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Versão integral da edição n.º 2 do mensário “Jornal da Universidade de Coimbra”, que se publicou em Coimbra. Director: Jorge Castilho. Foram publicados quatro números. Abril de 2006. Para além de poderem ser úteis para o público em geral, estes documentos destinam-se a apoio dos alunos que frequentam as unidades curriculares de “Arte e Técnicas de Titular”, “Laboratório de Imprensa I” e “Laboratório de Imprensa II”, leccionadas por Dinis Manuel Alves no Instituto Superior Miguel Torga (www.ismt.pt). Para saber mais sobre a arte e as técnicas de titular na imprensa, assim como sobre a “Intertextualidade”, visite http://www.mediatico.com.pt/manchete/index.htm (necessita de ter instalado o Java Runtime Environment), e www.youtube.com/discover747 Visite outros sítios de Dinis Manuel Alves em www.mediatico.com.pt , www.slideshare.net/dmpa, www.youtube.com/mediapolisxxi, www.youtube.com/fotographarte, www.youtube.com/tiremmedestefilme, www.youtube.com/discover747 , http://www.youtube.com/camarafixa, , http://videos.sapo.pt/lapisazul/playview/2 e em www.mogulus.com/otalcanal Ainda: http://www.mediatico.com.pt/diasdecoimbra/ , http://www.mediatico.com.pt/redor/ , http://www.mediatico.com.pt/fe/ , http://www.mediatico.com.pt/fitas/ , http://www.mediatico.com.pt/redor2/, http://www.mediatico.com.pt/foto/yr2.htm , http://www.mediatico.com.pt/manchete/index.htm , http://www.mediatico.com.pt/foto/index.htm , http://www.mediatico.com.pt/luanda/ , http://www.biblioteca2.fcpages.com/nimas/intro.html
Citation preview
UCDIRECTOR: JoRGE CASTILHO
DIRECTORES-ADJUNTOS: DINIS MANUEL ALVES E MÁRIO MARTINS
PATRÍCIAAMENDOEIRABRILHANA GINÁSTICAPAGINA 20
PAGINA 7
DESTAQUES
3
10
21Jornal da Universidade
CONTUNDENTE ENTREVISTA DO NOVO PRESIDENTE DO I. I. I.
“FCT desrespeitatrabalhodos cientistas”- Estrutura da UC é única no Paíscom 40 centros e 1.600 investigadores
REITOR DENUNCIA O “RANKING DO DISPARATE”
Em Portugal há cercade 1.800 licenciaturascom 825 designações
ALERTA DO PRESIDENTE FERNANDO GONÇALVES
“AAC está a rebentarpelas costuras!”
EXEMPLOCASADO PESSOAL PRESERVATRADIÇÕES
PAGINA 6
DEDICAÇÃOSEMANACULTURALATRAIU 11 MILPESSOAS
PAGINAS 12 e 13
SUCESSO
UC lideraem estudantesestrangeiros
Monstrosna Biblioteca Geral
As Fans dão música
PAGINAS 4 e 5
PAGINA 16
Número 2
Abril 2006
IN IC IAT IVAS2 Jornal da UniversidadeAbril 2006
FUNCIONÁRIOS
506
842
FICHA TÉCNICA
Director:JORGE CASTILHO
Directores Adjuntos:DINIS MANUEL ALVESMÁRIO MARTINS
Concepção e edição gráfica:AUDIMPRENSA
E-mail:[email protected]
Telefone:239 854 150
Fax:239 854 154
ImpressãoCORAZE - OLIVEIRA DE AZEMEIS
ISSN: 1646-4133
Depósito Legal n.º 241489/06
Na anterior edição do “Jornal da Universi-
dade” publicámos os gráficos corresponden-
tes ao número de homens e mulheres que
compõem os corpos de Alunos, Docentes e
Funcionários que integram a UC. Contudo, no
que respeita aos Funcionários, apesar do grá-
fico estar correcto em termos da dimensão
das fatias de homens e mulheres, os respec-
tivos números saíram errados (repetindo, por
lamentável falha técnica, os números corres-
pondentes aos Professores). Por isso repeti-
mos hoje esse gráfico, com os números de-
vidamente corrigidos (e pedindo desculpa
pelo involuntário erro).
O peso das Mulheresno funcionalismo da UC
DE 27 A 29 DE ABRIL NA FACULDADE DE DIREITO
Património Mundial de Origem Portuguesatema de inédito Encontro Internacional
Vai decorrer em Coimbra, no Auditório da
Faculdade de Direito da UC, entre os próxi-
mos dias 27 e 29 do corrente mês de Abril,
o I Encontro Internacional sobre Património
Mundial de Origem Portuguesa. A reunião é
promovida pela Universidade de Coimbra,
pelo Instituto Português do Património Arqui-
tectónico e pela Comissão Nacional da
UNESCO, na sequência de uma proposta da
Comissão Nacional Portuguesa do ICOMOS
apoiada pelo Centro do Património Mundial
da UNESCO.
O significado e a influência cultural do pa-
trimónio de origem portuguesa disperso pelo
mundo como resultado das grandes viagens
de descoberta, que propiciaram o contacto
entre diferentes povos e civilizações, são lar-
gamente reconhecidos. Não só a língua por-
tuguesa conta hoje com 200 milhões de fa-
lantes, como a própria Lista do Património
Mundial estabelecida pela UNESCO inclui, a
par dos 13 bens localizados em Portugal, ou-
tros 21 de origem portuguesa, distribuídos
por quinze países e três continentes. Existem,
além destes, muitos outros bens com a
mesma origem que, por condicionalismos di-
versos, ainda não puderam aceder àquela
Lista. Uma vez confirmado o seu carácter ex-
cepcional, os novos bens que venham a ser
considerados Património Mundial poderão
contribuir para reequilibrar a representativida-
de geográfica da Lista.
O principal objectivo deste Encontro é o de
contribuir para a criação de uma rede de co-
operação internacional entre especialistas de
todos os países com património de origem
portuguesa, que permita articular diferentes
modos de gestão e de valorização dos sítios
classificados, aprofundar práticas de protec-
ção e salvaguarda e ainda melhorar o acesso
desses países à Lista do Património Mundial,
através de Listas Indicativas e Candidaturas
devidamente fundamentadas.
Programa, ficha de inscrição, informação
complementar e contactos podem ser consul-
tados em http://www.uc.pt/whpo/home.html
COLÓQUIO PROMOVIDOPELA FACULDADE DE LETRAS
“Turismo, Culturae RecursosHumanos”
Vai efectuar-se no dia 20 de Abril,
no Auditório da Reitoria da Univer-
sidade de Coimbra, o I Colóquio “Tu-
rismo, Cultura e Recursos Humanos”,
para o qual estão abertas inscrições.
A iniciativa propõe-se mostrar a
importância do turismo como factor
de desenvolvimento e demonstrar co-
mo é decisiva a qualificação dos re-
cursos humanos para a promoção
deste sector chave nas economias lo-
cais, regionais e nacional.
No colóquio serão debatidas algu-
mas das preocupações e reflexões
desenvolvidas, quer pela comunida-
de científica, quer por diversas insti-
tuições e operadores turísticos no
sentido de promover o desenvolvi-
mento turístico nacional. A Escola
Superior de Turismo e Hotelaria do
Estoril, a Região de Turismo do Cen-
tro, a Agência de Viagens Abreu, o
Instituto de Formação Turística, o Par-
que Natural de Montesinho e a Câ-
mara Municipal de Portel são algu-
mas das entidades que estarão re-
presentadas nas mesas-redondas.
Procurar-se-á demonstrar a impor-
tância da qualificação dos recursos
humanos em áreas tão diversas, mas
complementares, como o turismo, o
património cultural e natural, o lazer,
o desporto, o termalismo, a museo-
logia, entre muitas outras – áreas de
formação da recém-criada licenciatu-
ra em Turismo, Lazer e Património da
Faculdade de Letras da Universidade
de Coimbra (FLUC), que promove o
Colóquio, em colaboração com o
Instituto de Estudos Geográficos da
FLUC.
Para inscrições ou informações adi-
cionais estão disponíveis o número
de telefone 239 859 967 e o e-mail
[email protected]. O preço da inscrição é
de 12,50 euros para estudantes e de
30 euros para o público em geral.
Diamantina é uma das cidades património mundial de origem portuguesa
Haroldo Carneiro
JOÃO PAULO HENRIQUES
As estatísticas colocam a Universidade de
Coimbra (UC) na liderança dos estabeleci-
mentos de ensino portugueses que rece-
bem o maior número de estudantes estran-
geiros ao abrigo de programas de mobilida-
de. A Divisão de Relações Internacionais,
Imagem e Comunicação (DRIIC) estabelece
a ponte entre os alunos e a instituição, as-
sumindo um papel fundamental no aconse-
lhamento e na integração num meio desco-
nhecido.
Criada em 1986, a DRIIC tornou-se no pri-
meiro serviço do género a funcionar em
universidades portuguesas. Segundo
Filomena Marques de Carvalho, escolhida
pelo Reitor Rui Alarcão para fundar o servi-
ço, “veio de encontro às necessidades de-
tectadas pela UC, que, desde cedo, teve a
consciência que ou profissionalizava esta
área ou não conseguia estar no com-
boio europeu”.
Após 20 anos à frente dos des-
tinos da DRIIC, Filomena Marques
de Carvalho fala de um projecto
de “grande envergadura, que
abrange e serve toda a UC”, su-
blinhando tratar-se de um “de-
safio permanente lidar com
pessoas de todo o mundo”.
Sem perder o raciocínio, a
directora destaca o contacto
diário com o mais variado
tipo de situações, que são
sempre resolvidas com a
intenção de “deixar os nossos clientes,
neste caso os estudantes, satisfeitos”.
A visão economicista da relação entre a
DRIIC e os estudantes pode parecer deslo-
cada do contexto em que se integra.
Contudo, Filomena Marques de Carvalho
considera essencial a manutenção deste
tipo de envolvimento, uma vez que “a sa-
tisfação de quem servimos assume-se
como a nossa principal meta, razão pela
qual temos sempre a preocupação de pres-
tar um bom serviço aos nossos clientes”.
Instalada no Colégio de São Jerónimo,
onde, depois da mudança de instalações,
funciona há poucas semanas, a DRIIC tem
um horário de funcionamento entre segun-
da e sexta-feira, das 09H00 às 12h00 e das
14H00 às 17H30, disponibilizando o seguin-
te horário de atendimento ao público: se-
gunda e quarta-feira, das 14H30 às 17H00,
e terça e sexta-feira, das 09H30 às 12H00.
Filomena Marques de Carvalho não se
queixa das instalações, reconhecendo, no
entanto, a existência de alguns problemas
criados, sobretudo, pelas acessibilidades.
“É um bocado difícil cá chegar, mas,
quando tudo estiver a funcionar, as
pessoas vão gostar, já que se
trata de um espaço simpático”,
acrescenta satisfeita com as
condições físicas que tem
para desenvolver o seu
trabalho.A falta de pessoal é
apontada, pela maioriadas instituições, comoum problema de compli-cada resolução.
Ainda assim, a responsável pela DRIIC con-sidera estar, até certo ponto, bem servidade recursos humanos. “São os suficientes eadequados para as actividades desenvolvi-das”, refere, antes de concluir o pensamen-to: “Agora, para desenvolver outras activi-dades, que são necessárias e estão identi-ficadas, precisamos de ter mais gente. Aspessoas estão no limite da actividade e tra-balham muito e bem”.
Actualmente, com 12 pessoas a trabalhar,
a DRIIC acaba sempre por ter uma popula-
ção móvel de funcionários, onde os estagi-
ários – “nesta altura, são três, mas é um
caso excepcional”, reconhece Filomena
Marques de Carvalho – se integram sem
problemas, garantindo tratar-se de um ser-
viço que se pode considerar como um
“exemplo de profissionalismo”.
O desenvolvimento de novos projectos
integra a lista de objectivos futuros da
DRIIC. “Estou a pensar na criação de um
centro de mobilidade pós-graduados, onde
considero existir um nicho de mercado a ex-
plorar. Há um trabalho importante a fazer.
Se vier a ter as condições que necessito,
vamos em frente”, realça a responsável,
que prefere estar rodeada de “menos cola-
boradores, mas bons e que trabalhem
bem”.
Em 2006, a UC prevê receber 600 estu-
dantes integrados em programas de mobi-
lidade. Provenientes dos mais variados paí-
ses do mundo, agradar a todos assume-se
como um desafio constante. “Prestamos
um serviço de qualidade e personalizado.
Para além do mais, avaliamos o grau de sa-
tisfação dos clientes com recurso a inquéri-
tos e corrigimos os aspectos que os estu-
dantes acham que devemos melhorar”,
confidencia, reconhecendo, de pronto, que
“o nome e o prestígio da UC cativam mui-
tos estudantes”.
“Os processos de mobilidade são
complexos, porque são muito personali-
zados e temos essa preocupação. Que-
remos que a pessoa fique satisfeita e
responder de acordo com as suas preo-
cupações”, destaca a coordenadora da
DRIIC, que explica a existência de “ca-
nais muito simples de contacto, onde
não há grandes formalismos e a eficiên-
cia está presente”.
Os acordos com diversos países da
Europa e outros como, por exemplo, a
China, o Japão, a Austrália, os Es-
tados Unidos e o Brasil permitem
que a mobilidade, ao nível de pro-
gramas institucionais como é o
caso do Sócrates/Erasmus - só para
falar do mais conhecido -, de estu-
dantes portugueses e estrangeiros
se assuma como um dos aspectos
mais relevantes ao nível da troca de
experiências do dia-a-dia universitá-
rio actual.
Preocupada com os estudantes
que optam por estudar fora do país de ori-
gem durante um determinado período de
tempo, a UC disponibiliza todas as informa-
ções on-line, em português e inglês, através
dos seguintes endereços: www.uc.pt (informa-
ções gerais da UC), www.uc.pt/ects (informa-
ções sobre os cursos da UC) e www.uc.pt/sri
(informações acerca da DRIIC).
3Jornal da UniversidadeAbril 2006
ENTREV ISTA
DIRECTORA DA DIVISÃO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS, IMAGEM E COMUNICAÇÃODESTACA SERVIÇO DE QUALIDADE E PERSONALIZADO
“Queremos os nossos clientes satisfeitos”
Natural do Porto, Filomena Marques de
Carvalho veio estudar para a Universidade
de Coimbra em 1970. Licenciada em Filo-
logia Germânica pela Faculdade de Letras,
a responsável pela Divisão de Relações
Internacionais, Imagem e Comunicação
(DRIIC) esteve em Lisboa, onde teve fun-
ções de assessora de mais do que um mi-
nistro. Entre as várias actividades exerci-
das encontram-se a de professora do En-
sino Secundário e de Relações Públicas.
Em 1986, fundou e assumiu os destinos
do DRIIC da Universidade de Coimbra.PE
RF
IL
Filomena
Marques
de Carvalho
ENTREV ISTA4 Jornal da UniversidadeAbril 2006
RUI FAUSTO LOURENÇO PRESIDE A INSTITUTO DE INVESTIGAÇÃO INTERDISCIIPLINAR
Instituição única a nível nac- Estrutura engloba 40 Centros e 1.600 investigadoresJOÂO PAULO HENRIQUES
Assume-se um crítico em relação à formacomo o financiamento à investigação cientí-fica é feito em Portugal e à excessiva buro-cracia. Eleito Presidente para um mandatode dois anos do Instituto de InvestigaçãoInterdisciplinar (III) da Universidade de Coim-bra (UC), Rui Fausto Lourenço coloca os in-vestigadores nacionais entre os melhores domundo. A falta de alternativa à Fundaçãopara a Ciência e Tecnologia (FCT) complica amissão de quem, muitas vezes, é obrigado aescolher o estrangeiro para fazer carreira.Ainda assim, não duvida que a UC é uma re-ferência nacional e tem prestígio internacio-nal ao nível da investigação.
Jornal da Universidade (JU) – Como funcio-na o III?
Rui Fausto Lourenço(RFL) - É uma unidadeorgânica da UC, o quesignifica que tem umestatuto equivalenteao de uma Faculdade.Nesta altura, o Institu-to está voltado para aárea da investigaçãocientífica, que se en-tende num conceitomais largo, abarcando as ciências sociais e,em particular, as humanidades, que normal-mente são colocadas numa esfera diferente.
JU – Quantos centros de investigação o in-tegram?
RFL – É uma instituição única a nível naci-onal, uma vez que engloba 40 centros avali-ados pela FCT. Nos 40 centros, trabalhamcerca de 1600 investigadores. É uma estrutu-ra que tem uma dimensão que lhe confereparticularidades especiais, porque resulta deuma força de trabalho na área da produçãocientífica.
JU – Serve como factor de união?RFL – Coimbra tem, nesta altura, uma pro-
jecção reconhecida a nível internacional emmuitas áreas da ciência e da produção dosaber em geral. O Instituto afirma-se comoelemento aglutinador, que pretende aprovei-tar sinergias no sentido de articulação dasvárias áreas do saber. É uma missão quequeremos levar muito a sério.
JU – Que papel pode desempenhar o III?RFL – Pode apresentar-se como uma voz e
uma força junto de quem define as políticasde investigação científica em Portugal. É ne-cessário dinamizar o Instituto no sentido emque os centros têm de estar mais próximosda direcção. Precisamos de promover o diá-logo e vamos fazer um grande investimentonessa área. Queremos ser um fórum de diá-
logo e junção de interesses, ideias e valoresdos nossos centros de investigação científica.
JU – Há quantos anos existe?RFL – Tem cinco anos de existência. É uma
instituição leve e que se pretende posicionartambém numa óptica de não complicar. Sa-bemos que as estruturas, muitas vezes,quando atingem determinada dimensão, co-meçam a emaranhar-se em teias burocráti-cas, que acabam por retirar eficiência. A in-tenção do Instituto é conseguir que isso nãoaconteça e afirmar-se pela diferença nestamatéria.
