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FUNDAÇÃO PINHALENSE DE ENSINO CENTRO REGIONAL UNIVERSITÁRIO DE ESPÍRITO SANTO DO PINHAL CURSO DE ENGENHARIA AGRONÔMICA “MANOEL CARLOS GONÇALVES” A IMPORTÂNCIA DA RECUPERAÇÃO DE ÁREAS CILIARES MURILO NASSER PINHEIRO Espírito Santo do Pinhal SP 2014

A importância da recuperação de áreas ciliares

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Page 1: A importância da recuperação de áreas ciliares

FUNDAÇÃO PINHALENSE DE ENSINO

CENTRO REGIONAL UNIVERSITÁRIO DE ESPÍRITO SANTO DO PINHAL

CURSO DE ENGENHARIA AGRONÔMICA “MANOEL CARLOS GONÇALVES”

A IMPORTÂNCIA DA RECUPERAÇÃO DE ÁREAS CILIARES

MURILO NASSER PINHEIRO

Espírito Santo do Pinhal – SP

2014

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FUNDAÇÃO PINHALENSE DE ENSINO

CENTRO REGIONAL UNIVERSITÁRIO DE ESPÍRITO SANTO DO PINHAL

CURSO DE ENGENHARIA AGRONÔMICA “MANOEL CARLOS GONÇALVES”

A IMPORTÂNCIA DA RECUPERAÇÃO DE ÁREAS CILIARES

Acadêmico: Murilo Nasser Pinheiro

Orientador: Eng. Agr Dr. Marco Antônio Galli

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como parte das exigências para obtenção do título de Engenheiro Agrônomo no Curso de Engenharia Agronômica “Manoel Carlos Gonçalves”, UNIPINHAL.

Espírito Santo do Pinhal – SP

2014

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FOLHA DE APROVAÇÃO

A Comissão Supervisora do Trabalho de Conclusão de Curso, do curso de

Engenharia Agronômica do Unipinhal, julga aprovado o trabalho apresentado pelo

aluno Murilo Nasser Pinheiro, com o título: A Importância da Recuperação de Áreas

Ciliares em de _____ de ___________________ 2014.

Comissão Supervisora

Orientador(a)

______________________________________ (Eng. Agr. Dr. Marco Antonio Galli)

Membros da comissão

_______________________________ Eng. Agr. Dra. Marianna Stella Zibordi

_______________________________ Eng. Agr. Dr. Marco Antonio Galli

________________________________ Eng. Agr. M.Sc. Maria Helena Calafiori

Espírito Santo do Pinhal, ___ de ____________ de 2014.

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DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho a principalmente a minha mãe Carmen Cecilia Nasser Pinheiro, a meu pai Joel Mendonça Pinheiro, a minha namorada Jaqueline de Oliveira que estiveram o tempo todo torcendo por essa vitória. A todos meus amigos que fizeram parte dessa trajetória. E a todos que me ajudaram e apoiaram.

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AGRADECIMENTOS

A minha família por me ensinar todo o ensinamento da vida, porque quem eu sou eu devo a eles. A todos os meus professores que eu tive na faculdade, principalmente o professor Eng. Agr. Dr. Marco Antônio Galli, que me orientou para a conclusão do TCC. A todos os meus amigos e amigas da faculdade, por esses quatro anos e meio que passamos juntos. As empresas que me deram a oportunidade de estágios nos períodos de férias, onde eu pude adquirir conhecimentos e amizades. E a todos que me ajudaram para que eu estivesse à oportunidade de estar concluindo uma faculdade.

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Só existem dois dias do ano que nada pode ser

feito. Um se chama ontem e o outro se chama

amanhã, por tanto hoje é o dia certo

para amar, acreditar, fazer e principalmente viver.

