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RESUMONa presente dissertação de mestrado é apresentado o trabalho desenvolvido no fabrico da cabeça de um motor inovador. Após um extenso redesenho da cabeça de motor, utilizaram-se as tecnologias de simulação de fundição, de prototipagem rápida (através de um material para moldações inovador) e de fundição para a obtenção desta peça. Conseguiram-se duas cabeças de motor passíveis de se tornarem funcionais.Um artigo científico com o título “Miniaturized Cylinder Head Production By Rapid Prototyping” foi escrito e publicado num congresso internacional.Também é apresentada a optimização de um motor comercialmente disponível, presente no EconomicUM. Investigou-se o melhoramento da sua câmara de combustão, a redução de atrito e de inércia dos componentes em movimento, e a correcta afinação do tempo de injecção de gasolina e avanço de ignição através da ECU. Investigaram-se ainda outros componentes como a bateria, o isolamento térmico do motor, o comportamento dinâmico das válvulas e a caracterização detalhada do dinamómetro de inércia. Obteve-se uma melhoria da prestação do EconomicUM em competição e um novo recorde para a Universidade do Minho.
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Departamento de Engenharia Mecânica
Fabrico de motor
Por
Rodrigo Névoa de Melo
Nº 42144
Dissertação de Mestrado em Engenharia Mecânica
Universidade do Minho
Guimarães, Novembro de 2009
Departamento de Engenharia Mecânica
Fabrico de motor
Por
Rodrigo Névoa de Melo
Nº 42144
Orientador: Professor Doutor Jorge José Gomes Martins
Co-orientador: Professor Doutor António Alberto Caetano Monteiro
Dissertação de Mestrado em Engenharia Mecânica
Universidade do Minho
Guimarães, Novembro de 2009
DECLARAÇÃONome: Rodrigo Névoa de Melo
Endereço electrónico: [email protected]
Telefone: 919818085
Número do Bilhete de Identidade: 11705280
Título dissertação FABRICO DE MOTOR
Orientador(es): Jorge José Gomes Martins António Alberto Caetano Monteiro
Ano de conclusão: 2009
Designação do Mestrado ou do Ramo de Conhecimento do Doutoramento: Dissertação de Mestrado em Energia e Fluidos / Tecnologias de Fabrico
Declaro que concedo à Universidade do Minho e aos seus agentes uma licença não-exclusiva para arquivar e tornar acessível, nomeadamente através do seu repositório institucional, nas condições abaixo indicadas, a minha dissertação, no todo ou em parte, em suporte digital.
Declaro que autorizo a Universidade do Minho a arquivar mais de uma cópia da dissertação e a, sem alterar o seu conteúdo, converter a dissertação entregue, para qualquer formato de ficheiro, meio ou suporte, para efeitos de preservação e acesso.
Retenho todos os direitos de autor relativos à dissertação, e o direito de a usar em trabalhos futuros (como artigos ou livros).
Concordo que a minha dissertação seja colocada no repositório da Universidade do Minho com o seguinte estatuto:
-- Disponibilização imediata do conjunto do trabalho para acesso mundial;
Universidade do Minho, 11/12/2009
Assinatura: ________________________________________________
ii
É AUTORIZADA A REPRODUÇÃO INTEGRAL DESTA DISSERTAÇÃO APENAS PARA EFEITOS DE INVESTIGAÇÃO, MEDIANTE DECLARAÇÃO ESCRITA DO INTERESSADO, QUE A TAL SE COMPROMETE.
Universidade do Minho, 11/12/2009
Assinatura: ____________________________________________________
iii
Aos meus pais
e ao meu amigo António Vasconcelos Tavares.
iv
AGRADECIMENTOS
Não poderia deixar de agradecer a todos os que me ajudaram nesta jornada de
aprendizagem. Agradeço e dedico esta dissertação, com especial ênfase, às seguintes
pessoas:
Prof. Doutor Jorge Martins
Prof. Doutor António Caetano Monteiro
Eng. Hélder Puga
Júlio Caldas
Pedro Miranda
Eng. Eduardo Pereira
Prof. Doutor Joaquim Barbosa
Vítor Neto
Hélder Carneiro
Joana Gouveia
Agradeço também à empresa J.M.Troféus pela oferta da primeira moldação e
apoio nas seguintes.
v
RESUMO
Na presente dissertação de mestrado é apresentado o trabalho desenvolvido no
fabrico da cabeça de um motor inovador. Após um extenso redesenho da cabeça de
motor, utilizaram-se as tecnologias de simulação de fundição, de prototipagem rápida
(através de um material para moldações inovador) e de fundição para a obtenção desta
peça. Conseguiram-se duas cabeças de motor passíveis de se tornarem funcionais.
Um artigo científico com o título “Miniaturized Cylinder Head Production By
Rapid Prototyping” foi escrito e publicado num congresso internacional.
Também é apresentada a optimização de um motor comercialmente disponível,
presente no EconomicUM. Investigou-se o melhoramento da sua câmara de
combustão, a redução de atrito e de inércia dos componentes em movimento, e a
correcta afinação do tempo de injecção de gasolina e avanço de ignição através da
ECU. Investigaram-se ainda outros componentes como a bateria, o isolamento
térmico do motor, o comportamento dinâmico das válvulas e a caracterização
detalhada do dinamómetro de inércia. Obteve-se uma melhoria da prestação do
EconomicUM em competição e um novo recorde para a Universidade do Minho.
vi
ABSTRACT
Presented in this masters dissertation is the work developed in the production of a
cylinder head of an innovative engine. After extensive redesign of the cylinder head,
the technologies of casting simulation, rapid prototyping (via an innovative material
for 3D printed molds) and casting were used to obtain the part. Two cylinder heads
were obtained.
A scientific paper entitled “Miniaturized Cylinder Head Production By Rapid
Prototyping” was written and published in the proceedings of a international congress.
Also presented is the optimization of a commercially available engine present in
the EconomicUM. Through the improvement of its combustion chamber, reducing
friction and inertia of moving parts, and proper tuning of the gasoline injection pulse
and ignition advance. Also investigated were other components such as battery,
thermal isolation of the engine, dynamic behavior of the valves and detailed
characterization of the inertia dynamometer. Results showed an improvement in the
fuel consumption of the EconomicUM in competition, and a new record for the
University of Minho.
vii
PALAVRAS-CHAVE
Projecto de motor
Projecto de fundição
Prototipagem rápida
Impressão tridimensional
Simulação numérica de fundição
Filmes finos
Motor de combustão interna
Controlo de motor
Ciclo de Miller
Eco-maratona Shell
KEYWORDS
Engine design
Casting design
Rapid Prototyping
3D printing
Casting simulation
Thin film
Internal combustion engine
Engine management
Miller cycle
Shell Eco-Marathon
viii
ÍNDICE
AGRADECIMENTOS..................................................................................................v
RESUMO......................................................................................................................vi
ABSTRACT.................................................................................................................vii
PALAVRAS-CHAVE................................................................................................viii
KEYWORDS..............................................................................................................viii
ÍNDICE.........................................................................................................................ix
ÍNDICE DE FIGURAS.............................................................................................xiii
ÍNDICE DE TABELAS............................................................................................xvii
GLOSSÁRIO DE SÍMBOLOS E TERMOS.........................................................xviii
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................1
1.1 Fabrico de cabeça de motor.........................................................................2
1.1.1 Desenvolvimento..................................................................................2
1.1.2 Fundição...............................................................................................3
1.2 Motor actual.................................................................................................3
1.3 Objectivos....................................................................................................4
2 FUNDAMENTOS TEÓRICOS.......................................................................5
2.1 Tecnologia de fundição...............................................................................5
2.1.1 Sistema de enchimento.........................................................................5
2.1.2 Solidificação.........................................................................................6
2.2 Motores de combustão interna.....................................................................7
2.2.1 Rendimento de ciclos termodinâmicos.................................................7
2.2.2 Avanço de ignição..............................................................................12
2.2.3 Taxa de compressão...........................................................................13
2.2.4 Rácio ar/combustível (RAC)..............................................................14
2.2.5 Turbulência.........................................................................................16
2.3 Filmes finos...............................................................................................17
2.3.1 Técnica de Physical Vapor Deposition (PVD)..................................17
ix
2.3.2 Revestimentos Diamond-Like Carbon (DLC)...................................18
2.3.3 Conjunto pistão, segmentos e camisa.................................................18
2.4 Análise ao motor em dinamómetro de inércia...........................................19
3 FABRICO DE CABEÇA DE MOTOR........................................................21
3.1 Objectivo e contextualização.....................................................................21
3.1.1 Organização do trabalho de fabrico....................................................22
3.2 Análise da tecnologia e tentativas anteriores.............................................23
3.2.1 Precisão geométrica............................................................................23
3.2.2 Dificuldade de enchimento completo.................................................24
3.2.3 Remoção do macho interior da câmara de água.................................25
3.2.4 Zonas de difícil maquinagem.............................................................26
3.3 Optimização da geometria através de simulação numérica.......................26
3.3.1 Sistema de enchimento e sobreespessuras de fundição......................27
3.3.2 Simulação numérica – Primeiro teste.................................................29
3.3.3 Cacho em CAD – Primeiro teste........................................................30
3.4 Impressão de moldações............................................................................31
3.4.1 Novo material para moldações...........................................................32
3.5 Primeiro teste de fundição.........................................................................32
3.5.1 Primeira impressão.............................................................................32
3.5.2 Liga de alumínio A413.0....................................................................34
3.5.3 Vazamento..........................................................................................35
3.5.4 Resultado do primeiro vazamento......................................................36
3.6 Calibração da simulação numérica............................................................38
3.7 Segundo teste de fundição.........................................................................39
3.7.1 Segundo desenho da cabeça de motor................................................39
3.7.2 Simulação numérica...........................................................................42
3.7.3 Sistema de enchimento e sobreespessuras de fundição......................43
3.7.4 Cacho em CAD – segundo teste.........................................................44
3.7.5 Impressão da segunda moldação........................................................45
x
3.7.6 Segundo teste de fundição..................................................................46
3.7.7 Resultados do segundo vazamento.....................................................47
3.8 Terceiro teste de fundição..........................................................................51
3.8.1 Terceiro desenho da cabeça de motor................................................51
3.8.2 Terceiro vazamento............................................................................53
4 MOTOR ACTUAL.........................................................................................55
4.1 Cronologia desta parte do trabalho............................................................55
4.2 Descrição do motor antes da modificação.................................................56
4.3 Restauro do motor.....................................................................................57
4.3.1 Preparação de peças para revestimento com filmes finos..................57
4.3.2 Resultados dos revestimentos com filmes finos.................................59
4.4 Optimização do motor actual.....................................................................60
4.4.1 Câmara de combustão de 2008...........................................................60
4.4.2 Maquinagem de componentes para obter nova taxa de compressão
61
4.4.3 Cambota e roda dentada de arranque.................................................63
4.4.4 Isolamento térmico do motor.............................................................64
4.5 Dinamómetro de inércia e sua caracterização...........................................65
4.5.1 Inércia das principais peças................................................................66
4.5.2 Velocidade de rotação do motor.........................................................69
4.5.3 Perdas mecânicas associadas ao dinamómetro...................................70
4.5.4 Preparação para testes do motor.........................................................71
4.6 Afinação do motor em dinamómetro de inércia........................................73
4.6.1 Correcção do tempo de injecção com a tensão de bateria..................74
4.6.2 Correcção do tempo de injecção com a temperatura do ar admitido
74
4.6.3 Correcção do tempo de injecção com a temperatura do motor..........75
4.6.4 Ignição................................................................................................77
4.6.5 Rácio ar/combustível..........................................................................78
4.6.6 Leitura da temperatura do motor........................................................79
xi
4.6.7 Testes de consumo de combustível em dinamómetro de inércia.......79
4.6.8 Comparação de consumo entre 2008 e 2009 em laboratório.............82
4.6.9 Comparação de consumo entre 2008 e 2009 em pista.......................82
4.7 Testes à bateria do EconomicUM..............................................................83
4.7.1 Medição e cálculo energético eléctrico..............................................83
5 CONCLUSÕES E TRABALHO FUTURO.................................................87
5.1 Fabrico de Motor.......................................................................................87
5.2 Motor actual...............................................................................................87
5.2.1 Em competição...................................................................................87
5.2.2 Em laboratório....................................................................................87
5.3 Sugestões para trabalho futuro..................................................................88
6 REFERÊNCIAS..............................................................................................91
7 BIBLIOGRAFIA............................................................................................93
ANEXO A − HALTECH E6A SPECIFICATIONS.................................................95
ANEXO B – PRIMEIRA MOLDAÇÃO...................................................................99
ANEXO C – TERCEIRA MOLDAÇÃO................................................................105
ANEXO D – RESULTADOS DE TESTES.............................................................111
ANEXO E – ARTIGO CIENTÍFICO PARA CONFERÊNCIA
INTERNACIONAL..................................................................................................113
ANEXO F – ESPECIFICAÇÕES DO MOTOR ORIGINAL..............................125
xii
ÍNDICE DE FIGURAS
Fig. 1.1 − Protótipo para Shell Eco-marathon da Universidade do Minho − EconomicUM......1
Fig. 1.2 − Modelo em poliestireno expandido obtido por colagem de várias peças maquinadas
por CNC (adaptado MONTEIRO et al., 2007)...........................................................................2
Fig. 1.3 – Modelo obtido por técnica de prototipagem rápida por camadas (adaptado
MONTEIRO et al., 2007)...........................................................................................................3
Fig. 1.4 − Excerto da patente do motor Atkinson.......................................................................4
Fig. 2.1 – Exemplo de sistema de enchimento e alimentação (adaptado BARBOSA, 2003)....5
Fig. 2.2 − Ciclo teórico de Miller...............................................................................................7
Fig. 2.3 − Diagrama p-V de ciclo de Miller com perdas por bombagem; pressão em escala
exponencial.................................................................................................................................8
Fig. 2.4 − Diagrama p-V Miller com perdas de carga; admissão a azul...................................10
Fig. 2.5 − Diagrama p-Vcc/V comparativo entre ciclos............................................................11
Fig. 2.6 − Diagrama p-V comparativo entre ciclos...................................................................11
Fig. 2.7 − Pressão vs ângulo de cambota (p-θ) para diferentes avanços de ignição (esquerda);
efeito do avanço de ignição no binário (direita). (adaptado HEYWOOD, 1988)....................12
Fig. 2.8 − Diagrama p-θ mostrando as diferentes fases de queima (Stage I, II, III) (adaptado
HEYWOOD, 1988)..................................................................................................................13
Fig. 2.9 − Influência do RAC no consumo específico (adaptado MARTYR, 2007)................14
Fig. 2.10 − Atraso do início de queima em função de percentagem de estequiometria
(adaptado MARTYR, 2007).....................................................................................................15
Fig. 2.11 − Variação da velocidade de chama com a riqueza da mistura (adaptado MARTINS,
2005).........................................................................................................................................15
Fig. 2.12 − Diagrama p-θ mostrando dispersão ciclíca para (a) mistura estequiométrica e (b)
mistura pobre; (adaptado MARTYR, 2007).............................................................................15
Fig. 2.13 − Influência da velocidade de chama no diagrama p-θ; note-se o começo da
combustão (adaptado HEYWOOD, 1988)...............................................................................16
Fig. 2.14 − Consumo específico em função de λ; (adaptado MARTINS, 2005)......................16
Fig. 2.15 − Exemplo do fluxo criado pela squish, indicado pela setas; (adaptado HEYWOOD,
1988).........................................................................................................................................17
Fig. 2.16 − Resultados laboratoriais de teste pino-no-prato para simulação de mecanismo de
desgaste em segmento/camisa. Parâmetros de teste: carga de 8 MPa, temperatura 80 ºC, 6
horas de duração, frequência de 6 Hz e óleo com 1% de fuligem; DLC = Me-C:H (adaptado
KYLEFORS, 1998)..................................................................................................................19
xiii
Fig. 2.17 − Efeito da rugosidade superficial do substrato na carga crítica (adaptado
LARSSON et al., 1996)............................................................................................................19
Fig. 2.18 - Esquema de biela (adaptado CARVILL, 2003)......................................................20
Fig. 3.1 − Cabeça de motor com área de squish (a azul)..........................................................21
Fig. 3.2 − Primeiro desenho da cabeça de motor (adaptado KRENOVSKY, 2002)................22
Fig. 3.3 − Resultado de swirl em FLUENT (adaptado COENE, 2008)...................................22
Fig. 3.4 − Geometria de swirl (a cinza), válvula (a vermelho) e assento (a amarelo); (adaptado
COENE, 2008)..........................................................................................................................22
Fig. 3.5 − Comparação entre o resultado de 2008 a), e o desenho de CAD b) e c)..................24
Fig. 3.6 − Primeira tentativa de 2008........................................................................................24
Fig. 3.7 − Pesagem do segundo teste de fundição de 2008, 527,84 g......................................25
Fig. 3.8 − Defeitos de fundição assinalados: Rechupes (com paredes muito finas nas
imediações)...............................................................................................................................25
Fig. 3.9 − Remoção do macho superior (adaptado LOPES, 2008)...........................................26
Fig. 3.10 − Representação típica do curso efectuado por broca...............................................26
Fig. 3.11 − Peças em corte: posição original de fundição (2008, esquerda); posição sugerida
com orifício a azul (2009, direita)............................................................................................27
Fig. 3.12 − Sistema de enchimento e sobreespessuras para maquinagem do primeiro teste....28
Fig. 3.13 − Previsões de: rechupes (acima esquerda); tempo de solidificação (acima direita);
retenção de ar na moldação (baixo)..........................................................................................29
Fig. 3.14 – Cacho virtual para o primeiro teste........................................................................30
Fig. 3.15 − Esquema de funcionamento de uma impressora 3D..............................................31
Fig. 3.16 − Vista explodida do conjunto – primeiro teste.........................................................32
Fig. 3.17 − Macho da câmara de combustão (note-se o excepcional detalhe da impressão). . .33
Fig. 3.18 − Parte da moldação com carapaça e dois meios-machos (esquerda); igual ao
