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Estudo sueco prova que incentivos financeiros, combinados a um alerta imediato sobre excesso de velocidade, fazem o motorista correr menos J á que as campanhas de educação para o trânsito nem sempre dão o resultado que se espera – principalmente aqui no Brasil – e se o motorista sentisse no bolso o verdadeiro estímulo para ter um comportamento seguro? Segundo um estudo desenvolvido pelo centro sueco Folksam, a ideia funciona. Pelo menos foi a conclusão de análises feitas ao longo de um ano em cima do conceito Pay-As-You- Speed (algo como “pague conforme acelera”). O ponto de partida do estudo foi um sistema chamado Inteligent Speed Assistance (ISA), que fica acoplado ao veículo, detectando os excessos de velocidade – e avisando o motorista que ele está passando dos limites estabelecidos. Além disso, o sistema registra todas as ocorrências de excesso, contabilizando a distância percorrida acima da velocidade máxima permitida. O ISA conta com um receptor GPS, para rastrear o veículo o tempo todo, conectado a um data base sobre o sistema viário, que inclui os limites de velocidade de cada trecho. Revista CESVI 29 28 PISOU FUNDO NO ACELERADOR, PAGOU Um efeito colateral da redução de velocidade no grupo de teste foi também uma redução no gasto de combustível e, consequentemente, de emissão de gás carbônico. Os estudiosos calcularam essa redução, com o uso do ISA, em torno de 300 quilos de gás carbônico por ano, por pessoa. A redução de custo com combustível ficou, em média, em 200 euros por ano, por motorista. Com o incentivo fundamental de premiar os mais comportados com reduções nos custos do seguro, a média de desconto – para o grupo teste – foi de 21%, o que corresponde a 100 euros por pessoa. Somando as economias com combustível e seguro, o sistema Pay-As-You-Speed rendeu 300 euros anuais para o motorista que pega leve no acelerador – 823 reais, pela cotação do fim de novembro. Nada mal, hein?... Já dá para bancar as compras de Natal. E tem mais: o estudo relacionou a diminuição na ocorrência de excessos de velocidade a um aumento na segurança. O risco de fatalidades para o grupo teste ficou 20% menor. No fim do estudo, nove em cada dez participantes aprovaram o conceito de “pagar mais se acelerar mais”, o que, segundo o Folksam, indica o potencial para a criação de um novo modelo de seguro de automóvel. Mais barato, mais seguro, mais saudável Estudos do RCAR Este estudo do Folksam foi apresentado na conferência 2012 do RCAR (Research Council for Automobile Repairs), um conselho internacional de centros de pesquisa do qual o CESVI BRASIL faz parte. Nas próximas edições, vamos apresentar outros estudos, de centros que, assim como o nosso, são especialistas em reparação automotiva e segurança viária. O outro pilar do estudo era a grana: os participantes foram avisados de que um bom comportamento ao volante renderia um desconto de até 30% no valor do prêmio do seguro. O estudo contou com um grupo de teste (141 pessoas) e um de controle (86). Mas somente o grupo de teste era avisado na hora pelo sistema de que estava correndo acima do limite. Os participantes desse grupo ainda podiam acompanhar os resultados do seu desempenho na direção em um site exclusivo. Já o grupo de controle não recebia nenhum feedback sobre seu pé de chumbo, embora o sistema estivesse medindo seu desempenho. Para analisar os efeitos do aviso do ISA, os especialistas do Folksam compararam as distâncias percorridas acima da velocidade pelos dois grupos. A conclusão apontou que o grupo de teste (que era alertado sobre os excessos) teve um comportamento muito mais seguro: a distância percorrida a 5 km/h acima da velocidade foi de apenas 6% da total, enquanto que, para o grupo de controle, a distância em disparada foi de 14% do total percorrido. Outra conclusão interessante foi de que quem corria menos, por conta do aviso do sistema, também não chutava a barraca quando se excedia na velocidade – a maior parte ficava entre 0 e 5 km/h acima do limite nessas ocasiões. Já quem passava mais do limite estabelecido também costumava exagerar: a maior parte corria acima de 5 km/h a mais que a velocidade máxima para a via. Alexandre Carvalho dos Santos Grupo de teste 85% Dirigindo dentro do limite 9% Entre 0 e 5 km/h acima do limite 6% Acima de 5 km/h de excesso de velocidade Grupo de controle 74% Dirigindo dentro do limite 12% Entre 0 e 5 km/h acima do limite 14% Acima de 5 km/h de excesso de velocidade

Dispositivo que detecta excesso de velocidade

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Dispositivo desenvolvido por centro de pesquisas sueco detecta excesso de velocidade e cobra pelas infrações cometidas ao longo do percurso. Seria a solução para a maior causa de mortes no trânsito? Confira:

