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./ . , ·, ! Titulo original: Alien Wi;:dom. The Umits of Jlelleniwtion Tradução autorizada da primdra edição ern brochum publicll.dll cm 1990 por Cambridge úniverslty Press, de Cambridge, Inglaterra. Copyright <t'.l C1unhrl<lgç \lulvcr,,Jty Prc11.:1, 197S Copyright© 1991 da edição rm língua portuguesa: Jorge Zahar Editor Ltda. ru11. Mél!.ko 31 sobreloja 20031 Rio Uc J1u1dn>, IU Todos os direitos reservados. A reprodução não-autorizada desta publicação, no todo ou cm pllrte, cnustitul vlolaçio do copyright. (Lei 5,988) ,J ; ,,.:;'], 6~- i- k~ ,J Capa: Tira Linhas Studlo ,../,_<zr/~ ;r-,,.,...~ :,'"' t',;>,,~"' l\ustra..;:;o da capa: Mll()a do reino de Alcxandrt., o Grande r t:- 4 ., .~~r J .- / .fv Editoiação cletrõolca: Top Textos Edições Gnl.ficas Ltda. Impressão: Tavares e fristio Ltda. ISBN: 0-521-38761-'2 (ed. orig., brochura) ISBN: 85-7 l 10· 179-5 (JZE, RJ) Sumário MOMIGLIANO, Arnaldo. Os limites da helenização. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1991 . Prefácio, 7 1 Os Gregos e seus Vizinhos no Mundo Helenístico, 9 2 Políbio e Posidônio, 27 3 Os Celtas e os Gregos, 51 4 A Descoberta Helenística do Judaísmo, 71 5 Gregos, Judeus e Romanos de Antioco ID a Pompeu, 89 6 Iranianos e Gregos, 111 Bibliografia Selecionada, 133 Índice Onomástiéo, 153

Momigliano limites helenização

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Page 1: Momigliano   limites helenização

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Titulo original: Alien Wi;:dom. The Umits of Jlelleniwtion

Tradução autorizada da primdra edição ern brochum publicll.dll cm 1990

por Cambridge úniverslty Press, de Cambridge, Inglaterra.

Copyright <t'.l C1unhrl<lgç \lulvcr,,Jty Prc11.:1, 197S

Copyright© 1991 da edição rm língua portuguesa:

Jorge Zahar Editor Ltda. ru11. Mél!.ko 31 sobreloja 20031 Rio Uc J1u1dn>, IU

Todos os direitos reservados. A reprodução não-autorizada desta publicação, no todo ou cm pllrte, cnustitul vlolaçio do copyright. (Lei 5,988) ,J ;

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Capa: Tira Linhas Studlo ,../,_<zr/~ ;r-,,.,...~ :,'"' t',;>,,~"'

l\ustra..;:;o da capa: Mll()a do reino de Alcxandrt., o Grande r t:-4 ., .~~r J .- / .fv

Editoiação cletrõolca: Top Textos Edições Gnl.ficas Ltda.

Impressão: Tavares e fristio Ltda.

ISBN: 0-521-38761-'2 (ed. orig., brochura)

ISBN: 85-7 l 10· 179-5 (JZE, RJ)

Sumário

MOMIGLIANO, Arnaldo. Os limites da helenização. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1991 .

Prefácio, 7

1 Os Gregos e seus Vizinhos no Mundo Helenístico, 9

2 Políbio e Posidônio, 27

3 Os Celtas e os Gregos, 51

4 A Descoberta Helenística do Judaísmo, 71 5 Gregos, Judeus e Romanos de Antioco ID a Pompeu, 89

6 Iranianos e Gregos, 111

Bibliografia Selecionada, 133

Índice Onomástiéo, 153

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Per mia madre, presente sempre nel suo vigile amore

(Torino 1884 - campo nazista di stenninio 1943) Sl. 79.2-3

Prefácio.

;21_ matéria deste livro foi apresentada em maio de 1973 na Univer­sidade de Cambridge como Conferências Trevelyan e, em fevereiro­março de 1974, sob forma revisada, como Conferências A. Flexner no Bryn Mawr College. Mantive a forma de conferência, acrescentando apenas uma bibliografia a cada capitulo. Meu objetivo foi estimular a discussão a respeito de um assunto importante, sem ceder a especulã­ções.

Devo muita gratidão às duas instituições que tão generosamente me convidaram e acolheram. Em Cambridge, me vi entre velhos amigos; no Bryn Mawr, ganhei novos amigos. Foi um período feliz em ambos os lugares. Gostaria de agradecer especialmente aos professores Owen Chadwick e M. I. Fiilley, de Cambridge, ao diretor Wofford, à profes­sora Agues Michels e ao professor Russell Scott, do Bryn Mawr.

University College London Agosto de 1974

A.M.

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1 Os Gregos e seus Vizinhos no

Mundo Helenístico

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

I

O historiador judicioso nunca cessará de meditar sobre o nariz de Cleópatra. Sé aquele nariz tivesse agradado aos deuses como agradou a César e Antônio, um vago gnosticismo alexandrino poderia ter pre:alecido_em vez~ d/r~!r,lin~ cristã impos~ pelas.~uas Romas, a antiga no Tibre e a noVfá no 'i'í~sforo. Ter-se-ta perm1t1do aos celtas continuar recolhendo visco em suas florestas. Teríamos menos livros a respeito da rainha Cleópatra e do rei Artur, porém ainda mais livros a respeito de Tutancâmon e de Alex'lltdre Magno. Mas um etruscólogo que falava latim, e não um egijifó1u(s!'que falava grego, trouxe para a Grã-Bretanha os frutos da vitória do imperialismo romano sobre o sistema helenístico. Temos de encarar os fatos.

Por sua vez, a vitória do imperialismo romano pode ser descrita como o resul~µe.qU11tro'fa1õres:"li"ffôva"0orientação-dada,por0Roma às. foiçasSÔCÍ~i_s:- .2~Jeiú,(9Jsa.~li\a.~,,9a,~iíliga,ltilia}'à'à'ôsoluta

_;_,\fJdii'paêillàêl"ê:dê.qüãlqiiecixército.heléhíslico . .para .. e11(1:,m!i!,J2?.Wma­. E2;;:cfW'CimrptroetilÍÍ;1'1ha;·a-ptll1osa41csagr<:gação~iM,Hizirçiio•<!'ITTlTêi1

~~w.\Q.ug.wcAJilli~!lllC •. pr9s.s.~g_uLu...durnnte.séculos,erpor-,-fim, possibilitou ao;w:orr.anos.controlms,riqueza:,,da.Europa-.Ocidental"do 1,J:ráríi1ç"1,:;;if;J',~j§J~<!.2J2~!lÚ.bio;.,e,,por"últi1110;,,a,cooperação,de i11tcl~ê,,g,,cgi:1iw:om,políticos,e,esctitores.,italianos•na''Cri11çãu'"tle uma nova, ,~ul_\!J!.!kliiliMi.i&,q~_&,\ls;J,~~l)Ji.\l.g~,.~--V,ida,,sob,,o,dom ínio .

... ro\.mrnG~.o....os~.P-Sze:::O~~_an-es resistiram aos romanos, assim como haviam resistido aos seléucidss. Os judeus não tiveram oportu­nidade, mas no decorrer de suas labutas um de seus grupos minoritários alcançou a autonomia e desaliou o império romano de uma forma mais fundamental como jamais os antigos adoradores do Templo de Jerusa­lém desafiaram. Quanto à dinastia arsáeida da Partia, por volta de 247

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10 os limites da heleru''l.lll;ão

a.e., reivindicou a independência e cumpriu a palavra. Durante nove séculos o Irã se manteve livre. Não só o seu exército, mas também a sua tradição religiosa, era uma força a ser !evadi. em conta. • .

Quatro dos cinco protagonistas desta história -·gre<:JJ;:!l!acedomos, romanos,judeus .e celtas .~.se encontraram pela primeira vez.no.periodo helenístico. De (@to,wra.!.9dQ~ !l,'i ~fsi!os Prá1~"""'"""11'1'gQ.fü~Q'~lJO­brirarn,os,,romanos,,os,celtaS'esOS':ludç,µ&.depo1&de,.AleJ<"'1dre-Ma,gno. Há nisso um traço de paradoxo . .J)JJ,oml.e s<\culos J!Mill.9W..!L~gr~gas prospuaram,!lll'>Itália•não•muitti"ll\ií'&é"d~'R"Omíi':"Í'éfõ"menoS"tleSdê~o século~V~a,G,,Massali~!iv&raaem,eort'llltõ"'diretoccom.,os,celtas·.1'0s

. .,J!!~·"l~anknuma,rc,gtãi:f't\jí:i'qile'mê!:ênilti~::g:"g°.5.':~iJx!ltç~f~ t<;_<z.!!:t~§MOS,e,que,mru:cadores;gn,gQ:r,1"JSl1J>Narn,c?m,,frequen

. çl"""Qfilm!!i@Q.§~!JJ!.e.,i:edo.sehvraramhcontrole-heleníst1c<Ye·sempre · ~e-àe-Rama,..etam-também-a-única-na,;ã0.q11~eg?5 haviam.sonl!eci,!.\9-•}J!H.\1.Ua.w.40,.antes-0e,Alexfilldte.J)3,fa.to,A!!l!Pt.no .J?~~ l!l!lªJmtra,história:•havia'<iominado,os,.gregos,..Mas at~ p~a os iranianos a era helenística significou uma mudança em avaltaçao: o-profeta-Zoroastro·tomou·o·lugar,d<Hei..Giro~omo,a,figura•iraniana

,Jl!!,,~.&~J;;W~!ͧ_2:':~.~E,oma,substituiu,"R•P~i;;.~rm4!E;!r,,!;.'.1.:! ,,,Q.:;,,gr.egos,erallli·dtr~ - . . . . .

e~do..remoto,.emb<,_1'8JemíMel;.osmages,,t,inham;1m0 pouco•dO:P;es~­·gio·.da.,região'mis'íetíõslrd~ô1Ide"Vieranr·e.oferec1am,bens-espmtuars

pi;ópr.ios. • Assim .a eP1,helenlstiea,.assistiu,l!"Ul1i"aeontecim6n\O,,lOtelectual.de

p~~;,.:.~~t~gru:il!:.iu;.Q!!fum~~-nniuãff6'li'm'i'ãS"éi'* l_i~çiJ~,_!!f::S.9!!.'l-quaisantesJhe&tinham,sidof'::'tieam:nte,~esconhe• c:idas .e~J1ma .. qu.e .. iora:.conhecida..soh.,condr1oeS"'mU1t0"di~es. Pareceu-me que a descoberta dos romanos, celtas e judeus pelos gregos e a sua reavaliação da civilização iraniana podiam ser iso~ada: como o tema destas conferências Trevelyan. Os pormenores nao sao bem conhecidos, mas o quadro geral é claro. Há, naturalmente, _cois~s a serem ditàs também sobre o Egito e Cartago. Hermes Tnmeg1sto emergiu do Egito mais ou menos na mesma época em que Zoroastro e os magos se tomaram figuras respeitadas entre os gregos. Terão ~e ~r considerados conjuntamente. Em ambos os casos a escola platon.•c.a desempenhou um papel essencial. Embora Platão nunca tenha _ex.pl~ct­tn<lo q11c Tot, o inventor da ciência, era idêntico a Hermes, a 1dentlfi­cação é expressa por Aristóxeno de Tarento e Hecateu de Abder~ (Estobeu 2, Prooem .. 6, p. 20 W!chsmu~ - Ari:5tóxe~o.fr. 23 Wehrh; Diodoro 1.16). A .. husca de heró1ss_ul,uraL'.L!:.gUtfts .. r.tl!.ll.!9.§Q'l.J!.unca se

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os gregos e seus vizinhos ... 11

restrin,g_ia a um sq.p,aJs.Por,,volta,do·inicio'tlô-s~cülô'lh:<3,.já,abtangia b~,J.liãg~, sa5.<JQQJ~.egípcios-e<lruidasfc6ro<Ysabemos1>elos autores,citadof.pQY)JógenêsI:;àef'êi&'êm'sewproêmio. O grupo conti­nuou crescendo até Santo Agostinho, ou melhor, sua fonte, fazer com que incluísse todos os bárbaros: "Atlantici Libyes, Aegyptii, Indi, Persae, Chaldaei, Scythae, Ga!li, Hispani" (Civ. dei 8.9). Duas consi­derações, no entanto, me persuadiram a;"deíxar·~Egjt9,'jl::grm-gs!J!'da minh.a •. in.Yse.!'.tig;içi<;>-<>P.!?-W~i,J;a"""ç!J;§.Jl~\1W\l,!J?, ... ?~~W),àtJ..t;J.~S.ª-.~~q,l\; gq,.,gos:comO",um,palsA!!IS!Li<?.~{.J\P9J..9!!9\>J\,com'costumes,mtr1gan­

~-Jamaís faí,~wJJt,.@!R~,uma~l'Q.~nAia,,pç,füia. Era antes um repositório de conhecimento invulgar. Heródoto deu duas razões es­sencialmente contraditótías, para ·lhe .·dispensar.Janto..do,,seu·-tempo, Pl!.l'!leiro. que .~'.na ,maioria -dos,seus ··hábitos ·,e,costumes,,os,egípGio& inverl~Jl!J'Jl.~tawente,os.procedimentos,usuais da'humanidad~ (2 .35) e;'·§êgund1>,-quec:,s gregos e:xtraem tantas_cle.sµasnoções religios~.e

., · 'cientificas dos ·egípcids·'qti'é''a:té-mesmo'aqueles,,iique são· chamados seguidores<le-Orfeu·e.deBaco são naverdadêsegüídôres·dOO"eg!pci'os ~~'~"S"l'}!á.&Q.ras::. (2.81 ). Durantç o ger!odo hel,e!J{§li~~e, ,B.Çt'l!lllOnalter~ãa,u01livel<fflF'll'\>'ll'ltas'ã:o,greg""1"'8glto,,emhoribfosse 00!!""""'3S'cêll'Sãcnlffierorés'"'frití!egisto,como:um,deus,eo-eonheeimen­tq~~undo~lugar;"'l!.cu!111,a,,,egípeia,,nati-declíoo1,1,-~tç. o 11ertoão-helenistieo-per<juo,,estav1!"80~ontrew~'fêg&"'"ê""" passou • .&t.epresell1a.,,l;ro,,es~to,,ittferiOI""dlr1~:i-1_5!!llrçí!rl . .0,.:,:capí,t~&, heIJ:!!élko,.da,c.língua.se,dawescrita·~como,Claire.Préaux,denominou (Chron. d'Égypte 35, p. 151, 1943), tomou o sacerdote que falava egípcio - para não mencionar o camponês - singularmente incapaz de se comunicar com os gregos. A criação da literatura copta nas novas condições da cristandade indica a vitalidade dessa cultura oculta. Mas os gregos helenísticos preferiam as imàgens fantasiosas de um Egito eterno ao pensamento egípcio de sua época.

!,..J;Jl)tura Çj!!aglnesa,-por...outro.J.ado;"'IJÍ!o"de-clinou:-foí,,.assassintlda pelQ§JOmanol', gue, tµ,uiJQ §imbo.li.camente;"doll1'aln'11'1)rinciPl\!Jli!!.~ ~go.,a.0$,Eis,nút!ifdall (Pifo. N.H. 18.22}~:Eli-fularia,àe.muito.,lxim gràdô~s'õbre"widéias"Clos>eartàginesesrse,ao filenos '85 amhteêssemCli, G@,,tago, eam9 as e!da,I,,,. f~aJeias-,Ja..Sú,la,~s h~tételes,tratam,C"8r\agoJipJ1JJR~Ouma.PQ~· Por volta de 240-230 a.C. Era.tóstenes reuniu cartagineses, romanos, persas e Indianos como os povos bátbaros que mais se aproximavam dos padrões da civilização grega e especificou que os cartagineses e os romanos eram os mais bem governados (Estrabão 1.4.9, p. 66).

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12 os limites da helenização

Na segunda guerra púnica Aníbal teve o apoio de historiadores gregos, como Silenus de Caleacte e Sosylus de Espart:i, e, natura:me.n­te, fez aliança com Filipe V da Macedôr.!,. Na.próx1ma.conferenc1a, ay,tesentarei•·algumas indicações de que por volta de 190-185 a.C. havla.na . .Grécia,.muitos-quewiam,A.nlb.?l.como,um,posslve!.salva<lor

··a;; romanos.-&difamaçã:õllfillãtáte.uios-0at:taginesesseria•encontrada Qp..hifilQriador.'...~scidtr'liil"Sféília, ainda antes qtJ_e alguns ora-

.. dores e escritores romanos transformassem fii'nica jide~ em lema político. Mas, é di;;cvtlvel Sf mui\~1$,1,'l.~.W.m.lJJilP~&>!l!ílfWS p~rop~g-~.,J,_tSl},S,9.1/.MGteili.tar,nelas(cfüR:°"·exem­plo, 9.26.9; 31.21.6). Ãpesa~tã~Ji;.e;;o.cecctalv.eúÊnio;-,h0?'Y.e at\\.,..escri1ores·láflfiôs'tjnt~s'í!''l:êêu§hrã'l!J'•)!'se>uni?ª~º:""15te"· na~i!BST,JJ,do.no'f'oe1:11/µs,d~J;1J~J!\)lõ,Çi.itQ,é.J,~:~,ep;os,.r~d1g1u,uma pequena:,peça,,extremamente,so\tdana,s.obre,cAnfüal,,.Yrr~íllo'CSteve'a P'llJ.l!b!!~.4.Mle1ti,,,,g,111/l+!,-ji~parw,,Jinéi~Sód,s~~1lores'•gregos irop_ç_dais,.como••Pl titàl'éõ'e"Kplliii:b'ã ce1liü'ai:íi"'o"i'.j'tre'Sê"t"õí.'if:l1â'ã"'d'êscr! · çfüilite&!PitS.9JJre.l!çJoµal,doscartagineses's~"éõnsi:éléflll"lJ:tíe,l'1mita Jj(lçsJJnJ1à;sua'cOnttãI1âff!ôlt'?ni~Grài?l:11"}üfés; DuwtiJ.C~Q.§éc.ulo,l!,a~. J;_::~~erhavido."'1m.sentimento .. de,perigo·e•interesses"cõfü\füs'-en!r'e.,,, gregose,cartagines.es.,Ele foi reforçado pela considerável contribuição de homens de origem fenícia à filosofia grega. Jâmblico dá nomes de pitagóricos cartagineses (Vira Pythagor. 21 .128; 36. 267). !;/.lllll. !!ª.;;., P,®Gll.§.ci!!Ji;lmlª.~...Fl/;S,~\.%ll.Cj~j~'ll!!kl~«~P.\,~RJ,*~~~e,gs rollU!.~l?.§.J\ª,Q,ti~es~desJn!ído<@attâgír,"tl's'tfft'êlê"étulfts'e!trtagmeses·,

~<;Q!!!.9.,,9/1.4.Jl!eJ.e~.\1JaÍ.$,,gr.egos;,;~40rnariam,pró~r6lifátlOs. Por v?lta de 163 um jovem cartaginês chamado Asdnlbal foi para Atenas e tres ~os depois entrou para a Academia sob a_ direção de Caf1;eades. F1':"u famoso com o nome grego de Clitômaco e em 127 fot reconhecido como o dirigente oficial de sua escola. Dedicou livros a L. Censorinus,, cônsul em 149, e ao poeta Lucílio. Por volta de 140, louvou, ou talvez adulou, Cipião Emiliano. Não contradiz a sua de;oção aos romanos.º fato de ter escrito uma consolação para os cartagmeses após a destrut· ção da cidade em 146. Cícero ainda leu essa obra (Tuscul. 3.54) e, c?mo era muito insensível a essas questões, não percebeu o horror da situa­ção. Desperta curiosidade saber onde estavam os cartagineses a qu_em Clitômaco distribuiu a sua consolação. Ele fora apanhado na e_sp1ral que fez de seu contemporâneo Pol!bio o defensor da lei e da ordem romanas. Outro desses cartagineses desgarrados que no século II a.C. perambulavam entre a Grécia e Roma deve ser provavelmente reco­nhecido em Procles, filho de Eucrates, um cartaginês, a quem Pausâ-

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os gregos e seus .vizinhos ... 13

nias cita duas vezes. Por uma das citações (4.35.4) ficamos sabendo que· f:ocles comparou Alexandre com Pirro e considerou o primei.ro supenor em fortuna, mas o segundo um melhor tático. Na outra citação (2.21.~), ele parece ter tomado a Górgona Medusa morta por Perseu como mtegrante de um p<No líbio selvagem: "ele (Procles) havia visto um homem desse povo trazido para Roma", Os nomes de Procles e seu pai, que soam a grego, são mais provavelmente sinais de heleniza­ção do que de uma origem grega. Procles estava utilizando sua mteli­g~ncia no tipo de jogos intelectuais - interpretações racionalistas de m!l°:', comparações de chefes militares populares - que atraíam 0 público gre~o e romano. Também ele, de um modo mais superficial, parece ter sido apanhado_ na espiral greco-romana. Infelizmente, não há dados suficientes para fornecer um relato coerente de como os

· cartagineses e os gregos se viam nos séculos me II a.e. e como Roma veio a se beneficiar com a situação - não menos pela Importação de um es.cravo afric:'110 que se t:3rnou o mais consumado dos dramaturgos helemzados da hteratura latina, Terêncio. · ·

D~arei,..portantn,..J1..,.p.tiru;lllM,p.ru;t.tklla,,mlnha;.,oonferêne!ã"-110,-. estudo .. das·0 relaç-ões'cúltutifis•entresgregl>ll;,,oman=,"celtasi"4udl,~ . . d ""' ,,

.. }!"'\!'.!!!ll-P5~te.o.peáod&helenístiee,-.Rett:oc~,ã,,idm!e'Clássica-'-' da,.Gréeja,apenas..na..medida,emJW!lJsse,seja,necessário,à,cornpreensão de,époeas,pômfiloTl!!;:"0 qué"d~o"Verifica:r·é·colJlO"OS"gte-goS'Vfenm:r" a,.-co~ee.e1:~•av~liat"cesses~gro1iõs''de-··11ãêl"'gregOS'-sem"rela-ç-ão"'à""s\í"if'º pr.ópna&1,Y!~!lt!~..Jlsp.Jl!:i1Y~~çi;~,uuwb11-mt..a!l1.~!@,l.\!'.,,s~ru11,;~.j,11yição"'gregacroasc,div.elili/l&~ç§.ç§><1,,41a r~~nlifi~ul,.em..no~~~~ à, apm.;J!W:ção"!lrega;,;f>;-<JüeZnãõ!'êifp'er.~'1ti!õi!'!râ-"seKOi\Ql,l,t;&._Ç,,ÍJ!,i,;"" trnconl<e1"""foJ;l!lPÁl?!!~,!W,W.ll©®rnano,sobre,11S,1'<llaçQ<lS,intelectuais­entresgr.egQ,S • ..,judeus,omce! tas'l!'lrafildílb's-11ssimcqueino,,sécµlQ,!J.a.(;:. O··poder-romano.começou·a·seNJentid<HO,a-da.Jtália.,.A~i.nfluênciatde

,Rómass-obte11™entes'daljoe!CS<que,en1mram-em-·contatcrcom,ein'oi:--ri!pida,e.,forte" ·

II

· A çJyHização,helenlsti&'~rifüuiéceu grcga'fla-,1tn.,,. ___ ···"·-·e.5,.e

~e~~~fiitl;;fitir~~pos~;~~:. 111ª. e Anti~uia, ·exatamente tanto quanto em Atenas, era a supe­nondade da hngua e dos hábitos gregos. Mas nos séculos III e II a.e.

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14 os limites da helenização

surgiram correntes de pensamento que reduziram a distância entre gregos e não-gregos. ~gJJ;gl),1?,,.<!P!:e<?c~itaram,,,~n,i,g~w.MilRJt owrtunidad.\;;:~<!Iie,,aos,.gregoSc,na,,lJJlgl!\,gr,1,g1b?,l&Q,ªf>Pt~~as pr.9p;:ias,hist6riJU, • .Í.ra.diçii._<1/U"1'1igio~slgfii'ff[ôú'q\fe'1ooé'ú'§';''

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qye)(anto,fez,,pelos,lfdios'11Q§A<rn19.,,Y,,Jl&,.§.!,,J<>rnou4ml'll'esemp-enho, rntineiro. No-panteãa gi;ego-foram-1ldmilidOS'mais-deu=estran~ do-qnetmrqua!querépoca-desd"ti"l!pí'~<Hl·rP.er-sua,ver,'os'b'árbarOS

. 11ii.o.só.aceitaram-os,deuses,gregos~como.,assimilaranH11UÍtos,dos,seus deuses-gregos. Es5,>l,Jlllb§ID.CJ.C.UfilllO,<l)SS,i§.l!;!!li\,tlCPdllJ.t;;,J:o.iwPai:t.\cular­!Jl.,Ç~Dllmssucedido'·tfa>ItáHa,(Etrutíã'"ê Roma),deixou·sua•ml!l'cifem . Carta.ll?• ~9.i.il,rjik,~,,9.?'."'.PJ!Í\Q,JQJ,mA!§llc.e.<!L<!P;;JJJtZJudéiaybastmte"'

,J11§.!g_gjft9},;li:ti~íJMsgP,9]_iiii.~,,e,.~fe.t<l.U.,PÇ\O,,llle11.os,a.,i<;9119~a, sm~s.sê;icia,.da.re!LgiãaJndiana,porJneio,da,ar-te,gândara. _A.noç!Q ·

r bárbaro con uist ilidade e accilll.ÇãQ s;ntreagueles que_se .. Ci1!1$,.ÍJ:\erallaI11-J,regos. ~.,.w..a.-G,-Os-f.ilósofOU his.tJlriad.Órtis:gregos..ha.v,iam"d~eresse-pordou­trinas...e>-G<>StUIDOS-e5trangeiros-e"temleram,,,,~.ll,es-reeanheeer-certo­~alor. A história dosestudos de Pitágoras com professores bárbaros já pode ser encontrada em fontes do século IV e talvez seja mais antiga. Hermes Trirnegisto, Zoroastro e seus magos e, em menor grau, Moisés e Abraão se tornaram figuras respeitadas com doutrinas próprias sobre as ações da natureza. J)!o.entanto, .. aJnflutl1Sl~intelect\J_atdosJi.>!.tbaro&-­~§...çg.:;sJ,U9ít.00 w11n\lAJ.l,~§~.medi.~AAe~-l'l~ei:.am <;apa.zes,de,s""'*f'~~Nenhum grego lia os Upanixades, os Galhas e os livros da sabedoria egípcios. Era realmente muito difícil encontrar um não-judeu lendo a Bíblia em grego mesmo quando ela se tornou acessível nessa lúigua. pa,a.1.adll.faiant&~F<>go a )Ítgca ljnfill.ª oo-eivlJizaçã€>-'pet111anee\a.sendo.q...~o. Mesmo no século I d.C. o autor de Perip/us mari Erythraei não consegue achar um feito maior para um rei da Etiópia - a fim de contrabalançar a sua famigerada avidez por dinheiro - do que o seu conhecimento do grego. Fílon, o Judeu, louvou Augusto por expandir o território do helenismo (Leg. ad

Gaium 147). O ~~IÇ.,~2.tllWll!J),li:S)Ç&:.;!Í!M1<WÇS:~!.1'W.:911yj,l!q~NgQS;Í;µ\)!

Qh.v-~eo~~iooêe.dru;.gr-cg=bn,,,osJtabitan­~is e, falando de modo geral, correspondia à situação pol!tica. M~~s~~tilih11-COlldi~.4~~fi,!:ar .º ,9U(' W,... µ;ibitante!r-ló'éâ1s""Jfiê"il'"di'Ztlfm"'"'<!tê~~r

os gregos e seus vizinhos ... 15

~ . ' .. , . Jlabitantes !geais .astutamen.t<>-f&zlaín ~ e.o,;,g~~Jl!Vl!tn'O~&f-a!avam•de,-aoord0,0011HSSo.

. -, . d&"reC1ptoca1laõ"'rnv'ôrecm"!l"Sirreerida~o,,.YM!ad · en'tendimento~"'uand =c--,.... · • , e1ro , d . _ · '< . ? "ªº ,iáV11l"-premeneia,,sobejavlllll"l!"lltopia,,,e.a i e_&JJza.çao;<-0nd_eshavta-um-propósit0'1mediat0n,tt;VilJ~illnM>'pro ~­gan~,,.a:"dulaçao,e"l!S'l!CUSaçôes'l'ecfprocas. Apesar disso o mu!io ~edtterra~eo encontrara uma lúigua comum e a acompacliou uma 11:eratura mc_omparavelmenteabertaa toda sorte de problemas discus-soes e emoçoes. '

A singularidade de tal situação será mais evidente se a compararmos com o que pode ser denominado de a situação clássica do mundo anti entre 600 e 300 a.e. Depois de Vom Urspnmdund Ziel derGeschichfeº ~;lar! Jaspers - o primeiro livro original sobre história a surgir eO:

9 na ~lemanha do pós-guerra -, tomou-se lugar-<:omum falar de A:1;nze1t, o tempo axial, que incluía a CWna de Confúcio e Lao-tse a ia de Buda, o Irã de Zoroastro, a Palestina dos profetas e a Gréci; dos filós.ofos, trágicos e historiadores. Há nessa formulação uma par­cela. multo real da verdade. Todas essas civilizações dominavam-a escnta e apresentavam uma complexa organização política que con·u­gava r,overno central e autoridades locais, nm cuidadoso planejame~to d~s ~1dades,.uma avançada tecnologia do metal e a prática da diploma­c,a 1_nternac10nal. Em todas essas civilizações existe uma profunda tensao entre as forças políticas e os movimentos intelectuais. Em toda par:e se obs~':'am tentativas de difundir maior pureza, maior justiça . maior perfeiçao e uma explicação mais universal das coisas . N ' °:odel?s de realidade, seja mística, profética ou lacionalmente,a r~::~ d1da, sao pr~postos como critica e alternativa aos modelos dom~nt ~~mos na. idade da crítica - e a crítica social transpira até mesmo:~ i_n~!cadas 1,111agens dos Ga~as de Zoroastro. A personalidade dos ~nucos esta radada a emerg1r: eles siio os mestres cujos pensamentos atual:11ente amda valem e cujos nomes recordamos.

Nao me ca~ aq~iJentarl'X · . . . . ov· tos a .. cl.e,,na.ture~Q.d.ifei:i:11,J,~ ... como ns .... · ...... _.,. ... --· ·--~-i ~ · · ··"'" ;· .~- .. ~,, ..... ~,..Wll~. G que nõS ., ~, ,que-eram rntlept:nden~os QJJ\tQS e, pela q11e sa~i!l.QS

~":"""'m,,;'Burante·d'!!n~ram~- ' h.g.gua 1ntemaei@ ~da ~ · ~ na~·mesma=OB:OO,,.(ij~e~~o a~n Aiex.;dre . ...Q..aremai~O rr<i~ratlji'rofun-da1nente11a-'"-' , ~ o a I(iílJ 'U' - E . o,oeta"'

._.. - . -'ia exceçoes. u tomaria como uma delas as cartas em ~aracteres assírios enviadas da Pérsia para Espa!'la que os atenienses interceptaram e conseguiram traduzir em 425 a C . , . - pois seguramente

Page 7: Momigliano   limites helenização

16 os limites da helenização os gregos e seus vizinhos ... 17

por Assyria grammata Tucídides deve se referir a um texto aramaico ~charam..,:n.1lohidos.naquel,r-confrontá rgeral~de:valo~g,:egg,s (4.50). Se Demócrito, de quem se acredita tenha se apropriado dos ecJµ,dJ:JJ~.9u.e..,d.enom4'i!!!l%_~filP.J omanos'!lunea-1:? provérbios de Ahiqar, na verdade não os conhecia, pelo menos Teo- ,,, .... ~_íão,~"Sct'Í-~~~~~;'.1'"él1\:ç'P.!;:,:,m,l!ll!li;!!!í!i~ e · , · frasto conhecia (Dióg. Laérc. 5.50; Clem. Alex. Stromata 1.15.69). ~ '····•--·•,paPIH"<iil'umà'-posiçiio,desfmya,e,preseftãfillrr'êõm'fàlótl!dadê'tfiif'i&-te Mas.,a..pa=la da literatm.aramaiea.qu.1..entto).l.elll..ci~ .,,mntimoot0<ile,.su:ridentidado,-e..superiotidade):,P..aga1latn"'1os.-cgregos ción.a14ove-tersld<1~m-qun'li1fdlr~mda<k. A mescla de pru,aJhes,ensinaréll'iiõ'sêll''s·aber;eemuitas,vezes-sequeMinhamcdepagar hebraico e aramaico que encontramos em dois livros da Bíblia sugere país erram..sens~eserav,es.13ntretftnt();i'-ao"3SSimilar..:~mat.seUfuitaBtos que, pelo menos entre os judeus, o aramaico era escrito para um público deuses,gregos;-c0lll!ellçôe5'literárilt"§;'ft5rmas-smisticas,,idéiaS'.ftloséfi-que não era mais internacional do que aquele capaz de ler hebraico. -,i:,9.s_ljlm~s.ooiais-;;c0locaram..-,,,.osbmesmos,~aossgI:i'gOS.,11l!l.ml ~<!~,"111~~.~~.'ttiliZ!!f.JH!~,8.?,_çQ,;u,muita,frJ;.qiJ.ência..Q.§JJ,!.\jtJJS s.iJ!!l!.Ç,ii,e1,,r:t,<;_(p,.9.ca,inigualável;;,umtõ"'ma1s'J)Orque'fizeramcda"Pfépria se grnwiiiJia.m.oi.!frigues.para,0,prop>to,oonsumo,maS-0-volume·de>suJ> 1/&gu&u~J;!).Salllt>Ulo"Jue,pooÍa.nl'alii!al"e-om,o . .g,rego .!\R<?L<:>.gJ~!!S.!kPmd!!ç.ão.em,,grego,indica,q.ue.,vJsa,v.am,os.le.itor.<:J;.gi;gl~ _,s •rruiswilil:.&§.id.él~~gasacom,,e.ltççpJllil~,JJf,\;,'J§i\o~(.embora~~ Não consigo ver qualquer intenção desse tipo nos Livros de Esdras e gr:i:gos,nunoa•tenhãm"ãêeitãdô"inteiramênte,G';fato)~,Nenhuma,o.u.t.ca."" de Daniel. ~Hngua..antigaceonseguiucfazei:dsso. Não erasimplesmente uma conse-

Achsenzeit, o tempo axial, é o desenvolvimento de várias civiliza- qüência da semelhança entre as lfnguas indo-européias, pois o celta, o ções em linhas paralelas. Caracteristicamente, o Achsenzeit não esul persa, o sânscrito e o páli também eram línguas indo-européias. ~Jl.e;~ centrado na Mesopotâmia e no Egito, duas civilizações que mantinham o'sécmlo,Ul;!!;,Go.<:xistira,um,helenismcr+trtino;:jamai&ídênti:eo,ao,grego, muito conta lo entre si e com a Pérsia, a Judéia e a Grécia. Mas a põréÍf:lj'ãín"ifül"sêp1ir.Wehlelb. Os homens que o criaram se tornaranrem Mesopotâmia : ? ~gilo ainda viviam em um mu~do que fora con~tru_íd.o d?i~ sé_cu!os o_s sen_J:ores do_°:u?do de fala grega .. P~IJ:Ois.,disso':'1 ·. (), ..{J/v1·~ no segundo milento sobre o poder da monarqma - a monarqma d1v1- :k, )lts.tmçao.entre-lrelen1snrc>'g,egõ'é'!'omanopermaneceu.vahdâ;-masna9,,,, 1,q""" j,>/,_,)

namente protegida da Mesopotâmia e a monarquia di;ina do _Egi:º· , ,Jv!r" , havia b~!:1;~\t~,pol(tica.,en~~~_,1\-JJ;,V.Olu~&rilitã,os,ilmi<ll1<e . r"""4.4-- e&. ! Não t!veram de enf:entar prot:5tos e reformas ~o meto d? pn~etro ~fel( . , ,~~iíi:itJJ1U!9illnlffie_...~ia!), ra helenístt a i:rv? ~J,l~I ç;i, , [ milêruo a.e. No Egito predommava u:11a morahdade do s~lenc10 e.a \,\o ~~v,t\\;v ,!'i!I!!JU>s,1;'':~clliflfní?~'!sffií', - ... ·- . .Jr, ·~.!'º~sa ..• çµ!l~ooa U-"''''t:", i Mesopotâmia - quer assíria, quer caldéia - parece ter se aplica. do maJS_j\/Ú'\; 1 :hf e ·~.,_ç;,\\J)l~ÇOOS!'ftntrgas. Desde a época de Ilia muitos fatores ! em conquistar os outros do que em criticar a si mesma, Os.homens.da \1"\t .f/' · contribuíram para a erosão da visão de mundo helenística, màs o homo i ~a,Judéia;-Jra.,4ndi':'.'~~!;:!!;~!õrm"ílfl1mºb~-~!.11'ª~s_'."S" d!'. Europaeus se m"?teve int':'.ectualment~ condicionad~ por seus ante-med1ante-suas·crft1ê1!s"à:·''<it'i!em trad1cwnal nao,se,comuméiltimfe"ila'O, l.t · passados belenisllcos. Owaogu)o Gréçrn Roma311de1a::aliíiliZbfã'.::lm ,çrfap@,._u;na,d,v,illzaçãe,inte.IDí!Sig_iwl,,Q,que.sc.o~~4Ql!idade,da çenJro e. é,pmJ,á~ça,no..-0entto,enquanto~anismo

i,ç!_a~~J!Í,S~~:;..1?,~'Ila,preporcionou,,>iJ;?tJlaç.ii.9r.in~J;IlªC(01í~l~às êO.!;J.Í.!!.!/!iLx~S.,~ligião..dp,,Qcidenti,..,A~~M~poJâmia.e o ,idê1as;-'embora rêc!uzrsse~fortemente;,o,,seu,1mpaeto"re-volu.Ç!.Qfil\!lº· Eg.Jt&sewantem·ma1s'Ol'.l'llltn0Stlnllea,erud1ça0<helenlsttca,o,reolocou

·· ÇowJ?.ª1:!!9ª4',~!Jl.P.O,~lal,precedente'/a"idad!»he~stic8"'>-""íl~il'f1 éomo.deten1Qie&.da.saber,hárbaJ:o,,,Aindac~~Jµgar,.,de.c<les1aqu~ ~. qg,~ç_cya<k,m,.. Até São Paulo entrar em cena, a atmosfera geral é de ~!!)~_J;<fü~,!!,ll~Ji;J!W.os;,e,eni,particular,aos,cartagineseSf'POI'

respeitabilidade. sUas instit.Ulçoes .e. côloniza.'"ª9,p.o.,que,os,gregos,se-recc0oh!;~ªJ1.es-.O qiie acenma a fisiooarnia singl!w;,.d;J....ci0.li.zàção.Jielcnísti~ ~Õim,~q'i;"e'1<;~llflenanuperfici!ilmente IQ\Wdas,,pela

p~l, especial,9u.~.dois J?,IPOS ~~~~l'U.9!i ;-~9Ji.J\19S\ll\,'l,Os:romanos . :~m~jj.9.J,.__ç~!iGll e repres_çn.tav.am-&omaior~terror--para-groges, e ~':'.l,".,_;~. ~ll;sem~c!a,JlâJudeus.,pç.rm<We,çg,Ml,~ rg!J.lanosj,foram'5tfiíplcsm1'll'te'ãeixados,fora.do.chorizonte--de"trlldicio-'c~':=~J1i~.2.~gw;i~J,,~~~,=~.,,"..,,R.1~,x_W'.s.Ae~yzy,;,;i;,e na! Wl!f~Rpsi<!~!llª! ç~ilil'Aõll· A ~age°: que da';'~~ deles ainda é.ª

.,;;rma,,1>m"'f><'l"'tllasi.,i!fo,.,,,ntanto,-~comparararn,~.91!!!!},IJJ!!1/-~suas de Pos1do010. Permite-se que Vercmgétonx, Boadtceta e alguns drm-i9,~~;.C,Q. !!1 .. '1!11,~..81;!;,g~e,ru:f;gand;_.:,tl.rs'rptóP,rias.s;i:!'}<§8"i" da~ l~mbrem aos,alunos da comunidade euro~éia que os ~eltas de fato aQ$.C:!!W',ll.!l0iJnU1twcôStl'.lífléíl· enoç ... lllJS"!si,p..t;.Q~i;.sso..,.,.c.poc º.~• extsuram na época dos romanos. O .conhçç1mcnJo roédto acerca da

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18 os limites da helenização os gregos e seus vizinhos ... 19

-~ ~homem,ínstroldo,a.tujlj.,n_ij,gJ_.sup;,rior.àquek,ase.i:..encon- ram crédito porque Demétrio Poliorcetes se referiu ao .. parentesco -tf.ád0-e~ntQtc;§,g!J'.g!)Ss&,mmanes. 6,té hoii,.J)ão..há..?brigação.em entre romanos e gregos" quando protestou em Roma contra os piratas <!!~25!!!1faU!o,tradicional.de,se--conhe:er--qualq~er·coisa-acerca.da ·L---·····. de Anzio - provavelmente após 295 a.e. (Estrabão 5.3.5, p. 232). &IJJgª'_porque•os-gfeg'l\§-'é'bs -romanos·nao ,conhecrn~ ·nada ou .. ~uase_,, .·i)'. f º" ,, · n,,mnte PS-_.!Jlas=V-.,!,Y"'a.G.,Ai.1s,.ç;,.racterlsticas,"<!ontrasllfntes ,n.a.AA,!!:rç's~tíôé;Õela'. O século XVIlI executou a ma10r operaçao de 10 o<v- smars::J1.m,,as,relaqões•entressRoma--e,0-,mundo,grogo. Ikmn.J~fü;,: resgate de civi.liza .. ções esquecidas que a humanidade já t~temunho?. j. w.· O'<'./§. f • rel~õe. §-..C .• PJ!J!.CtÇW.49y,.~JP,.!~.i,,dJµiJ1.ipJd9.{l.OiqUeJlOll,ll&men~ ?s chineses, os _indianos. ': ....• º .. s _ce.l!J!s.foram os. beneficrndos mais\ . ;/"f V'"'.1\ ... '. ,~§~r~,.·dm.que,no,sJ,.ç!!l<?:,M.J,. ~. . ·. ~~.lro_l)õ. :litanOS"petce. -l!Ilpqrtantes. Mas as consequenciassó fora_m sentidas por profe~o:es (., r' i . . ./ ~~Jl~!i.-J,/?,l!!,.Q.\J.!l!<i>ll1,9.a.çl.e.JJ;;,4i§Ui,n1;.1.,kmd1~~mta..Rmesmo universitários; filósofos, poetas e excêq_l;pcos . .A. cultura helerusi.ica _, · ··· / .os"lgregos.0Cidentaisr-cowex-0eçã&áe-Mru;s<tli"?lhes1>restmam multõ interferiu nos dese.11volvimentos paralelos d.,_cultu111§J!l~ivid1iai.s que '!)<>ll~Ç.ão. A tradição cronista tem.poucos.fatos.a.rel'!!J!!:;_ª1.i;um<L""" nos séculos anterior~ se haviam estendido dà; Chin~ à Gréc(ª· Ela Ç.Oll,!Jffilk'9~eteJ1i~,em-épocas,de,eseasse2:sç,l\oQ[çJ!'!.,ª,,Dç!fQ;!.~~ reconheceu e ao mesmo tempo limitou a importância do Egito, da 4estroiçãcFdêNeii:")lfuhM'm.,es,çi;itQt,.gI.<;go~xiJ.jQ.l!,,íl,ll,!l!J1Jt.·e.ll•nhum Mesopotâmia e sobretudo do Irã. Criou uma situação privilegiada ~e !ii;;totiadoi:.gr-ege,narrO\l"li'süll"hislória. })eoro1,m l.íldo, g de,:;ç~o~vi-estímulo e desafio· mútuos entre gregos e romanos e, numa área ma!S ~ociaL!l~Olllil<,.ll,separou,da-.Etrúritresa"assemelhoTuã~nma limitada, entre judeus e gregos. $:idadfügrega,,e.;foi.Jsso,qu&Heráclidessdo,P-ont0,reuonlreceu .

III

A situnçfio cspccin1 de Roma nesse triângulo é que merece n atcnç~o maior e virá em primeiro lugar em nossa consideração. Não ha".1ª desafio nas relações iniciais entre romanos e gregos. A Roma monat,._. q,ui,::_a...~,®,]ka,JnJl.1iêns::ia....d,.,,.,,,11urn-etrusca,.e.a,,culturn>e01rusca abs.óJ:Y..tJJ .. UJnaJ.™,qnanl!da~e,deµsos+gregos. _Çada.noMa.r.lesco­~rqueot~nfâti'tíi"O'S'"COnt~Tre11ls"';o!ll"·os

,.c.ln>SôOS<'n<>'séeuk,••Y.P. A revclnçiio mais recente é o estnbelec1mento grego em Graviscae, um dos portos de Caere, com o seu templo e a sua oferenda votiva grega de Sóstrato de Egina. Sabemos agora onde esse homerri enriqueceu: na Itália, e não em Tartesso, como fora erronea­mente deduzido a partir de Heródoto 4.152.

O exetnp~~.E.\'J,.!P.J,Li:;\li.~qR~.Jl,0\lI~}ml!~S.W4kmJ!Wls técruêãsê'iioç§"!l,!tl.9,/lJggJfis.!!.l!.si;!t.§~amente,um,Ycerdade1r-2;.çn_t~n-

,._. "'""---d- . ·1· - O trus aneeei:am mJsteru,-tliffi~~~~~~~R~~-'i'~l}~~J~U?fS~?~~.;,1,,;-,1;$cf''··''"·Ç,9§~.~-·- ,,,,~<--e-.~~~,,. ... -~.,,:-.:.

,;i1?.§'.;.'tfuiL\i~~gr.1,ggs.~=uma;,das,;.mmta~"razoes••pofo:<JUl\"'~Jnda~s~o ·· mi~t~5!_2.s.9,'LPªI!J,;:!!Q§, Se os remanes--t~ll~egmOO:~"efflna 'elrysCª,lfeiicJ.iQllSitlO'Ptífififffã'õ"tê'ri.,,ham~<!~ga-,-lçOlis}e/Jenis,já na metade do século IV a.e. (Plut. Ca'.n. ~2). A mes°:a idéia pooêlêr sido sugerida por füisJótelesquande,a.tJ:i!UW!.Ü!JJ,l,AAǪº d~~us.quo.,.,.olta,,.;;m~ói~ (Dionís. Hal. 1.72.3) .. As histórias a respeito de certo parentesco entre romanos e gregos obtive-

. - A orgarúzação centurial serviana - inspirada ou não pelo,mo,delo soloniano "."s quatro classes - fe':_ de Rom.• um_• cidadeE:á~: As Doze Tabuas - moldadas ou nao na legislaçao greg~~~~O,= )lt9l!),IJl,Jl,R_9.!ll!!JlJil.;l,!;Q1).SJilll!ÇÍiQ&!\Ç.!ill:.S~.oo,gt~,Ç.ãO qa,,p/eb..,,ç,JLSJJJblll'O!lFossi.v,i,par41olpaçãe,no,,g011em<>"}>•r-eeem,nã0-ter P.a!'Ald9.J!!kªnÍ!:ͪ,,IDJl.§.,,SJo.h.sj!msg~CQID~Q;;Ú'ec11M>,.\l!l'~!!ll9,S