anterior mas com macho da câmara de combustão (direita).....................................................33
Fig. 3.19 − Machos montados (esquerda); Moldação montada (direita)..................................33
Fig. 3.20 − Moldação pronta a receber metal líquido...............................................................35
Fig. 3.21 − Instante seguinte ao primeiro vazamento...............................................................35
Fig. 3.22 − Cacho obtido no primeiro teste..............................................................................36
Fig. 3.23 − Defeitos de fundição no primeiro teste..................................................................37
Fig. 3.24 − Calibração da simulação numérica.........................................................................38
Fig. 3.25 − Vista de baixo comparativa entre primeiro e segundo teste...................................39
xiv
Fig. 3.26 − Redução de massividades – primeiro teste à direita...............................................40
Fig. 3.27 – Vistas em corte da câmara de água – segundo teste (cima-esquerda e baixo);
primeiro teste (cima-direita).....................................................................................................40
Fig. 3.28 − Modificação de raio dos cantos − primeiro teste à esquerda..................................41
Fig. 3.29 − Abaixamento dos assentos de molas − segundo teste a azul..................................41
Fig. 3.30 − Previsões de: rechupes (cima); tempo de solidificação (baixo) – vazamento a 700
ºC...............................................................................................................................................42
Fig. 3.31 − Sistema de enchimento e sobreespessuras para maquinagem do segundo teste....43
Fig. 3.32 – Cacho virtual para o segundo teste.........................................................................44
Fig. 3.33 − Vista explodida de conjunto – segundo teste.........................................................45
Fig. 3.34 − Vistas de corte mostrando respiros de gases..........................................................45
Fig. 3.35 − Segunda moldação com grampos...........................................................................46
Fig. 3.36 − Instante seguinte ao segundo vazamento...............................................................47
Fig. 3.37 − Vistas de cima do enchimento indevido da cavidade do macho superior..............47
Fig. 3.38 − Cacho obtido do segundo vazamento.....................................................................48
Fig. 3.39 − Comparação entre o resultado de 2008 b), 2009 a) e c) e o desenho de CAD d) e e)
..................................................................................................................................................48
Fig. 3.40 – Geometria a obter (cima); Defeitos no segundo vazamento (baixo)......................49
Fig. 3.41 − Porção de alumínio responsável pelos defeitos encontrados.................................50
Fig. 3.42 − Distorção da câmara de combustão e condutas......................................................50
Fig. 3.43 − Defeito na conduta de admissão.............................................................................50
Fig. 3.44 − Modificações a cabeça – terceiro teste; vista de corte...........................................51
Fig. 3.45 − Moldação em corte − terceiro teste de fundição....................................................52
Fig. 3.46 − Parte da moldação − terceiro teste de fundição......................................................52
Fig. 3.47 − Cacho obtido no terceiro vazamento......................................................................53
Fig. 3.48 − Comparação entre o segundo (esquerda) e o terceiro vazamento (direita)............53
Fig. 3.49 − Geometria a obter (cima); Defeitos no terceiro vazamento (baixo).......................54
Fig. 4.1 − Pistão 2008 danificado; fissura assinalada a azul.....................................................56
Fig. 4.2 − Cilindro 2008 danificado..........................................................................................56
Fig. 4.3 − Válvulas 2008...........................................................................................................57
Fig. 4.4 − Preparação do cilindro para revestimento (esquerda); cilindro polido (direita).......57
Fig. 4.5 − Válvulas polidas.......................................................................................................58
xv
Fig. 4.6 − Comparação do acabamento da saia de fábrica (esquerda) e polida (direita)..........58
Fig. 4.7 − Componentes novos prontos para revestir...............................................................58
Fig. 4.8 − Peças novas revestidas.............................................................................................59
Fig. 4.9 − Pistão e cilindro revestidos.......................................................................................59
Fig. 4.10 − Riscos na saia do pistão..........................................................................................60
Fig. 4.11 − Estudo da câmara de combustão de 2008...............................................................60
Fig. 4.12 – Comparação entre pistão novo e de 2008 (esquerda); maquinagem do pistão
(direita)......................................................................................................................................61
Fig. 4.13 − Comparação entre áreas da câmara de combustão no pistão (coloridas) e maior
distância da propagação de chama (linhas brancas).................................................................61
Fig. 4.14 – Espessura da área de squish final...........................................................................62
Fig. 4.15 − Espessura do volume da fenda até ao primeiro segmento (A)...............................62
Fig. 4.16 − Redução do volume da fenda da válvula; Antes (direita) e depois (esquerda)......62
Fig. 4.17 − Distância da vela ao pistão no PMS.......................................................................63
Fig. 4.18 − Cambota original (esquerda); cambota modificada (direita)..................................63
Fig. 4.19 − Isolamento térmico do motor em 2008..................................................................64
Fig. 4.20 − Aspecto final do novo isolamento térmico.............................................................65
Fig. 4.21 − Cambotas com roda dentada de arranque e embraiagem: 2008 (esquerda); 2009
(direita); 2010 (baixo)...............................................................................................................67
Fig. 4.22 – Da esquerda para direita: biela; roda traseira com cremalheira de transmissão; roda
do dinamómetro de inércia em CAD........................................................................................67
Fig. 4.23 – Proposta de redução de massa para cambota 2010.................................................69
Fig. 4.24 − Conta-rotações no dinamómetro de inércia............................................................69
Fig. 4.25 − Potência perdida no dinamómetro de inércia vs velocidade de rotação do motor. 70
Fig. 4.26 − Rodagem com auxilio de motor eléctrico..............................................................71
Fig. 4.27 − Pistão "Miller 21" danificado.................................................................................72
Fig. 4.28 − Esquema de filmagem de alta velocidade..............................................................72
Fig. 4.29 − Comparação experimental de ângulo de abertura de válvulas com diferentes molas
..................................................................................................................................................73
Fig. 4.30 − Mapa original da correcção do tempo de injecção com a temperatura do ar
admitido....................................................................................................................................75
Fig. 4.31 − Mapa final de correcção do tempo de injecção com a temperatura do ar admitido
..................................................................................................................................................75
xvi
Fig. 4.32 − Mapa original de correcção do tempo de injecção com a temperatura de motor...76
Fig. 4.33 − Mapa final de correção do tempo de injecção com a temperatura de motor..........76
Fig. 4.34 − Variação do coeficiente de excesso de ar com a temperatura do motor (linha de
tendência a preto de 85 a 108 ºC).............................................................................................77
Fig. 4.35 – Mapa final do avanço da ignição............................................................................77
Fig. 4.36 − Mapa do tempo de injecção a carga total...............................................................78
Fig. 4.37 − λ em função do regime do motor...........................................................................78
Fig. 4.38 − Diferença entre os valores de temperatura do motor lidos pela ECU e visor no
volante.......................................................................................................................................79
Fig. 4.39 − Tempo de injecção em função da velocidade de rotação.......................................80
Fig. 4.40 – Eficiência volumétrica em função da velocidade de rotação do motor..................81
Fig. 4.41 − Consumo específico em função da velocidade de rotação do motor.....................81
Fig. 4.42 − Fluke 43B (esquerda); LEM LA-55P (direita).......................................................84
Fig. 4.43 − Leitura INRUSH − Pico de intensidade de corrente, 42,1 A..................................85
Fig. 4.44 − Leitura SCOPE − Consumo médio de 11,25 A......................................................85
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 2.1 − Comparação de valores entre os três ciclos.........................................................12
Tabela 3.1 − Composição química típica da liga A413.0 (adaptado DAVIS, 2003)................34
Tabela 4.1 − Peso equivalente de peças em movimento para testes em dinamómetro de inércia
..................................................................................................................................................68
Tabela 4.2 − Relações de velocidade........................................................................................70
Tabela 4.3 − Comparação de consumo de combustível entre 2008 e 2009 (laboratório: 20
km/h → 5915 rpm)...................................................................................................................82
Tabela 4.4 − Comparação de consumo de combustível entre 2008 e 2009 em pista...............83
Tabela 4.5 − Consumo energético eléctrico de componentes na prova inglesa.......................86
xvii
GLOSSÁRIO DE SÍMBOLOS E TERMOS
Aglomerante Material utilizado para manter junto qualquer material que se
utilize como material de moldação, bem como para dar e manter
a consistência da moldação.
Al Alumínio (elemento químico)
Alimentador Massa de metal vazado ao mesmo tempo que a peça, com a
função de fornecer metal líquido ao fundido durante a
solidificação, para eliminar os defeitos provocados pela
contracção volumétrica do metal, durante o arrefecimento.
APMS Antes do Ponto Morto Superior.
Areia Material granular, resultante da desintegração natural ou
artificial de rochas ou depósitos minerais. Apresenta-se em
partículas com diâmetros normalmente compreendidos entre
0,06 e 2 mm.
A/F Rácio ar/combustível
B Boro (elemento químico)
CAD Desenho Assistido por Computador (Computer Aided Design)
Cacho Conjunto formado pelas peças, sistema de gitagem e sistema de
enchimento, após vazamento, obtido de uma moldação
Consumo específico Quantidade de combustível consumido em grama por kWh
de combustível
Cacho Conjunto formado pelas peças, sistema de gitagem e sistema de
enchimento, após vazamento, obtido de uma moldação.
Carapaça Moldação sem caixa, de pequena espessura, para fundição.
Colapsibilidade Tendência para o material da moldação se desagregar, por efeito
de solicitações mecânicas ou térmicas
Compacidade Rácio entre volume e área de superfície
DEMUM Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade do
Minho
Dispersão cíclica Variação da velocidade de queima entre ciclos de combustão
num motor de combustão interna, provocada pela propagação
de chama turbulenta
xviii
Distorção Desvio de forma relativamente à prevista ou pretendida
DLC Revestimento à base de carbono com características similares às
do diamante, muito duro, resistente ao desgaste e de baixo atrito
(Diamond-like Carbon)
EconomicUM Nome actual do protótipo da Universidade do Minho
ECU Unidade de controlo electrónico do motor (Electronic Control
Unit)
Estequiométrica Reacção química onde todos os reagentes são transformados em
produto ou produtos finais
Fundido Peça obtida por fundição
Fluidez (do metal) Aptidão do metal para percorrer os canais de uma moldação e
encher a respectiva cavidade.
Knock Combustão anormal que produz um ruído característico
Liga mãe Uma liga, rica em um ou mais elementos de liga, que é
adicionada à liga principal a fim de aumentar a concentração de
um ou mais elementos de liga.
m Massa (g)
Macho Elemento colocado no molde para definir uma cavidade ou
espaço vazio no fundido final.
MBT Binário máximo (Maximum Brake Torque)
Moldação Conjunto de elementos, fabricado num material refractário ou
numa liga metálica, que, entre outros, contém a cavidade
destinada a receber o metal líquido, que após solidificação dá
origem a uma peça com a configuração que se pretende.
Ni-PTFE® Filme fino de politetrafluoretileno em matriz de níquel (nome
comercial)
px Pressão (Pa)
P Potência (W)
Permeabilidade Aptidão de um material de moldação ou de machos, para se
deixar atravessar pelos gases e vapores produzidos na operação
de vazamento.
PVD Deposição física de um revestimento por evaporação (Physical
vapor deposition)
xix
Q Poder calorífico de um combustível (J/kg)
R Constante específica de um gás (J/(kg.K))
RAC Rácio ar/combustível
Rockwool® Manta para isolamento térmico composta por lã-de-rocha, papel
reforçado com fibras e película de alumínio
rpm Rotações por minuto
SLI Formato de ficheiro CAD para divisão por camadas, de um
ficheiro STL
SLS Sinterização Selectiva por Laser (Selective Laser Sintering)
SiC Carboneto de silício (composto químico)
Squish Área em que o pistão se aproxima muito da cabeça de motor,
empurrando a mistura para junto da vela com o intuito de criar
turbulência e aumentar a compacidade da câmara de combustão.
Sr Estrôncio (elemento químico)
STL Formato de ficheiro CAD para estereolitografia
Substrato Peça a revestir com filme fino
Swirl Rotacionalidade da mistura induzida pela conduta de admissão
no eixo do cilindro.
TDC Ponto morto superior (Top Dead Center)
Tx Temperatura (K)
Vx Volume (m3)
Letras gregas
εg Relação de compressão geométrica
εret Relação de compressão retida
π 3,14159
θ Ângulo de cambota (º)
η Rendimento
ρ Massa volúmica (kg/m3)
Δ Diferença
λ Coeficiente de excesso de ar (λ= A /F
( A /F )est )
γ Quociente entre capacidades caloríficas ou índice adiabático
xx
σ Relação de expansão (σ=
ε g
εret )
xxi
1 INTRODUÇÃO
Com a instabilidade económica mundial e as emissões de gases de efeito de estufa
associadas ao consumo de petróleo torna-se necessária uma rápida e radical mudança do
modo como se encara o desenho e projecto de automóveis. É, então, preciso investir em
tecnologia que permita a construção de automóveis de baixa massa e redução de perdas
mecânicas. Estes veículos também deverão ter motores muito eficientes e produzir baixas
emissões de gases tóxicos e de efeito de estufa.
Sabendo que o petróleo provem essencialmente de fontes não-renováveis, foi criada
em 1939 a “Shell Mileage Marathon” depois de uma discussão entre funcionários do
laboratório de investigação da Shell Oil Company, sobre qual o veículo poderia percorrer
a maior distância com a menor quantidade de combustível. Esta prova deu origem à prova
que conhecemos hoje, a Shell Eco-Marathon®. Na Europa, existem actualmente duas
competições onde pequenos veículos tentam minimizar o consumo de combustível
durante uma certa distância. Estas decorrem em pistas de automobilismo e a velocidade
média mínima é de 30 km/h, na prova Shell Eco-marathon Europe, e de 15 milhas/h, na
prova Shell Eco-marathon Youth Challenge UK.
A Universidade do Minho participa nestas competições desde 2006. O EconomicUM
(Fig. 1.1) tem tido uma contínua evolução até hoje, fruto do trabalho de alunos e
professores.
Fig. 1.1 − Protótipo para Shell Eco-marathon da Universidade do Minho − EconomicUM
1
1.1 Fabrico de cabeça de motor
Na presente dissertação é descrito o processo de evolução e fabrico de uma cabeça de
motor para um motor inovador. A cabeça do motor é o seu componente mais importante,
na perspectiva da eficiência deste.
1.1.1 Desenvolvimento
O processo de obtenção da cabeça de motor teve início em trabalhos anteriores
efectuados por alunos e professores do DEMUM, através do desenvolvimento de um
modelo virtual em CAD a partir do qual foi obtido um protótipo físico, usando processos
e equipamentos de manufactura que permitiram a fabricação de sólidos de geometria
livre, uma vez que a cabeça de motor tem formas tridimensionais complexas.
Tendo a precisão como objectivo, o processo de maquinagem não pode deixar de ser
considerado. A maquinagem CNC além de permitir também o uso directo dos dados dos
modelos virtuais CAD, permite ainda a utilização no fabrico de uma diversidade elevada
de materiais. Dar forma a um componente através de remoção de material impõe
limitações à complexidade da geometria a ser produzida (Fig. 1.2).
Fig. 1.2 − Modelo em poliestireno expandido obtido por colagem de várias peças maquinadas por CNC
(adaptado MONTEIRO et al., 2007)
As técnicas de prototipagem rápida por camadas apresentaram como vantagem
principal a possibilidade de dar forma a componentes geometricamente intrincados por
adição de camadas sucessivas de material até que a geometria desejada seja produzida
(Fig. 1.3). No entanto o desempenho dos materiais utilizados não cumpria os requisitos de
funcionamento das peças finais.
2
Fig. 1.3 – Modelo obtido por técnica de prototipagem rápida por camadas (adaptado MONTEIRO et al.,
2007)
1.1.2 Fundição
Peças complexas e intrincadas podem ser obtidas por fundição, ou seja vazando
metal fundido numa cavidade com forma negativa do componente a ser produzido.
Embora na fundição a precisão obtida em bruto não seja suficiente para a maioria das
aplicações técnicas, a maquinagem correctiva subsequente para acabamento das
superfícies funcionais permite conferir aos componentes as características geométricas
necessárias e tornar a tecnologia adequada. Faltará então produzir as moldações e os
machos necessários para materializar a cavidade moldante através de prototipagem
rápida.
Com a integração das técnicas acima referidas, dois alunos tentaram a conversão do
modelo CAD em componente fundido. Embora sem sucesso, o conhecimento adquirido
com estas tentativas de fundição mostrou-se essencial para a obtenção da peça sem
defeitos.
1.2 Motor actual
O motor, de combustão interna a gasolina, que propulsiona o EconomicUM (de 50
cm3 e que originalmente equipava uma scooter a 4 tempos) tem vindo a ser adaptado e
melhorado no DEMUM de modo a ter o máximo de rendimento (mínimo consumo). Este
motor funciona segundo o ciclo de Miller, um tipo de ciclo que tem vindo a ser
desenvolvido no Laboratório de Motores do DEMUM.
O ciclo de Miller é uma adaptação moderna do ciclo de Atkinson e tem um rácio de
expansão maior que o rácio de compressão. O que difere os dois ciclos é a forma como se
obtém o ciclo num motor. Para um motor a operar no ciclo de Atkinson, é necessário um
3
sistema complexo (em vez do vulgar mecanismo biela-manivela) que permita a diferença
entre os rácios referidos (Fig. 1.4). Num motor a operar no ciclo de Miller, impede-se que
parte da mistura seja retida dentro do motor (através do fecho de válvula de admissão
atrasado ou adiantado) para obter a mesma diferença entre os rácios, utilizando o comum
mecanismo biela-manivela (adaptado RAJPUT, 2005).
Fig. 1.4 − Excerto da patente do motor Atkinson
Ao longo dos trabalhos anteriores os vários componentes do motor actual sofreram
reduções de peso, tendo mesmo alguns destes sido trocados por outros e refeitos à
medida, como por exemplo: caso do tensor da corrente de distribuição, balanceiros,
cambota, pistão entre outros. Nenhum componente deste motor está como o original. O
controlo do motor é feito electronicamente, transmitindo a sua potência à roda traseira (a
única roda motriz), através de uma corrente de rolos de baixo atrito.
1.3 Objectivos
Esta dissertação de mestrado teve como principais objectivos:
o Fabrico de cabeça de motor original
o Através de técnicas de prototipagem rápida e posterior fundição.
o Aumento do desempenho do EconomicUM em competição
o Através do aumento de eficiência do motor presente recorrendo ao
aumento da taxa de compressão, da optimização geométrica da
câmara de combustão, diminuição da inércia e do controlo
electrónico do motor.
4
2 FUNDAMENTOS TEÓRICOS
2.1 Tecnologia de fundição
2.1.1 Sistema de enchimento
O desenho do sistema de enchimento (Fig. 2.5) é habitualmente feito por analogia
com sistemas já aplicados a peças de geometria idêntica. O seu dimensionamento é
efectuado a partir de um conjunto de regras que é necessário respeitar, de modo a que o
sistema cumpra os requisitos que lhe são exigidos, ou seja:
o Garantir o total enchimento da cavidade moldante antes da liga metálica
começar a solidificar;
o Garantir um escoamento não turbulento do metal líquido, de forma a evitar a
incorporação de ar no metal e a sua oxidação;
o Promover uma distribuição uniforme de temperatura por todas as zonas da
cavidade, para que o arrefecimento se processe o mais uniformemente
possível;
o Diminuir a probabilidade de ocorrência de fenómenos de erosão nas paredes
da moldação;
o Funcionar como sistema de retenção de partículas não metálicas disseminadas
no banho líquido.
Fig. 2.5 – Exemplo de sistema de enchimento e alimentação (adaptado BARBOSA, 2003)
5
2.1.2 Solidificação
O arrefecimento de um metal, da temperatura de fusão até à temperatura ambiente é
habitualmente acompanhado por uma significativa redução de volume, designada por
contracção. Esta contracção ocorre em três estágios diferentes: contracção no estado
líquido, contracção de solidificação e contracção no estado sólido. A contracção de
solidificação (contracção que se verifica na mudança do estado líquido para o estado
sólido) é a mais difícil de controlar e a de maior amplitude, sendo considerada por isso de
maior relevância.
