Catecismo da igreja católica melhor versão

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  • 1. CATECISMODA IGREJA CATLICA

2. CONSTITUIO APOSTLICAFIDEI DEPOSITUM Para a publicao do Catecismo da Igreja Catlicaredigido depois do Concilio Vaticano IIJOO PAULO II, BISPO SERVO DOS SERVOS DE DEUSPARA PERPTUA MEMRIAAos venerveis irmos, cardeais, arcebispos, bispos,presbteros, diconos e resstantes membros do povo de Deus1. INTRODUOGUARDAR O DEPSITO DA F a misso que o Senhor confiou sua Igreja e que elacumpre em todos os tempos. O Conclio Ecumnico Vaticano II, aberto h trinta anos por meupredecessor Joo XXIII, de feliz memria, tinha como inteno e como finalidade por emevidncia a misso apostlica e pastoral da Igreja e, fazendo resplandecer a verdade doEvangelho, levar todos os homens a procurar e acolher o amor de Cristo, que excede toda acincia (cf. Ef 3,19).Ao Conclio, o Papa Joo XXIII tinha confiado como tarefa principal guardar e apresentarmelhor o precioso depsito da doutrina crist, para o tomar mais acessvel aos fiis de Cristo e atodos os homens de boa vontade. Portanto, o Conclio no devia, em primeiro lugar, condenar oserros da poca, mas sobretudo empenhar-se por mostrar serenamente a fora e a beleza dadoutrina da f. "Iluminada pela luz deste Conclio dizia o Papa a Igreja... crescer em riquezasespirituais...e, recebendo a fora de novas energias, olhar intrpida para o futuro... E nossodever... dedicar-nos, com vontade pronta e sem temor, quele trabalho que o nosso tempo exige,prosseguindo assim o caminho que a Igreja percorre h vinte sculos."Com a ajuda de Deus, os Padres conciliares puderam elaborar, em quatro anos de trabalho, umconjunto considervel de exposies doutrinais e de diretrizes pastorais oferecidas a toda aIgreja. Pastores e fiis encontram ali orientaes para aquela "renovao de pensamentos, deatividades, de costumes e de fora moral, de alegria e de esperana, que foi o objetivo doConclio"Depois de sua concluso, o Conclio no deixou de inspirar a vida da Igreja. Em 1985 pudeafirmar: "Para mim que tive a graa especial de nele participar e colaborar ativamente em seudesenvolvimento o Vaticano II foi sempre, e de modo particular nestes anos de meuPontificado, o constante ponto de referncia de toda a minha ao pastoral, no conscienteempenho de traduzir suas diretrizes em aplicao concreta e fiel, no mbito de cada Igreja e daIgreja inteira. E preciso incessantemente recomear daquela fonte"2 3. Neste esprito, em 25 de janeiro de 1985, convoquei uma Assemblia Extraordinria do Snododos Bispos, por ocasio do vigsimo aniversrio do encerramento do Conclio. A finalidade dessaAssemblia era celebrar as graas e os frutos espirituais do Conclio Vaticano II, aprofundar seuensinamento para aderir melhor a ele e promover seu conhecimento e sua aplicao.Nessa ocasio, os Padres sinodais manifestaram o desejo "de que seja composto um Catecismoou compndio de toda a doutrina catlica, tanto em matria de f como de moral, para que sejacomo um texto de referncia para os catecismos ou compndios que venham a ser preparados nasdiversas regies. A apresentao da doutrina deve ser bblica e litrgica, oferecendo ao mesmotempo uma doutrina s e adaptada vida atual dos cristos". Depois do encerramento do Snodo,fiz meu este desejo, considerando que ele "corresponde verdadeira necessidade da Igrejauniversal e das Igrejas particulares".Como no havemos de agradecer de todo o corao ao Senhor, neste dia em que podemosoferecer a toda a Igreja, com o ttulo de Catecismo da Igreja Catlica, este "texto de referncia"para uma catequese renovada nas fontes vivas da f?Depois da renovao da Liturgia e da nova codificao do Direito Cannico da Igreja Latina edos cnones das Igrejas Orientais Catlicas, este Catecismo trar um contributo muito importantequela obra de renovao da vida eclesial inteira, querida e iniciada pelo Conclio Vaticano II.2. ITINERRIO E ESPRITO DA REDAO DO TEXTOO Catecismo da Igreja Catlica fruto de uma vastssima colaborao: foi elaborado em seisanos de intenso trabalho, conduzido num esprito de atenta abertura e com apaixonado ardor.Em 1986, confiei a uma Comisso de doze Cardeais e Bispos, presidida pelo senhor CardealJoseph Ratzinger, o encargo de preparar um projeto para o Catecismo requerido pelos Padres doSnodo. Uma Comisso de redao, composta por sete Bispos diocesanos, peritos em teologia eem catequese, coadjuvou a Comisso em seu trabalho.A Comisso, encarregada de dar as diretrizes e de vigiar o desenvolvimento dos trabalhos, seguiuatentamente todas as etapas da redao das nove sucessivas composies. A Comisso deredao, por seu lado, assumiu a responsabilidade de escrever o texto e inserir nele asmodificaes pedidas pela Comisso e de examinar as observaes de numerosos telogos,exegetas e catequistas, e sobretudo dos Bispos do mundo inteiro, a fim de melhorar o texto. AComisso foi sede de intercmbios frutuosos e enriquecedores para assegurar a unidade e ahomogeneidade do texto.O projecto tornou-se objecto de vasta consulta de todos os Bispos catlicos, de suasConferncias Episcopais ou de seus Snodos, dos Institutos de teologia e de catequtica. Em seuconjunto, ele teve um acolhimento amplamente favorvel da parte do Episcopado. E justoafirmar que este Catecismo fruto de uma colaborao de todo o Episcopado da Igreja Catlica,o qual acolheu com generosidade meu convite a assumir a prpria parte de responsabilidadenuma iniciativa que diz respeito, intimamente, vida eclesial. Tal resposta suscita em mim umprofundo sentimento de alegria, porque o concurso de tantas vozes exprime verdadeiramenteaquela a que se pode chamar a "sinfonia" da f. A realizao deste Catecismo reflecte, destemodo, a natureza colegial do Episcopado: testemunha a catolicidade da Igreja.3. DISTRIBUIO DA MATRIAUm catecismo deve apresentar, com fidelidade e de modo orgnico, o ensinamento da SagradaEscritura, da Tradio viva na Igreja e do Magistrio autntico, bem como a herana espiritualdos Padres, dos Santos e das Santas da Igreja, para permitir conhecer melhor o mistrio cristo ereavivar a f do povo de Deus. Deve ter em conta as explicitaes da doutrina que, no decursodos tempos, o Esprito Santo sugeriu Igreja. E tambm necessrio que ajude a iluminar, com aluz da f, as novas situaes e os problemas que ainda no tinham surgido no passado.O Catecismo incluir, portanto, coisas novas e velhas (cf. Mt 13,52), porque a f sempre amesma e simultaneamente fonte de luzes sempre novas.Para responder a esta dupla exigncia, o Catecismo da Igreja Catlica por um lado retoma a"antiga" ordem, a tradicional, j seguida pelo Catecismo de So Pio V, articulando o contedo3 4. em quatro partes: o Credo; a sagrada Liturgia, com os sacramentos em primeiro plano; o agircristo, exposto a partir dos mandamentos; e, por fim, a orao crist. Mas, ao mesmo tempo, ocontedo com frequncia expresso de modo "novo", para responder s interrogaes de nossapoca.As quatro partes esto ligadas entre si: o mistrio cristo o objecto da f (primeira parte); celebrado e comunicado nos actos litrgicos (segunda parte); est presente para iluminar eamparar os filhos de Deus em seu agir (terceira parte); fundamenta nossa orao, cuja expressoprivilegiada o "Pai-Nosso", e constitui o objecto de nossa splica, de nosso louvor e de nossaintercesso (quarta parte).A Liturgia ela prpria orao; a confisso da f encontra seu justo lugar na celebrao do culto.A graa, fruto dos sacramentos, a condio insubstituvel do agir cristo, tal como aparticipao na liturgia da Igreja requer a f. Se a f no se desenvolve nas obras, est morta (cf.Tg 2,14-16) e no pode dar frutos de vida eterna.Lendo o Catecismo da Igreja Catlica, pode-se captar a maravilhosa unidade do mistrio deDeus, de seu desgnio de salvao, bem como a centralidade de Jesus Cristo, o Filho Unignitode Deus, enviado pelo Pai, feito homem no seio da Santssima Virgem Maria por obra doEsprito Santo, para ser nosso Salvador. Morto e ressuscitado, ele est sempre presente em suaIgreja, particularmente nos sacramentos; ele a fonte da f, o modelo do agir cristo e o Mestrede nossa orao.4. VALOR DOUTRINAL DO TEXTOO Catecismo da Igreja Catlica, que aprovei no passado dia 25 de o Junho e cuja publicao hojeordeno em virtude da autoridade apostlica, uma exposio da f da Igreja e da doutrinacatlica, testemunhadas ou iluminadas pela Sagrada Escritura, pela Tradio apostlica e peloMagistrio da Igreja. Vejo-o como um instrumento vlido e legtimo a servio da comunhoeclesial e como uma norma segura para o ensino da f. Sirva ele para a renovao, qual oEsprito Santo chama incessantemente a Igreja de Deus, Corpo de Cristo, peregrina rumo luzsem sombras do Reino!A aprovao e a publicao do Catecismo da Igreja Catlica constituem um servio que oSucessor de Pedro quer prestar Santa Igreja Catlica, a todas as Igrejas particulares em paz eem comunho com a S a Apostlica de Roma: o servio de sustentar e confirmar a f de todosos, discpulos do Senhor Jesus (cf. Lc 22,32), como tambm de reforar os laos da unidade namesma f apostlica.Peo, portanto, aos Pastores da Igreja e aos fiis que acolham este Catecismo em esprito decomunho e que o usem assiduamente ao cumprir sua misso de anunciar a f e de convocar paraa vida evanglica. Este Catecismo lhes dado a fim de que sirva de texto de referncia, seguro eautntico, para o ensino da doutrina catlica e, de modo muito particular, para a elaborao doscatecismos locais. E tambm e oferecido a todos os fiis que desejam aprofundar o conhecimentodas riquezas inexaurveis da salvao (cf. Jo 8,32). Pretende dar um apoio aos esforosecumnicos animados pelo santo desejo da unidade de todos os cristos, mostrando comexactido o contedo e a harmoniosa coerncia da f catlica. O Catecismo da Igreja Catlica,por fim, oferecido a todo o homem que nos pergunte a razo de nossa esperana (cf. l Pd 3,15)e queira conhecer aquilo em que a Igreja Catlica cr.Este Catecismo no se destina a substituir os Catecismos locais devidamente aprovados pelasautoridades eclesisticas, os Bispos diocesanos e as Conferncias Episcopais, sobretudo sereceberam a aprovao da S Apostlica. Destina-se a encorajar e ajudar a redaco de novoscatecismos locais, que tenham em conta as diversas situaes e culturas, as que conservemcuidadosamente a unidade da f e a fidelidade doutrina catlica.5. CONCLUSONo final deste documento que apresenta o Catecismo da Igreja Catlica, peo SantssimaVirgem Maria, Me do Verbo Encarnado e Me da Igreja, que ampare com sua poderosa 4 5. intercesso o empenho catequtico da Igreja inteira em todos os nveis, nestes tempos em que ela chamada a um novo esforo de evangelizao. Possa a luz da verdadeira f libertar ahumanidade da ignorncia e da escravido do pecado, para conduzi-la nica liberdade dignadeste nome (cf. Jo 8,32): a da vida em Jesus Cristo sob a guia do Esprito Santo, na terra e noReino dos Cus, na plenitude da bem-aventurana da viso de Deus face a face (cf. 1 Cor 13,12;2Cor 5,6-8)!Dado no dia 11 de Outubro de 1992, trigsimo aniversrio da abertura do Conclio EcumnicoVaticano II, dcimo quarto ano de meu pontificado.Joannes Paulus II 5 6. PRLOGO "PAI,... esta a vida eterna: que eles Te conheam a Ti, nico Deus verdadeiro, e aquele que enviaste, Jesus Cristo" (Jo 17,3). "Deus, nosso Salvador... quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade" (1 