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Page 1: Dispositivo que detecta excesso de velocidade

Estudo sueco prova que incentivos financeiros,

combinados a um alerta imediato sobre excesso de velocidade,

fazem o motorista correr menos

Já que as campanhas de educação para o trânsito nem sempre dão o resultado que se espera

– principalmente aqui no Brasil – e se o motorista sentisse no bolso o verdadeiro estímulo para ter um comportamento seguro? Segundo um estudo desenvolvido pelo centro sueco Folksam, a ideia funciona.Pelo menos foi a conclusão de análises feitas ao longo de um ano em cima do conceito Pay-As-You-Speed (algo como “pague conforme acelera”). O ponto de partida do estudo foi um sistema chamado Inteligent Speed Assistance (ISA), que fica acoplado ao veículo, detectando os excessos de velocidade – e avisando o motorista que ele está passando dos limites estabelecidos. Além disso, o sistema registra todas as ocorrências de excesso, contabilizando a distância percorrida acima da velocidade máxima permitida. O ISA conta com um receptor GPS, para rastrear o veículo o tempo todo, conectado a um data base sobre o sistema viário, que inclui os limites de velocidade de cada trecho.

Revista CESVI 2928

PISOu FundOnO AcElErAdOr,PAGOu

Um efeito colateral da redução de velocidade no grupo de teste foi também uma redução no gasto de combustível e, consequentemente, de emissão de gás carbônico. Os estudiosos calcularam essa redução, com o uso do ISA, em torno de 300 quilos de gás carbônico por ano, por pessoa. A redução de custo com combustível ficou, em média, em 200 euros por ano, por motorista. Com o incentivo fundamental de premiar os mais comportados com reduções nos custos do seguro, a média de desconto – para o grupo teste – foi de 21%, o que corresponde a 100 euros por pessoa.

Somando as economias com combustívele seguro, o sistema Pay-As-You-Speed rendeu 300 euros anuais para o motorista que pega leve no acelerador – 823 reais, pela cotação do fim de novembro. Nada mal, hein?... Já dá para bancar as compras de Natal.E tem mais: o estudo relacionou a diminuição na ocorrência de excessos de velocidade a um aumento na segurança. O risco de fatalidades para o grupo teste ficou 20% menor.No fim do estudo, nove em cada dez participantes aprovaram o conceito de “pagar mais se acelerar mais”, o que, segundo o Folksam, indica o potencial para a criação de um novo modelo de seguro de automóvel.

Mais barato, mais seguro, mais saudável

Estudos do rcArEste estudo do Folksam foi apresentado na conferência 2012do RCAR (Research Council for Automobile Repairs), um conselho internacional de centrosde pesquisa do qualo CESVI BRASIL faz parte. Nas próximas edições, vamos apresentar outros estudos, de centros que, assim como o nosso, são especialistas em reparação automotiva e segurança viária.

O outro pilar do estudo era a grana: os participantes foram avisados de que um bom comportamento ao volante renderia um desconto de até 30% no valor do prêmio do seguro.O estudo contou com um grupo de teste (141 pessoas) e um de controle (86).Mas somente o grupo de teste era avisado na hora pelo sistema de que estava correndo acima do limite. Os participantes desse grupo ainda podiam acompanhar os resultados do seu desempenho na direção em um site exclusivo. Já o grupo de controle não recebia nenhum feedback sobre seu pé de chumbo, embora o sistema estivesse medindo seu desempenho.Para analisar os efeitos do aviso do ISA, os especialistas do Folksam compararam as distâncias percorridas acima da velocidade pelos dois grupos.A conclusão apontou que o grupo de teste (que era alertado sobre os excessos) teve um comportamento muito mais seguro: a distância percorrida a 5 km/h acima da velocidade foi de apenas 6% da total, enquanto que, para o grupo de controle, a distância em disparada foi de 14% do total percorrido.Outra conclusão interessante foi de que quem corria menos, por conta do aviso do sistema, também não chutava a barraca quando se excedia na velocidade – a maior parte ficava entre 0 e 5 km/h acima do limite nessas ocasiões. Já quem passava mais do limite estabelecido também costumava exagerar: a maior parte corria acima de 5 km/h a mais que a velocidade máxima para a via.

Alexandre Carvalho dos Santos

Grupo de teste85% Dirigindo dentro do limite

9% Entre 0 e 5 km/h acima do limite

6% Acima de 5 km/h de excesso de velocidade

Grupo de controle74% Dirigindo dentro do limite

12% Entre 0 e 5 km/h acima do limite

14% Acima de 5 km/h de excesso de velocidade