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COMPORTAMENTO DE AVESTRUZES (Struthio camelus domesticus) CRIADOS EM SISTEMAS DE
CASAIS OU TRIOS DURANTE O DESCANSO REPRODUTIVO
JAVIER FERNANDO PULIDO JIMENEZ
DISSERTAO DE MESTRADO EM CINCIAS AGRRIAS
BRASLIA/DFNovembro 2008
UNIVERSIDADE DE BRASLIA FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINRIA
UNIVERSIDADE DE BRASLIA
FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINRIA
COMPORTAMENTO DE AVESTRUZES (Struthio camelus domesticus) CRIADOS EM SISTEMAS DE CASAIS OU TRIOS DURANTE O DESCANSO
REPRODUTIVO
JAVIER FERNANDO PULIDO JIMENEZ
ORIENTADOR: FRANCISCO ERNESTO MORENO BERNALCO-ORIENTADOR: VANNER BOERE
DISSERTAO DE MESTRADO EM CINCIAS AGRRIAS
PUBLICAO: 318 / 2008
BRASLIA/DFNovembro 2008
iii
UNIVERSIDADE DE BRASLIAFACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINRIA
JAVIER FERNANDO PULIDO JIMENEZ
COMPORTAMENTO DE AVESTRUZES (Struthio camelus domesticus) CRIADOS EM SISTEMAS DE CASAIS OU TRIOS DURANTE O DESCANSO
REPRODUTIVO
APROVADA POR:
___________________________________________FRANCISCO ERNESTO MORENO BERNAL, Doutor (UnB)(ORIENTADOR) - CPF: 000.810.96-90E-mail: [email protected]
___________________________________________MARCELO JOSE DE MELLO REZENDE, Doutor (UnB)(EXAMINADOR INTERNO) - CPF: 006.336.647-90E-mail: [email protected]
___________________________________________SERGIO LEME DA SILVA, Doutor (UnB)(EXAMINADOR EXTERNO) - CPF: 015.120.588-40E-mail: [email protected]
BRASLIA/DF, 10 de novembro de 2008.
iv
FICHA CATALOGRFICA
Pulido Jimenez, Javier Fernando Comportamento de avestruzes (Struthio camelus domesticus) criados em sistemas de casais ou trios durante o descanso reprodutivo. / Javier Fernando Pulido Jimenez; orientao de Francisco Ernesto Moreno Bernal. Braslia, 2008. 70 p.; il.
Dissertao de Mestrado (M) Universidade de Braslia /Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinria, 2008.
1. Avestruz. 2. Comportamento. 3. Bem Estar Animal. 4. Manejo. 5. Cativeiro. 6. Etograma. I. Bernal, F. E. M. II Dr.
REFERNCIA BIBLIOGRFICA
PULIDO JIMENEZ, J. F. Comportamento de avestruzes (Struthio camelus domesticus) criados em sistemas de casais ou trios durante o descanso reprodutivo. Braslia Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinria, Universidade de Braslia, 2008, 70 p. Dissertao de Mestrado.
CESSO DE DIREITOS
NOME DO AUTOR: Javier Fernando Pulido JimenezTTULO DA DISSERTAO DE MESTRADO: Comportamento de avestruzes (Struthio camelus domesticus) criados em sistemas de casais ou trios durante o descanso reprodutivo.
GRAU: Mestre ANO: 2008
FOTOS: Javier Fernando Pulido Jimenez
concedida Universidade de Braslia permisso para reproduzir cpias desta dissertao de mestrado e para emprestar tais cpias somente para propsitos acadmicos e cientficos. O autor reserva-se a outros direitos de publicao e nenhuma parte desta dissertao de mestrado pode ser reproduzida sem a autorizao por escrito do autor.
________________________Javier Fernando Pulido JimenezCPF: 733.342.351-49SMPW QD 09 LT 20 CS 02CEP: 71750-000 - Braslia - DF - Brasil(61) 9688-5908 - [email protected]
mailto:[email protected]
v
DEDICO...
A minha linda amada esposa Deborah, por cada
instante de seu generoso amor, pela alegria da sua alma e de seus
preciosos olhos, seus conselhos sempre cheios de carinho e
razo, suas constantes manifestaes de carinho e ternura. Pelo
presente dirio de ser minha amiga, fonte de suspiros e
inspirao.
A meus amados pais, por todo aquilo que tm feito
por mim e que s pode se resumir com duas palavras... Imenso
amor.
A toda minha amada famlia na minha amada ptria
Colmbia.
vi
AGRADECIMENTOS
A DEUS TUDO PODEROSO, POR TUDO.
A DEUS pela beno de cada dia. Pelo presente de ter meus pais
maravilhosos, minha amada esposa, minha famlia amorosa e meus amigos. Pela sade
e a proteo em todo instante. Por ter tantos privilgios e ddivas, entre elas, morar em
um pais maravilhoso como o BRASIL.
A minha bela, tenra e amada esposa Deborah. Pelo seu amor, carinho,
pacincia e apoio em todo instante. Por compartir tantas alegrias e estar junto em tantos
momentos inesquecveis. Por que ademais de ser amiga, minha scia permanente com
a qual compartilhamos esse nosso grande amor pelos animais e o objetivo de contribuir
para seu bem estar, proteo e conservao.
Ao Caro Doutor Professor Francisco Moreno Bernal, por aceitar ser meu
orientador. Pela sua amizade, compreenso, constante apoio e colaborao.
Ao Caro Doutor Professor Vanner Boere, pela grande ajuda, amabilidade,
colaborao e incentivos para a culminao desta obra.
Ao Caro Doutor Professor Afrnio M. C. Vieira, pela colaborao com a
parte estatstica, suas palavras de animo e motivao para a finalizao desta pesquisa.
A meu velho amigo o Engenheiro Industrial Luis Carlos Manrique, pela
ajuda e colaborao para conseguir finalizar esta pesquisa.
A Universidade de Braslia e os caros professores de ps-graduao da
Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinria pela oportunidade, colaborao e
conhecimentos adquiridos.
A todos os bichos tanto silvestres como domsticos, que desde criana me
deram muitos momentos de imensa alegria. Que com a sua surpreendente variedade de
mltiplas formas, cores e comportamentos me fazem sempre refletir e ter presente o
vii
pensamento incontestvel de uma mo divina como fonte criadora de to incomparvel
beleza.
viii
NDICE
1. INTRODUO............................................................................................................ 1
OBJETIVO ...................................................................................................................... 5
OBJETIVOS ESPECFICOS......................................................................................... 5
HIPTESE ...................................................................................................................... 5
2. REVISO DE LITERATURA .................................................................................... 6
2.1 - Descrio Geral do Avestruz ......................................................................................... 6
2.2 - Distribuio Geogrfica ................................................................................................. 7
2.3 - Comportamento em Vida Livre .................................................................................... 82.3.1 - Hbitos Alimentares ................................................................................................................82.3.2 - Comportamento Reprodutivo ..................................................................................................9
2.4 - Comportamento e Manejo em Cativeiro .................................................................... 102.4.1 - Sistemas de acasalamento em cativeiro .................................................................................102.4.2 - Alimentao das aves nas fazendas produtoras .....................................................................112.4.3 - Alteraes de comportamento em cativeiro...........................................................................112.4.4 - Reaes comportamentais .....................................................................................................13
Bicagem..............................................................................................................................13 Comportamento deslocado ou compensatrio ....................................................................15 Dana..................................................................................................................................15 Olhar as estrelas..................................................................................................................15 Pnico .................................................................................................................................15 Susto ...................................................................................................................................15 Falta de reconhecimento do parceiro ..................................................................................16 Agresso .............................................................................................................................16
3. MATERIAL E MTODOS ....................................................................................... 17
3.1 - rea e Perodo de Estudo............................................................................................. 17
3.2 - Recintos ......................................................................................................................... 17
3.3 - Manejo e Alimentao das Aves.................................................................................. 18
3.4 - Animais e Metodologia de Experimentao............................................................... 19
Categorias Comportamentais .............................................................................................. 21FISIOLGICAS ...............................................................................................................................21ATIVAS............................................................................................................................................22SOCIAIS...........................................................................................................................................22ESTEREOTIPIAS ............................................................................................................................24
3.5 - Anlise Estatstica......................................................................................................... 25
4. RESULTADOS E DISCUSSO ............................................................................... 26
5. CONCLUSES.......................................................................................................... 42
6. RECOMENDAES ................................................................................................ 43
7. ANEXOS .................................................................................................................... 44
8. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ..................................................................... 55
ix
NDICE DE FIGURAS
Figura 1 - Avestruzes adultos apresentam dimorfismo sexual: o macho notoriamente maior e sua colorao preta com as pontas das asas e da cauda brancas em quanto da fmea marrom acinzentada. ......................................................................................... 10
Figura 2 - Estrutura dos recintos: (a) Tela de arame de 1,20 m de altura, colocada a um metro do cho para criar mais uma barreira a fim de evitar a passagem de avestruzes de um piquete para outro; (b) Os piquetes apresentam uma forma triangular chamado de fatias de pizza.............................................................................................................. 18
Figura 3 - Os piquetes no apresentavam locais construdos que servissem como abrigo para as aves contra chuva ou contra sol.......................................................................... 18
