Modos de desenvolvimento na América Latina e no Leste Asiático- Luis Estenssoro

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  • 1. Modos de desenvolvimento na Amrica Latina e no Leste Asitico1 Latin Americas and East Asias modes of development Sedi HIRANO2 Luis ESTENSSORO3 RESUMO Este artigo procura aprofundar a reflexo em torno dos modos de desenvolvimento capitalista existentes no Leste Asitico e a Amrica Latina. Sustentamos aqui que a estrutura de poder mundial funda-se em modos de desenvolvi- mento diferenciados nas diversas regies do planeta, que se reportam a diversos padres de acumulao e insero internacional das economias nacionais, empiricamente verificveis em cada regio geo-econmica. Partimos do pressu- posto de que o modo de desenvolvimento anglo-americano produz, estruturalmente, mais pobreza e desigualdade social do que o modo de desenvolvimento japons-asitico. Este regime de acumulao diferenciado permitiu ao conjunto de pases capitaneados pelo Estado desenvolvimentista da sia construir um sistema de oportunidades sociais e econmicas que torna estas naes estruturalmente mais igualitrias, pois apresentam menores nveis de desigualdade social e pobreza. Palavras-chave: modos de desenvolvimento; Amrica Latina; Leste Asitico. ABSTRACT This article intends to deepen our knowledge about the capitalist modes of development present in East Asia and Latin America. We argue that the world power structure is based in different modes of development that exist in the diverse regions of the planet, which report themselves to different capital accumulation patterns and several enrollment ways of the national economies in the international economy. These patterns can be empirically verified in each geo-economic region. We admit that the British American mode of development produces, structurally, more poverty and more social inequality than the Japanese-Asian mode of development. This Asian countries particular regime of accumulation allows the nations under the Asias development state to offer an economic and social opportunity system that makes they structurally more equalitarian, with less social inequality and less poverty. Keywords: modes of development; Latin America; East Asia.MODOS DE DESENVOLVIMENTO Introduodo globo, nomeadamente o Leste Asitico e a Amrica Latina, tema j abordado em Este artigo procura aprofundar a refle- trabalho anterior (Hirano e Estenssoro, 2004). xo em torno dos modos de desenvolvimento Trata-se de modalidades de desenvolvimento capitalista existentes nas diferentes regies econmico-social que acontecem nas diversas 1Artigo apresentado no Simpsio Internacional Insero Internacional e Excluso Social no Brasil Contemporneo, realizado durante o 52Congresso Internacional de Americanistas (http://www.52ica.com). Sevilha, Espanha, 17 a 21 de julho de 2006. 2Professor Doutor de Sociologia (FFLCH-USP) e Pr-Reitor de Cultura e Extenso da Universidade de So Paulo (USP). 3Administrador Pblico (EAESP-FGV) e Doutor em Sociologia pela Universidade de So Paulo (USP). 7Economia, Negcios e Sociedade I Campinas I 16(1) I 7-27 I janeiro junho 2007CEA ENS 1.pmd721/8/2008, 13:46

2. regies do planeta e que renem tiposmente sofisticado, no qual o mercado semelhantes de formaes sociais em cada regulado em conformidade com as aspiraesregio.dos grupos sociais que compe a sociedade. De fato, nota-se uma nfase no grupo e noSustentamos que a estrutura de poder no indivduo, o que privilegia os laos demundial funda-se em modos de desenvol- solidariedade comunitria dentro das fbricas,vimento diferenciados nas diversas regies do onde tomou forma o toyotismo, isto , oplaneta, que se reportam a padres de relacionamento dentro de uma estrutura deacumulao e insero internacional das poder descentralizada e com trabalho emeconomias nacionais, e que podem ser empi- equipe.ricamente verificados em cada regio comosendo estruturalmente diferentes dos existen- Amartya Sen afirma que o exemplotes nas outras regies. Assim, podemos ter pioneiro de intensificao do desenvolvimentodiversos modelos de crescimento econmicoeconmico por meio da oportunidade socialnacionais, isto , modelos de poltica eco-especificamente na rea de educao bsica,nmica e de polticas pblicas, dentro de um obviamente o Japo. Segundo ele, esteconjunto de economias de uma regio quepas, s vezes se esquece, apresentava taxastm, por sua vez, um padro de acumulaode alfabetizao mais elevadas do que adiferenciado em relao a outras economias Europa mesmo na poca da restaurao Meiji,regionais existentes dentro do mesmo modonas ltimas dcadas do sculo XIX. Sende produo capitalista hoje hegemnico. entende que o desenvolvimento econmico Partimos do pressuposto de que o modo do Japo foi impulsionado pela progresso dosde desenvolvimento anglo-americano produzrecursos humanos relacionada com asestruturalmente mais pobreza e desigualdadeoportunidades sociais que foram geradas. Odo que o modo de desenvolvimento japons-denominado milagre do Leste Asitico, envol-asitico. Compreendemos a Amrica Latina vendo outros pases desta regio, baseou-secomo inserida no modo de desenvolvimento em grande medida, em relaes causaiscapitalista anglo-americano, pois o desenvol-semelhantes. E entre esses pases estovimento capitalista dependente latino- Coria, China, Taiwan e Cingapura (Sen,americano est contido na esfera de influncia 2000).inglesa e posteriormente norte-americana. Nesse sentido, a construo de umJohnson denomina o modo de desenvol- sistema de oportunidades sociais potencializavimento japons-asitico de padro Meiji- o desenvolvimento humano atravs doBismarckiano (Johnson, 1995), onde o merca- processo de expanso da educao, dosS. HIRANO & L. ESTENSSOROdo metodicamente orientado aos interessesservios de sade e de outras condies desociais por um Estado desenvolvimentista.vida humana. Para Sen, provavelmente oDesta forma, o mercado utilizado pararesultado mais importante alcanado pelasalcanar objetivos coletivos. Constitui-se ento economias do Leste Asitico, comeando peloum capitalismo regulado, onde o Estado tem Japo, foi ter solapado totalmente o precon-uma presena forte como planejador econ-ceito tcito de que a montagem do sistemamico. Trata-se de um capitalismo social ou de oportunidades sociais seja realmente umde uma economia mista (Tsuru, 1994), tipo de luxo que apenas os pases ricos podem8 enquanto padro de acumulao tecnologica- se dar.Economia, Negcios e Sociedade I Campinas I 16(1) I 7-27 I janeiro .junho 2007CEA ENS 1.pmd 821/8/2008, 13:46 3. As economias do Leste Asitico busca-Como veremos, os resultados sociais mais ram comparativamente mais cedo expan- igualitrios tambm se verificam nas econo- so em massa da educao e mais tarde, mias do Leste Asitico. tambm dos servios de sade, e o fizeram, em muitos casos, antes de romper os grilhes Padres de insero e da pobreza generalizada. E colheram o quedesenvolvimento: Amrica Latina