Dalai Lama

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INDICE

FOLHA DE ROSTO...................................................................................... ii

FOLHA DE APROVAÇÃO............................................................................ iii

DEDICATÓRIA.............................................................................................. iv

AGRADECIMENTOS..................................................................................... v

EPÍGRAFE..................................................................................................... vi

INDICE........................................................................................................... vii

LISTA DE FIGURAS..................................................................................... viii

RESUMO....................................................................................................... ix

ABSTRACT................................................................................................... x

1 INTRODUÇÃO........................................................................................... 1

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..................................................................... 3

2.1 Matas Ciliares...................................................................................... 3

2.1.1 Principais Funções das Matas Ciliares......................................... 3

2.2 Importância Ecológica de Mata Ciliar................................................. 4

2.3 Hidrologia de Mata Ciliares.................................................................. 5

2.4 A convivência entre as populações humanas e as matas ciliares... 6

2.5 Recomendações para Restauração de uma Área Ciliar.................... 9

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................... 11

4 REFERÊNCIAS........................................................................................... 12

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LISTAS DE FIGURAS

Figura 1 - A urbanização aliada à falta de consciência da população cria uma nova possibilidade para essas matas, a de reter lixo................................................................................................. 6

Figura 2 - Área sem mata ciliar. No detalhe podemos perceber uma árvore que não resistiu a erosão nas margens do rio.................................................................................................. 7

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RESUMO

Titulo: A Importância da Recuperação de Áreas Ciliares

Autor: Murilo Nasser Pinheiro

Orientador: Eng. Agr. Dr. Marco Antônio Galli

As áreas ciliares tem grande importância para o cenário mundial, em termos de

preservação e recuperação ambiental. São florestas, ou outros tipos de cobertura

vegetal nativa, que ficam às margens de rios, igarapés, lagos, olhos d´água e

represas, que cujo nome “Área Ciliar” ou “mata ciliar” vem do fato de serem tão

importantes para a proteção de rios e lagos como são os cílios para nossos olhos.

No Brasil as áreas ciliares estão incluídas nas áreas de preservação permanente

definidas pelo Código Florestal Brasileiro. A Resolução do Conselho Nacional do

Meio Ambiente - CONAMA 303/2002 determina as características das áreas a serem

preservadas. Esse estudo tem como objetivo contemplar uma revisão bibliográfica

sobre a importância da recuperação de áreas ciliares, abordando os benefícios que

traz a população e ao meio ambiente.

Palavras-chave: Matas Ciliares, Florestas, Preservação Ambiental.

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ABSTRACT

The riparian areas is of great importance to the world stage in terms of environmental

conservation and recovery. Are forests or other native vegetation, which are on the

banks of rivers, streams, lakes, water holes and dams, which named "Riparian Area"

or "riparian" comes from the fact that they are so important to protection of rivers and

lakes are like eyelashes to our eyes. In Brazil the riparian areas are included in the

permanent preservation areas defined by the Brazilian Forest Code. The Resolution

of the National Environment Council - CONAMA 303/2002 determines the

characteristics of the areas to be preserved. This study aims to include a literature

review on the importance of restoration of riparian areas, addressing the benefits that

it brings to people and the environment.

Key-words: Riparian Forest, Forestry, Environmental Conservation.

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1 INTRODUÇÃO

O Brasil por razões óbvias é o país que exibe o maior e mais diferenciado

mostruários de diques marginais no cinturão das terras situadas entre os trópicos no

planeta. Sendo que os tipos de vegetação ripária por sua vez, distribuídos pelas

mais diferentes áreas do país – de Roraima ao Rio Grande do Sul – apresentam as

mais notáveis composições de biodiversidade, que se possa imaginar. Perante essa

fantástica variação de composição de espécies arbóreas ou sub arbóreas, de área

para área, ou de espaço para espaço, os pesquisadores não treinados em

Taxonomias, sentem-se impotentes para definir a composição florísticas dos

ecossistemas ripários. A estrutura e a funcionalidade ecossistêmica apresentam

similitudes entre áreas, mas a composição florística apresenta variações

inumeráveis e sutis, ainda não abrangidas pelos estudos botânicos no Brasil visto

como um todo.

Na realidade, os diques marginais gerados na beira na beira alta dos rios,

constituem em suportes geoecológicos essenciais para o desenvolvimento de

florestas beiradeiras (LEITÃO FILHO, et al., 2001).