Figura 4 - Manuteno dos animais: (a) Comedouro adaptado de pneu; (b) Alimento fornecido para os animais, no tendo cobertura que protegesse o alimento do sol ou da chuva; (c) Bebedouro sem proteo do sol; (d) Vrios animais bebendo gua em um dia quente. ............................................................................................................................ 19
Figura 5 - Grfico de anlise descritiva univariada de avestruzes agrupados em Casais e Trios medindo a probabilidade de apresentao dos comportamentos (agrupados nas quatro categorias comportamentais): Comportamento Fisiolgico (Categoria 1), Comportamento Ativo (Categoria 2), Comportamento Social (Categoria 3) e Comportamento Patolgico (Categoria 4)...................................................................... 27
Figura 6 - Grfico de anlise descritiva univariada dos avestruzes agrupados em Casais e Trios, medindo a probabilidade de apresentao dos comportamentos Fisiolgicos (pastar e comer rao) observados em maior freqncia. .............................................. 28
Figura 7 - Grfico de anlise descritiva univariada dos avestruzes agrupados em Casais e Trios, medindo a probabilidade de apresentao dos comportamentos Ativos (Deslocamento e Arrumar as penas) observados em maior freqncia.......................... 29
Figura 8 - Grfico de anlise descritiva univariada dos avestruzes agrupados em Casais e Trios, medindo a probabilidade de apresentao dos comportamentos sociais (agresso, caminhar ao lado de outro macho, interagir com indivduos de outro recinto e fugir de outro indivduo) observados em maior freqncia. .......................................... 30
Figura 9 - Grfico de anlise descritiva univariada dos avestruzes agrupados em Casais e Trios, medindo a probabilidade de apresentao dos comportamentos patolgicos observados (bicar objetos; bicar a cerca; bicar o ar; bicar as penas; procurar andando; procurar parado e caminhar do lado da cerca)................................................................ 32
Figura 10 - Grfico de anlise descritiva univariada dos avestruzes agrupados por gnero (Machos e Fmeas) medindo a probabilidade de apresentao dos comportamentos (agrupados nas quatro categorias): Fisiolgicos (Categoria 1), Ativos (Categoria 2), Sociais (Categoria 3) e Patolgicos (Categoria 4)................................... 34
x
Figura 11 - Grfico de anlise descritiva univariada dos avestruzes agrupados por gnero (Machos e Fmeas) medindo a probabilidade de apresentao dos comportamentos Ativos (deslocamento e arrumar as penas) observados em maior freqncia. ...................................................................................................................... 34
Figura 12 - Grfico de anlise descritiva univariada dos avestruzes agrupados por gnero (Machos e Fmeas) medindo a probabilidade de apresentao dos comportamentos Sociais (agresso, caminhar ao lado de outro macho, interagir com indivduos de outro recinto e fugir de outro indivduo) observados em maior freqncia......................................................................................................................................... 35
Figura 13 - Grfico de anlise descritiva univariada dos avestruzes agrupados por gnero (Machos e Fmeas) medindo a probabilidade de apresentao dos comportamentos Patolgicos (bicar objetos; bicar a cerca; bicar o ar; bicar as penas; procurar andando; procurar parado e caminhar do lado da cerca) observados em maior freqncia. ...................................................................................................................... 37
Figura 14 - Grfico de anlise descritiva univariada medindo a probabilidade de apresentao dos Comportamentos Fisiolgicos (pastar e comer rao) com respeito ao perodo do dia (manh e tarde). ...................................................................................... 38
Figura 15 - Grfico de anlise descritiva univariada medindo a probabilidade de apresentao dos Comportamentos Ativos (deslocamento e arrumar as penas) observados em maior freqncia com respeito ao Perodo do dia (manh e tarde). ...... 38
Figura 16 - Grfico de anlise descritiva univariada medindo a probabilidade de apresentao dos Comportamentos Sociais (agresso, caminhar ao lado de outro macho, interagir com indivduos de outro recinto e fugir de outro indivduo) observados em maior freqncia, com respeito ao Perodo do Dia (manh e tarde). ............................. 39
Figura 17 - Grfico de anlise descritiva univariada medindo a probabilidade de apresentao dos Comportamentos Patolgicos (bicar objetos; bicar a cerca; bicar o ar; bicar as penas; procurar andando; procurar parado e caminhar do lado da cerca), com respeito ao Perodo do dia (manh e tarde). ................................................................... 40
xi
RESUMO GERAL
Com o objetivo de avaliar o comportamento de avestruzes durante a fase de intervalo
reprodutivo, 15 aves, sendo trs casais (1M 1F) e trs trios (1M 2F), mantidos em seis
piquetes triangulares ao ar livre, foram avaliadas no perodo de janeiro a maro de 2007
em uma fazenda do centro-oeste do Brasil. O mtodo de observao utilizado foi o de
amostra focal instantnea onde foram registrados, durante 48 perodos de 10 minutos
por piquete, todos os parmetros comportamentais manifestados por cada indivduo.
Esses parmetros foram registrados das 8h00 s 17h00, durante 4 horas no perodo da
manh e 4 horas no perodo da tarde. Para melhor avaliao do comportamento, as aves
foram identificadas previamente mediante caractersticas fenotpicas de cada indivduo.
A temperatura mdia no local para o perodo de experimentao foi de 30C. Durante o
perodo de avaliao, foram registrados, em vdeo e fotografia, os comportamentos das
aves. Para verificar se houve diferenas significativas na expresso dos comportamentos
observados, com maior freqncia associadas a variveis como agrupamento (casais ou
trios), sexo (macho ou fmea) e perodo do dia (manh ou tarde), utilizou-se o teste Qui-
quadrado/Exato de Fisher, com um nvel de significncia (P
xii
ABSTRACT
Aiming to evaluate the behaviour of ostriches during the reproductive interval, fifteen
birds divided in three couples (1M 1F) and three trios (1M 2F) were kept in six
triangular paddocks and were assessed from January to March, 2007 in a central-
western Brazilian farm. A manifested behavioural parameters were noted for each
individual were registered, during 48 periods of 10 minutes per paddock. These
parameters were recorded from 08:00 to 17:00, four hours in the morning and four
hours in the afternoon. The birds were identified previously by individual phenotypic
characteristics. The local average temperature for the experimental period was 30 C.
During the assessment period, the birds behaviour was recorded on videotape and
photographed. The Chi-square and Fisher exact tests were used to check possible
significant differences in the expression of more frequently observed behaviours
associated with possible variables such as group (in couples or trios), gender (male or
female) and period of day (morning and afternoon) using, with a 1% level of
significance (P
1
1. INTRODUO
Os animais de produo tm necessidades comportamentais especficas de
sua espcie e so capazes de alterar seu comportamento para se adaptarem ao ambiente
em que vivem (BECKER, 2006). Devido ao fato do avestruz apresentar destacada
rusticidade, altos potenciais reprodutivos e grande procura a nvel mundial de seus
produtos e subprodutos, a estrutiocultura no Brasil vem crescendo consideravelmente
nos ltimos anos.
Por ser uma atividade nova no pas, pouca a experincia, o conhecimento
tcnico-cientfico e acadmico sobre a estrutiocultura. Este fato pode ser evidenciado
pelo baixo nmero de mdicos veterinrios trabalhando na rea e pela no aceitao, por
parte da Comunidade Europia, dos produtos brasileiros oriundos de avestruzes. Isso
devido ao no cumprimento das normas exigidas que estabeleam regras de vigilncia
sanitria aplicveis produo, transformao, distribuio e introduo de produtos de
origem animal destinados ao consumo humano e medidas de controle a serem aplicadas
a certas substncias e aos seus resduos nos respectivos animais vivos (JORNAL
OFICIAL DA UNIO EUROPIA, 2006).
Outra caracterstica do mercado interno europeu a evidente preferncia e
clara tendncia pelos produtos provenientes de animais que so manejados respeitando-
se os princpios de bem-estar animal (BEA). As condies de bem-estar animal
presentes em toda a cadeia produtiva, sob as quais os animais de produo so
manejados, so muito bem aceitas por parte do consumidor final, mesmo tendo um
valor de mercado maior sob o produto (MOLENTO, 2005).
provvel, que pases que exigem para seus prprios produtores maiores
padres de bem-estar animal, tambm exijam o mesmo para os produtores de outros
pases que queiram entrar no seu mercado. Pesquisadores brasileiros reconhecem a
contradio em assumir mtodos que aumentam o grau de bem-estar implicando em
perdas econmicas, porm ao se elevar a qualidade de vida dos animais, aumenta-se
satisfao por parte do pblico consumidor com produtos de origem animal e o valor
econmico desses produtos tambm pode aumentar (BELLAVER, 1999).
2
Os avestruzes selvagens possuem todas as aptides para enfrentarem seu
ambiente natural, contudo, essas capacidades no so necessariamente suficientes para
capacit-los a tambm sobreviver ou se adaptar em condies de cativeiro, o que pode
desencadear as chamadas doenas vinculadas ao homem, ou seja, aquelas causadas por
manejos inadequados nas aves (grande parte das doenas que causam mortalidade em
avestruzes so de natureza no infecciosa), o que se v refletido entre outras, pelo
comportamento alterado freqentemente observado nas fazendas produtoras
(HUCHZERMEYER, 2000).
Segundo BUBIER et al. (1998), alguns fatores, tais como idade, maturidade
das aves, preferncia individual na escolha de novos parceiros, condies climticas,
ausncia de elementos causadores de distrbio, mudanas de recinto, mudanas de
alimentao, agrupamentos novos, grau da interao diria com seres humanos e o grau
de isolamento do piquete com relao proximidade aos seres humanos e aos outros
avestruzes, implicam diretamente no comportamento e conseqentemente no sucesso
reprodutivo dos avestruzes.
Como um animal gregrio, a incompatibilidade entre parceiros, o primeiro
fator que pode ser utilizado como exemplo para mostrar a importncia de se conhecer as
necessidades e exigncias comportamentais dos avestruzes. Devem-se conhecer e
entender aspectos comportamentais e necessidades naturais como tamanho de territrio,
interaes sociais, demandas de alimento, comportamento reprodutivo, comunicao
etc., para ser adaptado aos sistemas de produo do avestruz e tambm compreender as
suas reaes a determinados tipos de estresse. Ao se desenvolver e implantar tcnicas,
mtodos de criao e de manejo que permitam as aves seguirem o mximo possvel do
seu padro de comportamento natural, pode-se diminuir ou erradicar o estresse e as
possveis alteraes comportamentais manifestadas pela condio do cativeiro. Isto
poderia causar, direta ou indiretamente, um importante impacto sobre a sobrevivncia e
produtividade alm de ajudar a determinar o grau de bem-estar animal da ave
(DEEMING et al., 1993; SNOWDON, 1999; HUCHZERMEYER, 2000).