.gLe.&Q.~,~º~~ue .. é .igi/~,}.l,!PQtl!\llte;,,a;,,p/ebs>roma.11a,,p.arece,,tel!,:se ~cssa.d~jii;çlÕfiifoiífu:peln'féliíj'lltõ"e"pê'lô~'i"p'rêêeltos,morals.;gre"'ffi ~&911.s Ç).temp!Q,/J&,Geres,,,J;iem~-:_queJ:oicJ.!l~.!!gw;ado,.ellh4!!l,,ª.C. e,r:;!c.censiderado,um4,.êJlJmí.rJ2,P!e!ltu,,.-~fQ.i,g~~*1~tW~~,&~Jl.PS ~\\sl!JJl\l,~.!!,!,~!M2!J-ª.lle!lI&là!! (Plln. N.H. 35.154; Cíc. Pro BaJbo 55). AJ»;,.tillli.ç.ªº"dQÀlPJlSelhp,misto,patdoio,plehellidetilfvirbs11i!rf§ftldun­~&:l",4\\l,\fililij~!al,p_a~dade,;das,,dua5'!>1ltsses,nas>fois.,de,l,idmo <>$6,ctio;dM'º't,J!,11,,,2li,!l.tt!ll91-9.~Jl.O.~.Q~,~J!JoJinham-presOíhiV'elmente -~~1100ldt7gfe!l{f'S'tf,tffihílni"dé'êõll'§ültãf-$'livroS'sibilinos. PQLflnl,.A..çigioso,.que..o~p.ti~,ffi&l1~.'fil.~;.iS9~-.9JS!!,q.tnás­t~j"romana--pertençl!!!La..doi&•cõnsules,;plclwis.;;,,Q~'ellJ..if!lil9;,, C~fEi~!l1~~'~11\l,&.:,8ti~~,l;l;.9!liJJ~.§,gpl!ys.,;Ç,!?!l§IÍ ,em•304,a,.O. Se~!gg,çJ!Q,Jl!JLRQmª,,p_or,Y~olJM!e~3S,,il.o,c.ultg,g_rng5),?"fü)&\R,~

~~~~~~~~!~f,i~~~~J~,~~~t?':*~~~~d~~~~~~ lli'·~:rr·_:._. CV

os gregos segundo nonnas diplomáticas adequadas quando se envol­veu com eles durante a conquista da Itália meridional nas últimas décadas do século IV. Por volta de 333, Roma fez uma espécie de tratado com Alexandre, o Molosso, durante a sua campanha italiana;

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20 os limites da helenização

o súbito desaparecimento de AJexandre retirou do acontecimento a sua importância potencial. Sete anos depois, Nápoles se tornou aliada do aequo iure de Roma. Significativamente, foi a um cônsul de sobreno­me grego, Q. Publilius Philo, que foi confiada a ofensiva na Campânia que levou a esse pacto em 326.

~orna, não a Grécia, preparou as condições qué iriam tornar as rclaÇõcs entre ambas um caso tão singular. Os gregos não forarn alén1 daquele mínimo de atenção que a sua posição exigia. Observaram o saque de Roma pelos gauleses, porq11e Massalia não podia negligetfdar um tal movimentq;:.da't;Q!'.)'jfüliiç~.es...cél!iç.a;;,..e.~porqg_<;.JJ§.,,Íl!Yas.o;:.es cons.tituíam••um·pêrigo·também;para.a,Magna,Gooa, além de serem utilizados por Dionísio I como mercenários. ~l,t.~m àooiüa~egos,.J.el!l;l.tam>aprendeM»língu8fcaceital:i\111<.<!~l.\@S.gléi;,,,,

..gg:;,e.u:fonnula,am•acsua.<;QQ§!i,\filxi,9~&M,~~Jm.!1\í!,Ç~q11,1,,;tJgyns ~~ÇJJ-~ ... ,f,\1,\W,4'~f!llll!ll.~!lJesô/1s~s.uas,,~p,r,ifü,,~onstit.,;i­'ÇQ!,l,,Jllo 'fiftã1"õô'sêêúltl'·rv;-'ôs''atistõêráticos.,FábiO's;"'<i1Jê"atbentão tiIM1~W,.,§,~{i&,.:J:,~SQ1.W.epi<,\oss,como,,especialistas:,em,,Jí;igl)~~-!\\!11SQa1,e as51J~!?.S,,el)1Uscosr•resolveram·,,se:·.voltar•para:•a•·língua•,ecallm"gi'CgãS' e para,,0c,.q.ip!gmaeiuno,munfl%!:!\ll.~llico. O que levou C. Fábio Pictor a pintar o templo de Salus em 302 a.e. - "sordidum studium" (Val. Máx. 8.14.16) - ainda é motivo de conjeturas. Mas em 273 dois dos três embaixadores junto a Ptolomeu Filadelfo eram Fábics (Vai. Máx. 4.3.9).

..Q~os..aão-reagHam-oa.melbor,JJãpJ'oi;am,além,àa,superfíele,, ~roman~,!16-;§,<i,,!!!i.1l'lf!'l)l_,c!,{!!!!1.~A~rl!!.ll&,.!JA~ncia,,de.pcimeira ~.JJ!.ta os e~é~&.egos de Pirro em_ camgQ,A\x;J;t~·· ~ ..

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,PtgJgmeus,:,pQt,~.ecrnm,os"v1zinhos,dos,eartàg'üíeses:equa,er.i:m.aha os• dt:s. ro~8..!/,QJ{J/?lJ\/A,fllhP~imeirps."rei&rh"leJ1ístille&"""'tental'sse.,to.rnar JlJÂÍgó\ialà.~ô""'<e"ÍnesJl<l'ra~têneia,,Jm,l~.!!: .. &!~r[ador j,ciliano 'em...29wcresidenteoemPAteliiiS;'foi,o.prj .. me,iJg,,;1.rxWtiL!mJljg~,jfilo~ -ç§,1;s sobre·opassadQàO,So,rcornallOS', Ele não foi o primeiro a se interessar

,,-'por Roma - Teofrasto, com certeza, e talvez Cálias de Siracusa o antecederam. Hierônimo de Cárdia, contemporâneo seu, fez uma di­gressão sobre Roma em sua história dos diádocos. 1'li!,gyém mais, porém - ao que saibamos - dett-tantll' ãténçao e flurt&esp~;:;;:;'R-emã' <J.Jl-ªJJJo>Efime1;,;Jl.J.Wl..$J!L~~ente. Ele tinha uma data própria para a fundação de Roma, colheu informações diretas sobre os penates de Lavlnio, descreveu o ritual do cavalo de outuhro no Campo de Marte, atribuiu a Sérvio Túlio a adoção da cunhagem etc. Obvia­mente, ele dispunha de um relato mínucioso sobre as origens de Roma. Após ler algumas coisas de Timeu, não vejo motivo para duvidar de

os gregds e seus vizinhos ... 21

que Licofrão escreveu Alexandra por volta de 1-70 a.e. Se for assim, as linhas 1.226-31 devem ser interpretadas como um reconhecimento da nova situação mediante uma fórmula tradicional: agora, Roma domina a terra e o mar. Mas se alguém se recusa a acreditar que por volta de 270 a.C. Licofrão podia dizer a respeito dos romanos: "E depois disso a fama da raça dos meus antepassados será exaltada ao máximo pelos seus descendentes que com as suas lanças conquistarão a primeira coroa da glória, obtendo o cetro e a monarquia ela terra e do mar", não discutiremos sobre a data de Alexandra. Já se escreveu bastante sobre isso. Há outras indicações de que os gregos começaram a perceber as peculiaridades da vida social romana e do comportamen­to romano em questões internacionais. Na verdade, o famoso conjunto de valores romanos - jides, constantia, severitas, gravitas, dignitas, a11ctoritas etc. etc. - foi descoberto pela primeira vez durante a Pri­meira Guerra Mundial por professores alemães e ajudou os seus alunos a marcar passo enquanto Hitler estava resolvendo o que fazer com os clássicos. M..l!§JllgunaaspooteswllH!nos-earaeteristioosforan..realmen~ te ªRte,:i•d9§. 11<:los gct&ges41o.sécuJo.JlLa.G,, . _ .- lyi_des r2Jw,na cheg-0u às moedas da Lócricla aproximadamente em 274 a.e, (B. V. Head, iilsiôr?ã"Níímõrnm';-I04);a dévôtii:i de Déêío etEJ,i::ntino.)!parentem(ê;ite atraiu a Atenção do historiador éõnlêiffpô­râneo Duris (76 F 56 Jacoby);'lí'repieéiisãoêxêmplafdé uma matrona romana a seu filho foi relatada por Calímaco em Aetia (fr. 107 Pfeif­fer). Eratóstenes admirava o sistema polftico romano e o cartaginês (Estrabão 1.4.9). Aristos de Salamis, em Chipre, que provavelmente viveu na metade do século III a.C., é citado por Arriano (7.15.5) como tendo sido um dois historiadores que não só se referiu a urna embaixada dos romanos junto a Alexandre Magno, como também fez Alexandre

..• ,-profetizar-a.futura,grandeza·de·Roma; de tão impressionádõquelíêoÜ pelos emissários. Infelizmente, o·texto de Arriano é ambíguo acerca da autoria da profecia. No final do século, Filipe V da Macedônia apresentou a política romana relativa à cidadania como um modelo aos relutantes habitantes de Larissa (Sy/1.3 543). Esses são exemplos.repi0

· sag~, mas,demonstràm·que ·õi:rgregos,-ainda,quev'ãgamê!Ite-;-estavam

.!!~i,!l,1ltil!!~l'..l/,l.Jl.Omll..~!g_2,,,!\\!.~não.pesstflã'm. E agradável pensar nos Fábios aprendendo grego, ao mesmo tempo

que os gregos admiravam afides romana. Mas talvez devamos dar mais atenção a outro fato. Crperíodo>.decisiv<>,.tla assiajl,a9iiQ<da..:ullura .grega em J}gmaA-o.das,prlmeiras,,duas~.Jl:!l~to lu'.!',ª11}, c.~~J;.~J;,,..l®;m.,~~~~g!t~.J;~gmQmÇllll ~

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22 os limites da helerúzação

c.2§tumc;,:;~glllu:cl.m.en!os.~gos..c0m,J11pid~l.s!)J:J,§,g:JH1<,,l;íª,o,.}l\J,We ~,;.irut.nto..corresponàentli'n·ó,interesse'gr15gô':potR,om~.,,PQ\!f;Jl-'?.J!~

,.perceberum0 declínio'lle0a1en·çã0'para,com•,as,pecpli;i:ri00,,l.eM,Q.ffl!l,S, Agora que os venceclcn:.e.s de ,Pirro ,estavam envolvidos num conflito aparentemente infindável com Cartago, os romanos pareciam se retirar do horizonte dos intelectuais gregos. Entre as sutis observações do periodo de aproximadamente 270-240 a.C. e a adulação de poemas como o de Melinno - que, embora sem data, se coloca naturalmente no inicio do século II - temos de reconhecer um intervalo. l\'.!~.t 2".Q:100 a,~,:~ent0<os'l>nOS'em,que;,(!,$J;W,P,<fü1,,a.tragédia, a c,ow!)dia.s,,~oogJ,~~.gu,_gw;§.M,QL!!ªra~,P,/l<~.J>.,_~r !1'fil.\\!19.~1le..os-,,r0man0s-se-lança,amJ,!)UJçji.w:._t;fa-'d<>'li~ c\llllJ!ll,Ae,u!ifil'Ifá'çào'>estrangeira,eJ<,<úamente,quartdÕ"e'Stávãil1"envol""' vJc;!9§.;!'J)},gl)tnas,e:iJt.n!!wtes,qpm,ou.t.raenaçiio,estrangeira,·contill\Hhll

·•·srr um d.<;;;S~~JlJ$~1l!llil\S.Jl3.ÇQÇ,!j,,ÇJTu,S.Uas,.JJ9rn,;;_w1;is Jg.çscrutáV~iS'W~.WM~. S\1tfkÇY.X~-?~,~S9.~~tJ\S!~R,ID...~8AÍ~~ ,~ias,gri;,g,!;wu,helenizadas~~~çµi~\\;:t\AAª~ª ~Jll!,para.~111~,,~{a.s,esS!!,,.eX.ll\Í$J!;Çl!f'sl!,ií.R'"'4$,llficiente,;"""6i,in11-lJ!Ção,da·,JíngüáFdõs1*ôsltimês'Se"ctenças,,1ireg~dls.tillguJ'llílkmla

0 criação.de-umg4iu,ratuNf.rlá'êl<lna1'q\le';é!imidllâ'll'l:ilnlít{lãt>'à0iroQqJ;,los a!.!J,çls.s.,J11Umedialámen1tM>rigi1w.l,e<'l-lll.OCOnfiante,esrgre1;§i'va. Dificil­mente poderia haver um par de personalidades mais irreprimível do·, q11e . .Névio.e,Gatão(OS'Criadores,respectivamente,da·•epopç.jª_.g~$Íl,l/1)!l e,drama,romanos e,da,prosa,Hterária ·latina. ~~1ª.çi,Q;!,iÇ,/i[!.\,füJ2t~W,!?­em,latim•env01Ve6"1i'dmens<éllja4íngua"nativ1!.&t1í;s.em,.À!Í)!.td~,9,,L~.tlln ou. proy~vel111SJ1.!k,[email protected],m~JÍ!)g!,!g,À~Í)!i,g,Andr-011l~q,eFa o ,gfii_fü:&mf°J:ala;,;;,m;,~Q;J)/J\~!),,Ç,9!!f9,$;l;\l,C&\J!,{?.êWOvP.I;O;\aVeboonte ta1!.'.!1mJaJ.aY.M>ScÓ,quando,cEian.ça;,.PJauto,de,v,e.,tei.sido.e4uça~

,,IÍmbdo,-,e,,'Fer.ên~i.9,.AYld_"1]temento,começeu,_Ç,9IP,P,,PJÍJJ.Í,CÓ, .Q"ÇJ?,!Jl$;,, dió,_~~!ÍSÍ,o""Q:.cíli°"'era"'fa[?,gJ~d,;,.ceJ.ta..,p.!:>x~llaSiLU})$.\U~ID ~,'!1lcrp.J!a,J!ália,.setentriona,J (São Jerônimo, Chron. a. 1838, p. 138 Helm), e...apaFentetí'fe'fITê'õ"primêirO'cescri1or.,,g1;Jild9,!Wl\,Jl.~ª

'cidade de Milão. Eu seria mais cauteloso quanto a M. Pacúvio, o ttagediógrafo, parente de ílnio. Originava-se de Brundisium, o local onde foi encontrada a mais famosa inscrição messápia (Whatmough n• 4 74 ), mas em 244 a.C. Brundisium se tornou colônia latina e manteve ligações duradouras com a Tarentum grega, para a qual Pacúvio pdr fim se retirou. Ele pode ter falado apenas grego e latim. ~.a.risleefíltlf$'f6ml!ni:& ·ê'!!é~i1'ê'Jtb-lF'erír'tllmis

~~!c~s ou en_; di1s.c2.~

6~~-~l'.-O,IIlallos,;tinham

os gregos e seus vizinhos ... 23

UQJa antiga trn,diçiig À~!ll.xer.crônicas-,que>se'mantev~nas.mãQ§Jle .!lQnlífices.:,u;jstQcJ:á.Uçw;,;,Somente.111mitistócrata"romilllo'"'•tal.;.,;~ele P.JÓ~~,.!~ft,~fce:-,=om0,Eábi9~!9,p.2cp11~guiu~~~,,&~a

,~d1_çao:e~torMr ã'""vetsliobnativã~tlac,histórilf~JWtéessívek-ao r_u,blic.0'111Strúldo"<im<geral1'=motestav-1'azendo.os,,habitantes,de ~crevend&'hísi'/Sriã"'~. gregÔ"'-&<Fábioolli11tQt,1 · l..,nl • J.:, • • 'i"'

~!!l;.J..QllJ>~"';"".'W.l'!.!l&,~,,ª9ma.,_,!)!ilo.,dev.e.,.i1Ps.;Ji.l!!!/~.!!l!t.M\!!;,,;' ,li!J?-bé.mJ!:!!llª""~lizado~fontêS"'gregas•guando.,elas,ç;;!!'y.JU11.J],L~vgní­vetsrtal,como . .D1ocJes· de Peparethus acerca de-Rômulo (Plut. Rom. 3 .80):'J,~zer-sàis<cursos,.públ_icos.:,em"•grego -· era .. mais,·temerário .•• Há

j~~icaçõesd~ que os roiíiãnos fizeram papel rid!culo diante de platéias ,11regas_~runentadas. Em 282 a.e., o grego deficiente de L. Postu-. riiius .. Megell~ desper~ú hilaridade em Tarentum ~ contribuiu para a guerra subseqüente (D10n. Hal. 19 .5; Apian. Samn. 7). Mas lentamente surgiu uma ?ifereqçª_capital entreromanos e•gregos. Flam!nio (PluL Fiam. 6),.P~L?~Gracos (C!c.Brutus 20.79), e Lutatius Catulus (C!c. pe orat. 2.7?8)~~r~f~~e.Q modelo.de procônsul llltolerável e mfehz, P. Lil:'íiiio Crasso DivesMúéiano cônsul em 131

"}ooifreplicar aos peticionários gregos em cinco di;letos diferente; (Yal. ~áx. 8:7.6;.Q~int. Inst. Orar. 1L2.50). e'!!Jia ao IOQ!._ano rçso!yer ~~~~la ª .. ~~ .. p.:ubl~~2~~~.,çi~~ru,W},l?J;!;Ji~t!!&(l~Ç)JJ§ejà_,tçpm,pÚ >%'~-~~-Jilliil10 f,mlc,_ conseguia passar habilmente de uma l!ngua para a outra (Lív. 45.8.8; 29.3). Sómente no caso de Calão podemos suspeitar de que ele não tinha alternativa senão falar em lati~, embora ·Plutarco--esteja-convençig,o __ <k ... .9.~_e, se desejasse, ele p~ado.em0 grego~lut Cal. 12), · . -----

Q§..gtegos-,'f)CloaquesseÍl'flunca>th,er,am;e:l;l,101ha,,S.á,pooiamifalar,aos -~118~m_;;~/M?;!'ll?f/IBÍ!ti!\QSJ10manos.'<1eéidmse,queriam,,inrérp'rete

"'Olkgj~~es-supet"-que'em-280. a.G;;;,Çigea.§~.4iâfe~rego nç Sena.tv.mm=,eJ'oi-.trru!.Y.zl<!o.p.9i:,,l!lJJ11ll.~J:P):llle (Plut. Pyr;( 18).

~~lérprete,,,é"'6Speciticamente.Jn,encionad~ m1ssa.Q~J!:§~Jilp~9.fq:;.;c~!ll,PQme.di,,,{\Jel\~,:,gjl!!,4-WretC'llti!"Urtnlos­ssnac;lotes.,~9Jlrn~.(ê>,ul. Gel!. N.A. 6.14.9; Macr. Sat 1.5.16).,Na,,;_ época .. deSula,,A.polôui&Mólon.f~ioo,na~senadQ,J:omano.sen{ attXffiô"'llê"ffitétpret<>tJ+aL Máx. 2.2.3). " .

Com ess:' tranqüila assimilação da cultura grega, não havia dificul­dade °':P:ctal para ado~ar uma família com ascendência grega em competiçao com as famlltas troianas mais bem estabelecidas. No fmal

· d~ século m a.e., a tradição de um povoamento arcadiano no Lácio foi aceita por Fábio Pictor (fr. l Peter). S~ll2~-que.,EtAAs!J:R,~~"

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24 os limites da helenização

difundido no Láçio um dialeto gregQ.._que,.devidament.e.o!llt~1,1.J!Q,~~ D,:l*§ÍRfmeM,~ (Varrão fr. 295 Funaioli; ~i?n. HaL L90J). Os. s.abinQs~.1'-l<e!\S,~@le)AAf,'sf.11'Jt,misteros•lacedemon10Srlllodernes,.Bles adquiriram-ascendência;espartaruL(Dion. Hal. 2.49; Plut. Num. 1.1). Segundo Sérvio,. ip_sgaCalão contou. a -história de.que,Q.lacp!],Í_Q,1;a.1]_1J.ê, um ÇS>l).~PLãíie.oAekl<;,w;l!9~;,-\!l.\gr~~.P,í\fll8,Ji~J.iJ,fr, 51-2 P.). Os sabinos Cláudios se tornaram-naturalmente os patronos de.seus par~­tes espartanos (SueCTib. 6.2; cf. Dio. 54.7.2; Sílio Itálico 8.412)'. Qs""

··Fábios,-replic,íí;~t;at1ndicàiído'descendêneia.deoHé,cules. O mais antigo testemunho que conheço da devoção especial dos Fábios por Hércules remonta a Fábio Cunctator na segunda guerra púnica (Pl!n. N. H. 34.40). É praticamente certo que Friedrich Muenzer estava equi­vocado ao considerar a lenda herculana dos Fábios uma invenção de um arqueólogo augustano (P. -W., s.v. Fabii). É verdade, no entanto, que em geral os aristocratas romanos eram cautelosos quanto a origens divinas. ,·~P.ll§§!lÀOS~greg'ós''óii"'ttoiários•i:já.ceram,s-sufidentes<pam SJ!~l~tar as suas reivjndicaç.Qes.de.pajrr .

.. 'f..~claro,,que,.,não.-tenho,dntençãoo,de"SUgerir:0 qu-e•~SSá'"'teVôlução intelectJJ11.l

09.,1lll.JJ,!i,çjJm;µen\,,,polltic.a·,avançou•sem"transtomos. Em· ...

-+73 ou em 154 a.C. filósofos epicuristas,JQt;\!fl,A\ll'J,L~OS de Roma (Aten. 12.547a). Em-U>l-houve..u·m.senatus-..consultum"proihin4,Q a rc.sidência"em,.,Roma.a~filósefos..,e<l'.J}\Qr)i:_q:; (Suetôn. De gramm. et rhetor. 25 Brugnoli; cf. Aul. Gél. N.A. 15.11.1). As atitudes contradi­tórias de Calão não necessitam de outras explanações. ç;alão pmvax..el­~te...conhecia~melhor.,,dQ.ll!!~qualqneMle&;seus,oohtemporâneps l~oda,,helenlstica,bis\oriográfica,-,agJ:(çpJa,(:,Jll.ili~Me._.

!ml):.ega_y.a..a.uma.fúi;i<1,§i.!JE.!!Jl.d~.P!.l.t!;~J?.M§.S!Í!QLt;iUU):.~~ ... s9bn;!~do c ... ~!J!D.lJ2~tutdi®~tegos~-.,~Hurarunt inter SC-bãrbãr°:> nccnre om?es róe<licina" (Plín. N.H. 29.14). Uma geração antes, Névto fora reduzido

. ao silêncio após um conflito' com o aristocrata Metelo. Ele foi a principio aprisionado e depois obrigado a deixar Roma; diz-se que morreu na cidade púnica de Utica, local singular para um intelectual romano em desgraça ir (São Jerônimo, Chron. a. 1816, p. 135 Helm). Os pormenores são incertos demais para qualquer discussão proveito­sa, mas o significado do episódio é que, por volta de 200 a.e:,~

• . . b 'b'l'dad d . trod • ~qntor~"'r(}_~!mf>..,f:!'~i!!P!i~~.9, .. ,..~J~.~"V\~!:iAA~!.,,:,!JL:""1&.t~"'~~01,Y;l .. . uar ,0,\l!!M;J.l.Q!Â~i,!!':JiR~t<!iidií'ldei!pali!liQ!f~~~c!g~ç,lll9'Y (Cl:. Ve rr.

Actio prima, 1.10.29 e Ps. -Asconius ad. 1. p. 215 Stangl),.,Q§,J!!.!.eJ.<li',,, .~~gr.egos,e''romáiiôs-1iveramc;de:-.apre_1J,der,,,c1i~~,§;1m,~,lkf~~\ell\m~ çãg_, su_\)~.!.l~Jl..dl~.,J:.CSP!<i_tQ,,p~!\bRfdt;J;!!,.,,J!.!?"'2!n!,~1e,;-A,.wa.19na.,d_os -~_::;::;\6,-!:;.:"..,.,_-., •. + • • -· '"~-""0."'11_.';'~~~Wf:~

os gregos e seus vizinhos. .. 25

.c;§&Q!P,~§SJ<fftJje.i.tou.e.foirecompensada .. LiY,!9Andrônico,.e>;::ǧÇf"VO grego, àlcançou respeitabilidade e influência; foi-lhe permitido ter o seu próprio "collegium''., um privilégio cobiçado (Festo p. 333 M .. -446 L.). :Ênio foi levado da Sardenha para Roma por Calão: uma ; informação (C~rn. Nep. Cato 1.4) que não me parece ter sido Ú,validada pelo professor B. Badian (Ennius, Fondation Hardt En­tretiens XVII, p. 155-6, 1972). Cícero descreveu :Ênio como amigo dos Cipiões (Cic. Pro Arch. 9.22) e dos Fúlvios Nobiliores (Tusc. Disp. 1.3; Brutus 79). Terêncio desfrutava do convívio de Cipião Emiliano e C. Lélio. Pelos prólogos de Heautontimorumenos e Adelphoe, ficamõ~ sabendo que os seus rivais tentaram desacredi­tá-lo por isso. Réí"ém ení Roma desde 167, Pollbio entrou natural­mente para o mesmo círculo em condições de clientela semelhantes.

Vis!{l,Ç,Q.W!Ul.!llJPP9,.Jl..aSSimilaçã<Mla culn_ira,e;da,língulf'.greg,,s,f0i . w.1G-r-ápl!Ja. &>s,,fttósofoS'.,e»retóricoo'"Jí'reg'âs~"'1ol:nímlffi"par1é"'w row~,i.,,~.9Wí),E!J! ~)_,bÇ.,,~ll@?RJ!.lg~m.t,entava,instalar,uma'"' esco1ª.,de.e1oqüênciaem,la!.!m.,;s:Jl!!,[email protected].Ç.!Hlf~".,P)\t:a,.atender,alguma liill,!lll!.sPOPUlari.s,,,,-.,.,os....!:[email protected]"A;;,.,épç,<;a,.se,mostraw,m.,Xim!".IA.~Je ,22\l,4:~tl~~..;iç~dec);g,l!Yam•,favorcdare.tórica.grega&.!'llll!J:11,~_ll\_tJµa (Suet. De gramm. et rhetor. 25; Cfc. De orar. 3.14.93). Como se poderia esperar, os professores de eloqüência latina também logo se tornaram respeitáveis. Mas Cícero contou a um de seus corresponden­tes que fora dissuadido pelos 111ais velhos e superiores de freqüentar tal escola: "continebar autem doctissimorum hominum autoritate" (Suet. De rhetor. 26). Q.Jlr,\;,&g,J!!,.,t9!:\MW,JWI.JÍ,f~\\<-C.Rll)..J).Ulsózlo

dJ..Jll'.ll..,l\;.,S!!~.ten@ç»'.g~(l,01i.mpérlo,.·10m,mo.,,

. Nu~g9.JtçJJ<.!!1.QêAetem!~t\L~!.l&~,l!.\fl1'5.~~2"-~J!/l.Rf)Jj,afüw0

ri~..à.1l!?,;;J;§J4;,,l,rnp.l(cJ.!R.1.lǧSA>,!Oif2r,2c,,§_i,)J.,E~.9/i,,:,'lR~i:!9.Bll!J!:~;'~~:ª a ~nder.a,:;e,.exp,tjmi!',,e,pe.l1$!1!,&Pk•gtego:)fe111. podemos>fazer m~ts cf .~.9A!lSA>.!li};\utilJ,eyg,bre.as conseqüênc~"': .do de,;çoll)Jç.s!ffi~J,!.l<!,,il,e:>,!'l.t•m j?r .Pi;t~j,~i~gQS, Gaetano Salvemm1 c?s~mava ~firmar que Mus-

''sõlmlll'êãbou em desgraça porque sempre d!Zla Ja a Hitler no momento errado. Vaidoso, Mussolini não queria admitir que o seu alemão era insuficiente para uma conversa diplomática. 0;.gr,egos .. pelo.m.ep_QS,!1Íͺ tentara!ll,.o.cu!tar,ocseu•déscóriliê'Cimé'niô.,,_dó'latim,Mas,será,que~e},l;Jl

~~;;;ndexam,inteiramente'como•era0temívekessa,nação;que,,c_onse>" g'U[ll';"pçrsu;;:.Íirlfolfüf'as'iclli"'Niãg'ifã"Gft!Eíli~"'câ"llipãlíi'íi;-úõitrr.We-""Kfrlêli' a Útliizar,o.seu.,conhecimentodo,grego,para,a,eriação1delíiína"literãtil'i'ã"

.~:;~~~~=~;=~=:;=~

Page 12: Momigliano   limites helenização

26 os limites da he/enizaçáo

,tanto~,fizcram),,mns,para.'e'í.:itêfídêfã:s'êôiíqüistlis'romaf!.aS,,Na·,próximá conferência,,c.ll;Il<lll<lS.cde·',O:os'"pêrgúnilff''êm•·que,;medida«!,15',S,,Jqram !Jw,.s.ucedidos•êõil'haõ<pouco>Jatittr>à,sua,disposi~ão;.Q.zgrego.ecom­pulsório;,todos,·nós;concordam<lS,,.,;jndispensávelà·mai:>Uifoção,d.eJI1Tu< Í!Jll)écio mas oJatlln,compulsótfoé-necessári<>·pàta>salvaf'â'lgíl'éii';Vd'e .!lmJmpério'l'

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2 Políbio e Posidônio

Ouantas lágrimas estão subentendidas na simples palavra grega edJtnien, .. ele chorou"? Pode-se confiar nos eruditos versados nos clássicos para responder a tais perguntas. A ocorrência é famosa, os protagonistas são ilustres. Cipião Emiliano chorando por Cartago em chamas, Políbio convenientemente presente e pronto a obter a resposta certa: "Voltando-se em seguida para mim e agarrando a minha mão, Cipião disse - Um momento glorioso, Políbio, mas tenho um terrível pressentimento de que um dia a mesma sentença será proferida contra o meu país" (38.21.1). O texto mutilado da passagem de Polfbio nos foi transmitido por Excerpta de sententiis e a palavra-chave edákruen, "ele chorou", tem .de ser suprida com base em Diodoro (32.24) com a corroboração de Apiano, Punica 132 - sabe-se que eles utilizaram Políbio direta ou indiretamente. O complemento parece estar correto. Cipião chorou de fato e portanto os eruditos versados nos clássicos têm o direito de perguntar quantas lágrimas ele derramou. Como observa o Professor A. E.: Astin em seu livro muito valioso sobre Cipião Emiliano (1967): "Por edákrnen Diodoro (Pollbio) não tem necessa­riamente d.e querer dizer que Cipião derramou uma torrente de lágri­mas, que ele realmente chorou. Também é possível imaginar olhos úmidos, com uma ou duas lágrimas -escorrendo em cada face, e isso seria muito mais compatível com o elogio de Pollbio ao comportamen­to de Cipião, o de 'um grande e perfeito'homem, em suma um homem digno d.e ser lembrado' "(p. 285).

Se os eruditos versados nos clássicos têm o direito de contar lágri­mas, não deviam porém permitir que preconceitos colegiais perturbas­sem a sua apreciação histórica. Polfüio estava preparado para aceitar muitas e muitas lágrimas de seu ilustre amigo e protetor. Ele registrara

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28 os limites da heleniz.ar;ão

com calorosa aprovação aslágrimas de Antioco III quando o rebelde Aqueu lhe foi trazido "de mãos e pés atados" (8.20.9). Ele n.ar:r:a as lágrjmas.de-Gipião0Màiór'iro~~vaJiar-,as humilhações.a. que.M_<lainas 11_obres estavamsúbmetidas após ele.tomarCar:thago Nova ( 10.18.13). Í'olilíió não inventou essas situações. É praticamente certo que foi de uma fonte romana - uma carta autobiográfica de Cipião Nasica - que Plutarco extraiu a sua descrição de Emllio Paulo, pai de.Cipião Emi­liano,'.a" n,ceber.o.rei Í'erseu corno prisio~eiro: ~Emílio viu nele um grande homem cuja queda se devia ao ressentimento dos deuses e à sua própria má sorte, e se ergueu e foi ao seu encontro, acompanhado pelos amigos e com lágrimas nos olhos" (Aem · Paul. 26.5:6). No relato de Plutarco e portanto (segundo creio) de Cipião Nasica, foi um ensejo para Emílio Paulo se entregar a um discurso sobre a Fortuna. É irrelevante determinar se os generais romanos aprenderam a chorar com os seus equivalentes helenísticos no mesmo momento em que aprenderam com eles a escrever cartas autobiográficas acerca de suas vitórias. Os rotnanos não tiveram de esperar que os gregos descobris­sem que eles eram mortais. Em seu triunfo, o general vitorioso devia ser acompanhado por um escravo que lhe repetisse a intervalos conve­nientes: "Respice post te, hominem te memento" (fertul. Apol. 33.4; Arr. Diss. 3.24.85; Zoo. 7.21.9) - embora isso também possa ser discutivelmente umà intromissão helenística em um ritual romano.

O que importa é qu9 em Rom~ Polfbio encontrou pessoas que não diferiam dos gregos instruídos em interesses, idéias e reações emocio­nais. Pelo menos alguns dos principais romanos sentiam e se compor­tavam de uma forma que lhe parecia perfeitamente compreensível e notavelmente sensata. Segundo o seu próprio relato, assim que foi levado para Roma em 167 a.e. como refém, se tornou amigo dos dois filhos sobreviventes de Emllio iPaulo ao compartilhar alguns livros com eles. Tinha, então, cerca d:e trinta e cinco anos e o mais novo

. desses filhos, que ao ser adotado na gens Cornelia se tornara Públio Cornélia Cipião Emiliano, o futuro destruidor de Cartago, tinha cerca de dezoito anos. Quando Polfbio e Cipião se acharam sozinhos nas imediações do Fórum (Polfbio continua a nos contar), Cipião, • 'coran­do ligeiramente, se dirigiu a ele de modo tranqUilo e amável: - Pol!bio, já que somos dois, ix>r que você constantemente conversa com o meu irmão e lhe dirige todas as perguntas e explicações, mas me ignora? (31.23.8-9). Seguiu-se um entendimento de fato, depois do que Cipião, ''segurando a mão direita de Polfbio nas suas e apertando-a calorosa­mente, disse: - Quisera poder ver o dia em que você,julgando que nada

Políbio e Posidônio 29

tem importância maior, dedicasse a sua atenção a mim e unisse a sua vida à minha"(31.24). É óbviç_qurJ>olfbioqc:,~angidamente trans­formou esse encontro em uní-episQ!!io soêrátiêô, e Paul Friedlãnder se recordou da cena de abertura de "Griiâler·Adibiades" (Am. Journ. Phil. 66, p. 337-51, 1945 - Plato I, 322-32, 1958). O titulo do seu artigo - Sócrates entra em Roma - sem dúvida se justifica numa base mais ampla. Um século mais tarde, Cícero atribuiu a Cipião Emiliano e seus amigos a divulgação em Roma da doutrina de Sócrates. Como

· ele afirma em De republica (3.5): "Cipião e seus amigos acrescenta­ram ao uso nativo de nossos antepassados a doutrina de Sócrates vinda do exterior." ·

Pol!hio-podia-não ter escrito a sua história como escreveu se não .. t~1J.C.Q.1Jtrado ~~a uma aris;ocrtciaque i,le podia __ c~mpreen,

~er...iri_sti!!!!'{.aJlle.pt!',PºisJ!.q~pai;tilh~ya,~. sua atitl/de!Ju.°'ntp __ à_vida,. A , ··ª§ç_ ___ CODllJDl-ÍPJ. .. ,llfQPQIÇ.tP,ºfü:\a.,JlÇE)Q.fil_tração em. __ l'!fga, escala ~k P.l'!!~!'!Ç.QIOS.CSQ~IDIJl.~len/sJifil'i~ .. ~9,lllM!.l!Dl!llt.JL~tS)tlJ.~11,("_; .. --

-JJ.Qt..,Mas temos de levar em conta umà. certa dose de concessões mútuas. Em Quaestiones Convivia/es (IV, Proemium), Plutarco relata um dos conselhos que Políbio supostamente teria dado a Cipião após

. tomá-lo a seu cargo: .. Nunca retorne do Fórum enquanto não tiver feito de um dos seus concidadãos um novo amigo." J.:;.s() __ deI_TIODJ\r~~que P~líbio:eompr<,~nd_eu muit() cedo,osistema:de.9Jn!éíii2íi?:ÕU seja, de chentelas,<que·-•sustentava,,·o'poder•·da·,aristocracia.~fôfüãi:íij;'·cõm· .. o·. mesmo des"_~_\>.aJ:;1ço.e.afinidade.ele.peneJXQUJJ~gu~)S.Ç[!)Jlf<';,b;;d;d~~-· reg~J;":"~~õfivenções-"e .. 'inesperadas -reações :,r()inanas·.;,effi ,;que,:-muitos outfos.pol!ticos·helenísticos·perderam orum(),.J'Phbj'!.,,nJlllc,i,_se.emba,

· ras~ei~culdad"_~~-~Jt:~rgt?,~íí:9 .. nas .. descrições.dos.,~!ll.l/,'/Hllcd?. ,;o~mrnes.~Q.!llanç,sN.As.suas.canímliaâas.pelã!ftuãs.~de:Rõm~.deyem te.( sido acompa~'!.c!:ls.por.umacons.tant.e.s.ensaçãodedéjà-l!u.Ele:dá:;;:;;·G­a ,.impressãô'ãe reconhecer do que de descobri, .. ,faltaslhe--a se~~çã_o

., d~UíJ!Iê'Sã:'"É''b~pFO't'ó'lip'o'í:lo""füsíoriãclor'qU~- nunca se assombra "----;xatameiite como Heródoto é o protótipo de historiador que sempre s; ·

assombra. É claro que possuía noções de experiência militar e diplo­mática que o auxiliavam, e estava firmemente convencido de que a constituição romana se achava aberta à análise em termos gregq_s. Não pretendia ser absolutamente original em sua teoria cíclica das altera­ções constitucionais. Mas mesmo que fosse mais original do que ele próprio pretendia, estava apenas compondo uma das muitas variações sobre um esquema grego. Além disso, possuía um aguçado senso de desvio da norma em qualquer sociedade. Louvou a generosidade de

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30 os li mires da helenização

Cipião Emiliano para· com seus parenks . com a observação: ··Tal procedimento seria naturalmente admirado cm qualquer lugar, mas em Roma era um prodígio; pois ali absolutamente ninguém ced~ ~ada a ninguém se puder evitá-lo" .(31.26.9). Curiosamente, na descnç~o ~s instiruições romanas ele parece ter sido auxiliado por ·co~pendtos acessíveis a funcionários e magistrados romanos. ·

· A sua descrição do acampamento militar rç,m~no,(6.27;42) é quas~ certamente extraída de um livro e .mesmo·ª descrição de um recruta­menté, romano no Capitólio .(6.19-21) parúe ter sido tirada deu~ relato escrito, já que, ·como o Professor Ilrurit recel).temente .mostrou em minúcias;· dificilmente pode ter correspondido a métodos contem­porâneos .(lr1:1Uan Manp,ower 225 B.C.-A.D. ~4: p. ~25-34'._197.2: Talvéz tenhamos de ~ll!ikiJ.,que,nemsemprePollb1ovenficava.osfatos _ mesmõcqúai'icl(;qer1a,sido,Já.s!lia,30~l0".,;Jâ111<.9Utro&ocasos;><em;!!1;;;$)!?:::Í1

. ··não,e,;tay;,,1)rCS"!1tefS"a:l:rémõ'sljffiffOi'CÓni7s1ãdó"'pÕf1'ooté~'é(mte:ii~~­.râneas ... PluíãrcÓ,,observou~que,,cl~e .. Ml-'lk:-"Ontemporaneo":"1p1ao Nasica,discor/4rarn,.a.,respeitõ''d,tdêterfüin·ados·detalhes,daliatalha,de,.s. fü1na (Aem. Pau/;I 6:2).,Q~pi:e~t1p,o,~\o,cg,nsJ;i.n.tq!e,Rlllfliiode,qmfôs''"' rçJii!fü:>1.,,~~):\~,1;§~~!~~,!)!lh!l},1:_tS4f!Çl,W'~S.<;\l.~$fil.e;~Cll,< 4~ elll~~uas•ãç'oês •efiyolv,e,,11:1,~sup.os1.ç~;.,,rr},o!\!JS0'1,,lck'Wto~~W, ,,;ni;,:~ão·estádividid,fp'ór'éõiif!JtÍ:!sJnwJ!1-9WJ;.4Il.ter=,e~c&?YIC-" ões · ~) .. q ue,.e 1 a .con1ro.la,sem,, I'! .i.i Q re,s,J:!ificulda de&aS;,\l)?,~"'S;,\QJt>· tl;;.;':,'a~ R;;;~';;-§)ati~;;;..;;~;~iados;"t')"quê'1'r'seil"ôbje1ivo,de ....;.c···'"~"""r~·"· •

.2omi,n,!xfüU!ÍJ!A.(!I~.\t,eminentem~UJ~ll.L~ã0;apr~entac111,mt\/.8 "'-lÍEÍ.Í>iÇJlÍ~- Pçnnitam-me ilustrar conjuntamente esses.tres pontos de ·

fonna concisa. . . . . . . ' temos de recorrer.a Lívio e a 'fontes s.ecundárias para depoim.en'.

tos Sobre os conflitos no inteÍior da· classe dominante romana e entre romanos e aliados na. primeira metade do século li •:C, Políbio parece não te.r percebido as contendas dentro de Roma q~e ~com­panhavam o que pode se nos afigurar como o aspecto mais mco.?· trqverso da expansão romana na Ligúria e noJ'ie~~nte. Ele nao menciona que Cipião Nasica. era contrário à destru.1çao de ~?rtago porque ·Roma,necessitava de u~a .rival ~ara se man~e~ eqmhbrada e atenta. Rep_etidamente ,têm sido mamfestadat duvidas sobre. a autenticidade-do discurso de Nasica no Senado romano para apotar o seu ponto d"' vista. O silêncio de Polfbio tem fornecido a principal base para esse cetismo (W. Hoffmann, in R. Klein, Das ~raa:~den­ken der Rõmér, p. 224, 1966). Mas o discurso de Nas1ca JS era conhecido por Diodoro (34.33.4; cf. Plut. Cato maior 27.1-2;

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Po/{bio e Posidônio 31

Apiano Pun. 69.315) e conseqüentemente por sua fonte no século I a.C.: o seu contéudo concorda com uma opinião que a fonte de Ap.iano Pun. 65.298-91 atribuiu a Cipião Africano. O silênciode.P.olíbiotalvez

.n.ãw;ignifiqueJJ,a~além,de.JIUe.eie,tendia.,a.jgnorar4lS,diferen'Çl!S'"de &f>WÃ.<1.!'JJ,ll;!l.~&!'ll~-P.ffitetores-romanos,,!~}q~e.de:,:,ç~x.i;,!J!.iL.~l!l.latl.t.Q, '!ie,.pmdêJJ&i!\,"ª"'·~··ªp.i:essava.a ... r.ept:tiJ,2§.g.~çEjOs,,çle,Çal(i,9.,1Re§tg,g qul!Jl,dO.$,s<lJrigifil!tSQRl!iL,.QS,grew~;;'..<&J!a.,:y;er:dad.e-contra-0,p.róp.rio

,,:eqJ,(biÇ>;,(31.25-5; 35 .6; 36.14; 39 .1 )::'Mas·de,não.nos.n;l)!!J\,!l~,qJJ.aI;KllJ!k ~e.,quatro.acusa·çõe&'q~as,ocssiões,foram•apresêiitiiílíis"êàfil'j/á. Q,Jãp (Plín. N.H. 7.100; Plut. Cato maior 15.4). Mesmo que não queiramos levar muito a sério as contendas entre Catão e Quinctius Flamlnio (PluL Calo maior 17.1; 19.2) e entre Catão e os irmãos P. e. L. Cipião (Plut. Cato maior 3.5-6; Nepos Cal. 1.3), que são evidentes na tradição biográfica posterior, é verdade queJ:.pJ!]:,io-é,,xago"g

..hastante.a.t~\9,do julgamento·de·Cipião.A(ricano .a ponto·de levar um historiador como De Sanctis (Sr. dei Romani IV, 1, p. 594) à conclusão falsa de que Africano nunca foi julgado (Políb. 23.) 4 )J!gi,,. J:'QliQi.QJJiie,se.encontra,nada-acerca·do-escãndalo'da5'ba.(:'IJ:\a!S,,nlli!a, ac .. e.J.:f;!l..~edidai;.e.9Jltr..l!,on&J.a!i!!9,§~P.P.Ji!?JCemp lo em 187 a.e. (Lív. 39.3) .. !'1.:t;'.~!~1.faJJJl.!!9.S,llJl,ll.!!J!.S.,fragment,fs•da''isífà''his"tórial"n:'ª:;, nã~P.§:ª(~tJ:l!l!J\S!i\~}?,9U!'c,Cl!q\!.!l!l,to,a"parte,grega'da,suacnJ!.IT81\,Y~,,, I\JEPl".!i~çQnfütos:intemos;ca :história;daJ táliacé,milagrosamente i~!/,t!,t'l.~.Sl!!!.f!lt<;>s. JiP. MglJmc.n t.o do.silênci=ão-é•<Nínico. Talvez mais significativo seja o que Políbio faz daquela delícia .do antro, pólogo, os cortejos funerários em que os aristocratas romanos con­tratavam pessoas para desfilar mascaradas como os seus antep.assados.D.ell'elliós,a.Políbio,JJ,J)n.iç,~;dçs~rlção:desséioolitejo -

,Q~Q!!!LIJlO~!J;;!.,Q.stÍl,discemilliéíítôinstintivo. É também inegável que ele vê uma parte da verdade - essas cerimônias acostumavam os jovens em geral a respeitar os mais velhos e superiores e a almejar a mesma glória (PoHb. 6.543); eram festivais cfvicos.'Mlis:Pôllliio.

..s».eglige1ú:ia"êônlíltêíltlirél\~:i\":'.i.ííYtro"llspecto1e,a"exib)ção,de,,-citJ.to • ~OS,,!\lltepJiSS:y:los·;C)":de:ofgulhó•fafuiliiiri''á'afirmação,de•determina­.,cd'#:s;geJJles,.contrawutra,5,,g-1;~!.es,do'iSell''lra'dicionaM!ireitmde,domi­'~naro<l'.<> dosoo11&klua~· <>S· cori.flitos.Jn,temos,da"'1-risoo<;ra~

e,..as,..tensõés-<enlre"rollllt1!65-<>-nfu>.,romam,s.nawltálla;,P-<>lfi>io.cti.Qll ;11m1r ... 1mo,,fel'll'elli~qffi:'írs"êóh4'fíi'i!ít'E'rtfflfá'trà1Fs'é"temMm.fáeeis,de.

.....,.compreender,,.,,difíc"êi,;,cdescont"5tar .. Sugeri><cemtVêi"'à"U1!ill"jllatéia · · J'ranc.csa.que,li.J:rla«edueativo,,um.,livro,a,respeitoode,-.Les,si/ences,dw"'

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32 os liínites da helenização

Não necessito enfatizar aqui a questão de que ninguém pode esperar · que Pollbio estude a dinâmica tlo imperialismo romano .. A própria

palavra imperialismo é moderna. Não conheço nenhuma tentativa séria de entender a dinâmica de qualquer.imperialismo - antigo ou recente - anterior a lmperialism deJ. A. Hobson, de 1902. Se eu estiver errado, estou errado na companhia do camarada Vladimir Ilitch Ulianov que, em seu livro de 1917, Imperialismo, etapa superior do capitalismo,

· adotou a mesma opinião. Até mesmo reflexões sobre o espírito militar dos romanos tal como Grandeur des Romains et /eur décadence, de Montesquieu - apesar de sugeridas por Polfbio - são inimagináveis na antiguidade. Mas os antigos dispensaram certa atenção aos indivíduos que começaram guerras e à justiça ou injustiça de seus atos: ocasional-· mente, foram além dos indivíduos para discutir os conflitos de interes­se entre estados. Heródoto fez Atossn aconselhar Xerxes a conquistar a Grécia; Teopompo colocou a personalidade de Filipe no in!do da sua história da conquista macedônica da Grécia. Tucídides se salientou ao transferir a verdadeira causa da Guerra do Peloponeso para medos mais personificados despertados por Atenas nos peloponesos,)?.ol/bio.pro%, St;gU<; ·~. bn~i;;.ii -de.re~~A,l,ili~l!,l!L\w!\!~~9Jl\!hJ;l;~).}w;s

J1â<M'lftil!íitô!festãe>en,y,olvidos.,Ele,.clta.,AnlbaJff'illpê'"\';'Perseu,~ cbef&'et1lliõs'ê 'ifij'l!eUS<C01110,.responsáy.eis,poi:.guerra&q.~J.lflderiam 11'1".e.V,Ítado. ~l!JJLCXC.eçáo,(a.que.emJ>.i;t;..XJ;,;!J,!Otna!!ClllO&)r,;I&,. · nãu~flirpéfgffilt:ífer"tlê~sé"típS"f~n6Wmr1r"'oma.l!P.Sw ~" 001>pa~'l!rbin'áftâ'tlá'Sanlenha,pelo5'romanosr.embora<francamen­~dmitida"Co!Ilü"Ínjusta'(q,,2lhs2lf'tlii:04l5tá"diretamente,,liga·da'.Sâs" origens•da,segunda',guerr<Lp.únipa. J:;nquant=o.exa.,Qljl)J!1,QAotnpor, ~mento.Aos4:1:çgQ§,~Jil!lÍneses,,maeedôniosse,p.Q,~J.\fü.l.0&,0rien-

- tais. P.aj(bio,.se.-amolda-.aQ.padrão"'®,,,1/JJ!,i\!fÍík,llil§.>hist.oriadores gregosrpar~,.O.HP.mª1:!Q.~~Ç,t~ll;,!!4f.,xctçã'6')Q,sptt,impfi'tso,pa1'a dominãr''ifã6'if'ifha1i!íil'áfffi'eWf\;cont~~/llíí'l>"'.!No"Sli~'sõ';"enfãffz~e l . d'f . . . • lí . a gl1,..I:!WJJJ>.,,;;;l=~r~1llt,,,\l;!!l\Q!ll!,í!UCY!,SUa,const1t!lIÇaJ1.,pp_,.l!CíkÇ,,e,m

g!:J'.Jt.w-os.se.11.sd1ábitos;lYcostum'êiH!iês'dêf;\'iifho,avanço,,no\sênti!lo ,tlQ,,.domfnío,m.\lAÃi;il. lsw-nã&exclui-jufzOS'ne'glltivos"Sóbre4ndivf""-

~s..qi,w.se mostraram-inferitir~~pa"dfões-.normais,de pi;_udência e sabedoda;_~,té.mesmo..CJáud.io,Mareeloc&censurado,por

CSil1Lfalla41e,.po1dência. GlQ.32 .. Z-12.).,Mas..os.:-r-0ma=nun.ca<são•• ~p.ql!lkaJiásica. ·

É1'6bYtó"êjúê'Pó'!lbíô~si,-idbiílifita<cotií'ó'suc~sso"tõllí'ãnõ'.'Pfü>'isso; não•111,1ttl!'iPi~ts!:f'.!fy,W,mnairistóri~nl;<il,pam'Os,greges,;,

,;,quanto;•.paracoS'1'õilfãMs: ~ep~el~.d~l:rró·qtiê'sê'ditigê"•· . -·--··''•"- ---:-

Políbio e Posidônio 33

a0&g1:~gRt;,,.<;,onhec.em.pouco,aS<instituiçõesromimas;,nliS;"deifütr& la,;lp,. se :refen,.a,,Jeito...,,...,mano~6.11.3-8)~e;evidentementLç;;lá

.,,o)hand<>"~le'S'pOrS0oiê'tr'b1IIbro. Explica,aos~gr~gQ§4!QJ:,,ql!,t;c,QS r-Omanosveticerame:explica.,a,Q§J:om2pos9~gnificado&as,condições ,da-slllL.aprópri8"'11itória, Mas isso não deve ser tomado como uma capitulação moral e intelectual aos romanos. p9llbio.-.agÇ.J;,Q..mQ_ um " grego.que•tetíf·'J:lfferê~sli"vital110'funcionamento,adequa:do,.da,hege:'' nla,romana,sobre·a,Q!t,çia,J:\!ão.encontrasatisfação no;eomportamento dêls"r1)õri!nossapós,11".deStruiçãô"'dê'i::õruí'íõl'/fo•diz,(Livro 38).,:Qe fato • • -~·,,,~,-J....

..l.p.1dente,que,os·aconteo1IDentos,de.,lA,(í .• tanto.em.Cartago .. quanto.,em Gotlnto,.o-enebel'àln:"dê'ãllfargura'·e•ansledade: fu.atamente-porque,,a­ei;sa.altura,J:le,se,tomara,um .. imporumte. agen!J: .. do.d9wÍ.JlL~JS!!M.n.9,,e ~J~m<>emc..qu~,~!!!@!WSJ2.W&Y.l!l!l.,~§Jltiu,,,a'"necessidad&rde cenlill!)J!l:.U)!lb.hlstór1a•.de;;J..66,a;;;l4.6.para'1110Strar,como.o,;;_t:omanos

.sJB:ll!llJl.QJ;!J\J:l!!lh.l?,,mu:iJ1~~,.<!i!!2il.Y~LQJJ!leJ~,;,llbio,acrl'§~t~!9J~?-~J\ll ,.,!Ji$tória,após,l4.6,-mas .onde·ós'áêtési:iinos,estão'°latos,,M"'ªiedaÍi.ÍÍ,e

a11di.e,1;tfü•Ei!,.!'.$/J,.Qj,gl!,'t,~1/!SBl%\lS. No Livro 3, Pol!bio explica por que tenciona expandir a exposição para abranger os vinte anos seguin­tes ao dizer: "Uma vez que os juízos a respeito de vencedores e vencidos baseados unicamente nos combates efetivos não são defini­tivos ( ... ) tenho de acrescentar um relato da política posterior dos conquistadores e de seu método de domínio universal, bem como das diversas opiniões e avaliações de seus dominadores mantidas pelos restantes" (3.4.4-6). ~Mestruição de CarJ3111,~em 146,..ele r~~as .• opipiõesc,eontrastantes.dos,gregos,.sobrtl"'O"!)roélrdifi'teiito

.... ;fomano.,(J.,p_,2)~\lll.!>~r:;i.J!fil.,;i,tQ.in,.omumfmas,extraor­_diaári0,,,porque"'el&pâttrê'lp'àrif'"dà'~destruiçãos;di:,,,Ǫtt,\g_Q,;e,.Ç.9mo,_ .,,nunea··cõlocâvitetifí!Uvitl,til's'ptinc!piôs'básicos•da,expan.s.ã.o,J:Oma:-­

!1.8,J!ÍÍ.Q •. dexi:mos ·P!iliiert&,ll!PO JJ;.nJ!!_'l4iu;.Q!\SU!,Í&§.~~pi:o."-0lkou nãif'~ça'êrd,f'ê~'ftã'fô~"ó"'qITT!""é~fn"êdirá"'é''impoctantesfuque ~~)liii4,e.tJ!li,5Jzdleaessár.i~nsmitit•ás"'óJ5rtfro-Trtr!IS!li'nt'ês"Cdõs gregofücontetifpôrã~ê,;sssenhotes.romanos,,Estava,o.biiam!)no

.-tecpJ&.Q.c.up~,d_q.,,com,,o,futuro_,4~1!~<l$.lMt~,s~,,l\/:!~t~..J;,'ifrQ/JE~,1W terror0 para,mantenca:supremai:ia. Como dtz naquela parte do Livro 3 que é um acréscimo posterior: .. Nenhum homem de alguma inteligência vai à guerra com os seus vizinhos meramente a fim de esmagar um adversário" (3.4.10). Se no Livro 32 Diodoro faz eco a Pollbio, temos .. aí,nova•confirmação .. de.que,;Rolíhlo.,&'i!k.RQW<l entrando.nacfase.de.sJ,tterroN~,,repn;§§!!o". Dadas as suas premissas e a situação em que ele se encontrava, é discutfvel se poderia ter

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34 os limites da he/erúzação

feito mais do que transmitir a expressão de descontentamento genera­lizado e ao mesmo tempo indicar que algo mudara na classe governante romana.

Polibio preparou o terreno para outros intelectuais gregos que aceitaram o domínio romano e colaboraram com ele. O objetivo deles não era descobrir as raízes do imperialismo romano ou sequer persua­dir os gregos de que era aceitável,,Sµa,tarefa;era·persuadir.-os,!fderes•"• r,.omanos a~coropottarem,.de-form:rqtre·mo'ãlienasse'a·'IDaitlri:rdosc, súdit~çonseqfümtemente,nffe.Q,cp.lqs~se.emjlgi.&QJJ.,posição<laque.,

-les,prov-incianos.d~lllll§.'<>.!llt&Ql!l:..l.1axfam.,.iclentificado.os,seus,in~­Lt!!iSCS.com•odômfiliói'ômiifl'ô:'O&retna'rn'iS'):>Userl!Yil'fillrà1í'liifüs'soe.jais nas.cidades'g'retãS''ê'ttêtáítt"áOSSricôs'timãyátantia,implícita-At1.SQbre­~ªJ)réciarhav.iasmuitas,pessoa,n;ue,;se,sentitãrií:'pãtas,pela~, rt;pJ;e§,§\il;,atéA,::,a~j!)l~ôS\:l2SÍais;meri'õrês'ftal como a de Dyme na · Acaia por võftii 'aê · il6 a.e., tão tipicamente descrita na carta do procônsul romano Quinto Fábio Máximo aos magistrados da cidade: abolição de débito e contratos (SIC? 684). :tvfasseiatessencial,paiàios"'

kt,.tlWJJ.d.QSJ>insistií''i'.jtie'°tàl'<p'êlítiC!kt.n~o.,Jo~çc\n);aJidaqa,por~sâqul;" deJ,JJlliçã0cbrutal;<tlf§trioliiç1iO'ti~gl~gente•ruf'fó~ilãlf,e;c)J,5f"@"ito;'

,,geral,ao,b.em,,estai"d0s':pfôvi1(ciãnos . .1;4es.m,;,~.9-b,S:-!'.,l;l('ª'[\Q~·'\J;t;Jt!i,'l'J!; 'lJ!.,~.J!ol1~l!J;,,l)J.!l§,,IWQÍ1\m«ver·,quesios'•lfdere.s.,,romanos,-estavá:m bafilÇ_am.e.n1'l...i.~~.adôs<nil'pf'Õj5fio'Jlb1l1!fre"i!a·,própria,riqueza,;A's·

.,suas .• propi:iedades,,a,quantidadê::de:seus ·escravos,:Nodasasuutras · i.tiô i éâções,de.,aprov.ei tamento ,.unila tera! 0se:,1omavam ,.a·,,·cada ,dia ,,m~Is;:,Pa.\<;~J.9.s. Para Polfbio, e mais tarde para o seu continuador

Posidõnfo; à antiga simplicidade romana era tranqüilizadora (Polib. 6.57.5; 31.25; 36.9; Posid. fr. 59 Jacoby). Podemos supor que o contemporâneo de Polibio, o filósofo estóico Panécio de Rodes, não

jo discord~va disso. Pelo menos, sabemos por Cícero que Panécio 5,~,o '7 registrou - aparentemente com aprovação - ""flOntoiide"Vista,,f!.e-

\ti\, .#~)Cjpião.,Emiliano;dewqlfe~1r0mensa.e)(1!,IJ11,.\l.9fuRi;i94.Jmrulnuoouc~9

1~:~l,. . . !~!~!1!t~~~!!:!!:~!E:u:!!!!j!:1~i!its!!:i;;; anos de convivência com ele.

Todas as contribuições à teoria do imperialismo romano que estu­diosos modernos têm atribuído a Panécio são naturalmente meros produtos da imaginação. Não há um fragmento de Panécio que trate de assuntos políticos e o que Cícero derivou em De ofjiciis de Peri Kathekontos de Panécio (Cic. Ad Atticum 16.11.4; De o/fiei is 3.2.7-10)

Pol{bio e Posidõnio 35'

não tem relação com conquista ou governo provincial: Daí o Profe~sor 1 Pohlenz extraiu todo um livro com o título promissor de Anttkes _...., Führertum Mas permanece o fato de que Panécio v.iveu por algum/ tempo em Roma, corno afirma (73) o lndex Stoicorum Hercul~nensis, uma fonte excelente e parece não haver motivo para duvidar da. afirmação de Cícero ~rn Pro Muréna de que ele era hóspede de CipiãÓ (31.56). Além disso, temos a inquestionável lll;forma7ão de seu ~l~~o Posidônio de que, por volta de 140 a.e., ele foi conv1dad? por Ctpiao para ser seu companheiro na viagem diplomática ao Oriente (f:. 30 Jacoby). A passagem de De o/fiei is, de Cícero, em que estamos mte-ressados proporciona alguma indicação sobre a área de acordo 1 entre o ~hefe romano e o seu prestimoso cliente filósofo. ~.Q)S ~ n '. achavam que sue~~;> ,!Jl~Jr-d<l!l)l!lõl~J!.QS.tep:i:fümtav.am,um•~rigo. !\' v~~&t ff é/illJglll'íôrfüi':;~(liscutíverqire-0·podéF}l'O'lfttcoestav:a çm:olv1do. O . c1 1

c;~';ciõ"'~bérn t~~~ praticame~~e i~discutlvel que Pan~cioÇ.xJrn\l!, ·, J 9,1,,,;* .• do .. comentáno.Jle,C:1p;;,.Q.a,,ç,q?5l'q~tPCJ.!k.9,Ç,:JllL~,q!l.8))l,o,,mais..pP,l~ç,p.§.<l / ' ?

-eJi.çw.,sucedido .. um,home!lhe;,ma1S"0necessitarwdo..c9~~1)J\.~Js,S i · wigos..Essa erà claramente a posição em que ele deseJ~JI coloear ((' Cipião em relação a si mesmo .. A preocupffção':1e'Panéc10; a~si?'·com~ • a de Políbio era estimpJar.aqueles·a·queinconstderava-oS"mmssiruluen. t;;;:r;;;m:i;;~~l:;";d~os,,roman01;,a,:.11ã,<);;ªQ.ll~ar do poder.

~.-A mesma atitude é identificável nos fragmentos das histórias de ,,}'ç>~}/,§.91,0, o aluno de P~_ip_~rn meio. a toda a sua obra filo~fica, :..,, ( v-,,..;, 05

rt;,5.gfi':e,l!,§;l;,,l~lll)f,;.~~~QjfuJ<?,,ll~~~cll\êÓOdo,a~;J,46 N,k,l:,,.f!íej' . a.e. É incerto se Posidônío conclmu as suas h1Stónas com os aconte- C)N~o,

'·ê'unêntos da ditadura de Sula ou se as ampliou para incluir as guerras // ,/ orientais de Pompeu. Mas se a sua história não se estende até 63 a.C., temos de supor que escreveu uma monografia à parte sobre as guerras de Pompeu - a diferença não é grande. Entre aproxi?'adam~nte 100 e 50 a.e. Posidônio' esteve em atividade; em 86, foi embaixador e?' Roma e conheceu Mário. A convivência inicial com Públio Rutlho Rufo na escola de Panécio deve ter lhe proporcionado uma primeira amostra dos otimates romanos: mais tarde, teve Pompeu e Cícero entre os seus admiradores.

Posidônio,J'.orneceu .uma,.espéde,,de.teoria•pai:a,;iusti~<f.'pode~ poÍític~,a-conquista. Ele parece t~resentaCW"'llllr~és~ ev.ol.11ç~.soberania-desde.-. ..-i-da"roade•d~ur""".w~ (Sen. Ep. 90). Até,,,ndM&be~'íi'B'sêõp'tlnliã"lrpêffitl!ll'ente"depen­

~de.clientçi;~t:á<mLOSflaiscómcfôS'Clientes,doscchefes,celtas (~rs. 15.17.18 Jacoby) e o~ servo§d!J!,~9]!.d.<),1gn;g!,R$~Jii;.~çle!t,;Ponuca

'"""'ç.._-.,,,·,,r::..,_~

Page 17: Momigliano   limites helenização

1 1.

