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Bruno Moreno [email protected] Importante local de pro- dução de ouro, ferro e alimentos para a região de Itabirito e Ouro Preto nos séculos 18 e 19, as ruínas da Fazenda de Arêdes, assim como sí- tios arqueológicos de seu entorno, correm o risco de sumir do mapa. Na terceira e última ma- téria da série sobre os pro- blemas que afetam os sí- tios arqueológicos em Mi- nas, o Hoje em Dia mostra que o Projeto de Lei 3.311/12, que tramita na Assembleia Legislativa, pro- põe a supressão de 129,7 hectares da Estação Ecoló- gica de Arêdes, justamente nos locais onde estão locali- zadas as construções histó- ricas, que incluem as sedes da fazenda, senzala e uma fundição de ferramentas (veja infografia), para abrir espaço à mineração. O projeto foi proposto pelo deputado Arlen San- tiago (PTB), de Montes Claros, em julho do ano passado. Depois de trami- tar pela Comissão de Cons- tituição e Justiça, sem ser votado, o texto foi encami- nhado à Comissão de Meio Ambiente e Desen- volvimento Sustentável, onde está parado, de acor- do com o site da ALMG. O deputado Arlen San- tiago vem sendo procura- do pelo Hoje em Dia duas semanas, mas não retornou as ligações. Na sexta-feira, a assessoria de imprensa dele infor- mou que o projeto havia sido arquivado, mas não enviou a documentação comprovando. Ainda con- forme a assessoria, o pro- jeto deixou de tramitar “por não ter sido bem re- cebido pelos deputados”. Essa não foi a primeira vez que se tentou dimi- nuir o tamanho da Esta- ção Ecológica de Arêdes. Em agosto de 2011, as mi- neradoras Vale e Minera- ções Brasileiras Reunidas (MBR) conseguiram a su- pressão de nove hectares para a construção de uma estrada, dividindo a uni- dade de conservação em duas. A via ligará os com- plexos minerários Pico e Fábrica, localizados em Itabirito e Ouro Preto. Em contrapartida, uma área de 38 hectares foi agregada à estação ecoló- gica, mas a regulamenta- ção fundiária ainda não aconteceu. Arêdes é uma “ilha” em meio a dezenas de empreendimentos mi- nerários. Ao redor, exis- tem quatro mineradoras em operação: Vale, Ger- dau, Herculano e Safm. MINAS O promotor Marcos Paulo de Souza Miran- da, da Promotoria Esta- dual de Defesa do Patri- mônio Cultural e Turís- tico, enfatiza que é pre- ciso aumentar a área preservada da Estação Ecológica de Arêdes, e não diminuí-la. “Temos um laudo peri- cial sobre a área. O pro- jeto do Ministério Públi- co é de expansão, tendo em vista o alto grau de impacto na área e os atri- butos ambientais, que são relevantíssimos. Em Arêdes, há uma cronolo- gia minerária, desde o Ciclo de Ouro. Depois, se transformou em uma fundição de ferro, das ferramentas utilizadas na mina de Cata Bran- ca”, conta. Para Miranda, por es- tar em uma região mui- to explorada, a necessida- de de preservação é ainda maior. “É uma área alta- mente impactada pela mi- neração. Isso aumenta a importância de Arêdes. O Pico de Itabirito foi o pri- meiro bem ‘destombado’ no Brasil, pelo presidente Castelo Branco (em 1965). Será que vamos querer fazer com Arêdes o que a ditadura militar fez com o Pico de Itabiri- to? Vivemos em outros tempos”, enfatizou. IEF É CONTRA SUPRESSÃO O Instituto Estadual de Florestas (IEF), respon- sável pela gestão da Esta- ção Ecológica de Arêdes, se posicionou contra a supressão de parte da área da unidade de con- servação, proposta pelo deputado estadual Ar- len Santiago. A assessoria de impren- sa do instituto informou que a diminuição implica- ria em pelo menos três da- nos. Primeiro, a degrada- ção de zonas de captação de água. Segundo, a per- da dos sítios arqueológi- cos e, por fim, a restrição a pesquisas em áreas im- pactadas pela mineração, principalmente no que diz respeito a projetos de restauração de ecossiste- mas modificados. FAUNA E FLORA De acordo com análise do IEF, a região de Arêdes pode