JU – Qual é a importância da interdiscipli-naridade?
RFL – Uma das dificuldades que sobressaiquando falamos de conhecimento em geralé o cruzamento de saberes que é semprepotenciador do alcance daquilo que se faz a
esse nível. Se nos isola-mos, temos uma visãomenos concreta e alar-gada dos desafios edos problemas e so-mos menos capazes deos enfrentar e resolver.
JU – Portugal estáentre os primeiros nomundo da investigação?
RFL – A investigaçãocientífica em Portugal
atingiu uma dimensão que começou a podercomparar-se com os países mais desenvolvi-dos. Evidentemente à nossa escala, porquetudo tem de ser ponderado pela populaçãodo país e pelas pessoas envolvidas na acti-vidade. Começámos a ter um nível compatí-vel ou semelhante ao dos países mais de-senvolvidos a partir dos anos 80.
JU – Há justificações para que tal tenhaacontecido?
RFL – Nessa altura começaram a formar-seinvestigadores em maior número e houve al-gumas apostas como o Programa Ciência,que permitiu equipar os nossos laboratóriose ter condições para trabalhar. A mobilidade
à escala europeia teve um desenvolvimentosúbito e permitiu que os nossos jovens cien-tistas fossem para o estrangeiro e que jo-vens cientistas estrangeiros viessem paraPortugal num número e escala que nuncaantes tinha acontecido.
JU – Mas houve mais?RFL – A globalização surgiu nessa altura
com uma dimensão acentuada e a comuni-cação de toda a informação científica tornou-se muito mais simples, leve e eficaz. Houveum pequeno boom dainvestigação científica.Os laboratórios inter-nacionalizaram-se pro-gressivamente e atingi-ram dimensões quepermitiram competir e,em alguns domínios,estar bem posiciona-dos. Os equipamentos disponíveis eram, emalguns casos, de excelente qualidade e a ci-ência em Portugal estava melhor do quenunca.
JU – Os problemas também apareceram?
RFL – As estruturas de apoio à investiga-ção científica em Portugal começaram a lidarcom quantidades de informação para asquais não estavam dimensionadas, nem pre-paradas. Nos últimos anos, apesar da produ-tividade científica ter aumentado extraordi-nariamente, da qualidade dos investigadorester melhorado muito e do reconhecimentointernacional se ter solidificado, os melhorescientistas portugueses são confrontados noseu dia-a-dia com uma excessiva carga buro-
crática.JU – Pode explicar?RFL – Resulta de exi-
gências de toda a or-dem, mas, em particu-lar, de exigências decontrolo administrati-vo/financeiro por partedas entidades financia-
doras do país. Infelizmente, em Portugal,existe uma única instituição pública – a FCT–, que serve de entidade financiadora da ci-ência e se preocupa fundamentalmente comas questões da gestão financeira.
JU – Devia ter cuidado com outros aspec-tos?
RFL – Não faz a avaliação dos resultadosdo investimento, porque não é possível fazeruma avaliação financeira se não se avalia oresultado da produtividade científica. Existeuma obsessão absoluta com o formalismo dotratamento administrativo/financeiro dosprojectos. As auditorias às contas sucedem-se, mas não são feitas verdadeiras avalia-ções da produção científica.
JU – Pode dar exemplos?RFL – O Estado faz um contrato com uma
empresa de construção civil para construiruma ponte. Financia o projecto e a empresa,no final, apresenta um relatório com os do-
Rui Fausto Lourenço no seu ambiente de trabalho
“BOLONHA NÃO É PARA MARCAR PASSO”
JU – O que pensa do Processo de Bolonha?RFL – A declaração de Bolonha foi feita, principalmente, com o objectivo de potenciar
a mobilidade, articular níveis de formação entre os diferentes países da Europa epermitir que as pessoas possam circular, apresentando-se nos diferentes países comopessoas habilitadas para o desempenho de determinada tarefa.
JU – É uma oportunidade?RFL – A necessidade de olhar para as coisas, pensar nelas e tentar reestruturar em
moldes diferentes é uma oportunidade que não se pode perder. É um desafio grandeque implica muito empenho dos diferentes agentes e que não pode ser feito à pressa.Tem de ser pensado, mas tem de ser feito e não podemos ficar a marcar passo. Bolonhanão foi feito para marcar passo, mas para avançar serenamente.
A FCT preocupa-se com detalhesinacreditáveis, que obrigam oscientistas mais creditados a ocuparum tempo incrível. No entanto,não faz a menor avaliação científicae isto parece que é completamenteirrelevante. Em minha opinião,é um desrespeito pelo trabalhodos cientistas
Em Portugal, no domínioda investigação científica, temosapenas uma instituição do Estadoque serve de entidade financiadora.Não há alternativas. Se calhar,era bom que este monopóliodeixasse de existir
5Jornal da UniversidadeAbril 2006
ENTREV ISTA
ionalcumentos comprovativos das despesas. Des-de o momento que a empresa apresente fac-turas com os carimbos todos, eventuais au-ditorias que o Estado fizesse diriam que tu-do estava bem e não ia verificar se a ponteestava lá ou não. Haver ponte ou não era ir-relevante. O que interessava era que as fac-turas tivessem os carimbos.
JU – É o que está a acontecer com a inves-tigação científica em Portugal?
RFL – Hoje em dia, aFCT preocupa-se comdetalhes inacreditá-veis, que obrigam oscientistas mais credita-dos, que são quem,por norma, dirigem osprojectos, a ocupar umtempo incrível. No en-tanto, não faz a menoravaliação científica eisto parece que é completamente irrelevan-te. Em minha opinião, é um desrespeito pelotrabalho dos cientistas.
JU – Quais são os detalhes inacreditáveisa que se refere?
RFL – Não faz sentido que uma auditoriaanalise um projecto onde foram produzidos50 e tal artigos em dois anos em revistas in-ternacionais prestigiadas e a única preocu-pação que o auditor tem é saber onde estáum rato de computador que teria sido ad-quirido a mais e não constava na propostainicial do projecto. É a situação em que vive-mos.
JU – Tem um discurso bastante crítico emrelação à FCT?
RFL – Em Portugal, no domínio da investi-gação científica, temos apenas uma institui-ção do Estado que serve de entidade finan-ciadora. Não há alternativas. Se calhar, erabom que este monopólio deixasse de exis-tir. Não estou a propor a divisão da FCTnuma maioria de pequenas ou médias insti-tuições, mas estou convencido que ter o mo-nopólio da direcção das políticas científicasnão é nada bom.
JU – Faz-se investigação de qualidade emPortugal?
RFL – Apesar das dificuldades de naturezaburocrática, estamos a competir com os me-lhores em bastantes áreas do saber. Tam-
bém não posso dizer que o investimento naciência é suficiente. Não é. Era preciso maise aplicar melhor o dinheiro. Não é possívelinvestir bem o dinheiro quando não se faz aavaliação rigorosa da produção científica.
JU – Uma parte dos investigadores portu-gueses tem de ir para o estrangeiro?
RFL – Hoje em dia, é uma realidade cres-cente. Continuamos a formar pessoas de ele-vadíssima craveira e não temos lugar para
lhes oferecer nos nos-sos centros de investi-gação e nas nossasuniversidades. O mer-cado da produção ci-entífica é, em Portugal,ainda o mercado dasuniversidades e dos la-boratórios do Estado.
JU – O que se deviafazer para segurar os
investigadores?RFL – Era preciso avançar com uma carrei-
ra de investigação privilegiada, que fosseavaliada, mas que permitisse criar algumaestabilidade, aproveitando os recursos queformamos e mandamos formar no estrangei-ro. Temos de ser capazes de importar eaproveitar os melhoresque nos queiram procu-rar. Devemos apostarnuma política em quedeixemos de ser emi-grantes da ciência e pas-semos a ser um país deimigração.
JU – Como é que sepode fazer isso?
RFL – Perdemos partedos nossos melhores jo-vens cientistas porque não somos capazesde fornecer um emprego estável ainda querigorosamente avaliado e não somos capa-zes de segurar os estrangeiros porque nãotemos condições mínimas de estabilidadepara oferecer. É preciso uma aposta séria efirme na carreira de investigador.
JU – A política científica não existe em
Portugal?
RFL – Grande parte das políticas ou pseu-
do-políticas científicas são desarticuladas,
não têm estratégia, não se cumprem prazos,
os regulamentos são incompreensíveis ou
mudados a meio do percurso. Assim é muito
difícil para quem faz investigação, porque
para ter uma produção equiparada aos paí-
ses onde estas coisas já foram resolvidas é
preciso gastar muito mais tempo.JU – O intercâmbio entre cientistas existe
em Portugal?
RFL – Esse intercâmbio faz parte do nosso
Rui Fausto Lourenço, que nasceu em
Coimbra, no dia 7 de Janeiro de 1961, ti-
rou a licenciatura em Química (ramo
científico), em 1984. Quatro anos mais
tarde, concluiu o doutoramento em Ciên-
cias (especialidade Química – Estrutura
Molecular). Professor associado, com
agregação a partir de 2004, em Química,
na Faculdade de Ciências e Tecnologia da
Universidade de Coimbra (FCTUC), assu-
miu este ano as funções de Presidente
do Instituto de Investigação Interdiscipli-
nar (foi empossado no passado dia 2 de
Março) e de senador. Com diversos car-
gos ao nível da FCTUC e da Universidade,
é membro de vários organismos internacionais e nacionais ligados
à Química e efectuou estágios no Canadá, Brasil e Roménia.
Recebeu o prémio “Estímulo à Excelência” da Fundação para a
Ciência e Tecnologia em 2004/2005 e foi distinguido pela Royal
Society of Chemistry Journals Grant for International Authors em
2002. Com cerca de duas centenas de artigos publicados em
revistas conceituadas e livros da especialidade, assume o papel de
investigador responsável em vários projectos de investigação.P
ER
FI
Ldia-a-dia. Foi com alguma surpresa que ouvi
o Primeiro-Ministro fazer, recentemente, um
discurso a estimular a internacionalização
das nossas universidades e centros de in-
vestigação, o que demonstra uma total igno-
rância em relação à nossa realidade concre-
ta. A internacionalização existe. Temos é de
reter as pessoas e ainda não fomos capazes
de dar esse passo.JU – Está preocupado com a falta de inves-
timento na investigação?RFL – Entendo que numa altura em que
temos todas as condi-ções para subir noranking dos paísesmais desenvolvidosao nível da investiga-ção científica e emque o país precisa deum grande investi-mento na tecnologia,há recursos que estãoa ser mal gastos porquem faz a gestão ci-
entífica em Portugal.JU – A investigação na UC está no bom ca-
minho?
RFL – Nesta altura, a UC é uma referên-cia a nível nacional nas várias áreas dosaber e é, em termos de prestígio interna-cional, a instituição portuguesa que temmais créditos a este nível. O quadro de in-vestigadores que dispomos é altamentequalificado e está à altura das exigênciasque cada vez mais são feitas. Temos aonosso dispor bases de dados internacio-nais que permitem estabelecer rankingsnas várias áreas do saber e temos áreasonde Portugal está bem colocado e a UCassume papel destacado.
JU – Se mandasse, o que mudava no in-vestimento na investigação?
RFL – Era mais selectivo e tinha muito cui-dado na avaliação. Quem deu provas que écapaz de fazer bem tem de ter dinheiro paracontinuar a fazer bem. Apostaria nos jovens.Sei que investir em pessoas que ainda nãoderam provas é capital de risco, mas é ca-pital de risco indispensável e os jovens teri-am de ter oportunidades e financiamentoespecífico. Revia ainda o financiamento plu-rianual das unidades de investigação, que,hoje em dia, permite apenas cobrir as des-pesas correntes.
“PLANO TECNOLÓGICO NÃO PODE SER SÓ SHOW-OFF”
JU – Não acredita no Plano Tecnológico?RFL – Ainda não vi nada. Vi uma visita de um ilustre homem da informática, Bill Gates,
que se for bem aproveitada pode dar alguns frutos. O Plano Tecnológico não pode sersó show-off, não pode ser só aparecer na televisão a dizer que vamos contribuir parao aumento da internacionalização das nossas universidades, não pode ser só afirmarque vamos importar instituições de prestígio para cá para aprender com elas.
JU – O que falta fazer para se poder falar em Plano Tecnológico?RFL – A verdadeira revolução tecnológica faz-se criando condições para que os nossos
melhores cientistas não precisem dedicar 70 por cento do seu tempo a responder aperguntas inacreditáveis que são feitas por quem faz a gestão da política científica emPortugal. Quando tivermos tempo para investigar, um bom corpo de funcionários quenos auxilie nas tarefas que não nos deveriam competir e estruturas leves, teremos umverdadeiro Plano Tecnológico.
Perdemos parte dos nossos melhoresjovens cientistas porque não somoscapazes de fornecer um empregoestável (...) e não somos capazesde segurar os estrangeiros porquenão temos condições mínimasde estabilidade para oferecer.É preciso uma aposta séria e firmena carreira de investigador
Foi com alguma surpresa que ouvio Primeiro-Ministro fazer um discursoa estimular a internacionalizaçãodas nossas universidades e centrosde investigação, o que demonstrauma total ignorância em relaçãoà nossa realidade concreta.A internacionalização existe. Temosé de reter as pessoas e ainda nãofomos capazes de dar esse passo
Grande parte das políticasou pseudo-políticas científicas sãodesarticuladas, não têm estratégia,não se cumprem prazos, osregulamentos são incompreensíveisou mudados a meio do percurso.Assim é muito difícil...
REPORTAGEM6 Jornal da UniversidadeAbril 2006
NELSON MATEUS
Nasceu na Universidade mas dedica-se,
sobretudo, à outra Coimbra, a dos Futricas e
das Tricanas, as pessoas que sempre viram
os jovens chegarem à cidade ainda moços e
de cá saírem já doutores. É nessas tradições
que o Grupo Folclórico da Casa do Pessoal
da Universidade de Coimbra tem trabalhado.
É extenso o leque dos projectos que se
desenvolvem na Casa do Pessoal, mas o
grupo folclórico tem vindo assumir particular
visibilidade. Já com mais de 20 anos de exis-
tência, o grupo tem conseguido, pouco a
pouco, recriar várias das mais antigas tradi-
ções da cidade, ajudando Coimbra a reen-
contrar-se com o seu próprio passado.
“O grupo tem-se dedicado a recuperar a
vertente popular de Coimbra” – explica Ma-
nuel Dias, responsável do grupo e Vice-Pre-
sidente da Casa do Pessoal. Um trabalho
que procura remediar o grande peso da Uni-
versidade que fez que “com os anos a ver-
tente estudantil tenha apagado a vertente
popular”, considera Manuel Dias.
O Vice-Presidente da Casa do Pessoal não
esconde o incómodo pelo que será a confu-
são entre as tradições de Coimbra e as tra-
dições dos estudantes. É o caso do que é
frequentemente classificado como “Canção
de Coimbra”. Segundo Manuel Dias, “a Can-
ção de Coimbra é a canção das fogueiras
que o povo cantava” e não a canção dos es-
tudantes. “O povo cantava as suas melodias,
os estudante cantavam as deles”, resume. E
são as melodias do povo que o grupo folcló-
rico tem vindo a tentar recuperar. Preci-
samente um exemplo desse trabalho foi apre-
sentado durante a recente Semana Cultural
da Universidade de Coimbra, em que o gru-
po organizou um Serão de Arte Popular que
incluiu uma Serenata Futrica com canções do
início do século XX.
O trabalho do grupo tem passado pela
pesquisa e divulgação das tradições popula-
res, a partir de finais do século XVIII, em par-
ticular no que diz respeito às danças e can-
tares, mas também aos trajes. Consequência
natural dessa investigação é o empenho em
recriar as tradições que marcavam os princi-
pais momentos da vida da população da ci-
dade e dos arredores. É por isso que nos úl-
timos anos têm sido revitalizadas várias fes-
tas perdidas no esquecimento.
DOS LÁZAROS ÀS JANEIRAS
A próxima reconstituição que se poderá
ver é a da Feira dos Lázaros que decorre no
dia 2 do corrente mês de Abril (domingo),
das 10 às 18 horas, no Largo D. Dinis. A festa
desenrolava-se em torno do antigo Hospital
e “era uma feira para a juventude”, explica
Manuel Dias, em que os brinquedos e a do-
çaria estavam entre os elementos centrais. De-
corria “no largo do Castelo, que já não exis-
te”, mas que se situava próximo do Largo D.
Dinis, onde o grupo folclórico tem anualmen-
te recriado a antiga feira.
As fogueiras de S. João são outra tradição
que o grupo recuperou. Já nos anos 80 co-
meçaram a ser feitas as fogueiras “à moda
antiga”, precisa Manuel Dias. Tudo em torno
a um “Palanque” em que a música dá o mo-
te para a festa. Nos últimos anos o grupo
não tem conseguido fazer as fogueiras na
Alta da cidade e tem colaborado na recriação
da tradição no Bairro de Celas.
Com as antigas melodias a dar o mote para
a festa, Manuel Dias sublinha que as foguei-
ras são um momento sempre muito aguarda-
do. “As pessoas gostam de cantar danças po-
pulares de roda, características das fogueiras
de S. João de Coimbra”, acrescenta.
Na quinta-feira da Espiga o grupo tem ha-
bitualmente feito a reposição dessa festa tra-
dicional no Largo da Sé Nova, com a distri-
buição do pão que se deve guardar ao longo
de todo o ano, e ainda com uma merenda
no fim da missa. Este ano, o grupo folclóri-
co muda de local e vai estar junto à Igreja
de Santa Cruz a recriar a mesma festa.