3
Entende-se o bem-estar animal (BEA) de um indivduo como o seu estado
em relao s suas tentativas de adaptar-se ao ambiente onde se encontra. Esta definio
refere-se quo bem o indivduo est passando por uma determinada fase de sua vida,
variando em uma escala de muito bom a muito ruim. O bem-estar deve ser definido de
forma que permita relao com outros conceitos, tais como: necessidades, liberdade,
adaptao, felicidade, capacidade de previso, sofrimento, dor, ansiedade, medo, tdio,
estresse e sade (BROOM, 1986; BROOM & MOLENTO, 2004).
Segundo BARNETT & HEMSWORTH (1990), para avaliar o BEA, existem
diversas abordagens. Algumas enfatizam as qualidades fsicas (crescimento e sade),
mentais (prazer ou sofrimento) e a naturalidade (que reflete a proximidade ou a
distncia do ambiente natural), porm todos os critrios esto baseados em demonstrar
alguma evidncia de mudana.
Algumas medidas tm relao aos problemas de curto-prazo, tais como
aquelas associadas a manejo ou a um perodo breve de condies fsicas adversas, em
quanto outras so correlacionadas a problemas de longo-prazo (BROOM, 1986).
Na prtica da etologia, o bem-estar avaliado por meio de indicadores
fisiolgicos e comportamentais. As medidas fisiolgicas associadas ao estresse tm sido
usadas com base na seguinte relao: se o estresse aumenta, o bem-estar diminui. J os
indicadores comportamentais so baseados especialmente na ocorrncia de
comportamentos anormais e de comportamentos que se afastam do comportamento no
ambiente natural (BECKER, 2006).
Medies de comportamento tm grande valor na avaliao do bem-estar.
Comportamentos anormais, tais como estereotipias, auto-mutilao, bicar de penas ou
comportamento excessivamente agressivo, indicam que o indivduo em questo
encontra-se em condies de baixo grau de bem-estar (BROOM & MOLENTO, 2004).
DEEMING (1997) afirma que o conhecimento do comportamento do
avestruz na poca reprodutiva tem sido muito bem documentado, amplamente estudado
e descrito por diversos autores tanto em aves de vida livre como em aves criadas em
fazendas produtoras. No entanto, estudos a respeito do manejo e do comportamento de
4
avestruzes criados em cativeiro na poca em que no esto se reproduzindo so escassos
na literatura, e no caso para o Brasil, no se tm encontrado publicaes que apresentem
como o comportamento destas aves no seu intervalo reprodutivo.
Esta pesquisa foi feita no perodo de intervalo reprodutivo, registraram-se os
comportamentos dos avestruzes criados em sistemas de casais e de trios e
posteriormente se analisaram e compararam os dados obtidos. Atravs destes dados,
foram feitas propostas para melhorar as condies de bem-estar dos avestruzes no
manejo produtivo.
5
OBJETIVO
Avaliar o comportamento de avestruzes machos e fmeas, criados em trios e
casais, durante a fase de intervalo reprodutivo.
OBJETIVOS ESPECFICOS
Registrar o comportamento dos avestruzes nos sistemas de criao de casais e
trios no perodo no reprodutivo.
Identificar as diferentes manifestaes comportamentais dos avestruzes no
intervalo reprodutivo e o efeito do sistema de manejo.
HIPTESE
O manejo implementado durante o perodo de intervalo reprodutivo incide sobre
o comportamento dos avestruzes.
6
2. REVISO DE LITERATURA
2.1 - Descrio Geral do Avestruz
Animal rstico e resistente a doenas, o avestruz pode ter uma vida longa em
cativeiro que pode chegar at aos 70 anos. O avestruz com um peso mdio de 150 kg e
uma altura que alcana os 2,75 m a maior ave viva na atualidade. O fato de no
possuir a crista do osso do esterno em forma de quilha ou carena como a maioria das
aves tem, faz com que o nome ratitas do latim rata (quilha em forma de balsa ou
jangada embarcao plana) seja comumente dado para as aves pertencentes ordem
das Struthioniformes (avestruz, ema, emu, casuar e kiwi). Esse tipo de conformao
impossibilita sua capacidade de voar. Alm de no possuir grandes msculos peitorais
compatveis ao tamanho corporal, soma-se ao fato de ter asas rudimentares que no
possuem amplitude para vo (DEEMING et al., 1996; FOWLER, 1991;
MACDONALD et al., 1991).
O esterno com 4 cm de espessura, uma grande placa ssea que aloja o
corao, fgado e pulmes, que protege a ave como com um escudo das patadas de
outros avestruzes alm de permitir a ave deitar na areia quente do deserto (FOWLER,
1991; MACDONALD et al., 1991).
Suas plumas no apresentam a caracterstica tpica das aves voadoras de
possuir uma estrutura interligada. Em compensao, possui a musculatura dos membros
posteriores, extremamente desenvolvida, o que a torna uma ave de natureza corredora
podendo alcanar velocidades de at 70 km/h. Em momentos de fuga utiliza a estratgia
de fazer mudanas bruscas de direo em plena corrida, equilibrando o peso do corpo e
abrindo e balanando as asas (DEEMING et al., 1996; FOWLER, 1991;
MACDONALD et al., 1991).
As aves da ordem Struthioniformes tm diferenas anatmicas bem
marcadas das outras aves como clavculas pouco desenvolvidas ou ausentes, as fezes
so excretadas separadas da urina, cloaca marcada por uma mancha escura visvel
facilmente de longe, falta da glndula uropigiana, carecem de uretra e falta do sentido
7
do gosto pelo que muitas vezes ingerem objetos estranhos (HUCHZERMEYER, 2000;
MACDONALD et al., 1991; SICK, 1986; OLIVEIRA, 1964).
2.2 - Distribuio Geogrfica
Devido capacidade da plumagem de aprisionar o ar e formar uma cmara
pneumtica isolante, o avestruz pode suportar variaes de temperatura e adaptar-se a
quase qualquer tipo de clima, inclusive a neve. Porm, climas constantemente midos,
frios e nublados alteram sua capacidade reprodutiva. Na natureza, avestruzes podem ser
encontrados desde a frica do Sul, passando pela frica Oriental, a regio do Saara, do
Oriente Mdio, nas regies ridas e semi-desrticas at as grandes savanas, onde a partir
dos seis meses de idade, suportam bem as flutuaes de temperatura que oscilam acima
de 40C durante o dia e abaixo de 0C durante a noite (ALMEIDA, 2006;
HUCHZERMEYER, 2000; MACDONALD et al., 1991).
A sua caa indiscriminada desde o incio do sculo XIX levou a diminuio
drstica das populaes nas diferentes regies do continente. A domesticao e criao
de maneira tcnica tm contribudo para salvar esta ave do perigo de ser extinta. Existe
uma nica espcie de avestruz (Struthio camelus) e quatro subespcies com base na sua
distribuio geogrfica (KREIBICH & SOMMER, 1995; MACDONALD et al., 1991):
- Struthio camelus camelus = avestruz norte Africano
- Struthio camelus australis = avestruz sul Africano
- Struthio camelus massaicus = avestruz Massai
- Struthio camelus molybdophanes = avestruz Somali
Uma quinta subespcie era o avestruz da pennsula rabe (Struthio camelus
syriacus), extinto desde 1966, data de registro do ltimo indivduo (ALMEIDA, 2006).
Comercialmente, as subespcies tm sido agrupadas segundo algumas
caractersticas fsicas e ganharam nomes populares para facilitar sua identificao:
8
Red-neck: pescoo vermelho = Struthio camelus camelus e Struthio
camelus massaicus;
Blue-neck: pescoo azul = Struthio camelus australis e Struthio camelus
molybdophanes.
O Black-neck ou African Black (Struthio camelus domesticus) o avestruz
domstico. um animal hbrido produto do cruzamento de trs subespcies (S. c.
australis, S. c. camelus e S. c. syriacus). Embora seja o de menor porte a raa mais
utilizada para explorao comercial por alcanar a maturidade sexual aproximadamente
um ano antes que as outras raas. Possui maior postura de ovos, produz grande
quantidade de plumas de boa qualidade, tendo uma tima adaptao a qualquer clima
alm de apresentar um comportamento mais dcil e tranqilo facilitando seu manejo
(HUCHZERMEYER, 2000; KORNFELD, 2001; ALMEIDA, 2006).
2.3 - Comportamento em Vida Livre
2.3.1 - Hbitos Alimentares
O avestruz considerado uma ave onvora. Sua alimentao em vida livre
baseada em pastagem, arbustos e rvores, frutos, sementes, flores, talos e razes de
plantas pequenas, e, preferencialmente, brotos tenros e folhas novas de gramneas com
abundncia em protena bruta e ricas em umidade. Devido ao hbito de arrancar e
engolir tufos inteiros de plantas ocorre ingesto de grande parte de areia.
Normalmente, consomem pequenas quantidades de pedras (Litofagia), conchas e
madeiras que servem para moer os vegetais e como elementos minerais que ajudam na
decomposio da celulose. Na sua dieta habitual a presena de insetos, lagartixas e
pequenos mamferos (ALMEIDA, 2006; HUCHZERMEYER, 2000; MILTON, 1995;
MACDONALD et al., 1991; ROBINSON & SEELY, 1975).
Segundo PIMENTEL & DUTRA JR. (2005), em qualquer idade do avestruz
normal a ingesto de fezes (Coprofagia). Esse processo ajuda a formar a flora
bacteriana da ave, que coloniza o trato digestivo por bactrias que auxiliam na digesto
e reduzem a probabilidade de bactrias patognicas se estabelecerem.