ser classifi- cada de importância bio- lógica extrema para a fauna, em especial aves, anfíbios e répteis. Já a flora é avaliada co- mo de prioridade extrema e especial. No local há es- pécies endêmicas, como o quiabo-da-lapa. Além dis- so, a estação ecológica compõe um corredor eco- lógico entre a Serra do Ro- la-Moça e o Complexo An- dorinha/Itacolomi. Editora: Janaína Fonseca [email protected] Estacolunaé publicada aos domingos Emanuel Pinho – Santa Amélia Caí na malha fina pela segunda vez. Na primeira, parcelei a dívida e paguei tudo o que devia. Como sou reincidente, existe alguma restrição para eu conseguir um novo parcelamento? Não existe qualquer restrição para que concordando com o débito apurado em malha fina haja parcelamento, acrescido dos encargos legais. Portando, poderá procurar a Receita Federal e propor o parcelamento normalmente. Dalmar Pimenta – diretor do departamento de direito do IAMG Arthur Damasceno – Eldorado Tenho um ponto comercial que atualmente está alugado. Entrei em contato com o locatário pedindo o ponto de volta, pois quero montar uma empresa no local. Fizemos um acordo e dei prazo suficiente para ele desocupar o espaço e arrumar outro. Ele descobriu que vou montar uma empresa do mesmo ramo que o dele e agora não está querendo entregar meu ponto. Como devo proceder? O locador poderá notificar o locatário a desocupar o imóvel em até 30 dias (arts. 56 e 57, da Lei nº 8.245/91), já que o contrato vige por prazo indeterminado. Se o locatário não sair, o locador poderá ajuizar ação de despejo, sem que caiba qualquer direito ao locatário. Todavia, caso o locatário preencha os requisitos da ação renovatória (art. 51, da Lei nº 8.245/91: contrato escrito e por prazo determinado, de no mínimo cinco anos, com exploração de mesmo ramo de comércio por, no mínimo, três anos ininterruptos), terá direito à indenização. Nilson Reis Júnior – diretor de direito empresarial do IAMG Catarina Chagas – Planalto Uma conhecida está grávida e manifestou o interesse de me entregar a criança assim que nascer, pois não tem condições financeiras de criá-la. Como devo proceder para ficar com o bebê? No Brasil, a lei 12.010/2009 institui as diretrizes para os processos de adoção e sua aprovação foi realizada com propósito de proteger os interesses do adotando e dos adotantes. Hoje, qualquer adoção obrigatoriamente precisa ser judicial. Quem tem interesse em adotar tem que procurar o judiciário, demonstrar que preenche os requisitos e, em seguida, entrar na fila nacional de adoção. Dessa forma, se a mãe e o pai não quiserem, não puderem e não manifestarem interesse em ficar com a criança, a mesma será entregue a um abrigo para ser adotada por uma pessoa que já está na fila e preencha todos os requisitos Necessários. Fabrício Veiga Costa – membro do IAMG Promotor defende expansão da área > Proposta na Assembleia quer mineração em estação ecológica, onde há sítio arqueológico dos séculos 18 e 19 Caí na malha fina de novo. Ainda posso parcelar a dívida? A Estação Ecológica de Arêdes pode ser a primeira Unidade de Conservação do Quadrilátero Ferrífero a terumplanodemanejo aprovado e implementado. Pormeiodeumtermode ajustamento de conduta assinado com o Ministério Público, a empresa Gerdau, que tem lavras na região, ficou responsável por elaborar o plano, emconjuntocomoda Serra da Moeda. Assim,aprevisãoéade que,atéoanoquevem,o plano esteja pronto. Entre os ítens que devem compor o documento estão a capacidade de visitação e projetos de educação patrimonial e ambiental. DESCARACTERIZAÇÃO – Construção de pedras recebeu telhado de amianto de uma construtora, que queria montar escritório no local CONSULTE O ADVOGADO Envie a sua dúvida para o e-mail: [email protected] Plano de manejo previsto para 2014 Projeto ameaça história do ciclo do ouro SAIBAMAIS > 18 BeloHorizonte,domingo,13.10.2013 HOJEEMDIA hojeemdia.com.br