As principais consequências da contracção volumétrica durante a solidificação e o
arrefecimento são: o fundido ficar com dimensões inferiores às da cavidade da moldação;
o aparecimento de cavidades (e/ou fissuras) internas, ou com ligação ao exterior, de
dimensões variáveis, agrupadas ou disseminadas pelo fundido. Estas consequências
dependem do tipo de metal ou liga metálica, das condições de arrefecimento e do tipo de
moldação.
Os defeitos referidos têm origem em diferentes fases do processo de solidificação. A
contracção no estado sólido é responsável pelas dimensões finais das peças, podendo
ainda ser responsável por possíveis fissuras que surjam nas mesmas. A contracção
verificada na mudança de estado é responsável por defeitos de solidificação, como
cavidades internas ou cavidades com ligação ao exterior, de dimensões consideráveis e
que habitualmente se designam por rechupes. Saliente-se que estas cavidades não devem
ser confundidas com porosidades (que habitualmente são de muito pequena dimensão,
ainda que visíveis a olho nu) normalmente causadas por gases dissolvidos no metal, ou
apenas por inclusões não metálicas, como grãos de areia, escória ou partículas de material
refractário.
No caso concreto da liga de alumínio-silício utilizada neste trabalho (liga A413.0), a
solidificação deverá avançar desde a periferia para o centro da peça, em camadas bem
definidas, paralelas às paredes da moldação, existindo em qualquer momento uma
fronteira líquido/sólido bem definida. Este tipo de solidificação designa-se por
solidificação em camada fina.
6
2.2 Motores de combustão interna
2.2.1 Rendimento de ciclos termodinâmicos
O ciclo de Miller proporciona um maior rendimento do motor (quando comparado ao
ciclo de Otto) por aproveitar uma maior parte da entalpia dos gases presentes no cilindro.
O trabalho extra que é aproveitado está representado na Fig. 2.6 pela zona a cinzento. O
ciclo de Otto é representado por 1-2-3-4’-1 (adaptado MARTINS, 2006).
Fig. 2.6 − Ciclo teórico de Miller
Pela primeira lei da termodinâmica temos:
Wciclo + Qciclo = ΔU = 0 (2.1)
A segunda lei da termodinâmica diz que para se produzir trabalho tem de haver troca
de calor entre duas fontes térmicas, não sendo possível transformar todo o calor da fonte
quente em trabalho.
O rendimento de uma máquina térmica que funciona reversivelmente entre uma fonte
quente (Tf) e outra fria (Tq) será:
ηMT
=1−T f
T q
= WQQ (2.2)
Rendimento do ciclo Otto:
7
ηOtto=1− 1
εγ−1 (2.3)
Rendimento do ciclo de Miller com εg fixa (MARTINS, 2006):
ηMiller=1− 1
εgγ−1 −
1+σγ ( γ−1 )−γ⋅σ
γ−1
(γ−1 )⋅σγ−1
⋅B (2.4)
Considerando:
B=Q LHV
R⋅T 1(1+ A
F ) (2.5)
(B é constante supondo que a mistura é estequiométrica)
Para podermos desprezar as perdas de bombagem na admissão, o volume de mistura
terá que entrar no cilindro ao mesmo tempo que a sua capacidade aumenta (mantendo a
pressão atmosférica). Quando isto não acontece, temos que considerar estas perdas.
Fig. 2.7 − Diagrama p-V de ciclo de Miller com perdas por bombagem; pressão em escala exponencial
Consideremos que:
o Trabalho positivo: 9-2-3-4-9
o Trabalho negativo (bombagem): 5-6-7-0-9-5
Como a área 9-1-5-9 pertence ao trabalho negativo e positivo, anula-se, pelo que não
é considerada. Temos então:
8
W =W 1−2+W 3−4+W 5−1+W 1−6+W 7−0+W 0−1 (2.6)
W isobárico=pΔV (2.7)
W adiabático=pf V f −piV i
γ−1 (2.8)
Q=QLHV⋅m
1+ A /F (2.9)
ηMillerbomb=WQ (2.10)
A taxa de compressão máxima num motor de combustão interna, de ignição
comandada, ronda os 12:1 (sendo gasolina o combustível). Esta limitação deve-se ao
facto de que, a partir desta taxa de compressão, a ocorrência de knock é muito provável
(MARTINS, 2006). Considerando uma eficiência volumétrica de 100% (desprezam-se as
perdas de carga no ciclo de Otto), tem-se uma relação de compressão retida de 12:1.
Neste trabalho, considera-se que o knock resulta apenas da temperatura e da pressão
no final da compressão. Pretendeu-se obter, para o ciclo de Miller, a mesma temperatura e
pressão do ciclo de Otto.
A taxa de compressão do motor, em 2008, era de 17:1. Dos testes efectuados ao
motor em 2007 e 2008, obteve-se uma eficiência volumétrica máxima de 57%. Utilizou-
se este valor para ser conservador no cálculo de taxa de compressão a atingir na nova
especificação.
Na análise teórica de ciclos termodinâmicos, podemos desprezar as perdas de
bombagem na admissão se o volume de mistura entrar no cilindro ao mesmo tempo que o
volume deste aumenta (mantendo a pressão atmosférica). No caso do motor actual isso
corresponderia à válvula de admissão fechar aos 97,75º APMS (Fig. 2.8).
Sabendo que, neste motor, a válvula de admissão fecha aos 120º APMS, não se
podem desprezar as perdas de carga. Então considera-se que toda a admissão é feita a
pressão inferior à atmosférica (Fig. 2.8).
9
Fig. 2.8 − Diagrama p-V Miller com perdas de carga; admissão a azul
Calculou-se a relação de compressão geométrica a obter para a mesma relação de
compressão retida no ciclo do presente motor, a partir da relação de compressão retida do
ciclo de Otto:
ε gMiller=εretOtto
effvol=12 :1
57 %=21, 05 :1
(2.11)
em que:
ε gMiller − relação de compressão geométrica a obter para ciclo de Miller pretendido
ε retOtto − relação de compressão retida do ciclo de Otto
effvol − eficiência volumétrica
2.2.1.1 Comparação entre os três ciclos
Nas Fig. 2.9 e Fig. 2.10 estão representados diagramas para comparação dos ciclos.
Utilizou-se o valor de 1,3 para o índice adiabático em todos os cálculos e diagramas
apresentado porque se considerou o calor absorvido pela vaporização do combustível e as
perdas de calor para a cabeça e as paredes do cilindro (adaptado HEYWOOD, 1988).
10
0.00 5.00 10.00 15.00 20.00 25.00
1.28E+04
1.28E+05
1.28E+06
1.28E+07
1.28E+08
Miller 2008
Miller 21
OTTO
Vcc/Vtotal
Pre
ssã
o (
Pa
)
Fig. 2.9 − Diagrama p-Vcc/V comparativo entre ciclos
0.00E+00 1.00E-05 2.00E-05 3.00E-05 4.00E-05 5.00E-05 6.00E-05
1.28E+04
1.28E+05
1.28E+06
1.28E+07
1.28E+08
Miller 2008
Miller 21
OTTO
Volume (m3)
Pre
ssã
o (
Pa
)
Fig. 2.10 − Diagrama p-V comparativo entre ciclos
Usando as equações 2.3 a 2.5 (desprezando perdas de carga) obtemos:
ηOtto 12=52. 55 % ηMiller 17=56 .57 % ηMiller 21=59 . 22 %
11
Considerando as perdas de carga e utilizando as equações 2.6 a 2.10 para os ciclos de
Miller temos:
ηMiller 17=53 ,13 % ηMiller 21=55 , 71 %
Tabela 2.1 − Comparação de valores entre os três ciclos
Otto Miller 2008 Miller 21
Taxa de compressão 12 17 21,053
Eficiência volumétrica 100% 57% 57%
Volume da câmara de combustão 4,49 x10-6m3 3,09 x10-6m3 2,46 x10-6m3
Relação de compressão retida 12 9,69 12
Rendimento teórico 52,55% 56,57% 59,22%
Rendimento teórico com perdas
de bombagem 52,55% 53,13% 55,71%
2.2.2 Avanço de ignição
A combustão começa antes do final da compressão (após a ignição) e acaba pouco
depois do pico de pressão no cilindro ocorrer (Fig. 2.11).
Fig. 2.11 − Pressão vs ângulo de cambota (p-θ) para diferentes avanços de ignição (esquerda); efeito do
avanço de ignição no binário (direita). (adaptado HEYWOOD, 1988)
Existe, para as condições de funcionamento do motor em dado momento, um avanço
óptimo para o binário máximo, dando a mais rápida aceleração. Este avanço é o mesmo
para a máxima eficiência.
12
Se a combustão começar cedo demais a pressão dentro do cilindro fará com que o
trabalho de compressão realizado pelo pistão seja demasiadamente grande, fazendo baixar
o rendimento. Se a combustão começar tarde demais o pico de pressão no cilindro será
diminuído assim como o trabalho de expansão. Também serão maiores as perdas de calor
para as paredes devido à maior temperatura dos gases durante a expansão.
Como o avanço de ignição é estabelecido para o ciclo médio, o aumento da dispersão
cíclica faz aumentar as perdas de pressão média nos ciclos mais afastados da média
devido ao avanço não optimizado para esses ciclos.
2.2.3 Taxa de compressão
A taxa de compressão influência directamente no rendimento de um motor, como se
pode constatar nas equações 2.3 e 2.4 (maior taxa de compressão → maior rendimento).
O aumento da taxa de compressão produz outros efeitos benéficos, na busca do máximo
rendimento, descritos seguidamente.
Quanto maior for a taxa de compressão maior será a pressão e a temperatura no
momento de ignição, o que facilita as reacções químicas entre ar e combustível. Em
consequência disso diminui-se a duração da primeira fase de queima (Fig. 2.12 − Stage I).
Fig. 2.12 − Diagrama p-θ mostrando as diferentes fases de queima (Stage I, II, III) (adaptado HEYWOOD,
1988)
Ao diminuir o volume da câmara de combustão (para aumentar a taxa de
compressão) também se diminui o volume dos gases residuais do ciclo anterior na câmara
de combustão.
13
O aumento de taxa de compressão diminui a dispersão cíclica, porque aumenta a
densidade de mistura, o que é importante principalmente junto da vela para aumentar a
probabilidade de boa ignição.
2.2.4 Rácio ar/combustível (RAC)
A base teórica para entender a influência do RAC no consumo específico está
representada na Fig. 2.13.
Fig. 2.13 − Influência do RAC no consumo específico (adaptado MARTYR, 2007)
2.2.4.1 Misturas ligeramente ricas
Devido à dissociação a temperatura elevada seguida da combustão, existe oxigénio
nos gases queimados (considerando mistura estequiómetrica). Isto permite que
combustível extra seja adicionado à mistura e parcialmente queimado. Consequentemente
existe um aumento de temperatura e número de moles de gases queimados no cilindro.
Estes efeitos conjugados dão origem a um aumento de pressão, o que leva a um
aumento de potência. Contudo a eficiência do ciclo diminui. Isto porque o combustivel
adicional é apenas queimado parcialmente e toda a expansão é feita a maior temperatura
(aumentando as perdas por calor e pelo escape).
2.2.4.2 Misturas pobres
Teoricamente a eficiência aumenta linearmente com o aumento do RAC. Misturas
pobres queimam a menor temperatura (menores perdas por calor) e menor dissociação das
moléculas de CO2 e H2O. Assim, a fracção de energia libertada perto do PMS é maior.
Consequentemente, uma maior quantidade de energia será aproveitada para trabalho e a
14
porção de energia rejeitada no escape será menor (devido à menor pressão no final da
expansão).
Na prática, a dispersão cíclica e o tempo de combustão aumentam com o aumento do
RAC, fazendo com que a eficiência diminua em misturas muito pobres. Mesmo na
ausência de dispersão cíclica, a diminuição da eficiência é directamente proporcional ao
aumento do tempo de combustão (quanto maior o rácio, maior o tempo de combustão;
Fig. 2.14 e Fig. 2.15).
Fig. 2.14 − Atraso do início de queima em função de
percentagem de estequiometria (adaptado MARTYR,
2007)
Fig. 2.15 − Variação da velocidade de chama
com a riqueza da mistura (adaptado
MARTINS, 2005)
A dispersão cíclica também aumenta com o aumento do RAC devido à menor
probabilidade de boa ignição originada por pontos excessivamente pobres junto aos
eléctrodos da(s) vela(s) (Fig. 2.16).
Fig. 2.16 − Diagrama p-θ mostrando dispersão ciclíca para (a) mistura estequiométrica e (b) mistura pobre;
(adaptado MARTYR, 2007)
15
2.2.5 Turbulência
A velocidade de chama de uma mistura ar-combustível estacionária é muito baixa, o
que provoca grandes perdas por calor e a redução pico de pressão máximo (afastando do
ciclo teórico de maior rendimento). Existe grande interesse em elevar consideravelmente
a turbulência dentro da câmara de combustão para obter uma combustão quase
instantânea e aumentar o rendimento (Fig. 2.17).
Fig. 2.17 − Influência da velocidade de chama no diagrama p-θ; note-se o começo da combustão (adaptado
HEYWOOD, 1988)
A velocidade de chama em misturas pobres é relativamente baixa. Contudo, com
turbulência e taxa de compressão elevadas, é possível obter uma velocidade de chama
maior do que a que é obtida num motor convencional. O aumento de compacidade
(quando acompanhada de elevada taxa de compressão) dá origem a uma diminuição do
consumo específico (Fig. 2.18)
Fig. 2.18 − Consumo específico em função de λ; (adaptado MARTINS, 2005)
16
Uma maneira de aumentar eficazmente a turbulência, num motor de combustão
interna, é a utilização de uma zona de squish.
2.2.5.1 Squish
Squish é a área em que o pistão se aproxima muito da cabeça de motor, empurrando a
mistura para junto da vela com o intuito de criar turbulência e aumentar a compacidade da
câmara de combustão (Fig. 2.19). A velocidade dos gases empurrados para fora desta área
(consequentemente turbulência criada) depende da carga, velocidade do pistão, distância
do pistão à cabeça, taxa de compressão, largura da área de squish e distância do pistão à
cabeça no final da admissão (adaptado HEYWOOD, 1988).
Fig. 2.19 − Exemplo do fluxo criado pela squish, indicado pela setas; (adaptado HEYWOOD, 1988)
2.3Filmes finos
2.3.1 Técnica de Physical Vapor Deposition (PVD)
O processo de PVD pode ser hoje executado a temperaturas bem abaixo dos 250 ºC.
Tal facto permite revestir a maior parte dos substratos de aço, sem influir na
microestrutura ou nas propriedades mecânicas (HEDENQVIST et al., 1994). A maior
parte dos componentes dos motores são em aço tratado termicamente e, assim, muito
sensíveis à temperatura. Um processo acima dos 200ºC pode levar a uma redução
significativa da dureza e também a modificações dimensionais.
O grande potencial dos componentes revestidos, principalmente na indústria
automóvel, levou ao desenvolvimento de revestimentos PVD de baixo atrito para
motores. Tipicamente, estas aplicações necessitam de um revestimento resistente ao
desgaste, mas não necessariamente de um revestimento muito duro.
17
Num motor, o nível de desgaste tem de ser baixo, entre quaisquer duas peças em
contacto, para conservar as tolerâncias. Um revestimento por PVD que provou ser
próspero é o DLC.
2.3.2 Revestimentos Diamond-Like Carbon (DLC)
Os revestimentos de DLC consistem basicamente numa mistura de diamante com
grafite. As quantidades relativas destes dois componentes determinarão a maior parte das
propriedades do revestimento. As propriedades mecânicas e tribológicas dos
revestimentos DLC têm vindo a ser estudadas durante aproximadamente 30 anos. Os
revestimentos DLC têm várias propriedades interessantes, como por exemplo: excelente
adesão ao aço; inércia química elevada e baixo atrito em combinação com alta resistência
ao desgaste. Estas características fazem do DLC uma escolha muito interessante para
inúmeras aplicações em engenharia mecânica. Além do mais, a dureza do revestimento
pode ser escolhida (varia desde aproximadamente de 500 a 2500 HV) para produzir um
revestimento de uma única combinação para uma rodagem excelente e um baixo
coeficiente de atrito, aplicável na maior parte dos materiais de engenharia. Estas
propriedades deste tipo de revestimentos são especialmente ajustadas para diferentes
aplicações em motores.
2.3.3 Conjunto pistão, segmentos e camisa
O conjunto formado por pistão, segmentos e camisa desempenha um papel central no
trabalho de redução das perdas de compressão, o que resulta directamente na manutenção
dos níveis de eficiência e emissões.
Os problemas levantados pelo desgaste levaram várias companhias automóveis a
testar novos conceitos de camisa/segmento. Aplicando um revestimento PVD resistente e
de baixo atrito, os problemas acima mencionados podem ser solucionados. Testes de
laboratório mostraram que revestimentos PVD nos segmentos superam todas as soluções
existentes, especialmente no desgaste na camisa (Fig. 2.20). Também se concluiu que a
repetibilidade do desempenho do revestimento PVD é excelente (KYLEFORS et al.,
1998).
18
Fig. 2.20 − Resultados laboratoriais de teste pino-no-prato para simulação de mecanismo de desgaste em
segmento/camisa. Parâmetros de teste: carga de 8 MPa, temperatura 80 ºC, 6 horas de duração, frequência
de 6 Hz e óleo com 1% de fuligem; DLC = Me-C:H (adaptado KYLEFORS, 1998)
Para obter um bom revestimento, a peça terá que sofrer um pré-tratamento de
redução de rugosidade superficial para melhorar a adesão do filme (Fig. 2.21).
Fig. 2.21 − Efeito da rugosidade superficial do substrato na carga crítica (adaptado LARSSON et al., 1996)
Uma combinação optimizada de substrato, a sua preparação superficial, o seu
revestimento e a lubrificação podem, na maior parte de aplicações, melhorar
dramaticamente o desempenho de um sistema tribológico.
2.4 Análise ao motor em dinamómetro de inércia
Para calcular com rigor a eficiência do motor, é necessário averiguar as perdas
energéticas por parte do dinamómetro de inércia. Para isso foram usadas as seguintes
equações:
19
Ec=12
Iω2=12
mv2
(2.12)
Psaída=ΔEc
Δt acelera ç~a o (Potência dada ao dinamómetro de inércia) (2.13)
Pperda=ΔE c
Δt desacelera ç~a o (Potência perdida no dinamómetro de inércia) (2.14)
Pcarro=P saída+Pperda (2.15)
Fig. 2.22 - Esquema de biela (adaptado CARVILL, 2003)
Peso equivalente da biela:
m1=mcaL (Parte em translação) (2.16)
m2=mcbL (Parte em rotação) (2.17)
PEbielarot=m2⋅( s
2 )2⋅R2
r2
(2.18)
Peso equivalente do conjunto roda traseira:
PEroda=I
r2 (2.19)
Peso equivalente do conjunto cambota:
PEcambota=I⋅R2
r2
(2.20)em que:
PE x − Peso equivalente do conjunto ou componente xI – momento de inércia de rotaçãoR – relação de transmissão S – curso da cambotar – raio da roda traseiramc – massa da bielam1 – massa efectiva da biela em translaçãom2 – massa efectiva da biela em rotação
20
21
3 FABRICO DE CABEÇA DE MOTOR
3.1 Objectivo e contextualização
Esta parte da dissertação tem como objectivo o fabrico de uma cabeça de motor.