Tm 2,3-4). "No h, debaixo do cu, outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos" (Act 4,12), afora o nome de JESUS. I. A vida do homem conhecer e amar a Deus1. Deus, infinitamente Perfeito e Bem-aventurado em si mesmo, em um desgnio de pura bondade, criou livremente o homem para faz-lo participar de sua vida bem-aventurada. Eis por que, desde sempre e em todo lugar, est perto do homem. Chama-o e ajuda-o a procur-lo, a conhec-lo e a am-lo com todas as suas foras. Convoca todos os homens, dispersos pelo pecado, para a unidade de sua famlia, a Igreja. Faz isto por meio do Filho, que enviou como Redentor e Salvador quando os tempos se cumpriram. Nele e por Ele, chama os homens a se tornarem, no Esprito Santo, seus filhos adoptivos, e portanto os herdeiros de sua vida bem-aventurada.2. A fim de que este chamado ressoe pela terra inteira, Cristo enviou os apstolos que escolhera, dando-lhes o mandato de anunciar o Evangelho: "Ide, fazei que todas as naes se tornem discpulos, baptizando-as em nome do Pai, do Filho e do Esprito Santo e ensinando-as a observar tudo quanto vos ordenei. E eis que eu estou convosco todos os dias at a consumao dos sculos" (Mt 28,19-20). Fortalecidos com esta misso, os apstolos "saram a pregar por toda parte, agindo com eles o Senhor, e confirmando a Palavra por meio dos sinais que a acompanhavam" (Mc 16,20).3. Os que com a ajuda de Deus acolheram o chamado de Cristo e lhe responderam livremente foram por sua vez impulsionados pelo amor de Cristo a anunciar por todas as partes do mundo a Boa Notcia. Este tesouro recebido dos apstolos foi guardado fielmente por seus sucessores. Todos os fiis de Cristo so chamados a transmiti-lo de gerao em gerao, anunciando a f, vivendo-a na partilha fraterna e celebrando-a na liturgia e na orao. II. Transmitir a f - a catequese4. Bem cedo passou-se a chamar de catequese o conjunto de esforos empreendidos na Igreja para fazer discpulos, para ajudar os homens a crerem que Jesus o Filho de Deus, a fim de que, por meio da f, tenham a vida em nome dele, para educ-los e instru-los nesta vida, e assim construir o Corpo de Cristo.5. "A catequese uma educao da f das crianas, dos jovens e dos adultos, a qual compreende especialmente um ensino da doutrina crist, dado em geral de maneira orgnica e sistemtica, com o fim de os iniciar na plenitude da vida crist."6. Sem confundir-se com eles, a catequese se articula em torno de determinado nmero de elementos da misso pastoral da Igreja que tm um aspecto catequtico e que preparam a catequese ou dela derivam: primeiro anncio do Evangelho ou pregao missionria para suscitar a f; busca das razes de crer; experincia de vida crist; celebrao dos sacramentos; integrao na comunidade eclesial; testemunho apostlico e missionrio.7. "A catequese anda intimamente ligada com toda a vida da Igreja. No somente a extenso geogrfica e o aumento numrico, mas tambm e mais ainda o crescimento interior da Igreja, sua correspondncia ao desgnio de Deus que dependem da catequese mesma."8. Os perodos de renovao da Igreja so tambm tempos fortes da catequese. Eis por que, na grande poca dos Padres da Igreja, vemos Santos Bispos dedicarem uma parte 6 7. importante de seu ministrio catequese. a poca de So Cirilo de Jerusalm e de SoJoo Crisstomo, de Santo Ambrsio e de Santo Agostinho, e de muitos outros Padrescujas obras catequticas permanecem como modelos.9. Oministrio da catequese haure energias sempre novas nos Conclios. O Conclio deTrento constitui neste ponto um exemplo a ser sublinhado: deu catequese prioridade emsuas constituies e em seus decretos; est ele na origem do Catecismo Romano, quetambm leva seu nome e constitui uma obra de primeira grandeza como resumo dadoutrina crist. Este conclio suscitou na Igreja uma organizao notvel da catequese.Graas a santos bispos e telogos, tais como So Pedro Cansio, So Carlos Borromeu,So Torbio de Mogrovejo, So Roberto Belarmino, levou publicao de numerososcatecismos.10. Diante disto, no estranha que, no dinamismo que seguiu o Conclio Vaticano II (que opapa Paulo VI considerava como grande catecismo dos tempos modernos), a catequeseda Igreja tenha novamente despertado a ateno. Do testemunho deste fato o Diretriogeral da Catequese, de 1971, as sesses do Snodo dos Bispos dedicadas evangelizao(1974) e catequese (1977), as exortaes apostlicas correspondentes, Evangeliinuntiandi (1975) e Catechesi tradendae (1979). A sesso extraordinria do Snodo dosBispos de 1985 pediu: "Seja redigido um catecismo ou compndio de toda a doutrinacatlica seja sobre a f seja sobre a moral". O Santo Padre Joo Paulo II endossou estedesideratum expresso pelo Snodo dos Bispos, reconhecendo que "este desejo respondeplenamente a uma verdadeira necessidade da Igreja universal e das Igrejas particulares".Ele envidou todos os esforos em prol da realizao deste desideratum dos Padres doSnodo. III.O objetivo e os destinatrios deste Catecismo11. Opresente Catecismo tem por objetivo apresentar uma exposio orgnica esinttica dos contedos essenciais e fundamentais da doutrina catlica tanto sobre a fcomo sobre a moral, luz do Conclio Vaticano II e do conjunto da Tradio da Igreja.Suas fontes principais so a Sagrada Escritura, os Santos Padres, a Liturgia e oMagistrio da Igreja. Destina-se ele a servir "como um ponto de referncia para oscatecismos ou compndios que so elaborados nos diversos pases".12. O presente Catecismo destinado principalmente aos responsveis pela catequese: emprimeiro lugar aos Bispos, como doutores da f e pastores da Igreja. oferecido a elescomo instrumento no cumprimento de seu ofcio de ensinar o Povo de Deus. Por meiodos Bispos, ele se destina aos redatores de catecismos, aos presbteros e aos catequistas.Ser tambm til para a leitura de todos os demais fiis cristos. IV. A estrutura deste Catecismo13. O projeto deste Catecismo inspira-se na grande tradio dos catecismos quearticulam a catequese em tomo de quatro "pilares": a profisso da f batismal (oSmbolo), os sacramentos da f, a vida de f (os Mandamentos), a orao do crente (o"Pai-Nosso").Primeira Parte: A profisso da f14. Os que pela f e pelo Batismo pertencem a Cristo devem confessar sua f batismal diantedos homens. Por isso, o Catecismo comea por expor em que consiste a Revelao, pelaqual Deus se dirige e se doa ao homem, bem como a f, pela qual o homem responde aDeus (Seo 1). O Smbolo da f resume os dons que Deus outorga ao homem comoAutor de todo bem, como Redentor, como Santificador, e os articula em tomo dos "trscaptulos" de nosso Batismo a f em um s Deus: o Pai Todo-Poderoso, o Criador, JesusCristo, seu Filho, nosso Senhor e Salvador, e o Esprito Santo, na Santa Igreja (Seo II).Segunda Parte: Os sacramentos de f7 8. 15. A segunda parte do Catecismo expe como a salvao de Deus, realizada uma vez portodas por Cristo Jesus e pelo Esprito Santo, se toma presente nas aes sagradas daliturgia da Igreja (Seo 1), particularmente nos sete sacramentos (Seo II).Terceira Parte: A vida da f16. A terceira parte do Catecismo apresenta o fim ltimo do homem, criado imagem deDeus: a bem-aventurana e os caminhos para chegar a ela: mediante um agir reto e livre,com a ajuda da f e da graa de Deus (Seo I), por meio de um agir que realiza o duplomandamento da caridade, desdobrado nos dez Mandamentos de Deus (Seo II). Quarta Parte: A orao na vida da f17. A ltima parte do Catecismo trata do sentido e da importncia da orao na vida doscrentes (Seo 1). Ela termina com um breve comentrio sobre os setes pedidos da orao(Seo II), Com efeito, nesses sete pedidos encontramos o conjunto dos bens quedevemos esperar e que nosso Pai celeste quer conceder-nos. V.Indicaes prticas para o uso deste Catecismo18. Este Catecismo foi pensado como uma exposio orgnica de toda a f catlica. Por isso preciso l-lo como uma unidade. Numerosas referncias dentro do prprio texto, bemcomo o ndice analtico no fim do volume permitem ver a ligao de cada tema com oconjunto da f.19. Muitas vezes os textos da Sagrada Escritura no so citados literalmente, mas so feitasapenas referncias (mediante a indicao "cf."). Para uma compreenso mais aprofundadade tais passagens, preciso consultar os prprios textos. Essas referncias bblicasconstituem um instrumento de trabalho para a catequese.20. Quando em certas passagens se usa corpo menor, graficamente isto indica que se tratade observaes de tipo histrico, apologtico, ou de exposies doutrinaiscomplementares.21. As citaes, em corpo menor, de fontes patrsticas, litrgicas, magisteriais ouhagiogrficas so destinadas a enriquecer a exposio doutrinal. Com freqncia essestextos foram escolhidos para uso diretamente catequtico.22. No final de cada unidade temtica, uma srie de textos sucintos resumem em frmulascondensadas o essencial do ensinam do ensinamento. Esses "resumindo" tm porobjetivo oferecer sugestes a catequese local para frmulas sintticas e memorizveis. VI. As adaptaes necessrias23. Neste Catecismo a nfase posta na exposio doutrinal. Quer ele ajudar a aprofundar oconhecimento da f. Por isso mesmo est orientado para o amadurecimento desta f, paraseu enraizamento na vida e sua irradiao no testemunho.24. Por sua prpria finalidade, este Catecismo no se prope realizar as adaptaes daexposio e dos mtodos catequticos exigidas pelas diferenas de culturas, de idades, dematuridade espiritual, de situaes sociais e eclesiais daqueles a quem a catequese dirigida. Tais adaptaes indispensveis cabem aos catecismos apropriados e mais aindaaos que ministram instruo aos fiis: Aquele que ensina deve "fazer-se tudo para todos" (1 Cor 9,22), a fim de conquistar todos para Jesus Cristo... Particularmente, no imagine ele que lhe confiado um nico tipo de almas, e que consequentemente lhe permitido ensinar e formar de modo igual todos os fiis verdadeira piedade, com um s e mesmo mtodo, sempre igual! Saiba ele bem que uns so em Jesus Cristo como que criancinhas recm-nascidas, outros, como que adolescentes, e finalmente alguns esto como que na posse de todas as suas foras... Os que so chamados ao ministrio da pregao devem, na transmisso dos mistrios da f e das regras dos costumes, adaptar suas palavras ao esprito e inteligncia de seus ouvintes. ACIMA DE TUDO A CARIDADE 8 9. 