semearam (Sen, 2000: 58). Nestes pases, e particularmente na Coria e no Japo, houve Para Salama e Valier, os padres de crescimento econmico com distribuio deinsero na economia mundial das regies renda relativamente igualitria, o que temperifricas (basicamente no caso latino- sido amplamente e acertadamente re-americano: economia primrio-exportadora e conhecido (Sen, 2000: 218). H, no modo industrializao por substituio de impor- japons-asitico de desenvolvimento capita-taes) foram os responsveis pela distri- lista, inquestionavelmente, um sistema plane-buio de renda vertical que deu origem jado de ampliao das oportunidades sociaisdinamizao do crescimento. Isto , houve a e, portanto, de alargamento da cidadania.instaurao de um regime de acumulao queharmonizava o perfil da distribuio de rendaNo modo de desenvolvimento anglo-com o da produo: uma distribuio de ren- americano, ao contrrio, o mercado primor-da que favorecia as classes mdias, excluindo dial, tornando-se o espao predominante dasainda mais os de renda menor; uma produo atividades econmicas, alm de ser formal-dinamizada pela expanso do setor de bens mente autnomo em relao s esferas social,de consumo durveis destinados principal- poltica e cultural. Neste modo de desenvolvi-mente a essas classes mdias [...] e s cama- mento, que inclui o regime de acumulaodas superiores, bem como pela demanda dependente latino-americano, o Estado seinduzida dirigida ao setor de bens de capital distancia formalmente do mercado, cabendo-(Salama e Valier, 1997: 9-20). Ou seja, trata- lhe apenas a planificao das polticas pbli-se de um regime de acumulao excludente, cas. No h no modo de desenvolvimentoonde a situao dos excludos dos benefcios capitalista anglo-americano, aparentemente,da acumulao agravou-se com a inflao, as uma espcie de nacionalismo empresarialcrises econmicas e a expanso do domnio como encontrado no capitalismo desenvol-financeiro. vimentista de Estado japons-asitico, no qual se valoriza muito a empresa enquanto ptria Mais ainda, conforme afirmam estesMODOS DE DESENVOLVIMENTO e lar comunitrio. Tal concepo, associada aautores, na Amrica Latina os sistemas de uma produo de qualidade voltada para a proteo social so, simultaneamente, econo- exportao de manufaturados e com grande micamente ineficientes e socialmente injustos. investimento em pesquisa e inovao tecno- Primeiro porque tm um grau de universa- lgica, torna-se altamente competitiva nolizao muito fraco: muitas pessoas ficam de mercado internacional. Foi, como dissemos, fora, principalmente os da economia informal. este modo de desenvolvimento asitico oSegundo porque no so sistemas uniformes: criador do toyotismo, que aparece para os benefcios so extremamente diferenciados superar o fordismo do padro anglo-americano de acordo com o grupo social ou a regio. Esta de desenvolvimento (Antunes, 1999: 29-60). realidade faz com que o discurso antiestatal 9Economia, Negcios e Sociedade I Campinas I 16(1) I 7-27 I janeiro junho 2007CEA ENS 1.pmd921/8/2008, 13:46 4. do liberalismo, que se quer social, traduza-se bemos que, neste sistema, a prpria repro-em polticas sociais que tm as seguintesduo ampliada do capital em escala mundialcaractersticas: so orientadas aosque exige a apropriao privada do produtoextremamente pobres, so assisten- do trabalho dos trabalhadores, pois, ao secialistas, privatizantes, descentralizadas, einternacionalizarem o capital, a tecnologia, acom apelo mobilizao solidria da popu- fora de trabalho e a diviso social do trabalho,lao. O resultado econmico que, ao ladointernacionalizam-se tambm as relaes,de uma diminuio provisria do empobreci- processos e estruturas de dominao polticamento, ocorre uma consolidao e aprofunda-e apropriao econmica, a compreendidasmento da desigualdade social, e nenhumaas relaes e contradies entre as classesreduo da pobreza absoluta (Salama e Valier,sociais (Ianni, 1988: 200-201). Cria-se, ento,1997: 123-128).uma contradio entre sociedade nacional e economia dependente, da qual o poder polticoNa verdade, a ineficcia do sistema de no consegue libertar-se, da a instabilidadeoportunidades sociais, na Amrica Latina, dos sistemas polticos na Amrica Latina.deve-se em grande parte gesto neoliberalda crise econmica, que gerou desemprego,Para Ianni, a anlise da dependnciaexcluso social e mais desigualdade e pobre- estrutural torna-se profcua a partir da obraza. Para se ter uma idia, o nmero de pobresde Paul Baran, que possibilita a incorporaosaltou de 135,9 milhes, em 1980, para 224 da abordagem da dependncia linha clssi-milhes, em 2004, e o nmero de indigentes ca de interpretao do imperialismo, o quede 62,4 milhes para 98 milhes, no mesmosignifica que a anlise da dependnciaperodo. A isto se soma o nvel da desigualdadecorresponde ao aprofundamento da anlisenos pases latino-americanos, que tem se man-do imperialismo, visto da perspectiva dotido quase imutvel ou at piorado ao longosubordinado. Afinal, as relaes imperialistasdos anos: na virada do sculo, o ndice de Giniimplicam na criao ou reformulao das rela-era de 0,542 na Argentina, 0,640 no Brasil e es internas nos pases dependentes. Mais0,539 no Mxico; para 0,501, 0,627 e 0,536,ainda, as determinaes imperialistas podemrespectivamente, dez anos antes (CEPAL,provocar rearranjos institucionais na socieda-2004; BID, 1998).de e no Estado dos pases subdesenvolvidos. Segundo Ianni, as sociedades latino-A proposta terico-metodolgica de Ianni americanas so sociedades organizadas commanter a linha clssica de anlise do imperialis-base no capitalismo dependente, ou seja, asmo, enquanto processo poltico-econmico,suas relaes com os pases centrais esto mas incorporando-lhe as anlises do colonialis- mo interno, existente nas reas metropoli-S. HIRANO & L. ESTENSSOROdeterminadas pelos processos econmicos e tanas, e da dependncia estrutural, existentepolticos que operam no centro do sistema na periferia do capitalismo (Ianni, 1988: 26).capitalista mundial. Depois do fracasso dahiptese do capitalismo nacional e da hipteseNeste sentido, Ianni combina os con-do capitalismo associado, as experinciasceitos de mais-valia e de excedente econ-latino-americanas confirmaram o modelo demico ao analisar as estruturas de dominaocapitalismo dependente, onde as perspectivas poltica e apropriao econmica do impe-dos sistemas poltico-econmicos do capita-rialismo norte-americano na Amrica Latina.lismo perifrico esto determinadas pelo seu So relaes carregadas de ambigidade,10centro de irradiao, que so os EUA. Perce- controvrsia e contradies, nas quais asEconomia, Negcios e Sociedade I Campinas I 16(1) I 7-27 I janeiro .junho 2007CEA ENS 1.pmd 10 21/8/2008, 13:46 5. classes dominantes (burguesia hegemnica e representando a implantao do capitalismo burguesia subalterna) disputam a apropriao monopolista na regio. Trata-se, neste caso, do excedente econmico. Entretanto, quando de um imperialismo total que exerce o controle se