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O Processo de Logística Reversa dos Pneumáticos Inservíveis O N L I N E UNIGRANRIO O N L I N E

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O Processo de Logística Reversa dos Pneumáticos Inservíveis

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Olá, seja bem-vindo a unidade 8.Hoje falaremos sobre o seguinte assunto:Utilização de Borracha de Pneumáticos

em Compostos AsfálticosPreparado(a) para começar

os estudos?

Boa aula!

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OBJETIVOS

TÓPICOS

ABORDADOS

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I. Mostrar o desenvolvimento histórico da utilização de borracha de pneumático em compostos asfálticos, indicando como um subproduto gerado pela grande utilização de um determinado tipo de modal (o rodoviário, gerado pela má divisão da matriz de transporte brasileira), pode se tornar um grande aliado nos custos de implementação da infraestrutura que o Brasil necessita.

I. A utilização de borracha oriunda de pneumáticos inservíveis em compostos asfálticos; os modos de utilização da borracha; as vantagens econômicas na implementação de borracha em compostos asfálticos; as vantagens ecológicas do uso do asfalto- borracha; as vantagens na melhoria da infraestrutura das rodovias e estradas; a diminuição dos custos de projeto de infraestrutura; e os problemas para implementação da tecnologia do uso da borracha no composto asfáltico.

Com o desenvolvimento da tecnologia para criação de produtos ecologicamente adequados, surgem novas utilizações para os resíduos que são gerados pelas diversas cadeias produtivas existentes. Uma das mais inovadoras aplicações de resíduos descritas por Donato (2008) é a utilização de borracha dos pneus provenientes da reciclagem em compostos asfálticos.

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De acordo com Bertollo & Fernandes (1998), vários tipos de pavimentação apresentam, após um curto espaço de utilização das vias, defeitos de composição que aparecem pela pista de rolamento, o que ocasiona o aumento da insegurança, uma menor capacidade de dirigibilidade e aumento dos custos para os usuários destas vias, causados pelas necessidades de aumento dos custos com manutenção em seus veículos, bem como no aumento de consumo. Quando há utilização de materiais com maior qualidade, que apresentem custos mais acessíveis e com uma durabilidade maior, torna-se uma das mais importantes formas de viabilizar a implantação de novas rodovias, além de se tornarem alternativas financeiramente mais viáveis para as reformas das vias existentes.

De acordo com Choubane et al (1999), a primeira utilização da borracha em compostos asfálticos foi realizada nos Estados Unidos, em 1963, pelo Engenheiro Charles McDonald, que deu início à pesquisas em que identificou a borracha como uma material altamente elástico e que, ao serem usados em compostos para pavimentações, que utilizava partes de pneus triturados adicionados aos ligantes asfálticos, trazia características positivas ao pavimento aplicado nas vias.

De acordo com Oda (2000), a utilização da borracha de pneu reciclada na pavimentação das vias através da massa asfáltica é uma tecnologia que ainda está em crescimento e que possui grande capacidade para expansão.

No Brasil, este potencial se mostra ainda mais promissor, pois há uma necessidade de melhoria da infraestrutura das vias e há, na visão do governo, em todas as suas esferas, uma necessidade de investimentos na área.

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Esta aplicação pode ser tornar, no longo prazo, uma excelente opção em termos de custos de obras e em redução do passivo ambiental causado pelo descarte inadequado de pneus. De acordo Bacchi & Caixeta-Filho (2011), esta técnica de utilização de pó de borracha é de utilização recente no Brasil e ainda a grande potencial de crescimento.

De acordo com Bertollo & Fernandes (1998), a mistura do pó de borracha ao composto asfáltico aumenta o custo do material de pavimentação em 40%. Porém, a adição do pó de borracha a massa asfáltica eleva a durabilidade do pavimento em até cinco vezes se comparado ao asfalto.

Os estudos demonstraram também que, para cada quilometro de pavimentação em que o pó de borracha é utilizado, são usados no mínimo 500 pneus que poderiam ser descartados de maneira inadequada no meio ambiente e, dependendo da técnica utilizada (processo úmido), podem ser utilizados até 1000 pneus, o que aumenta, do ponto de vista ambiental, a potencialidade da utilização da técnica. Por esta razão, a mistura de pó de borracha no asfalto mexeu, de maneira positiva, com

todo o mercado de reciclagem de pneus no país, pois, anteriormente a técnica do asfalto borracha, o maior percentual dos pneus inservíveis era destinado as cimenteiras para serem usados como combustíveis.

Figura: Processo de fabricação do asfalto borracha.Fonte: www.odiario.com

1 Peneumáticos Usados

3 A borracha é misturado ao asfalto

2 Peneus processos e transformados em pedaços de borracha

4 Agregado 5 O agregado é aquecido em tambores

6 A mistura de asfalto e borracha é adicionada ao agregado

7 O asfalto borracha é estocado em tanques

8 O produto é enviado utilizando-secaminhões

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Conforme destacado por Oda (2000), as vantagens da utilização do asfalto borracha são inúmeras e estão descritas abaixo:

• Reaproveitamento dos pneus inservíveis, o que reduz o impacto ambiental e melhora a qualidade do meio ambiente.

