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1 MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO Grupo Especial de Trabalho Investigativo – GETI Promotoria de Justiça Cível de Santa Leopoldina EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA COMARCA DE SANTA LEOPOLDINA – ES. O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO , pelos Promotores de Justiça infra-assinados, em pleno exercício de suas atribuições legais, vem, respeitosamente, com base no artigo 129, inciso III, da Constituição Federal e nas Leis Federais nº 4.717/65 e nº. 8.429/92, propor a presente AÇÃO CIVIL PÚBLICA E POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA (com pedido liminar) em face de: 1) RONALDO MARTINS PRUDÊNCIO , brasileiro, casado, portador do CPF nº 47139455791, filho de Dulce Martins Prudêncio e Aldo Alves Martins Prudêncio, Prefeito Municipal de Santa Leopoldina, com endereço residencial à Rua Alvaro P Miranda, 92, Apto. 101, Campo Grande, Cariacica – ES, CEP 29.146-250; 2) RAMILSON COUTINHO RAMOS , brasileiro, nascido em 15.06.1943, CPF 036.110.227-15, engenheiro civil, residente na Rua Chafic Mudad, n. 418, apto. 701, Bento Ferreira, Vitória-ES; 3) PAULO CALOT , brasileiro, administrador, CPF 742.551.427-34, nascido em 21.06.1963, residente na Rua José de Anchieta Fontana, n.75, Centro, Santa Leopoldina-ES;

Denuncia MP - Operação Moeda de Troca

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Denuncia - Operação Moeda de Troca GRÁFICA E EDITORA QUATRO IRMÃOS LTDA.

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

Grupo Especial de Trabalho Investigativo – GETI Promotoria de Justiça Cível de Santa Leopoldina

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA COMARCA DE SANTA LEOPOLDINA – ES. O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO, pelos Promotores de Justiça infra-assinados, em pleno exercício de suas atribuições legais, vem, respeitosamente, com base no artigo 129, inciso III, da Constituição Federal e nas Leis Federais nº 4.717/65 e nº. 8.429/92, propor a presente

AAÇÇÃÃOO CCIIVVIILL PPÚÚBBLLIICCAA EE PPOORR AATTOO DDEE IIMMPPRROOBBIIDDAADDEE

AADDMMIINNIISSTTRRAATTIIVVAA ((ccoomm ppeeddiiddoo lliimmiinnaarr)) em face de:

1) RONALDO MARTINS PRUDÊNCIO, brasileiro, casado, portador do CPF nº 47139455791, filho de Dulce Martins Prudêncio e Aldo Alves Martins Prudêncio, Prefeito Municipal de Santa Leopoldina, com endereço residencial à Rua Alvaro P Miranda, 92, Apto. 101, Campo Grande, Cariacica – ES, CEP 29.146-250;

2) RAMILSON COUTINHO RAMOS, brasileiro, nascido em 15.06.1943, CPF 036.110.227-15, engenheiro civil, residente na Rua Chafic Mudad, n. 418, apto. 701, Bento Ferreira, Vitória-ES;

3) PAULO CALOT, brasileiro, administrador, CPF 742.551.427-34, nascido em 21.06.1963, residente na Rua José de Anchieta Fontana, n.75, Centro, Santa Leopoldina-ES;

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4) ANDRÉA TELES, brasileira, telefonista, CPF.886.502.277-91,

nascida em 13.09.1966, residente na Av. Prefeito Hélio Rocha, n.1279, Centro, Santa Leopoldina-ES, podendo ser encontrada na Prefeitura Municipal de Santa Leopoldina;

5) GRÁFICA E EDITORA QUATRO IRMÃOS LTDA., CNPJ

36.356.251/0001-50, sediada na Av. Frederico Grulke, 1285, Centro, Santa Maria de Jetibá-ES, com filial na Av. Ernesto Canal, nº 12, Alvorada, Vila Velha, ES;

6) ÁLVARO GOMES, brasileiro, comerciante, nascido em

17/08/1969, CPF 003.733.807-20, filho de Nicolino Gomes e de Alice Maria Perin Gomes, residente na Av. Frederico Grulke, 1285, apto. 101, Centro, Santa Maria de Jetibá-ES

7) MARCOS GOMES, brasileiro, comerciante, nascido em

16/10/1974, CPF 031.550.277-03, filho de Nicolino Gomes e de Alice Maria Perin Gomes, residente na Av. Frederico Grulke, 1285, apto. 102, Centro, Santa Maria de Jetibá-ES;

8) GRÁFICA SÃO GERALDO LTDA – ME, CNPJ 30.971.881/0001-

59, sediada na Av. Maria Angélica Vervloet dos Santos, 82, Vale do Canaã, Santa Teresa-ES;

9) VALTEMIR GERALDO GOMES, brasileiro, casado com MARTA LUCIA TONIATO GOMES, industrial, CPF 422.189.267-68, filho de Nicolino Gomes e de Alice Maria Perin Gomes, residente na Avenida das Camélias, n. 22, Bairro Jardim da Montanha, Santa Teresa-ES;

10) MARTA LÚCIA TONIATO GOMES, brasileira, industrial, CPF

765.024.817-87, residente na Avenida das Camélias, n. 22, Bairro Jardim da Montanha, Santa Teresa-ES;

11) GRÁFICA EDITORA GERALDO DEMONER LTDA., CNPJ

27.315.696/0001-00, sediada na Praça da Bandeira, 12, Centro, Afonso Cláudio-ES;

12) IGOR DEMONER, brasileiro, empresário, CPF 088.262.417-24,

nascido em 24.08.1979, filho de Geraldo Demoner e Maria Lúcia Gomes Demoner, residente na Praça da Bandeira, 12, 1º andar, Centro, Afonso Cláudio-ES;

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13) ALEX AURÉLIO DEMONER, brasileiro, empresário, CPF

074.446.277-03, nascido em 20.08.1977, filho de Geraldo Demoner e Maria Lúcia Gomes Demoner, residente na Praça da Bandeira, 12, 1º andar, Centro, Afonso Cláudio-ES;

14) ANDRÉ GERALDO DEMONER, brasileiro, empresário, CPF 098.827.137-00, nascido em 24.08.1979, filho de Geraldo Demoner e Maria Lúcia Gomes Demoner, residente na Praça da Bandeira, 12, 1º andar, Centro, Afonso Cláudio-ES;

15) REINALDO ROMÉRIO RAMOS DA ROSA – ME, empresa

individual inscrita no CNPJ sob o nº 06.923.666/0001-06, sediada na Rua Manoel Novaes de Araújo, 78, Santana, Cariacica-ES, representada pelo sócio-proprietário REINALDO ROMÉRIO RAMOS DA ROSA, brasileiro, CPF 007.975.807-00, residente na Rua Manoel Novaes Araújo, n. 78, Santana, Cariacica, ES.

Pelos motivos de fato e de direito a seguir

descritos. Consta dos autos do Inquérito Civil nº. 007/2010,

instaurado pela Promotoria de Justiça de Santa Leopoldina (peça anexa) que, entre os meses de janeiro e fevereiro de 2010, RONALDO MARTINS PRUDÊNCIO (Prefeito Municipal), RAMILSON COUTINHO RAMOS (Secretário de Obras/ Presidente da CPL), PAULO CALOT (Secretário de Administração/ membro da CPL), ANDRÉA TELES (Assessora de administração/ membro da CPL), juntamente com os demais requeridos (todos sócios de empresas gráficas) fraudaram, mediante ajuste e combinação com os sócios das empresas participantes do certame, o caráter competitivo da CARTA CONVITE Nº003/2010, procedimento licitatório aberto pela Secretaria de Administração de Santa Leopoldina, destinado à contratação de empresa para confecção de material gráfico – impressos em geral, para atendimento a diversas secretarias.

Extrai-se dos autos que, em 22.02.2010, o

Município de Santa Leopoldina, representado pelo requerido RONALDO MARTINS PRUDÊNCIO, firmou contrato com a empresa GRÁFICA E EDITORA QUATRO IRMÃOS, para confecção de material gráfico e impressos em geral, no valor global de R$ 76.634,00, em virtude de a referida empresa ter vencido a CARTA CONVITE Nº003/2010, apresentando o menor preço.

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Os requeridos RAMILSON COUTINHO RAMOS, PAULO CALOT e ANDRÉA TELES, além de ocuparem outros cargos no Município, são todos membros da Comissão Permanente de Licitações, tendo efetivamente atuado na Carta Convite 003/2010.

As investigações revelaram que todo o

procedimento licitatório foi revestido de fraudes: desde a escolha das empresas convidadas (cujos proprietários são parentes entre si), até os valores das propostas apresentadas, combinados previamente entre as empresas participantes a fim de beneficiar no certame a GRÁFICA E EDITORA QUATRO IRMÃOS.

Infere-se que os sócios da empresa GRÁFICA E

EDITORA QUATRO IRMÃOS (Álvaro Gomes e Marcos Gomes), um dos sócios da GRÁFICA SÃO GERALDO (Valtemir Geraldo Gomes), e a ex-sócia da GRÁFICA DEMONER (Maria Lúcia Gomes Demoner) são todos irmãos. Infere-se, também, que os atuais sócios da Gráfica Demoner (Igor Demoner, Alex Aurélio Demoner e André Geraldo Demoner) são sobrinhos dos sócios das demais gráficas.