Esta cabeça de motor deverá ter algumas características específicas distintivas tais
como: duas velas de ignição (numa câmara de combustão); indução de escoamento
rotacional turbulento pela conduta de admissão (swirl); câmara de combustão
hemisférica; área de squish (Fig. 3.23) e uma câmara de água. A câmara de água (no
interior da cabeça de motor) tem uma razão para existir diferente da habitual: como
durante a competição o motor será desligado por longos períodos (15 segundos de
funcionamento para 2 a 5 minutos desligado), é muito importante que a temperatura
permaneça sem grandes alterações durante esse período. Obviamente, o exterior da
cabeça será convenientemente isolado. Adicionalmente, durante o ensaio em
dinamómetro, haverá circulação de água na mesma câmara de modo a manter-se
constante a temperatura da cabeça (arrefecimento) durante o funcionamento contínuo,
necessário para os testes de desenvolvimento.
Fig. 3.23 − Cabeça de motor com área de squish (a azul)
Como já referido, o desenvolvimento da cabeça de motor teve início em trabalhos
anteriores efectuados por alunos e professores do DEMUM, através do aperfeiçoamento
do modelo virtual (CAD). Gostaríamos de destacar David Krenovsky, que desenhou a
22
primeira versão do modelo virtual em 2002 (Fig. 3.24). Em 2003, Benjamin Tiercelin
introduziu a câmara de água (entre outras modificações). Em 2007, Stijn Coene fez um
estudo aprofundado em CFD sobre o efeito de swirl do canal de admissão (Fig. 3.25 e
3.4). Em 2008, Pedro Lopes fez as tentativas de fundição descritas no subcapítulo 3.2.
Fig. 3.24 − Primeiro desenho da cabeça de motor
(adaptado KRENOVSKY, 2002)
Fig. 3.25 − Resultado de swirl em FLUENT (adaptado
COENE, 2008)
Fig. 3.26 − Geometria de swirl (a cinza), válvula (a vermelho) e assento (a amarelo); (adaptado COENE,
2008)
3.1.1 Organização do trabalho de fabrico
Feita a análise das anteriores tentativas para investigação de problemas e simulação
numérica, procedeu-se à primeira impressão da moldação com base na geometria
anteriormente utilizada (com ligeiras alterações). Este primeiro teste foi feito para estudar
o novo material para moldações (suas propriedades e comportamento) e calibração da
simulação numérica com base na peça obtida.
Paralelamente, foi efectuado o redesenho da cabeça de motor de modo a solucionar
todos os problemas encontrados.
23
Deste modo, com a calibração feita e novo desenho foi possível tirar resultados mais
fidedignos a partir da simulação para o segundo teste de fundição.
Como foram detectados alguns defeitos no segundo teste de fundição, um terceiro
teste foi efectuado com base num redesenho da peça com pequenas alterações.
3.2 Análise da tecnologia e tentativas anteriores
As tentativas anteriores de fabrico da cabeça de motor foram estudadas de modo a
reconhecer potenciais melhorias necessárias para a obtenção de uma peça nas condições
desejadas.
Os problemas encontrados foram:
o Precisão geométrica
o Dificuldade de enchimento completo
o Remoção do macho interior da câmara de água
o Zonas de difícil acesso para maquinagem
3.2.1 Precisão geométrica
A precisão geométrica, no nosso caso, é de grande importância devido ao elevado
detalhe da geometria de swirl na conduta de admissão Fig. 3.27 b) e c). Esta deve ser
obtida directamente da fundição, sem necessidade de maquinagem correctiva.
Embora a precisão apresentada pelo fabricante da impressora SLS utilizada no
Centro de Formação Profissional da Indústria de Fundição (CINFU, Porto) seja muito
boa, o resultado após o processo de impressão, limpeza, cura e finalmente fundição não
apresentou o nível de detalhe desejado para a geometria de swirl (Fig. 3.27).
24
Fig. 3.27 − Comparação entre o resultado de 2008 a), e o desenho de CAD b) e c)
3.2.2 Dificuldade de enchimento completo
A posição em que se tentou fundir a peça (câmara de combustão voltada para cima)
revelou-se um erro nas tentativas do ano anterior, visto que as finas paredes em torno da
cavidade para a árvore de cames permitiram uma excessiva transferência de calor,
impossibilitando o enchimento total (Fig. 3.28).
Fig. 3.28 − Primeira tentativa de 2008
Foi então tentado o aumento de espessura destas paredes para possibilitar (sem
sucesso) o total enchimento da peça. Com o aumento de espessura destas paredes resultou
o aumento de massa da peça, factor importante num veículo de baixo consumo onde a
25
massa desempenha um papel crucial (Fig. 3.29). A peça apresentou defeitos graves em
redor da câmara de combustão, impossibilitando o seu uso (Fig. 3.30).
Fig. 3.29 − Pesagem do segundo teste de fundição de 2008, 527,84 g
Fig. 3.30 − Defeitos de fundição assinalados: Rechupes (com paredes muito finas nas imediações)
3.2.3 Remoção do macho interior da câmara de água
Com a geometria das tentativas anteriores, todo o macho interior da câmara de água
tinha de ser retirado através de dois pequenos orifícios em cantos opostos da mesma. Esta
constrição geométrica, associada com a elevada dureza do macho após fundição apenas
26
removível por maquinagem (Fig. 3.31) ou temperaturas superiores a 400ºC, tornam a
remoção deste macho numa operação de grande dificuldade.
Embora possível, foi rejeitada a remoção da areia através da temperatura elevada por
ser potencial fonte de distorção geométrica inaceitável, dada a grande disparidade de
coeficientes de expansão térmica entre a liga de alumínio e a areia.
Fig. 3.31 − Remoção do macho superior (adaptado LOPES, 2008)
3.2.4 Zonas de difícil maquinagem
Com a anterior geometria parcialmente representada na Fig. 3.32, podemos ver que,
do lado da admissão, a zona de maquinagem da guia de válvula é de difícil acesso.
Fig. 3.32 − Representação típica do curso efectuado por broca
3.3 Optimização da geometria através de simulação numérica
Foram simuladas diversas condições de fundição para obter um resultado optimizado
em software a fim de se ter um bom ponto de partida teórico para a obtenção da peça na
27
prática. Foi usado o programa Nova Flow & Solid® para o efeito. Os parâmetros variados
na simulação foram:
o Temperatura de vazamento
o Temperatura da moldação
o Alterações geométricas na peça
A optimização começou com a introdução das alterações sugeridas no ano anterior:
inversão da posição de vazamento (câmara de combustão voltada para baixo) e criação de
um orifício na parede superior da câmara de água para extracção de gases e melhor apoio
entre os machos interiores (Fig. 3.33). Posteriormente foram testadas pequenas alterações
no desenho de CAD de modo a obter uma simulação que não apresentasse defeitos
significativos. Assim foi possível apreciar e discutir os defeitos obtidos no fundido,
comparar com a simulação numérica e calibrar o software.
Fig. 3.33 − Peças em corte: posição original de fundição (2008, esquerda); posição sugerida com orifício a
azul (2009, direita)
3.3.1 Sistema de enchimento e sobreespessuras de fundição
O sistema de enchimento usado no primeiro teste teve por base o sistema de 2008.
Para minimizar a turbulência do metal líquido, o canal de descida passou de secção
redonda para quadrada, mantendo-se a mesma área de secção. O escalonamento deste
sistema foi 1 ; 1 ; 1 (Fig. 3.34 à direita).
28
Não é possível, usando esta tecnologia, garantir o acabamento superficial necessário
para os diversos planos de apartação, garantindo a estanquicidade e precisão de
posicionamento dos componentes adjacentes à cabeça de motor. É então necessária a
introdução de sobreespessuras nestas superfícies, para posterior maquinagem, de modo a
ter a precisão desejada.
Fig. 3.34 − Sistema de enchimento e sobreespessuras para maquinagem do primeiro teste
Na Fig. 3.34 estão representadas as zonas com sobreespessura e sistema de
enchimento e alimentação onde se podem ver:
o Furos para apartação dos colectores e conjunto cabeça-bloco (vermelho)
o Furos para admissão de água (azul claro)
o Rectificação para a obtenção da superfície de apartação entre cabeça e bloco
(azul escuro)
o Rectificação para a obtenção dos apoios da árvore de cames (verde claro)
o Furos para as guias das válvulas (verde escuro)
o Furos para as velas (amarelo)
o Furos para tampa da câmara superior e apoios dos balanceiros (laranja)
o Sistema de enchimento e alimentação (cinza)
29
3.3.2 Simulação numérica – Primeiro teste
Deste primeiro conjunto de simulações, obtiveram-se os resultados representados na
Fig. 3.35.
Nesta previsão de rechupes é possível observar a quase total ausência destes.
Contudo a previsão do tempo de solidificação alertou para o facto de que existia uma
grande quantidade de pontos quentes em torno da câmara de água, juntos às massividades
dos apoios de parafusos e às ligações dos colectores (toda a região azul escura). Quanto à
previsão de retenção de ar na moldação, todos sítios apontados pela simulação tinham
sobreespessura para maquinagem, não levantando problemas.
Fig. 3.35 − Previsões de: rechupes (acima esquerda); tempo de solidificação (acima direita); retenção de ar
na moldação (baixo)
30
3.3.3 Cacho em CAD – Primeiro teste
A Fig. 3.36 representa o cacho usado para o primeiro teste. É este o resultado final da
simulação numérica.
31
Fig. 3.36 – Cacho virtual para o primeiro teste
3.4 Impressão de moldações
A tecnologia utilizada pela impressora Z Corporation 301 Plus® assemelha-se a um
sistema de impressão por jacto de tinta utilizado como periférico de um computador do
dia-a-dia. A própria máquina utiliza peças de uma impressora comum na sua construção
só que, em vez jactos de tinta, as cabeças de impressão expelem um aglutinante composto
de uma solução aquosa e uma cola. Esta técnica é muito parecida com a técnica de SLS,
mas em vez de um laser, a aglutinação do pó é feita por uma cabeça de impressão de
jactos de aglutinante.
A máquina é normalmente constituída por um reservatório de pó, pó este que pode
ser de vários materiais (como foi referido acima); uma plataforma que suporta as várias
camadas de pó e que se movimenta no sentido descendente; um rolo para deposição e
regulação da camada de pó na plataforma; e a(s) cabeça(s) de jacto de aglutinante que
provém de um recipiente também existente na máquina (Fig. 3.37).
Fig. 3.37 − Esquema de funcionamento de uma impressora 3D
A moldação foi impressa a partir do modelo de CAD, após a conversão dos ficheiros
para STL e depois para SLI.
32
Sabendo que haveria pó não-aglomerado nos espaços entre as carapaças e machos
após a impressão, optou-se por imprimir a moldação em partes. Só deste modo foi
possível garantir necessária limpeza total anterior à fundição.
3.4.1 Novo material para moldações
Dadas as limitações encontradas no processo anterior para a obtenção da cabeça para
o motor, optou-se por um novo material de moldação, o zp131® da ZCorp®.
Face à tecnologia anteriormente utilizada, este material (em conjunto com a
impressora Z Corporation 301 Plus®) apresenta as seguintes vantagens para a obtenção
desta peça em questão:
o Maior precisão geométrica dos fundidos
o Melhor acabamento superficial
o Maior dureza das moldações antes da fundição
o Boa colapsibilidade dos machos interiores após fundição
Como desvantagens temos:
o Maior formação de gases (resultantes da combustão e libertação de humidade)
o Impermeabilidade à saída de gases.
3.5 Primeiro teste de fundição
3.5.1 Primeira impressão
Tendo em conta em geometria do cacho, a moldação e separação da mesma é
representada na Fig. 3.38. Podemos ver no Anexo B a moldação em detalhe.
33
Fig. 3.38 − Vista explodida do conjunto – primeiro teste
As figuras Fig. 3.39 até Fig. 3.41 mostram as peças impressas e alguns passos da
montagem da moldação.
Fig. 3.39 − Macho da câmara de combustão (note-se o excepcional detalhe da impressão)
Fig. 3.40 − Parte da moldação com carapaça e dois meios-machos (esquerda); igual ao anterior mas com
macho da câmara de combustão (direita)
34
A escolha dos planos de apartação também foi alvo de estudo. Dada a antecipação de
elevada produção de gases e a impermeabilidade do material de moldação, estes planos
permitiram que os gases tivessem saídas eficazes da cavidade moldante.
Fig. 3.41 − Machos montados (esquerda); Moldação montada (direita)
35
3.5.2 Liga de alumínio A413.0
A liga utilizada nos testes foi a A413.0 (primeira fusão). A sua composição química
encontra-se na Tabela 3.2.
Tabela 3.2 − Composição química típica da liga A413.0 (adaptado DAVIS, 2003)
Elementos Sil
ício
Fer
ro
Cob
re
Man
ganê
s
Mag
nési
o
Níq
uel
Zin
co
Chu
mbo
Out
ros
Alu
mín
io
Percentagem11,0 a
13,01,3 1,0 0,35 0,10 0,50 0,50 0,15 0,25
Res
tant
e
Esta liga é recomendada para peças com elevado detalhe e parede finas. Também é
caracterizada por ter boa resistência à corrosão, excelente fluidez e boa retenção de
pressão das peças. Todas estas características são necessárias para a obtenção desta peça.
3.5.2.1 Afinador de grão
A liga mãe Al-5%Ti-1%B foi utilizada como afinador de grão. É vulgarmente
utilizada esta liga mãe em ligas de alumínio-silício para melhoria das propriedades
mecânicas do produto final. Usou-se 0,2% desta liga por massa da liga A413.0.
3.5.2.2 Modificador de grão
A liga mãe Al-5%Sr foi utilizada como modificador de grão. Ao adicionar esta liga
dá-se a transformação do silício eutectóide de lamelar para fibroso, resultando na
melhoria das propriedades mecânicas. Usou-se 0,3% desta liga por massa da liga A413.0.
3.5.2.3 Preparação da liga e fusão (primeira tentativa de fundição)
A liga foi fundida num forno de indução com um cadinho de SiC com diâmetro de
170 mm e uma altura de 180mm à temperatura de 730±10ºC. Trinta minutos após a
completa fusão, foi desgaseificado por introdução de árgon no banho, durante 10 minutos,
36
a 3,0 bar de pressão relativa. Foi então introduzido o afinador e modificador de grão.
Após cinco minutos, foi retirada a escória, o banho agitado e vazou-se.
3.5.3 Vazamento
A moldação foi coberta a toda a volta com areia grossa e pequenas pedras soltas de
modo a proteger quem efectuou o vazamento. O macho superior também cheio da mesma
matéria para que, em caso de fuga ou ruptura deste, não entrasse metal na cavidade
superior inviabilizando toda a peça (Fig. 3.42).
Fig. 3.42 − Moldação pronta a receber metal líquido
A combustão do zp131® e consequente libertação de gases de combustão, logo após
o final do vazamento, foi muito intensa (Fig. 3.43).
Fig. 3.43 − Instante seguinte ao primeiro vazamento
37
3.5.4 Resultado do primeiro vazamento
Trinta minutos após o vazamento o cacho foi desmoldado sem grande dificuldade
(Fig. 3.44).
Fig. 3.44 − Cacho obtido no primeiro teste
38
3.5.4.1 Defeitos encontrados
A partir da Fig. 3.45 pode-se concluir que os defeitos revelados provêm de:
Fig. 3.45 − Defeitos de fundição no primeiro teste
A: A massividade local permitiu que o metal continuasse líquido, ao contrário das
finas paredes circundantes, dando origem ao rechupe. A posição do ataque contribuiu
para o agravamento deste rechupe, aumentando a temperatura local, por passagem
continuada de metal quente durante o enchimento;
B, E: A contracção deve-se à proximidade da massividade para apartação do colector;
C: Macho partido durante a montagem da moldação;
D: Retenção de gases e elevada proximidade entre machos;
F1, F2: Libertação de gases produzidos pelo macho da câmara de água;
G: Enchimento incompleto devido a um sistema de enchimento mal dimensionado;
H: Enchimento incompleto devido a retenção de gases, por saída mal dimensionada.
39
3.6 Calibração da simulação numérica
A simulação numérica foi calibrada de modo a reflectir, com proximidade aceitável,
o resultado obtido da fundição.
Após a calibração, os resultados numéricos aproximam-se muito do resultado prático
(Fig. 3.46).
Fig. 3.46 − Calibração da simulação numérica
Na Fig. 3.46 a) pode-se ver que o tempo de solidificação, a azul-escuro, é muito
extenso (cerca de 11s) quando comparado ao tempo da zona branca adjacente (quase
instantânea).
Na Fig. 3.46 b) pode-se ver a retenção de gases, a laranja, que representa o
enchimento incompleto naquela zona. Repare-se ainda que os alimentadores os pontos
com maior tempo de solidificação.
40
3.7 Segundo teste de fundição
3.7.1 Segundo desenho da cabeça de motor
Com o conhecimento adquirido nas tentativas anteriores, conceitos teóricos e
simulações, foi alterado o desenho de CAD com o intuito de eliminar todos os problemas
encontrados e, simultaneamente, melhorar a peça.
O risco de fuga de gases de dentro do cilindro é sempre um parâmetro importante a
considerar no projecto de uma cabeça de motor. Dadas as elevadas pressões de combustão
antecipadas, foi diminuída a distância dos parafusos (para aperto da cabeça ao cilindro) à
câmara de combustão (de 23 x10-3m para 4,5 x10-3m - Fig. 3.47 assinalado a azul) de
modo a garantir boa estanquicidade.
Foi diminuído o diâmetro dos parafusos da tampa das válvulas (de M6 para M4) visto
não ser uma união de grande responsabilidade. Conseguiu-se assim uma redução de
massa na cabeça e parafusos (Fig. 3.47 assinalado a verde).
Fig. 3.47 − Vista de baixo comparativa entre primeiro e segundo teste
Ao aproximar os parafusos da cabeça da câmara de combustão foi possível eliminar
as massividades que causam os problemas de fundição anteriormente descritos (Fig. 3.48
assinalado a vermelho). As restantes massividades, no plano de apartação dos colectores,
foram diminuídas para apenas uma parede de 3 x10-3m em redor das condutas e parafusos
(Fig. 3.48 assinalado a azul).