Estação Ecológica de Arêdes pode perder sítio arqueológico_13 10-13.1

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Estação Ecológica de Arêdes, em Itabirito, Minas Gerais, pode perder sítio arqueológico para a Mineração. Parte 1

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Page 1: Estação Ecológica de Arêdes pode perder sítio arqueológico_13 10-13.1

BrunoMoreno

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Importante local de pro-dução de ouro, ferro ealimentos para a regiãode Itabirito e Ouro Pretonos séculos 18 e 19, asruínas da Fazenda deArêdes, assim como sí-tios arqueológicos deseu entorno, correm orisco de sumir do mapa.Naterceiraeúltimama-

tériada série sobreospro-blemas que afetam os sí-tios arqueológicos emMi-

nas, oHojeemDiamostraque o Pro je to de Lei3.311/12, que tramita naAssembleiaLegislativa,pro-põe a supressão de 129,7hectares da Estação Ecoló-gica de Arêdes, justamentenos locaisondeestão locali-zadas as construções histó-ricas, que incluem as sedesda fazenda, senzala e umafundição de ferramentas(veja infografia), paraabrirespaço à mineração.O projeto foi proposto

pelo deputado Arlen San-tiago (PTB), de Montes

Claros, em julho do anopassado. Depois de trami-tarpelaComissãodeCons-tituição e Justiça, sem servotado,o texto foi encami-nhado à Comissão deMeio Ambiente e Desen-volvimento Sustentável,ondeestáparado,deacor-do com o site da ALMG.O deputado Arlen San-

tiago vem sendo procura-do pelo Hoje em Dia háduas semanas, mas nãoretornou as ligações. Nasexta-feira, a assessoriade imprensa dele infor-

mou que o projeto haviasido arquivado, mas nãoenviou a documentaçãocomprovando.Aindacon-forme a assessoria, o pro-jeto deixou de tramitar“por não ter sido bem re-cebido pelos deputados”.Essa não foi a primeira

vez que se tentou dimi-nuir o tamanho da Esta-ção Ecológica de Arêdes.Emagostode2011, asmi-neradoras Vale e Minera-ções Brasileiras Reunidas(MBR) conseguirama su-pressão de nove hectaresparaa construçãodeumaestrada, dividindo a uni-dade de conservação emduas. A via ligará os com-plexos minerários Pico eFábrica, localizados emItabirito e Ouro Preto.Em contrapartida, uma

área de 38 hectares foiagregadaà estação ecoló-gica, mas a regulamenta-ção fundiária ainda nãoaconteceu. Arêdes é uma“ilha” emmeio a dezenasde empreendimentos mi-nerários. Ao redor, exis-tem quatro mineradorasem operação: Vale, Ger-dau, Herculano e Safm.l

MINAS

O promotor MarcosPaulo de Souza Miran-da, da Promotoria Esta-dual de Defesa do Patri-mônio Cultural e Turís-tico, enfatiza que é pre-ciso aumentar a áreapreservada da EstaçãoEcológica de Arêdes, enão diminuí-la.“Temosumlaudoperi-

cial sobre a área. O pro-jeto doMinistério Públi-co é de expansão, tendoem vista o alto grau deimpactonaáreaeosatri-butos ambientais, quesão relevantíssimos. EmArêdes, háumacronolo-gia minerária, desde oCiclo de Ouro. Depois,se transformou em umafundição de ferro, dasferramentas utilizadasna mina de Cata Bran-ca”, conta.Para Miranda, por es-

tar em uma região mui-

to explorada, a necessida-de de preservação é aindamaior. “É uma área alta-mente impactadapelami-neração. Isso aumenta aimportância de Arêdes. OPico de Itabirito foi o pri-meiro bem ‘destombado’no Brasil, pelo presidenteCas t e l o B ranco (em1965). Será que vamosquerer fazer com Arêdeso que a ditadura militarfez com o Pico de Itabiri-to? Vivemos em outrostempos”, enfatizou.

IEFÉCONTRASUPRESSÃOO Instituto Estadual deFlorestas (IEF), respon-sável pela gestão da Esta-ção Ecológica de Arêdes,se posicionou contra asupressão de parte daárea da unidade de con-servação, proposta pelodeputado estadual Ar-len Santiago.