9
2.3.2 - Comportamento Reprodutivo
O comportamento dos avestruzes muda na poca de acasalamento e cria,
quando predominam a agressividade e as lutas. Machos e fmeas dominantes se
impem mediante freqentes e violentos chutes e bicadas. Para intimidar e tentar a
dominncia estica o pescoo e mostram-se erguidos, levantando as penas da asa e da
cauda. Os avestruzes de ambos os sexos mostram submisso assinalando a cabeas, as
asas e a caudas para a terra (MACDONALD et al., 1991; DEEMING, 1997).
Os machos e as fmeas de avestruz so polgamos, significando que eles
podem reproduzir com mais de um par ao mesmo tempo. Os machos reprodutores
dominam maiores reas de territrio, formam um harm com trs a cinco fmeas
ocupando territrios de 2 a 15 km2. As fmeas dominantes escolhem os machos, o
momento de acasalar e uma vez estabelecido o parceiro, iniciam a postura. As fmeas
subordinadas podem visitar o territrio da fmea dominante e acasalar com o macho,
podendo estas fmeas colocar ovos perto do ninho. Estes ovos normalmente ficam na
parte perifrica do ninho enquanto que os ovos incubados pela fmea dominante ficam
no centro, garantindo calor constante e a sobrevivncia possveis predadores.
O avestruz produz ovos a partir dos 20 meses de idade at os 35 anos.
Durante um perodo de seis meses ao ano coloca um ovo a cada dois dias, alcanando
de 40 a 100 ovos por temporada. A postura comea no inicio da primavera (ovoposio
sazonal). Porm, na maior parte do Brasil com lnea tropical, onde no h tanta
diferena quanto s horas luz nas diferentes pocas do ano, a postura baseia-se
principalmente na oferta alimentar. Cada ovo, incubado entre 39 a 42 dias, pode pesar
entre 1.200 a 1.800 g (equivalente a 20 ovos de galinha). O ovo do avestruz o maior
dos ovos das aves, mas o menor em relao ao tamanho do adulto. Na natureza a
incubao dos ovos feita em sistema de revezamento, na qual o macho incuba durante
a noite e a fmea durante o dia (ALMEIDA, 2006; KORNFELD, 2001; DEEMING,
1997; MACDONALD et al., 1991).
Aps um ano e meio de idade (na raa African Black, que a mais precoce)
tornam-se adultos (ALMEIDA, 2006; KORNFELD, 2001; MACDONALD et al.,
10
1991). Quando os animais esto adultos apresenta-se um dimorfismo sexual marcado
(Fig. 1).
Figura 1 - Avestruzes adultos apresentam dimorfismo sexual: o macho notoriamente maior e sua colorao preta com as pontas das asas e da cauda brancas em quanto da fmea marrom acinzentada.
2.4 - Comportamento e Manejo em Cativeiro
2.4.1 - Sistemas de acasalamento em cativeiro
A estao de reproduo anunciada por uma conduta de corte especfica
que composta por danas, exibies e vocalizaes, muitas vezes manifestadas em
sincronia. Nas manifestaes de comportamento de interesse sexual, se costuma passar
muito tempo alimentando-se juntos e caminhando ao redor do piquete, muitas vezes
para procurar o local mais adequado para construir seu ninho (MACDONALD et al.,
1991; DEEMING, 1997; HUCHZERMEYER, 2000; KORNFELD, 2001).
A maioria dos produtores, para no correr o risco de no final da temporada
de postura apresentar incompatibilidades entre animais e a conseqente baixa
produtividade, optam por deixar que a conformao dos trios (um macho e duas fmeas)
e a conformao dos casais, sejam feitos de forma natural nos piquetes coletivos. Em
geral permanecem nos piquetes, grupos de at 30 indivduos, separando os trios (em que
o macho encontra-se junto com as fmeas pelas quais mostra preferncia) e os casais
conformados de maneira natural. Posteriormente os grupos estabelecidos so separados
e colocados em piquetes individuais (MACDONALD et al., 1991; HUCHZERMEYER,
2000; ALMEIDA, 2006).
11
Um segundo manejo realizado por alguns produtores, que possuem um
grande nmero de reprodutores e matrizes, a formao de colnias permanentes num
nico piquete. Este sistema apresenta como vantagens, menores investimentos na
construo de cercas e requer menos horas de trabalho. Como desvantagens tm a
ocorrncia de lutas entre os animais com o conseqente estresse, a baixa na produo e
a dificuldade no controle da origem e fertilidade do ovo (HUCHZERMEYER, 2000;
ALMEIDA, 2003; ALMEIDA, 2006).
2.4.2 - Alimentao das aves nas fazendas produtoras
Existem dois perodos de manejo na produo de avestruzes. Um perodo
na fase de reproduo, nos meses em que acontece a corte, o acasalamento, a postura,
incubao e finalmente na poca da ecloso dos ovos.
O segundo perodo compreende os meses fora da estao reprodutiva. Nesta
fase os machos so mantidos em piquetes individuais e as fmeas so alojadas em um
nico piquete. O manejo nutricional adotado neste perodo de manuteno, e
ajustado para minimizar custos com a rao, evitando-se o excesso de alimento e o
posterior acmulo de gordura no corpo das aves, o que interfere diretamente na
reproduo. Geralmente utiliza-se a mesma rao de crescimento administrada na poca
de cria, porm s se fornece entre 1 a 1,5 kg de rao/ave/dia (em quanto no perodo
reprodutivo quantidade varia entre 2 a 3 kg de rao/ave/dia).
Entre as principais gramneas utilizadas na alimentao de avestruzes no
Brasil esto a braquiaria, o andropogon, o coast-cross e o capim elefante. Entre as
leguminosas se destacam: o feijo guandu, a mucuna e principalmente e mais utilizada,
a alfafa. A gua deve ser ad libitum (GIANNONI, 1996; GALLOSO, 2006;
DABROWSKI, 2001; KORNFELD, 2002; ALMEIDA, 2006).
2.4.3 - Alteraes de comportamento em cativeiro
Estresse pode definir-se como a incapacidade de um animal para enfrentar o
meio ambiente onde se encontra, tendo respostas fisiolgicas ou psicolgicas
(DOBSON & SMITH, 2000; DOBSON et al., 2001; SLIPAK, 2003). Entretanto, o
12
estresse, pode ser definido como um parmetro normal, transitrio e desejvel, j que
representa uma reao de adaptao do organismo frente a uma nova situao (SLIPAK,
2003; FRAJBLAT, 2008).
Considera-se estresse bom ou benfico, quando o estresse agudo (por
curtos perodos de tempo) e quando estimula uma reao para adaptar-se diante de
determinada situao. Este estresse pode ser considerado necessrio para a evoluo e
aprendizado. Ele permite que um determinado indivduo reaja mais competitivamente
perante uma emergncia, como por exemplo, o estresse resultante de fatores fsicos na
vida silvestre como tormentas fortes, inundaes, sombras procuradas por excesso de
calor ou a presena de predadores (MC FARLAND, 1987; FRASER e BROOM, 1990;
BROOM, 1993).
O estresse considerado mal quando se apresenta em excesso e de maneira
prolongada o que seria tambm considerado como um estresse crnico, o que provoca
um deterioramento na condio do animal. Este estresse usualmente vinculado a
profundas alteraes fisiolgicas e/ou comportamentais associados a um processo de
doena ou alterao ambiental (MC FARLAND, 1987; FRAJBLAT, 2008).
O estresse altera o equilbrio no funcionamento do organismo predispondo
doenas. Quando o estresse se mantm presente na vida de animais em cativeiro pode
gerar efeitos negativos na fisiologia, que incidem em diferentes funes do organismo
como digestiva, imunolgica e reprodutiva. Aves em condies de estresse apresentam
penas opacas, plidas, sem brilho, quebradias, com aparncia desorganizada, com
linhas de estresse e problemas no seu crescimento. Tais sinais, alm de indicar
claramente estresse, podem interferir diretamente na no aceitao por parte de
parceiros (COOPER, 1978; REDIG, 1991; SCOTT, 1990; TRESPALACIOS, 1992;
DOBSON et al., 2001; FRAJBLAT, 2008).
Segundo HUCHZERMEYER (2000), o estresse um importante fator nos
ndices de doenas e mortalidade de avestruzes. O estresse afeta o comportamento,
deprime o metabolismo e suprime a atividade do sistema imune. O estresse surge
principalmente nos avestruzes como conseqncia de uma m adaptao s condies
13
de cativeiro. As alteraes do comportamento so freqentemente observadas nos
avestruzes criados em fazendas e so resultados das prticas inadequadas de manejo.
Diversas situaes de estresse, originados por falta de cuidados bsicos no
manejo podem afetar seriamente a sade e o comportamento dos avestruzes. Segundo
HUCHZERMEYER (2000), as principais situaes de estresse so:
a) Estresse por calor: calor excessivo, a falta de abrigos e lugares com
sombra permanente.
b) Estresse por gua quente: a ingesto da gua quente dos bebedores por
falta de sombra adequada.
c) Estresse social: adio de indivduos novos em um grupo, a mistura
forada de grupos, e as mudanas bruscas na composio social de um determinado
grupo.
d) Estresse por confinamento: aves que se sentem confinadas desenvolvem
movimentos de cabea e pescoo semelhantes aos observados na doena de Newcastle.
2.4.4 - Reaes comportamentais
Para HUCHZERMEYER (2000), existem diferentes manifestaes de
comportamento como resposta ao estresse, ele indica algumas das reaes que so
observadas mais frequentemente nas fazendas produtoras de avestruz:
Bicagem
PAXTON (1997), citado por HUCHZERMEYER (2000), sugere que atravs
da bicagem do alimento, os pais ensinam os filhotes o que comer, porm, eles no
ensinam o que no comer. Os avestruzes em todas as situaes, incluindo filhotes, aves
juvenis e adultas, aparentemente aprendem ao observar outros indivduos.
Conseqentemente, a observao contnua pode levar a costumes incomuns e
indesejveis de bicagem podendo disseminar-se por todo o grupo e estabelecer-se como
um desvio do comportamento normal. Alteraes comportamentais como a bicagem das
penas ou a ingesto de corpos estranhos tm relao direta com o estresse.