25. Para concluir este Prlogo, oportuno lembrar este princpio pastoral enunciado peloCatecismo Romano: Toda a finalidade da doutrina e do ensinamento deve ser posta no amor que no acaba. Com efeito, pode-se facilmente expor o que preciso crer, esperar ou fazer; mas sobretudo preciso fazer sempre com que aparea o Amor de Nosso Senhor, para que cada um compreenda que cada ato de virtude perfeitamente cristo no tem outra origem seno o Amor, e outro fim seno o Amor.9 10. PRIMEIRA PARTEA PROFISSO DE F10 11. PRIMEIRA SECO "EU CREIO" - "NS CREMOS"26. Quando professamos nossa f, comeamos dizendo: "Eu creio" ou "Ns cremos". Porisso, antes de expor a f da Igreja tal como confessada no Credo, celebrada na Liturgia,vivida na prtica dos Mandamentos e na orao, perguntamo-nos o que significa "crer". Af a resposta do homem a Deus que se revela e a ele se doa, trazendo ao mesmo tempouma luz superabundante ao homem em busca do sentido ltimo de sua vida. Por issovamos considerar primeiro esta busca do homem (capitulo 1), em seguida a Revelaodivina, pela qual Deus se apresenta ao homem (captulo II), e finalmente a resposta da f(captulo III). CAPTULO I - O HOMEM "CAPAZ" DE DEUSI. O desejo de Deus27. O desejo de Deus est inscrito no corao do homem, j que o homem criado por Deuse para Deus; e Deus no cessa de atrair o homem a si, e somente em Deus o homem h deencontrar a verdade e a felicidade que no cessa de procurar:(Pargrafos relacionados 355,1701,1718) O aspecto mais sublime da dignidade humana est nesta vocao do homem comunho com Deus. Este convite que Deus dirige ao homem, de dialogar com ele, comea com a existncia humana. Pois se o homem existe, porque Deus o criou por amor e, por amor, no cessa de dar-lhe o ser, e o homem s vive plenamente, segundo a verdade, se reconhecer livremente este amor e se entregar ao seu Criador.28. Em sua histria, e at os dias de hoje, os homens tm expressado de mltiplas maneirassua busca de Deus por meio de suas crenas e de seus comportamentos religiosos(oraes, sacrifcios, cultos, meditaes etc.). Apesar das ambigidades que podemcomportar, estas formas de expresso so to universais que o homem pode ser chamadode um ser religioso: (Pargrafos relacionados 843,2566,2095,2109) De um s (homem), Deus fez toda a raa humana para habitar sobre toda a face da terra, fixando os tempos anteriormente determinados e os limites de seu hbitat. Tudo isto para que procurassem a divindade e, mesmo se s apalpadelas, se esforassem por encontr-la, embora Ele no esteja longe de cada um de ns. Pois nele vivemos, nos movemos e existimos (At 17,23-28).29. Mas esta "unio ntima e vital com Deus" pode ser esquecida, ignorada e at rejeitadaexplicitamente pelo homem. Tais atitudes podem ter origens muito diversas: a revoltacontra o mal no mundo, a ignorncia ou a indiferena religiosas, as preocupaes com ascoisas do mundo e com as riquezas, o mau exemplo dos crentes, as correntes depensamento hostis religio, e finalmente essa atitude do homem pecador que, por medo,se esconde diante de Deus e foge diante de seu chamado.(Pargrafos relacionados 2123, 2128, 398)30. "Alegre-se o corao dos que buscam o Senhor!" (Sl 105,3). Se o homem pode esquecerou rejeitar a Deus, este, de sua parte, no cessa de chamar todo homem a procur-lo, paraque viva e encontre a felicidade. Mas esta busca exige do homem todo o esforo de suainteligncia, a retido de sua vontade, "um corao reto", e tambm o testemunho dosoutros, que o ensinam a procurar a Deus. (Pargrafos relacionados 845, 2567, 368) Vs sois grande, Senhor, e altamente digno de louvor: grande o vosso poder, e a vossa sabedoria no tem medida. E o homem, pequena parcela de vossa criao, pretende louvar-vos, precisamente o homem que, 11 12. revestido de sua condio mortal, traz em si o testemunho de seu pecado e de que resistis aos soberbos. A despeito de tudo, o homem, pequena parcela de vossa criao, quer louvar-vos. Vs mesmo o incitais a isto, fazendo com que ele encontre suas delcias no vosso louvor, porque nos fizestes para vs e o nosso corao no descansa enquanto no repousar em vs.II.As vias de acesso ao conhecimento de Deus31. Criado imagem de Deus, chamado a conhecer e a amar a Deus, o homem que procura aDeus descobre certas "vias" para aceder ao conhecimento de Deus. Chamamo-lastambm de "provas da existncia de Deus", no no sentido das provas que as cinciasnaturais buscam, mas no sentido de "argumentos convergentes e convincentes" quepermitem chegar a verdadeiras certezas.Estas "vias" para chegar a Deus tm como ponto de partida a criao: o mundo material ea pessoa humana.32. O mundo: a partir do movimento e do devir, da contingncia, da ordem e da beleza domundo, pode-se conhecer a Deus como origem e fim do universo. (Pargrafos relacionados: 54, 337) So Paulo afirma a respeito dos pagos: "O que se pode conhecer de Deus manifesto entre eles, pois Deus lho revelou. Sua realidade invisvel - seu eterno poder e sua divindade - tornou-se inteligvel desde a criao do mundo atravs das criaturas" (Rm 1,19-20). E Santo Agostinho: "Interroga a beleza da terra, interroga a beleza do mar, interroga a beleza do ar que se dilata e se difunde, interroga a beleza do cu... interroga todas estas realidades. Todas elas te respondem: olha-nos, somos belas. Sua beleza um hino de louvor (confessio). Essas belezas sujeitas mudana, quem as fez seno o Belo (Pulcher, pronuncie "plquer"), no sujeito mudana?"33. O homem: Com sua abertura verdade e beleza, com seu senso do bem moral, com sualiberdade e a voz de sua conscincia, com sua aspirao ao infinito e felicidade, ohomem se interroga sobre a existncia de Deus. Mediante tudo isso percebe sinais de suaalma espiritual. Como "semente de eternidade que leva dentro de si, irredutvel smatria" sua alma no pode ter origem seno em Deus.(Pargrafos relacionados: 2500, 1730, 1776,1703,366)34. O mundo e o homem atestam que no tm em si mesmo nem seu princpio primeiro nemseu fim ltimo, mas que participam do Ser em si, que sem origem e sem fim. Assim porestas diversas "vias", o homem pode aceder ao conhecimento da existncia de umarealidade que a causa primeira e o fim ltimo de tudo, "e que todos chamam Deus"(Pargrafo relacionado: 199)35. As faculdades do homem o tomam capaz de conhecer a existncia de um Deus pessoal.Mas, para que o homem possa entrar em sua intimidade, Deus quis revelar-se ao homeme dar-lhe a graa de poder acolher esta revelao na f. Contudo, as provas da existnciade Deus podem dispor f e ajudar a ver que a f no se ope razo humana.(Pargrafos relacionados: 50,159)III. O conhecimento de Deus segundo a Igreja36. "A santa Igreja, nossa me, sustenta e ensina que Deus, princpio e fim de todas as coisas,pode ser conhecido com certeza pela luz natural da razo humana a partir das coisascriadas". Sem esta capacidade, o homem no poderia acolher a revelao de Deus. Ohomem tem esta capacidade por ser criado " imagem de Deus".(Pargrafo relacionado: 355)37. Todavia, nas condies histricas em que se encontra, o homem enfrenta muitasdificuldades para conhecer a Deus apenas com a luz de sua razo:(Pargrafo relacionado: 1960) "Pois, embora a razo humana, absolutamente falando, possa chegar com suas foras e lume naturais ao conhecimento verdadeiro e certo de um Deus pessoal, que governa e protege o mundo com sua Providncia, bem como chegar ao conhecimento da lei natural impressa pelo Criador em nossas almas, de fato, muitos so os obstculos que impedem a mesma razo de usar eficazmente e com resultado desta sua capacidade natural.12 13. As verdades que se referem a Deus e s relaes entre os homens e Deus so verdades que transcendem completamente a ordem das coisas sensveis e quando estas verdades atingem a vida prtica e a regem, requerem sacrifcio e abnegao. A inteligncia humana, na aquisio destas verdades, encontra dificuldades tanto por parte dos sentidos e da imaginao como por parte das ms inclinaes, provenientes do pecado original. Donde vemos que os homens em tais questes, facilmente procuram persuadir-se de que seja falso ou ao menos duvidoso aquilo que no desejam que seja verdadeiro"38. Por isso, O homem tem necessidade de ser iluminado pela revelao de Deus, nosomente sobre o que ultrapassa seu entendimento, mas tambm sobre "as verdadesreligiosas e morais que, de per si, no so inacessveis razo, a fim de que estas noestado atual do gnero humano possam ser conhecidas por todos sem dificuldade, comuma certeza firme e sem mistura de erro"(Pargrafo relacionado: 2036)IV. Como falar de Deus?39. Ao defender a capacidade da razo humana de conhecer a Deus, a Igreja exprime suaconfiana na possibilidade de falar de Deus a todos os homens e com todos os homens.Esta convico esta na base de seu dilogo com as outras religies, com a filosofia e comas cincias, como tambm com Os no-crentes e os ateus.(Pargrafo relacionado: 851)40. Uma vez que nosso conhecimento de Deus limitado, tambm limitada nossalinguagem sobre Deus. S podemos falar de Deus a partir das criaturas e segundo nossomodo humano limitado de conhecer e de pensar.41. As criaturas, todas elas, trazem em si certa semelhana com Deus, muito particularmenteo homem criado imagem e a semelhana de Deus. Por isso as mltiplas perfeies dascriaturas (sua verdade, bondade e beleza) refletem a perfeio infinita de Deus. Em razodisso podemos falar de Deus a partir das perfeies de suas criaturas, "pois a grandeza e abeleza das criaturas fazem, por analogia, contemplar seu Autor" (Sb 13,5).(Pargrafos relacionados: 213, 299)42. Deus transcende a toda criatura. Por isso, preciso incessantemente purificar nossalinguagem daquilo que possui de limitado, de proveniente de pura imaginao, deimperfeito, para no confundirmos o Deus "inefvel, incompreensvel, invisvel,inatingvel" com as nossas representaes humanas. Nossas palavras humanaspermanecem sempre aqum do Mistrio de Deus.(Pargrafos relacionados: 212, 300, 370)43. Assim falando de Deus, nossa linguagem se exprime, sem dvida, de maneira humana,mas ela atinge realmente O prprio Deus, ainda que sem poder exprimi-lo em sua infinitasimplicidade. Com efeito, preciso lembrar que "entre o Criador e a criatura no se podenotar uma semelhana, sem que se deva notar entre eles uma ainda maiordessemelhana", e que "no podemos apreender de Deus o que ele , mas apenas O queele no e de que maneira os outros seres se situam em relao a ele"(Pargrafo relacionado: 206)RESUMINDO44. O homem , por natureza e por vocao, um ser religioso. Porque provm de Deus epara Ele caminha, o homem s vive uma vida plenamente humana se viver livrementesua relao com Deus.45. O homem feito para viver em comunho com Deus, no qual encontra sua felicidade:"Quando eu estiver inteiramente em Vs, nunca mais haver dor e provao; repleta deVs por inteiro, minha vida ser verdadeira"46. Quando escuta a mensagem das criaturas e a voz de sua conscincia, o homem podeatingir a certeza da existncia de Deus, causa e fim de tudo.47. A Igreja ensina que o Deus nico e verdadeiro, nosso Criador e Senhor, pode serconhecido com certeza por meio de suas obras graas luz natural da razo humana.13 14. 48. Podemos realmente falar de Deus partindo das mltiplas perfeies das criaturas,semelhanas do Deus infinitamente perfeito, ainda que nossa linguagem limitada noesgote seu mistrio.49. "Sem o Criador, a criatura se esvai". Eis por que os crentes sabem que so impelidospelo amor de Cristo a levar a luz do Deus vivo queles que o desconhecem ou orecusam. 14 15. CAPTULO II - DEUS VEM AO ENCONTRO DO HOMEM50. Mediante a razo natural, o homem pode conhecer a Deus com certeza a partir de suasobras. as existe outra ordem de conhecimento que O homem de modo algum pode atingirpor suas prprias foras, a da Revelao divina. Por uma deciso totalmente livre, Deusse revela e se doa ao homem. F-lo revelando seu mistrio, seu projeto benevolente, queconcebeu desde toda a eternidade em Cristo em prol de todos os homens. Revelaplenamente seu projeto enviando seu Filho bem-amado, nosso Senhor Jesus Cristo, e oEsprito Santo(Pargrafos relacionados: 36, 1066) ARTIGO 1: A REVELAO DE DEUSI. Deus revela seu "projeto benevolente"51. "Aprouve a Deus, em sua bondade e sabedoria, revelar-se a si mesmo e tomar conhecidoo mistrio de sua vontade, pelo qual os homens, por intermdio de Cristo, Verbo feitocarne, no Esprito Santo, tm acesso ao Pai e se tomam participantes da natureza divina".