• O uso de pneus inservíveis como insumos para asfalto-borracha reduz a poluição visual que o descarte inadequado de pneus inservíveis causa.

• Com o uso do pó de borracha na pavimentação de vias, ocorre o fortalecimento das empresas de reciclagem especializadas em pneus existentes e o surgimento de novas empresas, o que aquece o mercado nacional de reciclagem.

• Criação de novos empregos diretos por este aquecimento causado no mercado de reciclagem, além dos empregos indiretos criados ligados à coleta, recolha e movimentação de pneus inservíveis.

• Com a criação de novas empresas e novos empregos, há um aumento da arrecadação tributária por parte do poder público.

• Controle maior sobre os focos criadouros de insetos que são prejudiciais à saúde, o que melhora as condições da sociedade no entorno das antigas áreas de despejo inadequado de pneus inservíveis.

• Ocorre à diminuição da quantidade de pneus inservíveis armazenados em estoque, o que reduz sensivelmente a possibilidade de incêndios e acidentes de maiores proporções.

• Redução das quantidades de pneu inservíveis depositadas em aterros sanitários, sob qualquer forma de resíduo.

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• Mitigação do assoreamento de rios, lagos, lagoas e baías, causados pelo descarte inadequado de pneus nestas regiões.

• Preservação das fontes não renováveis de geração de insumos, como o petróleo, pois há substituição de parte do asfalto por pó de borracha e partes de pneus inservíveis picotados, além da maior durabilidade do pavimento que é alcançada com a utilização do asfalto-borracha

• Maior aderência dos veículos ao asfalto nos dias de chuvas, o que gera a redução do número de acidentes nas vias

• Maior aderência geral, causada pelo efeito de emborrachamento da via. Isto aumenta a segurança geral dos usuários da via sob as diversas ações ambientais, em qualquer tipo climático

• Maior resistência a rupturas, pelo aumento da flexibilidade do asfalto

• A mistura asfáltica com adição de pó de borracha torna o composto asfáltico mais resistente à ação química causada pelo derramamento, eventual ou causado por acidentes, de combustíveis, óleos lubrificantes e outros líquidos, dos veículos que utilizam a via

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• A adição de pó de borracha ao ligante asfáltico aumenta a resiliência do composto asfáltico; este processo se dá porque ocorre o aumento do ponto de amolecimento do pavimento, melhorando, consequentemente, as propriedades de deformação do composto asfáltico final. Isto aumenta significativamente o tempo de vida do pavimento, diminuindo os custos totais com a manutenção da via, aumentando a produtividade das empresas que utilizam as vias pavimentadas com asfalto-borracha e melhorando os aspectos econômicos da cadeia de distribuição.

• Menor sensibilidade a temperaturas extremas, o que aumenta a durabilidade do composto asfáltico.

• A mistura apresenta maior coesão, o que reduz o número de rachaduras na via;

• Aumento do volume total final da massa asfáltica.

• Não apresenta problemas de compatibilidade com pavimentos de origem betuminosa, o que evita problemas de corrosão nos equipamentos de construção rodoviários. Este problema com outros resíduos que foram testados na mistura asfáltica.

• O manuseio do asfalto-borracha oferece baixos riscos aos operadores de pavimentação viária.

• Não oferece surpresas nos projetos de pavimentação, pois a borracha adicionada ao composto asfáltico, torna-se uma mistura de comportamento homogêneo, o que facilita a sua aplicação.

• O custo associada a sua utilização está relacionado ao custo do transporte dos pneus inservíveis do ponto de coleta até os locais em que serão processados para a utilização na mistura asfáltica.

• Este tipo de resíduo facilita o projeto e desenvolvimento de equipamentos que são utilizados para a trituração e picotagem dos pneus, pois estes possuem dimensionamento geométrico padronizado.

• Pelo poder de resiliência do composto asfáltico, as camadas pavimentadas podem ser mais finas, o que diminui o tempo de construção das vias.

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• A mistura asfáltica com adição de pó de borracha melhora as condições de conservação do ligante asfáltico e dos agregados que são adicionados ao processo de pavimentação.

• O uso do asfalto-borracha diminui a existência nas vias de trilhas de roda, o que melhora a dirigibilidade ao longo do segmento.

• Quando o asfalto-borracha é aplicado em regiões de clima muito frio, há uma redução das fraturas causadas por congelamento, pois a resistência do composto asfáltico aumenta.

• Nas vias com aplicação do asfalto-borracha, estudos comprovam uma sensível redução do ruído de tráfego.

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9• As vias pavimentadas com asfalto-borracha demonstram maior resistência às deformações permanentes quando submetidas a altas temperaturas. Isto se torna uma propriedade importante, principalmente em situações de acidentes nas vias causadas por incêndios, pois a estrutura pavimentada se mantém em melhores condições para serem usadas pelas equipes de socorro por um período de tempo maior.