As Matas Ciliares são importantes por apresentarem um conjunto de funções

ecológicas extremamente relevantes para a qualidade de vida, especialmente, das

populações humanas locais e da bacia hidrográfica, sendo fundamentais para a

conservação da diversidade de animais e plantas nativas da região, tanto terrestres

como aquáticos. As Matas Ciliares influenciam na qualidade da água, na regulação

do regime hídrico, na estabilização de margens do rio, na redução do assoreamento

da calha do rio e são influenciadas pelas inundações, pelo aporte de nutrientes e

pelos ecossistemas aquáticos que elas margeiam. A preservação ou restauração

das Matas Ciliares é de grande importância também para que elas cumpram o papel

de corredores ecológicos, pois, ao interligarem os fragmentos florestais na região,

facilitam o trânsito de diversas espécies de animais, polens e sementes, favorecendo

o crescimento das populações de espécies nativas, as trocas gênicas e,

consequentemente, a reprodução e a sobrevivência dessas espécies (MACEDO et

al., 1993, PRIMACK e RODRIGUES 2001, METZGER 2003, citado por CASTRO et

al., 2012).

Por se tratar de um tema de importância atual, em áreas rurais e urbanas, o

presente trabalho teve por objetivos mostrar a importância da conservação e da

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2

recuperação de áreas ciliares, em relação aos benefícios trazidos ao planeta e a

todos os seres que usufruem.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Matas Ciliares

As matas que recobrem as margens dos rios e de suas nascentes recebem

o nome popular de matas ciliares. Esse nome surgiu da comparação entre proteção

dos cílios aos olhos e o papel protetor das matas quanto aos corpos d’água.

As matas ciliares também são conhecidas por formações florestais

ribeirinhas, áreas ciliares, matas de geladeira, floretas ciliares e matas ripárias.

No Brasil, as matas ciliares estão presentes em todos os biomas: cerrado,

mata atlântica, caatinga, floresta amazônica, pantanal e pampa. Portanto, é de se

imaginar a imensa diversidade de plantas e animais que compõe tais matas nos

diferentes biomas. E mesmo em cada um desses biomas, a diversidade permanece

metro a metro de mata (EDUARTE, KUNTSCHIK, UEHARA, 2011).

Os principais benefícios e vantagens das matas ciliares, em relação a

conservação do solo e do meio ambiente, segundo Árbocz et al. (2006), englobam

melhorias em relação a água, solo, ar, fauna, flora, e outros, conforme descrito no

item abaixo.

2.1.1 Principais Funções das Matas Ciliares

De acordo com Lima e Rodrigues (2009), as nascentes, cursos d’água e

represas, embora distintos entre si por várias particularidades quanto às estratégias

de preservação, apresentam como pontos básicos comuns, tais como, o controle da

erosão do solo por meio de estruturas físicas, barreiras vegetais de contenção,

minimização de contaminação química e biológica e ações mitigadoras de perdas de

água por evaporação.

As áreas ciliares de acordo com Árbocz et al. (2006), proporcionam grandes

benefícios ao meio ambiente tais como:

Redução de perdas de solo decorrente de processos erosivos e de

solapamentos das margens dos rios, causados pela sua ausência;

fornecimento de locais de refúgio de fonte de alimentação para as faunas

silvestres e aquáticas;

promoção do repovoamento faunístico quando recompostas artificialmente;

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proteção dos cursos d’água de impactos decorrentes de transporte de

defensivos, corretivos e fertilizantes;

melhoria da qualidade e aumento da quantidade de água para o consumo

humano e uso agrícola;

2.2 Importância Ecológica de Mata Ciliar

De acordo com Eduarte, Kuntschik e Uehara, (2011), as margens dos rios

são periodicamente alagadas e isso as torna um conjunto de ambientes muito

variados. Em condições tão distintas, a vegetação encontrada nas matas ciliares é

incrivelmente diversificada. Por consequência, a fauna associada a esses ambientes

também é muito rica em espécies, assim como a variedade de fungos e

microrganismos.

Esses seres vivos interagem constantemente. São animais em especial

abelhas e morcegos que buscam néctar e acabam por levar o pólen das flores

visitadas a outras flores, promovendo a reprodução das plantas. São animais que se

alimentam de frutos e liberam as sementes pelas fezes, distantes da planta

produtora, podendo então germinar e formar um novo ser. São plantas usadas como

alimentos a animais, que por sua vez são alimentos de outros animais: os fungos e

microrganismos do solo fazem decomposição desses seres vivos após a morte,

formando uma teia alimentar em permanente transformação. Depois da

decomposição da matéria orgânica, os nutrientes podem ser absorvidos pelas

plantas e retornam a esse ciclo, chamado de ciclagem de nutrientes. São arvores

competindo pela luz, são arbustos se beneficiando da sombra dessas copas, são

plantas como bromélias e orquídeas apoiando em outras maiores (plantas epífitas)

(EDUARTE, KUNTSCHIK, UEHARA, 2011).