36 os limites da helenização

chamados mariandyni (fr. 8 Jacoby). Ele pode até ter louvado especi­ficamente o domínio romano sobre a Espanha, embora as passagens de Estrabão citadas para provar isso me pareçam apenas pensamentos do próprio Estrabão louvando a pax romana de Augusto. enciaJ,.no e~to,,&que,Posid~ree<>upaw.a,muit&eom'fl'fül'bulênei<l,soei 9""SU"""'fl0Cat'airtda"'que~não,afetasse.,i1,,sua"'ilb'a:•1na:ruJf'Rodesrlão setiament&q1lirtítõ'õ'irontiu@J,s;.,gtegow · Q._desconten~ento com.Roma afinal ·resultarl!'•em,rebellõessde> es.ctij_i@:ê:a;;:~lasSêif·mais~-:báixas,,~indiretaziou~ .. tíl'êStilO~~'diretam·efite

ªl'?}.~~J .. !.'3~.!'l'!~Je,;.qµe, nas,.duas.extremidad_C§ .. opostas,doJW,PÇ!Í,Q.,,, rom;g,,p,,ç;,t,ayam,tentando.defender a ·próptiaindependência;,as•tribos .CS.1''!1-W.Qlas.eMitridates,•rei do Ponto. As•apreensões'ife'Polfbioquanto• ~lJIJ.g..Ç!f,,E.Qma,:,ecre"elaramjustifiCJ!d_as,--e,essa<>:,ta'lvez•tenba·sido uti!á'das,pMcipais•razôes'pôfqtiê"Pósidôfiio•resolveu•darcoiitio:üidatle JWJl.Slhtrabalho,;,fosidônio . .considera:va"ufu•m~l·&traba!ho,esefã\i'ô',de

•Jll',l,l.J<;.,'l!J:l?·Achavaque·os_habitãiitêstle-Quio;quC'segundo'a-tradiçã.o )iaviannlifünditlO'ães~lélãô'na··Gréci11,.merecsram~.t,,puniçã<hde .,serem'fü;éirâvizlrôds;'qifê'lhés'füi··infposta· por•Mitridate,s ,por"'motiv.os,., mtJH.o .. .diferentes (fr. 38 .Jacoby), EleA!e'S'crevêtl'e!i'.i''CV~sõ'ff!ll'rià"S"'II" ,..j~dos,tra:balhadorê§''ru:"'iffiil$?esêfiivizãdOS>eeera4ntbiramente,sen­§.Ív,el,aoMfrimeritõ"'ílôs"liumildess(como o Professor Strasbur~er nos

.,.lembrou em Joum. Rom. Stud. 55, p. 40-53, !965):Ma:s<l!ãõlf8ffuipêÍi"é!ll~ ,pp,1,_~fü~ntimentwa'Se''sõlí<lãnza:r;rom,os,rebeJ~~&;q;,,~IJyi;r:,Jvos . . ~a,de®rição,daitirânia,demóétática·de,Atenião;,o·aris.tg~).i!"O,qne em 87 comandou,o·mov:imento anti,romatió'em·Areííâs'5{5a;''!iiiâj/;íx(mâfs··­sÍ1ostilidê'ffiii1Íâ~pi'5p'ülírt'll1Fliteratnra,grega - e co~ço poucos retratos comparáveis em outras literaturas (fr. 36 Jacoby). Foi igualmente franco a respeito das guerras servis na Sicília ( como podemos deduzir de Diodoro

q~e o a~mpanha). ~JU'l!.s.l~i.P pi:pbl~rncomo eyirar ó sui:gimoote,.dc,.. ~l&fu.1ll0l.\l.mente&: J)reog1pa:.r.a:se.DJ.1Us,com&1,pi:e..vJ;nção,do,que,eoom,1>< ~9 @1 seja como for, na época em que escreveu já se demonstrara

ue a repressão podia ser seguramente deixada nas mãos dos romanos . . P~preve~<i'SfgnHicava,o,uso'niooêtãll&'dã•forçai'OJtrata,. ~.dd.<:l§.11Q!Jrw,e_11,tpQQS,çsç_ravos • .Eleadoton.em.difen:ntes.

~lítit.tfdé'ilíf Pólfbíõ''e'Panéeiá':-Jsso pode ser inferido do caminho tomado por Diodoro no que resta.

dos Livros 32-7. Não estou de forma alguma inclinado a considerar Diodoro um mero copista de suas fontes, e sei muito bem que usando critérios estilísticos se poderia provar que Sir Ronald Syme é o autor de alguns dos livros escritos por seus alunos, Mas essas passagens de·

Políbio e Posidõnio 37

Diodoro são diferentes de tudo o mais de Diodoro: o estilo tem uma novà vitalidade, os retratos evocam personalidades singular~s e irre­primíveis, os juízos políticos e morais são muito mais ~oa1s do que nos livros anteriores. O retrato do chefe dos escravos s1c1hanos, Euno, irresistivelmente nos faz lembrar do fragmento de Posidónio sobre atenião, De fato, um fragmento do·oi tavo liv.ro de Posidôoio citado por Ateneu 12.59, p, 542b (• fr, 7 Jacoby) é muitíssimo semelhante a Diodoro 34.34. De forma bastante instrutiva, dá detalhes sobre um proprietário de terras siciliano, Darnófilo, que de outro modo teríamos atribuído ao siciliano Diodoro. Creio que por essa vez não precisamos sentir escrúpulos em considerar Diodoro um sumarizador fiel do que deve ter sido um capítulo çonciso e cuidadoso d~ Posidôoio sobre a guerra dos escravos na Sicília.

Se isso for correto, confüma que Posidônio tinha conhecimento da situação desesperada dos escravos ·antes da rebelíão. Diodoro .afirma

1 ente, 'ºOs escra>eos -"lODllen'•ªos,:pe)•<,sUas;.nrovar.õe:fl('fré-C aram . , ... /~.---· -.,.:...,.~,~~---·· .... .._~ .. ~,µ,k- --· ~'~""'·"'*""'-~..>,~'"Y.B;'.2f _

qÜC)lte!I)entejllaltrata~O.!\c-t;;,açoitagps;~)étU;/1<,,tp<!.o,.<;_llleµd!IDeITTo;nao p9ªf9m;ii_íí~iíiiriõ;_iratamento\'.i'('34',2-)1)1;;'Gi:iffii'(j75êúêcomportamel!fo OJi!!!,),J;l,WÍ.§.!})Q&a\lsouo/ta,súíi;fitõpria'dêstfíiiç~õ''ê~!l:~d~.~:1i~é~Ǫs

.ao_,SJlu~paíJ>i;;.,(-34.35), [email protected]"f-01adoro-otFseJa;,de,; E<ÍiiJl&!iio,""~!!~r~\!.ç .. ~,PPA!l?,~f,3,</,lll/lÍ,t:,qu.e•me,smQ,Jl,\!!J.\ll<;,,~.;JlYe.'1ª os....~~WS~\l.!l&Ji.QMlIOPtÍetá?os.,.~~·tinbam,,s1do_ 99.ruJP.$,os,pata,eonr.eles,•A,filha•do'cruekE>amofila..r-HZera;t~do,~~~-. Pooia,p.ar.a,!JQru;Q!~,/l/>..-<;5,~11!lY.OS,que,eram,açoita~fil'l~,rse~,~Pª!~:~:_ ... - assim .. osceseravOS'llã'õ"s&não4~mo·a-·conduz1ram-· a ~i,_,tç,~Ç,rJos,parentes,em>€-atan,rl,/ (34.391.,Q.his.lo..rlru!Jllllà.~end~ a solidariedade,aos,ebefes;,Euno.:.:.e..n=twuill11l"fim.que,conv,nha-à. SlJ.a veui<:a;ia: ',(34.23) . ..'.J;ampeueo-el~ Jl~tdl:ltt a i!cga!i0ade-(OO'ffl11is : preeisamente~o,procedimente,frenélio<>'8'ilegall.1}·dosiíutt'O'~'fübet, ,des'f36.1·1 ), Compre·êndê''bem·qu·e·Os'pübres.entre,o;;Ji.9JJ1ens,hvre:rse !JW!alll,.80§:-.,!t&Ç_~;.c..!/Alfª-_~,.,,4~Ue>tooa,;a,-,estrú!'úta

·• ~ia! rstwa.eáJ,pi;rlgo (36.11). Aps,pouc6s;li'p1lliag'eme'â'ilê'ga!idàde potpJll'te.-dos;naseidosJi.vJ;l;§Jêl!\.Ç,t:g.ei;acoroJ>..i.'WPJlie&~~

-~ de Posidôpjo,..J,s...gueiras...d.Q.s..&.SJ:.r.w>s..nã.o,.pod!:JILSetaSCparadasJ!as · guet!!l!S<Civis'1flíê"vihrem"Sulr'vida. A-oposição·de--GipiãoJ\lasica~~ . destruição -de--Cartago . ..a parece,Jão~destacadal!l~llW,,,-ll~"'r,<;lAt<>.-1e:""' Diodorc,·::·é110romtifdé"Posidônio=.porque,secaehav.a,que..!e,antev1nf a .possibilidade·de"gilêttà'éiVil'efü'Rófna••se,Gartago,fosse,elim~nada: • 'mas·uma.vm;,,que''ll"l!ida'ã&iri,~tJ)!essÇ,d!J!l!!lcklar-.en,.,ev1dente.

.demais_qucJiav:eria,guerrw'Civil tià'me!fópolee que o ódio à•autoridade,,,;

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38 os limites da helenização

??-::'.~J:!!-ªPJ.~.~J,2,l~,.os.a]íado.s..de&:idc,,-i!J:.~Rªcídade,_ç à ahdade _a ue.iis !Il_ªJl!~trados romanos c,,s su~" (34.33.5).

Aereditavit-s"t"qu'e'Giplão, . asiwquas"'fl"'disser"'1100,só-a agità'ção ?º§,.Ç/,!'.11$,.~~~~~guem,Jflclal.ê~ 1tahang~,,~n,u:alment.,-;Posidôni9.-!JàQ..Ql!.!;t;l.qualquer.simpatia .. pelos Grac:Q§,, No relato de Diodoro, Caio Graco "tomou o elemento inferior no estado supremo sobre os seus superiores ( ... ) e dessas manobras adveio,,a .ilegalidade.Jatal-e ;a. derrocada-do-estado•' (34.25)'.''Que-os ... romanos~-'abandonanu'rl:0•1nodo'de'vi&f'dísêiplinadorfrugal.e.au.s.tero q\!!'..osJeyara_a,tal,.g,;:andeza,e•calram.na.bosca.perniciosa .. do.}uxo.e,na. IL~endosidade'' (37 .2.1 }·era';'llll"!llesma,-perspectíva;~visto, ·comõ''á~' "l!.1J!ia,primordial~da~Guerra,,,Socia-h->A"lição,a-,•set··itiferida•era,a-,da.: m<Wi:raçiio,.~Niiii'-só-no..exerclcio,do.podei;.p<>l!lioo-os"hõí'neí'fs'"lli'ltt, Jll;)ltes0 dev.cm"seriJ!teµ.ciQ§íl}""R!\!A,Ç,2!,t~-~.&,Ç2.JJlU<;â..Q,inferlor,"mas l/Ullll!\m.na" ,vida MªnicllU\LJfu::w~~::"se,fÕ:i~m.sensatos ~.-stratar,com

.. br1w.dur&OSc!iCUS>eslJt1Wes. (:;)1l11nto"mtrls~+-<!esv-ir,t.,ade-e!ll" ci:ucld,,d~litll!tle-;-mais-a.caráJ<:J:flaqueles"submetidõs"à·esse poder..é"embrutecidcw.o.oponto.,,da,,Ji;raei-Onalídade'' (34 .2 .3 3). Qs {?.9.lf~lc.oS..;tom_un.os_.4,9:_,:p!'~2~~~?.-~~<;?.~~~zi,:1;1~~iÇJ?tt,._g_l,l~;:,E.ositl()nio~rflãiS ·. ª.~.,;"?,~.!Jlg_~SHfilf§,:~\~JJ~z;-:~t%.,.~~âJ!#.4Pl,,,pip4~-~ªç~_Q.~J!J:n#.Q:l:{

l.µ;thaJJ,,S!,i!.li&-c:icJ11pacidilJJJ'A:la;Q,Q~ll!c,!lH!1MJfb.,liomens como Rutf­l!o Rufo ou Lucius Sempronius Ascllio, um benfeitor da Sicília <?iod. 37.5; 8). Quanto aocptesênié;Põsidôfu'ô''tihliã'Jjóuca,opçii_o: Un/1a-de,contar.,cotrt•ocse11-"ilí1stre,;amigo,Pompeu.

P ~P?l,.'1,'!l!:.!3.,~f:!/J,\\,<:'.;/,e,')/,~,!~,,sl,Jt,i:!siniJ».i9,JQ!Ilano~quesseparnia

. OSJdonm,oe)'ol/61o;;aatdenuficação,de,tl!J1,ÇfJ;,~,Çê,W'i!.,!'1ª_.sse.sJ19l§ce,"' '1n~tru!da,&:,g~~~,!~§g~ª"~~k~XlK~e2J~,~.\l,)lJ)P/\rio'1'oma.n~'S~'tbffiâ~a eV,1den1e-pors1·mesma:' fot.~!',,C.,Y,fU:lf,~t1e,,deucaJlos1don1o•auton,, c!.ide;e~~Qrag em::pa-ra1faf át:'ãóertâni1Kte"'·-~-- 11ID-attlêffilJrâ?11õ.~"'1"omanoS)' os,se_us,el'IOS"eªdélitos,,,!J?Jjpio.,,gas.l;lra~a-,-maior"!)arte_,do,.s~u,,.t~ropp .\,;IPUSi!1!,dS,,'!é,gregos,.e,romanP!,,pot.que,01;:r,omallos,esJ!l.1,1amJa4ad05;.a léMC<>r. ~e.ao.tratak.dos.acontçcjmentOS!.A<414"7-;oa,G,.,_e!e,,!llll>'\9U à ,posição.de.;crític&-0autc,loso.da:so.cie.da.d.e,,romanaee,de-.seus,1néJpgQs ~rno. J?osidónio.QJ!x.a,como.,certa.a,vitória .. de.Rot11a.e .. an_alisou ,lkSéri~e,crises,qu<>-'em,,sua,,época.,o"estado.,roin:aii.;;:;,;;tu:ã~ss;r~'. Embora, em sua análise negativa do domínio romano, estivesse obri­gado a dar prioridade à Itália e ao Oriente helenístico, não lhe esc·apou que o Ocidente bárbaro estava envolvido na crise. Sabia que essas s?"iedades da Gália e da Espanha possuíam as suas próprias normas e virtudes e as descreveu com óbvia simpatia. Posteriormente, teremos

Polibio e Posidônio 39

mais a dizer a es.se respeito. Não era ele que iria negar aos romanos o acesso à riqueza dos bárbaros. Como Políbio, repetimos, ele não punha em dúvida as conquistas romanas enquanto tais. Mas se referia aos negociantes italianos conio exploradores da Espanha e da Gália (fr. 116-7) e mostrou como os defensores nativos da Numância davam valor à liberdade (Diod. 34.4.1-2). ,

E~ste-assim.uma-coerência-U.o.íáY..el=rclates--de-Eohàio..c.PQ§i · --·dónio.e.este,,es_!J!Yª:c.erJQ.c:J.I1.pJC.CJender.teu:0nttn!MldO•&•Obra .. daqueJe~

~artindo,,,®.unig"'~.E!l~!~:~J!i~l.~'"~~~g?~~,fa.Lq,i:,çJg.ª-lf.Q,,~1Y.§s9~~-, pretaram _cot110 _ccg1_te~c:9.U,Ç.§P9M{ÍXJ;!§, .• Ç,(ll)U;\!J:nçap,_aos,lnle.:. J"S5es e Bocéss~s.ada..cl,o.;;;.<:..alta..gr\l.ga.,~Utilizaram-a_· técnica,de~ pesquisa .gu.e.Ji.axiam,herllado,de.seus'anteêessores-:·'A:ntes dc,Pollbio a

)i'~iplomáticttCn,mmrn1111trà4im'"'tão'l'.Jêl'S'f!i·ca=competente­.JD.enta.eserit.a-,e_«>·agudeza'da"llnálíse,socialde•Posidônio,permaneceu""''

~insÜper~à'âélü-;antetôàãtãirtlg'iiicbde. l':[o--en!ftn!e;,·ll'ind.i!::n.<>&sresta,a.Jmp.tçs~Q,Jlç,.9H,ç,~;;;;.ll8-,<lois,gregos,,,,

-nunc&cónfpmliêÍ[râro'êônfplê'tãÍÍÍffitê''õ"tjTr'é"J}ri,ífíhlãõiFéstava,ocor­rendo··nõ"ôfgâhismcf2sodal,que,8e',tomara,,a,,garantiacda1:sua,,própria sobnl'vívcilllln-, Paradoxalmente, tanto Políb!o quanto Posidôn!o eram vítimas de sua apreciação de Roma. ~Q.~.9JLSi~.ir !l~e Roma devi~ ser tra~davsorio,.h;1tegrant9,;JJa:~corp,llpi(l~Qe.b~iy_i)_~~~1~:~q~wti'iíQ,~'g~~go, !!Af!,p.odiamcaplicar,aoiestudocda,,v.idl1,xom•lllh"!!H~le.s;;mé1odóS'-ljue,ii,

, utiH;,.a;,am;,conun11itacccompettn_çi_a4 ;parn,descrévercos:bárbaros,,Não ,havia-nenhuma"-'tentati.'l8',de,,,11ce.r,Jloma,,,pot'.eassi1I1>adizer",P.\1d,~!Jl,

.~distáncia-.como,algo,estranho;,;-!Ilisterioso.,,na·"1íligü·ace"''iià"'.rêligiãó, ,,.m.edonho,nos''rituaís·e"temlvehna,-guerra. Se Políbio tivesse tratado

Roma da mesma forma que, segundo um fragmento do Livro 34, parece ter tratado Alexandria, teríamos lucrado em conhecimento. Aquela meia página remanescente sobre Alexandria, com os três grupos'de pessoas, é memorável: os egípcios, "uma raça arguta e civilizada"; os mercenários, ··um grupo numeroso, rude e inculto''; e os alexandrinos, • 'um povo não verdadeiramente civilizado( ... ) mas ainda assim supe­rior aos mercenários pois, apesar de ser mestiço, veio de uma linhagem grega e não esqueceu os costumes gregos" (34.14). Políbio conclui com um verso de Homero que nunca teria utifü.ado para Roma, por mais apropriada que a adaptação pudesse ter sido: "Para o Egito a

estrada é longa e perigosa" (Odis. 4.48~5J~J,m~m~U~&\~.<!\?Y&.;~-.

'~~~!_~-__ m, __ -- __ el)\al'_~ __ 9u_ f J>._os ____ i,<M'>EJ,_º"'~~teuJJ_ .-,-~ ___ ~_XJ11'_ .JJ_._~T-_ CJl_ .\ll~2,_ ,c_ ,~!fl_ ,Jt<:!l'lª . ,taqll,eJ,!,'."'~11fs,,~J?gt~.!lC.!tJJ!ieJai):oin,gue,os,s0cus,cç)t.a_sw1yam,,pal)I ~J'~~--- um mcxlelo para a nação francesa para qualquer extravagán-

Page 19: Momigliano   limites helenização

1 1, ! 1

40 os limites da helenização

eia passa~ e futura. Nem Pollbio nem Rosidônio.de.dkamJJ.m.p.&,nsa­~!]!!.o.s~':1?:"'lll_::~ªº·fenô':'eno4J!J;,lll!fJ!!f1!,.Q.C,füJ!mna.de.sUa&·vidas: a .helemzaça<r'11ã···cl!lt1;'3'"1tlllil!lia,-,Nl!,.\(l:~~&.,,vez.-em"'luando

,.,.?J~~IT!W!c.&1!1.W.\D.;<nos,1sola-dõ§'ô'túnhecimentodo-gre·g-õ;'íí'ãâ~·1rcroe cos~um.es.gregos&Jt/:Q!)cordância.cq111,.iM.ias .. gregas. Mas isso ocorre muit~ menos si~t?maticamente do quese esperaria. As caracterizações de T1tus Flam1runus e Emílio Paulo que encontramos em Políbio (18.12.3-5; 31.22.1-4) não enfatizam a sua helenização. Em Posidônio pare~e ter havido uma digressão em honra de M. Cláudio Marcelo, 0 herói da segu.nda guerra ~única. A razão para essa digressão é obscura; pode ser devida à proteçao concedida a Posidônio por algum descen­de~te de Marcelo. Marcelo é apresentado como o modelo do romano anttg.o e o seu filelenismo é mencionado apenas como uma atitude polfttca ~fr. 43 Jacoby). Nem )'pllbio.,nem,J>osidônio-•demonstrarn q\l~lq\11'f.W18,ffi'!%~.nç§Hf&.\r!l.epto.deumaJitératnra.nalíngua·latina·que ~~Y!!,.nxaJl.Zl!n<!o~çpmca-gr!\ga, Por Políbio não ficaríamos sabendo que ele era contemporâneo de í'lnio, Plauto e Terêncio. Posidônio não mostra :onsciência de v.iver após Ácio e Lucílio e ser contemporâneo ~e Varrao - na verdade, a rigor sequer tinha consciência das potencia­hdades de seu aluno Cícero no universo ·da mente. Nenlnun,,deles ~terlid~obra,de•peesiaJatina.,,embora.pelo,mena&•Políbió d~r,~tomado,fluetite'tíêssa<lfügiíf:'·fiíêsmõ'8<utiliZãlç'ã1>1'ditê!lf'íle htstoti g .••• 1 • • • a ·º=•ll!!O.$;.Jl9.LC~!Í,d.l!YJ<1osa. O que Políbto tem em comum com Ca~o, sobretudo acerca da constituição romana, não significa necessariamente q~e ele leu Ca!iio. Jl!a,reã1fdââê;-Polibio-'pareeeAet

, fla,<!QJJJXk,p~ssa<ad1antercEsta,Y.Jt,.iJl\l,!lJ?jJi!,l'cí'l!!:!~llJ~,,ª!>.Qm,,çido,com a de1J1onstraçao'de•cotihi;ç!m1wto,da,lfnguli:>tf~óstfillfes'•grêgos'efífre"'

. os,seus conte1J1rv>Tilneos J•tinos. "·ns . . • · d •\·.,.~·.e'·~'-'·""""·-+;·os:.t:;~"f/.!s~.--:-.ú,•,,\,-~,.""''!·'··!',,,~ ura,.,aq;_geraçao,.,.ma1s.~-nov:a ;,_ e ""~.f~=-~OS,',que;,durante,a,,guerra;,~0;11',~Ç}g,Ç\.l,,~qrn,,~af.~.l]Í['/',Çf,,.P!',!a

---!.Clªo,,grng.ª.,Jl.OS.,costumes,spçJJl,1§;.(31.25.4) e se nne justamente a ~arcus P?rcms Ca!iio para ridicularizar Aulus Postumius pela sua mtempest1va exibição de fluência em grego (39.1). Em tudo isso podem ter existido bons motivos de prudência. O ..próprio-Políbio f.9mec.eAJmaJndicaçã0<ao'!lizet,queAulus,Postumius,-:.,s1omou,acultnra

,grega,.desagradávela.os,o..!)1,1l(i.J.l.~.mais,velhos,e,ihrstreff6miffl~,q<O,,-~ rçs.ultado;a:1!õ'~êirumto;,,foi.q~.111~1ª,,~portlll!te'iialtetação,,na,,v,ida

rowwas~o1;Q!=.JXªl!,t_,;!!,J/j!~!'E!,.~,mx.e,},§!!J>S,w.,sial. Nem Políbio nem Pos1doruo perceberam a superioridade que os llderes romanos alcançaram. pelo simples fato de poderem falar grego e pensar em grego, ao passo que os líderes gregos necessitavam de intérpretes para

Po/(bio e Posidônío 41

entender o latim. Mesmo em termos exclusiyllllleqte, políticos,,parece jarnaisJJ;f..QÇ.Qtndo.a.llólíbiõ:êl?osiilôíiiÕ;que.o.domínio<le,uma,llngúa

µtrangein;,~R\l'§í'J!..W/l,.,~$f,ll!lf,1,lc.QS,!Omanos,·Esta,y@l-,f.'!.!IW,!!1'®Pº •.§Jtntlgas ymudes rom)llllls.pµa,a,explkação.do êxito romano, mas.os r-0manostinham.conq\!.is,t,\d0,poder.ao.porem,deJ.a,!Q.QS.antigoshábitos "'Í>manes. Um corolário é a ausência de qualquer comentário sobre a substituição do grego pelo latim como a principal língua cultural no resto da Itália e sobre a difusão do latim nas províncias ocidentais - o que, pelo menos na época de Posidônio, deve ter sido evidente. Se. a longa e complexa passagem de Ateneu 6 (273a-275b}, que Fehx Jacoby ·dá como fragmento 59, pode .ser considerada um resumo. fidedigno das opiniões de Posidônio sobre a civilização romana, duas características se apresentam: a) por,t:Q,.11it11&~J!í/,.ll§l,Ql!\8llO~conser­vWl)lk=a•extrtli.la<simpliêidãdé'i"de"viffiíFb}messe,Jongo,;per{odo, ap,;;~11deraiií'iíitiiiãtiêéfilciis,côni'diferentes.esJ!êP.gei,i;os(gregos;etrusc Ç.9§,:iSa.mttltas,e;il)i:_l]?~},."'9:;;,s;::.US;prlnçípio~J!;iJj,lµcionais'êom,Q~ espar{anos,<Afüeratnrá;ecaíiles<Jfilf'gre"gala"niiõ'sfro;mencionadãsl"Pelo

q~-~lll!h<;ll}.~JM\l)J:,~\!~ç~g'4.'?]9µHlí'l!,,&0!1:Qftlele!l?:foiJ1m·~p~c?° de,seu,;).ge.n~0pa11egms1a;Feofanes,de,M1tilene,-.e,naoile;P.os1don10.

A~olfbi&~dôiJ.io,>em,e·xaminâl''l!S"formas.da helenização,de,Roma,eta.,.sinrpm~àa,posição.incômoda,de'ambos-em

,,~\!!!.'1'.HíPria,;civ.imação. 0;:helenismo···que·i:stava"'chegando"a-.Roma.. inclu!a.muita&daqueles,ttaços,que,na,sua,terra,J!.o.1J1ens,des!l3Jndok

~~J,;tá.ti~2.i,s.Ws,.!'!\:<am*.d,~grn!!.á.Yceis. Gemo.-0 i:iovim.ento-dós Úrl!.eos-mostrou,.ainda.llllYil!. pensadores· gregos.que.1Dc.ent.l\llU'&flMh reÍorma.sociar.B,s,drt:ull\l!ê~tlFum-deles,A.cQméçlia e a sátira , romanas..nos.pod;;m.,~ri:s,tr~fAQ,Q.tm,'l.§;,,,,imª.&Í!l<;;;.S,LO_qge_p,®:ciam .aos..Q!!i.Q~.dos arͧ,\Ql:.rn~regos. A.religjijQ..J!ra..a.maior dificulda~e: .!Lllll"-Ql$.9!.9S.1l<.~j_&~!.!H.~R~.z Õ,!;.,f.Q!l,ler ~~s. 111J1rueh~~..tok.ç4,,"ç)(tase,mistério.e.fJJteldade ótual. Eratos- · tenes relatou com óbvia solidariedade que Ars!noe ID Filipátor era hostil à multidão celebrando um dos festivais dionisíacos caros a seu marido Ptolomeu IV FiHpátor (241 F 16 Jacoby). M~o .. ~-\Jm.P8SSO.adiante,1.1,g,.lg!JOJ;J!J;.ll§..P.!!$llJlªis W,!!.l!!!l~e..ct011ológ1ca ~~te.maLpodeJ!L,S,Ç~~W!,~ .~~Ç,~popul~q!!~<!f (le,IJiõnlsio nÕ~[Ôp<if'Volta..de,,.2,10,,,a,C.,...'.fambém,.fÕt::õmi.ss'.'''ª'" ~rise,religiosa,em,Roma,dllf11Ilte.,a,s.egl/11,da,gµei;rl!,P.lllllÇlt,,,"."'

JlOr.ele.nada..sabemos,acerca,<lll§c.§!!l,!ifl#~J\JlJ:llJmQ~,.daquela.,épo-0a. F~íVl!l;pãtâ'1tl!.n'sformar.,Qipião,Africanci,num,in~cru.!'~loso manipulador·de'êôst\iirrésféligiosos,dec<JUe,ele,não•compattil!íaVa.

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42 os limites da helenização

P s'dô · -es lllili-'.1'?-te!lkll,rep~taçao,·até-certo,ponto-,justificada,,de,ser.um ~~.a,.n:hgiosa.Mas,nao parece,terperceb'id . · s 1 - · a: PQJmneu .. . 0 que·- u aoe·o'SeU·amigo•

=-A,.§t11.vam,1omando•o•rumo'dã'ã\'Jtôd' . . _ poupou a tarefa de ter de ex r . 1vm1zaçao - a morte lhe encontrou atitudes í . p icar a apoteose rle César .. Posidônio

rei-escravo Euno e :os~1;::a~:'::;?s~~s oráculos entre os partidários do a Aurelio Peretti, o franco estud1t a~e'j.Portant~, presta certo apoio que, em 1942 tentou persuadi ':8º ita iano de Impecável erudição de que nenhui:, homem de san r: ~1 :esmo (~ ':" possí~el aos leitores) contra Roma: apenas jud g e rn o-ge':'1a~co podia ter protestado

sibilinos contra O

poder d~:i:a~~t~ ~i:;~t~ r:?1iscaram oráculos verdade, o primeiro testem '., a a , onese, 1943). Na patético e historiador Antís~!º desses oraculos vem do filósofo peri­Um longo fragmento de sua hi~ó~~ ~odes, contemporâneo de Políbio. do por Phlegon de Tralles 1\ 'ª os anos .l~0-188 a.e. é preserva-36 Jacoby) Narra uma his,tóo ,_ 1 erto e secretano de Adriano (257, fr.

· na extraordinári A · d 189 a.C. o general romano Públ' nl a. prox1ma amente em nico de Naupncto e e to e ouqueceu no santuário pan-helê-

. acerca do fim do dom;:;ioe~~~:nr~t:t .ºrá~~los em ~rego ~erfeito que os romanos haviam feito aos . sia vma um rei para vmgar o aos seus soldados que em b gre!',os· O general Públio anunciou profecias; um lobo vennelh reve. t~nam a prova da veracidade das surgiu e o devorou Só resto: s;rgma ~~comeria. Com efeito, o lobo profecia de ruína ~ara R ;bu ~raruo que continuou reiterando a representar Públio Cipião:~ª: viamente, por Públio se pretendia em campanha no On'ente Onc.ano, q~e.na época estava com o innão

. · rei que vma da Á · . Aníbal, que ainda vivia na Ásia - . ~1a era provavelmente e mesmo o crânio (f ' se nao,. o _rropno Antioco III. O lobo ao Capitólio) são g:~~~do relcordar o eram o que se diz ter dado o nome

, nos e ementos romanos Aníbal era também o assunto d .' .

do-histórica da qual u . e uma especte de narrativa pscu-sei, nunca foi associa:. ~ap1ro conservou u.~ª parte que, pelo que .

papjro (P. Hamburg n• 129~ ~::~~~ transmitido por Antístenes .. O . da por Aníbal aos aten'1e uma carta supostamente envia-

. . nses para anunciar . 'tó . d fals1ficação é ev'td d a VI na e Cannae· a ente e a ata bem p d · • · 185 a.C. (E. Candiloro Studi C/as o ?na ser aproximadamente que é igualmente di no'd · s. Or,ent. 14, P· 171, 1965). O um d~s historiadore! a q:/;~~~~ad? ! que An~ístenes de Rodes era não profere uma palavra sob to t'. a aversao e atacava. Pollbio tenes relatara 'ªo co I re os oraculos anti-romanos que Antís-

~ mp etamente A · 1· ._ -· ,...1'~ ... !$,!19~-)lJ.l,O.,,,e.ra""""O··-•setôr da

Poffbio e Posidônio 43

civilização que,Políbio [email protected] isJácildescom·­

pre_ep_gç_i:,_füMn.elhor,tratar,de,poHtica. Mas também aí apareceu um obstáculo que se revelou insuperável

tanto para Políb)o quanto para Posidônio, embora possivelmente por motivos diferentes. P<J_jíhlQ.roJnca-<>ntondeu-inteiramente-a-erganização pelítica-da-ltáli1rde,,sua--époeir:-Re gistrou•aclgu!l5'aspectos=,por-ex1'm­p!o,.a .. disposição+separad,F·das .. unidades-alia'das•nu·'exército .. romal)O ( 6.21.4 ). MaS'1lAA.-~c.e.ter.1entado..fazei:.,)ll!!Ml<,~tiçã0-00"Sisfê'iha romano.d~.m!!nici eia e c'?J!:Pi~_,J!Jiad<1§ .. fa.tjnos.e.outrosconfoderados. É,.menos..fáci\,scensuràr-PosÍdônio,devido-·ao·eseasso,número,~g-

~,me.ntos,,Mas..seJ'osidônio,-.tivessçj\gp_q .. mais,atenção-,à-estrutura•,da J®iª'";,ntes.ou .. depois-0a'Guerra.S.o_çJal, deveríamos.ter.conhecimento (!i§§Q,J\9J...P .. ~~'2.~í',Jl.1!"'fei.amplo·•uso-de,,sua"Obra. Durante alguns momentos, porém, vámos restringir a nossa atenção a Pollbio,que era ~~--_<::~EL•!i~tll.em.história cpn_gj!1;.~i.<;[1.~L!<P<?!,.<ll\~\rQ,~(c.11.l9s condi­cionoQJ?,P'ensamento moderno-sobre à'· república romana.

Como--a .. ,rnaioria.J2A~1l~tnri;!,.!(}res".greg9s,,,Po)/bjo."'sabia .. ,que.,o ,,.exércíto·de'umEstado·érií'um'êlêmento;da,sua-.eonstituição, Assim, em

uma digressão no Livro 6 acerca da constituição romana, se esforçoÜ para descrever a organização do exército romano:''Mâs"de-também s,eguiao-método'ln!l5ltü'iíf"dos'historiadoresgregosde-tratarumexércitq 7 f/us-;/dc, J'!l].,guerra"como,,algo"4ndepentlente,-a:la,,organização~polltica•,que~y __ · J -·; .,çJj~J;tJsso era absolutamente razoável nas condições normais da vidj,: i--c.o , /" "'"

grega. ~l!ê..g_U,Ç!Jíl...QÇpl'))lieria,da·~"._:;'~ên<;\,":;99,~;~~;'~i~,:oaí4r/?d,5. i;prngem-11.?.~~J!:QR8S,,da,.natureza_,,do~êàmpo -. de-batalhatÕo -total .cl_ç

~ .. !!Ül!/Jgos,e,{!çJJ).~.w;ja.t9f~ªsionais. Embora todos soubes-sem que a constituição de Esparta estava por trás da fama dos generais e soldados espartanos, ficaria abaixo dos padrões normais do juízo histórico grego explicar uma vitória ou derrota isolada como produto da constituição espartana. Portafilb;·comohistoriadQt~espe­cjfic,i;,.,j~Ql(J:,_lQ,estava-mais--interClSSSdo.lllkS~.Jb9~$>~~º ÇL\!.C.J!OS aJl!ecedentes4nstitucionais:'Natura.lmenternuma,guerra-.entre.macedô- , QiOS<S.e."1'-0manos<elé-"-sâJientariã'"i!"íJiferelfÇ8>'eDtre~. falang~c,giãp,,.,, L /,ó'H<-,., i ( !8 .28), ,_,llL~..gâ.Q,,apresentarilf"'ll'"-~UerraicomO;<Um:.cCOnfll\9."'-Clllr.e,,a, 0~ r0

, 0 «&f0J'. !

..,mQ!1'\!S.'1í!!.-maç_edõnica.Jl,~lÍJ!!iSliP..;lllista.cromana. No entanto, o que era uma atitude_ saudável nas circunstâncias gregas veio a se tomar perigoso em terreno estrangeiro. Políbio ficou privado da única opor­tunidade de confirmar a sua interpretação da constituição romana. Se tivesse tido de correlacionar a orientação da segunda guerra púnica com a descentralização do Estado romano - "ºm es manicipr,r, e

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44 os limites da helenização

éeloui<1e e co1tro padrão sempre.mutá~aliançasitafümas,..logo teria .des.cobextocque.o seu conceito de· uma· constituição.cll!.~~".em Roma·eta·qüãse,uml!,Jicção. A ·realida.<1.~.era.asubmissão•à•Roma•das·.e> -~w,Jooai&que,.por,.sua,ve:z:,<eondidonavam·o··comportlfmento"• de.seus clientes·e1ségtfü!óres. Bohbio analisou.aquela parte.do.governo

· rom.a.no.que-possu fa semelhanças·superficiaiscomumaliga.grega,.mas nunca ·se·perguntou .como .a .Itália ·.central .e.meri!Ji.oní!l.ümsionav)I.Dl juntamente,com··as·autoridades"roma1ras. É típico dele nos ter legado um documento. que fornecia o total de soldados no exército romano em aproximadamente 225 a.e. e acrescentava o total de homens em idade militar mas não em armas: o documento fazia distinção entre cidadãos romanos e aliados e fornecia números específicos para os principais grupos de aliados (2.23-4). Pollbio não descobriu esse tlocumentonum arquivo: ele o achou, com toda probabilidade, em seu antecessor romano Fábio Pictor que, na última década do século III, escreveu história em grego (cf. Eutrop. 3.5; Oras. 4.13.6). Políbio dá as suas razões para: relatar os números: • 'a f~ese·poysa.evidenciar.pelos . fatos..reais.que.gx'3lld""f)Olência..era.a..que Aníbal si:_=tlli:ou a aiacar eceeomo 0ea-pedefos&a<jUt,l""1mpé•io-<jUO"C<>rajosamente.confrontando elecheg0u,lã<!.p~o.~.i~!liÇ,,~~~-g-~l!Q,~g!.!'Sªs IJ..Boma~· (2.24.1). Mais precisamente ele salienta que enquanto.,:~Q. Íotal,ôciomanos.e..aliados.ap.tos .. para.o .. serviço •. mllita~.era.de .. mai~. ite sêlêceií!Õs'lliíl'ílã'ffifantllria·e·setenta·mH·na·cavalaria,·An!bál.inyad.iu

···a:Itália comumexêtcitõ'ôe·menos,de,,vfot<l'mil,homens" (2.24. 16-7). É 9vldcnte..que..a-maneka...c.01UQJ'..cl!bio.apreseafa-oS"flJmeros-leva'1l ab~_urdqs-Os,núm<>ros-do..potencial,de.,.guen:a.,r.omanO"(que-,&-o que significa homens em idade militar) .• clev-iam,seF-comparados .. ao.polen"'=

,clpkde-;;güérra:füirtÍÍgm"ês";:prn7~olfbio,famais---fa,z-cissÓ, Mesmo o número de homens de fat9 em armas - que Polfbio dá como duzentos e dez mil para 225 a.e. - dificilmente pode ser comparado ao exército de Aníbal salvo se adequadamente analisado. É élaro que não estou interessado na fidedignidade dos números em si mas na sua utilização, ou melhor não-utilização, por Políbio. Havia limites para a concentra­ção de tropas devido a transpor.te, suprimentos e manobras no campo de ba.talha que devem ter sido intuitivamente evidentes.para qualquer general antigo. ~~lquere<esta<l0,helenístlc.(M!J1.!J§tllUiu i;c,unir,.pa,iru!lfil"ll'á'!ãllfã•decisivll'"J'>ãI'eêê'têr"srdô~"Cté""éenrmil•soldados. Em 301 a.e., Antlgono Monoftalmo tinha noventa mil soldados em Ipsos; em 217 a.e., o exército selêucida e o ptolomaico se compunham, · cada um, de setenta mil soldados em Raphia. A superioridade romana

Políbio e Posidónio 45

. . _ ou seja na capacidade de residia na capacidade de substttlllçao. - batalha; como fartamente

. à d ta em uma ou mais , sobreviver erro . gunda guerra púnica. Por sua

contra· Puro e a se -provaram a guerra blem·as de colaboraçao com . vez, essa superiorida~e ªf r~;:ta:i~~~~o de forças entre Roma e os os aliados - e na reahda e ~ surgem em nossas fontes (por aliados - que de vez em quan o nhum escritor antigo analisou, exemplo, Llvio, 25.33.6), mas que ne

· nem mesmo P?l~bio. ões entre Roma~ os~_seu.s .U.~dos Uma desç_nç.aPJlas..exatauelaç_:---· . d dêj orna e a ~ ·~ - "{aia't-»dâflelaçoes,.,en._t,(t';~,'<,,Ç,t.,itt~~-. ""''l"'~';?-~'.a·~

italianos-(para·nao· . .. . . "' djtll) não tena s1 o / . ~ . do"territórrõ4'6i. m. :imo~. propr.t.lll;ll.i;\!.4.,. . .···d·=·~-""""'''fs~da

pen ena.. .. . .. --·e , .. ·,=•líclõrnelêmsfféo:'O~mi:Jo OS,,Jl:i.\J!!...,.., w,iriconcebíve!'-num ~1s .. ton~ · ,,sido•suficientes,.,,hlas~naturalm~n,:0 .~\1).ografia~hel'.'níst1~!·'~'.'.:'...:'!-·-êmícffi"õfilvõriftf'tl'8"'001lSfüu1ç-_ao p0Iíbio-teria,,t1do•de ·.~hJ ~ ~ ::dmiÜl'flll""'queles•r.omanos~C.H\i'S =i.staJ:rem,gera.J, .. tena•H o, t de fa·to•eram•criatill'l!S"úititl<Y =· .... · · · transparen es, • mente.~JhP.,pgp;.i;1am.tao .• · ··· r ue se Pol!bio tivesse feito o seu 1.!1~ii.Wl9âªS, Podemos s~~io'!os' modernos teriam tido menos_ . trabalho corretamente, os es u ana Conseqiientemente, dificuldade para penetrar na me~te :~:aría~os privados das qua­ter!amos d~ ~egistrar al~;:s ~fth:sMixed Constiwrion in Antiquiry trocentas pagmas de The. ry ia uma lástima porque, contra (1954), de Kurt von Fntz, º. be :e\e sabedoria e conhecimentos todas as probabilidade~, h~. as ª~ da de comparar a constituição incidentais nessa tenta~v~d t~par~s~ente com a constituição mista mista de Roma, sem d v1 . n !ºe~ discu~!vel Teríamos também de dos Estados Unidos, d"c;e~1s;e:tts monarchies hellénisr(q~es: de passar sem Rome, la .rec ue astou tanta intehgencta e Maurice Holleaux (Paris, 1921), ~ g • da hipótese de que

. t retar Políbto por meto agudeza ao tentar m erp sobrestimar as intenções

. império por acaso ao Roma encontrou o . p d. mos até suspeitar - e esta

. d stados helen!st1cos. o e . d d agressivas. os e . das - de ue deveríamos ser pnvn .os as seria a maior lást1ma de to Bq dian or todos os nossos peca­severas repreensões do ~roEessor ª-o dfr a atenção adequada à

d . - o e com1ssao por na dos e omissa . Grécia e subjugar a Grécia. diferença entre conqu::~a análise siJm.:lçs e es~tiq dg F.s:3do

Em.rul...~~ de,,-a,,l'onn»la!"-em-termos~ma1S"f1!Ztlllve1s-o ..rJJ.IDª-!J.0~.!!9!Ul'J:tll""JU~ ' . rbiano do· ~o roma]º· A org~­prpblçma l!!gderlJ0 ~ n_!!<);.Pº \ ,,,~ naturaiinenle ·.,; organizaçao nização dual do exercito roman~ d havia os cidadãos romanos que dual do Estado roma!1,a,,R." .. !!!JLJL 0• ---

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46 os limites da helenização

( e~cluindo~para.anossaJinalid))_(l~~a.l!istinção.entre.dves..cum sujfra­g~çj_'!§!.s .. sine..s1,jfragif>).,;upiiam-as.Jegiõesi>D.,.outro-lado,-solFa"' dcnol)1i[l•Siio.dç,.l:~.iv.iJ1Üll.PJw:,,<;,.Q~.,SJ;l!!llPJ1,;igadosa.fomecpr tro{la~t!í'JL'llRª-llÀar.Rnm.il.1!.",gJllW.A.,J!lí!l.i.Jlão.pagai<am.,tributo. Cada

... ~os lados tinha de ser mantido razoavelmente satisfeito • .O serviço militar prolpngndo facilmente se podcria,_torn~L.\l.csastroso.para o camP9nês_C9mano comum. Mas.se.p!Xliaesperfil'que.&cidadão-romano

.. rêàgis;,:;;,;iômaiii:;áii,enle,iaçãQJ!limi.gª"Í<.~'W'Ji.llha,,\litGllo,.;u;ompâ)­ti lll;i,r_,Qll •. "lUªlque,.v.antagem<ou,glótia··que"a''Vitórilr'lrOOXCSSe'c'MesniÕ' '.!!?,sécu!o,U,·ac@c,:,quando-·a-sittr.r,Wdo«eamporrês"Soldl!ll!l"romano se to?1~~w,!,\!l:l.l?f.!lQ1tm,bPRl.l.t.ico;,em,,geral"a,,lealdade·"C!as•legiões,,nii_o~

-li~i~~m.4iscussão. ~1n:mttacjües!ã"6"."Não se-podia es!l<'.rat.que..fossem-.automatica.ment~Jta.i$,~ll.tan.to,,eram'necessá­rios. Tinham d_eser mantidos_<:>CJ!lll!.POS pela guerra, porque se não todo-' -•~ =·· ,..,...._.,,c._..-""-',~\>'~V"-"~.t=-.""',.Z......., '

o _'ãi'éàJxiuço da .organtzação,romana,desmoronaria,a.Gomo,as,e0bnga-~jli,1i!J:es~MlfilJLIÍni.<:o-vJnculo..visívehentre.,Roma--,,.os.:aliados, _R9.tpa.llnbJ1~lirar-e.máxim0<pro,v.eilo,dessas.obrigações,para,que,não ss_[~~§§..f}.!ls9S§R1:Jlxil1ª,S,.!!<;,.St;QIÍ!:lo.,ou;·piortpara -que os,exércitos aliados não-se wlta,~m~tr~R'<lma. Assim como a organização do império ateniense tinha a sua própria lógica - mais tributo e menos parceria militar -, também a organização da aliança italiana tinha a sua própria lógica - neoluun..u:ibuto,.e.,,,per.tru>t~mái<imo.,de~parceria

.milita!'> A lealdade.doo-a!iatle;,,!lnoo-de-seF<oontr.olad&~~ulada.-0 C2)l!r.01<l:-era-exereido·'êm''doiS'níveis,.o;diretâlffent"'f)Or•me-io-de,funci"°"' n!Írios,.,romanos;<'indiretametitê'"jío'r"mei04a..clas5e'"àellrilfân1e""tl6s""' {'.f.ÓpfjgzJs\l'!,9.f'.~,J?,JlJ.,l~g,._essa,dassecd6mirrante"linha--0~~er.a~iada_ ~~~W!,Çã,Õa. ~s,,afin..J~d<i"côÍ!ffi!Íl~ encontrar a!gJm1~compensa,para,os:sens•esf0rços>'Eraeneccssáció'dar

,.~.··-·P'"'"~' ,'z1f.~',!J~~JI.R~W.;,f!t1>de~-lóda•tpresas,decg'llêmi7,estàbolecimenros (i~_,,,S~Jfil~{9jg,;;~!§.i~~~~..,SB.!1.,q!!isJadas. Claramente, Roma nunca encon­trou uma solução completa para esse problema: posteriormente, teve de enfrentar a rebelião dos socii e lhes conceder acesso à cidadania romana. Mas a máquina funcionou durante cerca de dois séculos, de aproximadamente 280 a 100 a.C., e a maneira como funcionou foi que Roma passou de guerra a guerra sem dar muita atenção à questão metafísica de se as guerras se destinavam a conquistar poder para Roma ou manter os aliados ocupados. Astg.uel!r~~ópria

,.e$_§.~d!!'6'!'f!fflfil!!Qãó íb'iiliflfa. A batalha de Sentinum foi o prelúdio natural à batalha de Pidoa - ou, mesmo, à destruição de Corinto e à Guerra Social.

Políbio e Posidônio 47

· · da de de. PoUbio _de. cri~[ ~!1?-.01Ps~5l.2,.!q.!;g~!?<>,P!i!!'. 0 A~t11~J!.ÇJ..,,;;:;., .. :, .. , '''"·<'':·'"'--o ··,·.···"Jíé'rdáiJã-,nor,Postd.ol)J o e,,pelo que

d .m{nio . .de,Rorila'sobre-a·Iralia·il)!,,. ............ ,,c,,,,, ........ ~n!·--·· • d H Jicnr-Q..,,.... . .. l autor grego Dto sto e a

sei, nunca foi reparada por qua ~uer. . m todo limitou ~~sso, que se interessava P:la história rom:~:a:'~~;ou se apr;sentava. o seu estudo à Roma arcatc~ ond_e o ~ro . . livros de Guerra civil Veleio Patérculo e a fonte launa dos prtme:ros d AsfnioPólio)

1 E T G bba sugenu o nome e de Apiano (para a qua mt to ª _ ºtaliana da história política roma-se aproximaram mais de uma versao t . perialismo da República se na, mas na época cm q~e escrev~r~:sºc:ares· o que esses bistoriado­

conv~rtera n~ b°:ocrá~~o Imt::~ frutos. Polfuio e Posidônio p~rrna­res disseram Já nao po 1ª pr . rimeiro subsistiu em quanttdade neceram os senhores no ca;"po. o p - aos historiadores modernos, suficiente para impor a sua mterpre;ça~scença devido a mediadores, enquanto Posidônio só ~lcançou a· Se~. f Plutarco. Enquanto os como Diodoro e ~trabao e talvezi~e~:et~c:mpanhados, o lugar de sucessos de Políb10 podem sedr fac só se firmará quando tivermos um Posidônio no pensamento mo erno

estudo adequado da etnografi~ antigda. sé l XV a hj§JQJia,A~9,Ubio D , u• ,.,.descobertano;níclo. <> c_u o . .,,,,,. - • . ... e:;.ue,fill,._,=~--~"""'"'"""'_ .. w~r~model<Wcensutuc10-

-.foLconsideradasueess11,1~~te:,um. . . . , ., uia' ara~ · líticos, ' · nu-ª,bparacofic1a1s,do,sexéri,1\0:,~ ~'1;,:!~=t~- _.;!!". ··=.

n\11§~.,!!!!hm~ ... :" ~a- ulavél'ãti·N1ont~qilielf,'PoU6toiu1 es~talmen.te,di~lo~ta&.. q. _ · e te elru;on.ttJbuiRPAl'll ~li.GlHlll.,,ço.nstttmçao.rmsta.,Ma1s.cunQ~.,!! .. "''-- .... Li _

.. '.: . ércitos, roftssionais,nai,altaoJl;CIJllSCC~Ç.a,. JustuS r ~~l!~Ml,Ç4'l,, ... ,f .. !l difundiu no meio m1htar. Uaurkw sius foi o estudioso c ass1co 1ue ºadores utilizaram De militia romana de Orange-Nassau e outros re orm • . 1 de Políbio como manual (1595) de.Jus~s 'L~psius com ~át~:º1~~:~~adução do primeiro !ivr~ para func1onár1os 1.115tru!dos. d S J bn' College em Cambrt­de Políbio por ~hnstopher Watson, oh ~~ do ~storiad~r: dge, era precedida por um poema em o

Políbio lê pois de fato, crê, ,

um grande bem acharas. · · · · • p liíbio como · - ta anos mais tarde tmpos O ··

Mas fo.i .. _e_. ~sa-}!12,<ln~: cpolím1~;:,.:omo.imi.guia,muito mêlhor,do,que-,a o-·e.so"9Ja\.1.s,ta.c,.em.Nt • · '· -· · , · !hera o período .,,...v~---- . ·Ja··o seu argumento era que Tac1to esco líbº Tactto-em mo · í · · 0 passo que Po 1 10 errado e fornecia maus exemplos aos pr nc1ix;~~ ilustre da história apresentava aos pol!ti~os modernos u~ pe;ais preciso do que uma antiga. Se Casaubon unha em mente a go

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48 os limites da helenização

alternativa ao maquiavelismo disfarçado dos adeptos contemporâneos de Tácito, não deixou isso claro. Após Ca.saubon, Políbio será encon­trado em muitas veredas da vida política et!J:pp§\a, .l:'Qf,J<l\.emplo, em torno,_~J14.0.P..oJ.!lli9J:Qj,,gti!l~cl2J1_finglat~da ;i,a'ra apoiar,a .. ,ç,iJJ.Sª dos.J1ªrlamento&.anuais. Edward Spelman, o tradutor de Dionísio de Halicarnasso, aparentemente foi o autor do panfleto publicado anoni­mamente em 1743 com o título: "Um fragmento do sexto livro de Políbio ( ... ) ao qual está anteposto um prefácio, em que o sistema de Polfbio é aplicado ao governo da Inglaterra". Como descobri por acaso (não foi uma grande descoberta), em 1747 o mesmo panfleto recebeu um novo frontispício e um novo título. O novo título era ainda mais grandiloqilente: ''Um.ParaJelo..entre .. a,Constitu.ição,romana-e.a britânica; incluindo o extraordinário. d.iscurso de .Políbio ao .Senado Romano (.:·:fô"foctõ áêsTi~ád;·; ;..,;~~1;;,;,r õ".,:é,ibcieirc; espírito de libe'fdàde e arrasar a dependência e a corrupção. Dirigido aos membos jovens do atual Parlamento." Pelo menos para um leitor do século XX, mesmo essa segunda edição deixa de esclarecer por que PoJfbio deve~ ria ser npticável à cnusn dos parlamentos de um ano. Mas a discussão sobre Políbio provocada por esses panfletos prosseguiu a intervalos pelo menos até 1783. Talvez eu devesse acrescentar que foi Edward Spelman o homem que disse: - Bóm Deus, algum membro de uma Universidade sabe alguma coisa de grego.

É verd.ade..que.o-problema.do_i,.quilíhrio.de,pode~.!:ll.\rn"ç!ii)!SJ;I • .!'"'~ ór!ã?.~.~~!~,n,p.ç~nJQ,U~UJll,.RmPlC.!!J.í!,.;Jli\.Í~™:º-cl;!me?tahna,;Europa"',

.... ffi99$.!JJ~Ag~qR<;,,1:i'Ptt§!)l!,\!!Et.!l.'!Ju1..mJL\le.Ro!íb10,,Mutto da fama de Pohbio como intérprete da Constituição romana é um reflexo do seu prestigio entre pensadores poHticos modernos desde Maquiavel. É claro que não escapou a Mommseii que dificilmente pode haver uma especulação poHtica mais tola - "eine thõrichtere politische Spekula­tion~~ - do que apresentar a Constituição romana como uma constitui­ção mista e atribuir a ela o êxito de Roma (Rõm. Geschichre, 7 ed., II, p. 452). Foi ainda Mommsen que disse que, no tratamento de todas as questões que se referiam a lei, honra e religião, Pohbio foi não só banal mas também inteiramente falso - "nicbt bloss platt, sondem auch grilndlisch falsch". Em sua compreensível ânsia de salvar o que podia ser salvo da vida grega através da cooperação com os romaae&;-P-0Hbio

~!!lQS,~J~cetWJ!»":ll~0sío,,liah,rm";t~fxli:lfõ'ine-xplorados os. aJJ,çerees-,ma1s.s41ill.os.,doeeompkxo.;rornáfiO~itãlian~'"g1lê"'Onsi:O,a.

Jªm ~t~~JID.pJ>~!!!J~;~~~si"'ç_!,9,,~.iill_~.'~"'"dJ?ÇJ.Ü,lao.t~~os métod~dê'ê1Jiíqilista'e'domln\9,.,as,.panicularidades''ºª~"õrgÍÍJ:i1zação

:;,

Políbio e Posidônio 49

Jl.~'l,.Ç.J!l.l!i!J!.,,. Alj,!!Lc;\~, p_Q§:a_u.(am.eitt!l.ll&!JS · cllJJ,he.cinlentos.c!as.­ctrn&!tlL<s,~.§Jl!.~g~j;j;ton~~Jga.ce<!_ônica&da,sua.época-e.a;,:aliaram i:_e,:!!J.§.IL~~~~l~~[Jilj,1~,<!t:§ . .ilç_J\Llll.t,.<:onll;a,.QS,romanos,,Isso f91,.oJ:tas.tante_pa.raJ9m,á,lqi;.,,agentes;,,e,não;apenas ,historiadores;--da=,

·-expansãocrom@a. NuncaJ'lm;wi!a<am.;wna..pergunta,,sobre.a.justiça.i,!o .domínio.,romano·ne!Il'sobre•as'Verdad,,ic,5 f9ru~.u..poder. Talvez seja menos óbvio por que ambos - Polfhio e Posidônio - devessem ter desempenhado um papel tão destacado na investigação do Ocidente bárba_ro e em torná-lo mais facilmente. acessível aos romanos."'4,2,, distii.g!tir'üs'fo!Ilanos.comoa,nação·com,que,os·gregos-tinbamJ1c1naior

Afinlda~atw.:aJ,,,!:mpJ.~E!Jl),,R~Celtas:eºos,~tagll.:l,~~,.g:;r~~~}IJ!l,, i:"'categon:a-'drfotentê:'füa a categona"'êfos'lYárbal'Os'&'os,erud11os,greg0s

eram4tad.icip;1almenteJ'll!IJPSOS,por,investigar,·terrasMrbaras·etorná• las,aompreensiveis0 ãõs'dvilizados. · §J).<;edensassim,queetanto.,Rolfuio

_quanto-P.osidônio,,estavam·,envolvidos•,,na,,investigação,das,Íerras,do 0$.lE,J;QJ,,ú~~l§,A9,~:~:1':~.t.':'.'!ls,terras,da.,E'rançare,dacEspimha -'cofü as,,conseqt1ências,qt1ê'esp:Ció'êS·cJã"te·cercna'·minh·a,.próxima'cOn"ferêncilt'.

Enquanto isso, minha sugestão para boje é: "Se.Jleseja&n.t<:.uder,a· Oré.c.liumJ.e.mp,LQQ:U:Q!ll.A!!!lll,ma.J?olíbí0,;e,tudCWJue,possa•acrell!târ q.ue,.seja,de,llosidônJo;,secdeseja,ç.!ltepiJi:.rJ!,9m~cf!Qm!nando,a,6récia,

"'1eia<BlaJ1.t9.,,_~),Jg-e,M.~,1i1·' •

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,/ e.

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3 Os Celtas e os Gregos

"Tu, Petrônlo, que nos jardins de Marselha eras o adorador do sagrado . tronco da árvore" são dados como testemunho das origens marselhesas

de Petrônlo. Eles provam apenas, como há muito foi percebido por Conrad Cichorius (Rõmische Studien, 438-42), que um episódio das partes perdidas de Satyricon se situava em Massalia. -

Mas Marselha bem que gostaria de outto escritor. Entre Salviano no sécuio V d.C. e o nosso amigo Henri-Irénée Marrou no século XX, muito poucos nomes de intelectuais franceses podem ser ligados a Marselha. Mesmo hoje os homens que gesticulam por La Canabiere olham em direção ao mar em vez de em direção à França. A forte ttadição de autonomia que remonta a 600 a.e. sobreviveu aos canhões de Luís XIV e ttansformou uma canção de marcha '191'1POSta em. ~JlSbutgo-na-Marselhesa.

Minha narrativa de hoje nos leva de volta às origens da resistência de Marselha às seduções do continente celta.

II

A história épica de como os habitantes da Focéia abandonaram a sua cidade em vez de se submeterem aos persas é narrada por Heródoto

51

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52 os limites da helenização

1. I 63 ss. Nenhuma história transmite uma impressão melhor da unida­de do mundo mediterrâneo no século VI a.C. Ondas de emoção se espalharam da Ásia Menor à Espanha assim que um novo protAgonista - a Pérsia - perturbou o equilíbrio existente de amizades, alianças políticas e interesses comerciais. Como de costume, Delfos teve de snlvnr as npnrêncins. Tendo nconsclhndo os fócios n se instnlnrcn1 nn Córsega, teve de explicar por que o empreendimento fracassara. Al­guns fócios tinham sido apedrejados até a morte pelos etruscos de Caere, trndicionnis fiJelcnos; outros tiveram de se trnnsfcrir pnrn Elen, na Itália meridional. Na medida em que justificava o oráculo, a história de Heródoto foi a princípio difundida a partir de Delfos. Mas o restAnte, que começa com a simpatia de Arganthonius, rei de Tartesso, pelos fócios, era sem dúvida de origem fócia. Pois-tem,,si,_.efudmi.tiJ:_que_p_s__ corajos<Js cidadãos da Focé.ia .. estavam-entre .. os-colonizadores-mais persisti,_9_ti;mente . .farisaic.;'s:da·comunidade·grega. Ao fundar Lâmpsa­

-·com-átaram todos os habitantes nativos, mas o fizeram em legitima defesa; a filha do rei local os prevenira do ataque iminente. AJ!.istória foi minuciosamente narrada por um descendente desses colonizadores, o historiador Cáron, que, por ser um dos mais antigos historiador_c_~_ gregos, estava em condições de estabelecer um modelo.-emrtrmnícle<,' f&hrem.errltói;io·lfgure·enr-MasSalia foi desctim-oo-mesm&espfrito:­~-lQ!1ª-·ºe .como ·a .. fun<!a.ção .de. Mass.a!iJ1..não .foi-.uma-usurpliÇifo

•J'.iolenta---de-território-aliad.o.,jiLfoLrela!J!da-·por,Aristá.ti:]~=(fr, 549 Rose). Por_a_ç)lsoum arlstoc~Ja fó_çJo.ei:a .. o .. convidaçlo.dg..rei,da,.tribo llgure dé Ségobrigi·quandoa iíu;;. do reifoi obrigada a escolher um

~-maridêrdiírâiitêu1li'bliiíqü'eTê'!-Est:'ústt1'õâizêi';-elà-esêõH1êu o convidado J~ío,-gÍ:iesê"fiffhil~Jüfü,ífqrJ!.ê;Má&Siiliã'êm'.íerra.qÍÍeÜ1;1õi'êê-dilfa

,..p-elo"sogfô/A mesma história pode ser lida em forma ampliada e levemente diferente em Historiae Philippicae de Trogo Pompeu, um celta que na época de Augusto narrou minuciosamente as trajlições e nos!J!lgias de Massalia. TJ:Pllo-e*pliea-wmo---chegõíF;R;~f'úíi-o-idHio ~g0S'e--es,habitànlllS,,nalivos. Durante-um-festival·os lígutes tentaram,tomar,MassaliiFde,,surpresa. Traídos a tempo por uma das suas mulheres, foram punidos (43.4) .. l;>ÇJl!lÍ$;,-dÍS$0,--Qll.Jia.bitantes;.de ~~i~m,,J;>.§,.,,Wrtôesl'dii?"é1&1IêTê'Xmii'nê!vêtll!!f-'Vig"ÍffiliCíà

,n:/iliílíiiiw.ti,. Nesse ponto, Trogo insere uma no!J! de realismo que é repetida por Lfvio quando descreve como, no inicio do século II a.C., um terço dcs gregos de Ampúrias - uma povoação secundária dos mesmos fócios - guarneceu os muros todas as noites por medo dos vizinhos iberos (39.4). Mas Jogo Trago recorre à história imaginária

os celtas e os gregos 53

ao contar o episódio do chefe Catumarandus, que num sonho fora persuadido por uma deusa a fazer as pazes com Massa!ia. Trago passa a explicar que um pouco mais tarde - isto é, aproximadamente 390 a.e. - os massaliotas esvaziaram o seu tesouro para resgatar os romanos dos gauleses._ )'Ião sou o primeiro a suspei!J!r de que os habi!J!ntes de