Ou seja, das empresas convidadas para

participarem do certame apenas a REINALDO ROMÉRIO RAMOS DA ROSA – ME, aparentemente, não pertenceria ao grupo empresarial da família.

Observa-se, ainda, que as únicas diferenças entre

as cotações iniciais apresentadas são as logomarcas das empresas, no cabeçalho, e os valores, sendo que nenhuma delas foi datada nem assinada pelos representantes, tampouco constam os carimbos das empresas, como usualmente ocorre (fls. 14/25).

Os valores apresentados também demonstram a

combinação prévia, senão vejamos:

1) A mesma quantidade (1000 un.) de cartões de visitas, com mesmas especificações (papel couchê 300g 4/0 cor – 9x5,5 cm), constante na “TABELA DE CONTROLE DO MATERIAL DE GRÁFICA”, foi cotada com valores distintos para duas Secretarias, conforme observado no item 3 da Secretaria de Administração e item 34 da Secretaria de Saúde, nos quais a GRAFICA QUATRO IRMÃOS cobrou R$ 0,25 e R$ 0,22, a gráfica SÃO GERALDO cobrou R$ 0,30 e R$ 0,20 e a GRÁFICA DEMONER cobrou R$ 0,30 e R$ 0,22 respectivamente. RESSALTA-SE QUE, O MESMO “ERRO” – cotação de valores diversos do mesmo material com a mesma quantidade, FOI COMETIDO POR TODOS OS LICITANTES NOS MESMOS ITENS SUPRAMENCIONADOS, ressalvando-se a empresa

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REINALDO ROMÉRIO RAMOS DA ROSA – ME, que manteve o valor de 0,20 para os dois itens, mas aumentou para R$ 0,22 os cartões de visita cotados no item 1 da Secretaria de Cultura e Turismo;

2) A mesma quantidade de papéis (2000

fls.) com as mesmas especificações (AP 75g 29,7x21 1/1 cor) constante na “TABELA DE CONTROLE DO MATERIAL DE GRÁFICA”, foi cotada com valores distintos para a mesma Secretaria, conforme observado no item 6 e 9 da Secretaria de Saúde, nos quais a GRAFICA QUATRO IRMÃOS cobrou R$ 0,08 e R$ 0,11, a gráfica SÃO GERALDO cobrou R$ 0,10 e R$ 0,15, a GRÁFICA DEMONER cobrou R$ 0,09 e R$ 0,10 e a REINALDO ROMÉRIO RAMOS DA ROSA – ME cobrou R$ 0,10 e R$ 0,15, respectivamente. NOVAMENTE O MESMO “ERRO” – cotação de valores diversos do mesmo material com a mesma quantidade – FOI COMETIDO POR TODOS OS LICITANTES, NOS MESMOS ITENS SUPRAMENCIONADOS.

Outro fato curioso foi a ausência da maioria dos

representantes das empresas licitantes na sessão de julgamento (fls. 194), ocorrida no dia 09.02.2010. Somente o requerido MARCOS GOMES, representante da empresa que iria sagrar-se vencedora, compareceu pessoalmente, sendo que as demais apenas enviaram os envelopes.

A denunciada ANDRÉA TELES, atuando

interinamente como Secretária de Administração, solicitou a abertura do certame e fez a cotação de preços apenas com as três empresas cujos sócios são parentes entre si, tendo pleno conhecimento de toda a fraude.

Conforme depoimento de ANDRÉA TELES (fls.

265/266), os próprios membros da CPL, designados pelo prefeito RONALDO PRUDÊNCIO, fizeram a indicação das empresas de uma mesma família para cotação inicial, bem como para a remessa dos convites, culminando com propostas combinadas para que a GRÁFICA E EDITORA QUATRO IRMÃOS fosse a vencedora.

Dessa forma, é evidente a ocorrência de

manipulação e direcionamento da licitação em questão, frustrando seu caráter competitivo, a fim de beneficiar a GRÁFICA E EDITORA QUATRO IRMÃOS.

Ressalta-se que a GRÁFICA E EDITORA QUATRO

IRMÃOS prestou serviços nas eleições passadas, ao atual prefeito RONALDO PRUDÊNCIO (um dos requeridos responsáveis pelo direcionamento da licitação) (doc. fls. 218/219).

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DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

O expediente adotado pelos réus viola frontalmente os princípios constitucionais que regem a Administração Pública, conforme dispõe o artigo 37, caput e § 4º, da Constituição da República:

Art. 37 - A Administração Pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (…):

A regra do art. 37 da CF é repetida no artigo 32, caput, da Constituição do Estado de Espírito Santo, fixando, assim, o caminho que deve ser seguido pela Administração Pública em todos os níveis.

Seguindo o comando constitucional, o art. 4º da Lei Federal nº 8.429/92, estabelece que “os agentes públicos de

qualquer nível ou hierarquia são obrigados a velar pela estrita

observância dos princípios de legalidade, impessoalidade,

moralidade e publicidade no trato dos assuntos que lhe são afetos.”

Ao direcionar a licitação e estabelecer um contrato de considerável quantia com um dos prestadores de serviço de sua campanha, o Prefeito Municipal deixou de dar primazia ao interesse público, utilizando dinheiro do Erário na consecução de interesses pessoais.

Conforme ensina a doutrina, a obediência ao princípio da impessoalidade tem como cerne, sobretudo, a busca pela

finalidade pública. Significa que a Administração não pode fazer distinções benéficas ou detrimentosas entre os administrados, haja vista que é sempre o interesse público que deverá nortear o seu comportamento1. Visa, sobretudo, a garantir a isonomia dentre aqueles que atuarão junto à Administração Pública.

O direcionamento da locação, com vistas a atender interesses particulares do chefe do Poder Executivo, também feriu o princípio da eficiência, eis que o município deixou de contratar empresa que poderia ter feito serviços de qualidade igual ou superior a preço mais baixo.

1 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 18ª ed. Pg. 71.

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Destaca-se, também, que a licitação, sob a justificativa da modalidade escolhida (carta-convite) não foi devidamente publicada, ferindo, assim, ao princípio da publicidade.

Outrossim, o princípio constitucional da moralidade também restou violado: a uma, porque o contrato firmado pelo município contemplou justamente um colaborador de campanha do atual Prefeito de Santa Leopoldina; a duas, porque as empresas convidadas a participar do certame eram todas de uma mesma família, não havendo entre as mesmas qualquer tipo de concorrência.

Em valiosa síntese, leciona Maria Sylvia Zanella Di Pietro que “(...) sempre que em matéria administrativa se verificar

que o comportamento da Administração ou do administrado que

com ela se relaciona juridicamente, embora em consonância com a

lei, ofende a moral, os bons costumes, as regras de boa

administração, os princípios de justiça e de equidade, a idéia

comum de honestidade, estará havendo ofensa ao princípio da

moralidade administrativa”2.

O Poder Público deve obedecer às disposições contidas na Constituição da República, posto que este diploma é o fundamento de validade de todo o arcabouço jurídico-normativo de nosso ordenamento, estabelecendo regras de competência e fixando os limites de atuação da atividade administrativa.

Desse modo, conclui-se que os princípios constitucionais mencionados vinculam toda ação administrativa à sua estrita observância.

Veja, a respeito do tema, as preciosas lições de Celso Antônio Bandeira de Mello:

“Violar um princípio é muito mais grave do que transgredir uma norma. A desatenção ao princípio implica ofensa não apenas a um específico mandamento obrigatório, mas a todo o sistema de comandos. É a mais grave forma de ilegalidade ou inconstitucionalidade, conforme o escalão do princípio atingido, porque representa insurgência contra todo o sistema, subversão de seus valores fundamentais, contumélia irremissível a seu

2 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 18ª ed. Pg. 79.

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arcabouço lógico e corrosão de sua estrutura mestra.3

[...]

Fora da lei, portanto, não há espaço para atuação regular da Administração. Donde, todos os agentes do Executivo, desde o que lhe ocupa a cúspide até o mais modesto dos servidores que detenha algum poder decisório, hão de ter perante a lei – para cumprirem corretamente seus misteres – a mesma humildade e a mesma obsequiosa reverência para com os desígnios normativos. É que todos exercem função administrativa, a dizer, função subalterna à lei, ancilar – que vem de ancilla, serva, escrava.”4

Resta insofismável, portanto, que a conduta dos requeridos implicou em desobediência aos princípios da moralidade, da legalidade, da impessoalidade e da eficiência, com evidente prejuízo para os cofres públicos.

Considerando, ainda, a atual situação econômica do município, não resta dúvida de que houve, na situação em apreço, evidente desperdício de dinheiro público, bem como a prática de atos de improbidade administrativa, consoante veremos a seguir.

Ao indevidamente direcionar o procedimento licitatório para a contratação da GRÁFICA E EDITORA QUATRO IRMÃOS, depreende-se que RONALDO MARTINS PRUDÊNCIO valeu-se do cargo para pagar favores de campanha eleitoral.