O sombreamento das plantas aos rios e córregos, oferece um ambiente com

temperatura mais amena e com maior umidade, influenciando positivamente a fauna

dos rios. Por exemplo, a matéria orgânica vinda das matas, como folhas e frutos,

além de pequenos animais, como insetos, são nutrientes importantes para os peixes.

(EDUARTE, KUNTSCHIK, UEHARA, 2011).

Page 15: A importância da recuperação de áreas ciliares

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2.3 Hidrologia de Mata Ciliares

A hidrologia Florestal pode ser entendida como área do conhecimento

humano que se preocupa como o manejo com o manejo ambiental da microbacia

hidrográfica. Neste sentido, tendo a água como enfoque central, esta definição

implica numa visão integrada ou ecossistêmica de manejo dos recursos naturais, a

qual transcende aos interesses fragmentados de diferentes disciplinas e setores.

A bacia hidrográfica é um sistema geomorfológico aberto, que recebe

matéria e energia através de agentes climáticos e perde através do deflúvio. A bacia

hidrográfica, como sistema aberto, pode ser descrita em termos de variáveis

interdependentes, que oscilam em torno de um padrão e desta forma uma bacia,

mesmo quando não perturbada por ações antrópicas, encontra-se em equilíbrio

dinâmico. (LEOPOLD et al., 1964; GREGORY & WALLING, 1973, citado por LIMA,

RODRIGUES, 2009).

Sob ótica da hidrologia florestal, por outro lado, ou seja, levando em conta a

integridade da microbacia hidrográfica, as matas ciliares ocupam as áreas mais

dinâmicas da paisagem, tanto em termos hidrológicos, como ecológicos e

geomorfológicos. Estas áreas tem sido chamadas de zonas ripárias (MORING et al.,

1985, citado por LIMA, RODRIGUES, 2009).

Tem sido demonstrado que a recuperação da vegetação ciliar contribui para

com o aumento da capacidade de armazenamento da água na microbacia ao longo

da zona ripária, o que contribui para o aumento da vazão na estação seca do ano

(ELMORE e BESCHTA, 1987, citado por LIMA, RODRIGUES, 2009). Esta

verificação permite, talvez, concluir a respeito do reverso. Ou seja, a destruição da

mata ciliar pode, a médio e longo prazo, pela degradação da zona ripária, diminuir a

capacidade de armazenamento da microbacia, e consequentemente a vazão na

estação da seca (LIMA, RODRIGUES, 2009).

O efeito direto da mata ciliar na manutenção da qualidade da agua que

emana da microbacia tem sido demonstrado com mais facilidade em diversos

experimentos. Esta função da zona ripária é, sem dúvida, de aplicação prática

imediata para o manejo de microbacias (KUNKLE, 1974, citado por LIMA,

RODRIGUES, 2009).

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2.4 A convivência entre as populações humanas e as matas ciliares

Além da importância ecológica, nas mais diversas partes do mundo, em

todas as épocas da história, os rios e suas margens guardam imensa importância

sociocultural e econômica. Nas histórias da humanidade, é muito conhecida a

ocupação das várzeas dos rios Tigres e Eufrates e seu uso para agricultura devido

aos depósitos orgânicos dessas áreas, que deu origem a antiga Mesopotâmia. Os

primeiros objetos que o homem fabricou provavelmente foram feitos com argila de

áreas próximas a rios onde essas pessoas se estabeleceram. Assim, desde o berço

da civilização, ficar próximos a cursos d’água é estratégico para a sobrevivência e o

desenvolvimento das atividades humanas (LIMA, RODRIGUES, 2009).

Desde quando começaram a conviver rios, e populações humanas

passaram por imensas transformações. Ultimamente, apesar do bem-estar que os

rios podem proporcionar, muitas vezes são vistos como meros canais de esgoto e

lixo, e as pessoas ocupam ou utilizam de forma indevida a suas margens, e acabam

se privando de todos os benefícios que um rio pode trazer para a comunidade

(EDUARTE, KUNTSCHIK, UEHARA, 2011).