14
SAUER (1992), citado por HUCHZERMEYER (2000), relata que o
comportamento estereotipado (movimento repetitivo sem nenhuma finalidade aparente)
mais comumente observado em avestruzes estressados a bicagem. Aes semelhantes
como o beliscamento e a ingesto de objetos, poderiam ser derivaes das atitudes
sincronizadas, que fazem parte do comportamento normal, pr-copulatrio e de corte,
realizado pelos avestruzes. Quando a alterao comportamental inicialmente
observada, deve-se tentar rapidamente estabelecer a causa e elimin-la para evitar que
se propague no plantel.
A bicagem de penas considerada uma alterao comportamental adquirida
como conseqncia da m adaptao ao cativeiro. A rea do corpo mais afetada a
prxima cauda. Tambm pode estar direcionada para as penas do dorso de outro
avestruz (HUCHZERMEYER, 2000).
Segundo HUCHZERMEYER (2000), outras modalidades de bicagem como
conseqncias de estresse so:
- Bicagem de face e dedos: o comportamento de bicagem pode ter uma
variao como bicar a face e os dedos de outros indivduos, causando leses graves nas
plpebras e nos olhos.
- Bicagem de objetos e alterao do apetite: condies de estresse podem
levar a uma ingesto compensatria onde, alimentos normalmente no ingeridos,
passam a ser procurados freqentemente, como gravetos. Tambm a bicagem de objetos
que fazem parte do recinto, como cochos, postes, cercas e arames, so comumente
bicados por animais com algum tipo de estresse.
- Bicagem do ar ou da gua: alterao do comportamento, tambm
conhecida como estalidos. A ave tem movimentos repetitivos onde aparentemente bica
o ar ou tambm a gua, podendo estar acompanhado de bruscos movimentos laterais do
pescoo.
15
Da mesma maneira HUCHZERMEYER (2000), afirma que comum a
manifestao de outros comportamentos como resposta ao estresse, tais como:
Comportamento deslocado ou compensatrio
Os avestruzes podem adquirir um padro de comportamento estereotipado
para compensar o que eles no so capazes de fazer nessa situao especfica, causadora
de estresse.
Dana
Mudanas sbitas no ambiente provocam em aves nervosas ou
amedrontadas, a realizao de movimentos danantes, giros em crculos e bater de
asas. A qualquer momento essa dana pode mudar para a bicagem ou ingesto de
objetos.
Olhar as estrelas
Este comportamento lembra os sintomas neurolgicos da doena de
Newcastle, onde as aves repetidamente movimentam as suas cabeas para cima e para
trs, de forma que acabam tocando o prprio dorso.
Pnico
O comportamento manifestado normalmente em situaes de pnico o de
correr o mais rpido e o mais longe possvel, o que representa extremo perigo para as
aves em cativeiro, uma vez que elas no conseguem reconhecer, pelo seu estado de
pnico, obstculos como arames, cercas e postes. Diversos agentes podem ser os
causadores de pnico, entre eles: ces, veculos terrestres, areos ou sons sbitos e
fortes.
Susto
Acontecimentos repentinos tambm podem gerar comportamentos
estereotipados de bicagem de diversos objetos do recinto, assim como movimentos
circulares rpidos da ave sobre seu prprio eixo, levantando as patas como se o piso
estivera quente.
16
Falta de reconhecimento do parceiro
Avestruzes so incapazes de reconhecer outros avestruzes como parceiros
sexuais se tiverem alto grau de estampagem humana (imprinting). Aves com esse
problema comportamental so facilmente identificveis j que sempre se aproximam
das cercas quando h a presena humana (DEEMING 1997; HUCHZERMEYER,
2000).
Segundo DEEMING (1997), s vezes os machos ignoram suas prprias
parceiras, enquanto andam para l e para c, ao longo da cerca e se exibem para a(s)
fmea(s) do piquete vizinho. A ingesto de terra freqentemente observada nesses
casos como sinal de sua frustrao. O acasalamento controlado pela fmea e se ela no
corresponder s investidas do macho, a possibilidade de copula baixa. freqente que
em casos assim, ela mostre atrao pelo macho do piquete vizinho.
Agresso
Os avestruzes machos adultos podem manifestar agressividade em trs
situaes diferentes:
A primeira, quando brigam entre si pela possesso das fmeas, onde essas
lutas tm confronto direto e so caracterizadas pelos golpes mtuos com o peito e por
coices dados para frente (BUBIER, 1998; HUCHZERMEYER, 2000).
A segunda, quando a agresso simplesmente uma exibio de corte, o
macho faz uma competio onde realiza entre 30 a 35 oscilaes do pescoo, sem muito
balano e sem muitas atitudes ameaadoras. Se uma pessoa passar no momento desta
exibio, os movimentos podem ser prolongados e os balanos podem durar por mais de
30 segundos (BUBIER, 1998; HUCHZERMEYER, 2000).
E a terceira, quando a agresso propriamente dita precedida por exibio
ameaadora, onde o avestruz estica ao mximo seu corpo e pescoo, parecendo maior,
abrindo exageradamente a boca, balanando as asas, seguida de balanos do pescoo em
torno de 15 a 20 vezes. Se uma pessoa passar andando em frente da cerca onde este
avestruz se encontra, ele para de se exibir, ergue todo seu corpo e observa fixamente a
pessoa supostamente para intimid-la (BUBIER, 1998; HUCHZERMEYER, 2000).
17
3. MATERIAL E MTODOS
3.1 - rea e Perodo de Estudo
O estudo foi desenvolvido no perodo de janeiro a maro de 2007, na regio
centro-oeste do Brasil, estando a 826 m acima do nvel do mar. As condies de tempo
registradas durante a pesquisa incluram dias nublados, perodos de chuva, perodos de
ventos fortes, dias ensolarados e brilhantes. A umidade relativa do ar variou de 70 a
90% e a temperatura variou de 28 a 38C.
3.2 - Recintos
Os recintos ou piquetes, tanto para casais como para trios, so cercados por
postes de madeira, unidos com cinco fios de arame liso galvanizado, a uma distncia de
40 cm entre eles. Uma tela de arame com 1,20 m de altura colocada a um metro do
cho para criar mais uma barreira que evite a passagem de avestruzes de um piquete
para outro. Os piquetes (Fig. 2) apresentam uma forma triangular com 60 m de
comprimento e 30 m de largura na base. Este sistema de manejo chamado de fatias
de pizza, onde seu menor ngulo forma o centro da pizza onde colocado o alimento
para todos os piquetes, em um cocho por recinto. O solo do recinto estava plantado com
grama batatais (Paspalum notatum) e no permetro da fatia de pizza estava rodeado de
capim Brachiaria (Brachiaria decumbens).
Os piquetes no apresentavam locais especficos que servissem como abrigo
contra sol ou chuva. Duas rvores pequenas (uma de aproximadamente 6 m de atura e
outra de 4 m) encontravam-se s, em um dos recintos. Os demais no possuam nenhum
tipo de abrigo (Fig.3).
18
Figura 2 - Estrutura dos recintos: (a) Tela de arame de 1,20 m de altura, colocada a um metro do cho para criar mais uma barreira a fim de evitar a passagem de avestruzes de um piquete para outro; (b) Os piquetes apresentam uma forma triangular chamado de fatias de pizza.
Figura 3 - Os piquetes no apresentavam locais construdos que servissem como abrigo para as avescontra chuva ou contra sol.
3.3 - Manejo e Alimentao das Aves
Os animais foram alimentados, duas vezes/dia, pela manh e pela tarde, sem
horrios fixos estabelecidos. A rao industrial peletizada utilizada foi a de manuteno
especfica para avestruzes (Guabi - Campinas, SP). Os coxos, eram feitos com um
pneu de caminho cortado ao meio, colocou-se o concentrado misturado com alfafa,
milho, farelo de soja e farelo de trigo. A quantidade total fornecida era de 350 g/ave/dia.
A gua ad libitum, era fornecida em bombonas plsticas de 50 L cortadas ao
meio, colocadas na horizontal. No existia cobertura que protegera os alimentos e gua
contra sol ou chuva (Fig. 4).
A B
19
Figura 4 - Manuteno dos animais: (a) Comedouro adaptado de pneu; (b) Alimento fornecido para os animais, no tendo cobertura que protegesse o alimento do sol ou da chuva; (c) Bebedouro sem proteo do sol; (d) Vrios animais bebendo gua em um dia quente.
3.4 - Animais e Metodologia de Experimentao
Para o estudo foram selecionadas avestruzes adultas da raa Black-neck,
divididos em dois grupos. Um grupo foi formado por trs casais (1 macho e 1 fmea) e
outro por trs trios (1 macho e 2 fmeas).
Para melhor avaliao do comportamento, se realizaram pr-observaes dos
animais com binculos (TASCO EUA) de 10 x 80 mm com a finalidade de
estabelecer caractersticas morfolgicas para identificao plena de cada um dos
indivduos (Fig. 18, no Anexo).
A
C D
B
20
As observaes das aves foram realizadas a uma distncia de 70 m do
piquete mais distante, desde um mirante com 5 m de altura, que j tinha sido construdo
previamente pelo dono da fazenda para facilitar a observao dos diferentes piquetes. O
local da observao estava em uma superfcie naturalmente mais elevada que o resto da
fazenda o que facilitava a observao dos piquetes sem interferir ou influenciar no
comportamento das aves (Fig. 19, no anexo). O registro do comportamento foi iniciado
no primeiro dia pelo piquete nmero um, no segundo dia pelo piquete nmero dois e
assim sucessivamente.
O desenho experimental corresponde ao recomendado por FRASSER
(1990), ALVAREZ (2005) e GALLOSO (2006) onde, se considera que uma amostra
representativa de um grupo de animais permite avaliar a capacidade individual de
reao e adaptao da espcie para o sistema de manejo, alimentao e manuteno a
que esta sendo submetido.