Portanto, o réu Ronaldo Martins Prudêncio infringiu o disposto no artigo 10, inciso VIII, da Lei 8.429/92, que assim dispõe:

Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbarateamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art.1º desta Lei, e notadamente:

(…)

3 “Curso de Direito Administrativo”, Malheiros Editores, 5ª ed., 1994, p. 451. 4 “Discricionariedade e Controle Jurisdicional”, Malheiros Editores, 2ª ed., 1993, p. 50.

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VIII – frustrar a licitude do processo licitatório ou

dispensá-lo indevidamente (grifos nossos).

De igual forma, RAMILSON COUTINHO RAMOS (na qualidade de presidente da comissão de licitação), PAULO CALOT (como Secretário de Administração e membro da CPL) e ANDRÉA TELES (como Secretária de Administração Interina e membro da CPL) participaram efetivamente da licitação fraudulenta, no intuito de conduzir o certame de forma a beneficiar o grupo familiar ligado à GRÁFICA E EDITORA QUATRO IRMÃOS.

Assim, ao frustrar a licitude do processo licitatório, RAMILSON, PAULO e ANDRÉA também infringiram o inciso VIII do art. 10, supramencionado.

Igualmente, os sócios das empresas participantes da carta-convite nº 003/2010 (ÁLVARO GOMES, MARCOS GOMES, VALTEMIR GERALDO GOMES, MARTA LÚCIA TONIATO GOMES, IGOR DEMONER, ALEX AURÉLIO DEMONER, ANDRÉ GERALDO DEMONER, REINALDO ROMÉRIO RAMOS DA ROSA) agiram dolosamente para que, em conluio, pudessem se beneficiar da adjudicação do objeto licitado à GRÁFICA E EDITORA QUATRO IRMÃOS. À conduta dos mesmos incide o inciso VIII do art. 10, da LIA, na forma do art. 3º de referido diploma.

Outrossim, não pode passar despercebido o fato de que as empresas requeridas GRÁFICA E EDITORA QUATRO IRMÃOS, GRÁFICA SÃO GERALDO e GRÁFICA DEMONER merecerem a devida incidência da Lei de Improbidade Administrativa. Caso as mesmas não sejam responsabilizadas, continuarão a fraudar licitações e firmar contratos com prejuízos ao Erário Público. Referidas pessoas jurídicas também praticaram a conduta prevista no art. 10, inciso VIII da Lei 8.429/92.

No caso de REINALDO ROMÉRIO RAMOS DA ROSA-ME,

importante salientar que a responsabilidade das empresas individuais se confunde com a de seu próprio titular, haja vista que a firma individual, na realidade, representa, senão, a figura de uma pessoa física autorizada, pela lei, de praticar atividades empresariais. Nesse sentido, é indiferente, para os casos dessas pessoas jurídicas, que a ação de improbidade se volte contra a mesma ou contra seu titular. Nesse sentido tem se inclinado a jurisprudência:

AÇÃO DE COBRANÇA - Cumprimento de sentença. Requerimento de penhora, on line sobre os ativos financeiros em conta bancária de pessoa física titular da empresa individual - Pedido indeferido - Firma individual que se confunde com a pessoa física - Ação movida contra a mesma

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pessoa, quer como firma individual, quer como pessoa física - Redundância e que não autoriza reconhecimento de ilegitimidade passiva - Recurso provido. Há identidade entre

a empresa individual e a pessoa física e é superfetação

discutir prevalência de um ou outro, mesmo porque

concentrados num único elemento. Apenas por mera

ficção jurídica é que habilita pessoa natural a praticar

atos de comércio e com vistas a benefícios fiscais. (Agravo de Instrumento n. 992.09.086768-7 – Itu – 32ª Câmara de Direito Privado – Relator: Kioitsi Chicuta - 12.11.09 – V.U. – Voto n. 18.049). Grifo nosso.

Muito embora o prejuízo ao patrimônio público no caso vertente seja induvidoso, como acima exposto, e, ainda que, por absurdo, se considerasse necessária a demonstração de prejuízo, de qualquer sorte os requeridos transgrediram as normas contidas no artigo 11 da lei 8.429/92, violando, como já dito, vários princípios regentes da administração pública, notadamente os da moralidade, impessoalidade e eficiência.

Assim, os réus estão, também, sujeitos (subsidiariamente) às sanções do artigo 12, III, da LIA, conforme os ensinamentos de Carlos Frederico Brito dos Santos:

A importância fundamental da modalidade de atos de improbidade administrativa esculpida no artigo 11, além da dispensa, de efetivo dano material para a sua caracterização, está no fato de ser a malha fina do sistema, ou seja, aquela capaz de capturar os atos ilícitos que escaparam das redes lançadas pelas modalidades mais graves dos artigos 9º. e 10, através de sua aplicação subsidiária. Daí a importância de o autor da ação de improbidade, quase sempre o Ministério Público, fazer constar do pedido, subsidiariamente, ao lado das sanções decorrentes da infração seja ao artigo 9º., seja ao artigo 10, a condenação ímprobo e do terceiro, se for o caso, nas penas decorrentes da violação ao artigo 11, acautelando-se, destarte, da possibilidade de o juiz não firmar convicção no sentido de acolher o pedido fundado no enriquecimento ilícito ou na de lesão ao erário, diante da vedação legal ao magistrado de acolher qualquer pretensão extra petita. (Improbidade Administrativa, ed. Forense, p. 46).

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Destarte, cabe ressaltar que ambos os requeridos infringiram, também, o disposto no artigo 11, caput, da Lei 8.429/92, que assim dispõe:

Art. 11. Constitui ato de improbidade

administrativa que atenta contra os princípios da

administração pública qualquer ação ou omissão

que viole os deveres de honestidade,

imparcialidade, legalidade e lealdade às

instituições, e notadamente(...).

Por fim, acerca dos atos praticados pelos requeridos, cabe transcrever a lição de Sérgio Ferraz e Lúcia Valle Figueiredo:

Quem gastar em desacordo com a lei, há de fazê-lo por sua conta, risco e perigo. Pois, impugnada a despesa, a quantia gasta irregularmente terá de retornar ao Erário Público.

Não caberá a invocação, assaz de vezes realizada, de enriquecimento da Administração. Ter-se-ia, consoante essa linha de argumentação, beneficiado com a obra, serviço e fornecimento, e, ainda mais, com o recolhimento do responsável ou responsáveis pela despesa considerada ilegal. 5

Assim, em análise à legislação pertinente, resta evidenciado que os Requeridos cometeram atos para os quais severas conseqüências foram ditadas na Carta Magna, que em seu art. 37, § 4 º, que dispõe:

Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da

função pública, a indisponibilidade dos bens e o

ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.

Dessa forma, os requeridos, por suas condutas, violaram frontalmente os princípios basilares da administração pública, praticando os atos de improbidade administrativa tipificados nos dispositivos acima transcritos, quais sejam:

1) RONALDO MARTINS PRUDÊNCIO, art. 10, inciso VIII e art. 11,

caput, todos da Lei 8.429/92;

5 Dispensa e Inexigibilidade de Licitação, São Paulo, Ed. Malheiros, 1994, p. 93.

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2) RAMILSON COUTINHO RAMOS, art.10, inciso VIII e art. 11, caput, todos da Lei 8.429/92;

3) PAULO CALOT, art.10, inciso VIII e art. 11, caput, todos da Lei 8.429/92;

4) ANDRÉA TELES, art.10, inciso VIII e art. 11, caput, todos da Lei 8.429/92;

5) GRÁFICA E EDITORA QUATRO IRMÃOS LTDA, art. 10, inciso

VIII e art. 11, caput, na forma do art. 3º, todos da Lei 8.429/92;

6) ÁLVARO GOMES, art. 10, inciso VIII e art. 11, caput, na forma do art. 3º, todos da Lei 8.429/92;

7) MARCOS GOMES, art. 10, inciso VIII e art. 11, caput, na forma do art. 3º, todos da Lei 8.429/92;

8) GRÁFICA SÃO GERALDO LTDA – ME, art. 10, inciso VIII e art. 11, caput, na forma do art. 3º, todos da Lei 8.429/92;

9) VALTEMIR GERALDO GOMES, art.10, inciso VIII e art. 11, caput, na forma do art. 3º, todos da Lei 8.429/92;

10) MARTA LÚCIA TONIATO GOMES, art.10, inciso VIII e art. 11, caput, na forma do art. 3º, todos da Lei 8.429/92;

11) GRÁFICA EDITORA DEMONER LTDA, art.10, inciso VIII e art. 11, caput, na forma do art. 3º, todos da Lei 8.429/92;

12) IGOR DEMONER, art.10, inciso VIII e art. 11, caput, na forma do art. 3º, todos da Lei 8.429/92;

13) ALEX AURÉLIO DEMONER, art. 10, inciso VIII e art. 11,

caput, na forma do art. 3º, todos da Lei 8.429/92;

14) ANDRÉ GERALDO DEMONER, art. 10, inciso VIII e art. 11, caput, na forma do art. 3º, todos da Lei 8.429/92;

15) REINALDO ROMÉRIO RAMOS DA ROSA – ME, art. 10,

inciso VIII e art. 11, caput, na forma do art. 3º, todos da Lei 8.429/92.