41
Fig. 3.48 − Redução de massividades – primeiro teste à direita
O volume da câmara de água foi quase eliminado ao aproximar os parafusos da
cabeça da câmara de combustão. Este volume foi então aumentado para maior
homogeneidade e inércia térmica (Fig. 3.49 a azul). Ao aumentar as dimensões desta
tornou-se evidente que se poderiam criar aberturas de ambos os lados (Fig. 3.47
assinalado a vermelho) com as seguintes vantagens: diminuição da massa da cabeça;
maior saída de gases do macho interior durante a fundição; circulação de líquido
refrigerante da cabeça para o cilindro facilitada. O aumento de volume desta foi de 103%
(de 4,86 x10-5m3 para 9,99 x10-5m3).
Fig. 3.49 – Vistas em corte da câmara de água – segundo teste (cima-esquerda e baixo); primeiro teste
(cima-direita)
42
Fig. 3.50 − Modificação de raio dos cantos − primeiro teste à esquerda
Quanto maior o volume da peça, maior é a quantidade de metal quente que passa
pelos ataques, o que aumenta a temperatura local destes. Isto pode originar defeitos na
peça. Aumentou-se o raio exterior nos cantos da peça, de modo a manter a espessura
constante em toda a parede, diminuindo o volume de alumínio necessário e a massa da
peça (Fig. 3.50 assinalado a vermelho).
Ao testar as válvulas na cabeça, foi revelado um erro de projecto - a distância entre a
ponta da válvula e o assento da mola era insuficiente para o curso da válvula. Aumentou-
se esta distância em 3x10-3m (Fig. 3.51 a azul).
Fig. 3.51 − Abaixamento dos assentos de molas − segundo teste a azul
43
3.7.2 Simulação numérica
Os resultados obtidos na simulação numérica do segundo teste de fundição indicaram
uma peça sem defeitos logo na primeira simulação (com o alumínio líquido a 730ºC).
Foram então testadas temperaturas sucessivamente mais baixas até 680ºC.
Embora, possivelmente, qualquer das temperaturas de vazamento simuladas desse
origem ao resultado pretendido, foi escolhida a temperatura de 700ºC por ser aquela que
apresentou menor disparidade de tempo de solidificação entre as várias zonas da peça
(Fig. 3.52).
Fig. 3.52 − Previsões de: rechupes (cima); tempo de solidificação (baixo) – vazamento a 700 ºC
44
3.7.3 Sistema de enchimento e sobreespessuras de fundição
Dados os problemas encontrados no primeiro teste e os resultados da simulação
numérica, o sistema de enchimento para o segundo teste foi modificado. As modificações
foram: secção mínima do canal de descida duplicada; canal de descida convergente;
maior bacia de vazamento; duplicação de número de ataques. Para manter a pressão
metalostática no sistema de enchimento, a soma da área de secção dos ataques foi
igualada à área de secção dos canais de distribuição. O escalonamento deste sistema foi 4;
2; 1 (Fig. 3.53).
Fig. 3.53 − Sistema de enchimento e sobreespessuras para maquinagem do segundo teste
45
3.7.4 Cacho em CAD – segundo teste
A geometria final do segundo cacho é representada na Fig. 3.54.
46
Fig. 3.54 – Cacho virtual para o segundo teste
3.7.5 Impressão da segunda moldação
Tendo em consideração a geometria do cacho, a moldação e separação da mesma é
representada na Fig. 3.55.
Fig. 3.55 − Vista explodida de conjunto – segundo teste
Para bem aproveitar as novas aberturas da câmara de água (Fig. 3.47), foram
introduzidos orifícios no macho da câmara de água (Fig. 3.56 a vermelho) de modo a ser
facilitada a extracção de gases. Note-se, na Fig. 3.56, os canais ao longo das condutas de
admissão e escape para fácil remoção de gases.
Fig. 3.56 − Vistas de corte mostrando respiros de gases
47
48
3.7.6 Segundo teste de fundição
A liga utilizada para este teste foi a mesma que para o anterior. A preparação da liga
para a segunda tentativa de fundição apenas difere da primeira nos seguintes parâmetros:
o Forno de resistências
o Temperatura: 700±10ºC
O material usado para a moldação provou ser resistente o suficiente para dispensar a
areia em seu redor e também na cavidade do macho superior. Queria-se ter a maior
facilidade possível para extracção de gases para o exterior. Utilizaram-se grampos para
abraçar as partes constituintes da cavidade moldante (Fig. 3.57).
Fig. 3.57 − Segunda moldação com grampos
49
3.7.7 Resultados do segundo vazamento
Graças ao novo (e muito eficaz) sistema de enchimento, a velocidade do metal
líquido aumentou fazendo com que este se elevasse cerca de 5 cm acima da moldação
(Fig. 3.58 a vermelho) e preenchesse a cavidade do macho superior com cerca de 2 cm de
alumínio (Fig. 3.59).
Fig. 3.58 − Instante seguinte ao segundo vazamento
Fig. 3.59 − Vistas de cima do enchimento indevido da cavidade do macho superior
50
Trinta minutos após o vazamento, o cacho foi desmoldado e limpo (Fig. 3.60).
Fig. 3.60 − Cacho obtido do segundo vazamento
A geometria de swirl apresentou excelente detalhe, como se pode apreciar na Fig.
3.61. Pode-se considerar uma importante (e necessária) evolução no fabrico da cabeça de
motor.
51
Fig. 3.61 − Comparação entre o resultado de 2008 b), 2009 a) e c) e o desenho de CAD d) e e)
3.7.7.1 Defeitos encontrados
Os defeitos encontrados no segundo vazamento são mostrados nas Fig. 3.62 e Fig.
3.64.
Fig. 3.62 – Geometria a obter (cima); Defeitos no segundo vazamento (baixo)
A porção de alumínio que preencheu indevidamente a cavidade (Fig. 3.59 e Fig.
3.63) foi a principal origem dos defeitos encontrados.
A parede superior da câmara de água, durante a solidificação da peça, manteve-se
quente devido a essa porção de alumínio. Isto levou a que as paredes adjacentes
solidificassem primeiro, dando origem aos rechupes encontrados o que se agravou pela
produção de gases que não tiveram uma saída eficaz.
52
Ainda devido ao mesmo problema as paredes verticais, que incluem os apoios da
árvore de cames, foram gravemente afectadas (redução de espessura e fissuração) também
pela grande produção de gases.
Fig. 3.63 − Porção de alumínio responsável pelos defeitos encontrados
A câmara de combustão e condutas de admissão e escape sofreram distorção devido
ao plano de apartação das moldações. Na Fig. 3.64 são mostradas as medições A, B, C e
D. A diferença de comprimento entre A-B e C-D é de 1x10-3m.
Fig. 3.64 − Distorção da câmara de combustão e condutas
Houve também um desalinhamento do mesmo plano de apartação, dando origem ao
defeito mostrado na Fig. 3.65.
53
Fig. 3.65 − Defeito na conduta de admissão
3.8 Terceiro teste de fundição
3.8.1 Terceiro desenho da cabeça de motor
Pelos problemas encontrados no segundo teste de fundição, surgiu a necessidade de
fazer alterações ao desenho do cacho e moldações. As alterações efectuadas no desenho
do cacho estão representadas na Fig. 3.66. Assinaladas a negro, estão as nervuras criadas
com o intuito de não permitirem a saída do alumínio líquido a grande velocidade como
aconteceu no segundo vazamento. Criou-se um orifício (assinalado a verde) para mais
fácil remoção do macho após o vazamento e escoamento de gases. Aumentaram-se os
apoios dos balanceiros (a azul). Inclinou-se a parede superior da câmara de água (declive
a vermelho; A = 5x10-3m) para guiar os gases produzidos até ao plano de apartação entre
o macho da câmara de água e o superior (Fig. 3.67 assinalado a verde).
54
Fig. 3.66 − Modificações a cabeça – terceiro teste; vista de corte
A moldação foi modificada como mostra a Fig. 3.67. Foi criado um deflector para o
alumínio líquido ser escoado para fora da moldação e não encher a cavidade do macho
superior (assinalado a vermelho). Foram também criados novos furos dentro do macho da
câmara de água para permitirem o escoamento de gases do interior deste para fora (a
azul).
55
Fig. 3.67 − Moldação em corte − terceiro teste de fundição
Por ter havido uma deformação da câmara de combustão e das condutas de admissão
e escape no segundo vazamento, modificou-se uma das partes da moldação de modo a ter
uma peça inteiriça (Fig. 3.68). Embora dificulte a limpeza do pó não-aglomerado,
consideramos ser uma medida essencial para o aumento de qualidade do fundido.
Fig. 3.68 − Parte da moldação − terceiro teste de fundição
O sistema de enchimento e as sobreespessuras foram iguais às do segundo teste.
A preparação da liga e moldação foram iguais às do segundo teste.
56
3.8.2 Terceiro vazamento
O cacho obtido no terceiro vazamento é mostrado na Fig. 3.69.
Fig. 3.69 − Cacho obtido no terceiro vazamento
Os defeitos encontrados nos apoios da árvore de cames do segundo vazamento não
foram encontrados no terceiro, como mostra a Fig. 3.70.
Fig. 3.70 − Comparação entre o segundo (esquerda) e o terceiro vazamento (direita)
3.8.2.1 Defeitos encontrados
57
Os defeitos encontrados, no terceiro vazamento, são mostrados na Fig. 3.71. A
parede superior foi novamente afectada, com maior intensidade neste vazamento. Embora
apresente menos furos, a espessura final desta parede é muito pequena (tornando-a frágil).
Fig. 3.71 − Geometria a obter (cima); Defeitos no terceiro vazamento (baixo)
58
4 MOTOR ACTUAL
4.1 Cronologia desta parte do trabalho
01/01/2009 → 07/05/2009
Após desmontar e avaliar a degradação sofrida pelo motor durante as provas e testes
no ano anterior, foram aplicados filmes finos a fim de restaurar as peças desgastadas até à
sua especificação original.
Paralelamente, o novo pistão foi maquinado de modo a elevar a taxa de compressão e
optimizar a câmara de combustão. As correcções para a temperatura de motor e do ar
admitido foram efectuadas. O trabalho desenvolvido até aqui deu origem à especificação
do motor denominada “Miller 21”.
Durante a prova alemã foram danificados o pistão, a cabeça de motor e o escape. O
escape foi restaurado sem perda de função. Foram maquinados um segundo pistão e uma
cabeça de motor, de modo grosseiro, a fim de se poder fazer a única tentativa válida.
15/06/2009 → 29/07/2009
A cambota foi maquinada para reduzir a sua inércia e as molas das válvulas testadas e
seleccionadas. O trabalho desenvolvido até aqui deu origem à especificação do motor
denominada “UMSpeed”. O motor foi então rodado, testado e optimizado.
No decorrer da prova inglesa foram testadas afinações de motor, embraiagem e
estratégias de pilotagem.
Foi feita a caracterização do dinamómetro de inércia e dos principais componentes
em movimento no motor e procedemos a novos testes. Daqui tiraram-se os valores de
consumo específico apresentados.
59
4.2 Descrição do motor antes da modificação
Esta parte do trabalho tem como objectivo o aumento de eficiência energética do
motor presente no EconomicUM. O motor actual, originalmente de uma scooter Honda®,
tem sofrido constantes modificações desde o dia que foi adquirido. Todos os seus
componentes foram modificados para lhes reduzir a massa, o atrito e ao aumentar a
eficiência do motor no global.
Tal como no ano anterior, o motor foi desmontado para averiguar a condição dos
componentes. Após completa desmontagem e limpeza, todas peças foram inspeccionadas
e medidas para certificarmos de que ainda se encontravam dentro das especificações de
funcionamento.
O pistão encontrava-se gravemente danificado, com a saia muito riscada, fissurada e
diâmetro fora da especificação (Fig. 4.72).
Fig. 4.72 − Pistão 2008 danificado; fissura assinalada a azul
O cilindro apresentou desgaste, principalmente na área de contacto com a saia do
pistão e riscos profundos. O seu diâmetro interno não se encontrava de acordo com a
especificação (Fig. 4.73).
Fig. 4.73 − Cilindro 2008 danificado
60
As válvulas também apresentaram desgaste, embora ainda dentro da especificação de
fábrica (Fig. 4.74). Contudo, a folga entre as válvulas e respectivas guias já não se
encontraram dentro do intervalo previsto devido ao desgaste das guias.
Fig. 4.74 − Válvulas 2008
As restantes peças do motor encontraram-se dentro das especificações de fábrica.
4.3 Restauro do motor
4.3.1 Preparação de peças para revestimento com filmes finos
Foi decidido que se poderia recuperar o cilindro e válvulas com recurso a filmes
finos. Estes filmes de baixo coeficiente de atrito são adequados para o efeito.
A boa adesão destes filmes às peças e a sua durabilidade depende muito da
rugosidade superficial (deve ser tão baixa quanto possível). Todas as peças foram então
polidas antes de serem revestidas como é mostrado nas Fig. 4.75 e Fig. 4.76.
Fig. 4.75 − Preparação do cilindro para revestimento (esquerda); cilindro polido (direita)
61
Apesar de não se terem conseguido retirar completamente todos os riscos
(principalmente os mais profundos), o resultado do polimento do cilindro foi considerado
aceitável.
Fig. 4.76 − Válvulas polidas
Usou-se um novo pistão, visto que não foi possível recuperar o anterior dado o seu
mau estado. Tal como os componentes anteriores, este foi meticulosamente polido. Note-
se, na Fig. 4.77, o reflexo das letras na saia do pistão.
Fig. 4.77 − Comparação do acabamento da saia de fábrica (esquerda) e polida (direita)
O segmento de óleo, cavilhão e segmento de compressão também foram
seleccionados para revestimento (Fig. 4.78).
Fig. 4.78 − Componentes novos prontos para revestir
62
4.3.2 Resultados dos revestimentos com filmes finos
Todos os componentes ferrosos foram revestidos com DLC e o pistão (de liga de
alumínio-silício) foi revestido com Ni-PTFE®.
As peças na Fig. 4.79 foram revestidas com sucesso, apresentando bom acabamento
superficial e dimensões dentro das especificações do motor.
Fig. 4.79 − Peças novas revestidas
Como o cilindro apresentava dimensões fora da especificação, os filmes foram
depositados com elevada espessura de modo a restaurar as folgas originais (Fig. 4.80).
Sabendo que a espessura destes filmes é limitada (não se conseguiria diminuir o diâmetro
interno do cilindro até ao pretendido), optou-se em aumentar o diâmetro do pistão,
também através de filmes finos, para compensar. Foi obtida, com sucesso, a folga
desejada entre os dois componentes.
Fig. 4.80 − Pistão e cilindro revestidos
Como o cilindro ainda apresentava alguns dos riscos resultantes do desgaste anterior,
o revestimento do pistão foi rapidamente desgastado (Fig. 4.81).
63
Fig. 4.81 − Riscos na saia do pistão
4.4 Optimização do motor actual
4.4.1 Câmara de combustão de 2008
A geometria da câmara de combustão de 2008 foi estudada de modo a descobrir áreas
a melhorar. Para medir com precisão a distância do pistão à cabeça e a espessura da área
de squish utilizou-se plasticina. Encheu-se a câmara de combustão deste material,
montou-se a cabeça de motor (com a junta respectiva e sem vela) e rodou-se a cambota
em ambos os sentidos junto ao PMS. Conseguiu-se assim moldar a plasticina com a
forma da câmara de combustão. Com um bisturi, cortou-se a plasticina e efectuaram-se as
medições (Fig. 4.82).
Fig. 4.82 − Estudo da câmara de combustão de 2008
A principal área de squish é assinalada a vermelho na Fig. 4.82. A espessura medida
variava entre 0,75 x10-3m e 1,25 x10-3m. Assinalada a branco na mesma figura está a
distância entre o pistão e a válvula de escape (cerca de 3 x10-3m).
64
4.4.2 Maquinagem de componentes para obter nova taxa de compressão
Para aumentar a taxa de compressão de 17:1 para 21:1 e optimizar a câmara de
combustão maquinou-se um pistão, duas válvulas, uma cabeça de motor e um cilindro.
Fig. 4.83 – Comparação entre pistão novo e de 2008 (esquerda); maquinagem do pistão (direita)
Com base no pistão de 2008 (Fig. 4.83), modificou-se um pistão original a fim de
obter uma geometria similar (Fig. 4.84 − direita). Seguidamente maquinou-se a superfície
inferior do cilindro, por etapas, até obtermos um baixo volume da fenda do primeiro
segmento, ao mesmo tempo que se diminuiu o volume da câmara de combustão até ao
valor desejado.
O resultado das modificações descritas é o aumento da compacidade, da área de
squish e a diminuição do volume de fendas.
Fig. 4.84 − Comparação entre áreas da câmara de combustão no pistão (coloridas) e maior distância da
propagação de chama (linhas brancas)
65
O aumento de compacidade foi conseguido através da redução da área de
transferência de calor da câmara de combustão em 34,9% (diferença entre a área a
vermelho e a verde). A maior distância a percorrer pela frente de chama foi reduzida
2,7% (Fig. 4.84 – linhas brancas).
Aumentou-se a área de squish em 99,6% (Fig. 4.84 – diferença entre áreas não
coloridas). A espessura da área de squish foi modificada (e controlada) durante este
processo de modo a obter uma espessura uniforme de 0,3 x10-3m (Fig. 4.85).
Fig. 4.85 – Espessura da área de squish final
Foi diminuído o volume da fenda do pistão até ao primeiro segmento em 50%, por se
ter diminuído a altura dessa fenda (de 1,5x10-3m para 0,75x10-3m; Fig. 4.86).
Fig. 4.86 − Espessura do volume da fenda até ao primeiro segmento (A)
As arestas das válvulas de admissão e escape foram arredondadas de modo a
minimizar o volume da fenda nestas zonas (Fig. 4.87).
Fig. 4.87 − Redução do volume da fenda da válvula; Antes (direita) e depois (esquerda)
66
A distância entre o pistão e a vela foi modificada para 1,5 x10-3m (Fig. 4.88). Esta
dimensão foi pensada para garantir que o pistão não tocaria na vela e que não iria haver
faísca para o pistão.
Fig. 4.88 − Distância da vela ao pistão no PMS
No decorrer desta maquinagem, percebeu-se que não seria possível aumentar a taxa
de compressão para o valor pretendido sem destruir parcialmente a ranhura do primeiro
segmento junto à vela. Para contornar esta situação maquinou-se a cabeça de motor para
acomodar o pistão nesta zona, conseguindo com sucesso, o incremento de taxa de
compressão sem prejudicar a optimização da câmara de combustão pretendida.
4.4.3 Cambota e roda dentada de arranque
A cambota foi maquinada para obter menor inércia de rotação. Retirou-se material
principalmente na zona exterior, visto que o momento de inércia depende do raio de
giração.
Fig. 4.89 − Cambota original (esquerda); cambota modificada (direita)
A maquinagem foi efectuada num torno de modo a retirar material uniformemente
mantendo o equilíbrio original.
67
A roda dentada de arranque também foi muito modificada com o intuito de reduzir a
inércia de rotação.
4.4.3.1 Equilibragem de motor
O motor foi equilibrado posteriormente às modificações. Por ser um motor
monocilíndrico, a equilibragem foi feita com pistão, cavilhão e biela montados.