· , fy!assalla gastArnm o dinheiro para se rcsgatArem de Catumarandus em yez de resgatarem os romanos de Breno. Os fócios confiavam na ajuda de sua deusa virgem Ártemis, porém ainda mais no amor das princesas nativas - o que, a mais de um estudioso moderno, tem parecido um compor!J!mento não-helênico.

Inevitavchnoete, a hist6Iia de Massalia em do vigilâaoia atonta contra os §~!Ls vizin!ms • .11'f'l!-sioo,ebsel'Vftd<HJU.,..,s..llgur-es,-,,m-eujo l!'JJUPrio.a.cidade..for,.__fundadartinham-&-llOOle-muito-celta.de.Segg­.brigii._ Qualquer que possa ser a explicação para esse fato, pelo menos do final do século V a.e. em diant9 legítimos cel!J!s de La Tene vigiavam das suas colinas fortificadas o movimento dos vizinhos gregos. ~~J!.lidades .. práâeas--OS-massal\Qta.s JipbJ11JJ.de liàat..com-Jiomens.que.-,-na~línguapna""'rlej"'OOS<eostnmes·1Jibai~ .p~miKelmente,,na,sabedoria,-drnfdrc,,-,perteneillm'ii!uidwcivHiza º ~ Em<Conjunto,,era--a-,hlstória-da.ptese~ª'º-~1!la$.u.cedida.de tradicionai1M•alores,pólftie6S";'sõctâis'ê"é'üffü!'ãís'pbrnma--elíte,eonser­~!lra,.contra todas as possibilidades; mesmo a medida de César para punir Massalia, como aliada de Pompeu, não importou em catástrofe. ~-<lootércio, Massaha era sem---tlúvida.-auxiliaàa--peias-ottlraS'

.c.õlôitlas..gregas-ao"lorrgo~daS<Cos~rança..e.da...Espanha, q11e,- se nã9,.P;:la..origem,..ao.meo~t-0.eram.as.suas-próprias-Sl1bsidiárias: Nicaea,.Amípolis,Redes;,Emj,ooae,.Mainace.etç. Mas é difícil avaliar· o esforço de coordenação militar e social que tais postos avançados Jsola_dos devem ter exigido: tanto eram um risco quanto um auxflio.

Massalia-apre&OO-la..dois pmhlernas em re1ªçgg ao 1mrndo cel!J!._Um-_..A.:llr.ó~rna,.da..contrl~-ão-.de..Massalia.à.h~!!i~ dos. celtªl/;.,O

º!:!l!!!f.º ef~1to ~ vizinhanç~ dos ~~ltlls,.S<>b.tç~!i~mtlllA.~ Massali~:.r'~<;,~,g~~Jl.°s .. em~9~.P.!1!P!~le!%JsmJiidp m~iscu 1.Q,g~nd<>,,-apesar;ijJ).,llí\Q,,mÇ.1;!,Q$JPJ~!.,~!!i(;.:;e fala

.Jl1!lÍ!,QJp~.

Pe_!?,menos.,n~:aru.al';fase,de.,p_\,§$J!l~,...~tiwçl,lçµlo:Jenll!I,:isoia-r.o CQ,\J;iP9W:.lll~liota,no1Rrocesso 1l_~iração:de.bens.materiais::e. ~icimais,greg,is,no.terrltórid"'Cê1ta. Era um território que, pelo menos nos séculos IV e III a.e., se estendia da Ilspanha ao mar Negro, incluía a Itália setentrional e extensas faixas das regiões do Danúbio e, após

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1 1 54 os limites da helenização

279 a.e., alcançara o centro da Ásia Menor- a nova Galácia. C&p,.Q!!.lQ§ d_!!-CO!ltato.com·o-muooo•grego·eram·incontáveis•e--foram-aumentados pela..uti.Uza.çã,o.de.celtas.como.mercenários.-na-Itália.e.p~aticamente..em toda patte.,Em 186 a.e. havia no Egito.mercenários gálatas que, em grego impecável, puderam proclamar ao mundo do pequeno templo de Hórus em Abidos: .. Nós do corpo dos gálatas viemos e capturamos uma raposa" (Dittenberger, OGJS 757). A propósito, historiadores meticulosos nos advertem que não poderia ser uma raposa, mas deve ter sido um chacal.

----~ . ·e --q···--jj~~'O ---···mgitIDOS ao .-:M, "o -'~··'n YI e rv1esmu"'Se;--por Il 1ua tv, ll s-r~ . ,,.-4.Y.~\&.~~-... .Y,l,--""'-'-=-

ao si;_çµloY •. a.Ç.,_q\!l!!!9-9..as,.opçoo&1lfal1l<mai&,lünitadasr·8'estrada-d&­--~J1ão..era,a.,única.rota,de.1;,qwJt~J!1J,JJ!i:r •. ~lêl:-1!1,§,..\t&t5'~.!:I~l~ outras, estradas pelós · Alpes .e.:oulros-,mt~~<;g1_ános:- sem-, ?uv1~_.os efrúsc~_e provavelm_ept~_gsJeajcios, com_ quem os massahotas-uve­rani choques hostis (Tucld. 1.13.6; Paus. 10.18.7). Não_sabemos se a

- Senhora de Vix recebeu a sua gigantesca cratera - lacônia? - por meio de Massalia. Tampouco sabemos se, no fmal do século VI, especialis­tas. massaliotas reconstruíram em estilo grego a fortaleza sobre o Danúbio em Heuneburg, Württemberg. Só a cunhagem gaulesa tardia imita as emissões massaliotas; nos séculos IV e III a.e. estava clara­mente sob a influência macedônia. Mas--'--'au·Pêgue-\1;-a-cetcâ'"de,240 km.ao...!JQ!:te de MaW!}i,i,,.as.c:r!;ni2l!J!Mç_ç)llo_V:L~J§E;ia----Ou.seja, p~aveJmenterde..Marselha. Em Ensé=.a...11rnfusão-de.ce1;W1ica

- · ma.mal-.po,le-ser,,dissociad_,vle..Mru:s.dh!!- Alem di~Q, .os d1,1;l.~s -

<:~~~_.S.!l~ânic<>~J!.l,!<lS.fdº re,~S&i'ià~W o vç~!"ll?, .. !l[l;!l~«lf;'º -·-'Rq-~ntido,_clt,.J.!enxertar·\~::ele\cteÚent~em~éstz.mp/en·em,alemaQ,

e gosto de lembrar que conheci essa palavra na infância c_omo um termo comum na agricultura piemontesa. A,J.t:ansmissãoodessl!'palallra&!\llJ?h ve a transmissão da.técnica.de enxerto.e nãop_ci,li,;$0•,expl\cada.,a-não

,._, ', .. _ ... ". ,,.·-~·,.:--{,,~,c,.,.-:-=~--;;.<~-r.o-~..o..,,"..,."";-.s-:'J:>,c.c··,-"."'' ··· •

• s~uiOroo:nro,;w_p~o lingfüs_tiçiuuassalieta. l§sÇ)..ll.qS"(\~~eJC!Jll&da h\pótese dec:ql!e.A'~.ia.qu~,abaste.:eu~os'•cliêfêi(celtas de,um IDodo,novo-e<-mais~excitante0 ·de,.se,cembriagarem'1Jds·'seus·,famosos banquetes.hierarquicamente,organi~.9-Q,~;g~RáLflliJ)J!i_u;o..préstfgio

~do.Hdromel.e-.. daocen,eja,,Q;;;,gregdt'viôrldiâfü,..viiibtFáOS'"Celtasp,mlil! ta~m ~ t°íÍ!'.ar~'U).Jg.Í,/MP,fo. É verdade que não sabemos quando Marse'ffiãse iôrnoff o principal ponto receptor do estanho que, durante trinta dias, era transportado a cavalo do canal britânico. O testemunho direto pertence ao século Ia.e. (Diod. 5.22.4). ~~-!!l!!ÍlO .• C~lLCerta quantidade--de-estanho,...ferro,..,escravos,"·couro,-lã-e,,oum.~deve~ttr chegado..a_MassaliJ1,J:J1L_troca.-de-Yinho,azeifu;"Sal;'vâsos·•de,,argila·<r"

os celtas e os gregos 55

'bronze,e.espelho&,,A.difusãodo-alfabeto-gre'go.en!l;e-O.s..c.eltai,,se,.de.Ye · gunbém.àinfluênci_a-.massafü>.t;J. Talvez seja um desenvolvimento dos

sé<:.~!':~JJ,te II a.e. P11rece ser essa a data das inscriçéies,lla~l~"-~111 ,caracteres-·gregos.,No .. s.éç_uloJ..a.e .• os.gauleses-das,prox1_ll)ldades--de MassaliaJedigiaiJFos,seus,contratos,em,greg.e (Estrabão 4.1.5). eésa.f'"'"' e~çgntrou.,um,.recenseamento.c.Q/!.;populaçao·,em"escntif··gtega'·quarrdo···--,. t§1n~'ll'~l!.\?d!$\'\!ll\@J.C!!.tg,;tl,o~c!le\yécios (Bel/. Gal/. 1.29). 0,Çye­m9s ao mesmoCésar a inf ormaçãode,quesoscdru)4'l,s.J!S!,Yam,o,alfabetçii -&m_)W,._(~._14 ).

Pbla WRllOS na era helenMica os c.eltaslapi à Massalía.para..apreniler ~ língua e os eostnmes·gregos. SegundoEstrabão~essa·cidadeera lifüã ljSCºl""•para,osobáJ;bar-08'(4.\.5; Justino 43.4.1). A indicação de Justino de que os celtas também .. aprendiam~un1"156ffcci'·de•urbanização é plenamente confirmada pela arqueologia, do núcleo em Ensérune do século V a.e. a Glanum e o oppidum de Eutremont no período hele­nístico. GJ~ll,fll .. .S.e~transformou,.no•.,exemplo•dos•compêndios,de,,um povoamento.,çe!!Jl"§eg!!llcdo ... Q!]!elpios~gregoo~,As,,figura~humanas

}?~'i.?!'.~.e~J ~5.,~f$'1.W'IP.l:ill~-i,cam,-q1Jf•··pç(f111t8,(ceJtasSoram"Per; SUJ!,c/.1_(1_95;l!,;i!~nt.,)R~<J,""<!,~l)§..P,rt:COnce1tos..c.ontJ:aAJ:e_pm;çn\llçãç,._<!,\ forma,humana. ,E,quando . .César,menciona,seiscentoo,senadores0entre Ofu.tlé,;ycios,(Jl.G. 2.28), &nal.JJ.!:ª1.,ºª&Y!l!MJi .. Ç"''?/>~Q§;C.\'!lJQ,S,SF.!J!!àor~§.""' Yi!!l!(E.!$>~-2.ltS.~Rl;.SliM,'l.J'.Sxlha,foram'O'IDOOelo•para,eles: . -- ..

P~suasez.-os.,cicfu.dã_os,,de»Massalfa,não"podiam"permanecer ~i!!§wslYd.s,.à,cj11.ili.za_çio.,.::4:c!l-º.~J!.tC:,§.egun.dJJ...tolí!>io,(3 . .4J),,J@i .. ,;ii­

~;!JTumetc.enários.ee1tas.iJ1J!!,i.a..filla.defesa,,C!legaram até a incorporar · u,:µi.pequetílhnbõ'de·habitantes 0 vizinhÓs,oomo,solda~os.aµxiliares

perm~fl.t!ll,~.§;.J.':í'l.!U!lenPS...,<;~essa,a,informâção,~ÍÍi<lipót•Cé§ãr (B. Civ. 1.34.4). Va_p;iio.parecect<I'lffrrmalló'tjüê'ha'su"'épocil;,M~a,,,. e~lh;t_gii~as.dua"'lfnguas.estrangeiras,eram,•nal;\lrn)__J:!!.Ç!J.l!l,,QJ.atim 1;.Jk~{U,.,Gostaríamos de ter o contexto dessa afirmação que é trans­mitida por São Jerônimo (ln Galat. 2.426, p. 543 Migne) e Isidoro de Sevi.Iha (15.1.63). ~9.século.J]..,a.C.,..pel~-massalieta a serv~_ç_<?,A9§ ... Ptolomeus-tem-nome,..Çioro, provave!men!e---de-origem ~(U. Wilcken, Zeits,ehr. F. Aegypt. Sprache 60, p. 97, 1925). Estµdiosos antigos do folclore atribulram--ã.-influência celta•uma· das'"

.... ,particularidades,da -famosa hospitalidade massaliota. Quando amigos se separavam, trocavam empréstimos em dinheiro a serem restituídos na próxima vida. Ror...s.erem.,llizinllo§,dos"ce1tas (explica .Valério Máximo), os,massaliotas·,•aprenderam''éói'!Niles,a,acreditar,naJmorta;;_,

, .. lidade.,da ,alma;-,crençai;qu<w>ãq,,dev:e,ser,"desprei.ada,"vistõ'"qí'lê"í!'ra' · cemPt!:ltI!w!a .. p;;l.p,;,.~cQ.$,. "dicerem stultos, nisi idem bracati

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56 os limites da heleniy;u;ão

sensissent quod palliatus Pythagoras credidit" (2.6.10). Em conse­qüência, Llvio atribui ao cônsul Cn. Mânlio Vulso um discurso em 189 a.e. em que, para fomentar nos legionários romanos o desprezo pelos gálatas, ele encontra sinais de barbárie celta até em Massalia: "Mas­silia inter Gallos sita, traxit aliquantum ab accolis animorum" (38.17.11). Entt:!' os celtas o prestlgJQ...de.Massalia,~.!;11~.ª!lº· Em 195 a.C. Lâmpsaco registrou o auxílio que a sua cidade-irmã fócia Massa lia lhe dera, não só em Roma, mas também em relações com os celtas da Galácia asiática (Dittenberger, Sy/1. 591).

'fodos e§§l:ll.dados de.monstralllcl!l1!;nl!§.como seria fácil formar um ··-- - ~-.,.,.,,,..~~~-.,~~~~~-"Y~ '!,\l,ll\lmJ01eitamente,!1)$.w.n;id.Q.Ã.n,KiAAcdç,,mJ!m1ia,!Mi.,R<Ji<ig,9Jii;!.e~

..,!stioo,0 próprio Llvio, em outro contexto, faz com que um embaixa­dor de Rodes elogie no Senado romano a tenacidade com que os massaliotas aderiram às tradições gre~, "ac si medium umbilicum Graeciae incolereni" (37.54.21):Nâsfo_n~esantig~,.ljjmp,t.<;SSAAge.t;al d~Massalia é deJ}!!ll!..cidam:.q11e..deciditasse.manter.inalterada .. em.sua arcaica configuração..helêni,;;(l..,A comparação com Veneza é óbvia demais; a diferença das colônias gregas do mar Negro, Ólbia, Pantica­peu etc., é igualmente óbvia. ~massa!Jo.~,I~S&i':Y"''l!J1.Afi\lll,(all'.µllação cgl!k.q;;.""~m!1.J>S· Como resumiu Síiio-ltálitõ (Pun. 15.169.72): '\O&.~ colonizadores-da-Focéilt,"embora-cercados~poF,.lrioos..atr.ogantes,.e-~· ~11§.~los .• ri.tQS.,§!;.lvag!;.1J>,.dos.seq,;,yJz.itJ\\Q!iePlÍ!:b.atos,,conser­v.aram-ainda•os"cost\llll~l\-ªll~~S~~-J!!Lti.g11.,!erra •. em.meiQ,.;1 ~pulações0belicooás. '' A$.tQ,tt,l<;!iJç_gi conJ,ecime11\o,de,uma,épPCa e~,,.9.Yf.,a_CO!IS!ÍlUiçã.o .. deMassaJia,fora0 aindinrais,oligárquieà~dõque

.,.et!h.!!A .• ,§!!JU\~;;Wol. 5.5.2). El:e-reconheeia·que•a-pfebs-par,tici:P3"a até ç~rto ponto d0&>8SSU!ltOS'da""Cidacle"'(61"45). Mas·a-eonstituição era

.. ,bas.ta11~trabãtr-"bu'"áªsua'·foot""'"""descteveu. · A cidade era governada P9r,sçl§centos,senadores:esculb:idos-vitalieia­

t:nente: eles tinham de se~ç;,,gdqs, te,,fi!hos. e ser filbos· e, neJo.s.de ..... çidadãos. Não sabemos como eram eleitos, mas oa prática dificilmente pode ter sido mais do que uma cooptação. Havia 11m-gruP9"'executivo menor, de:quinze, e.aparentemente três des.ses qüirize·eram··os'Cbêfes de_~tado_lll}tgÍ,S._~peanissãO'de.pomr,.am>as

,-.: enénhum,!.m!MJ!.~behe .... v.lnho (feofrasto fr. 117 Wimmei' ,; Aelian. V.H. 2.38). A rnonl!ldade das exibkões p,Ublicps er!!JÍgQJ.QS_a.me!l!SS.Q!l!m!ª®,._$.uJguém,qum~"*§!!ifi..\ig.,.gçdia -~~~iC?~~~~~-s~~~d'?r~;~-~-Ç!~_:!n9~tl.~~$&§;atisfa~tóri9s, rw;\li.a.çic!!!ll~i'!l,\}lif~li(ç#!~~'~miíiifü'queJibcf:hs.5l;J!.[lS§Sf~&lia~-­~JlJ!Lª S.U!!. bberdadúes,vezes em següêOJ;,1ª.iAP.SÍ,'Lª tercerra ve10 S,\l..!J.feSSJ,\P.Jl.!lllª ffi!C já não se !;?<lia co~q discernime_!)tO dv,mo.

os celtas e os gregos 57

Essa-sev.eridade.de.costume&eraJ.nseparáyi;lda.,v:elha,amizad=m Rom·ª-~Massalia ,se-8!)'.9g;!YA<aliança,com,Roma•desde'ils=t'frige!/5. A

' ,, : ',, .. ,.-,.1:"'"•'''"'"'<"'-·· ,, .. _,~--··--~·;.;,:.:'!', .. ,>'~ ' ·-

.. arniwde'é:tifsêfu·oúvtda,muito,antigafP<)rque•os•romanos.depositatam ,'.&<t!.~Q!JJP"d,os.massaliotas,a,sua,ofere»dlu!.I?J:lfos,apés"'-capttitl!'ãe

Y~li,,.em,390 a.e. (Diod. 14.93.4; Ap. JraJ. 8.11). -No-século•IV,a expermici_':_ ~J;!f\1c""<lQS~~!!e&Celtas,eo!!Sp.Jidou,a-amizadt>.•PeJ:to_do_. fina:tâose9µlo,Jlí;,.A1116ãfêrtotl'um•nov.o.vlnculo.entre.as.duasoeidades, vis.to-queo-tentou,clarame11te~lJS8L.,Os,celµ1,I-,ÇQ!l\!:l!.ambas. Para os

· romanos do fiMI da República e início do Império, Massalia parecia ser uma relíquia .dos bons temws: .. disciplina e gravitas, prisci moris observa11tia" (Vai. Máx. 2.6.7); precisamente o local para Agrícola ser educado.

~-ªSSali~estava.tão.a.l!§órvida..Jifil,:lS-UJ;§fgi;u,.~Jl!~!~!JII!&ª -(e, J!rtSlo,Cl:~liCll;.;;~9.ll.& •. ~~<!V,J!!&!!SJ!,.!~\IP~ªJ>rn~l?l,l,,QllUDJ a. i;xplo.,

raÇ;ã..9~_\tQJI1tenor,d/hQáli~,!\!l.\!!1Cll~~_m).!,í,\1,,a9§;0Utres.gregos-qual-,, q_'}~.~Jl~Ç)Jtl,!!}!.IO.~xato.,d,0,i,,,ços~u~.es"Ml).',IÍ.tu.ições,celtas.

Novame11te é óbvia a diferença das coloruas do mar Negro que obser­varam os habitantes !!ativos e iruormaram Heródoto. NinguéUL~e. ~a..4i:,.que,os,massaliotas.,exploraram .. m.<1r!'§AJ.õ0St!!li.Jsso&ri».

~]!..'ldda...Contomaram as costas até onde os cartagineses lhes permi­tiram ir. Eutlmenes, o explorador das cPStás africanas ocidentais, bem pode ser anterior a Heródoto, e mesmo a Hecateu, como sugeriu F. Jacoby (P.-W., s.v.). A Ora Maritima de Avieno pode ser baseada 11um periplous do século VI ou V a.e. ( embora isso seja uma conjetura moderna sobre fundamentos incertos), Pfteas;,,qw;,,prpJtav,e.lnl,e»!J;.,Y.;l;;, v~u.no,sécul~nãe,parece.ter.viajado.pelo·interior,da,Gália. Osseus inimigos dentre os geógrafos antigos o.atacaram pelo que relatou sobre

· o Norte .iµisterioso - Grã•Bretanha, Jtitlândia e o que quer que fosse. Tu)e. __ M,a,sc11inguém.o .. ataci:m,,11tlª-._inl'Ç,Qll.~Çl\<l.SQPrJUl.J;'!J\!\Ç8,,Q09,Ue ·· -déJ!eO!!Str•-.que~el"'.'não·Jornecç_u.nenhU!lla .. ,!,.tLoJi~!m!&J.La*""'9&1 g;~~~~,.1,!me.1Jte,,,poµco@.!/1'_e.~QclllUndlbc~"""e.,a,.,,, E-!l\!'.r.ª e~)l.llrtiçular. Quaisquer iruormações que tinham vinham de tais reralos de segunda mão como os que eram obrigados a recolher em

. Marselha, M Itália ou nos Bálcãs, sem ter de visitar pessoalmente o .. P!ÚS· As PJ;llll.eii:as .. autoridades ~çkri:.~ ce,1~~ 9!!\'.~!\Ç.9/L~R§,,_Éforo ' e. Ti1J1eU,-;&rJ11Jklípicos.,.histotj.a,ll-9.~~\'.;.&\\l?J!ji,t~µos, stmplesme11te,1>9iqlle,os,massaliotas·nunca4izerauwiu11!q11~i;,,Ç&(oi;qo .para.conhecç_t,9§J;s;wuij,?Jnl]gs. Éforo, que escreveu os primeiros livros crri-torn·o de 350 n.C., Incluiu os celtas em suo descrição do mundo. Coloca os celtas num dos quatro cantos do mundo. Eram filelenos, jovens refinados que eram gordos demais e não abandonaram as suas

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58 os limites da helenização

casas quando foram invadidas pela água (Estrabão 4.4.6, 7.2.l). Ti­meu, que por volta de 280 a.e. seguiu o exemplo de Éforo ao prefaciar a sua história com uma introdução geográfica, talvez estivesse mais bem informado. Podia discorrer sobre a foz do rio Ródano e a influên­cia dos cios do Atlântico sobre as marés do oceano. Interessava-se por Massa lia e deve ter refletido as opiniões massaliotas acerca do restante da Gália. Políbio, que não gostava de Timeu, admitia que ele se esforçara para obter informações sobre o Ocidente. Nenhum outro escritor do final do século IV ou inlcio do século III podia competir com Éforo ou Timeu a respeito dos celtas. Aristóteles, por certo, deve tê-los incluído em sua obra perdida sobre os costumes dos bárbaros. Em Política ele soube interpretar as instituições celtas no contexto da sua classificação. Embora fossem um povo guerreiro, os celtas, ao contrário dos espartanos, não eram dominados pelas mulheres, porque tendiam ao homo5.5exualismo; mas, assim como os espartanos, educa­vam os filhos austeramente. Para além da polfticn, Aristóteles contém mistura costumeira de Informações curiosas - por exemplo que deter­mln11das regiões da terra celta são frias para que os burros procriem (De gener. anim. 2.8.748n). Ele niio parece ter pesquisado multo a respeito dos ée!tas. M~pru:ém,.se.descobi;i,\l.ljlle-,mMmo-Éfôro

.!' Tirneu eJ;a.lll.informantes-superftciaisirobti!"eles'.'Nã"tilllliWttfçnem mes1I10 p que Eratóstenes apre-sentou,podia·,ser-considerado,uma quan­tic1'1d.~ satisfat<S[i'!_~~}m'S!!Jn~,Ç~é&!l,\llli!Q.,9§-P8drões deépocas,pes­~i:io,res, Na verdadiÇ ele'é especificamente acusado por Estrabão (2.2.41) de ignorância a respeito dos celtas. Se se leva em conta esse ataque de Estrabão, parece estranho que especialistas em fontes antigas sobre os celtas, como P. D uval, ainda possam acreditar que Eratóstenes escreveu pelo menos trinta e três livros de Galatica a respeito dos celtas. Basta apenas passar os olhos pelos poucos fragmentos de Galarica (745 Jacoby) - todos citados por Stephanus de Bizâncio -para se convencer de que o autor de Galatica é um homônímo mais jovem do grande Eratóstenes - talvez um descendente que percebeu as lacunas na geografia do seu antecessor. A Galatica de Eratóstenes provavelmente foi escrita ap6s )56 a.e., porque alude a uma guerra entre Át11lo II e Prúsias. Também é certo que o número trinf11 e três numa das citações é uma deturpação textual: Galatica pode ter tido

· menos livros. Mesmo assim, pertencem a uma nova era de estudos celtas que, como em breve veremos, foi iniciada e estimulada pelos· romanos.

, .. Ant!'S que_os )'OlllJl,llOS.entrassemcem,cena,,os,gEegoo,,IX'uc&Sa&iam..; ..... ,sob~!fil,~leQgra!}a, ,as instilJJiç.ôe&e&eoonomia.celtas.só.eram

os celtas e os gregos 59

.estudadas.-0e-.longe-.e•supert1cialmente. Os--,gregos,de,Massalia,que­ierlrunSiâo'o-cen ttm5b~'lláríi1! · explõração-do,mundo..celt11,--nunc,r

'fo,ram,além,das.costá);':·Mesi:iíô~os'dtuidas.'silrgifârii?de''forma,1enta'e --~e calml\JlS[l!lªl!l,c,_,~gloJita.C. em Sotion, o historiador da ·

filosofia grega (Dióg. Laércio, Introdução), e em um tratado sobre magia atribuído por alguém a Aristóteles, porém mais provavelmente produzido pelo peripatético Antístenes de Rodes que viveu por volta de 200 a.C. (Suda). Com todo o .intem,se..pelos.-Sáhios,do•mun<)o

.hátl]aro. - . bi:ãmall,ts,,magos.,.sacerdotes,judeus.e,,egípcios>.-·se'deu· · muiJo,poucá~&p6illíll:Jã"lf-OS"'dlúTdaT.' Sotion e Ps.-Aristóteles os citaram para confirmar a origem remota, da filosofia fora do mundo grego, mas o argumento principal era representado pelos magos e ' brâmanes que possuíam uma reputação maior e mais antiga entre os pensadores e historiadores gregos (Dióg. Laércio, Introd. 1 ). ·

[email protected]_c!g,,;_ç,eLlJ!1!-IJ_iQJUg1Jl.(Jc.a~q!J&QS,grég®,Jhçs fossem,lndiferentes. Dificilmente se poderiam permitiqer indiferen­tes. Desde,o,início''do"Séeul<lJ,V,,a&.oS,celtas,tinliiiiií\ls'i8o ,utn"fá'~o;:.1:""' ser«levado,,em"conta,.-em~toda,,a»parte"'10dllundo..meditel't'mloo;;e prim,eirp,aeontecime11t0Ae,,ll,i§1Qri1womana,qne,Q§,g+r,gq,~~<;9.1!tempo0~

,;i~O§,Jç&t~m.11_Ql,iarit~comAnteresse,.e ,f11Jy,ez,.s;.om,apre-ensão,.Joi.o Sl!l]Jluk.Roma.p.elo&g;mleses. Foi registrado com a devida ênfase por Teopompo, Aristóteles e Heráclides do Ponto. Por volta de 338 Cflax, ou melhor pseudo-Cflax (§ 18), obs,trv9u ai)resença"dé'êellâsnolfõtte

ª~{9.A.~Ju\y,~na,D!. um. ª. te. giã_Q,d. _í\ .• ilJJi.r~s,~-.c. ·.º!R~.r_<j._al .. <fu:~o,.pa!Jl,,/. º ... ,s .g~,e-gosi ~fila,l!!etj_çlional2!!E.!S!!.4J;i9§.SçJW,,çffi!!hct'!S,!'.!l!lldtis,por Qi2nf~!.<?~,Jl,d.fili~~Jle,Eilipe-,ll,e-de,Alexandre,Mag119,,,9_s,,,,, sçLtaS-&ê!,i.~!J.1.!l,~<1jgH~~ru;.!1i!ô.llil!.s . .Ginqüent!kl\fi<>s

~PJlÍ.'i~ÇJlpJuraram,D.elfos,.,aindii,.que,por,um,curto,,pmajp. Ii:9.!1_ç!Jata­mente .em.-seguida, .elés,s~,,instalaram.•na·'?\sia"Menor, - uma fonte constante de problemas para todas as potências envolvidas: os merce­nários gálatas até conspiraram contra Ptolomeu ,II .. C;ida 111l!a.des51!s __ ,.~ in!~~,.Çjl,ÇÕCS <jos celf11s ll!QX11.XJLl\.~.llll~JW.l~w:.oouzir il,nppr-..---- ~ ·- , .......... ..,,. ... -----~ ~~$ll.Y.9]~Q~~1!~~PRlí!i~!!!,.~ca.".am. Por volta de 350 a.C. Roma surgiu como a maior potência na Itália quando os latinos, por temor aos celtas, renunciaram à sua independência. O nqv..2,~\!l<?.~M:!.~~fül.i.a, spb,a.autotiJ!aJ!i,.,[l!BJJl. de. Antf!9no_9ô,Bllí!.~;--· · f Q!,,2,tes,!!ltadg !ful'.,t_o,da,inv.asão.eeltaedaJJaced,gJ!1ª .. /'A!!,,Qré!!.i!'. A

.... -- .. • . .. ---~·-· -·-=\ ~ vltóoa sohre os, gá.latas.conso!idQQ.o .. estad0,,de.l!érgamo.,e,prov.av.el-llll:1!ltloJ!te.<:.t:.1LaÁtalo La oportunídade certa,para se_declaratrei. P~r fim, foi a vitória de Gnaeus Manlius Vulso sobre os gálatas em 189

que
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60 os límites da helenização

a.e. q~~justificou a intervenção dos romanos na Ás.ia Menor e lhes · forneceu oS clienies de que necessitavam parâ"êontrolar as_ ambi2~­

·de Pérgamo. Inúteis ngs ataques contra estados defendidos por falange ou legião, os celtas "íinham a superioridade numérica, a coragem e a

. rapidez do saqueador completo. Os gregos estavam demasiadamente ocupados celebrando em .verso

ou mármore as vitórias sobre os celtas para dar a devida atenção às causas dessas agitações. O patriotismo e a religião se associaram no que certamente deve ser uma das reações mais exaltadas dos gregos ao

/ •. -~'~'")impacto de.!!m!!.fiQi:>%.ot!a4.e estrangeira. A_Jlesar de o saque de Delfos , _./ elos celias er uma Ie.!lJial, a cidade de . polo-estl"""'-em.perigQ..!Çal t,4--~ _:/dé.Ser saq.uea . s..enioções religiosas levar~ç~ção de So[§ria, , ./ 11m do"1:~ais ~rtan~helenís!ico. tlma-inscri-

. ~ çªo .ele , .... s,.~.x!k;22~1~líR!W\C o. e1,1tJJSi!lSmOc~PQ°"@e'lJl9âJ!í\J;I!ã.11; ~ · · j tes . ess~a ilha .ao,J2!lWi!,llJ.~onh<lcimento,das•notfe1aS'Sobre.a0 retl-rada · .. ,/, aulesa~dfl)eÍfos em :U,&,.,l'oi um . .<lla de viJó_tia e.sal.vação.para-toda-("' (,!IDÊ.WP •. grego'.""Àr.Íi-;, escreveu o seu hino a Pã ap.ós a vitória de

An!lgono Gônatas sobre os gauleses no ano segumte. Ç.al(m,aco > deve ter·acompanhado .. com o seu poema évl99-G.!llat.e?i,,ql!J;,Jç_g_m<;>.

sugeriü"Rudolf Pfeiffer) apreseiítm'.ã"iereida . .Oalatéia.co.mo,mãe de. Gaiatos, o antepa_s_sa_do .. dos gálatas (fr. 378-9 Pfeiffer). }1.~!~ .. tarde :ea!lriiàco:mencionou a ''tola.tribo dos gálatas:.:.no.seu quarto , .. ~ Dç]_c;,_s ( 1. 184).depoisqú"é"fi~i~~~ú Filadelfo punira o~ seus mercenários celtas rebeldes. ().s..g!ila,~as. at,é..,sçJm:naFA!!1.,~Y!!LJ.!1_gJ~­diente de comédia~} JuJg~r.por _µm fragmen3? de,Galq!,fZJ,,,.de,Sopa-

---trQs;.."\:Ht.ei(fõstqffe viveu no Egito por volta oé 280-270 a.e. (fr. 6 Knlbcl). Todo hino helenístico a Apolo passou naturalmente a incluir uma alusão ao triunfo do deus sobre os celtas. O peã de Limenios gravado por volta de 120 a.C. em Delfos com a notação musical ainda repete o lugar-comum (Powell, Collectanea Alexan­drina, 149). Outros poetas celebraram as vitórias dos selêucidas e dos atá lidas sobre os mesmos bárbaros. Segundo o Suda, Simônides de Magnésia celebrou uma vitória de Antíoco III sobre os gauleses, da qual nada sabemos - a menos que deva ser identificada com o episódio a que II Macabeus se refere como o triunfo de oito mil judeus babilônios e quatro mil macedônios sobre atacantes gálatas (8.20). Um fragmento de um poema em um papiro de Berlim, em· edição preparada por Wilamowitz, faz alusão a um episódio que envolve um rei he!enlstico contra os gauleses: o resto é deixado à nossa imaginação (D. L. Page, Greek Literary Papyri 1,463).

os celtas e os gregos 61

~figurativJispainda.,mais,do,,que~a,poesia,,.expr!mirnm"os .§.§!!l!!;'!~fü~-~.st~~~J.!1RJ!e,~l'!§,~~i;i'!§.R'l~affil,S_e.temg,.,<!ejp,cur­!!º-'°'~lit-~g~~s.sltit~-s\~,P,U.,,Y.,fil!!•-Quatro episódios parecem ter atr:ii_@ç, a atençao dos artistas.- ou dos seus patronos. Um naturalmen--~~"'."'"' .. s·~, te,..etl\4Ul<lque~a.D.el~ Propércio viu "deiectos Parnass1 vertice Gallos" (gauleses arremessados do Pamaso para baixo) até numa porta do templo de Apol~ no Palatino (231.13). Outro e~,,,;juiçJ<Jig,,gç

....Breno.al!Q§.J1.S.t,1AJ:~t1tada.de-Delfos, que pode estar representado num bronze famoso do museu de Nápoles. O terceiro episódio e,a,a,vitória ~lô'i"i:Iír24-l•que-.foi,çpmemorad,,.,por,iniciativa,do•próprio,-re( tan_t<>~JnRérgamo quanto .em Atenas. Por fim, num dos mais brilhantes ?os. seus estudos iniciais, Mario Segre indica que muitas.c!ae.S~11"§., 1tahanas com gauleses tal f · d e· · · Alb Pi ,..-------..... ~,"'-".,.:: ~~-,-,--~,,. - como o nso e 1v1tà a em ceno, que foi descoberto no final do século passado - podem,representar,!llll ataque~ce~~!!'PJo..de,Apolo.ecÁttemi&em,Oídinía_perto'dê'Mileto,o qµeJ.QLs;\!l~~do.em,2,7'.7/6.a.e. (Studi Etruschi 8, p:137-42, 1934). A propaganda de Pérgamo tomou preeminente a vitória de Átalo, Os reis de P~rgamo, como demonstra o monumento na Acrópole ateclense, -quenam aparecer como os protagonistas de iííiiâlfová·gigãntômáquia - os.· .<lefensores· da "órdêiii-divii:f,r·dâ ·êivili:iàção ,belênica-,contra os báre_~~os do __ ~orte.,gg\!~!Jlllt9,p~._arJi-W!.l!l.!!X\>MQ.~.,99_t1,1,,essJ1.S,QQt:llS, nfü>,,t.§!i\':àfuJnclinades,a''ªPresentar,;Ós,bárbaias,.,Í:,o.ÍI,o,~i;!l.sJ!!QM!9 d,!~l?l',~d,<l,lllal. $alieBla,ram.,a.oor•inffiglda.a0S"g'auleses,,veneide&ee·

.à.slla.cm:agem,,a<i-errfrefl!ll!"n"lnorte - Sôzirrltos·ou,com,,as-suas4'anlfltíls. ~eoss&q11C'";5Sa&eStátua&obti.\\esan1smOSln!"qn~1!b1~-

..tilhaY~~S ,·attisw;,,.pnbora não tenhamos nenhum comentário contemporâneo sobre as obras de Pérgamo, dificilmente podemos errar se escolhermos ver nelas Ull)Jru!numento â dor.humana cuj~fJllP1ª.çã.o.Ae.,a)guma.Jorma se toma mais.supomy~I P9i'l"ue

, encarna.da em, hár'-•rc,s. · ... ""·""'-~''''·"''"' ,_,:,.:.,_-~,.,.._...-M ...... _.M.~v

·· . H~via outras representações mais claras ou mais genéricas das vllónas sobre os celtas. Mas ainda continua sendo significativo que algumas das figuras_patéticas sejam enÇl)llJ_radas em urnas funerárias.

. Não é provável que o visitante do museu Óuãiiiãcci-âe'"Võ!ferrâ"se esqueça da séri_e__<!;:_~5_i;9m...cenas-singulares-de,sa~ueadores,~~Ítas <l!!!l...fogeade-umaJ?J!!:ia. Os etrJJScos do século II a.e. devem' ter descoberto alguma alegoria da morte em tais episódios. De outro lado, os oleiros da Cales, no sul da Itália, devem ter achado freguese~P,ara ~ taças .!JJ!J:,.l!QtJneio.das.suas, imagens,: recordavam::ao.s-quC:kbiam.­QSÍIJJliil>"'ITT!eltas-em-a~-el"àSefitm·tamWiiúiin-memento-moriõii:eraiíi:

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62 os limites da helenização

üm .. col)v.it~J~~~~ .. !~&C?.~H~.~.!!,l;!.ffi...lllUndo-em-que .. sem-dÚ-v.ida..os .. b~d.wgi:9§ __ sei;iw~tados?

;\§:fgµt~-~.B99P.§,,EJ!?XS.lÇJ\-W''*J?.~L\c\tSr:~.M~!!fJ??J~,\li~~. ida.-o;ex1stenq1aRhumaJ1rt,~·~},?~.d~.Ç:1!-YA.l-V:"1.[~:i-;;ÇJJ}.%PJ2P-9l=~Ǫ'J.>-JmVêtsa.ml · avaliaçãó"crltica,.Ãa,,sqci~lta.,$ claro que temos de levar em plena conta o desaparecimento das mais importantes fontes históricas do século III a.e. É provável que Jerônimo de eárdia tenha fornecido um relato preciso dos acontecimentos celtas de 280-275 a.e. Posterior­mente, Phylarcus continuou a narrativa. Temos dois fragmentos dele (frs. 2 e 9 Jacoby) que podem ser considerados etnografia celta; um é uma história inverossímil sobre um potlacht celta. Mas estudiosos sérios do mundo celta como Estrabão nunca recorrem a esses historia­dores do século IlI. Podemos entender por que se virarmos as páginas do único relato minucioso remanescente sobre a invasão celta de 278 a.C. em Pausânias, Livro 10. Há muito se admitiu que Pausânias deu um acabamento à Heródoto e acrescentou alguns comentários próprios ao que basicamente deve ter sido um relato do século nr sobré o ataque celta (O. Regenbogen, P. -W., s.v. Pausânias, Supl. VJil, 1.076). Um

_.dos40J11<mlários'de Pausânias é que antes de uma batalha os celtas não utiÚzava;,, um adivinho grego nem•fazíani..i;aç_,ifírjp.§_~.i;g!!llQ9J)-COS­t~_aciq!lll! - se de fato, como oportunamente observa Pausânias (10.21.1), existe algo que ~-P9SS'L_ç_hamar adivinhação celta. O que Pausânias.quer..dizer,é,que em sua fonte não enconttou nada a respeito

~e.,da,-adivinhação celta que fora gabada por Posidônio e outras autoridades. Obviamente Pausânias apreciou a alfinetada nesses famo­sos eruditos. Mas não nos surpreend.eremos se, por sua vez, os espe­cialistas se recusaram a levar a"sério 'o que consideravam relatos desinformados de escritores como a fonte de Pausânias. Na realidade, Pausânias nos mostta como era UID,Jfl&\>~"'~'l,g).\~l!l!&Om,os,c!l!tas no~,te,_g,pp~J>Jé,:fJC.!!.llflcoi..J!.2-1k-f§JJ1,\!.Q§&.e.!tas1,mo,séculqcilU._a,.Ç;,"'~ ;2!!,-~ dire..1Qs.COm.os,,eelt11s•par-eecm.ter.11e,l.J,w1!!2~~w~kos, ºl!21.19~,;!J;i~,obj"tos4mpróprfos,<hpe.i;,q\lill.!!,&Jl!Qfil'1!\ca.

III

~-~Ql!llU1os,tinham•passado,,pm;,&!ll,\?~P'CS ~11,'W,tesJJurante d9\~ sécttlOS"enfrentâranFos'8taques.celta,;,..QJ;ando~~~.,a.~l'l'Otâ-r~~~!;çi.~~f!p;l_~~~Jgl~.~~~~}.._talba;~.d.4tI~~~~hJl~iq~;~

.v.1tona,çQID.,l!!!.klC.IDPlP •• J!qlôJ;.!l~R,,,l!&,~2..;:ej_!,\~;apgçç]!~.;S.9J!l2 a

os celtas e os gregos 63

<;MttaparJ.ÍdA..-01.QÀe.@~dos.Setecontta,J:e.l?as. Os romanos inseriram o tumultus gal!icus nas suas leis como uma emergência admitida. O ___ recru,~rnto.emmassa contta os gauleses ainda é mencionado-no ... tí!Ülo concedido ã "colonia Genetiva Julia" na Espanha em 44 a.C., quando era provavelmente uma simples peça de antiquário, se não fizesse alusão às guerras recentes de César. Mi!s ... d!)Sde,oJn-lci,g,,do,~

.-s&ml9Jll,a,€1'0S,romap.Q~J;@hém,,tinh"'l!,Ç,0meçado•uma,políti~ ~.®G.ã.JHIMenitório·gartlês, A pânc!pio,'l:SSá'õeupifção (pelo menos com os sênones da costa adriática e os boios no norte dos Apeninos) equivaleu-a,um,extermínioÀll!i,!JÍ,bosceltas. GmduaJmente,.porélllj'os,.., rQJll.a)lO&li""1'8lllldecapl;tl!J.Q.e.1,a,,goyemar'°"celta&~\q!;I)Q.u,uma,~ ~espo.ns.abllidadeaind!.-!Y!~EJ!t~quandQ~.e111,,l!l;La,G.-f11-Espanha . fol.,9!"ganizada..e.DJ..<!JJ~-Pt<:>Y!ncias.,J;lufalltt;,J.I:.~~\,J;l!9J!J1S);91ll.l!AQJl.~e empe1llJ!!.lll1ll,fmnemente,:;-.e.n_\:tç,.Qs,seus-múltiplos'ifomprofüil;sos,~..,m" \!-1ltJ\.ª1',.,Je!liJQd9MY,Ç.,.~WJ1,!JJ!J:.ClaL.ou,totalmenteceltas,até,paSSàrem a.cQ!!.!I9lsr,a,mJ!ip_i,pme.do.m@do:.defal,Fé'eltll"Clnte~M1ªs sin011laridade&dasSooieda·de,·c·"'•·mu-"'-""'n-•-''vam"~--"'-0~1:r0·. ·1 , ubme·· · 1· , C:-~ -- otU1 .,_ v·~v ut C u W,~S ... ~ er-.)ff ··-:- Muito jovem ainda, Catão o Censor lutou na batalha de Metauro enr que Asdrubal fora maciçamente apoiado por tropas gaulesas. Ele iniciou a carreira política na época em que os cenomanos de Brixia atenderam à convocação à rebelião feita por Amílcar, o último coman­dante púnica na Itália. Em 195 estava como cônsul na Espanha para estabelecer os fundamentos da administtação romana. Relatou os cos­tumes cãntabros (fr. 94 Peter). Catão linha,umJnteresse .instintivo e ..,,.,,,_,,..._,. •' .-,~.~,-~.,_,-,.,·:,,=""-'"·

ta!~t.J~ffi!!~~i*'ll.~.l,~'!:f,]1f4~ ... ~J!ã.ij~,~~r.!J?.slas. Obse!Y'?~ ~. ~J!,!;!. ':2,1E.,~~!lçao.e4>arece,ter,,s1do,o,p11m,çtro,8'consi­€~lll8~tns: "píeraque Gallia duas res industriosissime persequi- · tur, re,m militarem etsrgute Joqui" (fr. 34 Peter). A emenda de argute loqui para agriculturam proposta por um ilustte estudioso dos celtas . deve ser a emenda menos srguta de qualquer texto (G. Dottin, Mélan- · ges L Havet,p. 119, 1909). Osceltasassomavam·enorrnes.emQrigines ~o..,.Eletentbifsêrclároquáíitó'â'lugaf!)S,e11omes. Encontrou um ramo dos perigosos cenomanes entte os volcas não distante de Msr­selha,xPrffi~~~rjmi;J~-AJ.nclrtii"ô's"gfuleses:em=a )lílstlSnlr'da"'Itália, embora Fàlífo Pictor que em 225 a.C. lutnu contra eles estivesse fadado a dizer algo sobre as suas características. Enquan-. ., tQ..Catão,ainda~tl!Y!XÍ'sO,a.classe,go_y~omana.-"foz,~ ,d~bemão;para,começar..a~U!le!lw~eeltas. Ml)ito,poclia,ser ~do pelos contatos diários. Ma • • · _ eo afia era re a. Se os J.'Õ •e' • o a - ., ~!l!SAS-~~

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64 os limites da helenização

:instituições.celtas,-tinham.-0.,_reeru!fil"estudiOSOS'<greg0s. No tempo de Augusto ou Tibério, Estrabão ainda afinnava como um fato evidente

. ' ' que no estudo de países pouco conhecidos .. os escritores romanos são imitadores dos gregos e não levam muito longe a imitação, pois o que relatam apenas traduzem dos gregos" (3.4.19). Os gregos se esforça­ram para descrever o mundo celta da Espanha e da Gália a serviço da expansão romana. O que não haviam feito quando os celtas estavam saqueando a Grécia e a Ásia Menor fizeram posterionnente em provei-

. to ~os romanos. Peritos gregos provavelmente ajudaram no trabalho habitual de fazer o levantamento dos países conquistados. Gosta-se de imaginar que Demétrio, "o topógrafo", que hospedeu Ptolomeu Filo- . métor quando ele foi a Roma como suplicante, ganhava a vida preca­riamente com esse tipo de trabalho (Diodor. 31.18). M~.0,,que~osÓ',,, ro~'!!!~lJ,I!J:R~ntp;,necessitaYa1!!,l,l.Qs,gregQS,«ra,11,descrição,.e,a,lnter,

. ~S,,~_9,.,P.$.JJW~e.i:ra.d,,~lJ.?Ageira"como•!Jm·•tod<rnEleso00reciam-,de pp,e»ta_çíio em etnografia.

-· p<,1;.'bJ.'.~~Í$~nfveh Mesmo Catiio não conseguia disfa~çar uma relutante simpatia por elecSõl>'<5'patrocínit1fofüli,)íé,;;e:;ê9bi)i.;ll'jll<la e a proteçãôfóro'ahasf Políoiópercotremas,terras·celta's. Os pormenores são sabidamente imprecisos. Provavelmente foi duas vezes à Espanha . c?':1 Cipião Emiliano, em 151 e 134. Nà primeira viagem deve ter v1s1tado a França meridional, incluindo Marselha (Políb. 3.59.7). Entre essas duas viagens, em 147-6, Cipião Ih.e forneceu navios para explorar ~ costas da África (PlÍI). N.H. 5.9-10). Não é impossível que nessa viagem marítima tenha sido acompanhado por Panécio que, segundo uma passagem muito fragmentária e dúbia do Index Stoicorum, apa­rentemente viajou por mar com Cipião aproximadamente nessa época (col. 56, ed. Traversa p. 78). Polfbio foi o primeiro a fazer um relato de primeira mão do interior da Espanha. Descreveu a Gália - ou ao menos a Gália meridional - de uma forma que representou uma novidade para o público grego (3.59.7). Podemos ver como utilizou o

· seu conhecimento para os capítulos sobre Anfbal na Gália do Livro 3 de suas histórias, mas o Livro 24 em que resumia as suas descobertas se perdeu. Quando afirmou no Livro 12 que, ao contrário de Tuneu, se dera o trabalho de visitar as terras dos lígures e dos gauleses, estava · sendo fiel aos fatos. Mas pelos menos no Livro 3 e no Livro 12 se esqueceu de dizer que as suas explorações foram possibilitadas pelos romanos e beneficiaram os romanos. Catão..sensa!.l!mil!l.~""" \>~~rnenlmm,grego,f~zem.1!111e&ior;Iient&,,,,estl\dar ~~SJ.l!'J§JP s1,1a ,própria terra.~mq a ci-ª~.Jigmjn.ante

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os celtas e os gregos 65

t-mmana a~~ittlu-o·seu~~regos'J)ára"~""'tl, ",J.!)/J:!i!JÀO,.porsaela-.~"· ·,

É impossível dizer se o Eratóstenes niais jovem (F.Gr.H. n• 745 Jacoby) que por volta dessa época, 150 a.e., escreveu os seus livros sobre a Gália, foi Incentivado pelos romanos. Diz-se que um Calístenes mais jovem citado como autoridade sobre a Gália por Ps. -Plutarco, De fluviis 6.1 (-Jacoby, n9 291, 5), teria nascido na Itália meridional, ou seja, em território sob domínio romano. Mas como muitos outros autores citados por Ps.-Plutarco, ele pode nunca ter existido. Podemos ser mais categóricos a respeito de Artemidorus de Éfeso e Posidônio de Rodes a quem Estrabão tratou como as sua~ fontes mais autorizadas para a Espanha e a Gália. Ambos eram embaixadores em Roma de suas próprias cidades - ou seja, eram muito bem-vindos pela classe dirigen­te de Roma. Em sua famosa visita à casa de Posidônio em Rodes

' Pompeu deixou claro que os fasees romanos tinham dese curvar diante da filosofia; sem dúvida, nada tinham a temer da parte dela . .;f;.,,..

_ç.yld.en.~~Jtfréf!rtâõfus'ê,posidômÕIYiàjailUmpeladlspa!l).i;,,,Ml~Ja Gfüa,,çp,m.o apoio.das-,autoridadês'fõm'ân11s. De qualquer fonna, a situação era tal que os romanos estavam fadados a obter vantagem de suas observações. Artemidorus escreveu antes de Posidônio, que de vez em quando discordav·a dele: ele deve ter viajado por volta de 100 a.e. Parece ter realizado um trabalho ,particularmente provei­toso a respeito da geografia da Espanha onde tinha a vantagem de um século de administração romana. Mas ele tinha observações etnográficas a fazer tanto sobre a Espanha (Estrabão 3.4.17) quanto sobre a Gália (4.4.6) e parece ter preparado o terreno para a pesquisa muito mais abrangente de Posidônio. ·

Quaisquer que possam ser as nossas opiniões pessoais sobre a erudição moderna quanto a Posidônio, um dos seus ·mais sólidos resultados é o restabelecimento dos capítulos de Posidônio a respeito dos celtas. Os pontos de partida foram umas poucas e impressionantes

. citações textuais feitas por Ateneu e algumas referências em Estrabão. A descoberta de que Diodoro V continha .uma paráfrase do niesmo texto básico deu uma dimensão inteiramenie diferente ao trabalho de Posidônio. Depois disso, foi mais fácil pereeberque o próprio Estrabão dependia em grande parte de Posidônio e que também César deve ter utilizado Posidônio nas digressões etnográficas de Bel/um Ga/licum.

Durante muitos anos, a dependência de Estrabão para com Posidô­nio foi obscurecida pela teoria de AlfredKlotz (Caesarstudien, 1910) de que Estrabão só utilizara Posidônio Indiretamente por meio de

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66 os limites dn heleniZtJÇão

Tunagenes, seu contemporâneo mais velho. Mesmo à primeira vista era uma teoria inverossúnil. Estrabão cita Tunagenes apenas uma vez (4.1.13) para dizer que Posidônio estava certo e Túnagenes estava errado acerca do aurum tolosanun, o ouro de Tolosa que arruinou a carreira de Cépio. É difícil deduzir dessa passagem que Estrabão se fiava em Timagenes a respeito dos celtas e nunca fez uso do texto original de Posidôruo - que direta ou indiretamente fora o seu profes­sor. Estrabão tinha um espírito independente. Se não copiava Tirnage­nes, não se deve suspeitar que tenha copiado Posidônio. Estava inteirado das muitas fontes da época de César e de Augusto, e até cita os c_ommentarii de César (4.1.1). Além disso, é claro que, quando man1~".5tou _uma opinião _favorável. sobre a romanlzação da Espanha e da Gaita, nao estava copiando o que o seu mais recente editor critico, F. _Lasserre, supôs ser um panegírico de Augusto. O próprio Estrabão foi o ª?".logista. ~i~o isso, é v':~de que :'5J\:?-hão.p.M,~~t;,;, Populon1a-na-Etrúna;,,conhec1a..pouco,°"'latun.e.esta11a.obagad&>a

depe..J1*~§,gregas,escritas,,./).!!l\,,0 Af'!!J:S.!Mll~e]!J!s. $~~~-su11,.~.<;,Q.lJJ!!.,4<:,Jlosidôni0,.com~Q!l,li;,!lQIJW,ªl.

J!<.,s.id.fu:110 escreveu uma monografia sobre os Oceanos. Mas o que escreveu sobre os celtas seria encontrado sobretudo na história do periodo.circa 146-80 e nos livros sobre as guerras de Pompeu.~ V,S:Y dewdo ao avançQ,rom.an<i1cna.,Espanha,..e-..na.Qália,e,,.po,tanto,,@W !')êna .. CQllfü:Í;)aci~no'>'a,<1,iii'lfda·de. ~ce ter ..• om ~os o .uma .. 1m~ em estát'ca. i '·:'. --~'.:·":·~·.,.,,_;;;,:_ ·=··,..-..+-.,, •.. ,. ,-:--llE,~~.!!lt"'!M!.-;~o/"s~~fJl"'c,,t,l~~e!l,!fl,.~unpadtí ro a oamêa llª9~!JY§Se,observado;-<leve·ter,sab1dotrque'êmva,fa:zendo>'Elo era c.apaz de identificar uma mudança de longe. A.~a.maneh:a,de,tramr

,.P~f~lib.<m>...!lii;,pmtendia,p~Ç,!Y,AM.J.!§,Í,<JJ.lWÍ1t9J,!\!l!-J».l!ÍlJ.!<> q~~coma,o~..!l.!l~.,Em um caso pelo menos ele quase d.tz isso - na história de Lovernius, de que voltaremos a tratar. · : A c_tr,ogra~a antiga dá pouco espaço à língua. A filologia compara­

tiva nao fora mventada .• Os grupos étnicos eram definidos em termos d.e descendência comum e instituições comuns. Posidônio não foi o ~escobridor de um novo método clnográfico. Mas era muito sistemá­tico ~m suas descrições e tinha um talento excepcional para as parli­culandades significativas. Além disso necessitava de entretenimento e sabia como obtê-lo. Apreciava a esi:utura hierárquica da sociedade ce.lta por~ue era hierárquica mas também porque era extravagante. Os ~tocrátlcos mercadores de Rodes entre os quais vivia tinham hierarc quia, mas não extravagância. Posidônio gostava de descrever aqueles banquetes rigorosamente hierárquicos dos celtas em que as pessoas se

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os celtas e os gregos 67

desafjay.am para.duelos.mortais a respeito de sutis'quêstõés·ae·honra, .·bJ::é'llilib..~?melhor.,peda.çqA_e.,çaroe. Contemplava com gosto os

numerosos séquit'ôif'dê''"clieíiíêi(êníôândo Joas a seus patronos. A clientela permanente era um boa coisa. Forneceu aos celtas chefes encantadores, como Lovernius que promovia festas imensas: "E quan­do finalmente ele marcou um dia para o término do festejo, um poeta

· celta que chegou atrasado demais se encontrou com Lovernius e compôs uma canção magnificando a sua grandeza e lamentando a própria chegada tardia .. Lovernius ficou muito satisfeito e pediu um saco de ouro e o atirou ao poeta que corria ao lado do seu carro de guerra. O poeta o recolheu e entoóu outra. canção ..... (Ateneu 4.37, p. 152). Ah, não havia esperança de outro Lovernius. Como Posidônio observa de passagem, ele era "o pai de Bituito que foi destronado pelos romanos". Posidônio confessou que a pririé,lpio s~. perturbara cogJ.J>, espetáculo de cabeça~J1umanas,crayadâiú1â,enira.da..cda.SJ;j.§.~~Jg;;,

,,,craticâs'"'éeltiis71>êítéfu"mãis~tãrõê"'"'Jí'aõiura:ndo"SC-,a--Jsso,"ele··podia'·· tolêfâ·,}o,c01M;erenidade" (Estrabão 4.4.5). ·

Fi;,rPôSidôií1d"q_uenrdefmiu·o·lugar·dos·druidas,-·.dos-.vates,e,,do&.­b'ãtdos,na•soci'ellittlê'~celta~eda,,a~tradi9ão •.posterior•·praticamente

· depeil\!e-dele/',ffambém nisso ele foi alertado por uma longa tradição de busca grega de filósofos e videntes bárbaros. Mas a sua simpatia pelos druidas, vates e bardos significa um reconhecimento autêntico da função que desempenhavam no mundo celta. Para Posidônio,.,p_~ druidas"'ram,mais .. importan\e:;; .d9 .. qu~_<ls_gu.tros<dois,grupo"s"porqi:le proporcionavam,Jicíeranç,r,,,.çpnc.eitos,J:!l.P.tals.~e,..re!igiosos,c,,,justiçir. Ptêsí:rvaVa'í!f'ifnf'ííõ"íiêõ=da'f~'tl'ffi~l!'ii'llQ, como diz Sêneca, "penes sapientes fuisse regnum Posidoruus indicate" (Ep. 90). Quan­oo lemos em ~\plbão, certamente a partir de Posidônio, que os druidas ··proi:lriíiiaram que as almas dos homens e o universo são indestrutí­veis, embora às vezes o fogo e a água possam temporariamente predo­minar·' ( 4.4 .4 ), é fácíl;.i;!!PJ:!~,;_qp~!4.91Jio.;J1.!tiJ:i.uía,saos.,druidas

d?-ll;tr~ .. ª.;'w~~.k·as·· ~':.,rren;es; No entanto, a situação não é tão~~!"ples. PôS1doi.g.9.! __ ~ntelprêtar a forte crença no,Ql.1_t.m.mw.d.o.,.qJ!~llQ!: testemunho independente, sabemos ter existido entre os celtas da sua

época. A,!.~111,d~;mes~.?.'.~R.~~ •. ~~foi;_idõ~q.,~~t~§,P.9Pll.!JL!t;r tornado..conheeunentõdas d.outrlnas gregas.da.lmorta!t~r trad1: çjio,aral,J;!)I_.Massalia,0u•por'aquisição,de'1ivros•gregos. Eles estavam interessados em·aprender •. Posteri9rt11c:11te, a .acreditaiiií'i;,(eJjiJ:;fçffi,, De divinatione 1.90, o seu amigo e hóspede, o druida Divitiacus, dava respostas em estilo posidoniano perfeito: ••et naturae rationern quam

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68 os limites da helenização

phusio/og(an Graeci appelant, notam esse sibi profitebatur". ~"""'> Q.iy,l'atieus•,tivesse·Hdó~Põsi1tôni~=·ou·11Jgítél:íl'tivesse-olido,Pesiílônio para_el~ .. Pois se deve recordar que Diviaticus não parece ter tido pleno

"--····--.~+-?~

··domínio do grego nem do latim. César utilizou um intérprete na reunião formal com ele a respeito de seu irmão Dumnorix (B.G.1.19).

N.o.,tnf/l.nto,,o.,d!:m!fismo,e•a,apenas,un,..pequeaa,parc.elaAl0,quadr-e­<!:!~,~-D!i,\9~.Ç,~.!&apresentado-pot,P.osidônie,e devemos nos perguntar que impressão causaria es.se quadro em seus contcrnporâncos7Qfilfn10''