(Pargrafos relacionados: 2823, 1996)52. Deus, que "habita uma luz inacessvel" (1 Tm 6,16), quer comunicar sua prpria vidadivina aos homens, criados livremente por ele, para fazer deles, no seu Filho nico, filhosadotivos. Ao revelar-se, Deus quer tornar os homens capazes de responder-lhe, deconhec-lo e de am-lo bem alm do que seriam capazes por si mesmos.53. O projeto divino da Revelao realiza-se ao mesmo tempo "por aes e por palavras,intimamente ligadas entre si e que se iluminam mutuamente". Este projeto comporta uma"pedagogia divina" peculiar: Deus comunica-se gradualmente com o homem, prepara-opor etapas a acolher a Revelao sobrenatural que faz de si mesmo e que vai culminar naPessoa e na misso do Verbo encarnado, Jesus Cristo.(Pargrafos relacionados: 1953, 1950) So Irineu de Lio fala repetidas vezes desta pedagogia divina sob a imagem da familiaridade mtua entre Deus e o homem: "O Verbo de Deus habitou no homem e fez-se Filho do homem para acostumar o homem a apreender a Deus e acostumar Deus a habitar no homem, segundo o beneplcito do Pai " II. As etapas da Revelao DESDE A ORIGEM, DEUS SE D A CONHECER54. "Criando pelo Verbo o universo e conservando-o, Deus proporciona aos homens, nascoisas criadas, um permanente testemunho de si e, alm disso, no intuito de abrir ocaminho de uma salvao superior, manifestou-se a si mesmo, desde os primrdios, anossos primeiros pais." Convidou-os a uma comunho ntima consigo mesmo,revestindo-os de uma graa e de uma justia resplandecentes.(Pargrafos relacionados: 32,374)55. Esta Revelao no foi interrompida pelo pecado de nossos primeiros pais. Deus, comefeito, "aps a queda destes, com a prometida redeno, alentou-os a esperar umasalvao e velou permanentemente pelo gnero humano, a fim de dar a vida eterna atodos aqueles que, pela perseverana na prtica do bem, procuram a salvao"(Pargrafos relacionados: 397,410)E quando pela desobedincia perderam vossa amizade, no os abandonastes ao poder damorte. (...) Oferecestes muitas vezes aliana aos homens e s mulheres.A ALIANA COM NO56. Desfeita a unidade do gnero humano pelo pecado, Deus procura antes de tudo salvar ahumanidade passando por cada uma de suas partes. A Aliana com No depois do dilvioexprime o princpio da Economia divina para com as "naes", isto , para com oshomens agrupados "segundo seus pases, cada um segundo sua lngua, e segundo seuscls" (Gn 10.5)(Pargrafos relacionados: 401,1219) 15 16. 57. Esta ordem ao mesmo tempo csmica, social e religiosa da pluralidade das naesdestina-se a limitar o orgulho de uma humanidade decada que unnime em suaperversidade, gostaria de construir por si mesma sua unidade maneira de Babel.Contudo, devido ao pecado, o politesmo, assim como a idolatria da nao e de seu chefe,constitui uma contnua ameaa de perverso pag para essa Economia provisria.58. A Aliana com No permanece em vigor durante todo o tempo das naes, at aproclamao universal do Evangelho. A Bblia venera algumas grandes figuras das"naes", tais como "Abel, o justo", o rei-sacerdote Melquisedeque, figura de Cristo, ouos justos "No, Daniel e J". Assim, a Escritura exprime que grau elevado de santidadepodem atingir os que vivem segundo a Aliana de No, na expectativa de que Cristo"congregue na unidade todos os filhos de Deus dispersos" (Jo 11,52).(Pargrafos relacionados: 674,2569)DEUS ELEGE ABRAO59. Para congregar a humanidade dispersa, Deus elegeu Abro, chamando-o "para fora de seupas, de sua parentela e de sua casa" (Gn 12,1), para fazer dele "Abrao", isto , "o pai deuma multido de naes" (Gn 17,5): "Em ti sero abenoadas todas as naes da terra"(Gn 12,3).(Pargrafos relacionados: 145,2570)60. O povo originado de Abrao ser o depositrio da promessa feita aos patriarcas, o povoda eleio, chamado a preparar o congraamento, um dia, de todos os filhos de Deus naunidade da Igreja; ser a raiz sobre a qual sero enxertados os pagos tornados crentes.(Pargrafos relacionados: 760,762,781)61. Os patriarcas e os profetas, bem como outras personalidades do Antigo Testamento,foram e sero sempre venerados como santos em todas as tradies litrgicas da Igreja.DEUS FORMA SEU POVO ISRAEL62. Depois dos patriarcas, Deus formou Israel como seu povo, salvando-o da escravido doEgito. Fez com ele a Aliana do Sinal e deu-lhe, por intermdio de Moiss, a sua Lei,para que o reconhecesse e o servisse como o nico Deus vivo e verdadeiro, Paiprovidente e juiz justo, e para que esperasse o Salvador prometido.(Pargrafos relacionados: 2060,2574,1961)63. Israel o Povo sacerdotal de Deus, aquele que "traz o Nome do Senhor" (Dt 28,10). opovo daqueles "aos quais Deus falou em primeiro lugar", o povo dos "irmos maisvelhos" da f de Abrao.(Pargrafos relacionados: 204,2801,839)64. Por meio dos profetas, Deus forma seu povo na esperana da salvao, na expectativa deuma Aliana nova e eterna destinada a todos os homens, e que ser impressa noscoraes. Os profetas anunciam uma redeno radical do Povo de Deus, a purificao detodas as suas infidelidades, uma salvao que incluir todas as naes. Sero sobretudoos pobres e os humildes do Senhor os portadores desta esperana. As mulheres santascomo Sara, Rebeca, Raquel, Mriam, Dbora, Ana, Judite e Ester mantiveram viva aesperana da salvao de Israel. Delas todas, a figura mais pura a de Maria.(Pargrafos relacionados: 711,1965)III. Cristo Jesus "Mediador e Plenitude de toda a Revelao" DEUS TUDO DISSE NO SEU VERBO65. "Muitas vezes e de modos diversos falou Deus, outrora, aos pais pelos profetas; agora,nestes dias que so os ltimos, falou-nos por meio do Filho" (Hb 1,1-2). Cristo, o Filhode Deus feito homem, a Palavra nica, perfeita e insupervel do Pai. Nele o Pai dissetudo, e no h outra palavra seno esta. So Joo da Cruz, depois de tantos outros,exprime isto de maneira luminosa, comentando Hb 1,1-2:(Pargrafo relacionado: 102)16 17. Porque em dar-nos, como nos deu, seu Filho, que sua Palavra nica (e outra no h), tudo nos falou de uma s vez nessa nica Palavra, e nada mais tem a falar, (...) pois o que antes falava por partes aos profetas agora nos revelou inteiramente, dando-nos o Tudo que seu Filho. Se atualmente, portanto, algum quisesse interrogar a Deus, pedindo-lhe alguma viso ou revelao, no s cairia numa insensatez, mas ofenderia muito a Deus por no dirigir os olhares unicamente para Cristo sem querer outra coisa ou novidade alguma.(Pargrafos relacionados: 516,2717)NO HAVER OUTRA REVELAO66. "A Economia crist, portanto, como aliana nova e definitiva, jamais passar, e j no hque esperar nenhuma nova revelao pblica antes da gloriosa manifestao de NossoSenhor Jesus Cristo". Todavia, embora a Revelao esteja terminada, no est explicitadapor completo; caber f crist captar gradualmente todo o seu alcance ao longo dossculos.(Pargrafo relacionado: 94)67. No decurso dos sculos houve revelaes denominadas "privadas", e algumas delas tmsido reconhecidas pela autoridade da Igreja. Elas no pertencem, contudo, ao depsito daf. A funo delas no "melhorar" ou "completar" a Revelao definitiva de Cristo, masajudar a viver dela com mais plenitude em determinada poca da histria. Guiado peloMagistrio da Igreja, o senso dos fiis sabe discernir e acolher o que nessas revelaesconstitui um apelo autntico de Cristo ou de seus santos Igreja.(Pargrafos relacionados: 84,93)A f crist no pode aceitar "revelaes" que pretendam ultrapassar ou corrigir aRevelao da qual Cristo a perfeio. Este o caso de certas religies no-crists etambm de certas seitas recentes que se fundamentam em tais "revelaes".RESUMINDO68. Por amor, Deus revelou-se e doou-se ao homem. Traz assim uma resposta definitiva esuperabundante s questes que o homem se faz acerca do sentido e do objetivo de suavida.69. Deus revelou-se ao homem, comunicando-lhe gradualmente seu prprio Mistrio pormeio de aes e de palavras.70. Para alm do testemunho que Deus d de si mesmo nas coisas criadas, ele manifestou-sepessoalmente aos nossos primeiros pais. Falou-lhes e, depois da queda, prometeu-lhes asalvao e ofereceu-lhes sua aliana.71. Deus fez com No uma aliana eterna entre Ele e todos os seres vivos. Esta h de durarenquanto durar o mundo.72. Deus escolheu Abrao e fez uma aliana com ele e sua descendncia. Da formou seupovo, ao qual revelou sua lei por intermdio de Moiss. Pelos profetas preparou estepovo a acolher a salvao destinada humanidade inteira.73. Deus revelou-se plenamente enviando seu prprio Filho, no qual estabeleceu suaAliana para sempre. O Filho a Palavra definitiva do Pai, de sorte que depois dele nohaver outra Revelao. ARTIGO 2: A TRANSMISSO DA REVELAO DIVINA74. Deus "quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade"(1Tm 2,4), isto , de Jesus Cristo. preciso, pois, que Cristo seja anunciado a todos ospovos e a todos os homens, e que desta forma a Revelao chegue at as extremidades domundo:(Pargrafo relacionado: 851) Deus disps com suma benignidade que aquelas coisas que revelara para a salvao de todos os povos permanecessem sempre ntegras e fossem transmitidas a todas as geraes.I. A Tradio apostlica75. "Cristo Senhor, em quem se consuma a revelao do Sumo Deus, ordenou aos Apstolosque o Evangelho, prometido antes pelos profetas, completado por ele e por sua prpria17 18. boca promulgado, fosse por eles pregado a todos os homens como fonte de toda averdade salvfica e de toda a disciplina de costumes, comunicando-lhes os dons divinos."(Pargrafo relacionado: 171)A PREGAO APOSTLICA...76. A transmisso do Evangelho, segundo a ordem do Senhor, fez-se de duas maneiras:- oralmente - "pelos apstolos, que na pregao oral, por exemplos e instituies,transmitiram aquelas coisas que ou receberam das palavras, da convivncia e dasobras de Cristo ou aprenderam das sugestes do Esprito Santo";- por escrito - "como tambm por aqueles apstolos e vares apostlicos que, sobinspirao do mesmo Esprito Santo, puseram por escrito a mensagem da salvao"...CONTINUADA NA SUCESSO APOSTLICA77. "Para que o Evangelho sempre se conservasse inalterado e vivo na Igreja, os apstolosdeixaram como sucessores os bispos, a eles transmitindo seu prprio encargo deMagistrio." Com efeito, "a pregao apostlica, que expressa de modo especial noslivros inspirados, devia conservar-se por uma sucesso contnua at a consumao dostempos".(Pargrafo relacionado: 861)78. Esta transmisso viva, realizada no Esprito Santo, chamada de Tradio enquantodistinta da Sagrada Escritura, embora intimamente ligada a ela. Por meio da Tradio, "aIgreja, em sua doutrina, vida e culto, perpetua e transmite a todas as geraes tudo o queela , tudo o que cr". "O ensinamento dos Santos Padres testemunha a presenavivificante desta Tradio, cujas riquezas se transfundem na praxe e na vida da Igrejacrente e orante."