passa a considerar os interesses das classesexterno como no sistema colonial, mas com assalariadas, a disputa ocorre em torno daas condies do moderno mercado capitalista, apropriao do lucro, ou mais-valia. Assim, da tecnologia avanada e com a dominao a dependncia estrutural conceito queexterna compartilhada por diversas naes. corresponde modificao e mesmo rever-Segundo Fernandes, o trao especfico do so de perspectiva relativamente abor- imperialismo total consiste no fato de que ele dagem clssica das relaes do tipo impe-organiza a dominao externa a partir de rialista diz respeito exportao de exce- dentro e em todos os nveis da ordem social. dente econmico efetivo e exportao deCaracterstica que prova que uma economia mais-valia tambm (Ianni, 1988: 86). satlite ou dependente no possui as condi-es estruturais e dinmicas para sobrepujarNa verdade, a dependncia estruturalnacionalmente, pelos esforos da burguesia, atinge, alm das estruturas de poder e estru-o subdesenvolvimento e suas conseqncias turas de apropriao econmica, tambm as(Fernandes, 1973). instituies e relaes de comunicao, tecnolgicas, educacionais, militares, culturaisEst ento descartada a iluso de uma e religiosas. Ou seja, a influncia tal que orevoluo industrial liderada pela burguesia processo de desenvolvimento se v condi- nacional, e est tambm consolidado o quadro cionado nos seus principais aspectos. Nestede dominao externa que transforma as contexto, a dependncia estrutural corres-naes em fontes de excedente econmico e ponde manifestao concreta, no interior acumulao de capital para as naes capita- da sociedade subordinada, das relaes listas avanadas. Mesmo por que, na explica- polticas e econmicas de tipo imperialista.o sociolgica do subdesenvolvimento econ- Ianni avana na anlise e chega conclusomico de Florestan Fernandes, que se baseia que: 1) a dependncia estrutural no seno sistema de classes sociais e no modo como circunscreve ao mbito econmico, mas pode estas agem para fortalecer ou extinguir o ser notada tambm nas relaes e instituiesregime social de produo econmica, o polticas; e que 2) a reformulao das relaescapitalismo dependente latino-americano e estruturas de dependncia no um proble- implica relaes de dominao que conjugam ma econmico, mas um problema poltico. Oa dominao externa com a dominao poder poltico o elemento essencial da interna. Isto , a acumulao de capital institu- dependncia estrutural, pois esta surge nasMODOS DE DESENVOLVIMENTOcionaliza-se para promover a expanso con- relaes econmicas externas, mas s secomitante dos ncleos hegemnicos interno consolida e desenvolve quando adquiree externo. Se a economia capitalista depen- configurao poltica. dente no consegue monopolizar a apro- Florestan Fernandes analisa o atualpriao do seu excedente econmico, significa padro de dominao externa na Amrica que os assalariados e os destitudos so Latina como herdeiro do sistema colonial, do submetidos a mecanismos de sobre-apro- neocolonialismo e do imperialismo (padres priao e sobre-expropriao capitalistas. anteriores), porm, recentemente, fruto da Trata-se de um padro de acumulao de expanso das grandes empresas corporativas,capital cuja forma Fernandes designa como 11Economia, Negcios e Sociedade I Campinas I 16(1) I 7-27 I janeiro junho 2007CEA ENS 1.pmd11 21/8/2008, 13:46 6. sobre-apropriao repartida do excedentelucros com o capital estrangeiro, pe em pr-econmico (Limoeiro-Cardoso, 1997). Assim,tica uma explorao ainda maior da fora dea situao redefinida pela ao recprocatrabalho urbana e rural, como mecanismode fatores estruturais, dinmicos, externos edefensivo para garantir seus lucros. Trata-seinternos: Os setores sociais que possuem oda superexplorao do trabalho (Marini,controle das sociedades latino-americanas so1992).to interessados e responsveis por essaDesta forma, a superexplorao dosituao quanto os grupos externos, que dela trabalho afirma-se como o princpio funda-tiram proveito. Dependncia e subdesenvol- mental do sistema subdesenvolvido. Almvimento so um bom negcio para os dois disso, esta se intensifica com a associao dalados (Fernandes, 1973: 26). burguesia local ao capital estrangeiro, o que Desta forma, Fernandes nega a expli-resulta numa explorao da periferia pelocao do subdesenvolvimento enquanto atra- centro (isto , o desenvolvimento capitalistaso e a proposta decorrente: superao do integrado assentado na superexplorao dosubdesenvolvimento por meio da aceleraotrabalho) que inviabiliza os regimes liberaisdo crescimento econmico. Uma vez quedemocrticos do ps-guerra e abre caminhoFernandes nega a possibilidade de superaopara as ditaduras tecnocrtico-militares dosdos desafios do desenvolvimento pelo capita- anos 1960 e 1970 (Marini, 2000). A redemo-lismo privado, uma alternativa para esta cratizao, sob a batuta neoliberal, nos anossituao da Amrica Latina seria em torno de 1980 e 1990, continua e aprofunda ainda maisum novo tipo de capitalismo de Estado ou a dependncia e a vulnerabilidade externas,ento a rebelio popular e radical de orien-devido abertura dos mercados ao comrciotao socialista. A revoluo seria a alterna-internacional, desregulamentao do mer-tiva histrica para o capitalismo dependente,cado de trabalho, e s privatizaes.da mesma forma que o capitalismo de Estado Para fazer frente a esta situao acimapode representar uma alternativa para o descrita podem ser consideradas duas hip-desenvolvimento da regio. teses: revoluo ou capitalismo de Estado, Para Marini, houve uma tentativa da como bem indica Florestan Fernandes. Paraburguesia industrial de ensaiar um projeto dehaver uma revoluo so necessrias condi-capitalismo autnomo na Amrica Latina, comes objetivas que no parecem evidentes,cooptao das massas urbanas, proposio dehoje em dia, nos pases latino-americanos,reforma agrria, enfim, um projeto desenvolvi- principalmente diante do refluxo poltico quementista e populista de capitalismo nacional.o movimento socialista passa desde a quedaS. HIRANO & L. ESTENSSOROPorm, esta burguesia industrial no conse-do muro de Berlim e o fim da URSS. H, semguiu pressionar a burguesia agro-mercantil dvida, condies sociais para indignao,(latifundirios), por um lado, e os grandes mo-mas da a acontecer uma revoluo poltica noplios internacionais (empresas transna- improvvel. Resta, portanto, o caminho dacionais, ETNs), por outro, e acabou desistindo reforma social para produzir as transforma-de seus projetos. Desta forma, a burguesia es necessrias, que podero ou no levar aagro-mercantil, atrelada ao comrcio interna-uma revoluo social no sentido amplo, istocional e submetida ao intercmbio desigual,, um desenvolvimento que altere a atualjuntamente com a burguesia industrial, deten-correlao de foras da estrutura de classes.12tora de mercados pequenos e ainda dividindoEste caminho da reforma social na AmricaEconomia, Negcios e Sociedade I Campinas I 16(1) I 7-27 I janeiro .junho 2007CEA ENS 1.pmd 12 