Durante muito tempo, aceitou-se as consequências da destruição das matas

ciliares, porque se acreditava que esses prejuízos eram menores que os benefícios

trazidos pelo progresso. Só quando perceberam os enormes prejuízos econômicos

causados por essa destruição, a sociedade passou a prestar mais atenção e até a

exigir maiores cuidados com a natureza. (EDUARTE, KUNTSCHIK, UEHARA, 2011).

Hoje, o Código Florestal, uma lei federal, exige a preservação da mata ciliar.

Nos locais onde ela já não existe mais, é necessário o replantio da vegetação

original ou de outra espécie adequada àquele ambiente. Ao contrário do que

pensam muitos proprietários de terras, a recomposição da mata ciliar não é perda de

dinheiro. Pelo contrário, é um investimento para a preservação do curso d'água que

passa por suas terras (NASS, 2002).

Em muitos casos nas áreas urbanas, as margens dos rios são desmatadas e

ocupadas com moradias e seus leitos são transformados em depósitos de lixo. Essa

ocupação é perigosa para os próprios moradores, que podem sofrer com enchentes,

deslizamentos e doenças decorrentes da transformação dos rios e córregos em

canais de esgoto e lixo, e ainda mais prejudicial quando em áreas de mananciais,

nascentes e represas, podendo ameaçar o abastecimento de água potável de

milhares de pessoas (EDUARTE, KUNTSCHIK, UEHARA, 2011). (Figura 1).

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Figura 1 - A urbanização aliada à falta de consciência da população cria uma nova

possibilidade para essas matas, a de reter lixo. Fonte: GUIAECOLOGICO, 2012.

Além do processo de urbanização, as matas ciliares sofrem pressão

antrópica por uma série de fatores: são as áreas diretamente mais afetadas na

construção de hidrelétricas; nas regiões com topografia acidentada, são as áreas

preferenciais para a abertura de estradas, para a implantação de culturas agrícolas e

de pastagens; para os pecuaristas, representam obstáculos de acesso do gado ao

curso d'água (MARTINS, 2001).

Problema muito recorrente nos centros urbanos é a chamada

impermeabilização do solo, quando este recoberto com materiais (como asfalto e

cimento) que impedem que a água se infiltre. Em solos impermeabilizados, a água

da chuva escorre com mais velocidade e vazão até as áreas mais baixas, onde

encontrará a calha do rio. O que estiver no caminho dessas águas pode ser atingido

e prejudicado (como moradia, por exemplo). Quando a lixo mal acondicionado nas

ruas, ele acaba sendo carregado pela correnteza e chega aos bueiros e boca-de-

lobo, causando entupimentos e facilitando a ocorrência de inundação. Com as

enchentes, a água limpa pode se misturar com o esgoto e invadir casas e mesmos

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bairros inteiros, facilitando a ocorrência de doenças veiculadas pela água

(MARTINS, 2001).

No caso de áreas com solo permeável e sem vegetação, a água da chuva

carrega sedimentos como terras, areias, adubos e agrotóxicos para os corpos

d’água, o que resulta na contaminação e no assoreamento desses, alterando seu

fluxo e diminuindo a qualidade e quantidade de recursos hídricos. A erosão

empobrece o solo e pode provocar perdas de áreas agrícolas, como quando uma

ravina evolui para uma voçoroca de grande dimensão. A chuva em áreas

desprovidas de uma vegetação protetora também pode resultar em deslizamentos

de terra, especialmente em áreas em declive (morros e encostas). Foi o que

aconteceu durante a temporada de chuvas no Rio de Janeiro em março de 2010 e

Janeiro de 2011, atingindo áreas de morros desmatadas e ocupadas pela

população, causando desabamentos (MARTINS, 2001). (Figura 2).

Figura 2 - Área sem mata ciliar. No detalhe podemos perceber uma árvore que não

resistiu a erosão nas margens do rio. Fonte: GUIAECOLOGICO, 2012.

Se, pelo contrário, o solo for permeável e protegido com vegetação, o

impacto da queda das águas da chuva será amortecido pelas folhas, ramos e

troncos. Quando permeável e protegido de fortes impactos, o solo terá mais

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condições temporais e estruturais para absorver as águas, diminuindo a força e o

volume de água que escorre superficialmente ao solo em direção à calha do rio

(MARTINS, 2001).