O mtodo de observao utilizado foi baseado no mtodo de animal focal
com registro instantneo (MARTIN & BATESON, 1986), no qual a sesso de
observao dividida em intervalos de amostragem; no momento de amostragem
(sample point) o investigador registra o comportamento corrente do sujeito sob
observao.
A coleta de dados foi registrada em um etograma (Anexo A) desenhado pelo
autor, baseado em MCKEEGAN (1997). Realizaram-se observaes por oito horas
dirias das 8h00 s 12h00 e das 13h00 s 17h00. Para cada indivduo do grupo formado
por trios foram registradas as ocorrncias de comportamento durante 3 minutos a cada
hora e para cada indivduo do grupo formado por casais foram registradas as
ocorrncias de comportamento durante 5 minutos.
Como o trio possui trs indivduos, cada indivduo, foi observado por um
perodo de 3 minutos, totalizando 9 minutos por piquete. O outro minuto restante foi
assumido como tempo de intervalo entre as observaes dos indivduos. Os registros de
comportamento foram feitos a cada 3 segundos. Como cada minuto tem 60 segundos,
em cada minuto foram feitas 20 observaes comportamentais. Em um perodo de 3
minutos, se realizavam 60 registros comportamentais por ave, de cada trio.
21
Como o casal tem dois indivduos, as observaes eram feitas por 5 minutos
totalizando 10 minutos por piquete. Os registros de comportamento foram feitos a cada
3 segundos. Como cada minuto tem 60 segundos, em cada minuto foram registrados 20
comportamentos. Em um perodo de 5 minutos, foram realizados 100 registros
comportamentais por ave, de cada casal.
Foram observadas, identificadas e descritas 35 condutas comportamentais.
Para realizar a anlise, registros de comportamentos em freqncias muitos
baixas (geralmente menos de 2 %) foram agrupados em Categorias comportamentais
baseado em VITELA, (2005); ALBUQUERQUE, et al., (2006); SCHNEIDER et al.,
(2006) e VENTURIERI, et al., (2006). Agrupadas, as quatro categorias
comportamentais foram:
Fisiolgicas (n = 6); Ativas (n = 8); Sociais (n = 13) e Estereotipias (n = 8).
Categorias Comportamentais
FISIOLGICAS
Pastar - A ave alimenta-se por si mesma, com capim, brotos, folhas, sementes
ou insetos que encontra pelo recinto.
Comer Rao - A ave alimenta-se com o alimento fornecido.
Coprofagia - Comer fezes de si mesmo ou de outros avestruzes.
Beber - Beber gua do bebedouro ou de uma poa com gua.
Urinar - O avestruz, esttico ou em movimento, ejeta jatos de urina.
Defecar - Atividade realizada antes ou depois de urinar, quase simultaneamente
com deposio de material semelhante a esferas de fezes. Ato de defecar.
22
ATIVAS
Deslocamento - Mudar de um lugar para outro caminhando.
Alongar Membros - Estender as patas, as asas ou ambos.
Deitar - Estar em posio de decbito sem fazer nenhuma atividade, podendo
estar com a cabea erguida ou no cho.
Parado Observando - Comportamento caracterizado quando a ave interrompe
suas atividades, mantendo-se de p e imvel, no apresentando nenhum
movimento; ou quando, aparentemente no se enquadra em nenhum dos
comportamentos descritos.
Limpar Bico - Tirar a sujidade do bico, com a ajuda de elementos do prprio
recinto, como cercas ou tela de arame.
Coar - Esfregar ou roar uma parte do prprio corpo com o bico, patas ou com
elementos do recinto, como cerca o arame.
Correr - A ave desloca-se com velocidade em linha reta ou em zig-zag.
Arrumar as Penas - Pr em ordem e limpar as penas mediante o bico.
SOCIAIS
Danar - Seqncia de movimentos harmnicos como expresso de dominncia
ou territorialidade.
Balanar Asas - Oscilar as asas de um lado para outro, como expresso de
dominncia ou territorialidade.
Bico Aberto - Abrir a boca de forma extrema para intimidar outros indivduos.
23
Elevar-se - Ficar na ponta das patas, com a cabea erguida, em contexto
intimidatrio com outro avestruz.
Vocalizao - Articular determinados tipos de som com o bico ou aparato
larngeo- farngeo.
Agresso - Conduta hostil, acometimento ou ataque contra outros indivduos.
Perseguir - Assediar e seguir outro indivduo correndo.
Bater o Piso - Chutar o solo como expresso de corte, dominncia ou
territorialidade.
Chutar - A ave d pontaps (para frente, apoiando o corpo em uma pata e
chutando com a outra) em outros indivduos.
Caminhar ao Lado de Outro Macho - O avestruz (macho ou fmea) caminha
ao lado do macho do recinto vizinho.
Balanar a Cabea - O avestruz estando de joelhos ou em p move o pescoo, a
cabea e as asas lateralmente, repetidas vezes.
Interagir com Indivduos de Outro Recinto - A ave tem contato fsico a
menos de um metro de distncia com um indivduo de outro recinto, podendo
realizar qualquer tipo de atividade sem nenhum sinal de agressividade.
Fugir de Outro Indivduo - Retirar-se ou afastar-se apressadamente para
escapar de outro indivduo.
24
ESTEREOTIPIAS
Bicar Penas dos Outros - Comportamento motor repetitivo, aparentemente
impulsivo e no funcional, onde a ave bica o dorso e cauda de outro avestruz
podendo chegar a arrancar as penas.
Bicar Objetos - Comportamento motor repetitivo, aparentemente impulsivo e
no funcional, onde a ave bica os objetos que possa encontrar no recinto como o
comedouro ou o bebedouro.
Bicar a Cerca - Comportamento motor repetitivo, aparentemente impulsivo e
no funcional, onde a ave bica os elementos que formam a cerca, como postes e
arames.
Bicar o Ar - Comportamento motor repetitivo, aparentemente impulsivo e no
funcional, onde a ave bica o ar ou a gua.
Bicar as Penas - Comportamento motor repetitivo, aparentemente impulsivo e
no funcional, onde a ave bica as prprias penas.
Procurar Andando - Comportamento motor repetitivo, aparentemente
impulsivo e no funcional, onde a ave se desloca com a cabea baixa
aparentemente pastando ou procurando alguma coisa no cho.
Procurar Parado - Comportamento motor repetitivo, aparentemente impulsivo
e no funcional, onde a ave fica parada com a cabea baixa aparentemente
pastando ou procurando alguma coisa no cho, sem, contudo encontrar algo.
Caminhar do Lado da Cerca - Comportamento motor repetitivo,
aparentemente impulsivo e no funcional, onde a ave caminha em movimentos
de ida e volta, ao lado da cerca.
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3.5 - Anlise Estatstica
A evidente falta de normalidade das variveis-respostas estudadas (grupos de
comportamento) condicionou a anlise estatstica a uma abordagem no-paramtrica.
Dos dados obtidos, foram avaliadas as 35 manifestaes comportamentais, aplicando-se
o teste Qui-quadrado/Exato de Fisher para as correlaes sexo e comportamentos;
comportamentos e perodo do dia; comportamentos e agrupao dos avestruzes em
casais ou trios (CASTILLO, et al., 1997; GREENACRE, 2007).
Os valores analisados so as mdias ponderadas da freqncia dos
comportamentos por categoria. Foi aplicado o teste Qui-quadrado/Exato de Fisher para
verificar a probabilidade de significncia e a independncia entre fatores e grupos de
comportamento.
Para rejeio da hiptese nula (no h associao entre fatores e grupos de
comportamento), foi assumido o nvel de significncia de 1%. O teste de independncia
Qui-quadrado (X2) freqentemente usado para testar a associao entre duas variveis
categricas organizadas na forma de uma tabela de contingncia. Essa tabela de
contingncia apresenta linhas e colunas, definidas por fatores e variveis qualitativas
nominais; nas clulas da tabela so apresentadas as freqncias das combinaes de
linhas e colunas. O teste exato de Fisher foi utilizado nos casos em que as freqncias
esperadas foram menores que 5 (quando o X2 no pode ser utilizado).
Nessa situao, a distribuio Qui-quadrado no aproxima razoavelmente a
distribuio da estatstica X2 do teste, podendo gerar concluses errneas. No teste
exato de Fisher, a probabilidade de significncia calculada sobre permutaes dos
valores da tabela, assumindo o total marginal fixo. Este procedimento gera tabelas sob a
hiptese nula e permite comparar o valor X2 da tabela original com o das tabelas
permutadas. Como o nmero de permutaes pode alcanar valores muito grandes,
foram fixadas 30.000 permutaes aleatrias, de onde a probabilidade de significncia
calculada.
26
4. RESULTADOS E DISCUSSO
A maioria das pesquisas, onde se descreve e se avaliam os comportamentos
realizados por avestruzes em cativeiro, so realizadas nos perodos de acasalamento e
cria. Esta pesquisa foi feita no perodo de intervalo reprodutivo (perodo do ano onde os
avestruzes apresentam baixas freqncias de copula e de postura de ovos).
Nesta pesquisa, para cada indivduo pertencente a um trio, foram realizados,
nos dois perodos de um dia (manh e tarde), 480 registros comportamentais, o que
correspondeu a 2.880 registros realizados em seis dias de observao. Para os nove
indivduos pertencentes aos trs trios, durante seis dias, foram registrados 25.920
registros comportamentais.
Para os seis indivduos pertencentes aos trs casais, durante seis dias, foram
registradas 28.800 observaes. Somando o total de observaes comportamentais
realizadas com os quinze avestruzes, que conformavam os trios e os casais, obtiveram-
se 54.720 registros de diferentes observaes comportamentais.
