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PROPRIEDADES MEDICINAIS DO COGUMELO DO SOL
Autores: Ana Paula de Santi Rampazzo, Mariana Cristina Vicente Umada Zapater e Maria
Raquel Marçal Natali (coordenador)
Os cogumelos comestíveis foram a muito reconhecidos e estes têm se tornado populares
como suplementos alimentares em todo o mundo. O consumo vem aumentando e ganhando
destaque em virtude do seu sabor refinado, alto valor nutritivo e, ainda, pelo grande potencial
de uso medicinal. No Brasil, o consumo ainda é muito pequeno em relação ao dos povos
europeu e asiático, onde se estima em 70g por habitante por ano.
Dentre as espécies mais consumidas, podemos destacar o basidiomiceto Agaricus blazei
Murill (Ordem Agariales, família Agariaceae) que tem demonstrado propriedades nutricionais,
farmacológicas e preventivas de várias doenças como câncer, diabetes, hiperlipidemia,
arteriosclerose e hepatites crônicas. A. blazei é conhecido no Japão como Himematsutake,
Agarikusutake ou Kawarihiratake e na China como Ji Song Rong. Contudo, é um cogumelo
nativo do Brasil, denominado popularmente de Cogumelo do Sol ou medicinal. Foi descoberto
no Brasil em 1960 por Takatoshi Furumoto, um cultivador e pesquisador que enviou, em 1965,
amostras para estudos no Japão, sendo identificado em 1967 pelo botânico Belga Heinemann.
Exemplar de Agaricus blazei Murill.
Fonte: http://www.medicinaisplantas.com/plantas-medicinais-cogumelo-do-sol.html
O corpo de frutificação de A. blazei contém 85 a 87% de água e, quando desidratado, é
rico em proteínas (40 a 45%), carboidratos (38 a 45%), fibras (6 a 8%), resíduos totais (5 a 7%),
lipídios (3 a 4 %) e vitaminas (em mg), tais como B1 (0,3mg), B2 (3,2mg) e niacina (49,2 mg).
Além disso, contém ergosterol (0,1 a 0,2%), que é convertido em vitamina D2 após exposição à
luz ou cozimento estimulando o processamento do cálcio em nosso organismo, prevenindo a
osteoporose. O teor de gorduras, com base no peso seco varia de 0,7% a 9,7%. Os minerais,
como fósforo, sódio, cálcio e principalmente o potássio são encontrados em grande
quantidade, mas pode haver também chumbo, mercúrio e cobre, metais pesados cuja
presença em excesso pode ser nociva à saúde, caso não haja o cuidado apropriado nas áreas
de cultivo, especialmente com a água utilizada.
Muitos estudos têm sido realizados com compostos isolados de A. blazei que tem
propriedades funcionais, em particular as frações polissacarídicas compostas de um complexo
de β (1→6)D-glucano e proteínas que apresentam atividade antitumoral. Pesquisadores
administraram o extrato aquoso de A. blazei antes da indução química do câncer em ratos e
observaram efeitos antimutagênicos, contudo este extrato foi ineficaz quando administrado
no período pós-indução demonstrando proteção somente na etapa inicial da carcinogênese de
fígado. Os benefícios observados no tratamento do câncer com A. blazei devem-se
provavelmente à melhora do sistema imunológico e não ao ataque direto às células
neoplásicas. Este efeito imunopotencializador pôde ser comprovado quando o extrato de A.
blazei foi injetado intraperitonalmente em camundongos e foi observado um aumento
significativo na expressão dos RNAs mensageiros de interleucinas de macrófagos isolados da
cavidade peritoneal e do baço destes animais.
Além disso, A. blazei possui uma capacidade antioxidante ainda pouco investigada.
Substâncias como o ergosterol, compostos fenólicos e tocoferóis, presentes no cogumelo do
sol, permitem a manutenção do equilíbrio interno do organismo, impedindo a formação dos
radicais livres ou neutralizando as espécies já formadas, amenizando os efeitos do estresse
oxidativo, decorrentes de uma alimentação inadequada e/ou do processo de envelhecimento.
Considerando que os antioxidantes do organismo sofrem redução com o passar do
tempo, o Departamento de Ciências Morfológicas da Universidade Estadual de Maringá,
desenvolve um projeto de pesquisa no qual investiga os efeitos de administração prolongada
do extrato aquoso de A. blazei em ratos durante o processo de envelhecimento sobre o trato
gastrointestinal, especialmente sobre os neurônios entéricos, os quais são responsáveis entre
outras funções pela motilidade intestinal. Este projeto é desenvolvido em parceria com os
Departamentos de Biologia e Bioquímica desta Universidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBISAN, L.F.; MYAMOTO, M.; SCOLASTICI, C.; SALVADORI, D.M.F.; RIBEIRO L.R.; EIRA, A.F.; CAMARGO,
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