(Pargrafos relacionados: 174,1124,2651)79. Assim, a comunicao que o Pai fez de si mesmo por seu Verbo no Esprito Santopermanece presente e atuante na Igreja: "O Deus que outrora falou mantm umpermanente dilogo com a esposa de seu dileto Filho, e o Esprito Santo, pelo qual a vozviva do Evangelho ressoa na Igreja e atravs dela no mundo, leva os crentes verdadetoda e faz habitar neles abundantemente a palavra de Cristo"II. A relao entre a Tradio e a Sagrada EscrituraUMA FONTE COMUM...80. "Elas esto entre si estreitamente unidas e comunicantes. Pois, promanando ambas damesma fonte divina, formam de certo modo um s todo e tendem para o mesmo fim."Tanto uma como outra tornam presente e fecundo na Igreja o mistrio de Cristo, queprometeu permanecer com os seus "todos os dias, at a consumao dos sculos" (Mt28,20).DUAS MODALIDADES DISTINTAS DE TRANSMISSO81. "A Sagrada Escritura a Palavra de Deus enquanto redigida sob a moo do EspritoSanto".Quanto Sagrada Tradio, ela "transmite integralmente aos sucessores dos apstolos aPalavra de Deus confiada por Cristo Senhor e pelo Esprito Santo aos apstolos para que,sob a luz do Esprito de verdade, eles, por sua pregao, fielmente a conservem,exponham e difundam".(Pargrafo relacionado: 113)82. Dai resulta que a Igreja, qual esto confiadas a transmisso e a interpretao daRevelao, "no deriva a sua certeza a respeito de tudo o que foi revelado somente daSagrada Escritura. Por isso, ambas devem ser aceitas e veneradas com igual sentimentode piedade e reverncia"TRADIO APOSTLICA E TRADIES ECLESIAIS83. A Tradio da qual aqui falamos a que vem dos apstolos e transmite o que estesreceberam do ensinamento e do exemplo de Jesus e o que receberam por meio do Esprito 18 19. Santo Com efeito, a primeira gerao de cristos ainda no dispunha de um Novo Testamento escrito, e o prprio Novo Testamento atesta o processo da Tradio viva. Dela preciso distinguir as "tradies" teolgicas, disciplinares, litrgicas ou devocionais surgidas ao longo do tempo nas Igrejas locais. Constituem elas formas particulares sob as quais a grande Tradio recebe expresses adaptadas aos diversos lugares e s diversas pocas. luz da grande Tradio que estas podem ser mantidas, modificadas ou mesmo abandonadas, sob a guia do Magistrio da Igreja. (Pargrafos relacionados: 1202,2041,2684)III. A interpretao do depsito da fO DEPSITO DA F CONFIADO TOTALIDADE DA IGREJA84. "O patrimnio sagrado" da f ("depositum fidei"), contido na Sagrada Tradio e naSagrada Escritura, foi confiado pelos apstolos totalidade da Igreja. "Apegando-sefirmemente ao mesmo, o povo santo todo, unido a seus Pastores, perseveracontinuamente na doutrina dos apstolos e na comunho, na frao do po e nas oraes,de sorte que na conservao, no exerccio e na profisso da f transmitida se crie umasingular unidade de esprito entre os bispos e os fiis."(Pargrafos relacionados: 857,871,2033)O MAGISTRIO DA IGREJA85. "O ofcio de interpretar autenticamente a Palavra de Deus escrita ou transmitida foiconfiado unicamente ao Magistrio vivo da Igreja, cuja autoridade se exerce em nome deJesus Cristo", isto , foi confiado aos bispos em comunho com o sucessor de Pedro, obispo de Roma.(Pargrafos relacionados: 888,892,2032,2040)86. "Todavia, tal Magistrio no est acima da Palavra de Deus, mas a servio dela, noensinando seno o que foi transmitido, no sentido de que, por mandato divino, com aassistncia do Esprito Santo, piamente ausculta aquela palavra, santamente a guarda efielmente a expe, e deste nico depsito de f tira o que nos prope para ser crido comodivinamente revelado."(Pargrafo relacionado: 688)87. Os fiis, lembrando-se da palavra de Cristo a seus apstolos: "Quem vos ouve a mimouve" (Lc 10,16), recebem com docilidade os ensinamentos e as diretrizes que seusPastores lhes do sob diferentes formas.(Pargrafos relacionados: 1548,2037)OS DOGMAS DA F88. O Magistrio da Igreja empenha plenamente a autoridade que recebeu de Cristo quandodefine dogmas, isto , quando, utilizando uma forma que obriga o povo cristo a umaadeso irrevogvel de f, prope verdades contidas na Revelao divina ou verdades quecom estas tm uma conexo necessria.(Pargrafos relacionados: 888,892,2032,2040)89. H uma conexo orgnica entre nossa vida espiritual e os dogmas. Os dogmas so luzesno caminho de nossa f que o iluminam e tornam seguro. Na verdade, se nossa vida forreta, nossa inteligncia e nosso corao estaro abertos para acolher a luz dos dogmas daf.(Pargrafo relacionado: 2625)90. Os laos mtuos e a coerncia dos dogmas podem ser encontrados no conjunto daRevelao do Mistrio de Cristo. "Existe uma ordem ou hierarquia das verdades dadoutrina catlica, j que o nexo delas com o fundamento da f crist diferente."(Pargrafos relacionados: 114,158,234)SENSO SOBRENATURAL DA F19 20. 91. Todos os fiis participam da compreenso e da transmisso da verdade revelada.Receberam a uno do Esprito Santo, que os instrui e os conduz verdade em suatotalidade.(Pargrafo relacionado: 737)92. "O conjunto dos fiis... no pode enganar-se no ato de f. E manifesta esta sua peculiarpiedade mediante o senso sobrenatural da f de todo o povo, quando, desde os bispos ato ltimo dos fiis leigos, apresenta um consenso universal sobre questes de f ecostumes."(Pargrafo relacionado: 785)93. "Por este senso da f, excitado e sustentado pelo Esprito da verdade, o Povo de Deus,sob a direo do sagrado Magistrio, (...) adere indefectivelmente f uma vez parasempre transmitida aos santos; e, com reto juzo, penetra-a mais profundamente e na suavida a coloca mais perfeitamente em obra."(Pargrafo relacionado: 889)O CRESCIMENTO NA COMPREENSO DA F94. Graas assistncia do Esprito Santo, a compreenso tanto das realidades como daspalavras do depsito da f pode crescer na vida da Igreja:(Pargrafo relacionado: 66) "Pela contemplao e estudo dos que crem, os quais as meditam em seu corao", em especial "a pesquisa teolgica que aprofunda o conhecimento da verdade revelada". "Pela ntima compreenso que os fiis desfrutam das coisas espirituais"; "Divina eloquia cum legente crescunt - as palavras divinas crescem com o leitor". (Pargrafos relacionados: 2651,2038,2518) "Pela pregao daqueles que, com a sucesso episcopal, receberam o carisma seguro da verdade."95. "Fica, portanto, claro que segundo o sapientssimo plano divino, a Sagrada Tradio, aSagrada Escritura e o Magistrio da Igreja esto de tal modo entrelaados e unidos queum no tem consistncia sem os outros, e que juntos, cada qual a seu modo, sob a ao domesmo Esprito Santo, contribuem eficazmente para a salvao das almas."RESUMINDO96. O que Cristo confiou aos apstolos, estes o transmitiram por sua pregao e por escrito,sob a inspirao do Esprito Santo, a todas as geraes, at a volta gloriosa de Cristo.97. "A Sagrada Tradio e a Sagrada Escritura constituem um s sagrado depsito daPalavra de Deus", no qual, como em um espelho, a Igreja peregrinante contempla aDeus, fonte de todas as suas riquezas.98. "Em sua doutrina, vida e culto, a Igreja perpetua e transmite a todas as geraes tudo oque ela , tudo o que cr.99. Graas a seu senso sobrenatural da f, o Povo de Deus inteiro no cessa de acolher odom da Revelao divina, de penetr-lo mais profundamente e viver dele com maisplenitude.100.O encargo de interpretar autenticamente a Palavra de Deus foi confiado exclusivamenteao Magistrio da Igreja, ao Papa e aos bispos em comunho com ele.ARTIGO 3: A SAGRADA ESCRITURA I. Cristo - Palavra nica da Sagrada Escritura101.Na condescendncia de sua bondade, Deus, para revelar-se aos homens, fala-lhes em palavras humanas: Com efeito, as palavras de Deus, expressas por lnguas humanas, fizeram-se semelhantes linguagem humana, tal como outrora o Verbo do Pai Eterno, havendo assumido a carne da fraqueza humana, se fez semelhante aos homens".102.Por meio de todas as palavras da Sagrada Escritura, Deus pronuncia uma s Palavra, seu Verbo nico, no qual se expressa por inteiro: (Pargrafos relacionados: 65,2763) 20 21. "Lembrai-vos que uma mesma a Palavra de Deus que est presente em todas as Escrituras, que um mesmo Verbo que ressoa na boca de todos os escritores sagrados; ele que, sendo no incio Deus junto de Deus, no tem necessidade de slabas, por no estar submetido ao tempo." (Pargrafos relacionados: 426,429)103.Por este motivo, a Igreja sempre venerou as divinas Escrituras, como venera tambm o Corpo do Senhor. Ela no cessa de apresentar aos fiis o Po da vida tomado da Mesa da Palavra de Deus e do Corpo de Cristo. (Pargrafos relacionados: 1100,1184,1378)104.Na Sagrada Escritura, a Igreja encontra incessantemente seu alimento e sua fora, pois nela no acolhe somente uma palavra humana, mas o que ela realmente: a Palavra de Deus "Com efeito, nos Livros Sagrados o Pai que est nos cus vem carinhosamente ao encontro de seus filhos e com eles fala". II. Inspirao e verdade da Sagrada Escritura105.Deus o autor da Sagrada Escritura. "As coisas divinamente reveladas, que se encerram por escrito e se manifestam na Sagrada Escritura, foram consignadas sob inspirao do Esprito Santo" "A santa Me Igreja, segundo a f apostlica, tem como sagrados e cannicos os livros completos tanto do Antigo como do Novo Testamento, com todas as suas partes, porque, escritos sob a inspirao do Esprito Santo, eles tm Deus como autor e nesta sua qualidade foram confiados prpria Igreja."106.Deus inspirou os autores humanos dos livros sagrados.. "Na redao dos livros sagrados, Deus escolheu homens, dos quais se serviu fazendo-os usar suas prprias faculdades e capacidades, a fim de que, agindo ele prprio neles e por meio deles, escrevessem, como verdadeiros autores, tudo e s aquilo que ele prprio queria."107.Os livros inspirados ensinam a verdade. "Portanto, j que tudo o que os autores inspirados (ou hagigrafos) afirmam deve ser tido como afirmado pelo Esprito Santo, deve-se professar que os livros da Escritura ensinam com certeza, fielmente e sem erro a verdade que Deus em vista de nossa salvao quis fosse consignada nas Sagradas Escrituras." (Pargrafo relacionado: 702)108.Todavia, a f crist no uma "religio do Livro". O Cristianismo a religio da "Palavra" de Deus, "no de uma palavra escrita e muda, mas do Verbo encarnado e vivo". Para que as Escrituras no permaneam letra morta, preciso que Cristo, Palavra eterna de Deus vivo, pelo Esprito Santo nos "abra o esprito compreenso das Escrituras".III. O Esprito Santo, intrprete da Escritura109.Na Sagrada Escritura, Deus fala ao homem maneira dos homens. Para bem interpretar a Escritura preciso, portanto, estar atento quilo que os autores humanos quiseram realmente afirmar e quilo que Deus quis manifestar-nos pelas palavras deles.110.Para descobrir a inteno dos autores sagrados, h que levar em conta as condies da poca e da cultura deles, os "gneros literrios" em uso naquele tempo, os modos, ento correntes, de sentir, falar e narrar. "Pois a verdade apresentada e expressa de maneiras diferentes nos textos que so de vrios modos histricos ou profticos ou poticos, ou nos demais gneros de expresso."111.Mas, j que a Sagrada Escritura inspirada, h outro princpio da interpretao correta, no menos importante que o anterior, e sem o qual a Escritura permaneceria letra morta: "A Sagrada Escritura deve tambm ser lida e interpretada com a ajuda daquele mesmo Esprito em que foi escrita". O Conclio Vaticano II indica trs critrios para uma interpretao da Escritura conforme o Esprito que a inspirou:112.1. Prestar muita ateno "ao contedo e unidade da Escritura inteira". Pois, por mais diferentes que sejam os livros que a compem, a Escritura una em razo da21 22. unidade do projeto de Deus, do qual Cristo Jesus o centro e o corao, aberto depois de sua Pscoa (Pargrafos relacionados: 128,368) O corao de Cristo designa a Sagrada Escritura, que d a conhecer o corao de Cristo. O corao estava fechado antes da Paixo, pois a Escritura era obscura. Mas a Escritura foi aberta aps a Paixo, pois os que a partir da tm a compreenso dela consideram e discernem de que maneira as profecias devem ser interpretadas.113.2.Ler a Escritura dentro "da Tradio viva da Igreja inteira". Consoante um adgio dos Padres, "Sacra Scriptura principalius est in corde Ecclesiae quam in materialibus instrumentis scripta a sagrada Escritura est escrita mais no corao da Igreja do que nos instrumentos materiais". Com efeito, a Igreja leva em sua Tradio a memria viva da Palavra de Deus, e o Esprito Santo que lhe d a interpretao espiritual da Escritura ("...segundo o sentido espiritual que o Esprito d Igreja"). (Pargrafo relacionado: 81)114.3.Estar atento "a anagogia da f" Por "anagogia da f" entendemos a coeso das verdades da f entre si e no projeto total da Revelao. (Pargrafo relacionado: 90) OS SENTIDOS DA ESCRITURA115.Segundo uma antiga tradio, podemos distinguir dois sentidos da Escritura: o sentido literal e o sentido espiritual, sendo este ltimo subdividido em sentido alegrico, moral e analgico. A concordncia profunda entre os quatro sentidos garante toda a sua riqueza leitura viva da Escritura na Igreja.116.O sentido literal. o sentido significado pelas palavras da Escritura e descoberto pela exegese que segue as regras da correta interpretao. "Omnes sensus fundantur super litteralem - Todos os sentidos (da Sagrada Escritura) devem estar fundados no literal" (Pargrafos relacionados: 110-114)117.O sentido espiritual. Graas unidade do projeto de Deus, no somente o texto da Escritura, mas tambm as realidades e os acontecimentos de que ele fala, podem ser sinais. 