Para a avaliao da associao das freqncias de apresentao dos
comportamentos com relao s variveis, foi aplicado o teste Qui Quadrado (X2)/Exato
de Fisher para verificar a probabilidade de significncia e a associao entre fatores e
grupos de comportamento. Posteriormente foi utilizada a anlise descritiva univariada
(grficos de barras) onde foi medida a probabilidade de ocorrncia de determinados
comportamentos com as variveis estudadas: conformao de grupos em trios e casais,
sexo (machos e fmeas) e perodo do dia (manh e tarde), com os comportamentos
agrupados nas quatro categorias existentes (fisiolgicas, ativas, sociais e patolgicas).
Na figura 5, pode-se observar que os comportamentos fisiolgicos com
diferena significativa (P
27
De forma similar, foi observada uma diferena altamente significativa
(P
28
individual (pastando). Nas fmeas, quando realizados os comportamentos de corte,
cpula e postura de ovos, existe um requerimento extra de energia e de nutrientes, que
demandam dela maior tempo no comportamento pastar.
P robabilid ade de Oc orrnc ia C omportamentos F is io lg ic os vs C as ais e T rios
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
P as tar C omer R ao
C omporta mentos F isiolg ic os
Pro
bab
ilid
ade
de
oco
rrn
cia
C as ais
Trios
Figura 6 - Grfico de anlise descritiva univariada dos avestruzes agrupados em Casais e Trios, medindo a probabilidade de apresentao dos comportamentos Fisiolgicos (pastar e comer rao) observados em maior freqncia.
Na figura 7, observa-se que o comportamento registrado de deslocamento
(P
29
abrangeu um ano inteiro, enquanto as outras foram especificas em alguma estao do
ano na Europa. Deslocamento comprometeu quase a metade do tempo (49,3% nos
machos e 42,1% nas fmeas) dos comportamentos observados em avestruzes estudados
nessa pesquisa feita na Itlia. Destaca-se que deslocamento no repertrio do
comportamento em avestruzes criados em cativeiro na Itlia, confirmado como uma
atividade principal. Neste contexto, nos termos da freqncia e o tempo gasto em sua
execuo, a uma conexo prxima a outros comportamentos, parecendo particularmente
associado reproduo, onde h uma diminuio constante aps este perodo.
J arrumar as penas mesmo com uma freqncia de apresentao baixa
em ambos os grupos (trios e casais), apresentou resultados altamente significativos
(P
30
casais (33%) e em machos dos trios (16%) pelos ataques e agresses propiciados pelos
machos dos casais.
Caminhar ao lado de outro macho (P
31
Na figura 9, nota-se que os comportamentos patolgicos analisados
(P
32
Pela sua relevncia, sendo comportamentos no desejveis de serem
apresentados, recomenda-se fazer futuras pesquisas, uma vez que no se encontraram
registros bibliogrficos de estudos realizados em criaes comerciais de avestruz onde
se avaliem ou expliquem especificamente comportamentos estereotipados.
P robabilid ade de Oc orrnc ia C omportamentos P atolg ic os vs C as ais e T rios
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
bic arobjetos
bic arc erca
bic ar o ar bic ar aspenas
proc urarandando
proc urarparado
c aminhar(lado
c erca)C om porta me ntos P a tolg ic os
Pro
bab
ilid
ade
de
ocor
rnc
ia
C as ais
Trios
Figura 9 - Grfico de anlise descritiva univariada dos avestruzes agrupados em Casais e Trios, medindo a probabilidade de apresentao dos comportamentos patolgicos observados (bicar objetos; bicar a cerca; bicar o ar; bicar as penas; procurar andando; procurar parado e caminhar do lado da cerca).
Na figura 10, foi encontrada uma diferena significativa (P
33
os comportamentos registrados variavam dependendo do gnero (sexo) do avestruz. J
CSERMELY (2006), afirma que os machos apresentam repertrios comportamentais
mais complexos do que aqueles feitos por fmeas, alm de envolver um nmero mais
elevado de freqncias de comportamento.
Na pesquisa de ROSS & DEEMING (1998), os machos, no momento da
colocao do alimento, eram mais vigilantes e se alimentavam por perodos mais curtos
do que as fmeas. Esta diferena est atribuda ao instinto de vigilncia masculina
(instinto de proteo da prole e das fmeas do grupo). Assim, as fmeas tm o consumo
da alimentao aumentada ao sentirem-se protegidas e assim poderem assegurar
recursos para a futura postura do ovo. Conseqentemente, quanto mais tempo uma ave
passa na alimentao, mais elevado o risco de predao. Inversamente, quanto mais
tempo gasta vigiando menos tempo tem para se alimentar.
Avaliando o comportamento de casais e trios na Gr Bretanha, DEEMING
(1998), reportou que deslocamento foi o principal comportamento dos machos,
enquanto pastar e comer rao se observavam mais no repertrio das fmeas. Estas
diferenas por causa do gnero (sexo) foram atribudas ao comportamento territorial
aumentado nos machos, e a uma demanda metablica aumentada das fmeas durante a
colocao de ovo. MCKEEGAN & DEEMING (1997) e DEEMING (1998), relataram
que no parece existir diferenas marcadas por causa do gnero (sexo) nas freqncias e
repertrios comportamentais dos avestruzes pesquisados nos perodos de invernos de
diferentes pases europeus, embora relatassem diferenas de comportamentos entre os
sexos, durante os meses de vero.
O deslocamento teve tambm clara apresentao nos machos (62% vs
38%). Para DEEMING (1998) nos machos, o deslocamento ocupa grande parte do seu
tempo de atividades, isto estaria associado ao forte instinto territorial maior dos machos.
CSERMELY et al. (2006), registraram que os machos observados tiveram um
repertrio comportamental maior e mais variado do que o das fmeas, sendo,
deslocamento o comportamento mais observado.
34
P robabilidade de Oc orrnc ia C ateg orias de C omportamento v s S exo
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
F is iolgic as A tivas S oc iais P atolgic as
C a teg oras C om porta me nta is
F meas
Machos
Figura 10 - Grfico de anlise descritiva univariada dos avestruzes agrupados por gnero (Machos e Fmeas) medindo a probabilidade de apresentao dos comportamentos (agrupados nas quatro categorias): Fisiolgicos (Categoria 1), Ativos (Categoria 2), Sociais (Categoria 3) e Patolgicos(Categoria 4).
Na associao de comportamentos Ativos com o sexo da ave, houve
diferena significativa (P
35
As manifestaes comportamentais sociais associadas a sexo demonstraram
diferenas significativas (P
36
Na figura 13, observa-se as associaes entre os diferentes comportamentos
patolgicos e o sexo (P
37
P robabilidade de Oc orrnc ia C omportamentos P atolg ic os v s S exo
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
bicar objetos bicar cerc a bicar o ar bic ar as penas proc urar andando proc urar parado c aminhar (ladoc erc a)C omportamentos P atlog icos
Pro
ba
bil
ida
de
de
oc
orr
n
cia
F meas
Mac hos
Figura 13 - Grfico de anlise descritiva univariada dos avestruzes agrupados por gnero (Machos e Fmeas) medindo a probabilidade de apresentao dos comportamentos Patolgicos (bicar objetos; bicar a cerca; bicar o ar; bicar as penas; procurar andando; procurar parado e caminhar do lado da cerca) observados em maior freqncia.
A associao entre a apresentao de comportamentos fisiolgicos e perodo
do dia foi significativa (P
38
Probabilidade de Ocorrncia Comportamentos F is iolgicos vs Perodo do dia
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Pastar Comer RaoC omportamentos F is iolgicos
Pro
babi
lidad
e de
oc
orr
ncia
Manha
Tarde
Figura 14 - Grfico de anlise descritiva univariada medindo a probabilidade de apresentao dos Comportamentos Fisiolgicos (pastar e comer rao) com respeito ao perodo do dia (manh e tarde).
Para a associao entre comportamentos ativos e perodo do dia houve uma
significncia de (P
39
indivduos de outro recinto (100%) esto associados mais ao perodo da manh,
enquanto o comportamento fugir de outro indivduo (83%) foi registrado mais no
perodo da tarde. O comportamento de agresso foi mais registrado em casais onde os
machos, no perodo da manh, agrediam as fmeas no deixando-as se aproximarem do
cocho de comida e a tarde simplesmente as agrediam e perseguiam sem uma causa
visvel.
Os comportamentos sociais registrados de manh eram em sua grande
maioria agresses de machos do casal para com suas fmeas ou para com os machos dos
recintos vizinhos, sendo os registros de fugir altamente freqentes nas fmeas dos
casais. J os comportamentos registrados no perodo da tarde, correspondem na sua
maioria a animais interagindo e caminhando junto de aves de recintos vizinhos.
Tambm foram freqentes as agresses de machos de casais para com
machos dos trios em rituais para estabelecimento de hierarquia. KEELING &
DUNCAN (1991) e KEELING (1994) citado por LEONE (2007), sugerem que as
hierarquias sociais esto altamente correlacionadas com o uso do espao e as distncias
inter-individuais apropriadas para o desempenho de comportamentos especficos como,
por exemplo, arrumar as penas e pastar.
P robabilidade de Oc orrnc ia C omportamentos s oc iais vs P erodo do dia
0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%
100%
agres s o c aminhar lado outromac ho
interagir c omindivduos de outro
rec into
fugir de outroindivduo
C om porta m entos S oc ia is
Pro
babi
lidad
e de
oc
orr
ncia
Manha
Tarde
Figura 16 - Grfico de anlise descritiva univariada medindo a probabilidade de apresentao dos Comportamentos Sociais (agresso, caminhar ao lado de outro macho, interagir com indivduos de outro recinto e fugir de outro indivduo) observados em maior freqncia, com respeito ao Perodo do Dia(manh e tarde).
40
Os comportamentos patolgicos e sua apresentao dependendo do perodo
do dia tiveram diferenas altamente significativas (P
41
Litofagia (comer pedras ou cascalho fornecido) e Banho de P (o avestruz
abaixado, esfrega o pescoo contra a terra, agitando as asas e a cauda contra o solo,
lana p ou areia no prprio corpo), foram comportamentos que se esperava observar,
porm o sistema de manejo determinado na fazenda no permitia que estes
comportamentos pudessem ser manifestados. Em vida livre, estes comportamentos
fazem parte do repertrio comportamental dirio dos avestruzes para suprir
necessidades fisiolgicas, o consumo de pequenas pedras para facilitar a digesto e o
banho de p pode ajudar a manter a plumagem em bom estado (GALLOSO, 2006).