21/8/2008, 13:46 7. Latina passa, necessariamente, pelo Estado.firmados com a Inglaterra. Mas com o terre- Se os projetos de capitalismo autnomo e moto de Tquio, em 1923, e com a crise capitalismo associado faliram, ao capitalismoeconmica de 1929, boa parte da populao dependente ainda pode-se contrapor uma japonesa que dobrara em menos de um alternativa de um capitalismo desenvolvi-sculo enfrentou fome e misria. Diante mentista de Estado, nos moldes de um sistema dessa situao, ganhou fora o ultranaciona- de oportunidades sociais que se cristalizou no lismo, que defendia a expanso territorial. Leste Asitico. Parece ser essa a via passvel Assim, o Japo, seguindo os passos das potn- de ser ensaiada pelos atuais governos de cias ocidentais, obriga a China a assinar trata- centro-esquerda na Amrica Latina. dos econmicos e polticos injustos e, em 1931,invade a Mandchria. Em 1937 explode aSegunda Guerra Sino-Japonesa, que dura at Padres de insero e1945. Antes, em 1940, o Japo havia firmadodesenvolvimento: Leste Asiticopactos com os regimes fascistas da AlemanhaNo Japo, com o fim da era Tokugawa,e da Itlia, alm de invadir o Vietn. Em 1941 em 1868, tem incio a restaurao Meiji, que atacou os EUA no Hava (Pearl Harbour), promoveu a centralizao poltica nas mos fazendo com que esta potncia entrasse na do Imperador e sua corte. O novo governo Segunda Guerra Mundial. Depois de perder levou a cabo uma reforma social que enfra- gradualmente todos os territrios conquis- queceu principalmente os samurais, ao extin- tados (a totalidade do Sudeste Asitico e o guirem-se todos os seus privilgios. As terras Pacfico, que constitua a Esfera de Co-Pros- dos senhores feudais tambm foram concen-peridade Asitica), o Japo capitula sob o tradas pelo Imperador em 1870, transfor- poder das bombas atmicas de Hiroshima e mando-se em prefeituras. A educao foiNagasaki. Permaneceu ento ocupado pelos reformulada de acordo com os modelos euro- Aliados por sete anos seguidos aps sua peus e foi instituda a educao compulsria.rendio incondicional. O setor militar foi fortalecido com a moderni- Durante o governo de transio, sob a zao do exrcito e da marinha. Indstria egide norte-americana, foram os zaibatsu transportes receberam incentivos e investi-holdings industriais e financeiras, que cresce- mentos. Reformou-se o sistema financeiro e ram com as guerras japonesas os principais instituiu-se o Banco do Japo. A primeirabeneficirios da transferncia, estimada em constituio ao estilo europeu data de 1889. 10 bilhes de dlares em ativos, promovida Com as vitrias nas guerras Sino-Japonesapara incentivar os negcios e retribuir o apoio (1884-85) e Russo-Japonesa (1904-05), oMODOS DE DESENVOLVIMENTOao regime (Vadney, 1992: 77). Mais ainda, Japo anexou territrios, inclusive toda a Co- graas ao instinto de autopreservao da elite ria em 1910, atrelando-os, a partir de ento, japonesa, que controlava os zaibatsu, estes ao desenvolvimento econmico japons. Em preferiram cooperar com o inimigo para no 1912 morre o Imperador Meiji e a era de refor- sofrer represlias. Como corolrio, as foras mas acaba, deixando como legado um Estadode ocupao, representadas pelo General moderno e unificado, alm do poderio militar McArthur, proclamaram uma nova consti- mais forte da sia.tuio, entre outras reformas polticas: mante- Na Primeira Grande Guerra, o Japo lutave-se a monarquia, mas sob a forma de um ao lado dos Aliados, respeitando os tratados regime monrquico constitucional parlamen-13Economia, Negcios e Sociedade I Campinas I 16(1) I 7-27 I janeiro junho 2007CEA ENS 1.pmd13 21/8/2008, 13:46 8. tarista, e negou-se a possibilidade do pasJapo restabeleceu relaes diplomticas nor-reconstruir seu poderio militar. As foras demais com a China somente aps a aproxima-ocupao decidiram, portanto, manter ao sino-norte-americana, em 1972.ordem preservando a classe dominante doO rpido desmantelamento das restri-pas, se necessrio usando at o prprio exr- es mobilidade dos fatores, entre outrascito norte-americano para reprimir greves transformaes radicais que se seguiram ime-desestabilizadoras. Evitou-se assim uma diatamente aps a Segunda Guerra Mundial,ruptura maior com a antiga ordem social na ressalta o papel da interveno do Estado nasociedade japonesa. Desta forma, a intro- industrializao, fenmeno que ocorre tantoduo do sufrgio universal e das leis de refor- no Japo como em todo o Leste Asitico. Nama agrria foram mudanas que se compro- verdade, hoje em dia, todas as economiasvaram importantes, mas circunscritas a um desses pases tm um padro de desenvolvi-contexto que no mudou substancialmente. mento comum, que une uma estratgia deOs expurgos afetaram indivduos, princi- integrao com a economia mundial, baseadopalmente militares, mas a burocracia, o siste- no rpido crescimento e na eficiente alocaoma poltico e o setor empresarial perma- de recursos, ambos capitaneados pelo Estado.neceram intactos, apesar da sua responsabili-dade na implementao da guerra e das suasAnalisando esta experincia da regioatrocidades. Foram exatamente estes setorescom relao acumulao de capital noque conduziram o desenvolvimento notvel processo de industrializao acelerada, Akyz,da economia japonesa no ps-guerra, quando,Chang e Kozul-Wright (1999) introduzem ospor exemplo, a populao camponesa foi conceitos de nexo lucro-investimento ereduzida de 52,4% para 9%, entre 1947 enexo exportao-investimento para apon-1985 (Hobsbawn, 1995: 285).tar a interdependncia de elementos-chave no processo de desenvolvimento do Leste Temos, ento, um conjunto de reformas Asitico. A importncia do nexo lucro-investi-modernizadoras que resguardam a classe mento deriva do fato de que toda melhoriadominante quase na sua totalidade. A reforma das condies de vida ao longo do tempoagrria feita sob ocupao norte-americana, somente pode ser conseguida por meio dodepois da Segunda Grande Guerra, uma aumento sustentado da produtividade, o quereforma em bases capitalistas, semelhante pressupe aumento dos investimentos emreforma agrria da Coria do Sul, realizada plantas, equipamentos, infra-estrutura, edu-entre 1953 e 1956, depois da guerra da cao, e Pesquisa e Desenvolvimento (P&D).Coria, igualmente pelos norte-americanos. Para este aumento de produtividade, os auto-Alis, com a Guerra da Coria (1950-53), oS. HIRANO & L. ESTENSSORO res vm a liberalizao domstica aceleradaJapo teve a oportunidade de reconstruir sua e a total integrao com a economia mundialeconomia nacional. Contando ainda com oapoio de acordos comerciais com as potncias como fatores importantes, que garantiram umeconmicas, a economia japonesa tornou-se, ambiente macroeconmico pr-investimento,ela mesma, uma potncia. Durante a Guerrano qual se sacrifica o consumo mas no oFria, a presena militar norte-americana investimento.aumentou nas suas 50 bases no Japo, e Alm disso, os incentivos concedidosestimulou-se o anticomunismo como forma de pelo Estado para