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Da nulidade do contrato oriundo do procedimento administrativo 304/2010 e da necessidade de depósito, em juízo, das quantias que vem sendo indevidamente pagas à empresa GRÁFICA E EDITORA QUATRO IRMÃOS em decorrência do contrato firmado

Evidencia-se, diante do exposto, que o contrato

decorrente do processo nº 304/2010 foi utilizado com fins espúrios, qual seja, o enriquecimento do grupo especializado em fraudar licitações de que fazem parte os réus, com evidências de beneficiamento do próprio Prefeito.

Trata-se, portanto, de negócio jurídico

simulado que deve ser declarado NULO, do qual não pode se extrair qualquer efeito, e que impõe a devolução integral das quantias até o momento pagas, acrescidas de juros e correção monetária.

Considerando a gravidade das condutas

praticadas pelos réus; levando em conta, ainda, que os valores recebidos (ilicitamente) pelos mesmos deverão retornar integralmente aos cofres municipais; considerando, ainda, que as atitudes que vêm sendo observadas indicam que os réus farão de tudo para frustrar futuras execuções, requer o Parquet, com base no poder geral de cautela do juiz, que seja determinado o depósito em juízo de todos e quaisquer valores (já pagos ou a vencer), pertinentes ao contrato administrativo nº 53/2010 (processo administrativo 304/2010), até o julgamento final da ação. Do Dano Moral Coletivo

A conduta proba, honesta de um agente público não se consubstancia em mera expectativa por parte dos administrados. É, outrossim, um dever; uma obrigação cujo descumprimento sujeita o infrator às sanções previstas no art. 37 da Constituição Federal, nos termos já delineados.

Nosso ordenamento jurídico contempla não

apenas a reparação do dano patrimonial, mas admite também a reparação dos danos extrapatrimoniais, assim entendidos como aqueles que atingem aspectos do direito da personalidade (tal como a honra, a imagem e a moral), tanto da pessoa física, como da pessoa jurídica.

Também já se encontra pacificado em nossos

Tribunais o entendimento segundo o qual é possível a cumulação do ressarcimento por danos materiais e morais oriundos do mesmo fato, a par do que dispõe a Súmula nº 37 do Superior Tribunal de Justiça.

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Ora, se a pessoa jurídica é passível de sofrer dano

moral (em sua honra objetiva – ex. nome, imagem), com muito mais propriedade há de se concluir pela possibilidade de indenizar a coletividade pelos danos morais que esta sofre ao assistir, indefesa, os atos ímprobos e imorais de seus representantes.

Com muita propriedade, Emerson Garcia e Rogério

Pacheco Alves, em sua festejada obra: “Improbidade Administrativa”, 4ª ed, Ed. Lumen Juris, Rio de Janeiro, 2008, p. 768, assim discorrem sobre o tema:

(...) se o indivíduo pode ser vítima de dano moral, não há porque não possa sê-lo a coletividade. Assim, pode-se afirmar que o dano moral coletivo é a injusta lesão da esfera moral de uma dada comunidade, ou seja, é a violação antijurídica de um determinado círculo de valores coletivos. Quando se fala em dano moral coletivo, está-se fazendo menção de fato de que o patrimônio valorativo de uma certa comunidade (maior ou menor), idealmente considerado, foi agredido de maneira absolutamente injustificável do ponto de vista jurídico: quer isso dizer, em última instância, que se feriu a própria cultura, em seu aspecto imaterial. Temos como induvidosa, deste modo, não só em razão dos sólidos fundamentos jurisprudenciais e doutrinários acima referidos, como também, e, sobretudo, em razão da expressa previsão legal, a possibilidade de formulação de pedido indenizatório de tal natureza, sozinho ou cumulado ao ressarcimento de danos materiais, se existentes, conclusão que se vê confirmada se considerarmos que o conceito de “patrimônio público” não se confunde com o de “erário”. Também pela própria Lei de Improbidade, cujo art. 12, ao aludir “ressarcimento integral do dano”, não distingue entre

dano material ou moral (grifos nossos).

Assim, considerando a gravidade do

comportamento adotado pelos réus em ultrajar a moralidade administrativa neste município, expondo os munícipes a situação de descrédito e revolta com as instituições públicas, tem-se que a condenação destes ao pagamento de danos morais coletivos é medida a se impor.

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DO PEDIDO LIMINAR DE AFASTAMENTO DO CARGO DOS AGENTES PÚBLICOS ENVOLVIDOS

É consabido que toda e qualquer providência cautelar, seja típica ou atípica, está sujeita à ocorrência de dois requisitos fundamentais, quais sejam, o fumus boni juris e o periculum in mora.

O fumus boni juris (ou, “fumaça do bom direito”),

demanda a análise judicial acerca da possibilidade de ser verdadeiro o direito alegado pelo autor.

O periculum in mora, por sua vez, configura o

perigo que a demora na prestação da tutela judicial poderá acarretar à utilidade de um provimento de mérito futuro.

Quanto à medida de afastamento de Agentes

Públicos, além de os requisitos genéricos a todo provimento cautelar o amparar, tal instrumento encontra previsão específica no art. 20, parágrafo único, da Lei nº 8.429/92, segundo o qual a autoridade judicial ou administrativa competente poderá determinar o afastamento do agente público do exercício do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer necessária à instrução processual.

Havendo nos autos provas de que RONALDO

MARTINS PRUDÊNCIO, PAULO CALOT e ANDRÉA TELES estão alterando documentos públicos e que os mesmos continuam a praticar (reiteradamente) atos de improbidade, com evidente abuso do poder econômico, afigura-se insofismável a necessidade de manter referidos agentes afastados de seus respectivos cargos. Caso referida providência não seja adotada, o mesmo continuará a fraudar documentos, bem como poderá constranger testemunhas (e outros servidores do Município), perdurando situação de grande prejuízo ao presente processo (comprometendo a busca pela verdade dos fatos) e também ao Município.

Nota-se que os servidores mencionados (conforme

se depreenderá a seguir) estão alterando a verdade dos fatos, manipulando provas, mudando datas de protocolo, bem como cometendo fraude processual, motivos mais do que suficientes para o deferimento da medida cautelar que ora se requer.

Os motivos que ora se aponta para o afastamento

estão mais do que provados, e são suficientes para o deferimento da liminar

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pretendida. Nesse sentido, o Egrégio Tribunal de Justiça do Espírito Santo já decidiu:

Agravo de instrumento - ação civil de improbidade administrativa - afastamento de prefeito - quebra dos sigilos bancário e fiscal - alegação de nulidade do inquérito policial que apurou os fatos - peça meramente informativa e facultativa - vícios no inquérito não possuem o condão de contaminar a ação civil instaurada - provas substanciosas de indício de envolvimento do chefe do executivo municipal - depoimentos de servidores e documentos comprobatórios - inépcia da inicial - inexistência - meras alegações desprovidas de conteúdo probatório capaz de corroborá-las - a própria condição de gestor da coisa pública impõe o seu afastamento ante Às denúncias realizadas - recurso conhecido, mas improvido. 1 -Como vem sendo reiterado pela doutrina e jurisprudência pátrias, a medida cautelar de afastamento das funções do agente político só deve ser determinada quando estão reunidos elementos de prova suficientes a demonstrar: a) um mínimo de plausibilidade nas acusações realizadas e b) a existência de risco ao devido andamento das investigações. In casu, é possível se constatar que agiu corretamente o magistrado a quo, uma vez que ambos os requisitos acima apontados podem ser verificados no bojo da Ação Civil de Improbidade Administrativa ajuizada em primeira instância. 2 - Há indícios consideráveis em desfavor do acusado que não podem ser considerados como insuficientes. Ademais, sendo Chefe do Executivo Municipal e suposto coordenador das atividades ímprobas, resta evidente que a sua permanência no exercício das funções poderá comprometer as investigações, visto que poderá, dentro de sua esfera de atuação, ocultar ou maquiar possíveis provas ou indícios eventualmente existentes em seu desfavor. E não se trata de mera presunção, mas

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de raciocínio lógico, que não pode ser desprezado, mormente quando se está diante da preservação do erário e do interesse público. 3 - Estando presentes as razões justificadoras do afastamento cautelar do agravante (artigo 20, parágrafo único da Lei nº 8.429⁄92), não há que se falar em reforma da decisão atacada, mormente porque o aludido artigo estabelece que a medida cautelar imposta não prejudicará a percepção de remuneração por parte do agente. Assim sendo, estariam resguardados, tanto o interesse público, quanto a subsistência do agente processado. 4 - É preciso ressaltar que eventuais irregularidades na condução do Inquérito Policial (como aduz o recorrente), não são capazes de impedir a decretação da medida cautelar por parte do magistrado a quo, sobretudo porque o inquérito se traduz em peça meramente informativa e a Ação Civil de Improbidade Administrativa instaurada não pode ser por ela contaminada. 5 - No que pertine à suposta inépcia da inicial, devo dizer que não foi devidamente comprovada pelo agravante, revelando ser somente uma alegação desprovida de substância probatória capaz de corroborá-la. 6 - Ademais, a decretação da quebra dos sigilos fiscal e bancário do recorrente foi determinada com amparo nos diversos elementos constantes dos autos da ação civil ajuizada pelo Parquet Estadual, cuja substância probatória já foi devidamente apontada. 7 - Recurso conhecido, mas improvido. VISTOS, relatados e discutidos estes autos em que são partes as acima indicadas. ACORDA a Egrégia Segunda Câmara Cível, na conformidade da ata e notas taquigráficas que integram este julgado, à unanimidade, negar provimento ao recurso. (TJES, Classe: Agravo de Instrumento, 46089000031, Relator: MANOEL ALVES RABELO - Relator Substituto : DAIR JOSÉ BREGUNCE DE OLIVEIRA, Órgão julgador: SEGUNDA CÂMARA CÍVEL, Data de Julgamento: 08/07/2008, Data da Publicação no Diário: 18/08/2008). Grifos nossos.

