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Homoparentalidade: Que famílias, que experiências?
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“Homoparentalidade
Que famílias, que
experiências?”
Pedro Alexandre Costa, MSc
Bolsa de Doutoramento financiada pela FCT
Orientada por Prof. Dr. Henrique Pereira e Prof. Dra. Isabel Leal
Em colaboração com Prof. Dra. Fiona Tasker, Birkbeck-Universidade Londres
(Homo) Parentalidade
O prefixo HOMO
Parentalidade por:
1 ou 2 mães lésbicas (ou bissexuais)
1 ou 2 gays (ou bissexuais)
Estudos conduzidos
maioritariamente:
-Estados Unidos
-Reino Unido
-Holanda
-Bélgica
-Espanha.
Países onde famílias
homoparentais são
legalmente
reconhecidas.
Números ‘oficiais’…
• Censos Americanos
33% casais de duas mulheres com pelo menos uma
criança menor de 18 anos;
22% casais de dois homens com pelo menos uma criança
menor de 18 anos;
163.879 famílias de pais gays ou mães lésbicas.
• Censos Americanos
270 mil crianças com dois pais / duas mães;
540 mil crianças com um pai gay ou uma mãe lésbica.
Números comunitários…
• EUA (1994):
1 em cada 5 lésbicas são mães
1 em cada 9 gays são pais
• Portugal (2011, 2012):
8%-10% casais do mesmo sexo com crianças
3% mulheres lésbicas / homens gays com filhos
Diversidade de arranjos
familiaresFamílias mães lésbicas
• Pós-separação ou
reconstituídas
• Inseminação artificial
• Adoção
Famílias pais gays
• Pós-separação ou
reconstituídas
• Gestação de
substituição
• Adoção
• Doação privada de
esperma
Conclusões da Literatura I
Desenvolvimento Infantil
Sem diferenças em áreas fundamentais:
• Desenvolvimento emocional (auto-estima, bem-
estar, ajustamento psicológico);
• Ajustamento comportamental (incidência de
problemáticas comportamentais);
• Funcionamento cognitivo (desenvolvimento
intelectual e resultados académicos);
• Identidade de género e Identidade sexual
Conclusões da Literatura II
Competências parentais
Sem diferenças ao nível de:
• Ajustamento psicológico (bem-estar geral, incidência
de problemas de saúde mental ou físico);
• Investimento parental (desejo de parentalidade,
capacidade de estabelecer relações seguras);
• Ajustamento relacional (níveis de comunicação e
suporte do casal, satisfação diádica).
Paradigmas de Investigação
1) Sem diferenças entre famílias hetero e
homoparentais;
2) Famílias homoparentais diferentes e desviantes;
3) Maternidade lésbica diferente e transformativa;
4) Famílias homoparentais diferentes
devido aos efeitos da opressão social.
Principais Formas de Opressão
Social• Legais: Dificuldades de acesso a diferentes
formas de união e de parentalidade;
• Médicas: Permeabilidade dos preconceitos na
prática clínica; obstáculos às mães/pais sociais;
• Psicológicas: Gestão do segredo familiar,
suporte social e integração comunitária,
experiências de discriminação (internalização do
estigma);
• Escola: Escola pública menos interventiva,
menos tolerante, mais permeável à influência
religiosa;
• Sociedade: Das mais subtis à discriminação
ativa.
A resposta depende do que se
pergunta…
De
“Que tipo de problemas têm as crianças
devido ao heterossexismo e opressão
social?”
A
“Como é que as crianças e as famílias se
mantêm estáveis e saudáveis apesar do
heterossexismo e opressão social com que
são confrontadas?”
Variáveis
negativas
Variáveis
positivas
Variáveis
mediadorasDesenvolvimento
Infantil• Efeitos da HI pais
• Não revelação
da orientação
sexual
• Expectativas de
estigmatização
• Experiências reais
de discriminação
• Relacionamento
pais-filhos
• Ajustamento
conjugal
• Dificuldades
associadas à filiação
• Desejo de
parentalidade
1) Mecanismos de
Coping
Intrafamiliar• Falar sobre OS e
antecipação de
incidentes
• Estratégias de
divulgação
2) Fatores de
Proteção
Extrafamiliar• Suporte social
• Inserção na
Comunidade
LGBT
• Discussão aberta
sobre temática LGBT
Ajustamento
Comportamental
Auto-estima
Aceitação social /
pares
Ajustamento
Psicológico
O presente estudo
Metodologia qualitativa através de
entrevista semiestruturada
Temas:• Constituição familiar
• Experiências de parentalidade
• Suporte social
• Opressão social
• Fatores de proteção
Objetivos
1) Caracterizar as famílias homoparentais em
Portugal: vias para a parentalidade e
constituição familiar.
2) Explorar as experiências específicas das
famílias homoparentais: desejo e experiências
de parentalidade, gestão da opressão social e
fatores de proteção.
Um exemplo… (I)Casal de duas mulheres de 38 e 39 anos, com umafilha de 3 anos, planeada, concebida porinseminação artificial através de dador conhecido
Quais são as experiências de opressão social?
“A minha principal preocupação tem a ver com o facto de
eu não ser, de facto, ou melhor sou de facto mas não sou
de lei, eu sou mãe de facto mas não sou mãe de lei. E isso
implica que a Inês não tem direito à minha figura parental
não é. E isso assusta bastante porque imaginemos que
acontece alguma coisa e é preciso eu decidir no momento,
e eu não passo de uma estranha não é, para um hospital
não passo de uma estranha”
Um exemplo… (II)Quais são as estratégias para lidar com as experiências de
opressão?
1) Integração comunitária e suporte social: “Gosto de gostar de pessoas, e de ter amigos e portanto essa parte é
importante. E depois são pessoas que tem muitas coisas em comum
connosco, nomeadamente um desejo de parentalidade tão forte que à
partida, mesmo sendo lésbicas ou gays, deram-se ao trabalho de
ultrapassarem todos os obstáculos para concretizar o desejo de
parentalidade. (…) E depois gosto de conversar sobre a troca de
experiências exatamente por isso, porque também queremos preparar a
Inês e queremos saber com o que contamos, e é bom ouvir as
experiências, por um lado isto por nós, e depois por outro lado apesar
de ela ser muito pequenina mas é óbvio que é bom também para ela ter
exatamente a mesma coisa não é, pares no futuro a quem, que já
tenham passado por isso ou que ela possa ajudar a passar por alguma
dificuldade, por algum problema.”
2) Abertura e normalização da configuração familiar:
“Eu (…) acho que o caminho para que haja
problemas é exatamente o tratar da família, da
constituição da família, como se fosse um
problema. Não é? Não… não há nada como
explicar, e falar, e conversar, e dizer tudo, e ser
claro, e estar disponível para esclarecer
dúvidas, sejam internas ou externas o que for,
mas… sempre com as cartas na mesa. Sem
fantasmas.”
Um exemplo… (III)
Obrigado pela atenção!