encorajar os investimentos14conteno da China Popular e da URSS. Oso considerados essenciais. Um leque deEconomia, Negcios e Sociedade I Campinas I 16(1) I 7-27 I janeiro .junho 2007CEA ENS 1.pmd 14 21/8/2008, 13:46 9. incentivos fiscais usado para suplementar 1991 a 1994 (AKYZ, CHANG E Kozul-Wright, os lucros das corporaes e promover a acu- 1999). mulao de capital. O comrcio e as polticas preciso sublinhar, porm, que este financeiras e de mercado tambm so usadas desenvolvimento se construiu com base nas para criar rendimentos e aumentar os lucros indstrias tradicionais com mo-de-obra bara- corporativos. Entre estas esto: protees, ta e sem treinamento. Da a importncia des- controles sobre juros e crdito, concorrncia ses pases terem promovido o investimento administrada, encorajamento de fuses, restri- ligado ao estabelecimento do capital doms- es a indstrias estrangeiras, aquisio de tico e de indstrias de bens intermedirios, tecnologia, e promoo de cartis com o buscando o upgrade tecnolgico. Aqui, outra objetivo de especializao, de exportao e vez, a presena estatal fundamental para a de criao de standards. Assim, a poupana construo da capacidade tecnolgica na- corporativa tem um importante papel no cional, industrial e at empresarial, o que se aumento da acumulao de capital. Mais conseguiu com polticas orientadas para a P&D ainda: para garantir os investimentos produ- local, incluindo subsdios financeiros, restries tivos, restringiu-se o consumo de produtos de e crditos. preciso dizer tambm que a inte- luxo e a fuga de capitais nos estgios iniciais grao com a economia mundial deu-se de do desenvolvimento. Esse conjunto de aes maneira progressiva, pois foi pensada estrate- criou uma dinmica econmica com nexo gicamente, na medida das necessidades seto- lucro-investimento. riais especficas. Esta integrao estratgica J o nexo exportao-investimento no foi confinada ao comrcio, mas incluiu presente nessas economias direcionou toda tambm a transferncia de tecnologia. essa quantidade de recursos acumulada deMais ainda, atrs da administrao bem forma a promover estratgias de mercado sucedida dos rendimentos no Leste Asitico, orientadas hacia afuera, ou seja, com o obje- est um processo profundo e amplo de cons- tivo de exportar. Com isso, puderam ser supe- truo de uma rede de instituies governa- rados os constrangimentos do balano de mentais e privadas, consistente com a estra- pagamentos em economias sem um significa- tgia de desenvolvimento, que incluem uma tivo parque de bens industriais. Como os administrao pblica meritocrtica e ligaes recursos das crescentes exportaes eram formais e informais com a classe empresarial. encaminhados para o aumento da poupana Desta forma, o processo de desenvolvimento domstica, garantiu-se que a expanso da resultou na organizao e evoluo de uma produo local se traduzisse em maiores inves- burguesia empresarial local e de grandes e MODOS DE DESENVOLVIMENTO timentos de maneira sustentada, o que no diversificadas corporaes (keiretsus no Japo ocorreu no caso latino-americano. Desta for- e chaebols na Coria). As ligaes institu- ma, houve um aumento continuado das expor- cionais destas corporaes com o setor finan- taes, da poupana domstica e do investi- ceiro permitiram a socializao dos riscos por mento, em termos absolutos e com relao meio dos emprstimos bancrios. ao PIB. Vejamos o exemplo da Coria: 3,3 de poupana; 10,0 de investimento; e 2,0 deO ambiente propcio para investimentos exportaes (todos como porcentagem do PIB) muito se beneficiou tambm de uma distri- no perodo que vai de 1951 a 1960, e 34,7;buio de renda favorvel e mais eqitativa, 37,1; e 28,6 respectivamente, no perodo de conseguida em grande parte pelas reformas 15 Economia, Negcios e Sociedade I Campinas I 16(1) I 7-27 I janeiro junho 2007CEA ENS 1.pmd1521/8/2008, 13:46 10. agrrias. You (1999) afirma que a baixa desi-off do modelo de crescimento comgualdade e os grandes lucros coexistem, no igualdade pode ser creditado, portanto, Leste Asitico, basicamente devido inco- reforma agrria e s medidas para assegurarmum distribuio da riqueza igualitria. Neste que os lucros sejam poupados e reinvestidos.particular, trs fatores so destacados: A acelerada acumulao de capital e a rpida expanso dos empregos possibilitaram um 1. Em primeiro lugar, a excepcional tambm rpido crescimento da renda, maisdistribuio igualitria inicial da rique- eqitativamente distribuda do que em outrasza resultante das reformas do pe-regies.rodo ps-guerra. A reforma agrriae a acelerada expanso do emprego Evans (1999) acrescenta que o modelono setor moderno da economia (in-amigvel com o mercado (market-friendly) (Banco Mundial), o modelo da poltica indus-dstrias de exportao intensivas no trial (Johnson, 1992) e o modelo de nexofator trabalho) so explicaes plaus- lucro-investimento (Akyz, 1998), tm emveis para essas condies iniciais comum um centro robusto de pr-requisitosfavorveis; institucionais envolvido, o que diz respeito a 2. Em segundo lugar a dinmicaum aparato burocrtico excepcionalmentekeynesiana do processo de acu- capaz e relativamente independente para quemulao, na qual os lucros tm umestes modelos funcionem, alm de laos din-papel crucial como fonte de poupan-micos entre governo e o mundo dos negcios.a e incentivo ao investimento; eEvans chama essa aparente contradio da combinao de ligaes estreitas com o em- 3. Por ltimo, o fato de uma alta desi- presariado com a independncia requerida degualdade na distribuio funcional da embedded autonomy (algo como auto-no-renda (entre capital e trabalho) an- mia embutida). Na verdade, para haver umadar, lado a lado, com uma baixa desi- coerente ao pblica, as polticas estataisgualdade na distribuio pessoal da requerem uma estrutura que tenha a capa-renda (medida pelo ndice de Gini), cidade de coordenar e que resolva questesfato este atribudo distribuio de jurisdio, o que pode ser encontrado eminicial igualitria da riqueza e pro- torno de uma agncia piloto que burilepenso a poupar dos domiclios de iniciativas de desenvolvimento, como o casobaixa renda. do MITI no Japo e do Escritrio de Planeja-Houve certamente, ao lado de uma mento Econmico na Coria.estratgia de livre comrcio buscando van-S. HIRANO & L. ESTENSSOROAcreditamos que estas estruturas orga-tagens comparativas para as exportaesnizativas, permanentemente em construo,intensivas em trabalho, uma preocupao comdevem muito ao passado histrico e organi-o rpido crescimento do emprego assalariadozao social nestes pases. No possvele com o aumento dos salrios. You defendeentender o Estado, no Leste Asitico ou emque a expanso sustentada do emprego e daqualquer parte, descolado da realidade socialprodutividade foi fundamental na manu- existente em cada Nao. No se trata aquiteno do modelo de crescimento comde fazer a apologia de valores asiticos,igualdade, num processo que envolveu muito mas de compreender que a cultura social