Nesta pesquisa, comportamentos de avestruzes foram observados, e alguns
de eles foram registrados fotograficamente pela sua raridade e relevncia (Anexo B),
como o comportamento de dana, feito para estabelecimento de hierarquia entre um
macho de casal e um macho de trio. Outros comportamentos mesmo sendo de grande
relevncia como comportamentos estereotipados como bicar, no conseguiram ser
fotografados, mas foram gravados em vdeo.
42
5. CONCLUSES
O manejo nesta fase modifica o comportamento dos avestruzes e altera a
condio de bem-estar das aves.
Sugere-se uma m adaptao ao cativeiro e comprometimento do bem-estar
por causa de diferentes erros de manejo nesta criao, como: a falta de locais com
sombra dentro do recinto, comedouros e bebedouros sem proteo contra o sol ou
chuva, a provvel incompatibilidade entre parceiros por m conformao do par e
principalmente a pouca quantidade de alimento fornecido, j que deveriam ser 1500
g/ave/dia, porm a quantidade total era de 350 g/ave/dia.
Os maiores registros de comportamentos sociais (para estabelecimento de
hierarquia inter e intra-grupo) foram caracterizados por parte dos casais, tendo uma
maior apresentao nos machos. Comportamentos patolgicos so mais manifestados
no perodo da manh quando os avestruzes esto aguardando o fornecimento de comida.
Comportamentos patolgicos so mais manifestados por parte dos machos. Os maiores
registros dos comportamentos fisiolgicos (pastar) e dos comportamentos ativos
(deslocamento e arrumar as penas) esto associados aos avestruzes agrupados em trios.
Os comportamentos patolgicos (estereotipias) observados no tm uma
manifestao direta por causa de que os avestruzes estejam agrupados em trios ou
casais, mas pode se sugerir no caso destes avestruzes estudados, que existe um
problema de adaptao ao cativeiro (manejo nesta fazenda) manifestado na apresentao
destes comportamentos e na agressividade mais observada nos machos dos casais.
43
6. RECOMENDAES
importante estabelecer manejos que proporcionem aos avestruzes a
possibilidade de desenvolver e realizar as atividades comportamentais manifestadas em
vida silvestre que so prprias da sua espcie como, banho de p e consumo de pedras,
pela relevncia, para o seu bem-estar fsico e psicolgico.
Para minimizar situaes de estresse por calor excessivo e de estresse por
gua quente, seria prioritrio construir lugares com sombra permanente assim como
cobrir onde se encontram bebedouros e comedouros, para manter gua e alimentos
frescos.
Fazer um manejo alimentar coerente com a fisiologia e requerimentos
nutricionais dirios j estabelecidos internacionalmente. No caso para avestruzes que se
encontram no intervalo reprodutivo passar de administrar 350 g/ave/dia para 1500
g/ave/dia.
Vale pena acrescentar tambm que em estudos posteriores, com as relaes
mais relevantes detectadas atravs da anlise de correspondncia, devem-se utilizar
modelos lineares generalizados multi-nominais para obter relaes funcionais entre os
fatores estudados e os grupos de comportamento. Estes modelos iro identificar a forma
da relao entre fatores e a probabilidade de assumir um determinado comportamento, o
sentido dessa relao (se aumenta ou diminui a probabilidade) e a intensidades dessa
relao.
Incrementar os estudos sobre o manejo, a conduta e bem-estar do avestruz
nas fazendas produtoras no Brasil, podendo conseqentemente causar um reflexo no
aumento da produtividade.
44
7. ANEXOS
ANEXO A - ETOGRAMA (desenhado pelo autor)
ETOGRAMA AVESTRUZES
DATA: __________/___________/____________
HORA INCIO: ____________________ HORA TRMINO: __________________
TRIO( )
CASAL( )
TRIO( )
COMPORTAMENTO M F 1 F 2 M F M F 1 F 2
1 - Pastar
2 - Comer rao
3 - Coprofagia
4 - Beber
5 - Urinar
6 - Defecar
7 - Deslocamento
8 - Alongar membros
9 - Deitar
10 - Parado observando
11 - Limpar bico
12 - Coar
13 - Correr
14 - Arrumar as penas
45
TRIO1
CASAL 1
TRIO2
COMPORTAMENTO M F 1 F 2 M F M F 1 F 2
15 - Danar
16- Balanar asas
17 - Bocejar
18 - Elevar-se
19 - Vocalizao
20 - Agresso21 - Perseguir22 - Bater o piso
23 - Chutar24 - Caminhar lado outro macho
25 - Balanar a cabea
26 - Interagir com indivduos de outro recinto
27 - Fugir de outro indivduo
28 - Bicar penas dos outros
29 - Bicar objetos
30 - Bicar cerca
31 - Bicar o ar32 - Bicar as penas
33 - Procurar andando
34 - Procurar parado
35 - Caminhar do lado da cerca
46
OBSERVAES:________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
47
Figura 18 - Exemplo de algumas caractersticas fsicas utilizadas para identificao plena de cada indivduo: (a) Diferena marcada entre fmeas de um trio. A fmea alfa no apresenta leses por bicagem como a fmea 2; (b) Leso e marcas em um dos membros posteriores servem como sinal claro para identificar esta ave; (c) Dorso de um macho com grande regio bicada; (d) Fmea com uma grande leso por bicagem na regio da cauda; (e) Colorao do bico de um macho de um trio; (f) Colorao do bico de um macho de casal.
A
CD
E F
B
B
48
Figura 19 - Local utilizado para realizar as observaes: (a) Mirante localizado a 70 m de distncia do recinto pesquisado mais prximo; (b) Visualizao que se tinha dos piquetes, note-se a diferena de altura com respeito s aves observadas.
A B
49
ANEXO B
Registro fotogrfico de alguns comportamentos observados.
Figura 20 - Registro fotogrfico de alguns comportamentos ativos, fisiolgicos e interaes (comportamento social) dos trios. (a) Macho e fmeas de trio juntos, parados observando ao lado do cocho, a chegada da comida; (b) Fmea de casal interagindo, caminhando ao lado de macho do trio de recinto vizinho com pescoos unidos; (c) Macho e fmea dominante do trio, pastando juntos; (d) e (e) fmeas e macho de trio deitados juntos; (f) Trio se deslocando junto.
A B
C D
E F
50
Figura 21 - Registro fotogrfico de alguns comportamentos fisiolgicos, ativos e Sociais dos trios. (a) Macho de um trio bebendo gua do lado de um macho do casal do recinto vizinho; (b) Macho e fmea dominante de trio juntos em deslocamento, (c) Macho e fmea dominante de trio comendo rao juntos; (d) Macho e fmea dominante de trio pastando juntos; (e) Macho de trio (tarsos mais avermelhados) arrumando as penas; (f) Macho de um casal (tarsos mais plidos) arrumando as penas.
A B
C D
E F
51
Figura 22 - Registro fotogrfico de algumas interaes (agonistas): (a) Macho de um casal fazendo bico aberto para uma fmea de trio do recinto vizinho; (b) Macho de um trio bocejando para um macho do casal do recinto vizinho; (c) Macho de trio e macho de casal balanando a cabea ao mesmo tempo espelho, para definio de hierarquia; (d) Macho assumindo uma postura corporal para ver-se maior no comeo do comportamento agresso.
Figura 23 - Registro fotogrfico comparando a largura do caminho de terra feito pelo casal e o caminho do outro lado da cerca, em um recinto onde se encontram avestruzes em trio. (a) Note-se a maior largura do caminho feito no recinto do casal; (b) Caminho vizinho, do outro lado da cerca ocupado por um trio.
AB
A B
C D
52
Figura 24 - Registro fotogrfico de estabelecimento de hierarquia entre um macho de casal e um macho de trio atravs de ritual de dana: (a) Macho do casal (esquerda) se aproxima da cerca e faz contato visual com macho do trio (direita); (b) Macho do casal encosta peito na cerca enquanto macho do trio abre assas para ver-se maior; (c) Macho do casal tambm abre assas e macho do trio aumenta abertura de suas assas; (d) Macho do casal aumenta seu tamanho e macho de trio fecha assas; (e) Macho do casal ficando maior que macho do trio; (f) Macho do casal se abaixa para comear dana de hierarquia.
A B
C D
E F
53
Figura 25 - Registro fotogrfico de estabelecimento de hierarquia entre um macho de casal e um machode trio atravs de ritual de dana: (a) Macho do casal fica sentado mostrando asas que cobrem o peito como um leque; (b) Macho do casal inclina o corpo e abaixa o pescoo enquanto macho do trio s observa; (c) Macho do casal expe o peito e abre as assas enquanto macho do trio aparenta ignorar-lo; (d) Macho do casal comea a balanar o corpo para direita e esquerda, aparece uma fmea do trio que fica observando (canto esquerdo da foto); (e) Macho de trio inclina o corpo e o pescoo adquire uma forma de S, enquanto macho do casal continua balanando corpo e assas; (f) Macho do casal levantando-se em atitude ameaadora ficando nas pontas das patas, com pescoo totalmente esticado para cima, bico aberto, peito estufado e assas semi-abertas perante o macho do trio.
AB
C D
E F
54
Figura 26 - Registro fotogrfico de estabelecimento de hierarquia entre um macho de casal e um macho de trio atravs de ritual de dana (a) e (b) Macho do casal intimida a macho de trio que foge e sai correndo; (c) e (d) Macho do casal persegue o macho do trio at faz-lo afastar-se da cerca, dando assim por terminado a dana estabelecendo como ganhador o macho do casal que se mostrou mais agressivo.
A B
C D
55
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