O amplo trabalho de revitalização das tra-
dições de Coimbra tem passado também pe-
la ida à Romaria do Espírito Santo, que se rea-
liza em Santo António dos Olivais, e por can-
tar as Janeiras. Tudo formas de mostrar às
novas gerações o vasto património de tradi-
ções populares que Coimbra possui.
CASA DO PESSOAL DA UC COM INTENSA ACTIVIDADE
Grupo Folclórico reconstituimemória de Coimbra
Projecto de Larpara os mais idosos
A Casa do Pessoal está a trabalhar pa-ra a criação de um Lar para a terceira ida-de. Uma estrutura que deverá ter capaci-dade para 25 pessoas e que poderá ficarinstalada no Pólo II. O projecto tem comoobjectivo central responder às “carênciasdos sócios”, explica Maurício Lebreiro,Presidente da Casa do Pessoal da Univer-sidade de Coimbra, recordando que mes-mo depois de aposentados os funcioná-rios da Universidade continuam como as-sociados.
Para o Presidente da instituição, “o fu-turo da Casa do Pessoal passa essencial-mente pela vertente social”. A primeiraideia consistia na “instalação de um Larem conjunto com um infantário”, mas oespaço encontrado não possibilita essasolução.
O Lar será destinado “prioritariamentea sócios da Casa do Pessoal” e depois afamiliares, caso ainda exista disponibili-dade. A ideia surge depois da tentativade criar um Centro de Dia, que acaboupor ter pouca receptividade por arte dosassociados.
“O projecto já existe”, acrescenta Mau-rício Lebreiro, estando agora a ser realiza-do o estudo económico para determinara viabilidade financeira da estrutura. Umtrabalho que o Presidente da Casa doPessoal não se cansa de recordar queestá a ser desenvolvido em estreita cola-boração com a Reitoria.
É, aliás, na complementaridade entreos vários organismos que existem dentroda Universidade que Maurício Lebreiroencontra a razão de existir da instituiçãoa que preside. “Somos uma forma de co-laborar para responder às necessidades”que surgem no seio da comunidade uni-versitária.
CASA DE TODO O PESSOAL
A ideia de que a Casa do Pessoal é aassociação dos funcionários não docen-tes da Universidade é rejeitada pelo Pre-sidente da instituição. “Num universo demais de três mil sócios, mais de dois milsão docentes”, explica. Reconhece, no en-tanto, que “na generalidade dos docen-tes existe uma adesão afectiva e talvezmenos próxima do que acontece com osrestantes funcionários”.
O distanciamento dos professores é jus-tificado quer pelo pouco tempo livre, querpelas possibilidades económicas. Isto por-que um dos pontos de encontro dos só-cios é o refeitório e o bar da Casa do Pes-soal, que oferecem preços muito acessí-veis. Os sócios têm, aliás, igualmente aces-so a apoio médico com consultas gratui-tas de clínica geral, estando a ser estabe-lecidos protocolos com vários médicos pa-ra consultas de especialidade.
Imagens da actuação do Grupo Folclórico da Casa do Pessoal da UC durante a recente Semana Cultural da Universidade
JOÃO PAULO HENRIQUES
A Associação Académica de Coimbra (AAC),
a mais antiga, a maior e a mais prestigiada
associação de estudantes do País, está a
“rebentar pelas costuras”. O edifício-sede é
pequeno para acolher toda a actividade da
AAC, o que obriga a ter secções espalhadas
pelo Estádio Universitário e outras que não
têm sítio para desenvolver as suas activida-
des. Fernando Gonçalves, o reeleito Presi-
dente da AAC, refere a necessidade de cria-
ção de espaços polivalentes, que permitam
às secções culturais ter os ensaios e as actu-
ações, mas também espaços que proporcio-
nassem melhor prática desportiva, afigura-se
como fundamental para o futuro da activida-
de da AAC.
A solução podia passar pela construção de
um novo edifício?
Fernando Gonçalves explica que “há um
projecto de remodelação da actual sede, que
pode vir a ajudar muito a AAC através de cri-
ação de espaços polivalentes”.
O líder dos estudantes conimbricenses
acrescenta ter em mente, a curto prazo, a cri-
ação de um edifício no Pólo II, que podia
“ajudar muito no desenvolvimento da activi-
dade cultural e desportiva e de intervenção
da Academia”.
Até ao final do mandato, Fernando Gon-
çalves, que cumpre o segundo ano como
Presidente e não se vai recandidatar ao car-
go, pretende “garantir a estabilidade finan-
ceira da AAC, deixar resolvidos todos os lití-
gios jurídicos pendentes e saldar as dívidas
anteriores”. O estudante de Direito, a quem
faltam quatro cadeiras para terminar o curso,
quer dedicar-se, nos próximos anos, a estu-
dar Direito e à profissão de advogado que é
o que gostava de ser.
SENHORIOS EXPLORAMESTUDANTES
Abordando outro tema, Fernando Gon-
çalves refere que a AAC disponibiliza um
certificado de habitabilidade a quem vem
estudar para Coimbra. Um grupo de estu-
dantes voluntários corre a cidade, tenta
fazer face aos pedidos de vistoria e infor-
ma os caloiros dos quartos disponíveis,
dos preços e das localizações. Trata-se de
“um serviço de extraordinária utilidade”,
que, para Fernando Gonçalves, “minora as
dificuldades de quem tem de procurar ca-
sa”. A exploração a que os estudantes des-
locados estiveram, desde sempre, sujei-
tos, choca o líder estudantil, que já assis-
tiu a “situações inacreditáveis”.
“A cidade viveu muito da exploração
dos estudantes, oferecendo, muitas ve-
zes, quartos em condições pouco dignas
e a preços exorbitantes. Há uma grande
exploração dos inquilinos. Algumas
casas são oferecidas com quartos por
baixo de vãos de escada, que não têm
acesso a casa de banho e qualquer con-
dição para uma pessoa poder viver”, la-
menta Fernando Gonçalves, que faz
questão de lembrar: “Temos tentado com-
bater esta situação e esperamos que seja
alterada, já que os estudantes são a vida
de Coimbra e não deviam merecer o tra-
tamento de exploração, que, muitas ve-
zes, recebem”.
A falta de instalações desportivas acaba
por significar um problema complicado de
ultrapassar, tendo em conta os 6000 des-
portistas que representam a AAC. “Temos
um Estádio Universitário que está a cair,
ainda não conseguimos acabar as obras
do Campo de Santa Cruz e não existem
muitas instalações desportivas ao serviço
da cidade de Coimbra”, refere o Pre-
sidente da Direcção Geral da AAC, que
destaca ainda, entre os problemas de ur-
gente resolução, a falta de residências uni-
versitárias: “Temos mil camas para mais
de uma dezena de milhar de estudantes
deslocados”.
O PROCESSO DE BOLONHA
O Presidente da Direcção-Geral da AAC faz
questão de sublinhar que os estudantes da
Universidade de Coimbra estão preocupados
com o Processo de Bolonha, que consideram
“uma incógnita que se está a tornar cada vez
mais negativa pela forma como Portugal se
está a adaptar”. Fernando Gonçalves diz que
falta discussão sobre a integração dos portu-
gueses numa área europeia do Ensino
Superior, acrescentando que a qualificação e a
formação dos portugueses, que devia ser “um
desígnio nacional”, está a passar “ao lado da
discussão pública e de qualquer estratégia”.
Apesar de defender uma participação e co-
munhão de valores em projectos europeus de
ideias, culturas e pessoas, a AAC considera
que “não basta dizer que queremos ser euro-
peus, temos de ter condições para o ser”.
Segundo o líder estudantil, “o Estado não tem
uma estratégia de desenvolvimento no sector
da Educação e do Ensino Superior a médio ou
longo prazo”. As críticas estendem-se ao
Governo e às Universidades, uma vez que con-
sidera estar a assistir-se a “uma preocupante
passividade” na abordagem ao Processo de
Bolonha.
A formação das pessoas – “a nossa grande
potencialidade” – poder estar em causa assus-
ta Fernando Gonçalves, que entende que se
não houver uma inversão rápida da “lógica de
passividade”, corre “um sério risco”. Para in-
verter este quadro, que considera de aparente
letargia, a AAC tem realizado acções de luta e
reuniões com eurodeputados, deputados e
grupos parlamentares da Assembleia da
República, assumindo, ainda, “uma postura in-
terventiva nas reuniões que tem solicitado ao
Ministro da Ciência e Tecnologia e ao Secre-
tário de Estado e dentro dos órgãos de gestão
da Universidade”.
A concretização de algumas das propostas
que os estudantes fizeram relativamente ao
acompanhamento do processo de Bolonha
na Universidade de Coimbra (UC), a existência
de uma calendarização de aplicação, a criação
de uma comissão ad-hoc e a realização de re-
latórios em todas as Faculdades para conhe-
cer como está a decorrer o processo de apli-
cação, foram iniciativas que os estudantes to-
maram em prol de “uma Universidade mais
informada e consciente, porque, ao entrar no
projecto comum de Ensino Superior, não de-
vemos continuar fechados no nosso canto”.
7Jornal da UniversidadeAbril 2006
ENTREV ISTA
PRESIDENTE DA DIRECÇÃO-GERAL REVELA QUE HÁ PROJECTO DE REMODELAÇÃO DA SEDEE ADMITE CONSTRUÇÃO DE NOVO EDIFÍCIO NO PÓLO II
AAC a “rebentar pelas costuras”– Fernando Gonçalves quer sair com todos os litígios resolvidos
Fernando Gonçalves nasceu em Viseu há
24 anos. O finalista do curso de Direito in-
tegrou o Conselho Directivo da Faculdade
de Direito da Universidade de Coimbra e
foi fundador do Núcleo de Estudantes de
Direito, a que presidiu durante dois anos.
Actualmente exerce os cargos de represen-
tante dos estudantes das universidades
públicas portuguesas no Conselho Nacio-
nal de Avaliação do Ensino Superior e de
Presidente do Conselho Fiscal da Fede-
ração Académica de Desporto Universi-
tário. ‘Guterres’, alcunha atribuída pelos
doutores no antigo Pratas, devido às semelhanças físicas com o an-
tigo Primeiro-Ministro, é militante da Juventude Socialista.PE
RF
IL
“Estádio Universitário está a cair”, afirma Fernando Gonçalves
REPORTAGEM8 Jornal da UniversidadeAbril 2006
PAULA CARDOSO ALMEIDA
Mónica Martins frequentou o curso de for-
mação teatral há dois anos. Joana Maia fê-lo
há apenas um ano. As duas estudantes uni-
versitárias integram as Direcções do TEUC
(Teatro dos Estudantes da Universidade de
Coimbra) e do CITAC (Círculo de Iniciação
Teatral da Academia de Coimbra). Separa-as
um corredor. Une-as a paixão pelo teatro e o
desprendimento com que prescindem do seu
tempo a favor dos palcos.
A única porta de entrada para estes dois
organismos autónomos da Associação Aca-
démica de Coimbra é a frequência nos cur-
sos de iniciação teatral que, bianualmente e
alternadamente, cada um deles organiza. “É
uma forma de dar continuidade ao grupo”,
sublinha Mónica Martins, elemento da
Direcção do TEUC.
Este ano cabe ao TEUC assegurar a reno-
vação. Mas o CITAC começou já a delinear o
curso de iniciação teatral do próximo ano. A
formação é primordial para cada um destes
organismos. É a melhor ferramenta para im-
buir os novos elementos num sentimento
de coesão.
Soa a anúncio publicitário: “Procura-se
novas pessoas, com novas ideias, mentali-
dades e projectos, que se juntem aos ele-
mentos mais antigos num acto de perma-
nente renovação e dinamismo.” Mas não é
publicidade. Lembra apenas aquilo que até
os próprios “teuquianos” e “citaquianos”
por vezes esquecem: que são estudantes
universitários e que estão ali de passagem.
Mas o que os traz até cá? Há quem che-
gue sem nunca ter sentido o “nervoso miu-
dinho” de pisar um palco. Outros mantive-
ram adormecido o culto pelo teatro. Mas
existe também quem veja nesta arte uma
formação paralela muito boa. Serão várias e
difíceis de enumerar as motivações de cada
um.
Em Abril, o TEUC apresenta o “exercício
final”, altura em que cairá o pano sobre o
curso de formação. “Antígona”, de Sófocles,
foi o clássico escolhido. Após a estreia, os
20 novos elementos são votados em as-
sembleia-geral e aprovados, ou não, como
sócios efectivos.
A disponibilidade para se entregarem, físi-
ca e psicologicamente, é fundamental. Os
ensaios decorrem das 20,30 horas até à
meia-noite. Um compromisso pesado para
quem quer cumprir também os deveres de
estudante. “É preciso rentabilizar o tempo.
Há quem consiga fazer isso e há quem não
consiga”, explica Mónica Martins, 24 anos,
finalista de Matemática.
A IMPORTÂNCIADA FORMAÇÃO
Os subsídios atribuídos aos dois grupos
de teatro (designadamente pelo Ministério
da Cultura, Reitoria, Fundação Gulbenkian e
outros) são totalmente investidos na forma-
ção. Trazem-se sempre os melhores. “Acon-
tece, muitas vezes, trabalharmos com pes-
soas que já passaram por cá”. Mónica sorri,
orgulhosa. Nicolau Lima Antunes, mais co-
nhecido por Nicolau dos Mares, é um des-
ses casos. Iniciou, há 15 anos, o seu percur-
so teatral no CITAC e no TEUC. Este ano foi
convidado a integrar o grupo de formadores
do curso de iniciação e a realizar um
workshop sobre a “preparação do actor”. Um
outro “filho pródigo”, Manuel Sardinha, re-
gressou, em 2004, para encenar “Rino-
cerontes”, peça alicerçada n’ “O Rinoce-
ronte” de Ionesco.
Muitos, como Manuel Sardinha e Nicolau
dos Mares, redescobrem a sua vocação.
Mónica conta um episódio recente em que
uma aluna de Medicina congelou a matrícu-
la para estudar teatro. Mas, depois, há a
pressão dos pais. A grande maioria opta por
terminar o curso para enveredar, posterior-
mente, e à sua custa, pelo mundo do tea-
tro.
Todos acabam por voltar. “O TEUC é uma
espécie de segunda casa. Custa muito a de-
sagarrar. Custa muito tomar essa decisão.”
Mónica sabe isso muito bem. Faltam apenas
alguns meses para concluir a licenciatura.
Quer arranjar um estágio em Coimbra. “Por
causa do TEUC”, explica. Cotovelos em cima
da mesa, mão na testa, tristeza no olhar.
“Torna-se viciante”, suspira.
Mónica Martins receia mal-entendidos e
explica de novo: “Os estudantes que são de
fora da cidade passam mais tempo aqui do
que com a família. Trabalhamos em conjun-
to, zangamo-nos, mas, no final, assistimos
ao fruto do nosso trabalho.”
Carla Fino é um desses antigos sócios que
regressa sempre que pode. O gosto pelo te-
atro e a vontade de aprender mais fizeram
com que se inscrevesse, há 13 anos, no
curso de formação. Desde aí que assumiu a
responsabilidade de dar continuidade à
História do grupo, que, com o passar do
tempo, “deixa de ser apenas o sítio onde
vamos fazendo umas peças e arranjamos
amigos fixes, para passar a ser visto como
algo com uma identidade própria e indepen-
dente das pessoas que no momento ali tra-
balham.”
Já lá vão cinco anos desde que esta pro-
fessora de Biologia deixou a Universidade,
mas preservou o cordão umbilical que a liga
ao teatro universitário. Integrou a direcção
do TEUC durante três anos e foi Presidente
da mesa da Assembleia-Geral durante dois.
Para trás ficaram “muitas horas de trabalho,
que implicaram noites de sono mais curtas,
fins-de-semana sem sair de Coimbra. Mas
nada de que me arrependa…”
Não deve haver, na já longa existência
TEUC E CITAC – DOIS GRUPOS MARCANTES NA ACADEMIA DE COIMBRA
Em busca do elixir da ete
“O Teatro Ambulante” de Chopalovitch, pelo TEUC
Confraternização de antigos membros do CITAC
CITAC
O CITAC assinala, este ano, meio século de vida. No entanto, “não é algo que se
possa medir por anos ou que se deixe encerrar por números, mas existe nas fotogra-
fias, nas palavras decoradas e tantas vezes proferidas, nos figurinos habitados, nos car-
tazes e nos mundos de cenário” – como se lerá no livro que vai ser publicado.
O desejo de criar um novo grupo de teatro de estudantes da Universidade de
Coimbra surgiu em 1954, mas a primeira aparição do CITAC viria a ser feita apenas a
13 de Maio de 1956, com a “Nau Catrineta”, de Almeida Garrett. Orgulham-se de resis-
tir a moldes pré-concebidos e de fazerem uma selecção eclética de textos.
Por ali passaram nomes como António Pedro, Carlos Oviedo, Carlos Avillez, Vítor
Garcia, Ricardo Salvat e, mais recentemente, Andrezj Kowalski, Carlos Curto e Paulo
Castro.
Destaque, no seu longo currículo, para as adaptações de obras como “Manufactura
Universal de Autómatos”, de Karel Chapek; “Tartufo”, de Molière; “Bodas de Sangue”,
de Garcia Lorca; “Fausto”, de Goethe; “O Processo”, de Kafka; “O Arranca Corações”,
de Boris Vian; e “Macbeth”, de Shakespeare. Paralelamente, desenvolvem ainda os
Círculos de Poesia em Noites de Lua Cheia e performances de rua.