fa-16mais fatores do que o livre comrcio. O trade- voreceu o desenvolvimento da estrutura deEconomia, Negcios e Sociedade I Campinas I 16(1) I 7-27 I janeiro .junho 2007CEA ENS 1.pmd 16 21/8/2008, 13:46 11. poder da forma como ele se deu, influenciandoEUA, mas foi ultrapassada pela existente no as organizaes que surgiram nesse processo, Japo. Estes pases partem de 70 e 68 anos, alm de determinar a criao do sistema de em 1960, e chegam a 77 e 81 anos, respecti- oportunidades sociais. Afinal, cultura organi-vamente, em 2000. Tanto Coria como a zacional das empresas tem a ver com cultura China, que largam de patamares inferiores propriamente dita. Isto significa dizer que as aos latino-americanos (54 Coria e 36 China), burocracias so fruto de processos sociais que chegam ao ano 2000 com expectativa de vida se diferenciam de nao para nao. O desen- igual ou superior da Amrica Latina. Como volvimento tambm. O fato que, para ns, resultado, temos um destaque para a exis- as experincias do Leste Asitico merecemtncia, nos EUA (12,3%) e, principalmente, ateno pela capacidade que tiveram de no Japo (17,2%), de uma populao consi- implantar o modo de desenvolvimento japo-dervel acima dos 65 anos, bem acima dos ns-asitico, com a dinamizao do capitalis-outros pases, nos quais essa faixa etria no mo desenvolvimentista de Estado na consecu-chega a 10%. A mortalidade infantil, por o de conquistas nacionais, tais como o cres- outro lado, sempre foi menor tambm nos EUA cimento com igualdade social. Isto deve sere no Japo, que atingem impressionantes 9 e considerado, para um desenvolvimento latino- 5 mortes por 1000 nascimentos em 2000, americano, como opo histrica com mais respectivamente. J a China, que parte da justia social, no caso de se considerar somen-altssima taxa de 209 mortes por 1000 nasci- te alternativas dentro do modo de produo mentos, chega ao ano 2000 com uma taxa capitalista. igual ao do Brasil (39). Com esses dois pro-cessos paralelos (menos mortalidade infantil Anlise dos indicadorese maior expectativa de vida), no de seestranhar que a China, apesar das polticasEsta seo procura evidncias estats-de controle de natalidade (em especial a do ticas do sistema de oportunidades sociais do filho nico), tenha ainda assim um aumento Leste Asitico, bem como caractersticas dodemogrfico imenso que quase dobrou sua seu capitalismo desenvolvimentista de Estado,populao entre 1960 e 2000. comparado com o modo de desenvolvimento anglo-americano. Os dados oficiais divulgadosO desenvolvimento econmico tambm pelas instituies internacionais revelam clara- possibilitou aos pases asiticos diminuir a taxa mente as tendncias divergentes dos modosde trabalho infantil, principalmente na China, de desenvolvimento japons-asitico e anglo- onde esta passou de 43,17%, em 1960, para americano, com a Amrica Latina includa 7,86%, em 2000. Nos EUA, Coria e JapoMODOS DE DESENVOLVIMENTO neste ltimo. Resumimos aqui as tendncias este problema pode ser considerado superado, bsicas apontadas para o desenvolvimento enquanto que o Brasil apresenta agora a taxa econmico e social dos pases selecionados mais alta entre os pases da amostra (14,43%). pelos dados existentes na publicao World No Mxico (4,88%) e na Argentina (2,40%) o Development Indicators, do Banco Mundial.problema menor, mas persiste. J os grficos apresentados a seguir foram Ainda sobre a fora de trabalho, pode- feitos a partir de dados do Economic Outlook se apontar uma outra questo como sendo 76 Database, da OCDE.mais problemtica na Amrica Latina que na Pelos nmeros produzidos pelo Bancosia: o desemprego. Apesar das taxas baixas Mundial, a expectativa de vida era maior nos do Mxico (2,9%, em 2000) onde talvez o 17Economia, Negcios e Sociedade I Campinas I 16(1) I 7-27 I janeiro junho 2007CEA ENS 1.pmd17 21/8/2008, 13:46 12. desemprego existente esteja sendo encoberto Os investimentos em sade como por-pelo trabalho precrio o Brasil (9,0%) e a centagem do PIB so maiores nos EUAArgentina (12,8%) apresentam taxas bem (12,89% em 1998) do que nos outros pasesmaiores do que as asiticas (3,1%, 4,1% e(entre 5% e 8%). Este fato deve ser creditado6,8%). Como podemos observar na Figura 1,ao alto investimento privado norte-americanoentre as economias desenvolvidas, o Japoem sade, que chega a ser, em 1998, de US$tambm apresenta menores taxas histricas4.095 por pessoa (no grfico acima vemos quede desemprego do que as economias dos EUAa parte pblica do gasto em sade bem maior no Japo e na Europa do que nos EUA).e da Europa, incluindo a Alemanha. No Japo, os gastos em sade por pessoa Na educao, notrio o maior investi- (US$ 2.243) so bem maiores do que na Chinamento por estudante, como porcentagem do (US$ 37), onde os gastos so diludos na suaPIB per capita, existente na Coria (17,38%, imensa populao. O destaque fica para osnos anos 1990) e no Japo (18,97%), em investimentos decrescentes, como porcenta-contraste com a Amrica Latina (10,98% nogem do PIB, da Argentina, embora ainda sejamBrasil e 8,98% na Argentina). Apesar daos mais altos da Amrica Latina. Comoimensa legio de estudantes na China, esta resultado, temos muito mais leitos hospita-taxa (6,47%) chega a ser maior que a dolares per capita no Japo (16,20) do que nosMxico (6,42%). Como resultado, temos queoutros pases (inclusive os EUA, com 4,00),o analfabetismo adulto chins que era de sendo que a China (2,34) tem mais do que o48,74%, em 1960, entra no ano 2000 com Mxico (1,20), e a Coria (4,60) mais do quenveis compatveis com os do Brasil (em tornoo Brasil (3,11). Em saneamento bsico e acessode 15%). Coria e Argentina esto no pata- a gua potvel os nmeros favorecem amar de 3%, enquanto que nos EUA e no Japo Amrica Latina em relao China. Nos EUAo problema desaparece. a cobertura de 100% em ambos.(Figura 2)S. HIRANO & L. ESTENSSORO18Figura 1. Taxas de Desemprego.Economia, Negcios e Sociedade I Campinas I 16(1) I 7-27 I janeiro .junho 2007CEA ENS 1.pmd 18 21/8/2008, 13:46 13. Figura 2. Gasto Pblico como Porcentagem do Gasto em Sade, 1970-1998. Os caminhos do desenvolvimento socialem 1980, mas depois perde a corrida e, apesar no Leste Asitico e nos EUA so abertos pelo de ser o mais alto da Amrica Latina, repre- crescimento do PIB e do PIB per capita. Senosenta, em 2000, menos da metade do PIB per vejamos: em 1980, o PIB da China (US$ 455capita japons. A China, apesar do acelerado milhes) e da Coria (US$ 115 milhes) eramcrescimento, ainda tem o menor PIB per capita menores do que o PIB do Brasil (US$ 491entre os pases da amostra, outra vez por milhes) e da Argentina (US$ 194 milhes), e causa da grande populao. terminam por ser mais que o dobro, respecti-Podemos verificar que a economia vamente, em 2000: a China com US$ 5.019norte-americana tem possibilidades superiores milhes e a Coria com US$ 821 milhes,mesmo em relao Europa e ao Japo. A contra US$ 1.299 milhes do Brasil e US$ 458Figura 3 mostra os ndices de crescimento