Utilizaram-se duas réguas fio-de-cabelo para o efeito.
4.4.4 Isolamento térmico do motor
Durante as tentativas em pista em 2008, o isolamento térmico existente de
Rockwool® provou ser insuficiente e pouco prático (Fig. 4.90). Este obrigava a iniciar as
tentativas a uma temperatura bastante elevada para compensar o facto de o motor
arrefecer rapidamente. Também obrigava a uma grande perda de tempo quando era
necessário desmontar o motor, tendo ainda o inconveniente de que não podia ser
totalmente reaproveitado.
Fig. 4.90 − Isolamento térmico do motor em 2008
Foi então desenvolvido um novo isolamento térmico. Pretendia-se que tivesse as
seguintes características:
o Desmontável
o Duradouro
o Bom desempenho térmico
68
o Leve
o Rígido para tapar partes móveis (roda dentada de arranque e embraiagem)
Foi escolhido o poliestireno extrudido de alta densidade por apresentar todas as
características especificadas. Este material foi cortado, esculpido e colado para formar
quatro grandes peças.
Visto que a gasolina dissolve este material com relativa facilidade, optou-se por
revestir exteriormente o isolamento com folha de alumínio para impermeabilizar contra
possíveis derrames (Fig. 4.91).
Fig. 4.91 − Aspecto final do novo isolamento térmico
Tendo o cuidado de tapar todos os orifícios e planos de apartação das quatro peças do
isolamento, foi possível aquecer o motor mais rapidamente que em 2008 e manter o
motor numa gama de temperatura constante.
4.5 Dinamómetro de inércia e sua caracterização
Um dinamómetro de inércia consiste simplesmente num conjunto de massas que são
obrigadas a rodar pelo motor. O motor pode ser ligado directamente ao dinamómetro ou
a(s) roda(s) motriz(es) do veículo pode(m) ser colocada(s) sobre o dinamómetro. Visto
que o motor do EconomicUM apenas funciona em regime de aceleração faz todo o
sentido usar este tipo de dinamómetro (adaptado MARTINS, 2006). Por razões de ordem
prática, coloca-se o EconomicUM sobre o dinamómetro. Sabendo a inércia das massas em
movimento, é possível calcular a quantidade de energia que tem de se fornecer a essas
69
massas para fazer variar a sua velocidade. Comparando esta energia com o consumo de
combustível, podemos calcular a eficiência do motor.
Até ao presente trabalho, todos os cálculos de rendimento haviam utilizado um valor
aproximado da inércia de rotação do dinamómetro e não havia sido contabilizada a
inércia das peças em movimento no motor. Existia, então, a necessidade de quantificar
com maior rigor estas inércias de modo a obter resultados de consumo mais fidedignos.
As perdas mecânicas descritas não também haviam sido caracterizadas.
Então, para obter valores reais de eficiência e de consumo específico (em
dinamómetro de inércia) foi necessário saber:
o Inércia dos principais componentes:
o Cambota e biela (rotação); Roda dentada de arranque; Embraiagem
o Pistão, biela, cavilhão e segmentos (translação)
o Roda traseira do carro (jante, pneu e cremalheira)
o Roda do dinamómetro
o Perdas mecânicas desde o motor até ao dinamómetro:
o Transmissão (corrente de rolos)
o Atrito de rolamento e dos rolamentos
o Perdas mecânicas associadas ao dinamómetro
Para as perdas de rendimento pela transmissão (corrente de rolos), considerou-se a
equação teórica (HATHAWAY, 2000):
ηtransmiss {~a o=(ηcorrente )√R−1=(0 .985)√(163 /14 )−1=95 .19 % ¿ (4.16)
em que:
ηtransmiss {~a o ¿ − rendimento total da transmissão
ηcorrente − rendimento máximo de uma corrente de rolos
R – relação de transmissão
4.5.1 Inércia das principais peças
70
Cambotas, biela, rodas dentadas de arranque, embraiagem, roda traseira e roda do
dinamómetro de inércia foram desenhadas em CAD para determinar o seu peso
equivalente (Fig. 4.92 e Fig. 4.93). As peças reais foram medidas e pesadas de modo a
maximizar a precisão do desenho virtual e os resultados daí obtidos.
Fig. 4.92 − Cambotas com roda dentada de arranque e embraiagem: 2008 (esquerda); 2009 (direita); 2010
(baixo)
71
Fig. 4.93 – Da esquerda para direita: biela; roda traseira com cremalheira de transmissão; roda do
dinamómetro de inércia em CAD
Os resultados de peso equivalente das principais peças em movimento da
investigação teórico-prática estão representados na Tabela 4.3.
Com o recurso a operações de torneamento e fresagem no presente ano, foi possível
diminuir o peso e inércia de rotação da cambota e roda dentada de arranque. Retirou-se,
no conjunto destes dois componentes, 287,1 g. Como se tratam de peças em rotação, o
seu peso equivalente diminuiu 1023,2 g (Tabela 4.3). Durante as acelerações, isto
equivale a retirar 1310,3 g ao EconomicUM.
Tabela 4.3 − Peso equivalente de peças em movimento para testes em dinamómetro de inércia
2008 2009 2010Peças (rotação)
Inércia (g.m2)
Peso equivalente (g)
Peças (rotação)
Inércia (g.m2)
Peso equivalente (g)
Peças (rotação)
Inércia (g.m2)
Peso equivalente (g)
Cambota + roda dentada de arranque
1,55 3377,92 Cambota + roda dentada de arranque
1,08 2354,70 Cambota + roda dentada de arranque
0,86 1871,52
Embraiagem 0,51 1104,11 Embraiagem 0,51 1104,11 Embraiagem 0,51 1104,11
Biela (rotação)
0,03 69,54 Biela (rotação)
0,03 69,54 Biela (rotação)
0,03 69,54
Pneu + Jante + Cremalheira transmissão
40,20 648,36 Pneu + Jante + Cremalheira transmissão
40,20 648,36 Pneu + Jante + Cremalheira transmissão
40,20 648,36
Roda de inércia
7349,00 60509,38 Roda de inércia
7349,00 60509,38 Roda de inércia
7349,00 60509,38
Peças (translação)
Inércia (g)
Peças (translação)
Inércia (g)
Peças (translação)
Inércia (g)
Biela + Pistão + Segmentos + Cavilhão (translação)
72,79 31,22 Biela + Pistão + Segmentos + Cavilhão (translação)
72,79 31,22 Biela + Pistão + Segmentos + Cavilhão (translação)
72,79 31,22
Total 65740,53 Total 64717,31 Total 64234,13
Para as próximas competições, é apresentada uma possível redução de massa da
cambota na Fig. 4.94. Poderá ser retirado 203 g de massa à cambota e 483,2 g ao peso
equivalente (Tabela 4.3), dando um total de 686,2 g durante as acelerações.
72
Esta redução de peso apresenta assimetria (lado embraiagem – lado cremalheira)
porque se quis manter intacta a zona de introdução de óleo do lado da embraiagem.
Contudo, mantém-se a simetria em torno do eixo de rotação e a equilibragem da peça.
Fig. 4.94 – Proposta de redução de massa para cambota 2010
4.5.2 Velocidade de rotação do motor
O cálculo de rendimento do motor é feito com base na quantidade de energia gasta a
acelerar os componentes da velocidade inicial até à final. Para saber as velocidades de
rotação dos componentes do motor (e do dinamómetro de inércia através da relação de
transmissão e da relação entre os diâmetros das rodas em contacto) foi utilizado o
taquímetro do carro por ser o indicador de menor tempo de resposta.
Durante a caracterização do dinamómetro de inércia verificou-se que a velocidade de
rotação indicada pelo taquímetro do carro apresentava uma discrepância considerável em
relação ao valor apresentado pelo computador (através da ECU).
Fig. 4.95 − Conta-rotações no dinamómetro de inércia
73
Então montou-se um taquímetro na roda de inércia (Fig. 4.95) a fim de saber a
velocidade de rotação exacta desta. Através das relações de transmissão conseguiu-se
aferir a velocidade de rotação do motor. Os resultados estão apresentados na Tabela 4.4.
Tabela 4.4 − Relações de velocidade
Velocidade do EconomicUM
(km/h)
Dinamómetro de inércia
(rpm)
Taquímetro no volante
(rpm)
Motor (rpm)
20,0 154 2509
24,4 186 3500 3031
28,2 215 4000 3503
31,9 243 4500 3960
35,7 272 5000 4432
39,7 302 5500 4921
43,8 333 6000 5426
47,7 363 6500 5915
4.5.3 Perdas mecânicas associadas ao dinamómetro
O atrito de rolamento (contacto entre os pneus) e dos rolamentos (da roda do carro e
do dinamómetro de inércia) foi obtido experimentalmente. Montou-se o carro no
dinamómetro de inércia, acelerou-se o motor até às 3500 rpm e mediu-se o tempo que o
conjunto demorou a parar. Isto foi feito até às 6500 rpm em intervalos de 500 rpm. Com o
auxílio das equações 2.11 e 2.13, e sabendo a inércia do dinamómetro e da roda traseira
pôde-se calcular a potência de perda do dinamómetro de inércia.
As medições do tempo que o dinamómetro de inércia demorou a parar foram
efectuadas por intervalos de velocidade de rotação do motor. Logo, calculou-se a potência
perdida através da energia perdida nesses intervalos de tempo (Fig. 4.96).
74
2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000 5500 60000
10
20
30
40
50
60
70
velocidade de rotação do motor (rpm)
Pot
ênci
a pe
rdid
a (W
)
Fig. 4.96 − Potência perdida no dinamómetro de inércia vs velocidade de rotação do motor
4.5.4 Preparação para testes do motor
4.5.4.1 Rodagem
A rodagem do “Miller 21” foi feita em dois estágios:
o Com auxílio de motor eléctrico, sem combustão (3 horas – 3000 rpm)
o Sem a cabeça de motor montada (Fig. 4.97) para não haver
compressão (1 hora);
o Com a cabeça completa (sem vela) de modo a fazer a rodagem
também às válvulas (2 horas)
o Com combustão, sem carga resistente e mistura estequiométrica (6h)
o 1500 rpm (4 horas)
o 2500 rpm (1 hora e 45 minutos)
o 5000 rpm (15 minutos)
Fig. 4.97 − Rodagem com auxilio de motor eléctrico
75
A rodagem do “UMSpeed” foi feita:
o Com combustão, sem carga resistente e mistura estequiométrica (12h)
o 1500 rpm (6 horas)
o 2500 rpm (2 horas)
o 3000 rpm (2 horas)
o 5000 rpm (1 hora)
o 6000 rpm (1 hora)
4.5.4.2 Testes de molas
Durante a prova alemã o pistão foi danificado pelo contacto com a válvula de
admissão. Num dos testes na box, o motor atingiu perto das 9000 rpm (quando a
velocidade de rotação de corte de injecção tinha sido programada para as 6700 rpm),
causando os danos representados na Fig. 4.98.
Fig. 4.98 − Pistão "Miller 21" danificado
Foram então testadas 3 molas para a válvula de admissão (com espessuras de fio de
1,5, 1,8 e 2,2 mm) e uma para a válvula de escape (com espessura de fio de 1,8 mm). Isto
foi feito para averiguar qual o comportamento das válvulas em diversas velocidades de
rotação do motor.
Para o efeito foi montada uma câmara de filmar de alta velocidade que pudesse
filmar simultaneamente a roda dentada de arranque e as válvulas. A roda dentada de
arranque foi marcada com as posições de abertura a fecho das válvulas para se poder
comparar visualmente o movimento das válvulas e a posição da cambota (Fig. 4.99).
76
Fig. 4.99 − Esquema de filmagem de alta velocidade
Dos testes realizados com a câmara de filmar de alta velocidade determinaram-se
experimentalmente os ângulos de abertura para as válvulas de admissão e de escape com
diversas molas. Os resultados estão demonstrados na Fig. 4.100.
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 80000
10
20
30
40
50
60
6920
1,5mm
1,8mm
2,2mm
1,8mm escape
Regime do motor (rpm)
Gra
us n
a ca
mbo
ta d
e so
brea
bert
ura
Fig. 4.100 − Comparação experimental de ângulo de abertura de válvulas com diferentes molas
Foram escolhidas as molas de 1,8 mm para admissão e escape visto ser esta a melhor
combinação testada, apresentando o maior rendimento do motor.
4.6 Afinação do motor em dinamómetro de inércia
Os testes seguidamente descritos são apenas do motor com a especificação
“UMSpeed”. Não foi possível testar e afinar a especificação “Miller 21” com rigor, pelo
motivo anteriormente apresentado.
77
Para programar a ECU foi utilizado o programa fornecido pelo seu fabricante para o
efeito. Através deste programa é possível afinar o motor para máxima eficiência.
A programação da ECU foi executada pela seguinte ordem:
o Parâmetros de correcção
Tensão da bateria
Temperatura do ar admitido
Temperatura do motor
Pressão atmosférica
o Parâmetros de funcionamento (em função do regime e eficiência
volumétrica)
Tempo de injecção
Avanço de ignição
Para cada par regime do motor/eficiência volumétrica, existe uma combinação
óptima de tempo de injecção e avanço de ignição para a máxima eficiência do motor. O
controlo dos parâmetros de funcionamento é bastante simples. No entanto, só é possível
obter boa repetibilidade dos resultados obtidos se os parâmetros de correcção forem
correctamente aferidos.
Os mapas originais destes parâmetros de correcção vêm já programados de fábrica e
servem para a grande maioria das aplicações (segundo HALTECH, 2005).
4.6.1 Correcção do tempo de injecção com a tensão de bateria
Em 2008, a correcção para a tensão da bateria foi testada experimentalmente e
optimizada. O mapa apresentado para esta correcção foi considerado correcto, pelo que
não houve alteração este ano.
4.6.2 Correcção do tempo de injecção com a temperatura do ar admitido
À medida que a temperatura do motor aumenta, a temperatura do ar admitido
também aumenta, fazendo com que este diminua a sua densidade. Consequentemente, se
entra menos ar para o motor, teremos de compensar a entrada de menor quantidade de
combustível a fim de manter a estequiometria desejada.
78
Os sensores de temperatura do motor e ar admitido foram trocados em 2007, não
tendo havido oportunidade de optimizar, com rigor, os seus respectivos mapas de
correcção. Isto explica a disparidade de resultados experimentais durante esse ano, falta
de repetibilidade entre testes ou situações extremas como o motor não ligar.
Em 2009, começou-se por colocar os valores originais do mapa de temperatura do ar
admitido no mapa de temperatura do motor (Fig. 4.101 e Fig. 4.102).
Fig. 4.101 − Mapa original da correcção do tempo de injecção com a temperatura do ar admitido
No mapa original de correcção para a temperatura do ar admitido existem valores
negativos, que não são possíveis de transpor directamente para o mapa final. Dos valores
anteriormente registados em 2008, o ar admitido nunca ultrapassou os 40ºC, que
corresponde à barra 15. Dando uma margem de segurança de 2 barras (~11ºC) temos a
barra 17 com o valor de -3,2% (Fig. 4.101 – barra a amarelo). Adicionou-se 3,2 aos
valores das barras 1 a 17 e colocaram-se esses valores no mapa da temperatura do motor
(Fig. 4.102).
Fig. 4.102 − Mapa final de correcção do tempo de injecção com a temperatura do ar admitido
4.6.3 Correcção do tempo de injecção com a temperatura do motor
79
O mapa original de correcção do tempo de injecção com a temperatura de motor (Fig.
4.103) apresentava correcção apenas até à barra 24 (~79ºC). Como a temperatura normal
de funcionamento do motor variava entre os 90 e os 105ºC em 2008, este mapa correctivo
foi modificado experimentalmente tendo esse intervalo de temperatura como alvo. Deu
origem ao mapa representado na Fig. 4.104.
Fig. 4.103 − Mapa original de correcção do tempo de injecção com a temperatura de motor
Para especificar este mapa de correcção, pôs-se o motor às 4000±100rpm com
mistura estequiométrica aos 90ºC, tempo de injecção básico e avanço de ignição fixos.
Desconectou-se o sensor de temperatura do ar admitido para não haver essa correcção.
Assim, com o motor aquecendo lentamente, foram-se alterando os valores do mapa de
correcção da temperatura do motor na tentativa de manter a estequiometria em toda a
gama de temperatura, dando origem ao mapa representado na Fig. 4.104.
Fig. 4.104 − Mapa final de correção do tempo de injecção com a temperatura de motor
Dos testes realizados concluiu-se que a correcção do tempo de injecção com a
temperatura do motor feita pela ECU não é linear. O valor de λ variou em cerca de 4% na
gama de temperatura de cada barra, como se pode observar na Fig. 4.105 e Anexo D.
80
Fig. 4.105 − Variação do coeficiente de excesso de ar com a temperatura do motor (linha de tendência a
preto de 85 a 108 ºC)
4.6.4 Ignição
Tendo-se trocado a roda dentada de arranque (com um novo trigger do sensor de
posição de cambota), foi necessário recalibrar a ECU de modo a que o avanço de ignição
fosse exacto. Isto foi feito com o auxílio de uma pistola de ponto. Dada a baixa inércia de
rotação do motor (devido aos componentes aligeirados), esta afinação teve que ser
efectuada a elevada velocidade de rotação para ter uma menor variação de velocidade
entre o tempo de expansão e os restantes tempos.
Fig. 4.106 – Mapa final do avanço da ignição
O avanço de ignição foi ajustado de modo a obter a aceleração mais rápida possível,
para cada riqueza de mistura. Isto foi conseguido com o auxílio de um cronómetro.
81
4.6.5 Rácio ar/combustível
O RAC foi primeiramente ajustado de modo a obter λ=1 em todo o regime de
funcionamento. Seguidamente, seleccionando todas as barras (Fig. 4.107), baixou-se o
tempo de injecção de modo a ter uma mistura cada vez mais pobre até se atingir o ponto
de eficiência máxima.
Fig. 4.107 − Mapa do tempo de injecção a carga total
Com este procedimento, foi possível aumentar eficazmente a eficiência do motor.
Testou-se λ=1.00 até 1,25 em intervalos de 0,05. Percebeu-se, durante a afinação, que um
dado valor de λ ideal para uma gama de rotação, não era ideal para todo o regime. Dos
testes de consumo efectuados, os valores de λ ideais para a especificação “UMSpeed” são
os mostrados na Fig. 4.108 e Anexo D.
2250
2500
2750
3000
3250
3500
3750
4000
4250
4500
4750
5000
5250
5500
5750
6000
1
1.05
1.1
1.15
1.2
1.25
Regime do motor (rpm)
λ
Fig. 4.108 − λ em função do regime do motor
82
Como a turbulência aumenta com o aumento da velocidade de rotação e queima
eficaz de misturas pobres depende do nível de turbulência, os valores obtidos de λ obtidos
na prática reflectem os fundamentos teóricos apresentados.