TEUC
A primeira apresentação pública do TEUC aconteceu há quase 68 anos (a 27 de Julho
de 1938). O perfil do grupo não ficaria completo sem referir o nome daquele que foi
um dos fundadores e seu director artístico durante três décadas: Paulo Quintela, cate-
drático da Faculdade de Letras, que exerceu ali um autêntico magistério cultural. Os di-
fíceis anos 40, 50 e 60 foram marcados pelas suas encenações, designadamente de
textos do “pai” do teatro português, Gil Vicente; autores do teatro clássico grego
(Eurípides, Sófocles e Ésquilo); e clássicos do teatro mundial, como Molière, Goethe e
Calderón de La Barca.
Após o 25 de Abril, peças como “Portugal com P de Povo”, “Arraia Miúda” e “A
Excepção e a Regra”, levaram à cena escritores polémicos como Brecht e Dário Fo e
deram início a um novo ciclo: ao teatro de intervenção social.
Os anos 80 seriam dedicados ao experimentalismo. “Índia Song”, de Marguerite
Duras, viria a ser um espectáculo muito bem recebido na década de 90, enquanto
que a apresentação de “Sonho de Uma Noite de Verão”, de Shakespeare, encena-
da por António Mercado, assinalaria a entrada no século XXI, esgotando todas as
sessões.
HISTÓRIA
9Jornal da UniversidadeAbril 2006
REPORTAGEM
dos dois organismos autónomos, quem se
arrependa de por ali ter passado. Exige-se o
mesmo a cada um dos sócios: que contri-
bua para a concretização das actividades e
que assegure o funcionamento interno, inte-
grando os corpos dirigentes ou colaborando
com estes no trabalho de expediente, plane-
amento de actividade, organização dos ar-
quivos, arrumação ou limpeza. O tempo é o
que de mais precioso podem oferecer a uma
“casa” que os acolhe e proporciona experi-
ências únicas.
ENTRE A IRREVERÊNCIAE O TER DE PARTIR
O fascínio de Joana Maia pelo mundo do
CITAC começou muito cedo. Teria 15 anos
quando assistiu à primeira peça e, desde
logo, se sentiu atraída pela linha irreverente
e experimental daquele grupo.
A mãe fez parte do TEUC, mas a filha viria
a integrar o “rival”: o CITAC nasceu pelas
mãos de alguns “dissidentes” do TEUC, de
alguns elementos que estavam desconten-
tes com a vertente clássica e ambicionavam
fazer-se ao palco do teatro experimental.
“Faz parte da minha vida, mas não quero
fazer do teatro vida. Quando sair, levo esta
experiência comigo”. Com um ar descontra-
ído, Joana Maia, 22 anos, natural de
Coimbra, quase licenciada em Psicologia,
fala já com algum distanciamento.
Aceita com naturalidade que tenha de
abandonar o grupo: “Sentimo-nos felizes
por dar algo para as pessoas levarem con-
sigo. Não esperamos nunca que elas fi-
quem.”
Recorda, sem nostalgia, o tempo em que
fez a formação. “Assumi os dois compromis-
sos: a Universidade e o curso de iniciação
teatral.” Mas não foi fácil. Aliás, não é tare-
fa simples para um estudante conciliar o es-
tudo e as aulas com a disponibilidade que
os dois organismos exigem dos seus sócios.
“Nalguns casos, promove o insucesso esco-
lar.”
Confessa que falta ao CITAC a organiza-
ção do TEUC. Sorri. Considera que a desor-
ganização faz parte da traça dos “citaquia-
nos”. Conta que há gente, cerca de uma
dúzia, que aparece sempre para as reuni-
ões. Depois, existem os “satélites”, que por
ali passam de vez em quando.
Os valores de esquerda regeram, desde
sempre, o grupo. Há algumas décadas atrás,
as linhas mestras eram claras. Hoje estão
um pouco mais diluídas, mas o CITAC conti-
nua a assumir-se como uma escola demo-
crática e de cidadania, a fazer lembrar os
tempos em que os seus membros desempe-
nhavam um importante papel em Assem-
bleias Magnas e manifestações estudantis.
Irreverência que lhe valeu o encerramento
pela PIDE durante quatro longos anos, até
1974.
Longe vão esses tempos. Continua, contu-
do, a inquietar. No ano passado, no Festival
Internacional de Teatro Universitário, que
decorreu em Casablanca, Marrocos, o CITAC
foi aconselhado pela organização a “reajus-
tar o carácter pornográfico” da sua peça.
“Singapura”, com texto e encenação de
Paulo Castro, apresentava, num teatro cru,
violento, naturalista e com algum cariz sexu-
al, a desumanização do Homem na socieda-
de moderna. Para o festival de Casablanca
estavam agendadas duas apresentações:
“Na primeira, a sala esvaziou-se; na segun-
da, fomos contactados pela organização
para reajustar o espectáculo.” Joana conta
que sentiu a excitação dos anos 70.
“Percebi a bomba que o CITAC deve ter sido
naquele tempo.”
Neste momento, o CITAC está a preparar
um espectáculo na área do Novo Circo. A
missão é sempre a mesma: experimentar. O
único receio é que a instituição, que este
ano assinala meio século de vida, não con-
siga assegurar a sua continuidade.
“Se há uns anos era uma mais valia pas-
sar mais um ano em Coimbra para se dedi-
car ao CITAC, hoje isso não acontece. São
poucos os que estão dispostos a tomar
conta do grupo”, lamenta Joana, que, tal co-
mo muitos outros “citaquianos”, está tam-
bém de saída.
O Círculo espera lançar, até ao final deste
ano, um livro que reúna memórias e peda-
ços da sua vida.
rna juventude
Pormenor de um espectáculo do CITAC
CULTURA10 Jornal da UniversidadeAbril 2006
EXPOSIÇÃO A NÃO PERDER NA BIBLIOTECA-GERAL DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA
Os monstros do nosso imaginário
PAULA CARDOSO ALMEIDA
Dragões, sereias monstruosas, golfinhos ma-
lévolos, lulas gigantes e serpentes marinhas
são alguns dos seres (sobre)naturais que po-
dem ser admirados em “O mar é sempre te-
nebroso”, uma exposição de livros, dedica-
dos à temática dos monstros marinhos, do
acervo da Biblioteca Geral da Universidade
de Coimbra (BGUC).
A mostra – ideia de Carlos Fiolhais, Director
da Biblioteca, para a recente Semana Cultural
da Universidade de Coimbra – traz ao olhar
do visitante quase todos os “clássicos da es-
pecialidade”, destacando-se cinco “valiosas
raridades” do século XVI, a que só falta o li-
vro dos peixes estranhos do francês Pierre
Belon. Sobressai, todavia, o trabalho dos na-
turalistas Conrad Gesner, Ambroise Paré,
Cavazzi e Ulisses Aldovandri, que deixaram
um legado de admiráveis volumes ilustrados
com gravuras em madeira.
Os mitos medievais povoaram o mar de
monstros, mas já antes, na civilização clás-
sica, se encontram referências a estes se-
res maléficos. Nessa época, o aparecimen-
to de monstros marinhos representava um
castigo enviado pelos deuses. Daí resultou
uma infinidade de lendas – da morte de
Hipólito por um monstro marinho ao sal-
vamento de Adrómeda, feito por Perseu,
das garras de um malvado animal dos
mares.
O Adamastor foi, em Portugal, o monstro
mais conhecido dos Descobrimentos. Os sé-
culos seguintes viriam a desvalorizar estas
entidades marinhas, devido, sobretudo, ao
facto da Igreja ter excluído, da arte religiosa,
estas figuras. No século XIX, os monstros ma-
rinhos dão lugar aos dragões, mas, nos dois
séculos seguintes, o cinema (sobretudo o ja-
ponês), a banda desenhada e os desenhos
animados viriam a colocar todas estas bestas
no imaginário infantil.
É esta história, este “amor dos monstros”,
que a exposição calcorreia. Mas, por enquan-
to, permanece, de alguma forma, escondida
na Sala São Pedro da BGUC – construída, na
década de 50, para conservar o espólio da bi-
blioteca do Colégio de S. Pedro.
António Maia do Amaral, recentemente
empossado Director-Adjunto da Biblioteca
Geral, espera que, depois da Páscoa, a
mostra bibliográfica possa ganhar outra vi-
sibilidade, até agora impossibilitada pelo
facto de o espaço estar em obras. Entre-
tanto, a estrutura estará encerrada até ao
dia 17 de Abril, altura em que Maia Amaral
(licenciado em História e Arqueologia e
pós-graduado em Ciências Documentais)
acredita poder estar em condições de dar o
merecido relevo aos “seus” monstros anti-
gos e modernos.
“Era importante que pudéssemos dar outro
enquadramento a estas obras. Talvez desdo-
brar em painéis várias páginas, para que os
livros possam ser mostrados em maior pro-
fundidade”, adianta ainda o Director-Adjunto
da BGUC, sublinhando o valor incalculável
daquele acervo bibliográfico. “Muitos destes
exemplares só nós e a Biblioteca Nacional é
que os temos.”
António Maia do Amaral
11Jornal da UniversidadeAbril 2006
ACADEMIA
QUEIMA DAS FITAS ESTÁ À PORTA
Contenção nas despesas mas não na qualidadeJOANA MARTINS
A cerca de um mês
do início da Queima
das Fitas de Coimbra
(decorrerá de 5 a 12
de Maio), a Comissão
responsável pela or-
ganização da maior
festa de estudantes
do ano não tem mãos
a medir. Apesar de o essencial já estar resol-
vido, houve alguns atrasos devido às contin-
gências resultantes dos prejuízos provenientes
deste evento no ano passado.
A Comissão assume que esteve desde sem-
pre ciente da sua responsabilidade em assumir
todos os compromissos de Queimas das Fitas
realizadas em anos anteriores. É nesta medida
que estão a ser definidas prioridades no que
respeita aos investimentos. Assim, como salien-
ta o Presidente da Comissão da Queima das
Fitas, Ricardo Duarte, em declarações ao “jornal
da Universidade”, “é importante investir em coi-
sas relevantes e cortar nos acessórios”. O estu-
dante reitera que não serão descuradas as
áreas da cultura, des-
porto e actividades
tradicionais.
Por seu turno, Da-
niel Rocha, Secretário-
-Geral da Comissão
da Queima das Fitas
2006, afirma-nos que
ainda não há bandas
confirmadas para ac-
tuar na festa dos estu-
dantes, mas estão já a ser ponderadas várias
hipóteses, entre grupos nacionais e estrangei-
ros, de forma a “fazer o melhor cartaz possível”.
Uma das grandes apostas deste ano é de-
volver ao já tradicional Chá Dançante, a impor-
tância de outros tempos. Para que tal aconte-
ça, os estudantes ponderam contratar artistas
prestigiados para actuar no evento, cativando
desta forma um maior número de pessoas.
O Presidente da Comissão sublinha a res-
ponsabilidade que cabe aos organizadores
desta “festa dotada de história e tradição na
cidade de Coimbra”. No entanto, mostra-se
bastante optimista e promete novidades – a
serem anunciadas nos próximos dias.
Um cartaz “informático”Uma serenata vista de dentro de uma casa é a ideia principal do cartaz da
Queima das Fitas deste ano. Laurentino Reis, o autor, é estudante do segundo
ano de Engenharia Informática em
Coimbra. Mas foi do trabalho que faz
desde 1999, na área de Design e
Desenho Gráfico, e do gosto por esta
área, que surgiu a vontade de concor-
rer com uma obra sua.
Entre os 32 projectos concorren-
tes, o júri viria a escolher o de Lau-
rentino Reis.
Segundo ele próprio confessou
ao “Jornal da Universidade”, a ideia
para a proposta de cartaz que elabo-
rou surgiu numa tarde em que passa-
va pela Rua da Matemática. E em
apenas uma semana Laurentino con-
cebeu e criou o cartaz que este ano
ilustra a Queima das Fitas. Janelas e
candeeiros típicos, ao som da serena-
ta, desenham-se pelas ruas de Coim-
bra, anunciando a chegada da festa estudantil mais esperada do ano.
Ricardo Duarte Daniel Rocha
12 Jornal da UniversidadeAbril 2006
Rua Castro Matoso, n.º 12 A, 3000 – 104 Coimbra
Telefone: 239 851 440 Fax: 239 851 449 e-mail: [email protected]).
SEMANA CULTURAL OFUSCADA POR SE REALIZAR FORA DE LISBOA OU PORTO
“Um grande festival de cultura” com cerNELSONMATEUS
“Francamente positivo!” – eis como é defi-
nido, pela organização, o balanço da VIII
Semana Cultural da Universidade de Coimbra.
Uma “semana” que se prolongou por 11 dias
e cerca de 90 eventos. “Se antes da Semana
Cultural me tivessem perguntado se queria ter
este resultado, diria logo que sim” – sintetiza
João Gouveia Monteiro, Pró-Reitor para a Cul-
tura e responsável pela organização.
Esta Semana Cultural terá, na opinião dos
promotores, conseguido afirmar-se como “um
grande festival da cidade, um grande festival
cultural”. João Gouveia Monteiro recorda que
é habitual “ver a cidade dividida”, mas desta
vez foi possível vê-la “unida em torno de um
objectivo positivo”.
O Pró-Reitor considera que o mar, tema da
Semana Cultural, funcionou como “um in-
centivo à criatividade”, tendo também sido
um forte mobilizador, já que “abrange áreas
científicas muito variadas”. Pela primeira vez,
a Semana estendeu-se para lá da cidade de
Coimbra, o que demonstra que este pode
ser um acontecimento “do conjunto da Re-
gião Centro”. O programa levado a cabo no
Centro de Artes e Espectáculos da Figueira
da Foz é, aliás, um dos que o Pró-Reitor para
a Cultura destaca no conjunto das iniciativas
da Semana Cultural.
Outra das inovações deste ano foi estender
a Semana por 11 dias. Uma alteração que
“permitiu descongestionar o programa”, pos-
sibilitando que “as mesmas pessoas estives-
sem em mais eventos”, salienta João Gouveia
Monteiro. Um facto com reflexo nos números
finais da organização, que estima que cerca
de 11 mil pessoas tenham assistido e partici-
pado nas várias iniciativas.
Sem problemas parecem sair as finanças da
Universidade depois da Semana Cultural. O
responsável pela organização destaca que a
iniciativa decorreu “sem esforço financeiro
para a Universidade de Coimbra”, o que vem
demonstrar que “o dinheiro não é desculpa
para as pessoas deixarem de fazer coisas”.
Resultados possíveis graças a patrocínios re-
colhidos, que cobriram cerca de 60 por cento
do orçamento.
A qualidade é outro ponto que merece o
sublinhado do Pró-Reitor para a Cultura. Nu-
ma programação muito variada, destaca o
concerto de aniversário da Universidade de
Coimbra pela Orquestra Sinfónica ARTAVE,
um projecto com um conjunto de jovens mú-
sicos que representou também “um estímulo”
para novas iniciativas em Coimbra. Pela rari-
dade que representa, merece também refe-
rência o concerto de música iraniana que de-
correu no Teatro Académico de Gil Vicente. “O
regresso aos grandes espectáculos do GEFAC
que foi estimulado pela Semana Cultural”
fecha a lista de destaques de João Gouveia
Monteiro.
PRESOS NA SOMBRA
“Se esta Semana Cultural tivesse tido lugar
em Lisboa ou no Porto teria sido muito mais
falada na televisão, na rádio e nos jornais e
teria sido considerada um grande evento cul-
tural”. Esta ideia é o ponto de partida para
um dos principais lamentos do Pró-Reitor.
João Gouveia Monteiro sente que “a visibilida-
Prémio Bluepharma/Universidade de Coimbra
Maria Helena Rocha Pereira a receber o Prémio Universidade de Coimbra
Maria Francelina Lopes recebeu o Pré-
mio Bluepharma/Universidade de Coim-
bra, pelo seu trabalho sobre a cirurgia
da atrésia de esófago, desenvolvido na
Universidade de Coimbra.
A atrésia do esófago é uma malfor-
mação congénita complexa que, apesar
de ter uma incidência relativamente ra-
ra (um caso por cada quatro mil nados
vivos), tem enormes consequências
económicas, sociais e na saúde públi-
ca.
Na prática, significa que o esófago
não fica completamente formado, impe-
dindo a ligação normal ao estômago.
A premiada é assistente graduada de
cirurgia pediátrica do Hospital Pediátri-
co de Coimbra desde 1996, e membro
de várias instituições nacionais e es-
trangeiras, que se dedicam a estudos ci-
rúrgicos e de pediatria.
Este prémio é o resultado de um pro-
tocolo estabelecido entre a Bluepharma
e a UC, distinguindo anualmente um tra-
balho de doutoramento apresentado em
universidades portuguesas, incidindo
em investigação na área das ciências da
saúde.
O prémio consiste na publicação do
trabalho, em edição exclusiva, e na atri-
buição de um patrocínio no valor de
2.500 euros para participação num con-
gresso científico internacional à escolha
do premiado. Irene Silveira, Maria Francelina Lopes e Paulo Barradas Rebelo, Presidente
da Bluepharma
SEMANA CULTURAL
13Jornal da UniversidadeAbril 2006
SEMANA CULTURAL
ca de 11 mil participantes“Semana” aindapassa ao ladodos professores
A fraca participação dos professores
na Semana Cultural é, para João Gouveia
Monteiro, uma das notas mais negativas
da edição deste ano. O Pró-Reitor diz
que não quer polémicas mas não escon-
de o desalento por “um certo alheamen-
to em relação à vida cultural da cidade”
por parte dos colegas. “É reduzida a per-
centagem de docentes que participa nos
espectáculos”, comenta.
“Os docentes universitários têm uma
certa dificuldade em se mobilizarem e em
mobilizar os seus alunos para actividades
extra-curriculares”, prossegue João Gou-
veia Monteiro. Considera também que “os
professores universitários deviam pensar
que não é o fim do mundo, de vez em
quando mobilizar-se, a si e aos alunos, pa-
ra actividades científicas relevantes”.