1. O sentido alegrico. Podemos adquirir uma compreenso mais profunda dos acontecimentos reconhecendo a significao deles em Cristo; assim, a travessia do Mar Vermelho um sinal da vitria de Cristo, e tambm do Batismo 2. O sentido moral. Os acontecimentos relatados na Escritura devem conduzir-nos a um justo agir. Eles foram escritos "para nossa instruo" (1Cor 10,11) 3. O sentido anaggico. Podemos ver realidades e acontecimentos em sua significao eterna, conduzindo-nos (em grego: "anagog"; pronuncie "anagogu") nossa Ptria. Assim, a Igreja na terra sinal da Jerusalm celeste.118.Um dstico medieval resume a significao dos quatro sentidos: Littera gesta docei, quid credas allegoria, moralis quid agas, quo tendas anagogia. A letra ensina o que aconteceu; a alegoria, o que deves crer; a moral, o que deves fazer; a anagogia, para onde deves caminhar.119." dever dos exegetas esforar-se, dentro dessas diretrizes, por entender e expor com maior aprofundamento o sentido da Sagrada Escritura, a fim de que, por seu trabalho como que preparatrio, amadurea o julgamento da Igreja. Pois todas estas coisas que concernem maneira de interpretar a Escritura esto sujeitas, em ltima instncia, ao juzo da Igreja, que exerce o divino ministrio e mandato do guardar e interpretar a Palavra de Deus" (Pargrafo relacionado: 94) Ego vero Evangelio non crederem, nisi me catholicae Ecclesiae commoveret auctoritas. Eu no creria no Evangelho, se a isto no me levasse a autoridade da Igreja catlica" (Pargrafo relacionado: 113) 22 23. IVO Cnon das Escrituras120.Foi a Tradio apostlica que fez a Igreja discernir que escritos deviam ser enumerados lista dos Livros Sagrados". Esta lista completa denominada "Cnon" das Escrituras. Ela comporta 46 (45, se contarmos Jr e Lm juntos) escritos para o Antigo Testamento e 27 para o Novo Testamento. (Pargrafo relacionado: 1117) Gnesis, xodo, Levtico, Nmeros, Deuteronmio, Josu, Juizes, Rute, os dois livros de Samuel, os dois livros dos Reis, os dois livros das Crnicas, Esdras e Neemias, Tobias, Judite, Ester, os dois livros dos Macabeus, J, os Salmos, os Provrbios, o Eclesiastes (ou Colet), o Cntico dos Cnticos, a Sabedoria, o Eclesistico (ou Sircida), Isaas, Jeremias, as Lamentaes, Baruc, Ezequiel, Daniel, Osias, Joel, Ams, Abdias, Jonas, Miquias, Naum, Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias, para o Antigo Testamento; os Evangelhos de Mateus, de Marcos, de Lucas e de Joo, os Atos dos Apstolos, as Epstolas de So Paulo aos Romanos, a primeira e a segunda aos Corintios, aos Glatas, aos Efsios, aos Filipenses, aos Colossenses, a primeira e a segunda aos Tessalonicenses, a primeira e a segunda a Timteo, a Tito, a Filmon, a Epstola aos Hebreus, a Epstola de Tiago, a primeira e a segunda de Pedro, as trs Epstolas de Joo, a Epstola de Judas e o Apocalipse, para o Novo Testamento. O ANTIGO TESTAMENTO121.Antigo Testamento uma parte indispensvel da Sagrada Escritura. Seus livros so divinamente inspirados e conservam um valor permanente, pois a Antiga Aliana nunca foi revogada. (Pargrafo relacionado: 1093)122.Com efeito, "a Economia do Antigo Testamento estava ordenada principalmente para preparar a vinda de Cristo, redentor de todos". "Embora contenham tambm coisas imperfeitas e transitrias", os livros do Antigo Testamento do testemunho de toda a divina pedagogia do amor salvfico de Deus: "Neles encontram-se sublimes ensinamentos acerca de Deus e uma salutar sabedoria concernente vida do homem, bem como admirveis tesouros de preces; nestes livros, enfim est latente o mistrio de nossa salvao" (Pargrafos relacionados: 702,763,708,2568)123.Os cristos veneram o Antigo Testamento como verdadeira Palavra de Deus. A Igreja sempre rechaou vigorosamente a idia de rejeitar o Antigo Testamento sob o pretexto de que o Novo o teria feito caducar (marcionismo). O NOVO TESTAMENTO124."A Palavra de Deus, que fora de Deus para a salvao de todo crente, apresentada e manifesta seu vigor de modo eminente nos escritos do Novo Testamento." Estes escritos fornecem-nos a verdade definitiva da Revelao divina. Seu objeto central Jesus Cristo, o Filho de Deus encarnado, seus atos, ensinamentos, paixo e glorificao, assim como os incios de sua Igreja sob a ao do Esprito Santo.125.Os Evangelhos so o corao de todas as Escrituras, "uma vez que constituem o principal testemunho da vida e da doutrina do Verbo encarnado, nosso Salvador". (Pargrafo relacionado: 515)126.Na formao dos Evangelhos podemos distinguir trs etapas: 1. A vida e o ensinamento de Jesus. A Igreja defende firmemente que os quatro Evangelhos, "cuja historicidade afirma sem hesitao, transmitem fielmente aquilo que Jesus, Filho de Deus, ao viver entre os homens, realmente fez e ensinou para a eterna salvao deles, at o dia em que foi elevado". 2. A tradio oral. "O que o Senhor dissera e fizera, os apstolos, aps a ascenso do Senhor, transmitiram aos ouvintes, com aquela compreenso mais plena de que gozavam, instrudos que foram pelos gloriosos acontecimentos de Cristo e esclarecidos pela luz do Esprito de verdade." 23 24. 3. Os Evangelhos escritos. "Os autores sagrados escreveram os quatro Evangelhos, escolhendo certas coisas das muitas transmitidas ou oralmente ou j por escrito, fazendo sntese de outras ou explanando-as com vistas situao das igrejas, conservando, enfim, a forma de pregao, sempre de maneira a transmitir-nos, a respeito de Jesus, coisas verdadeiras e sincera. "127.O Evangelho quadriforme ocupa a Igreja um lugar nico, como atestam a venerao que lhe tributa a liturgia e o atrativo incomparvel que desde sempre tem exercido sobre os santos: (Pargrafo relacionado: 1154) No existe nenhuma doutrina que seja melhor, mais preciosa e mais esplndida que o texto do Evangelho. Vede e retende o que nosso Senhor e Mestre, Cristo, ensinou com suas palavras e realizou com seus atos. acima de tudo o Evangelho que me ocupa durante as minhas oraes; nele encontro tudo o que necessrio para minha pobre alma. Descubro nele sempre novas luzes, sentidos escondidos e misteriosos. (Pargrafo relacionado: 2705) A UNIDADE ENTRE O ANTIGO E O NOVO TESTAMENTO128.A Igreja, j nos tempos apostlicos, e depois constantemente em sua Tradio, iluminou a unidade do plano divino nos dois Testamentos graas tipologia. Esta discerne, nas obras de Deus contidas na Antiga Aliana, prefiguraes daquilo que Deus realizou na plenitude dos tempos, na pessoa de seu Filho encarnado. (Pargrafos relacionados: 1094,489)129.Por isso os cristos lem o Antigo Testamento luz de Cristo morto e ressuscitado. Esta leitura tipolgica manifesta o contedo inesgotvel do Antigo Testamento. Ela no deve levar a esquecer que este conserva seu valor prprio de Revelao, que o prprio Nosso Senhor reafirmou. De resto tambm o Novo Testamento exige ser lido luz do Antigo. A catequese crist primitiva recorre constantemente a ele. Segundo um adgio antigo, o Novo Testamento est escondido no Antigo, ao passo que o Antigo desvendado no Novo "Novum in Vetere latet et in Novo Vetus patet". (Pargrafos relacionados: 651,2055,1968)130.A tipologia exprime o dinamismo em direo ao cumprimento do plano divino, quando "Deus ser tudo em todos" (1 Cor 15,28), Tambm a vocao dos patriarcas e o xodo do Egito, por exemplo, no perdem seu valor prprio no plano de Deus, pelo fato de serem ao mesmo tempo etapas intermedirias deste plano. V.A Sagrada Escritura na vida da Igreja131." to grande o poder e a eficcia encerrados na Palavra de Deus, que ela constitui sustentculo e vigor para a Igreja, e, para seus filhos, firmeza da f, alimento da alma, pura e perene fonte da vida espiritual." " preciso que o acesso Sagrada Escritura seja amplamente aberto aos fiis."132."Que o estudo das Sagradas Pginas seja, portanto, como que a alma da Sagrada Teologia. Da mesma palavra da Sagrada Escritura tambm se nutre salutarmente e santamente floresce o ministrio da palavra, a saber, a pregao pastoral, a catequese e toda a instruo crist, na qual deve ocupar lugar de destaque a homilia litrgica." (Pargrafo relacionado: 94)133.A Igreja "exorta com veemncia e de modo peculiar todos os fiis cristos... a que, pela freqente leitura das divinas Escrituras, aprendam a eminente cincia de Jesus Cristo"(Fl 3,8). "Com efeito, ignorar as Escrituras ignorar Cristo". (Pargrafos relacionados: 2653,1792) RESUMINDO134.Omnis Scriptura divina unus liber est, et hic unus liber est Christus, "quia omnis Scriptura divina de Christo loquitur, et omn is Scriptura divina in Christo impletur" - Toda a Escritura divina um nico livro, e este livro nico Cristo, j que toda Escritura divina fala de Cristo, e toda Escritura divina se cumpre em Cristo.24 25. 