• Esta mistura aumenta a durabilidade do composto asfáltico e, consequentemente, das vias pavimentadas que as utilizam, pois o ligante asfáltico absolve as características antioxidantes e de inibição dos raios ultravioletas presentes na borracha vulcanizada dos pneus, melhorando a resistência ao envelhecimento do pavimento. Isto acontece também por conta do efeito de emborrachamento do pavimento, pois ele melhora a impermeabilização do mesmo, ocasionando uma maior proteção das diversas camadas do pavimento.

Apesar da técnica de utilização do asfalto borracha ser recente no Brasil, podem ser identificados diversos aspectos positivos para o aumento de seu uso. Os

benefícios, do ponto de vista ambiental, econômico e social, revelam as oportunidades associadas a sua aplicabilidade em larga escala no cenário nacional. Além disto, as vantagens técnicas encontradas na utilização da borracha oriunda de pneus inservíveis no novo ligante são muito interessantes para a indústria de pavimentação e desenham um cenário bastante interessante para a economia nacional.

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Isto se deve pelas perspectivas de gastos totais envolvidos com o valor final de cada obra e sua respectiva durabilidade. Além disto, é uma ótima solução para a destinação de resíduos sólidos oriundos de pneus inservíveis, pois gera uma rentabilidade excelente. Isto porque agrega valor ao produto, possibilitando aos produtores de pneus uma maneira de produzir seus produtos e observar, do ponto de vista ambiental e econômico, que, ao final da sua vida útil, ele poderá ser reaproveitado para outro processo sem a contaminação do meio ambiente.

Algumas questões ainda precisam ser trabalhadas de maneira mais específica para que haja uma correta regulamentação e utilização da técnica. De acordo com Bertollo & Fernandes (2002), alguns pontos podem se tornar barreiras para a utilização do pó de borracha como insumo para o ligante asfáltico, conforme descrito abaixo:

• Atualmente, existe a necessidade de aquisição de equipamentos especiais para o processamento dos pneus inservíveis. Os equipamentos disponíveis no mercado nacional para esta tarefa tem os custos de aquisição e aluguel ainda elevados, o que encarece o custo final do produto e, também, inibe a compra pelas empresas de reciclagem que tentam expandir os seus negócios.

• Não existe uma padronização sobre os critérios de dosagem de pó de borracha no composto asfáltico. Isto torna os projetos ainda muito variáveis do ponto de vista de custo final e de durabilidade. Maiores estudos devem ser feitos nesta área para que sejam definidas quais os percentuais de utilização do pó de borracha que maximize a durabilidade do pavimento e que minimizem os custos associados aos custos do projeto.

• Por conta do processo de transporte ainda ser um dos principais fatores que aumentam os custos dos produtos no cenário nacional, há uma necessidade de se transportar do ponto de coleta para o ponto de transformação a borracha picada, para que ocorra a melhor ocupação (cubagem) dos veículos transportadores. Porém, os custos pagos pelo quilograma da borracha picotada ainda está muito elevado em relação aos preços praticados no mercado internacional. Para fins comparativos, o valor da borracha picada no mercado internacional é cerca de 35% mais barata que no mercado brasileiro.

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Nesta unidade de estudo foi explorada o uso da borracha oriunda de resíduos de pneumáticos inservíveis na composição de asfalto (asfalto borracha), que pode ser usado para a redução dos custos de construção e manutenção de estradas e rodovias. Isto demonstra que, boa parte dos resíduos gerados pelas atividades produtivas e de distribuição logística podem ser transformadas em benefícios para a própria sociedade.

Artigo - Di Giulio, Gabriela. “Vantagens ambientais e econômicas no uso de borracha em asfalto.” Inovação Uniemp 3.3 (2007): 12-15. http://inovacao.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-23942007000300008&lng=&nrm=iso

Artigo - Oda, Sandra. Análise da viabilidade técnica da utilização do ligante asfalto-borracha em obras de pavimentação. Diss. Universidade de São Paulo, 2000. http://www.geocities.ws/sandraoda05/oda_capa1.pdf

Vídeo – Cidades e Soluções – O uso do asfalto borracha - https://www.youtube.com/watch?v=X1I_aAy38XgVídeo - Brasil Caminhoneiro – Pneus velhos viram asfalto ecológico para estradas - https://www.youtube.com/watch?v=dwV78wxqaj0

DONATO, Vitório. Logística Verde: Uma abordagem sócio-ambiental. São Paulo. Ed. Ciência Moderna. 2008.

LEITE, Paulo Roberto. Logística Reversa: Meio ambiente e competitividade. 2ª edição. São Paulo. Ed. Pearson. 2009.

MOURA, Luiz Antônio Abdalla de. Qualidade e Gestão Ambiental: sugestão para implantação das normas ISO 14.000 nas empresas. 3ª edição. São Paulo. Ed. Juarez de Oliveira. 2002