A assessoria de impren-sa do instituto informouqueadiminuição implica-ria empelomenos trêsda-nos. Primeiro, a degrada-ção de zonas de captaçãode água. Segundo, a per-da dos sítios arqueológi-cos e, por fim, a restriçãoa pesquisas em áreas im-pactadas pela mineração,principalmente no quediz respeito a projetos derestauração de ecossiste-mas modificados.

FAUNAEFLORADe acordo com análisedo IEF , a reg ião deArêdes pode ser classifi-cada de importância bio-lógica extrema para afauna, em especial aves,anfíbios e répteis.Já a flora é avaliada co-

mode prioridade extremae especial. No local há es-pécies endêmicas, como oquiabo-da-lapa. Além dis-so, a estação ecológicacompõe um corredor eco-lógicoentreaSerradoRo-la-MoçaeoComplexoAn-dorinha/Itacolomi. l

Editora:Janaín

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Estacolunaépublicadaaosdomingos

Emanuel Pinho – Santa Amélia Caí namalha fina pela segunda

vez. Na primeira, parcelei a dívida epaguei tudo o que devia. Como soureincidente, existe algumarestrição para eu conseguir umnovo parcelamento?Não existe qualquer restrição para

que concordando com o débitoapurado emmalha fina hajaparcelamento, acrescido dos encargoslegais. Portando, poderá procurar aReceita Federal e propor oparcelamento normalmente.Dalmar Pimenta – diretor do

departamento de direito do IAMG

Arthur Damasceno – EldoradoTenho um ponto comercial que

atualmente está alugado. Entrei emcontato com o locatário pedindo oponto de volta, pois queromontaruma empresa no local. Fizemos umacordo e dei prazo suficiente paraele desocupar o espaço e arrumaroutro. Ele descobriu quevou montar uma empresa domesmo ramo que o dele e agoranão está querendo entregarmeuponto. Como devo proceder?O locador poderá notificar o

locatário a desocupar o imóvel em até30 dias (arts. 56 e 57, da Lei nº8.245/91), já que o contrato vige porprazo indeterminado. Se o locatárionão sair, o locador poderá ajuizaração de despejo, sem que caibaqualquer direito ao locatário.Todavia, caso o locatário preencha osrequisitos da ação renovatória (art.51, da Lei nº 8.245/91: contratoescrito e por prazo determinado, denomínimo cinco anos, comexploração demesmo ramo decomércio por, nomínimo, três anosininterruptos), terá direito àindenização.  Nilson Reis Júnior – diretor de

direito empresarial do IAMG

Catarina Chagas – PlanaltoUma conhecida está grávida e

manifestou o interesse demeentregar a criança assim quenascer, pois não tem condiçõesfinanceiras de criá-la. Como devoproceder para ficar com o bebê?No Brasil, a lei 12.010/2009

institui as diretrizes para osprocessos de adoção e sua aprovaçãofoi realizada com propósito deproteger os interesses do adotando edos adotantes. Hoje, qualqueradoção obrigatoriamente precisa serjudicial. Quem tem interesse emadotar tem que procurar o judiciário,demonstrar que preenche osrequisitos e, em seguida, entrar nafila nacional de adoção. Dessa forma,se a mãe e o pai não quiserem, nãopuderem e não manifestareminteresse em ficar com a criança, amesma será entregue a um abrigopara ser adotada por uma pessoa quejá está na fila e preencha todos osrequisitos Necessários.Fabrício Veiga Costa –membro

do IAMG

Promotor defendeexpansão da área

l> Proposta naAssembleia quermineração emestação

ecológica, onde há sítio arqueológico dos séculos 18 e 19

Caí namalha fina denovo. Ainda possoparcelar a dívida?

AEstaçãoEcológicadeArêdespodeseraprimeiraUnidadedeConservaçãodoQuadriláteroFerríferoaterumplanodemanejoaprovadoeimplementado.

PormeiodeumtermodeajustamentodecondutaassinadocomoMinistérioPúblico,aempresaGerdau,quetemlavrasnaregião,ficouresponsávelporelaboraroplano,emconjuntocomodaSerradaMoeda.

Assim,aprevisãoéadeque,atéoanoquevem,oplanoestejapronto.Entreosítensquedevemcomporodocumentoestãoacapacidadedevisitaçãoeprojetosdeeducaçãopatrimonialeambiental.

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