135."As Sagradas Escrituras contm a Palavra de Deus e, por serem inspiradas, so verdadeiramente Palavra de Deus. "136.Deus e o autor da Sagrada Escritura inspirar seus autores humanos; age neles e por meio dele. Fornece assim a garantia de que seus escritos ensinem sem erro a verdade salvfica.137.A interpretao das Escrituras inspiradas deve antes de tudo estar atenta quilo que Deus quer revelar por intermdio dos autores sagrados para nossa salvao. O que vem do Esprito s plenamente entendido pela ao do Esprito.138.A Igreja recebe e venera como inspirados os 46 livros do Antigo e os 27 livros do Novo Testamento.139.Os quatro Evangelhos ocupam um lugar central, j que Cristo Jesus o centro deles.140.A unidade dos dois Testamentos decorre da unidade do projeto de Deus e de sua Revelao. O Antigo Testamento prepara o Novo, ao passo que este ltimo cumpre o Antigo; os dois se iluminam reciprocamente; os dois so verdadeira Palavra de Deus.141."A Igreja sempre venerou as divinas Escrituras da mesma forma como o prprio Corpo do Senhor": ambos alimentam e dirigem toda a vida crist. "Tua Palavra a lmpada para meus ps, e luz para meu caminho" (Sl 119,105).25 26. CAPTULO III - A RESPOSTA DO HOMEM A DEUS142.Por sua Revelao, "o Deus invisvel, levado por seu grande amor, fala aos homens como a amigos, e com eles se entretm para os convidar comunho consigo e nela os receber". A resposta adequada a este convite a f. (Pargrafo relacionado: 1102)143.Pela f, o homem submete completamente sua inteligncia e sua vontade a Deus. Com todo o seu ser, o homem d seu assentimento a Deus revelador. A Sagrada Escritura denomina "obedincia da f" esta resposta do homem ao Deus que revela. (Pargrafo relacionado: 2087) ARTIGO 1: EU CREIO (Pargrafos relacionados: 1814-1816) I. A obedincia da f144.Obedecer ("ob-audire") na f significa submeter-se livremente palavra ouvida, visto que sua verdade garantida por Deus, a prpria Verdade. Desta obedincia, Abrao o modelo que a Sagrada Escritura nos prope, e a Virgem Maria, sua mais perfeita realizao. ABRAO "O PAI DE TODOS OS CRENTES"145.A Epstola aos Hebreus, no grande elogio f dos antepassados, insiste particularmente na f de Abrao: "Foi pela f que Abrao, respondendo ao chamado, obedeceu e partiu para uma terra que devia receber como herana, e partiu sem saber para onde ia" (Hb 11,8). Pela f, viveu como estrangeiro e como peregrino na Terra Prometida. Pela f, Sara recebeu a graa de conceber o filho da promessa. Pela f, finalmente, Abrao ofereceu seu filho nico em sacrifcio. (Pargrafos relacionados: 59,2570,489)146.Abrao realiza, assim, a definio da f dada pela Epstola aos Hebreus: "A f uma posse antecipada do que se espera, um meio de demonstrar as realidades que no se vem" (Hb 11,1). "Abrao creu em Deus, e isto lhe foi levado em conta de justia" (Rm 4,3). Graas a esta "f poderosa" (Rm 4,20), Abrao tornou-se "o pai de todos os que haveriam de crer" (Rm 4,1 1.18) (Pargrafo relacionado: 1819)147.O Antigo Testamento rico em testemunhos desta f. A Epstola aos Hebreus proclama o elogio da f exemplar dos antigos, "que deram o seu testemunho" (Hb 11,2.39). No entanto, "Deus previa para ns algo melhor": a graa de crer em seu Filho Jesus, "o autor e realizador da f, que a leva perfeio" (Hb11,40; 12,2). (Pargrafo relacionado: 839) MARIA "BEM-AVENTURADA A QUE ACREDITOU"148.A Virgem Maria realiza da maneira mais perfeita a obedincia da f. Na f, Maria acolheu o anncio e a promessa trazida pelo anjo Gabriel, acreditando que "nada impossvel a Deus" (Lc 1,37) e dando seu assentimento: "Eu sou a serva do Senhor; faa- se em mim segundo a tua palavra" (Lc 1,38). Isabel a saudou: "Bem-aventurada a que acreditou, pois o que lhe foi dito da parte do Senhor ser cumprido" (Lc 1,45). em virtude desta f que todas as geraes a proclamaro bem-aventurada. (Pargrafos relacionados: 494,2617,506)149.Durante toda a sua vida e at sua ltima provao, quando Jesus, seu filho, morreu na cruz, sua f no vacilou. Maria no deixou de crer "no cumprimento" da Palavra de Deus. Por isso a Igreja venera em Maria a realizao mais pura da f. (Pargrafos relacionados: 969,507,829) II. "Sei em quem pus minha f" (2Tm 1,12) CRER SOMENTE EM DEUS26 27. 150.A f primeiramente uma adeso pessoal do homem a Deus; , ao mesmo tempo e inseparavelmente, o assentimento livre a toda a verdade que Deus revelou. Como adeso pessoal a Deus e assentimento verdade que ele revelou, a f crist diferente da f em uma pessoa humana. E justo e bom entregar-se totalmente a Deus e crer absolutamente no que ele diz. Seria vo e falso pr tal f em uma criatura (Pargrafo relacionado: 222) CRER EM JESUS CRISTO, O FILHO DE DEUS151.Para o cristo, crer em Deus , inseparavelmente, crer naquele que Ele enviou, "seu Filho bem-amado", no qual Ele ps toda sua complacncia; Deus mandou que O escutssemos. O prprio Senhor disse a seus discpulos: "Crede em Deus, crede tambm em mim" (Jo 14,1). Podemos crer em Jesus Cristo por que ele mesmo Deus, o Verbo feito carne: "Ningum jamais viu a Deus: o Filho unignito, que est voltado para o seio do Pai; este o deu a conhecer" (Jo 1,18). Por ter ele "visto o Pai" (Jo 6,46), ele o nico que o conhece e pode revel-lo. (Pargrafo relacionado: 424) CRER NO ESPRITO SANTO152.No se pode crer em Jesus Cristo sem participar de seu Esprito. E o Esprito Santo que revela aos homens quem Jesus. Pois "ningum pode dizer Jesus Senhor a no ser no Esprito Santo" (1 Cor 12,3). "O Esprito sonda todas as coisas, at mesmo as profundidades de Deus... O que est em Deus, ningum o conhece a no ser o Esprito de Deus" (1 Cor 2,10-11). S Deus conhece a Deus por inteiro. Cremos no Esprito Santo porque Ele Deus. (Pargrafos relacionados: 243,683) A Igreja no cessa de confessar sua f em um s Deus, Pai, Filho e Esprito Santo (Pargrafo relacionado: 232) III. As caractersticas da f A F UMA GRAA153.Quando So Pedro confessa que Jesus o Cristo, Filho do Deus vivo, Jesus lhe declara que esta revelao no lhe veio "da carne e do sangue, mas de meu Pai que est nos cus". A f um dom de Deus, uma virtude sobrenatural infundida por Ele. "Para que se preste esta f, exigem-se a graa prvia e adjuvante de Deus e os auxlios internos do Esprito Santo, que move o corao e o converte a Deus, abre os olhos da mente e d a todos suavidade no consentir e crer na verdade." (Pargrafos relacionados: 552,1814,1996,2606) A F UM ATO HUMANO154.Crer s possvel pela graa e pelos auxlios interiores do Esprito Santo Mas no menos verdade que crer um ato autenticamente humano. No contraria nem a liberdade nem a inteligncia do homem confiar em Deus e aderir s verdades por Ele reveladas. J no campo das relaes humanas, no contrrio nossa prpria dignidade crer no que outras pessoas nos dizem sobre si mesmas e sobre suas intenes e confiar nas promessas delas (como, por exemplo, quando um homem e uma mulher se casam), para entrar assim em comunho recproca. Por isso, ainda menos contrrio nossa dignidade "prestar, pela f, revelao de Deus plena adeso do intelecto e da vontade" e entrar, assim, em comunho ntima com ele. (Pargrafos relacionados: 1749,2126)155.Na f, a inteligncia e a vontade humanas cooperam com a graa divina: "Credere est actus intellectus assentientis veritati divinae ex imperio voluntatis a Deo motae per gratiam - Crer um ato da inteligncia que assente verdade divina a mando da vontade movida por Deus atravs da graa" (Pargrafo relacionado: 2008) A F E A INTELIGNCIA27 28. 156.O motivo de crer no o fato de as verdades reveladas aparecerem como verdadeiras e inteligveis luz de nossa razo natural. Cremos "por causa da autoridade de Deus que revela e que no pode nem enganar-se nem enganar-nos". "Todavia, para que o obsquio de nossa f fosse conforme razo, Deus quis que os auxlios interiores do Esprito Santo fossem acompanhados das provas exteriores de sua Revelao. Por isso, os milagres de Cristo e dos santos, as profecias, a propagao e a santidade da Igreja, sua fecundidade e estabilidade "constituem sinais certssimos da Revelao, adaptados inteligncia de todos", "motivos de credibilidade" que mostram que o assentimento da f no "de modo algum um movimento cego do esprito". (Pargrafos relacionados: 1063,2465,548,812)157.A f certa, mais certa que qualquer conhecimento humano, porque se funda na prpria Palavra de Deus, que no pode mentir. Sem dvida, as verdades reveladas podem parecer obscuras razo e experincia humanas, mas "a certeza dada pela luz divina maior que a que dada pela luz da razo natural. "Dez mil dificuldades no fazem uma nica dvida. (Pargrafo relacionado: 2088)158."A f procura compreender": e caracterstico da f o crente desejar conhecer melhor Aquele em quem ps sua f e compreender melhor o que Ele revelou; um conhecimento mais penetrante despertar por sua vez uma f maior, cada vez mais ardente de amor. A graa da f abre "os olhos do corao" (Ef. 1,18) para uma compreenso viva dos contedos da Revelao, isto , do conjunto do projeto de Deus e dos mistrios da f, do nexo deles entre si e com Cristo, centro do Mistrio revelado. Ora, para "tomar cada vez mais profunda a compreenso da Revelao, o mesmo Esprito Santo aperfeioa continuamente a f por meio de seus dons. Assim, segundo o adgio de Santo Agostinho, "eu creio para compreender, e compreendo para melhor crer". (Pargrafos relacionados: 2705,1827,90,2518)159.F e cincia. "Porm, ainda que a f esteja acima da razo, no poder jamais haver verdadeira desarmonia entre uma e outra, porquanto o mesmo Deus que revela os mistrios e infunde a f dotou o esprito humano da luz da razo; e Deus no poderia negar-se a si mesmo, nem a verdade jamais contradizer a verdade." "Portanto, se a pesquisa metdica, em todas as cincias, proceder de maneira verdadeiramente cientfica, segundo as leis morais, na realidade nunca ser oposta f: tanto as realidades profanas quanto as da f originam-se do mesmo Deus. Mais ainda: quem tenta perscrutar com humildade e Perseverana, os segredos das coisas, ainda que disso no tome conscincia, e como que conduzido pela mo de Deus, que sustenta todas as coisas, fazendo com que elas sejam o que so." (Pargrafos relacionados: 283,2293) A LIBERDADE DA F160.Para que o ato de f seja humano, "o homem deve responder a Deus, crendo por livre vontade. Por conseguinte, ningum deve ser forado contra sua vontade a abraar a f. Pois o ato de f por sua natureza voluntrio". "Deus de fato chama os homens para servi-lo em esprito e verdade. Com isso os homens so obrigados em conscincia, mas no so forados... Foi o que se patenteou em grau mximo em Jesus Cristo." Com efeito, Cristo convidou f e converso, mas de modo algum coagiu. "Deu testemunho da verdade, mas no quis imp-la pela fora aos que a ela resistiam. Seu reino... se estende graas ao amor com que Cristo, exaltado na cruz, atrai a si os homens." (Pargrafos relacionados: 1738,2106,616) A NECESSIDADE DA F161.E necessrio, para obter esta salvao, crer em Jesus Cristo e naquele que o enviou para nossa salvao "Como, porm, "sem f impossvel agradar a Deus (Hb 11,6) e chegar ao consrcio dos seus filhos, ningum jamais pode ser justificado sem ela, nem conseguir a vida eterna, se nela no permanecer at o fim" (Mt 10,22; 24,13)". 