Com isso os lençóis freáticos que alimentam poços e minas d’água são

reabastecidos, o solo fica mais estabilizado e a produção de alimentos é

beneficiadas. Além disso, como o rio tem sua vazão menos alterada, as cheias têm

menor probabilidade de ocorrer e de causar prejuízos às comunidades (EDUARTE,

KUNTSCHIK, UEHARA, 2011).

2.5 Recomendações para Restauração de uma Área Ciliar

Considera-se área degradada àquela que, após distúrbio, teve eliminado os

seus meios de regeneração natural, apresentando baixa resiliência. Em contraste, é

considerada área perturbada a que sofreu distúrbio, mas manteve meios de

regeneração biótica. Em ecossistemas degradados, a ação antrópica é necessária

para a sua recuperação (CARPANEZZI et al., 1991 citado por GALVÃO et al.,

2000).

Na recuperação de áreas degradadas, o técnico tem de considerar ainda

que as mudas devem ser preparadas para tolerar a restrições do ambiente onde

serão colocadas. Não adianta plantar diretamente uma muda não preparada em

área encharcada mesmo que ela seja uma espécie que tolere esse tipo de solo. O

mesmo vale para o oposto, isto é, para áreas secas. Nesse sentido, deve haver uma

parceria entre o responsável pela recuperação e o viveirista que deverá preparar os

lotes de acordo com o projeto (LEITÃO FILHO, 2001)

As áreas degradadas e erosões necessitam de obras de drenagem,

geotecnia, terraplanagem, e revestimento vegetal para garantir o sucesso dos

trabalhos e melhoria do aspecto visual. É necessário estabelecer a vegetação, que

permite maior infiltração, menor escoamento superficial e proteção contra erosão

laminar. Deve se considerar, ainda, aspectos para melhorar a estabilidade de

taludes que apresentam problemas (PEREIRA, 2006).

O uso de espécies atrativas da fauna auxilia no processo de restauração

florestal uma vez que os animais, atraídos pelos frutos e flores, acabam dispersando

as sementes pela área (PEREIRA, 2006).

Page 20: A importância da recuperação de áreas ciliares

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A descompactação do solo auxilia no desenvolvimento das mudas

plantadas. O uso de herbicida, apesar de ser uma questão muito polêmica, tem

ajudado os processos de restauração florestal, já que um dos maiores problemas

para o desenvolvimento de uma floresta é a competição com as gramíneas

(PEREIRA, 2006).

Escolher as espécies adequadas de acordo com as características do local,

garantindo assim um maior e melhor desenvolvimento das mudas e evitando-se

perdas de plantas e recursos. (SARTORI, MARCOLINO, 2011).

De acordo com Árbocz et al. (2006), entre as espécies adequadas são

consideradas:

pioneiras: espécies que necessitam de grande luminosidade durante

todo o seu ciclo;

secundárias: englobam as espécies que conseguem germinar à

sombra, porem precisam de luz para crescer;

Clímax: são espécies que germinam e cresce à sombra, atingindo o

dossel onde só então se reproduzem; normalmente apresentam

crescimento lento e possuem madeiras de interesse comercial;

Umbrófilas: espécies típicas dos sub-bosques das matas, geralmente

de baixo porte, passam todo o seu ciclo de vida sob a proteção do

dossel, inclusive se reproduzindo a sombra;

Heliófitas: não se enquadram no sistema tradicional de classes de

secessão ecológica, termo utilizado para as espécies do cerrado onde

os fatores determinantes da sucessão de espécies são bastantes

diferentes das outras formações vegetais florestais;

As pioneiras englobam algumas espécies consideradas como secundárias

iniciais nos sistemas mais tradicionais de classificação e sua inclusão como foi feita

facilita a sua escolha nos projetos de recomposição de matas nativas, pois ambas

encerram espécies com características muito próximas, como alta rusticidade, baixo

nível de exigência em fertilidade rápido crescimento e curta longevidade (ÁRBOCZ

et al., 2006).