__,aos, seus -leitores ,,gri;gos,.o,único•fat<Y"ilréõi'ite,Stlt\illré·~Je-era su.ftcientemente•fam:osõ"pãfa~set"Copiado ~i.(jo-,por..s.w co~~mporâneo-maisjovemJ;)jpdoro. Mas após o saque de Atenas por Siíla e a destruição do estado selêucida por Pompeu, o gosto pela contemplação serena da história mundial que Posidônio incentivava deve ter se restringido a recantos provinciais como Rodes, ou Agy­rium, a terra natal siciliana de Diodoro.

A reação no Lácio é mais nitidamente identificável. Inclui o signi­ficativo silêncio de Cícero, que conhecia Posidônio. Em.Pro Fonteio, por volta de 69 a.e., Cícero denegriu os gauleses porque o seu cliente Fonteius fora acusado por eles. Não precisava recorrer a Posidônio para a sua etnografia barata - adt,nitindo, o que de forma alguma é indiscutível, que por volta de 69 a.e. a história de Posidônio já tivesse sido publicada. Pelo que sabemos, posteriormente Cícero jamais vol­tou a tratar a sério do tema da sociedade celta - nem sequer no discurso a César De provinciis consu/aribus. Os livros, e existem tantos, sobre o pensamento pol/tico de Cícero podiam ao menos mencionar a teme­rária imprecisão das suas noções sobre os provincianos, que no caso dos gauleses equivalia ao desprezo. Varrão estudou os celtas e pareceu a São Jerônimo ser uma grande autoridade sobre eles (P.L. 26.353). Na,turalmente Posidônio estava por trás del.s,,1ªsál~-~r V ~foi ,conquistar~~tf,füa,com,,PosidôniA>lll!,,l\ll!l,,pJWl\,de $,Slll<lli.l!.IJ:, As dissertações etnográficas de Bel/um Ga//icum, que atual­'filente poucos considerariam intercaladas, são semelhantes em conteú­do e estilo aos capítulos posidonianos de Diodoro e Estrabão. Observe-se que César jamais menciona os druidas a não ser na longa digr~ão.etnográfica .do Livro 6.11-28. Não encontrou os druidas nas s_uas campanhas, mas nas suas fontes literárias - qualquer que possa ser a explicação para a sua ausência do campo de batalha. ·

C<W,o~{;ésru,,,escte,1(~,!!~ sua etnogrn,.~J;!}:!,.,ÃO,.(°~guerra, ,..esta1.i1.ém,~ondíçõesode,êóiÍll:i1~V.iBílr.iii~ .. s~&,9~SQ!lli!!,9Jle

epcqptrnn oas &Jlas fon~. ~q]!.J!~~!,'.'nta~~!J1.,,~ o

os celtas e os gregos 69

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70 os limites da helenização

J:@.~ç!h,)XL~lC:;,.<u2.ll!l..okJJnperador~Ma,eimus. Como,se.recor­·dJllll,Je,n<lps1,c,easado.co!lWl,princesa.iiretã-Elle0;0-imperador,Maximus...,,

·,perma.ne.cell,&!JL>m~W=n05'nessa41ha•~p.or·isso•perde11'0•direitode' retornat.JbRP.Jl!lb,J'Oí,1<kitlL.n=nov<Y'iiíipê?.a.dôr,'Ma:xllnu&"tentou réconquistat.Rorua.mas.,foLmalsuc.edido.,eotev~e,recotref'à'lfjUda«IOS"' seus,eunhlídôs"bi'etões. Ossbretões,observanunzque""Ôiãtilfmfüíwão m.i;iq-,dja,os dois.,jm!).<'Jadores (rivais) f ariam•asull refeiçãoe·em 'ambos ~~ lt;,i~sl;,k!i.'l,!r~~0~,l1J:~,atbquModos'1ivesstm>1füaõâd0°de,'CO!l!êr. ~~os.,liomellS''<là:'ilh1nda,,-Orã,Bretanha•faziam.,,"6ua,r<>f#ção.pelll l!lilllMAJ?ç]li;,un,até-,ficarem•encorajados. )11lllqU@J9,&.l!,fs\9il!.JmllSiPw ,.1ori;g,~~1(~.W,P.1\,tÇ{fiç.ã,g;,,!l/5;:b,etões,se,aproJCimaram,,da,muralha.e {1//;QíW-))J;,Jl!l,~.At./>Uas,escadasl' (Everyman, p. 86). p.,r~q,,t,,i:íln,to. Pela,primeira·Vez•um'escritor;celta·,prtlClamou,,aha,·,superioridii'de,cdof d" 'b ... b 1· s-.. ,',$JÇJJJ1ll•J:natµttnp; P~l.ÇS\J§q.J,~l):)i~W:,.'!\clWª·

...

4 A Descoberta Helenística

do Judaísmo

~Jve~...§i!t.9Al$~PJ:Í.!11t!,~!d!.\!Q.~.L•.Ml/.ig_plaü~-4s§:Ç._c;,1J~§trangeir.os •• Gomeçàiil)lifji~-~~4l~fQ!i~,iSPn!2=~~Jtl!~~!.$.~~2.!]~ eoJoni.z,HIQLCb,!JlJ§..~1~JlE1JA.9.Ji,Ç.C,Ui<,»\GG.G.Jiíc~_tjfiimJ:ssçi:jiill.dO

w,tiÍlrQS.liQ.PJJ>-""tnogr.aJikt;,:g.,9g,l\I\~·,pªRJc!'.li<ltisfazec,oJ§e,u,.gos.to,:pela" p_ci~gJ.JJ§.ª~êl~~i,sJ&.{:;!i;}6;.?Ji~~~J!:ç_t1211,J!IJs~J!l?}·;',?.JJJ,2~.Q?,traJ~er.ódO: t~!~,Jl5,'j,9.ID.§?Mt,~~J.i;!l.\)etN)J,L~l9S12~·,@J;,,nonhum,gu;go

....il!X!lll;!S;,"'1S1lata.i{4.25), D~trolado,,ctlig1Yamos gue os peg~s,era!.11 ,..1rmiie-';'enos-euriosos,do.,que,.esp.erarj'J!)P..Qâ~\Jll,Ç=[~~~~~.eE!l~>,,g,e

de1érmmados.11!!J~=•JJ alcíl,!J,ÇJ'.,&J!.~~2?de no. a~~gia i~.\iMiae-:e~~e;.ukura-t~~~?;4W~~~J1~-l!~~ç.~Y*,~~'~. ~ p,elas,terra.s&c<;l\ê.§,,§!).,,/j!,' .. \qmgy,4:mrn1festo·.·no··setulo,JV,a:Q,,apesar de j~MO<'!,!!P.!ll~!l+~f\!)i/c,:aYHt'terem,c[un~'dó"â"ímpõiúinfê''êôlônh1~de ~~~&a:,Ainda'.füãíif"pâ'râ'ôõ'x'ã1íí'fontt·,<pfffãs;ãquele'ilõstr~?"1• M.arselliàcque-.des-ctll,nlf'll'lrorte--<la•Europar•raiee<>,n1IDeO"ter<V1aJado P-~19_J11tei;ior5da,,Bra1l9a:, OS,J,,istotiadorcs,,Éforo,e •Timeü;'"qâê''"t!os s;\!:.u!,Q.s.,,J,Y.,e,J.lfoa,.€,,,,foranro5,,1'fÍ!l1<,Í,Qs,a,reunir,amplasirrfünn1i'çÕês''''

... ,S:~J!,.QáJ\i1,e,aEsnª'P)}.'J,,.J>..ão,par.eq.em,1e1xjaw.a.is.lôsíJ!!Q.Q.c'ÍSse&Pª™'s. §s .. v.iajantes Jl!}l,Ll}'>S4lã,o..&Qnsi.d .. tr11,Xcl!,!lkÍ!Í,c:jJJ.t:tl!l!;,~i2,,..Bos

p;.~ ,.C,Q!).§AA.YJ\ll.lC.ml\n.le~,,!lJ9,j,e,yJJl12.§.,esperar que o_s. vj~i~ntç,il - - --- """"""":'r"""""-"" --·~",t, .gri,gg~,Jl-21\,,P.ilr\oss'pãléstinõs"Subissem,,a1~.i;ms!!.![!J!..P,/i!8-,Jl!l!,~$f"\JE"-

'ISSIBtir-""os-,festi.vais•jrideus, Mas,,ass,relaçõesrcomerciais""1tre'gr<>gos <li;,,,çpJ;l,a,,,!tJ&~i;,.,~l).al!\slino5;1,oonreç·aram··ífo"'"pef!cidO'"micêll!co •• Os mercenáriú'S'jtr'e"gtiS"rêpí'êsê'itll!Vam,'Olltr-0,p€>til0id<!'éõntato.

É JlU'lf~'l"'J''li>avi'4enh""5e".seP'id<>«le.mer-cen;í!ii11s&r"'4\0ses (II Sam. 20,23; I Reis 1.38); prê'sÚmivelmente.~I~J,a.l3,ll,i!l)),,,gf.ogo,,Apr0a­xjgiJ . .Q,Ml!l;!\W~,çl;!lmfü!Jl~!oá.:;,JQ\,,çpl9.<;Nlo~1m~!J;onriepoc,mercen~sros ~&Ô.êJ!.9.;5.,9Jl!:le-tenscs. de acordo com a interpretação que se prefcnr de

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72 os li1nites da helenização

II Reis 11 '.4. Nos-.séoulos,lX;e;;MJUa,€•.,navios•gtegos,com;merc;.c)p.!;l'§, gregos sem-dú.v.jda,reapareceraill'~O''longo•dàsecostas,dà,Palestina~ 11amaria;,a,cerâmicacgtegâ''é'âõti:nôf'.à'desttuiçãô'dã'êií!âêle'p'õrBilrgão

. ·• .·U,•e~.fÍb~~<!lL._$,l)lgjs,,entre.J'ripoli,,e....Lllodicéia.,(L;ill!q!!i.!l), o eseàv'1dõl\idinan:iar,quês,,P,sl,sRiis,encontrow.uma,,povoaç.ão,gr.çga,c0m

· um.!J;JBfil!Lq\lfA!.ftç,;!).tet,si\loJ,Q!1§.l!'.Jl,.Í!!g,1t?~.;{i\1L~;Y,e reconstruído por. vollll ~f~?~s. .. Ç ..• Os.,gregossperman'e'ceram>emJ.Tall,$,.!!ll\S~*·· menos_··atê,~~;,::'Gi•j>arac_omer,;i.M.2Q!I,l,P,a.lestin.os:de:qualquer,rt;ligiii,o tou.ns.çijo. Havia..JUet.c.e.n~.~gr.egos,no"t>xército"egfpcio,deoNecaur" filho de ~samétko, que emfó!ftle. matou Josias - s·egundo se afirma· em Meg1do. De,.acordo<·co~ródQlQ,,JlaViâ"'-trinllf"tnil"gregos··•no•~

· xlf~tcitc;wk..Ápúes, o neto de Necau que et!t:58~.:Jentou levantar a pressão babilônia sobre a Palestina (Jerem. 37.5) e provavelmente precipitou a investida final de Nabucodonosor sobre Jerusalém em 586 a.e. J '!,§!t8?(~!1Jóu,att,que um reü!.!'.']udá tinha,nie~l;t!l~tjpg,gregos_d,s õS,'il\..Y~.9.Q~s,;de•J. Naveh em Mesad Hashavyahu, nãó'<listante,de•Yav, · n~e,Hi!,J.u.MJ!l,9.!<!W,l}ffQOle.~~~H.!IÍ.!Íc&l"l,!ls!é,quanti~j!e,de.·cerâmica' gregadas,.úJtiniãs'ôêt'iítíálüô'séêulõ'VIhCiJ,lopà'l'lfí1reêê'ílrrfa"fiirlííTê'za

.s, .. ~lvez•tehlià''sid&'btupâ'êló"'iniíi's''p'õrl:r:í'éfoênãfi'õs'·gregns<do,qu&Jiõr mei:cadores>-gregos. Quando Jeremias escapou para ci Egito, foj para Táfnis (43.7; 44.1), conhecida 'pelos gregos como Dafne e'talvez guarnecida por mercenários gregos como certam,çnte o foi sob o rei Amosis . .(5Jo:526). Não se pode deixar de imaginar Jeremias sendo recebido poi'sóldados gregos em solo egípcio ..

Os contatos:sobreviveram ao exílio. i.lli;J,,ÇQQ.é~;,,g!'i.,.ç:!êl;~Ç,i\,~!$.1 em-Bet-Zurl'na,!:ll.l!'~,9,J?,Jews.alénnallebron;õsiro~inais;de,;o_m,~sio

. atill.O,!laeprimeiras1Jllrtll'do,1,é-c1.tlo•V'~ragmentos de cerâmica ática de En-gedi pertencem principalmente ao final do século V e início do século IV. Sabemos,pelo,orador-Iseu•"JUC•,por,vol!Jl·...Je-fl.70.a,&.,,l!rtf

, mercenário.at.eptç!J§!;.8Ç!JJ!1.UJJlra.r.m.~ko.timafortuna·de·doista-Jentos ( 4. 7). As,moeàas,majssamiga'S"{l!í":Jiidéia imiiarn as 'moe!liWjl'F~ne i!l,t'l!Slili.!l,9.0,Ç,~QJlJHi.9,$9.J!hQS,g~ego.$, Não sabemos que autoridade era responsável por elas. Recorde-se que o dinheiro de Javã - da Grécia -é mencionado num dos papiros, datado de 402 a.e., da colônia judaica de Elefantina no Egito (Brooklyn Pap. 12).

0,s:jttàem-li.ve.ram .OJJ tms..apor.lllJl,Ídades.para,entrat..em.C.OJl.l;!,!Q,Ç,OID osgfeges na Mê's'õpotâmla.as.s.im,eo,m.Q.11Q..]:;gito. É simbólico.que11m texto babilônicorcgistre um pagamento cm ai!Ji!.c .. aJ.oaquim, filhúdo reide Judá;e-a-sete'êarplíiteirôs'jrêgos'qu{tiâbaihaiáiii. para a corte babi_l~nia (Ancient Near Eastern Texts, 2' ed,, p. 308). hl.o.Jlgito,. os reis_ (~~ais, e.persas a tra !ammercet'lários,nii.p fi<\,grcgo,5:c!lc..1;11,rj;l,l!íl..~,~s

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a descobena helenfstíca do judaísmo 73

l,llllbé_m judeus. As origens da colônia militar de Elefantina são des­coiil'iecíclàs, ·mas o autor da carta que é conhecido pelo nome de Aristeas deve ter encontrado em algum lugar a informação de que soldados judeus ajudaram Psamético na campanha contra o rei dos etíopes (13). O Psamético em questão é Psamético II que, na expedição de 589 contra a Núbia, teve o apoio de gregos, carianos e IJ!!vez fenícios. Os grafitas deix~dos por esses soldados em Abu Simbel, na baixa Núbia, são famosos. Se a informação de Aristeas é correta, os soldados judeus e gregos devem ter es!Jldo juntos na mesma campanha.

· A ausência de grafitos hebraicos em Abu Simbel IJ!!vez não seja suficiente para pôr Aristeas em dúvida. Uma receni,e descobe~ papi­rológica mostra que, no século IV a.e., era conhecida na Grécia uma história semelhante ao julgamento de Salomão (Pap. Oxy. 2.944), mas não há indicação de que tenha provindo da Bíblia.

Como são esses os testemunhos diretos de con!Jltos entre gregos e judeus antes da época de Alexandre, fazemos a pergunta óbvia:.,o.que ~deusJize®D,c<l!Wessaii,.diy.ersa&oportunidades,para s~ncoiítrarem. i; • .:,.e...c,onhecerem7~uanto'llos_,gt~l'Ni;::sa.,respostlls:;i\ .simpJÔs.,Nãoregistraram'a-existência'dosjudeus .. ~WJQenanaç~ mais_lll,fdejrjJ~aesenl.ª1:,.,gJJl~Jlldica1desafiõ'à'sãbedbri~'dos,gregbs

-~encionada'tlm,pátte:atgúmifdó!Híixtos·pré,hele~sl!~os-00nse,... ,L~~i&<le-referenciasza~Ju!e~rfa.:1\t~~~g!(g!~::l!fu'­Jlg,µ~;Jude.!!~e\ePi~dos,,comô'Ii&femos'vêt·'íll!"'Càrtli'de'_}\nst~s (31; 312). ~labeTiil"e&ntra~Apionem~lávio.,Josefo,pi;sJll!_J."f,QY,.Ç,\/},;; dadosamente,as,,i:ef~i;ê.nsi.~,.!l.du.deusyJlRaliteratura..grega,te,,nãô''há !l).jvida,~~~c!!!!Jitos,predec~~,nessa;,bu8.°~~~J:s!.?:» fotamJni;jgpjfiç!!P!~Q.autoc,,!l)/!!i.fil\l!/lg_.jU!.~Osefo ·consegu1u:'n" contra.r,foi,o,~t;,.J:S:hoerilns;,contemporân~,,.4.e,;!;!eródot~ Choer1lus

r·;;~~Í~nou montanhas Solymian habitadas por guerreiros que falavam a língua fenícia. Infelizmente, a tonsura que eboerilus atribui a esses povos era expressamente proibida aos Judeus pela lei mosaica_ (Lev, 19.27), que estava em vigor na época de Jeremias (Jer. 9.26). É quas.e certo que Choerilus tinha em mente os etíopes orientais e que combi­nou várias passagens de Homero (Odis. 5.283) e de Heródoto (7.79; 7.89 e possivelmente 3.8) para compor o seu quadro imaginário. Tampouco Heródoto se refere necessariamente aos judeus ao mencio­nar os sírios e fenícios da Palestina, que admitem ter aprendido a circuncisão com os egípcios (2,104). . .

Os es.tudi~modéniM"qüêitentàiârir·miítài"'Josefo<na:bmiêâ'de ffê[~iaS...a,judetlS',ll}ál<JitêfàÍUrif,g'reg!i"p~iéXàífiJruílr'fiii{Ftiveram

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74 os limites da helenização

~lho1",;J,1rte. Considerou-se-que·um-fragmento-do··poeta"Alceu (50 Dtehl • 27 Lobel-Page) sig_nificavaque-0seu.irmão.Antimênides lutou·,,· com1llrfj1'lde1rgigantesco-durante-umdoS<c.'eis,cercos,.deNabucodono- ·-· -s.oz:.a--Jerusa·lém. Mas S. Luria - que apresentou, ou melhor, reapresen­tou essa conjetura (Acta Antiqua 8, p. 265-6, 1960) - teve de postular que Alc'.'u ~h~av~ Jerus~lém de Hierosylyn,a, e não Hierosolyma, e n sun única 1nd.1caçaopara i~o era uma anedota ctitnológicn com laivos antl-seml~s citada por Josefo (e. Apionem 1.311), segundo a qual a palav"': 1:1er~l~~-rro.~jt\!'~-~~-~ierosylos'. "saqueador do templo''. Se11ulúv1d%Anltmen1desJutou;,tcfavo,;dos.bilbilênic>s,mR,P,llestinn m~Q,_§l'U§i~é/-'.°~~eu>não,estava,interessíiêlõ~efü""ê'tjl,&l'ííf&íj:'<!ÕÔlfü qu_e2;1.e!~Jl)tou. Qy_l/;!)teJ<to-com.al~f\\,.§.a.regi;asétlcas.judias-a!Fiooído

:1"'1'.~ltiile.ss,t:g~JJ,,>\,J!!~ito,ré'é&rlhCí:la~send-m!f'flrmfre,,ção ~~«el;l!&.l!ell\nl~. Franz Dornseiff - estudioso alemão que demonstrou coragem e independência em tempos diffceis - tentou com afinco nos persuadir de que de fato se tratava de autêntica poesia grega <lo ~culo VI ~-C. Tentou também mostrar que uma longa descrição dos Judeus atnbuída por Fólios a Hecateu de Mileto fora realmente produ~da por esse escritor do final do século VI e não (como em geral se admite) por Hecateu de Abdera, mais jovem e que viveu na época de Alexandre. Em ambos os casos, Dornseiff não conseguiu convencer. Esses text'.'5 atribuídos a Focilides e a Hecateu de Mileto são de pelo menos dois séculos depois - com a diferença de que .. Focilides" en';ob~- ~ma. falsificação, enquanto "Hecateu de Mileto" é uma atríbmçao erronea, po~co mais doque um IaP,:>o clç escrita. Até agor-a, nada,ni,ful00,8,·,;=pa--,,>e-"'"'""""'e os~e··g'o·'·s"1'c·~~ass"""""'1· --,,.=~ ... ·· · :--""'"=•, U'U, 'fUv U o• C0S'SCqUCf'C0llheCJam

,-.Qc,nome,dos,Judeus.

Jlm-,~!º1<Jlíe·,sãb~~t~"&7~~~g~'1\ffvf~õrttentes~em<rSUa <;i;l!.,çlássiéJacsem'rêconlie'é'~í"ifê'xis~tlZ,tâ"ci'5fji\âêi!s;Qüãilttf:âOsjudeus do,,,pe~qqq,,-bíblieor-b:cl~<que,tinham.,;conhecimento,des--Jayã';~q~e

-A\'IJW:l1/l!~Ya"todos,,qs,gregos•,:em.we:,;·,de,especifiélunente,,os-;1ônJos. On~e Javã é definido com maior precisão, como na geneaJogia de Noé Java é pai. de Elisá_, ;ársis, Quitim e DodaP.im; ou seja, provavelmente: de AJashiya e K1tion em Chipre, de Rodes e Tarso - em vez de T9;Itesso. :'ão há indicação de que Atenas, Esparta, Tebas ou mesmo Mileto estivessem conscientemente ligadas ao nome Javã. Dificilmen­te esse quadro das nações em Gênesis 10 pode ser anterior ao século yrr ~-C. Não muito mais tarde, Ezequiel ou um dos seus discípulos mclum Javã na lamentação sobre Ttro (27.13-17). AJi, Javã é um dos mercadores que negociam com Tiro e entre as mercadorias estão

a descoberta helenística do judaísmo

escravos. O tema de Ezequiel dos gregos como mercadores é retomado por Joel que acusa Tiro e Sidom e "todas as costas da Palestina" - isto é os filisteus - de comerciar com Javã e lhes vender "os filhos de Judá e'os filhos de Jerusalém" (3.6). É um problema bem conhecido se Joel ,. ou pelo menos essa parte de Joel - pertence ou não ao período posterior ao exílio. Javã é mencionado no último capítulo de !.safas, 66.19, entre os povos aos quais Deus revelará a sua glória. Provavel­mente esse é um texto do final do século VI. Por fim, Javã aparece na promessa messiânica de Zacarias 9.13: "suscitarei os teus filhos, ó Sion, contra os teus filhos, ó Grécia", Mas esse texto pertence clara­mente ao período após Alexandre, se bem que eu não me comprome­teria com uma data macabéia. ÜS,p,Q!!S,_~l\.W..S.l>Jbl!..<:<X!,!tQJJkmenção a.JJ!X..~SQni;probabilidlrde-,podeOLSCr,\!1t_t;lc!os,de,antes'dê''~36,a,G. conhecem_o.s.greg@,apell8S"'OOlll0sneg<icÍll~S..- ou;mais-geneneamen­t;;;;mo'-1i';;i----;;;;fu;fülçõé's"dõ"mmítlô\ ós"gre&&"~liin:órufüêrdos;>tfiãs pgç.c.em.J:t.8-$.~~-Sm:iJi,,c},41,si~llificant_es. l;i,M,P~?.Pfl',h~lenfl:tit c~JB!_~não,ID>'nenhúi!iã'nôçãõ''íjüê"póss,fs~i'a~bu!da,à,ii)Jlµell!­~$~~},.l!l'~J~t&~9:~F&JPll<'~ªlavralind1scutivelm.ente'~ga. J\9-prtri!l!ffitsil'iITãvl'ãsilíd1scu iv'e11!!etite"'lll:Cgassna-Bibha,estao,no l,lY.lJ!~J:>.aniel(--3;'5)i1<J.Ue;em,wa,fortna'atuahpe,i:\Ç!l~,l\Q~~Ç)!t9,'l)Il e J!;!,Ç,,Alélllidlssoté.l!t;i;>M3:!;;.<;YI!!.eno,lÇoJi.ç_Ie,tffiç\Ç$jl!Sl~),ª•P~JaYr.a p.i;_i:lllii,pardes,(2'6),~j$usadoc,num=tido;spomal',;'que.-.Jhe,foiwdado ~l!M!-!:ll&Qs,..sob,a,foJ.ll.lMJ~r4dtt/sps;;Mas48lllbémXohelet,provavel-m.entesé,he~J.1Ís\Js9, .

· O quadro na verdade não se altera se nos desviarmos da Bíblia para aqueles selos e bronzes do período persa com que os museus arqueo­lógicos de Jerusalém nos familiarizaram. Encontramos ali Atena, He­racles sátiros e outras divindades gregas. Não sabemos quem eram os donos'. nem o que os objetos significavam para os donos. Entre nós, · aqueles que exibem Buda na sala de visitas não são forçosamente budistas. N~li\l.l!de~J1ão.há..indicaçiig~~g~~~:'~'t~X.!!!L'rr."

. algum 1·u<l.e••- te.uha•Bdôiàdó'-mii•'déús<grego.--lsso.ê .. íi!teressante;,po1s

.. ~""""""'"" . 'den! S~'l,.~p:l~.Q..!!QJ1~tl9i1..2.~:~!&..~I\..PWJJ9X~[Q,ÇQOSl -· -,,x~ck.Jlli!ím!l ,C.H\uBl'Jll_J2!L~,m,11,Q§,,1Jm!l_ç1l§,.W\1\,ista. A essa

altura o monoteísmo absoluto estava instalado com firmeza no Segun­do Te:0plo de Jerusalém, mas em outros lugares permanecia instável. Durante e após o exílio, Ezequiel (33.23), o Terceiro Isaías (57.1-10; 65.11-12) e o Segundo Zacarias (10.2; 13.2) denunciaram a adoração de !dolos, o assassínio de crianças e a prática de prostituição ritual. Nos documentos Murashu babilônios do século V a.C., na mesma

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.. ' r 1 76 os limites da helenização·

famllia nomes inequivocamente judeus se alternam com nomes teofó­rlcos babilônicos. Os colonizadores de Elefantina, no Egito, conjuga­vam a observância da Páscoa judaica e tal·:~z no sábado com a devoção a Eshembetbel e Anathbetel, que o meu falecido colega e amigo Umberto Cassuto não conseguiu explicar satisfatoriamente. Chama-a atenç~9,aausêllc\a,d.e,.deu.sç,s.g1:çg~.ll.Ç~§J'!ic<lgç11mentos,do.politeísm9, judaico em.declíniodo.séculoN..a.C. · ·· ·

Uma peça documental ainda d.;afia os intérpretes. Refiro-me natu­ralmente ã misteriosa figura em uma moeda que se encontra no Museu Britânico. A moeda pertence ao período persa, contém a inscrição "Judéia" (YHD) e exibe uma figura num trono alado ou num carro de guerra: aparentemente es.5a figura confronta com uma máscara dioni­síaca (B. Kanael, The Bib!ica/ Archaeo/9gist 26, p. 40 e fig. 2, 1963). É algo incomparável e não é surpreendente que alguém se lembre do carro místico de Ezequiel. Tenho certeza de que todos nesta sala preenchem o requisito rabínico para discutir o carro de Ezequiel (ma 'ase merkava) - isto é, ser sábio e capaz de inferir conhecimento mediante sabedoria própria -, mas não tenciono abordar es.5e assunto. Todas as outras moedas judias do período persa têm símbolos não-ju­deus. Não há nenhuma razão especial para crer que essa moeda con­tenha um símbolo judeu. Como disse anteriormente, não sabemos sob qual autoridade as moedas foram emitidas.

.,~nte&ede·,'}\Jê'xãíffirli;'ãtT/llWGs"sall~ito=<nraiS'Sõlit'ê"'õs gregQS~6>q1.1e>ôs'''gregos,sa.biat\1."l,\JQrç,""s,j~fiÇ,91!~[m.alt:os·,gregos C~ffi,i'kfsl!!,Y&!J1Jl!1,~L~ll!l1J~1,1;ffi~.ScªPªrentemMtê''ll'é1lliüfü·Jütleu'•ctmrer­

-"'u"'"'na'6técia. p;±,~".~&~~9,il,,Bão~mportlfvà'eilN:f11~lque~mila­. ção,da,cultifrã"grega ·enitê"os"juilêus',•EntteJanto~cas,evoluçoes,que

ocoffetam'n8''1l'í<iéíã'iibs'~~~tififg''V'e'IV,a:G,.aprese~1fl\11tõspo1iToS' <Je,comparãçiro·~om•evoluções,gregasccontemporâneas,..;ranto,gregõ); quantojudeus'êsíãvâm'VfvendiY'i\õ!Fiiillites"do'Ímpério,pel'/Sa. ·A obra :le Neemias pode ser mais bem compreendida se for comparada aos ?contecimentos gregos. Em tennos polfticos, Neemias era um tirano imposto pelos persas as.5im como Histieu e outros foram impostos como tiranos pelo governo persa às cidades gregas. Neemias recons­truiu Jerusalém, como Temístoc!es teve de reconstruir Atenas. A sua remissão das dívidas tem analogias óbvias no sistema grego dos séculos VI e V. A lei de Neemias contra casamentos mistos correspon, dia na Grécia à legislação de Péricles contra esposas estrangeiras. Mesmo as autobiografias de Esdras e de Neemias eram novas na Judéia, como as memórias de fon de Quios eram novas na Grécia -

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a descoberta helenística do judaísmo 77

praticamente ao mesmo tempo. Certa vez E. Bickerman ro_mparou a obra do cronista à de Heródoto. Talvez seja uma comparaçao errada. A téénica rom que no século IV a.C. o cronista reescreveu e moder­nizou o Llvro dos Reis nos faz lembrar da técnica rom que no final do século IV Éforo e Teopompo reescreveram e modernizaram Heródoto

. e Tucídides. Outros paralelos podem ser e têm sido aduzidos.? quadro das nações em Gênesis 10 nos faz lembrar do mapa de Anaxunandro;

0 Llvro de Jó, provavelmente uma obra do exílio, tem sido muitas vezes comparado ao Prometeu de Ésquilo.

Pode-se tspecolat pot que, teacle taBto em comum, os gre~ jiu:!eus-não-parecenrterré"füfí!ttnicirdo,lJmirdas·e~­siadamoo~~gua,,oo~i,,,ges­

~mono.lúl.giies;,,.os,-judeus,erarn"billngllesrma&;,lk,5~8:'s.eg®i;l.t J!ngua.,..o,.ararrrai'tr.1lfés'''ill!Vlraeesso~,ros"persas"'C~bab1lomos,-até

m~~aos.eg!pciOO:e'íitVerde'l!os~eges.No-en~ras4ificu!dades ll!lgilísli.=-nunca,1'0ràlri"Uãrrêil'l!S"1lltransponíveis.,J;alvez,tenham?s d.eJevat',;eri11'êõlifã"úílf'íí1iit!Nlê"ta'SUalidade,J'--01;:~e~ao v~itAuJ.enisaJém.Yma,pájjina,41,Jierodo~~.Q.Q;P~ra

-<)S,çgmlm!fls!UD,batalhã&di>'-estudiosos•wB!blia.:Em•tíltima,.análiseo·"" poi:é~nhaJll9&de,admitil"obstáculos,maIS1)rofundos,,Sob.<I~ oáea1a91io.d~iaS'e>WWJ'SUCessô'~;"osjudêils"EstâY-dec!àiàos . .. ,._, .,~.-~ ...... -=-~-- c--"··v•m ~--~eus e emsua.T,••,T/ara­~ar"'U.a.Tu:a'J'....,....... • z~. \lll"a-. -~~..;,=~"'~'"~:'~'"'""""~ ,1,,=n,ll"flfil!lidãdê;'Os"Sl:C,%.Q/isc<>nfiavam.,nas,própnas,4ntehgenc1a;ces,

,.iniciativ.a.,"J'ra.m~.$!ÍJl!Onies.1@ente'll'gressiv-0s,eccontribuíaD1r.e?' l\l!!lt.;;parte•pãta"fifü'íufbâf'a"p°âz'do•irop'étioipersa,odo"qúah!l!ll?!<.l!QJ,a a•'i'ifü0tístrnção,.~Judafsml5~ Cênto e vinte anos apõs Meem!lls-e

· P.éi:ieles, es gregos-e-os"'.iudoos"Se-acl,at,am.sob.o.cog!rnle ~P ~]e~ ,.xandre,Ma~ai;ç,dJl!úMuç fulav,~r,;1.v.a QJi.udei~~

II

Não fazemcs idéia de como os judeus reagiram às noticias de que Persépolis estava em chamas. AJ.~a1i,!_re.nunca,foHí''Jerusalém~Jt as.,!Ctl<las.judias-,quet!lr ffi'~Ó,roman~~il.9,,,W!~;'.&J'

_.cre4ulãm'ên 'º e contró en o um ·· .. .. . . ~vO"~ ··;;.Reis•,sA, IEJ).da.,jy,di;L.também;.a!lrnl.a.l!!W!Ue"~Pre"pi'ôclamolka

unida!Je'rle-Deus"ilâ"totreda-,sua,nova"cidàde,"'Aléxâfl'ana (Ps.-Calíst. Ii:28~p~ 84 Müller). ~r~tã,'z: há um~varrati~vel-

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78 os limites da helenfr.tu;ão

mente--tle..origenr'jíltliã';'"!lê"q"il'é"'Alexand~lev.01ko&ossos,do,prpfeta ... Jer~\a~Rª!ll.AJl<J<!l.lldria:aSmkde.,m!l.lltet;cobras,.=rocodilossafasta­

<k,scda.Ji (Suda, s.v. Argólai). Essas leodas provam •o menos qne !la. Pale.stÍ.n!Hl-transição,,dtYdomlru"'fJ"fS'l'para.e,ma<!Cdônio.,fotaJtall(liiÍ­

. ~ •. A ··lll1'.,~perm!l.lleee1rs<1om°",uma,,.das,,,peçasAfie folclOte'!jTfê'tl§'juíJe'ífs'f)'OOilifu~Óffipílftillfâ1'cOll1'05"SCUSSVÍZinhOS. . A1exm!àr,e-seguramente-fizel"a""algo-pelOS«judeuS"l(tfe'"se>"feveloil

,-rrreverslvehc-Golocou'll"maioriâ=de!CS"Dum"l!lundo"10.,faJa..,l!fega;,em · vez,de.,um.,de..fa111.M!.lllJ!!911 . .Áp<>S,a<lu8"morte;•por,mais•de'Vllit'ê"nlÍos · à-llalestioa foi.mn,pomo de.dis.c.ómia..Bto!omeu,.um-d0S'fiv.&is-pela s~§il,Q,P.cupou.JerusaléJlb.em320=talvezJ.inmdo,partldo,d&sábado (Josefo Antiq. 12.5 e e. Apion. 1.205; Apian. Syr. 50) . .De,30l·a••I98, ~JJ:to.lomeus,dominaram,aJ>..alestina"'.Qov,ornantes.,!;li!lru!!J~,gg2 ..

-~J!Jltes•gre<io<tffaêêdõnibíf'passaram,a•v-iver,nallalestina,po1>.dirolto'ti=' q,nquista~Filósofose,hlsti'.i'riiitlófê/féíêâminaranrJerusalém,ec;,de,modosa-" gera'1tficaram,satisfeitos.·0.judafoJDP:Jãi;Jm;nJ?.l!,Sllbitamen!e<eenhe'C'ido ~,re.sp.,itável.

O~.yen.cedores:.<!í'.1!).>~ri<Ypersa·ronsiderarari:fconveniente".'êl>nhl,­,ç,1;.rs,Jã.!'..PQSSÍvel,,cati.var.os.habitantesJ<x:ais~~ti.0-r~ não tinbam'Sido>ben·quistoS''énrtóllos•os4ngares. Os egípcios tinham uma crônica extremamente bem-sucedida de rebeliões contra os per­sas; os babilônios tinbam se revoltado repetidamente. Mesmo na Pa­lestina, onde os persas tinham sido bons governantes, houve problemas, se é que podemos dar algum crédiw aos nossos dados confusos (e. Apion. 1.194; Syncellus 1, 486A). Os.gn,cõ''íii'âêedôriros ~{ltaram"5efflptêS'ênfâf'&>tfi<fsrnI'rõrFs'~'''íllã'.is'"êonipreêDS1VOO~õ''l}Ue•.()S

~y_s,antecessores.s:Foram auxiliados por correntes de pensamentos que ?º sécu)o IV se desenvolveram na Grécia. Nisso, a inter-relação entre 1deolog1a e ação é particularmente complexa. Os filósofos platônicos e pitagóricos tinham preparado os gregos para que rompreeridessem e apreciassem comunidades rigorosamente hierárquicas e mesmo hierá­ticas. O rei-filósofo não estava muito afastado do rei-sacerdote. Os platônicos conheciaJ!l ZorOllstro. O historiador Tçopompo escreveu sobre ela. Arísiõfélês; ó ines\redeA!exandre, não compartilhava·desse g°?t\tpor sacerdotestmas a _sua curiosiAAQ,Ç_,Ç.i.entífi<;&que•era'Verda­de1ramente universal se estendia ao saber do Oriente. Em nosso cami­nhO··cncbntiarê'mós··vartos··aristotélicos:

A • •

=r&•ate~<:~imAAt~IiteS'não·i:stavamespecificamen- · t{l;JII>ltadOS;..patJl;sOS,Ju1.l.~.1111.,~;,J,yi-"$éculos,os-zoutroo"'bárbai,,s -c~!pe,io.o;;.,p.ersas,;,babilôniml'*mêtimo,indianõs'f'"'ê'fiíl!J"<:0n!R>eidos

a descoberta helenística do judaísmo 79

p,,çlos,gregos. Havia muitas informações anteriores disponiveis, que precisavam ser então reavaliadas e atualizadas. es-juél(.~ll,lll, os te,C.ém.cbeg.ados. Ainc!a,e-tinlra,le.,.prendeHUdO"SGbre--eJes,,,'Falvez nã<H;eja,.por...,easo,que"O'priméiro~Jivto"gr<igo,a,se,refe~<>MÍ",.. !J!IMl!C"aosjmlêflS"tenlm'sidO'escrit&poI'llllFconselheinwle,l.ltolome.!Lh. ne&1ltlOS'"êlll"qui>'estava0 tomani.Ío-paill,'1íif .. ~ãêoni'jiíili'fa c!,,..Fales111ja, Hecateu de Alxlera incluiu um capítulo a respeíw dos judeus em um livro sobre o Egito que escreveu no Egito antes de 300 a.e., provavelmente por volta de 315 a.e. Hecateu idealizava os egfpciosesobretudoa:ruac)assesacerdotal.~juàeus.,aum contçx\if'.'eguÍ1i\i;"'elhbora ·o ,,fragmenw conservado,pàr,,,Diodoro · e c1iíi<f<>-por,Fótiti$'tiãl>'nos permita perceber o lugar exaw da digressão sobre os judeus no plano do seu livro. Segun1:lo-HecateuJ"OS':fudeiisr estaMa!ll'elltre-11queles,que.~Jncluindo os 0célebres'Dâfil!os•·e·Cadmo·­for~...J,H>Jl~~-,J1$;l9§,,~8ÍPÇ.ÍOS,.durante,umaci'e§.~;"MôisésFhonfe1n ilustre.cpela,;sabedoria,<>,,coragemrconduzira,-,a,.•emigração;-,f!l!:'dara l_e,rqsJIUm,.._cQ,1!$t!;U,{J;a,,.~e.mp).Q,n!ividira~o,,povoTe11P'd02ê"tribos, <;;QJ:!.~t.!!!!fr.a,,o,clero,e,estabelecera·teis'inti!lí'ãm1'1l,tl'lô1ívâveis. Assegu­

_.rara uma população numerosa,ao tornar,aJf'.r.0}/!!!Ji~!l.iV!;~lfilfji,,., abandono.de·crianças,um costumecomum .. e'1lre,c,s,gi:egos •. Tu:escrevC'-· ra.,umaeducaçãoadearigor0quase,espartano;,a.comparaçãP:0com,Espar.ta

"é"óbvitt, mas'apenas. hnplfcita,,Seomodo·de-vida·que-Mojsés..di(IJ!l.QÍJ:11 era,um·;pouco,anJkSQÇjJ1!-.e:.hostit.awesttangeiroSyissosera,c.rui;ipreen -sív.;:Ldepois.dadolorosa·experiêttéilí'ãe'"&ix"'ãr'o·Egiw. Hecateu.encerra.-. a:~@bsen-amle, em conformidade com um conhecido padrão da etnografia grega, q11e,Q&J.ndro1&J\avJamdllodiflead~seus,costu­mes,s0l,,a,mf!nênciií'tle0deltii~ôftio. Hêcateu.não.tinba-., conhêclmt:õ:tô"'llõ!i'pâmarcaSse,aparentemerue,nunca,0uv.ira•falat"dõS ,els.hebreus. Um dos aspectos intrigantes do seu relato é que ele parece ter ouvido ou lido pelo menos uma citação em grego'do Pentateuco. Ele diz que no final das Leis de Moisés se encontram as seguintes palavras: "Moisés, tendo ouvido as palavras de Deus, as transmitiu aos judeus." Parece ser um eco de Deuteronômio 29.1. Uma tradução de algumas partc>s da Torá anterior ã Septuaginta não é inteiramente inacreditável e, em todo caso, é transmitida como um fator por Arls­tóbulo, um judeu alexandrino que escreveu cm grego durante o século II a.C;(Eusébio, Praep. Ev. 13.12.1).

Mais ou menos nos mesmos anos em wrno de 300 a.e., Teofrasw, o maior aluno de Aristóteles, se interessou pelos costumes judeus no contextos das suas pesquisas comparativas sobre piedade. Jacob Ber-

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80 os limites da helenização

nays foi o primeiro a reparar, em 1866, que um fragmento de Sobre a piedade, o livro de Teofrasto a respeito dos judeus, foi citado por Porflrio em seu trntado Sobre a abstinência (2.26). Teofrllsllrsif:refêriâíi~JÍÍdeus como·filósof os que. ãquelaaltura.tinham descartado.o,sa_criffçi2_!,!l!Il3110 e execu 1/lvam os seus holocaustos.enquanto jejuavam ecfalavam incessanº"

" .•. \c;Jlle1:1tt, •. "!!~c..~~~,,.!\lqJll,!li/;sQ,.ps,Ju.?.e~,l;~!T).p~;;~•as estrelai;'à noite, vohavam.os.olhos•para'ela:fe'as fuvóêavarii em süas preces.

, !'--~déiac~e-q11!k!?,~)_;Bg_~!;Jlla!J!Ji21i9Í9.§ .. U\~llfl!J'~'i,(1,~~!1IJty,i;~Jjº!>I.C a Wsd1a.escnto.por,Mi;gâs.tenes ,que,.por,volta•de 292/era·'eniba!Xador deSeleuco I naquele,.pa/s .e.relatou o.quevira. A sua opinião de que os judeus eram para os sírios o que os brâmanes eram para os indianos obteve boa acolhida (F.Gr.H. 715 F.3 Jacoby). Clearco de Soli, outro discípulo de Aristóteles, que deve ter lido Megástenes,foi adiante e afirmou que na realidade os judeus eram os descendentes dos filósofos da índia, a que denominava Ka/anoi. Por sua vez, os Kalanoi descen­diam dos magos persas (fr. 5-13 Wehrli). A sabedQàa.orlep.tal.eyaassim

/ -unU1cad_~~r:.v:~re,.geneli'l6ífiCff'êfi{:'"q\Í~~·;i-J~'â~\';f~C~ffi~.()S\ilês~ ce»l!.é111i;s,.c;!o$ .. (d.tic.eiros,p!:rsas;;Glearco escreveu um diálogo sobre o sono, em que apresentava o seu mestre Arisíóteles como o principal interlocutor. Fez com que Aristóteles relatasse o que era .obviamente uma conversa imaginária: com Íl1Il sábio judeu que supostamente encon­trara em algum ponto da Ásia Menor. O judeu deixara a Judéia, onde a capital tinha um nome difícil de pronunciar (a chamavam de Ierusalem) e descera até o mar. Visitara muitas nações e era grego não só na linguagem, mas também no espírito.,,Comoifünvetsâra'~tôtne,,tantos sábios;-estava"elii"éõlfdições,,de~~sl'A:ristóteles. Não nos é dito diretamente em que consistia a sua sabedoria, mas Hans Lewy (Harv. Theo/. Rev. 31, p. 205-36, 1938) argumentou de forma plausível que era sobre experiências em letargia induzida (êtfmo, afinal, sugere o útulo do diálogo de Clearco sobre o sono). Essas experiências tinham relação com a natureza da alma humana. Sabemos um pouco mais a respeito de Clearco de Soli, graças a uma inscrição incomum recentemente publi­cada e admiravelmente elucidada por Louis Robert. Nas escavações francesas em Ai Khanoum, no Afeganistão, encontrou-se uma inscrição com uma série de frases da sabedoria délfica. Um epigrama introdutório declara que Clearco as copiou exatamente em Delfos e as levou para esse lugar afastado da Bactriana. Parece não haver dúvida de que Robert esteja certo ao identificar esse Clearco com o discípulo de Aristóteles (C. R. Acad. Inser., p. 416-57, 1968). ~gniftca-que viajou-extensame,11Je,,e,,e;i;p1Q_rn!LO,,Oriente··porque.§e interessava.

.<e, • ..,...._,,,, .••

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a descoberta he/enfstica do judaísmo 81

, __ Q_quadro.é.coerente.li_os,e~,k~.,,,!Ji.!!.~J!Jl,.9.l!JIJ:entacanos,apóS)a .!1~.@içiio.d9ilµp§rjClpe~~i1·fJIRt9!g~~!ij~~ti!!o\!.~gffigQ$.,di:sco­,._brl.ra.m..._ajyJl&l!§.Ele~..lk,&~~IDE~J:@Edé'i'átc>"COtno'liâ'ficção

- hC.!));U04saÕios,--sacerdotaís--,d0''1iposque-c~per-ava,,que,,.o,-Oriente ·,gérasse,Os,e,se<itoreseram,.pess~~~PQJ;lllntesoe,responsáxeis~Sem dúv-ida-pretendiam,irnpressionar.os•leilores,greg,os,c..Ql!1,.a§llbqlorià'dÔs Judeus:"Prcivãvelmente··esperavam,,te1>-~~~.,Nã.CJ. temos~meios·'de"liViillárºir'lmpaetO"lmediatosdesses-,.textos~sobn,;.os leitores"judeu~irórqüê"liãó'ctemosodocumento,alg®Wjue.possamos

~-segurança•de-aproxirnadamente,.30<1ac.GMasse,for-verdade que Kohelet, Ecleslastes, escreveu no início do século ID a.e., se deve admitir que pelo menos um dos sábios judeus não estava preparado para desempenhar o papel que os gregos lhe haviam designado. O .que_ q~..!l.~Qfüia..dlzcr.1iobre.Ec!eslastes·-·e·se·tem·dlto.mu.l\l!1>.ç,iiit'l.s, - , .ek.!lenegria.,a,sa bedoria•tradicjotíí!l,0Era•certamente~w-!.i.?!/!E.W temxnJe,a,D.eus,-mas,o.Deus•dos·se'OS'antepassados·estava ·acima dele-·

__ e.~fo,com.ele~-exatiiítlêõra'llpósíçil9Õpooüiã'ãê'Splnõza!'V!a,pouoo ,-- setítitlo'llawida·rNãrr>possullFnada"'da"l!Utoêêítífiãti~ll'·que•os"gregõS"

gostavam de atribuir-aos-feiticeirosjndeus. No outro extremoda-escala spçJalrMosco,o.filho· de Moschion;,o,escravojude.u,.emi;r,g~pJjig_gç_ )Jl!l.Jugar .. extremamente.improvável,~-do .. temp\9,g_ç,,b,A[!a,rau .. na,,, Beócia,,.Preocupado .. com,.as,suas.•perspectivas,,de.libertação,.,o,es" crav.oMosco,foH!O'templo"paiii'ufüa"frôite'decincubaçãó •e.teve nm sffl'd en'l'-que,o.par..divin@"'Anfi•·r-a.~·Higia""lhe~Qr.l!.x11aVhCJ.Ue l",!<Jlistrasse,po!'.escr-ito,o,que,Ycira,e.o&tig~eseyn,pedraJuntci•,io,altar. Ess:dnscrição..deve,ser-·niâis2óu,m·enos,.contemporânea,de-,Kohelet - ou,seja;•não•posterior,a.•25.0,a.C.~P,primeirojude\lgrego'.Z,;•,llomo< David i..ewis o chamou (Journ. Semit. Studies 2, p. 264-6, 1957)r5e

.. l\llresenbP'cômo<u@pê'qu'ê'nêJ''sêi''â'líf&!'füff&dõ"qllei'órà"'éní'regue-à escraxi.dão.numa,terra•long.ínquavNão•esqn·eoora<qu-e;era\jndeui>mas

,reconhe.cera,,o.,pod.ei,dos,deuseso;dos,seus,!lllllos~el.l!g,i,p\;,<!t,:;,IM,(lrdo com aS'Silali"ÔrÕê11s'."Ê("ê"flíi:nlílri'f'ífâÔ'Í!'siítV'â'pfé'p'/i'flfdiJ"p1Ífâ:'C,6'paí5eJ ds,filósqf!l,s.açerdot.e.

III

Por trás de Kohelet e Mosco o mundo se movera com rapidez e o que já no início era um quadro semi-utópico dos filósofos gregos em breve se tornou absurdo .

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1, 1

82 os limires da helenização

~gos..e..macedônios.se .. instalavam-na..PalestiQa, f osse_por,iniciativa·reãl'õti''jkífopção: eles .estimulavrun-a-helenização

;::s-r-~~.ll,WJ,I;l.1/;lõ.JQ.Çaji;. As cidades gregas se desenvolveram, sobretudo ao longo da costa mediterrãnea e próximo ao mar Tiberíades: Algmnas delas - como Acco, Dor, Jaffa, Ascalão, Gaza, Péla; E)'Iadélfia:'Çitó­polis, Samaria - eram cidades antigas que mudaram de ~tilõede vez em quando de nomes: Filadélfia é o novo nome de Rabbat-Ammon, eitópolis de Bet Shean. As cidades gregas eram fortalezas, mercados e centros intelectuais. As pesquisas de Saul Weinberg em Te! Anafa, na Alta Galiléia, estão começando agora a nos dar uma noção de mn pequeno centro helenístico do século TI a.e. e de seu intercâmbio com as cidades fenícias e o mundo grego Mediterrâneo oriental. Menipo, a contrapartida grega de Kohelet, era originário de Gádara, na Transjor­dânia; era mais helenizado do que grego. O mesmo se aplica aos seus concidadãos posteriores Meléagro, o sutil escritor de epigramas, e Filodemo o Epicurista. Meléagro tinha. muita consciência das suas origens semíticas. Do seu túmulo imaginário, saudava em três Jfnguas o passante: .. Se és sírio, Saiam; se és (enfeio, Naidios [a palavra está certamente adulterada]; se és grego, ehaire; e diz tu o mesmo" (Anth. Gr. 7.419). Um dos seus rivais no amor era um judeu e Meléagro comentou com resignação. "O amor arde apaixonadamente mesmo em sábados frios" (5.160). Essa era a parte idílica de mna transformação que possuía facetas muito mais ásperas . .COmo,iriam,mostrar,os.acon, tec~µtos-d<n"é<:ülõ"JI;'rurregião·palestina.os:judeus.,e.os.I)ãgdg~,~~ pod.i"1;!!,;;e,tJ1rutais,uns••para'com'OS'outros. ·

No.sééulo.Ilú!J;;.d1;ludéiaproprjJ!J!l,Ç.1J!~-<!ita era.u!ll!.~~ P~!!'. d~_!'.!t,!estina::0•era0•quase,,i<knti_fig\Y,eL,com .. o,território~1i!&I~ de

Jetílsalém,e,comQ,ll!!.,,ªmllil~~.x~~jsJg~"'~J~l~~l~~=1!:,fào século)! a.C.(16, fr. 39). S~h!éta i:'ã 10ra ll!h,•t:>s ~amaritll~~; :· ou pelo menos os que não estavam completamente helenizados - tinham construído um centro religioso próprio na colina Garizim em circunstânêias que lendas contraditórias tornaram irreco­nhecfveis. Um conselho de leigos e sacerdotes sob a direção do Sumo Sacerdote tinha um amplo grau de autonomia no governo de Jerusalém, mas deve se admitir a presença no pais de guarnições ptolomaicas. Os Papiros de Zenon mostraram como, em torno de 259 a.e., os repre­sentantesdo ministro das finanças Apolônio atuavam nos interesses do seu senhor: uma das suas propriedades ficava em Bet Anal, na Galiléia (Corpus Papyrorom Judaicarom 1, 1-5). Pelos mesmos papiros fica­mos sabendo que os Ptolomeus tomaram Tobias, o conhecido xeque

a descoberta helenística do judaísmo 83

da Transjordânia, para controlar os colonos militares no seu território. Tobias era judeu pela religião mas possuía, um templo próprio na sua !errá - e ninguém parece ter posto em dúvida a sua ortodoxia. Um dos seus antepassados era Tobias "o servo amonita" que causou transtor­nos a Neemias (Ne. 2.10; 13.4). Um dos seus filhos, José, se tornou por volta de 230 a.e. o principal coletor de impostos da Judéia (Jos. Ant. Jud. 12.160 ss.). O Sumo Sacerdote e o seu conselho tinham de levar em conta os Tob/adas. Não estavam em condições de recordar a eles que "nenhum amonita nem moabita entrará na assembléia do Senhor" (Deut. 23.4) - se for verdade que os Tobfadas eram amonitas. O · tráfico de escravos era generalizado como sempre e Ptolomeu Filadelfo teve de intervir para proibir tentativas de escravização dos povos livres da Palestina (Sammelbuch 8.008).

As.pressões.danoJ1a,sociedad...eram'fgualnre!lre'Vislveisn=mlgm­.ção.oo,.judeus•dmdéia. TambémJtlssoseconjugava~!\)ka.. livre opçã(). O Egitg e(a ll!i)J!lg_ÍÍl:Jrullçiõ))~b;lllô;.para,os4udeus necessitado~ irem. ÜS números...básicos.,d~u.e,,d.ispoJI1~1'.&.8.,,.es.sa ~níigra9ão--400,mi4>risio~i.r.o&®.~o.§..da J?aJes,lipJ!,,,PAra o.E,gito,pod?tolomcJIJ (Aristeas 12-14) e um-milhão.dejud.ensl!o,Egito na,iRQs~Ai;,,,Eflgtt(i!!-flC.Z.CC· 43) -~~~~,-Ps ~~gitoa fnn•de•exer~~ue ,~mpetentes~=e=~llQ)~l!fJWOres.,p.Mto~g!p

· d_i: spld~do i! cap,112nês e vice-ve~!l!8-~administração fortemente·centrãlizllllií"'õfêrêciir"ll'os';iudeus,epoctunidades,de,,entrâr pm'o'Serviço·d<Yrei•comoguardas,i;,.J;_çjçJQ,J;,C,W~.,ÍJJ,RQS,tQs;,p,s,estr.an­!llfil;Os,e~pJSfw<l9!i~Pi!J:Mfili>..li!J/.Ç~· Os papiros são menosJnfor­mativos acerca da vida econômica em Aléxandría, Per-esse-motiv.o, sa~Jl!.Ç)S !lÍeruJS.SObre'O'S'jtfdeuS't'ôtIID';~êgtictlmlesoollU<jllei-

-WS.lla..."{}idade;,,,maSS'eleS-"'eXlstialil. O Terceiro Livro dos Macabeus (3'.10) tem uma referência a gregos que, por volta do final·do século In, eram p~rceiros comerciais dos judeus em Alexandria. O Egito provavelmente era o ponto de partida para nova emigração rumo a Cirene, Grécia e Roma. Na segunda parte do século II a.e. havia comunidades judias de tamanho considerável em S!cion, Esparta, Delos, eos e Rodes. ·Em. 139.a&-<J,'i,j.1!,d,ç.usJoram,·expuisos-de..ll,oma por propaga9da,religiôsa•ofensiva,(,Valério Máximol.3,3),·A·Çf!ll~O

· de ull!~ .. iménsir'âiãspôra•beneficiou'a"C'lâsse.·sacerdotal,elllJml~l\lém, i ~entou.0•11úlllel:!Wlos.qoo,.paga~but~em11!o:--As<

· p=grjnaç.ões,a.Jerusalém,se,tomar1lfil-um,aeootecimentõ'iiffiito ma,?' .Ji!2!S:P.Q i.djs~ndioso. Mas a descrição dessas pêregrinações em Fílon

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84 os limites da helenização

(De spec. Leg. 1.69), nos Atos dos Apóstolos (2.5-11) e em Josefo reflete claramente as circunstâncias posteriores da p'ax ro1nana e a comercialização da devoção religiosa por Herodes.

A4-ci~cj~_,A/,9i2..JllJ~JO.<Lmil...p~ihôit:~Hlno;-qti~ forne~s;,f.Q (Bel/um Jud. 6,9.3),..,.Lmais-um~desses.o<lados imposs(v:eis.,com,que,o.histociailot,da.anti,guidade-tem•deci,prendel'-a

--v-i>l.er,;Mesmo em uma escala-multo.menJlJ:,.!Jll..pc.te.,l}Ó.Wj_ç&:s.a.Jerusa­lém ·do--séoulo,IILa,G..dev.em.tefotep,esentado,.acontecimentos..impor­tantes. PrgporcionarenttiíhíJô'iiiô"lle"ertcontro<>·pesseas,qoo"ram<cada vez mai~Mdjy_t.r,,j,Ui;adas=Jíngll!l.,~Q.Sillill~l)Q§,\\j_g,.J<sªt<Ui4elidade

·=,pooticà"':· @s-judeus-babilônicos_.,eram leais .aos. se:lêucidas: .cle_._acordo, com o Segundo Lívro dos Macabeus (8.20),.oito mil.dele;;.rech~çaram ~-m-~a.taque,ade..gálatas.-saqueadores. Para minha satisfação - mas não,

~iCnho de reconhecer, para satisfação de todos -, Louis Finkelstein · mostrou que o Midrash da Hagadah do Pessach reflete esses conflitos

de fidelidade política. Lendas sobre o período babilônico e persa foram revividas - ou talvez inventadas pela primeira vez - para estimular a fidelidade ã Lei !Ilosaica nas novas circunstâncias. É mais provável que a primeira parte do Livro de Daniel (aproximadamente capítulos 1-6) e os Livros de Ester e Judite pertençam ao século III do que ao século lia.e. Associam doutrinação com entretenimento. Demonstram preocupação pela preservação da Lei, mas não ansiedade premente. Neles não existe aquela atmosfera sombria de uma luta mortal que encontramos na segunda parte de Daniel.

O fato de que a diáspora mediterrânea rapidamente se tornàra grega propôs U!Il problema acerca do conhecimento da Torá. Na Palestina e na Babilônia o hebraico permanecera uma l!ngua literária. A tradução oral da Bíblia para o aramaico e.ra suficiente para manter os incultos informados. No Egito o conhecimento do hebraico se tornou excepcio­nal, ao mesmo tempo que havia todos os atrativos da literatura grega. A Torá tinha de estar acessível em grego tanto para o serviço religioso quanto para a leitura particular. Isso significava uma tradução escrita. Da Torá a tradução foi posteriormente estendida ao restante da Bíblia. O processo deve ter levado dois séculos. Provavelmente o Livro de Ester só foi traduzido em 78/77 a.e.

A tradução deve também ter ajudado o proselitismo, que adquiriu proporções inteiramente diferentes assim que os judeus começar~!!] &

fal~_r_g_rego_._ Nã<:(_~?11h;5p»QS1lh.u[)lcfl.a.do,he.Jen!stico.,.q~,cli;.moQ,i~}J.\I" 11m--não•jtrd~~,,jude1t"'ô'tl''simpal4;\w.e,porqu!;Jl'!:•!.,/!,llJ}:>JLa,

fi.Ma&E.llon-afirma.que,muitos-nãp.,judew;,;;.J_s.to.é;,-suponhQaC\l,,filffiJ?ª-

a descoberta helenística do judaísmo 85

'tizantes=-..particiP,avAUJ..do ... festi1>al-auuah1a,ilha--de,Far-0s,,para,,come­·-motlú'.Jt:tfa~ãõ"é!ã LXX (Vila Mosis2.41). O§liJeros:Sagr,%)9§,ili,ham

-,se.to_i;nagoJtc.essfv:eis.,queles•:qü'&'seinti!'ressavfillv,pQJo,judaísmo-,.J>liio. há, porém~ neoh11ma-inclicàÇãõcfõêj1iêciliffiro,,judens•em..conj.unto

~tenham<00nhecid0>a•Bíl>lia1---estã'\'a-em,grego•inc<>!'feto. Nealmm-poetil' ol!-..ftl~JWJ_,.Jielen!stic0«a."eitou,,.emb.ora ,dl lgPJpa-es..estudiosos mooemes-tenham~se'iludkl0.s~ell§2"1!.;J§.1J,n to,-,8-,,pdl)leir.a,_çl\a_s~ indisc111!vel gY3íhtia,em-um•fi.lósofo1JFego.seria,eneontrad1t1l"à'tràtl!11ô' Sobrit1r&7lilmte;·atribufdo,a,Longino;q1lê'ênr·geral-é·datado.d<HSéeulo J.,d.e. (9.8). Por-trás-...disso ... provavelmente ... está,,,,,_,,ens.inamentOd:lo relórico,Gecflio"dê''Cãliit,te-;'qtiê''etâ''.jii'deu. O caráter estreito da LXX - a sua origem evidente dos métodos da tradução oral na sinagoga - é que faz com que seja improvável que tenha sido traduzida por ordem de Ptolomeu II. Não discordo sem motivo de Elias Bickerman que tem defendido essa tradição, já em curso no século II a.e. - um século apenas após o pretenso acontecimento; Bjckerman sustentou que na antiguidade. os .. gra.ndes empreendimentos de tradução se .. devia:m··ã·" , iniciativa·pública;-e-não à particular. Mas ele só.conseguiu citar.o.caso dq,~ trinta.Jiyros .sobre •. agricultura ·do.-cartaginês Mago .que. fofum tr~duzidos·para o latim pc>r ordem doSenadotómano (Plínio, N.H. 18 .22). ÜS'romanos-tinham-uma•atitude,pa11r:c61nJs:tradu~ões,dfferen-:, te,da-dos:gregos,No·século'JII·a:C:;"1:fviõ'J\iiêlroiltco fõi"tevirdo·a·Rõma

· pata,SerslllllJ.i:a{lutor,semi,..ofieiahda,p<>esia-gre1fâ:panr:o'Jiílim:'Na falta de algo comparável entre os gregos, hesito em atribuir à iniciativa real µma.tradução que tão .evidentemente nasceu no âmbito da sinagoga. A

. -- ·'··-· __ .....--,, ~peonan=.l!.,.Jml.;t;f>JíW.tirulidJ1.$JKllJS .. ÍX.ª=/lJÉl!~~~.ristâ~~e

~~rararn_de_l?.J'lii.o..sabemos,-sequer,se .. esta'la,depos1tailâ:ii'i!il'! .. e.le 'g'fiínde0estãbêle1'ítní:rifô'jítõlóíriàicó;'"à'hibliótêêâ'ôe•A:lexandda.

A. çgnseqüência tem d~..!ll2.J!.ç.1~ lnJeleçJJ1.~gr.eg.o.&oap•esenta1'alli"'6s"j!fdêOS"'·ir<>"lnundo,gre.g.o.,,smnp íllós.o.Co,S,J.egisla~.,.Ç.,~.P.i<:>s. Alg.umaScdécadas,depoistos-pretens6s Q~9f~~~i~~(l,1J,J~m.,)l.\jpJ,iS,M,,<;!!!Jl!i),gQ,,!!§...filll\S..f>EÓprias filesofia,,e4êgts1a~ao. o·,mu!1WJ,Jl~A,Judeu~se,..mante>'e,.indlfomn te. Outros-semitas;-·Zenão de C!cio ·e,Grisipo"de•So!i;"fotan:i-para-Atwas e· (ru;ilmente_,se,..finnaram,como,mes1res.-00-.saber..no.,[email protected]

