentar entre as professoras e discutir com

elas a educação de vossos filhos e dizer-lhes seus erros”.

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4. Do México para a Gabriela…

Nos escritos da Gabriela daquela época há muitas descripções da

cultura azteca e maia, do seu artesanato, seus frutos e seus pratos

típicos. Ela conhece no México um mundo que não tinha visto antes,

que será o mundo rural, camponês, e índio que vai conformar suas

posturas políticas e sociais para sua vida toda. A estância cá no México

foi o ambiente onde as principais preocupações da Gabriela, tanto

sociais como morais, foram tomando forma e corpo para se converter

nos grandes temas mistralianos que conformaram suas obras na sua

vida depois. Acaba sua estância com uma escola para meninas, que o

México construiu no seu nome e levou o nome dela como

reconhecemento em vida dos aportes que ela fez neste país, mas

também houve uma Biblioteca chamada Gabriela Mistral.

Neste país publica-se seu livro Leituras para mulheres que teve boa

recepção e muita difusão. Mas o conflito político do governo daquele

momento obligou a dar pressa aos projetos do Vasconcelos, e a inveja

de alguns professionais da educação do México logrou que

começaram criticar à Gabriela. Eles preguntavam-se “como é que uma

estrangeira vem a nosso país para mudar a educação?”.

Foi por esse motivo que a Gabriela triste pela situação de inveja

começou a sentir-se alheia ao país que achaba tão bom e tão humano,

e na própria introdução daquele livro, depois de justificar sua proposta

de leituras, assinou sem seu nome literato e com uso do pseudônimo

que jamais na sua vida voltou usar: A Estrangeira.