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Os atos de improbidade administrativa estão claramente demonstrados nos autos, não restando dúvidas de que os requeridos RONALDO MARTINS PRUDÊNCIO, PAULO CALOT e ANDRÉA TELES se associaram aos supostos ‘concorrentes’ para fraudar, mediante ajuste e combinação, o caráter competitivo do procedimento licitatório em questão, a fim de obter vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação.

Além dos graves fatos narrados nesta peça

exordial, existem outros fortes argumentos a serem listados adiante, a fim de demonstrar a premente necessidade do afastamento que ora se requer. Vejamos. a) DAS FRAUDES REITERADAS EM LICITAÇÕES DESCOBERTAS PELA OPERAÇÃO ‘MOEDA DE TROCA’, DESENCADEADA PELA POLÍCIA FEDERAL

Em 16/09/2010 foi desencadeada, pela Polícia Federal, a Operação Moeda de Troca. No curso das investigações inerentes a referido caso, descobriu-se a existência, no Município de Santa Leopoldina, de verdadeira quadrilha, formada por alguns servidores públicos e empresários, que tinha por objetivo fraudar procedimentos licitatórios (seja dispensando-os indevidamente, seja direcionando o resultado a empresas integrantes do esquema).

Muito embora não tenha sido comprovado o

envolvimento direto das empresas gráficas no esquema apontado, o mesmo não se pode afirmar quanto aos servidores PAULO CALOT e RAMILSON COUTINHO RAMOS. Ambos aparecem atuando diretamente na manipulação dos processos licitatórios (veja transcrições de diálogos abaixo). Até mesmo ANDRÉA TELES (ainda que na qualidade de subordinada) aparece nas gravações interceptadas com autorização judicial.

Pode-se citar o diálogo de índice 2602784 (vide

CD em anexo), segundo o qual Paulo instrui Dei (Andréia Teles – sua secretária) a colocar três certidões negativas do município em cada envelope deixado por Patrícia (ligada a um grupo de empresas ligadas ao esquema), fechá-los, para que fossem abertos no dia seguinte. Veja a transcrição do diálogo:

Índice : 2602784 Operação : MOEDA DE TROCA Nome do Alvo : PAULO C. - MOEDA DE TROCA

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Fone do Alvo : xxxxxx Localização do Contato : Data : 16/06/2010 Horário : 13:09:37 Observações : ENC1 PAULO X DEI (ANDRÉA) - 3 CERTIDÕES NEGATIVAS DO MUNICIPIO* Transcrição: PAULO – Dei, Eu tive que descer... Os envelopes estão na 1ª. gaveta. ANDRÉA – Tá... Eu vou deixar lá, amanhã a gente abre. PAULO - Não, mas aí pede as 3 certidões negativas, para botar dentro, pra PATRÍCIA e ela já tinha deixado no protocolo pago. ANDRÉA - Ah tá. PAULO – Não esquece... Está faltando as 3 certidões negativas do MUNICÍPIO e amanhã aí você bota dentro, cola, amanhã a gente abre. Tal atitude, corroborada com demais fatos que

serão abaixo arrolados, demonstra que a frustração do caráter competitivo das licitações é prática comum no município de Santa Leopoldina. O afastamento dos servidores apontados (PAULO e ANDREA) é necessário, portanto, a fim de obstar a atuação destes em licitações atuais e vindouras.

Quanto a RAMILSON COUTINHO RAMOS,

diretamente envolvido nos esquemas de fraude neste município, deixa o Parquet de requerer seu afastamento, tendo em vista que referido réu foi exonerado dos quadros do Município, eis que o mesmo era detentor tão-somente de cargo comissionado.

b) DA INTERFERÊNCIA DO PREFEITO E DO SECRETÁRIO DE OBRAS NA INSTRUÇÃO PROCESSUAL - FRAUDE PROCESSUAL - MONTAGEM DE PROCESSO ADMINISTRATIVO PARA FINS DE INDUZIR O JUÍZO EM ERRO E ENCOBRIR A VERDADE REAL.

A manipulação de processos no município de

Santa Leopoldina tem se mostrado, de forma evidente, prática corriqueira nos meandros da administração municipal.

A título de exemplo, acabou-se descobrindo que

Ronaldo Martins Prudêncio e Antonio José Depiante (réus na ação por atos de improbidade administrativa nº 043.10.000021-2) estavam adulterando os procedimentos administrativos relativos a contratos de aluguel que vem sendo contestados judicialmente (processos nº 088/2010 e 092/2010) – vide Relatório Policial “Encaminhamento 1”, em anexo.

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Nos documentos que serviram de subsídio à

propositura da ação de autos nº 043.10.000021-2, pôde-se observar sinais de uso de corretivo (adulterando o andamento que os procedimentos 092/2010 e 088/2010 tiveram). Referidos documentos indicavam, também, que os procedimentos para locação dos imóveis começaram em 04/01/2010, contudo, o termo de avaliação (e de direcionamento) do imóvel a ser locado datava de 30/12/2009.

Os documentos que instruíram a ação de

improbidade mencionada demonstravam, ainda, que as notas de empenho foram emitidas antes da publicação, no Diário Oficial, da ratificação de dispensa de licitação.

Também se constatou, em referido processo,

que a conta de energia elétrica usada como comprovante de endereço do beneficiário do contrato de locação foi “paga” em 12/01/2010, sendo que a mesma deveria ter sido (ao menos em tese) juntada antes de o contrato ter sido firmado (07/01/2010).

Apenas após o ingresso da ação que se menciona

é que o representante do Poder Executivo Municipal (na pessoa de seu Chefe de Gabinete, Izidoro Storch, e da Secretária de Saúde, Creuza Barbosa da Silva Rodrigues) determinou a suspensão dos pagamentos que vinham sendo efetuados ao locador ‘Toninho’ Depiante. O problema é que referidas suspensões se deram, igualmente, com datas alteradas retroativamente.

Ocorre que, uma vez ingressada com a ação, os

réus naquele processo se apressaram em efetuar a mudança das secretarias para o imóvel locado, a fim de possibilitar o restabelecimento dos pagamentos a Toninho Depiante.

Assim, uma vez “ocupado” (ao menos,

precariamente) o imóvel, começaram a surgir, dentre as gravações interceptadas no decorrer da Operação Moeda de Troca, diálogos em que Ronaldo determinava a Dório, Creuza e Ramilson (Secretário de Obras) que emitissem pareceres (‘iguaizinhos’) a fim de liberar o pagamento a Toninho. Veja abaixo as transcrições:

Índice : 2672399 Data : 30/06/2010 Horário : 13:57:22

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Observações : ***DORIOXRONALDO -CADE O PROCESSO PARA PAGAR TONINHO Transcrição : Ronaldo: Cadê o processo para pagar o Toninho? Dório: Tá aqui comigo. Ronaldo: Leva lá pra pagar, cara. Dório: Tá faltando o parecer da Creuza pra dar o parecer dela que o Ramilson quer que o meu parecer seja igual o dela. Ronaldo: E cadê a Creuza? Dório: .... Tá lá na saúde. Ronaldo: Acha ela rapaz. Dório: O meu tá aqui comigo. Só falta o dela. Ronaldo: Corre atrás dela pra dar o parecer.

Veja, na seqüência de diálogos, a pressa em se

efetuar o indigitado pagamento ao réu Toninho Depiante:

Índice : 2672542 Data : 30/06/2010 Horário : 14:31:18 Observações : ***DORIOXRAMILSON - PARECERES Transcrição :Dório: Eu tô aqui para dar o parecer naquele lá e eu tenho que ir aí. Ramilson: Tudo bem. Dório: Tá bom, o negócio da Creuza aqui. Ramilson: Tá bom. Dório: Tá OK, eu vou aí. Índice : 2672751 Data : 30/06/2010 Horário : 15:14:15 Observações : ***DORIOXRONALDO SMS Transcrição : Ronaldo (tipo: envio - torpedo) Liga pro Ramilson sobre o aluguel da saude e outros. Índice : 2672842 Data : 30/06/2010 Horário : 15:32:00 Observações : ***DORIOXCREUZA - CREUZA BARBOSA DA SILVA RODRIGUES Transcrição :Ele vai mandar um oficio pra mim e outro pra vc.