O Pró-Reitor diz não perceber que “se
um curso organiza um colóquio internaci-
onal com as grandes cabeças daquela
área, por que é que em vez de dar uma
aula os docentes e os alunos não vão par-
ticipar nesse evento?”. Uma escolha, aliás,
que entende que poderia trazer maiores
benefícios científicos. Inconformado com a
participação, ou a falta dela, dos colegas
na Semana Cultural, afirma ainda que “há
um certo fundamentalismo de alguns do-
centes que, sem querer, estão a impedir
os alunos de participar nesses eventos”.
Na análise global que faz, João Gouveia
Monteiro salienta ainda que “o público
que responde é sobretudo da cidade e da
comunidade estudantil”. “O docente uni-
versitário vai às iniciativas científicas da
sua área e ponto final”, remata.
de nacional da Semana Cultural é ainda limi-
tada”, o que naturalmente faz com que o
evento tenha relevo apenas a “nível regional”.
Sem soluções para o problema, o Pró-Rei-
tor salienta o esforço que foi feito para publi-
citar o programa na televisão e em jornais de
âmbito nacional. Um investimento, porém,
sem a resposta esperada por parte dos meios
de comunicação social, já que não conseguiu
ter “a atenção nacional que merecia”, defen-
de. Assume igualmente erros de programação
que ajudaram à escassa presença de público
em alguns eventos.
O cancelamento da conferência que deve-
ria ter sido proferida por Mário Soares é ou-
tra pedra no sapato de João Gouveia Mon-
teiro, isto porque a presença tinha sido “con-
firmada e reconfirmada já depois das elei-
ções presidenciais”, mas poucos dias antes
Mário Soares acabou por cancelar a visita a
Coimbra.
MINISTÉRIO DA CULTURA NA PRÓXIMA “SEMANA”
Se este ano o Ministério da Defesa e dos
Assuntos do Mar foi o parceiro da Universida-
de na Semana Cultural, os organizadores pre-
tendem que em 2007 o programa seja desen-
volvido em estreita colaboração com o Minis-
tério da Cultura. “Nunca tivemos e, por isso,
vamos tentar pela primeira vez ter uma gran-
de parceria com o Ministério da Cultura”, su-
blinha João Gouveia Monteiro, perspectivando
o programa do próximo ano.
O Ministério, a par das várias Faculdades, é
uma das entidades com que a organização
está a trabalhar para a escolha do tema da IX
Semana Cultural. Um processo que deverá fi-
car concluído durante o mês de Abril, altura
em que o tema será apresentado às várias en-
tidades que organizam os vários espectáculos
e outros eventos que preenchem o programa
da Semana Cultural.
“No total, a Universidade de Coimbra or-
ganiza e realiza por ano mais de setecentas
iniciativas culturais e científicas extra-escola-
res” afirmou o Reitor na sessão solene co-
memorativa dos 716 anos da UC. E acres-
centou:
“ Não conheço outra Universidade em
Portugal, ou instituição de qualquer outro
tipo, com uma tal capacidade de produção
cultural. Os seus membros, docentes, estu-
dantes e funcionários, que são os principais
agentes desta dinâmica, são também, natu-
ralmente, os principais beneficiários. Estes
números permitem igualmente perceber a
importância da implementação do chamado
Suplemento ao Diploma, como forma de va-
lorização das actividades de formação extra-
curricular dos nossos estudantes e como
factor de atracção e valorização relativa da
Universidade de Coimbra no contexto do
Ensino Superior em Portugal”.
REALIZAÇÕES CULTURAIS E CIENTÍFICAS EXTRA-ESCOLARES
Mais de 700 iniciativas por ano
Um dos momentos altos da Semana Cultural foi o espectáculo “Tanto Mar”,
que encheu o Centro de Artes e Espectáculos da Figueira da Foz
“Os Descobrimentos Portugueses e o Mar”: cultura com alegria
OPIN IÃO14 Jornal da UniversidadeAbril 2006
Contactos da Ordem dos Enfermeiros – Secção Regional do Centro:Av. Bissaya Barreto n.º 191 c/v 3000-076 Coimbra
Tel.: 239 487 810 Fax: 239 487 819 [email protected] Site: http://src.ordemenfermeiros.pt
A Ordem dos Enfermeiros saúda a Universidade de Coimbra pela viabilização de um espaço regular de informação, aberto à intervenção externa.
O Presidente do Conselho Directivo Regional do Centro da Ordem dos Enfermeiros
Enf.º Amílcar de Carvalho
“A ENFERMAGEM PELA SAÚDE COM AS PESSOAS”
Promoção cultural e dignidade humanaJOÃO LAVRADOR (*)
Neste primeiro artigo, dado que
estamos perante um órgão de co-
municação no âmbito da cultura
universitária, vou reflectir sobre a
verdadeira promoção da cultura
para que esta esteja sempre ao ser-
viço da dignidade humana.
A verdadeira promoção da cultu-
ra mereceu do Concílio Vaticano II o
lugar de tratamento junto dos pro-
blemas mais urgentes que têm ne-
cessidade de ser iluminados pela
realidade da Revelação cristã.
Começa o texto conciliar por dizer
que por «cultura se entendem to-
das as coisas pelas quais o homem
apura e desenvolve as múltiplas ca-
pacidades do seu espírito e do seu
corpo; se esforça por dominar, pelo
estudo e pelo trabalho, o próprio
mundo; torna mais humana, com o
progresso dos costumes e das ins-
tituições, a vida social, quer na fa-
mília quer na comunidade civil; e fi-
nalmente, no decorrer do tempo,
exprime, comunica aos outros e
conserva nas suas obras para que
sejam de proveito a muitos e até à
inteira humanidade, as suas gran-
des experiências espirituais e as
suas aspirações» (GS 53). Daqui se
depreende que a Igreja reconheça a
íntima relação entre a cultura e o
ser humano. Ela é do homem e
para o homem. Da sua verdadeira
promoção depende a realização hu-
mana.
É certo que as condições de vida
do homem moderno sofreram
transformações culturais tão pro-
fundas que podemos afirmar que
estamos numa nova fase da histó-
ria da humanidade. São tantos os
meios científicos e técnicos de que
o homem dispõe para o progresso
e difusão da cultura que importa
orientá-los devidamente no sentido
do bem da comunidade humana
para que, mesmo no meio de anti-
nomias e contradições, se desen-
volva harmónica e integralmente a
pessoa.
A Igreja tem consciência de que,
pelo facto de ser formada por mu-
lheres e homens, está inserida na
cultura humana, mas, pelo facto de
ser portadora de uma verdade li-
bertadora, tem capacidade de puri-
ficar a cultura de todos os obstácu-
los à dignidade humana e elevá-la
de modo a que esta se oriente para
a perfeição integral do ser humano,
para o bem da comunidade e de
toda a sociedade. Por isso, é dever
da Igreja estar presente onde se faz
a promoção da cultura através do
estudo, o avanço das ciências e das
letras, a dignificação dos meios de
comunicação social, o debate cultu-
ral, favorecendo o encontro e diálo-
go entre culturas no pleno respeito
pela identidade de cada uma delas.
Mas, a Igreja precisa também da
cultura para anunciar a sua mensa-
gem de salvação. Paulo VI, na
“Evangelii Nuntiandi”, referia-o des-
te modo: “O Evangelho, e conse-
quentemente a evangelização, não
se identificam por certo com a cul-
tura, e são independentes em rela-
ção a todas as culturas. E, no en-
tanto, o Reino que o Evangelho
anuncia é vivido por homens pro-
fundamente ligados a uma determi-
nada cultura, e a edificação do
Reino não pode deixar de servir-se
de elementos da cultura e das cul-
turas humanas” (n.º 20).
O caminho da Igreja é o homem.
A sua tarefa é servir o bem do
homem. Para isso, entre as diver-
sas realidades que implicam pro-
fundamente nas condições de vida
do ser humano, a cultura é uma
das mais importantes. Necessa-
riamente, a Igreja deve estar aí pre-
sente para oferecer o melhor que
tem, isto é, o Mistério do Verbo En-
carnado para que à Sua luz o Mis-
tério de Homem se possa descobrir
(cfr. GS 22).
Tal como o ensina o Concílio
Vaticano II, a Igreja realiza esta ta-
refa em permanente diálogo com
os intervenientes da cultura.
(*) – Coordenador Diocesano
da Pastoral do Ensino Superior
Cónego João Lavrador
Língua portuguesaé passaporteJOANA FONSECA (*)
No âmbito da Semana Cultural da UC, decorreu a
Festa de Sons, Saberes e Sabores, sobretudo centrada
numa tenda onde os estudantes dos PALOP procura-
ram mostrar algumas das realidades de cada um dos
países que compõem esta vastíssima comunidade em
que a língua portuguesa é passaporte.
Foi no presente mês de Março que decorreu a
Semana Cultural da Universidade de Coimbra. Esta 8ª
edição marcou entre os dias 1 e 11 deste mês. E trou-
xe a bordo tudo o que de Mar a Mar se ordenou,
desde sempre.
A tenda transformou-se num pequeno universo dom
aspectos variados dos países ali representados. “Os
contos da tartaruga”, ateliers de pintura e dança, pro-
jecção do documentário “ São Tomé e Príncipe: um
jardim subaquático”, “As conversas sobre o Mar”. O
Brasil apresentou a narrativa de um mito, a lenda de
Yemanja, exercícios de capoeira e um Mapa Etno mu-
sical. Cabo Verde mostrou teatro e outros aspectos de
criação artística, para além da projecção do documen-
tário “S.Vicente e a riqueza dos seus fundos mari-
nhos”.
Moçambique participou com ateliers de pintura e de
música, nomeadamente um tocador de Timbila.
Angola apresentou o livro “Cabinda e as suas cons-
truções” e divulgou música tradicional.
A Guiné-Bissau manteve também um atelier de mú-
sica, com um tocador de Korá.
Portugal mostrou um atelier de expressão dramática,
para além de animação de rua, com hip-hop Sickscore.
Para além disso admirou-se o artesanato e prova-
ram-se sabores africanos.
Paralelamente, expuseram-se ideias e debateram-se
problemas no âmbito do Forum dos estudantes da
CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa).
Destaque merece ainda um sarau no Centro Cultural
D. Dinis e o convívio registado em muitas fotografias,
para mais tarde recordar…
(*) – Estudante
15Jornal da UniversidadeAbril 2006
OPIN IÃO
“SÓ OS HOMENS CHAMARIAM TERRA AO PLANETA ÁGUA”
Um projecto para viver melhorPEDRO REDOL (*)
Durante a VIII Semana Cultural da Univer-
sidade de Coimbra e no âmbito do projecto
conjunto do Conselho da Cidade de Coimbra
e do Museu Nacional de Machado de Castro,
denominado “Planeta Água”, tiveram lugar
diversas actividades que procuraram chamar
a atenção para a importância da água na vida
como um todo. A água está presente em
todo o dispositivo biológico e emocional de
sobrevivência de que somos depositários.
Como tal, da sua adequada gestão depende
a nossa sobrevivência.
As actividades do projecto “Planeta Água”
iniciaram-se no dia 3 de Março com uma ex-
posição fotográfica de Paulo Magalhães, na
galeria do Círculo de Artes Plásticas de
Coimbra, dando assim primazia a uma abor-
dagem intuitiva e eminentemente poética do
tema. Após uma visita à exposição, comenta-
da pelo Autor, seguiram-se as intervenções
de Alexandre Leite, engenheiro de minas e
docente da Universidade do Porto, e
Francisco Ferreira, engenheiro do ambiente e
docente da Universidade Nova de Lisboa. As
conferências, versando aspectos de gestão
de recursos hídricos, deram lugar a um ani-
mado debate no auditório do CAPC.
No dia de 5 Março, realizou-se um passeio
ao longo do rio Mondego que ofereceu opor-
tunidades de entendimento e fruição da pai-
sagem, mais e menos humanizada, e do ele-
mento água enquanto fonte de vida e subsis-
tência. A jornada, que contou com a presen-
ça de mais de cinquenta participantes, ini-
ciou-se no Laboratório de Qualidade de Água
das Águas de Coimbra, S. A. Avançou para a
Lapa dos Esteios, na Quinta das Canas, esse
lugar imortalizado por António Feliciano de
Castilho, onde Manuel Rocha prendeu a aten-
ção da audiência com música e poesia.
Seguiu-se o Mosteiro de Santa Clara-a-Velha,
resgatado em anos recentes às águas do
Mondego. Ali, Artur Côrte-Real e Lígia Gam-
bini tiveram oportunidade de conduzir o gru-
po através do que hoje é possível conhecer
de um complexo arquitectónico invulgarmen-
te rico, sucessivamente repensado em função
das cheias sazonais. Um almoço oferecido
pela Câmara Municipal de Montemor-o-Velho
proporcionou momentos de descanso e agra-
dável convívio. A tarde foi ocupada com uma
visita ao Paul do Taipal, paisagem cujo ecos-
sistema e sua protecção foram dados a co-
nhecer por Manuel dos Santos. Pela mão de
Sónia Pinto, foram ainda visitados a estação
arqueológica de Santa Olaia e o Ecomuseu
do Sal da Figueira da Foz, iluminado pelas
cores de um nostálgico e tranquilo final de
tarde.
As actividades realizadas no âmbito do
projecto “Planeta Água” permitiram sensibili-
zar todos aqueles que nelas participaram pa-
ra a importância de encarar a satisfação de
necessidades elementares, que são a um
tempo biológicas e emocionais, como um ob-
jectivo a perseguir por todos. Neste sentido,
a demonstração pretendida com o projecto
implicou competências cívicas, artísticas, em-
presariais e institucionais, representadas tan-
to na sua organização, através do Conselho
da Cidade de Coimbra e do Museu Nacional
de Machado de Castro, como no apoio à sua
concretização, através das Águas de Coimbra,
do Círculo de Artes Plásticas de Coimbra, da
Associação do Porto de Aveiro e das Câmaras
Municipais de Montemor-o-Novo e Figueira
da Foz.
(*) - Director do Museu Nacional
de Machado de Castro
As Marias de ÉvoraEntre os 832 estudantes que ingressaram
na Universidade de Évora no ano lectivo
2005/2006, 61,5% são do sexo feminino, e
entre elas Maria é o nome mais comum.
Destes novos alunos, cerca de 60% têm
menos de 20 anos e 6,6% não têm naciona-
lidade portuguesa.
Conferência na GuardaNo dia 7 de Abril, sexta-feira, vai realizar-se
na cidade da Guarda uma conferência subor-
dinada ao tema "Gripe e Doenças Emergen-
tes". Será tratado o problema da gripe e das
viroses e as novas doenças deste século.
Trata-se da primeira sessão do II Ciclo de
Conferências “Saúde Sem Fronteiras” e de-
correrá na Sala da Assembleia Municipal da
Guarda, das 9,30 h às 12,30 h.
Esta iniciativa tem a coordenação científica
das Universidades de Coimbra e de Sala-
manca, e na respectiva organização colabo-
ram ainda o Centro de Estudos Ibéricos, a
Ordem dos Médicos, a Ordem dos Farma-
cêuticos, a Ordem dos Enfermeiros, a Escola
Superior de Saúde da Guarda e a Associação
Nacional Farmácias.
Informações podem ser pedidas para o te-
lefone 271 220 212.
Mostra de Teatro
Universitário em AveiroDe 17 a 24 de Abril o GRETUA [GRupo Ex-
perimental de Teatro da Universidade de
Aveiro] organiza a segunda edição da sua
Mostra de Teatro Universitário de Aveiro – a
salta!06’.
O programa da Mostra inclui a participação
de sete grupos portugueses e um espanhol
(levando à cena, entre outras, peças de Italo
Calvino, Tchekov e Boris Vian).
Mais informações poderão ser obtidas atra-
vés do telemóvel 918 363 617.
Festival de Robótica
em GuimarãesVai decorrer em Guimarães, de 28 de Abril
a 1 de Maio, um Festival Nacional de Ro-
bótica, organizado pela UM (Universidade do
Minho). Para alojar os muitos estudantes ori-
undos de vários pontos do país, a UM vai
"transformar" um pavilhão multiusos em
“hotel”. A organização assegurou ainda refei-
ções quentes no restaurante local, que esta-
rá aberto 24 horas por dia durante o evento.
À semelhança de anteriores edições, em
Braga e Guimarães, o festival de Robótica in-
clui um encontro científico com investigado-
res e empresários que apresentam os mais
recentes resultados da sua actividade.
Na edição deste ano participam diversas
ligas de futebol robótico - robots médios, ro-
bots pequenos e o RoboCup Júnior - e robots
de dança e de busca e salvamento. Pela pri-
meira vez, participam equipas de outros paí-
ses (Espanha e Irão estão confirmados), que
desta forma se preparam para o RoboCup'
2006 (campeonato do mundo de robótica)
que se realiza, em Junho deste ano, em
Bremen, na Alemanha.
Um dos convidados do encontro é Claude
Nicollier, astronauta da estação espacial eu-
ropeia, que detém actualmente o recorde eu-
ropeu do número de viagens ao espaço (uma
delas na missão de reparação do telescópio
espacial Hubble), e que virá falar sobre ro-
bots no espaço.
U ni v e r s@
Paulo Magalhães
ANIVERSÁR IO DA UNIVERS IDADE16 Jornal da UniversidadeAbril 2006
“RANKING DO DISPARATE”
Portugal tem cerca de 1.800 cursos d
Aludindo ao controverso Processo de Bo-
lonha, na sessão solene comemorativa
dos 716 anos da UC, o Reitor Seabra San-
tos afirmou, a dado passo da sua inter-
venção:
”Após vários anos de avanços e de re-
cuos, de inflexões de política ao sabor de
Ministros e de Governos, de calendariza-
ções para 2010 e de antecipações preci-
pitadas, a reestruturação dos cursos com
vista à integração de Portugal no Espaço
Europeu de Ensino Superior está agora a
entrar, sem dúvida, na sua fase decisiva.