~~~tç._c.iil.,p..QtQJ.W..Jllleitar.ami0,politelsmo,e,fi.zei;aJ;1J...sua '1...ll~&~!!l;t\l~'fü;ioJlj).l~Ql!Jil\>8%!/Yffi&ª~contrastê'enl"flttgrantet o fraêâ's'só"lla•ll'X*"ellr"dêspl!ffit1"<F1nt~r~e,da-rin/ellig_~/JJ§.YI,PA!llk\!.!.!,

-~-~.\l!RJ!L~c.Joko,t:imcoo'ffimntõ'firBsôf6'j1tt1eu. E~mincmos ·ruais stro1awcntCco .quc..,estavA:J.m.,p~~

greg~nsoideMt<aJi.ih.U~nillca"a"l"e-0&g~~vam

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86 os limites da helenização

qu~3~)ud~!'s Jr:a.c:!~l.!~.Ç!!L'?.I .. ~.E~~li:,:ros .. ~ªgO\.Q.Q§,_lllfilUl\J.J;_api:esen­tassem umà ·exposiçãó'âe·si·mesmos·segundo,os,métodos-e-eàtegorias

.-de-etrro·grafürenr-vigorrNo-mundo.grego,,isso.era4Jm,costume-antigo,~ N º:século-~,IJ.,.Ç.,_)i~!'to_ggl,J\!~ esS!"~-S'!!~-gr,<;_~2.l!,1!;;1~,!}\~QQ.J:Ç. a historia e·os,hábitos·,Jídios.que.provAvelmente,foieinsprrado,poc•:Hen\• dotocNo-sé,mloaULo.sJiv.r.o&,desse..gênero.estavam..se,,multiplicando. O .~gípdo Mânet9, " babilônio Beroso e o rQ!l!i.no.Fábio . .Bic.tor..e.s&rn­~&.histórias,dos.respe~ií,,:;;;;:p;r,;;~:OumaA•-ecsãó"adétjuada,em p~~!!,&Jl.$· P1rflFoS'judêos-etã"fa'eil"ll)ii't'"ilê'á'êõrdO"<lom•essa praj_ç;;.,p,Q.,_qu!'<iLleqateuAi;A!:t\1.w1J.i.n..!i.a,compo,;to.u111;peqJJe!!9,!J:!.9delo {o.gu.e.~~.e.s~ray~eles. ~edi.a.aos.Jude.us qu~é"rpí!'ttJlfi;;,;;,"WpfÓf'ruwui\Q.JlQS,,!CllUOli.el!WlllC-<ili,•gregos O

Í.Q.Y,:,*li'Ji!Jn,,,t-JJ;.ll.!l/Ljl!Q~ cgndesç,m.(!('mro..,Sabt;mos que um certo lliaiétrio.(que Flávio Josefa chama absurdamente de Demétrio de Fa léro) cscrcveu.,un,a,,histó,ia,bfbl icwquc,inclula''as·•pesquisas·•êrb!fô"é"'''

,Jógicas·,usuaisi"!'sso-<le!le,10r-oooffioo.noJ]naL.d.o.s.éculo. III. Não mui to depois um homem que provavelmente era samaritano escreveu outra hist<Srin do:; tc1npos híl.>.licos. Poré1,n .os 111_uis fnlll(.)S<>s desses t.rntndos sob.r_,;o.s.judeus"féltain~s'tti"t"li'S'Tu!'.ínéiâd6dõ~it.iTu"'f~;;pólê;;'íj;que cin .. 1?.LA,Ç,Joicemissário.deJuclas·~~"tr"éfif'Jtõtii'iÇfêciigiu'timií· o 1?,~~:~-.E~U1,..q.l!!-k,..$J)~~~!!,\t1.L l!}~!;-iffi,€~J}!Jt\Y,}.lJJ.._«;-,,,~JlJVtn.ã0:,J10&.dozc a~.9!U'.c-9~.si:.us,;r.eis"clientes...Y.àphr.es ~to"'~urb"íf'"de""'fito (Êusébio, Praep. Evang. 9.31-4). Out.m.!llsl.oriador,,o.tão.mis.terioso Ma lcos ou ,Clcodcmo,ccuj a--0rigcm,JuditL.ckapcnas,proVcáv.el;saprc­sen tqµ_,QS.filhós'de"i'tÕl'ilãfi'í:Õfüô'êõlil'jiã'fih1:iroS''de,#érí'!Ule'S"q"ú'e"!;e casou,.com.a->f'ilh1nl'é'-ilhl"de>Jes,(Jos. Anr. Jud. 1.240) . ..Ul'srôb1Jttrde-­P.ll.neas-.alegodzou.a .. tradiç.ii,qJ11;,llm.L~I\J1Um•d-iá-Jogo,em-queJ!.tplo­'l!!Jd'I ( 18 1 -145 a .'C.) fa-z-ia".tl'ê'/íf(rntas>'li'óli'fé~ã•Biblia .'Essã1àõõfdà"'"'

. ge°:,,tor~OIJ~~!~.~~ec_:!?tS~\.,~j,,.JW~~~Wk,!t,fl!m~r-e':""41!º h~x1am-srdó'o-s·mesttes»dos,.gregos,i:lev-1do:à>·'SUlfTfíaTb't"'a11ttgmdade. Porcvolta-de"2-00,,,..G.;-o.t>ió§rafo..Jiermipptís'li'C'eitotY'S'em-dtfitllldade a.ldé.la-&bsui:da,Ae.qµ~QWJru,.a.,dj_§Çip.Jl.!Ju;l.i.,j.udeus,,eatrác ios. Os j.udeus,também,ti!ll),ª_m:,2,4ir.eito..de,Jmsc.ar,Xfl!c.ulos:geneals\gicos

• .l',E§PJ;itáV-eis,com"'ôs"gtêgt>s. Al~um.j,udeueolP'tlm"g;ego -iriventolt'ômif'Üêscendênc.ia1confíil'n"tte"ju~ê"é§Jiãttanos--provindo

,.,,-O<>"AfJr<>ãôt"É evidente pelo Segundo Livro dos Macabeus que ao menos alguns grupos judeus admitiram a pretensão - que tinha muitos paralelos no mundo helenístico. Deteflllinou,se,tamp,1!1Jl:'ijll'é7""" na,,cép.oca .de,Abraã6/0s'"judeus,1inham,sidocamigôs'·ãõ,í'liãõitantes qe.,rérgamo (Ant. Jud. 14.255).Na realidade, Abraão, mais cosmo-...., .. ,;..,,.,,~~-...

a descobena he/enfstica do judafsmo 87

polita ... eJilenos,Jegalista do que Moisés, se tornou o ptõtãgõfüsta predileto de tais invencionices.

Tudo isso tµQ &J;!i,,t1pç.11.as"desmoralÍz8Jl!Ç~:m,J11\lj§J;!!tlVelmente .. -perigoso.poi:que.envolvta1osJtiddiís'iiülifjiijio-em·queestavam,faruidos

a ficarem.!L,~gajita.<,1.qs,,Como,apontei;,o,Jogo ... se.,deserrrolava'tluina ,"''atmosfem:de-:tensôes'ctescéntes,,Na..J!alestina,osJude!J$,WJl,,am.,de se

1kf:t:0ntar--com"ir1Iltrusão,<l.~.ru;e$gs.-No,Egito,,era1meles,os,intrusos. No s<l!:ulo-m,a,G,-,-ainda..estavam.cooperando·cotif'ôs"gre"gôs'lI&Egito, ll)as.se,tornavam,impopulares,entre,·os"babitantes'·l~,.Sob):>,riome

· <!ç~~.§l;,di.@ldirâmo<faas,teoriruVã'1'êspeito:dosJudeus;;:IJma»o-s

~~1r;~~Ç$~~;~:S~~~f;i~~!:l'!llcíJl!~?!'1~i:~!;:e~ por alguma dessas teorias. Os judeus se defenderam citando Hecateu de Abdera. E também é uma discussão famosa se'o que Flávio Josefa e Eusébio citaram sob o nome de Hecateu é autêntico. Hans Lewy é outro estudioso de quem só se pode discordar por conta e risco próprios, e num ensaio admirável Hans Lewis sustentou que pelo menos o que Josefa cita é autêntico Hecateu. No entanto, tendo a_crer que o autêntico Hecateu não poderia ter afirmado, como Josefa o faz afirmar, que Alexandre cedeu aos judeus o território samaritano Isento de impostos. Seja autêntico ou não, esse material de Mâneto e Hecateu foi utilizado para propósitos vis de injúrias recíprocas. A obra foi completa& com fa!slficaçi>es da poesia grega.

_Q,pjor a,ind1véStli'vãJ/2r W'.''Nõ"sécUl6'Il'OS•COnflitos .reli~osos e ,,'soci1il.s1'6"tll'~íii1frfõ'il3'W1s"'af~F~f9&r@ii~1Pãi~~

,foJ,tt~Bffi!,\\Wk~mJerritól;i(H!ris,J9go.si,,çn\'Qb'.!'U -'10,PJ'OCC5SQ,4e decomposição,doslstemA;helenísticosob,a,prC§S/i!)J9mana. No Egito, os judeus tiveram de tomar partido nas hostilidades entre as diferentes facções que lutavam por qualquer poder que restasse sob o virtual protetorado de Roma. EP_r:am.,dlrigldas,,contra-os,jud.eus,,acusações,de ~~atosritúais'e'impfécãçõ<ls1!nâ'gre~. A,/)!n,fm ~..,~UOUJJ.l,!9,.PS

rjuÕetis aâófãv'ifiir'"lllífa'citliéçlFdeº'oürrc>"ooTemplõ: :;\ len~onta a Mnaseru;, escritor rui segunda metade do século II a.C. (e. Apionem 2.112). Tomou-5e amplamente conhecida mediante um livro contra os judeus escrito por Apolônlo Mólon, um dos mestres de Cícero.

Não é minha intenção seguir minuciosamente a crônica das injúrias literárias 4ue acompanhAram e se sucederam à rebelião macabéia e à instalação muito menos gloriosa da dinastia dos hasmoneus. Em minha próxima conferência, no entanto, discutirei a tradição sobre os Maca­beus. QJ;t:.!!\?-l.c:!~.!:s.-LJ!..!J.tnaçã.o.de.cena·do,,únlco··documento autêntico - a Blblia-~. a discussão estava fadad;!.! <l_egçnerar. Não se

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88 os limites da he/enizcu;ão

permitia aos filósofos criar a sua filosofia. Os Ersatz que lhes pediam para produzir, e eles os produziam, eram de qualidade inferior.

~z.aindirdurava,füíisê'óm'"cettã é:<pectãtiva a~r­bação futura,.Slll)QJ!ben Jesus ben Eli:aµr_l><l11 __ ~~--Ç2!J!Q_aparente­mente __ se chamava, éscrêvêu·as suas meditações - o Ecc/esiasticus. Devem pertencer ao período 190-170 a.C. Ben Sira.viajara amplamen--­te (51-13) e o seu escriba ideal era um homem que tivesse percorrido ''as terras dos povos'-'·e examinado--~o.bem.e.Q.WJ!.le.ntre.os-homens'' (39 .4). Não vejo nenhum.sinal.evidente de que Ben Sira tivesse lido livros gregos e não creio que necessitasse da Jl{ada para aprender que os homens "brotam e murcham como folhas em uma árvore" (14.18). ~t.&irrame!!.l!l-conh=riwúgo,.,dacchdlização.agi:ega...w.m.,1111,,§~ ~.ll!>.,.filosóf!~~.2.~,giJJMtçi~W,,llllla guerra e orou pela vitória do seÚ-povo. Também percebeu antagonismos sociais crescendo na Palestina e recomendou caridade e justiça. Mas-na · realidade não possuía nenhuma mensagem, nem para vitória nem para reforma. 0-setrtivro;-~do l'Qll:U! es'""ª dos l?ravédiii;r; e dQS, -s~/.'ea(~ava.!l~.!!!&!5!~/1.~ a !,~~~9p,aU!\ch\ica,con!J'!..!!S tên.~oa!!2,.Jli~~~~~ :r.e':~fP.llEL~~·:,!W~»~§..illj,rn,J!qu_ 9§.~\!mi:as 9~.oy!);Qlll.!l.,Q~çt,ç~mo Sacer_dote Sinião ~,;J,Q>;h~em sua majestosa ap~êncil!-,!ll)~~50el'1);>,eontltihi~se

--fõresll(ã-:"ve.rsã°FC:õii:~};.;,;Que,a,minha,a1ma.,se,regozije.na minha Xe.;;Jiil,f,l]l" (51.29).

Coniõ 'ávaliação .. pessoal-de cem anos de contatos entre judeus e gr~gos, era uma declaração notável. Era um re•omc:, à BÍblia po1 parre" de • ' • ências da helenização Ao cscre'M!' em heb,,;_aJc2 e co~ervar a ind,em;Qgê~pm · ens.oomo :f{:Õhclet.e,Ben-Sira-salvaram,os-judeus-da,esterilidade,intelectual,que · ':!IB'C-!!;.t:ÍZCll!Jl~x.hl!,Jl.&~Jw,bilônia,!l.<1~~.d=reis,hel<>níslie~ ~~larain<a.a-bsotçã&'lotrM1l!S"fu1'!!filll"tle'nsa­mM1&·helenísticasrmas•afinal<eram"politill'á1:rré'illlf'imlependentesi'e logQ,§1;,,!Q+JJJ!B!!Hllais,pederosos,do,que,quaiquei,,reino,he.le!ÚS~ ju~~.mantlveramsvJ.1-Q§.,B$\M!\~lll.Phstina~Q,QI\,:~~.

. utna,,C)JI!:!l,.f%!!,\lWm21hl-s1ºP.ª'"'-Jl-~rii,a,,nessa,,oonelt!Siio"J)1l'f'lrdj~ t~\?,J,l!,ÍÇ,Q.,<!e,Ben,,S.ii;i\.,!l!!!l,8.COmplifiliõu~õii liê'Efãnl!s'tlo•€orão-e· ~ada.,.s.~~.no início da Idade MtílJlM só foi parçi•lmen•e srooufféfifdô"ilõ"'finirl"'do'sé'éíifb'~N'Ue'nttâ7?õo Ç~iio. _21t._~~~~J,l)kii9JLO,~/l&&.Wl!MUhsistiU,<itravés

rdos,secufos- lla'Versao_,•.grega<felta"pOr,'SeU''DCIOC'-'!<qtte,em»l"3~ _ a.C. fWi&i9J!,P,NA,Q~gil,ç,,

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5 · Gregos, Judeus e Romanos de

Antíoco III a Pompeu

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'l::., illcilo a qualquer estrangeiro entrar no recinto do lemplo que é proibido aos judeus, exceto aos que dentre eles estão acostumados a entrar após se purificarem em conformidade com a lei do país. Tam­pouco se pode trazer para a cidade a carne de cavalos ou demulos ou de asnos selvagens ou domesticados, ou de leopardos, raposas -0u lebres ou, em geral, de quaisquer animais proibidos aos judeus." Este não é um trecho do tratado Kelim da Mishná: é um decreto de Antíoco m, rei da Síria, promulgado em tomo de 200 a.e. (Josefo Antiq. Jud. 12.145-6), e a sua autenticidade foi indiscutivelmente demonstrada por Elias Bickerman, o estudioso que, mais do que qualquer outro, nos ensinou a compreender o judaísmo no seu meio heleníslico (Syria 25, p. 67-85, 1946-8). Jnesperãdamente, após dois séculos de obscuridade e lendas, dois documentospriundos da chancelaria de Antíoco ID nos permitem conhecer um pouco da vida de Jerusalém. O segundo docu­mento também é citado por Flávio Josefo (Ant. Jud. 12.138-44) e também foi defendido de dúvidas de falsificação por E. Bickerman, Rev. Étud. Juives 100, p.'4-35, 1935; O que vemos é um pequeno Estado-lemplo, cujas estruturas econômicas e sociais tinham sido despedaçadas pelas guerras recentes entre Antíoco ill e Ptolomeu V. A Palestina passara do controle egípcio ao controle sírio. Como os judeus estavam divididos nos seus interesses e simpatias, os lideres pró-egípcios tiveram de se refugiar no Egito (Hieron. in Dan. 11.14; P.L. 25.562). Muitos outros judeus tinham sido escravizados ou fugi­ram. As finanças e até as estruturas do Templo estavam prejudicadas. Eíil-tcronhecimenra ao apoio:,que.a.4JlaiGria,da-aristooraGi&;iudia,lhe

-, dera, AgJfoco..IlL!entoU,ajud=>Se1l&,nOMOs'5Údioos, Em nrna -cactaca.. P-!Q.!P.mi,u,.o,go.vernante .• local,.-que,conhecemos--pbi"oolfõlex•o (OGIS

89

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90 os limites da helenização

230),-An!foco.ill.concedeilh,;ecy,sjsenç~d.e ÍillJ12StQ~)>SJLb~(9Jos à populaçmFjudia•,dadudéia••e"em«especial,,ao,.:'..Senado,,sacerdotes, rsrribas -e cantores·sactõi". Curiosamente, o Sumo Sacerdote não é mencionado de forma alg= nesses documentos: e no entanto era o Simon que Ben Sira descreveu em seu encômio como um restaurador das riquezas de Jerusalém, dentre· outras coisas. O rei daSíria vê a Judéi.a comO'umaddadê:::CSt,füó~10ihbôhi,ingi1lar;com:-senado.eoutras·· c?rpo,;;çií.<;s.J>emdefinidas,sacerdotes,.es.ç;ri,~t.~OE-~ .• O,fatoP.!ig­c1pa.tque.,se·.apresenta'é'·que·.o.-:remplo'ainda,é.•sub'l<encionado.pelo.reii d.aJlaçli.o,ç_Q!!l.<t~Il!N?RP.c:lQ!llínio.persa,•segundo,um,decn;to.Àe.DJ!tjo deó51~d!,Ç. (Esdras 6.9). Parece inteiramente incontestável que essa subvenção, que Artaxerxes I confirmara em 459 a.e., fora mantida por Alexandre e pelos Ptolomeus: posteriormente foi reconfitmada, embo­ra com uma fórmula alterada, por Augusto (Fll. Leg. ad Gaium 157; Jos. B.J. 2.409 . .A&conomia'd'o~'Têmplo,·e·com .. ,ela·-o'Cu)to·.judaico;­dependiam·dabenev.olêncf~,~o.,.s1'%Çrlltlo.j\J.ltíocoJllfuouesse,subsí­dlo.,em-20.miLclP!_gnas.de pra ta mais uma contrib!!.i.ção&!!.I.t§P.écie.em céreais.e.sal. Não sabemos que proporção do dispêndio total do Templo esse subsidio representava, mas era certamente muito substancial~Q. pttJÇo,que,Se''ê'sjíêi'ãva••que'"osªjüdeüs,pagassem•porz,essa"!fjuda,sera,a CQl)J,J;J;.a.ç.ão,e,a,:submissiiol"Por volta de 180, uma divergência entre o Sumo Sacerdote e o supervisor realdo Templo na épnca de Seleuco IV redundou numa inspeção do vizir Heliodoro, outra personalidade bem conhecida por outros testemunhos. (OG/S 247). Todos nós nos lembramos do que aconteceu. Como o persa Dátis no templo de Atena Líndia na ilha de Rodes (Inser. Lindos 1, 183-4 Blinkenberg), Helio­doro foi detido por milagres e forçado a admitir a presença de um grande _deus. Os milagres, que sem dúvida foram imediatamente regis­trados por uma aretologia contemporânea, mais tarde foram reunidos e fundidos pela fonte de II Macabeus antes do final do sécülo II a.C. Como após a rebelião dos Macabeus ninguém se interessava por um episódio Ião secundário, temos aí a voz autêntica da Jerusalém sacer­dotal antes do período revolucionário. Como,os,decreto,,,_gp.Af.tt{gcJ>"' m,.~tologia.acetC11,de,Heliodoro,buma--sobr-evivência'dêls"lê1njx,s cor'teses,em;,qué"'OS"Selêuo!Q!!S-~!!,WPJ!S.iAAl!Y,JI!!! ~9,,;l;!,.mp!Q,judeu• e .recuavamd,~,,/!J!c,cm.J!!\~Q1,,i;esistência"\"Aii).çlg,!!j,q,.~.a.c)iaya,;,à,,vista

""h~t,tl)1llei!Th mipotiãí\te. · A quesliio é como, poucos anos após o milagre de Heliodoro, os

problemas importantes surgiram, Determinados fatos pertencem à história helenística geral. Os judeus foram apanhados pela guerra entre ·

gregos,juàeus e romanos. .. 91

Antíoco IV Epífano e Ptolomeu VI Filométor em que o Egito foi salvo em 168 a.C. pela intervenção romana. AnlíQÇ.2 ry, que teve a vitória roubada pelos romanos, tentou enfrentar os problemas econômicos e sociais conseqüentes por meio da interferência nos santuários locais e em suas finanças. Estava •interesi;ado,l!m~forçar,aN.ida•das'cidades gn;g~-tl!WJ!.\iatJ,J.tçLe,m~si.QJ,l~.§ll.ditos: 0seu·carater,imprevisíve1,=, que.1oi:notado·porPolíbio·(26tl);''éra'em·s_i,parte•das,circ. unstânc.ias.

. :t:l·claro·que'em-todo·lugarobavia,problelllllS.'®,helenizaçãQ,,Enquanto n~;;J)l.gs;J;t_...9,,.,_çsgi..11~ .?<> ,i;Jvro ~~~'~!.fil!ll2.~

-c;m,~!fincias,a,ántlgâ''ifüli:gêffi''df>''Qiliirto"Reihor,em"Parttl"<le,ferr.o.,i, --em~parte..de,barro (D. Flusser, JsraelOriental Studies 2, p.148-75, 1972), e~l).Catã0;estava,fa.zendo,piadas,contra0 bs"gl'é'g'õ'S:''C:Tlna ,{'. /}, &W!çã.Q..d~po1ª,p..J1Y.ô,de.Cícero,.!.',vif.,optimu!'.:~:;~llba,5~f!ç.i;Cde~quep,.~r?!~. · ~ o.conhecimentocdó"gregd~ra''Ulll~smiil"'il~~qür1lâd~: "ut quisque ,y'(/ .! \, ,,, i optime Graece sciret, ita esse nequissimum" (DeÕiat. 2.265). Só o ,v/," c(.t, · ·

• • • ', -!J,r), -~· ;;:; ' nosso deplorável desconhec1mento das piadas cartaginesas e partas nos · · ·~ impede de avaliar as reações locais a "pergr_aecari", palavra que Festo explica como "epulís et potationibus inservire" (p. 235 L.). -

Mils...P-<J.!l_e...=rreu,,em.,Jerusalé.m,.mtmJ.~,k~J!f;,,.esta.va.-além cl!ls,.conllitos4nremos,coml!iis'tlosestá'd&séleubida.,Qér.\\l»Plo.,de,,J,avé fohtransformado&Dl,.l!OO,.t,\t,~~ç,li;~límpicn70i;'lilflí'lil\1ffe'S"<ie

rosal < _, • "" • • • ·=~ A Je ém~«lll>Ut.,µt;.I\OJ\ll!l!!"'--O§.l!)).YQ<IUl8ll~a,,nusren,,,,,,_.e,a,~w .•• foota!e.zaj"f<Wbc'úplida~n1lilll"gllsmi~~tíeas,.tradi<,k,n,ris J!llliasp:emo,a,eh:ouooisãO>-GBS@FS'ânci&do.sábado,.foram,proibidas. D~dC,tru,pPQs,im.emorla!s,ewinaudita•no,..tn~Jª1&l!J;l}ga.uma tamanha,interfer.ência,nos1Aul.1Q1>.,J!/l~~ação"'l!e!WD.®ll.$

.,um1rpllrte,dosJudeus'6entimque1M\niea,resposta,.era-.um&,cguen>a>santa. Judas-Ma,cabell'-'SUtgiu<eComo.o.novo,líder,.da,.,11,ªçã9.,,~­~e.ltru:n1~~~~ dezem .. bg>=(!!.;i}W..Jl,ç.,l.~,.0<0ulto,an.':<;:":;,

i.tesll!belecido no·TernliíoJioJl!l.Wl!!J,,~,..Xll,JOr&deseogltllçao J!!!). •. t1:10mo,às,relações..11~'1'StadO"templ0,,eso.5All!:;ano u..)s1Jf.,~emasiadospretendentes.ao.frágiltrorui,s.írio,paraque tal~!ver.-PoliticsmentC',"ll"rebelião,macabéia,lo.go . .se­ttansform..01u1.uma..güerra,pe!a,independêll.iii,:o Çomo.a.independê11:,~ ~J..,,om • aj.wla,.e.asautorizaç.ãQJ.om~,.J!..iJl!!.e.,,, pe.ndên'éili't!i!'ffldidllil~i~ã'tOtnar'a'Judéía,<Utwestado.,'!i'aS.s.~Jo de Rom!J. O;,primciro-passo•nessaálireção,fouw!<1Jt\!L~~!ill!:} 6 l a,,,Ç,,Jll!.anclo...fez.Q..,tratadiul_s .. ªli~CW1~~.W~,~~:i1te, ~judc:ns pale.5liP.A!i rJpbªm d.P...t11frcntar.aR=~rtllÇ.ll!.Çao,da <!!,,PR2,f!,. ~.~ Mes

0o_~W!!!!lJ9.JlJl,J;;lli!,<ai,,_tinlfM!l,também"de

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92 os limites da hé/enização

dil'tgil'-eficleJJ,~!!H,1!.\\""l/m~1ªf!.Q.!lU!Ilcmeio.hele.1:1J~~i,'llifilll,~n­te. a re!?J;!iij9 ;1liara"'Wl!-ntin01J!,~P-!)41º.,11.Q,),ek!lisw JllU Jçrusalém era sem d1í\lida..uma-reaflllll~delidade.4ª.s~w;ti­dadejy,çj_~l!§..Mb!J!ãp,.,,~~c i, Jacó, mas era ao mesmQJ,.Çmpo

. !? resullll~~.]).l!i!P~~!li~'ll& 1.mí!hares.<le.pessoas se apri;.sê'nfiíra.-uma"alternativa-e ·tinham .decidido de acordo .. com uma ,,.,..- . - . . ' --·-··'"'··--"-'·'·""'''~.--·---· 11tSpu:açao-mtenor,~A:lguli1i!S;''R0"'1tende.c.JJo cllil.mado..Ji.!lliam sido Sllgllletida&ao.matt(po. A perseguição de Antíoco e o martírio dos Sete Irmãos caracterizavam a situação. O~g era (je fato o '!PYl!XWr ~- Mas onde existe martírio, existe o direito"à ·~ecessão. Os .inonges do Qumran e mais tarde os cristãos obtiveram a fu:meza no não-confonnismo nas mesmas fontes que Judas Macabeu descobrira no des~rto da Judéia. ÜJ!11@!Jlento lento de .. análise e adaptação mútu,as entr~udeus.-.ea.belenos.-.foi-substitu{dn.JlQ! um febril cresi:í:iido..de

c~~<l~itos·~,.---- _

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A p.ci:gunta, ·p<>rtaoto,.a,que.gostarlamosde,poder;Cesponder,.éJl.q!!J;.!.IS reJlS_Q\!',,c.riolkesS8--Situação,,n0,11a,~pt~~e.s.na,,ll,i.QJLJ""li&!9§!1 d,a,,.an.tl.gu!dade. O fato de que dificilmente se discute a principal seqüência de acontecimentos encobre a nossa ignorância do verdadeiro processo. ~pl#s,,,Macabeus~nosssen~$ni:i,,liwl~<!&,J!!l).a.n<t\\l!, çp.ocn,~o.fim .• dastolcrând11..ç_~\!Jn..!c.lQ.<WbAAti;ll8-Ulção,,e-.n&yJl!ltJ!~J1t6 desejamOS"Si!bet'õ""g!fe~=shinou,essa,mudanç-@me,es.,proM.g@!!is, tas:i/J!iamii.ÓSfl8~llt~çÍJJJ&n~ru;,.g!,l.\'..,1™!içiAA/í!!lll, Há dificuldades descomunais para tenlllr elucidar a situação. Os historiadores do Ju­daísmo, ou aliás do helenismo, raramente estão preparados para admi, tira plena extensão da nossa ignorância, que só parcialmente se deve ã escassez e às contradições dos dados. Há uma dificuldade intrínseca em compreender mesmo os episódios muito simples e comparativa­mente bem documentados das guerras religiosas. Por duas vezes os meus sanguíneos piemonteses tentaram se livrar dos protestantes nos portões da cidade. Fracassar.aro em ambos os casos. Em 1602 foram derrubados dos muros de Genebra que haviam atacado de.surpresa. Em 1689 não conseguiram impedir a volta belicosa dos valdenses aos seus vales natais. A Escalada e a Grande Rentrée são respectivamente para os calvinistas de Genebra e para os valdenses de Torre Pellice o que a reconsagração do Templo é para os judeus, e apresentam o mesmo

gregos, judeus e romanos. .. 93

. problema não só de separar os fatos das lendas, mas de entender o significado dos fatos. O pastor Henri Arnaud o Judas Macabeu dos

. j • ' valdenses, f01 a longa manus da Inglatem? Tal proposição é de fato significativa?

rl!!~J.i"·oos-tbrversão-selê!.tcida,.mLde.modo maIS..geraLda.N.ersao::Jielãruê,ififõi'íreonteeimentes•na-Judéia. Uma série de documentos tanto no Primeiro quanto no Segundo Livros dos Macabeus reflete - creio que em sua maioria de fonna Inteiramente autêntica - o decJill.i9,.doopod=írlo"'fla-Judéiapmasaonã@•ofüroo="'=" n~uma.pist&-clara'quanto às•intençõe&-de-Antíooo,Iw' eml.!elenizar

=JGrusalém. Os relatos de Políbio e Posidônio estão quase intekrunerue perdidos. Talvez seja possfyel reconhecer traços da versão de Nicolau de Damasco no relato de Josefo em BellumJudaicum J se o comparar­mos com a história muito mais minuciosa narrada por Josefo em Antiquitates Judaicae. Mas sé Josefo utiliwu Nicolau de Damasco . . . re!"terpretou-o em tennos judeus. A çutra hlpôtese de que, por sua vez, Nicolau de Damasco talvez tivesse utilizado Polfbio demonstra apenas que não vale a pena levar o assunto adiante. ~ta..nenhum relato ·gen~fno·,das,iuerras'Cl!trê'os-,selêl!.q,i,c!l!,~J,llQ,Ç.W,.,Pl!EJindo do plmtesck: YISbi' g,ego. O~umas alusões bastante vagas ~m.fon\5;~~.fL~~---.!;!.~Í!Wlro~1{~'~'n!i':gfu,es­~~~.!x,~ludeJ!S,llJ!!il!br4t~~~õl;;'.~:!;~ <\u~ ~tf,qs!i,n'.'~tentou,desenvolvel"OS'JUdetlS'IIOOlindo,as,s11as,su!llm­t~ l:Jh~dQ..-Oost!lme&groges;Jtdemere superstitionem et mores Graecorum dare adnisus, quo mlnus taeterrlman gentem in melius mutaret" (5.8). Cl.seg.undQ.em.Jromr:®1.<;iti.~~~M,ç.Q11JQJX !ç,po Malaj;is~gguia.(Chronographia, 205-7 Í)lndort')...El~ ~_p~de,escassez.o&;)ud"l!s,.tlnharo,.d~~"m,_ç,..b,!S,

..,ÇJ:l'.681S~o.Egi to,~tf~J,,V.,d~c!m;.QJ!..&l!~JLa.Jto,Eg~Jij_\!MtJlS S.<:.!!S..,S.ÚQ\JQ§_~Mas,..após,um&<lermtar<>&judeUS,Se,,rç,~q,!11 .!1 g!'J!jral­.!!l~!ll\'..4-'1...!.fQÇJ)_J;y;._se,,.YAllou,eo1111:a,eles.,el!lA!~~MM~SJ',Êf: J~~V.911;U,,.,p.I_,!1.!l)JM9,,GJ!.hlliJl..&AA!»AAio,PJ>gão~tiva é e~ g!!nd~8:1z pons5i !J!fd;1.Ae tomas,,,Jendários\"reminiscêneias ~§..&,cll 1dadc,,;,enstã. ~~~pl~çQmo~l>S c~~r.ar=,de..Jim.!le,S.iru\g,9gül!i~~ui~Jl\LÇ ~J;L~dt;.,!l~m.Pu.tra.fon~~..{!,ç,M,g~t-'!,,os,.frag,,,,, mentos remanescent<;~~~d11.,!&1AS,.àJ;~..é.J:!,)jl~ tesooros. ~o~~'la..de.João,Malalas-prm•a1<elmente-existe UJ)l)b'<ersão,,5elêudmwiue<apr-esenlá"''llS"judeus,simplesmente,-~ re~~-<;.QA!):a,a,autoridade,de•Anttõcói'Vfm'llSllã'Cré,uma-,Jrersãe,que

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94 os limites da helcnizaçt1o

pos,;J\!!:los,utili.w de fonn~ fi!'.l~1l.i&n1cpatãJt:tk.cônstru~~g;dos aconte-~;;;-.,;,too"(E. Bickennan, Byzantion 21, p.63-83, 1951). -

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Há, natutalmente, uma profusão de depoimentos jude~. Contudo. ,na · m.lnha opinião, os dois únicos relatos contíuuoS-dOS-a.CGntooimentes -o,llrlmc.i!:QJ'~das Macaheus--nã&peà<>In<Se«ooDSi­d\:!lldos.testemunhos..contemporâneos,dos.Jaoos. O,,l'Sliku:!e.Rri.Iu"iro

,L.ivrq",<;IJ!~.;.,MagAA~~~~,,:.J!~!!,~1:~~l!~~lH9-l!:P._,~,_,JIJ,t8,~S,,~?.,.~~-e-~~~.},;;J~.,,,j;'~ ,h.ebraics,: aparentemente São Jerônimo ainda viu o ongmal hel:ira1co · (Div. Biblioth., P.L. 28.556) e Orígenes ainda conheceu o título hebrai­

co, que nos foi transmitido de forma adulterada e ininteligível, Sar­bethsabanaiel (ap. Euséb. H.E. 6.25.2). O texto se interromgçspJP a moi:t.\Ld..ç"Simão,em~l35-cec,provavelmente.,fol.,e.sçJ:Ll9~~E~12-~ sucessot.,João,Hitéãnfr;''Õlí"'se.fã;"lílrrés·•de,.J,OJ. A rigor, a data da tradução grega é desconhecida, embora um terminus ante quem seja fornecido por Flávio Josefo, que a utilizou amplamente - com a possível exceção dos três últimos capítulos (um detalhe que diz respei­to a Josefo, mas não à integridade de I Macabeus). Como a-tradução grega é obviamente fiel ao original hebraico, a data da tradução é irrelevante para o seu valor como fonte histórica.

O ~do.Liv.ro,dos,,MacabeuS'Se-apresenta.como,uma,sínlt§~e, !l.tua,.ob1:;u;_1;i1.,.citl~QJjy~p.r!l4u_zida..pq_i;,}:~.~~.,J!R.,f.itsR~,c!Jl!e.HRª-!!t9;-•d

·-ª-9-mais.é..desc.m!lJ.J<çjdo (2. 19-28). Não há motivo para duvidar da justeza da aftrrnação .. Qç.pítome..co.m.e.ça,comAu115..ç,!!m\1iJ~ô.Jl~ª cat!1!,.J!9_~fu.c;!çy_s=M;.!udéia"para,.i;is.,J!ld~us~i:l,0"JlgiLq,JJ:.c.omeJ1mt~a ce~t13iã<:>"~~!1!..Çja.R\mfi!i'í',~&,9,9,,,I~RJ:~~lfj,J .e. A .se_g]m9ÍÍ,,carta,~de-.Judas,Macabeu:,e,-00,povo,,i!~4~l,{!JkP,ara

. Aristóbulo; • 'censelheirodo,reLRtolo!!!J;,ll,.®,9,lJ),f,\Q!J' ',l!R!!l:~te.men; te"il"datadaad&d-04,a:&.~·narra-a,história-do.fun.de.Ant.íoGo.A/:.e. a instituiçíro'Wf'.Fe-snnhrPuriftoa~~-T"çP1Ple- Muito provavelmegte

<.â-primei~utênllca;-a-segunda-provavelme~rj'<lda e .pretendia teÜl.r.çar@ primeira carta.-Nmt.rpmleria eausar aesjudeus po Egito um~ im~re~o mais fayorái,01 Qg..qJl!< .. \ltl)8 carta ru,_,Judas ~o, o respeitado escritor judeu-egípcio que irá reaparecer na nossa narrativa. Se o epitomista tivesse acrescentado as duas cartas ã sua síntese da história de Jasão, o epítome teria de ser datado de após 124 a.C. A única alternativa possível é admitir que um

gregos,judeus e romanos ... 95

interpolador posterior acrescentou as duas cartas ao epítome de Jasão. Embora a teoria de uma terceira mão - o Interpolador do epltomista de Jasão - tenha várias vezes sido proposta - e até recentemente por Diego Arenhoevel no seu excelente livro Dia Theokratie nach dem I. tm II Makkabaerbuch -, nunca a considerei corroborada por provas suficientes. ·

Conheço apenas um motivo importante.para suspeitar de interpola­ções no texto atual de II Macabeus. É o vers/culo 10.1, em que Judas Macabeu é denominado Makkabalos sem o artigo precedente, enquan­to em outras dezenove passagens Makkabaios é precedido pelo artigo. No entanto, a um exame mais atento, esse argumento lingfiístico é menos impressionante. A expressão em que Makkabaios aparece sem o artigo é Makkabaios de. kal hoi sun aurô1, "Macabeu e os seus companheiros", que não tem paralelo nos outros dezenove casos em que Makkabaios é precedido pelo artigo. A única passagem paralela é 8.1 onde se lê Ioudas de 6 ka/ Makkabafos kal hoi sun autói, "Judas o Macabeu e os seus companheiros". Ali o nome Ioudas está sem artigo, assim como Makkabaios está sem artigo em 10.1. Não tenho conheci~ mento de nenhuma pesquisa minuciosa sobre o emprego do artigo com nomes próprios em II Macabeus. Até novas pesquisas, não posso considerar que a palavra Makkabaios em 10.1 seja incompatível com a linguagem do restante do livro e, portanto, prova de interpolação.

A.lnte.rp~~yia.do.Seg:undo.Liv.ro.dos,Macabeus.é1.1!!.ÇJ!.!WJW esav. · · · ração da Festa da Purificação do

;r,empjo entre os judeus e~!J:sios. ,Rc;.ç.Q!!]~c!\lxa.essa,celebração.tanto pelJl~&m.ti:m:.~<!!l.l!JstóJiª-,de,Jasão,de,Cirene,-,que,fottl!;f:S'.!!,. um relatq

d~~~~:m!!UfL~g9,:!!!l1!,.d.l!~~Ülfeus· ·P!~§llfl~fü!\tC.onvJdavam,os1udeus,eg!pc1os,,r•participar.d1Lce!ebra­

,çã9, O próprio epitomista enfatiza que está escrevendo a certa distância dos acontecimentos porque encerra a narrativa com as palavras: "A partir deste dia Jerusalém permaneceu em poder dos judeus." Se 124 a.e. é o provável rerminus post quem para II Macabeus, o rerminus ante quem é a ocupação da Judéia por Pompeu. A importância dada ao novo Festejo da Purificação do Templo favorece uma data no final do século II a.C. l;nH,utraryalawas,,-tendoTCO!oc81'-kJLMacabeui;;nas tiJJimas décadas do sé7µ,Io II a~,,&B~madamente,quarenta,o°'Qll· qiienta.ano&a.i)õs,a•móttê':de01íhlit/CO".l\!•e~.c. A,,;duas cnnç_ipaj~ .f!?.PJ~iu,()iª~(o~mlláéi'~õtnad~do .,jndependente-xpansi@.~-A-trajetóri1I"111_uit<>"'temerári!t"llli"'sW polltica-D;1_Q1J.í'Jb.épocaea presentavãnp'õilêà=sl;mêi'llfdçi'''!:õm"â"'f u ta

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96 os limites da helenização

mQJ:!al,~ç_rmos religiosos do.perlodJ> de Antioco IV. Devemos ter presente.a. possiJ:ü!idade de que, nos seus relatos dé acÕ'iitecime~tos

,.......distan·tes,,.Q~.,4Qê.JI0iiJe11)W7ãatmõ'sié~'~~rertór.~K~~~,Go .J..'v dos Macàbeus é · ~lJ!!-!Jl---:····"",··-,~lt.~.,·--~-~,.c,;,."&.,,,.-,,, ./X.~~-·····"'º'''"'·-';""J\lI!ªJii,s.t.SJJa,!lp1e~~!í~,,\1Qi'J).~1\ffig!lc(;\1§0 e,iP.r,\'·

:::-1f'-1H!1EQ!!_l,9,Jl!<YJsta,mcoerente.e.con\J:1\gilé8(1,§,},1lf;;,,i_p.gl!!ica,de · ~ oco-IV. •• Qµ,ando..,,Atitígfõ?.4<s.J.QJ;Pgµ"rçJ,.!\JgpJJS,.jµdJJ.us..:;~J,ei 9b.\l,l'..erl!!!l •. ~Iml,;,;âo.,para.,realizar-,os,ritos.dos,pagª/;\'!,.<;II\J!'.~ém: abando.n1J.t!WJ:a--cirooncisão..e..cons~m.gini~os~Em•ségu'fua~o­rétfr;4!p.ós0invadir,o,Eg-ito,,o,próprio.,Antíoco,saqueou.o.~Templo,de 1t.1JlsaMm,,.&Ç.J!~~~J:lLÇ2JE,,!/m!!,gllam.kã.9 •. t: .. QrÃeR91ld!...!º4R§,J>s po.ws..em.seuremo.que.renunciassem ãs própria;-leisl;A,essa-,rltnra-do

- relato; l\ntidêo'sê tornou·um•helenizador,nwito,aléÍii-,da-,.Judé.ia,e o grupo:heleni-zado,deJerusalémjá,não,tem,qualquet-papeLreleYc81l.\e.n~ narr~n_va,,:Em·conttaste;,ILMa.cal\1'RS,çe1;1traliza,finnemel;IJ~'!.ljy,a n?&mupi1dad~~ele~do.tes...judeuss~~.!L<?.s .eªl!",J\S 9J.Y,.e.n;a.ÂÚ\,ç_ç9.eS,.Judias . .1Ds1st0 até a fimo&~ia..e.nas atilri­d_ades.dos..oponeates4f•fuda'S'<Má'fã'b'e'tl}"ineluind~t~~mo SAç,aJ;!Qte~~9..,J},ey.<,l!J,Q.lh!!J:l:.MAi;ª_b,eus,a.-.infolllllaçãQ;d~~q.1J~ T,i;mplo.~de,,Jerusalém"'e"'o~templo,,samadtano,,nir~-co'li!fâ.,,6arizlrn, for;,.m.,,~~faIID!l9ll§,&lI!~~.!!J,pl,q§..$l.\\~Q.§,. ( de-.2:eus,OlímpicQ,e. de

,Zeus~Xen1os),.ec,que,Qs.,.(~'?\ej9,r '1,'!.;'.,Bi.1:>#ÍS$~L~l}l,.celebrados,em Jfo'l!JS.além. II Ma-cabeu~~.Ji.m!SJ:J<~il~..$,g;\,,l!SQJ:[email protected]­t1no,dostemp!_<H~-marit'átf6ç,'qúi:'iódire~Qii,,iíf,ç_~9,eY,&,tJ:r.beneficiiillo com,a,rebeliao"He-'Jíl'dâS'Maeabeu •.