4.6.6 Leitura da temperatura do motor
Durante os testes feitos ao motor, verificou-se a discrepância entre o valor
apresentado pela ECU (através do computador) e o valor mostrado no visor montado no
volante (Fig. 4.109 e Anexo D). Pela variação do valor de λ com a temperatura do motor,
existia necessidade de registar esta discrepância de modo a saber a temperatura do motor,
a qualquer instante, mesmo sem ter o computador ligado.
90 95 100 105 110 115 120-505
10152025303540
Temperatura do motor; ECU (ºC)
Dif
eren
ça p
ara
a le
itur
a no
vo
lant
e (º
C)
Fig. 4.109 − Diferença entre os valores de temperatura do motor lidos pela ECU e visor no volante
4.6.7 Testes de consumo de combustível em dinamómetro de inércia
Os testes de consumo efectuados em roda de inércia foram feitos da seguinte forma:
1. Efectua-se uma breve vistoria ao motor antes de o ligar (ligações eléctricas,
estado da bateria, estado da vela, folga das válvulas, fugas de óleo, pressão de
ar do pneu traseiro e pressão no depósito de ar).
2. Mede-se a densidade do combustível.
3. Aquece-se o motor até à temperatura desejada.
4. Altera-se o valor do tempo de injecção para se obterem os valores de λ
desejados em todo o regime de rotação. Isto faz-se com recurso a várias
acelerações, com carga resistente.
5. Altera-se o avanço de ignição para se obter a mais rápida aceleração possível.
83
6. Acelera-se o motor dos 20 km/h até à rotação pretendida.
7. Regista-se o valor de combustível consumido, tempo gasto na aceleração e os
valores de λ para cada teste.
8. Introduzem-se estes valores numa folha de cálculo para ser determinar o
rendimento do motor e formar uma base de dados comparativa de resultados
experimentais.
Considerou-se Q LHV=42 , 5 MJ /kg
.
4.6.7.1 Resultados de testes em dinamómetro de inércia
Os valores óptimos de injecção, obtidos experimentalmente, são apresentados na Fig.
4.110. Ver também o Anexo D.
6.5
7.0
7.5
8.0
8.5
9.0
Regime do motor (rpm)
Tem
po
de i
nje
cçã
o (
ms)
Fig. 4.110 − Tempo de injecção em função da velocidade de rotação
Sabendo o impulso de injecção e o valor de λ para cada regime, a densidade do
combustível (730 kg/m3) e que se consome 1,6618 x10-6 l de combustível por cada 8 ms
de injecção (LOPES, 2008), pode-se calcular a eficiência volumétrica do motor (Fig.
4.111).
84
25%
30%
35%
40%
45%
Regime do motor (rpm)
Efi
ciê
ncia
vo
lum
étr
ica
Fig. 4.111 – Eficiência volumétrica em função da velocidade de rotação do motor
250
275
300
325
350
375
400
425Consumo específico
2509-3031
3031-3503
3503-3960
3960-4432
4432-4921
4921-5426
5426-5915Regime do motor (rpm)
Con
sum
o es
pecí
fico
(g/k
Wh)
Fig. 4.112 − Consumo específico em função da velocidade de rotação do motor
Como se utilizou uma mola para a válvula de admissão de 1,8mm, houve variação do
tempo de abertura desta válvula, a partir das 5000 rpm. Por consequência, houve um
aumento da eficiência volumétrica do motor, como pode ser apreciado na Fig. 4.111.
Interpretação do consumo específico (Fig. 4.112):
o Das 2500 às 3800 rpm: o consumo específico baixou muito neste
regime devido ao grande aumento de turbulência induzida pela quase
duplicação da velocidade de rotação. Note-se a subida acentuada do
valor de λ neste intervalo (Fig. 4.108), que também indicia esse
aumento de turbulência. Isto foi suficiente para contrariar os efeitos
negativos da perda de 6% de compressão efectiva e o ligeiro aumento
das perdas por atrito. O valor de consumo específico mínimo deste
intervalo corresponde a 31,5% de eficiência volumétrica.
85
o Das 3800 às 4600 rpm: o consumo específico sobe cerca de 9% neste
regime visto que as perdas por atrito começam a ter maior valor e
compressão efectiva contínua a baixar.
o Das 4600 às 5426 rpm: o consumo específico volta a baixar porque a
compressão efectiva volta a subir, por aumento da eficiência
volumétrica. O valor de consumo específico mínimo deste intervalo
correspondeu, novamente, a 31,5% de eficiência volumétrica. Neste
intervalo encontrou-se o valor mínimo de consumo específico do motor:
263,37 g/kWh das 4921 até às 5426 rpm.
o Das 5426 às 5915 rpm: o consumo específico volta a subir devido à
subida exponencial das perdas por atrito, apesar do grande aumento da
compressão efectiva.
4.6.8 Comparação de consumo entre 2008 e 2009 em laboratório
Conhecendo agora, com rigor, as características do dinamómetro de inércia e o peso
equivalente das peças do motor utilizadas em 2008 e 2009, pudemos fazer uma
comparação directa entre os valores de consumo de combustível para as acelerações dos
20km/h até às 5915 rpm. Estes valores são apresentados na Tabela 4.5.
Tabela 4.5 − Comparação de consumo de combustível entre 2008 e 2009 (laboratório: 20 km/h → 5915
rpm)
2008 2009Consumo (g) 0,431 0,438Densidade da gasolina (kg/m3) 750 730Tempo de aceleração (s) 5,16 6,50Rendimento do motor 28,49% 27,93%
Consumo específico (g/kWh) 297,30 303,28
4.6.9 Comparação de consumo entre 2008 e 2009 em pista
Durante a prova inglesa, procurou-se obter a temperatura ideal de motor nas
primeiras três tentativas sem sucesso. Isto levou aos três resultados abaixo dos 1400 km/l,
como podemos apreciar na Tabela 4.6.
86
Tabela 4.6 − Comparação de consumo de combustível entre 2008 e 2009 em pista
Tentativa nº
1 2 3 4 5 6 Média
2008 (km/l) 1211,04 1382,761487,0
3 1289,06 1342,47
2009 (km/l)1346,9
9 1268,75 1396,871565,4
1 1536,42 1520,31 1439,12
Nas tentativas seguintes, com uma maior percepção de como obter a temperatura
desejada, foi possível obter três resultados acima da melhor marca do ano anterior.
4.7 Testes à bateria do EconomicUM
As baterias usadas até à data da escrita desta dissertação utilizam a tecnologia de
chumbo e electrólito, 12V e 3Ah. A escolha destas baterias, até à data, prende-se ao facto
de terem baixo custo, serem fáceis de usar e não requerem manutenção. Contudo, visto a
sua densidade energética ser muito baixa, este componente torna-se num dos de maior
massa a bordo do protótipo. Outro problema deste tipo de baterias é que, à medida que a
energia guardada vai sendo consumida, estas perdem gradualmente a sua capacidade de
descarga. Isto faz com que, na parte final das provas em pista, exista alguma dificuldade
em fazer o motor arrancar.
As baterias estudadas, nesta dissertação, utilizam a tecnologia de lítio polimérico.
Estas são, no presente momento, as baterias comercialmente disponíveis com a maior
densidade energética. Muito importante neste tipo de baterias é o facto de só perderem a
sua capacidade de descarga quando quase totalmente descarregadas.
Tipicamente, os fabricantes não recomendam que se descarreguem estas baterias com
uma intensidade de corrente 20 vezes superior à capacidade nominal (em contínuo).
Também não recomendam que se use mais de 70% da energia guardada. Estas
recomendações são feitas para maximizar a longevidade das baterias e diminuir o risco de
explosão.
4.7.1 Medição e cálculo energético eléctrico
87
Para seleccionar as características desejadas para uma nova bateria, foi necessário
contabilizar o consumo energético do motor de arranque, da ECU e do injector de
combustível.
Fizeram-se as seguintes considerações:
o Liga-se a ECU durante 25 s em cada aceleração (10 s antes de ligar o motor e
o restante para a aceleração).
o O injector consome energia durante 15 s em cada aceleração.
o O motor de arranque é utilizado durante 3 s em cada aceleração.
O consumo energético é dado por:
E=U⋅I⋅Δt (4.17)
Em que: E – energia consumida (Watt-hora)
U – tensão da bateria (Volt)
I – intensidade de corrente (Ampere)
Δt − intervalo de tempo (hora)
Averiguou-se experimentalmente o consumo energético do motor de arranque com
auxílio de um Fluke 43B (analisador de parâmetros eléctricos) e um LEM LA-55P
(transdutor de corrente eléctrica por efeito de Hall).
Fig. 4.113 − Fluke 43B (esquerda); LEM LA-55P (direita)
As medições do consumo eléctrico do motor de arranque foram realizadas utilizando
dois modos de medição do Fluke 43B: INRUSH e o SCOPE.
88
O modo INRUSH foi utilizado para a leitura durante um curto intervalo de tempo,
para maior precisão (Fig. 4.114). Dado que o atrito estático do motor é muito maior que o
dinâmico, existe a necessidade de utilizar este modo de medição para saber o pico de
intensidade de corrente no instante inicial em que se acciona o motor de arranque.
Fig. 4.114 − Leitura INRUSH − Pico de intensidade de corrente, 42,1 A
Como o modo INRUSH apresenta picos de intensidade de corrente a cada tempo de
compressão, torna-se difícil averiguar o consumo contínuo deste componente. Para
contornar esta situação foi utilizado o modo SCOPE para a leitura em contínuo da
intensidade de corrente (Fig. 4.115)
Fig. 4.115 − Leitura SCOPE − Consumo médio de 11,25 A
89
Durante cada tentativa na prova inglesa, o motor é accionado 2 vezes por volta,
durante 7 voltas, mais o arranque do carro na linha de partida.
Não conseguimos medir experimentalmente o consumo eléctrico da ECU e injector,
possivelmente por interferência electromagnética. Segundo o manual da ECU, esta
consome 0,27 A a 12 V. O injector, segundo, o mesmo documento, consome 0,6 A a 12
V. Utilizando as considerações anteriores e a equação 4.1, temos a Tabela 4.7:
Tabela 4.7 − Consumo energético eléctrico de componentes na prova inglesa
Componente Tensão (V)Corrente (A) Tempo (s) Energia (Wh)
ECU 12 0,27 25 2,25E-02Injector 12 0,6 15 3,00E-02Motor de arranque (pico) 12 42,1 0,2 2,81E-02Motor de arranque (contínuo) 12 11,25 2,8 1,05E-01
Total por aceleração 1,86E-01Total por tentativa 2,78
Cada célula de bateria de lítio polimérico (comercialmente disponível) tem 3,7 V e 3
Ah (valores nominais). Ligando 3 células em série teremos 11,1 V. Isto dá 23,31 Wh de
energia disponível (considerando que só se consume 70% da carga total). É, então,
possível fazer 8 tentativas antes de carregar a bateria novamente.
90
5 CONCLUSÕES E TRABALHO FUTURO
5.1 Fabrico de Motor
Foram fundidas duas novas cabeças de motor.
Foi possível resolver todos os problemas anteriormente encontrados no fabrico da
cabeça de motor com a utilização de um novo material para moldações, simulação
numérica de fundição e uma grande remodelação do desenho virtual. Embora estas novas
peças apresentem defeitos na parede superior da câmara de água, devido a problemas de
extracção de gases, são as duas primeiras peças em condições de se tornarem
funcionais.
5.2 Motor actual
5.2.1 Em competição
Foi conseguido elevar o desempenho do EconomicUM de 1487 km/l para 1565 km/l
(5%) no decorrer da prova inglesa.
Isto foi possível graças ao aumento da repetibilidade do desempenho do carro,
derivado dos novos mapas correctivos. O mapa de correcção do tempo de injecção com a
temperatura do motor foi conseguido experimentalmente mas não apresenta o
comportamento linear desejado. Em pista, por causa da influência da temperatura
ambiente e do vento na temperatura do motor, torna-se muito difícil (mas não impossível)
obter o rendimento do motor necessário para uma boa classificação.
5.2.2 Em laboratório
Foram caracterizadas, com maior rigor, as condições de testes em dinamómetro de
inércia.
As principais peças do motor e dinamómetro de inércia foram desenhadas em
ambiente virtual de forma a conhecer a sua inércia e foram contabilizadas as perdas
mecânicas do dinamómetro experimentalmente. Assim obtivemos a precisão necessária,
durante os testes realizados, para a obtenção dos valores de eficiência do motor.
91
Demonstramos que, com a especificação "Miller 21", o motor funcionou sem knock
audível mas apresentou combustão ruidosa. Este facto leva a crer que a turbulência,
induzida pela zona de squish demasiadamente fina, foi excessiva.
Dado o pouco tempo que se teve disponível para reconstruir o motor durante a prova
alemã, a consequente falta de rigor geométrico da câmara de combustão penalizou
gravemente o rendimento do motor (quase total ausência da área de squish). Como tal, o
rendimento do motor com a especificação "UMSpeed" foi o esperado, apenas aceitável. A
diminuição de rendimento pela ausência da área de squish foi compensada, em parte, pelo
aumento de rendimento obtido pela variação de eficiência volumétrica induzida pela nova
mola para a válvula de admissão. No entanto, o rendimento do motor este ano foi inferior
ao do ano anterior em laboratório, em 2%.
5.3 Sugestões para trabalho futuro
o Demonstrou-se que uma nova gestão de motor é necessária para o EconomicUM,
devido ao comportamento irregular de λ em função de temperatura do motor.
o A presente, ou a nova gestão de motor, deverá incorporar correcção do tempo de
injecção para a pressão atmosférica.
o Deve ser tentada novamente a especificação “Miller 21” (ou superior), para aumentar
o rendimento do motor. Deverá incorporar uma zona de squish de maior espessura
para não gerar a turbulência excessiva encontrada.
o Selecção de um novo piloto de menor peso (cerca de 40kg) fará com que o
desempenho do carro melhore enormemente.
o Uma nova bateria de lítio polimérico reduzirá a massa e os problemas comuns
relacionados com este componente. Deverão ser compradas 2 baterias (para ter uma
de reserva) de 3 células em série e 3 Ah, e um carregador apropriado com
balanceamento de células.
o É possível, com a presente ECU, que o motor funcione com etanol. Isto deve então
ser tentado.
o Modificação das rodas do EconomicUM, de modo definitivo, para não serem
necessárias câmaras-de-ar.
92
o Uma solução possível para obter a cabeça de motor sem defeitos é a execução do
macho da câmara de água num material cerâmico. Este deverá ter boa
colapsibilidade.
o Uma nova régua para testes mais fina deverá ser produzida para aumentar a precisão
dos resultados. Esta deverá incorporar um sistema de enchimento com depósito em
paralelo para permitir aquecer o motor sem paragens e um enchimento rápido da
régua, sem esforço nem derrames.
o Um dinamómetro de inércia portátil para testes em pista mostrou-se necessário para
poupar tempo na afinação do motor in situ. Este deverá ser dimensionado tendo em
conta: peso do protótipo; peso do piloto; arrasto aerodinâmico; inclinação da pista
aquando das acelerações; atrito de rolamento e inércia de rotação das rodas da frente.
o As restantes peças do motor (em movimento) deverão ser pesadas e desenhadas para
saber a sua inércia, tal como a corrente de transmissão.
93
94
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Combustion, fuels, Materials, Design, MIT Press, 1985
WIESER, T., Rapid Casting, Diplom-Ingenieur (FH), 2003
Z CORPORATION, ZCast® Design Guide, 2004
98
ANEXO A − HALTECH E6A SPECIFICATIONS
Engine Suitability:
o up to 16,000 rpm
o 1, 2, 3, 4, 5, 6, 8, 10, 12 cylinders (1-2 rotors)*
o 2 or 4 stroke
o normally aspirated or supercharged up to 200 kPa (30 psi)
o load sensing by throttle position or manifold pressure
o multipoint, batch-fire, staged or sequenced (up to 4 banks) injection patterns
o distributed ignition systems, or direct fire systems with 1 to 4 coils
o NB: Sequential and Direct Fire can not be used together.
Power Requirements:
o Power Source
o 8 to 16 Volts DC
o Consumption
o Haltech ECU: 270 mA at 12 Volts
o Injector Load: Dependent on injector type approx. proportional to
injector duty cycle (typically 0.6 Amps per injector)
Physical Specifications:
o ECU Dimensions
o Length: 168 mm (6 5/8")
o Width: 145 mm (5 5/8")
o Depth: 41 mm (1 5/8")
o Weight
o ECU: 760g (1.68 lb)
o Loom: 1.92kg (4.2 lb)
o Sensors: 500g(1.1 lb)
o Shipping Weight: 4.5kg (9.9 lb)
99
o (Including manual/packaging)
Input Sensors
o Manifold Absolute Pressure (MAP) Sensor
o 1 Bar -100 kPa to 0 kPa (Naturally Aspirated)
o 2 Bar -100 kPa to 100 kPa (up to 1 Bar or 15 psi boost)
o 3 Bar -100 kPa to 200 kPa (up to 2 Bar or 30 psi boost)
o Temperature Sensors (Air and Coolant)
o NTC temperature dependent resistor type.
o Operating Range
o Continuous -40 °C to 100 °C (-40 °F to 212 °F)
o Intermittent up to 125 °C (257 °F)
o Throttle Position Sensor
o 10 kΩ rotary potentiometer driven from throttle shaft
o Engine Speed Pickup
o Compatible with most trigger systems:
o 5 or 12 volt square wave;
o pull-to-ground (open collector)
o Tach adaptor available for magnetic (or ‘reluctor’) triggers
ECU Outputs
o Injector Driver
o 4 x 4/1 Amp peak-and-hold current limiting drivers:
up to four low-impedance injectors*
up to eight high-impedance injectors*
o (Expandable using optional Driver Box. See Appendix C)
o Ignition Output
o Haltech Ignition Module, trigger by ECU, for directly firing the coil.
100
o (may also be compatible with other igniters. Ask your Haltech dealer.)
o Fuel Pump Control
o 20 A fused relay, features automatic priming and switch-off.
o additional hardware may be required
System Programming Requirements
o Computer
o IBM-PC or compatible, preferably laptop or notebooks
CGA, EGA or VGA, colour or monochrome display
640+ kb RAM
o Disk Drive
3.5" Floppy Disk Drive
(5.25" disk available on request)
o Serial Port
Standard RS232C port - 9 pin D connector
(25 pin cable available on request)
COM1 or COM2 (selectable)
Adjustable Features
o Base Fuel Map
o 22 Fuel ranges, every 500 RPM to 10,500, or
o 17 Fuel ranges, every 1000 rpm to 16,000
o 32 Load points per range, up to 16 mS with 0.016 mS resolution
o Ignition Map
o 22 Ignition ranges, every 500 RPM to 10,500, or
o 17 Ignition ranges, every 1000 rpm to 16,000
o 32 Load points per range, up to 50° advance, with 1° resolution
o Correction Maps
o Fuel
Cold Start Prime − 32 points
101
Coolant Temperature Enrichment − 32 points
Air Temperature Adjustment − 32 points
Battery Voltage Correction − 32 points
Closed Throttle (selectable) − 16 points
Full Throttle (selectable) − 32 points
o Ignition
Crank Advance − 32 points
Coolant Temperature Advance/Retard − 32 points
Air Temperature Advance/Retard − 32 points
o Programmable Rev-Limit - selectable as either fuel or ignition
o Fuel Cut on Deceleration
o Accelerator Pump
o Increase and sustain parameters
o Coolant enrichment factor
o Three speed ranges
o Idle Speed Control
o Target Idle Speed
o Cold Idle-up Rpm
o Post-start Rpm setting
o Closed Loop Control
o with both cruise and idle settings
o Programmable Output Options
Miscellaneous
o Map Storage and Retrieval
o Maps may be stored to disk and re-used
o Datalogging
o Engine data information saved 5 times per second
o Store to memory or disk
o Limited only by available memory (approx. 11k/minute)
o US or Metric Units
o Real Time Programming
102
o Instant, hesitation free adjustment while engine is running
o Optional Mixture Trim Module
o Provides ±12½% or ±50% adjustment for fast tuning
o Optional Ignition Trim Module
o Provides -8° to +7° adjustment for fast tuning
o Rugged Aluminium Casing
o Black anodised with integral cooling fins and mounting brackets.