A categoria de umbrófilas engloba as espécies de sub-bosque que não se

enquadram como secundárias tardias, pois não são necessariamente longevas e

nem atingem grandes proporções. Em geral, são espécies de baixo porte (muitas

arvoretas) e que produzem frutos e sementes atraentes para a fauna silvestre. São

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11

indicadas principalmente para trabalhos de enriquecimento de fragmentos

perturbados (ÁRBOCZ et al., 2006).

As espécies relacionadas como heliófitas correspondem às espécies de

cerrado onde o sistema tradicional de separação em classes de sucessão ecológica

não se aplica. Todas são espécies que se desenvolvem bem a pleno sol e para

muitas delas a reprodução vegetativa através da rebrota de restos de ramos, troncos

e/ou raiz responde por uma parcela significativa do sucesso de recolonização de

uma eventual área degradada em processo de regeneração (ÁRBOCZ et al., 2006).

É muito interessante, que rio abaixo, e por dezenas de quilômetros, em área

não plantada, ocorre regeneração natural, pois as sementes são levadas pelo rio,

pelo vento ou pela fauna, o mesmo acontecendo em áreas vizinhas ao

reflorestamento, que vão, lentamente, sendo colonizadas. Muitas espécies

aparecem tanto rio abaixo, como áreas rio acima, levadas por ventos, animais

terrestres e aves (NOGUEIRA, 2010).

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As matas ciliares são extremamente importantes para o meio ambiente e

para o homem. Sem elas vários problemas ambientais iriam acontecer, afetando não

só a paisagem, mas principalmente a qualidade de vida dos seres que usufruem da

natureza, ou seja, fauna, flora e vida humana.

Para que haja um meio de equilíbrio entre homem e meio ambiente,

primeiramente é preciso à conscientização ambiental, só assim se conseguirá

manter uma boa qualidade de vida, fazendo com que se torne um hábito futurístico a

conservação e preservação do meio ambiente.

Page 22: A importância da recuperação de áreas ciliares

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4 REFERÊNCIAS

ÁRBOCZ, G. F. et al. Florestas: Sistemas de Recuperação com Essências Nativas, Produção de Mudas e Legislações. 2006 248p Coordenadoria de Assistência Técnica Integral – CATI - Campinas SP. MARCOLINO, C. H. P; SARTORI, T. Restauração da Mata Ciliar: Conquistas e Desafios. 2011 43p Associação Ambientalista COPAÍBA - Socorro SP. NASS, D. P. Mata Ciliar: Corredor da Natureza. Revista Eletrônica de Ciências Número 14 São Carlos/SP 14/12/2002. Disponível em: http://www.cdcc.usp.br/ciencia/artigos/art_14/mataciliar.html. Acesso em: Março de 2014. EDUARTE, M.; KUNTSCHIK, D. P.; UEHARA, T. H. K. Mata Ciliar. Caderno de Educação Ambiental. 2011 84p Secretaria do Meio Ambiente, Coordenadoria de Biodiversidade e Recursos Naturais - São Paulo SP. LEITÃO FILHO, H. F. et al. Mata Ciliar: Conservação e Recuperação. 2001 320p Universidade de São Paulo: FAPESP - São Paulo SP. NOGUEIRA, J. C. B. Reflorestamento Misto com Essências Nativas: A Mata Ciliar. 2010 148p Instituto Florestal - São Paulo SP. LIMA. W. P. L.; RODRIGUES. R. R. Cadernos da Mata Ciliar: Preservação e Recuperação das Nascentes de Água e Vida. Número 01 2009 35p Coordenadoria de Biodiversidade e Recursos Naturais - São Paulo SP. PEREIRA, A. R. Como selecionar plantas para áreas degradadas e controle de erosão. 2006 150p FAPI – Belo Horizonte - MG. GALVÃO, A. P. M. et al. Reflorestamento de Propriedades Rurais para fins Produtivos e Ambientais. 2000 351p Embrapa Comunicação para Transferência de Tecnologia - Brasília DF. MARTINS, S. V. Recuperação de Matas Ciliares. Editora Aprenda Fácil. 2001. Disponível em: http://www.arvoresbrasil.com.br/?pg=reflorestamento_mata_ciliar. Acesso em: Fevereiro de 2014. CASTRO, D. et al. Práticas para Restauração de Mata Ciliar. 2012 60p Biblioteca Pública do Estado do RS, Brasil – Porto Alegre RS.