Creio que a maior dificuldade do proces-
so reside na necessidade que todos sen-
timos, eventualmente com distintas sen-
sibilidades e opiniões sobre a evolução
no concreto, de tentar aproveitar a oca-
sião para introduzir as reformas estrutu-
rais que há muito deveriam ter sido con-
cretizadas. A oportunidade é de ouro mas
temo que o país não a esteja a aproveitar”.
E continuou:
“É, com efeito, sobre um sistema sub-
regulado, com carências evidentes de de-
finições estruturais fundamentais, que es-
tamos a trabalhar. Penso não haver dúvi-
das de que a sub-regulação do sistema
favorece, a concorrência desqualificada e
a consequente diminuição da qualidade.
É lícito, pois, perguntar com que direito
está o país a induzir em erro as famílias
que trazem os seus filhos a estudar em
instituições que não serão capazes de
lhes proporcionar uma formação adequa-
da. Porque não se encerram cursos cujas
avaliações já provaram a sua deficientís-
sima qualidade? A que altar está o país a
emular a formação dos seus jovens? Quando
questionado sobre a razão da sub-regula-
ção do sistema têm os responsáveis go-
vernamentais afirmado não querer invadir
a esfera da autonomia universitária. Ora,
em vários dos Países europeus com os
quais nos gostamos de comparar, a auto-
nomia universitária não se considera be-
liscada com a existência de sistemas es-
truturados e regulados. Da centralizadora
França ao ultra-liberal Reino Unido, do
norte europeu de cultura social-democra-
ta à Itália de Berllusconi não é possível,
na prática, que cada instituição invente
um nome diferente para cursos cujo con-
teúdo nuclear está, no essencial, padroni-
zado. Mas em Portugal, é. Nas nossas
instituições de ensino superior existem
39 cursos de graduação, com 17 designa-
ções diferentes, que incluem a palavra
“Design”; em 44 outros cursos, com 20
designações diferentes, aparecem as pa-
lavras “ambiente” ou “ambiental”; em 60
cursos, com 29 designações diferentes,
surge a palavra “informática”. Mas a cam-
peã absoluta deste ranking do disparate
é a palavra gestão, que aparece em 87
cursos com 46 designações diferentes.
No total, existem em Portugal cerca de
1800 cursos de licenciatura, com 825 de-
signações distintas”.
ENSINO SUPERIORPORTUGUÊS ÉDOS MENOS REGULADOS
O Reitor disse depois:
“Em países muito maiores do que o
nosso e ainda por cima regionalizados,
como a Alemanha, ou a Espanha não é
possível que um mesmo curso tenha du-
rações diferentes em Escolas diferentes.
Ou que, por exemplo, uma Escola de
Engenharia possa decidir que os seus es-
tudantes não precisem de saber matemá-
tica à entrada. Mas em Portugal, é. Não
se trata de uma questão de geografia ou
de ideologia, nem é ajuizado esperar que
as instituições, postas em concorrência
num quadro de diminuição da procura,
sejam capazes de se auto-regular. Se
esses mecanismos de regulação existem
em todos esses países não é porque as
escolas tenham decidido, autonomamen-
te, aplicá-los, mas apenas porque os res-
pectivos Governos entendem que não
podem deixar à mercê das instituições
decisões que têm que ser tomadas a
outro nível. E nenhuma dessas escolas
em nenhum desses Países sente que a
sua autonomia está a ser posta em
causa.
Não é, pois, de falta de autonomia que
A mesa que presidiu à sessão solene comemorativa dos 716 anos da Universidade de Coimbra: João Carlos Marques, Cristina Robalo Cordeiro (Vice-Reitores), o Secretário de Estado Lobo
Antunes, o Reitor Seabra Santos, Avelãs Nunes e Gomes Martins (Vice-Reitores) e Carlos Luzio Vaz (Secretário Geral da UC)
Aspecto parcial do Auditório da Reitoria durante a sessão solene comemorativa dos 716 anos da Universidade de Coimbra
17Jornal da UniversidadeAbril 2006
ANIVERSÁR IO DA UNIVERS IDADE
e licenciatura com 825 designações!o nosso sistema padece, mas sim, como
é óbvio, de falta de regulação, ou seja,
de falta de Estado. O Ensino Superior
português é dos menos regulados (para
não dizer o menos regulado) de toda a
Europa e é com este diagnóstico que é
necessário agir. Não escondo a esperan-
ça que todos depositamos nos resultados
da avaliação global do sistema, recente-
mente encomendada pelo Governo à
OCDE, com a convicção de que existe
vontade e capacidade para levar à práti-
ca as suas conclusões”
O TRABALHO DO MINISTRO…
Seabra Santos prosseguiu:
“Ultrapassando aquilo que seria razoá-
vel esperar que conseguisse fazer, o
CRUP apresentou ao Governo, para valer
para todo o sistema de ensino superior
(público e privado, universitário e politéc-
nico), uma proposta concreta sobre a re-
gulação-base do sistema. Ficando, embo-
ra, bastante aquém dos quatro pontos
que venho defendendo, limitação do nú-
mero de designações para cerca de 100;
relação biunívoca entre designação e
conteúdo; critério universal de acesso
para uma mesma designação e duração
universal para uma mesma designação;
tratava-se de uma tentativa séria de
alertar para a necessidade de aproveitar
o momento em que todo o sistema tem
que ser revisto para introduzir as altera-
ções estruturais fundamentais. Em res-
posta, o Senhor Ministro diz que “os me-
canismos de auto-regulação ensaiados
merecem todo o aplauso”, faz notar que
o documento “se cinge apenas à nomen-
clatura e não aos próprios cursos” e soli-
cita informação sobre “a reflexão que cer-
tamente o CRUP elaborará sobre essa
matéria” ou, descodificando, e seja toma-
da a ironia não como desconsideração
mas, apenas, como reforço de argumen-
tação, agradece às Universidades que te-
nham feito parte do seu trabalho e pede-
lhes que, já agora, façam também o
resto.
É este o traço dominante do nosso siste-
ma, que uma vez mais encontramos quan-
do, Governo e Assembleia da República,
aprovam legislação de enquadramento do
processo de Bolonha atribuindo às insti-
tuições a responsabilidade de definir con-
ceitos que deveriam estar na esfera da re-
gulação. O resultado vai ser o de alguns
anos de desnecessária confusão, de vá-
rios milhões de horas de trabalho retira-
das às tarefas fundamentais do ensi-
no/aprendizagem e da investigação, de
muita expectativa e de alguma frustração
nos casos em que se chegue à conclusão
de que é necessário reagulhar e que uma
parte substancial do trabalho não terá
servido para nada.
Seja, ou não, acertada esta atitude, e
eu estou em crer que não é, sabemos
agora com que contar”.
CRUP TOMOUDECISÃO ACERTADA”
O Reitor afirmou de seguida:
“Consciente do enorme volume de tra-
balho que as Universidades têm pela
frente e da tremenda responsabilidade
de reestruturar a totalidade dos seus
cursos de licenciatura e de mestrado,
ainda por cima sem indicações da tutela
quanto a designações, duração, critérios
de acesso ou financiamento, o CRUP
tomou, atempadamente, a decisão acer-
tada de recomendar a entrada em vigor
generalizada do processo de Bolonha
apenas no ano lectivo 2007/2008. No
mesmo sentido se pronunciou o Senado
da nossa Universidade, que igualmente
aprovou em 11 de Janeiro um calendário
de concretização das várias etapas ne-
cessárias, a cumprir até 31 de Outubro
de 2006. O que o país espera da
Universidade de Coimbra é que aja sem
precipitação, fiel aos princípios de quali-
dade e seriedade que devem nortear
uma instituição universitária de referên-
cia. A meta de 2007 é, pois, adequada.
Dito isto, entendo que, pelo menos em
teoria, podem ser admitidas excepções
sem pôr em causa o princípio geral,
desde que cumpram, cumulativamente,
as seguintes condições: a existência de
um consenso nacional entre as institui-
ções de referência quanto aos elemen-
tos fundamentais da reestruturação; a
capacidade de preparar com seriedade
um dossier completo de reestruturação,
de acordo com as exigências substanti-
vas e formais da legislação.
Ainda assim, para que isto seja possível
é necessário que o percurso legal de pro-
mulgação e publicação da regulamentação,
de auscultação do CRUP, CCISP e APESP
sobre as normas técnicas, da sua aprova-
ção por despacho ministerial e publicação
em DR se concretize num tempo que me
parece cada vez mais impraticável”.
TRÊS SUGESTÕESAO GOVERNO
Mais adiante, Seabra Santos disse:
“Em jeito de balanço do último ano, que
é um pouco o que temos o hábito de fazer
quando festejamos um aniversário, lem-
brei-me ainda de verificar o desfecho de
uma espécie de Caderno de Encargos em
10 pontos de essencial e urgente tratamen-
to que apresentei, há exactamente um ano,
ao então futuro governo, do qual só se co-
nhecia ainda o Primeiro-Ministro. É-me gra-
to constatar ter havido um tratamento sé-
rio de dois deles e uma abordagem parci-
al de outros quatro. O extenso processo de
avaliação entretanto lançado, pode contri-
buir para aumentar este número.
Animado com o êxito alcançado, parci-
al mas ainda assim positivo, atrevo-me a
deixar mais três objectivos que deveriam
merecer a atenção do governo:
1º - Incluir o papel e a responsabilida-
de do Estado no objecto da avaliação do
sistema de ensino superior encomendado
à OCDE. Não se trata de uma avaliação
política, porque essa compete aos cida-
dãos que a fazem regularmente numa so-
ciedade democrática, mas da avaliação
técnica do agente a quem compete a de-
finição do quadro técnico de funciona-
mento do sistema;
2º - Recuar na intenção de aplicar às
Receitas Próprias das Universidades a ca-
tivação geral decidida para a administra-
ção pública. Do ponto de vista técnico,
esta cativação é um desastre a médio
prazo e do ponto de vista político é uma
violação flagrante do princípio de autono-
mia, consagrado na Lei 108/88, que se diz
tão ciosamente respeitar.
3º - Gerir de uma forma objectiva e
transparente o acesso das Universidades
a projectos de desenvolvimento do siste-
ma científico e tecnológico nacional (exem-
plo dos protocolos com a Microsoft e
com o MIT), evitando a suspeição de que
se trata apenas de operações mediáticas
inconsequentes na substância ou de que
já têm, à partida, parceiros definidos”.
E sublinhou:
“Manter-nos-emos atentos ao processo
de Bolonha e à evolução do Ensino Supe-
rior em Portugal e no mundo, que não
podem deixar de influenciar as nossas
próprias opções de desenvolvimento, ali-
cerçada numa vontade de afirmação da
Universidade de Coimbra nos planos na-
cional e internacional”.
O Reitor Seabra Santos alertou para “o ranking do disparate”
ANIVERSÁR IO DA UNIVERS IDADE18 Jornal da UniversidadeAbril 2006
INTEGRAÇÃO DA ESCOLASUPERIOR DE ENFERMAGEM
Aprovação, pelo Senado, da abertura de
contactos formais com a Escola Superior
de Enfermagem de Coimbra, com vista à
sua integração como Unidade Orgânica da
Universidade de Coimbra. “Uma Universi-
dade decidida a apostar nas ciências da
saúde e da vida complementa-se nas suas
valências com uma área científica em fran-
ca evolução, num percurso semelhante ao
que está a ser seguido em inúmeras uni-
versidades de prestígio, tanto no estrangei-
ro como em Portugal” – sublinhou Seabra
Santos.
COLÉGIO DAS ARTES
Aprovação, pelo Senado, da constituição
de uma nova Unidade Orgânica designada
Colégio das Artes, com vista ao desenvolvi-
mento da investigação e do ensino pós-gra-
duado em domínio de interacção entre as
diversas formas artísticas.
PATRIMÓNIO CULTURALDA HUMANIDADE
Apresentação pública do início do pro-
cesso de preparação da candidatura da
Universidade de Coimbra a Património
Cultural da Humanidade, “intenção que
não se limita a uma mera pretensão con-
templativa, antes significa um desejo de
transformação do espaço físico, valorização
do património intangível e uma profunda
determinação na mudança das mentalida-
des e atitudes, exigida pelos que a vivem
quotidianamente e por aqueles que, mes-
mo estando longe, sentem a Universidade
de Coimbra como um legado comum da
Humanidade”.
MUSEU DA CIÊNCIA
Projecto de constituição do Museu da
Ciência, cuja abertura ao público da pré-fi-
guração poderá ser formalmente anuncia-
da no decurso deste ano e que se insere
“na mesma linha de valorização do patri-
mónio como sinal de respeito pelo nosso
passado mas também como critério de fu-
turo e de desenvolvimento, valorizando os
aspectos em que a Universidade de Coim-
bra é única”
BIOCANT E ITC
A inauguração em Cantanhede, em Julho
de 2005, do BIOCANT – Parque de Inovação
em Biotecnologia, liderado pelo CNC –
Centro de Neurociências e Biologia Celular
da Universidade de Coimbra numa parceria
em que também participa a Universidade
de Aveiro; e a criação, em Dezembro, do
ITC – Instituto de Tecnologia da Construção,
entre a Universidade de Coimbra e um con-
junto de cerca de cinquenta instituições e
empresas ligadas à indústria da construção
civil e das obras públicas. “Representam
duas iniciativas de uma mesma estratégia
de abertura ao meio, de capacidade de in-
tervenção e de assumpção de responsabili-
dades no domínio da transferência de tec-
nologia e da inovação”.
TRIBUNAL UNIVERSITÁRIOJUDICIAL EUROPEU
Assinatura com o Ministro da Justiça (em
Janeiro de 2006) de Protocolo que visa a
criação de um Tribunal Universitário Judicial
Europeu, “que será um tribunal-âncora para
o ensino do Direito e formação de profissi-
onais do foro, para a observação da Justiça
e para a procura de experiências tendentes
a contribuir para a melhoria dos serviços ju-
diciais em Portugal, em mais uma iniciativa
inovadora de aproximação entre a Univer-
sidade e sociedade”.
CENTRO DE EXCELÊNCIAEM MEDICINA
Aprovada uma pré-candidatura (em Feve-
reiro de 2006), dinamizada pela Reitoria e
formalizada através do IPN (Instituto Pedro
Nunes), à ADI – Agência de Desenvolvimen-
to, envolvendo cerca de 1 milhão de euros,
para criação de um Centro de Excelência em
“Health Care and Medical Solutions”, com
vista a congregar empresas de TIC’s (Criti-
cal,), unidades de investigação (CNC, HUMTEC,
IBILI, etc) e utilizadores finais (HUC, IPO,
CHC, etc) “para aproveitar o enorme poten-
cial de que dispomos na área da saúde ao
serviço do desenvolvimento económico e
social da região, dando corpo a um concei-
to tanta vezes invocado de forma tão incon-
sequente – Coimbra, cidade da saúde”.
REDE EUROPEIA DEDESENVOLVIMENTO REGIONAL
Recente aprovação, na primeira fase de
avaliação pela UE, de uma candidatura da
Universidade de Coimbra para incorporar
uma Rede Europeia de Desenvolvimento
Regional que visa reforçar as unidades de
transferência de conhecimento de Universi-
dades, dotando-as de ferramentas e de re-
cursos que facilitem a sua aproximação a
PME inovadoras, e mecanismo de coopera-
ção. “O que esta aprovação tem de notá-
vel é o reconhecimento pela União Eu-
ropeia do trabalho que vimos efectuando
ao nível da transferência do saber, do gran-
de potencial de inovação concentrado na
Universidade de Coimbra e sobretudo, do
impacto que ela pode ter para o desenvol-
vimento económico e social da região em
que se insere”.
FUTURO COMPATÍVELCOM PASSADO
Após aludir às acções acima referidas, o
Reitor deixou um desafio para o futuro da
Universidade:
“Não só ao nível da infra-estruturação
física da Universidade, cujos notáveis de-
senvolvimentos se ficam hoje por esta
breve referência, mas também no que diz
respeito ao lançamento de projectos de
alcance estratégico evidente que visam a
consolidação da Universidade de Coimbra
como centro de saber e a preparam para
uma nova fase de desenvolvimento e
prosperidade cultural e científica, os pró-
ximos anos, e o que soubermos fazer
com eles, vão ser determinantes. Ou nos
remetemos à pacatez da nossa província,
fácil mas demissionário, ou nos abalança-
mos para novos e ambiciosos desafios,
reocupando, à custa de muito trabalho, o
lugar a que temos direito no contexto das
Universidades europeias. A minha opção
é conhecida: dar a esta Universidade um
futuro compatível com o seu passado.
Juntamente com todos quantos me acom-
panham nesta aventura, tenho trabalha-
do afincadamente por isso. Penso que
estamos à medida deste desejo e desta
ambição”.
REITOR FEZ BALANÇO DA ACTIVIDADE DESENVOLVIDA PELA UC
Um ano repleto de inovaçõesNa intervenção que fez na sessão solene de celebração dos 716 anos da Universidade, o Reitor aludiua diversas medidas inovadoras tomadas no seio da UC ao longo do último ano, bem como a importantesparcerias. Destacamos algumas
UC: mais de 700 anos voltados para o futuro
No último ano, professores e investigado-
res da Universidade de Coimbra conquistaram
60 prémios de reconhecimento do mérito,
entre eles 14 Prémios de Estímulo à Ex-
celência da FCT (Fundação da Ciência e Tecno-
logia), e sete Prémios Gulbenkian de Estímulo
à Investigação.