Não surpreende que a versão de II Macabeus nos atraia como mais co.mpatfvel e mais próxima à nossa experiência. Como é bem sabido, foi transformada na base da reorganização dos acontecimentos por V. Tcherikover e E. Bickerman. 4.,e.x.ist<ineia.de um forte g!J!Pº l!rut.!li.­,zan. 1li~emJ.ems.aléJn....q:i.u:,.pediu..e..ohte.,ceo.o..apoi.o~~da, exp CRAn ·, ~-'·"'"'' · • .,,µç.,em~~PS-Ç.Ç>/j,~~c,omR9rta!)lCJllJ;ikl\C.CjlCJQ1lal deAnt.L~l:Y- Além disso, a analogia dos movimentos de as.similação entre os Judeus. ~o século XlX - com a instituição de sinagogas reformadas no estilo protestante - cria uma presunção de verdade nessa versão. A. ~,;:J~!~Si!l.,2.;~'!1.._.R!:,U~~nt_e n~ud,~!,ª .P2C. v?!m.,d~ l 79 .. l!&~.~s,2Jatq,§,~!:~..l'_ç.tta.A:míest'ã'o, porém, é se II Macabe11s·'.1Iãll"'l!fll'[email protected]& un_ia flagran~ simelificação ,d()S ~co'g,l.ê.4!;-

,..!ll.@tQS Q.ll.!)J!Q§)S)',a a analog1~ eng8!Josas. II Macabeus não é um livrá ~e.possa·ser,u~.dq§~J~l.WP,..Ss.t~.L~çjpjli.pJ.g~O.~NliZera(i .letlO.t.Çfi que AntLoc2].Y~~~Ji&ll,@~,.._FJQ}!!ft;~~. torna! j~deu e·-percone;:_l.Qg2§ .• f~~t~~]r~~Lt1~~J>b:~}

0~~~de

gregos, judeus e romanos ... 97

l)e~s • '. .. (~.l,1},.l?.~J~~"E.!/~.:,,~2lta1:-.Par""'ps.,.!.Í_!llc_p.§.,J!9Sl!~l,lJos autenticos que podem ser datados entre 167 e.164 a.C. e mostram o avanço'"'da.··~~_êgu1Çaó1':ã=pélí·ÇiiO•;dtj$~·.;ã·inarit;7ms:t1ê::S1Ci:telli:ã.'" 1\füíáf§]x'..!ÍIÍ-e.é"relatada.por,.Fláv,i.o,.Ig~,çfq,,(Ant. Jud.) 1'2.258 ~s.) ~p.Livro de,.Daniel. ·

/. IV

N.ãJ~§§_Q.Íllcluir·nenhmn-salma-entre-os-documentos contemporâneos inconll:SláY:eis; .. pois·confesso·nnirilia'il!cápãc~~quer ~.!Jnocom .. segurança-nopçríodo·macabeu. Como não temos nenhum relato contemporâneo contínuo da perseguição de Antioco IV e da reação macabéia, não vejo como possamos concluir se um Salmo pode ser c!as.sificado como macabeu. O Manuscrito de Salmos do Qum.ran demonstrou que no século II ou mesmo no século I a.C. a coleção dos salmos ainda estava aberta a modificações. Mas não podemos esperar que algum salmo que reflita os anos de oprcs.são e revolta seja exata= mente comparável com a situação descrita nos Livros dos Macabeus a partir de um ponto de vista posterior. E se não podemos utilizar os Livros dos Macabeus dessa maneira, esião faltando inteiramente de­terminados termos de comparação. Por exemplo, um dos fortes candi­datos como Salmo Macabeu tem sempre sido'.o 74: "Ó Deus, por que nos rejeitais para sempre? Por que se inflama a vossa ira contra as ovelhas do vosso pasto? Recordai-vos da vos.sa congregação, que adquiristes desde a antiguidade." O local aí pressuposto é um santuá­rio em chamas, com ruínas perpétuas e símbolos pagãos. Como o salmista não menciona a destruição da cidade ou a deportação do povo, dificilmente o contexto pode ser a destruição de Jerusalém em 586 a.e .. Mas a descrição também não corresponde ao que nos é dito nos Livros dos Macabeus sobre a profanação do Templo em 167 a.e., quando só o aposento dos sacerdotes foi destruído e só as portas foram queimadas (1 Mac. 4.38; II Mac. 1.8; 8.33) - ao pas.so que o grande acontecimento, não mencionado no salmo, foi "a abominação da desolação sobre o altar". No século V d.C. Teodoreto sentiu a dificuldade quando, na sua análise admirável, viu nesse salmo uma profecia do incêndio do Templo por Tito (P.G. 80.1453). Ou o salmo dá uma versão diferente dos acontecimentos de 167 ou se refere a algum outro distúrbio que não deixou vestígio na nossa tradição; por exemplo durante as guerras dos sucessores de Alexandre no final do século IV.

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1.1'

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98 os limites da helenização

...Res.lilPJ.:!l.!?-S,.portanto,.-apenas dois del!Qimentos_ç.ontemporâneos 4lçóntestáveis-quanto-ã-situa9ão-religiosa..do.periodo.de-perseguição - COII!º-J:!J dis:,s;,_o_Liyro de.IlJmÍ.1'.\.ll.~JJ!êtiÇ.?.lL@_uamaritanos.de S.1~~E'.9~e d_eseJ!'.Y..~!'1 de.g_(c;;u-.o.seutemf\9 aZeus, e mais exa\l@t,\lte

;,a Zeus HelêniG.(Jos.Ant. Jud. 12.258 ss.). Qssamaritano.s.fi~nunJ1ma, p.etição.ao.tã'l.!!:iMiMJl~ÇA!fil;.Q,àare;n.dQsjmkm;,.§~JS.!Pde-R!l§ic!!.ti:;!Q9S si4,ô.nios e darem . ao seu deus o nome de Zeus Helênio: "Agora pro;ea·;,;rês"~;;~-~sj~d~ús"'êoméFfüêreêl'â'suã'iiiiqtitêtãá'e, mas os funcionários do Rei, na crença de que adotamos as mesmas práticas que eles mediante parentesco com eles, estão nos envolvendo em acusações semelhantes, quando somos sidônios por ascendência, como é evidente pelos nossos documentos de estado.,füi_glll!J!:>~Q:1;:l][#@to, como nosso,benfeitor•·e0salvãdorrque,ordenpi~a.Aool§.QJ0,.o,adminis­trad,<;>r .. da .. regiãorque·liiionos'moleste .. de,forma·alguma,,jãcqu."(somos d.i(c;r.entes.deles,tantó'ná·•origem•quanto nos .costumes,(,,,),!, scilicitamos,,, q111t9.tempJo..sem,noJ!!&~J.~Si?.~<;9.i~9.ci:9mq4l!~J!&Jielênio'' (Ant. Jud. 12.260 ss.). Esse texto confirma determinados aspectos da situa­ção descrita por II Macabeus. Assim como o Templo de Jerusalém recebeu como novo nome o de Zeus Olímpico, o santuário da colina Garizim receberia o nome de Zeus Xênios (6.1-2). 0&.ILaJJLruifilllos quer.iam"sê!"'tratados,4:omo, .. [email protected];iio.~ •• Jt8-filJ!!SQ!!lfU>Sc,MQil!)J1,tç_s_,.,cle,.~, [email protected]!!..!l!"!!!EJA!!~.tr,.'!,~.\t?~ .• ~.?~!?JW~rtl!fW\anos. Não posso aceitar a teona de M. Defcor Õe que essés sidônios de Sichem eram genuínos fenícios, e não samaritanos (Zeitschr. Deutsch. Palãstina-Ver. 78 (1962), 2, 4-48). Não vale a pena discutir a divergência entre o documento de Josefo e II Macabeus a respeito do nome que o templo samaritano ia receber: ·Zeus ,f[<',l{aj<> s~g1,tl:\ilQ.,U_~~,fünte, Ze.U.I)(çnj()S segundo a outra. Q,,que-,.0""1ocumêfülf'sâln"'ãirufn:o,-,,crescenta,,,a II

~:~·s1:f~r~~1~·proi;!à~~~~d,~;1~,,s~~i;i;A~í~!dN;~!!1~

mesmo, como a petição dos samaritanos indica claramente que não o fizeram. O~gesto,samatltano,(QL,um.a~tenwtiva,de,se,anteeipanao.,rei,e, evitar.a.extensãodas"medidas antijJJ.clakaia,fü:l!l,~l'J!!M!~os. ~ ser moldada numa-petiqão-de-helenhadores-de-Jerusalém,..a.~ção s~hilita -a -existência de um modelo.Judeu. Para esta-

. be~is..nilklamente-a-questão,.o..documento.samarltano invalida ·üeõiíã"dequêõshê1e1iizlmõfêli'jntlens-tiveram-a-palavra·deeisiv"'t'fila persuã'dir'-.Antfoco-FV-a-transformar--o-,.Templo.de..Jerusalém"Ilnm templõõeZeiE"OJ:f:mpi;,o.

Essa conclusão é confirmada pelo Livro de Daniel. Como o conhe­cemos, o Livro de .Daniel dedica a sua segunda metade - isto é, os

gregos, judeus e romanos ... 99

capítulos 7-12 na Bíblia hebraica - a visões em que facilmente se reconhece Antioco IV. Na visão dos QuaJ:ro Animais no capítulo 7, Antioco ''mudi!.WJF!llM5.e. aJei" e o seu poder durará "UJIWCmRo

_e·tempos.e.meio..tempo~·(7.25):,,talvez,três anos e meio. 0.capltulo-8, revela.queAprofanação doJ'emplo . .durará,duas.mil,eJ!;~~!l~tard.e$,=.,,,.. esma-nhãs-(8:I-4r,oquepode-ser-ml<>rpretado como 2,.lQ!Wll\s.ou.lJ.5Jl dias. Como o Templo foi profanado, segundo a cron~Jg.$!.\\,...I!l8.ili-P!O~-~ ~entê::em.dezembroãtíT67 e recOosagrado aproxi­mac!11_me!\l!:..!l!!L!lJ',?;embr.o.-de-lM,-de~emos".c.O!J§.id.ergL.,ql!.!ê a iaterpretayâ&'cômta~de"Bru:úel'é"a•segunda>'que-.equivale,11,,eerca..Jle trêS"'l!DOS;'"<ü1e..está..em-eonformidaclê'°ãptõxifuãdã"comõ'-têmpo;

, .... -temll9,~.!l.m~io..wmpo .. do.cap!~J!o anterior. O belo capítulo 9 é muito mais difícil do ponto de vista das especulaçfes cronológicas, pois é uma reinterpretação dos "setenta anos para as desolações de Jerusa­lém" de Jeremias (9.2): 1ll!lU'll'.l 9..2:4pa.~.eJlmereuma;re.lí6im:.tç.ílo do períod.o.d~..J!!Lq'j~,J!.SUSpensão .. do..c.ultQ,,nQ,.1:,<;.IJ)jJJO. Por .fim,--na -visão -dos .dois.,anj os...que_eneerra,o,Uw-o.~temR<?_,,q/1 pçrsegnição,é·novamente,estabelecidQ,J;,m.:'..~112,J!lIDPf!§Jl.J;iie­ta.de_de.nru_tempQ:: . .(12.1),,ou-sejaf'três,11110s,e.meio":"A..prof.ecia.se-.. toma mai$ exata igualando'a' ''" 1.2 90 âfas'ê êmsêgffida àcres<icótando óúttos45dias (12,11-12) - para desespero do intérprete moderno, mas provavelmente para inteira satisfação do leitor contemporâneo que lia a profecia exaiamente quando ela se cumprira. CgJ;nArisc.C>odeeset co_n.~iderado,um.grandesimplifü:ad.q,r~.,;;IJl!<..'!.llf.LI.!W!!'.~~~r

d~~~~°!;J"t;JJit,,,~~1~~la~~~$t!~.~[~~~~<?~l?,FJ&._q:tJt~ÇS~~!illd0

os.úllÍnl.QSJ.!'.!9!11J!,lt.e~sJl8S,Profecias,imediatamç,!!!\l,!!~.l!·,~l?c~­gt)!_Çã!2,dO J.çroplo (em dezembro de 164 ?). Ele ainda não sabia, como agora sabemos graças à tabuinha cuneiforme B.M. 35603, que Antioco IV morrçra na Pérsia alguns dias ou semanas antes da reconsagração do Templo (A.J. Sachse D.J. Wiseman,lraq !6,p.212, 1954). Na sua única tentativa de uma profecia autêntica, o autor de Daniel - ou pelo menos da segnnda metade - predisse que Antioco IV sairia para a morte mima nova guerra contra o Egito - e mais precisamente "entre os mares e o formoso monte santo" (11.45), ou seja, entre o Mediter­râneo e Jerusalém. Isso não ocorreu. Como profeta, Daniel tinha as suas limitações. Apesar de ter conhecimento da intervenção de Roma em 168 a.e., que livrou o Egito de ser conquistado pela Síria, ele profetiwu outra guerra entre o Egito e a Síria, como se os romanos não tivessem novamente intervindo. Estava tão absorvido pela rivalidade entre o Egito e a Síria que atribuiu relativamente pouca importância

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100 os limites da helenização

ao fato de que à monarquia selêucida ainda tinha um grnnde interesse no planalto iraniano (ver, porém, 8.5). Tudo isso estreitava o horizonte das suas visões.' Mas dentro dos seus próprios termos de referência ele era bem informado e atento. Possuía o conhecimento das relações diruísticas entre Selêucidas e Ptolomeus que era necessário a um observador judeu. O_que.é,:aracteristico:dacsua'interpretação,é,queaele não.,.atribu!Rc.nenhum1L@PQ.[W].Ci;t.Jl(U,:!.OY..imt!!to"macabeu. Talvez haja uma alusão em 11.34 "ao caírem, s~rão ajudados com um peque­no socorro; mas muitos se juntarão a eles com lisonjas'·. Nesse caso, minimiza Judas·e os seus-companhe!m.s_como "uµi m:qu;.;";;SQ_çorrõ'' e até dá a entender que alguns desses companheiros se juntaram ãs fileiras não porque acreditassem na causa, mas sob falsos pretextos.

.P.;!J • _ m <l.úY.ida.lJ,dmite,,a.prflsen~a-de:;lUJ!;&rupo-heleniza~;A confissao de peca os no cap (ulo 9;emoora formulada em lermos tradicionais, deve por ora ter um significado. No capítulo 9.27 pode até haver uma alusão a um acordo .. e.ntr.e.,Ant!oco.e-.osdlell;!!izadores c·:e o,Je fa,,,í.com-muitos-0macsóliruuili&..ll.Ç.llá;Pflf~'!~$11!.l!!;l!_~ªs a-llURr"§_são que um lei_tOL,._~.2.\'!lili'~.il.!.!íl;il\e~SE.S} de qlleéle n.ã~ui-mârS1·m.p~9!.~Jl~~~~EL~~..9Q.!f~t~_Q"2""Jl~~.,us ri_y.a1s, ..• os,,:ompanheir0s,deo-Judas.macaru,J!,,Vê Jerusalém no éon­texto da luta entre a Síria e o Egito e de modo mais geral dentro da estrutura dos reinos que se originaram das conquistas de Alexandre. A seus olhos, a atual luta entre o Egito e a Síria está assumindo proporções apocalípticas. A Síria, ou melhor Antíoco, macula o Templo de Jerusalém nas vésperas de uma guerra final que lhe dará ~ vitória sobre o Egito, mas que logo será seguida pela libertação dos Judeus e pelo Juízo Final: "E muitos dos que dormem no pó da terra

· despertarão, uns para a vida eterna e outros para a ignomfnia e a lntãmia eterna" ( 12.2). ·

Naruralmente é muito diffcil para nós nos conform:armos com tal perspectiva. Mas .deY.1<..l!l~salkntat.q.u.e.DanieL6.o-únie0,testemunho ~o.ntempol'ân~J,?cJa~r,q;,.Jransmite<IIos•"eomo-,pelif'meifõ'Fum Jµdeu 011chãvaq\Je 'érà"lr'sltõ~ãcn:líl'torno,-de-,lhta~:;--imediatamente a~a-reoonsagra_çl~.Templo lJJJI§ ªµte~ qµe.~Qtl.t;.~~ f~ecida.,~p~-~!]Ri(Stiy~~umJiQID.,m.dominado, pelo tl;mote,.pelo~Mio . .11o~J.!ç!eJ}J1&,.l!9J"~· Há'iún''llõm/íííô~ffiífigêiroºque troux.e.consigo.~,Ç<?!!l!!!!!i/la.çã.9.:,~,ÇQ(ll@lµt,~ção,,çfss,<>,l!,M!)uízo.,Fiµal está ,próx lmo,,Reconhecidamente,.sa,,teolog,ia~do,,fjna_!,,,:l~"'te!ll!l<lS é bastanteYaga:'Dattiel'não·parece,esperat,.uma,ressurreição•universal dps,mortõs:~~ ·

1 1

gregos, judeus e romanos ... 101

O Livro de Daniel nos conta algo sobre a visão interior que inspirava os inimigos de Antioco IV ao enfrentar o combate e o martírio. Tampouco o Livro de Daniel está necessariamente sozinho nessa perspectiva. Se o capírulo 90 do etlope Enoque foi escrito antes da morte de Judas Macabeu, como parece provável, cimtém uma mensa­gem comparável. O próprio Deus estabelece uma nova Jerusalém e uma figura semelhante ao Messias aparece no fmal, .. o cordeiro que se transformou num grnnde animal e tinha grandes chifres negros na cabeça". O Livro .dos Jubileus, s-e foi escrito em tomo de 120 a.e.,

· confrrma as expectativas messiânicas daquela época. I e II Macabeus perderam o s-entido apocalíptico da luta. Mas a ressurreição para um Reino Messiânico está sem dúvida implfcita nas palavras da mãe dos Sete Mártires eni II Macabeus: "Não temas esse algoz, mas mostran­do-te digno dos teus irmãos, aceita a morte para que na misericórdia de Deus eu possa novamente te receber com os teus irmãos." Assim o Livro de Daniel fornece o primeiro indicio daquela interpretação apocalíptica das lutas contemporâneas que se tomaria uma caracte­rística comum das rebeliões posteriores dos judeus contra o dom!niõ estrangeiro. Os Messias surgiram, como todos nós sabemos, sob as procuradorias de Cúspio Fado e Antonius Felix, e Josefo os execrou como homens que iludiram e ludibriaram o povo com a simulação de ter recebido de Deus, no deserto, os presságios da liberdade (Jos. Ant. Jud. 20.97 ss e 20.167 ss.; Bel/. Jud. 2.258 ss.). O Manuscrito do Qumran sobre a guerra entre os Filhos da Luz e os Filhos das Trevas - sejam quais forem a data e a finalidade - é a formulação mais idiossincrática desse tipo de interpretação apocalfptica de uma conjuntura política. Posteriormente, IV Esdras, que fo( escrito em torno de 100 d.e., continha visões da era messiânica no mesmo contexto da luta anti-romana. Após a destruição do Segunde- Tem­plo muitos rabinos esperavam um Messias, e o maior deles, o rabino Akiva, encontrou o seu Messias em Bar-Kochba na época de Adria­no, embora seja muito discutível s-e o próprio Bar-Kochba s-equer reivindicou status messiânico. Após Bar-Kochba, os rabinos tinham bons motivos para desconfiar de qualquer movimento apocalíptico no judaísmo. Mas agora podemos ver que a interpretação apocalíp­tica da história surgiu da confrontação com os gregos por volta de 165 a.e. Se !lMacahe11Uevela-um,aspecta,y,erdadeiro.da-1Mda­~~s..d.e AntíocoJV ao en_fatiw.Jl.c.ooperação,de.j.udeus..hekniZl!dos, l.$~Q-<Ll!m..1!9JI.S.Q.!!!e_iios.,do.que.toda,tkverdad.e,.,,

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102 os limites da helenil.lJfão

V

Mas o fim do mundo não acontece cada vez que as pessoas o esperam. Os jucle~s_tjye__ram cjç_ç!lfrentar.o.mundo .. como .cle.cra,.e .era.um.mugdo em .qu.<,.~[~.9'2:"Ü~~M\1'-'9.'?&QStumes .gregos e -procônsules . .romanos

Ja.Yªm Jl leic-Ao-terrtar asst!Ciarum gcive'lílõ1ê0Cflltico no antiga-estilo judeu com um principado-segundo-umodelcrbelenislie0ros-hasmoneus se.Yiram envolvidos em dificulgades..G-OGlllm<lifêes-maiores-de-quesas

.. B<lllllll.is., Tentarannimplíar-o-territóriodo,estado,.o-que-talve:cfósse essencial-à-Sua.sobrevivência. Mas-achava~ue.niio~P<lilla:m.J!dmitir não-judeus-,como-súditos,e.por.Jsso,se •. arriscaram.,a .. uma .• política de

· conversões·forçadas•quesafinal.resultou,na,subidaaao4rono·de'il'eiusa­lé,m.do.iilJJtueµJ;{er!>des,mal'jUâaizado. Aópàsso que <lurante o Sé~ulo­h.C..O.pensamento-reJ.lgieso-juooll-Gomo.!al-se-earacte1:izava-por-uma

__ ampla-tolerância-para-com-as-diferentes--0piniões,.os..conflitos.entre-os · Hderci;_!Í9l{ticos e relig~,_.sobretud0,da.seita,,farisaica,.eram..mol'll­feros_.o_Jog""'1iplomático..exi&ia-conhwimento.do-.-estilo-greg<Hl observância-das--cotJVftfçô~regm;:-'1\-prinrelrlrémblrlxada-judia a Roma-na-~poca·déJu-d,rs·Mãcabeu··pate&·rermélO-ídu-o-·blstoriador

-Eupólenio;que·e·screVê'lf"üm'âllistõnã'ãõs"jml=-enrgregu-e-afinnou que- os-fenídos"'-ê"Cõfis'eq!fên(êiilente os·gre~i:Jllrrurnrpnnllldo a _!!!'ê,.<!,1\..es.crita.com.Moisés,(.cf.J.Mac. 8. 17).

O IÚDculo faroil.iat.entre.os,j.udeus.e.os..csllartanOS não foi in,,entado ~los hasniOneus. Obrigado a abandonar Jerusalém por volta de 168, O Sum~ Sacerdote Jasão decidiu ir para Esparta, evídeniemente porque a lenda de os espartanos serem parentes dos judeus já obtivera aceita­ção geral (II Mac. 5.9};-Ma;;::®11be,aos·hasm~s tirar partido d~a le~..!Jl>ter res~da.Jl,e..;~. ·Afrnal, dizia-se que os espartanos eram parentes·dos sabinos, que haviam dado muitas viuvas e alguns reis aos romanos. 0-Prfüierro Livro dós Mãeãõêlls cita 11ma car1a-de-Jõnãtãifõ''Ma1'~1raos-·esparwnos--que•provavelmente é autêntica.(12,6}e,umw-carta-doS"espartanos-ao.seu-sucessor-Simão•que ~~~é.!I_E]~~!.ÍE!tOt!,)0). Uma carta do rei Ário de Esparta aos Judeus, que ruitaria a descoberta da ligação familiar na primeira metade do século III a.C., provavélmente foi forjada para fornecer um antece- . dente à correspondência autêntica do século II (cf. 12.7).

Algumas dessas. operações diplomáticas podem só ter sido realiza­das para a satisfação dos próprios judeus. I Macabeus contém, como todos nós sabemos, um dos mais notáveis encômios de Roma em toda a antiguidade. Reflete, melhor do qualquer página de Políbio, o assom-

greg0$, judeus e romanos ... 103

bro do homem comum diante do predomínio do poder romano da Espanha à Ásia Menor (cap. 8). Foi escrito originalmente em hebraico e portanto não para o exame dos não-judeus. Mas qual não-judeu o leria mesmo na tradução grega de I Macabeus?

Em-termos de organização PQlít\9ª.,.Cl.t:l:oll.Ô.~=ente...os judeus.estawmrniâis'belefiltados-depois'lla1.'eWluçab'macalleta do que

...l!!l!,§..</sla . .. rinci _ai_s sel!,ii.§judi!J.~desenvolveu um estilo-de'"Vidlf"<jüe;'pc>YSua-vez,,mantinha·&•helenização..na..:;11Jllll:fíCie. Uma nwa-àeveçã&,ã.J.ei.(stja,esclita>-Ou-oral),..uma,regulamenta.ç.ií.g ca_<la .. !rez.maiS4lli.nuclÓ~..!1!.l!i~.Jmi~.J!l!!.IWl!C.~i~ção lllll.isJntensa,sobre-as..~dalia.-dhôna e a.fragilidade humana,,.e,.por.tim..uma..ex~!l\!ii::3. i11t<:ónitente, .. masmr1ito.:real,.das pettmbaçliJ:.u!a. El)!_Me,'i,Sill!!sL.tÇ,9J!ZÍJ;[email protected]!!Pªç,t?_dos&Qill!!JleS esr.rangeirest'G<hcl6nlstoo1á,não,representava,un,,;p.e_QglUllilL.W.

É~ue..os.judells.palestinos transmitiram o novo.iúgor dwsua:-fé1fõsjndeus·qmmão'llaviam'pJUtic1p-lRlmllrrevoluçã0-maeabéia e que bem podiam ter reagido desfavoravelmente a ela. Esse aspecto da vida intelectual judia nunca foi tratado com a atenção que merece. Como...eu...d~Q..ll!l.\i!'~.~de. do Jµcl:'fsmg_~.,!..1P questão_..desde.-OS·tempos·-deAlexandr.c.,.('...Q4(\efS!!.Q!Pª,~!.!,~et1cu­loso,trabalh.o..missionário.,.,PQJ,,,ÃiV!"OS edificantes-!,,J!t!ª..,px:i!l!Ca,.das '-· .. ~~~~.-. .. .. peregrlnações..a.Jerusalém, l\lB o peàgo da de-siotegraçao se.tornou .muito·maior·após1qll:él<!l:lim1í'Çí!t,!Je-unrestadojtt&.u.iadependente..na Paieslina~Contudo, Jerusalém conseguiu se manter como o centro da religião judia. Bem podia ter se dado de modo diferente. Os-:itt<feus mesopow~~id0&,-judeus.palestioos·po1"uma língua..&Q!!llUll,,g!l.bora o aramaico falado pelos judeus palestinos deva ter apresentado diferenças consideráveis do aramaico falado pelos judeus mesopotâmios. Mas·osjudeus.m~ppotãmios tinham uma sólida tradição de lealdade aos selêucidas, ao passo que só por volta ~e 200 a.C. os judeus palestinos tinham se tornado parte do esta.do_ sfno. De bom grado os selêucidas utilizaram os jndeus mesopotam1os _como soldados e a contribuição dos judeus babilônios à defesa da sua cidade durante um ataque inimigo foi considerada tão célebre pelo autor de II Macabeus que ele niio achou necessário especificar as circunstâncias (8.20). Os judeus mesopgtâmills não pai:tieiJ.™M1-da,relx,liã<Mnsca-

_.-·béia"e-apa,,eal6llfflnte"flâl>"foraDl"llfetados"põl"ela. AJgwn,rs-decãclas ' dep<>is;·se·-tomaram-alnda-mais-distantes'"ao-passarem--com-toda a

Mt;50potâmiapara o controle dos partos. As fontes são estranhamente silenciosas a respeito dos primeiros cem anos dos judeus mesopotâ-

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104 os limites da helenização

mios sob o domínio parto. Só Plínio o Velho interrompe o silêncio ao nos dizer que um certo Zachalias Babyloniensis ~ certamente um judeu chamado Zacarias - escreveu um Hvro dedicado a Mitridates (Eupá­

. tor?) acerca da influência de pedras preciosas sobre o destino humano: · esse livro deve ter sido escrito em grego (N.H 37.60.169). Um episó­dio, porém, basta para mostrar que os judeus babilônios não tinbam sido arrastados pelas circunstâncias. ·Por volta de 30 a.e. um rapaz pobre da Babilônià' impressionou os grandes rabinos de Jerusalém. Shemayab e Abtalião se disseram (segundo o relato talmúdico): "Esse hpmem merece que o sábado seja profanado em seu favor;' (b. Yoma 35 b ). Era Hillel que - como diz o Talmude em outro ponto - assim como Esdras provinha da Babilônia e restabeleceu a Torá.

Os:fooeus-<l(}.Egilo-representavam,um-prnb!emirmuitO"lllais-dil'foil. ,!'alavam-umá'lfngua clíffaeti~'blla"!'l'Óf>l'ÍlH,.pensavam ~ Em torno de 160 a.C., surgiu entre eles um pensa­dor original, Aristóbulo, que aplicou' à Bfblia uma interpretação alegó­rica e preparou o terreno para Frion. É difícil compreender por que Clemente de Alexandria o denominou peripatétíco (Strom. 1.72.4), mas talvez o detalhe importante é que ··ele não estava referido a nenhuma escola filosófica, porque isso era inteiramente·insólito para

.. um judeu do séçulo II a;C: 'l'\..tistõhu!ru:i!Q.1J,,e.scruores,gregos..-.,amfo,,. · tÍCQs, ou forjados -,1ll!.ta.!:OIDprova1>11<v,,raeidalle•<lwBfu!ia~êpê1illên­

c*"1os ![$/1~, d.,<?,(;abú;wESY· Afirmava particularmente que Platão podia ter conhec1~rá porque havia uma tradução mais antiga do

.. "que a patrocinada por Ptolomeu Filadelfo. Aristóbulo, no entanto, foi · também o primeiro a conferir autoridade à tradição de que a tradução

· da.LXX se devia'â iniciativa de Ptolomeu Filadelfo e seu conselheiro · Demétrio de Falero. Quasé certamente escreveu o seu livro, que era dcdicad.o a Ptolomeu Filométor, antes da publicação da Carta de Aristeàs e pode de fato tê-la inspirado.

A 9rt11_de /\.gs_tçª!!soma .. sya .. firme.proclamação·do .. valófisàgrado ?ª ~JQ(f.J!#l!fªirn-<:iWL!?~:.!!-~,<!,í~~S!U!UP~§.ioq.3.nJt;,,.~o~grau _de 1nd~~.RQ.t;.~c1a.que,.os,Ju4e!!~.~~!2~~lpa1;~!J]..D~JMt~l!-ªYJdNelig10-sl!...Nao cre10 que a Carta de Aristeas deva ser considerada um Manus­críto Festivo, algo como o.Livro de Ester, a ser lido todos os anos nas sinagogas alexandrinas no dia em que (como sabemos por Fllon) os judeus alexandrinos comemoravam a tradução (De vi(a Mosis 2.41). Para não mencionar outras objeções, a Carta é demasiadamente longa píÚa tal finalidade. Mas a Carta se transformou na explicação oficial da tradução. Como.tanto Aristól!~lo quanto p§.eUdllcArls.te.11$.l!!~:

gregos.judeus e romanos. .. 105

05judeusakxandrlnes-erami:tmifitnrel!wde'VUta:dOS'aos'reis-ptolomai-.. --··· -~JàbianPalgo.parecido,a-um-.pamotísmo,.egípeio.,S.a~~ue

--- C-- A-0U!nf'hlst6riâlJOf''i!"gl'Jiêt6"jüdfif"~lc1 H a.&.~pane,•=,,..,., Moisés·o"érul'dõT'ító"culto>eg!pcio..dos..animais .. (Eus. Praep. Evang. 9.27.4): declaração que causou-tanto-pesar a estudiosos muito respei­táveis do século XIX, como J. Freudenthal (Alexander Polylzistor, 143-74) e A. von Gutschmid (KI. Schriften Jl, 184), que.os fez crer que

.. só-poderia partir de um judeu tentando ~~t.lllll não-judeu. Outro documento muito característico desse judaísmo egípcio cen-

1raJir:Cm-stmeii.-;;'.mwãveim~í;wJp.m;.encontraõe':ffi!Sll1s1õnãoê 0õsl"'ê-Ase'ilet. Essa história, cujo original é em grego, desfrutou de

grande popularidade entre os cristãos desde a antiguidade remota ~té o final da Idade Média numa série de traduções vernáculas que m­cluiam o etíope, o armênio, o velho eslavo e o médio inglês. Os estudiosos modernos dos clássicos a esqueceram. Mas nos últimos vinte anos .voltou ã moda, pelo menos nos grupos esotéricos. De repente, os estudiosos dos clássicos suspeitaram de que José e Asenet talvez seja o mais antigo romance grego existente. Os estudiosos dõ Novo Testamento o consideraram importante para o problema da natureza da Última Ceia. E, de forma mais geral, os que buscam símbolos encontraram um novo texto para interpretar em seu próprio nível. O caráter do livro e o problema da data são de fato inseparáveis. Mas primeiramente devo deixar claro qúe partilho da opinião majori­tária de que o texto grego é de autoria judia,,e não cristã. Quando a opinião minoritária inclui os nomes de Erik P.eterson e Arthur Darby Nock, naturalmente se deve agir com cautela. Mas nenhum deles na realidade sustentou a hipótese de um romance cristão sem um modelo judeu, para repetir a formulação de Nock (&says TI, 900 n. 14; c~. E. Peterson, Enciclopedia Cattdlica, s.v. Aseneth). O fato.A.quc...oJt"1'0-narra.a.hisió.r:i;ula....ÇQnv.eraão'llC'iim'a'moça·egípcia,ao.jqll§,Jmu;i..e,todas as,suas''Üi:ili]êbs'l:"°lí'stiâ'téolbgiá''Sáõ'"irrêorifurrdivelnretttê'j!J<letl>'helel ,!!Íi,PJ~· O Livro do Gênesis na Bíblia corrente nos deixa curiosos a respeito da misteriosa Asenet, filha de Putlfar, sacerdote de 0m (He­liopólis), que foi dada pelo Faraó como esposa a José e lhe gerou os dois filhos, Manassés e Efraim (41.45; 41.50-2). Até que ponto, Asenet era bela? E por que José sé casou com urna não-judia? Era._l!m excelente ponto,.4.e,partída.pal1Ullll.judeu:<1ue-0eseja.v.wea.f-"""'1hos.laços ~~o"tempô'"ft!Z'e'l"prtl'Sélitôs"entre'os VU,OS, A:st:.neLé_apresentada-nas.circunstânciruunais-remânticas como uma ~O'"judaísme.e-lfü'êl'llfilBeJ>te..bela. O filho do

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106 os limites da helenização

Faraó tenta raptá-la com a ·ajuda de Dan e Gad, mas· naturalmente o plll.\lO ( em que judeus e egípcios devem ser igualmente responsabiliza­dos) é descoberto. O filho do Faraó é morto quase acidentalmente e José recebe a coroa do Faraó.

Como o Professor G. D. Kilpatrick mostrou num ensaio pioneiro, o~judals~ré'S'e1itirtltr'c61li.o~uru11"'relrgiãO"sêcreta'"( Exposito ry Times, v. 64, p. 4~8,_0_ct. IJ2J),..J)..senet,.4J.1.1Jci~.<!a,no-judafsmo ao comenYiif'!â\1()'-?ãêffilê~fiiili'â .. cüJóSõ--·"-··evidehtefüérit';:õ"irtii"iiír·bffilÍto.

. Não •. se,.exlge,que O•prosélito-se submeta ao batismo por.imersão,~" umJHo.que era presumido naMislinah e. que criava diferenças sobre pormenores entre as escolas de Shammai e Hillel, ou seja, no século I d.C. (G. F. Moore, Íudaism III, 109). Não há nenhuma alusão a

i 1

1 . 1

1 .• domf~io estrangeiro ou ao cristianismo. TodJL!.L.l!.tÍllllsfera.&a,Jlo século. II QU,J..,a.G,,,,.,quando••os,dudeus•'Sé""séiítJ-ãm"'enfãi:iâ"" s e =-,..:,,., '" J uv j -R9S~S4l!l,,l!'.t!:s'lt-d9-,Jilg1Jp..,A..língul),,qUe,é"'semelhante,à>:da,I.X,X, . { 1,

... co~~~--!l,,.~.'1-.. m! .. ,:.~Jm,. :,ssão. (""~. 11,Jr-- f"'~P':.-t' """"='~ndições.neeessárias-pJl!'a-ru; .. fo,ws..~ e·,·,"'· ·. dqj;p,ç!lús1.llJLegf1&1jl~lll!YO!Merem•em-sepamtismo.rellgit>so,De••-

fato,,.ru.gulll!Fesp · e· ·· n'ffi'!iva !6T!'eill!~dlreçao;ptíls"õ'Sumo SacerdateE>nias·ou'O'Se-ll>filhoj"'pés,esçapar,dê':J~rlfsãlén:i'pllfifo'Egito,

· fundQ.!!,J!!n..te.mpl°"em,keonlóp'olis•qu.,_d.estinal(Roa,rivalizar.,,eom J:erusalé.QJ. ~isw»,Jo~. Paradoxalmente, a sua origem palestina talvez tenha restringido o atrativo para os judeus egípcios. O templo subsistiu até os romanos o fecharem em 73 a.e., mas provocoupouca perturbação. Seja•camõ'fôr,õifjllí!líii;;'piflêstilios hahllmerffé"ííl1l'1l'íiffi~êfdfyãfâfll'Wsêii:?'Vfiiê"úlW'l!õlll''O~Bgíto, eni1iamm.os'8.eqtj~~l\.2J.!PJ.P&asseguramn'â'i!proVa Çã')'doscno"os fg.1.c;Jo:wnstim{d.'1§,,lla.l.ll.l!.@a. A atitude relativamente tolerante que adotaram para com as próprias diferenças religiosas talvez também os tenha auxiliado no Egito. O Livro 3 dos Livros Slblllnos é difícil de nnallsar porque foi composto no final do século I a.C., se não posté­riormente, com material pertencente aos 150 anos anteriores. Mas eu consideraria muito provável que alguns cap[tulos foram escritos por um judeu ale)(andrlno em apoio à rebelião macabéia, aproximadamen-te em 160-150 a.e.

Vimos um exemplo dos métbdos dos judeus palestinos nas duas cartas que constituem o prefácio de II Macabeus.~ b"' 1s 1 • l •<&i!"Se·1etthlP'destinado>ITTYS'jtrdeus ·~ g!)1<\ios·se"1!"ffi!1ltJV1io,de,t !'):!ru:abeuS"'elll'"j!reg<Y'de;;,e~Nidi'Flfó""nleslJlOfflbjetjvo. Vimos também que outros textos foram traduzidos em grego e difundidos no

i

1. 1

gregos,judeus _e romanos.... J07

Egito a partir da Palestina. O Livro de Ben_ Sira foi tradu~do par~ o grego por seu net_o depois de !32 a.e. e·o Livro de Ester foi traduzido com acréscimos por Llsímaco, filho de Ptolomeu de Jerusalém, no quarto ano do reinado de Ptolomeu e Cleópatra, ou seja, provavelmente

em 78/77 a.e. . · A l!!:ÓppaGarta.de.Arlsteas confirm.• c,prcstíglo .. diis..Jµ!l.i;~

tinos,nó~Egitõ'porqll<lapresêrtti(·a-·rrl1i!ítção~'1Ja-l:~:'°m?""sendo r;;,lizada-·porjudeu!qlll:lêS'CtJroSYiliélu1 ü!fill'l:lescnçao-roealtzada-i:l.e Jerusalém e d9Jemplo. É provável que o recém-descoberto M"1:uscn­tô'J;-fe~o lance uma nova luz sobre esse aspecto de Aristeas . Naturalmente, -~tes de nos aventurarmos a comentários, temos ~e aguardar a publicação do Manuscrito pelo Pro~esso.: Yigae! :•dm. Mas O que ele próprio nos infonnou em comurucaçoes prelurun"':s

_._mostra que O Manuscrito apresenta um plan<:, para um Templo perfeito' . é uma administração judia perfeita provindo de Deus, que fala na

primeira pessoa (C.R. Acad. Jnscrip., p. 607:19, 1967). O texto, qu~: diz pertencer ao século II ou I a.C., é pof1a1;to uma co°:traparti hebraica à descrição helenística da Jerusalém ideal em Arist"":'. No.

· estado atual do nosso conhecimento, é igualmente possív~l considerar

0 Manuscrito do Templo uma reação a um modelo heleruzado ~ara a·

vida judia, tal como a Carta de Arlsteas, ou j~lgar a ~ de Aristeas um equivalente helenístico a um texto sectãno hebraico como o Ma-

nuscrito do Templo. ~o eyitar-s .fragniellJMiio.,do,juda~smo~~bttjJlllM',separaçilo

do&jwieJJ~glpçi.g&.<:>l!,jl!,il~!l'bPIUtf~Jl§JlllUl.11V.:e~am-.a,pgf,~l>J.r~ p~çmii.&.9!!.U!!r~g;.eg&e.1tcundal\!C,·A-nova:.exl'!'nenc1a ,/losjudeuS'J)ll'ielirilfõS''tínFdekodeF.,-,.r~!'líAffi~-eo;ffi'a. ll'tenta­tL~c;l\:!!i~çfü:,,em,grand:~:~~.":~':fºfil~en<;!,'Ja.Y-..griv:l sohte.o;que,ios',tudeus~escfcverílttl'em·g~eg°',Mmto ~ '!'r~~ç~~""' J iterá ri a•jud eu•h·eJ en!su ca·,dos.s.éculo ,l,a.-G-,-cl'c!l °'séc~ l~ · I il · ª: t~.!;1 it!!Jii;ldignidadese.,\IJfillstP.F.9!WJ.!li/lJ!.~Ç,;Ill~.IQies,do,,qu~-~-~pol_og~ttca doséculo.11nterlw,,;EaJsi!;~õeli'_htst6ncas·superficl81S:Já,~aoaeram ' ~""'°"""""''~t· · ,,,,i-f'i'·1mpc!ftârtff'?.."BTulilt"(éôm1Yprime1~ente a pri.iuuçaa ,1 eran_a mais . • . -'-'·d

podetrlõs'õ0Servi1Yem":Ariii'tób1ilo) eu tra111~ eem metorse,""".' e. T~emos,sepa.tJ1fuPJWt.Gss8'finatidadC'O''l"e·~~~ntinha jJ!deu.do..qU.e.J1MOmav,a,W.!Ã9;;Jalcom0cas·ep!stolas'de Sao•Paulp. É,,;le;ful~tênsti'êõifli<>'tat.~~~"'1a5:<Dielhores'<l~~sr~o1no a--SabedoriJwl.e..Sa!O!Ilâõ;"os-'Sálinos 'êÍe s=i.~~o"Üe

.,M~l<'ist"'1Jm,,problema,quantel'à"se"ó"f~o,origina-l•-e·s11,v,;,em

hebca}çp.gy em,,~º·

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108 os limites da helenização

VI

· N~.llli!)l.,P.9Jli?=-;.,e.~rá,.oJneu.pootoJinaI,~·o•que·permaneceu he~11í,;.!)ç,ona-cul1ura,1udia.pés.maeabêia"-s&reve1ou,desastroso.,Gemo ~OSiOS,outrOSc.mtegrantes.d&<lOmU11idad&h'êlêfüstidi;-"os'jüdells' se 111fo.!Jl!.M~!R9$.!!!Ml11<lairu:.nt~ll9.l!ÇJ>,k_c/S,IJ;l1t§.\ll.Q.amenteJame.sobi:i:.os rQmMos.,:~ulgai,,~!•te!Jc9mio'll·Rom,;.eni''1'11fal;>ábens:"erâffi""ii'xel!s-

~e1rtê'inâl"lnf ôlní'ãlí~7~s86re-.,,,ôs"ife'tit'!três'ifüiis''ób~iõs"da"'tcffu­,titni:ção,,r!JllH!ll:A, ,!'Macabeus parece crer que os romanos eram governados por uni magistrado anual, que o Senado se reunia todos os d!•s e que não havia dissensão em Roma. O Manuscrito da Guerra dos Filhos da Luz demonstra sem dúvida certo conhecimento do exército romano e de suas táticas, mas mesmo com o auxilio do comentário modelar do Professor Yadin (Oxford, 1962) é difícil dizer se O autor do Manuscrito compreendia as operações militares romanas. Seja como for, o Manuscrito deve pertencer ao século I d.C.

f! desconhecimento judeu do latim era certamente mais do que ~etnbuído pelo des~o.°:11ecimento romano do hebraico Mas c:,~~os

~lo~,deô1ca,;am.gl;i!Ad=ten:ção•aos•jUdeusr,G-omow1mos no'CJ1sõíl.c1s-~eltliirt,'Wte'iírõs''n~í!ô"<los-'lranianos,4oran:wiuxilia.qgs po~'.11º~~).ç~sl~ll?s:.~e-~~torizada.d<»judafsma,pam Q,;ie1tor--romano>·füí:·e~0-tlê""l>ômj§u"devê''tff;5i(lõ,l{""dig-ressão,d ·J'~idooiO'SObre"~m1eUs-:::Pôsi1lõdiõ'reláthuasm§tõtiíWantlj.aª1~qu: Gkcu!avam--ne:rnre1o.ftelêueidas,e.,aparentenrente•tinhll"mnll'llpinião llesfavorálleLsob;:em,Judeu&conlellJ!!2râneos;..M~:iulgar, elo, ué deve,provit'défé'ê'm·· 'D·1··~·~ ,w.-"""""'•';!'/·o·d'""'"'"'~''''''=~·- !;,;~ . . - uuoro e J:!Sua ao, th.LUà um têspeitb"smcero pôr h:tm.~,~~~gtslaçao:eiseus,segujJlpri,s. Não há motivo para atril:!uir parte do capítulo~ Estrabão sobre os judeus a uma fonte judia, ~orno A. D. Nock hesitantemente sugeriu (Essays II, 860-6). Posidônio parece ter transmitido o seu respeito pelo monoteísmo não-icônico Judeu a Varrão (Agost. De clv. dei 4.31), que é explicito sobre esse assunto. Be>oõ!l'õ'laiiõ;~koin"ãês!iv'eraõíJvmdG.J!.lguns dos violentos ataque;,-eontta os Judêus que-são-eJtemplificad"º ~:::",·· ·;... "',..=-.. ~•-· . d. ~""'ou:,,,,.,,ontra os J~,.d~ólon, aparentemente um pioneiro ~esse gênero (Jos. e. Apion. 2.79; 145-B;Eus. Praep. Ev. 9.19). Mólon era embai­xador em Roma e transmitiu ao seu discípulo Cícero os seus sentimen­tos~ alguns dos seus argume11tos. O ponto de vista dos outros escritores Pª~ª<:5 do século Ia respeito dos judeus não pode ser verificado com 1den~ca ~lareza_. É o caso de Teucro de Cfzico, que escreveu seis livros de htstóna jud1J1 e outros livros sobre Mitridates Eupátor (274 T I

"l i

r

gregos,judeuse romanos. .. 109

Jacoby). Gostaríamos de saber se ele era um escritor pró-romano ou anti-romano.

Mas nãp e?,Jsti,11). .dl!.V.Í~~m.,~J~çio_ao ma_is ~ruclito. desses .escri­, .· torespag(Ó~que escreveram sobre o )iiêfáísfüõ; o.1nHesia.n~ · n~"'- Era J .. • d ,.,.. gue ohteve de ~"""to,r""""_,J,ll!;\..CSÇP.J.XO,,'ª-YJlbP!!!i.!!?J!!r!m,~~ih,,,,.,. --stt

Sut~"'~"Iil:!f.Hll!de,~po,r,muitoL!~J):Q;ctp1Jilllh.c;,J,1..o.!e_m .13-..PS""'-ll.!!.~..Jll~g~ -~·cõ!imtJ11ç~:wotiuirientalsisobrecasLl!.~ç~,J!g,,9g,C;J).~~2 ~ .. para,

nâéifálâr de outras obras eruditas. Parece claro. que foi incentivado pelos ·patronos romanos a reunir mformações sobre .os novos. paí'!"s abertos à conqulsl.l!_e à lnfluê~da romanas Jl'.'r Suia_ e s~us sucessores.

'"'"'Àéocompila~Jio,sobre~.Os:lüdeiis"::mélwie~it[l5(>$ êxe<;rtos em grego de ~fóntesjudi~; saniàri~s •. e-pawce.,,te;,s1~8.'dinii:',ívi\~eJ;i(~'.1lfü~tiva

ncii~_í!~,pfllprigs,tenrios'dê:'referênclá;IC)s''iiscri!ôres,cristãos::83~am v.alor.a.ela,-Nã<>Jl()de01es-dizet:'!"··foi01ida.pelOS10lll!!.l).Q.§ . .!.ll!J;Jíqmda_­' • · ·da·Sfri'·''''""""'""'"'°'ãíâtii'ii'Jil!lêiâí'iumâposs-= essão roma.na. l'al1YOJ;l,.1110 . . . . a C=iorm . .. ... ..

,, ~,PoinpêÕ'ooul,\S"'tirar--proveito·dasclissenções,,dos.cQL!l!ID.es.e.tabus .j.udeus.,Eleffõfâ:"ífffó"ffüado.

Cícero se referiu aos judeus como uma "natio nata servituti" ~Na realidade, estava repetindo uma opinião de Apolônio Mólon (Josefa e. Apionem 2.148) que se demonstrara ser fa~_pela defesa closj,!!d,eus do seu Templo contra Pompeu. Mas"lisucêssõ-clà"'poÍ.Íü'êa'cUltural~dê'

'Ro1na,deu,plausibilidâ<lé'amêntíiii·de Cícero.

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' .. 1

6 Iranianos e Gregos

(frr' ·L ais coisas deviam ser ditas no inverno, ao lado do fogo, quando

um homem bem alimentado se recosta num divã macio, bebendo vinho doce e mastigando grão-de-bico - coisas como: 'Quem és e de onde vens? e que idade tens, bom homem? que idade tinhas quando os medos chegaram?' "(Xenófanes, fr. 18 Dicbl -22 Edmonds). ':b.chegada .. qgs, me_d2slJ§J1j!',.:,,<J,tt;;~j~,a,r,itória4<:cHárpago o niedoemtióDfe·de:Giro""" 2:Plfrsaem,aproicimãdâmÍl'me':i45·0à:C.''"'fói<õfü!éfo"de"Ull!a'JÍóVa'llra' j,atasXenófanessde:.<S:olofonw.,Enr,ti'énseqUência.desse·acontecimêfilo,

-ele,p;9pri_',l,abandenou-,quand<Yjovenra<s1111'ádmle'í!à1ãl:"Põfv6Ii'ã'ile 472 a.e., coní 92 anos, ele ainda estava vivo.-De-uma-forma.QtL9.v .outra, a,coqquistapersa.do,reino·daLfdia·env.oll(eu,tCldoo,os,gregos,da ·A,;.1ª"Menor:10if'grêgo's''têí:çariiín armas com os assírios e tiveram problemas com os egípcios, mas nunca tinham vivido num grande império - pelo menos não depois do império hitita do qual nlio se lembravam de nada. Q,d_0mfnio•HdiêffôríffãcíMe,aceitarrPOÍS'lf'l:ídia

.. logo ,foi,-0omirurdâ15ê1iFctíltitrigreta::;;;;acesslvel,a,negocianle!,"~­ta.§...~~.,.S,,<?.\ÍSJ;!!2&,..Jli:!lg2,§,:,, Ciro marcou época para os gregos ássirn como marcara para os judeus - embora as razões fossem dife­rentes.

Os..estudiosos-<filologia-oompal'llda-querem..que-i'«eUemos...o­coµtat0-·entre-i)S"iranian0&>,e,~·gregós·piitá"épocas,.ma.is~RPtigas,-E. Benveniste argumeniou que as palavras mada e parsa não poderiam dar em grego medos e perses após o final do século 10 a.e., quando a transição do a grego original para o e jônico e a redução do e longo original antes de um grupo de consoantes deixaram de atuar. (la Persia e il mondo greco-romano, Atti dei eonvegno Acc. Lincei 1965, p. 479-85, 1965). Seríamos transportados para um período ainda mais

111

Page 55: Momigliano   limites helenização

112 os limites da he/enizaçêúJ ,. ;>-'··Vr'" (t~ _ «Jv''I

antigo das relações iraniat:~;:;;la ;~lavra para designar r~sa -rltodon - cara a Homero sumivelroente aos seus mestres poéticos, pois ele 'trata o rhododa os He6s C<>mo uma fórmula venerável. Diz-se que a rosa é um~ dádiva do Irã na Idade do ~ronze. • .

O pol:>rp.historiador,~que,nada c.P~ce.~~S.Q!'§_en~ a Grec1a e o'Irã--antes-do-sécu!o-,VI,só-pode--fa.wr"um relato. Ele..Ja.enc~ntra certa-dificuldade-em··compreender-por- que--no-século-Y-med1smo indicaria.simpatia p_elas.persas, quando pçlQ.l!JenOJJ.É.!!!:!!~E'c.2..\c'senta­anos os medos tinham sido súditos dos persas. Podemos nos recordar da observação de Estrabão (15.3.23, p. 735): "Détódos,.osJiárbaros, os persas se tornaram os mais famosos entre os,gregos, porqu~.!le!ll)um dos .. outrosJ,árbaros-que dominaram.a,Ásia dominou os-gregos; .nem esses povos estavam famillarizados com os gregos, tampouco os gre­gos com os bárbaros, exceto por pouco tempo por rumor longínquo. Homero pelo menos não conhecia o império d?5 sírios nem o ?os medos; pois do contrário, uma vez que ele .mei:c10n~ Te~as egípcia e se refere à riqueza de lá e à riqueza da Fen!c1a, nao tena de1Xado passar em silêncio a da Babilônia, de Nino e Ecbátana" (Loeb).

A sucessão de.acontecimentQ.S.s!lti:e ... a.conquista,persa,da,Lídia:'por volt;\ d.e. 51§~ a rebdiíi.q,.i§!!l2!!:B9~n!!'!t~-J;!~.~J.i!,.!!.e,~QQ.,a.C •. deveter, oc.11pa.do.a,men~.,fleJodo • .gregQ,g;,.;.~Í.!kM~oi,,,- eJ,tl.KeJ:)i.e,,qualquer Q!J!J:.9.grego. Enf}ouêôsânds"utna°"!llfçã~ antêtiotiliênlê'quas~ desco­nheddaJomou -Babilôniá:sêêrivolveu· niuií㺠gúerra·ma.ls~c~1cfa:S911:.

. ti=1 ·~a rainha lendária do -Oriente remoto (que 'resultou ·í:ía morte de Ck;}; to~o~ oEgito:"Cambisesse tornou célel:>re pela impiedade1 os

••

0

"i11âgo:tse rebelaram'·~·e·se'l:Onta vitm'esttl!lllfâs"Iíisíõiiã:1fâ'éêri:í{â"_, seu lldes, . .Por..ítm,.Dario;·que,se,saiu -.vitorioso .,contra .os,ma-gc,s, 'P.ôs em tj.iç_9_q_seu .. eJ\~!:<:.11J?SJll~~!".':~i'.c~;\1;111Xagante contra ,os citas ~a Rússia meri<lionaL-.. e-de,algum ,modo.,reapareceu com ·a reputaçao qtiij~ç Ínt~cada. · . ' ·:Logo 95_gffig!?,§~\ll,Yam:envolvidos·ptãtH:ãiiíetifé"em todos=niveis

do,p,ooêss&'ôê''êxpãiisãó"'dôsestado'pe~?· Seg.undo um relato em ~m historiador helen/stlco, Agátocles de Cl21co, Ciro o Grande deu várias cidades da Ásia Menor ao seu amigo Pitarco de C(zico - um precedente para o p~ente dado por Artaxerxes a Tem/stocles (472_F 6 Jacoby).

· 0·atelÍlêíis,fMi!cf11<1es.=mo.o.gevernlfflt~4rácla, se viu.vassalo.Jio.Grande'Reiºé''ütn11W'rollí'iti!1lantes'dos,contlng"ntes greg~~pediçã0c-eita:..na\J!tl!Jm.e,n.te.011 litllDOS esla~leeidos,pelos pe~.J]llltcidades..jônicas.se.achl\YJl_ll).!!J!,J!l.!l§_~__çi!O, A queda da tirania da Polícrates - com o subseqüente domfruo persa em Samos -

iranianos e gregos 113

l/ foi o fün de um dos mais brilhantes centros da vida intelectual grega no-~écul_? V: e.indicou clarame~que -~,~mmara.uma .. z~na 4e influenc!/1.persa. Cllax de Cananda, um naléegador grego ou me10-grego que escrçvia em grego, foi incumbido da exploração do rio Indo e da rota marítima da foz do Indo a Suez .• Arquitetos,_esculto~ e canteiros gre_gg,5-1ra~lhararn-para·construit''PasárgadJi;·'siísã-e"'Pérsé-~A"-~e112!:;;~~';l.,J,~gs~,t,~ .. '1~JJ1~WlH!,Pllt:S!'J.!! de su~vJdade..na-'l-Y.ª~.Çj.&,,.q;,."'coA!!W.Jllção.,dos.~gregas,.,para,.esses

_trabalbos,,asu;cpatticipação_éJ:etta.(G. Gullini, La Parola dei Passato 142-4, p. 13-39, 1972). Recentemente Giovanni Pugliese Carratelli publicou uma inscrição, do final do século VI, de uma das pedreiras que ábasreceram as construções de Persépolis. A,inscriçãodiz:,,P4j:·---· hdrkho eim(, "Pertenço a Pitarco" (East and West 16, p. 31-2, 19Ó6). Pitare&deve'tersid~go. Como Pugliese Carratelli observa prudentemente, pode ser uma simples coincidência que o nome Pitarco ~ejà idêntico ao do homem de Cízico que era amigo de Ciro. Esse Pitàrco Plitece ter tido logo dificuldades com os seus súditos: ele ou a sua família pode ter passado para o ramo da construção em Persépolis. No·.reÍru!do de Dario, os gregos também ajudaram a transportar materiais de construção para Susa, mas eu não acompa­nharia S. Mazzarino na sua temerária teoria de que os jônios, e mais precisamente os rnilesianos, estavam incumbidos da navegação de Babilônia a Susa (La Persia e il mondo grego-romano, 75-83). Prova­velmente os gregos levaram de volta a palavra paradeisos, para desig-nar o horto de caça ou recinto fechado, desses contatos iniciais com a arquitetura e a paisagem iranianas (a palavra aparece pela primeira vez em Xenofonte, entre as fontes existentes).