E mais uma vez, vê-se a manipulação dos documentos públicos, bem como o receio, por parte dos envolvidos, de que as falcatruas fossem descobertas:

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Índice : 2694187 Data : 07/07/2010 Horário : 09:47:31 Observações : ***RAMILSONXRONALDO - PROCESSO TONINHO Transcrição :... a partir de 40s Ronaldo - Deixa eu te falar, o Marquinho tesoureiro vai te procurar agorinha mesmo... ninguém tá entendendo aquele processo do Toninho, tá entendendo. Toninho tá me cobrando como tem um mês pra trás. Ramilson - Já tá liberado, já tá liberado, esse pesssoal é muito burro. Ronaldo - Puta que o pariu, eu não aguento isso não bicho. Ramilson - A Dra. lá e eu já falei pros dois, eu já até escrevi, eu mudei até meu despacho. Porque não sou quem interditou, quem interditou foi os dois então os dois tem que liberar Ronaldo - Mas interditou quando? Ramilson - Tem que ser um ofício dirigido ao camarada lá. Ronaldo - Mas o Marquinho não tá entendendo, ele não consegue absorver isso aí. Aí eu falei, não, ele vai te procurar que ele tá aqui comigo, ele vai te procurar, aí você vê aí, porque se nós tamos devendo a Toninho março... Eu não sei quando vocês interditaram também, foi março e abril...abril e maio? Ramilson - Março, abril, maio, junho já pode pagar. Não, a partir do momento... Ronaldo - Não junho já pagou, mas ele tá falando que ele tem março pra receber... porque a interdição foi maio e junho... abril e maio... Ramilson - Não ele tem um ofício dos dois dizendo isso e ele recibou embaixo. Ronaldo - Você resolve isso pra mim? Ramilson - Tudo bem. Ronaldo - Rapaz tá difícil. Eu vou até mandar Toninho aí, porque Marquinho sofre uma pressão, eu to sofrendo pressão... Ramilson – Não, eu vejo com ele. Não pode falar muita coisa porque o Promotor tem cópia desse processo. É aquilo que tá ali, ler e interpretar. Ronaldo - Não rapaz, tem que pagar. Não, mas ele não tá reclamando dos dias parados não. Ele tá falando que antes de começar ele tinha um mês. (...) Janeiro e fevereiro já foi pago. Ramilson - Foi um só um que pagou o outro não pagou. Ronaldo - Presta atenção, janeiro e fevereiro você pagou a Toninho, parte de cima? Ramilson - Só a saúde que pagou. Ronaldo - Então paga a parte de cima. E da saúde ele tá falando que ele tem março. Ramilson – Eu tenho que olhar o ofício que tá dentro do processo. Ronaldo - Tá bom, Marquinho vai te procurar aí falou. Ramilson - Tá bom.

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Índice : 2694312 Data : 07/07/2010 Horário : 10:09:10 Observações : ***RAMILSONXMARQUINHO - PROCESSO TONINHO Transcrição :Ramilson - Marquinho? Marquinho - Pode falar. Ramilson - O Toninho tá aqui comigo, você vem para cá ou eu vou aí? Marquinho - Não, eu tô aqui na educação. Ramilson - Ihh rapaz você tá na educação (inaudível) vim pra cá. O processo tá aonde? Marquinho - Tá em cima da minha mesa, eu ligo pra Kelly pra menina entregar. Ramilson - Dá um pulo aqui rapidinho, eu acho que Toninho tá certo. Marquinho - Eu também acho, só que Leomar6 disse que era pra pagar junho, por isso que eu paguei, né (...) Ramilson – Não é assunto de Leomar, ordenador de despesa aí são os dois lá (...).

No áudio de índice 2672409, Toninho Depiante explica a Dório, Assessor do Prefeito, o motivo de tanta pressa em se receber os valores do aluguel. É que Ronaldo pegou dinheiro emprestado com uma pessoa identificada por “Beto7”, e Toninho precisava do dinheiro para fazer o repasse a este. Vejamos o diálogo, que fala por si:

Índice : 2672409 Data : 30/06/2010 Horário : 13:59:37 Observações : ***DORIOXTONINHO - DINHEIRO PRO BETO Transcrição : Toninho: Ô Dório... O Ronaldo conversou com você? Dório: Conversou comigo, Toninho. Tá eu e Creuza, vou sentar com Ramilson pra dar o mesmo parecer eu e ela... igualzinho. Entendeu? Toninho: E vai sair hoje? Dório: Eu dependo de Creuza... (...) Toninho está falando de dentro da Prefeitura e, em dado momento, pede para entrar no gabinete e continua a conversa.

6 Trata-se de Leomar Laurett, ex-Secretário de Finanças do Município (pediu exoneração do cargo no mês de Agosto/2010). 7 No decorrer da Operação Moeda de Troca descobriu-se que Beto (Humberto) é cunhado do Prefeito Ronaldo Martins Prudêncio.

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Toninho: É o seguinte. O Ronaldo pediu dinheiro pro Beto e ele quer que vocês acertem para mim passar esse dinheiro pro Beto. (...) tem que resolver. Dório: Não eu dependo de Ramilson, Toninho... Ele quer o mesmo parecer o meu e o da Creuza igualzinho pra não dar problema.

Ora, Excelência. Atendo-nos apenas aos aspectos pertinentes a essa ação de improbidade, percebe-se claramente que o réu Ronaldo Martins Prudêncio está alterando a verdade dos fatos, manipulando servidores e procedimentos, bem como está usando dinheiro do Município para aumentar seu patrimônio (ou melhor, pagar suas dívidas).

Os atos praticados pelo réu até o momento são

graves e representam, a toda evidência, grande transtorno para as apurações envolvendo atos ímprobos neste município, eis que já se tornou difícil aferir até que ponto se estende a falsificação dos documentos necessários ao deslinde da presente demanda.

Aliás, é digno de nota o fato de que, até o

momento, já foi solicitado o afastamento do Prefeito Municipal em outras ações por ato de improbidade administrativa (autos nº 043.10.00021-12 e 043.10.000485-2).

c) DAS PRÁTICAS REITERADAS DE ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA POR PARTE DO PREFEITO MUNICIPAL E DO EX-SECRETÁRIO DE OBRAS RAMILSON COUTINHO RAMOS:

Segundo tem se apurado nos diversos Inquéritos

Civis em curso na Promotoria de Justiça desta cidade, e conforme demonstram os inúmeros áudios interceptados na Operação Moeda de Troca, o envolvimento do atual Chefe do Executivo e do secretário de obras em atos de improbidade em Santa Leopoldina é patente e reiterado. c.1) O Carnaval de 2010:

Após a contratação direta (indevida) no ano de 2009, em 2010, para evitar que empresas fora do esquema de corrupção atrapalhassem novamente os planos de beneficiar empresas ligadas a PAULO CESAR SANTANA ANDRADE e ROBSON DE SOUZA COLOMBO, a solução encontrada foi forjar um “Convênio” com a ASSOCIAÇÃO MONTANHAS CAPIXABAS, a fim de que esta colhesse as propostas do mesmo grupo que atuou em 2009, sem qualquer licitação.

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Escorando-se em autorização legislativa para a

contratação da Associação Montanhas Capixabas, utilizou-se desta como mera fachada, pois a contratação deu-se nos mesmos moldes do contrato de carnaval de 2009. c.2) A manipulação do protocolo do Município de Santa Leopoldina – A criação de documentos visando a subsidiar a defesa judicial de Egildo Espíndula, em ação por ato de improbidade ajuizada pelo Ministério Público diante do uso de trator municipal em propriedade particular8:

O áudio de índice nº 2743735 (também em anexo) demonstra a manipulação de datas no protocolo (e, com muito mais razão, nos procedimentos internos) da Prefeitura Municipal de Santa Leopoldina. Em referido áudio, o Secretário de Obras (e Presidente da Comissão de Licitação) dita à sua Secretária um requerimento em favor do tio do então Presidente da Câmara do Município (os dois últimos, tio e sobrinho, são réus em uma ação de improbidade, pelo uso de um trator da prefeitura em obra particular).

Transcrição: Ramilson liga para Maristela e passa a ditar um requerimento do interesse de Egildo Espíndula: Egildo Espíndula, casado, empresário, residente na Rua Vereador Sebastião José Siller, 589, Santa Leopoldina, Centro. Requer terraplanagem em seu lote de terra urbano situado Lago Azul - Sede - Santa Leopoldina, com aproximadamente 300 metros quadrados, objetivando futura edificação de uma unidade residencial (...). Maristela a pedido de Ramilson lê o ditado e, por fim, Ramilson diz que a data precisa ser retroativa. Ramilson: Vê no protocolo se isso pode ser com data de onte, antes de onte, treizontonte, quatrontonte... (...) Maristela: A data do processo?... Ramilson: O que você puder botar... Três dias, quatro dias, um mês (Egildo diz que quanto mais velho, melhor, ele está ao lado de Ramilson).(...) Se for do mês passado, do mês retrasado, o que você puder aí...