A afirmação foi feita pelo Reitor na ses-
são solene comemorativa dos 716 anos da
UC, tendo Seabra Santos destacado “por
impossibilidade absoluta de os referir a
todos, como seria seu merecimento, a con-
decoração pelo Senhor Presidente da
República, do Doutor Jorge dos Santos
Veiga como Grande Oficial da Ordem Militar
de Sant’Iago da Espada, em cerimónia rea-
lizada na Biblioteca Joanina e integrada nas
comemorações do 20º aniversário do Gru-
po de Coimbra, que ele tão sabiamente aju-
dou a construir”.
Docentes da UCconquistam 60 prémios
19Jornal da UniversidadeAbril 2006
AGENDA CULTURAL
ARTES DA CENA,SOM E IMAGEM
– 1 de Abril (sábado), 22 horas, no
Café Santa Cruz: espectáculo com os
grupos “Quarto Crescente” e “Can-
ção de Coimbra”, integrado na X edi-
ção do Mês do Fado (organização
da Secção de Fado da AAC).
– 5 de Abril (quarta-feira), 22 ho-
ras, no Café Santa Cruz: homenagem
a Mestre Gilberto Grácio, seguida da
tradicional “Noite das Guitarradas”,
integrada na X edição do Mês do Fado.
– 6 de Abril (quinta-feira) – DANÇA
- TAGV, 21h30: “O Amor ao Canto do
Bar Vestido de Negro”, pela Com-
panhia Olga Roriz (com direcção e
selecção musical de Olga Roriz). In-
térpretes: Catarina Câmara, Maria
Cerveira, Paulina Santos, Félix Loza-
no, Pedro Santiago Cal e Rui Pinto.
– 7 de Abril (sexta-feira) – MÚSICA
- TAGV, 21h30: concerto pelos “Fin-
gertips”. Digressão promocional de apre-
sentação do novo disco “Catharsis”.
– 8 de Abril (sábado) – MÚSICA E
DANÇA - 21h30, TAGV: Músicas e
danças Tradicionais São-Tomenses.
Com a participação do Grupo Cul-
tural da Associação dos Estudantes
de S. T. P. em Coimbra, Grupo Bu-
lauê 5 de Novembro e Grupo de di-
vulgação da Cultura da Ilha do Prín-
cipe. Organização da Associação de
Estudantes de STP em Coimbra.
– 17 e 18 de Abril (segunda-feira e
terça-feira) - PERFORMANCE - 23h30,
TAGV (Café-Teatro): “GAL: farpas pa-
ra um país sem lobbies”, pela BUH!
Associação Cultural. GAL é uma leitu-
ra comentada d’ “As Farpas” de Eça
de Queirós e Ramalho Ortigão que,
por volta de 1871, escreviam e edita-
vam uns livretos mensais, dando
conta da vida do país. Interpretação:
Ricardo Seiça.
– 18 de Abril (terça-feira) - TEATRO -
21h30, TAGV: “A Partilha”. Elenco:
Teresa Guilherme, Rita Salema, Cristina
Cavalinhos, Patrícia Tavares. O drama e
a comédia alternam-se para narrar, de
forma terna, bem-humorada e emocio-
nante, o relacionamento de quatro
irmãs. Autor: M. Falabella. Encenação:
M. Falabella e J. Monchique.
– 19 de Abril (quarta-feira) - MÚSI-
CA - 21h30, Café Santa Cruz: “Serão
Mozartiano”, com o Quinteto de Cor-
das da Orquestra Clássica do Centro,
dirigido pelo Maestro Virgílio Casei-
ro. Org: CIEG, em colaboração com o
Instituto de Estudos Alemães (FLUC),
com o apoio da Reitoria da U.C.
– 20 de Abril (quinta-feira) - CINE-
MA E MÚSICA - 14h00. Faculdade de
Letras (Anf. V): “Evocação Mozartia-
na”, com intervenções de membros do
Instituto de Estudos Alemães (FLUC),
visionamento de um filme e audição
de trechos musicais seleccionados.
Org: IEA, em colaboração com o CIEG.
– 21 de Abril a 2 de Maio – CINE-
MA - TAGV: Caminhos do Cinema Por-
tuguês XIII. Org: Centro de Estudos
Cinematográficos da AAC
– 27 de Abril (quinta-feira) – MÚ-
SICA - 19h00, TAGV: Recital de voz e
piano, com Ana Ester Neves e João
Paulo Santos, que interpretarão can-
ções de F. Lopes-Graça sobre textos
de Eugénio de Andrade e poetas de
Coimbra.
– 27 de Abril – TEATRO - 21h30,
Teatro de Bolso do TEUC (AAC): “An-
tígona”. Sob a encenação de Andrzej
Kowalski, um TEUC renovado volta a
abrir as portas do Teatro de Bolso
com esta peça que marca o fim de
um Curso de Iniciação e o início de
um novo TEUC.
– 28 de Abril (sexta-feira) MÚSICA:
- 19h00, TAGV: Concerto pelo Quar-
teto Capella com Miguel Borges Coe-
lho – Orquestra Gulbenkian. Obras
de F. Lopes-Graça, Schostakowitsch
e Joly Braga Santos.
- 21h30, TAGV: Bernardo Sassetti
(piano), Rui Rosa (clarinete), Yuri Da-
niel (contrabaixo), José Salgueiro (per-
cussão). Apresentação da banda so-
nora original do filme “Alice”, de Mar-
co Martins, da autoria de Bernardo
Sassetti.
– 29 de Abril (sábado) - MÚSICA -
19h00, TAGV: Recital de piano por An-
tónio Rosado.
– 29 e 30 de Abril - FOLCLORE -
20h00, Jardim da Sereia: XIV ENEF
(Encontro Nacional de Etnografia e
Folclore). Org: Secção de Fado da
AAC.
ARTES VISUAIS
– Até 2 de Abril: expo blues -
14h00-01h00, TAGV (Sala Branca):
Exposição Retrospectiva da 1ª, 2ª e
3ª edição do Coimbra em Blues –
Festival Internacional de Blues de
Coimbra. Produção: TAGV. Fotogra-
fias de Miguel Silva, Nuno Patinho e
Pedro Medeiros.
– Até 6 de Abril: expo 3 is - TAGV
(Café-Teatro): Um Olhar sobre a in-
vestigação na Universidade de Coim-
bra. Org: Instituto de Investigação In-
terdisciplinar. Horário: seg a sex 10h00-
01h00; sáb e dom 14h00-01h00.
– 1 a 30 de Abril: ARTES PLÁS-
TICAS - Círculo de Artes Plásticas
(Jardim da Sereia): Exposição “Army
of Me”, de Jorge Abade. Horário: de
3.ª a Sábado, das 14h00 às 19h00.
– 20 a 27 de Abril: expo documen-
tal - Faculdade de Letras (Átrio): Ex-
posição documental “Mozart-Spuren
in Wien”, em colaboração com a Em-
baixada da Áustria.
LITERATURA
- 4 de Abril (terça-feira) - 18h00,
TAGV (Café-Teatro): “Sidónio e
Sidonismo”. Apresentação da obra de
Armando Malheiro da Silva, seguida
de mesa-redonda com a participação
de Ernesto Castro Leal, Amadeu Car-
valho Homem e Victor Neto. Org: Im-
prensa da Universidade de Coimbra.
- 20 de Abril (quinta-feira) - 18h00,
TAGV (Café-Teatro): “Escrileituras”.
Manuel António Pina lê “Winnie-the-
Pooh”, de A. A. Milne.
CIÊNCIA
- 4 de Abril (terça-feira) - Departa-
mento de Matemática – Colóquio:
“Neuronal Calcium Signaling”, por
Steve Cox (Computational and Applied
Math., Rice University). Org: CMUC -
http://www.mat.uc.pt/~cmuc/index.php
- 4 de Abril (terça-feira): conferên-
cias na Faculdade de Letras:
- 11h00 (Anf. IV) - “Wieviel Klassik
braucht Europa?”, por Gerhard Lauer
(Universidade de Göttingen).
- 15h30 (Anf. V): “Die Erfindung
einer kleinen Literatur. Kafka und die
jiddische Literatur”, por Gerhard Lauer
(Univ. Göttingen). Org: CIEG, em co-
laboração com o Instituto de Estudos
Alemães, no âmbito do Programa
Sócrates/Erasmus.
- 5 e 26 de Abril – palestras -
14h30, Departamento de Física (Sala
de Conferências - 3º andar): “Desafio
da Física para o século XXI” .
Conjunto de palestras que se desti-
na aos estudantes da FCTUC e a to-
do o público interessado. 5 de Abril:
“RedesÓpticas de Telecomunicações
de Última Geração”, por Manuel Mo-
ta (CHIPIDEA); 26 de Abril: “Energia
Nuclear e Resíduos Radioactivos”,
por Carlos Varandas (CFN/IST)
- 7 de Abril (sexta-feira) – CON-
FERÊNCIAS:
11h00, Faculdade de Letras (Anf.
V): “Deutsch und die europäischen
Sprachen angesichts der Globalisie-
rung”, por Manfred Schröder, res-
ponsável pelas Relações Internacio-
nais da Direcção do Verein Deutscher
Sprache [Associação da Língua Alemã].
11h30, Faculdade de Letras (Anf.
VI): “Aspectos da Poesia Electrónica
no Brasil”, por Jorge Luiz Antonio,
por iniciativa do Mestrado em Es-
tudos Anglo-Americanos e da disci-
plina Literatura e Media na Era Digi-
tal, no âmbito do ciclo de conferên-
cias “Literatura e Novas Tecnologias”.
- 10h00, Faculdade de Direito
(Auditório): “A REN e a RAN: que
transformação?”. Org: FDUC, Centro
de Estudos de Ordenamento, Urba-
nismo e Ambiente e Núcleos Urba-
nos de Pesquisa e Intervenção.
- 12 de Abril (quarta-feira) – CON-
FERÊNCIA - Centro de Estudos So-
ciais, 17h00-19h00: “Estranheza en-
tre mundos: o mundo da escola e o
mundo da vida”, por Sofia Marques
da Silva (Ciências da Educação,
CIIE/UP). Integrada no I Ciclo Anual
“Jovens Cientistas Sociais” 2005-
2006, que visa dar maior visibilida-
de ao trabalho de investigação nas
ciências sociais e humanas por parte
de jovens cientistas sociais de gran-
de qualidade. Org: CES-UC. Coorde-
nação científica de Filipe Carreira da
Silva e Marta Araújo.
- 19 de Abril (quarta-feira) CON-
FERÊNCIA – 11h30, Faculdade de Le-
tras (Sala 13): “1756! German Reac-
tions to the Lisbon Earthquake – His-
tory and Tendencies”, por Ulrich Löffler
(Univ. de Göttingen). Org: CIEG, em
colaboração com o Centro de Histó-
ria da Sociedade e da Cultura (CHSC).
- 20 de Abril (quinta-feira) – CON-
FERÊNCIAS:
- 11h00, Faculdade de Letras (Sala
Providência e Costa): “Religion und
Sprache in deutschen Gedichten zum
Erdbeben von Lissabon”, por Ulrich
Löffler. Org: CIEG
- 21h30, Ordem dos Médicos (Av.
Af. Henriques): “Ciência, Arte e His-
tória”. Org: Grupo de História e So-
ciologia da Ciência do CEIs20 e Con-
selho Distrital da Ordem dos Médicos.
- 21 de Abril (sexta-feira) - COLÓ-
QUIO - 15h30, Museu Mineralógico e
Geológico (sala Carlos Ribeiro): “Pa-
trimónio Geológico - a importância
da preservação”, com Galopim de
Carvalho e Maria Helena Henriques.
Org: Núcleo de Estudantes de Geo-
ciências.
- 26 de Abril (quarta-feira) - CON-
FERÊNCIAS - 16h00, Faculdade de
Letras (Sala 10): Ciclo “Portugal-
Alemanha: Memórias e Imaginários
(Séculos XIX e XX)”. Com António
Sousa Ribeiro, Ana Isabel Boura e
Teresa Mingocho. Org: CIEG
- 26, 27, 28 e 29 de Abril – Au-
ditório da Reitoria: Colóquio interna-
cional “O artista como intelectual.
No centenário de Fernando Lopes-
Graça” (ver notícia noutro local desta
edição).
-27 de Abril (quinta-feira) – CON-
FERÊNCIA - 16h00, Faculdade de Le-
tras (Anf. V): “A Tradução para Edi-
ção. Uma Perspectiva Pessoal”, por
Jorge Pinho (Universidade do Porto).
Org: CIEG
- 27, 28 e 29 de Abril - Auditório
da Faculdade de Direito - Encontro
Internacional “Património Mundial
de Origem Portuguesa” (ver notícia
noutro local desta edição).
- 28 de Abril (sexta-feira) CON-
FERÊNCIA - 14h30, Arquivo da Uni-
versidade de Coimbra (Sala D. João
III): “A documentação Pontifícia na
Idade Média”, por José Marques
(FLUP). Org: Arquivo da Universida-
de de Coimbra e Instituto de Paleo-
grafia e Diplomática da FLUC.
- 29 de Abril (sábado) – CONFE-
RÊNCIA-DEBATE - 11h00 – 19h00, Pa-
lácio de S. Marcos “História do OAC
vs história e contexto social portu-
guês ao longo dos últimos 125
anos”. Org: Orfeon Académico de
Coimbra.
A agenda de acontecimentos culturais de Abrilé muito vasta e diversificada,com realizações para todos os gostos.A seguir se mencionam, agrupados por áreas,alguns dos acontecimentos mais significativos
Em Abril “culturas mil”...Para informações mais detalhadas consultar a
“Agenda Cultural da Universidade de Coimbra”
na Internet, no sítio www.uc.pt/agendacultural
DESPORTO20 Jornal da UniversidadeAbril 2006
PATRÍCIA AMENDOEIRA É EXEMPLO DE DEDICAÇÃOÀ MODALIDADE QUE PRATICA DESDE OS 6 ANOS
Em prol da ginásticaTodos os dias,ao fim da tarde,o Pavilhão n.º 2do Estádio Universitáriode Coimbra transbordade alegriae entusiasmocom a chegada dedezenas de praticantesdas classes de Ginásticada AssociaçãoAcadémica de Coimbra.Esta é, conformeconfessouao “Jornal daUniversidade”,uma das maiorescompensaçõesrecebidas porPatrícia Amendoeira,dirigente e treinadorada Secção, a primeiraentrevistadada área do Desporto
ANTÓNIO JOSÉ FERREIRA
A paixão pela modalidade começou bem cedo: “O
meu pai contava que desde os 6 anitos eu dizia que
queria ser treinadora de Ginástica. Ficava vidrada na
televisão com qualquer modalidade desportiva e nos
Jogos Olímpicos, por exemplo, fascinavam-me bastante
a Patinagem e a Ginástica. A dada altura deixei de
praticar, porque a minha irmã enveredou pela
competição e os meus pais não conseguiam manter as
duas. Mas a treinadora pediu-me para dar uma ajuda e,
por isso, desde os 13 anos que sou monitora”.
Mais tarde, já em Coimbra, depois de concluído o
curso de Educação Física, a oportunidade surgiu quando
“um colega me disse que estava vago um lugar de
treinador. Recebi o convite e nem hesitei. Aceitei,
mesmo sem conhecer a realidade da Secção. Na altura
foi-me atribuída uma classe de 4/5 anos, com cinco
meninos. Neste momento temos três classes destas
idades, cada uma com 12 meninos, e com outros em
lista de espera. Houve grande evolução em termos do
número de ‘miúdos’ a praticar Ginástica e fico muito
satisfeita com isso, como treinadora e como dirigente”.
O trabalho desenvolvido ao longo dos anos e os
resultados obtidos fazem da Secção de Ginástica da
AAC um caso de sucesso no panorama desportivo
distrital. Reconhece que se trata de um percurso que
tem muito do seu envolvimento e cunho pessoal, mas
faz questão de frisar que “não fui só eu o ‘motor’ deste
salto quantitativo e qualitativo, que se deve
fundamentalmente ao excelente conjunto de técnicos
que temos e ao bom trabalho de grupo realizado”. O
reconhecimento da cidade e das
entidades públicas e privadas “é
gratificante. É bom que haja essa
visibilidade, que sejamos reconhe-
cidos e que não sejamos só nós a
pensar que estamos a fazer um
bom trabalho. Tudo isto tem mui-
to a ver com os eventos que te-
mos trazido para a cidade de
Coimbra, em especial desde 2001,
e que tornam mais conhecida a
Ginástica da Académica. Neste
momento voltamos a estar com
uma enorme ‘máquina’ montada,
para o Campeonato do Mundo
que vai decorrer em Coimbra no
próximo mês de Junho”.
Não é tarefa fácil aliar as fun-
ções de treinadora e de dirigente,
tanto mais numa Secção com
intensa actividade e que “requer
muito empenho, muito tempo e
motiva algumas ‘dores de cabeça’.
Estão sempre a surgir problemas,
mas é um trabalho que tem de ser
feito e é em prol da Ginástica que
o desenvolvemos. O enorme gos-
to pela modalidade é que nos faz
ultrapassar os momentos menos bons. São
compensados, depois, com as imensas alegrias que
vamos vivendo”.
PARA QUANDO O “NOVO” ESTÁDIO?Autodisciplina, persistência, empenhamento, treino in-
dividual são alguns dos pressupostos essenciais no dia-
-a-dia de um ginasta. Mas que, por si só, dificilmente
conduzem ao sucesso se não forem aliados a um
conjunto mínimo de equipamentos e condições de
trabalho. A este nível, “claro que gostaríamos de ter
mais. Mas para colocar onde? O espaço que está
reservado à Ginástica esgotou por completo! E não tem
algumas condições essenciais para o desenvolvimento
de um trabalho cada vez melhor. No Inverno o frio é
intenso e há ‘miúdos’ que começam a faltar, porque os
pais entendem que não estão reunidas as condições de
treino ideais; e no Verão é extremamente quente. Já
solicitámos alguns melhoramentos, mas que até ao
momento não foram concretizados”.