do milhes da Argentina. Ou seja, trata-se de umPIB real, onde vemos que os EUA tm um crescimento impressionante nestes pases docrescimento maior. Mesmo assim, de 1980 at Leste Asitico, que alcanaram o desenvol-a Crise Asitica de 1997, o Japo esteve MODOS DE DESENVOLVIMENTO vimento do Japo, que j era grande. Este pas frente nas taxas de crescimento. chega, ao ano 2000, como terceira potncia em termos de PIB PPP (US$ 3.394 milhes),A Figura 4 nos permite observar a atrs da China, que teve um crescimento da tendncia histrica do PIB per capita, segundo sua economia em torno de 10% ao longo de a paridade de poder de compra (PPP). Outra 20 anos, e dos EUA (US$ 9.612 milhes), quevez os EUA seguem frente. conservou o primeiro lugar. Os EUA tambmO crescimento econmico dos EUA e do mantiveram a dianteira em termos de PIB perLeste Asitico decorrente de um conjunto capita, seguidos pelo Japo e Coria. O PIBde fatores econmicos que se somam, alguns per capita Argentino era o dobro do coreano, dos quais listamos a seguir:19Economia, Negcios e Sociedade I Campinas I 16(1) I 7-27 I janeiro junho 2007CEA ENS 1.pmd 1921/8/2008, 13:46 14. Figura 3. ndices do PIB Real.S. HIRANO & L. ESTENSSOROFigura 4. Tendncias do PIB per Capita, 1980-1999 (PPP). 1) A formao bruta de capital fixo emtina) e nos EUA (20,2%). Porm, estarelao ao PIB tem sido, ao longo do tempo,vantagem dos pases asiticos em relaobem maior no Leste Asitico (36,1% da China; ao seu PIB nacional e no consegue superar o26,2% do Japo; e 28,7% da Coria, emvolume absoluto de formao real bruta de2000) do que na Amrica Latina (20,3% do capital fixo total da economia norte-ameri-20Brasil; 20,9% do Mxico; e 15,9% da Argen- cana, cujas taxas de crescimento soEconomia, Negcios e Sociedade I Campinas I 16(1) I 7-27 I janeiro .junho 2007CEA ENS 1.pmd 2021/8/2008, 13:46 15. observadas na Figura 5, calculadas a partir de dos pases latino-americanos, que vm pa- uma base de 100 em 1990; gando o dobro ou o triplo de juros da dvidaexterna, em relao ao PIB, em comparao 2) A poupana domstica bruta emcom a China e a Coria. J nos EUA este relao ao PIB tambm tem sido, histori-indicador equivale a 4,5% do PIB em 2000, o camente, consideravelmente maior na Chinaque representa um dficit muito grande em (39,9% em 2000), Japo (27,6%) e Corianmeros absolutos, revelando o poder de com- (31,1%) do que no Brasil (19,2%), Mxicopra desta potncia no comrcio internacional. (21,5%), Argentina (15,3%) e EUA (17,9%), o destaque fica para a Coria que tinhaNa verdade, o problema latino-ame- apenas 2% em 1960; ricano com sua dvida externa est longe determinar. A dvida externa total tem crescido,3) Alm disso, as exportaes de bensna Argentina e no Brasil, at atingir 40,0% e e servios em relao ao PIB so muito51,3% do PIB, em 2000, respectivamente, grandes na China (25,9% em 2000) e nasendo que na China de 13,9%. O decrs- Coria (45,0%), nmeros s alcanados pelocimo da dvida mexicana, ultimamente, fez Mxico ps-NAFTA (31,4%). No Brasil, Argen-com que se igualasse proporo da Coria, tina, EUA e Japo esta taxa est em torno aem torno de 29%. A boa administrao da 10%.dvida no Mxico tambm conseguiu que o Apesar deste esforo exportador, o servio de sua dvida sobre as exportaes Mxico se equipara ao Brasil e Argentina nodecrescesse, at chegar a 30,2%, em 2000, balano deficitrio em conta corrente em o que indica, igualmente, o esforo exportador relao ao PIB, fato que contrasta com osdaquele pas. Porm, no Brasil e na Argentina, supervits do Leste Asitico. Este ltimoesse esforo foi em vo, pois o servio total indicador aponta o extremo endividamento da dvida em relao s exportaes atingiu, MODOS DE DESENVOLVIMENTO Figura 5. ndices da Formao Real Bruta de Capital Fixo Total. 21 Economia, Negcios e Sociedade I Campinas I 16(1) I 7-27 I janeiro junho 2007CEA ENS 1.pmd 21 21/8/2008, 13:46 16. em 2000, incrveis 90,7% e 71,3%, respecti-lutos, a diferena dos recursos brasileiros emvamente, sendo que na Coria este indicadorcomparao com os japoneses e norte-ame-era de 10,9% e na China 7,4%. Japo e EUAricanos pode ser deduzida pelo tamanho dono pontuam nesta classe de quesitos.PIB de cada pas. Por outro lado, o consumo de eletri- Quanto proporo de exportaes decidade per capita, indicador econmico que manufaturados sobre o total de exportaes,pode revelar o nvel da atividade econmica, podemos verificar que este nmero beminclusive a atividade informal, bem como a maior na China (88%, em 2000), na Coriaposse de computadores pessoais, indicador de (91%) e no Japo (94%), do que no Brasilincluso social em termos tecnolgicos, bem(59%) e na Argentina (32%). O Mxico e osmenor na Amrica Latina do que nos EUA,EUA, ambos com 83%, perdem para a China.Japo e Coria, embora seja maior do que naEntendemos ento a lgica exportadora daChina (sabemos estes indicadores so economia do Leste Asitico. Por outro lado,distorcidos pela imensa populao chinesa).em termos de investimento direto externoJ quanto aos gastos em Tecnologia da(IDE) bruto, em relao ao PIB, compreen-Informao (TI) e comunicaes, em relao demos que Brasil, Estados Unidos, Argentina e China, nessa ordem, esto recebendoao PIB, o Mxico (3,2%) e a Argentina (4,1%) grande quantidade de recursos, fato que, peloficaram atrs da China (5,4%) e Coria grande PIB chins e, principalmente, norte-(6,6%), em 2000. O Brasil (8,4%) est frente americano, representa um imenso volume deat dos EUA (8,1%) e Japo (8,3%), revelando investimentos nesses pases.o seu engajamento nos processos de globa-lizao, preocupao constante dos ltimos Nas Figuras 6 e 7 demonstram que agovernos brasileiros. Porm, em termos abso- sociedade japonesa mais igualitria comS. HIRANO & L. ESTENSSORO22Figura 6. Evoluo do Coeficiente de Gini.Economia, Negcios e Sociedade I Campinas I 16(1) I 7-27 I janeiro .junho 2007CEA ENS 1.pmd 22 21/8/2008, 13:46 17. relaossociedadeseuro-pias enquanto que os 20% mais ricos recebem (representadas aqui pela Alemanha) e norte- muito mais, proporcionalmente, no Brasil do americana. No primeiro grfico temos aque nos outros pases. O inverso ocorre no evoluo do coeficiente de Gini, que indica o Japo. Assim, os EUA tm uma sociedade mais grau de desigualdade entre os estratos de igualitria que a brasileira e menos igualitria renda. Quanto mais se aproxima do 0 (zero) aque a japonesa. sociedade tem uma melhor distribuio deNa Figura 8, observamos que, tanto na renda. O Japo se aproxima, historicamente, incidncia de trabalhos com baixos salrios do ndice de 0,25. Verificamos tambm que quanto na disperso dos rendimentos, o Japo h uma diferena crescente entre Japo e se mostra uma sociedade com mais eqidade EUA, prxima dos dez pontos. social decil nmero 9, mais rico, sobre o decil No Brasil, a mdia histrica do coefi-nmero um, mais pobre, produz uma relao ciente de Gini de 0,60, muito acima dade 15 vezes no Japo, enquanto que nos EUA mdia destes pases desenvolvidos, o que de aproximadamente 25 vezes. revela a nossa extrema desigualdade social. No grfico abaixo, possvel perceber a Podemos encontrar as razes desta diferena de distribuio de renda segundomaior eqidade na prpria economia japo- os estratos sociais (quintis, representando nesa: alm de haver maior investimento em cada um 20% da populao). Estes dadoseducao e sade do que na Amrica Latina, revelam que os estratos mais pobres do Brasil no h problemas como o da dvida externa recebem menores parcelas de renda do quelatino-americana. Ocorre tambm um grande os estratos mais pobres dos EUA e do Japo, crescimento do PIB e do PIB per capita, MODOS DE DESENVOLVIMENTO Figura 7. Distribuio de Renda, anos 1990. 