8 Trata-se da ação de autos nº 043.10.000230-2.

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c.3) O caso da reforma das Pontes Clarindo Lima e Niterói:

Descobriu-se, posteriormente, também, a

manipulação dos procedimentos licitatórios para a reforma das Pontes Clarindo Lima e Niterói em Santa Leopoldina, consoante se verifica nos diálogos abaixo. Diante das gravações, há suspeita de que possa havido o pagamento de valores ao Secretário de Obras do Município de Santa Leopoldina:

Paulo conversa Andréia Teles (Dei) no dia 29/06, índice 2670395. Dei, dentre outros assuntos, diz que Ramilson está mudando as planilhas ao que Paulo responde dizendo que Ramilson faz os cambalachos dele e deixa pra gente (...). Já Ramilson liga para outra funcionária da Prefeitura não identificada no dia seguinte, dia 30/06, sob índice 2670985. A mulher diz que já levou a planilha, mas que está pegando com Alberto9 no pen drive já que Andréia disse que ficaria mais fácil. Ramilson pergunta se ela já trocou a planilha e, com a resposta positiva, Ramilson diz que tem que ser desta planilha para frente (...). No dia 05/08, índice 2819489, Ramilson demanda Maristela (sua secretária) para tratar de assuntos sobre as reformas das pontes do Clarindo, Niterói. Ramilson pergunta se ela pegou o processo das pontes e ela diz que pegou o do muro e já enviou os ofícios de aditivo. Ramilson pede para abrir o computador, Prefeitura 2010, pasta do Clarindo. Maristela abre a pasta ponte Clarindo Lima e lá um arquivo com o valor contratado de R$ 147.276,71. Ramilson questiona outros detalhes e pede para que ela dê uma olhada na ponte Niterói (...). Em telefonema seguinte, índice 2819571, Ramilson volta a chamar Maristela e diz que mandou para Renan a segunda planilha de medição da ponte Clarindo e Maranata e pede para conferir, pois está diferente da do Alberto. Ao fim diz que Maristela dê um pulo lá para falar com Alberto (...).

9 Trata-se de Alberto de Jesus Moraes, sócio oculto da empresa Decottignies Engenharia Ltda.

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No terceiro telefonema, índice 2819753, Maristela diz a Ramilson que olhou o processo da ponte Clarindo Lima e Niterói, diz que o valor desta é de R$ 15.798,31 e o valor do contrato R$ 87.486,74. Encerra dizendo que Alberto não está no escritório (...). No dia seguinte, dia 06/08, índice 2824550, Alberto liga para Ramilson e diz que está pegando o negócio lá com o garoto do escritório, aquela planilha que tá em valores. Alberto pergunta se pode deixar no prédio com a esposa de Ramilson ou na segunda-feira com ele porque está em “valores” que é meio complicado. Alberto então pergunta se pode deixar na portaria e Ramilson diz que não, que pedirá a esposa para descer. Encerra dizendo o nome da esposa Marlene e o endereço completo (...). Algumas horas depois, índice 2826052, Ramilson liga para a esposa e pergunta se o moço esteve em sua casa e ela responde que esteve e que deixou o pacote, o envelope (...).

d) DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA EM ANDAMENTO QUE PRECISAM SER OBSTADOS:

Já mencionamos que foi encaminhado, a esta Promotoria de Justiça, Relatório circunstanciado da Polícia Federal informando (e comprovando, com áudios obtidos com autorização judicial) diversas condutas ímprobas envolvendo o Prefeito Ronaldo Martins Prudêncio e alguns servidores.

Segundo se depreende de referido relatório, as

condutas ímprobas por parte de Ronaldo Martins Prudêncio e Ramilson Coutinho Ramos estão longe de parar. Dados obtidos (constantes do DVD em anexo) demonstram a ousadia e a certeza da impunidade, por parte do chefe do executivo municipal, em verdadeiro ultraje à democracia e às instituições públicas deste país.

O teor das declarações obtidas nas gravações

demonstram o abuso do poder econômico por parte da família Prudêncio em Santa Leopoldina, e o abuso do cargo eleitoral para manipular servidores públicos, alterar documentos da Prefeitura e satisfazer interesses pessoais.

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O relatório policial menciona, dentre outros, os seguintes casos que estão em andamento e precisam ser imediatamente cessados: d.1) A desobstrução do Canal e o desassoreamento de córrego localizados na fazenda vendida pela família Prudêncio:

No decorrer da Operação Moeda de Troca,

constatou-se a venda de uma fazenda (bloqueada judicialmente), localizada em Santa Leopoldina, em nome dos herdeiros de ALDO PRUDÊNCIO (pai de Ronaldo e Aldo Martins Prudêncio). Constatou-se que a compradora do imóvel demonstrou a preocupação com relação à determinada várzea ser vir a ser alagada. A partir daí, Ronaldo e seu irmão, Aldo, começam uma série de ardis para simular um interesse público que justificasse o desassoreamento do córrego que corta a propriedade, bem como a desobstrução de um canal ali localizado, mediante o uso de dinheiro público.

A audácia do Prefeito foi tamanha que o mesmo

determinou a publicação de referida obra no jornal do município (agosto/2010, em anexo) e no site da Prefeitura (veja relatório policial em anexo). É óbvio que também tal fato merecerá uma ação de improbidade, sem prejuízo de uma ação penal em desfavor dos envolvidos.

Veja os trechos do relatório, nesse sentido:

No dia 12/07, índice 2714231, Aldo liga para uma advogada de nome Luzia. Ela diz que Dr. Homero sugeriu que ele venda a propriedade por instrumento particular, que é um pouco arriscado, mas que por meio processual não há maneira de fazê-lo. Ela diz

que não haverá registro de transferência de

propriedade até o desbloqueio do bem. Aldo

reclama do bloqueio de seus bens e diz que

explicará isso a pessoa que vai comprar. Luzia diz que o bem é de herança e não deveria ser bloqueado. Aldo reclama do Ministério Público, pois são todos uns bundões (...). Relembrando, no dia 15/07, índice 2722551, Ramilson liga para Célio e pede umas fotos de um

rio que vai ser reaberto, pois o Prefeito está lhe

cobrando muito. Continua e diz que será a

desobstrução de um canal conjugado com a

dragagem de mais ou menos 800 metros até o

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Rio Santa Maria. Célio pergunta se já estão

elaborando o projeto e se já possuem recurso e

Ramilson responde que já estão fazendo a

licitação para a contratação da escavadeira que

terá um custo de uns vinte mil, entretanto, está

aguardando os orçamentos (...). (...)

No dia 15/07, índice 2725908, Aldo liga para seu irmão Ronaldo e falam sobre a venda da fazenda. Aldo diz que Ronaldo não tem noção do milagre e que Beto (Humberto) está providenciando a documentação. Aldo diz que a compradora da fazenda o

questionou sobre a várzea e Aldo diz que lá não

enche e que Ronaldo já estaria providenciando

uma benfeitoria no local. Ronaldo diz que falou

com Ramilson sobre isso, pois ele tem pressa.

Ronaldo diz que vai ligar para Marli e dizer que

está no site de Santa Leopoldina. Ronaldo diz que vai abrir até a linha férrea e que vai gastar uns vinte mil (...). (...) Já no dia 19/07, sob o índice, 2742168, o

Prefeito cobra de Ramilson sobre a situação

envolvendo a contratação da máquina para

desobstrução do rio e pergunta se será por

contratação direta. Ramilson responde que será

por pregão ou por preço médio (...). Minutos após, sob o índice 2742410, Ramilson

liga para um interlocutor que usa um telefone em

nome da Ideal Engenharia (trata-se de Jefinho, o

mesmo que intermediou o caso de Aldo, Dennys e

a contratação em Viana) e diz que precisa de três

preços para contratar uma máquina por algo em

torno de 100 horas para realizar uma dragagem

de 800 metros (...). (...) Durante todo o dia 23/07 Marli demonstra estar preocupada e diz que o problema é “aquele problema”, pois se chegar uma intimação isso tudo vai por

terra. Na seqüência, índice 2765031 (...), Aldo procura por Ronaldo e retorna a ligação para Marli em duas situações, índices 2765065 e 2765925, e diz que tudo correu bem (...).

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No dia 30/08, índice 2965120 (...) Aldo pergunta a

Ronaldo sobre a draga (dragagem do rio e

retirada da comporta acordadas com Marli para a

venda da fazenda). Ronaldo diz que está faltando

orçamentos, dois orçamentos. Aldo diz que se

quiser pode providenciar orçamento com sua

empresa. Ronaldo diz que vai fazer e que Marli

sabe (...).

d.2) Do concurso público: áudio de índice 2699303, datado de 08/07/2010:

Mediante o teor do áudio supramencionado, é

possível constatar os reais motivos pelos quais o Senhor Prefeito Municipal se recusa em realizar um concurso público.

Os interlocutores da conversa informam que o

Prefeito desejava parte do pagamento que seria devido à empresa que realizasse o certame. Depreende-se, também, de referida gravação, que o chefe do Poder Executivo Municipal queria manipular o concurso para passar seus cabos eleitorais (procedimento que já vem sendo adotado nos processo seletivos, conforme demonstram os áudios em anexo).