Mas... já está em estudo a remodelação do Estádio
Universitário de Coimbra. “Para quando? Para quando?”,
perguntou Patrícia Amendoeira, dando conta que “não
tenho muitos conhecimentos em relação ao que vai ser
feito. Mas espero que resulte em óptimas condições
para a prática das modalidades. Julgo que os
responsáveis pelas secções deviam ser consultados, o
que ainda não foi feito, mas garantiram--nos que vai
acontecer. Estamos a aguardar. Nós é que aqui tra-
balhamos todos os dias, passamos aqui muitas horas,
e sem dúvida que poderíamos dar algumas sugestões
para que este espaço seja rentabilizado ao máximo”.
BÁRBARA GASPARATLETA
Treinadora amiga
“A Patrícia é boa professora. Às vezes
manda-nos fazer preparação física mas
nós sabemos que é para nosso bem. Outras vezes grita, mas é
nossa amiga. Gosto muito da Ginástica, mais de acrobática, e
gosto muito de participar nas provas. Divirto-me muito e tenho
feito muitos amigos. E a Patrícia também é muito minha amiga e
queria que continuasse a ser nossa treinadora”.
FRANCISCO PINTOTREINADOR
Brio e profissionalismo
“A Patrícia está na Secção há cerca de
seis e tem desenvolvido o seu trabalho
com muito brio e profissionalismo. Com o trabalho dela e de
todas as pessoas da Secção temos conseguido evoluir bastante.
Como treinadora tem realizado igualmente um trabalho
gratificante e que se tem reflectido nos bons resultados que
estamos a conseguir na Ginástica da Académica”.
EVA FONTESATLETA
Ajuda-nos sempre
“A Patrícia é boa treinadora e ajuda-
nos sempre muito para aprendermos as
coisas. Quando pensa que já conseguimos fazer, deixa-nos tentar
sozinhos. É nossa amiga. Já ando na Ginástica desde os três anos
s gosto muito, muito. Já fiz muitos amigos este ano e também
tenho muitos que já eram do ano passado, do outro grupo”.
JOÃO DANIELATLETA
Conselhos úteis
“A Patrícia é uma boa treinadora.
Ensina bem e quando algum menino
não consegue fazer as coisas ela vai sempre ajudar. E está sempre
pronta para quando algum menino se aleijar ir logo socorrê-lo. É
nossa amiga, brinca muito connosco e nas competições dá-nos
conselhos para obtermos bons resultados”.
CARLA COUCEIROTREINADORA
Boa gestora
“Começou como treinadora das
classes de miúdos de 4 anos e, aos
poucos, foi convidada para integrar a Direcção, em diversos
cargos. Foi evoluindo até que chegou à presidência, onde de-
senvolveu um trabalho excelente. É uma pessoa muito or-
ganizada e conseguiu gerir muito bem todo o nosso tra-
balho. Faz tudo com muito gosto e dá sempre o seu melhor
para que as coisas corram bem. Excelente trabalho também
como treinadora, especialmente na área dos trampolins, pre-
parando muito bem os atletas para integrarem as classes
superiores”.
Patrícia Amendoeira é um dos rostos do
sucesso da Ginástica da AAC
21Jornal da UniversidadeAbril 2006
GRUPOS DA ACADEMIA
As Fans: entre a música e o futebol
Tudo começou em 1989, na sede da Fa-
lange de Apoio Negro (FANS), uma claque de
apoio à Académica/Organismo Autónomo de
Futebol...
Duas amigas, alunas da Faculdade de
Letras, resolvem intervir mais activamente no
meio académico e fundam a primeira tuna fe-
minina da história da Universidade de Coim-
bra – a segunda de Portugal. Convidam mais
quatro amigas e surgiram "AS Fans dos
FANS".
O grupo foi crescendo e o nome simplifi-
cou-se: As Fans. Só.
Actualmente são 30 alunas dos mais varia-
dos cursos da Universidade de Coimbra que
continuam a considerar-se como "um peque-
no grupo de amigas que assumem, com par-
ticular empenho e prazer, o espírito e a irre-
verência tão próprios da Academia coimbrã".
Apesar da ligação umbilical ao futebol,
nem por isso encaram a actividade musical
com menos entusiasmo. Têm brio no traba-
lho desenvolvido e encaram o futuro com
constante preocupação de qualidade, que
pretendem sempre crescente.
Desde o início fazem questão de ser pre-
sença habitual nas actividades de índole mu-
sical da AAC, nomeadamente nos saraus e
encontros de tunas realizados por ocasião
das "Latadas" e "Queima das Fitas", tendo
co-organizado o "Canto da Sereia – Encontro
Internacional de Tunas Femininas", em parce-
ria com as "Mondeguinas", até 2003.
Ao longo dos anos, têm corrido o país de
Norte a Sul, tendo até actuado já nos arqui-
pélagos dos Açores e da Madeira. Em 2000,
cruzaram fronteiras em direcção a Hannover
(Alemanha), para participarem nas Comemo-
rações do Dia de Portugal, na Expo-2000. Um
ano depois encontravam-se em Itália.
Também têm animado arraiais e romarias,
jantares e recepções oficiais, espectáculos de
solidariedade e – claro – têm colaborado em
iniciativas ligadas à Académica/OAF.
Presença assídua em festivais de tunas, na-
cionais e internacionais, já arrecadaram diver-
sos prémios: Melhor Tuna, Tuna Mais Tuna,
Melhor Solista, Melhor Instrumental e Men-
ção Honrosa.
Para além dos aspectos ligados à qualida-
de musical, As Fans transportam uma ima-
gem de jovialidade e boa disposição que na-
turalmente contagia quem as ouve.
Foram, precisamente, o gosto, a vontade e
a motivação que as levaram a embarcar num
arrojado projecto que traduziu um sonho an-
tigo: a gravação do primeiro CD de originais.
"Sonho a Preto e Branco" – repertório que
conta e canta Coimbra, suas Gentes e Tradi-
ções, com edição de 1998. Em 2004 realiza-
ram o "I Tunalidades – Festival Internacional
de Tunas Femininas de Coimbra", integrado
no Programa Cultural da Queima das Fitas.
Ao fim de 17 anos de existência, as portas
continuam abertas: "Quem estiver interessa-
do em juntar-se a nós que apareça nos en-
saios", afirma Rita Amaral, uma das respon-
sáveis da tuna.
Direcção:
Rita Amaral
Maria Inês Cunha
Ana Isabel Lopes
Ensaios:
Segunda-feira e quarta-feira
Hora:
21h30
Local:
Rua Alexandre Herculano, 35
Contactos:
963 379 394
http://fans.no.sapo.pt/
– Curso Breve de Iniciação ao Canyoning
(de 6 a 9 de Abril). Aberto à comunidade uni-
versitária. Inscrição a realizar na Sala dos
Estudantes do Pavilhão II, do Estádio Uni-
versitário de Coimbra.
– 1.º Curso de Socorros a Náufragos, dia
23 de Abril. Trata-se de um curso de espe-
cialização, limitado a 30 participantes. Ne-
cessita de pré-inscrição (15 ) a realizar na
Sala dos Estudantes do Pavilhão II do Es-
tádio Universitário de Coimbra.
– Curso breve de Ténis, dia 16 de Abril,
das 14.00 h – 18.00 h, no Estádio Univer-
sitário de Coimbra (Pavilhão 2). Aberto à co-
munidade universitária. Inscrição a realizar
na Sala dos Estudantes do Pavilhão II do
Estádio Universitário de Coimbra.
Todos estes cursos são organizados pela
FCDEF-UC (Faculdade de Ciências do Des-
porto e Educação Física da Universidade de
Coimbra).
CURSOS NO ESTÁDIO UNIVERSITÁRIO DURANTE O MÊS DE ABRIL
Do ténis aos socorros a náufragosPara o corrente mês de Abril,o Estádio Universitáriode Coimbra vai acolher,para além de muitasoutras actividades,os cursos que ao ladose referem
NA QUINTA-FEIRA, DIA 6
Festival de Tunas Mistas mostra-se nas ruas da cidadeCinco grupos – de Coimbra, Lisboa, Alma-
da, Beja e Viseu – participam na próxima
quinta-feira, 6 de Abril, no IV Festival de
Tunas Mistas de Coimbra, o “Oito Badala-
das”, organizado pela Tuna Mista da Faculda-
de de Ciências e Tecnologia da UC.
O Festival principia às 21h30, no Largo D.
Dinis. Antes, porém, as tunas desfilam pelas
ruas da cidade, numa “passeata mista” que
principia às 16h00.
O percurso que as cinco Tunas vão rea-
lizar é o seguinte: Largo da Sé Nova, Sé
Velha, Arco de Almedina, ruas Ferreira Bor-
ges e Visconde da Luz, Praça Oito de Maio,
Avenida Sá da Bandeira e Escadas Monu-
mentais.
CUNIVERS IDADE22 Jornal da UniversidadeAbril 2006
Com modernas instalações, recen-
temente remodeladas, na Rua da So-
fia, em Coimbra, a “Natural +” é um
espaço onde prevalece a preocupa-
ção de cuidar da saúde dos clientes,
através de uma vasta e variada gama
de produtos e serviços que proporci-
ona.
Assim a “Natural +” é uma das pi-
oneiras na venda de medicamentos
não sujeitos a receita médica (MNSRM),
para além de comercializar produtos
de homeopatia e de fitoterapia, pro-
dutos naturais feitos à base de plan-
tas. Tem ainda ao dispor do público
prestigiadas marcas de dermocosmé-
tica e diversos acessórios ortopédicos.
A “Natural +” abriu ao público em
1995, no mesmo espaço da Rua da
Sofia que hoje ocupa, como loja de
produtos naturais. A sua proprietária
é a farmacêutica Isabel Mesquita,
que é também sócia-gerente da
Farmácia Universal, igualmente insta-
lada na Baixa de Coimbra.
Isabel Mesquita justifica assim a
criação da “Natural +”:
“Na Farmácia Universal já tinha
medicamentos homeopáticos e pro-
dutos naturais, tendo sido das pri-
meiras a especializar-se nesta verten-
te. Mas como não havia espaço para
expandir a farmácia neste sector, de-
cidi abrir esta loja na Rua da Sofia”.
Isabel Mesquita considera, pela ex-
periência adquirida ao longo de vá-
rios anos, que “estas duas áreas, a
dos medicamentos tradicionais da
farmácia e a dos produtos naturais,
não estão muito separadas”. E expli-
ca: “Muitas pessoas que procuram
os produtos tradicionais de farmácia
também são adeptas do uso de cer-
tos produtos naturais, como preven-
ção, como terapêutica e até na ali-
mentação”.
A remodelação da “Natural +”, que
se tornou em espaço ainda mais
agradável, decorre também das alte-
rações verificadas na legislação, que
permite a venda, fora das farmácias,
de diversos medicamentos que não
carecem de receita.
“A farmácia e os medicamentos
são uma área que domino bem, já
que trabalho na farmácia da família
desde 1991” – refere Isabel Mesquita,
acrescentando achar oportuno aliar
essa experiência à que adquiriu no
sector dos produtos naturais.
“A lei não exige o aconselhamen-
to farmacêutico nos medicamentos
de venda livre, mas eu entendo que
o conselho técnico é muito importan-
te, pelo que prefiro ser eu a fazê-lo,
acompanhada por uma equipa de
farmacêuticos”, afirma Isabel
Mesquita.
A “Natural +” resulta, pois, de levar
à prática um conceito de espaço de
saúde, onde os clientes encontram,
na aquisição de produtos naturais ou
de medicamentos de venda livre, “a
mesma qualidade e confiança que já
conhecem da farmácia”, como subli-
nha Isabel Mesquita.
Na “Natural +” o público encontra,
por isso, “mais serviços e uma opção
de produtos mais alargada do que a
disponível na farmácia”.
Aliás, a opção pelo nome da loja,
“Natural +”, pretendeu simbolizar
que se trata de um espaço com mais
opções para o cliente, com um natu-
ral acompanhamento por parte de
quem sabe, de molde a garantir sa-
tisfação e assegurar qualidade.
“Natural +” a cuidar da saúdeI n fo rmação C ome r c i a l
Durante o corrente mês de Abril vão efe-
ctuar-se em Coimbra diversas iniciativas
voltadas para a infância e juventude.
Assim, no Museu Botânico decorrem ate-
liês sob o tema "A brincar também se
aprende". Durante as férias da Páscoa, para
crianças dos 4 aos 12 anos, “À descoberta
dos ovos da Páscoa”, ou “Como nasce uma
planta”. Marcações pelo telefone 239 855
220 ou fax 239 855 211. Informações em
www.uc.pt/botanica/museu.htm.
No Jardim Botânico haverá visitas-ateliê
com o tema “Vamos abraçar as Árvores?!!”. A
visita do dia 22 celebrará o Dia Mundial da
Terra. Destina-se a alunos 1º ciclo e inclui a
elaboração de um pequeno herbário, um tra-
balho com materiais, informações e curiosi-
dades “colhidas” durante o percurso no jar-
dim. Marcação prévia, até 13 de Abril, para
telef. 239 855 233/ fax: 239 855 211.
Ainda no Museu Botânico prosseguem
as oficinas “Ciência no Museu”, de se-
gunda-feira a sexta-feira (excepto feriados
e férias lectivas). Marcações pelo telefone
239 855 220.
APRENDER A BRINCARDia 20 de Abril, no Hospital Pediátrico de
Coimbra, decorrerão actividades matemáticas
para distrair as crianças ali internadas.
A acção intitula-se “Aprender a brincar” e é
organizada pelo Serviço de Cirurgia daquele
Hospital, Departamento de Matemática da
FCTUC, Núcleo de Estudante de Matemática e
Engenharia Geográfica da AAC e alunos do
Departamento de Física que integram a As-
sociação Physis da AAC.
Mais informações em http://www.mat.uc.pt/
actividades/
OLIMPÍADAS DE FÍSICAE QUÍMICA
Nos dias 21 e 22 de Abril, no Depar-
tamento de Física da FCTUC, decorrem acções
de preparação para as Olimpíadas Interna-
cionais de Física.
Também no Departamento de Química da
FCTUC se efectua, no dia 22, uma sessão das
Olimpíadas de Química Júnior. Informações
pelo telefone 239 854 463 ou em http://
www.qui.uc.pt/.
CONSTRUIR UM RÁDIODurante este mês de Abril o Departamento
de Física da FCTUC prossegue a acção desig-
nada “Com as mãos na massa”, com esta
proposta aliciante: "Constrói o teu próprio
rádio". Destina-se aos alunos do 12.º ano e
as inscrições deverão ser feitas para Sandra
Costa, telefone 239 410 104; 966 140 614, ou
para o e-mail: [email protected].
BRINCAR NO MUSEUANTROPOLÓGICO
“É o som presente desse mar futuro” – eis
a designação do ateliê para proporcionar às
crianças um espaço de educação não for-
mal. Dura 90 minutos e destina-se a crian-
ças dos 5 aos 10 anos (preço: 1 Euro/crian-
ça). De segunda-feira a sexta-feira, às 10h,
às 12h, às 14.30h e às 17h. Contacto:
Telefone 239 829 051/2; Fax: 239 823 491;
e-mail: [email protected]
EXPOSIÇÕES NOS MUSEUSNo Museu da Física estão em curso as se-
guintes acções: “Museu dos Pequenitos”,
para crianças dos 6 aos 9 anos (grupos de
20 elementos: 25 Euros); “Estórias da
História em imagens de encantar”, dos 6
aos 12 anos (20 elementos: 25 Euros);
“Toca a experimentar”, dos 12 aos 15 anos
(20 elementos: 25 Euros); “Visita Geral
orientada”, para alunos do 3º Ciclo do
Básico e do Secundário (20 elementos: 25
Euros); “Óptica no Museu”, para grupos do
Ensino Secundário (20 elementos: 30
Euros); “Oriente-se!” para grupos do Ensino
Secundário – Exposição interactiva, com
réplicas de instrumentos (20 elementos: 30
Euros). Marcações: De segunda-feira a
sexta-feira, das 10h00 às 19h30; pelos
telefones 239 410 602/672. Mais informações
em http://www1.fis.uc.pt/museu/index.htm.
No Museu Mineralógico e Geológico está
o “Chalé Pedrosa”, local cenografado onde
se representa uma recriação da vida na
Idade da Pedra, que tem como público-alvo
a primeira infância.
No Museu Zoológico decorre um ateliê
didáctico intitulado “Era uma vez uma
fábula”, para crianças dos 6 aos 10 anos, à
quarta.feira, das 14h00 às 16h00 (com
marcação prévia). Visitas escolares também
com marcação prévia (informações pelo
telefone 239 491 650, fax 239 826 798, e-
mail [email protected]). Dias úteis, das
09h30 às 12h30 e das 14h00 às 17h00.
Encerra aos fins-de-semana e feriados.
Geral = 4 Euros, Estudante = 3 Euros,
Sénior = 2 Euros, Crianças até 6 anos = 2
Euros (em grupo escolar), gratuito (em
grupo familiar).
VISITA AO OBSERVATÓRIOPor último, registe-se a possibilidade de
ir até ao Observatório Astronómico, com
visitas de estudo ao Espectroheliografo às
terças-feiras, quarta-feiras e quinta-feiras,
com início às 14,15 horas. Necessita de
marcação précia (telefones 239 802 370/5)
e 35 é o número máximo de alunos por
grupo.
BOAS SUGESTÕES PARA AS FÉRIAS DA PÁSCOA
Muitas iniciativas para crianças e jovens
23Jornal da UniversidadeAbril 2006
PUBL IC IDADE
24 Jornal da UniversidadeAbril 2006
ÚLT IMAIm gensa
Fotos de Dinis Manuel Alves
Céu de Coimbra12 de Março 2006, 06:48