N.ão,J;.e,.Jt!Jl~~.!!....M~~s>f.!ÔIJÍC~J:~~;_1;$,çrlfM,~!~JJ,~Ilil!.§,,.4.

-~~~,~~~,~~~~i&:;;Je:::.;:::~~~~~I$~~ elementos da educação persa -montar a cavalo, ter boa pontaria e dizer a verdade - não fossem propícios à formação de um historiador. O que chamamos de tradição na Pérsia é na maior parte a tradição dos súditos ou inimigos da Pérsia. Mas há.-sérias;;:funitações"1Jlesmo,,ao· nosso ·co:ã.becimentocc~<;J!S~il!Jlgll,S;J!,-.Pétosia. Não-.se-preservou-quase. ..nada~·pcrl~?'!~!Ior!'!!~là~~D~,teJ1<tos•qu~?s .... foraJ?klrJUJSllllUdõs're"'fÍ€tebl uma s1t\JJlça~lêlãnl~"f~ umá'.situaçã~é''os'JlersãS"sã!'.>'ifültilíffíl'enlê'inferiê;.;;;;;:;;;;~ffe~s "" ~.ooi:rolade&em'Mam!ena,~~ o..que.ful...,sctita antes de,,5JlO•a&l,•por"€fürx!<e>talvez.pet.Hecateu.de.-Milete<desapareceu. ~~e Fffii1codisse ems!í~édi1tS0bre.a.captura

Page 56: Momigliano   limites helenização

114 os limites da helenização

deMileto-que·foi,representada.@tç,;A!.l>;iWb~,.de.Maraiona e.porlfillto emcum;momento·de··profunda .. dtp~fl • .P'fül,!?.§,g!"gos:

• Mas.natw:alment&restií'li"'j'iõssiõilillâilê'dê'1jíl~ment,H·eli, -g10SQ.persa tenha influeociado,os,primórditl~'thtfrlosofia,gregu1esse ':"'"IG,períodQcen:"-e•-5-50,e,.500,a.C:;-q\!líllâôJIJllgtrétn"n1rGrécia ques­

.' 1:_onava·-ou·parec1a~questiollitt'onovO"'poder .. dominante. Aqueles que tem afirmado que Ferecides de Sira, Anaximandro,'Heráclito e mesmo Eiiipédocles,obtiv.eram .. algumasdas suas d1n1t:riIÍ_a.s.iiaJ!érsià~:nelll sempre.'sê'cderam.,ç,o~.~ .d.~}L~t.~.~i]IJ!_~Q;P.9li!ic,,,~.rn,,J?,ruPi<slaAb\!IJs -contatos.·Mas não se pooe dizer isso do Professor M. L. West, o mais

. rc;e_nte defensor~as origens Iranianas da Hlosofia grega .. .Jl!~~~­duv.1da .• sabe que; se ·houve .. ,.uma,.época •. el!J,,.qu,e.c<;,s.,.r11ag95,_pg<!iam exportar as suas teorias para um-inundo grego disposto a o~vi,,'rôít'

~~.i;g':!1:da,,metade do século IV a.e • .É-,lnegav.el.m~!:!!S.~l),\!)d~ CfP1/c-;;r çertas"êãtllcterlstiêâs'da';filosofiâ"gregà'iniêfal'pô"f'm'liõ·a'l'ífmü'êiícias

. d_r_a.n.i.a_na. s ...... • súb_ .ita·eleva·ção'do··-"'e'"m· ·'"po'''°'"''·· ,,,,~···"<=•--'"' .... ''" .. ,...,.,-.,· .. """"'"*-'""---·· ... _ Qc, ·i.· a um ueus pnmevo em·rerect-"a.§.sfí(iaêifüfiêã~ãô;rlo,Fôg&com"ll-'Jü"sllça,em,Heráclito;'a·astronomia ''?e,An'.aximãiíílrb""qti'ê'l&ãlíillvã'iis"êstrelas'ifííÍJS'flertõ'dã"fêffifl!õ'qtie

3. Jua -~ e .f?U?'as. i#Ias .t:r~.~.Ç~ .. i~fil!l~~~J!lS~métL~~tj_as qu~nos,e-;;;;;;, ta m'.l,ffi!!.&i.!Í.era r,~~trlanas"""õit?de.qualq.lJ.S!:-,.Í,Q .. rma

41e,rs.as,.,.,,OUfl>elô•metie&rõrientilis. Sabemos:pol:'éllí;"á:ífülãíii'êbôil"Sobre,o.zoroasttiw.Q.~,W.IÜ do

qiµ,..sabemos 0sôbre<O"pensamento,pré,sili)rático, Temos de forçar os dados em algum ponto se queremos afirmar a dependência dos pré-so­cráticos para com os magos ou até genericamente para com o pensa­mento oriental. Graças,aoJ?mfessorJvGerseyitch,,.wmos,agora·'Certeza de-que-por-volta-.do..iin;lldo.J;<kulo,,Y'.LAJ;:..._~,existia.,como...um deus,do~Tempo (Studia c/assica et orienta/ia A. Pagliaro oblata ii, p.

. 197, 1969; Trans. Philol. Soe., p. 165-200, 1969). Mas ainda tenho de encontrar um paralelo oriental exato para a frase inicial do livro de Ferecides: "Zas e Cronos sempre existiram, e assim também Ctônia e Ctônia recebeu o nome de Gê quando Zas lhe deu a Terra d; presente" (Diels-Kranz", 7 fr. l).

. .HtHnml-conskleração·simples,"iu.,..me"fax•b:esitar,nesse,j.ogo,de btisea-d~~ttianas-docpensanrento·,grego,,Se-não'Salreliios

~mu!tQ,§,<.?pllÇ,QS,pré-.socráticos"5abemOs'pelowenos,que,.os,seus,Je,i,t9WS antigos J ulgavam'Caàa-ttm-delos.muito.diferente.àes,,outros. Se todos tivessem sido inspirados pelos magos, haveria menos diversidade de problemas e soluções. Até onde podemos ver, não há nenhuma inspi­ração religiosa C,981Jl,!ll,POr trás dos mais antigos filósofos gregos. Onde

iranianos e gregos· 115

o indício de influência é mais forte - como no caso de Ferecides de Slra -, a contaminação da abordagem mitológica e da abordagem cosmogônica é mais evidente. Esta é a opinião de Aristóteles: .. desde os teólogos ·mistos·, aqueles que não dizem tudo em forma mítica tal com'.' F:recid~ e alguns dos outros, e também os magos, denomu:.n, o pnme1ro cnador a melhor coisa .. (Metaph. 14.1091 b 8). Natural­mente, pode ser significativo que o pai de Ferecides tivesse o nome bárbaro de Babys, mas qualquer coisa pode ser significativa onde nada é certo - até mesmo a carta forjada de Dario a Heráclito convidando-o para a corte persa: Houve mna época, há não muito tempo, em que o que Acl!an Var. Hm. diz a respeito de Pitágoras usar calças era tomado como prova das suas relações iranianas (W. Burkert, Weisheit und Wissenschqft p. 135, 178, n. ·1s, 1962).

Concluirei esta parte com uma história aeauteladora. Em 1923 Albrecht Gõtze publicou o seu famoso ensaio .. Persische Weisheit in griechischem Gewande .. (Zeitschriftfilr Jndo/ogie und Jranistik Z, 60 ss). F!nª,~:'nte;fo!--alhipfesentadakmna.,prova"categórica·-de.,uma doutrina itaiiiãruf-qiiê litiôgiâ-à 'Grécia. , No--trâtà"d04!!P=áti'CO De heb!fomadibus;·publiêâdOpêlà'primeirãvêzenn85'3'port;ittré-enruttía-

. versão-latinamuito-adulter<1da,,há.umaJ.e.oda,giblJl..a,correspondéncia entre.aS"partes"do-corpo,hmnano,e,as,partes•dO'roúhêlêf'mtêiro. _Qii.tze mostrou•que,essa,teoria,podia,também,ser-encontrada,em,Bundahishn ,lfJ1i~,"uma,-0bra-ológka.zoroast,;lana,JIQ-.séeulo..IX..d.C., que se acredita retomar ãs partes perdidas do A vesta. Gõtze considerou a obra hipocrática "um bloco extravagante na Hellas" que se originara do Irã. NaturaJm~!!ltR,Jl&J!e:..enst~ÍII .. IO!I!P.U.i:;so.collIO)ü:na·.confirmação

_das suasteorias•sobre·11s-•origens-iranianas0dâ''cósmologia"grega (Stu­dien zum antiken Synkertismus, p. 119 ff. 1926), e'quasetodos-ficaram felizes. Trinta.anosdepois,emHarvard_1neo/ogica/ Review49, p. 115 ss., 1956, o prof~r,J,IDuchesne,Quillêmin"llpontou,,<1s-fra"gilidades de todo.,o,cll§.a.lo,.de,Gõtze e, como as modas haviam mudado, quase todos ficaram febzes de novo. Em 1962, R. N. Frye, mn dos maiores iranistas viv?s, simplesmente declarou na mesma publicação que, com o desaparecimento da prova de De hebdomadibus, nada restavá da teoria das influências Iranianas sobre o pensaniento giego antes de Alexandre (55, 261-8). Quando em 1965 a Accademia dei Lil,.cei organizou o bem-sucedido simpósio sobre La Persia a il mondo greco­romano, o Zeitgeist já não se movia na mesma direção,,GuchCS!l<;,,-Gui­ll;mi11sl'.etir?1!':'ll"'SlÍ'á"'refütav,i<Yil'de"©õtzCf"CODI<>""}100ffiiõs""l'er-nas colaborações para -O "'s1mpósió'"publrcitdK8:'~-Ele''á'C1fãVa"entãtF'que a

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11.6 os limites da helenização

eotncllren:citrnão-podia-ser.causaLequeum,médieogregoquMrabalhou na ~a-1ev.ara.deNollamna-teoria.persa,noséculo~V"'<lll IV a.e. Mas'. em 1971 M,L;West, em sua análise multom1li'ire1m de"()e hebdoma­dibus (Classical_(lllllrf!'!/y.65, .. p.365.88),..eslaJIJUJ.QX~~ ,respeit<>sde,üínàJnfluência,orienta~direta-sobre'•d'texto;>Como ele diz: •• A noçã0cbásica><de,,um,paralelismo.entre,o,mundo.e,o'<lorpo.,humano ( •. ,)··bem'pode~iêr'êliêgããltil"Gréêilf'iit>~§il<iii!cfVI;=vind&'diVLeste. Depols.,,dissowno,entantQ, ,,0"9'l.~!!JI.Olvimelltó0 illilepen·dellté"par,;,j:e suficiente,para·•êxpliciit''ôféiíôiiiêno" '(p. 387).

II

Após,a"Vitórill'sobre"ólqrersiis;':htiüvê'.'füüitãTe!1êxirn'siiblt'1Wcausas da -supecioridade'"militar·dós-gregos: A 01inha,de,.!;.~licação,predontl­nlÍ:tlte,a.alribuía-a&amor,grego*iiberd'ãêt~_,,p.or,suaN,ez.-suscitava

''"º ,probtemã"'''éfê"'sí:'"â"'âüt&!õnfiançawdoscrgl:'êgõs}~lf""suli""éõrâ'gefü', a intlepe_1glência,de0ação,etc.•se'devlamoaSatore&climálii:.Qli,,OU institu-

,,do~11-.racials. Poetas, historiadores e filósofos gregos meditaram sobre esses problemas e as suas conclusões .(tal como formuladas em Os persas, de Ésquilo, em Heródoto e no hipocrático Os ares, as águas e os lugares) são um documento primordial da nova ciência grega da etnografia que estava surgindo. Explicações mais simples estavam obviamente sendo difundidas e deixaram marcas em nossas fontes -por exemplo, a peça que Temfstocles pregou no crédulo rei persa que Ésquilo deve ter considerado suficientemente autêntica para merecer menção (355 ss.). Não me surpreenderia se o famoso erro cronológico de Ctésias ao situar a batalha de Platéia antes da batalha de Salam!na (Persic. 25) não fosse outra versão popular objetivando simplificar a narrativa da guerra: uma batalha no território beócio entre Termópilas e Salamina tiraria muito do brilho dos feitos navais dos atenienses. Por ser totalmente indiferente à liberdade grega e talvez pró-espartano, Ctésias não teria dificuldade em aceitar tal versão. Mas nem mesmo .as reflexõesde,~uilotl'HlírtStlõttfêStaYàln'"'éb1rretíífãâãs"~~"in'tê

ts<na,oposição,enire,os,gn;gg;;ull!,Je.l\!!,~Q!l~l!~-W!,</J;,,~"Q.,M?J:1,'SRS;tendentes ~ãdf'Afinal, como disse Esquilo, a Ásia e a Europà eram irmãs. Há bons motivos para interpretar as irmãs de Os persas II .. 185-6 como a Pérsia e a Grécia, que seriam apoiadas pelas duas jovens Ásia e Relias do vaso de J?ario (final do século IV: C. Anti, Archeol. C/ass. 4 (24-45, 1952). Em~utl-,-Dario-pensa"elll'"termos><unive~,atrfüu_i.ft

iranianos e gregos 117

den:ota"não'o,i"'süpêffótféllfdt'llm-"'gté'gõs:,'mâs''a"ttãnsgressão <da•,tei divJna .• ,,Ele,,pl!lgfüjlzdontrlna,'.'da,,hybr~.._Jll!!l..P.llfA!'.9,".,Jl.QdhPateCer e><wma.mente.grega,,mas,para<Ésquilo:ed'Ieródoto:era,objetivamente veroadeira.e,portanto--intelig!vel•para,.qualquer,homems&ensato;ofosse ,grego,._011,,pão. Por mais que se faça com que os persas pareçam extravagantes em Ésquilo, eles não são báJ;baros rematados como os egípcios de As sup/icantes •. De,forma-ainda,,máis,,.eofática,do que Ésquilo, l{eródoto respeita os-persáS:C:.:,seeonsideraii,iipãzes:dé pensar, como.os.gregos. Ao registrar o comportamento abominável de Xerxes para com o corpo sem vida de Leônidas, ele enfatiza que se tratava de uma exceção: "os persas são, dentre todos os homens que conheço, os mais acostumados a honrar ps guerreiros corajosos" (7,238). Ele crê que os lfdios e os gregos atraíram sobre si a fúria dos persas pelo seu comportamento provocador. A sua falta de simpatia pela rebelião jônica é notória. A vit6ria-dos-gregos,-e.sobrerudo,,i,,.,orage111-,dos atenienses,.o obrigou,a.·reconhecer,uma,profunda,diferença,entre os persas-e"OS'1l{'Cgos. Era uma vantagem se interessar por isegoria, a igualdade na liberdade de palavra, e se sentir um homem livre, e não­um escravo: "e está comprovado'não'porumtmas·por-muitos exem­plos,.que.iseg_qrc/a,,é..uma,boa coisa'' (5.78). Mas a sua opinião está basicamente comprometida com o entendimento mútuo entre gregos e persas. Os sensatos dentre os persas comentam, pàra o evidente encan­to de Heródoto, que os gregos eram tolos em fazer uma guerra a fim de vingar o rapto de uma mulher - e era a guerra de Tróia (1.4). Muito significativamente, HeJ'Ó<lR\o:pl'Oclamas,0s,persas,capazes3de discutir os méritos,relati)'.os,da,democraçia, da oligarquia e da monarquia como. qualquer sofista bem preparado (3.80-2): "Quando Mardônio chegou à Jônia em sua viagem pela costa da Ásia fez uma coisa que registrei para o assombro daqueles gregos que não acreditarão que Otanes

, declarou a sua opinião entre os Sete de que a democracia era melhor, para os persas" (6.43). Os estudiosos modernos não.têm,ficado menos surpreendidos do que os ouvintes das preleções de Heródoto com o fato de que ele pudesse atribuir tais noções helenísticas aos persas. Màs

· mesmo um estudioso de ouvido tão aguçado quanto K. Reinhardt mal foi capaz de distinguir entre as narrativas persas autênticas e as narra­tivas atribuídas aos persas pelos gregos ("Herodots _Persergeschi­chten" in Vermãchtnis der Antike, 2. ed., p. 133-74, 1966). Critérios toscos de diferenciação às vezes são mais úteis do que refinadas análises literárias. Recentemenie A. Demandt observou que os monu­mentos persas representam o rei com as orelhas descobertas, enquanto

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118 os limites dá /zelenizàção

na iconografia grega o rei persa é mostrado com as orelhas cobertas. Assim, a narrativa de Heródoto de como Phaidymia desmascarou o falso Smerdis ao descobrir, não sem risco pessoal, que ele tinha as orelhas mutiladas só faz sentido na tradição iconográfica grega (frani­ca Antiqua 9, p. 94-101, 1972): uma observação desconcertante para aqueles que, como eu, consideraram esse trecho de Heródoto uma típica história oriental. O próprio Heródoto, porém, não teria ficado desconcertado com a perícia iconográfica do Professor DemandL Ele apreciava uma certa confusão. Relatou que os· jônios salvaram o império persa ao se recusarem a se aliar aos citas no final da expedição de Dario: acrescenta que os citas 'defmiam os jônios ... como os mais fiéis dos escravos e os mais ingenuamente apegados aos seus senho­res" (4.142). O capitulo final da obra de Heródoto recorda a escolha de,Gi<o,.0sGrande,""hab1tà1"umasterraºestéril·e'éxeréel'sasautoridade''em V<iZ'de'éoltivâ'fpJ'iíiilciehrser,~Jl~tros .. (9.122). Preten­de-se que o leitor se lembre de que Demarato explicara a Xerxes que a Grécia, tendo por companheira a pobreza, alcançara a virtude e a sabedoria e em conseqüência evitara ser despoticamente dominada (7.102). Por mais que_a_yj.tória dos grego§.l~QAJ.e;;nPJ'áve!,,o

"'"Jmpério'persw•não·s5'Ccllitlli:íron>a>eJClstir:,•mli?íi"í;b!iséfvâr''tlllliWorça ~l].l..,qu.e,Heródotif'sêntiu•'qüe,tinha.de,justificar.

III

No período entre 411 e 336 a.e., a Pérsia exerceu uma pressão muito maior sobre a Grécia do que exercera na época da supremacia naval ateniense. A Pérsia recuperara o domínio dos gregos da Ásia Menor e apoiava a cidade. ou o partido que parecesse conveniente. Filipe II da Macedônia imitou visiveln)ente a máquina administ.rativa e militar persa no esforço de transformar a monarquia patriarcal que herdara num estado vasto que se estendia da Trácia à Tessália e dominava grande parte da Grécia. Eumenes de Cárdia, apesar de ser grego, organizou a chancelaria macedônia nos moldes da persa. Arriano declara explicitamente que Filipe criou um corpo de pajens de acordo com o modelo persa: como os seus equivalentes orientais, os pajens tinham de auxiliar o rei com o seu cavalo tàn persikàn tropon (Anab. 4.13.l). Quaisquer que fossem as suas origens remotas, os companhe'i­ros <lo rei, os hetairoi no sentido estrito, se tornaram semelhantes aos amigos do rei na Pérsia.

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Há, porém, poucos indícios de que no século IV o sistema imperial persa fosse submetido por algum grego a unia análise minuciosa. O nosso grande ponto de interrogação é Ctésias, que escreveu não só livros genéricos sobre a Pérsia e a índia, mas também uma obra geográfica, um perip/ous, e um tratado específico sobre os tributos da Ásia. As duas últimas obras se perderam e os livros sobre a Pérsia e a índia nos chegaram apenas num resumo bizantino. A tradição indireta, porém, é considerável: Diodoro e Plutarco, por exemplo, devem muito a Ctésias. Temos de admitir uma ampla margem de dúvida, no entanto o que temos é decepeionante. A Persica estava repleta de intrigas da corte e não era confiável sequer quanto a isso. Não há sinal de que Ctésias'tenha tentado compreender os persas de sua época, como fizera Heródoto. Ctésias parece ser inferior a Heródoto mais ou menos da mesma forma que o seu contemporâneo Timóteo é inferior a Ésquilo como o autor de uma obra dramática. sobre os persas. Observe-se que Os persas de Tunóteo mostra indícios de ambição política e um desejo de agradar Esparta: Ctésias é cha­mado philo/alwn por Plutarco (Artax. 13.4). -

Xenofonte, que cita Ctésias com respeito (Anab. 1.8.26-7), não está muito interessado na sociedade persa da sua época, embora tivesse ampla oportunidade de observá-la quando participou de campanha com Ciro o Jovem. Naturalmente Xenofonte pode nos relatar que um arqueiro cretense tinha um alcance menor do que um persa (Anab. 3.3. 7) e tem suficiente conhecimento do estilo dos g~grafos para notar as particularidades de uma cidadezinha por que passara: "belas casas, fartos suprimentos e os habitantes tinham vinho em tais quantidades que o guardavam em cisternas cimentadas" (4.2.23). A descrição do Jovem Ciro inevitavelmente contém algumas particularidades autênti­cas da vida da corte persa (1.9). Mas nessa descrição de Ciro já existe a tendência idealizadora, o obscurecimento dos aspectos persas espe­cíficos que caracterizavam a Cyropaedia posterior. Como bem se sabe, de fato Xenofonte transferiu muitos personagens menos importantes de Anabasis para Cyropaedia. É irrelevante para nós, embora não insignificante em si mestno, se determinados aspectos da Cyropaedia podem ser interpretados como lendas persas. Arthur Christensen for­mulou uma hipótese para a história, obviamente falsa, de Ciro o Grande morrendo em sua própria cama cercado pela família como sendo um tema persa lendário: há paralelos em Firdausi (les gestes des rois dans les traditions de l'lran antique (1936) 126). Como o seu companheiro socrático Antistenes, Xenofonte não pretendia escrever a história de

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Ciro, mas sim apresentar a descrição de um rei ideal. Para esclarecer mesmo o leitor mais desatento, Xenofonte acrescentou. à Cyropaedia um capltulo em que explicava como e por que os persas da sua época eram diferentes dos contemporâneos de Ciro o Grande: a corrupção tomara o lugar da austeridade e da virilidade. A autenticidade, que freqüentemente tem sido questionada, desse capítulo final parece ser garantida por várias características estilísticas e alusões Wstóricas. Além disso, a mesma técnica de opor a realidade do presente à ideali­zação do passado é utilizada por Xenofonte no seu livreto sobre a constituição de Esparta. Isso, porém, não se destina a dar uma carac­terização mais equilibrada da vida persa corno podia ser observada no século IV, Ter mais cobertas no cavalo do que na carna talvez seja um sinal de efeminação, mas não explicará as rebeliões dos sátrapas.

Acho muito difícil entender por que a atitude severa mas apreciativo para com o império persa que predominava no século V cedeu no século IV a uma mistura de idealização dos reis persas mortos e mexericos a respeito de intrigas da corte contemporànen. A falta de interesse pelas realidades da organização polltica e social persa se manteve visível nos Wstoriadores que narraram o seu fim. A julgar por Arriano, os livros mais sérios escritos sobre a campanha de Alexandre não tentaram avaliar o Estado persa ou analisar as causas da sua queda. Os Wstoriadores contemporàneos menos sérios, como Onesícrito e Clitarco, associavam variadamente o mexerico de Ctésias com a idea­lização da Cyropaedia de Xenofonte e produziam relatos sensacionais que nem mesmo os leitores antigos conseguiam tolerar inteiramente. Ao aludir ~o posto de Onesícrito como timoneiro do navio de Alexan-

. drc na viagem pelo Indo abaixo, Estrabão escreve que ele podia ser mais bem denominado o "principal timoneiro da fantasia" (15.1.28). Como Ctésias, Onesícrito preferiu se deleitar sem repressão nas mara­vilhas da índia. "Clitarchi probatur ingenium, fides infamatur", diz Quintilianó (10.1.75). Nenhum dos fragmentos de Clitarco, nem qual­quer dos capítulos do Livro 17 de Diodoro que pode ser razoavelmente reconstituído até e!e;aiude às instituições persas, embora saibamos que descreveu a Babilônia e fez com que Alexandre se encontrasse com a rainha das amazonas (fr. 10; 15-16 Jacoby).

Outros historiadores fizeram breves relatos ou alusões a instituições especialmente curiosas: por exemplo, Políclíto de Larissa descreveu a· diversidade das rendas do Grande Rei (128 F 3 Jacoby) e Chares de Mitilene descreveu os hábitos voluptuosos do Grande Rei (125 F 2). Eles pretendiam entreter.

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Essa situação é menos surpreendente se considerarmos que Platão e Aristóteles omitiram o sistema político dos persas nos seus livros sobre ·Política: De fato, As leis de Platão, Livro 3.693d, contêm a declaração muito promissora do ateniense: "Existem duas marrizes, como podemos denominá-las, de constituições das quais realmente se pode dizer que todas as outras se originam, o nome exato de uma é monarquia, o da outra é democracia. A primeira é vista à perfeição entre os persas, a segunda entre os meus comparriotas·. São esses os fios ( ... ) com que todas as outras constituições, de modo geral, são urdidas." O que se segue, porém, é um repúdio implícito à imagem idealizada de Xenofonte da educação persa, como notou Ateneu (11.505a). Platão negava que ser criado em um harém por mulheres e eunucos pudesse ser uma boa coisa e, como confirmação, citava a corrupção na Pérsia de sua época. Como Isócrates e outros observado­res, ele naturalmente reparara llll crescente dependência do Grande Rei de mercenários estrangeiros. Mas o Estado persa como um todo não é examinado. Em Política, Aristóteles é ainda mais apressado em prete­rir o despotismo persa. Alude aos reis da Pérsia como tiranos que devem se precaver para a própria segurança (1284 b 1; 1313 a 38) e considera os persas, como os citas, os !rácios e os celtas, uma nação em expansão que honra a força militar (132~ b 11). Observa também, num aparte característico, que os reis persas não tocam um instrumen­to, mas fazem com que a música seja tocada para eles (1339 a 34). O império persa não fazia parte do mundo político. É impossível dizer em que medida a Pérsia aparecia em Nomima Barbarika; a sua descri­ção das instituições dos bárbaros. Os poucos fragmentos remanescen­tes tratam dos cários, dos etruscos e dos antepassados gregos dos romanos.

Teríamos de compor uma imagem muito diferente de Aristóteles se o texto árabe de uma, carta sua para Alexandre for realmente autêntico. Essa carta, que era conhecida por citações de escritores medievais árabes e judeus, foi publicada em 1891 numa veraão reduzida por J. Lippert e em 1970 numa veraão mais longa por Josef Bielawski, com um comentário de Marian Plezia. Independentemente· de Plezia, a versão mais longa foi estudada por Samuel Stern no pequeno livro Aristotle on the World State (1968). Stern pretendia publicar uma edição crítica e comentários do texto mais longo em colaboração com Oswyn Murray, mas a sua morte prematura sobreveio. O seu estudo, que tende a aceitar a autenticidade da carta, é mais crítico e penetrante do que o livro de Bielawski e Plezia, ambos firmes defensores da sua

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autenticidade. Os dois aspectos da carta que nos interessam são primeiro, a recomendação a Alexandre para que deportasse para ; Europa, se não todos os persas, pelo menos a aristocracia, e, segundo, a prefiguração de um estado universal em que "todos desfrutem de segurança e tranqüilidade, dividindo o dia em partes, parte para o bem-estar do corpo, parte para a educação e atenção àquela nobre busca, a filosofia" (S. M. Stern, p. 7-8). Aristóteles defenderia a idéia de um estado universal em termos messiânicos, mas ao mesmo tempo seguiria a tradicional orientação de vingança grega contra os persas ao pedir a sua deportação.

· Apenas uma vez e muito cautelosamente, o Aristóteles que conhe­cêramos anteriormente admitiu a possibilidade da unificação política do mundo. Ele o fez no famoso parágrafo de Política 7 (1327 b 29): "a raça grega partilha de ambas as características, exatamente como ocupa geograficamente a posição intermediária, pois é valorosa e inte­ligente: por isso continua a ser livre e a ter instituições políticas muito boas e a ser capaz de governar toda a humanidade, se alcançar unidade constitucional." Existe uma diferença considerável entre essa afirma­ção ponderada, hipotética e isolada e o apoio entusiástico a um estado mundial do tipo persa como sugerido pelo novo texto. Mesmo se tomássemos Polttica 7 como uma produção inicial de Aristóteles e datássemos a carta a Alexandre de após 330 a.e., teríamos de admitir uma mudança de opinião da qual as outras obras não conservam qualquer indicio. A nova carta inevitavelmente nos faz lembrar das inscrições e de Fílon enaltecendo os benefícios da paz de Augusto. É uma ilusão?

A associação de nacionalismo grego.e cosmopolitismo, que é carac­terística da carta, seria naturalmente compatível com uma data no período imperial romano. Para citar um exemplo do lado nacionalista, ~e faz com que Hipócrates, numa troca de cartas, dê uma resposta ~petuosamente patriótica ao rei Artaxerxes. Esquecendo o seu pró­pno juramento hipocrático, Hipócrates diz ao rei: "Não posso curar os bár?aros q?e são inimigos dos gregosº(Hercher, Episto/ographi Graec1, ed. D1dot, p. 290). Faz parte de um curto romance epistolar, que deve pertencer à era romana porque um dos indivíduos envolvidos na correspondência se chama Peto. Por isso, não me surpreenderia descobrir um falsifcador da era imperial atribuindo a Aristóteles simultaneamente a idéia patriótica de deportar os persas e a premoni­ção de um estado universal.

iranianos e gregos 123

IV

Trivialidades desse tipo devem ter espaço na nossa narrativa porque são indicativas da disposição de ânimo em que, durante séculos após Alexandre, os gregos continuaram pensando sobre os persas. O orgu­lho pelas antigas vitórias contra eles permaneceu em termos naciona­listas estreitos. De outro lado, as novas versões de um estado universal proposto por Alexandre e posteriormente pelos romanos inevitavel­mente lembravam a Pérsia como um antecedente. Mas se os persas de outrora subsistiam na imaginação do homem helenístico, os persas contemporâneos estavam quase esquecidos. Poliblo cita palavras que Demétrio de Falero escreveu no início do século m a.e.: clnqfienta anos antes, quem teria acreditado 'que "o nome dos persas teria perecido totalmente - os persas que eJ,'8lll senhores de quase o mundo inteiro?" (29.21.4). Agatarchides de enido, contemporâneo de Polí­bio, escreveu dez livros sobre a Ásia que devem ter Incluído um longo capítulo acerca da Pérsia aquemênida. Pode-se· provar quase ma tema~ ticamente que ele não podia ter tratado em detalhes o Irã da sua época, o Irã do estado parto cada vez mais forte e próspero. Naturalmente temos conhecimento dos árduos esforços dos selêucidas para manter o

· dominio sobre o planalto iraniano que sozinho lhe possibilitava com­petir com o Egito e a Macedônia. Foi provavelmente no reinado de Antíoco IV, na metade do século II a.e., que Ecbátana se transformou numa polis denominada Epiphaneia (Steph. Byz., s.v. Agbatana). Trinta ou quarenta anos depois, os arsácidas da Pártia puseram fim ao domínio selêucida em todas as partes do Irã e consolidaram a sua fronteira ao longo do Eufrates. Durante os dois séculos de luta pelo controle das diversas populações e sociedades do Irã, os selêucidas devem ter tentado reunir informações sobre elas. Sendo assim, não subsiste quase nada dessas informações. Os estudiosos modernos têm de tomar conhecimento por intermédio de observações ocasionais em fontes literárias ou de descobertas etnográficas que no século I a.e. Antíoco de Comagena se. orgulhava de considérar o grande Dario seu antepassado, ou que na Pérsia existiu um rei ou príncipe chamado Artaxerxes, que viveu o bastante para ser registrado entre os Macrobii por Luciano ou Pseudo-Luciano, 15. Naturalmente podemos ser Indu­zidos em erro pelos nossos dados, mas o que temos indica u.ma profunda indiferença dos intelectuais helenísticos - e até dos selêuci­das - para com o ressurgimento de um novo Jrã das ruínas do Irã aquemênida.·

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Essa falta de interesse não era recíproca. Como sabemos, os partos fizeram o possível para se manter em contato com o mundo grego. Alguns dos seus reis se proclamavam filelenos e não usavam barba, ao estilo grego. A era selêucida sobreviveu e a era arsácida que competia com ela era uma imitação. As moedas partas eram gravadas em grego. Os escribas partos abandonaram o aramaico pelo grego como a língua internacional e os indivíduos gregos ascenderam na administração do Estado. A carta real para Selêucida às margens do Euleu (Susa) e os poemas gregos do mesmo local se tomaram peças de exibição de grego correto (Suppl. Epigr. Graecum VII, 1-33). O rei Artavazde da Armê­nia escreveu tragédias e histórias em grego, e a deplorável narrativa do fim de Crasso está para semprn ligada à representação de As bacantes de Eurípides em Artáxata (Plut. Crassus 33). Sem dúvida havia outro lado do quadro que a transformação lenta e complexa do dialeto parto em uma llngua escrita ajuda a encobrir. As lendas irania­nas foram aperfeiçoadas e transmitidas à posteridade; as aventuras de Hércules foram absorvidas em um contexto iraniano e inspiraram algumas das façanhas do herói Rostam. O Professor Minorski e o seu discípulo, o Professor M. Boyce, nos forneceram uma nova orientação a esse respeito (citado em A. Pagliaro-A. Bausaní, La letteratura persiana (1968), 60; 70).

Mas devemos nos restringir ao lado grego. Os súditos gregos dos arsácidas tiveram uma participação ativa na vida intelectual do pais em que viviam, exploraram a terra e registraram a sua história. O que aparentemente os seus antepassados não haviam feito na época dos selêucidas, eles fizeram na época dos panos. A sua ânsia em obter a melhor instrução em grego e a relutância dos bons professores em se aproximar deles são ilustradas por uma narrativa em Plutarco que, apesar de famosa, comporta repetição. O retórico Anficrato de Atenas foi a Selêucia do Tigre como conferencis!Jl visitante, mas quando lhe ofereceram uma cátedra permanente, respondeu que uma estufadeira não conteria um delfim (l.ucullus 22.5).

Apolodoro de Artemisa é o mais conhecido dos escritores gregos da Pártia. Foi uma das principais fontes de Estrabão para a sua terra natal e deve ter vivido nas primeiras décadas do século I a.C. F. Altheim quer também que ele seja a fonte mais importante dos livros partos de Trago Pompeu (Weltgeshichete Asiens 1, p. 2-24, 194 7), mas tudo o que podemos dizer é que basicamente Trogo deve ter aprovei­tado as informações transmitidas por um grego parto da era de Sula (W. W. Tarn, 71,e Gree/cs in Bactria and lndia, 2. ed., p. 45-9, 1951).

· iranianos e gregos 125

Dentre as suas fontes geográficas, Plfnio o Velho tinha Isidoro de Charax, cujo panfleto sobre Estações partas ainda subsiste: também

· era um greco-parto. Por fim, o mesmo Plfnio menciona um certo Dionísio de Charax·que preparou um memorando para Gaio, o filho adotivo de Augusto, por ocasião da missão oriental do ano I a.e. (N.H. 6.141).

Os dados mostram um estudo intensivo da história e geografia partas pelos gregos que viviam na Pártía e também indicam que os romanos o aproveitaram para conhecer os partos. O revés de Carras lhes ensinara uma lição. Não é por acaso que o que temos sobre os partos está principalmente em Estrabão e Trogo, dois escritores da época de Augusto, quando Roma tinha de decidir se convivia ou não com os partos. Os romanos necessitavam das informações dos etnógra­fos gregos para lidar com os partos, assim como necessitaram do conhecimento deles para se instalar na Gália e na Espanha: tiveram de ser trazidos de outros centros gregos. O paralelismo é reforçado quan­do observamos que Posidônio era um estudioso tão notável dos assun­tos partos quanto o era da vida celta. Vários dos seus livros de história -eram dedicados às relações entre a Pártia e os selêucidas, e a agudeza com que apresentou a vida e os costumes partos se equiparava ao estilo dos seus esboços celtas. Novamente foi Ateneu quem reconheceu que as páginas de Posidônío continham ma~rial para nma antologia. Só se pode lamentar que ele tenha limitado a sua antologia aos hábitos dos banquetes partos. Seguramente há coisas mais importantes em Posidô·· nio, mas o episódio da refeição formal na corte parta é bastante bom: "O homem que desfruta do título de amigo do rei não participa da sua mesa mas fica sentado no chão enquanto o rei, acima dele, se reclina num divã alto. Ele come como um cão o que o rei lhe atira" (4.152f-153a; 87 F 5 Jacoby).

Os romanos estudaram a sério os partos e utilizaram historiadores e geógrafos gregos para lhes fornecer as informações necessárias. A propósito, isso explica por que a única informação fidedigna sobre a situação religiosa no Irã durante o período helenístico é encontrada em Estrabão Livro 15. Há um apêndice interessante a essa narrativa. Flávio Josefa, que evidentemente estava a par do interesse romano pelos partos, prometeu repetidamente fornecer mais detalhes sobre eles e os últimos selêucidas em As antiguidades judaicas. Aparente­mente nunca cnmpriu as promessas; cerca de dez vezes, ele diz "como mostramos em outra parte"\ mas a ••outra parte•• se revela parte alguma. A explicação mais simples é admitir que ele pretendia escrever

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126 os limites da helenização

uma história dos últimos selêucidas e dos partos, mas não viveu o suficiente para fazê-lo. Uma história da Pártia foi escrita não muito depois por Arriano, o historiador de Alexandre Magno ..

V

Os gregos helenísticos que viviam fora da Pártia parecem nunca ~er tido um interesse intelectual sério pelo que estava ocorrendo na Párua. Interessaram-se por um pensamento persa incorpóreo, sem qualquer relação com a realidade polftica ou social. O que se difundia no mundo helenístico sob os nomes de Zoroastro e dos magos era uma mistura de algumas informações genuínas com muita imaginação arbitrária. Grupos de iranianos que viviam na Ásia Menor .têm sido considerad~s responsáveis por pelo menos algumas das doutrtnas que eram transmi­tidas sob o nome dos magos. Não é impossível. Estrabão (15.3.15, p. 733), Dion Crisóstomo (36.39) e Pausânias (5.27.5) afirmaram mais ou menos explicitamente que haviam encontrado os magos do Oeste. Os persas, como os judeus, talvez tenham apreciado escrever o que acreditavam que os seus vizinhos gregos estivessem muito _desejosos de ouvir. Mas as origens e o desenvolvimento da lenda ocidental da sabedoria persa pouco têm a ver com essa diáspora persa no Ocidente. As origens remontam à segunda metade do século V a.e., quando Xanto o Lfdio falou sobre Zoroastro e o datou de seis mil anos antes. Xanto também se referiu aos magos sem aparentemente relacioná-los com Zoroastro (F.Gr.H. 765 F 31-2 Jacoby). Como Xanto também falou sobre Empédocles (fr. 33) e Empédocles deixou um paema inacabado sobre as guerras persas (Dióg. Laérc. 8.57), suspeitou-se com mais fantasia do que com necessidade de que também Empédocles falou sobre Zoroastro. Naturalmente Heródoto tinhJJ. conhecini'ento dos magos como uma tribo médica, mas não menciona Zoroastro, e mago era um termo corrente no grego do século V para designar curandeiro. Em Ctésias, Zoroastro se tornou rei da Bactriana cercado por magos e, no final.do século I a.e., Trogo Pompeu ainda repetia essa versão (Justino 1.1.9). As alusões a Zoroastro devem ter se tornado um~ coisa comum com os historiadores do século IV. Teopompo sabia que Orrnuzd e Ahriman terilim, cada um, de governar o mundo durante três mil anos antes do início da idade do ouro em que os homens perderão as suas sombras (115 F 65 Jacoby). Dinon, o historiador da Pérsia, ligou etimologicamente Zoroastro com as estrelas (690 F 5 Jacoby).

iranianos e gregos 127

Mas foi Platão quem colocou a sabedoria persa completamente na . moda, embora o lugar exato de Platão no caso seja ambíguo e parado­

xal. Platão parece jamais ter mencionado Zoroastro. O aparecimento de Zoroastro em Alcibiades Maior (122a) é ~penas um dos muitos argumentos que tornam esse diálogo quase certamente forjado. É também muito duvidoso se Platão pretendia que o mito de Er fosse considerado um mito oriental genuíno, mas a fama das ligações de Platão com a Caldéia e os magos se difundiu. O Academicorum lndex Herçulanensis, que no máximo pertence ao século I a.C., tem um caldeu junto ao leito de morte de Platão (ed. Mekler, p. 13), ao passo que Sêneca sabe que alguns magos se achavam em Atenas quando Platão morreu (ep. 58.31). O eJ?icurista irônico Coiotes, que viveu duas gerações após Platão, zombava dos seus .supostos empréstimos de Zoroastro (Proclo,/n Rempubl.2.109 Kroll),o que indica que por volta de 280-250 a.e. a ligação era uma crença bem firmada. A essa altura, a Academia se interessara cada vez mais pelo saber oriental. Era portanto natural perguntar se Er era Zoroastro -· uma questão que foi amplamente discutida na antiguidade, como sabemos por Proclo. Den­tre os discípulos diretos de Platão, Philippus de Opus, se for ele o autor de Epinomis, e Hcrmodorus escreveram sobre teologia astrológica e misticismo; Heráclides do Ponto deu o titulo de Zoroastro a uma obra - talvez um diálogo - destinada a manifestar a sua divergência com Platão sobre questões de filosofia natural (Plu~Adv. Colot. 14.11 l~A); Eudemo tinha conhecimento da importância do Tempo nas doutrrnas dos magos (Bidez-Cumont; Les Ma8es Hellénisés II, 69 n. 1:5). Aris-

. tóteles nunca escreveu o livro sobre os magos que lhe foi atribuído: provavelmente era obra de Antlstenes, o peripatético do século II. Mas ele parece ter situado Zoroastro seis mil anos antes da morte de Platão (Plfn. N.H. 30.3), datação que também é atribuída a 1iudoxo, apesar de 1iudoxo ter morrido antes de Platão: outro exemplo de como as infor­mações sobre esses assuntos {Ío<lem ser falaciosas. Não temos, porém, nenhuma razão especial para .duvidar de que Aristóteles considera.va os magos mais antigos, e portanto presumivelmente mais respeitáveis, do que os sacerdotes egípcios. O seu discípulo e amigo Aristóxeno, que originalmente viera de círculos pitagóricos, sabia que Pitágoras fora discípulo do caldeu Zaratas: outra versão do nome Zaratustra (fr. 13 Wehrli). Esse é o indício mais antigo de que tenho conheci­mento para a total confusão entre sacerdotes caldeus e magos (as . dúvidas de F. Jacoby, F.Gr.H. 273 F 94, me parecem injustifica: das). Por volta do século I a.e., quando provavelmente foi escrito o

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128 os limites da helenização

Axiochus pseudoplatônico, era comum atribuir a um mago o tipo de infonnação correta sobre o Outro Mundo. Pouco depois, em Quod omnis probus liber sit (11.74), o menos judeu dos seus tratados, Fílon pode se referir ãs doutrinas persas sobre as virtudes de Deus como algo que todos deviam conhecer. ·

Retive o máximo que pude o nome de Íiudoxo pois há muito pouco que se possa dizer honestamente sobre o homem a quem se tem atribuído um papel central na divulgação de uma cultura persa a política e meio fantasiosa aos gregos. Íiudoxo viveu no Egito durante dezesseis meses, aparentemente com uma recomendação do rei Agesilau de Esparta para o rei Nectanebo; mas nunca visitou a Pérsia. O seu conhecimento do pensamento zoroastriano parece ter se limitado à generalidade sobre o conflito entre o bem e o mal. Cícero o considerou uma grande autoridade em astrologia, mas exatamente o que ele sabia é um mistério. Obras sobre prognósticos circulavam sob o seu nome, e Sexto Empírico conheceu uma delas (Adv. Mar hem :5.1). ,Atribuiu-se a ele um calendário com informações meteorológicas. Ainda temos de avançar muito antes de podennos nos convencer de que :Êudoxo é o grande orientalizador pintado por Wemer Jaeger e, depois dele, por Cumont e Bidez.

O que parece ter ocorrido é que o nome de Zoroastro, assim como o de Hermes Trimeglsto, se tomou o centro de atração para qualquer tipo de especulação que tivesse algo a ver com astrologia, a vida após a morte e, de modo mais geral, com os mistérios da natureza. Eu não poderia indicar uma linha divisória entre o que se considerava egípcio e o que se considerava caldeu, mesmo na forma embaralhada em que caldeu e zoroastriano se tomaram sinônimos. Mas especulações novi­dadeiras obtiveram prestígio da admiração acadêmica e peripatética pela sabedoria de Zoroastro e, sem dúvida, misturaram idéias platôni­cas com aquelas supostamente orientais. Plínio diz que Herrnippus, um erudito peripatétíco que viveu por volta de 200 a.C., ''comentou dois milhões de versos deixados por Zoroastro, além de completar índices para as suas várias obras" (N.H. 30.4). Conhecemos Hermippus como biógrafo. Ele não goza da reputação de ser o erudito mais meticuloso da sua época, mas escreveu um livro sobre os magos e tinha uma teoria precisa acerca das origens orientais do saber grego. Achava, por exemplo, que Pitágoras se apropriara das doutrinas dos judeus e dos trácios (Josefo e. Apion. 1.165). A informação sobre os dois milhões de versos - ou seja, 800 volumes - deve provir do próprio Hennippus. Deve significar que em Alexandria estavam circulando pelo menos

Iranianos e gregos 129

algumas obras que pretendiam ser zoroastrianas. Não é muita a ajuda que pode vir da narrativa em Dlnkart (Bidez-Cumont, Mages Helléni­sés II, 137) de que o ··malfadado vilão Alexandre .. fez com que o A vesta fosse traduzido para a língua grega. Eti também não confiaria muito na passagem de Syncellus (271 D, p. 516 Bonn) de qucPtolomeu Filadelfo fez com que livros latinos, egípcios e caldeus fossem tradu­zidos para a sua biblioteca, Só tenho conhecimento de uma afirmação séria de que os Gathas eram lidos no mundo helenístico-romano. Foi feita por David Flusser para Yasna 44.3-:5 em comparação com uma passagem cristã nos Oráculos si bifinos VIII, 11. 439-55 (Numem, Supl. XXI (1972), 171-5). Embora a semelhança apontada por Flusser seja real, prova apenas que a imagfstica religiosa se propaga. Mas alguns dos livros que mais tarde se difundiram sob o nome de Zoroastro ou de alguns magos podem já ter sido forjado antes da época de Hermip­pus. Quatro livros de Zoroastro sobre a Natureza e dedicados ao rei Ciro eram conhecidos por Proclo (ln Rempubl. 2.109 Kroll). Uma edição diferente desse texto estivera à disposição de Clemente de Alexandria (Strom. 5.14.103.2). Cinco livros de Zoroastro sobre As- -trologumena são mencionados pelo Suda. Nenhum desses livros pode ser datado com segurança de antes de 200 a.C. Seja como for, os quatro livros sobre Natureza são uma obra escrita por alguém que conhecia a República de Platão. As falsificações feitas em nome de Zoroastro e de outros magos devem ter sido freqOentes. Temos a sorte de ser infpnnados por· Porffrio de que Plotino o incumbiu de demonstrar a falsificação de um Apocalipse atribuído a Zoroastro (Vita Plot. 16): o seu êxito em descobrir a verdadeira data do Livro de Daniel deve ter sido o motivo da nova tarefa. Podemos ter certeza de que Porffrio cumpriu a sua parte com resultados devastadores. Fica claro em Plfnio (N.H. 30.8) que ele tinha conhecimento de um livro sob o nome do mago Osthanes, e posterionnente circularam livros sob esse nome. Os escritores Justino e Lactâncio citam uma profecia sob o nome do mago Hystaspes. O fato de que as autoridades romanas proibiram a sua circulação é suficiente para provar que pertencia ãs profecias anti-ro­manas características dos séculos II e I a.e. (Bidez-Cumont, Mages

· Hellénisés I, 215-17). Podemos quase visualizar o nascimento de uma dessas falsificações

na composição de Borysthenicus de Dion Crisóstomo, no fmal do século I d.C. O seu hino mago talvez imite um texto persa, ou antes pseudopersa, e de certa fonna é secundado pelo baixo-relevo mitraísta posterior de Dieburg, mas, da fonna como o temos, é criação do próprio

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Dfon (a. D. Noel,, Essays on Re/igion and the Ancient Word Il, 607). ~sas falsificaç.ões dependiam da teoria de que os pensadores gregos Unham aprendido algumas verdades fundamentais com os sábios orientais, teoria que, por volta de 300 a.e., foi aplicada por Hecateu de Abdera ao Egito (Diodor. 1.96-8) e estendida a todo o Oriente por Sotion, o escritor de biografias de filósofos gregos que conhecemos co11;10 uma das principais fontes de Diógenes Laércio. Na época de Sotion (200 a.C.), Demócrito se tornara outro estudioso aplicado do saber persa; de fato, se dizia· que o próprio Xerxes lhe proporcionara magos e caldeus como professores (Dióg. Laérc. 9.34). De outro lado, ~as falsificações confirmavam a teoria da qual derivavam a existên­cia. De certa forma, não é muito importante se pretendiam ser egípcias ?u persas. Embo~ as falsificações de Hermes Trimegisto indicassem ~teresse pelo Egito ( ou talvez o orgulho nacional dos egípcios hele­mza~os) e as falsificações de Zoroastro indicassem interesse pela Pérsia (ou talvez o orgulho nacional dos persas helenizados), os leito­res provavelmente assimilavam pseudo-Hermes juntamente com pseu­.do-Zoroastro e, de fato, pseudo-Abraão, sem preferências nacionais. O que importava era a impressão total da dependência da cultura grega do saber bárbaro. Havia, além disso, a implicação suplementar de que tal saber bárbaro era mais bem assimilado nas suas fontes (os pseudo­textos) do que nos seus derivados gregos: Zoroastro e Hermes Trime­gisto deviam ser superiores a Platão e Pitágoras se eram os seus mestres.

Es_ta~a se aproximando o tempo em que o pitagórico ou platônico Numeruo de Apaméia poderia fazer a pergunta: "O que é Platão se não um Moisés aticizado?'' (fr. 1 O, p. 130 Leemans). Essa pergunta salien­tava a conseqüência histórica mais óbvia da subordinação do pensa­mento grego ao saber oriental, ou seja, a substituição da conquista da verdade por meio da ra7.ão pela aquisição da verdade pot meio da ~evelação. Mas não é essa conseqilência, apesar de importante, que me mter~a agor~. É o processo que levou a essa conclusão que eu gostaria de de1Xar claro, Começamos com os intelectuais gregos se defro?tando .com a Pérsia como um estado com organização politica p~p~a, códi~o moral próprio e, indistintamente em segundo plano, rehgiao própna. Aos poucos, por bons ou maus motivos, o interesse pel~ org~nização poHtica diminuiu - ao passo que o código moral persa era tdea(izado além dos lim!tes da credibilidade. O passo seguinte, que é postenor a Alexandre, foi concentrar a atenção rio saber dos magos e de seu Hder espiritual, Zoroastro. Zoroastro se tornou um grande

iranianos e gregos 131

mestre sem obstáculo porque na verdade ninguém se importava em saber o que ele fora ou o que escrevera ou verdadeiramente inspirara, Esse Zoroastro e esses magos eram em grande parte obra da imagina­ção dos próprios gregos ou de estrangeiros helenizados (talvez ligados às comunidades iranianas do Ocidente). Têm direito a atenção especiaí devido a sua ligação singular com os pensadores das escolas platônica

. e aristotélica. Mas, consideradas em si mesmas, as falsificações zo­roastrianas vão se juntar a todas as·outras falsificações que, no período helenístico, consolavam e distraíam o indivíduo ao lhe proporcionar noções de pureza, da vida após a morte, da dependência das estrelas e de técnicas mágicas: as falsifica_ções zoroastrianas eram apenas uma categoria entre muitas no pr_ocesso de forte reviravolta dos interesses poHticos da Grécia clássica. Por trás das falsificações naturalmente estava a realidade viva e poderosa do zoroastrismo genuíno, mas as falsificações eram apenas a sua pálida sombra.

Não tenho certeza de que se possam calcular as conseqliências de se ser alimentado com falsificações. Mas tenho certeza de que faz

. diferença se uma civilização, como a civilização helenística, não só perde a confiança nos seus próprios princípios; mas admira as próprias falsificações como manifestações de uma civilização estrangeira. Isso jamais teria ocorrido se os gregos tivessem cuidado mais de aprender línguas estrangeiras. Se tivessem lido os textos babilônios, persas e egípcios no original, as suas reações teriam sido num nível diferente. Os romanos nunca tiveram o problema de comparar Pitágoras e Platão com Hermes Trimegisto ou Zoroastro porque não tinham nem Pitágo­ras nem Platão. Mas nunca se esqueceram de que a Pérsia e certamente o Egito eram países reais que apresentavam problemas políticos. Além disso, quando tiveram de se voltar para civilizações. estrangeiras, escolheram a dos gregos, cuja língua era acessível; Por fim - e isso também é curioso -, fizeram apenas uma aquisição no mercado persa de idéias: foi Mitra. O que o mitraísmo era antes da sua romanização é uma discussão em que não pretendo entrar. Mas o mitraísmo romano, com o seu sistema de colégios, hierarquia de iniciados, a provável ausência de sacerdotes proftssionais, a ênfase em luta e vitória e a sua crueza intelectual, em exatamente o oposto do logro refinado que os gregos helenísticos estavàm aplicando a si mesmos ao se dedicarem ao zoroastrismo. Era um culto verdadeiro e reforçava a .lealdade dos soldados, funcionários e negociantes ao Estado romano. No Egito romano há muitos indícios do culto recente de Mitra, mas no Egito ptolomaico, que me conste, o único indício de um masdeísta autenti-

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camente praticante é o epigrama de Dioscórides, do século III a.C., em que um escravo persa suplica a seu amo que "não polua o fogo" em seu corpo e não derrame água em seu cadáver (Anth Pai. 7.162). Se Mitra, segundo Luciano, não falava grego (Deorum Conci!. 9), certa­mente falava latim.

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Novamente nos defrontamos com o dilema da civilização helenís­tica. Ela possuía todos os meios para conl1ecer outras civilizações -exceto o domínio das línguas. Possuía lodos os sinais de uma classe alta vitoriosa e dominante - exceto a confiança no próprio saber. Muitos dos gregos voltados para a política escolheram Roma; muitos dos voltados para a religião foram para uma Pérsia imaginária e um Egito imaginário. Com o declínio dos êxitos políticos do helenismo, as questões duvidosas aumentaram e estimularam os fracos de espírito e os inescrupulosos a oferecer saídas fáceis em textos que não podiam ser genuínos.

Os romanos tiraram partido da cooperação técnica grega para for­mar o seu conhecimento das terras bárbaras e, por fim, conquistar os próprios gregos. Mas tinham de se colocar, intelectualmente falando, em uma posição muito forte por meio da aprendi,.agem do grego e voltando o conhecimento do grego para a criação de cultura italianil comum na língua latina. Os gregos exploraram o mundo dos celtas, dos judeus, dos persas e dos pró'prios rornanos. Os romanos vcnccrntn os celtas, os judeus e os próprios gregos. Após terem sido derrotados pelos persas ou partos, tomaram cuidado, com a ajuda de historiadores e geógrafos gregos, pnrn cvitnroutro revés e scsnírnrn bc1n pelo rncnos por três séculos. Levamos a nossa narrativa somente até a época de Augusto e, por isso, não se espera que ~ibamos o que acoriteceu, para os gregos e pnn1 os ronu1nos,i quando uma nova seita bárbara resolveu pregar em grego aos gentios. Permitam-me concluir aplicando à civi-

. lização helenística as palavras sobre o protestantismo que se encon­tram numa conferênda de Arthur Darby Nock, o grande erudito de Cambridge com quem mais aprendi sobre o meu presente tema. O helenismo, eu diria nas palavras de Nock, "tinha de se postar diante do mundo absolutamente sobre os próprios méritos, como um acordo franco e deliberado entre a tradição, ou, se preferirem, a revelação e à razão, e quando se faz tal acordo, não se pode gritar: ·Pare"· (fssays on Religion and the Ancient Wor/d I, p. 339).

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