28 29. (Pargrafos relacionados: 432,1257,846) A PERSEVERANA NA F162.A f um dom gratuito que Deus concede ao homem. Podemos perder este dom inestimvel; So Paulo alerta Timteo sobre isso: Combate... o bom combate, com f e boa conscincia; pois alguns, rejeitando a boa conscincia, vieram a naufragar na f" (1Tm 1,18-19). Para viver, crescer e perseverar at o fim na f, devemos aliment-la com a Palavra de Deus; devemos implorar ao Senhor que a aumente; ela deve "agir pela caridade" (Gl 5,6), ser carregada pela esperana e estar enraizada na f da Igreja. (Pargrafos relacionados: 2089,1037,2016,2573,2849) A F - COMEO DA VIDA ETERNA163.A f nos faz degustar como por antecipao a alegria e a luz da viso beatfica, meta de nossa caminhada na terra. Veremos ento a Deus "face a face" (1Cor 13,12), "tal como Ele " (1Jo 3,2). A f j , portanto, o comeo da vida eterna: (Pargrafo relacionado: 1088) Enquanto desde j contemplamos as bnos da f, como um reflexo no espelho, como se j possussemos as coisas maravilhas que um dia desfrutaremos, conforme nos garante nossa f.164.Por ora, todavia, "caminhamos pela f, no pela viso" (2Cor 5,7), e conhecemos a Deus "como que em um espelho, de uma forma confusa..., imperfeita" (1Cor 13,12). Luminosa em virtude daquele em que ela cr, a f muitas vezes vivida na obscuridade. A f pode ser posta prova. O mundo em que vivemos muitas vezes parece estar bem longe daquilo que a f nos assegura; as experincias do mal e do sofrimento, das injustias e da morte parecem contradizer a Boa Nova; podem abalar a f e tornar-se para ela uma tentao. (Pargrafos relacionados: 2864,309,1502,1006)165. ento que devemos nos voltar para as testemunhas da f: Abrao, que creu, "esperando contra toda esperana" (Rm 4,18); a Virgem Maria, que na "peregrinao a f" foi at a "noite da f", comungando com o sofrimento de seu Filho e com a noite de seu tmulo e tantas outras testemunhas da f: "Com tal nuvem de testemunhas ao nosso redor, rejeitando todo fardo e o pecado que nos envolve, corramos com perseverana para o certame que nos proposto, com os olhos fixos naquele que autor e realizador da f, Jesus" (Hb 12,1-2). (Pargrafo relacionado: 2719) ARTIGO 2: NS CREMOS166.A f um ato pessoal: a resposta livre do homem iniciativa de Deus que se revela. Ela no , porm, um ato isolado. Ningum pode crer sozinho, assim como ningum pode viver sozinho. Ningum deu a f a si mesmo, assim como ningum deu a vida a si mesmo. O crente recebeu a f de outros, deve transmiti-la a outros. Nosso amor por Jesus e pelos homens nos impulsiona a falar a outros de nossa f. Cada crente como um elo na grande corrente dos crentes. No posso crer sem ser carregado pela f dos outros, e pela minha f contribuo para carregar a f dos outros. (Pargrafo relacionado: 875)167."Eu creio": esta a f da Igreja, professada pessoalmente por todo crente, principalmente pelo batismo. "Ns cremos": esta a f da Igreja confessada pelos bispos reunidos em Conclio ou, mais comumente, pela assemblia litrgica dos crentes. "Eu creio" tambm a Igreja, nossa Me, que responde a Deus com sua f e que nos ensina a dizer: "eu creio", "ns cremos". (Pargrafos relacionados: 1124,2040) I. "Olhai, Senhor, para a f da vossa Igreja"168. antes de tudo a Igreja que cr e que desta forma carrega, alimenta e sustenta minha f. E antes de tudo a Igreja que, em toda parte, confessa o Senhor ("Te per orbem terrarum sancta confitetur Ecclesia A vs por toda a terra proclama a Santa Igreja", assim cantamos no Te Deum), e com ela e nela tambm ns somos impulsionados e levados a 29 30. confessar: "Eu creio", "nos cremos". por intermdio da Igreja que recebemos a f e a vida nova no Cristo pelo batismo. No "Ritual Romano", o ministro do batismo pergunta ao catecmeno: "Que pedes Igreja de Deus?" E a resposta: "A f." "E que te d a f?" "A vida eterna." (Pargrafo relacionado: 1253)169.A salvao vem exclusivamente de Deus, mas, por recebermos a vida de f por meio da Igreja, esta ltima nossa me: "Ns cremos na Igreja como a me de nosso novo nascimento, e no como se ela fosse a autora de nossa salvao". Por ser nossa me, a Igreja tambm a educadora de nossa f. (Pargrafos relacionados: 750,2030) II. A linguagem da f170.No cremos em frmulas, mas nas realidades que elas expressam e que a f nos permite "tocar". "O ato (de f) do crente no pra no enunciado, mas chega at a realidade (enunciada). Todavia, temos acesso a essas realidades com o auxlio das formulaes da f. Estas permitem expressar e transmitir a f, celebr-la em comunidade, assimil-la e viv-la cada vez mais. (Pargrafo relacionado: 186)171.A Igreja, que "a coluna e o sustentculo da verdade" (1 Tm 3,15), guarda fielmente a f uma vez por todas confiada aos santos. E ela que conserva a memria das Palavras de Cristo, ela. que transmite de gerao em gerao a confisso de f dos apstolos. Como uma me que ensina seus filhos a falar e, com isto, a, compreender e a comunicar, a Igreja, nossa Me, nos ensina a linguagem da f para introduzir-nos na compreenso e na vida da f. (Pargrafos relacionados: 78,84,857,185) III. Uma nica f172.H sculos, mediante tantas lnguas, culturas, povos e naes, a Igreja no cessa de confessar sua nica f, recebida de s Senhor, transmitida por um nico batismo, enraizada na convico de que todos os homens tm um s Deus e Pai, So Irineu de Lio, testemunha desta f, declara: (Pargrafo relacionado: 813)173."Com efeito, a Igreja, embora espalhada pelo mundo inteiro at os confins da terra, tendo recebido dos apstolos e dos discpulos deles a f... guarda [esta pregao e esta f] com cuidado, como se habitasse em uma s casa; nelas cr de forma idntica, como se tivesse uma s alma; e prega as verdades de f, as ensina e transmite com voz unnime, como se possusse uma s boca". (Pargrafo relacionado: 830)174."Pois, se no mundo as lnguas diferem, o contedo da Tradio uno e idntico. E nem as Igrejas estabelecidas na Germnia tm outra f ou outra Tradio, nem as que esto entre os iberos, nem as que esto entre os celtas, nem as do Oriente, do Egito, da Lbia, nem as que esto estabelecidas no centro do mundo..." "A mensagem da Igreja , portanto, verdica e slida, pois nela que um nico caminho de salvao aparece no mundo inteiro." (Pargrafo relacionado: 78)175."Esta f que recebemos da Igreja, ns a guardamos com cuidado, pois sem cessar, sob a ao do Esprito de Deus, guisa de um depsito de grande preo encerrado em um vaso precioso, ela rejuvenesce e faz rejuvenescer o prprio vaso que a contm." RESUMINDO176.A f uma adeso pessoal do homem inteiro a Deus que se revela. Ela inclui uma adeso da inteligncia e da vontade Revelao que Deus fez de si mesmo por suas aes e palavras. 30 31. 177.Por conseguinte, "crer" tem uma dupla referncia: pessoa e verdade; verdade, por confiana na pessoa que a atesta.178.No devemos crer em ningum a no ser em Deus, o Pai, o Filho e o Esprito Santo179.A f um dom sobrenatural de Deus. Para crer, o homem tem necessidade dos auxlios interiores do Esprito Santo180."Crer" e um ato humano, consciente e livre, que corresponde dignidade da pessoa humana.181."Crer" e um ato eclesial. A f da Igreja precede, gera, tenta e alimenta nossa f. A Igreja a me de todos os crentes. "Ningum pode ter a Deus por Pai, que no tenha Igreja por me. "182."Ns cremos em tudo o que est contido na Palavra de Deus escrita ou transmitida, e que a Igreja prope a crer c divinamente revelado. "183.A f necessria salvao. O prprio Senhor afirma: "Aquele que crer e for batizado ser salvo; aquele que no crer ser condenado" (Mc 16, 16).184."A f um antegozo do conhecimento que nos tornar bem-aventurados na vida futura".31 32. O CREDOSmbolo dos ApstolosCredo Niceno-ConstantinopolitanoCreio em Deus, Pai todo-poderoso,Creio em um s Deus, Pai todo-poderosoCriador do Cu e da TerraCriador do Cu e da Terra, de todas as coisas visveis e invisveis.E em Jesus Cristo, seu nico Filho,Creio em um s Senhor, Jesus Cristo,nosso Senhor Filho Unignito de Deus, nascido do Pai antes de todos os sculos: Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro; gerado, no criado, consubstancial ao Pai. Por Ele todas as coisas foram feitas. E por ns homens e para nossa salvaoque foi concebido pelo poder dodesceu dos Cus.Esprito Santo;E encarnou pelo Esprito Santo,nasceu da Virgem Maria;no seio da Virgem Maria, e se fez homem.padeceu sob Pncio Pilatos,Tambm por ns foi crucificado sobfoi crucificado, morto e sepultado;Pncio Pilatos;desceu manso dos mortos;padeceu e foi sepultado.ressuscitou ao terceiro dia;subiu aos Cus;Ressuscitou ao terceiro dia,est sentado direita de Deus Pai todo- conforme as Escrituras;poderoso,e subiu aos Cus, onde est sentado de onde h-de vir a julgar os vivos e os direita do Pai.mortos.De novo h-de vir em sua glria para julgar os vivos e os mortos;Creio no Esprito Santo; e o seu Reino no ter fim. Creio no Esprito Santo, Senhor que d a vida, e procede do Pai e do Filho; e com o Pai e o Filho adorado ena santa Igreja Catlica;glorificado: Ele que falou pelos profetas. Creio na Igreja una, santa,na comunho dos Santos;catlica e apostlica.na remisso dos pecados; Professo um s Baptismo para ana ressurreio da carne;remisso dos pecados.e na vida eterna.E espero a ressurreio dos mortosAmen e a vida do mundo que h-de vir. men. 32 33. SEGUNDA SECO A PROFISSO DA F CRIST OS SMBOLOS DA F185.Quem diz creio diz "dou minha adeso quilo que no cremos". A comunho na f precisa de uma linguagem comum da f, normativa para todos e que una na mesma confisso de f.. (Pargrafos relacionados: 171,949)186.Desde a origem, a Igreja apostlica exprimiu e transmitiu sua prpria f em frmulas breves e normativas para todos. Mas j muito cedo a Igreja quis tambm recolher o essencial de sua f em resumos orgnicos e articulados, destinados sobretudo aos candidatos ao Batismo: Esta sntese da f no foi elaborada segundo as opinies humanas mas da Escritura inteira recolheu-se o que existe de mais importante, para dar, na sua totalidade, a nica doutrina da f. E assim com a semente de mostarda contm em um pequenssimo gro um grande nmero de ramos, da mesma forma este resumo da f encerra em algumas palavras todo o conhecimento da verdadeira piedade contida no Antigo e no Novo Testamento.187.Estas snteses da f chamam-se "profisses de f", pois resumem a f que os cristos professam. Chamam-se "Credo" em razo da primeira palavra com que normalmente comeam: "Creio". Denominam-se tambm "Smbolos da f".188.A palavra grega "symbolon" significava a metade de um objeto quebrado (por exemplo, um sinete) que era apresentada como sinal de reconhecimento. As partes quebradas eram juntadas para se verificar a identidade do portador. O "smbolo da f" , pois, um sinal de reconhecimento e de comunho entre os crentes. "Symbolon" passa em seguida a significar coletnea, coleo ou sumrio. O "smbolo da f" a coletnea das principais verdades da f. Da o fato de ele servir como ponto de referncia primeiro e fundamental da catequese.189.A primeira "profisso de f" feita por ocasio do Batismo. O "smbolo da f" inicialmente o smbolo batismal. Uma vez que o Batismo dado "em nome do Pai e do Filho e do Esprito Santo" (Mt 28,19), as verdades de f professadas por ocasio do Batismo esto articuladas segundo sua referncia s trs pessoas da Santssima Trindade. (Pargrafos relacionados: 1237,232)190.O smbolo est, pois, dividido em trs partes: "Primeiro, fala-se da primeira Pessoa divina e da obra admirvel da criao; em seguida, da segunda Pessoa divina e do Mistrio da Redeno dos homens; finalmente, da terceira Pessoa divina, fonte e princpio de nossa santificao". Esses so "os trs captulos de nosso selo (batismal)".191."Estas trs partes so distintas, embora interligadas. Segundo uma comparao usada com freqncia pelos Padres, chamamo-las de artigos. Pois da mesma forma que em nossos membros existem certas articulaes que os distinguem e os separam, assim tambm nesta profisso de f, com acerto e razo, se deu o nome de artigos s verdades em que devemos crer especificamente e de forma distinta". Segundo uma antiga tradio,33 34. j atestada por Santo Ambrsio, tambm se costuma contar doze artigos do Credo, simbolizando com o nmero dos apstolos o conjunto da f apostlica.192.As profisses ou smbolos da f tm sido numerosas ao longo dos sculos e em resposta s necessidades das diversas pocas: os smbolos das diferentes Igrejas apostlicas e antigas, o Smbolo Quicumque; dito de Santo Atansio, as profisses de f de certos Conclios (