23 Economia, Negcios e Sociedade I Campinas I 16(1) I 7-27 I janeiro junho 2007CEA ENS 1.pmd2321/8/2008, 13:46 18. Figura 8. Incidncia de Baixos Salrios e Disperso de Renda, 1995-2000.S. HIRANO & L. ESTENSSORO24Figura 9. ndices de Preos ao Consumidor.Economia, Negcios e Sociedade I Campinas I 16(1) I 7-27 I janeiro .junho 2007CEA ENS 1.pmd 24 21/8/2008, 13:46 19. comparativamente com as outras economiascrescimento chins, e que se destaca da amostra, em funo das maiores taxas claramente nos seus indicadores sociais e histricas de crescimento da formao bruta conjunturais ao longo do tempo, na sua de capital fixo em relao ao PIB, de poupanacomparao com o modo de desenvolvimento domstica bruta em relao ao PIB, e de anglo-americano. Isto resulta num maior exportaes de bens e servios em relao desenvolvimento humano e social naquela ao PIB. Alm disso, h menores taxas hist- regio. Apesar dos EUA terem um desenvolvi- ricas de desemprego e, conforme observamosmento econmico ainda maior, este se nas Figuras 9 e 10, menores taxas de inflao caracteriza por ser menos igualitrio, pois as e maior produtividade do trabalho do que nospotencialidades de promover o desenvolvi- pases europeus e nos EUA. Destacamos,mento humano naquele pas so superiores, novamente, a importncia do crescimento embora sejam subutilizadas. H, portanto, um sustentado da produtividade para o sucessomelhor aproveitamento das possibilidades do regime de acumulao japons-asitico, econmicas nos pases do Leste Asitico: a e igualmente para o crescimento econmico boa performance econmica combina-se com excepcional existente no socialismo dea melhor utilizao dos recursos, para promo- mercado chins. verem, conjuntamente, uma arquitetura socialTemos, ento, uma economia emmais democrtica, no sentido de uma maior expanso no Leste Asitico, puxada pelo altodemocracia econmica, isto , maior igual- desenvolvimento japons e pelo aceleradodade social, como observamos na Figura 11. MODOS DE DESENVOLVIMENTO Figura 10. ndices de Produtividade do Trabalho no Setor Privado. 25 Economia, Negcios e Sociedade I Campinas I 16(1) I 7-27 I janeiro junho 2007CEA ENS 1.pmd2521/8/2008, 13:46 20. Figura 11. Desigualdade nos anos 1990: ndice de Gini, 20% mais ricos e 10% mais pobres (tamanho da bolha).Conclusoboa dose de vontade poltica bem aproveita- da em relao aos objetivos do desenvolvi- O conjunto dos fatores aqui arrolados mento scio-econmico coletivo, do modelodemonstra o sucesso das economias do Leste de crescimento com igualdade.Asitico e do modo de desenvolvimentojapons-asitico em relao ao modo deMais ainda, apesar de enfrentarem osdesenvolvimento anglo-americano, e emmesmos constrangimentos da economia inter-relao ao padro de desenvolvimento de- nacional e do capitalismo globalizado, Japo,pendente latino-americano. Estas conquistasChina e Coria registram aspectos scio-eco-so certamente conquistas polticas, nanmicos que revelam acertos no somente demedida em que representam decises e polticas econmicas e de polticas pblicasopes tomadas ao longo do processo de (modelos de crescimento nacionais), mas dedesenvolvimento de maneira suficientemente um padro de acumulao e de inseroS. HIRANO & L. ESTENSSOROcoerente, constituindo-se em uma reformu-internacional que evidencia dinmicas elao das relaes e estruturas da depen-sinergias econmicas mais adequadas e capa-dncia de maneira a favorecer as condies zes de progredir e beneficiar as sociedadese necessidades das sociedades do Leste em questo, ou seja, o modo de desenvol-Asitico. Assim, um conjunto de reformas ra- vimento japons-asitico aparece de maneiradicais, feitas num momento crucial da histria generalizada como mais igualitrio e maisdestas naes, esteve acompanhado e moni-pujante que os eventuais e pontuais acertostorado ao longo do tempo por polticas imple-existentes no padro de desenvolvimentomentadas por instituies organizativas da dependente das economias latino-americanas.26sociedade e da economia, que revelam uma Comparado com o desenvolvimento dos Esta-Economia, Negcios e Sociedade I Campinas I 16(1) I 7-27 I janeiro .junho 2007CEA ENS 1.pmd 2621/8/2008, 13:46 21. dos Unidos, ainda assim ele se apresenta mais CEPAL. Panorama social da Amrica Latina. igualitrio. Dito de outra forma, o capitalismo Santiago: CEPAL, 2004. desenvolvimentista de Estado do Leste Asiti- EVANS, Peter. Transferable Lessons? Re-examining co apresentou uma estrutura de poder e umathe Institutional Prerequisites of East Asian Economic configurao de classes sociais dominantesPolicies. Journal of Development Studies, v. 35, n. que, com suficiente vontade poltica, dire- 6, Aug. 1999, p. 66-86. cionou as economias destas naes de modo FERNANDES, Florestan. Capitalismo dependente e a consolidar melhorias nas condies de vidaclasses sociais na Amrica Latina. Rio de Janeiro: daquelas sociedades.Zahar, 1973. Concluindo, podemos dizer que, de umHIRANO, Sedi; ESTENSSORO, Luis. A Amrica Latina modo geral, os indicadores econmicos e os Pases Asiticos: um paralelo sobre os modos de desenvolvimento capitalista. In: SANTOS, Theotnio favorecem a anlise positiva do desenvolvi- dos (Coord.). Globalizao: dimenses e alternativas. mento do Leste Asitico e o seu sistema deRio de Janeiro: PUC-Rio, 2004. p.196-242. v.2. oportunidades sociais e econmicas. Estas (Srie Hegemonia e Contra-Hegemonia). condies evidenciam que aquela regio HOBSBAWM, Eric. A era dos extremos: o breve econmica socialmente mais igualitria do sculo XX. So Paulo: Companhia das Letras, 1995. que a regio contida dentro do modo de desenvolvimento anglo-americano. Em outrasIANNI, Octavio. Imperialismo na Amrica Latina. Rio de Janeiro: Civilizao Brasileira, 1988. palavras, possvel compreender o regime de acumulao e o padro de insero das eco-JOHNSON, Chalmers. Japan: who governs? The rise nomias do Leste Asitico como um modelo deof the developmental state. New York: Norton, crescimento com igualdade (com menos desi-1995. gualdade social) que se constitui em uma alter- JOHNSON, Chalmers. MITI and the Japanese Miracle. nativa melhor, com relao justia social e [S.l.]: Stanford University, 1992. ao bem estar da populao sempre dentro LIMOEIRO-CARDOSO, Miriam. 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