103
ANEXO B – PRIMEIRA MOLDAÇÃO
104
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Câmara de água
Moldação montada
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ANEXO C – TERCEIRA MOLDAÇÃO
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111
112
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Câmara de água
Moldação montada
114
ANEXO D – RESULTADOS DE TESTES
Tabela de temperaturas registadas, λ e correspondente barra na ECU
Temp. Volante
Temp. ECU λ Barra
(ºC) (ºC) (-) (nº) 79 1,08 24 83 1,07 25 84 1,05 85 1,02 86 1 26 87 0,99 88 0,99 89 0,98 90 0,98 91 0,97 92 1,02 27 93 1,01
91 94 1 92 95 0,99 93 96 0,98 95 97 1,01 2897 98 1,01 99 99 1 100 100 0,99 101 101 0,99 102 102 1,02 29104 103 1,02 107 104 1,01 109 105 1 110 106 0,99 112 107 0,98 118 108 0,98 30121 109 0,97
110 0,95 111 0,93 112 0,91
133 113 0,9 31 114 0,89
115 0,9 144 116 0,88 152 118
115
Tabela de eficiência e perdas mecânicas
Regime
Potência perdida no
dinamómetro η motor BSFC(rpm) (W) (%) (g/kWh)
2509-3031 23,26 20,96% 404,16 3031-3503 27,86 23,80% 355,98 3503-3960 32,64 31,02% 273,06 3960-4432 37,61 29,66% 285,59 4432-4921 46,26 28,24% 299,94 4921-5426 52,88 32,16% 263,37 5426-5915 60,10 29,32% 288,93
Tabela de parâmetros de motor e eficiência volumétrica
Regime Injecção λ Eff. Vol. Avanço(rpm) (ms) (-) (%) (º APMS)
2500 8,26 1,08 33,45% 153000 8,13 1,09 33,22% 153500 7,49 1,12 31,45% 204000 7,30 1,15 31,48% 204500 7,04 1,16 30,62% 255000 7,17 1,18 31,72% 305500 8,00 1,21 36,29% 356000 8,70 1,23 40,12% 40
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ANEXO E – ARTIGO CIENTÍFICO PARA CONFERÊNCIA
INTERNACIONAL
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MINIATURIZED CYLINDER HEAD PRODUCTION BY RAPID PROTOTYPING
MELO, Rodrigo N., [email protected] do Minho, Campus de Azurem, 4800-085 Guimarães, Portugal.MONTEIRO, António A.C., [email protected] do Minho, Campus de Azurem, 4800-085 Guimarães, Portugal MARTINS, Jorge J.G., [email protected] do Minho, Campus de Azurem, 4800-085 Guimarães, Portugal.COENE, Stijn, [email protected] do Minho, Campus de Azurem, 4800-085 Guimarães, Portugal.PUGA, Helder F., [email protected] do Minho, Campus de Azurem, 4800-085 Guimarães, Portugal.BARBOSA, José J.C., [email protected] do Minho, Campus de Azurem, 4800-085 Guimarães, Portugal.
Abstract. This work shows the development of the design and manufacturing of a very small engine, namely its head. The engine works under the 4-stroke cycle, therefore having a very complex cylinder head, housing the camshaft, valves and its auxiliaries (seats, guides, springs), spark plug, inlet and exhaust passages and a coolant chamber. The geometries, both inner and outer are highly intricate which makes the production of such a part a very difficult job. In addition, when the engine is very small, as it is the case of this engine, all dimensions are miniaturized therefore making it extremely difficult to design, cast and finish. The cooling chamber, in particular, has a critical inner core removal problem due to reduced accessibility, imposing casting limitations. The cores place also a problem of air and gas removal during metal filling and solidification. Rapid prototyping may be the only solution to build the cores, and may help in the design and manufacturing phases of the casting tools. 3D printing with a plaster based material as a rapid prototyping technique presents itself as a tool to drastically reduce the design-development-casting process effort and time cycle. This technique enables the designer to obtain new moulds for castings on the shortest time possible, following redesign and new casting simulations. This paper illustrates the various tasks involved in the design and development stages leading to the production of a running prototype of the cylinder head for this small engine.
Keywords: Engine design; Casting design; Rapid Prototyping; 3D printing; Casting simulation
1. INTRODUCTION
Different rapid prototyping techniques were applied to the development and manufacture of a cylinder head to be used on a small engine intended for a fuel consumption marathon. The various stages of development are herein presented and discussed.
The design should incorporate various characteristics and features intended to maximise the efficiency of the engine. The head should be of the hemispherical type with two inclined valves, and should have squish area, OHC, a sufficiently large volume coolant chamber and a swirl producing inlet passage. All this should be included in a 10x10x14 cm envelope.
The first designs and models produced by rapid prototyping explored the design features, such as the design constrains and potential for miniaturization and manufacture. Later, various features were optimized in terms of operation (swirl generation, pressure loss) and in terms of manufacture (mould production, wall thickness, casting behaviour and machining).
The final design combines the required levels of swirl generation (by the inlet track) and coolant volume, with the potential of manufacture of a very complex component with sufficient precision.
Some of the various interim design changes and optimisations are described, which led to the final specification.
1.1. Shell Eco-Marathon
An international competition for fuel consumption is organised every year by Shell, called Eco-Marathon. This year, 2009, the race comprised 8 laps to the Lausitzring track (near Berlin, Germany) totalling slightly less than 30 km at an average speed of 30 km/h with minimum fuel consumption. The University of Minho participated in this event for 4 years with its car, EconomicUM (Figure 1). A new engine (UMotor, Figure 2) is being developed for this car and it is part of this development that is reported here.
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Figure 1. EconomicUM Figure 2. UMotor
The main aim of this engine is efficiency, so it should run at relatively low speeds, should have low mechanical losses and high compression ratio and should work at a specified temperature. To enhance indicated efficiency the combustion should be very fast, so a high turbulence is necessary prior to ignition. This turbulence helps to enhance mixture preparation but also it helps the development of fast burn rates. In I. C. engines there are two forms of turbulence: tumble and swirl. As tumble is usually created in pent roof 4-valve heads and the present engine is a 2-valve design, swirl is used, being created by the intake port design. This design can be done studying the flow inside the cylinder during the intake and compression stroke, using fluid dynamics. In this case, the softwares GAMBIT/FLUENT were used to optimise the design. Furthermore a high swirl is usually not desired, as the kinetic energy for the flow is obtained at the expense of a reduced volumetric efficiency (Stone, 1989). However, this engine has, intentionally, very low volumetric efficiency, in order to work under the over-expanded cycle, so this constrain is not too relevant.
1.2. Creation of swirl
The idea of a helical port is that the air is brought in rotation prior to entering the cylinder, namely in the inlet port. The rotation is achieved by forcing the air flow around the valve stem, so that there is an angular momentum created about the cylinder axis when the charge enters the cylinder. Helical ports normally have a higher discharge coefficient than direct ports if the swirl levels are equivalent (Heywood, 1988). Another advantage of helical ports is that they are not that sensitive to misplacements that may occur in casting. Also, a helical port produces better swirl than a direct port. This is the swirl producing design established for this engine.
2. CREATION OF A SUITABLE INTAKE DESIGN
The head was decided to be produced by casting, as its intricate design rendered it impossible to be produced by other methods such as machining. The material used for the cores and the moulds is to be produced by rapid prototyping There are some restrictions to this process:
- It is impossible to produce very sharp angles.- It is impossible to have undercuts, as it would not be possible to open the moulds.
To design the intake three software packages were used:- CAD software: Solid Works- Meshing software: Gambit- Modelling software: Fluent
2.1. Specifications and constrains
The cylinder capacity lies between 20 and 25 cm3 and the flow was modelled for an engine speed of 4000 rpm, with valve lifts of 1.5 mm, 2.0 mm and 2.5 mm. There are some restrictions on the design of the inlet track:
1- The casting restrictions apply.2- There is a limit to the thickness of the walls.3- The fuel should be injected towards the inlet valve, impacting over its back. As the inlet is curved to
create swirl, care must be taken to allow a straight path from the injector to the valve.
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4- Care must be taken to reduce pressure losses within the helical duct. This was a problem in an earlier design for this engine.
A previous head design had been designed, produced by rapid prototyping and tested using FLUENT. Results from this early design can be seen in Figure 3. The major problems were the huge pressure loss created by this passage, there was no clear path from injector to valve and the problematic shape for manufacture.
Figure 3. Initial inlet passage design and produced swirl inside the cylinder
2.2. Development of the intake design
Although that earlier head has been designed and produced by rapid prototyping techniques, it was decided to create a totally new design. Figure 4 shows the base design of the hemispherical combustion chamber and the valve seat. From this base, elements such as valve seat and inlet passage were added.
Figure 4. Basic design of the hemispherical combustion chamber and the valve seat
On the final (sixth) geometry the optimisation of the intake design was applied (Coene, 2008), in terms of design for manufacturing and to enhance swirl. Four views of this geometry can be seen in Figure 5. This head had all the required characteristics, high swirl production (Figure 6), a straight path from injector to valve and it could be produced using rapid prototyping techniques and aluminium casting.
2.3. Cylinder head making
A cylinder head (Figure 7) was designed to incorporate the specific inlet port, coolant chamber, housing the camshaft, valves and its auxiliaries (seats, guides and springs), spark plug and exhaust passage. The overall engine case is to be made from aluminum. The material choice affects the manufacture of the component, since in addition to fulfilling service requirements it must simultaneously satisfy production feasibility. Casting is usually the correct natural choice to produce a single or a few functional metallic components having intricate geometry for it is versatile, allows design freedom at have low cost (Dickens et al, 1995).
The geometries in this model, both inner and outer, are highly intricate which makes the production of such a part a very difficult job. In addition, because the engine is very small, all dimensions are miniaturized therefore making it extremely difficult to design, cast and finish. The cooling chamber, in particular, has a critical inner core making problem due to the complexity of its shape and the reduced accessibility, imposing casting limitations. To overcame core making difficulties, rapid prototype technologies provide a method of production that is very convenient for use
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when single or a few components are to be manufactured (Saraiva et al., 2002). The pattern is not but the CAD model itself, and a virtual model of the cores and the cavity may be built. The entire mould can then be produced using adequate Rapid Prototyping equipment and techniques. 3D printing technology was decided to be used, for it is available and cost effective. The material chosen was a plaster based Z Corporation powder, the ZP®131.
Figure 5. Final geometry
Figure 6. Final geometry with FLUENT (swirl) results at two locations of the cylinder
On this initial design, the inner core of the coolant passage (Figure 8) had to be removed through small (8 mm diameter) holes highlighted in green on (Figure 7), making the removal very difficult. The second design corrected this situation, having a bigger hole (21 mm diameter) on the top of the coolant chamber for easier inner core removal (Figure 9). An effective produced gas removal during pouring operation is expected to be incorporated in this design, in order to obtain sound castings.
Casting accuracy is not enough for a functional model; subsequent machining is then needed to obtain some of the desired features of a particular part (Barbosa, J. et al, 1999). The features requiring more accuracy are then machined to fulfill design requirements. NC machining provides that accuracy, as long as the cutting tool can reach the area to machine. Nevertheless some features must be good enough for acceptance in as cast condition, eventually suffering hand finishing operations, as it is the case of the inlet and exhaust channels.
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Figure 7. Design #1 Figure 8. Coolant chamber with inlet (right) and exhaust (left) ports highlighted
Figure 9. Design #2 - Half cut cylinder head (left) and coolant chamber (right)
2.5. Mould assembly
From the CAD model (Figure 7), models of the mould and core were made. These mould and core models were used to produce the plaster base plaster the ZP®131, using Z Corporation 301 Plus printer machine. Although rapid prototyping techniques allow the entire set to be made in one piece avoiding assembling problems, it is difficult to remove the non agglomerated plaster dust from the inside of the mould due to the complex shape of the part. The mould was then produced by assembling the cavity and cores made separately. The molten metal will then be poured through adequate channels built in the mould.
However complex, the inner core (shaping the combustion chamber, the inlet and exhaust passages and the valve and injector seats), was made in only one part as shown in Figure 10.
Figure 10. Combustion chamber, inlet and exhaust passages inner core (note the swirl geometry)
Figure 11 presents the aspect of the mould assembly, before the inner core being mounted. The image shows that that each components of the mould was divided into two sub-components. This allows easy dust removal, eventual printing defects correction and an easy assembling operation. The outer case of the mold includes the pouring basin, the sprue and the runner to provide a molten metal path to the cavity. The complex shape of the coolant chamber core can
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be seen. It must also be noticed that the upper core, which originates the cylinder head top chamber for housing the camshaft and valves, is hollow to facilitate not only the removal of the air trapped inside the mould cavity, but also the exhaust of the gases produced by the combustion of organic components present in the mould and cores material.
Figure 12 presents the full mould assembly ready for metal pouring. Four top orifices can be seen, that were built to serve as a way out for the air and gases from the cavity.
Figure 11. Half assembled mould showing coolant chamber and top chamber cores, the pouring basin, the sprue and the runner entrance
Figure 12. Fully assembled mould ready for metal pouring
2.4. Casting simulation
NovaCast®, a foundry simulation software, was used to predict the solidification behaviour of the cylinder head. The geometry used in the simulations was the geometry depicted in Figure 7, and for the mould a surrounding box
mould was assumed for simulation purposes (see Figure 13).It must also be noticed that although for the metal the characteristics are already well known, (the aluminium alloy
chosen is widely used in casting industry), for the mould the data used to make the simulations had to be introduced in the software data base, and a calibration has to be done to obtain realistic results from the numerical simulation.
The simulations were made using soundness casting parameters like the ultimate solidification time, the metal pressure and velocity in the moulds or Niyama’s criteria, to predict the possible occurrence of shrinkage or bubble formation in the cast part. Figure 13 depicts an example of the numerical results obtained.
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Figure 13. NovaCast® shrinkage prediction
2.5. Actual Casting Results
The mould assembly of Figure 12 was used to produce an actual casting prototype of the cylinder head. The part obtained showed a large hole defect in the massive wall near the cooling fluid entrance, as depicted in Figure 14 (left) From the image it may be concluded that three different reasons joined together to produce that defect:
- the local massive wall kept the metal molten longer than the rest of the part;- the position of the ingate contributed to worsen this effect because the continuous passage of hot molten metal
during the mould filling increased the local temperature;- the narrow orifices of this design didn’t facilitate de inside air and gases removal, that managed to force a passage
through the liquid metal to get out. To verify the interior soundness of the cat part the metallic prototype was cut trough a plane containing the axes of
the inlet and exhaust valves. In Figure 14 (right) three defects occurring in the sectioned area can be seen:A – a shrinkage of the massive wall of the intake duct where it intersects the outer case;B – a broken core happened maybe either during filling operation or the final assembling, due to the slenderness of
that particular core;C – a hole resulting from incomplete mould filling, due perhaps to a very thin local wall or to the pressure of the
gases forcing a way out.
The results so far obtained led to the conclusion that a different design should be produced in order to obtain a successful cast part. Next paragraph presents the new design proposal that is now under production.
Figure 14. Shrinkage defects surrounding massive regions of the part
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A
C
B
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3. MODIFYED CASTING DESIGN
New moulds and cores are going to be produced incorporating design improvements to minimize casting defects.In Figure 15 some of the present state of the cylinder head design is shown. The modifications include:- the top surface is now open to easy air and gases removal during actual casting, and core removal afterwards ;- a more generous coolant chamber created to increase thermal inertia, also helps in guaranteeing uniform wall
thickness highly recommended for casting reasons;- the enlarged top camera room will also facilitate the ulterior machining access to the valve guide drills.
Figure 15. Design #3 – Bottom isometric view (left) and half cut showing the new coolant chamber (right)
New moulds and cores are now being obtained from virtual model shown in Figure 15. The entire process will be repeated to obtain an actual functional part.
4. CONCLUDING REMARKS
A special purpose internal combustion engine was designed using CAD techniques. This is one of a kind engine, designed for a specific aim (minimal fuel consumption). The head was designed with intense swirl production by means of a specific intake geometry. The geometry was optimized using CFD (FLUENT) modeling.
Rapid Prototypes have been produced, allowing early improvements on the design, enabling a fast final design.The use of Rapid Prototyping in the production of the casting moulds and cores made it easier to implement the
design changes in the actual manufactured components. Modifications of the design are easily introduced into the actual parts.
A metal prototype was obtained by direct pouring molten aluminum into a plaster moulds directly obtained by 3D printing rapid prototyping.
The encountered defects led to an improved design which is now under production.
4. ACKNOWLEDGEMENTS
This research project was supported by POCI/EME/59186/2004 and MIT-Pt/EDAM-SMS/0030/2008.
The authors which acknowledge the support of JMTROFEUS, João Machado & C.a, L.da, for the actual 3D printing prototypes.
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5. REFERENCES
Barbosa, J., Monteiro, A., Pais, M. (1999), “Análise Crítica da Evolução da Fundição”; 1ro Congresso Luso-Moçambicano, Maputo, Moçambique
Coene, S. (2008) “Inlet Design for Optimal Swirl in an IC Engine”, MSc thesis, University of Minho, PortugalDickens, P.M., et al (1995), “Conversion of RP Models to investment Castings, Rapid Prototyping Journal, 1:4, 4-11.
The cost-effectiveness of the process suits best high complexity small parts and low quantities, which are typical of both technologies
Heywood, J.B. (1988), “Internal Combustion Engine Fundamentals”, McGraw-Hill, 1988Saraiva, V., Lima, M, Monteiro, A., Pouzada, S. (2002), “A Study on the Application of Investment Casting to Injection
Moulds”, RPD (2002) – Advanced Solutions and Development, Marinha Grande, Portugal
Stone, R. (1989) “Motor Vehicle Fuel Economy”, Middlesex (England), Macmillan education LTD,
6. RESPONSIBILITY NOTICE
The author(s) is (are) the only responsible for the printed material included in this paper.
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ANEXO F – ESPECIFICAÇÕES DO MOTOR ORIGINAL
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