Veja o teor dos áudios que seguem:

Paulo diz a Márcio que vem sofrendo pressão por parte do Promotor para que haja seriedade no certame. Paulo continua e diz que não pode prever o que irá ocorrer, pois ganhará a licitação quem der o melhor preço dentro do contexto. Márcio diz então que

assim seria, mas ganhará quem agradar mais o

Prefeito. Paulo responde que não, nesse caso, e

Márcio insiste perguntando se o Prefeito não vai

ganhar por fora, ao que Paulo responde: Era pra

isso, mas nós desfizemos e não tem como não. Márcio então encerra: Se for um concurso fajuto esses profissionais vão ficar aí pra manchar, né? Mais ainda do que já é a Prefeitura (...). No dia 20/07/2010, sob o índice 2748308, Paulo

recebe a ligação de outro funcionário da

Prefeitura de Santa Leopoldina que pergunta a

Paulo sobre os motoristas que estão no sítio (ou

seja, em uma propriedade privada), ocupantes de

cargos comissionados de agente de turismo. Paulo

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confirma que sabe de quem se trata e o interlocutor

diz que o Prefeito lhe pediu que verificasse se

seria melhor incluí-los no citado processo

seletivo. Paulo responde que não, pois daria no mesmo e o interlocutor concorda (...). Já na data de 21/07, sob o índice 2757019, Paulo liga para Iara, uma das Procuradoras do Município, e diz que precisa que quer conversar sobre o concurso e passar a bola para o Prefeito. Diz que não vai mais assumir nada para ninguém, que todos da comissão não querem participar do processo seletivo. Paulo diz

que o Prefeito vai querer lhe pressionar como fez

com Iara determinando que ele acate seu

desígnio. Iara então responde que eles precisam

se resguardar, pois como disse para Andréia

(Dei), em caso de responsabilidade o Prefeito, ou

melhor, seus advogados dirão que a culpa é da

equipe (...). Horas depois, no mesmo dia 20/07, sob o índice

2749710, o próprio Prefeito liga para Paulo e

solicita que Paulo inclua uma vaga de operador

de raio-x para dar uma chance para a filha de

Lulu. Minutos após, sob o índice 2749721, Paulo liga para Edinho e solicita que ele o lembre de incluir uma vaga de técnico de laboratório (...). Assim, na data de 03/08, índice 2810509, Dório conversa com uma mulher que vem fazendo gestões junto a Isidoro, pois precisa de um emprego. Isidoro

vem falando que o Prefeito está se empenhando

em realizar um processo seletivo, mais fácil que o

concurso público, este, segundo o Prefeito

inviável. A mulher então se diz tranqüiliza (...)

Ou seja, torna-se ainda mais evidente, nesse

momento, a urgência em se afastar liminarmente o Prefeito Municipal de seu cargo (sem prejuízo de outras medidas a serem adotadas pelas vias próprias) e dos requeridos Paulo e Andréa, a fim de que sejam cessados imediatamente os desmandos que referidos agentes públicos vêm cometendo neste município.

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Desse modo, REQUER o MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO, em razão de todo o exposto, seja decretado, liminarmente, o afastamento cautelar do Prefeito Municipal de Santa Leopoldina/ES – Ronaldo Martins Prudêncio e dos também requeridos Andréa e Paulo, de forma a garantir a isenta apuração dos gravíssimos fatos já deslindados, que poderá ser prejudicada, mormente em razão de os Requeridos deixarem seus interesses particulares em supremacia e em desrespeito ao efetivo interesse público.

DO BLOQUEIO DOS BENS EM NOME DOS RÉUS:

Tendo em vista as irregularidades sobejamente

demonstradas, visando a restabelecer a moralidade administrativa e garantir o ressarcimento dos prejuízos causados ao patrimônio público, bem como para assegurar o pagamento das multas eventualmente cominadas ao final como sanção pela prática de atos de improbidade administrativa, pleiteia-se a necessária concessão de medida liminar no caso presente.

Sendo assim, requer seja decretada a

indisponibilidade dos bens dos réus, o que se pleiteia com fulcro no artigo 7º, parágrafo único, da Lei nº 8.429/92 e também no poder geral de cautela do juiz.

Essa medida mostra-se indispensável,

considerando o significativo valor do prejuízo, bem como a contumácia, por parte do atual Prefeito, em praticar atos de utilização ilegal do dinheiro público, havendo, portanto, a real possibilidade de ineficácia do provimento jurisdicional principal, caso não sejam tornados indisponíveis os bens dos requeridos.

Consigne-se, ainda, que o direito material acha-se

suficientemente demonstrado nos documentos que instruem esta inicial, o mesmo ocorrendo com a possibilidade do perigo que poderá representar a demora da prestação jurisdicional final.

Fica, assim, claramente evidenciada a

necessidade de amparo judicial urgente para afastar de pronto os riscos de perecimento dos bens que representam a garantia de eficácia da sentença de mérito postulada nesta ação.

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Requer que esta medida seja concedida inaudita

altera pars, ante ao fundado receio de que a ciência prévia da mesma possa levar os réus a dilapidarem seus bens, tornando inútil a cautela e, por conseqüência, irreparável o prejuízo que causaram ao Município. DOS PEDIDOS PRINCIPAIS Estando comprovados os atos de improbidade administrativa e a violação dos princípios que regem a Administração Pública preconizados na Magna Carta, requer o MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO: a) A notificação dos requeridos, nos termos do artigo 17, §7º, da Lei de Improbidade Administrativa, para, querendo, apresentar manifestação por escrito; b) Seja recebida a petição inicial, nos termos do artigo 17, §9º, da Lei de Improbidade Administrativa, determinando-se a citação dos requeridos para que apresentem contestação, no prazo legal, sob pena de serem presumidos como verdadeiros os fatos articulados na exordial; c) Seja determinada a notificação do Município de Santa Leopoldina, para, querendo, integrar a lide na qualidade de litisconsorte ativo, nos termos do artigo 17, §3°, da Lei nº 8.429/92; d) Proceda-se, liminarmente, ao afastamento cautelar do PREFEITO MUNICIPAL DE SANTA LEOPOLDINA, RONALDO MARTINS PRUDÊNCIO e dos servidores PAULO CALOT e ANDRÉA TELES, na forma do artigo 20, parágrafo único da LIA, a fim de que estes deixem de interferir e cometer fraudes no município, bem como para evitar que os mesmos constranjam e manipulem funcionários da Prefeitura e outras testemunhas, além de deixar de praticar fraudes processuais; e) Seja determinado o depósito mensal, em juízo, de todos os valores já pagos (ou ainda devidos) à GRÁFICA E EDITORA QUATRO IRMÃOS, em decorrência do contrato firmado entre esta e o Município de Santa Leopoldina, até o julgamento final da presente demanda; f) Indisponibilidade dos bens, como requerido, de todos os demandados (art. 37, § 4º, da Carta da República) e terceiros beneficiados – (art. 3º, da LIA), oficiando-se, para tanto, a Corregedoria do Tribunal de Justiça do Estado do Espírito Santo, bem como, Detran, Junta Comercial, Banco Central e demais órgãos que se fizerem necessários para a efetivação da medida;

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g) Sejam julgados procedentes os pedidos acima, bem como ratificadas no mérito as liminares pleiteadas, com a declaração da nulidade do contrato firmado com a empresa GRÁFICA E EDITORA QUATRO IRMÃOS, bem como o reconhecimento da prática dos atos de improbidade administrativa mencionados, condenando-se os requeridos: g.1) ao ressarcimento integral do dano material (solidariamente), do montante indevidamente pago pela municipalidade (R$ 76.634,00), acrescido de juros e correção monetária; g.2) ao ressarcimento dos danos morais causados à Administração Pública e aos interesses coletivos (em sentido amplo) da sociedade, em montante a ser fixado oportunamente por esse Juízo, acrescidos de juros e correção monetária; g.3) ao pagamento de multa civil; g.4) à suspensão dos direitos políticos dos réus pelo prazo de 10 (dez) anos; g.5) à proibição de contratar com os poderes públicos pelo período de dez anos; g.6) à perda da função pública que, por ventura, estiverem ocupando; h) Sejam encaminhadas cópias de inteiro teor da presente a cada vereador da Câmara Municipal, a fim de que adotem as providências que considerarem cabíveis; i) Seja encaminhada cópia, de inteiro teor, da presente ação ao Procurador Geral de Justiça do Estado do Espírito Santo para ajuizamento de ação penal, se assim entender, tendo em vista haver, dentre os requeridos, agente possuidor de prerrogativa de foro decorrente de função; j) Seja comunicado ao Tribunal de Contas do Espírito Santo, com cópia da presente, a fim de que este, querendo, faça auditoria no processo administrativo em questão; k) A isenção do pagamento de taxas e emolumentos, assim como adiantamentos de honorários periciais e quaisquer outras despesas, na forma do artigo 18 da Lei nº 7.347/85. l) após o trânsito em julgado da sentença, sejam expedidos ofícios ao Tribunal Regional Eleitoral e ao Tribunal Superior Eleitoral, para o fim previsto no artigo 20 da Lei nº 8.429/92.

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Requer a produção de todos os meios de prova permitidos em Direito, especialmente depoimento pessoal dos requeridos, oitiva das testemunhas abaixo arroladas e prova documental.

Sejam os requeridos condenados ao pagamento

das custas e demais despesas processuais. Dá-se à causa o valor de R$ 76.634,00 (setenta

e seis mil, seiscentos e trinta e quatro reais). Nestes temos, Pede deferimento.

Vitória/ES, 22 de novembro de 2010.